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Lei nº 1452 – de 23 de março de 2018 Cria o Programa Municipal de Fortalecimento ao Empreendedorismo, Inclusão Produtiva e Agroindústria Familiar. Enfª Fábia Richter, Prefeita do Município de Cristal, Estado do Rio Grande do Sul, no uso de suas atribuições legais, em especial o disposto no art. 54, inciso IV da Lei Orgânica, faço saber que o Poder Legislativo aprovou e eu sanciono a seguinte lei: CAPITULO I - DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Art. - Fica criado o Programa Municipal de Fortalecimento ao Empreendedorismo, Inclusão Produtiva e Agroindústria Familiar no Município de Cristal/RS, com a finalidade de facilitar o acesso à legalização de estabelecimentos de pequeno porte, de produção artesanal e de caráter familiar ou comunitário, a saber: microempreendedores individuais, artesãos, agroindústrias familiares e empreendimentos de economia solidária por meio da integração e articulação dos processos e procedimentos, a fim de se evitar a duplicidade de exigências por meio da racionalização, simplificação e padronização dos procedimentos e requisitos quanto aos registros dos estabelecimentos, emissão de licenças e alvarás e a comercialização dos produtos. Art. 2º - Fica criada a estrutura integrada entre as Secretarias: Planejamento, Desenvolvimento, Indústria e Comércio; Fazenda; Saúde; Desenvolvimento Rural e Meio Ambiente, Trabalho, Habitação e Desenvolvimento Social, por meio da Sala do Empreendedor e do Comitê de Articulação e Gestão do Programa. §1º - A Sala do Empreendedor, vinculada a Secretaria Municipal de Planejamento, Desenvolvimento, Indústria e Comércio, é a instância administrativa que fará os encaminhamentos e acompanhará o processo junto ás demais Secretarias. § 2º - O Comitê de Articulação e Gestão (CAG) será formado preferencialmente pelos Secretários das respectivas pastas, tendo como suplentes servidores por eles nomeados. § 3ª - Cabe ao Comitê de Articulação e Gestão (CAG) avaliar e acompanhar o Programa, emitir pareceres ou orientações, intervir quando necessário para resolver problemas que venham a surgir, podendo valer-se de relatórios e outros documentos emitidos pelos técnicos das respectivas Secretarias. § 4ª - Além das Secretarias Municipais, poderá compor o Comitê de Articulação e Gestão (CAG) em caráter consultivo, algum representante do Poder Legislativo,

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Lei nº 1452 – de 23 de março de 2018

Cria o Programa Municipal de Fortalecimento ao

Empreendedorismo, Inclusão Produtiva e

Agroindústria Familiar.

Enfª Fábia Richter, Prefeita do Município de Cristal, Estado do Rio Grande do

Sul, no uso de suas atribuições legais, em especial o disposto no art. 54, inciso IV da Lei

Orgânica, faço saber que o Poder Legislativo aprovou e eu sanciono a seguinte lei:

CAPITULO I - DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1º - Fica criado o Programa Municipal de Fortalecimento ao Empreendedorismo, Inclusão Produtiva e Agroindústria Familiar no Município de Cristal/RS, com a finalidade de facilitar o acesso à legalização de estabelecimentos de pequeno porte, de produção artesanal e de caráter familiar ou comunitário, a saber: microempreendedores individuais, artesãos, agroindústrias familiares e empreendimentos de economia solidária por meio da integração e articulação dos processos e procedimentos, a fim de se evitar a duplicidade de exigências por meio da racionalização, simplificação e padronização dos procedimentos e requisitos quanto aos registros dos estabelecimentos, emissão de licenças e alvarás e a comercialização dos produtos.

Art. 2º - Fica criada a estrutura integrada entre as Secretarias: Planejamento, Desenvolvimento, Indústria e Comércio; Fazenda; Saúde; Desenvolvimento Rural e Meio Ambiente, Trabalho, Habitação e Desenvolvimento Social, por meio da Sala do Empreendedor e do Comitê de Articulação e Gestão do Programa.

§1º - A Sala do Empreendedor, vinculada a Secretaria Municipal de Planejamento, Desenvolvimento, Indústria e Comércio, é a instância administrativa que fará os encaminhamentos e acompanhará o processo junto ás demais Secretarias.

§ 2º - O Comitê de Articulação e Gestão (CAG) será formado preferencialmente pelos Secretários das respectivas pastas, tendo como suplentes servidores por eles nomeados.

§ 3ª - Cabe ao Comitê de Articulação e Gestão (CAG) avaliar e acompanhar o Programa, emitir pareceres ou orientações, intervir quando necessário para resolver problemas que venham a surgir, podendo valer-se de relatórios e outros documentos emitidos pelos técnicos das respectivas Secretarias.

§ 4ª - Além das Secretarias Municipais, poderá compor o Comitê de Articulação e Gestão (CAG) em caráter consultivo, algum representante do Poder Legislativo,

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Art. 3ª – Considera-se para efeito desta Lei:

I. Microempreendedor Individual (MEI) - Criado pela Lei Complementar nº 123, de 19 de dezembro de 2008, é a pessoa que trabalha por conta própria e resolve se formalizar enquanto pequeno empresário, constituindo-se como pessoa jurídica para exercer as atividades previstas na Resolução do Comitê Gestor do Simples Nacional de nº 94/2011;

II. Agroindústria Familiar - Empreendimento de propriedade sob a gestão individual ou coletiva de agricultores familiares, nos termos do art. 3º da Lei Federal nº 11.326, de 24 de julho de 2006, com área útil construída não superior a 250m2 (duzentos e cinquenta metros quadrados), que, por motivação de natureza econômico e social, visam agregar valor aos produtos que não conseguem comercializar "in natura", e dispõem de instalações mínimas conforme critérios definidos em regulamento;

III. Empreendimentos Econômicos Solidários (EES) - Conforme definido pelo Decreto nº 7.358, de 17 de novembro de 2010, é uma forma bem-sucedida de organização socioeconômica de trabalhadores a partir das práticas de autogestão, de cooperação e de solidariedade nas atividades de produção, de comercialização e de consumo, como associações, cooperativas, grupos informais, etc;

IV. Artesão - É o trabalhador que, de forma individual ou coletiva, exerce um ofício manual, transformando a matéria-prima bruta ou manufaturada em produto acabado. Tem o domínio técnico sobre materiais, ferramentas e processos de produção artesanal na sua especialidade, criando ou produzindo trabalhos que tenham dimensão cultural, utilizando técnica predominantemente manual, podendo contar com o auxílio de equipamentos, desde que não sejam automáticos ou duplicadores de peças, conforme Portaria SCS/MDIC nº 29, de 05 de outubro de 2010 e Lei Federal nº 13.180, de 22 de outubro de 2015.

V. Produção artesanal de alimentos – Entende-se por elaboração de produtos artesanais comestíveis de origem animal e vegetal, o processo utilizado na obtenção de produtos que mantenham características tradicionais, culturais ou regionais, produzidos em pequena escala, com instalações diferenciadas, obedecendo a preceitos mínimos de construção, equipamentos, higiene e escala de produção conforme Lei Estadual nº 11.253/1998;

VI. Atividades econômicas de Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura – compreende o cultivo, a criação, a produção e o processamento da matéria-prima própria na unidade de produção agrícola conforme Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE;

VII. Indústria de Transformação – ramo de atividades quando o processamento de alimentos é realizado fora da unidade de produção (propriedade rural) ou quando a matéria-prima é adquirida de terceiros, conforme Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE;

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VIII. Empreendimento/Estabelecimento – Estrutura de produção, industrialização ou comercialização de produtos com personalidade de pessoa física ou jurídica sujeita a regras de vigilância sanitária, inspeção veterinária e licenciamento ambiental, classificado de acordo com esta Lei;

IX. Cadeia produtiva local – Conjunto de etapas consecutivas de produção e comercialização que vai desde a aquisição da matéria-prima, incluindo o processo de beneficiamento e transformação, até a constituição e entrega de um produto final (bem ou serviço) ao consumidor;

X. Grau de risco – nível de perigo potencial de ocorrência de danos à integridade física e à saúde humana e ao meio ambiente em decorrência de exercício de atividade econômica, podendo ser de baixo e alto risco ou risco dependente de informação;

XI. SIM – Serviço de inspeção municipal para produtos de origem animal e vegetal de caráter industrial e sanitário.

Art. 4º - Fica estabelecido que a partir da implantação desta Lei somente o empreendedor que aderir ao Programa poderá comercializar seus produtos com os benefícios de que trata o Art. 18.

CAPÍTULO II- DOS PRINCÍPIOS E DIRETRIZES

Art. 5º - São princípios do Programa:

I. Inclusão social, produtiva e de boas práticas dos estabelecimentos sujeitos à ação da vigilância sanitária;

II. Reforçar a consciência social da importância das artes e ofícios artesanais como meio privilegiado de preservação dos valores da identidade cultural do Município, como instrumento de dinamização da economia solidária, da renda e da ocupação a nível local;

III. Proteção da cadeia produtiva local, incentivando a aquisição do produto cristalense, tanto como matéria prima para o processamento e industrialização quanto para a comercialização do produto final direto ao consumidor ou nos estabelecimentos comerciais do Município;

IV. Harmonização de procedimentos para promover a formalização e a segurança sanitária dos estabelecimentos, considerando os costumes, os conhecimentos tradicionais e aplicando as orientações de boas práticas dos órgãos de inspeção municipal;

V. Diversificação dos bens produzidos de maneira a abastecer o consumo interno com atenção especial à conservação da identidade agropecuarista do Município e promoção de segurança alimentar e nutricional.

Art. 6º - São diretrizes do Programa:

I. Transparência dos procedimentos de regularização;

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II. Disponibilização presencial e/ou eletrônica de orientações e instrumentos norteadores do processo de regularização e licenciamento sanitário;

III. Racionalização, simplificação e padronização dos procedimentos e requisitos de regularização sanitário dos estabelecimentos, produtos e rotulagem;

IV. Integração e articulação dos processos, procedimentos e dados junto aos órgãos de inspeção do Município, a fim de evitar a duplicidade de exigências, na perspectiva do usuário;

V. Proteção à produção artesanal a fim de preservar costumes, hábitos e conhecimentos tradicionais na perspectiva do multiculturalismo dos povos, comunidades tradicionais e agricultores familiares;

VI. Razoabilidade quanto às exigências aplicadas; VII. Fomento de políticas públicas e programas de capacitação para os

estabelecimentos objeto desta Lei, como forma de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e promover a segurança sanitária;

VIII. Fomento de políticas públicas e programas de capacitação para os profissionais do serviço de inspeção sanitária, fiscalização tributária e ambiental para atendimento ao disposto nesta Lei;

IX. Fomento a políticas públicas de proteção a produção local, incluindo o cultivo, extração ou criação de matéria prima de origem primária e seu aproveitamento no processo industrial ou de beneficiamento dos empreendimentos de maneira a fortalecer a cadeia produtiva;

X. Fomento as políticas de desenvolvimento do turismo rural por meio de roteiros e atividades junto às agroindústrias familiares.

CAPÍTULO III - DA REGULARIZAÇÃO DOS EMPREENDIMENTOS

Art. 7º - Para a regularização dos empreendimentos cujas atividades econômicas sejam a produção ou processamento de produtos de origem vegetal ou animal observar-se-á as orientações e normas que regem o serviço de vigilância sanitária, especialmente a RDC 49, de 31 outubro de 2013; RDC n° 153, de 26 de abril de 2017; Instrução Normativa nº 16, de 26 de abril de 2017, do Ministério da Saúde e as orientações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA, Instrução Normativa nº 16 de 23 de junho de 2015; Instrução Normativa nº 5, de 14 de fevereiro de 2017; Lei Estadual 11.253, de 03 de dezembro de 1998 e outras normas que venham a ser editadas, seja de caráter federal ou estadual.

Art. 8º - Os empreendimentos poderão ser regularizados pelo serviço de vigilância sanitária, observando o risco sanitário, instalados em:

I. área desprovida de regulação fundiária legal ou com regulamentação precária; II. residência;

III. locais onde são realizadas as atividades produtivas dos empreendimentos.

Art. 9º - De acordo com a RDC nº 275, de 21 de outubro de 2002, os estabelecimentos produtores/industrializadores de alimentos devem desenvolver,

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implementar e manter para cada item relacionado abaixo, Procedimentos Operacionais Padronizados - POPs.

I. Higienização das instalações, equipamentos, móveis e utensílios. II. Controle da potabilidade da água;

III. Higiene e saúde dos manipuladores; IV. Manejo dos resíduos; V. Manutenção preventiva e calibração de equipamentos;

VI. Controle integrado de vetores e pragas urbanas; VII. Seleção das matérias-primas, ingredientes e embalagens;

VIII. Programa de recolhimento de alimentos.

§ 1º - Os POPs devem ser aprovados, datados e assinados pelo responsável técnico, responsável pela operação, responsável legal e/ou proprietário do estabelecimento, firmando o compromisso de implementação, monitoramento, avaliação, registro e manutenção dos mesmos.

§ 2º - Nos casos em que as atividades e/ou os produtos necessitarem de responsável técnico, poderão prestar esta assessoria:

I. Profissionais voluntários habilitados na área; II. Profissionais habilitados de órgãos governamentais e não governamentais, exceto

agentes de fiscalização sanitária.

Art.10 – Considerando a diretriz III e VI do Art. 6º desta Lei quanto a racionalização, simplificação e padronização dos procedimentos e a razoabilidade quanto às exigências aplicadas, dever-se-á adotar um modelo simplificado de POPs o qual será elaborado pelo órgão técnico municipal em linguagem acessível ao empreendedor de forma a contemplar a realidade de cada empreendimento, considerando o risco sanitário.

Art. 11 – Para a regularização dos empreendimentos pela vigilância sanitária, deverá ser considerado as orientações da RDC n° 153, de 26 de abril de 2017 e da Instrução Normativa nº 16, de 26 de abril de 2017, do Ministério da Saúde quanto ao risco sanitário, ficando assim estabelecido:

I. Alto risco: atividades econômicas que exigem inspeção sanitária ou análise documental prévia por parte do órgão responsável pela emissão da licença sanitária, antes do início da operação do estabelecimento;

II. Baixo risco: atividades econômicas cujo início da operação do estabelecimento ocorrerá sem a realização de inspeção sanitária ou análise documental prévia por parte do órgão responsável pela emissão da licença sanitária.

§ 1° - Para as atividades econômicas cuja determinação do risco dependa de informações, o responsável legal deverá responder perguntas durante o processo de licenciamento, que remeterão para o alto ou baixo risco.

§ 2° - O início da operação do estabelecimento de baixo risco previamente à realização de inspeção ou análise documental não exime os responsáveis legais da

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instalação e manutenção dos requisitos de segurança sanitária, sob pena de aplicação de sanções cabíveis e adoção de mecanismos para que as atividades econômicas classificadas como de baixo risco tenham procedimentos para licenciamento automático, a partir dos atos declaratórios;

Art. 12 – Para os artesãos, empreendimentos de economia solidária ou microempreendedores individuais, que em vista de suas atividades econômicas não necessitam de alvará sanitário, ficam dispensados das exigências acima mencionadas.

Art. 13 – O licenciamento ambiental dos empreendimentos será solicitado junto ao órgão ambiental municipal, podendo, no caso das agroindústrias, haver a adesão á licença ambiental para o Programa Estadual de Agroindústria familiar.

Art. 14 – Todos os empreendimentos que aderirem ao Programa gozarão de tratamento diferenciado no que se refere ã implantação de estrutura física e equipamentos, respeitadas as orientações previstas em normas específicas de caráter federal e estadual e orientação dos órgãos de inspeção do Município.

Art. 15 – Em casos de dificuldade para a estruturação dos estabelecimentos, os órgãos de inspeção municipais poderão pactuar com os empreendedores um plano de trabalho progressivo, partindo de exigências mínimas dentro de um prazo possível de ser executado.

Art. 16 – Evitar-se-á criar dificuldades ou constrangimento para a liberação dos registros e alvarás, podendo, no entanto, condicionar-se a renovação dos mesmos ao atendimento das metas e cronograma de execução do plano de trabalho pactuado com o empreendedor.

CAPÍTULO IV – DAS CONDIÇÕES DE PARTICIPAÇÃO Art. 17 - Todos os empreendimentos, objeto desta Lei, poderão participar do Programa desde que atendidas as condições abaixo mencionadas:

I. I - Requerimento e Termo de Adesão; II. II - Para o microempreendedor individual, o Certificado da Condição de

Microempreendedor Individual (CCMEI); III. III- Para agroindústrias, a Declaração de Aptidão ao Programa Nacional de

Fortalecimento da Agricultura Familiar (DAP); IV. Para o empreendimento econômico solidário, uma das seguintes declarações:

a) do Sistema de Informações em Economia Solidária (SIES/MTE); b) do Conselho Municipal de Assistência Social ou Segurança Alimentar e

Nutricional; c) da Declaração de Aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura

Familiar (DAP);

V. Plano de Trabalho com cronograma de execução de ações para adequação dos estabelecimentos quando necessário.

CAPÍTULO V – DOS BENEFÍCIOS E INCENTIVOS DO PROGRAMA

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Art. 18 – Os benefícios e incentivos do Programa são os seguintes:

I. Racionalização e simplificação de procedimentos para registro do estabelecimento e comercialização dos produtos;

II. Disponibilização de projetos de engenharia incluindo planta baixa, fachada, estrutural, elétrico e hidrossanitário;

III. Apoio técnico para elaboração de POPs; IV. Tratamento diferenciado por meio de taxas específicas para o Programa referente

aos alvarás e licenças; V. Apoio na realização de serviços para a estruturação do empreendimento;

VI. Comercialização dos produtos em espaços públicos, feiras e estabelecimentos comerciais dentro do Município;

VII. Venda por meio de compras públicas em programas como PAA e PNAE; VIII. Cedência de equipamentos por parte da administração municipal;

IX. Cursos e treinamentos.

CAPÍTULO VI - DOS PROCEDIMENTOS

Art. 19 – Todos os procedimentos descritos neste capítulo têm como objetivo estabelecer regras claras e simples para os empreendimentos de que trata a presente Lei, procurando adequar no que for possível a legislação municipal às normas de caráter federal ou estadual.

Art. 20 – Os órgãos municipais de inspeção e fiscalização deverão atuar prioritariamente como fiscalização orientadora, buscando sempre a razoabilidade quanto às exigências aplicadas.

Art. 21 - Esta Lei não tem como finalidade estabelecer procedimentos que isentem os empreendedores de suas responsabilidades quanto à necessidade de promoverem uma estrutura mínima necessária para a obtenção dos registros pertinentes ao seu ramo de atividade, mas de estabelecer critérios e procedimentos padronizados que facilitem o processo de legalização e a comercialização dos produtos em nível local.

Art. 22 – A entrada no Programa se dará mediante preenchimento de Termo de Adesão junto à Sala do Empreendedor na Secretaria Municipal de Planejamento, Desenvolvimento, indústria e Comércio, a qual disponibilizará as orientações aos empreendedores quanto â formalização, legalização e comercialização.

Parágrafo único – A adesão ao Programa impõe ao empreendedor a condição de se adequar a legislação municipal a partir de um cronograma de ações.

Art. 23 – A Sala do Empreendedor comunicará aos demais setores da administração a adesão do empreendedor ao Programa encaminhando os documentos necessários para a regularização do empreendimento.

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Art. 24 – Após a adesão ao programa proceder-se-á a elaboração do croqui das instalações, projetos e demais documentos necessários à emissão das licenças e alvarás, podendo o empreendimento valer-se de apoio dos técnicos do Município.

Art. 25 – Com a adesão ao Programa, os empreendimentos receberão um selo de identificação com o nome PRODUTOS DE CRISTAL que demonstra que os mesmos estão sendo acompanhados pelos órgãos técnicos municipais, devendo constar no rótulo ou embalagens.

Parágrafo único - O Selo será confeccionado pelo empreendedor conforme modelo disponibilizado pelo Programa.

Art. 26 – Os órgãos municipais deverão adotar procedimentos ágeis quanto à liberação de alvarás e licenças, devendo expedi-los tão logo seja feita a vistoria nos empreendimentos e seja constatado o atendimento das exigências mínimas de higiene.

Art. 27 – De acordo com a RDC 153/2017 Artigos 7º - 13, o cumprimento dos requisitos de segurança sanitária para o exercício de determinada atividade econômica poderá ser verificado por meio de inspeção sanitária ou análise documental.

§ 1º - Para as atividades de baixo risco sanitário, a inspeção sanitária ou análise documental ocorrerá posteriormente ao licenciamento e ao consequente início da operação, e para as atividades de alto risco, previamente ao licenciamento.

§ 2º - Os estabelecimentos que necessitam de licenciamento prévio e se encontram em processo de regularização poderão comercializar seus produtos com venda direto ao consumidor, desde que atendidos os princípios básicos de higiene dos alimentos e já tenham apresentados os documentos necessários à sua regularização aos órgãos de inspeção.

Art. 28 - O gerenciamento do risco e a aplicação das boas práticas sanitárias devem ocorrer em todas as atividades econômicas de interesse sanitário, de acordo com a legislação sanitária específica vigente.

Art. 29 - O licenciamento sanitário de atividades econômicas deverá ser preferencialmente eletrônico e ocorrerá sempre que houver:

I. Abertura do empreendimento ou alteração em seu registro; II. Alteração do grau de risco da atividade econômica;

III. Renovação da licença sanitária em função da expiração do prazo de validade; IV. Regularização da empresa cuja licença sanitária nunca tenha sido solicitada ou

tenha sido indeferida ou cancelada.

Art. 30 - O licenciamento sanitário de atividades econômicas classificadas como baixo risco deverá ser realizado por meio do fornecimento de informações e declarações pelo responsável legal, visando permitir o reconhecimento formal do cumprimento dos requisitos exigidos ao exercício da atividade requerida.

§1° - O licenciamento sanitário deverá ser preferencialmente eletrônico, dispensando a apresentação de documentação física no órgão licenciador.

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§2° - As declarações previstas no caput deverão ser assinadas pelo responsável legal, digitalizadas e inseridas em sistema eletrônico.

§3º - O fornecimento de informações e declarações implica responsabilização, do responsável legal, na implementação e manutenção dos requisitos de segurança sanitária, sob pena de aplicação de sanções cabíveis.

Art. 31 - Integram a licença sanitária, sem prejuízo de outras informações adicionais, os seguintes elementos:

I. O número do ato concessório; II. O prazo de validade;

III. As declarações prestadas e os dados fornecidos pelos responsáveis legais da empresa;

IV. As atividades e classes para as quais o empreendimento cumpre os requisitos técnicos previstos nas resoluções vigentes.

Art. 32 - A licença sanitária poderá ser suspensa, como medida cautelar, quando o interessado:

I. Deixar de cumprir, nos prazos estabelecidos pela autoridade sanitária, as condições impostas para o exercício das atividades econômicas no ato de concessão da licença sanitária e previstas na legislação sanitária vigente;

II. Deixar de cumprir as exigências emitidas pela autoridade sanitária; III. Apresentar documentação irregular, inapta ou eivada de vícios perante o órgão

da vigilância sanitária; IV. Apresentar declarações falsas e dados inexatos perante o órgão da vigilância

sanitária.

Art. 33 - A autoridade sanitária, no desempenho de suas atribuições e atendidas as formalidades legais, tem livre acesso, em qualquer dia e hora, a estabelecimentos, ambientes e serviços de interesse direto ou indireto para a saúde, para inspeção e aplicação de medidas de controle sanitário.

Art. 34 – Considerando a Resolução 385/2006 do CONAMA, os empreendimentos familiares rurais definidos como agroindústrias de produtos de origem animal que desenvolvem atividades de abatedouro deverão considerar:

I. Capacidade máxima diária de abate:

a) animais de grande porte: até 03 animais/dia; b) animais de médio porte: até 10 animais/dia; c) animais de pequeno porte: até 500 animais/dia; d) Para estabelecimentos que processem pescados, a capacidade máxima de

processamento não poderá ultrapassar 1.500 kg de pescados por dia.

II. O empreendedor deverá apresentar, no mínimo, a seguinte documentação ao órgão ambiental responsável pelo licenciamento:

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a) Requerimento de licença ambiental; b) Projeto contendo descrição do empreendimento, contemplando sua localização,

bem como o detalhamento do sistema de controle de poluição e efluentes, acompanhado da anotação de responsabilidade técnica - art;

c) Certidão de uso do solo expedida pelo município; d) Comprovação de origem legal quando a matéria prima for de origem extrativista,

quando couber. e) A capacidade máxima diária de abate; f) O sistema de coleta e destino do sangue, proveniente da sangria; g) O funcionamento da seção de evisceração.

Art. 35 - O órgão ambiental competente, após a análise da documentação emitirá manifestação expressa sobre a viabilidade da localização do empreendimento e, caso haja comprovação de baixo impacto ambiental e de reduzida produção de efluentes e resíduos, concederá as licenças ambientais correspondentes.

§ 1º - Os abatedouros e estabelecimentos que processem pescados serão licenciados em duas etapas:

I. Licença Prévia e de Instalação - LPI, que autoriza a localização e instalação da atividade;

II. Licença de Operação - LO, que autoriza a operação da atividade.

§ 2º - As demais atividades agroindustriais de pequeno porte e baixo impacto ambiental serão licenciadas em apenas uma etapa quando o órgão ambiental competente concederá Licença Única de Instalação e Operação - LIO.

Art. 36 - As agroindústrias de pequeno porte e baixo impacto ambiental já existentes deverão atender ao disposto nesta Lei, visando a regularização da atividade ou empreendimento e a obtenção da licença ambiental.

Parágrafo único. Fica estabelecido o prazo de dezoito meses, prorrogável por igual período, a critério do órgão ambiental competente, para que os empreendedores promovam a regularização prevista neste artigo.

CAPÍTULO VII - DO COMÉRCIO EM FEIRAS-LIVRES

Art. 37 - O comércio de produtos de origem animal e vegetal em espaços públicos e feiras seguirão as seguintes orientações, conforme o Decreto Estadual 23.430/1974, Artigos 482 – 483:

I. Todos os alimentos à venda nas feiras-livres devem estar agrupados de acordo com a sua natureza e protegidos da ação dos raios solares, chuvas e outras intempéries, ficando terminantemente proibido tê-los colocados diretamente sobre o solo;

II. As verduras e frutas rasteiras devem ter sido adquiridas em fontes aprovadas pela autoridade sanitária competente;

III. Devem ser mantidos refrigerados ou congelados, os alimentos obrigados a esse tipo de conservação;

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IV. Deve ser restringido ao máximo o manuseio dos alimentos; V. Os produtos alimentícios e bebidas devem ser mantidos e vendidos, tanto quanto

possível, acondicionados por unidades de peso e quantidade, em invólucros, pacotes ou vasilhame originais e inviolados dos estabelecimentos comerciais e industriais, devidamente comprovada a sua procedência, sendo permitido o seu fracionamento a critério da autoridade sanitária da jurisdição local;

VI. Os derivados comestíveis de origem animal devem estar devidamente acondicionados e rotulados pelo estabelecimento industrial de seu fabrico, sendo expressamente proibido o seu fracionamento em porções com peso inferior a 200 g (duzentos gramas).

§ 1º - É proibido o depósito ou venda de frutas descascadas ou fracionadas, bem como de hortaliças cortadas, exceto o fracionamento das que para seu consumo exijam cocção prévia.

§ 2º - Não é permitido depositar ou vender produtos alimentícios de elaboração caseira não licenciados.

§ 3º - A comercialização de carnes e vísceras, inclusive de aves e outros pequenos animais, é tolerada desde que realizada em veículos providos de dispositivos para depósito e exposição das mercadorias nos quais o frio produzido por expansão de fluidos adequados a este fim, devendo as operações de fracionamento limitarem-se às estritamente necessárias para a entrega ao comprador.

§ 4º - A comercialização do pescado é tolerada desde que realizada em veículos providos de dispositivos para depósito e exposição das mercadorias nos quais o frio seja produzido por expansão de fluidos adequados a este fim, sendo proibido, no local, a descamação, esfola, evisceração ou qualquer outro tipo de fracionamento.

§ 5º - É proibido o depósito e comercialização de aves e outros pequenos animais vivos, exceto peixes acondicionados em reservatório em água limpa e devidamente oxigenado.

Art. 38 - Somente será permitida a participação em feiras depois de ser realizado a primeira vistoria pela autoridade sanitária ao estabelecimento e o cadastro deste junto a Sala do Empreendedor com antecedência mínima de 07 (sete) dias anteriores ao evento;

Art. 39 - Para o disposto Art. 37, §2º levar-se-á em conta as orientações da RDC 153/2017 referente às atividades econômicas classificadas como de baixo risco, a saber: licenciamento automático, a partir dos atos declaratórios do empreendedor conforme Art. 11, §2º desta Lei e plano de trabalho a ser executado pelo empreendedor conforme os arts. 15 e 16.

Art. 40 – Para os produtos ou atividades econômicas dependentes de informações aplicar-se-á o questionário conforme anexo III da IN nº 16/2017 – MS a fim de se definir o risco sanitário.

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Art. 41 – As carnes e vísceras de animais de abate não podem ficar em contato direto com gelo sob qualquer pretexto, sendo sumariamente apreendidas quando assim encontradas.

Art. 42 – O trânsito de matérias-primas e de produtos de origem animal deve ser realizado por meios de transporte apropriados, garantindo a sua integridade.

Parágrafo único – É permitido o transporte de matérias-primas e produtos frigorificados do estabelecimento agroindustrial de pequeno porte em vasilhame isotérmico, em veículos sem unidade frigorífica instalada, em distância percorrida até o máximo de duas horas, desde que mantida a temperatura adequada a cada tipo de produto, em todo o percurso até o local de entrega.

CAPÍTULO VIIl - DA ATIVIDADE ARTESANAL

Art. 43 - Designa-se atividade artesanal a atividade econômica de reconhecido valor cultural e social, que assenta na produção, restauro ou reparação de bens de valor artístico ou utilitário, de raiz tradicional ou étnico ou contemporânea, e na prestação de serviços de igual natureza, bem como na produção e confecção tradicionais de bens alimentares.

Parágrafo único - A atividade artesanal deve caracterizar-se pela fidelidade aos processos tradicionais, em que a intervenção pessoal constitui um fator predominante e o produto final é de fabrico individualizado e genuíno, sem prejuízo da abertura à inovação.

Art. 44 - A fidelidade aos processos tradicionais podem ser compatibilizadas com a inovação, nos seguintes domínios e nas seguintes condições:

I. Adequação do produto final às tendências do mercado e a novas funcionalidades, desde que conserve um caráter diferenciado em relação à produção industrial padronizada;

II. Adaptação dos processos produtivos, equipamentos e tecnologias de produção, por imperativos de ordem ambiental e de higiene e segurança no local de trabalho e por forma a diminuir a penosidade do processo produtivo ou a rentabilizar a produção desde que, em qualquer caso, seja salvaguardada a natureza e qualidade do produto ou serviço final;

III. Uso sustentável e racional dos produtos da flora, da fauna e do solo, visando a adequar-se às exigências ambientais e de saúde pública e aos direitos dos consumidores.

Art. 45 – Os artesãos ou empreendimentos de economia solidária que desenvolvem a produção e confecção artesanal de bens alimentares devem obedecer os princípios de higiene e estão sujeitos às mesmas regras dos demais estabelecimentos, conforme esta Lei.

P R E F E I T U R A M U N I C I P A L D E C R I S T A L / RS

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DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 46 – Este Programa tem caráter transversal e multisetorial de abrangência municipal de maneira a contribuir para criação de novas oportunidades de desenvolvimento local e, neste sentido, os estabelecimentos que não produzem matéria prima deverão adquiri-la predominantemente de produtores rurais do município ou de fornecedores locais.

Art. 47 – Quanto à estrutura e instalações dos empreendimentos que processam produtos de origem animal e vegetal serão seguidas as orientações conforme normativas citadas no Art. 7° desta Lei e legislação municipal vigente.

Art. 48 - Para a implementação do Programa a Administração Municipal poderá firmar parcerias e receber apoio de técnicos e profissionais de órgãos governamentais e não-governamentais como Secretarias e Departamentos de Estado, Emater, Sindicatos e entidades do Sistema S, bem como de profissionais que desejam prestar serviços de caráter voluntário entre outros.

Art. 49 – Após esta Lei ser sancionada pelo Executivo Municipal, o mesmo expedirá decreto regulamentando o Programa inclusive quanto às atividades desenvolvidas por microempreendedores individuais, artesãos e empreendimentos de economia solidária sujeitas a esta Lei.

Art. 50 – Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação.

Gabinete da Prefeita Municipal de Cristal, 23 de março de 2018.

Enfª. FÁBIA RICHTER Prefeita Municipal

Registre-se e publique-se

ARNILDO BARTZ

Secretário Municipal - SMF / SMARH