lei maria da penha e as medidas protetivas de urgencia que obrigam o agressor

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Juliana de Almeida Oliveira LEI MARIA DA PENHA E AS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA QUE OBRIGAM O AGRESSOR CURITIBA 2011

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Monografia apresentada para conclusão do curso de direito.

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  • UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARAN

    Juliana de Almeida Oliveira

    LEI MARIA DA PENHA E AS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGNCIA

    QUE OBRIGAM O AGRESSOR

    CURITIBA

    2011

  • LEI MARIA DA PENHA E AS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGNCIA

    QUE OBRIGAM O AGRESSOR

    CURITIBA

    2011

  • Juliana de Almeida Oliveira

    LEI MARIA DA PENHA E AS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGNCIA

    QUE OBRIGAM O AGRESSOR

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado ao Curso De Direito da Faculdade de Cincias Jurdicas da Universidade Tuiuti do Paran, como requisito parcial para a obteno do grau de Bacharel em Direito. Orientador: Professor Murilo Henrique Pereira Jorge.

    CURITIBA

    2011

  • TERMO DE APROVAO

    Juliana de Almeida Oliveira

    LEI MARIA DA PENHA E AS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGNCIA

    QUE OBRIGAM O AGRESSOR

    Esta monografia foi julgada e aprovada para a obteno do titulo de Bacharel em Direito no programa curso de Direito da Universidade Tuiuti do Paran.

    Curitiba,___________ de__________ de 2011.

    _______________________________________

    Curso de Direito

    Universidade Tuiuti do Paran

    Orientador _______________________________________

    Prof. Murilo Henrique Pereira Jorge

    Universidade Tuiuti do Paran.

    ______________________________________

    Prof. Dr.

    ______________________________________

    Prof. Dr.

  • DEDICATRIA

    Dedico esse trabalho aos meus pais, Josemir

    e Maria de Lourdes, pela formao da

    pessoa que sou, pelo apoio que me foi

    proporcionado em minha formao

    acadmica;

    minha irm, Aline pelo companheirismo e

    pacincia que me foi dedicado todos esses

    anos;

    Deus por estar presente em todos os

    momentos de minha vida.

  • AGRADECIMENTOS

    Ao meu Orientador Dr. Murilo Henrique

    Pereira Jorge pela orientao neste estudo;

    minha chefe Roseli pela amizade e ajuda

    em meu trabalho;

    Ao meu namorado, Daniel pelo incentivo,

    compreenso que sempre teve em todos

    esses anos;

    s minhas amigas Morgana, Priscila e Liara

    por estarem presentes nos momentos de

    alegrias e de dificuldades que enfrentamos

    ao longo do curso. Obrigada por serem

    minhas eternas amigas.

  • RESUMO

    O objeto deste trabalho definir a importncia da Lei 11.340/06 Lei Maria da Penha, no apenas para as mulheres que so as principais beneficiarias, mas sim para o coletivo, que podero compreender e evitar a violncia contra a mulher. Mostrar quais so os sujeitos ativos e passivos das relaes domsticas e familiares. As formas de violncia contra a mulher. Discute sobre as medidas protetivas que obrigam o agressor e quais so elas. Bem como, se ocorrer o descumprimento injustificado da medida protetiva, poder ocasionar risco a vida da vtima e para garantir o cumprimento de tal medida o juiz pode decretar a priso preventiva do agressor. Levando em conta a liberdade de locomoo do agressor.

    Palavras- chave: sujeitos; violncia contra a mulher; medida protetiva que obrigam o agressor; descumprimento; priso preventiva.

  • SUMRIO

    CAPITULO 1. INTRODUO.........................................................................................07 1. Breves Consideraes Acerca da Lei Maria da Penha...............................................09 1.1. Importncia da lei Maria da Penha...........................................................................09 1.2. Sujeito ativo..............................................................................................................09 1.2.1.Sujeito passivo.......................................................................................................11 1.2.2. Unio homoafetiva................................................................................................11 CAPITULO 2. HISTRICO DE VIOLNCIA CONTRA A MULHER.............................13 2.1. Violncia domstica e familiar contra a mulher........................................................15 2.1.1. Violncia no mbito domstico..............................................................................16 2.1.2. Violncia no mbito familiar...................................................................................16 2.2. Formas de violncia domstica e familiar contra a mulher......................................17 CAPTULO 3. CONSIDERAES SOBRE AS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGNCIA.....................................................................................................................20 3.1. Legitimidade para requerer......................................................................................21 3.1.1. Legitimidade da polcia..........................................................................................22 3.1.2. Legitimidade do Ministrio Pblico........................................................................23 CAPITULO 4. DAS MEDIDAS PROTETIVAS QUE OBRIGAM O AGRESSOR...........24 4.1. Suspenso da posse ou restrio ao porte de armas, inciso I.................................26 4.2. Afastamento do lar, domiclio ou local de convivncia com a ofendida, inciso II.....27 4.3. Proibio de determinadas condutas, inciso III........................................................28 4.4. Restrio ou suspenso de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou servio similar, inciso IV................................................31 4.5. Prestao de alimentos provisionais ou provisrios, inciso V..................................33 4.6. Penalidades em caso de descumprimento...............................................................34 3.3.1. Da priso preventiva..............................................................................................35 5. CONSIDERAES FINAIS........................................................................................39 6. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS...........................................................................41

  • CAPTULO 01. INTRODUO

    Ao longo dos tempos, a mulher sofreu e continua sofrendo violncia, em vrios

    mbitos, inclusive no familiar. Tendo em vista a fragilidade da mulher em face ao

    homem, ela tinha que suportar calada as agresses fsicas e morais que sofria de seu

    companheiro ou de seus familiares. Em pocas anteriores as mulheres eram criadas

    para obedecer s ordens dos maridos, deixando-as visivelmente inferior ao homem.

    Nesses longos anos, a mulher no possua lei especfica que resguardasse os

    seus direitos, portanto foi em virtude de tais sofrimentos que surgiu a Lei Maria da

    Penha (11.340/06), que trouxe consigo benefcios que melhoraram a qualidade de vida

    da vtima. Dentre esses benefcios esto presentes as medidas protetivas de urgncia,

    que se dividem em duas: as que obrigam o agressor e as medidas protetivas de

    urgncia ofendida.

    Dessa forma, o objetivo deste trabalho analisar as formas de violncia contra

    a mulher, quem so os sujeitos ativos e passivos da relao, quais so as medidas

    protetivas de urgncia que obrigam o agressor, bem como, o que ocorrer caso seja

    descumprida essa medida.

    O presente trabalho ser dividido em trs captulos. No primeiro sero

    realizadas breves consideraes acerca da Lei Maria da Penha, sobre como a Lei se

    originou e sua importncia, quais so os sujeitos ativos e passivos da relao e tambm

    as unies homoafetivas.

    O segundo captulo abordar a violncia contra a mulher, distino de violncia

    domstica e de violncia familiar, evoluo histrica, as formas de violncia domstica

    contra a mulher.

  • O terceiro captulo abordar, as consideraes sobre as medidas protetivas de

    urgncia, tais como legitimidade.

    O quarto e ultimo captulo quais so as medidas protetivas de urgncia que

    obrigam o agressor. Quais as penalidades em caso de descumprimento e a priso

    preventiva do agressor.

  • 1. BREVES CONSIDERAES ACERCA DA LEI MARIA DA PENHA.

    A Lei n 11.340/06 teve a denominao de Lei Maria da Penha, devido

    vtima Maria da Penha Maia Fernandes, a qual sofreu violncia domstica, denunciou

    vrias vezes as agresses que estava sofrendo de seu marido, o qual tentou mat-la

    duas vezes, na primeira tentativa forjou um assalto com o uso de uma espingarda,

    deixando-a paraplgica, uma semana aps o ocorrido, tentou eletrocut-la atravs de

    uma descarga eltrica enquanto esta tomava banho.

    1.1. IMPORTNCIA DA LEI MARIA DA PENHA

    Parodi e Gama tm o seguinte entendimento sobre a elaborao da Lei

    11.340/06: a elaborao do projeto de lei foi motivada pela constncia da violncia em

    tantos lares brasileiros, chegando algumas pessoas at propalar a idia de que faz

    parte da cultura brasileira. (2009, p. 15).

    Como observa Hermann,

    A proteo da mulher, preconizada na Lei Maria da Penha, decorre da constatao de sua condio (ainda) hipossuficiente no contexto familiar, fruto da cultura patriarcal que facilita sua vitimao em situaes de violncia domstica, tornando necessria a interveno do estado em seu favor, no sentido de proporcionar meios e mecanismos para o reequilbrio das relaes de poder imanentes ao mbito domstico e familiar. (2008, p. 83/84).

    Dias trs seus ensinamentos sobre a violncia,

    Quem vivncia a violncia, muitas vezes at antes de nascer e durante toda a infncia, s pode achar natural o uso da fora fsica. Tambm a impotncia da vtima, que no consegue ver o agressor punido, gera nos filhos conscincia

    de que a violncia um fato natural. (2007. p. 16).

    1.2. SUJEITO ATIVO.

    Temos como sujeito ativo da violncia domstica, o marido, companheiro, filho,

    parentes ou no, que convivam permanentemente com a vtima, incluindo a mulher.

  • Como ressalta Dias acerca do sujeito ativo,

    Para ser considerada a violncia domstica, o sujeito tanto pode ser homem como outra mulher. Basta estar caracterizado o vnculo de relao domstica, de relao familiar ou de afetividade, pois o legislador deu prioridade criao de mecanismos para coibir e prevenir a violncia domstica contra a mulher, sem importar o gnero do agressor. (2007, p.41).

    Os incisos do artigo 5 da Lei 11.340/06, dispe sobre tal assunto:

    Para os efeitos desta Lei, configura violncia domstica e familiar contra a mulher qualquer ao ou omisso baseada no gnero que lhe cause morte, leso, sofrimento fsico, sexual ou psicolgico e dano moral ou patrimonial: I - no mbito da unidade domstica, compreendida como o espao de convvio permanente de pessoas, com ou sem vnculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; II - no mbito da famlia, compreendida como a comunidade formada por indivduos que so ou se consideram aparentados, unidos por laos naturais, por afinidade ou por vontade expressa; III - em qualquer relao ntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitao. Pargrafo nico. As relaes pessoais enunciadas neste artigo independem de orientao sexual.

    A violncia domstica pode ocorrer entre quaisquer membros da famlia, e o

    sujeito ativo pode ser o marido, amasio, amantes, namorados, ex- namorados ou ex-

    cnjuges (WILHELM, 2007).

    Hermann compreende que comum ocorrer s prticas abusivas por maridos,

    companheiros, noivos, namorados, amantes e todos os respectivos ex, resultado da

    ampla licena social dos homens para punir fisicamente suas mulheres. (2008. p. 103).

    Em primeira anlise o sujeito ativo o marido, companheiro, o filho, o pai, o

    sogro e outros parentes ou pessoas que viviam na mesma casa, avanando depois

    sobre outras possibilidades. (PARODI e GAMA, 2009).

    Podem cometer violncia domstica e familiar contra a mulher qualquer

    ascendente; descendente; irmo ou irm; padrasto ou madrasta; cnjuge; enteado ou

    enteada; companheiro ou companheira; convivente; namorado ou namorada, nos casos

    de padrasto, madrasta, cnjuge, enteado ou enteada, companheiro, companheira ou

  • convivente, independe se perdurar o lao de afinidade. Pode o ex-companheiro ser

    autor do crime, tambm como uma ex-madrasta. O inc. III da Lei quis proteger a mulher,

    definindo como sujeito ativo, qualquer pessoa, independente do sexo (CAMPOS E

    CRREA, 2007).

    Basta ento para ser sujeito ativo do delito de violncia domstica e familiar,

    que a vtima e acusado(a) possuam convvio habitual, no podendo ser considerados

    estranhos, no h exigncia de convvio sob o mesmo teto, como o caso de namoro

    ou colega de trabalho. (CAMPOS e CRREA, 2007).

    1.2.1. Sujeito passivo

    Para que se configure violncia domstica contra a mulher, no

    necessariamente preciso que os sujeitos sejam marido e mulher, nem tanto que tenham

    ou tiveram algum vnculo afetivo.

    Parodi e Gama observam que,

    No aspecto sujeito passivo, h apenas uma exigncia, que a violncia ocorra contra o sexo feminino, ou seja, contra uma mulher. Esto inclusas, as esposas, companheiras, amantes, me, sogra, av, filhas, netas, bem como qualquer outro parente que tenham vnculo familiar. (2009, p.55).

    Nas palavras de Dias nesse conceito encontram-se as lsbicas, os

    transgneros, as transexuais e as travestis, que tenham identidade como sexo

    feminino. (2007, p.41).

  • 1.2.2. Unio homoafetiva

    A Lei Maria da Penha foi elaborada com um avano na legislao, trazendo em

    seus artigos 2 e 5, as unies homoafetivas, em suma, toda mulher goza de direitos

    fundamentais, independente da orientao sexual.

    O artigo 5 em seu pargrafo nico explcito quando coloca em seu artigo a

    expresso independem de orientao sexual todas as situaes que configuram

    violncia domstica e familiar. O inciso III do referido artigo relata que no precisa

    haver coabitao, somente precisar de uma relao ntima de afeto.

    Nesse assunto Dias, ressalta pela primeira vez foi consagrado no mbito

    infraconstitucional, idia de que a famlia no constituda por imposio da lei, mas

    sim por vontade dos seus prprios membros. (Alves, Leonardo Barreto Moreira, citado

    por Dias 2007, p.35).

    Sobre a unio homoafetiva Dias relata que:

    O conceito legal de famlia trazido pela Lei Maria da Penha insere no sistema jurdico as unies homoafetivas. Quer as relaes de um homem e uma mulher, quer as formadas por duas mulheres ou constitudas entre dois homens, todas configuram entidade familiar. Ainda que a Lei tenha por finalidade proteger a mulher, acabou por cunhar um novo conceito de famlia, independente do sexo dos parceiros. Assim, se famlia a unio entre duas mulheres, igualmente famlia a unio entre dois homens. Ainda que eles no se encontrem ao abrigo da Lei Maria da Penha. (2007, p.37).

    Somente a mulher pode ser considerada como sujeito passivo, ou vtima do

    delito de violncia domstica e familiar contra a mulher, no podendo ser vtimas deste

    tipo penal os travestis ou transexuais, ainda que tiverem sido submetidos cirurgia para

    mudana de sexo, tendo em vista que a cirurgia altera somente a parte externa e

    interna da genitlia, no tem o poder de transformar homem em uma mulher, vez que o

    homem no possui o aparelho reprodutivo feminino e outras peculiaridades. (CAMPOS

    e CRREA, 2007).

  • No julgamento do REsp. 820.475, o Ministro Antnio de Pdua Ribeiro teve o

    seguinte entendimento:

    Artigo 226, 3, da Constituio da Repblica: "Art. 226. (...) 3 - Para efeito da proteo do Estado, reconhecida a unio estvel entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua converso em casamento". Art. 1 da Lei n 9.278/96: "Art. 1 reconhecida como entidade familiar a convivncia duradoura, pblica e contnua, de um homem e uma mulher, estabelecida com objetivo de constituio de famlia". "Art. 1.723. reconhecida como entidade familiar a unio estvel entre o homem e a mulher, configurada na convivncia pblica, contnua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituio de famlia". "Art. 1.724. As relaes pessoais entre os companheiros obedecero aos deveres de lealdade, respeito e assistncia, e de guarda, sustento e educao dos filhos." Da anlise dos dispositivos transcritos no vislumbro em nenhum momento vedao ao reconhecimento de unio estvel de pessoas do mesmo sexo, mas, to-somente, o fato de que os dispositivos citados so aplicveis a casais do sexo oposto, ou seja, no h norma especfica no ordenamento jurdico regulando a relao afetiva entre casais do mesmo sexo. Todavia, nem por isso o caso pode ficar sem soluo jurdica, sendo aplicvel espcie o disposto nos arts. 4 da LICC e 126 do CPC. Cabe ao juiz examinar o pedido e, se acolh-lo, fixar os limites do seu deferimento. Supremo Tribunal de Justia. Recurso Especial n. 820.475. Recorrente: A.C.S e Outro. Relator: Ministro Antnio de Pdua Ribeiro Desembargador. DJe: 06/10/2008.

    CAPITULO 2. HISTRICO DE VIOLNCIA CONTRA A MULHER

    Foi com o surgimento do ser humano na Terra, que se originou a violncia.

    Muito bem observado por Azevedo, acerca do papel da mulher na antiguidade,

    A mulher era subordinada s imposies do patriarca ou do marido que a recebesse com o propsito de firmar sua descendncia no contexto familiar, a mulher recolhe-se ao mbito domstico, quase sempre sem acesso cultura e a instruo, sem voz e sem participao na poltica ou nas atividades externas do grupo social. (2001, p. 09).

    Desde a Idade Antiga, a mulher j era submissa ao homem, nas palavras de

    Parodi e Gama:

    A trajetria histrica da mulher como vtima de violncia no seio familiar remonta a Antiguidade, como bem atestam os relatos registrados pela escrita dos povos que ocupavam o Oriente Mdio e o norte da frica, destacando-se aqui as regies do Iraque e do Egito. A Antiguidade reserva fatos que bem expressam a violncia contra a mulher, sendo alguns deles calcados at na

  • religio, como a venda das mulheres em idade nbil num mercado da Mesopotmia por volta de dois mil anos antes de Cristo. (2009, p. 60).

    Na idade Medieval a mulher pertencia ao patrimnio do senhor feudal,

    assumindo a condio de submissa e devota ao trabalho domstico. (PARODI e GAMA,

    2009).

    Na Idade Contempornea com a Revoluo Francesa de 1789, houve o

    afastamento das mulheres de todos os benefcios alcanados, como o reconhecimento

    dos direitos humanos. Elas tiveram seus direitos ceifados, segundo o pensamento

    filosfico que dava sustentao ao novo estado no pregava mudanas para a

    condio da mulher, tendo em vista que foram educadas para a vida domstica.

    (PARODI e GAMA, 2009).

    A idia da inferioridade da mulher, vem desde o sculo XVIII, pois, as mulheres

    tinham que aprender os deveres e am-los, deveres esses que incluem as tarefas

    domsticas, no compreendia a educao, pois, as mulheres foram criadas apenas

    para ser esposa. Ana Aliaga Buchenau relata sobre o assunto:

    As meninas deveriam ser acostumadas cedo restrio, uma lio mais importante para as mulheres aprender sobre seus deveres e, alm disso, a amar esses deveres. Os deveres incluem tarefas domsticas, mas no necessariamente ler ou escrever numa idade muito prematura. A natureza domstica da educao de mulheres enfatiza o papel de me e dona de casa. Alm disso, o nico dever que uma mulher tem ser esposa. (citado por ROUSSEAU, 2010, p. 332).

    Com a Revoluo Industrial, a mulher foi ocupando seu espao e igualdade

    jurdica. A ocupao dos postos de trabalho foi o fator decisivo na ampliao da

    participao da mulher, conquistando com isso, os direitos bsicos, at atingir o atual

    grau, tendo ainda que vencer a posio de subalterna na famlia. (PARODI e GAMA,

    2009).

  • Wilhelm afirma que a violncia contra a mulher um problema que ocorre em

    todas as classes sociais, independentemente de raa e idade, acrescentando ainda a

    violncia contra a mulher um fenmeno social, endmico e mundial, considerado um

    problema de sade pblica que no respeita fronteira de classe social, raa, etnia,

    religio, idade e grau de escolaridade. (2007, p.402).

    Sobre a Conveno Interamericana para Prevenir, Punir e erradicar a Violncia

    Contra a Mulher, Piovesan entende que a violncia contra a mulher fere a dignidade da

    pessoa humana, acrescentado que:

    a manifestao das relaes de poder historicamente desiguais entre mulheres e homens; permeiam todos os setores da sociedade, independentemente de classe, raa ou grupo tnico, renda, cultura, nvel, educacional, idade ou religio e afeta negativamente suas prprias bases. E que a eliminao da violncia contra a mulher condio indispensvel para seu desenvolvimento individual e social e sua plena e igualitria participao em todas as esferas de vida. (2003, p. 214).

    A Conveno Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violncia Contra

    a Mulher 1 tem o entendimento de que a violncia contra a mulher abrange a violncia

    fsica, sexual e psicolgica. (CAVALCANTI, 2007).

    A Conferncia de Beijing 2 apresenta a violncia contra a mulher como, violncia

    fsica, sexual e psicolgica na famlia (so praticadas pela comunidade em geral) como,

    por exemplo, no trabalho, em instituies educacionais e demais mbitos; prostituio

    forada; violncia fsica, sexual ou psicolgica praticada ou tolerada pelo Estado; e

    violaes em conflitos armados; esterilizao forada; aborto forado e o infanticdio.

    (CAVALCANTI, 2007).

    1 chamada de Conveno de Belm do Par, adotada em 09 de junho de 1994.

    2 Conhecida como Conferncia Mundial sobre as Mulheres, adotada em setembro de 1995, na cidade de Beijing na

    China.

  • 2.1. VIOLNCIA DOMSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER

    O caput do artigo 5 da Lei Maria da Penha nos relata que violncia domstica

    configura-se quando h ao ou omisso que cause morte, leso, sofrimento fsico,

    sexual ou psicolgico e dano moral ou patrimonial.

    Piovesan tem o entendimento de que violncia contra a mulher , ao ou

    omisso - de discriminao, agresso ou coero, ocasionada pelo simples fato de a

    vtima ser mulher, e que cause dano, morte, constrangimento, limitao sofrimento

    fsico, sexual, moral, psicolgico, social, poltico ou econmico ou perda patrimonial.

    (2003, p. 214).

    Nas palavras de Dias, desde que o mundo mundo humano, a mulher sempre

    foi discriminada, desprezada, humilhada, coisificada, objetificada, monetarizada. (Dias,

    citado por Weber, Belmiro Pedro 2007, p.15).

    2.1.1. Violncia no mbito domstico

    O artigo 5, inciso I da Lei 11.340/06 fornece o conceito de violncia no mbito

    domstico, in verbis:

    Art. 5o Para os efeitos desta Lei, configura violncia domstica e familiar contra

    a mulher qualquer ao ou omisso baseada no gnero que lhe cause morte, leso, sofrimento fsico, sexual ou psicolgico e dano moral ou patrimonial: I - no mbito da unidade domstica, compreendida como o espao de convvio permanente de pessoas, com ou sem vnculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas.

    Nas palavras de Fuller, violncia domstica para ser considerada domstica, a

    violncia deve ocorrer no mbito domstico, que pressupe no apenas a conduta ser

    praticada no espao domstico, mas ainda a presena de relaes domsticas entre o

    agente e a ofendida. (2009, p. 675).

  • Cunha e Pinto sobre a unidade domstica tm a seguinte percepo de que

    aquela praticada no espao caseiro, envolvendo pessoas com ou sem vnculo familiar,

    as esporadicamente agregadas, integradas dessa aliana. (2008, p. 49).

    Sobre esse assunto Parodi e Gama explicam:

    O elemento o compartilhamento do lugar de moradia. Alm dos lares afetivos convencionais, inserem-se todos os ncleos de convivncia comum, formados a qualquer ttulo e por qualquer razo. Independe de carter permanente, a exemplo de familiares naturais ou por afinidade-, que se renem para frias; independe de elo afetivo direto, a exemplo dos companheiros de quatro, em penses ou indivduos co-locatrios residncias. (2009, p. 149).

    2.1.2. Violncia no mbito familiar

    Previsto no inciso II do artigo 5, in verbis:

    Art. 5o Para os efeitos desta Lei, configura violncia domstica e familiar contra

    a mulher qualquer ao ou omisso baseada no gnero que lhe cause morte, leso, sofrimento fsico, sexual ou psicolgico e dano moral ou patrimonial: II - no mbito da famlia, compreendida como a comunidade formada por indivduos que so ou se consideram aparentados, unidos por laos naturais, por afinidade ou por vontade expressa.

    Para Fuller o mbito da famlia compreende,

    O casamento, a unio estvel, a famlia monoparental (comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes), anaparental (formada por irmos) e paralela (relaes concomitantes), sendo que nesta (famlia ou unio paralela), cada um dos vnculos constitui uma unidade familiar. Assim, agredindo o varo qualquer das companheiras, o fato de a unio ser rotulada de adulterina, no a exclui do mbito de proteo da Lei. (2009, p. 677).

    Parodi e Gama tm a seguinte interpretao sobre o inciso.

    Este inciso remete especificamente aos lares formados com inteno de familiaridade, no importando se possuem laos sanguneos verticais ou colaterais- ou se esto unidos por manifestao da autonomia da vontade. Incluem os laos scio-afetivos entre tutores, curadores, afilhados e adoes brasileira independente de registro civil. (2009, p. 149).

    Para a violncia familiar, o que interessa so apenas os laos naturais, por

    afinidade ou civil entre o agente e a ofendida, no tendo muita importncia onde a

  • conduta foi praticada, na unidade domstica ou fora dela, e independe de coabitao.

    (FULLER, 2009).

    2.2. FORMAS DE VIOLNCIA DOMSTICA CONTRA A MULHER

    Esto previstas no artigo 7 da Lei 11340/06, traz consigo um rol

    exemplificativo.

    So formas de violncia domstica e familiar contra a mulher, entre outras: I - a violncia fsica, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou sade corporal; II - a violncia psicolgica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuio da auto-estima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas aes, comportamentos, crenas e decises, mediante ameaa, constrangimento, humilhao, manipulao, isolamento, vigilncia constante, perseguio contumaz, insulto, chantagem, ridicularizao, explorao e limitao do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuzo sade psicolgica e autodeterminao; III - a violncia sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relao sexual no desejada, mediante intimidao, ameaa, coao ou uso da fora; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impea de usar qualquer mtodo contraceptivo ou que a force ao matrimnio, gravidez, ao aborto ou prostituio, mediante coao, chantagem, suborno ou manipulao; ou que limite ou anule o exerccio de seus direitos sexuais e reprodutivos; IV - a violncia patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure reteno, subtrao, destruio parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econmicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades; V - a violncia moral, entendida como qualquer conduta que configure calnia, difamao ou injria.

    De acordo com CAVALCANTI, a violncia contra a mulher divide-se em:

    a) Violncia fsica: so as agresses fsicas, tais como, tapas, chutes, golpes,

    queimaduras, mordeduras, estrangulamentos e at a morte da mulher;

    Sobre a violncia fsica Dias ressalta ainda que no deixe marcas aparentes, o

    uso da fora fsica que ofenda o corpo ou a sade da mulher constitui vis corporalis,

    expresso que define a violncia fsica. (2007, p. 46).

  • A integridade fsica e a sade corporal esto previstas no artigo 129 do Cdigo

    Penal, e em seu 9 configura a violncia domstica na forma qualificada, in verbis:

    Art. 129 - Ofender a integridade corporal ou a sade de outrem 9 Se a leso for praticada contra ascendente, descendente, irmo, cnjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relaes domsticas, de coabitao ou de hospitalidade Pena - deteno, de 3 (trs) meses a 3 (trs) anos.

    Ressalta Dias, no s a leso dolosa, tambm a leso culposa constitui

    violncia fsica, pois nenhuma distino feita pela lei sobre a inteno do agressor.

    (2007, p. 47).

    b) Violncia psicolgica: ao ou omisso, tem o intuito de controlar as aes e

    comportamentos, usando para isso os meios da intimidao, manipulao,

    ameaa direta ou indireta, que com isso causar prejuzo a sade psicolgica da

    vtima;

    Acerca da violncia psicolgica Dias tem o ensinamento sobre a violncia

    psicolgica:

    Trata-se de previso que no estava contida na legislao ptria, mas a violncia psicolgica foi incorporada ao conceito de violncia contra a mulher na Conveno Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violncia Domstica, conhecida como Conveno de Belm. (2007, p. 47).

    c) Violncia sexual: qualquer atividade sexual sem o consentimento da vtima;

    comum ocorrer em trfico internacional de mulheres e prostituio de crianas;

    d) Violncia moral: o chamado assdio moral, nos casos de patro ou chefe que

    agride fsica e psicologicamente o funcionrio, pratica calnia, injria e

    difamao;

    e) Violncia patrimonial: praticada contra o patrimnio da mulher, muito comum

    ocorrer nos casos de violncia domestica e familiar, o dano;

  • f) Violncia espiritual: a destruio ou at mesmo da imposio de crenas

    culturais ou religiosas da mulher;

    g) Violncia institucional: praticada nas instituies prestadoras de servios

    pblicos, tais como, hospitais, postos de sade, no sistema prisional. A violncia

    no sistema prisional so as formas de violao aos direitos humanos que so

    praticados no sistema carcerrio, podendo ocorrer nas delegacias ou nos

    presdios, como por exemplo, no caso superlotao;

    h) Violncia de gnero ou raa: o preconceito, discriminao e excluso social;

    i) Violncia domstica e familiar: a praticada por ao ou omisso, com pessoas

    que so unidas por lao familiar, incluem-se as esporadicamente agregadas, por

    afinidade ou por vontade expressa (2007, p.40).

    CAPTULO 3. CONSIDERAES SOBRE AS MEDIDAS PROTETIVAS DE

    URGNCIA.

    As Medidas Protetivas de Urgncia so espcies de medidas cautelares que

    tm por objetivo preservar e garantir a integridade moral, fsica, psicolgica e

    patrimonial da mulher, como tambm de seus familiares. Tendo como fundamento legal

    os artigos 18 24 da Lei 11.340/06. (SOUZA, 2007).

    Dias, em seus ensinamentos sobre o assunto tem o seguinte posicionamento, o

    pedido deve ser minimamente atendidos os pressupostos das medidas cautelares do

    processo civil, ou seja, podem ser deferidas, inaudita altera pars3 ou aps audincia

    de justificao e no prescindem da prova do fumus boni juris e periculum in mora.

    (2007, p. 141).

    3 Sem que seja ouvida a outra parte.

  • Desembargador Ricardo Rodrigues Cardozo, corrobora o assunto, ressaltando

    que a medida liminar ser usada quando for verificada a existncia de perigo da

    demora em casos que ocorram riscos, em suas palavras:

    Agravo de Instrumento n 0060813-42.2010.8.19.0000. CAUTELAR DE SEPARAO DE CORPOS. AFASTAMENTO DO LAR COMUM. LIMINAR. CONCESSO. SMULA N 58 - TJERJ. MANUTENO. [...] A medida liminar provimento administrativo cautelar pelo qual o magistrado sempre que verificar a existncia dos elementos inerentes urgncia, ao bom direito e ao perigo da demora, deve deferi-la, antes ou aps a citao, com o que evitar que ocorra determinada situao ou fato que por em risco o direito boa e eficaz prestao jurisdicional. Portanto, visa-se garantir o resultado til do processo. Sua concesso, como dito acima, pressupe a presena de dois requisitos, isto , o periculum in mora e o fumus boni juris. (Tribunal de Justia do Rio de Janeiro/RJ. Agravo de Instrumento n. 0060813-42.2010.8.19.0000. Agravante: Alberto Monteiro Reimo. Agravado: Renata Conceio Cunha da Silva. Relator Des. Ricardo Rodrigues Cardozo.

    Dias complementa o assunto: elenca a Lei Maria da Penha um rol de medidas

    para dar efetividade ao seu propsito: assegurar mulher o direito a uma vida sem

    violncia. (2007, p. 78).

    Nas palavras de Freitas as medidas protetivas de urgncia tm o fim precpuo

    de preservar a integridade fsica e psicologia da mulher, e no mais das vezes, da prole,

    contra toda e qualquer espcie de violncia. (2007, p. 442).

    A Lei Maria da Penha em seu artigo 18 relata que, o juiz aps o recebimento do

    expediente com o pedido da ofendida, ter o prazo de 48 (quarenta e oito) horas para:

    1. Conhecer o expediente e o pedido e decidir sobre as medidas protetivas de

    urgncia;

    2. Determinar se for o caso o encaminhamento da vtima ao rgo de

    assistncia judiciria, e;

    3. Comunicar ao Ministrio Pblico para que tome as medidas cabveis.

  • As Medidas Protetivas, podem ser concedidas de imediato, mesmo no

    havendo audincia das partes, nem manifestao do Ministrio Pblico, porm devendo

    ser comunicado na seqncia (HERMANN, 2008).

    Se o juiz achar que uma situao merecedora de medida protetiva, deve

    ento, conceder as medidas que achar cabveis para que seja garantido o fim da

    violncia. Deferida medida que obrigue o agressor, a vtima deve ser intimada

    pessoalmente. (DIAS, 2007).

    3.1. LEGITIMIDADE PARA REQUERER

    Depois do conhecimento da ocorrncia de violncia, a autoridade policial e/ou o

    Ministrio Pblico tm legitimidade para tomar as providncias cabveis. A legitimidade

    de ambos pode ser quando h o caso de descumprimento pelo agressor de algumas

    das medidas protetivas.

    O artigo 10 da Lei 11.340/06 corrobora o assunto:

    Art. 10 Na hiptese da iminncia ou da prtica de violncia domstica e familiar contra a mulher, a autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrncia adotar, de imediato, as providncias legais cabveis. Pargrafo nico. Aplica-se o disposto no caput deste artigo ao descumprimento de medida protetiva de urgncia deferida.

    3.1.1 Legitimidade da polcia

    Nas palavras de Freitas, as providncias da policial judiciria so da maior

    importncia, porquanto a autoridade policial quem tem o primeiro contato com a

    mulher agredida e a quem informar os direitos decorrentes desta Lei aliado aos

    servios pblicos disponveis. (2007, p. 442).

    Dias ressalta:

  • Deter o agressor e garantir a segurana pessoal e patrimonial da vtima e sua prole est a cargo tanto da polcia como do juiz e do prprio Ministrio Pblico [...]. A autoridade policial deve tomar as providncias legais cabveis no momento em que tiver conhecimento de episodio que configura violncia domestica. Igual compromisso tem o Ministrio Pblico de requerer a aplicao de medidas protetivas ou a reviso das que j foram concedidas, para assegurar proteo vtima. (2007. p, 78).

    As atribuies da polcia judiciria esto previstas nos artigos 11 e 12 da Lei

    11340/06, in verbis:

    Art. 11. No atendimento mulher em situao de violncia domstica e familiar, a autoridade policial dever, entre outras providncias: I - garantir proteo policial, quando necessrio, comunicando de imediato ao Ministrio Pblico e ao Poder Judicirio; II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de sade e ao Instituto Mdico Legal; III - fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou local seguro, quando houver risco de vida; IV - se necessrio, acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus pertences do local da ocorrncia ou do domiclio familiar; V - informar ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os servios disponveis. Art. 12. Em todos os casos de violncia domstica e familiar contra a mulher, feito o registro da ocorrncia, dever a autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes procedimentos, sem prejuzo daqueles previstos no Cdigo de Processo Penal: I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrncia e tomar a representao a termo, se apresentada; II - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e de suas circunstncias; III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida, para a concesso de medidas protetivas de urgncia; IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da ofendida e requisitar outros exames periciais necessrios; V - ouvir o agressor e as testemunhas; VI - ordenar a identificao do agressor e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes criminais, indicando a existncia de mandado de priso ou registro de outras ocorrncias policiais contra ele; VII - remeter, no prazo legal, os autos do inqurito policial ao juiz e ao Ministrio Pblico. 1

    o O pedido da ofendida ser tomado a termo pela autoridade policial e

    dever conter: I - qualificao da ofendida e do agressor; II - nome e idade dos dependentes; III - descrio sucinta do fato e das medidas protetivas solicitadas pela ofendida. 2

    o A autoridade policial dever anexar ao documento referido no 1

    o o

    boletim de ocorrncia e cpia de todos os documentos disponveis em posse da ofendida. 3

    o Sero admitidos como meios de prova os laudos ou pronturios mdicos

    fornecidos por hospitais e postos de sade.

  • 3.1.2. Legitimidade do Ministrio Pblico Prevista no art. 18, inciso III da Lei Maria da Penha, relata que o Ministrio

    Pblico tem o dever de tomar as providncias cabveis. O juiz tem que comunicar o fato

    ao Ministrio Pblico em 48 (quarenta e oito) horas.

    De acordo com Hermann, a comunicao ao Ministrio Pblico obrigatria e

    inafastvel. (2008. p, 173).

    O artigo 25 da presente lei nos mostra que o Ministrio Pblico intervir, quando

    no for parte, nas causas cveis e criminais que so decorrentes da violncia domstica

    e familiar contra a mulher. Bem como, no artigo 26, cabe ao Ministrio Pblico quando

    for necessrio, requisitar fora policial e servios de sade, educao, de assistncia

    social e de segurana; fiscalizar os estabelecimentos pblicos e particulares de

    atendimento mulher em situao de violncia domstica e familiar, e adotar, de

    imediato as medidas administrativas ou judiciais cabveis no tocante a quaisquer

    irregularidades constatadas.

    No ensinamento de Dias Igual compromisso tem o Ministrio Pblico de

    requerer a aplicao de medidas protetivas ou a reviso das que j foram concedidas,

    para assegurar proteo vtima. (2007. p, 78).

    O artigo 12, inciso III, define que a legitimidade da vtima para pleitear a

    medida protetiva. Porm o artigo 19, caput estende tal legitimidade para o Ministrio

    Pblico, dizendo que as medidas protetivas so concedidas pelo juiz, a requerimento do

    Ministrio Pblico ou at mesmo a requerimento da vtima.

    Hermann escreve sobre o assunto :

    A exegese coerente da disposio legal conduz concluso de que a legitimidade ativa do Ministrio Pblico cinge-se s situaes de incapacidade

  • da vtima, seja por deficincia ou doena mental comprovada, seja por se tratar de criana ou adolescente. (2008.p, 174).

    4. DAS MEDIDAS PROTETIVAS QUE OBRIGAM O AGRESSOR.

    Como j relatado anteriormente, a medida protetiva foi criada para a proteo

    da mulher. H casos em que a vtima e o suposto agressor trabalham no mesmo lugar,

    bem como freqentam bares, templos religiosos entre outros. Nesses casos o juiz

    analisar se h presena de risco para a mulher no caso do agressor continuar

    trabalhando com a mesma, ou freqentar os lugares que so habituais da vtima.

    (SOUZA, 2007).

    possvel o juiz aplicar uma ou vrias medidas protetivas elencadas no artigo.

    Como anteriormente dito, preciso provocao da vtima ou do Ministrio Pblico

    para ser concedida a medida protetiva. Vale aqui o poder de convencimento motivado e

    fundamentado, para que o juiz possa acatar na forma integral, parcial ou negar o

    pedido. (HERMANN, 2008).

    Corroborando esse pensamento, Campos e Crrea ressaltam que as medidas

    protetivas que obrigam o agressor podem ser aplicadas cumulativamente e esto

    voltadas segurana da ofendida (art. 22, I, II, III, a, b, c), de seus filhos, das

    testemunhas. (2007, p. 407).

    Filho segue tambm o mesmo entendimento,

    Segundo o texto do artigo 22 o Juiz fica autorizado a aplicar imediatamente ao suposto transgressor da violncia domstica e familiar contra a mulher medidas protetivas de urgncia, ficando ao seu prudente critrio a quantidade delas e nada impedindo aplicar mais alguma outra. (2207, p. 81).

  • O entendimento de Dias tambm no mesmo sentido, as medidas protetivas

    que obrigam o agressor no impedem a aplicao de outras, sempre que a segurana

    da ofendida ou as circunstncias o exigirem. (2007, p. 83).

    As medidas que obrigam o agressor esto prevista no artigo 22 da Lei

    11.340/06, in verbis:

    Art. 22. Constatada a prtica de violncia domstica e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poder aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de urgncia, entre outras: I - suspenso da posse ou restrio do porte de armas, com comunicao ao rgo competente, nos termos da Lei n

    o 10.826, de 22 de dezembro de 2003;

    II - afastamento do lar, domiclio ou local de convivncia com a ofendida; III - proibio de determinadas condutas, entre as quais: a) aproximao da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mnimo de distncia entre estes e o agressor; b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicao; c) freqentao de determinados lugares a fim de preservar a integridade fsica e psicolgica da ofendida; IV - restrio ou suspenso de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou servio similar; V - prestao de alimentos provisionais ou provisrios. 1

    o As medidas referidas neste artigo no impedem a aplicao de outras

    previstas na legislao em vigor, sempre que a segurana da ofendida ou as circunstncias o exigirem, devendo a providncia ser comunicada ao Ministrio Pblico. 2

    o Na hiptese de aplicao do inciso I, encontrando-se o agressor nas

    condies mencionadas no caput e incisos do art. 6o da Lei n

    o 10.826, de 22 de

    dezembro de 2003, o juiz comunicar ao respectivo rgo, corporao ou instituio as medidas protetivas de urgncia concedidas e determinar a restrio do porte de armas, ficando o superior imediato do agressor responsvel pelo cumprimento da determinao judicial, sob pena de incorrer nos crimes de prevaricao ou de desobedincia, conforme o caso. 3

    o Para garantir a efetividade das medidas protetivas de urgncia, poder o

    juiz requisitar, a qualquer momento, auxlio da fora policial. 4

    o Aplica-se s hipteses previstas neste artigo, no que couber, o disposto no

    caput e nos 5o e 6 do art. 461 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973

    (Cdigo de Processo Civil).

    Analisaremos agora os incisos e pargrafos do referido artigo.

    4.1. SUSPENSO DA POSSE OU RESTRIO AO PORTE DE ARMAS, INCISO I

  • Destina-se tal medida, a tutelar o direito da ofendida sua integridade fsica,

    com isso protegendo sua vida. Tal medida s ser eficaz se o agressor tiver porte de

    arma e se ela estiver registrada. (CMARA, 2009).

    Dias tem a seguinte posio sobre a suspenso ou restrio ao porte de armas:

    J que se est falando em violncia, sendo esta denunciada polcia, a primeira providncia desarmar quem faz uso de arma de fogo. Trata-se de medida que se mostra francamente preocupada com a incolumidade fsica da mulher. Admite a Lei que o juiz suspenda a posse ou restrinja o porte de arma de fogo. Conforme o Estatuto de Desarmamento, tanto possuir como usar arma de fogo proibido. (2007, p. 82).

    Cmara ressalta obviamente, uma medida como esta no ser efetiva se o

    agressor tiver armas no registradas, ou se portar armas sem autorizao para tanto.

    (2009, p. 262).

    Dias complementa, caso, o uso ou o porte sejam ilegais, as providncias

    podem ser tomadas pela autoridade policial, quando configurada a prtica de algum dos

    delitos previstos na lei. (2007, p. 82).

    No entendimento de Souza

    No que diz respeito posse de arma de fogo, a autorizao para tal decorre do registro a que se refere o art. 3 da Lei 10.826/03

    4, enquanto em relao ao

    porte, est ele sujeito a um rigor maior, principalmente para o cidado comum, ou seja, aquele que no exerce atividade pblica ou privada diretamente relacionada com a segurana pblica (Lei 10.826/03, art. 6 e SS). Entretanto, quer o (a) agressor(a) tenha registro da arma e esteja autorizado a possu-la, quer seja detentor de autorizao administrativa de porte, ou mesmo tenha autorizao legal para portar arma de fogo, desde que ele figure como indiciado pela prtica de violncia domstica e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poder aplicar, de imediato, a suspenso da posse ou restrio do porte de armas, com comunicao ao rgo competente, nos termos da Lei 10.826, de 22.12.03, e do 2 deste artigo. (2007, p. 116/117).

    As medidas de suspenso e restrio tm o objetivo de prevenir e evitar a

    utilizao de armas. Tal medida para ser eficaz, na maioria dos casos, deve ser

    acompanhada dos incisos II e III do artigo 22. (SOUZA, 2007).

    4 A Lei 10.826/03 dispe sobre o Estatuto do Desarmamento.

  • Se o agressor tiver posse regular e possuir autorizao de uso, o

    desarmamento s poder ocorrer mediante a solicitao da vtima, que dever justificar

    a necessidade do desarm-lo. No caso de deferimento do juiz, ser excludo o direito

    do ofensor manter a posse da arma, ou ento poder ser limitado o seu uso. Ser ento

    comunicado o Sistema Nacional de Armas (SINARM), j que foi esse o rgo que

    procedeu o registro e concedeu a licena para o uso de arma, bem como ser

    comunicado tambm a Polcia Federal. (DIAS, 2007).

    Parodi e Gama fazem a seguinte ressalva, o juiz pode determinar at a busca

    e apreenso das armas, isso em casos de potencial periculosidade. (2009, p. 187).

    4.2. AFASTAMENTO DO LAR, DOMICLIO OU LOCAL DE CONVIVNCIA COM A

    OFENDIDA, INCISO II.

    Para a garantia de segurana da mulher, o afastamento do agressor dos

    lugares de convivncia. Aps a determinao de afastamento do agressor do domiclio

    ou local de convivncia, a ofendida e seus dependentes podem ento retornar ao seu

    lar. (DIAS, 2007).

    O Relator Des. Alfredo Guilherme Englert, teve o seguinte posicionamento

    sobre o tema:

    AGRAVO DE INSTRUMENTO. SEPARAO DE CORPOS. Havendo evidente desarmonia entre o casal, prudente o afastamento do varo do lar, evitando-se futuras agresses com srias conseqncias aos cnjuges e filha menor, a qual j vem sofrendo em razo do ambiente hostil gerado. Tribunal de Justia do Estado do Rio Grande do Sul/RS. Recorrente: T.M.V. Recorrido: E.V.V. Relator: Des. Alfredo Guilherme Englert. AG 70010549962, Oitava Cmara Cvel. Julgado em 07/04/2005.

    Consiste tal medida em afastar o(a) agressor(a) do lugar de convivncia com a

    ofendida, no importa que seja uma casa, um apartamento, um stio, um quarto de

  • hotel, uma barraca,etc. O que importa o afastamento do agressor(a) do local onde

    ele(a) e a vitima estejam convivendo, visando portanto dificultar que ocorram

    agresses, presses e ameaas. (SOUZA, 2007).

    A mulher tambm pode ser retirada da residncia que convive com o agressor,

    essa sada da vtima no implica em prejuzo dos direitos a bens, a guarda dos filhos,

    alimentos. Sobre esse tema Dias ressalta, que:

    Pode ser autorizada a sada da mulher da residncia comum, sem prejuzo dos direitos relativos a bens, guarda de filhos e alimentos [...] a separao de corpos pode ser deferida quer ofensor e vtima sejam casados, quer vivam em

    unio estvel. (2007, p. 84).

    O artigo 888, inciso VI do Cdigo de Processo Civil, dispe que o juiz poder

    autorizar o afastamento temporrio de um dos cnjuges da morada do casal.

    Pode ser decretado em desfavor de qualquer um dos cnjuges, visa proteger os

    filhos. Deve sempre estar presente o fumus boni iuris e periculum in mora. E ser

    aplicada em desfavor da mulher, pois, o Cdigo de Processo Civil no foi alterado

    nesse sentido. (SOUZA 2007).

    4.3. PROIBIO DE DETERMINADAS CONDUTAS, INCISO III.

    O inciso III do artigo 22 da Lei Maria da Penha, traz proibio do agressor de

    determinadas condutas, como: a) aproximao da ofendida, de seus familiares e das

    testemunhas, fixando o limite mnimo de distncia entre estes e o agressor; b) contato

    com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicao; c)

    freqentao de determinados lugares a fim de preservar a integridade fsica e

    psicolgica da ofendida.

  • a) A fixao de limite mnimo de distncia entre o suposto agressor, a vtima e seus

    familiares, ser fixado pelo juiz (SOUZA, 2007).

    A distncia mnima pode ser fixada na proibio do agressor passar pela rua

    onde a ofendida ou alguma testemunha mora ou ento que o agressor no freqente o

    bairro onde reside a vtima (CMARA, 2009).

    Cmara ressalta ainda que no se pode considerar equivocada a fixao da

    distncia mnima pelo padro mtrico (ou outro padro de medidas). (2009, p. 262).

    Seguem julgados acerca da fixao de limite mnimo de distncia:

    HABEAS CORPUS. AFASTAMENTO PROVISRIO DO LAR, INCLUSIVE COM FIXAO DE DISTNCIA MNIMA DE APROXIMAO. VIOLNCIA DOMSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER. AUSNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. ORDEM DENEGADA. De efeito, segundo dispe o artigo 22, incisos II e III, a, a Lei n 11.340/2006, constatada a prtica de violncia domstica contra a mulher, o juiz poder, de imediato, determinar o afastamento do lar do agressor, bem como proibir a sua aproximao, fixando limite mnimo de distncia, exatamente como ocorreu na hiptese. Assim, est justificada a manuteno da medida protetiva imposta ao paciente, dada necessidade de resguardar-se a integridade fsica e psquica da vtima, fazendo cessar a reiterao delitiva. (Tribunal de Justia do Estado da Bahia. HABEAS CORPUS N 119.835 - BA (2008/0244465-4). Recorrente: Nilson Cazarias de Barros. Relator: Ministro Celso Limongi. "Habeas Corpus. Lei Maria da Penha. Pedido para alterao de medida protetiva. Alegao de ausncia de fundamentao na medida aplicada. Deciso devidamente fundamentada. Ordem denegada". A deciso que determinou a medida protetiva de urgncia est nos seguintes termos: "Fls.08: Defiro. H indcios srios de prtica de violncia domstica e familiar contra a mulher, sendo que a conduta do requerido, neste instante, ao que parece, est causando srios transtornos vtima. Assim, prudente a concesso, por cautela das medidas protetivas mencionadas pelo Ministrio Pblico. Posto isso, determino: 1) quer o requerido permanea afastado do lar onde vive a vtima: 2) que o requerido no se aproxime ofendida, de seus familiares e eventuais testemunhas, sendo fixado o limite mnimo de cem (100) metros de distncia entre estes e o agressor; 3) se abstenha de manter contato com a vtima, seus familiares e eventuais testemunhas, por qualquer meio de comunicao; 4) se abstenha de freqentar determinados lugares, estes tambm freqentados pelo requerido, com freqncia" (fls. 79). As medidas protetivas aplicadas ao caso, apresentam-se suficientemente adequadas e necessrias, a fim de resguardar a integridade fsica da vtima bem como de seus familiares. (Tribunal de Justia do Estado de So Paulo. Habeas Corpus n. 990.10.265912-7. Paciente: Roberto Carlos Gomes. Relator Marco Nahum.

  • b) possvel tambm proibir que o agressor se comunique (por qualquer meio) com

    a ofendida, com seus familiares e com as testemunhas, j que no adiantaria

    estabelecer limites mnimos de distncia, se o agressor pode comunicar-se

    distncia com a vtima (CMARA, 2009).

    Nas palavras de Souza, tal restrio evitar que o(a) suposto(a) autor(a) se

    valha da via telefnica, correio tradicional, correios eletrnico ou de qualquer outro

    meio, com vistas a causar constrangimento mulher- vtima, aos familiares dela, bem

    como s testemunhas. (2007, p. 119).

    Tal medida visa principalmente evitar o assdio via telefone, que muito

    comum em violncia domstica e familiar. um complemento s restries de

    aproximao ou presena fsica, previstos nas alneas a e c. (HERMANN, 2008).

    c) A terceira hiptese veda que o agressor freqente lugares que o juiz decidir,

    nas palavras de Souza, com finalidade de que o contato do(a) suposto(a)

    agressor(a) com a ofendida possa colocar em risco a integridade fsica e

    psicolgica dela. (2007, p. 119).

    Cmara sobre o assunto tem o entendimento que, prev ainda, a lei a

    proibio de que o ofensor freqente determinado lugares, a fim se preservar a

    integridade da ofendida. Basta pensar na possibilidade de o agressor ir ao mesmo

    clube ou mesma igreja que a ofendida, costumeiramente, freqenta. (2009, p. 263).

    Nas palavras de Hermann:

    Os locais visados devem ser apontados, quando da formulao do pedido, pela prpria ofendida. Os lugares indicados devem representar, para a ofendida, espaos e ambientes que ela mesma freqente e/ou que sejam importantes para sua rotina de trabalho, convivncia e afetividade, ou locais fisicamente prximos a estes espaos. (2008, p. 190).

  • Na deciso, o juiz dever explicitar de maneira minuciosa os lugares, tais como

    nome de bares, ruas e limite mnimo, para que no ocorra qualquer tipo de dvida.

    Tendo como base o entendimento de Souza que relata sobre o assunto,

    Os lugares devem estar minuciosamente expostos na deciso que determinar a medida e tambm na notificao entregue ao suposto agressor, para no gerar dvidas, nas bastando meras aluses como: no freqentar o bairro onde a vtima reside, ou no se aproximar da vtima, devendo ser especificado o espao que o(a) suposto(a) agressor(a) no poder freqentar (no passar pela rua tal. No chegar a menos de 100 metros da vtima etc.). (2007, p. 120).

    As referidas medidas viso a proteo da mulher, quer seja, fixando limite

    mnimo de distncia, ou que o agressor no se comunique com a ofendida por qualquer

    meio de comunicao, como por exemplo via telefone, e-mail, bem como proibio do

    agressor freqentar lugares que so habituais da vtima, tais como igreja, escola.

    4.4. RESTRIO OU SUSPENSO DE VISITAS AOS DEPENDENTES MENORES,

    OUVIDA A EQUIPE DE ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR OU SERVIO SIMILAR,

    INCISO IV

    Tal inciso refere-se ao direito de visitas, que tem previso legal no artigo 15 da

    Lei 6.515/77, que dispe:

    Art.15. Os pais, em cuja guarda no estejam os filhos, podero visit-los e t-los em sua companhia, segundo fixar o juiz, bem como fiscalizar sua manuteno e educao.

    Hermann sobre o assunto relata, a norma visa proteo das crianas e

    adolescentes que compem o grupo familiar, sempre atingidas, direta ou indiretamente,

    pelo contexto de violncia na convivncia domstica. (2008, p. 193)

    Cmara faz a seguinte ressalva,

    preciso, porm tomar cuidado de no se conceder, aqui, uma medida que crie problemas mais graves para as crianas, afastadas do pai. Est uma medida em que, a meu juzo, deve-se aplicar, com todo cuidado, o principio da

  • proporcionalidade, buscando-se proteger os interesses mais relevantes. (2009, p. 263).

    Aps uma anlise com profissionais especializados, como assistentes sociais e

    psiclogos, for constatado que o vnculo com a criana e o pai um vnculo de afeto tal

    medida no ser deferida. (CMARA, 2009).

    Sobre a restrio Hermann relata que:

    Entende-se a fixao de condies especiais para as visitas, tais como local diverso da casa materna, acompanhamento por terceiro (familiar, amigo, profissional tcnico ligado a programas de proteo, etc.), fixao rgida de periodicidade de pernoite ou de freqncia a determinados ambientes so alguns exemplos de restrio. Condies restritivas de visitao podem ser justificadas pela fragilidade psicolgica das crianas, pelo risco ou ameaa de seqestro ou por hbitos do agente que possam representar risco ou prejuzo aos filhos: alcoolismo; uso de drogas ilcitas; freqncia a bares e casas noturnas em prejuzo aos cuidados com os mesmos; indagaes persistentes e perturbaes sobre a vida e rotina atuais da mulher vtima ou investidas ofensivas contra a mesma, etc. (2008, p. 194).

    Souza sobre a restrio objetiva diz que: a restrio objetiva evita que o

    agressor, pressione psicologicamente os dependentes menores (os filhos), fazendo

    com que eles adotem posies favorveis ao agressor, ou mesmo que possa reiterar

    agresses na mulher e tambm alcanar os filhos. (SOUZA, 2007).

    As mesmas situaes que potencialmente justifiquem a restrio podero

    embasar devido a sua gravidade a suspenso da visitao. (HERMANN, 2009).

    E sobre a suspenso Hermann tem o seguinte posicionamento,

    Mais gravosa, implica no afastamento completo, enquanto vigente a determinao judicial, do agressor em relao ao(s) filhos(s) ou pupilo(s). recomendvel apenas em situaes extremas, pois atinge tambm as crianas, que sero privadas da convivncia e da presena da figura paterna. (2008, P. 194).

    A aplicao da medida deve ser fundamentada, bem como motivada pelo juiz. A

    autoridade deve indagar a ofendida que pleitear tal medida, para que relate os motivos

    concretos e que produza com mxima eficcia possvel, provas de tais necessidades da

    medida de suspenso. (HERMANN, 2009).

  • 4.5. PRESTAO DE ALIMENTOS PROVISIONAIS OU PROVISRIOS, INCISO V.

    Pode-se dizer que os alimentos previstos nessa lei, so de natureza alimentar,

    no indenizatrios, e sero estipulados tanto em ateno mulher, quanto aos

    menores. (PARODI e GAMA, 2009).

    A vtima pode pleitear alimentos para ela e para os filhos, ou ento somente

    para os filhos. J em relao esposa e companheira, a obrigao de alimentar

    decorre de mtua assistncia. (DIAS, 2007).

    Os alimentos provisrios esto previstos na Lei 5478/68 em seus artigos 2

    4, podendo ser deferido, desde que o interessado exponha os motivos e demonstre a

    relao de parentesco, tem, portanto a funo liminar de prover a subsistncia do

    alimentado. (SOUZA, 2007).

    Dias, sobre a prestao de alimentos tem o seguinte posicionamento: dentro

    da realidade, ainda to saliente nos dias de hoje, em que o varo o provedor da

    famlia, a sua retirada do lar no pode desoner-lo da obrigao de continuar provendo

    o sustento da vtima e dos filhos. No h como liber-lo do encargo de provedor da

    famlia. (2007, p. 87).

    Nas palavras de Parodi e Gama,

    Preocupado com a garantia de sustento das mulheres em situao de violncia, o legislador preocupou-se em estipular expressamente os alimentos como medida protetiva que obriga ao agressor. Cumpre ressaltar que os alimentos so medidas protetivas de primeira necessidade, e por isso no pertencem apenas categoria daquelas que obrigam aos agressores, mas dever do Estado prov-los. (2009, p. 134).

    Nesse sentido, O Estatuto da criana e do Adolescente

    Art. 8. assegurado gestante, atravs do Sistema nico de Sade, o atendimento pr e perinatal. 3. Incumbe ao poder pblico propiciar apoio alimentar gestante e nutriz que dele necessitem.

  • Dias fala sobre o assunto no caso de indeferimento de tal medida protetiva

    mesmo que indeferida a pretenso em sede de medida protetiva de urgncia, nada

    impede que o pedido seja veiculado por meio de ao de alimentos perante o juzo

    cvel. (2007, p. 87).

    Portanto a vtima ou os filhos podem ser so beneficiados por essa medida.

    4.6. PENALIDADES EM CASO DE DESCUMPRIMENTO.

    Em havendo descumprimento da medida protetiva, poder ocorrer risco a vida

    da vtima, por esse motivo, a autoridade policial que esteja apurando o caso, dever

    tomar providncias que afastem o risco de futuramente ocorrer o descumprimento. O

    que ensejar no crime de desobedincia, previsto no artigo 330 do Cdigo Penal.

    (SOUZA, 2007).

    Sobre o assunto, Hermann tem o seguinte entendimento,

    A desobedincia, em qualquer dos casos, autoriza a requisio judicial de auxilio policial (artigo 22, 3) para garantia de cumprimento da ordem, implica possibilidade de priso preventiva do agressor (artigo 20 desta lei), alm de tipificar delito de desobedincia (artigo 330 do Cdigo Penal), sujeitando o

    agente s conseqncias criminais respectivas. (2008, p. 191).

    possvel decretar a priso preventiva quando houver descumprimento

    injustificado da medida protetiva, perfeitamente cabvel a utilizao de habeas corpus

    para combater essa deciso. O habeas corpus deve ser conhecido e concedido sempre

    que algum sofrer ou achar-se ameaado de sofrer violncia ou coao em sua

    liberdade de locomoo, por ilegalidade ou abuso de poder. Portanto se a medida

    protetiva for abusiva (no necessria), ser cabvel a utilizao do habeas corpus, que

    tutela a liberdade fsica e de locomoo do homem (MOREIRA, 2009).

    O Tribunal de Justia do Rio Grande do Sul/RS, julgou da seguinte forma:

  • HABEAS-CORPUS. VIOLNCIA CONTRA EX-COMPANHEIRA. DECRETO PREVENTIVO EMITIDO EM FUNO DE REITERADO DESCUMPRIMENTO DE MEDIDA PROTETIVA. ORDEM DENEGADA. No h ilegalidade no decreto constritivo, fundamentado nos reiterados descumprimentos pelo paciente da medida protetiva contra ele imposta. E diante da ineficcia deste meio mais brando de proteo vtima, em razo da insistncia do paciente em ameaar sua ex-companheira, imps-se a necessidade do decreto preventivo, como nica forma a evitar que permanecesse ameaando-a. Quanto aos requisitos do art. 312 do Cdigo de Processo Penal, esto presentes a necessidade de salvaguarda da ordem pblica (para impedir que o paciente cometa novos delitos), bem como a convenincia da instruo criminal (a fim de possibilitar que sua ex-companheira comparea em juzo para ser inquirida, o que poderia no acontecer caso permanecesse em liberdade, ameaando-a ou talvez cometendo delitos de maior gravidade). Por fim, no que toca alegao de que o paciente teria sido agredido pelo genro de sua ex-companheira, dever ser apurada em outro procedimento. Ordem denegada. (BRASIL. Tribunal de Justia do Estado do Rio Grande do Sul. Habeas Corpus n. 70039809199. Recorrente: Regis de Almeida Diogo. Recorrido: J.P. Relator: Marco Antnio Ribeiro de Oliveira, Julgado em 15/12/2010.

    Acerca do descumprimento da medida protetiva o Tribunal de Justia do

    Paran, dispe:

    PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS CRIME. LESO CORPORAL DECORRENTE DE RELAES DOMSTICAS. LIBERDADE PROVISRIA INDEFERIDA. MEDIDAS PROTETIVAS NO APLICADAS. VIOLAO AO DISPOSTO NOS ARTIGOS 18, INCISO I E 22, DA LEI 11.340/2006. ORDEM CONCEDIDA. A Lei n 11.340/2006 prev, anteriormente custdia cautelar do agressor, a adoo das medidas de urgncia previstas em seu artigo 22, conforme dispe o artigo 18, inciso I, do referido diploma legislativo. O descumprimento dessas medidas por parte do suposto agressor que ensejam a priso preventiva, a teor do disposto no artigo 313, inciso IV, do Cdigo de Processo Penal. Portanto, a priso preventiva pressupe o deferimento das medidas de urgncia e funciona como ultima ratio na tutela dos direitos da ofendida por atos de violncia domstica. [...] Vale lembrar que o artigo 22 da Lei 11.340/2006 arrola outras medidas alternativas priso. Ou seja, a priso preventiva, nas hipteses de incidncia da Lei Maria da Penha, restringe-se aos casos de descumprimento das medidas protetivas de urgncia, a teor do disposto no artigo 313, inciso IV, do Cdigo de Processo Penal. (Tribunal de Justia do Estado do Paran. Habeas Corpus n. HCC 0491402-3. Recorrente: Carlos Alvir da Silva. Relator: Juiz convocado Mario Helton Jorge.

    4.6.1. Da priso preventiva

    Para que seja garantida a execuo da medida protetiva, poder o juiz decretar

    priso preventiva nos casos de crimes dolosos, tais como crimes de violncia domstica

  • e familiar contra a mulher, desde que haja, prova da existncia do crime, bem como

    indcio suficiente de autoria. o que traz o ensinamento do artigo 313, IV do Cdigo de

    Processo Penal.

    Lazarini sobre o assunto tem o seguinte posicionamento,

    Independente da pena prevista para o delito, sendo crime cometido com violncia domstica e familiar contra a mulher, ser possvel a decretao da priso preventiva, observando-se, claro os requisitos previstos nos artigos 312 e seguintes do Cdigo de Processo Penal. (2008, p. 1665).

    A priso preventiva tambm tem fundamento legal nos artigos 20 e 42 da Lei

    Maria da Penha, que insere o inciso IV do artigo 313 do Cdigo de Processo Penal,

    citado anteriormente. (SOUZA, 2007).

    Ressalta ainda Fuller que,

    O inciso VI do artigo 313 do Cdigo de Processo Penal no apenas inseriu mais uma situao de admissibilidade da priso preventiva para crimes dolosos punidos com deteno (se o crime envolver violncia domstica e familiar contra a mulher, nos termos da lei especfica), mas ainda criou um novo fundamento cautelar da priso preventiva (periculum libertatis), consistente na necessidade de garantir a execuo das medidas protetivas de urgncia. (2009. p, 717).

    O artigo 312 do Cdigo de Processo Penal prev que a priso preventiva s

    cabvel quando houver indcios de autoria (o chamado fumus boni juris) e prova da

    materialidade do crime. (REIS e GONALVES, 2005).

    O referido artigo acrescenta que deve estar presente ao menos um dos

    chamados fundamentos da preventiva, que so:

    a) garantia da ordem pblica: que a priso seja necessria para afastar o

    agressor do convvio social, tendo em vista a sua periculosidade;

    b) convenincia da instruo criminal: quando o ru esta forjando ou ento

    eliminando provas, quando ameaa as testemunhas ou a vtima.

  • Nas palavras de Campos e Crrea, essa hiptese justificadora do decreto

    preventivo visa garantir a produo de provas, em razo de a prpria ao do

    agressor evidenciar condutas contrrias devida apurao do delito. (2007, p. 402).

    c) para garantia da futura aplicao da lei penal: a preventiva decretada com

    base nesse fundamento quando o ru est foragido ou prestes a fugir;

    d) para garantia da ordem econmica: a priso ser decretada para coibir graves

    crimes contra a ordem tributaria, o sistema financeiro, a ordem econmica. (REIS e

    GONALVES, 2005).

    Para Moreira, por ter a natureza jurdica de medida cautelar, portanto devem

    observar a presena do fumus commissi delicti 5 e do periculum in mora6 (2009, p. 211).

    Campos e Crrea complementam o assunto com o posicionamento sobre a

    priso preventiva,

    Para a decretao de toda e qualquer priso preventiva devem estar presentes dois requisitos concomitantes e ao menos um dos alternativos. So requisitos alternativos: a garantia da ordem pblica, da ordem econmica, da aplicao da lei penal e a convenincia da instruo criminal. Enquanto so requisitos concomitantes: a prova da existncia do crime (materialidade) e indcios suficientes de autoria. (2007, p. 394/395).

    Privar a liberdade de algum deve ocorrer em casos mais graves, em que no

    h outra medida menos gravosa que possa alcanar o mesmo objetivo de prevenir e

    em casos que no se mostre possvel e igualmente funcional outra forma menos

    agressiva e que cause menos aflio. (MOREIRA, 2009).

    Filho segue o mesmo entendimento afirmando que,

    5 Significa Aparncia do delito cometido, usado para fundamentar o recebimento da denncia e, dentre outros,

    tambm como requisito para a priso preventiva.

    pt.wikipedia.org/.../Anexo:Lista_de_expresses_jurdicas_em_latim. Acesso em 24 fev. 2011 6 Traduo: o perigo da demora, exige-se uma rpida deciso, cuja demora pode causar prejuzos.

    pt.wikipedia.org/.../Anexo:Lista_de_expresses_jurdicas_em_latim. Acesso em 24 fev.2011

  • No se pode nunca perder da lembrana que o constrangimento liberdade, embora possvel, h que ser feito por critrio de necessidade fundamentada, relacionada ao desenvolvimento do processo (instrumental) ou sua finalidade (final), com rigorosa cautela na apreciao dos fatos, tanto que a presuno no apenas de no culpabilidade e sim de inocncia do acusado. (2007, p. 76).

    Privar a liberdade de algum deve ocorrer em casos mais graves, quando no

    h nenhuma outra medida que seja menos gravosa e que possa alcanar o mesmo

    objetivo de preveno. (CRUZ, 2006).

    O artigo 20 da Lei 11.340/06, bem como o artigo 316 do Cdigo de Processo

    Penal relata que a revogao da priso preventiva poder ocorrer quando o juiz no

    curso do processo verificar a falta de motivo para que subsista, ou ainda pode

    novamente decret-la, no caso ocorrer razes que a justifiquem.

  • 5. CONSIDERAES FINAIS

    A presente lei teve tal denominao de Maria da Penha, devido vtima Maria

    da Penha Maia Fernandes, a qual sofreu agresso por parte de seu marido. Ela ficou

    20 anos sem obter uma resposta do Estado para que o agressor tivesse uma punio.

    Desde que o mundo mundo, a mulher sofreu violncia, com o passar dos

    anos essa mulher, foi evoluindo, conciliando nos dias atuais os afazeres domsticos,

    com o trabalho, os estudos e cuidar dos filhos. E com essa evoluo da mulher, surgiu

    a Lei n. 11340/06, que trouxe com sua elaborao um grande avano na defesa dos

    direitos das mulheres, tentando evitar violncia que ocorre nos lares brasileiros, seja

    ela violncia fsica, psicolgica, sexual ou moral.

    O artigo 6 da lei Maria da Penha, afirma que a violncia domstica e familiar

    contra a mulher constitui uma das formas de violao dos direitos humanos.

    Aps a promulgao da Lei Maria da Penha, a ofendida teve um suporte para

    se proteger do agressor, pois, quando ocorrer alguma violncia contra a vtima, a lei

    traz medidas para prevenir que no ocorra tal violncia, ou ento no caso de j

    ocorrido, traz medidas para que isso no ocorra novamente.

    Essa medida de proteo ofendida chamada de Medidas Protetivas de

    Urgncia, que tem carter cautelar. Uma dessas medidas de proteo vtima a

    medida protetiva de urgncia que obrigam o agressor, que encontra previso legal no

    artigo 22 da presente lei, a qual visa proteo da mulher. Tais medidas podem ser

    provocadas pela ofendida, bem como, pelo Ministrio Pblico, o juiz poder aplicar em

    conjunto ou separadamente as medidas de suspenso da posse ou restrio do porte

    de armas, com comunicao ao rgo competente, nos termos da Lei no 10.826, de 22

  • de dezembro de 2003; afastamento do lar, domiclio ou local de convivncia com a

    ofendida; proibio de se aproximar da ofendida, de seus familiares e das testemunhas,

    fixando o limite mnimo de distncia entre estes e o agressor; contato com a ofendida,

    seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicao; freqentao de

    determinados lugares a fim de preservar a integridade fsica e psicolgica da ofendida;

    restrio ou suspenso de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de

    atendimento multidisciplinar ou servio similar; prestao de alimentos provisionais ou

    provisrios.

    Aps a deciso do magistrado, como por exemplo, fixar limite mnimo de

    distncia, se houver descumprimento injustificado da medida protetiva, pode o juiz, para

    garantir a execuo da medida, decretar a priso preventiva do agressor. Levando

    sempre em conta a liberdade do indivduo, ou seja, a priso preventiva ocorrer

    somente nos casos onde no haja outra alternativa menos gravosa e que possa

    alcanar o mesmo objetivo.

    A priso preventiva deve ser fundamentada, tendo que observar o fumus

    commissi delicti e periculum in mora. A revogao pode ocorrer quando o juiz no curso

    do processo verificar a falta de motivo ou ento pode decret-la novamente, quando

    houver razoes suficientes.

  • 6. REFERNCIAS BIBLIOGRFIAS ALIAGA- BOUCHENAU, Ana Isabel. A educao da Sofia de Rousseau e da Lotte de Goeth: pode o romantismo ser reacionrio? Disponvel em: http://.cefetsp.br/edu/eso/filosofia/educacaosofia.html. Acesso em 26 fev. 2011. AZEVEDO, Luiz Carlos de. Estudo histrico sobre A Condio jurdica da Mulher no direito luso- Brasileiro desde os anos mil at o terceiro milnio. So Paulo: Revista dos Tribunais, 2001. BRASIL. Supremo Tribunal de Justia. Recurso Especial n. 820.475. Recorrente: A.C.S e Outro. Relator: Ministro Antnio de Pdua Ribeiro Desembargador. Disponvel em:https://ww2.stj.jus.br/revistaeletronica/Abre_Documento.asp?sSeq=713694&sReg=200600345254&sData=20081006&formato=PDF. Acesso em 18 fev. 2011. BRASIL. Supremo Tribunal de Justia. Habeas Corpus n. 119.835 - BA (2008/0244465-4). Recorrente: Nilson Cazarias de Barros. Relator: Ministro Celso Limongi. Disponvel em: https://ww2.stj.jus.br/revistaeletronica/Abre_Documento.asp?sLink=ATC&sSeq=11275177&sReg=200802444654&sData=20101018&sTipo=51&formato=PDF. Acesso em 28 fev. 2011. BRASIL. Tribunal de Justia do Estado do Paran. Habeas Corpus n. HCC 0491402-3. Recorrente: Carlos Alvir da Silva. Relator: Juiz convocado Mario Helton Jorge. Disponvel em: http://www.tj.pr.gov.br/portal/judwin/consultas/jurisprudencia/VisualizaAcordao.asp?Processo=491402300&Fase=&Cod=973245&Linha=26&Texto=Ac%F3rd%E3o Acesso em 27 fev. 2011. (BRASIL. Tribunal de Justia do Estado do Rio Grande do Sul/RS. Recorrente: T.M.V. Recorrido: E.V.V. Relator: Des. Alfredo Guilherme Englert. AG 70010549962, Oitava Cmara Cvel Disponvel em: http://google4.tjrs.jus.br/search?q=cache:www1.tjrs.jus.br/site_php/consulta/consulta_processo.php%3Fnome_comarca%3DTribunal%2Bde%2BJusti%25E7a%26versao%3D%26versao_fonetica%3D1%26tipo%3D1%26id_comarca%3D700%26num_processo_mask%3D70010549962%26num_processo%3D70010549962%26codEmenta%3D1049019+70010549962&site=ementario&client=buscaTJ&access=p&ie=UTF-8&proxystylesheet=buscaTJ&output=xml_no_dtd&oe=UTF-8&numProc=70010549962&comarca=Comarca+de+Santa+Maria&dtJulg=07-04-2005&relator=Alfredo+Guilherme+Englert. Julgado em 07/04/2005. acesso em 28 fev. 2011) BRASIL. Tribunal de Justia do Estado do Rio de Janeiro/RJ. Agravo de Instrumento n. 0060813-42.2010.8.19.0000. Recorrente: Alberto Monteiro Reimo. Recorrido: Renata Conceio Cunha da Silva. Relator Des. Ricardo Rodrigues Cardozo. Disponvel em:

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