lei de licitações ei nº 8.666, de 21 de junho de 1993 · em resumo, naquilo que é geral (a...

13
17 LEI GERAL DE LICITAÇÕES LEI Nº 8.666, DE 21 DE JUNHO DE 1993 Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacio- nal decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Capítulo I DAS DISPOSIÇÕES GERAIS Seção I Dos Princípios Art. 1º Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitações e contratos administrativos pertinentes a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações e locações no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei, além dos órgãos da administração direta, os fundos especiais, as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e de- mais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. 1. Importante lembrar que compete privavamente à União legislar sobre normas gerais de licitação. Os demais entes federavos podem legislar sobre normas específicas acerca da matéria, para aplicação em seus pro- cedimentos licitatórios. Em suma, todos os entes podem editar leis so- bre licitação, mas devem obedecer àquelas normas gerais traçadas pela União. Assim, para a União Federal, há uma competência privava, no que tange às regras gerais, e uma competência comum, no que se refere às regras específicas. Prepondera o pensamento de que a maioria das disposições da Lei nº 8.666/93 se caracteriza como norma geral. Não obstante, verificado que um determinado disposivo da Lei nº 8.666/93 possui caráter específico,

Upload: lytruc

Post on 18-Dec-2018

220 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Lei de Licitações ei nº 8.666, de 21 de junho de 1993 · Em resumo, naquilo que é geral (a grande maioria de seus dispositivos, se-gundo a jurisprudência do STF), a Lei nº 8.666/93

17

Lei geraL de Licitações Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993

Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacio-nal decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Capítulo I DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Seção I Dos Princípios

Art. 1º Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitações e contratos administrativos pertinentes a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações e locações no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei, além dos órgãos da administração direta, os fundos especiais, as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e de-mais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios.

1. Importante lembrar que compete privativamente à União legislar sobre normas gerais de licitação. Os demais entes federativos podem legislar sobre normas específicas acerca da matéria, para aplicação em seus pro-cedimentos licitatórios. Em suma, todos os entes podem editar leis so-bre licitação, mas devem obedecer àquelas normas gerais traçadas pela União.

Assim, para a União Federal, há uma competência privativa, no que tange às regras gerais, e uma competência comum, no que se refere às regras específicas.

Prepondera o pensamento de que a maioria das disposições da Lei nº 8.666/93 se caracteriza como norma geral. Não obstante, verificado que um determinado dispositivo da Lei nº 8.666/93 possui caráter específico,

Page 2: Lei de Licitações ei nº 8.666, de 21 de junho de 1993 · Em resumo, naquilo que é geral (a grande maioria de seus dispositivos, se-gundo a jurisprudência do STF), a Lei nº 8.666/93

18

Ronny ChaRles lopes de ToRRes

não haverá, necessariamente, inconstitucionalidade. Na verdade, o dis-positivo terá validade, mas, no que tange ao regramento específico, sua disposição regrará apenas as contratações federais, não vinculando os de-mais entes federativos (Estados, Municípios e DF).

Contudo, caso o dispositivo federal tente impor regras específicas aos de-mais entes, haverá inconstitucionalidade.

Em resumo, naquilo que é geral (a grande maioria de seus dispositivos, se-gundo a jurisprudência do STF), a Lei nº 8.666/93 possui caráter nacional, aplicando-se a todos os entes da Federação; naquilo que remete a espe-cificidades, ela regula apenas o campo federal, estando os demais entes livres para aprovarem disposições próprias.

2. Por sua vez, o inciso XXI do artigo 37 da Constituição Federal, estabelece que, ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente per-mitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.

A norma constitucional permite ressalvas à obrigatoriedade de licitar (con-tratação direta), que devem ser estabelecidas pela legislação, sendo inca-bível a criação de uma hipótese de contratação direta por decreto.

3. Deve-se destacar a possibilidade de que sociedades de economia mista e empresas públicas, exploradoras de atividades econômicas, não se su-jeitem ao dever de licitar. Em síntese, a melhor doutrina e acórdãos do TCU têm direcionado para o entendimento de que, embora seja exigível o procedimento licitatório para tais pessoas jurídicas da Administração In-direta, é inafastável que nas suas atividades tipicamente comerciais, em que se exige agilidade incompatível com o procedimento licitatório, seria inadmissível ou irrazoável a obrigação de licitar.

Massificou-se o entendimento de que as empresas públicas e as socie-dades de economia mista, exploradoras de atividade econômica, não necessitariam de obediência ao procedimento licitatório quando reali-zassem contratações relativas às atividades-fim para as quais foram cria-das. Contudo, convém esclarecer, não é a simples diferenciação entre atividade-fim e atividade-meio que irá respaldar a exigibilidade ou não do certame licitatório, mas, sim, a constatação ou não da impossibilidade de

Page 3: Lei de Licitações ei nº 8.666, de 21 de junho de 1993 · Em resumo, naquilo que é geral (a grande maioria de seus dispositivos, se-gundo a jurisprudência do STF), a Lei nº 8.666/93

19

lei geRal de liCiTaçõeslei nº 8.666, de 21 de junho de 1993

consecução dos objetivos pretendidos pela pessoa jurídica, em sua ativi-dade econômica, através do certame licitatório. Não pode ser considerada apta a atender ao interesse da Administração a exigência de utilização do rígido regime de direito público, para que a estatal exploradora de ativida-de econômica participe da competição de mercado.

Esse entendimento parece consoante aquele externado pelo STF, que tem admitido a adoção de regime diferenciado a estatais exploradoras da ati-vidade econômica, sem restrição ao tipo de atividade (fim ou meio), sob o fundamento de que a atividade econômica exercida por essas empresas estatais, em regime de livre competição com as empresas privadas, justifica a submissão a um regime diferenciado de licitação (STF, MS 25.888/DF).

De qualquer forma, reitere-se que essa permissibilidade se caracteriza como uma exceção, ocorrendo apenas em relação SEM e EP, exploradoras de atividade econômica, e nas situações em que a submissão ao regime licitatório comprometa essa atividade.

► STF:

Ação Cautelar. 2. Efeito suspensivo a recurso extraordinário admitido no Superior Tribunal de Justiça. 3. Plausibilidade jurídica do pedido. Licita-ções realizadas pela Petrobrás com base no Regulamento do Procedi-mento Licitatório Simplificado (Decreto nº 2.745/98 e Lei nº 9.478/97). 4. Perigo de dano irreparável. A suspensão das licitações pode invia-bilizar a própria atividade da Petrobrás e comprometer o processo de exploração e distribuição de petróleo em todo o país, com reflexos ime-diatos para a indústria, comércio e, enfim, para toda a população. 5. Medida cautelar deferida para conceder efeito suspensivo ao recurso extraordinário. (STF – AC 1193 MC-QO, Relator(a): Min. GILMAR MEN-DES, Segunda Turma, julgado em 09/05/2006, DJ 30-06-2006)

→ Aplicaçãoemconcurso

• (2002/CESPE/SEFAZ-AL/TÉCNICODEFINANÇAS)Julgue os itens abaixo, rela-tivos à Lei n.º 8.666, de 1993, que dispõe acerca dos processos de licitação. – Uma sociedade de economia mista com sede no estado de Alagoas não está subordinada ao regime dessa lei.A resposta: ERRADO

– Em face da autonomia administrativa dos prefeitos municipais, o regime da lei de licitações não é aplicável a esses entes da Federação.A resposta: ERRADO

Page 4: Lei de Licitações ei nº 8.666, de 21 de junho de 1993 · Em resumo, naquilo que é geral (a grande maioria de seus dispositivos, se-gundo a jurisprudência do STF), a Lei nº 8.666/93

20

Ronny ChaRles lopes de ToRRes

4. Relembramos que a Emenda Constitucional nº 19/98, alterou o art. 173, § 1º da CF, permitindo que lei estabeleça estatuto jurídico próprio para as empresas e as sociedades de economia mista, dispondo, entre outros elementos, sobre regras específicas para licitações dessas pessoas jurí-dicas.

→ Aplicaçãoemconcurso

• (2008/CESPE/SECAD-TO/PERITO CRIMINAL) As sociedades de economia mista não se submetem ao procedimento licitatório porque têm o mesmo tratamento concedido às empresas privadas.A resposta: ERRADO

Art. 2º As obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações, concessões, permissões e locações da Administração Pública, quando contratadas com terceiros, serão necessariamente precedidas de licitação, ressalvadas as hipóteses previstas nesta Lei.

Parágrafoúnico.ParaosfinsdestaLei,considera-secontratotodoequal-quer ajuste entre órgãos ou entidades da Administração Pública e parti-culares, em que haja um acordo de vontades para a formação de vínculo e a estipulação de obrigações recíprocas, seja qual for a denominação utilizada.

1. A licitação tem por objeto as obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações, concessões, permissões e locações da Administra-ção Pública, quando contratadas com terceiros. Assim, quando aliena um bem, realiza compras (papel, cadeiras, automóveis...), contrata serviços (manutenção, vigilância, telefonia...) ou obras, o gestor deve, em regra, submeter-se a este procedimento prévio denominado licitação.

2. Ao mencionar expressamente a característica consensual do contrato ad-ministrativo, o estatuto expurga qualquer possibilidade de que determi-nados atos praticados pela Administração, em que inexiste o elemento de acordo de vontades, possam assim ser considerados. Nesse sentido, não se caracterizam como contratos administrativos a desapropriação, a fiscalização, a tributação, entre outros.

3. Embora o caput ressalve apenas as hipóteses previstas nesta Lei, entende--se possível que outras leis federais contenham hipóteses de dispensa (já que a competência da União, para estabelecer regras gerais, não se exau-riu com a Lei nº 8.666/93).

Page 5: Lei de Licitações ei nº 8.666, de 21 de junho de 1993 · Em resumo, naquilo que é geral (a grande maioria de seus dispositivos, se-gundo a jurisprudência do STF), a Lei nº 8.666/93

21

lei geRal de liCiTaçõeslei nº 8.666, de 21 de junho de 1993

Nesse sentido, o inciso II do § 2º do artigo 8º da Lei 11.652, de 07 de abril de 2008, estabelece uma hipótese de dispensa de licitação para contra-tação da Empresa Brasil de Comunicação S/A – EBC, vinculada à Secre-taria de Comunicação Social da Presidência da República, por órgãos e entidades da administração pública, com vistas à realização de atividades relacionadas ao seu objeto, desde que o preço contratado seja compatível com o de mercado. Tal hipótese de dispensa é válida, embora não conste na Lei nº 8.666/93.

4. A licitação é um procedimento prévio de seleção por meio do qual a Ad-ministração, mediante critérios previamente estabelecidos, isonômicos, abertos ao público e fomentadores da competitividade, busca escolher a melhor alternativa para a celebração de um contrato. Sendo um procedi-mento prévio à realização do contrato, a licitação tem como intuito permi-tir que se ofereçam propostas e que seja escolhida a mais interessante e vantajosa ao interesse público, impondo regras de controle que devem ser respeitadas pelo gestor.

→ Aplicaçãoemconcurso

• (2008/NCE/UFRJ /ANTT/ADMINISTRAÇÃO-GERAL) “O processo administra-tivo unilateral destinado a selecionar um contratante com a Administração Pública para a aquisição ou a alienação de bens, a prestação de serviços e a execução de obras, mediante escolha da melhor proposta apresentada” é o/a:

a) leilão;b) pregão;c) concurso;d) dispensa;e) licitação.

A resposta: Letra e

5. Recentemente foi aprovada a Leifederalnº12.232/2010, que dispôs so-bre normas gerais para licitação e contratação de serviços de publicidade, prestados por intermédio de agências de propaganda.

Cumpre lembrar que, diante da competência da União para estabelecer regras gerais de licitações e contratos (art. 22, inc. XXVII, CF), essa Lei tem validade tanto para a União como para os Estados, os Municípios e o DF. Subordinam-se a tal Lei, ainda, os órgãos do Poder Executivo, Legislati-vo e Judiciário, as pessoas da administração indireta e todas as entidades controladas direta ou indiretamente pelos entes políticos acima referidos.

Page 6: Lei de Licitações ei nº 8.666, de 21 de junho de 1993 · Em resumo, naquilo que é geral (a grande maioria de seus dispositivos, se-gundo a jurisprudência do STF), a Lei nº 8.666/93

22

Ronny ChaRles lopes de ToRRes

► Atenção.A Lei federal nº 12.232/2010 será aplicada, apenas, subsidiariamen-te, em relação às empresas que possuem regulamento próprio de contratação, às licitações já abertas, aos contratos em fase de execução e aos efeitos pen-dentes dos contratos já encerrados na data de sua publicação.

6. De acordo com a Lei federal nº 12.232/2010, considera-se serviço de publicidade o conjunto de atividades realizadas integradamente, que tenham por objetivo o estudo, o planejamento, a conceituação, a con-cepção, a criação, a execução interna, a intermediação, a supervisão da execução externa e a distribuição de publicidade aos veículos e demais meios de divulgação, com o objetivo de promover a venda de bens ou serviços de qualquer natureza, difundir ideias ou informar o público em geral.

Nas contratações de serviços de publicidade, podem ser incluídos, como atividades complementares, em síntese, os serviços especializados per-tinentes: ao planejamento e à execução de pesquisas e de outros instru-mentos de avaliação e de geração de conhecimento, relacionados à ação publicitária ou ao objeto contratual; à produção e à execução técnica das peças e projetos publicitários criados; à criação e ao desenvolvimento de formas inovadoras de comunicação publicitária.

► Importante. Somente pessoas físicas ou jurídicas previamente cadastradas pelo contratante poderão fornecer ao contratado bens ou serviços especiali-zados relacionados às atividades complementares da execução do objeto con-tratual. Em tal fornecimento, deve o contratado apresentar, ao contratante, 3 (três) orçamentos obtidos entre pessoas que atuem no mercado do ramo do fornecimento pretendido.

► Atenção.É expressamente vedada a inclusão, como objeto do contrato de publicidade, de atividades não previstas pela Lei, especialmente: assessoria de imprensa, comunicação e relações públicas ou as que tenham por finali-dade a realização de eventos festivos de qualquer natureza. Caso sejam ne-cessárias, elas devem ser contratadas por meio de procedimentos licitatórios próprios.

7. Para participar das licitações de serviços de publicidade, as agências de propaganda devem possuir certificado de qualificação técnica de fun-cionamento, obtido perante o Conselho Executivo das Normas Padrão – CENP.

Page 7: Lei de Licitações ei nº 8.666, de 21 de junho de 1993 · Em resumo, naquilo que é geral (a grande maioria de seus dispositivos, se-gundo a jurisprudência do STF), a Lei nº 8.666/93

23

lei geRal de liCiTaçõeslei nº 8.666, de 21 de junho de 1993

► Atenção.O instrumento convocatório das licitações de publicidade possui exi-gências específicas, conforme artigo 6º da Lei federal nº 12.232/2010. Dentre elas, podemos destacar:

• as licitações para serviços de publicidade adotarão, obrigatoriamente, os tipos “melhor técnica” ou “técnica e preço”.

• as informações suficientes para que os interessados elaborem propos-tas serão estabelecidas em um briefing, de forma precisa, clara e obje-tiva;

• a proposta técnica será composta por: um plano de comunicação pu-blicitária, pertinente às informações expressas no briefing, e por um conjunto de informações referentes ao proponente;

• o plano de comunicação publicitária será composto dos seguintes que-sitos: raciocínio básico; estratégia de comunicação publicitária; ideia criativa; e estratégia de mídia e não mídia.

• os documentos de habilitação serão apresentados apenas pelos lici-tantes classificados no julgamento final das propostas.

• é possível a adjudicação do objeto da licitação a mais de uma agência de propaganda. Nesse caso, para a execução das ações de comunica-ção publicitária, o órgão ou a entidade deverá, obrigatoriamente, ins-tituir procedimento de seleção interna entre as contratadas, cuja me-todologia será aprovada pela administração e publicada na imprensa oficial.

8. As licitações previstas na Lei federal nº 12.232/2010 (serviços de publici-dade prestados por intermédio de agências de propaganda) serão proces-sadas e julgadas por comissão permanente ou especial, com exceção da análise e julgamento das propostas técnicas.

► Importante.As propostas técnicas, serão analisadas e julgadas por subcomis-são técnica, constituída por, pelo menos, 3 (três) membros que sejam forma-dos em comunicação, publicidade ou marketing ou que atuem em uma dessas áreas, sendo que, pelo menos, 1/3 (um terço) deles não poderá manter ne-nhum vínculo funcional ou contratual, direto ou indireto, com o órgão ou a entidade responsável pela licitação.

A escolha dos membros da subcomissão técnica será feita por sorteio, em sessão pública, entre os nomes de uma relação que será publicada na

Page 8: Lei de Licitações ei nº 8.666, de 21 de junho de 1993 · Em resumo, naquilo que é geral (a grande maioria de seus dispositivos, se-gundo a jurisprudência do STF), a Lei nº 8.666/93

24

Ronny ChaRles lopes de ToRRes

imprensa oficial, em prazo não inferior a 10 (dez) dias da data em que será realizada a sessão pública marcada para o sorteio.

É possível, a qualquer interessado, impugnar pessoa integrante da referi-da relação.

► Atenção: Essas exigências não são necessárias quando a licitação for processa-da sob a modalidade convite, nas pequenas unidades administrativas e sem-pre que for comprovadamente impossível seu cumprimento.

9. De acordo com a Lei nº 12.232/2010, a quebra, por parte de agente do órgão ou entidade responsável pela licitação de publicidade, dos disposi-tivos legais garantidores do julgamento do plano de comunicação publici-tária sem o conhecimento de sua autoria, implicará anulação do certame, sem prejuízo da apuração de eventual responsabilidade administrativa, civil ou criminal dos envolvidos na irregularidade.

10.Nas contratações de serviços de publicidade, o fornecimento de bens ou serviços especializados (incluídos como atividades complementares) exi-girá sempre a apresentação pelo contratado, ao contratante, de 3 (três) orçamentos obtidos entre pessoas que atuem no mercado do ramo do fornecimento pretendido.

► Atenção.Sempre que o fornecimento tiver valor superior a 0,5% (cinco déci-mos por cento) do valor global do contrato, os orçamentos serão coletados em envelopes fechados, que serão abertos em sessão pública, convocada e realizada sob fiscalização do contratante. Este procedimento é desnecessário quando o fornecimento de bens ou serviços envolver valor igual ou inferior a 20% (vinte por cento) do valor limite da modalidade convite, para compras e serviços.

11. Nos contratos de publicidade (Lei nº 12.232/2010), pertencem ao órgão ou ente contratante as vantagens obtidas em negociação de compra de mídia diretamente ou por intermédio de agência de propaganda, incluídos os eventuais descontos e as bonificações na forma de tempo, espaço ou reaplicações que tenham sido concedidos pelo veículo de divulgação.

► Atenção.É possível a concessão de planos de incentivo por veículo de divulga-ção e sua aceitação por agência de propaganda. Os frutos resultantes consti-tuem, para todos os fins de direito, receita própria da agência.

Page 9: Lei de Licitações ei nº 8.666, de 21 de junho de 1993 · Em resumo, naquilo que é geral (a grande maioria de seus dispositivos, se-gundo a jurisprudência do STF), a Lei nº 8.666/93

25

lei geRal de liCiTaçõeslei nº 8.666, de 21 de junho de 1993

12. As informações sobre a execução dos contratos regulados pela Lei nº 12.232/2010, com os nomes dos fornecedores de serviços especializados e veículos, serão divulgadas em sítio próprio, aberto para o contrato, na rede mundial de computadores, garantido o livre acesso às informações por quaisquer interessados.

Art. 3º A licitação destina-se a garantir a observância do princípio cons-titucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a admi-nistração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios bási-cos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos. (Re-dação dada pela Lei nº 12.349, de 2010).§ 1º É vedado aos agentes públicos:I – admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, cláusulas ou condições que comprometam, restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo, inclusive nos casos de sociedades cooperativas, e estabe-leçam preferências ou distinções em razão da naturalidade, da sede ou domicílio dos licitantes ou de qualquer outra circunstância impertinente ouirrelevanteparaoespecíficoobjetodocontrato,ressalvadoodispostonos §§ 5º a 12 deste artigo e no art. 3º da Lei nº 8.248, de 23 de outubro de 1991; (Redação dada pela Lei nº 12.349, de 2010)II – estabelecer tratamento diferenciado de natureza comercial, legal, trabalhista, previdenciária ou qualquer outra, entre empresas brasileiras e estrangeiras, inclusive no que se refere a moeda, modalidade e local depagamentos,mesmoquandoenvolvidosfinanciamentosdeagênciasinternacionais, ressalvado o disposto no parágrafo seguinte e no art. 3º da Lei nº 8.248, de 23 de outubro de 1991.§ 2º Em igualdade de condições, como critério de desempate, será asse-gurada preferência, sucessivamente, aos bens e serviços:I – produzidos ou prestados por empresas brasileiras de capital nacional; (Revogado pela Lei nº 12.349, de 2010)II – produzidos no País;III – produzidos ou prestados por empresas brasileiras.IV – produzidos ou prestados por empresas que invistam em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no País. § 3º A licitação não será sigilosa, sendo públicos e acessíveis ao público os atos de seu procedimento, salvo quanto ao conteúdo das propostas, até a respectiva abertura.

Page 10: Lei de Licitações ei nº 8.666, de 21 de junho de 1993 · Em resumo, naquilo que é geral (a grande maioria de seus dispositivos, se-gundo a jurisprudência do STF), a Lei nº 8.666/93

26

Ronny ChaRles lopes de ToRRes

§ 4º (Vetado). § 5º Nos processos de licitação previstos no caput, poderá ser estabeleci-do margem de preferência para produtos manufaturados e para serviços nacionais que atendam a normas técnicas brasileiras. (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)§ 6º A margem de preferência de que trata o § 5º será estabelecida com base em estudos revistos periodicamente, em prazo não superior a 5 (cin-co) anos, que levem em consideração: (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)I – geração de emprego e renda; (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)II – efeito na arrecadação de tributos federais, estaduais e municipais; (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)III – desenvolvimento e inovação tecnológica realizados no País; (Inclu-ído pela Lei nº 12.349, de 2010)IV – custo adicional dos produtos e serviços; e (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)V – em suas revisões, análise retrospectiva de resultados. (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)§ 7º Para os produtos manufaturados e serviços nacionais resultantes de desenvolvimento e inovação tecnológica realizados no País, poderá ser estabelecido margem de preferência adicional àquela prevista no § 5º. (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)§ 8º As margens de preferência por produto, serviço, grupo de produtos ougrupodeserviços,aquesereferemos§§5ºe7º,serãodefinidaspeloPoder Executivo federal, não podendo a soma delas ultrapassar o mon-tante de 25% (vinte e cinco por cento) sobre o preço dos produtos manu-faturados e serviços estrangeiros. (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)§ 9º As disposições contidas nos §§ 5º e 7º deste artigo não se aplicam aos bens e aos serviços cuja capacidade de produção ou prestação no País seja inferior: (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)I – à quantidade a ser adquirida ou contratada; ou (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)II–aoquantitativofixadocomfundamentono§7ºdoart.23destaLei,quando for o caso. (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)§ 10. A margem de preferência a que se refere o § 5º poderá ser estendida, total ou parcialmente, aos bens e serviços originários dos Estados Partes do Mercado Comum do Sul – Mercosul. (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)

Page 11: Lei de Licitações ei nº 8.666, de 21 de junho de 1993 · Em resumo, naquilo que é geral (a grande maioria de seus dispositivos, se-gundo a jurisprudência do STF), a Lei nº 8.666/93

27

lei geRal de liCiTaçõeslei nº 8.666, de 21 de junho de 1993

§ 11. Os editais de licitação para a contratação de bens, serviços e obras poderão,mediantepréviajustificativadaautoridadecompetente,exigirque o contratado promova, em favor de órgão ou entidade integrante da administração pública ou daqueles por ela indicados a partir de processo isonômico, medidas de compensação comercial, industrial, tecnológica ouacessoacondiçõesvantajosasdefinanciamento,cumulativamenteounão, na forma estabelecida pelo Poder Executivo federal. (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)

§ 12. Nas contratações destinadas à implantação, manutenção e ao aper-feiçoamento dos sistemas de tecnologia de informação e comunicação, considerados estratégicos em ato do Poder Executivo federal, a licitação poderá ser restrita a bens e serviços com tecnologia desenvolvida no País e produzidos de acordo com o processo produtivo básico de que trata a Lei nº 10.176, de 11 de janeiro de 2001. (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)

§13.Serádivulgadanainternet,acadaexercíciofinanceiro,arelaçãodeempresas favorecidas em decorrência do disposto nos §§ 5º, 7º, 10, 11 e 12 deste artigo, com indicação do volume de recursos destinados a cada uma delas. (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)

1. A finalidade da licitação, inicialmente, reunia a busca pela contratação mais vantajosa e o respeito ao tratamento igualitário e impessoal a todos os interessados em firmar a contratação administrativa (“vantajosidade” + “isonomia”). Essa finalidade dual era descrita pelo artigo 3º da Lei nº 8.666/93, ao estabelecer que a licitação destina-se a garantir a observân-cia do princípio constitucional da isonomia e a selecionar a proposta mais vantajosa para a Administração.

Recentemente, a Lei nº 12.349/2010 incluiu a “promoçãododesenvolvi-mentonacionalsustentável” como finalidade da licitação pública. Nessa feita, com a alteração promovida, a finalidade da licitação passa a envolver três conceitos, quais sejam:

• Vantajosidade

• Isonomia

• Promoçãododesenvolvimentonacionalsustentável

Tanto o tratamento isonômico como a vantajosidade e a promoção do de-senvolvimento nacional sustentável não se constituem em finalidades ab-solutas, mas relativas. A proposta mais vantajosa será aquela considerada

Page 12: Lei de Licitações ei nº 8.666, de 21 de junho de 1993 · Em resumo, naquilo que é geral (a grande maioria de seus dispositivos, se-gundo a jurisprudência do STF), a Lei nº 8.666/93

28

Ronny ChaRles lopes de ToRRes

melhor, de acordo com os critérios estabelecidos, fundamentados em pa-râmetros legais. O tratamento isonômico será consagrado, mesmo quan-do estabelecidos critérios legais diferenciadores (como algumas situações de dispensa ou exigências habilitatórias), que devem, de qualquer forma, respeitar a igualdade material. O desenvolvimento nacional sustentável, que consagra um raciocínio de fomento às licitações sustentáveis, não pode servir como justificativa para a imposição irrazoável de restrições à competitividade.

► Atenção.Cabe observar que a Corte Especial do STJ decidiu pela impossibilida-de de participação das cooperativas em processo licitatório para contratação de mão de obra, quando o labor, por sua natureza, demandar necessidade de estado de subordinação ante os prejuízos que podem advir para o patrimônio público, caso o ente cooperativo se consagre vencedor no certame (AgRg no REsp 960.503/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julga-do em 01/09/2009, DJe 08/09/2009).

→ Aplicaçãoemconcurso

• (2011/MPE-PR/PromotordeJustiça)A licitação destina-se a garantir a ob-servância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a Administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável. Assim, sob pena de frustrar a licitude de procedimento licitatório ou dispensá-lo indevidamente, incorrendo na prática de ato de improbidade administrativa, é vedado aos agentes públicos:

a) Assegurar preferência, como critério de desempate entre os licitantes, aos bens e serviços produzidos no país;

B) Permitir a participação de empresa consorciada, na mesma licitação, através de mais de um consórcio ou isoladamente;

c) Dispensar a licitação para a celebração de contratos de prestação de serviços com as organizações sociais, qualificadas no âmbito das respectivas esferas de governo, para atividades contempladas no contrato de gestão;

D) Dirigir convite a empresas do ramo pertinente ao objeto licitado, sem que estas estejam cadastradas;

E) Utilizar-se da tomada de preços nos casos em que couber convite.Resposta: letra b

• (2010/FCC/TRE-AM/Analista Judiciário/Área Administrativa)O dever que tem a Comissão de licitação ou o responsável pelo convite de realizá-lo em conformidade com os tipos de licitação, os critérios previamente estabeleci-dos no ato convocatório e de acordo com os fatores exclusivamente nele re-feridos, de maneira a possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos órgãos de controle, traduz o princípio

Page 13: Lei de Licitações ei nº 8.666, de 21 de junho de 1993 · Em resumo, naquilo que é geral (a grande maioria de seus dispositivos, se-gundo a jurisprudência do STF), a Lei nº 8.666/93

29

lei geRal de liCiTaçõeslei nº 8.666, de 21 de junho de 1993

a) da legalidade. b) do julgamento objetivo. c) da vinculação ao instrumento convocatório. d) da adjudicação compulsória. e) do sigilo das propostas.

Resposta: letra c

• (2010/FCC/TRE-AL/Analista Judiciário/ÁreaAdministrativa)São princípios da licitação expressamente citados na Lei nº 8.666/93, dentre outros:

a) julgamento objetivo, competitividade e sigilo das propostas. b) vinculação ao instrumento convocatório, competitividade e sigilo das pro-

postas. c) adjudicação compulsória, competitividade e igualdade. d) probidade administrativa, julgamento objetivo e igualdade. e) probidade administrativa, sigilo das propostas e adjudicação compulsória.

Resposta: letra d

• (BancodaAmazôniaS.A.—Cargo1:TécnicoCientífico—Área:Adminis-tração)Acerca dos institutos jurídicos aplicáveis às licitações e aos contratos administrativos públicos, julgue os itens a seguir à luz da Lei n.º 8.666/1993 e suas alterações. A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia e a selecionar a proposta mais vantajosa para a administração, sen-do processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos que regem essa lei. Resposta: Certo

• (2002/CESPE/SEFAZ-AL/TécnicodeFinanças)Julgue os itens abaixo, relati-vos à Lei n.º 8.666, de 1993, que dispõe acerca dos processos de licitação. – A impessoalidade, a probidade administrativa, bem como a vinculação ao instrumento convocatório constituem princípios básicos da licitação. A resposta: CERTO

– O objetivo principal do procedimento licitatório é a garantia do princípio constitucional da isonomia, o que descaracteriza a necessidade de seleção da proposta mais vantajosa para a administração.A resposta: ERRADO

2. A igualdade material não exige o tratamento formalmente igualitário a todos; mas, ao permitir um tratamento desigual, diante de situações de-siguais, exige que ele se dê na medida dessas diferenças e de acordo com