a lei 8.666 e o tcemg

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  • FICHA CATALOGRFICA

    ISSN 0102-1052

    Publicao do Tribunal de Contas do Estado de Minas GeraisAv. Raja Gabglia, 1.315 LuxemburgoBelo Horizonte MG CEP: 30380-435

    Revista: Edifcio anexo (0xx31) 3348-2142Endereo eletrnico:

    Site:

    Solicita-se permuta. Exchange is invited. Pidese canje. On demande lchange. Man bittet um Austausch. Si richiede lo scambio.

    Projeto grfico, capa e contracapa: Alysson Lisboa Neves MTB/0177-MG [email protected]

    Diagramao:Fazenda Comunicao & Marketing

    Foto da capa: Fachada do Edfico Deputado Renato Azeredo, anexo do TCEMG

    Foto da primeira folha:

    Braso do TCEMG, no plenrio Governador Milton Campos, no edficio sede, Palcio Ruy Barbosa

    Impresso e acabamento:

    FICHA CATALOGRFICA

    Revista do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais. Ano 1, n. 1 (dez. 1983- ). Belo Horizonte: Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais, 1983 -

    Periodicidade irregular (1983-87) Publicao interrompida (1988-92) Periodicidade trimestral (1993- )

    ISSN 0102-1052

    1. Tribunal de Contas Minas Gerais Peridicos 2. Minas Gerais Tribunal de Contas Peridicos.

    CDU 336.126.55(815.1)(05)

  • TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE MINAS GERAIS

    CONSELHOWanderley Geraldo de vila

    Presidente

    Antnio Carlos Doorgal de AndradaVice-Presidente

    Adriene Barbosa de Faria AndradeCorregedora

    Eduardo Carone CostaConselheiro

    Elmo Braz Soares Conselheiro

    Sebastio Helvecio Ramos de CastroConselheiro

    Gilberto DinizConselheiro em exerccio

    AUDITORIAEdson Antnio Arger

    Gilberto DinizLicurgo Joseph Mouro de Oliveira

    Hamilton Antnio Coelho

    MINISTRIO PbLICO jUNTO AO TRIbUNAL DE CONTASMaria Ceclia Mendes Borges

    Cludio Couto Terro Glaydson Santo Soprani Massaria

  • TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE MINAS GERAIS

    CORPO INSTRUTIVODIRETORIA-GERAL

    Cristina Mrcia de Oliveira Mendona Fone: (31) 3348-2101

    DIRETORIA DA SECRETARIA-GERALMarconi Augusto F. Castro Braga

    Fone: (31) 3348-2204

    DIretorIa De anlIse De atos De aDmIsso, aPosentaDorIa, reForma e PensoJanana de Souza MaiaFone: (31) 3348-2250

    DIRETORIA DE ANLISE FORMAL DE CONTASConceio Aparecida Ramalho Frana

    Fone: (31) 3348-2255

    DIRETORIA DE AUDITORIA ExTERNAValquria de Sousa Pinheiro

    Fone: (31) 3348-2223

    DIRETORIA ADMINISTRATIVAFlvia Maria Gontijo da Rocha

    Fone: (31) 3348-2120

    DIRETORIA DE PLANEjAMENTOIsaura Victor de Pinho Oliveira

    Fone: (31) 3348-2146

    DIRETORIA DE FINANASIsabel Rainha Guimares Junqueira

    Fone: (31) 3348-2220

    DIRETORIA DE INFORMTICAArmando de Jesus Grandioso

    Fone: (31) 3348-2390

    DIRETORIA DA ESCOLA DE CONTASRenata Machado da Silveira Van Damme

    Fone: (31) 3348-2321

    DIRETORIA MDICO-ODONTOLGICAHerculano F. Ferreira Kelles

    Fone: (31) 3348-2143

    GAbINETE DA PRESIDNCIAFtima Corra de Tvora

    Chefe de GabineteFone: (31) 3348-2481

    Antnio Rodrigues Alves JniorAssessor

    Fone: (31) 3348-2312

  • COMPOSIO DO PLENO*

    Conselheiro Wanderley Geraldo de vila PresidenteConselheiro antnio Carlos Doorgal de andrada Vice-Presidente

    Conselheira adriene Barbosa de Faria andrade CorregedoraConselheiro eduardo Carone Costa

    Conselheiro elmo Braz soaresConselheiro sebastio Helvecio ramos de Castro

    Conselheiro em exerccio Gilberto Diniz

    *as reunies do tribunal Pleno ocorrem s quartas-feiras, 14h.

    Diretor da secretaria-Geral: marconi augusto Fernandes de Castro BragaFones: (31) 3348-2204 [Diretoria]

    (31) 3348-2128 [apoio]

    COMPOSIO DA PRIMEIRA CMARA*

    Conselheiro antnio Carlos Doorgal de andrada PresidenteConselheira adriene Barbosa de Faria andrade

    Conselheiro em exerccio Gilberto Dinizauditor relator edson antnio arger

    auditor relator licurgo Joseph mouro de oliveira

    *as reunies da Primeira Cmara ocorrem s teras-feiras, 14h30.

    Diretora da secretaria: Joeny oliveira souza FurtadoFones: (31) 3348-2585 [Diretoria]

    (31) 3348-2281 [apoio]

    COMPOSIO DA SEGUNDA CMARA*

    Conselheiro eduardo Carone Costa PresidenteConselheiro elmo Braz soares

    Conselheiro sebastio Helvecio ramos de Castroauditor relator Gilberto Diniz

    auditor relator Hamilton antnio Coelho

    *as reunies da segunda Cmara ocorrem s quintas-feiras, 10h.

    Diretora da secretaria: ana maria Veloso HortaFones: (31) 3348-2415 [Diretoria]

    (31) 3348-2189 [apoio]

  • Revista do

    Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais

    DIRETORCONSELhEIRO ANTNIO CARLOS DOORGAL DE ANDRADA

    VICE-DIRETORAUDITOR LICURGO JOSEPh MOURO DE OLIVEIRA

    SECRETRIAMARIA TEREzA VALADARES COSTA

    ELAbORAOCAROLINE LIMA PAZ

    CLARICE COSTA CALIXTOCLUDIA COSTA DE ARAJOLAURA CORREA DE BARROS

    LUISA PINhO RIBEIRO KAUKALMARINA MARTINS DA COSTA BRINA

    PAULA CRISTINA ROMANO DE OLIVEIRAREUDER RODRIGUES MADUREIRA DE ALMEIDA

    ORGANIZAO E REVISOCLARICE COSTA CALIXTO

  • apresentao

    Em seu ano XXVII, a Revista do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais veicula, em Edio Especial, a obra A Lei 8.666/93 e o TCEMG.

    Esse trabalho um produto do Projeto de Sistematizao e Divulgao da Jurisprudncia, de-senvolvido pela Comisso de Jurisprudncia e smula, sob coordenao do Conselheiro Vice-Presidente Antnio Carlos Andrada, no primeiro semestre deste ano de 2009.

    Tendo em vista o carter pedaggico da atuao do Tribunal, o trabalho visa expandir o conhe-cimento dos jurisdicionados acerca dos entendimentos da Corte e ampliar a transparncia do exerccio do controle externo.

    O documento A Lei 8.666/93 e o TCEMG, uma espcie de lei comentada com a jurisprudncia da Corte de Contas mineira, foi elaborado a partir da extrao das principais teses jurdicas que embasaram os julgamentos do TCEMG desde a publicao da Lei de Licitaes, no ano de 1993.

    Expressas em trechos de votos, as teses foram introduzidas de maneira intercalada no corpo da Lei 8.666/93, conforme os dispositivos legais a que se referem, priorizando-se os entendimen-tos mais recentes.

    O trabalho de consolidao desenvolvido pelos tcnicos da Comisso de Jurisprudncia e S-mula foi minucioso. A anlise dos arestos especificamente relacionados ao tema de licitaes e contratos se deu aps a triagem de cerca de 30 mil notas taquigrficas, referentes a pareceres em consultas, julgamentos de denncias, representaes, processos administrativos, dentre outras naturezas processuais.

    Dada a antiga diviso temtica das Cmaras do Tribunal, h julgadores que durante anos no proferiram votos sobre licitaes e contratos, o que explica a desigualdade no nmero de inser-es em relao aos diversos Conselheiros que j integraram ou que hoje integram o TCEMG.

    Por razes didticas, o estudo priorizou o recorte de trechos da fundamentao dos votos, em detrimento dos relatrios e dos dispositivos finais, os quais somente constaram das inseres quando essenciais ao entendimento do contedo do julgado.

    O resultado um texto extenso, com quase 600 inseres de trechos de julgados. Cada in-

  • sero possui um ttulo relacionado ao contedo da tese ali destacada, bem como a referncia ao nmero e natureza do processo, ao Relator do voto condutor, bem como data da sesso respectiva.

    As inseres trazem o contedo original das notas, com pequenas adequaes1, todas desta-cadas no texto, estritamente necessrias para que os extratos sejam entendidos com clareza pelo leitor. Essas adequaes fizeram-se imprescindveis devido ao fato de que, evidentemente, seria impossvel transcrever a integralidade dos julgamentos nesta obra.

    Quanto formatao dos textos das notas, foi necessria a realizao de uma padronizao quanto a fontes, paragrafao, espaamentos e grifos, para que a obra possusse uma estrutura adequada e coesa, de fcil acesso.

    No que concerne ao mapeamento de tendncias dos julgamentos, da anlise deste trabalho como um todo, verifica-se que, quanto a diversos temas, a jurisprudncia do Tribunal resta pacificada, havendo importantes entendimentos reiterados acerca da conduta correta em li-citaes e contratos, muitos j consignados em enunciados de Smula, tambm citados no documento. Em relao a outros tpicos, estes menos numerosos, verifica-se que ainda h algumas divergncias, especialmente quanto a situaes nas quais o quadro ftico submetido anlise da Corte dotado de elevada complexidade. Esses aspectos polmicos j so objeto de necessrios estudos pela Comisso de Jurisprudncia e Smula, na busca pela uniformizao da jurisprudncia do TCEMG.

    Este trabalho suscita, portanto, importantes desafios. Licitaes e contratos encerram matria complexa, de primeira relevncia no cotidiano dos gestores pblicos, que merece, sempre, profundas reflexes, a embasarem o aperfeioamento das prticas da Administrao.

    Assim se justifica a presente edio. E assim se justificar a sua atualizao peridica, o seu aprimoramento constante, como instrumento de transparncia.

    Sendo esta a primeira publicao da obra A Lei 8.666/93 e o TCEMG, aguardamos crticas e sugestes, trabalhando na certeza de que, para a efetiva democratizao da jurisprudncia dos Tribunais de Contas, preciso construir conhecimento.

    Clarice Costa CalixtoPresidente da Comisso de Jurisprudncia e Smula

    1 Foram utilizados colchetes quando introduzidas no texto palavras ou expresses que no constam da nota taquigrfica. Foi utilizado o smbolo das reticncias, dentro de parnteses, para indicar que houve um corte no contedo do texto original, tendo em vista a necessidade de conciso da obra.

  • SUMRIO

    Captulo I - DAS DISPOSIES GERAISSeo I - Dos Princpios 15Seo II - Das Definies 32Seo III - Das Obras e Servios 36Seo IV - Dos Servios Tcnicos Profissionais Especializados 47Seo V - Das Compras 50Seo VI - Das Alienaes 59

    Captulo V - DOS RECURSOS ADMINISTRATIVOS 269

    Captulo VI - DISPOSIES FINAIS E TRANSITRIAS 275

    Captulo II - DA LICITAOSeo I - Das Modalidades, Limites e Dispensa 67Seo II - Da habilitao 144Seo III - Dos Registros Cadastrais 179Seo IV - Do Procedimento e Julgamento 180

    Captulo III - DOS CONTRATOSSeo I - Disposies Preliminares 225Seo II - Da Formalizao dos Contratos 242Seo III - Da Alterao dos Contratos 246Seo IV - Da Execuo dos Contratos 251Seo V - Da Inexecuo e da Resciso dos Contratos 255

    Captulo IV - DAS SANES ADMINISTRATIVAS E DA TUTELA JUDICIALSeo I - Disposies Gerais 261Seo II - Das Sanes Administrativas 262Seo III - Dos Crimes e das Penas 263Seo IV - Do Processo e do Procedimento Judicial 266

  • a lei 8.666 / 93e o TCEMG

  • Captulo I

  • REVISTA DO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE MINAS GERAISedio especial | ano XXVII

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  • REVISTA DO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE MINAS GERAISedio especial | ano XXVII

    15Captulo I

    DAS DISPOSIES GERAIS

    SEO I DOS PRINCPIOS

    art. 1o esta lei estabelece normas gerais sobre licitaes e contratos administra-tivos pertinentes a obras, servios, inclusive de publicidade, compras, alienaes e locaes no mbito dos Poderes da Unio, dos estados, do Distrito Federal e dos municpios.

    Pargrafo nico. subordinam-se ao regime desta lei, alm dos rgos da adminis-trao direta, os fundos especiais, as autarquias, as fundaes pblicas, as empresas pblicas, as sociedades de economia mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela Unio, estados, Distrito Federal e municpios.

    enUnCIaDo De smUla 35 (Publicado no Dirio oficial de mG de 25/02/88 - pg.10 ra-tificado no Dirio oficial de mG de 23/04/02 - pg.30 mantido no Dirio oficial de mG de 26/11/08 - pg. 72). vedada na administrao Pblica estadual a contratao indireta de pessoal, salvo para o desempenho das atividades relacionadas com transporte, conserva-o, custdia, operao de elevadores, limpeza e outras assemelhadas.

    enUnCIaDo De smUla 109 (Publicado no Dirio oficial de mG de 26/11/08 - pg. 72). Com-provada a inexistncia de bancos oficiais em seu territrio, o municpio poder, mediante prvia licitao, movimentar seus recursos financeiros e aplic-los em ttulos e papis p-blicos com lastro oficial, em instituio financeira privada, sendo-lhe vedada a contratao de cooperativa de crdito para esse fim.

    Licitao. Contratao direta de prestao de servios de datilgrafo. A Cmara Municipal contratou diretamente datilgrafo, inobservando as formas de admisso de pessoal admitidas pela Constituio Federal: nomeao mediante concurso pblico para os cargos de provimento efetivo; nomeao direta para os investidos em cargos de provimento em comisso ou contra-tao temporria de excepcional interesse pblico, para aquelas situaes agasalhadas em lei municipal. O defendente juntou o contrato, mas no demonstrou que a contratao estava agasalhada em lei municipal para a hiptese contida no art. 37, IX, da Constituio Federal. Isto posto, considero irregular a contratao direta de datilgrafo pela Cmara Municipal. (Licita-o n. 620882. Rel. Conselheiro Jos Ferraz. Sesso do dia 14/08/2003)

    Consulta. Orientao quanto efetiva aplicao do art. 164, 3, da Constituio Federal. (...) no que tange necessidade de procedimento licitatrio para manuteno ou abertura de conta e movimentao bancrias pela Administrao Pblica, concluiu-se: a) Em se tratando de instituio financeira privada, a licitao necessria, nos termos do inciso XXI do art. 37 da

  • 16 Captulo I

    REVISTA DO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE MINAS GERAISedio especial | ano XXVII

    Constituio Federal. (Consulta n. 735840. Rel. Conselheiro Eduardo Carone Costa. Sesso do dia 05/09/2007)

    Consulta. Associao de municpios. (...) as Associaes de Municpios, que so entidades de direito privado (controladas pelos Municpios) esto sujeitas licitao para contratar com terceiros, j que a Lei Federal n. 8.666/93 dispe em seu art. 1, pargrafo nico, que se subordinam ao regime daquela lei, alm dos rgos da administrao pblica, as demais enti-dades controladas direta ou indiretamente pela Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios. (Consulta n. 703949. Rel. Conselheiro Simo Pedro. Sesso do dia 21/12/2005)

    Consulta. Necessidade de Licitao por empresa estatal para a alienao de imveis. Deve o consulente ser informado da impossibilidade da alienao de bens imveis (...) sem o devido processo licitatrio, uma vez que, mesmo sendo ele pessoa Jurdica de Direito Privado, o con-trole (...) pertence ao Estado de Minas Gerais como seu acionista majoritrio. Assim, sujeita-se s disposies da Lei 8.666/93. (Consulta n. 454581. Rel. Conselheiro Sylo Costa. Sesso do dia 08/10/1997)

    Consulta. Legalidade da aquisio de bens e prestao de servios atravs da participao do municpio em consrcio de sade. uma realidade, em nosso Estado, a formao de associa-es civis sob denominao de Consrcios Intermunicipais para viabilizarem a plena operacio-nalizao dos consrcios de sade, com personalidades jurdicas distintas aos membros que as integram, os quais vm recebendo e aplicando os seus recursos nos fins estabelecidos nos seus atos constitutivos, realizando diretamente os servios e obras desejados pelos partcipes ou contratando-os com terceiros. preciso (...) ressaltar que sujeitar-se- esse ente [] (...) Lei 8.666/93, ex-vi do disposto no seu art. 1, pargrafo nico. (Consulta n. 13.296. Rel. Conse-lheiro Fued Dib. Sesso do dia 19/06/1996)

    art. 2o as obras, servios, inclusive de publicidade, compras, alienaes, conces-ses, permisses e locaes da administrao Pblica, quando contratadas com terceiros, sero necessariamente precedidas de licitao, ressalvadas as hipteses previstas nesta lei.

    enUnCIaDo De smUla 89 (Publicado no Dirio oficial de mG de 08/10/91 - pg. 32 ra-tificado no Dirio oficial de mG de 26/08/97 - pg. 18 mantido no Dirio oficial de mG de 26/11/08 - pg. 72). Quem ordenar despesa pblica sem a observncia do prvio procedi-mento licitatrio, quando este for exigvel, poder ser responsabilizado civil, penal e ad-ministrativamente, sem prejuzo da multa pecuniria a que se referem os artigos 71, inciso VIII, da Constituio Federal e 76, inciso XIII, da Carta estadual.

    Consulta. Contratao de servios de contabilidade. (...) o cargo de Tcnico em Contabilidade e/ou Contador deve estar previsto entre aqueles constantes do Quadro de Servidores Efetivos da Administrao, cujas atribuies devem elencar todos os atos necessrios ao acompanhamen-to da execuo oramentria, financeira e patrimonial, que vo desde os registros contbeis, os servios de confeco de balanos, auditoria contbil, operacional, etc., necessrios sua operacionalizao, respeitadas as atribuies privativas, no caso de contador. Na hiptese de no constar no quadro permanente tais cargos e sendo estes servios considerados rotineiros, portanto, no singulares, j que podem ser realizados por qualquer um que possua habilitao especfica e competncia para faz-los, para sua contratao, impe-se a licitao, nos termos previstos na Lei n. 8.666/93 (...). No h no ordenamento jurdico ou na jurisprudncia desta Corte determinao de que para se efetuar a execuo oramentria e financeira em cada Se-

  • REVISTA DO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE MINAS GERAISedio especial | ano XXVII

    17Captulo I

    cretaria Municipal seja exigida a contratao de um profissional em cincias contbeis, tampou-co a obrigatoriedade de que as notas de empenho sejam assinadas por profissional em cincias contbeis. O que se exige que no Municpio tenha pelo menos um contabilista, nos termos do art. 1 da Resoluo CFC 560/83, competente para o exerccio das atividades compreendidas na Contabilidade, que ser o responsvel pelo servio de contabilidade do Municpio. (Consulta n. 742250. Rel. Conselheiro Eduardo Carone Costa. Sesso do dia 10/09/2008)

    Processo Administrativo. Fracionamento indevido de licitao. Ao Administrador no dado escolher com quem contrata, ainda que entenda que o preo ofertado vantajoso, pois ele no est adquirindo para si, e ainda, muito alm de estar comprando, est praticando um ato administrativo, que deve ser velado pelos princpios atinentes a tais atos (...). Assim, quanto a tais aquisies de medicamentos [mediante contratao direta], (...) essas compras foram efe-tivadas ao longo do ano, conforme notas fiscais (...), o que demonstra, justamente, a continui-dade das aquisies, caracterizando fracionamento de despesa, pela ausncia de planejamento demonstrada pela Administrao do Municpio (...), cujas compras deveriam ser antecipadas, programadas e devidamente licitadas. (...) o referido fracionamento (...) viciou ainda mais gravemente os procedimentos, passando tais situaes a no mais se enquadrar na previso do art. 24, inciso II, da Lei de Licitaes. (Processo Administrativo n. 700749. Rel. Conselheira Adriene Andrade. Sesso do dia 09/10/2007)

    Recurso de Reconsiderao. Processo Administrativo. Prejuzo ao errio advindo de fraciona-mento indevido de licitao. [A afirmao] de que no houve prejuzo ao errio no prospera. A Administrao Pblica tem o dever de licitar, do qual a autoridade administrativa no se pode escusar. Este princpio bsico regra que apenas comporta excees que se compadeam com as previses da Constituio da Repblica e da Lei de Licitaes. Assim, licitao e contrataes pblicas so faces da mesma moeda cunhada pelo princpio da indisponibilidade. Nesse sentido, sem a realizao de licitao, quando a lei a exigiu, no h como garantir que no tenha havi-do prejuzo ao errio, pois o certame licitatrio tem como objetivo, dentre outros, promover a concorrncia entre os licitantes interessados, possibilitando melhores preos e condies Administrao Pblica. A contratao deveria ter sido realizada por meio de procedimento licitatrio, observando-se a estimativa global da despesa e no os valores fracionados. Nesta linha, so os ensinamentos do professor Maral Justen Filho (...): No se vedam contrataes isoladas ou fracionadas probe-se que cada contratao seja considerada isoladamente, para fim de determinao do cabimento de licitao ou da modalidade cabvel. (...) este Tribunal tem verberado o descompromisso com o planejamento das aquisies, flagrando a falta de programao de licitaes, que geram processos de dispensa irregulares. A Administrao deve manter o planejamento adequado das compras de forma a deixar de realizar aquisies de produtos iguais em curto espao de tempo sem licitao, sob a alegao da falta de condies para armazenamento de materiais. (Recurso de Reconsiderao n. 719339. Rel. Conselheiro Antnio Carlos Andrada. Sesso do dia 08/05/2007)

    Denncia. Convnio entre o Municpio e a COPASA para explorao de servios de gua e sanea-mento. Inadequao do regime de concesso. [O denunciante] alega, sucintamente, (...) que a COPASA deteria, de forma imoral e ilegal, a concesso para a explorao dos servios de gua e esgoto no Municpio. (...) Aduz que tal ilegalidade decorre do fato de ter havido (...) Termo Aditivo ao Termo de Re-Ratificao do contrato de concesso celebrado sem qualquer autoriza-o legislativa (...), afirmando que este instrumento s poderia ser assinado com o competente e necessrio procedimento licitatrio. (...) Incumbe-me decidir se o contrato em comento, do modo como foi firmado, teria violentado o princpio constitucional da isonomia, submetendo a municipalidade a condies piores do que poderia obter, tendo como executora do servio outra

  • 18 Captulo I

    REVISTA DO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE MINAS GERAISedio especial | ano XXVII

    empresa, que no a COPASA. (...) Manifestou-se Maria Sylvia zanella Di Pietro, em parecer que se tornou uma referncia na matria, ao opinar em favor da inexigibilidade para contrataes desta natureza, nos seguintes termos, que recordo in litteris: No caso da SABESP, os vrios aspectos analisados permitem a concluso de que se trata de hiptese de inexigibilidade de li-citao: quer porque a empresa foi criada por lei com o objetivo especfico de prestar o servio pblico em todo o territrio do Estado, estando disposio dos Municpios que queiram dispor de seus servios, quer porque a sua qualificao tcnica, nessa rea de atuao, em termos de estrutura, de organizao, de recursos humanos e tcnicos, torna-se invivel a competio; quer porque os acordos celebrados com os municpios se inserem mal no conceito de conces-so, mais se aproximando dos convnios na medida em que visam a atender a resultado que se insere na competncia comum da Unio, Estados e Municpios; quer porque a empresa, por prestar servio pblico, sem objetivo especfico de lucro, no atua em atividade competitiva no domnio econmico da iniciativa privada. (...) [Todavia], leitura do suposto contrato que tenho sob apreo, afasta-se a hiptese de concesso de servios pblicos, seja ela antecedida por dispensa ou por inexigibilidade, e entende-se claramente representada a tese encabeada por Maral Justen Filho, a exemplo de tantos outros, defendendo o convnio como a forma mais genuna de se executar, no Municpio, servios como o de saneamento, por empresas compo-nentes da Administrao Pblica estadual. (...) Entende o citado administrativista que, nesses casos, no se configura uma concesso, existindo, na realidade, convnio entre entes polticos diversos e, nestas circunstncias, ensina Di Pietro que tal instrumento no abrangido pelas normas do art. 2 da Lei n 8.666/93. (...) Quanto a prorrogaes de convnios, no diferente sua excluso regra licitatria, decaindo de razes, neste nico golpe de inteligncia, os seis apontamentos constantes da Denncia em comento, (...) [pois] todos eles partiram da premissa de que se tratava, ali, [de] um contrato ordinrio de concesso. No existindo tal contrato, (...) no h que se analis-lo sob o ponto de vista da Lei n 8.987/95, afastando-se, igualmente, os dispositivos da Lei n 8.666/93. Neste diapaso, nsito ao instrumento do convnio, como critrio para se decidir sobre a sua legtima prorrogao ou resciso, o atendimento do inte-resse objetivado pela parceria pblico-pblico ento firmada. No estou com isto pretendendo que o Municpio esteja eternamente obrigado aos convnios que firma. Ao contrrio, no novo contexto constitucional, aps o reconhecimento do municpio como ente federativo, [dado a este] propor metas prprias para o trato do saneamento e das guas em sua localidade, metas estas que podem, naturalmente, divergir daquelas firmadas [originalmente] no Convnio (...). Sem, contudo, ter se apresentado este novo programa, substitutivo do original, que tinha como executora a COPASA, continua prevalecendo a adeso do municpio aos termos do antigo PLA-NASA, conforme declara no Convnio por ela firmado nos idos de 1973. (Denncia n. 719412. Rel. Conselheira Adriene Andrade. Sesso do dia 11/09/2007)

    Recurso de Reconsiderao. Coordenao do princpio da licitao com outros princpios. [O art. 37 da CR/88] estabelece o princpio da licitao, que deve ser observado pela esfera pbli-ca, e assim definido por Lcia Valle Figueiredo: (...) a licitao, sobre constituir um instru-mento tcnico-procedimental, representa, na configurao do regime jurdico das contrataes da Administrao, um princpio em si. Em verdade, o princpio da licitao uma realidade ca-tegrica, que conforma, em nosso Pas, o sistema jurdico das contrataes administrativas. E, como tal, obteve ele expressa consagrao, no inciso XXI do artigo 37 da Constituio Federal. (in: FIGUEIREDO, Lcia Valle e Ferraz, Srgio. Dispensa e Inexigibilidade de Licitao, Malheiros Editores, So Paulo, 1994) (...) O legislador, contudo, ao editar esta lei, vislumbrou hipteses em que a coordenao do princpio da licitao com outros princpios do nosso ordenamento jurdico possibilita a ocorrncia de excees regra geral de licitar. Jorge Ulisses Jacoby Fer-nandes trata a matria da seguinte forma: Assim, em alguns casos previamente estabelecidos

  • REVISTA DO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE MINAS GERAISedio especial | ano XXVII

    19Captulo I

    pelo legislador, o princpio da licitao cede espao ao princpio da economicidade ou para o primado da segurana nacional ou ainda para garantir o interesse pblico maior, concernente necessidade do Estado intervir na economia. em todos os casos delineados pela lei 8666/93, em que a licitao foi dispensada ou considerada inexigvel, pelo menos no plano terico, entende o legislador estar em confronto o princpio jurdico da licitao e outros valores igualmente tutelados pela ordem jurdica, tendo sido aquele subjugado por um desses. (...) (in: FERNANDES, Jorge Ulisses Jacoby. Contratao Direta Sem Licitao, 3 Edio, Bras-lia Jurdica, Braslia, 1997). (Recurso de Reconsiderao n. 726023. Rel. Conselheiro Antnio Carlos Andrada. Sesso do dia 17/04/2007)

    Consulta. Necessidade de motivao e de licitao para a aquisio de bens usados. [] indis-pensvel que sejam elencadas razes aptas a justificar a opo pela aquisio de bens usados, merecendo destaque o aspecto relativo economicidade e tambm como ser assegurada a qualidade do produto usado. Assim, se aps as anlises necessrias a Administrao concluir que a melhor opo para satisfazer a necessidade pblica a aquisio de bens usados, neces-sria a realizao de uma licitao na modalidade compatvel com o valor do bem a adquirir. (...) deve constar tambm do edital sua especificao, como, por exemplo, uma data-limite de fabricao, quilometragem mxima admitida e outras caractersticas, alm da realizao de laudo de avaliao atestando o valor de mercado que viabilize a competio, j que o cri-trio nico de menor preo no conduz melhor seleo. Se, entretanto, o valor estimado do bem permitir a dispensa da licitao, devem ser obedecias as determinaes do art. 26 da Lei n. 8.666/93. Entendimento idntico teve o Tribunal de Contas da Unio no Processo TC-275.050-5, cujo Relator foi o Ministro Fernando Gonalves, sendo seu Acrdo n. 818 publica-do no Dirio Oficial da Unio de 03/12/96. (Consulta n. 696405. Rel. Conselheiro Elmo Braz. Sesso do dia 26/04/2006)

    Recurso de Reconsiderao. Licitao. Aplicao de multa por ausncia de licitao, indepen-dente da comprovao de prejuzo ao errio. No caso em tela, este Tribunal de Contas aplicou multa ao recorrente, por descumprimento das disposies da Lei n. 8.666/93. No se cogitou de prejuzo causado ao errio, o qual, para permitir o ressarcimento, necessitaria de demons-trao de existncia de dolo ou culpa por parte do agente pblico. Trata-se de penalizao imposta em virtude de descumprimento de norma legal. Assim, a falta de comprovao de lesi-vidade no prejudica a atividade de controle externo exercida pelo Tribunal de Contas, nem a atribuio de sanes, pois, no presente caso, ocorreu violao de princpio da obrigatoriedade de realizao de licitao, insculpida no art. 2 da Lei n. 8.666/93, bem como a violao a [ou-tros] dispositivos da Lei n. 8.666/93, e, nessa violao, fundamentou-se a sano. (Recurso de Reconsiderao n. 688065. Rel. Conselheiro Wanderley vila. Sesso do dia 25/04/2006)

    Licitao. Julgadas irregulares despesas por ausncia de licitao, independente da comprova-o de prejuzo ao errio. A obrigatoriedade de licitar de ordem constitucional e o sistema positivo ptrio tem na licitao o antecedente necessrio de toda contratao, excetuados os casos previstos em lei. (...) Quanto ao argumento de que no houve dano ao errio municipal, cumpre ressaltar, que, independente do potencial lesivo do ato praticado, o Administrador P-blico deve ater-se aos princpios legais que regem a sua atuao. Por todo o exposto, (...) julgo irregulares as despesas realizadas sem licitao. (Licitao n. 446594. Rel. Conselheiro Sylo Costa. Sesso do dia 05/08/2004)

    Pargrafo nico. Para os fins desta lei, considera-se contrato todo e qualquer ajuste entre rgos ou entidades da administrao Pblica e particulares, em que haja um acordo de vontades para a formao de vnculo e a estipulao de obrigaes rec-

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    procas, seja qual for a denominao utilizada.

    art. 3o a licitao destina-se a garantir a observncia do princpio constitucional da isonomia e a selecionar a proposta mais vantajosa para a administrao e ser processada e julgada em estrita conformidade com os princpios bsicos da legalida-de, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculao ao instrumento convocatrio, do julgamento objetivo e dos que lhes so correlatos.

    Recurso de Reviso. Relevncia da publicidade. No se pode simplesmente deduzir que tenha havido avaliao dos bens apenas porque o edital atribui preos mnimos aos lotes levados a leilo, nem que tenha havido publicidade porque houve comparecimento de interessados ao certame e muito menos que houve ampla divulgao do resultado porque o recorrente diz que houve. O ato administrativo formal por excelncia, e a formalidade, como tenho dito, no deriva do capricho do legislador, mas da necessidade de se registrar o ato. a natureza pblica impe ao administrador o dever de prestar contas de seus atos e a demonstrao da lisura com que se procede s possvel por meio documental. A importncia dada formalidade pelo legislador revela-se na medida em que este reputa criminosa sua inobservncia, conforme capitulado no art. 89 do Estatuto das Licitaes. (Recurso de Reviso n. 640463. Rel. Conse-lheiro Moura e Castro. Sesso do dia 13/08/2003)

    Consulta. Necessidade de a contratao direta ser vantajosa. (...) a contratao direta, sem licitao, no permite Administrao selecionar qualquer proposta. Tal contratao no impli-ca uma desnecessidade de observar formalidades prvias (tais como verificao da necessida-de e convenincia da contratao, disponibilidade de recursos, etc.). Devem ser observados os princpios fundamentais da atividade administrativa, buscando selecionar a melhor contratao possvel segundo os princpios da licitao (Maral Justen Filho, Comentrios Lei de Licita-es e Contratos Administrativos, 3 ed., Aide Editora, pag. 176). Uma contratao desvanta-josa para a administrao, portanto, jamais poder ser admitida. (Consulta n. 391114. Rel. Conselheiro Murta Lages. Sesso do dia 06/11/1996)

    Denncia. Necessidade de critrios objetivos em edital. A doutrina especializada unnime em repudiar qualquer espcie de subjetividade no julgamento das licitaes (...). Maral Jus-ten Filho associa-o ao princpio da impessoalidade (...): A vantajosidade da proposta deve ser apurada segundo o julgamento objetivo. O ato convocatrio tem de conter critrios objetivos de julgamento que no se fundem nas preferncias ou escolhas dos julgadores (...). (Denn-cia n. 768737. Rel. Conselheiro Subst. Gilberto Diniz. Sesso do dia 04/12/2008)

    Representao. Exigncias editalcias contrrias ao princpio da igualdade. (...) acerca das exigncias editalcias referentes contratao de pessoas fsicas, bem como algumas das in-sertas em sede de Habilitao e Proposta Tcnica, violam fragrantemente o princpio constitu-cional da igualdade. No h, definitivamente, dispositivos que amparem a conduta do Gestor em estabelecer condies, tais como as previstas no Edital fustigado, a exemplo da vedao da participao de ex-permissionrio ou ex-condutor auxiliar que tiveram a permisso ou registro de condutor cassado no servio de transporte individual ou coletivo de passageiros, nos ltimos dois anos. Ora, o quesito de habilitao, nos termos do art. 30, inciso III, deve ser a licena para conduzir poca da CONTRATAO, no se podendo desabilitar pessoas que foram cas-sadas, mas cuja licena foi restaurada pelo rgo Competente. Da mesma forma, no se pode exigir, na fase de habilitao, a licena para veculos D e E, sendo essa exigncia possvel no momento da CONTRATAO. Pela mesma razo, no h amparo legal algum que justifique as

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    clusulas editalcias que discriminam as pessoas fsicas no residentes (...), ou que no tenham seus veculos licenciados no Municpio, bem como aquela que classifica, preferencialmente, os licitantes que comprovem certificado de cooperativado, emitido por cooperativa de transpor-tadores autnomos de passageiros, pois todas as citadas exigncias ferem os princpios da lega-lidade, competitividade e isonomia previstos no art. 3 da Lei n. 8.666/93 (...). Portanto, so inmeras as exigncias discriminatrias e atentatrias isonomia e justa competio presentes no Edital, mas fora-me destacar, ainda, entre elas, a exigncia de que as pessoas fsicas no residentes no Municpio (...) apresentem Certido Negativa de Feitos Criminais. Tal exigncia, alm de ser frontalmente contrria ao disposto na Lei de Licitaes, uma discriminao sem propsito e imperdovel, pois o Poder Pblico estaria declarando expressamente que um ex-detento no pode se restabelecer dignamente na sociedade. (Representao n. 731022. Rel. Conselheira Adriene Andrade. Sesso do dia 14/10/2008)

    Recurso de Reconsiderao. Processo Administrativo. Rigor do Procedimento Licitatrio. (...) somente dentro do rigor das formalidades e regras da lei cumpre [a Administrao] a sua misso fundamental de propiciar a todos a participao no processo licitatrio, em perfeita condio de igualdade jurdica e econmica. (...) [Portanto], as irregularidades verificadas nos autos do Processo Administrativo em evidncia no podem ser consideradas erros meramente formais, como pretende o recorrente, pois contrariam claramente dispositivos da Lei de Licitaes P-blicas. (...) O princpio do devido processo legal transforma regra procedimental em formali-dade essencial, da o cabimento de mandado de segurana e de ao cautelar para impedir, prontamente, que se consuma leso ao direito subjetivo do licitante que veja preterida em seu desfavor, regra de proceder a que a Administrao (no mais das vezes, a Comisso de Licita-es) est vinculada. (Recurso de Reconsiderao n. 693331. Rel. Conselheiro Antnio Carlos Andrada. Sesso do dia 23/09/2008)

    Representao. Inexistncia de nulidade quando no h prejuzo licitao. (...) o princpio da vinculao ao edital deve ser interpretado com certa reserva, sob pena de adotar-se postura de carter excessivamente formal por parte da Administrao. Este entendimento corrobora-do pelo magistrio de hely Lopes Meirelles: O princpio do procedimento formal no significa que a Administrao deva ser formalista a ponto de fazer exigncias inteis ou desnecessrias licitao, como tambm no quer dizer que se deva anular o procedimento ou julgamento, ou inabilitar licitantes, ou desclassificar propostas diante de simples omisses ou irregularidades na documentao ou na proposta, desde que tais omisses e irregularidades sejam irrelevantes e no causem prejuzos Administrao ou aos concorrentes (...). (Representao n. 715719. Rel. Conselheiro Antnio Carlos Andrada. Sesso do dia 07/08/2007)

    Representao. Requisitos para anlise das propostas. O procedimento ditado pela Lei n. 8.666/93 para as licitaes contm uma srie de requisitos que devem ser atendidos para possibilitar uma anlise aprofundada das propostas comerciais apresentadas no certame, sen-do exemplo de tais requisitos a obrigao da especificao dos quantitativos de produtos e a indicao dos preos unitrios, planilha de composio de custos dos servios, entre outros. (Representao n. 708976. Rel. Conselheira Adriene Andrade. Sesso do dia 29/05/2007)

    Representao. Alegao de Boa-f e Licitaes. No obstante as irregularidades verificadas no certame no terem causado dano ao errio, por meio da execuo do contrato dele decorrente, no pode a alegao de boa-f justificar contratao feita margem da Lei e dos princpios que regulam os procedimentos licitatrios. A respeito da boa-f nas licitaes, importante men-cionar que esta milita em favor do licitante que concorre em um procedimento instaurado e conduzido pela Administrao Pblica, na confiana de que os atos praticados por esta estejam

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    em conformidade com a Lei, vez que os seus atos gozam de presuno juris tantum (at prova em contrrio) quanto sua legalidade e certeza, ou seja, no pode o licitante ser responsabi-lizado por erros cometidos pela Administrao, na instaurao e conduo da licitao, salvo se houver conluio entre ambos para fraudar o procedimento, acarretando prejuzo ao errio. (Representao n. 708976. Rel. Conselheira Adriene Andrade. Sesso do dia 29/05/2007)

    Representao. Proporcionalidade e requisitos da qualificao tcnica dos licitantes. (...) a or-dem constitucional delega autoridade administrativa, atravs do art. 37, inciso XXI, da CR/88, discrio para incluir, nos instrumentos convocatrios de licitao, as exigncias necessrias a comprovar a qualificao tcnica dos licitantes, uma vez que determina, tal artigo, que a igual-dade do certame deve se limitar a que sejam mantidas as condies efetivas da proposta. Agiu o constituinte deste modo com o objetivo de permitir a averiguao da real capacidade das contratadas em prestar o servio, fornecer o produto ou realizar a obra que atenda ao interesse pblico. Nesse sentido, entendo que as exigncias do edital devem guardar proporo entre a natureza do objeto em disputa, as caractersticas que lhes so especficas e a complexidade de sua execuo. A tanto, calha o aconselhamento do Desembargador do Tribunal de Justia do Rio de Janeiro, Jess Torres Pereira, trazendo o brilhante entendimento guisa da anlise do ser-vio a ser contratado como decorrncia dessa licitao: Para objetos de mxima complexidade e alto custo, o mximo de exigncias. Para objetos de menor custo, nvel menos rigoroso de exigncias. (...) Natural, portanto, que, para o servio a ser contratado no certame combatido pela Representante, que implica o atendimento de milhares de funcionrios (...), lotados nas localidades de todo o Estado de Minas Gerais e at em outros Estados da Federao, faa-se a exigncia da rede de estabelecimentos presentes no edital do certame, de maneira compatvel com o interesse pblico a ser atendido na contratao pretendida. (...) Nesse sentido, decidiu o Tribunal de Contas da Unio em matria anloga: Deciso 1841/1999 TCU Relator Ministro Walton Alencar A exigncia de relao da Rede prpria e/ou credenciada, com indicao do nome e do CPF ou CGC do credenciado, em nvel nacional, por unidade da Federao, contes-tada pela Golden Cross, est adequada ao que dispe o art. 30, 6, da Lei 8.666/93... O texto legal reserva ao administrador o poder discricionrio para estabelecer as exigncias mnimas consideradas essenciais para o cumprimento do objeto da licitao. Nesse ponto, o edital est em consonncia com o estatuto das licitaes. Trata-se, portanto, da aplicao do princpio da proporcionalidade entre as exigncias feitas aos licitantes e o atendimento ao interesse pblico a ser alcanado por meio do procedimento licitatrio. (Representao n. 721497. Rel. Conse-lheira Adriene Andrade. Sesso do dia 06/02/2007)

    Recurso de Reconsiderao. Relevncia da documentao do processo administrativo licita-trio. A Administrao Pblica est submetida ao princpio da legalidade, caracterstica do Estado de Direito, garantia do cidado, que a obriga a agir conforme determinao da lei. E, nesta linha de raciocnio, o processo da licitao est sujeito estrita observncia do princpio da legalidade, visto que somente dentro do rigor das formalidades e regras da lei cumpre a sua misso fundamental de propiciar a todos a participao no processo licitatrio, em perfeitas condies de igualdade jurdica e econmica. Neste mesmo sentido, a doutrina de Jess Torres Pereira Jnior (JUNIOR, Jess Torres Pereira, Comentrios Lei das Licitaes e Contrataes da Administrao Pblica) expe que: O processo administrativo da licitao o testemunho documental de todos os passos pela Administrao rumo contratao daquele que lhe ofere-cer a melhor proposta. Todos os atos praticados em seus autos estaro comprometidos com esta finalidade, sejam decises, pareceres, levantamentos, estudos, atas, despachos, recursos ou relatrios. O processo bem instrudo e articulado consubstancia a prova mais irrefutvel de que a licitao alcanou o nico fim de interesse pblico que se compadece com sua natureza

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    jurdico-administrativa (...). (Recurso de Reconsiderao n. 708620. Rel. Conselheiro Wan-derley vila. Sesso do dia 11/04/2006)

    Licitao. Modificao do edital. Publicidade da dispensa de exigncias antes previstas. A dis-pensa de exigncias de documentos previstos no edital deveria ter sido divulgada pela mesma forma que se deu o texto original, reabrindo-se o prazo inicialmente estabelecido. De fato, a publicao da alterao das condies para habilitao ampliaria a possibilidade de participa-o de empresas que preenchessem as condies de fato exigidas pela Administrao, e que, diante da exigncia de comprovao da qualificao tcnico-operacional, no participaram do certame. (Licitao n. 627765. Rel. Conselheiro Moura e Castro. Sesso do dia 03/10/2006)

    Representao. Princpio da Economicidade. De fato, o princpio da economicidade no foi observado, j que a Administrao, ao restringir a concorrncia, abdica da possibilidade de contratar o objeto da licitao pelo melhor valor de mercado, comprometendo a relao custo/benefcio que deve orientar a contratao na esfera pblica, segundo este princpio. (Repre-sentao n. 716843. Rel. Conselheiro Antnio Carlos Andrada. Sesso do dia 26/09/2006)

    Consulta. Legalidade de emprstimo, com nus ao errio municipal de manuteno e combus-tvel, de mquinas de propriedade do Prefeito Municipal. (...) o Prefeito, aps a expedio do diploma eleitoral, no poder contratar com o poder pblico, exceto se o instrumento a ser celebrado obedecer a clusulas uniformes, isto , aquelas que so iguais para todos, exempli gratia, as insertas em contratos de adeso oriundos de fornecimento de gua, luz, transporte, seguros etc. (...) a formalizao de contrato entre o Prefeito e o Municpio fere o princpio da moralidade (...). (Consulta n. 710548. Rel. Conselheiro Moura e Castro. Sesso do dia 31/05/2006)

    Licitao. Ilegalidade da aquisio de veculo luxuoso pelo ente pblico. A suspenso do certa-me foi motivada pela constatao da inobservncia dos princpios da economicidade, razoabili-dade e, principalmente, da moralidade, em face das caractersticas do objeto licitado, veculo de luxo, cuja real necessidade para a municipalidade se questiona, em face do interesse pbli-co a ser salvaguardado. (...) o automvel , mais do que mero objeto de utilidade, um smbolo de status, poder e distino social, chegando, no caso de modelos de luxo, como os utilitrios esportivos, a ser sinnimo de ostentao. O que no se admite, sem opor qualquer crtica vaidade humana, ostent-la custa do errio, porque isso fere princpios que devem orientar as aes dos agentes pblicos. (Licitao n. 698748. Rel. Conselheiro Moura e Castro. Sesso do dia 20/12/2005)

    Licitao. Princpio do julgamento objetivo. (...) o princpio do julgamento objetivo, contido no caput do art. 3 do estatuto das licitaes, impede que a avaliao da aceitabilidade da certido de falncia esteja adstrita a critrios subjetivos da Comisso de Licitao. Sem a fi-xao de critrios bem definidos no edital, a norma inaceitvel. (Licitao n. 703631. Rel. Conselheiro Moura e Castro. Sesso do dia 08/11/2005)

    Licitao. Nmero mnimo de licitantes na modalidade Convite. (...) apontou-se a participa-o de apenas 02 licitantes, sem a comprovao de envio das cartas-convite a outros interes-sados. Das demais empresas constam dos autos apenas propostas em branco. A defesa justifica que as firmas convidadas no se interessaram em participar do certame, situao que aconte-ce dependendo do objeto da licitao. O procedimento foi relatado nas atas de julgamento, fato que, a seu ver, torna regulares os processos licitatrios. Todavia, no houve juntada de documentos comprovando o cumprimento dos 3 e 6 do art. 22 da Lei n. 8.666/93. Dessa

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    forma, lembrando que o processo da licitao est sujeito estrita observncia aos princpios da legalidade e igualdade e como no ficou comprovado o envio das cartas-convite a no mnimo 03 licitantes, permanece a falha apontada. (Licitao n. 487454. Rel. Conselheiro Wanderley vila. Sesso do dia 06/09/2005)

    Consulta. Possibilidade de empresas e bancos privados participarem de licitao e prestarem servios de recebimento das faturas de gua e esgoto. A disponibilidade de caixa (...) no se confunde com a arrecadao de receita, o que nos conduz a concluir que a questo relativa cobrana e recolhimento de impostos, taxas, tarifas e demais fontes de receitas dos rgos da Administrao Municipal depende de regulamentao legal antes de ser implementada. Quan-to participao de empresa privada, que no seja instituio financeira, em certame para contratao de servios de cobrana de tarifas daquela autarquia, cumpre-nos observar que o estatuto das licitaes exige que o ramo de atividade da empresa seja compatvel com o objeto do contrato (art. 29, inciso II, da Lei n. 8.666/93). Neste passo, verificamos que, ainda que uma empresa privada, alheia atividade bancria, pudesse dedicar-se ao objeto da presente consulta, ou seja, cobrana e recolhimento de tarifas pblicas, no seria vivel sua participa-o em procedimento licitatrio desta espcie, uma vez que no haveria igualdade entre os provveis licitantes, eis que tal empresa necessitaria de garantias, como fiana bancria, a que as instituies financeiras no estariam obrigadas, dada a natureza destas e dos servios a serem prestados. (...) O processo licitatrio pressupe igualdade entre os licitantes, ex vi do caput do art. 3 da Lei 8.666/93, sendo certo que no se pode admitir tratamento desigual entre os participantes, inviabilizando, assim, a abertura participao de empresa alheia ao sistema financeiro para prestao dos servios em comento. (...) Relativamente participao de empresa privada do vago ramo de servios gerais, ainda que sua atividade fosse compatvel com o objeto do certame, as garantias exigidas para a execuo dos servios tornariam, a meu ver, invivel sua proposta em face da evidente desigualdade com outros provveis licitantes do ramo financeiro. (...) como se depreende da narrao que acabei de fazer, apenas reforcei a necessidade de se assegurar o tratamento de igualdade entre os licitantes, acaso seja ela, a lici-tao, efetivada pela Administrao, j que, mesmo na hiptese de inexigibilidade ou dispensa, o certame, se for da oportunidade e convenincia do Poder Pblico, pode, sem nenhum agravo legal, ser realizado. Tanto verdade que, na Sesso de 14/3/01, quando enfrentei essa questo na Consulta 00622243 (...) aprovada por unanimidade, reafirmei o entendimento esposado, seno confirmemos: Esse tipo de servio no reclama, a meu ver, processo de licitao, mas apenas simples credenciamento, dada a inviabilidade de se acometer a uma nica instituio o monoplio de receber os tributos municipais. Fato dessa natureza, se admitido, com certeza, ao invs de facilitar e descomplicar a vida do cidado, tornar a sua obrigao tributria bas-tante enredada, pois a ele s restar a alternativa de ter que recolher os impostos devidos ao municpio na entidade vencedora do certame, o que um absurdo em se cuidando de simples ato de recebimento. Ainda nesse passo, afirmo, com base na Resoluo n. 2.707, de 30/3/00, do Banco Central do Brasil, que os servios bancrios esto caminhando para a flexibilidade, para a informalidade, em face de o citado normativo permitir aos bancos a contratao de em-presas para o desempenho de prestao de servios, inclusive para o recebimento de tributos, sob a total responsabilidade da instituio financeira contratante (...). (Consulta n. 618075. Rel. Conselheiro Moura e Castro. Sesso do dia 15/09/2004)

    Processo Administrativo. Participao em licitao de empresas com scios comuns. A (...) irregularidade apontada refere-se ao fato de as empresas participantes da licitao possurem scios comuns, (...) o que contraria o art. 3 da Lei n. 8.666/93, segundo o qual a licitao destina-se a garantir a observncia do princpio constitucional da isonomia e deve ser processa-

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    da e julgada em estrita conformidade com os princpios bsicos da legalidade, impessoalidade, moralidade, igualdade e probidade administrativa, dentre outros. Portanto, a participao de empresas com scios comuns, ao ensejar a manipulao da licitao pelos concorrentes, vicia todo o certame, comprometendo a competitividade que deve caracterizar o procedimento licitatrio e ferindo os princpios da isonomia e da moralidade administrativa. (Processo Admi-nistrativo n. 609160. Rel. Conselheiro Sylo Costa. Sesso do dia 24/04/2003)

    Processo Administrativo. Alegao do responsvel de que no teve acesso documentao ne-cessria defesa. A defesa alega que no encaminhou a referida documentao, verbis por no ter acesso aos arquivos da Prefeitura por motivos polticos. Sobre o tema, o rgo Tcnico registra a doutrina do Prof. Hely Lopes Meirelles: O princpio da publicidade dos atos e contra-tos administrativos, alm de assegurar seus efeitos externos, visa a propiciar seu conhecimento e controle pelos interessados diretos e pelo povo em geral, atravs dos meios constitucionais mandado de segurana (art. 5., LXIX), direito de petio (art. 5., XXXIV, a), ao popular (art. 5., LXXIII), habeas data (art. 5., LXXII), suspenso dos direitos polticos por improbida-de administrativa (art. 37, 4). A publicidade, como princpio de administrao pblica (CF, art. 37, caput), abrange toda atuao estatal, no s sob o aspecto de divulgao oficial de seus atos como, tambm, de propiciao de conhecimento da conduta interna de seus agentes. Essa publicidade atinge, assim, os atos concludos e em formao, os processos em andamento, os pareceres dos rgos tcnicos e jurdicos, os despachos intermedirios e finais, as atas de jul-gamentos das licitaes e os contratos com quaisquer interessados, bem como os comprovantes de despesas e as prestaes de contas submetidas aos rgos competentes. Tudo isto papel ou documento pblico que pode ser examinado na repartio por qualquer interessado, e dele pode obter certido ou fotocpia autenticada para os fins constitucionais. (MEIRELLES, hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 14 edio, So Paulo/SP, Editora Revista dos Tribunais Ltda., 1989, p. 82 e 83) Ora, sabido que a prpria Constituio da Repblica assegura ao in-teressado o direito ao acesso a informaes e documentao pblica concernentes defesa de seus interesses. Contudo, in casu, o defendente no fez prova acerca de qualquer tentativa de obteno da documentao referente, limitando-se a alegar que no teve acesso ao arquivo da Prefeitura por motivos polticos. (Processo Administrativo n. 450987. Rel. Conselheiro Murta Lages. Sesso do dia 28/10/1999)

    Licitao. Modificao no edital de licitao. [A] modificao do edital, sem a necessria devo-luo do prazo mnimo de publicidade (fls. 27 e 28), em desrespeito ao estabelecido no art. 21, 4 da Lei n. 8.666/93, (...) [viola] pelo menos dois princpios: igualdade e publicidade. (...) exigncia formal definir e estipular a quantidade do objeto a ser licitado (art. 14 e 7, II, do art. 15 da Lei n. 8.666/93), quando da formulao de um edital. Alter-lo quantitativamente durante o curso do certame, aps conhecida a proposta do licitante, desrespeitar no s ao mandamento legal, mas a um conjunto de princpios (vinculao ao ato convocatrio, igualdade entre os licitantes, impessoalidade, legalidade). (Licitao n. 54842. Rel. Conselheiro Moura e Castro. Sesso do dia 19/06/1997)

    1o vedado aos agentes pblicos:

    I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocao, clusulas ou condies que comprometam, restrinjam ou frustrem o seu carter competitivo e estabele-am preferncias ou distines em razo da naturalidade, da sede ou domiclio dos licitantes ou de qualquer outra circunstncia impertinente ou irrelevante para o especfico objeto do contrato;

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    Licitao. Ilegalidade da aquisio de veculo luxuoso e da caracterizao excessivamente de-talhada do objeto. (...) determinei, liminarmente, a suspenso da licitao, (...) [pela] cons-tatao da inobservncia aos princpios da economicidade, razoabilidade e, principalmente, da moralidade, em face das caractersticas do objeto licitado, veculo de alto luxo, cuja real necessidade para a municipalidade se questiona, em face do interesse pblico a ser salvaguar-dado, alm da caracterizao do objeto de forma muito detalhada, levando a inferir que se tra-tava de fabricante exclusivo, equivalendo-se indicao de marca, o que vedado pela Lei de Licitaes, conforme art. 7, 5. (...) Itens de segurana no incluem, a meu ver, equipamento de CD com, no mnimo, 6 (seis) discos, revestimento dos bancos e volante em couro, rodas de liga leve, dentre outros. (Licitao n. 702536. Rel. Conselheiro Moura e Castro. Sesso do dia 06/12/2005)

    Representao. Nulidade de clusula de edital que impede o envio de propostas por via postal. Conforme se depreende do item 3.2: No sero aceitas documentao e propostas remetidas por via postal ou fac-smile. Contudo, a restrio imposta aos licitantes no encontra amparo no ordenamento jurdico. A Constituio da Repblica, no art. 37, inc. XXI, estabelece como princpios norteadores do processo licitatrio a isonomia entre os licitantes e a ampla concor-rncia, sendo que qualquer ato tendente a restringir a participao dos interessados ser tido como nulo. Neste sentido, entendo que vedar a apresentao de propostas por via postal res-tringe o carter competitivo do certame, eis que, se no impede a participao de interessados de outras localidades, no mnimo, dificulta, o que no se coaduna com o texto constitucional e os preceitos basilares da licitao. (Representao n. 719380. Rel. Conselheiro Antnio Carlos Andrada. Sesso do dia 05/12/2006)

    Representao. Exigncia do edital de doao dos equipamentos de rede de comunicao de dados ao final da execuo do contrato. O rgo tcnico (...) afirma, quanto exigncia de doao [dos equipamentos utilizados] ao final da execuo do contrato, (...) que no se jus-tifica, podendo, alm de ter contribudo para a elevao dos custos da contratao, tambm ter restringido a ampla participao no certame. O interessado argumenta, fl. 313, [ressal-tando a] necessidade extrema de segurana dos dados (...). O rgo tcnico, em relatrio de reexame (...), reitera o questionamento da regularidade da referida exigncia de doao dos equipamentos, j que a doao no seria o instituto correto para a aquisio de equipamentos, apesar de concluir, tambm, que tal irregularidade no configurou prejuzo aos cofres pblicos. Ocorre que a doao, conforme definida pelo Cdigo Civil, art. 1165, deve ser gratuita e feita por liberalidade de quem est doando, no podendo, desse modo, decorrer de um exigncia contida em edital de licitao. Isso, por sua vez, torna esta exigncia impertinente em relao ao objeto do contrato, luz do art. 3, 1, I da Lei 8666/93. O Ministrio Pblico junto ao Tribu-nal de Contas, s fls. 332 a 336, faz uma outra ressalva, alm daquelas j feitas pelo rgo tc-nico, que relativa ao cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal. (...) Diante do exposto, e tendo em vista que a exigncia, contida no edital, de doao dos equipamentos utilizados durante a execuo do contrato, no observa o que prescreve o Cdigo Civil brasileiro, quanto ao instituto da doao e que, em decorrncia disso, no foi observado o art. 3, 1, I da Lei 8666/93, que veda a incluso de circunstncias impertinentes relacionadas ao objeto licitado, considero irregular o procedimento licitatrio. (Representao n. 732443. Rel. Conselheiro Antnio Carlos Andrada. Sesso do dia 18/11/2008)

    Denncia. Licitude de clusulas restritivas. (...) inciso I, do 1, do art. 3 da Lei n. 8.666/93 (...) [] analisado por Maral Justen Filho, como a seguir: O disposto no significa, porm, ve-dao a clusulas restritivas da participao. no impede a previso de exigncias rigorosas

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    27Captulo I

    nem impossibilita exigncias que apenas possam ser cumpridas por especficas pessoas. Vedam-se clusulas desnecessrias ou inadequadas, cuja previso seja orientada no se-lecionar a proposta mais vantajosa, mas a beneficiar alguns particulares. Se a restrio for necessria para tender ao interesse coletivo, nenhuma irregularidade existir em sua previso. tero de ser analisados conjuntamente a clusula restritiva e o objeto da licitao. A ve-dao no reside na restrio em si mesma, mas na incompatibilidade dessa restrio com o objeto da licitao. Alis, essa interpretao ratificada pelo previsto no art. 37, inc. XXI, da CF. A incompatibilidade poder derivar de a restrio ser excessiva ou desproporcional s neces-sidades da Administrao. o ato convocatrio tem de estabelecer as regras necessrias para seleo da proposta vantajosa. se essas exigncias sero ou no rigorosas, isso depender do tipo de prestao que o particular dever assumir. respeitadas as exigncias necessrias para assegurar a seleo da proposta mais vantajosa, sero invlidas todas as clusulas que, ainda que indiretamente, prejudiquem o carter competitivo da licitao. (JUSTEN FILhO, Maral. Comentrios a Lei de Licitaes e Contratos Administrativos, 11 ed., Dialtica, p. 61 e 62) (...). (Denncia n. 747505. Rel. Conselheira Adriene Andrade. Sesso do dia 05/08/2008)

    Licitao. Atestados de qualificao tcnica. [A exigncia na habilitao] de 02 (dois) atesta-dos de qualificao tcnica (...) levou restrio do carter competitivo do certame. (...) do art. 37, XXI, da Constituio da Repblica e do art. 3, 1, I, da Lei de Licitaes, depreende-se a impossibilidade de serem feitas exigncias imotivadas a serem observadas pelos particula-res interessados no certame. (...) as regras previstas na Lei n. 8.666/93 (art. 30, 1, I e 5 c/c art. 3, 1, I) nos mostram que o Poder Pblico no pode prever no edital a obrigatoriedade na apresentao de um nmero mnimo de atestados. (...) a Administrao, ao tecer exigncias de qualificao tcnica, deve ater-se s suficientes e necessrias para a execuo do objeto em licitao. (...) O que est em exame a aptido do licitante em executar o objeto semelhan-te ao da licitao e no quantas vezes j executou objetos semelhantes. (...) o instrumento convocatrio no pode estabelecer o nmero de atestados a serem apresentados. Se um nico documento for capaz de comprovar que o particular j executou contrato com caractersticas anlogas ao objeto licitado, no h porque exigir dois ou mais atestados para a habilitao do participante neste quesito. (Licitao n. 431587. Rel. Conselheiro Simo Pedro. Sesso 1 do dia 07/04/2007).

    Consulta. Possibilidade de as cooperativas participarem de licitao. (...) cumpre trazer baila alguns posicionamentos deste Tribunal de Contas no sentido de que as cooperativas esto impossibilitadas de figurar como licitantes ao argumento de que tal participao infringe o prin-cpio da igualdade, dada a inviabilidade de competio, em razo dos possveis incentivos que as permeiam. A matria foi objeto de decises desta Corte quando das respostas s consultas n.s 249384, 439155, 459267 e 656094. Entretanto, esses posicionamentos merecem algumas consideraes. Primeiramente, o que se visa coibir o cooperativismo de fachada, adotado por algumas empresas para ocultar o vnculo empregatcio com seus trabalhadores (caracterizado pela relao de subordinao, pessoalidade, remunerao e no-eventualidade) como acontece amide no setor de intermediao de mo-de-obra, conferindo aos pseudocooperados uma fic-tcia autonomia de trabalho trao fundamental nas cooperativas esquivando-se, sobretudo, dos encargos previdencirios e laborais, como o FGTS. Lado outro, faz-se mister registrar a res-posta consulta n. 682676, proferida pelo Exmo. Sr. Conselheiro Jos Ferraz, em 16/06/2004, que, ao firmar a convico sobre a viabilidade da contratao de cooperativa de txi pela Ad-ministrao, legitimou exceo aos entendimentos aventados nos precedentes desta Casa, no sentido de possibilitar a participao de cooperativas em certames licitatrios. (...) Portanto, o posicionamento desta Casa acerca da vedao da participao de cooperativas em processos li-

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    citatrios no absoluta. Registre-se, sobretudo, que o entendimento consignou, com proprie-dade, o dever do exame acerca da natureza jurdica de cada cooperativa. (...) Faz-se coerente pontuar, ainda, que o Tribunal de Contas da Unio entende que as cooperativas podem partici-par de procedimento licitatrio julgado TC-012.485/2002-9 de 22/01/2003, Relator Ministro Benjamim Zymler, que dispe em seu voto: no h vedao legal, portanto, para que possam celebrar avenas com o Poder Pblico. Como frisado anteriormente, a licitao concretiza o princpio constitucional da impessoalidade e da igualdade, portanto, as restries a terceiros contratar com a administrao somente podem ser aquelas previstas em lei e desde que limitadas qualificao tcnica e econmica indispensveis execuo do contrato. (...) o professor Maral Justen Filho afirma, in verbis, que essas consideraes permitem afirmar que possvel e vivel a participao de cooperativa em licitao quando o objeto licitado se enqua-dra na atividade direta e especfica para a qual a cooperativa foi constituda. Se porm, a exe-cuo do objeto contratual escapar dimenso do objeto social da cooperativa ou caracterizar atividade especulativa, haver atuao irregular da cooperativa. Ser hiptese de sua inabilita-o. (in Comentrios Lei de Licitaes e Contratos Administrativos. 7 ed. Dialtica, So Pau-lo, 2000, p. 316). (...) a Constituio Federal estimulou a atividade cooperativista, consoante se depreende do 2 do art. 174, ao estipular que a lei apoiar e estimular o cooperativismo e outras formas de associativismo. Evidente que o Estatuto de Licitaes e Contratos no a Lei requerida pelo constituinte para concretizar o comando constitucional supra. No traz aes positivas do Estado no sentido de fomentar o desenvolvimento das cooperativas. todavia, no pode acarretar atitude negativa do Poder Pblico. Contraria o direito admitir que o mesmo estado que tem por dever constitucional editar lei para incentivar o cooperativismo venha, por meio de interpretao de normas legais, restringir o desenvolvimento de cooperativas. (...) No h como desconhecer que a questo jurdica envolvida complexa. Todavia, acompa-nho o entendimento que ampara a possibilidade de participao de cooperativas em licitaes, somente permitindo-se no procedimento as exigncias de qualificao tcnica e econmica indispensveis garantia do cumprimento das obrigaes, observada, entretanto, a natureza jurdica da cooperativa e desde que respeitados os princpios constitucionais em especial o da impessoalidade e o da igualdade bem como verificado que o objeto da licitao encontra-se enquadrado ao objeto social da cooperativa e, ainda, absolutamente descaracterizado o coo-perativismo de fachada, observada em todos os casos a legislao vigente. (...) concluo pela viabilidade da participao de cooperativas de crdito nos procedimentos licitatrios, cerne da presente questo, devendo-se levar em considerao, entretanto, quais os servios que podem ser ofertados aos associados e aos no-associados. (Consulta n. 711021. Rel. Conselheiro An-tnio Carlos Andrada. Sesso do dia 11/10/2006)

    Licitao. Excessiva diversidade de itens como objeto de uma nica licitao. Prestao de servios bsicos de infra-estrutura, compreendendo a manuteno de vias urbanas com o for-necimento de mo-de-obra, materiais e equipamentos para a realizao da coleta de lixo e servios correlatos no Municpio. (...) o objeto licitado amplo e diversificado, composto de itens distintos, o que requer para sua execuo empresas de especialidades diversas. (...) A Administrao, ao concentrar em um nico procedimento licitatrio objetos diversos, que demandam licitaes autnomas, violou o princpio da competitividade, pois certamente, ao englobar itens distintos num mesmo certame, reduziu o universo de possveis interessados que no dispem de capacidade para executar to amplos e diversificados servios, podendo, inclu-sive, comprometer a qualidade dos servios a serem prestados. (...) a diversidade de itens num mesmo certame inviabiliza sua execuo por uma mesma empresa. (Licitao n. 627765. Rel. Conselheiro Moura e Castro. Sesso do dia 03/10/2006)

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    29Captulo I

    Representao. Ilicitude da exigncia de registro em duas entidades. A exigncia de registro simultneo em duas entidades de classe profissional revela-se, de plano, inconsistente. (...) verifica-se patente violao do disposto no inciso I, do 1 do art. 3 da Lei 8.666/93, pois a exigncia de registro em duas entidades profissionais configura o comprometimento do carter competitivo do certame. Tanto assim que, dos trs proponentes, dois foram inabilitados. (Re-presentao n. 703753. Rel. Conselheiro Moura e Castro. Sesso do dia 07/02/2006)

    Licitao. Ilicitude da exigncia de visto do CREA-MG. Considero ilegal e restritiva ao carter competitivo do procedimento a exigncia de visto do CREA-MG na certido de registro da em-presa para proponentes sediadas em outros Estados como condio para habilitao. (Licita-o n. 696088. Rel. Conselheiro Moura e Castro. Sesso do dia 20/09/2005)

    Licitao. Ilicitude da exigncia de visto do CREA-MG. (...) foi exigido aos licitantes com sede fora do Estado (...) o visto do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de Minas Gerais - CREA-MG, na certido registrada no rgo de classe da circunscrio de origem, em consonncia com a legislao pertinente. (...) para a obteno da citada cer-tido necessrio um procedimento de solicitao ao CREA-MG, o qual demanda um prazo de 20 (vinte) dias teis. Tal procedimento (...) inviabiliza a participao no certame de empresas sediadas fora do Estado. Isto porque, conforme 2, inciso II e 3 do art. 21 da Lei 8.666/93, o lapso temporal entre a publicao do edital e o recebimento das propostas de 30 (trinta) dias consecutivos. Logo, trata-se de restrio ao carter competitivo da licitao, visto que referi-do dispositivo impede a participao de licitantes com sede fora do Estado, ferindo de modo inconteste o inciso I do 1 do art. 3 da Lei 8.666/93. (Licitao n. 698860. Rel. Conselheiro Moura e Castro. Sesso do dia 20/06/2005)

    II - estabelecer tratamento diferenciado de natureza comercial, legal, trabalhista, previdenciria ou qualquer outra, entre empresas brasileiras e estrangeiras, inclu-sive no que se refere a moeda, modalidade e local de pagamentos, mesmo quando envolvidos financiamentos de agncias internacionais, ressalvado o disposto no pa-rgrafo seguinte e no art. 3o da lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991.

    2o em igualdade de condies, como critrio de desempate, ser assegurada pre-ferncia, sucessivamente, aos bens e servios:

    I - produzidos ou prestados por empresas brasileiras de capital nacional;

    II - produzidos no Pas;

    III - produzidos ou prestados por empresas brasileiras.

    IV - produzidos ou prestados por empresas que invistam em pesquisa e no desenvol-vimento de tecnologia no Pas. (Includo pela lei n. 11.196, de 2005)

    3o a licitao no ser sigilosa, sendo pblicos e acessveis ao pblico os atos de seu procedimento, salvo quanto ao contedo das propostas, at a respectiva abertura.

    Denncia. Restrio participao de cidados nas sesses relacionadas ao processo licitat-rio. ilegal a restrio de que qualquer cidado participe das sesses relacionadas aos atos do processo licitatrio. Nesse sentido, Maral Justen Filho: Excludas as propostas (at sua

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    abertura), os atos da licitao sero pblicos. Qualquer pessoa ter acesso ao local onde esti-verem sendo praticados. Ainda que seja vedada a sua interferncia ou participao, qualquer um ter a faculdade de presenciar os atos praticados pelos titulares de funes pblicas. Se for interessado e preencher os requisitos necessrios, poder inclusive participar formalmente. Sua presena ter efeitos jurdicos. O desrespeito a esse Princpio pode acarretar nulidade dos atos da licitao. Frise-se que, ainda que seja razovel a Administrao estabelecer um limite de participantes que podero se manifestar durante a Sesso, visando o bom andamento e a organizao da mesma, ilegal limitar o nmero de pessoas que iro apenas presenciar o ato pblico, sem se manifestar. (Denncia n. 751396. Rel. Conselheiro Eduardo Carone Costa. Sesso do dia 04/06/2008)

    Representao. Sigilo como exceo. Cabe observar que o sigilo de que trata o 3 do art. 3 da Lei 8.666/93 no constitui um princpio norteador das licitaes, mas uma exceo ao carter pblico dos procedimentos de contratao, restringindo-se apenas ao contedo das propostas. (Representao n. 706695. Rel. Conselheiro Moura e Castro. Sesso do dia 08/08/2006)

    Licitao. Conduta concertada, conluio dos licitantes. (...) percebe-se um indcio de fraude na licitao, j que tudo aponta para a existncia de uma vinculao entre os licitantes na elaborao das trs propostas, alm disso, a redao dessas idntica. (...) o carter competi-tivo e sigiloso das propostas restou prejudicado, tendo em vista que os participantes j tinham conhecimento das demais propostas, antes mesmo da abertura dessas perante a Comisso de Licitao. Assim, viu-se ferido o princpio do sigilo das propostas e, conseqentemente, acabou-se com qualquer possibilidade de competitividade. (...) o princpio da moralidade tambm foi violado. A moralidade administrativa um dos pressupostos que deve reger os atos da Ad-ministrao Pblica e est previsto no art. 37, caput, da Constituio da Repblica. Por esse princpio, tem-se que o administrador deve agir da melhor maneira possvel, de forma honesta e sem prejudicar ningum. (...) h assinaturas semelhantes em duas propostas e um mesmo signatrio em duas propostas. Isso acaba por restringir a concorrncia e, assim, claramente prejudicar outras empresas que teriam interesse em competir na mencionada licitao. (Lici-tao n. 615047. Rel. Conselheiro Moura e Castro. Sesso do dia 14/02/2006)

    4 (Vetado). (Includo pela lei n. 8.883, de 1994)

    art. 4o todos quantos participem de licitao promovida pelos rgos ou entidades a que se refere o art. 1 tm direito pblico subjetivo fiel observncia do perti-nente procedimento estabelecido nesta lei, podendo qualquer cidado acompanhar o seu desenvolvimento, desde que no interfira de modo a perturbar ou impedir a realizao dos trabalhos.

    Pargrafo nico. o procedimento licitatrio previsto nesta lei caracteriza ato admi-nistrativo formal, seja ele praticado em qualquer esfera da administrao Pblica.

    Recurso de Reviso. Importncia do rigor formal nas Licitaes. No se pode simplesmente deduzir que tenha havido avaliao dos bens apenas porque o edital atribui preos mnimos aos lotes levados a leilo, nem que tenha havido publicidade porque houve comparecimento de interessados ao certame e muito menos que houve ampla divulgao do resultado porque o recorrente diz que houve. O ato administrativo formal por excelncia, e a formalidade, como tenho dito, no deriva do capricho do legislador, mas da necessidade de se registrar o ato. A natureza pblica impe ao administrador o dever de prestar contas de seus atos e a demonstra-o da lisura com que se procede s possvel por meio documental. A importncia dada for-

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    31Captulo I

    malidade pelo legislador revela-se na medida em que este reputa criminosa sua inobservncia, conforme capitulado no art. 89 do Estatuto das Licitaes. (Recurso de Reviso n. 640463. Rel. Conselheiro Moura e Castro. Sesso do dia 13/08/2003)

    Licitao. Importncia do rigor formal nas Licitaes. [No suficiente a alegao de que] a ento Comisso Permanente de Licitao deixou de observar determinados preceitos legais (...) [devido] inexperincia da maioria dos seus membros (...) [e de que tal ato] no foi con-taminado de m-f e nem causou prejuzo, de qualquer ordem, nem para a [Administrao] (...), nem para terceiros. (...) por estar adstrita ao princpio da legalidade, a [entidade] (...) deveria ter observado os preceitos legais pertinentes, independentemente de o fato no ter sido contaminado de m-f e nem ter causado prejuzo, e, ainda, da alegada inexperincia da Comisso de Licitao. (Licitao n. 446582. Rel. Conselheiro Antnio Carlos Andrada. Sesso do dia 27/02/2007)

    art. 5o todos os valores, preos e custos utilizados nas licitaes tero como ex-presso monetria a moeda corrente nacional, ressalvado o disposto no art. 42 desta lei, devendo cada unidade da administrao, no pagamento das obrigaes relativas ao fornecimento de bens, locaes, realizao de obras e prestao de servios, obedecer, para cada fonte diferenciada de recursos, a estrita ordem cro-nolgica das datas de suas exigibilidades, salvo quando presentes relevantes razes de interesse pblico e mediante prvia justificativa da autoridade competente, de-vidamente publicada.

    Consulta. Ordem cronolgica e requisitos para o pagamento. Explicitando o dispositivo enfoca-do, o citado administrativista, Maral Justen Filho, pondera o seguinte: a (...) Lei imps que os pagamentos devidos pela Administrao atentem para a ordem cronolgica das exigibilidades. Isso significa que a Administrao no pode escolher a quem beneficiar com o pagamento. No possvel alterar a ordem cronolgica dos pagamentos. Isso evita prticas reprovveis que j foram denunciadas, onde a liberao do pagamento ficava na dependncia de gestes polticas, etc. A previso de alterao da ordem cronolgica dos pagamentos em razo de relevantes ra-zes de interesse pblico ofende ao princpio da isonomia. A Administrao no pode beneficiar determinados particulares e estabelecer privilgios no tocante aos pagamentos. Muito menos poderia faz-lo atravs da invocao do interesse pblico, o qual exige, isto sim, que a Adminis-trao trate os particulares de modo isonmico. (IN ob. Cit., p. 45). (...) oportuna se apresenta a reproduo do entendimento do i. Auditor, Dr. Eduardo Carone, sobre a matria (...): No caso em apreo, se ficar documentadamente comprovada a impossibilidade do pagamento, por culpa exclusiva do credor, evidente que a falta cometida por ele no pode resultar em prejuzo aos demais. Todavia, os impedimentos provocados pelo credor no se caracterizam apenas atravs de simples alegaes do Administrador. Em casos dessa natureza, o (...) Responsvel pelo paga-mento deve comprovar, documentadamente, que intimou, deu conhecimento pleno ao credor para que lhe apresentasse a documentao necessria para legitimar o pagamento que lhe far o Poder Pblico, assinando-lhe prazo razovel para exibio daquilo que a legislao em vigor estabelece como exigncia a ser suprida por quem tem crdito a receber dos Cofres Pblicos. Somente o que est na Lei ou no Ato Convocatrio da licitao e no respectivo contrato que pode constituir exigncia a legitimar o pagamento. (...) Caracterizado, de forma ineludvel, que o pagamento do crdito no se pode efetuar, por culpa exclusiva do credor, observadas as cautelas assinaladas, entendo que a obrigao do Poder Pblico, inscrita imediatamente aps, poder ser legitimada, e a anterior, aps a regularizao das exigncias legais e regulamentares ser satisfeita. (...) toda vez que a ordem cronolgica dos pagamentos sofrer alterao, o Ato

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    do Gestor dever ser motivado e publicado, tendo em vista o princpio da publicidade a que a Administrao est sujeita (art. 37 da CF). (Consulta n. 470269. Rel. Conselheiro Simo Pedro Toledo. Sesso do dia 18/03/1998)

    1o os crditos a que se refere este artigo tero seus valores corrigidos por crit-rios previstos no ato convocatrio e que lhes preservem o valor.

    2o a correo de que trata o pargrafo anterior cujo pagamento ser feito junto com o principal, correr conta das mesmas dotaes oramentrias que atende-ram aos crditos a que se referem. (redao dada pela lei n. 8.883, de 1994)

    3o observados o disposto no caput, os pagamentos decorrentes de despesas cujos valores no ultrapassem o limite de que trata o inciso II do art. 24, sem prejuzo do que dispe seu pargrafo nico, devero ser efetuados no prazo de at 5 (cinco) dias teis, contados da apresentao da fatura. (Includo pela lei n. 9.648, de 1998)

    SEO II DAS DEFINIES

    art. 6o Para os fins desta lei, considera-se:

    I - obra - toda construo, reforma, fabricao, recuperao ou ampliao, realiza-da por execuo direta ou indireta;

    II - servio - toda atividade destinada a obter determinada utilidade de interes-se para a administrao, tais como: demolio, conserto, instalao, montagem, operao, conservao, reparao, adaptao, manuteno, transporte, locao de bens, publicidade, seguro ou trabalhos tcnico-profissionais;

    Consulta. Fornecimento de refeies nas unidades penais prestao de servio. (...) embo-ra omissa a legislao de regncia, predomina, na doutrina, entendimento segundo o qual a natureza jurdica do fornecimento de alimento de prestao de servios e no compra. Na espcie, os ingredientes, exempli gratia, o arroz, feijo, carne etc., no so objetos do con-trato licitado, mas sim o esforo pessoal do licitante no preparo e fornecimento da refeio, o que configura um servio a ser prestado. (...) no devemos confundir compras de natureza ininterrupta com servios de carter contnuo, pois os contratos destes, ao contrrio dos da-quelas, que tm prazo de vigncia limitados aos respectivos exerccios financeiros (art. 57, caput), podem ser celebrados por perodos superiores (Lei 8.666/93, art. 57, II). (...) Este tipo de servio (...) enquadra-se nos contratos de execuo continuada, que admite a prorrogao por iguais e sucessivos perodos at o limite mximo de sessenta meses (art. 57, II), desde que prevista expressamente no termo de ajuste, justificada por escrito e previamente autorizada pela autoridade competente (2, art. 57). (Consulta n. 678606. Rel. Conselheiro Moura e Castro. Sesso do dia 13/08/2003)

    III - Compra - toda aquisio remunerada de bens para fornecimento de uma s vez ou parceladamente;

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    33Captulo I

    IV - alienao - toda transferncia de domnio de bens a terceiros;

    V - obras, servios e compras de grande vulto - aquelas cujo valor estimado seja superior a 25 (vinte e cinco) vezes o limite estabelecido na alnea c do inciso I do art. 23 desta lei;

    VI - seguro-Garantia - o seguro que garante o fiel cumprimento das obrigaes assu-midas por empresas em licitaes e contratos;

    VII - execuo direta - a que feita pelos rgos e entidades da administrao, pelos prprios meios;

    VIII - execuo indireta - a que o rgo ou entidade contrata com terceiros sob qual-quer dos seguintes regimes: (redao dada pela lei n. 8.883, de 1994)

    a) empreitada por preo global - quando se contrata a execuo da obra ou do ser-vio por preo certo e total;

    b) empreitada por preo unitrio - quando se contrata a execuo da obra ou do servio por preo certo de unidades determinadas;

    c) (Vetado). (redao dada pela lei n. 8.883, de 1994)

    d) tarefa - quando se ajusta mo-de-obra para pequenos trabalhos por preo certo, com ou sem fornecimento de materiais;

    e) empreitada integral - quando se contrata um empreendimento em sua integrali-dade, compreendendo todas as etapas das obras, servios e instalaes necessrias, sob inteira responsabilidade da contratada at a sua entrega ao contratante em condies de entrada em operao, atendidos os requisitos tcnicos e legais para sua utilizao em condies de segurana estrutural e operacional e com as carac-tersticas adequadas s finalidades para que foi contratada;

    IX - Projeto Bsico - conjunto de elementos necessrios e suficientes, com nvel de preciso adequado, para caracterizar a obra ou servio, ou complexo de obras ou servios objeto da licitao, elaborado com base nas indicaes dos estudos tcni-cos preliminares, que assegurem a viabilidade tcnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do empreendimento, e que possibilite a avaliao do custo da obra e a definio dos mtodos e do prazo de execuo, devendo conter os seguin-tes elementos:

    Denncia. Clusulas essenciais no contrato de concesso de transporte coletivo urbano. (...) a Administrao deveria disponibilizar, com base em servios j prestados ou em estudos tcnicos previamente elaborados, tal detalhamento do modo como espera ver executado o servio, tais como o nmero e as condies de uso de veculos. Nesse sentido, a assertiva de Marcos Jurena Villela Souto, que lembro, in litteris: So clusulas essenciais do contrato de concesso, entre outras presentes nas concesses, as relativas ao nmero de linhas, nome das linhas e nmero mnimo de nibus exigidos, ao modo, forma, condies e prazo de prestao de servios, ao preo de servio e aos critrios e procedimentos para o reajuste e a reviso das tarifas, for-ma de fiscalizao dos nibus, das instalaes, dos equipamentos, dos mtodos e prticas de

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    execuo do servio, bem como a indicao dos rgos competentes para exerc-la. (SOUTO, Marcos Jurena Villela. Direito Administrativo das Concesses, 5 edio, So Paulo, Lumen Ju-ris, 2005, pg. 229). (Denncia n. 747230. Rel. Conselheira Adriene Andrada. Sesso do dia 25/03/2008)

    Processo Administrativo. Contedo do Projeto Bsico e Projeto Executivo. Por definio, o pro-jeto bsico contm os estudos preliminares de viabilidade tcnica, possibilitando a avaliao do custo da obra ou dos servios, bem como os mtodos de sua execuo. J o projeto executivo contm o conjunto de elementos necessrios e suficientes execuo completa da obra ou ser-vio, de acordo com as normas tcnicas pertinentes da ABNT. (...) o tema requer uma reflexo: os Tribunais de Contas tm se deparado, freqentemente, com um fato que, infelizmente, no tem merecido a devida ateno dos responsveis pelas obras pblicas: refiro-me produo de projetos bsicos de qualidade e eficincia suficientes para o adequado desenvolvimento tcnico e financeiro do empreendimento, sabendo-se que o projeto bsico imprescindvel contrata-o e o projeto executivo pode ser desenvolvido com a execuo do empreendimento. No dizer do Min. Marcos Vincios Vilaa, do TCU, um projeto bsico deficiente frmula infalvel para a colheita de toda sorte de problemas na conduo da obra (...). (Processo Administrativo n. 685019. Rel. Conselheiro Simo Pedro Toledo. Sesso do dia 14/08/2007)

    Licitao. Detalhamento do Projeto Bsico. A principal irregularidade detectada no exame do presente edital prende-se ao fato de o projeto bsico ter sido apresentado de forma inadequa-da e incompleta, no permitindo o detalhamento do objeto a ser contratado, comprometendo a lisura do certame, uma vez que no foram indicadas as ruas e avenidas a serem asfaltadas. (...) a simples referncia ao Plano Plurianual, como alegado em defesa, no tem o condo de conferir ao projeto o grau de preciso que o planejamento administrativo requer, pois o fato de o PPA contemplar previso de investimentos em pavimentao em locais especficos no ga-rante que tais servios venham a ser efetivados. O inciso IX do art. 6 da Lei 8.666/93 define os parmetros e o nvel de detalhamento que deve conter o projeto bsico, sendo estes imprescin-dveis para a identificao e dimensionamento corretos das tcnicas e materiais. (...) somente com o detalhamento preciso dos locais onde sero feitas novas pavimentaes e a realizao de estudos mais precisos sobre as necessidades de manuteno, a Administrao Municipal poder estimar corretamente os quantitativos e melhor dimensionar e orar os servios, possibilitando alcanar o custo/benefcio adequado. (Licitao n. 696088. Rel. Conselheiro Moura e Castro. Sesso do dia 20/09/2005)

    a) desenvolvimento da soluo escolhida de forma a fornecer viso global da obra e identificar todos os seus elementos constitutivos com clareza;

    b) solues tcnicas globais e localizadas, suficientemente detalhadas, de forma a minimizar a necessidade de reformulao ou de variantes durante as fases de ela-borao do projeto executivo e de realizao das obras e montagem;

    c) identificao dos tipos de servios a executar e de materiais e equipamentos a incorporar obra, bem como suas especificaes que assegurem os melhores re-sultados para o empreendimento, sem frustrar o carter competitivo para a sua execuo;

    d) informaes que possibilitem o estudo e a deduo de mtodos construtivos, ins-talaes provisrias e condies organizacionais para a obra, sem frustrar o carter competitivo para a sua execuo;

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    e) subsdios para montagem do plano de licitao e gesto da obra, compreendendo a sua programao, a estratgia de suprimentos, as normas de fiscalizao e outros dados necessrios em cada caso;

    f) oramento detalhado do custo global da obra, fundamentado em quantitativos de servios e fornecimentos propriamente avaliados;

    X - Projeto executivo - o conjunto dos elementos necessrios e suficientes execu-o completa da obra, de acordo com as normas pertinentes da associao Brasileira de normas tcnicas - aBnt;

    XI - administrao Pblica - a administrao direta e indireta da Unio, dos estados, do Distrito Federal e dos municpios, abrangendo inclusive as entidades com personalidade ju-rdica de direito privado sob controle do poder pblico e das fundaes por ele institudas ou mantidas;

    XII - administrao - rgo, entidade ou unidade administrativa pela qual a adminis-trao Pblica opera e atua concretamente;

    XIII - Imprensa oficial - veculo oficial de divulgao da administrao Pblica, sendo para a Unio o Dirio oficial da Unio, e, para os estados, o Distrito Federal e os mu-nicpios, o que for definido nas respectivas leis; (redao dada pela lei n. 8.883, de 1994)

    Processo Administrativo. Publicidade dos atos licitatrios. Aconselha, analogamente, enten-der a Consulta n. 688.118, respondida na Sesso de 1/12/2004, que teve como Relator o Conselheiro Eduardo Carone Costa, que lembro in verbis: O pargrafo nico do art. 61 da Lei n. 8.666/93 de 21/06/1993 (com as alteraes introduzidas pela Lei n. 8.883 de 08/06/2003) determina a publicao resumida de instrumento de contrato ou de seus aditamentos na im-prensa oficial como condio indispensvel para sua eficcia e se aplica aos casos de dispensa de licitao previstos nos incisos I e II do art. 24 da mesma Lei. (...) Nas palavras do i. professor Maral Justen Filho, A Lei n. 8.883 acolheu os protestos generalizados contra a indevida intro-misso na rbita de peculiar interesse dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios. Cada uma dessas entidades dispe de autonomia para determinar o rgo que exercitar as funes de Imprensa Oficial (...). De fato, como bem sinaliza o trecho da doutrina citada, o disposi-tivo legal reproduzido explicita a competncia outorgada, in casu, aos Municpios, no inciso I do art. 30 da Constituio da Repblica de 1988, de legislar sobre assuntos de interesse local. Assim, a Imprensa Oficial do Municpio dever ser definida por Lei Municipal e, estando assim fixada, este ser o veculo de