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Lei de Imprensa O Julgamento no STF

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Lei de ImprensaO Julgamento no STF

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A queda da Lei de Imprensa e suas consequências

Em abril de 2009, o Supremo Tribunal Federal teve de decidir sobre um dos pontos mais relevantes ligados à liberdade de imprensa no Brasil. A Lei de Imprensa deveria ou não continuar em vigor?

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lei?

Editada em 1967, no início da fase mais dura do regime militar, a Lei de Imprensa brasileira trazia em seu cerne o gene da ditadura. Foi feita sob medida para punir com rigor os jornalistas e para reduzir a sua possibilidade de atuação.

Embora o Código Penal já trouxesse previsão de penas para os crimes contra a honra, por exemplo, a Lei de Imprensa criava punições mais duras para os jornalistas e criava, inclusive a pena de detenção para jornalistas.

A lei vigorou durante 32 anos, mesmo depois da redemocratização do país e da entrada em vigência da Constituição atual, promulgada em 1988. Até que nos anos 2000 ela foi questionada formalmente no Supremo Tribunal Federal.

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A contestação

O PDT, liderado pelo deputado federal Miro Teixeira, que havia sido ministro das Comunicações no governo Lula, foi ao Supremo Tribunal Federal contestar a lei. De acordo com a argumentação do partido, a Constituição brasileira não “recepcionou” a lei em 1988.

Isso significa o seguinte: a nova Constituição pregava valores, como a liberdade de expressão, prevista em cláusula pétrea, que seriam incompatíveis com a continuidade da lei anterior.

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A contestaçãoOs pontos questionados inicialmente foram os seguintes:

Os artigos que regulam a punição de jornalistas por supostos delitos de imprensa e que preveem penas mais severas que o próprio Código Penal. Enquanto a Lei de Imprensa prevê para o crime de calúnia uma pena máxima de três anos de detenção, o Código Penal prevê dois anos; para a injúria, a lei prevê um ano e o Código, seis meses; e para a difamação, a lei estabelece 18 meses e o Código, um ano.

O artigo que permite a apreensão de jornais e revistas que ofendam a moral e os bons costumes e a punição para quem vender ou produzir esses materiais.

 As penas de multa para notícias falsas, deturpadas ou que ofendam a dignidade de alguém.

A possibilidade de espetáculos e diversões públicas serem censurados.

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O STF

Corte Constitucional do país

Os onze ministros são indicados pelo presidente da República e nomeados após sabatina do Senado. Têm cargo vitalício até os 70 anos.

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O julgamento

Esperava-se que o STF pudesse tomar três caminhos no julgamento. Manter a lei por inteiro; manter alguns artigos e derrubar os mais polêmicos. Ou derrubar a lei como um todo. Conforme o julgamento andava, parecia que a derrubada como um todo era certa. Mas os votos se dividiram.

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Os votos contra a lei“Ou ela[a imprensa] é inteiramente livre, ou dela já não se pode cogitar senão como jogo de aparência jurídica.”Carlos Ayres Britto, relator

 "A liberdade de imprensa não se compraz com uma lei feita com a preocupação de restringi-la, de criar dificuldades ao exercício dessa instituição política."Carlos Alberto Menezes Direito

"O ponto de partida e de chegada da lei é garrotear a liberdade de imprensa."Cármen Lúcia

"A lei foi editada num período de exceção institucional cujo objetivo foi o de cercear ao máximo a liberdade de expressão com vista a consolidar o regime autoritário que vigorava no país."Ricardo Lewandowski

"A liberdade de imprensa não traduz uma questão meramente técnica. Representa matéria impregnada do maior relevo político, jurídico e social. Essa garantia básica que resulta da liberdade de expressão do pensamento representa um dos pilares da ordem democrática em nosso país."Celso de Mello

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Os votos a favor da lei

"A quem interessa o vácuo normativo? A jornais, jornalistas, aos cidadãos em geral? (...) Não me consta que a imprensa do País não seja uma imprensa livre."Marco Aurélio Mello

Joaquim Barbosa, atual presidente do STF, chegou a defender as penas mais duras para os jornalistas:

 “O tratamento em separado dessas figuras penais quando praticadas através da imprensa se justifica em razão da maior intensidade do dano causado à imagem da pessoa ofendida.”Joaquim Barbosa

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O resultado

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No final, por sete votos a três, a Lei de Imprensa foi totalmente anulada pelo STF e deixou de vigorar no país, com efeito imediato. Com isso, os jornalistas passaram a responder por seus atos de acordo com as demais legislações existentes no país, como o Código Penal, o Código Civil e a própria Constituição Federal.

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Novo projeto

Para combater o vácuo legal, surgiram algumas propostas para criar uma nova lei de direito de resposta no país. A que tramita com mais possibilidade de aprovação no momento é de autoria do senador paranaense Roberto Requião. Ela já foi examinada na Comissão de Constituição e Justiça do Senado e aprovada por unanimidade.

O projeto de Requião prevê que qualquer um que seja ofendido na imprensa tenha o direito de resposta em 60 dias, a não ser que o jornal, tevê, rádio ou outro veículo dê a resposta com o mesmo destaque por conta própria.

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Como ficam os processos já em

trâmite?Para o STJ (Superior Tribunal de Justiça) há quatro casos:

- Acórdãos baseados na lei, que devem ser anulados. O tribunal deve voltar a analisar o assunto

- Acórdãos nos quais a lei foi aplicada e o recurso pede seu afastamento. O recurso deve ser julgado

- Acórdãos não baseados na lei, mas cujos recursos pedem sua aplicação. O recurso não deve ser reconhecido

- Tanto o acórdão quanto o recurso têm como fundamento a lei civil e a lei de imprensa. Ambos devem ser analisados.