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Lei da Concorrência 2012

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  • I SRIE

    NDICE

    Tera-feira, 8 de maio de 2012 Nmero 89

    Assembleia da RepblicaLei n. 19/2012:

    Aprova o novo regime jurdico da concorrncia, revogando as Leis n.os 18/2003, de 11 de junho, e 39/2006, de 25 de agosto, e procede segunda alterao Lei n. 2/99, de 13 de janeiro. . . . 2404

    Resoluo da Assembleia da Repblica n. 65/2012:

    Recomenda ao Governo a iseno de pagamento de renovao de atestado multiuso de inca-pacidade em situaes irreversveis e a aplicao de uma taxa de 5 em caso de renovao peridica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2427

    Resoluo da Assembleia da Repblica n. 66/2012:

    Recomenda ao Governo, no mbito do Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre Geraes, Programa de Ao, 2012, o desenvolvimento de medidas concretas. . . . . . . . . 2427

    Ministrios das Finanas e da Solidariedade e da Segurana SocialPortaria n. 135/2012:

    Aprova os Estatutos do Instituto da Segurana Social, I. P. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2427

    Regio Autnoma dos AoresDecreto Regulamentar Regional n. 12/2012/A:

    Cria o Parque Arqueolgico Subaqutico do Dori, na ilha de So Miguel . . . . . . . . . . . . . . . . . 2439

    Nota. Foi publicado um suplemento ao Dirio da Repblica, n. 87, de 4 de maio de 2012, onde foi inserido o seguinte:

    Presidncia do Conselho de MinistrosDeclarao de Retificao n. 22-A/2012:

    Retifica o Decreto-Lei n. 52/2012, de 7 de maro, do Ministrio da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Territrio, que procede quarta alterao do Decreto--Lei n. 180/2004, de 27 de julho, transpondo a Diretiva n. 2009/17/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 23 de abril de 2009, que altera a Diretiva n. 2002/59/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 27 de junho de 2002, relativa instituio de um sistema comunitrio de acompanhamento e de informao do trfego de navios, publicado no Dirio da Repblica, 1. srie, n. 48, de 7 de maro de 2012. . . . . . . . . . . 2370-(2)

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  • 2404 Dirio da Repblica, 1. srie N. 89 8 de maio de 2012

    ASSEMBLEIA DA REPBLICA

    Lei n. 19/2012

    de 8 de maio

    Aprova o novo regime jurdico da concorrncia, revogandoas Leis n.os 18/2003, de 11 de junho, e 39/2006, de 25 de agosto, e procede segunda alterao Lei n. 2/99, de 13 de janeiro

    A Assembleia da Repblica decreta, nos termos da alnea c) do artigo 161. da Constituio, o seguinte:

    CAPTULO I

    Promoo e defesa da concorrncia

    Artigo 1.

    Objeto

    A presente lei estabelece o regime jurdico da concor-rncia.

    Artigo 2.

    mbito de aplicao

    1 A presente lei aplicvel a todas as atividades eco-nmicas exercidas, com carter permanente ou ocasional, nos setores privado, pblico e cooperativo.

    2 Sob reserva das obrigaes internacionais do Estado portugus, a presente lei aplicvel promoo e defesa da concorrncia, nomeadamente s prticas res-tritivas e s operaes de concentrao de empresas que ocorram em territrio nacional ou que neste tenham ou possam ter efeitos.

    Artigo 3.

    Noo de empresa

    1 Considera -se empresa, para efeitos da presente lei, qualquer entidade que exera uma atividade econmica que consista na oferta de bens ou servios num determinado mercado, independentemente do seu estatuto jurdico e do seu modo de financiamento.

    2 Considera -se como uma nica empresa o conjunto de empresas que, embora juridicamente distintas, consti-tuem uma unidade econmica ou mantm entre si laos de interdependncia decorrentes, nomeadamente:

    a) De uma participao maioritria no capital;b) Da deteno de mais de metade dos votos atribudos

    pela deteno de participaes sociais;c) Da possibilidade de designar mais de metade dos

    membros do rgo de administrao ou de fiscalizao;d) Do poder de gerir os respetivos negcios.

    Artigo 4.

    Servios de interesse econmico geral

    1 As empresas pblicas, as entidades pblicas empre-sariais e as empresas s quais o Estado tenha concedido direi-tos especiais ou exclusivos encontram -se abrangidas pela presente lei, sem prejuzo do disposto no nmero seguinte.

    2 As empresas encarregadas por lei da gesto de servios de interesse econmico geral ou que tenham a natureza de monoplio legal ficam submetidas ao disposto na presente lei, na medida em que a aplicao destas regras

    no constitua obstculo ao cumprimento, de direito ou de facto, da misso particular que lhes foi confiada.

    Artigo 5.

    Autoridade da Concorrncia

    1 O respeito pelas regras de promoo e defesa da concorrncia assegurado pela Autoridade da Concorrn-cia, que, para o efeito, dispe dos poderes sancionatrios, de superviso e de regulamentao estabelecidos na pre-sente lei e nos seus estatutos.

    2 Os estatutos da Autoridade da Concorrncia so aprovados por decreto -lei.

    3 O financiamento da Autoridade da Concorrncia assegurado pelas prestaes das autoridades reguladoras setoriais e pelas taxas cobradas, nos termos a definir nos estatutos.

    4 As autoridades reguladoras setoriais e a Autori-dade da Concorrncia cooperam entre si na aplicao da legislao de concorrncia, nos termos previstos na lei, podendo, para o efeito, celebrar protocolos de cooperao bilaterais ou multilaterais.

    5 Anualmente, a Autoridade da Concorrncia elabora o respetivo relatrio de atividades e de exerccio dos seus poderes e competncias sancionatrias, de superviso e de regulamentao, bem como o balano e as contas anuais de gerncia, relativos ao ano civil anterior.

    6 O relatrio e demais documentos referidos no nmero anterior, uma vez aprovados pelo conselho da Autoridade da Concorrncia e com o parecer do fiscal nico, so remetidos ao Governo at 30 de abril de cada ano, que, por sua vez, os envia Assembleia da Repblica.

    7 Na falta de despacho dos membros do Governo responsveis pelas reas da economia e das finanas, o relatrio, o balano e as contas consideram -se aprovados decorridos 90 dias aps a data da sua receo.

    8 O relatrio, o balano e as contas so publicados no Dirio da Repblica e na pgina eletrnica da Autoridade da Concorrncia, no prazo de 30 dias aps a sua aprovao, expressa ou tcita.

    Artigo 6.

    Escrutnio pela Assembleia da Repblica

    1 A Assembleia da Repblica realizar, pelo menos uma vez em cada sesso legislativa, um debate em plenrio sobre a poltica de concorrncia.

    2 Sem prejuzo das competncias do Governo em matria de poltica de concorrncia, os membros do conse-lho da Autoridade da Concorrncia comparecero perante a comisso competente da Assembleia da Repblica para:

    a) Audio sobre o relatrio de atividades da Autoridade da Concorrncia previsto no artigo 5. da presente lei, a realizar nos 30 dias seguintes ao seu recebimento;

    b) Prestar informaes ou esclarecimentos sobre as suas atividades ou questes de poltica de concorrncia, sempre que tal lhes for solicitado.

    Artigo 7.

    Prioridades no exerccio da sua misso

    1 No desempenho das suas atribuies legais, a Auto-ridade da Concorrncia orientada pelo critrio do interesse pblico de promoo e defesa da concorrncia, podendo, com base nesse critrio, atribuir graus de prioridade dife-rentes no tratamento das questes que chamada a analisar.

    Page 2

  • Dirio da Repblica, 1. srie N. 89 8 de maio de 2012 2405

    2 A Autoridade da Concorrncia exerce os seus poderes sancionatrios sempre que as razes de interesse pblico na perseguio e punio de violaes de nor-mas de defesa da concorrncia determinem a abertura de processo de contraordenao no caso concreto, tendo em conta, em particular, as prioridades da poltica de con-corrncia e os elementos de facto e de direito que lhe sejam apresentados, bem como a gravidade da eventual infrao, a probabilidade de poder provar a sua existncia e a extenso das diligncias de investigao necessrias para desempenhar, nas melhores condies, a misso de vigilncia do respeito pelos artigos 9., 11. e 12. da pre-sente lei e pelos artigos 101. e 102. do Tratado sobre o Funcionamento da Unio Europeia.

    3 Durante o ltimo trimestre de cada ano, a Autori-dade da Concorrncia publicita na sua pgina eletrnica as prioridades da poltica de concorrncia para o ano seguinte, sem qualquer referncia setorial no que se refere ao exer-ccio dos seus poderes sancionatrios.

    Artigo 8.

    Processamento de denncias

    1 A Autoridade da Concorrncia procede ao registo de todas as denncias que lhe forem transmitidas, proce-dendo abertura de processo de contraordenao ou de superviso se os elementos referidos na denncia assim o determinarem, nos termos do artigo anterior.

    2 Sempre que a Autoridade da Concorrncia consi-dere, com base nas informaes de que dispe, que no existem fundamentos bastantes para lhe dar seguimento nos termos do artigo anterior, deve informar o autor da denncia das respetivas razes e estabelecer um prazo, no inferior a 10 dias teis, para que este apresente, por escrito, as suas observaes.

    3 A Autoridade da Concorrncia no obrigada a tomar em considerao quaisquer outras observaes escritas rece-bidas aps o termo do prazo referido no nmero anterior.

    4 Se o autor da denncia apresentar as suas obser-vaes dentro do prazo estabelecido pela Autoridade da Concorrncia, e estas no conduzirem a uma alterao da apreciao da mesma, a Autoridade da Concorrncia declara a denncia sem fundamento relevante ou no merecedora de tratamento prioritrio, mediante deciso expressa, da qual cabe recurso para o Tribunal da Con-corrncia, Regulao e Superviso.

    5 Se o autor da denncia no apresentar as suas observaes dentro do prazo fixado pela Autoridade da Concorrncia, a denncia arquivada.

    6 A Autoridade da Concorrncia procede ao arqui-vamento das denncias que no do origem a processo.

    CAPTULO II

    Prticas restritivas da concorrncia

    SECO I

    Tipos de prticas restritivas

    Artigo 9.

    Acordos, prticas concertadas e decises de associaes de empresas

    1 So proibidos os acordos entre empresas, as prti-cas concertadas entre empresas e as decises de associaes

    de empresas que tenham por objeto ou como efeito impedir, falsear ou restringir de forma sensvel a concorrncia no todo ou em parte do mercado nacional, nomeadamente os que consistam em:

    a) Fixar, de forma direta ou indireta, os preos de compra ou de venda ou quaisquer outras condies de transao;

    b) Limitar ou controlar a produo, a distribuio, o desenvolvimento tcnico ou os investimentos;

    c) Repartir os mercados ou as fontes de abastecimento;d) Aplicar, relativamente a parceiros comerciais, con-

    dies desiguais no caso de prestaes equivalentes, colocando -os, por esse facto, em desvantagem na con-corrncia;

    e) Subordinar a celebrao de contratos aceitao, por parte dos outros contraentes, de prestaes suplementares que, pela sua natureza ou de acordo com os usos comer-ciais, no tm ligao com o objeto desses contratos.

    2 Exceto nos casos em que se considerem justifica-dos, nos termos do artigo seguinte, so nulos os acordos entre empresas e as decises de associaes de empresas proibidos pelo nmero anterior.

    Artigo 10.

    Justificao de acordos, prticas concertadas e decises de associaes de empresas

    1 Podem ser considerados justificados os acordos entre empresas, as prticas concertadas entre empresas e as decises de associaes de empresas referidas no artigo anterior que contribuam para melhorar a produo ou a dis-tribuio de bens ou servios ou para promover o desenvol-vimento tcnico ou econmico desde que, cumulativamente:

    a) Reservem aos utilizadores desses bens ou servios uma parte equitativa do benefcio da resultante;

    b) No imponham s empresas em causa quaisquer restries que no sejam indispensveis para atingir esses objetivos;

    c) No deem a essas empresas a possibilidade de eli-minar a concorrncia numa parte substancial do mercado dos bens ou servios em causa.

    2 Compete s empresas ou associaes de empresas que invoquem o benefcio da justificao fazer a prova do preenchimento das condies previstas no nmero anterior.

    3 So considerados justificados os acordos entre empresas, as prticas concertadas entre empresas e as deci-ses de associaes de empresas proibidos pelo artigo ante-rior que, embora no afetando o comrcio entre os Estados membros, preencham os restantes requisitos de aplicao de um regulamento adotado nos termos do disposto no n. 3 do artigo 101. do Tratado sobre o Funcionamento da Unio Europeia.

    4 A Autoridade da Concorrncia pode retirar o bene-fcio referido no nmero anterior se verificar que, em determinado caso, uma prtica abrangida produz efeitos incompatveis com o disposto no n. 1.

    Artigo 11.

    Abuso de posio dominante

    1 proibida a explorao abusiva, por uma ou mais empresas, de uma posio dominante no mercado nacional ou numa parte substancial deste.

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  • 2406 Dirio da Repblica, 1. srie N. 89 8 de maio de 2012

    2 Pode ser considerado abusivo, nomeadamente:

    a) Impor, de forma direta ou indireta, preos de com-pra ou de venda ou outras condies de transao no equitativas;

    b) Limitar a produo, a distribuio ou o desenvolvi-mento tcnico em prejuzo dos consumidores;

    c) Aplicar, relativamente a parceiros comerciais, con-dies desiguais no caso de prestaes equivalentes, colocando -os, por esse facto, em desvantagem na con-corrncia;

    d) Subordinar a celebrao de contratos aceitao, por parte dos outros contraentes, de prestaes suplementares que, pela sua natureza ou de acordo com os usos comer-ciais, no tenham ligao com o objeto desses contratos;

    e) Recusar o acesso a uma rede ou a outras infraestru-turas essenciais por si controladas, contra remunerao adequada, a qualquer outra empresa, desde que, sem esse acesso, esta no consiga, por razes de facto ou legais, ope-rar como concorrente da empresa em posio dominante no mercado a montante ou a jusante, a menos que esta ltima demonstre que, por motivos operacionais ou outros, tal acesso impossvel em condies de razoabilidade.

    Artigo 12.

    Abuso de dependncia econmica

    1 proibida, na medida em que seja suscetvel de afetar o funcionamento do mercado ou a estrutura da concorrncia, a explorao abusiva, por uma ou mais empresas, do estado de dependncia econmica em que se encontre relativamente a elas qualquer empresa for-necedora ou cliente, por no dispor de alternativa equi-valente.

    2 Podem ser considerados como abuso, entre outros, os seguintes casos:

    a) A adoo de qualquer dos comportamentos previstos nas alneas a) a d) do n. 2 do artigo anterior;

    b) A rutura injustificada, total ou parcial, de uma relao comercial estabelecida, tendo em considerao as relaes comerciais anteriores, os usos reconhecidos no ramo da atividade econmica e as condies contratuais estabe-lecidas.

    3 Para efeitos do n. 1, entende -se que uma empresa no dispe de alternativa equivalente quando:

    a) O fornecimento do bem ou servio em causa, nomea-damente o servio de distribuio, for assegurado por um nmero restrito de empresas; e

    b) A empresa no puder obter idnticas condies por parte de outros parceiros comerciais num prazo razovel.

    SECO II

    Processo sancionatrio relativo a prticas restritivas

    Artigo 13.

    Normas aplicveis

    1 Os processos por infrao ao disposto nos artigos 9., 11. e 12. regem -se pelo previsto na presente lei e, subsidiariamente, pelo regime geral do ilcito de mera ordenao social, aprovado pelo Decreto -Lei n. 433/82, de 27 de outubro.

    2 O disposto no nmero anterior igualmente apli-cvel, com as necessrias adaptaes, aos processos por infrao aos artigos 101. e 102. do Tratado sobre o Fun-cionamento da Unio Europeia instaurados pela Autoridade da Concorrncia, ou em que esta seja chamada a intervir ao abrigo das competncias que lhe so conferidas pela alnea g) do n. 1 do artigo 6. dos Estatutos da Autoridade da Concorrncia, aprovados pelo Decreto -Lei n. 10/2003, de 18 de janeiro.

    Artigo 14.

    Regras gerais sobre prazos

    1 Na falta de disposio especial, de 10 dias teis o prazo para ser requerido qualquer ato ou diligncia, serem arguidas nulidades, deduzidos incidentes ou exercidos quaisquer outros poderes processuais.

    2 Na fixao dos prazos que, nos termos da lei, dependam de deciso da Autoridade da Concorrncia, sero considerados os critrios do tempo razoavelmente neces-srio para a elaborao das observaes ou comunicaes a apresentar, bem como a urgncia na prtica do ato.

    3 Os prazos fixados legalmente ou por deciso da Autoridade da Concorrncia podem ser prorrogados, por igual perodo, mediante requerimento fundamentado, apre-sentado antes do termo do prazo.

    4 A Autoridade da Concorrncia recusa a prorrogao de prazo sempre que entenda, fundamentadamente, que o requerimento tem intuito meramente dilatrio.

    5 A deciso de recusa prevista no nmero anterior no passvel de recurso.

    Artigo 15.

    Prestao de informaes

    1 Sempre que a Autoridade da Concorrncia solicitar, por escrito, documentos e outras informaes a empresas ou quaisquer outras pessoas, singulares ou coletivas, o pedido deve ser instrudo com os seguintes elementos:

    a) A base jurdica, a qualidade em que o destinat-rio solicitado a transmitir informaes e o objetivo do pedido;

    b) O prazo para o fornecimento dos documentos ou para a comunicao das informaes;

    c) A meno de que as empresas devem identificar, de maneira fundamentada, as informaes que consideram confidenciais, por motivo de segredos de negcio, jun-tando, nesse caso, uma cpia no confidencial dos docu-mentos que contenham tais informaes, expurgada das mesmas;

    d) A indicao de que o incumprimento do pedido cons-titui contraordenao, nos termos da alnea h) do n. 1 do artigo 68.

    2 As informaes e documentos solicitados pela Autoridade da Concorrncia devem ser fornecidos no prazo no inferior a 10 dias teis, salvo se, por deciso fundamentada, for fixado prazo diferente.

    3 Aos documentos apresentados voluntariamente pelos visados pelo processo, pelo denunciante ou por qual-quer terceiro aplica -se o disposto na alnea c) do n. 1.

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    Artigo 16.

    Notificaes

    1 As notificaes so feitas por carta registada, diri-gida para a sede estatutria ou domiclio do destinatrio, ou pessoalmente, se necessrio, atravs das entidades policiais.

    2 Quando o destinatrio no tiver sede ou domiclio em Portugal, a notificao realizada na sucursal, agncia ou representao em Portugal ou, caso no existam, na sede estatutria ou domiclio no estrangeiro.

    3 A notificao de medida cautelar, de nota de ilici-tude, de deciso de arquivamento, com ou sem imposio de condies, de deciso condenatria em procedimento de transao e de deciso com admoestao ou que aplique coima e demais sanes, ou que respeite prtica de ato pessoal, sempre dirigida ao visado.

    4 Sempre que o visado no for encontrado ou se recusar a receber a notificao a que se refere o nmero anterior, considera -se notificado mediante anncio publi-cado num dos jornais de maior circulao nacional, com indicao sumria da imputao que lhe feita.

    5 As notificaes so tambm feitas ao advogado ou defensor, quando constitudo ou nomeado, sem preju-zo de deverem ser igualmente feitas ao visado nos casos previstos no n. 3.

    6 A notificao postal presume -se feita no terceiro e no stimo dia til seguintes ao do registo nos casos do n. 1 e da segunda parte do n. 2, respetivamente.

    7 No caso previsto no n. 5, o prazo para a prtica de ato processual subsequente notificao conta -se a partir do dia til seguinte ao da data da notificao que foi feita em ltimo lugar.

    8 A falta de comparncia do visado pelo processo a ato para o qual tenha sido notificado nos termos do presente artigo no obsta a que o processo de contraordenao siga os seus termos.

    Artigo 17.

    Abertura do inqurito

    1 A Autoridade da Concorrncia procede abertura de inqurito por prticas proibidas pelos artigos 9., 11. e 12. da presente lei ou pelos artigos 101. e 102. do Tratado sobre o Funcionamento da Unio Europeia, oficiosamente ou na sequncia de denncia, respeitando o disposto no artigo 7. da presente lei.

    2 No mbito do inqurito, a Autoridade da Concor-rncia promove as diligncias de investigao necessrias determinao da existncia de uma prtica restritiva da concorrncia e dos seus agentes, bem como recolha de prova.

    3 Todas as entidades pblicas, designadamente os servios da administrao direta, indireta ou autnoma do Estado, bem como as autoridades administrativas independentes, tm o dever de participar Autoridade da Concorrncia os factos de que tomem conhecimento, suscetveis de serem qualificados como prticas restritivas da concorrncia.

    4 Qualquer pessoa, singular ou coletiva, que tiver notcia de uma prtica restritiva pode denunci -la Auto-ridade da Concorrncia, desde que apresente denncia usando para o efeito o formulrio aprovado pela Autoridade da Concorrncia e publicitado na sua pgina eletrnica.

    5 Os rgos de soberania e os seus titulares, no desempenho das suas misses e funes de defesa da ordem constitucional e legal, tm o dever de comunicar Autori-dade de Concorrncia violaes da concorrncia.

    Artigo 18.

    Poderes de inquirio, busca e apreenso

    1 No exerccio de poderes sancionatrios, a Autori-dade da Concorrncia, atravs dos seus rgos ou funcio-nrios, pode, designadamente:

    a) Interrogar a empresa e demais pessoas envolvidas, pessoalmente ou atravs de representante legal, bem como solicitar -lhes documentos e outros elementos de infor-mao que entenda convenientes ou necessrios para o esclarecimento dos factos;

    b) Inquirir quaisquer outras pessoas, pessoalmente ou atravs de representantes legais, cujas declaraes consi-dere pertinentes, bem como solicitar -lhes documentos e outros elementos de informao;

    c) Proceder, nas instalaes, terrenos ou meios de trans-porte de empresas ou de associaes de empresas, busca, exame, recolha e apreenso de extratos da escrita e demais documentao, independentemente do seu suporte, sempre que tais diligncias se mostrem necessrias obteno de prova;

    d) Proceder selagem dos locais das instalaes de empresas e de associaes de empresas em que se encon-trem ou sejam suscetveis de se encontrar elementos da escrita ou demais documentao, bem como dos respetivos suportes, incluindo computadores e outros equipamentos eletrnicos de armazenamento de dados, durante o pero do e na medida estritamente necessria realizao das dili-gncias a que se refere a alnea anterior;

    e) Requerer a quaisquer servios da Administrao Pblica, incluindo as entidades policiais, a colaborao que se mostrar necessria ao cabal desempenho das suas funes.

    2 As diligncias previstas nas alneas c) e d) do nmero anterior dependem de deciso da autoridade judi-ciria competente.

    3 A autorizao referida no nmero anterior soli-citada previamente pela Autoridade da Concorrncia, em requerimento fundamentado, devendo o despacho ser pro-ferido no prazo de 48 horas.

    4 Os funcionrios que, no exterior, procedam s diligncias previstas nas alneas a) a c) do n. 1 devem ser portadores:

    a) Nos casos das alneas a) e b), de credencial emitida pela Autoridade da Concorrncia, da qual constar a fina-lidade da diligncia;

    b) Nos casos da alnea c), da credencial referida na al-nea anterior e do despacho previsto no n. 3, que , nesse momento, notificado ao visado.

    5 A notificao a que refere a alnea b) do nmero anterior realizada na pessoa do representante legal ou, na ausncia do mesmo, na de qualquer colaborador da empresa ou associao de empresas que se encontre presente.

    6 Na realizao das diligncias previstas nas al-neas c) e d) do n. 1, a Autoridade da Concorrncia pode fazer -se acompanhar das entidades policiais.

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  • 2408 Dirio da Repblica, 1. srie N. 89 8 de maio de 2012

    7 No se encontrando nas instalaes o representante legal do visado, trabalhadores ou outros colaboradores, ou havendo recusa da notificao, a mesma efetuada mediante afixao de duplicado do termo da diligncia em local visvel das instalaes.

    8 Das diligncias previstas nas alneas a) a d) do n. 1 elaborado auto, que notificado aos visados.

    9 A falta de comparncia das pessoas convocadas a prestar declaraes junto da Autoridade da Concorrncia no obsta a que os processos sigam os seus termos.

    Artigo 19.

    Busca domiciliria

    1 Existindo fundada suspeita de que existem, no domiclio de scios, de membros de rgos de adminis-trao e de trabalhadores e colaboradores de empresas ou associaes de empresas, provas de violao grave dos artigos 9. ou 11. da presente lei ou dos artigos 101. ou 102. do Tratado sobre o Funcionamento da Unio Euro-peia, pode ser realizada busca domiciliria, que deve ser autorizada, por despacho, pelo juiz de instruo, a reque-rimento da Autoridade da Concorrncia.

    2 O requerimento deve mencionar a gravidade da infrao investigada, a relevncia dos meios de prova procurados, a participao da empresa ou associao de empresas envolvidas e a razoabilidade da suspeita de que as provas esto guardadas no domiclio para o qual pedida a autorizao.

    3 O juiz de instruo pode ordenar Autoridade da Concorrncia a prestao de informaes sobre os elemen-tos que forem necessrios para o controlo da proporciona-lidade da diligncia requerida.

    4 O despacho deve ser proferido no prazo de 48 horas, identificando o objeto e a finalidade da diligncia, fixando a data em que esta tem incio e indicando a possibilidade de impugnao judicial.

    5 busca domiciliria aplica -se o disposto na alnea b) do n. 4 e nos n.os 5 a 8 do artigo 18., com as necessrias adaptaes.

    6 A busca em casa habitada ou numa sua dependncia fechada s pode ser ordenada ou autorizada pelo juiz de instruo e efetuada entre as 7 e as 21 horas, sob pena de nulidade.

    7 Tratando -se de busca em escritrio de advogado ou em consultrio mdico, esta realizada, sob pena de nulidade, na presena do juiz de instruo, o qual avisa previamente o presidente do conselho local da Ordem dos Advogados ou da Ordem dos Mdicos, para que o mesmo, ou um seu delegado, possa estar presente.

    8 As normas previstas no presente artigo aplicam--se, com as necessrias adaptaes, a buscas a realizar noutros locais, incluindo veculos, de scios, membros de rgos de administrao e trabalhadores ou colaboradores de empresas ou associaes de empresas.

    Artigo 20.

    Apreenso

    1 As apreenses de documentos, independentemente da sua natureza ou do seu suporte, so autorizadas, orde-nadas ou validadas por despacho da autoridade judiciria.

    2 A Autoridade da Concorrncia pode efetuar apreen-ses no decurso de buscas ou quando haja urgncia ou perigo na demora.

    3 As apreenses efetuadas pela Autoridade da Con-corrncia no previamente autorizadas ou ordenadas so sujeitas a validao pela autoridade judiciria, no prazo mximo de 72 horas.

    4 apreenso de documentos operada em escrit-rio de advogado ou em consultrio mdico correspon-dentemente aplicvel o disposto nos n.os 7 e 8 do artigo anterior.

    5 Nos casos referidos no nmero anterior no per-mitida, sob pena de nulidade, a apreenso de documentos abrangidos pelo segredo profissional, ou abrangidos por segredo profissional mdico, salvo se eles mesmos cons-titurem objeto ou elemento da infrao.

    6 A apreenso em bancos ou outras instituies de crdito de documentos abrangidos por sigilo bancrio efe-tuada pelo juiz de instruo, quando tiver fundadas razes para crer que eles esto relacionados com uma infrao e se revelam de grande interesse para a descoberta da verdade ou para a prova, mesmo que no pertenam ao visado.

    7 O juiz de instruo pode examinar qualquer docu-mentao bancria para descoberta dos objetos a apreender nos termos do nmero anterior.

    8 O exame feito pessoalmente pelo juiz de ins-truo, coadjuvado, quando necessrio, pelas entidades policiais e por tcnicos qualificados da Autoridade da Concorrncia, ficando ligados por dever de segredo rela-tivamente a tudo aquilo de que tiverem tomado conheci-mento e no tiver interesse para a prova.

    Artigo 21.

    Competncia territorial

    competente para autorizar as diligncias previstas nas alneas c) e d) do n. 1 do artigo 18. e nos artigos 19. e 20. o Ministrio Pblico ou, quando expressamente previsto, o juiz de instruo, ambos da rea da sede da Autoridade da Concorrncia.

    Artigo 22.

    Procedimento de transao no inqurito

    1 No decurso do inqurito, a Autoridade da Concor-rncia pode fixar prazo, no inferior a 10 dias teis, para que o visado pelo inqurito manifeste, por escrito, a sua inteno de participar em conversaes, tendo em vista a eventual apresentao de proposta de transao.

    2 No decurso do inqurito, o visado pelo inqu-rito pode manifestar, por requerimento escrito dirigido Autoridade da Concorrncia, a sua inteno de iniciar conversaes, tendo em vista a eventual apresentao de proposta de transao.

    3 O visado pelo inqurito que participe nas conver-saes de transao deve ser informado pela Autoridade da Concorrncia, 10 dias teis antes do incio das mesmas, dos factos que lhe so imputados, dos meios de prova que permitem a imputao das sanes e da medida legal da coima.

    4 As informaes referidas no nmero anterior, bem como quaisquer outras que sejam facultadas pela Autori-dade da Concorrncia no decurso das conversaes, so confidenciais, sem prejuzo de a Autoridade da Concor-rncia poder expressamente autorizar a sua divulgao ao visado pelo inqurito.

    5 A Autoridade da Concorrncia pode, a qualquer momento, por deciso no suscetvel de recurso, pr termo

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  • Dirio da Repblica, 1. srie N. 89 8 de maio de 2012 2409

    s conversaes, relativamente a um ou mais visados pelo inqurito, se considerar que no permitem alcanar ganhos processuais.

    6 Concludas as conversaes, a Autoridade da Con-corrncia fixa prazo, no inferior a 10 dias teis, para que o visado pelo inqurito apresente, por escrito, a sua proposta de transao.

    7 A proposta de transao apresentada pelo visado deve refletir o resultado das conversaes e reconhecer a sua responsabilidade na infrao em causa, no podendo ser, por este, unilateralmente revogada.

    8 Recebida a proposta de transao, a Autoridade da Concorrncia procede sua avaliao, verificando o cumprimento do disposto no nmero anterior, podendo rejeit -la por deciso no suscetvel de recurso, se a con-siderar infundada, ou aceit -la, procedendo elabora-o e notificao da minuta de transao contendo a identificao do visado, a descrio sumria dos factos imputados, a meno das disposies legais violadas e a indicao dos termos da transao, incluindo as sanes concretamente aplicadas, mencionando a percentagem de reduo da coima.

    9 O visado pelo processo confirma, por escrito, no prazo fixado pela Autoridade da Concorrncia, no inferior a 10 dias teis aps a notificao, que a minuta de transao reflete o teor das suas propostas.

    10 Caso o visado pelo processo no manifeste o seu acordo, nos termos do nmero anterior, o processo de contraordenao prossegue os seus termos, ficando sem efeito a minuta de transao a que se refere o n. 8.

    11 A proposta de transao apresentada nos termos do n. 7 considerada revogada decorrido o prazo referido no n. 9 sem manifestao de concordncia do visado pelo processo, e no pode ser utilizada como elemento de prova contra nenhum visado no procedimento de transao.

    12 A minuta de transao convola -se em deciso definitiva condenatria com a confirmao do visado pelo processo, nos termos do n. 9, e o pagamento da coima aplicada, no podendo os factos voltar a ser apreciados como contraordenao para os efeitos da presente lei.

    13 Os factos confessados pelo visado pelo processo na deciso condenatria a que se refere o nmero anterior no podem ser judicialmente impugnados para efeitos de recurso nos termos do artigo 84.

    14 A reduo da coima nos termos do artigo 78. no seguimento da apresentao de um pedido do visado para o efeito somada reduo da coima que tem lugar nos termos do presente artigo.

    15 Para efeitos do disposto no n. 1 do artigo 25., a Autoridade da Concorrncia concede acesso s propostas de transao apresentadas nos termos do presente artigo, no sendo delas permitida qualquer reproduo, exceto se autorizada pelo autor.

    16 No concedido o acesso de terceiros s pro-postas de transao apresentadas nos termos do presente artigo, exceto se autorizado pelo autor.

    Artigo 23.

    Arquivamento mediante imposio de condies no inqurito

    1 A Autoridade da Concorrncia pode aceitar com-promissos propostos pelo visado que sejam suscetveis de eliminar os efeitos sobre a concorrncia decorrentes das prticas em causa, arquivando o processo mediante a

    imposio de condies destinadas a garantir o cumpri-mento dos compromissos propostos.

    2 A Autoridade da Concorrncia, sempre que con-sidere adequado, notifica o visado pelo inqurito de uma apreciao preliminar dos factos, dando -lhe a oportunidade de apresentar compromissos suscetveis de eliminar os efeitos sobre a concorrncia decorrentes das prticas em causa.

    3 A Autoridade da Concorrncia ou os visados pelo inqurito podem decidir interromper as conversaes a qualquer momento, prosseguindo o processo de contra-ordenao os seus termos.

    4 Antes da aprovao de uma deciso de arquiva-mento mediante imposio de condies, a Autoridade da Concorrncia publica na sua pgina eletrnica e em dois dos jornais de maior circulao nacional, a expensas do visado pelo inqurito, resumo do processo, identifi-cando a referida pessoa, bem como o contedo essencial dos compromissos propostos, fixando prazo no inferior a 20 dias teis para a apresentao de observaes por terceiros interessados.

    5 A deciso identifica o visado pelo inqurito, os factos que lhe so imputados, o objeto do inqurito, as objees expressas, as condies impostas pela Autoridade da Concorrncia, as obrigaes do visado pelo inqurito relativas ao cumprimento das condies e o modo da sua fiscalizao.

    6 A deciso de arquivamento mediante a aceitao de compromissos e a imposio de condies nos termos do presente artigo no conclui pela existncia de uma infrao presente lei, mas torna obrigatrio para os destinatrios o cumprimento dos compromissos assumidos.

    7 Sem prejuzo das sanes que devam ser aplicadas, a Autoridade da Concorrncia pode, no prazo de dois anos, reabrir o processo que tenha sido arquivado com condies, sempre que:

    a) Tiver ocorrido uma alterao substancial da situao de facto em que a deciso se fundou;

    b) As condies no sejam cumpridas;c) A deciso de arquivamento tiver sido fundada em

    informaes falsas, inexatas ou incompletas.

    8 Compete Autoridade da Concorrncia verificar o cumprimento das condies.

    9 A verificao do cumprimento das condies impede a reabertura do processo, nos termos do n. 7.

    Artigo 24.

    Deciso do inqurito

    1 O inqurito deve ser encerrado, sempre que poss-vel, no prazo mximo de 18 meses a contar do despacho de abertura do processo.

    2 Sempre que se verificar no ser possvel o cumpri-mento do prazo referido no nmero anterior, o conselho da Autoridade da Concorrncia d conhecimento ao visado pelo processo dessa circunstncia e do perodo necessrio para a concluso do inqurito.

    3 Terminado o inqurito, a Autoridade da Concor-rncia decide:

    a) Dar incio instruo, atravs de notificao de nota de ilicitude ao visado, sempre que conclua, com base nas investigaes realizadas, que existe uma possibilidade razovel de vir a ser proferida uma deciso condenatria;

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    b) Proceder ao arquivamento do processo, quando as investigaes realizadas no permitam concluir pela pos-sibilidade razovel de vir a ser proferida uma deciso condenatria;

    c) Pr fim ao processo, por deciso condenatria, em procedimento de transao;

    d) Proceder ao arquivamento do processo mediante imposio de condies, nos termos previstos no artigo anterior.

    4 Caso o inqurito tenha sido originado por denncia, a Autoridade da Concorrncia, quando considere, com base nas informaes de que dispe, que no existe a possibili-dade razovel de vir a ser proferida deciso condenatria, informa o denunciante das respetivas razes e fixa prazo razovel, no inferior a 10 dias teis, para que este apre-sente, por escrito, as suas observaes.

    5 Se o denunciante apresentar as suas observaes dentro do prazo fixado e a Autoridade da Concorrncia considerar que as mesmas no revelam, direta ou indire-tamente, uma possibilidade razovel de vir a ser profe-rida uma deciso condenatria, o processo arquivado mediante deciso expressa, da qual cabe recurso para o Tribunal da Concorrncia, Regulao e Superviso.

    6 A deciso de arquivamento do processo notificada ao visado e, caso exista, ao denunciante.

    Artigo 25.

    Instruo do processo

    1 Na notificao da nota de ilicitude a que se refere a alnea a) do n. 3 do artigo anterior, a Autoridade da Concorrncia fixa ao visado pelo processo prazo razovel, no inferior a 20 dias teis, para que se pronuncie por escrito sobre as questes que possam interessar deciso do processo, bem como sobre as provas produzidas, e para que requeira as diligncias complementares de prova que considere convenientes.

    2 Na pronncia por escrito a que se refere o nmero anterior, o visado pelo processo pode requerer que a mesma seja complementada por uma audio oral.

    3 A Autoridade da Concorrncia pode recusar, atravs de deciso fundamentada, a realizao das diligncias com-plementares de prova requeridas quando as mesmas forem manifestamente irrelevantes ou tiverem intuito dilatrio.

    4 A Autoridade da Concorrncia pode realizar dili-gncias complementares de prova, designadamente as previstas no n. 1 do artigo 18., mesmo aps a pronncia do visado pelo processo a que se refere o n. 1 do presente artigo e da realizao da audio oral.

    5 A Autoridade da Concorrncia notifica o visado pelo processo da juno ao processo dos elementos pro-batrios apurados nos termos do nmero anterior, fixando--lhe prazo razovel, no inferior a 10 dias teis, para se pronunciar.

    6 Sempre que os elementos probatrios apurados em resultado de diligncias complementares de prova alte-rem substancialmente os factos inicialmente imputados ao visado pelo processo ou a sua qualificao, a Autoridade da Concorrncia emite nova nota de ilicitude, aplicando -se o disposto nos n.os 1 e 2.

    7 A Autoridade da Concorrncia adota, ao abrigo dos seus poderes de regulamentao, linhas de orientao sobre a investigao e tramitao processuais.

    Artigo 26.

    Audio oral

    1 A audio a que se refere o n. 2 do artigo anterior decorre perante a Autoridade da Concorrncia, na presena do requerente, sendo admitidas a participar as pessoas, singulares ou coletivas, que o mesmo entenda poderem esclarecer aspetos concretos da sua pronncia escrita.

    2 Sendo vrios os requerentes, as audies respetivas so realizadas separadamente.

    3 Na sua pronncia escrita, o requerente identifica as questes que pretende ver esclarecidas na audio oral.

    4 Na audio oral, o requerente, diretamente ou atra-vs das pessoas referidas no n. 1, apresenta os seus escla-recimentos, sendo admitida a juno de documentos.

    5 A Autoridade da Concorrncia pode formular per-guntas aos presentes.

    6 A audio gravada e a gravao autuada por termo.

    7 Da realizao da audio, bem como dos docu-mentos juntos, lavrado termo, assinado por todos os presentes.

    8 Do termo referido no nmero anterior, dos docu-mentos e da gravao so extradas cpias, que so envia-das ao requerente e notificadas aos restantes visados pelo processo, havendo -os.

    Artigo 27.

    Procedimento de transao na instruo

    1 Na pronncia qual se refere o n. 1 do artigo 25., o visado pelo processo pode apresentar uma proposta de transao, com a confisso dos factos e o reconhecimento da sua responsabilidade na infrao em causa, no podendo por este ser unilateralmente revogada.

    2 A apresentao de proposta de transao, nos ter-mos do nmero anterior, suspende o prazo do n. 1 do artigo 25., pelo perodo fixado pela Autoridade da Con-corrncia, no podendo exceder 30 dias teis.

    3 Recebida a proposta de transao, a Autoridade da Concorrncia procede sua avaliao, podendo rejeit--la, por deciso no suscetvel de recurso, se a conside-rar infundada, ou aceit -la, procedendo notificao da minuta de transao contendo a indicao dos termos de transao, incluindo as sanes concretamente aplicadas e a percentagem da reduo da coima.

    4 A Autoridade da Concorrncia concede ao visado pelo processo um prazo no inferior a 10 dias teis para que este proceda confirmao por escrito que a minuta de transao notificada nos termos do nmero anterior reflete o teor da sua proposta de transao.

    5 Caso o visado pelo processo no proceda con-firmao da proposta de transao, nos termos do nmero anterior, o processo de contraordenao segue os seus ter-mos, ficando sem efeito a deciso a que se refere o n. 3.

    6 A proposta de transao apresentada nos termos do n. 1 considerada revogada decorrido o prazo referido no n. 4 sem manifestao de concordncia do visado pelo processo, e no pode ser utilizada como elemento de prova contra nenhum visado pelo procedimento de transao.

    7 A minuta de transao convola -se em deciso defi-nitiva condenatria com a confirmao pelo visado pelo processo, nos termos do n. 4, e o pagamento da coima aplicada, no podendo os factos voltar a ser apreciados como contraordenao para efeitos da presente lei.

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    8 Os factos confessados pelo visado pelo processo na deciso condenatria a que se refere o nmero anterior no podem ser judicialmente impugnados, para efeitos de recurso.

    9 A reduo da coima nos termos do artigo 78. no seguimento da apresentao de um pedido do visado pelo processo para o efeito somada reduo da coima que tem lugar nos termos do presente artigo.

    10 Para efeitos do disposto no n. 1 do artigo 25., a Autoridade da Concorrncia concede acesso s propostas de transao apresentadas nos termos do presente artigo, no sendo delas permitida qualquer reproduo, exceto se autorizada pelo autor.

    11 No concedido o acesso de terceiros s propostas de transao apresentadas nos termos do presente artigo, exceto se autorizado pelo autor.

    Artigo 28.

    Arquivamento mediante imposio de condies na instruo

    No decurso da instruo, a Autoridade da Concorrncia pode arquivar o processo, mediante imposio de condi-es, aplicando -se o disposto no artigo 23.

    Artigo 29.

    Concluso da instruo

    1 A instruo deve ser concluda, sempre que poss-vel, no prazo mximo de 12 meses a contar da notificao da nota de ilicitude.

    2 Sempre que se verificar no ser possvel o cumpri-mento do prazo referido no nmero anterior, o conselho da Autoridade da Concorrncia d conhecimento ao visado pelo processo dessa circunstncia e do perodo necessrio para a concluso da instruo.

    3 Concluda a instruo, a Autoridade da Concorrn-cia adota, com base no relatrio do servio instrutor, uma deciso final, na qual pode:

    a) Declarar a existncia de uma prtica restritiva da concorrncia e, sendo caso disso, consider -la justificada, nos termos e condies previstos no artigo 10.;

    b) Proferir condenao em procedimento de transao, nos termos do artigo 27.;

    c) Ordenar o arquivamento do processo mediante impo-sio de condies, nos termos do artigo anterior;

    d) Ordenar o arquivamento do processo sem condies.

    4 As decises referidas na primeira parte da alnea a) do n. 3 podem ser acompanhadas de admoestao ou da aplicao das coimas e demais sanes previstas nos artigos 68., 71. e 72. e, sendo caso disso, da imposio de medidas de conduta ou de carter estrutural que sejam indispensveis cessao da prtica restritiva da concor-rncia ou dos seus efeitos.

    5 As medidas de carter estrutural a que se refere o nmero anterior s podem ser impostas quando no existir qualquer medida de conduta igualmente eficaz ou, existindo, a mesma for mais onerosa para o visado pelo processo do que as medidas de carter estrutural.

    Artigo 30.

    Segredos de negcio

    1 Na instruo dos processos, a Autoridade da Con-corrncia acautela o interesse legtimo das empresas, asso-

    ciaes de empresas ou outras entidades na no divulgao dos seus segredos de negcio, sem prejuzo do disposto no n. 3 do artigo seguinte.

    2 Aps a realizao das diligncias previstas nas al-neas c) e d) do n. 1 do artigo 18., a Autoridade da Concor-rncia concede ao visado pelo processo prazo, no inferior a 10 dias teis, para identificar, de maneira fundamentada, as informaes recolhidas que considere confidenciais por motivo de segredos de negcio, juntando, nesse caso, uma cpia no confidencial dos documentos que contenham tais informaes, expurgada das mesmas.

    3 Sempre que a Autoridade da Concorrncia pretenda juntar ao processo documentos que contenham informaes suscetveis de ser classificadas como segredos de neg-cio, concede empresa, associao de empresas ou outra entidade a que as mesmas se referem a oportunidade de se pronunciar, nos termos do nmero anterior.

    4 Se, em resposta solicitao prevista nos n.os 2 e 3 ou no artigo 15., a empresa, associao de empresas ou outra entidade no identificar as informaes que consi-dera confidenciais, no fundamentar tal identificao ou no fornecer cpia no confidencial dos documentos que as contenham, expurgada das mesmas, as informaes consideram -se no confidenciais.

    5 Se a Autoridade da Concorrncia no concordar com a classificao da informao como segredos de neg-cio, informa a empresa, associao de empresas ou outra entidade de que no concorda no todo ou em parte com o pedido de confidencialidade.

    Artigo 31.

    Prova

    1 Constituem objeto da prova todos os factos juri-dicamente relevantes para a demonstrao da existncia ou inexistncia da infrao, a punibilidade ou no punibi-lidade do visado pelo processo, a determinao da sano aplicvel e a medida da coima.

    2 So admissveis as provas que no forem proibidas por lei.

    3 Sem prejuzo da garantia dos direitos de defesa do visado pelo processo, a Autoridade da Concorrncia pode utilizar como meios de prova para a demonstrao de uma infrao s normas da concorrncia previstas na presente lei ou no direito da Unio Europeia a informao classificada como confidencial, por motivo de segredos de negcio, ao abrigo da alnea c) do n. 1 e do n. 3 do artigo 15. e dos n.os 2 e 3 do artigo anterior.

    4 Salvo quando a lei dispuser diferentemente, a prova apreciada segundo as regras da experincia e a livre convico da Autoridade da Concorrncia.

    5 A informao e a documentao obtida no mbito da superviso ou em processos sancionatrios da Autori-dade da Concorrncia podem ser utilizadas como meio de prova num processo sancionatrio em curso ou a instaurar, desde que as empresas sejam previamente esclarecidas da possibilidade dessa utilizao nos pedidos de informao que sejam dirigidos e nas diligncias efetuadas pela Auto-ridade da Concorrncia.

    Artigo 32.

    Publicidade do processo e segredo de justia

    1 O processo pblico, ressalvadas as excees previstas na lei.

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    2 A Autoridade da Concorrncia pode determinar que o processo seja sujeito a segredo de justia at deciso final, quando considere que a publicidade prejudica os interesses da investigao.

    3 A Autoridade da Concorrncia pode, oficiosamente ou mediante requerimento do visado pelo processo, deter-minar a sujeio do processo a segredo de justia at deciso final, quando entender que os direitos daquele o justificam.

    4 No caso de o processo ter sido sujeito a segredo de justia, a Autoridade da Concorrncia pode, oficiosa-mente ou mediante requerimento do visado pelo processo, determinar o seu levantamento em qualquer momento do processo, considerando os interesses referidos nos nmeros anteriores.

    5 Sem prejuzo dos pedidos das autoridades judici-rias, a Autoridade da Concorrncia pode dar conhecimento a terceiros do contedo de ato ou de documento em segredo de justia, se tal no puser em causa a investigao e se afigurar conveniente ao esclarecimento da verdade.

    6 A Autoridade da Concorrncia deve publicar na sua pgina eletrnica as decises finais adotadas em sede de processos por prticas restritivas, sem prejuzo da salva-guarda dos segredos de negcio e de outras informaes consideradas confidenciais.

    7 Devem ser tambm publicadas na pgina eletrnica da Autoridade da Concorrncia as sentenas e acrdos proferidos pelos tribunais, no mbito de recursos de deci-ses da Autoridade da Concorrncia.

    Artigo 33.

    Acesso ao processo

    1 O visado pelo processo pode, mediante requeri-mento, consultar o processo e dele obter, a expensas suas, extratos, cpias ou certides, salvo o disposto no nmero seguinte.

    2 A Autoridade da Concorrncia pode, at notifica-o da nota de ilicitude, vedar ao visado pelo processo o acesso ao processo, caso este tenha sido sujeito a segredo de justia nos termos do n. 2 do artigo anterior, e quando considerar que tal acesso pode prejudicar a investigao.

    3 Qualquer pessoa, singular ou coletiva, que demons-tre interesse legtimo na consulta do processo pode requer--la, bem como que lhe seja fornecida, a expensas suas, cpia, extrato ou certido do mesmo, salvo o disposto no artigo anterior.

    4 O acesso aos documentos referidos no n. 3 do artigo 31. dado apenas ao advogado ou ao assessor eco-nmico externo e estritamente para efeitos do exerccio de defesa nos termos do n. 1 do artigo 25. e da impugnao judicial da deciso da Autoridade da Concorrncia na qual os referidos elementos tenham sido utilizados como meio de prova, no sendo permitida a sua reproduo, total ou parcial por qualquer meio, nem a sua utilizao para qualquer outro fim.

    Artigo 34.

    Medidas cautelares

    1 Sempre que as investigaes realizadas indiciem que a prtica que objeto do processo est na iminncia de provocar prejuzo, grave e irreparvel ou de difcil reparao para a concorrncia, pode a Autoridade da Con-corrncia, em qualquer momento do processo, ordenar

    preventivamente a imediata suspenso da referida prtica restritiva ou quaisquer outras medidas provisrias necess-rias imediata reposio da concorrncia ou indispensveis ao efeito til da deciso a proferir no termo do processo.

    2 As medidas previstas neste artigo podem ser ado-tadas pela Autoridade da Concorrncia oficiosamente ou a requerimento de qualquer interessado e vigoram at sua revogao, por perodo no superior a 90 dias, salvo prorrogao, devidamente fundamentada, por iguais pero-dos, devendo a deciso do inqurito ser proferida no prazo mximo de 180 dias.

    3 A adoo das medidas referidas no n. 1 prece-dida de audio dos visados, exceto se tal puser em srio risco o objetivo ou a eficcia das mesmas, caso em que so ouvidos aps decretadas.

    4 Sempre que esteja em causa um mercado que seja objeto de regulao setorial, a Autoridade da Concorrncia solicita o parecer prvio da respetiva autoridade reguladora, a qual, querendo, dispe do prazo mximo de cinco dias teis para o emitir.

    5 Em caso de urgncia, a Autoridade da Concorrncia pode determinar oficiosamente as medidas provisrias que se mostrem indispensveis ao restabelecimento ou manu-teno de uma concorrncia efetiva, sendo os interessados ouvidos aps a deciso.

    6 No caso previsto no nmero anterior, quando esti-ver em causa mercado que seja objeto de regulao setorial, o parecer da respetiva entidade reguladora solicitado pela Autoridade da Concorrncia antes da deciso que ordene medidas provisrias.

    Artigo 35.

    Articulao com autoridades reguladoras setoriais no mbito de prticas restritivas de concorrncia

    1 Sempre que a Autoridade da Concorrncia tome conhecimento, nos termos previstos no artigo 17., de fac-tos ocorridos num domnio submetido a regulao setorial e suscetveis de ser qualificados como prticas restritivas, d imediato conhecimento dos mesmos autoridade regu-ladora setorial competente em razo da matria, para que esta se pronuncie, em prazo fixado pela Autoridade da Concorrncia.

    2 Sempre que estejam em causa prticas restritivas com incidncia num mercado que seja objeto de regula-o setorial, a adoo de uma deciso pela Autoridade da Concorrncia nos termos do n. 3 do artigo 29. prece-dida, salvo nos casos de arquivamento sem condies, de parecer prvio da respetiva autoridade reguladora setorial, que ser emitido em prazo fixado pela Autoridade da Con-corrncia.

    3 Sempre que, no mbito das respetivas atribuies e sem prejuzo do disposto no n. 3 do artigo 17., uma autoridade reguladora setorial apreciar, oficiosamente ou a pedido de entidades reguladas, questes que possam configurar uma violao do disposto na presente lei, d imediato conhecimento Autoridade da Concorrncia, juntando informao dos elementos essenciais.

    4 Antes da adoo de deciso final, a autoridade reguladora setorial d conhecimento do projeto da mesma Autoridade da Concorrncia, para que esta se pronuncie no prazo que lhe for fixado.

    5 Nos casos previstos nos nmeros anteriores, a Auto-ridade da Concorrncia pode, por deciso fundamentada, suspender a sua deciso de instaurar inqurito ou prosseguir o processo, pelo prazo que considere adequado.

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    CAPTULO III

    Operaes de concentrao de empresas

    SECO I

    Operaes sujeitas a controlo

    Artigo 36.

    Concentrao de empresas

    1 Entende -se haver uma concentrao de empre-sas, para efeitos da presente lei, quando se verifique uma mudana duradoura de controlo sobre a totalidade ou parte de uma ou mais empresas, em resultado:

    a) Da fuso de duas ou mais empresas ou partes de empresas anteriormente independentes;

    b) Da aquisio, direta ou indireta, do controlo da tota-lidade ou de partes do capital social ou de elementos do ativo de uma ou de vrias outras empresas, por uma ou mais empresas ou por uma ou mais pessoas que j detenham o controlo de, pelo menos, uma empresa.

    2 A criao de uma empresa comum constitui uma concentrao de empresas, na aceo da alnea b) do nmero anterior, desde que a empresa comum desem-penhe de forma duradoura as funes de uma entidade econmica autnoma.

    3 Para efeitos do disposto nos nmeros anteriores, o controlo decorre de qualquer ato, independentemente da forma que este assuma, que implique a possibilidade de exercer, com carter duradouro, isoladamente ou em conjunto, e tendo em conta as circunstncias de facto ou de direito, uma influncia determinante sobre a atividade de uma empresa, nomeadamente:

    a) A aquisio da totalidade ou de parte do capital social;

    b) A aquisio de direitos de propriedade, de uso ou de fruio sobre a totalidade ou parte dos ativos de uma empresa;

    c) A aquisio de direitos ou celebrao de contratos que confiram uma influncia determinante na composi-o ou nas deliberaes ou decises dos rgos de uma empresa.

    4 No havida como concentrao de empresas:

    a) A aquisio de participaes ou de ativos pelo admi-nistrador de insolvncia no mbito de um processo de insolvncia;

    b) A aquisio de participaes com meras funes de garantia;

    c) A aquisio de participaes por instituies de cr-dito, sociedades financeiras ou empresas de seguros em empresas com objeto distinto do objeto de qualquer um destes trs tipos de empresas, com carter meramente tem-porrio e para efeitos de revenda, desde que tal aquisio no seja realizada numa base duradoura, no exeram os direitos de voto inerentes a essas participaes com o objetivo de determinar o comportamento concorrencial das referidas empresas ou que apenas exeram tais direitos de voto com o objetivo de preparar a alienao total ou par-cial das referidas empresas ou do seu ativo ou a alienao dessas participaes, e desde que tal alienao ocorra no prazo de um ano a contar da data da aquisio, podendo o

    prazo ser prorrogado pela Autoridade da Concorrncia se as adquirentes demonstrarem que a alienao em causa no foi possvel, por motivo atendvel, no prazo referido.

    Artigo 37.

    Notificao prvia

    1 As operaes de concentrao de empresas esto sujeitas a notificao prvia quando preencham uma das seguintes condies:

    a) Em consequncia da sua realizao se adquira, crie ou reforce uma quota igual ou superior a 50 % no mercado nacional de determinado bem ou servio, ou numa parte substancial deste;

    b) Em consequncia da sua realizao se adquira, crie ou reforce uma quota igual ou superior a 30 % e inferior a 50 % no mercado nacional de determinado bem ou ser-vio, ou numa parte substancial deste, desde que o volume de negcios realizado individualmente em Portugal, no ltimo exerccio, por pelo menos duas das empresas que participam na operao de concentrao seja superior a cinco milhes de euros, lquidos dos impostos com estes diretamente relacionados;

    c) O conjunto das empresas que participam na concen-trao tenha realizado em Portugal, no ltimo exerccio, um volume de negcios superior a 100 milhes de euros, lquidos dos impostos com este diretamente relacionados, desde que o volume de negcios realizado individualmente em Portugal por pelo menos duas dessas empresas seja superior a cinco milhes de euros.

    2 As operaes de concentrao abrangidas pela presente lei devem ser notificadas Autoridade da Con-corrncia aps a concluso do acordo e antes de realizadas, sendo caso disso, aps a data da divulgao do anncio preliminar de uma oferta pblica de aquisio ou de troca, ou da divulgao de anncio de aquisio de uma partici-pao de controlo em sociedade emitente de aes admi-tidas negociao em mercado regulamentado, ou ainda, no caso de uma operao de concentrao que resulte de procedimento para a formao de contrato pblico, aps a adjudicao definitiva e antes de realizada.

    3 Nos casos a que se refere a parte final do nmero anterior, a entidade adjudicante regular, no programa do procedimento para a formao de contrato pblico, a articulao desse procedimento com o regime de controlo de operaes de concentrao consagrado na presente lei.

    4 Quando as empresas que participem numa opera-o de concentrao demonstrem junto da Autoridade da Concorrncia uma inteno sria de concluir um acordo ou, no caso de uma oferta pblica de aquisio ou de troca, a inteno pblica de realizar tal oferta, desde que do acordo ou da oferta previstos resulte uma operao de concentra-o, a mesma pode ser objeto de notificao voluntria Autoridade da Concorrncia, em fase anterior da cons-tituio da obrigao prevista no n. 2 do presente artigo.

    5 As operaes de concentrao projetadas podem ser objeto de avaliao prvia pela Autoridade da Concorrn-cia, segundo procedimento estabelecido pela mesma.

    Artigo 38.

    Conjunto de operaes

    1 Duas ou mais operaes de concentrao que sejam realizadas num perodo de dois anos entre as mesmas

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    pessoas singulares ou coletivas, e que individualmente consideradas no estejam sujeitas a notificao prvia, so consideradas como uma nica operao de concentrao sujeita a notificao prvia, quando o conjunto das opera-es atingir os valores de volume de negcios estabelecidos no n. 1 do artigo anterior.

    2 A operao de concentrao a que se refere o nmero anterior notificada Autoridade da Concorrn-cia aps a concluso do acordo para a realizao da ltima operao e antes de esta ser realizada.

    3 s operaes de concentrao a que se refere o n. 1, que individualmente consideradas no estejam sujei-tas a notificao prvia e que j tenham sido realizadas, no se aplica o disposto no n. 4 do artigo 40. e na alnea f) do n. 1 do artigo 68.

    Artigo 39.

    Quota de mercado e volume de negcios

    1 Para o clculo da quota de mercado e do volume de negcios de cada empresa em causa na concentrao, previstos no n. 1 do artigo 37., ter -se - em conta, cumu-lativamente, o volume de negcios:

    a) Da empresa em causa na concentrao, nos termos do artigo 36.;

    b) Da empresa em que esta dispe direta ou indireta-mente:

    i) De uma participao maioritria no capital;ii) De mais de metade dos votos;iii) Da possibilidade de designar mais de metade dos

    membros do rgo de administrao ou de fiscalizao;iv) Do poder de gerir os respetivos negcios;

    c) Das empresas que dispem na empresa em causa, isoladamente ou em conjunto, dos direitos ou poderes enumerados na alnea anterior;

    d) Das empresas nas quais qualquer das empresas refe-ridas na alnea anterior disponha dos direitos ou poderes enumerados na alnea b);

    e) Das empresas em que vrias empresas referidas nas alneas a) a d) dispem em conjunto, entre elas ou com empresas terceiras, dos direitos ou poderes enumerados na alnea b).

    2 No caso de uma ou vrias empresas que participam na operao de concentrao disporem conjuntamente, entre elas ou com empresas terceiras, dos direitos ou pode-res enumerados na alnea b) do nmero anterior, no clculo do volume de negcios de cada uma das empresas em causa na operao de concentrao, importa:

    a) No tomar em considerao o volume de negcios resultante da venda de produtos ou da prestao de servios realizados entre a empresa comum e cada uma das empre-sas em causa na operao de concentrao ou qualquer outra empresa ligada a estas na aceo das alneas b) a e) do nmero anterior;

    b) Tomar em considerao o volume de negcios resul-tante da venda de produtos e da prestao de servios rea-lizados entre a empresa comum e qualquer outra empresa terceira, o qual ser imputado a cada uma das empresas em causa na operao de concentrao, na parte correspon-dente sua diviso em partes iguais por todas as empresas que controlam a empresa comum.

    3 O volume de negcios a que se referem os nmeros anteriores compreende os valores dos produtos vendidos e dos servios prestados a empresas e consumidores no territrio portugus, lquidos dos impostos diretamente relacionados com o volume de negcios, mas no inclui as transaes efetuadas entre as empresas referidas no n. 1.

    4 Em derrogao ao disposto no n. 1, se a operao de concentrao consistir na aquisio de elementos do ativo de uma ou mais empresas, o volume de negcios a ter em considerao relativamente cedente apenas o relativo s parcelas que so objeto da transao.

    5 O volume de negcios substitudo:

    a) No caso das instituies de crdito e sociedades finan-ceiras, pela soma das seguintes rubricas de proveitos, tal como definidas na legislao aplicvel:

    i) Juros e proveitos equiparados;ii) Receitas de ttulos:

    Rendimentos de aes e de outros ttulos de rendimento varivel;

    Rendimentos de participaes;Rendimentos de partes do capital em empresas coli-

    gadas;

    iii) Comisses recebidas;iv) Lucro lquido proveniente de operaes financei-

    ras;v) Outros proveitos de explorao;

    b) No caso das empresas de seguros, pelo valor dos prmios brutos emitidos, pagos por residentes em Portugal, que incluem todos os montantes recebidos e a receber ao abrigo de contratos de seguro efetuados por essas empresas ou por sua conta, incluindo os prmios cedidos s ressegu-radoras, com exceo dos impostos ou taxas cobrados com base no montante dos prmios ou no seu volume total.

    Artigo 40.

    Suspenso da operao de concentrao

    1 proibida a realizao de uma operao de con-centrao sujeita a notificao prvia antes de notificada ou, tendo -o sido, antes de deciso da Autoridade da Con-corrncia, expressa ou tcita, de no oposio.

    2 O disposto no nmero anterior no prejudica a realizao de uma oferta pblica de compra ou de troca que tenha sido notificada Autoridade da Concorrncia ao abrigo do artigo 37., desde que o adquirente no exera os direitos de voto inerentes s participaes em causa ou os exera apenas tendo em vista proteger o pleno valor do seu investimento com base em derrogao concedida nos termos do nmero seguinte.

    3 A Autoridade da Concorrncia pode, mediante pedido fundamentado das empresas em causa, apresentado antes ou depois da notificao, conceder uma derrogao ao cumprimento das obrigaes previstas nos nmeros anteriores, ponderadas as consequncias da suspenso da operao ou do exerccio dos direitos de voto para as empresas em causa e os efeitos negativos da derrogao para a concorrncia, podendo, se necessrio, acompanhar a derrogao de condies ou de obrigaes destinadas a assegurar uma concorrncia efetiva.

    4 Sem prejuzo da sano prevista na alnea f) do n. 1 do artigo 68., aps a notificao de uma operao de con-

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    centrao realizada em infrao ao n. 1 e antes da adoo de uma deciso pela Autoridade da Concorrncia:

    a) As pessoas, singulares ou coletivas, que adquiriram o controlo devem suspender imediatamente os seus direitos de voto, ficando o rgo de administrao obrigado a no praticar atos que no se reconduzam gesto normal da sociedade e ficando impedida a alienao de participaes ou partes do ativo social da empresa adquirida;

    b) A Autoridade da Concorrncia pode, mediante pedido fundamentado das pessoas, singulares ou coletivas, que adquiriram o controlo e ponderadas as consequncias dessa medida para a concorrncia, derrogar a obrigao da alnea anterior, podendo, se necessrio, acompanhar a derrogao de condies ou de obrigaes destinadas a assegurar uma concorrncia efetiva;

    c) A Autoridade da Concorrncia pode adotar as medidas a que se refere o n. 4 do artigo 56.

    5 Do deferimento ou indeferimento do pedido de derrogao a que se refere o n. 3 e a alnea b) do n. 4 cabe reclamao, no sendo admitido recurso.

    6 Os negcios jurdicos que violem o disposto no n. 1 so ineficazes.

    Artigo 41.

    Apreciao das operaes de concentrao

    1 As operaes de concentrao, notificadas de acordo com o disposto no artigo 37., so apreciadas com o objetivo de determinar os seus efeitos sobre a estrutura da concorrncia, tendo em conta a necessidade de preservar e desenvolver, no interesse dos consumidores intermdios e finais, a concorrncia efetiva no mercado nacional ou numa parte substancial deste, sem prejuzo do disposto no n. 5.

    2 Na apreciao referida no nmero anterior sero tidos em conta, designadamente, os seguintes fatores:

    a) A estrutura dos mercados relevantes e a existncia ou no de concorrncia por parte de empresas estabelecidas nesses mercados ou em mercados distintos;

    b) A posio das empresas em causa nos mercados rele-vantes e o seu poder econmico e financeiro, em compa-rao com os dos seus principais concorrentes;

    c) O poder de mercado do comprador de forma a impe-dir o reforo, face empresa resultante da concentrao, de situaes de dependncia econmica nos termos do artigo 12. da presente lei;

    d) A concorrncia potencial e a existncia, de direito ou de facto, de barreiras entrada no mercado;

    e) As possibilidades de escolha de fornecedores, clientes e utilizadores;

    f) O acesso das diferentes empresas s fontes de abas-tecimento e aos mercados de escoamento;

    g) A estrutura das redes de distribuio existentes;h) A evoluo da oferta e da procura dos produtos e

    servios em causa;i) A existncia de direitos especiais ou exclusivos con-

    feridos por lei ou resultantes da natureza dos produtos transacionados ou dos servios prestados;

    j) O controlo de infraestruturas essenciais por parte das empresas em causa e a possibilidade de acesso a essas infraestruturas oferecida s empresas concorrentes;

    k) A evoluo do progresso tcnico e econmico que no constitua um obstculo concorrncia, desde que da

    operao de concentrao se retirem diretamente ganhos de eficincia que beneficiem os consumidores.

    3 So autorizadas as concentraes de empresas que no sejam suscetveis de criar entraves significativos concorrncia efetiva no mercado nacional ou numa parte substancial deste.

    4 No so autorizadas as concentraes de empresas que sejam suscetveis de criar entraves significativos concorrncia efetiva no mercado nacional ou numa parte substancial deste, em particular se os entraves resultarem da criao ou do reforo de uma posio dominante.

    5 Presume -se que a deciso que autoriza uma con-centrao de empresas abrange igualmente as restries diretamente relacionadas com a sua realizao e mesma necessrias.

    6 Nos casos previstos no n. 2 do artigo 36., se a criao da empresa comum tiver por objeto ou como efeito a coordenao do comportamento concorrencial de empre-sas que se mantm independentes, para alm da finalidade da empresa comum, tal coordenao apreciada nos termos previstos nos artigos 9. e 10.

    SECO II

    Procedimento de controlo de concentraes

    Artigo 42.

    Normas aplicveis

    O procedimento em matria de controlo de operaes de concentrao de empresas rege -se pelo disposto na presente seco e, subsidiariamente, pelo Cdigo do Procedimento Administrativo.

    Artigo 43.

    Inquirio e prestao de informaes

    1 No exerccio dos seus poderes de superviso, a Autoridade da Concorrncia pode proceder inquirio de quaisquer pessoas, singulares ou coletivas, diretamente ou atravs de representantes legais, cujas declaraes con-sidere pertinentes.

    2 A Autoridade da Concorrncia pode solicitar docu-mentos e outras informaes a empresas ou a quaisquer outras pessoas, singulares ou coletivas, devendo o pedido ser instrudo com os seguintes elementos:

    a) A base jurdica e o objetivo do pedido;b) O prazo para o fornecimento dos documentos ou para

    a comunicao das informaes;c) A meno de que as empresas ou quaisquer outras pes-

    soas singulares ou coletivas devem identificar, de maneira fundamentada, atento o regime processual aplicvel, as informaes que consideram confidenciais no acesso legal-mente determinado informao administrativa, juntando, nesse caso, uma cpia dos documentos que contenham tais informaes, expurgada das mesmas;

    d) A indicao de que o incumprimento do pedido cons-titui contraordenao punvel nos termos da alnea i) do n. 1 do artigo 68.

    3 O disposto na alnea c) do nmero anterior aplica--se a todos os documentos apresentados voluntariamente pelas empresas ou quaisquer outras pessoas, singulares ou coletivas.

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    4 A informao respeitante vida interna das empre-sas pode ser considerada, pela Autoridade da Concorrn-cia, confidencial no acesso informao administrativa quando a empresa demonstre que o conhecimento dessa informao pelos interessados ou por terceiros lhe causa prejuzo srio.

    5 A Autoridade da Concorrncia pode ainda con-siderar confidencial a informao relativa vida interna das empresas que no releve para a concluso do proce-dimento, bem como a informao cuja confidencialidade se justifique por motivos de interesse pblico.

    Artigo 44.

    Notificao da operao

    1 A notificao prvia das operaes de concentrao de empresas apresentada Autoridade da Concorrn-cia:

    a) Conjuntamente pelas partes que intervenham numa fuso, na criao de uma empresa comum ou na aquisio de controlo conjunto sobre a totalidade ou parte de uma ou vrias empresas;

    b) Individualmente, pela parte que adquire o controlo exclusivo da totalidade ou de parte de uma ou vrias empre-sas.

    2 As notificaes conjuntas so apresentadas por representante comum, com poderes para enviar e receber documentos em nome de todas as partes notificantes.

    3 A notificao apresentada mediante formulrio aprovado por regulamento da Autoridade da Concorrncia e contm todas as informaes e documentos no mesmo exigidas.

    4 No caso de operaes de concentrao que, numa apreciao preliminar, no suscitem entraves significativos concorrncia, de acordo com critrios a estabelecer pela Autoridade da Concorrncia, a notificao apresentada mediante formulrio simplificado aprovado por regula-mento da Autoridade da Concorrncia.

    Artigo 45.

    Produo de efeitos da notificao

    1 Sem prejuzo do disposto nos nmeros seguin-tes, a notificao produz efeitos na data em que tenha sido apresentada Autoridade da Concorrncia, nos ter-mos do regulamento referido no artigo anterior, acompa-nhada do comprovativo do pagamento da taxa prevista no artigo 94.

    2 Sempre que as informaes ou documentos cons-tantes da notificao estejam incompletos ou se revelem inexatos, tendo em conta os elementos que devam ser transmitidos, nos termos previstos nos n.os 3 e 4 do artigo anterior, a Autoridade da Concorrncia convida a notifi-cante, por escrito e no prazo de sete dias teis, a comple-tar ou corrigir a notificao no prazo que lhe for fixado, produzindo a notificao efeitos, neste caso, na data de receo das informaes ou documentos pela Autoridade da Concorrncia.

    3 Mediante requerimento fundamentado apresentado pela notificante, pode a Autoridade da Concorrncia dispen-sar a apresentao de determinadas informaes ou docu-mentos, caso no se revelem essenciais, nesse momento, para que se inicie a instruo do procedimento.

    4 A dispensa de apresentao de informaes ou documentos a que se refere o nmero anterior no prejudica a sua solicitao at adoo de uma deciso.

    Artigo 46.

    Desistncia e renncia

    A notificante pode, a todo o tempo, desistir do proce-dimento ou de algum dos pedidos formulados, bem como renunciar aos seus direitos ou interesses legalmente pro-tegidos, salvo nos casos previstos na lei.

    Artigo 47.

    Interveno no procedimento

    1 So admitidos a intervir no procedimento admi-nistrativo de controlo de concentraes os titulares de direitos subjetivos ou interesses legalmente protegidos que possam ser afetados pela operao de concentrao e que apresentem Autoridade da Concorrncia observaes em que manifestem de forma expressa e fundamentada a sua posio quanto realizao da operao.

    2 Para efeitos do disposto no nmero anterior, a Autoridade da Concorrncia, no prazo de cinco dias teis, contados da data em que a notificao produz efei-tos, promove a publicao dos elementos essenciais da operao de concentrao em dois dos jornais de maior circulao nacional, a expensas da notificante, fixando prazo, no inferior a 10 dias teis, para a apresentao de observaes.

    3 A no apresentao de observaes no prazo fixado extingue o direito de intervir na audincia prvia prevista no n. 1 do artigo 54., salvo se a Autoridade da Concor-rncia considerar que tal interveno relevante para a instruo do procedimento e no prejudica a adoo de uma deciso expressa no prazo legalmente fixado.

    Artigo 48.

    Direito informao

    1 Tm direito a obter informaes contidas no proce-dimento administrativo de controlo de concentraes, nos termos previstos no Cdigo do Procedimento Administra-tivo e no nmero seguinte, as pessoas, singulares ou cole-tivas, com interesse direto no mesmo ou que demonstrem interesse legtimo nas referidas informaes.

    2 Entre o termo do prazo para a apresentao de observaes a que se refere o artigo anterior e o incio da audincia prevista no artigo 54., as pessoas, singulares ou coletivas, referidas no nmero anterior, com exceo da notificante, apenas tm direito a ser informadas sobre a marcha do procedimento.

    3 No caso previsto no nmero anterior, a audincia prvia deve ter uma durao mnima de 20 dias, salvo se, ao abrigo do n. 1, a Autoridade da Concorrncia tiver con-cedido aos contrainteressados acesso integral ao processo, ressalvada a proteo dos segredos de negcio.

    4 No caso de operaes de concentrao que envol-vam empresas cujas aes sejam admitidas negociao em mercado regulamentado nos termos do Cdigo dos Valores Mobilirios, a Autoridade da Concorrncia pode aplicar um prazo inferior ao mnimo previsto no nmero anterior.

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    Artigo 49.

    Instruo do procedimento

    1 A Autoridade da Concorrncia conclui a instruo do procedimento no prazo de 30 dias teis contados da data de produo de efeitos da notificao.

    2 A Autoridade da Concorrncia pode autorizar a introduo de alteraes substanciais notificao apre-sentada, mediante pedido fundamentado da notificante, correndo de novo o prazo previsto no nmero anterior para a concluso da instruo, contado da receo das alteraes.

    3 Se, no decurso da instruo, se revelar necessrio o fornecimento de informaes ou documentos adicionais ou a correo dos que foram fornecidos, a Autoridade da Concorrncia comunica tal facto notificante, fixando -lhe prazo razovel para fornecer os elementos em questo ou proceder s correes indispensveis.

    4 A comunicao prevista no nmero anterior sus-pende o prazo referido no n. 1, com efeitos a partir do primeiro dia til seguinte ao do respetivo envio, termi-nando a suspenso no dia da receo, pela Autoridade da Concorrncia, dos elementos solicitados, acompanhados da cpia expurgada dos elementos confidenciais, a que se refere a alnea c) do n. 2 do artigo 43.

    5 No decurso da instruo, a Autoridade da Concor-rncia pode solicitar a quaisquer outras entidades, pblicas ou privadas, as informaes que considere convenientes para a deciso do processo, que so transmitidas nos prazos por aquela fixados.

    6 Sem prejuzo do disposto na alnea i) do n. 1 do artigo 68., as informaes obtidas em momento posterior ao decurso do prazo fixado no nmero anterior ainda podem ser consideradas pela Autoridade da Concorrncia, quando tal no comprometa a adoo de uma deciso no prazo legalmente fixado para a concluso do procedimento.

    Artigo 50.

    Deciso

    1 At ao termo do prazo referido no n. 1 do artigo anterior, a Autoridade da Concorrncia decide:

    a) No se encontrar a operao abrangida pelo proce-dimento de controlo de concentraes;

    b) No se opor concentrao de empresas, quando considere que a operao, tal como foi notificada, ou na sequncia de alteraes introduzidas pela notificante, no suscetvel de criar entraves significativos concorrncia efetiva no mercado nacional ou numa parte substancial deste;

    c) Dar incio a uma investigao aprofundada, quando considere que a operao em causa suscita srias dvidas, luz dos elementos recolhidos, e em ateno aos critrios definidos no artigo 41., quanto sua compatibilidade com o critrio estabelecido no n. 3 do artigo 41.

    2 As decises tomadas pela Autoridade da Concor-rncia nos termos da alnea b) do nmero anterior podem ser acompanhadas da imposio de condies ou obriga-es destinadas a garantir o cumprimento de compromis-sos assumidos pela notificante com vista a assegurar a manuteno da concorrncia efetiva.

    3 Os negcios jurdicos realizados em desrespeito das condies a que se refere o nmero anterior so nulos, sem

    prejuzo do disposto na alnea a) do n. 1 do artigo 57. e na alnea g) do n. 1 do artigo 68.

    4 A ausncia de deciso no prazo a que se refere o n. 1 do artigo anterior vale como deciso de no oposio concentrao de empresas.

    Artigo 51.

    Compromissos

    1 A notificante pode, a todo o tempo, assumir com-promissos com vista a assegurar a manuteno da con-corrncia efetiva.

    2 A apresentao de compromissos a que se refere o nmero anterior determina a suspenso do prazo para a adoo de uma deciso pelo perodo de 20 dias teis, iniciando -se a suspenso no primeiro dia til seguinte apresentao de compromissos e terminando no dia da comunicao notificante da deciso de aceitao ou recusa dos mesmos.

    3 A Autoridade da Concorrncia pode, durante a suspenso do prazo prevista no nmero anterior, solicitar, nos termos dos n.os 3 a 6 do artigo 49., as informaes que considere necessrias para avaliar se os compromissos apresentados so suficientes e adequados para assegurar a manuteno da concorrncia efetiva ou quaisquer outras que se revelem necessrias instruo do procedimento.

    4 A Autoridade da Concorrncia recusa os compro-missos sempre que considere que a sua apresentao tem carter meramente dilatrio ou que as condies ou obri-gaes a assumir so insuficientes ou inadequadas para obstar aos entraves concorrncia que podero resultar da concentrao de empresas ou de exequibilidade incerta.

    5 Da recusa a que se refere o nmero anterior cabe reclamao, no sendo admitido recurso.

    Artigo 52.

    Investigao aprofundada

    1 No prazo mximo de 90 dias teis contados da data de produo de efeitos da notificao a que se refere o artigo 45., a Autoridade da Concorrncia procede s diligncias de investigao complementares que considere necessrias.

    2 investigao referida no nmero anterior apli-cvel o disposto nos n.os 2 a 6 do artigo 49.

    3 O prazo a que se refere o n. 1 pode ser prorrogado pela Autoridade da Concorrncia, a pedido da notificante ou com o seu acordo, at um mximo de 20 dias teis.

    Artigo 53.

    Deciso aps investigao aprofundada

    1 At ao termo do prazo fixado no n. 1 do artigo anterior, a Autoridade da Concorrncia decide:

    a) No se opor concentrao de empresas, quando considere que a operao, tal como foi notificada, ou na sequncia de alteraes introduzidas pela notificante, no suscetvel de criar entraves significativos concorrncia efetiva no mercado nacional ou numa parte substancial deste;

    b) Proibir a concentrao de empresas, quando considere que a operao, tal como foi notificada, ou na sequncia de alteraes introduzidas pela notificante, suscetvel de criar entraves significativos concorrncia efetiva no mercado nacional ou numa parte substancial deste.

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    2 Caso a concentrao j se tenha realizado, a Auto-ridade da Concorrncia, na deciso de proibio a que se refere a alnea b) do nmero anterior, ordena medidas adequadas ao restabelecimento da concorrncia efetiva, nomeadamente a separao das empresas ou dos ativos agrupados, incluindo a reverso da operao, ou a cessao do controlo.

    3 deciso referida na alnea a) do n. 1 aplica -se, com as devidas adaptaes, o disposto nos n.os 2 e 3 do artigo 50. e no artigo 51.

    4 Os negcios jurdicos realizados em desrespeito da alnea b) do n. 1 ou do n. 2 so nulos, sem prejuzo do disposto na alnea f) do n. 1 do artigo 68.

    5 A ausncia de deciso no prazo a que se refere o n. 1 do artigo anterior vale como deciso de no oposio realizao da operao de concentrao.

    Artigo 54.

    Audincia prvia

    1 As decises a que se referem os artigos 50. e 53. so tomadas mediante audincia prvia da notificante e dos interessados identificados no n. 1 do artigo 47.

    2 As decises ao abrigo do artigo 53. so antecedidas de uma audincia prvia que ter lugar no prazo mximo de 75 dias teis contados a partir da data de produo de efeitos da notificao a que se refere o artigo 45.

    3 Na ausncia de interessados que se tenham mani-festado contra a realizao da operao, a Autoridade da Concorrncia pode dispensar a audincia prvia sempre que pretenda adotar uma deciso de no oposio sem imposio de condies.

    4 A realizao da audincia prvia suspende a conta-gem dos prazos referidos no n. 1 dos artigos 49. e 52.

    Artigo 55.

    Articulao com autoridades reguladoras setoriais no mbito do controlo de concentraes

    1 Sempre que uma concentrao de empresas tenha incidncia num mercado que seja objeto de regulao setorial, a Autoridade da Concorrncia, antes de tomar uma deciso que ponha fim ao procedimento, solicita que a respetiva autoridade reguladora emita parecer sobre a operao notificada, fixando um prazo razovel para esse efeito.

    2 O prazo para a adoo de uma deciso que ponha termo ao procedimento suspende -se quando o parecer a emitir seja vinculativo.

    3 A suspenso prevista no nmero anterior inicia -se no primeiro dia til seguinte ao do envio do pedido de parecer e termina no dia da sua receo pela Autoridade da Concorrncia ou findo o prazo definido pela Autoridade da Concorrncia nos termos do n. 1.

    4 A no emisso de parecer vinculativo dentro do prazo estabelecido no n. 1 do presente artigo no impede a Autoridade da Concorrncia de tomar uma deciso que ponha fim ao procedimento.

    5 O disposto no n. 1 no prejudica o exerccio pelas autoridades reguladoras setoriais dos poderes que, no qua-dro das suas atribuies especficas, lhes sejam legalmente conferidos relativamente concentrao em causa.

    Artigo 56.

    Procedimento oficioso

    1 Sem prejuzo do disposto na alnea f) do n. 1 do artigo 68. e na alnea b) do artigo 72., so objeto de pro-cedimento oficioso de controlo de concentraes as ope-raes de cuja realizao a Autoridade da Concorrncia tome conhecimento, ocorridas h menos de cinco anos, e que, em incumprimento do disposto na lei, no tenham sido objeto de notificao prvia.

    2 O procedimento oficioso inicia -se com a comuni-cao da Autoridade da Concorrncia s pessoas singulares ou coletivas em situao de incumprimento para que, num prazo razovel, procedam notificao da operao de concentrao nos termos previstos na presente lei.

    3 O procedimento oficioso deve ser concludo nos prazos previstos nos artigos 49. e 52., contados da data de produo de efeitos da apresentao da notificao.

    4 A Autoridade da Concorrncia pode adotar a todo o tempo as medidas que se revelem necessrias e adequadas para restabelecer, tanto quanto possvel, a situao que exis-tia antes da concentrao de empresas, nomeadamente a separao das empresas ou dos ativos agrupados, incluindo a reverso da operao, ou a cessao do controlo.

    Artigo 57.

    Revogao de decises

    1 Sem prejuzo da aplicao das correspondentes sanes e das invalidades previstas na lei, as decises da Autoridade da Concorrncia podem ser revogadas quando a concentrao:

    a) Tenha sido realizada em desrespeito de uma deciso de no oposio com condies ou obrigaes;

    b) Tenha sido autorizada com base em informaes falsas ou inexatas relativas a circunstncias essenciais para a deciso, fornecidas pelas empresas em causa na concentrao.

    2 As decises previstas no nmero anterior so revo-gadas pela Autoridade da Concorrncia, mediante procedi-mento administrativo oficioso, que observa as formalidades previstas para a prtica do ato a revogar.

    3 Sem prejuzo da revogao da deciso, a Auto-ridade da Concorrncia pode adotar a todo o tempo as medidas a que se refere o n. 4 do artigo anterior.

    SECO III

    Processo sancionatrio relativo a operaes de concentrao

    Artigo 58.

    Abertura de inqurito

    No mbito do controlo de concentraes de empresas, a Autoridade da Concorrncia procede abertura de inqu-rito, respeitando o disposto no artigo 7.:

    a) Em caso de realizao de uma concentrao de empresas antes de ter sido objeto de uma deciso de no oposio, em violao dos artigos 37. e 38., do n. 1 e da alnea a) do n. 4 do artigo 40., ou que haja sido proi-bida por deciso adotada ao abrigo da alnea b) do n. 1 do artigo 53.; e

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    b) Em caso de desrespeito de condies, obrigaes ou medidas impostas s empresas pela Autoridade da Con-corrncia, nos termos previstos no n. 3 e nas alneas b) e c) do n. 4 do artigo 40., no n. 2 do artigo 50., nos n.os 2 e 3 do artigo 53., no n. 4 do artigo 56. e no n. 3 do artigo 57.;

    c) Em caso de no prestao de informaes ou de pres-tao de informaes falsas, inexatas ou incompletas, em resposta a pedido da Autoridade da Concorrncia, no uso dos poderes de superviso;

    d) Em caso de no colaborao com a Autoridade da Concorrncia ou obstruo ao exerccio dos poderes pre-vistos no artigo 43.

    Artigo 59.

    Regime aplicvel

    1 Os processos a que se refere o artigo anterior regem--se pelo disposto na presente seco e nos artigos 15., 16., 18. a 28. e 30. a 35. e, com as devidas adaptaes, nos n.os 2, 3 e 4 do artigo 17. e no artigo 29. da presente lei.

    2 Os processos desta seco regem -se, subsidiaria-mente, pelo regime geral do ilcito de mera ordenao social, aprovado pelo Decreto -Lei n. 433/82, de 27 de outubro.

    CAPTULO IV

    Estudos, inspees e auditorias

    Artigo 60.

    Normas aplicveis

    O procedimento em matria de estudos, inspees e auditorias rege -se, subsidiariamente, pelo Cdigo do Pro-cedimento Administrativo.

    Artigo 61.

    Estudos de mercado e inquritos por setores econmicos e por tipos de acordos

    1 A Autoridade da Concorrncia pode realizar estu-dos de mercado e inquritos por setores econmicos e por tipos de acordos que se revelem necessrios para:

    a) A superviso e o acompanhamento de mercados;b) A verificao de circunstncias que indiciem distor-

    es ou restries de concorrncia.

    2 A concluso dos estudos publicada na pgina eletrnica da Autoridade da Concorrncia, podendo ser precedida de consulta pblica a promover pela Autoridade da Concorrncia.

    3 Nos casos em que os estudos de mercado e inqu-ritos a que se refere o n. 1 digam respeito a setores eco-nmicos regulados por autoridades regul