lei 4.898/65 – lei abuso de autoridade a presente lei regula o direito de representação e o...
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Lei 4.898/65 – Lei Abuso de Autoridade
A presente lei regula o direito de representação e o processo de responsabilidade administrativa, civil e penal, nos casos de abuso de autoridade
Surgimento da lei:- período político e administrativo conturbado pela atuação das autoridades, principalmente administrativas
Lei 4.898/65 – Lei Abuso de Autoridade
Autoridade: toda a pessoa que exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza civil ou militar, ainda que transitoriamente e sem remuneração
Não se limita à condição de funcionário público – mas ao exercício de ofício público
Lei 4.898/65 – Lei Abuso de Autoridade
Não abrange as pessoas que exercem cargo, emprego ou função em entidade paraestatal
Não abrange quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública
Lei 4.898/65 – Lei Abuso de Autoridade
Abuso de autoridade: são condutas ilícitas que nascem do mau uso do poder, por quem detém cargo, emprego ou função pública, destacando-se o dolo de praticar perseguições e injustiças
Abuso de autoridade:- pode estar presente tanto nas altas esferas dos poderes, nos altos gabinetes, como nas pequenas repartições públicas do país
Lei 4.898/65 – Lei Abuso de Autoridade
Para o mestre Damásio de Jesus, melhor seria se tratássemos de abuso de poder do que propriamente abuso de autoridade, tendo em vista que:
a) Abuso de autoridade = domínio das relações privadasb) Abuso de poder: mais compatível com o espírito da Lei 8.498/65 porque depende da existência de cargo ou ofício público
Lei 4.898/65 – Lei Abuso de Autoridade
O abuso de poder é gênero do qual surgem o excesso de poder ou o desvio de poder ou de finalidade:
a) excesso de poder - o agente atua fora dos limites de sua competência
b) desvio de poder - o agente, embora dentro de sua competência, afasta-se do interesse público que deve nortear todo desempenho administrativo
Lei 4.898/65 – Lei Abuso de Autoridade
Diz o art. 3º que constitui abuso de autoridade qualquer atentado:
a) à liberdade de locomoçãob) à inviolabilidade do domicílioc) ao sigilo da correspondênciad) à liberdade de consciência e de crençae) ao livre exercício do culto religiosof) à liberdade de associação
Lei 4.898/65 – Lei Abuso de Autoridade
Diz o art. 3º que constitui abuso de autoridade qualquer atentado:
g) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício do voto
h) ao direito de reunião
i) à incolumidade física do indivíduo
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Constitui também abuso de autoridade (art. 4º):a) ordenar ou executar medida privativa da liberdade individual, sem as formalidades legais ou com abuso de poder
b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a constrangimento não autorizado em lei
c) deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz competente a prisão ou detenção de qualquer pessoa
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Constitui também abuso de autoridade (art. 4º):d) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou detenção ilegal que lhe seja comunicada
e) levar à prisão e nela deter quem quer que se proponha a prestar fiança, permitida em lei
f) cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial carceragem, custas, emolumentos ou qualquer outra despesa, desde que a cobrança não tenha apoio em lei, quer quanto à espécie quer quanto ao seu valor
Lei 4.898/65 – Lei Abuso de AutoridadeConstitui também abuso de autoridade
(art. 4º):g) recusar o carcereiro ou agente de autoridade policial recibo de importância recebida a título de carceragem, custas, emolumentos ou de qualquer outra despesa
h) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa natural ou jurídica, quando praticado com abuso ou desvio de poder ou sem competência legal
i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de medida de segurança, deixando de expedir em tempo oportuno ou de cumprir imediatamente ordem de liberdade
Lei 4.898/65 – Lei Abuso de Autoridade
Nem todo abuso de poder configura crime de abuso de autoridade
É preciso que a conduta esteja descrita nos art. 3.º ou 4.º da Lei n.º 4898/65 (crimes de abuso de autoridade)
Lei 4.898/65 – Lei Abuso de Autoridade
Objeto material: os delitos possuem dupla objetividade jurídica:
1)objetividade jurídica mediata: é o interesseconcernente ao normal funcionamento da Administração Pública em sentido amplo - exercício da função pública sem abusos de autoridade
2) objetividade jurídica imediata: proteger as garantias individuais estatuídas ao cidadão pela CF
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Sujeito ativo: é a autoridade - aquele que exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza civil ou militar
Crime próprio: só pode ser praticado por agente que esteja exercendo função pública
Nexo causal: o praticante do ato deve estar no exercício da função pública
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Sujeito passivo: dupla subjetividade passiva:
1) sujeito passivo imediato: é o Estado, titular da Administração Pública
2) sujeito passivo mediato: é o cidadão, titular da garantia constitucional lesada ou molestada
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Elemento subjetivo do tipo: - DOLO - vontade livre e consciente de exceder os limites do poder que possui em face da autoridade do cargo
- Não se comete o crime de abuso por negligência, imprudência ou imperícia (não existe crime de abuso de autoridade na FORMA CULPOSA)
- No caso de a autoridade agir, objetivando a defesa social, supondo a ação correta e legítima, não há abuso por inexistência de dolo
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Consumação
- Crime de perigo e não de dano: basta o risco do abuso de autoridade, sem que se precise provar o resultado mais grave decorrente desse perigo
- Inexiste tentativa nos crimes do art. 3°, posto que não há tentativa de crime de atentado
- Nos crimes do art. 4° admite-se tentativa
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Consequências do Abuso de Autoridade
Autônomas ou cumulativas:
- de natureza administrativa- de natureza civil- de natureza penal
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Responsabilidade administrativa: será instaurado procedimento para a apuração do desvio de conduta funcional
Responsabilidade civil: apuração deve ocorrer por meio de ação civil indenizatória
Responsabilidade criminal: ocorrerá de acordo com os vários tipos penais apresentados nos artigos 3º e 4º da Lei
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No caso de verificação da responsabilidade criminal e eventual condenação
A lei possibilita a aplicação das penas previstas:- pecuniária- privativa de liberdade- ou perda do cargo
de forma autônoma ou cumulativa
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Princípio da especialidade
- Caso a decisão do magistrado seja pela perda do cargo:1) a mesma poderá ocorrer de forma autônoma2) ou cumulativa com a pena privativa de liberdade(aplica-se a Lei 4.898/65 e não o previsto no art. 92, I, do Código Penal)
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Solução do conflito:
- É possível concurso entre os crimes de abuso de autoridade e de homicídio?
- E entre os crimes de abuso de autoridade e de lesão corporal?
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Solução do conflito:
- Sim, desde que sejam duas condutas distintas
- Entendimento jurisprudencial uniforme de que há concurso material de crimes
- Ambos os crimes são dolosos (regra do art. 69, caput, do CP)
Lei 4.898/65 – Lei Abuso de AutoridadeRepresentação - Instrumento de
notícia
AÇÃO PENAL - pública incondicionada – - “Art. 1° - A falta de representação do
ofendido, nos casos de abusos previsto na Lei n. 4.898/65, não obsta a iniciativa ou o curso de ação pública” (Lei n. 5.249/67)
Exercício do direito de petição e não condição objetiva de procedibilidade
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Representação
Em se tratando de crime de abuso de autoridade, eventual falha na representação, ou mesmo sua falta, não obsta a instauração da ação penal
Esta tem natureza de notícia do fato criminoso. A Lei 5.249/67 prevê, expressamente, não existir, quanto aos delitos de que trata, qualquer condição de procedibilidade
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Direito de Representação: por meio de petição:
a) dirigida à autoridade superior que tiver competência legal para aplicar à autoridade civil ou militar culpada a respectiva sanção
b) dirigida ao órgão do Ministério Público que tiver competência para iniciar processo-crime contra a autoridade culpada
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Direito de Representação
A representação será feita em duas vias
Exposição do fato constitutivo do abuso de autoridade (circunstâncias, qualificação do acusado, rol de testemunhas, no máximo de três, se as houver)
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A Lei revogou os artigos:
322 do Código Penal (violência arbitrária)
350 do Código Penal (exercício arbitrário ou abuso de poder)
Divergências na doutrina e na jurisprudência
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Sanções
- administrativas: advertência, repreensão, suspensão, destituição da função, demissão e demissão a bem do serviço público
- civis: indenização - processo civil - regras do direito civil
- penais: regras do CP - multa, detenção, perda do cargo ou inabilitação para o exercício de outra função pública
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Após a edição da Lei 10.259/2001, o abuso de autoridade é caracterizado como delito de menor potencial ofensivo, sendo cabível a transação penal, em qualquer caso
Único parâmetro é a pena máxima que, no caso, é de 6 meses