sumÁrio - vestcon.com.br · lei nº 5.553/1968 (apresentação e uso de documentos de...

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Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados ............................................................................................. 3 Reconhecimento de pos e gêneros textuais ....................................................................................................................... 6 Domínio da ortografia oficial Emprego das letras ........................................................................................................................................................... 18 Emprego da acentuação gráfica ....................................................................................................................................... 29 Domínio dos mecanismos de coesão textual Emprego de elementos de referenciação, substuição e repeção, de conectores e outros elementos de sequenciação textual ....................................................................................................................................................... 11 Emprego/correlação de tempos e modos verbais ........................................................................................................... 32 Domínio da estrutura morfossintáca do período Relações de coordenação entre orações e entre termos da oração .......................................................................... 42/52 Relações de subordinação entre orações e entre termos da oração ......................................................................... 42/52 Emprego dos sinais de pontuação.................................................................................................................................... 61 Concordância verbal e nominal ........................................................................................................................................ 68 Emprego do sinal indicavo de crase ............................................................................................................................... 75 Colocação dos pronomes átonos ..................................................................................................................................... 81 Reescritura de frases e parágrafos do texto Substuição de palavras ou de trechos de texto. Retextualização de diferentes gêneros e níveis de formalidade..... 7/65 SUMÁRIO Língua Portuguesa PRF

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Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados ............................................................................................. 3

Reconhecimento de tipos e gêneros textuais ....................................................................................................................... 6

Domínio da ortografia oficial Emprego das letras ........................................................................................................................................................... 18 Empregodaacentuaçãográfica ....................................................................................................................................... 29

Domínio dos mecanismos de coesão textual Empregodeelementosdereferenciação,substituiçãoerepetição,deconectoreseoutroselementosde sequenciação textual ....................................................................................................................................................... 11 Emprego/correlação de tempos e modos verbais ........................................................................................................... 32

Domínio da estrutura morfossintática do período Relações de coordenação entre orações e entre termos da oração .......................................................................... 42/52 Relações de subordinação entre orações e entre termos da oração ......................................................................... 42/52 Emprego dos sinais de pontuação .................................................................................................................................... 61 Concordância verbal e nominal ........................................................................................................................................ 68 Empregodosinalindicativodecrase ............................................................................................................................... 75 Colocação dos pronomes átonos ..................................................................................................................................... 81

Reescritura de frases e parágrafos do texto Substituiçãodepalavrasoudetrechosdetexto.Retextualizaçãodediferentesgêneroseníveisdeformalidade..... 7/65

SUMÁRIO

LínguaPortuguesa

PRF

Números inteiros, racionais e reais Problemas de contagem ................................................................................................................................................. 3

Sistema legal de medidas ..................................................................................................................................................... 8

Razões e proporções; divisão proporcional .................................................................................................................. 14/16

Regras de três simples e composta .................................................................................................................................... 19

Porcentagens ...................................................................................................................................................................... 23

Equações e inequações de 1º e 2º graus Sistemas lineares .......................................................................................................................................................... 26

Funções Gráficos ........................................................................................................................................................................ 39

Sequências numéricas ........................................................................................................................................................ 37

Progressão aritmética e geométrica .................................................................................................................................. 37

Noções de probabilidade e estatística .......................................................................................................................... 53/84

Raciocínio lógico: problemas aritméticos ............................................................................................................................................... 105

SUMÁRIO

Matemática

PRF

Constituição da República Federativa do Brasil de 1988Princípios fundamentais .................................................................................................................................................. 9

Aplicabilidade das normas constitucionaisNormas de eficácia plena, contida e limitada. Normas programáticas ........................................................................... 6

Direitos e garantias fundamentaisDireitos e deveres individuais e coletivos, direitos sociais, direitos de nacionalidade, direitos políticos, partidos políticos ......................................................................................................................................................................... 11

Organização político-administrativa do EstadoEstado federal brasileiro, União, estados, Distrito Federal, municípios e territórios..................................................... 38

Administração públicaDisposições gerais, servidores públicos ......................................................................................................................... 49

Poder executivoAtribuições e responsabilidades do presidente da República ....................................................................................... 59

Poder judiciárioDisposições gerais. Órgãos do poder judiciário. Organização e competências, Conselho Nacional de Justiça. Composição e competências ......................................................................................................................................... 66

Funções essenciais à justiçaMinistério público, advocacia pública ........................................................................................................................... 84

Defensoria pública .............................................................................................................................................................. 88

SUMÁRIO

Noções de Direito Constitucional

PRF

Ética e moral ........................................................................................................................................................................ 3

Ética, princípios e valores ..................................................................................................................................................... 4

Ética e democracia: exercício da cidadania ...................................................................................................................................................... 4

Ética e função pública .......................................................................................................................................................... 5

Ética no Setor Público Decretonº1.171/1994(CódigodeÉticaProfissionaldoServidorPúblicoCivildoPoderExecutivoFederal) ................ 5

SUMÁRIO

ÉticanoServiçoPúblico

PRF

Noções de sistema operacional Windows ............................................................................................................................ 3

Edição de textos, planilhas e apresentações (ambiente BrOffice) ....................................................................................... 9

Redes de computadores Conceitosbásicos,ferramentas,aplicativoseprocedimentosdeInterneteintranet .....................................................26 Programasdenavegação(MozillaFirefoxeGoogleChrome) .................................................................................... 37/42 Programasdecorreioeletrônico(MozillaThunderbird) .................................................................................................. 66 SítiosdebuscaepesquisanaInternet ............................................................................................................................. 71 Gruposdediscussão ........................................................................................................................................................ 74 Computaçãonanuvem(cloudcomputing) ...................................................................................................................... 78

Conceitos de organização e de gerenciamento de informações, arquivos, pastas e programas .........................................3

Segurança da informação Procedimentosdesegurança.Noçõesdevírus,wormsepragasvirtuais.Aplicativosparasegurança(antivírus, firewall,anti-spywareetc.) ............................................................................................................................................... 84 Procedimentosdebackup ................................................................................................................................................ 90 Armazenamentodedadosnanuvem(cloudstorage) ..................................................................................................... 82

SUMÁRIO

NoçõesdeInformática

PRF

Estado, governo e administração pública: conceitos, elementos, poderes, natureza, fins e princípios ............................................................................................12

Direito administrativo: conceito, fontes e princípios .............................................................................................................................................3

Ato administrativoConceito, requisitos, atributos, classificação e espécies. Invalidação, anulação e revogação. Prescrição .....................19

Agentes administrativosInvestidura e exercício da função pública. Direitos e deveres dos funcionários públicos; regimes jurídicos .................80Processo administrativo: conceito, princípios, fases e modalidades ..............................................................................69Lei nº 8.112/1990 e alterações .......................................................................................................................................80

Poderes da administração: vinculado, discricionário, hierárquico, disciplinar e regulamentar .................................................................................33

Princípios básicos da administraçãoResponsabilidade civil da administração: evolução doutrinária e reparação do dano ...................................................41Enriquecimento ilícito e uso e abuso de poder ........................................................................................................ 34/44Improbidade administrativa: sanções penais e civis — Lei nº 8.429/1992 e alterações ................................................44

Serviços públicos: conceito, classificação, regulamentação, formas e competência de prestação .............................................................55

Organização administrativaAdministração direta e indireta, centralizada e descentralizada. Autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista.......................................................................................................................................58

Controle e responsabilização da administraçãoControle administrativo. Controle judicial. Controle legislativo .....................................................................................66

Responsabilidade civil do Estado ........................................................................................................................................ 41

SUMÁRIO

Noções de Direito Administrativo

PRF

SUMÁRIO

Noções de Direito Penal

PRF

Aplicação da lei penal Princípios da legalidade e da anterioridade ..................................................................................................................... 12 A lei penal no tempo e no espaço .................................................................................................................................... 16 Tempo e lugar do crime .................................................................................................................................................... 15 Lei penal excepcional, especial e temporária ................................................................................................................... 12 Territorialidade e extraterritorialidade da lei penal ......................................................................................................... 16 Pena cumprida no estrangeiro ......................................................................................................................................... 18 Eficáciadasentençaestrangeira ...................................................................................................................................... 18 Contagem de prazo .......................................................................................................................................................... 19 Interpretação da lei penal; Analogia .................................................................................................................................. 8 Irretroatividadedaleipenal ............................................................................................................................................... 9 Conflitoaparentedenormaspenais ................................................................................................................................. 3

O fato típico e seus elementos ............................................................................................................................................ 20 Crime consumado e tentado ............................................................................................................................................ 29 Penadatentativa ............................................................................................................................................................. 25 Concurso de crimes .......................................................................................................................................................... 46 Ilicitude e causas de exclusão ........................................................................................................................................... 36 Excessopunível ................................................................................................................................................................ 39 Culpabilidade ................................................................................................................................................................... 41 Elementos e causas de exclusão ...................................................................................................................................... 36

Imputabilidade penal .......................................................................................................................................................... 39

Concurso de pessoas ........................................................................................................................................................... 42

Crimes contra a pessoa ........................................................................................................................................................ 47

Crimes contra o patrimônio ................................................................................................................................................. 66

Crimes contra a fé pública ................................................................................................................................................... 83

Crimes contra a administração pública ............................................................................................................................... 93

Lei nº 8.072/1990 (delitos hediondos) .............................................................................................................................. 125

Disposições constitucionais aplicáveis ao direito penal ....................................................................................................... 9

Crimes contra a Dignidade Sexual ..................................................................................................................................... 119

Aplicação da lei processual no tempo, no espaço e em relação às pessoasDisposições preliminares do Código de Processo Penal ...................................................................................................3

Inquérito policial .................................................................................................................................................................... 7

Ação penal ........................................................................................................................................................................... 38

Competência ........................................................................................................................................................................ 66

Prova .................................................................................................................................................................................... 97

Juiz, ministério público, acusado, defensor, assistentes e auxiliares da justiça, atos de terceiros ..................................109

Prisão e liberdade provisóriaLei nº 7.960/1989 (prisão temporária) ................................................................................................................. 132/163

Processo e julgamento dos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos .......................................................165

Habeas corpus e seu processo ........................................................................................................................................... 166

Disposições constitucionais aplicáveis ao direito processual penal ..................................................................................... 3

SUMÁRIO

Noções de Direito Processual Penal

PRF

Lei nº 10.826/2003 e alterações (Estatuto do Desarmamento) ........................................................................................... 3

Lei nº 7.716/1989 e alterações (crimes resultantes de preconceitos de raça ou de cor) ....................................................9

Lei nº 5.553/1968 (apresentação e uso de documentos de identificação pessoal) ...........................................................47

Lei nº 4.898/1965 (direito de representação e processo de responsabilidade administrativa, civil e penal, nos casos de abuso de autoridade) ..................................................................................................................................................... 11

Lei nº 9.455/1997 (definição dos crimes de tortura) .......................................................................................................... 13

Lei nº 8.069/1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), Título II, Capítulos I e II, Título III, Capítulo II, Seção III, Título V e Título VII ............................................................................................................................................................. 64

Lei nº 10.741/2003 e alterações (Estatuto do Idoso) .......................................................................................................... 48

Lei nº 9.034/1995 e alterações (crime organizado) ............................................................................................................ 44

Lei nº 9.099/1995 e alterações (juizados especiais cíveis e criminais), Capítulo III ...........................................................17

Lei nº 10.259/2001 e alterações (juizados especiais cíveis e criminais no âmbito da Justiça Federal) ..........................103

Lei nº 11.340/2006 (Maria da Penha – violência doméstica e familiar contra a mulher)..................................................27

Lei nº 11.343/2006 (sistema nacional de políticas públicas sobre drogas) ........................................................................33

Decreto-Lei nº 3.688/1941 (Lei das contravenções penais) ............................................................................................. 105

Lei nº 9.605/1998 e alterações (Lei dos crimes contra o meio ambiente), Capítulos III e V .............................................93

Decretos nº 5.948/2006, nº 6.347/2008 e nº 7.901/2013 (Tráfico de pessoas)...............................................................109

SUMÁRIO

Legislação Especial

PRF

Teoria geral dos direitos humanos Conceito ............................................................................................................................................................................ 3 terminologia ...................................................................................................................................................................... 3 estruturanormativa .......................................................................................................................................................... 4 fundamentação ................................................................................................................................................................. 4

Afirmação histórica dos direitos humanos ........................................................................................................................... 7

Direitos humanos e responsabilidade do Estado ................................................................................................................. 9

Direitos humanos na Constituição Federal ........................................................................................................................ 11

Institucionalização dos direitos e garantias fundamentais................................................................................................. 12

Política nacional de direitos humanos ................................................................................................................................ 16

Programas nacionais de direitos humanos ........................................................................................................................ 16

Globalização e direitos humanos ....................................................................................................................................... 52

As três vertentes da proteção internacional da pessoa humana Direitos humanos, direito humanitário e direito dos refugiados ....................................................................................52

A Constituição brasileira e os tratados internacionais de direitos humanos ....................................................................57

Aplicações da perspectiva sociológica a temas e problemas contemporâneos da sociedade brasileira: aquestãodaigualdadejurídicaedosdireitosdecidadania,opluralismojurídico,acessoàjustiça ..............................64

Práticas judiciárias e policiais no espaço público ............................................................................................................... 67

Administração institucional de conflitos no espaço público ............................................................................................. 70

SUMÁRIO

Direitos Humanos e Cidadania

PRF

Lei nº 9.503/1997 – Código de Trânsito Brasileiro, e suas atualizações ...............................................................................3

Perfil constitucional: funçõesinstitucionais ...................................................................................................................................................... 55

Lei nº 9.654/1982 ............................................................................................................................................................... 56

Decreto nº 6.061/2007 (Revogado pelo Decreto nº 8.668, de 11 de fevereiro de 2016) ..................................................61

Decreto nº 1.655/1995 ....................................................................................................................................................... 56

SUMÁRIO

LegislaçãoRelativaàDPRF

PRF

Mecânica Cinemáticaescalar,cinemáticavetorial ......................................................................................................................... 3 Movimentocircular ...................................................................................................................................................... 12 LeisdeNewtonesuasaplicações ................................................................................................................................ 13 Trabalho........................................................................................................................................................................ 16 Potência ........................................................................................................................................................................ 17 Energiacinética,energiapotencial,atrito .................................................................................................................... 16 Conservaçãodeenergiaesuastransformações .......................................................................................................... 27 Quantidadedemovimentoeconservaçãodaquantidadedemovimento,impulso ................................................... 18 Colisões ........................................................................................................................................................................ 18 Estáticadoscorposrígidos ........................................................................................................................................... 21 Estáticadosfluidos ....................................................................................................................................................... 26 PrincípiosdePascal,ArquimedeseStevin ................................................................................................................... 27

Ondulatória Movimentoharmônicosimples ................................................................................................................................... 28 Oscilaçõeslivres,amortecidaseforçadas .................................................................................................................... 33 Ondas.Ondassonoras,efeitodopplereondaseletromagnéticas.Frequênciasnaturaiseressonância ..................... 34

Óptica geométrica: reflexãoerefraçãodaluz ............................................................................................................................................. 42 Instrumentosópticos:característicaseaplicações ...................................................................................................... 42

SUMÁRIO

FísicaAplicadaàPeríciadeAcidentesRodoviários

PRF

Gladson Miranda • Sérgio Bautzer • Samantha Pozzer Kühleis • Welma MaiaWagner Miranda • Fabrício Sarmanho • Eduardo Muniz Machado Cavalcanti • Adolfo Dani • Cleber Alves

2017

Noções de Direito Processual Penal • Legislação Especial • Legislação Relativa à PRF • Física Aplicada à Perícia de Acidentes Rodoviários

“O que é uma apostila preparatória? É uma apostila elaborada antes da publicação do edital, com base nos concursos anteriores, ou no último edital, para permitir ao aluno antecipar seus estudos. Comece agora a se preparar”.

PREPARATÓRIA

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APlICAçÃO dA leI PROCeSSUAl NO eSPAçO

O processo penal rege-se pelo Código de Processo Penal, em todo o território brasileiro ressalvados, entre outros, os tratados, as convenções e regras de direito internacional.1

O § 1º do art. 5º do Código Penal ressalta que para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. O § 2º do referido artigo consigna ser tam-bém aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.

O Código Penal fixa hipótese de extraterritorialidade, devendo, em tais casos, também ser aplicada a legislação processual penal pátria. O art. 7º do Código Penal traz as hipóteses de extraterritorialidade, submetendo à lei brasi-leira, embora cometidos no estrangeiro os crimes: a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa públi-ca, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; c) contra a Administração Pública, por quem está a seu serviço; d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil. Em tais casos, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro (§ 1º, do art. 7º, do CP).

O inciso II do art. 7º, do CP, também determina sejam sub-metidos à legislação brasileira os crimes: a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; b) praticados por brasileiro; c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. Nestes casos, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: a) entrar o agente no território nacional; b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável (§ 2º, do art. 7º, do CP).

O § 3º do art. 7º, do CP, arremata que a lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, além de reunidas as condições previstas no parágrafo anterior, não foi pedida ou foi negada a extradição e houver requisição do Ministro da Justiça.

1 Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/TRE-MS/Analista Judiciário/Área Judiciária/2013 e FGV/SSP-RJ/Oficial de Cartório/2009.

O art. 1º do CPP determina que o processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, pelo Código de Processo Penal (decreto-lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941). trata-se do princípio da territorialidade (lex fori ou locus regit actum).2

Entretanto, o referido artigo ressalva a aplicação do Có-digo de Processo Penal em relação a determinados crimes que possuem regulação processual própria em leis extrava-gantes, como ocorre em relação à Lei dos Juizados Especiais Criminais, Processo Penal Militar, Estatuto da Criança e do Adolescente, processo nos crimes de competência originária de tribunais, processo nos crimes de tráfico de substâncias entorpecentes. Em relação às referidas leis, o Código de Processo Penal tem apenas aplicação subsidiária.

Também são ressalvados os tratados, as convenções e regras de direito internacional. Referida normatização in-ternacional se consubstancia em hipóteses excludentes da jurisdição criminal pátria, em que será aplicado o regramento processual contido em norma externa ou mesmo não haverá o julgamento.

Dessa forma, na aplicação da lei processual penal, deve ser observado o princípio da territorialidade. No entanto, na hipótese da prática de infração penal, no território na‑cional, por um diplomata que esteja a serviço de seu país de origem, não será aplicada a lei processual penal.3Assim, os representantes de governos estrangeiros estão excluídos da jurisdição criminal dos países em que exercem suas funções.4

São as hipóteses de imunidade.

IMUNIdAdeS

Imunidades Diplomáticas

Os chefes de Estado e representantes de governos estrangeiros não se submetem à jurisdição pátria, ou seja, possuem imunidade penal material.

Também a pessoa do agente diplomático não poderá ser objeto de nenhuma forma de detenção ou prisão (Decreto nº 56.435/1965, que promulgou a Convenção de Viena so-bre Relações Diplomáticas). Na aplicação da lei processual penal, deve ser observado o princípio da territorialidade. No entanto, na hipótese da prática de infração penal, no território nacional, por um diplomata que esteja a serviço de seu país de origem, não será aplicada a lei processual penal.5

Os funcionários consulares não poderão ser detidos ou presos preventivamente, exceto em caso de crime grave e em decorrência de decisão de autoridade judiciária competente

2 Assunto cobrado na seguinte prova: Cespe/TJ-BA/2012.3 Cespe/TRF 5ª Região/Juiz Federal Substituto/2004.4 OAB-GO/2º Exame de Ordem/1ª Fase/2004.5 Assunto cobrado nas seguintes provas: Femperj/TCE-RJ/Técnico de Notifica-

ções/2012 e Cespe/TRF 5ª Região/Juiz Federal Substituto/2004.

Noções de direito Processual PeNalGladson Miranda

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(Decreto nº 61.078/1967, que promulgou a Convenção de Viena sobre Relações Consulares.

Por outro lado, Capez (2009, p. 52) destaca que

as sedes diplomáticas (embaixadas, sedes de orga-nismos internacionais etc.) não são consideradas extensão do território estrangeiro, embora sejam invioláveis como garantia aos representantes alie-nígenas, não podendo, desse modo, ser objeto de busca e apreensão, penhora ou qualquer outra medida constritiva. Tanto assim que a prática de crimes, na sede diplomática, por pessoa alheia à imunidade sujeita o autor à jurisdição do Estado acreditante.

Imunidades Parlamentares

deputados e Senadores

Imunidade material ou absolutaO art. 53 da CF/1988 estabelece que os Deputados e

Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.

As imunidades parlamentares, segundo a Constituição, asseguram aos Deputados e Senadores a inviolabilidade, civil e penal6, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos7. Referida prerrogativa abrange as esferas criminal e cível8.

Thiago Pierobom (2009, p. 47) destaca que

a imunidade estende-se sobre os chamados ‘crimes de opinião’ e é absoluta, não necessitando que o parlamentar esteja no exercício das funções legis-lativas.

A imunidade material exclui a própria tipicidade.Dessa forma, o parlamentar não pode ser processado por

perdas e danos materiais ou morais em virtude de opiniões, palavras e votos no exercício de suas funções.

A imunidade parlamentar material estende‑se à divul‑gação, pela imprensa, por iniciativa do congressista, de fato coberto pela inviolabilidade.9

A imunidade material é irrenunciável. O STF entende, ainda, que a “ofensa irrogada em plenário, independente de conexão com o mandato, elide a responsabilidade civil por dano moral”. (STF; RE nº 463.671 AgR/RJ; Relator Min. Se-púlveda Pertence; Primeira Turma; Julgamento: 19/6/2007)

A Corte Suprema também já decidiu que

malgrado a inviolabilidade alcance hoje ‘quaisquer opiniões, palavras e votos’ do congressista, ainda quando proferidas fora do exercício formal do man-dato, não cobre as ofensas que, pelo conteúdo e o

6 TJ-RN/Oficial de Justiça/2002.7 20º Concurso Público para Procurador da República/2003 e OAB-RJ/22º Exame

de Ordem/1ª Fase/2003.8 Promotor/MG/2004.9 Cespe/Delegado Federal/Nacional/2002.

contexto em que perpetradas, sejam de todo alheias à condição de Deputado ou Senador do agente (Inq. nº 1.710, Sanches; Inq. nº 1.344, Pertence). Não cobre, pois, a inviolabilidade parlamentar a alega-da ofensa a propósito de quizílias intrapartidárias endereçadas pelo Presidente da agremiação – que não é necessariamente um congressista – contra correligionário seu” (STF; Inq. nº 1.905/DF; Relator(a): Min. Sepúlveda Pertence; Tribunal Pleno; Julgamen-to: 29/4/2004).

No mesmo sentido, já se decidiu que

a garantia constitucional da imunidade parlamentar em sentido material (CF, art. 53, caput) – que repre-senta um instrumento vital destinado a viabilizar o exercício independente do mandato representativo – somente protege o membro do Congresso Nacional, qualquer que seja o âmbito espacial (locus) em que este exerça a liberdade de opinião (ainda que fora do recinto da própria Casa legislativa), nas hipóteses específicas em que as suas manifestações guardem conexão com o desempenho da função legislativa (prática in officio) ou tenham sido proferidas em razão dela (prática propter officium), eis que a su-perveniente promulgação da EC nº 35/2001 não ampliou, em sede penal, a abrangência tutelar da cláusula da inviolabilidade. A prerrogativa indispo-nível da imunidade material – que constitui garantia inerente ao desempenho da função parlamentar (não traduzindo, por isso mesmo, qualquer privilégio de ordem pessoal) – não se estende a palavras, nem a manifestações do congressista, que se revelem estra-nhas ao exercício, por ele, do mandato legislativo. A cláusula constitucional da inviolabilidade (CF, art. 53, caput), para legitimamente proteger o parlamentar, supõe a existência do necessário nexo de implicação recíproca entre as declarações moralmente ofensivas, de um lado, e a prática inerente ao ofício congres-sional, de outro. (STF; Inq. nº 1.024 QO/PR; Relator Min. Celso de Mello; Tribunal Pleno; Julgamento: 21/11/2002)

À luz da Constituição de 1967, o STF emitira o entendi-mento de que

o deputado que exerce a função de ministro de esta-do não perde o mandato, porem não pode invocar a prerrogativa da imunidade, material ou processual, pelo cometimento de crime no exercício da nova função (STF; Inq. nº 104/RS; Relator Min. Djaci Falcao; Tribunal Pleno; Julgamento: 26/8/1981).

Entretanto, há na doutrina mais atual entendimento de que a imunidade material

estende-se mesmo que o seu titular esteja afastado de suas funções, como, por exemplo, para exercer cargo de Ministro de Estado. (ÁVILA, 2009, p. 47)

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Imunidade formal processual ou relativaOs Deputados Federais e Senadores, conforme a Consti‑

tuição da República, têm imunidade material, sendo invio‑láveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos, podendo, todavia, ser processados por crimes ocorridos após a diplomação, cabendo ao Supre‑mo Tribunal Federal, depois de recebida a denúncia, dar ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação.10 É o que determina o art. 53, § 3º, da Constituição Federal de 1988.

Desta forma, as imunidades parlamentares também asseguram aos deputados e Senadores a possibilidade de sustação de ação penal em andamento no Supremo tribunal Federal, após recebida a denúncia.11

O § 5º do art. 53 da Constituição Federal estabelece que a sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato. Desta forma, além das causas suspensivas da prescrição penal previstas no art. 116 do Código Penal, a Constituição Federal prevê uma outra causa especial de suspensão referente à sustação do processo penal perante o Supremo Tribunal Fe deral, no qual seja réu senador ou deputado federal.12

A título de exemplo, Carlos, parlamentar federal em campanha para reeleição para seu terceiro mandato federal, durante um passeio por bairros habitados por seus eleitores, encontrou um adversário político também em campanha eleitoral, em busca de seu primeiro mandato federal. Indignado com a presença do concorrente em seu reduto eleitoral, Carlos o agrediu verbalmente, em público, tecendo comentários ofensivos em razão de sua afrodes‑cendência. Não houve agressão física porque os correligio‑nários de ambos os candidatos os afastaram rapidamente. No caso de ser aberto um processo penal, será da Polícia Federal a competência para a elaboração do inquérito, e o processo, que será de competência originária do Supremo Tribunal Federal (STF), poderá ter seu andamento sustado, se nesse sentido houver aprovação, pela maioria dos mem‑bros da Casa a que pertencer o parlamentar, de pedido de sustação encaminhado à Mesa da Casa por partido político que nela tenha representação.13

A imunidade formal de parlamentares federais não exclui a instauração de inquérito policial contra eles, mas as medidas investigatórias devem ser adotadas no âmbito de procedimento em curso perante o STF.14

Imunidade formal em relação a medidas constritivas de liberdade

De acordo com as normas relativas às imunidades par-lamentares, previstas na Constituição Federal, não podem ser presos Deputados ou Senadores, salvo em flagrante de crime inafiançável.15 dessa forma, os membros do Congres-so Nacional possuem imunidade, mas podem ser presos, desde a expedição do diploma, no caso de flagrante de crime inafiançável.16

10 19º Concurso Público para Procurador da República/2002.11 Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/TJ-BA/2012 e 20º Concurso

Público para Procurador da República/2003.12 Promotor/SP/2005.13 Cespe/Delegado Federal/2004.14 Cespe/Promotor/TO/2004.15 Assunto cobrado nas seguintes provas: 17º Concurso Público para Procurador

da República/1999 e TJ-RN/Oficial de Justiça/2002.16 Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/TJ-BA/2012 e OAB-SP/127º

Exame de Ordem/1ª Fase/2005.

O § 2º do art. 53, da CF/1988, determina que, em caso de prisão, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão.

Imunidade para servir como testemunhaQuanto aos deputados e Senadores, estabelece a Cons-

tituição Federal que os Deputados não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato.17

Não sendo as informações recebidas ou prestadas em razão do mandato, o parlamentar deve depor normalmente, possuindo apenas a prerrogativa de serem inquiridos em local, dia e hora previamente ajustados entre eles e o juiz (art. 221 do CPP).

extensão da imunidade ao SuplenteO suplente de deputado ou senador só tem direito

à imunidade quando estiver no exercício das funções de parlamentar.

Irrenunciabilidade e licençaCapez (2009, p. 54) destaca que

a imunidade é irrenunciável, mas não alcança o par-lamentar que se licencia para ocupar outro cargo na Administração Pública.

Extensão ao corréu sem prerrogativa funcionalNos termos da Súmula nº 245 do STF, estabeleceu-se

que “A imunidade parlamentar não se estende ao corréu sem essa prerrogativa”.

Imunidades parlamentares e estado de sítioAs imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão

durante o estado de sítio, só podendo ser suspensas median-te o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da me-dida (art. 53, § 8º, da CF/1988).

deputados estaduais

Aplicam-se aos deputados estaduais as mesmas regras sobre imunidade aplicáveis ao deputado federal.18 É o que determina o art. 27, § 1º, da CF/1988.

Vereadores

A imunidade material dos vereadores os protege em suas manifestações relacionadas ao mandato dentro e fora do recinto da Câmara Municipal, com abrangência apenas na circunscrição do município.19

17 Assunto cobrado na prova da FCC/TRF 2ª Região/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2007.

18 Assunto cobrado nas seguintes provas: OAB-DF/1º Exame de Ordem/1ª Fase/2003 e OAB-MG/2º Exame de Ordem/1ª Fase/2003.

19 Cespe/Promotor/TO/2004.

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A Constituição Federal garante aos deputados e senado‑res imunidades formal e material, enquanto aos vereadores somente imunidade material.20 A imunidade material do deputado Federal difere da imunidade material do Verea-dor, porque a responsabilização dos Vereadores por suas opiniões, palavras e votos, restringe-se à circunscrição do respectivo Município.21

Imunidade do Presidente da República

O § 4º do art. 86 da CF/1988 determina que o Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções.

Por outro lado, enquanto não sobrevier sentença conde-natória, nas infrações comuns, o Presidente da República não estará sujeito a prisão (art. 86, § 3º, da CF/1988).

Em relação aos delitos funcionais, deve haver licença prévia do Legislativo para que haja processo. Com efeito, o art. 86 da CF/1988 estabelece que, admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade.

O Presidente ficará suspenso de suas funções: I – nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou quei-xa-crime pelo Supremo Tribunal Federal; II – nos crimes de responsabilidade, após a instauração do processo pelo Senado Federal (art. 86, § 1º, da CF/1988).

Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o julga-mento não estiver concluído, cessará o afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo (art. 86, § 2º, da CF/1988).

Imunidade do Governador

É necessária prévia de licença da Assembleia Legislativa estadual para que haja o prosseguimento da ação penal contra governador.

O STJ entende que

a demora da Assembleia Legislativa em autorizar o curso do processo criminal, perante o Superior Tribunal de Justiça, contra Governador de Estado, enseja a suspensão da prescrição em relação a este desde o recebimento pela Assembleia Legislativa do referido pedido de autorização. (STJ; AgRg na AP nº 364/SC; Ministro Carlos Alberto Menezes Direito; Corte Especial; DJ 1/8/2005, p. 296)

Imunidade do Prefeito

Não há qualquer previsão de imunidade ao prefeito. Este tem apenas foro por prerrogativa de função.

20 OAB-RJ/25º Exame de Ordem/1ª Fase/2004.21 Assunto cobrado na prova da OAB-SP/125º Exame de Ordem/1ª Fase/2005.

Imunidade Prisional dos Magistrados

São prerrogativas do magistrado não ser preso senão por ordem escrita do Tribunal ou do órgão especial com-petente para o julgamento, salvo em flagrante de crime inafiançável, caso em que a autoridade fará imediata comunicação e apresentação do magistrado ao Presiden-te do Tribunal a que esteja vinculado (art. 33, II, da Lei Complementar nº 35/1979 – Lei Orgânica da Magistratura Nacional).

Imunidade Prisional dos Representantes do Ministério Público

Constituem prerrogativas dos membros do Ministé-rio Público ser preso somente por ordem judicial escrita, salvo em flagrante de crime inafiançável, caso em que a autoridade fará, no prazo máximo de vinte e quatro horas, a comunicação e a apresentação do membro do Ministé-rio Público ao Procurador-Geral de Justiça (art. 40, III, da Lei nº 8.625/1993 – Lei Orgânica Nacional do Ministério Público).

Imunidade Prisional do Advogado

O advogado somente poderá ser preso em flagrante, por motivo de exercício da profissão, em caso de crime inafian-çável (art. 7º, § 3º, da Lei nº 8.906/1994).

Os advogados também possuem modalidade de imu-nidade material em relação a atos e manifestações no exercício de sua profissão. É o que determina o § 2º da Lei nº 8.906/1994, onde se estabelece que o advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, difamação ou desacato puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou fora dele, sem prejuízo das sansões disciplinares perante a OAB, pelos excessos que cometer. Entretanto, o STF entende que

não é absoluta a inviolabilidade do advogado, por seus atos e manifestações, o que não infirma a abrangência que a Carta de Outubro conferiu ao instituto, de cujo manto protetor somente se excluem atos, gestos ou palavras que manifesta-mente desbordem do exercício da profissão, como a agressão (física ou moral), o insulto pessoal e a humilhação pública (ADI nº 1.127). (STF; AO 933/AM; Relator Min. Carlos Britto; Tribunal Pleno; Julgamento: 25/9/2003)

ReFeRÊNCIAS

ÁVILA, Thiago André Pierobom de. direito processual penal. 15. ed., Brasília: Vestcon, 2009.

CAPEZ, Fernando. Curso de processo penal. 16. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2009.

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INQUÉRItO POlICIAl(ARTS. 4º AO 23 DO CPP)

Noções Introdutórias

Ao longo da História, houve práticas judiciárias que tinham por alvo conseguir a reconstituição de fato delitivo. Para tanto, seguiam-se rituais que buscavam a descoberta da verdade, o que sempre guardou relação com fatores de-terminantes das modalidades de convivência social. Segundo Foucault (2003, p. 11),

as práticas judiciárias – a maneira pela qual, entre os homens, se arbitram os danos e as responsabilida-des, o modo pelo qual, na história do Ocidente, se concebeu e se definiu a maneira como os homens podem ser julgados em função dos erros que haviam cometido, a maneira como se impôs a determinados indivíduos a reparação de algumas de suas ações e a punição de outras, todas essas regras ou, se qui-serem, todas essas práticas regulares, é claro, mas também modificadas sem cessar através da histó-ria – me parecem uma das formas pelas quais nossa sociedade definiu tipos de subjetividade, formas de saber e, por conseguinte, relações entre o homem e a verdade que merecem ser estudadas.

O inquérito policial tem o objetivo de embasar o titular da eventual ação penal com elementos de provas a justificarem ou não o ajuizamento dela, conferindo elementos mínimos para que a ação seja recebida pelo magistrado, que necessita de um mínimo conteúdo probatório a embasar a ação penal, conferindo-se a ela a necessária justa causa.

Para se propor a ação penal, é necessário que o Estado disponha de um mínimo de elementos probatórios que indiquem a ocorrência de uma infração penal e sua autoria, sendo o mais comum que isso seja obtido com o inquérito policial. Cabe à Polícia Judiciária, exercida pelas autoridades policiais, a atividade destinada à apuração das infrações penais e da autoria por meio do inquérito policial.

A finalidade precípua do inquérito policial é a inves-tigação do crime e a sua autoria, com o fito de fornecer elementos para que o titular da ação penal, seja este o Ministério Público, no caso da ação pública incondicionada e condicionada, seja o particular, no caso da ação penal privada, a promova em juízo, uma vez que o juiz só pode receber a ação penal quando ela se basear em elementos probatórios, ainda que mínimos.

Polícia Judiciária

Há duas espécies de polícia, a administrativa (também chamada preventiva ou ostensiva) e a judiciária (também chamada de investigativa ou repressiva). Embora ambas pertençam ao poder executivo, a administrativa serve mais ao Poder Executivo, atuando de forma preventiva/ostensiva.

Já a polícia judiciária tem atuação que interessa mais ao Poder Judiciário, eis que com base nos elementos investigati-vos materializados no inquérito policial, o Ministério Público terá base para iniciar o processo penal por meio da denúncia.

A Constituição Federal, em seu art. 144, ao tratar da segurança pública, consignou que esta é exercida com o escopo de garantir a ordem pública e a incolumidade das pessoas e do patrimônio, por meio:

1) da Polícia Federal;2) da Polícia Rodoviária Federal;3) da Polícia Ferroviária Federal;4) das Polícias Civis;

5) das Polícias Militares e dos Corpos de Bombeiros Militares.

Nos §§ 1º e 4º do referido artigo, o constituinte origi-nário firmou orientação no sentido de competir à polícia a investigação das infrações penais. Estabeleceu que cabe à Polícia Federal “exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União” (art. 144, § 1º, IV, da CF/1988)1.

Dos órgãos policiais descritos, pode-se fazer a seguinte classificação, embora não absoluta, eis que os órgãos policiais podem apresentar, em alguns casos, atuação preventiva e repressiva. Vejamos:

1) Polícia Federal. Embora tenha atuação preventiva em diversos campos de atuação, como no de controle das fronteiras, atuação fazendária, prevenindo os delitos de contrabando e descaminho, prevenção do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, segurança de dignitários e atuação preventiva em relação a delitos praticados na esfera federal, para fins do processo penal, predomina o seu caráter de polícia repressiva, eis que apura os crimes de ordem fe-deral, com o escopo de formar a opinio delicti do Ministério Público Federal, a iniciar o processo perante a justiça federal.

2) Polícia Rodoviária e Ferroviária Federal. Trata-se de típica polícia administrativa que, atuando de forma ostensiva, previne os crimes verificados em rodovias e ferrovias, res-pectivamente, sendo que quando estes são materializados, impõe o flagrante e encaminha para a Polícia Civil ou Federal, dependendo do delito, para que ali se realizem as atividades de polícia investigativa.

3) Polícias Civis. Embora também tenham atuação admi-nistrativa, predomina sua atuação investigativa, eis que apura os crimes para formar a opinio delicti do parquet estadual, que iniciará o processo perante a justiça estadual.

4) Polícia Militar. Assim como a polícia rodoviá ria federal, tem atuação ostensiva e preventiva. Entretanto, também realizam funções de polícia investigativa, quando se está diante de crimes militares estaduais.

5) Corpo de Bombeiros Militares. A atuação administra-tiva, preventiva e ostensiva, principalmente em relação à emissão de diversos tipos de licenças.

Dessa forma, apura principalmente os crimes elencados no art. 109 da CF/1988, que trata da competência da Justiça Federal, cabendo, assim, à Polícia Federal apurar: a) os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas; b) os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; c) os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira; d) os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves,

1 Em março de 1944, na antiga capital da República, Rio de Janeiro, a Polícia do Distrito Federal foi transformada em Departamento Federal de Segurança Pública (DFSP). Apesar de no seu nome trazer a expressão “Federal”, o DFSP, como ficou conhecido, somente atuava na área do Distrito Federal, no que dizia respeito à segurança pública, agindo em âmbito nacional apenas na parte de polícia marítima, aérea e de fronteiras. Já na metade do ano de 1946, as atribuições do DFSP foram estendidas para todo o território nacional em alguns casos, como o comércio clandestino de entorpecentes e crimes contra a fé pública, quando de interesse da Fazenda Nacional. Todavia, com a nova Constituição Federal, promulgada a 18 de setembro daquele ano, os Estados passaram a ter poderes para atenderem as suas necessidades de governo e administração, sendo considerada uma espécie de limitação dessa autonomia a existência de um órgão de segurança com atuação nacional. Com a mudança da capital Federal, em 1960, o DFSP transferiu-se para Brasília, ficando com o então Estado da Guanabara os seus serviços de segurança pública, bem como grande parte de seu efetivo. Devido à carência de pessoal, o DFSP teve de ser reestruturado, buscando-se como modelo as polícias da Inglaterra, dos Estados Unidos e do Canadá, passando a ter, efetivamente, atribuições em todo o território brasileiro a partir de 16/11/1964, dia da edição da Lei nº 4.483 e até hoje comemorada como sua data maior. Ainda em 1967, o DFSP trocou de nome, surgindo o Departamento de Polícia Federal (DPF), por meio do art. 210 do Decreto-Lei nº 200, de 25/2/1967.

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ressalvada a competência da Justiça Militar, e e) os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro.

Com base no art. 109, I, da CF, cabe também à Polícia Federal investigar infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, inclusive em relação às contravenções penais, sendo o processo posteriormente remetido à Justiça Estadual, uma vez que a Justiça Federal não apura contravenção. O tema será abordado de forma mais extensiva quando se tratar da competência da Justiça Federal.

Nos termos do art. 1º da Lei nº 10.446/2002:

Na forma do inciso I do § 1º do art. 144 da Consti-tuição, quando houver repercussão interestadual ou internacional que exija repressão uniforme, poderá o Departamento de Polícia Federal do Ministério da Justiça, sem prejuízo da responsabilidade dos órgãos de segurança pública arrolados no art. 144 da Cons-tituição Federal, em especial das Polícias Militares e Civis dos Estados, proceder à investigação, dentre outras, das seguintes infrações penais:I – sequestro, cárcere privado e extorsão mediante sequestro (arts. 148 e 159 do Código Penal), se o agente foi impelido por motivação política ou quando praticado em razão da função pública exercida pela vítima;II – formação de cartel (incisos I, a, II, III e VII do art. 4º da Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990);III – relativas à violação a direitos humanos, que a República Federativa do Brasil se comprometeu a reprimir em decorrência de tratados internacionais de que seja parte; eIV – furto, roubo ou receptação de cargas, inclusive bens e valores, transportadas em operação inte-restadual ou internacional, quando houver indícios da atuação de quadrilha ou bando em mais de um Estado da Federação.

Referido artigo diz, ainda, em seu parágrafo único, que, quando houver repercussão interestadual ou interna cional que exija repressão uniforme, o Departamento de Polícia Federal procederá à apuração de outros casos, desde que tal providência seja autorizada ou determinada pelo Ministro de Estado da Justiça.

A Polícia Federal atua também nos crimes de competên-cia da Justiça Eleitoral.

Já às Polícias Civis dos Estados,

dirigidas por delegados de polícia de carreira, incum-bem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares (art. 144, § 4º, da CF/1988).

Trata-se da atribuição para investigar os crimes a serem julgados pela Justiça Comum.

Tem-se também investigação prévia realizada pela Polícia Militar, que tem atribuição para investigar os crimes militares dos Estados, inclusive contra civil, ressalvados os dolosos contra a vida (art. 125, §§ 4º e 5º, da CF/1988).

Verifica-se que a CF/1988 conferiu o poder de investi-gação às autoridades policiais. É a investigação preliminar policial que faz com que toda a formalização dos atos e a diretriz investigativa sejam direcionadas pela polícia. Tal método é adotado também na Inglaterra.

Dessa forma, com base na verificação das atribuições dos órgãos policiais, pode-se afirmar que todo inquérito policial é modalidade de investigação que tem seu regime

jurídico traçado a partir da Constituição Federal, mecanismo que é das atividades genuinamente estatais de segurança pública.2

A atividade de polícia judiciária consiste na realização de uma investigação preliminar ao processo penal, materializada pelo inquérito policial, que é um procedimento administra-tivo. Conforme Barbosa (2002, p. 23),

o inquérito policial surgiu entre nós com a Lei nº 2.033, de setembro de 1871 e regulamentada pelo Decreto-Lei nº 4.824, de 28 de novembro de 1871. No art. 42 da referida lei, conceituava o inquérito policial como o instituto que consistia em todas as diligências necessárias para o descobrimento dos fatos criminosos, de suas circunstâncias e de seus autores e cúmplices, devendo ser reduzido a instru-mento escrito.

Destaca Lopes Júnior (2003, p. 35):

No Brasil, a definição legal do inquérito policial não consta claramente em nenhum artigo do CPP, e, para ser obtida, devemos cotejar as definições dos arts. 4º e 6º do CPP, de modo que é a atividade desenvolvida pela Polícia Judiciária com a finalidade de averiguar o delito e sua autoria.

Tem-se assim um sistema misto de persecução penal, com uma primeira fase inquisitiva e uma fase principal acu-satória, que se dá em juízo, a exemplo do sistema francês, estrutura essa que, a despeito das inúmeras inovações legis-lativas e constitucionais no Direito Pátrio, permanece até os dias atuais. Segundo Carvalho (2003, p. 55),

o nosso Código era muito mais liberal, pois, no mode-lo francês, o acusado era colocado em uma situação de inferioridade em relação ao acusador oficial e o juiz exercitava uma atividade de produção de prova, valendo-se, para esse fim, até mesmo da tortura.

No Brasil, o fundamento da atividade da Polícia Judiciária decorre do poder de polícia inerente à Administração, tendo como finalidades: 1) garantir a eficácia do processo penal; 2) dar subsídios para a interposição de eventuais ações penais, funcionando, ademais, como filtro processual; 3) manter a regularidade das relações sociais, desestimulando a prática de novas infrações.

De acordo com Meirelles (2000, p. 122), poder de polícia é “o mecanismo de frenagem de que dispõe a Administração Pública para conter os abusos do direito individual”. Para Mello (2000, p. 673),

o que efetivamente aparta a polícia administrativa de polícia judiciária é que a primeira se predispõe unica-mente a impedir ou paralisar atividades antissociais enquanto a segunda se preordena à responsabiliza-ção dos violadores da ordem jurídica.

Embora sejam atos administrativos, referidos autores destacam que, no caso da Polícia Judiciária, o procedimento é regulado pela legislação processual penal.

2 Cespe/1º Exame da Ordem/2007 (Tocantins, Sergipe, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Piauí, Pernambuco, Paraíba, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Espírito Santo, Distrito Federal, Ceará, Bahia, Amazonas, Amapá, Alagoas, Acre).