legislação penal militar especial

19
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR ESPECIAL I – CÓDIGO PENAL MILITAR (CPM) Crime Conceito – É uma violação culpável da lei penal. Princípio de legalidade Art. 1º Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação (imposição) legal. Lei supressiva de incriminação Art. 2° Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior (ao fato criminoso) deixa de considerar crime, cessando, em virtude dela, a própria vigência de sentença condenatória irrecorrível, salvo quanto aos efeitos de natureza civil. Retroatividade de lei mais benigna Art. 2º Parágrafo - 1º A lei posterior (ao fato criminoso) que, de qualquer outro modo, favorece o agente (réu), aplica-se retroativamente, ainda quando já tenha sobrevindo sentença condenatória irrecorrível. Apuração da maior benignidade Art. 2° Parágrafo 2º Para se reconhecer qual a mais favorável, a lei posterior e a anterior (ao fato criminoso) devem ser consideradas separadamente, cada qual no conjunto de suas normas aplicáveis ao fato. Crimes militares em tempo de paz Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz: I - os crimes de que trata este Código (CPM), quando definidos de modo diverso (diferente) na lei penal comum, ou nela não previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposição especial; II - os crimes previstos neste Código (COM), embora também o sejam com igual definição na lei penal comum, quando praticados: a) por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra militar na mesma situação ou assemelhado;

Upload: alanna-diniz

Post on 12-Nov-2015

216 views

Category:

Documents


2 download

DESCRIPTION

...

TRANSCRIPT

LEGISLAO PENAL MILITAR ESPECIAL I CDIGO PENAL MILITAR (CPM) Crime Conceito uma violao culpvel da lei penal. Princpio de legalidade Art. 1 No h crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prvia cominao (imposio) legal. Lei supressiva de incriminao Art. 2 Ningum pode ser punido por fato que lei posterior (ao fato criminoso) deixa de considerar crime, cessando, em virtude dela, a prpria vigncia de sentena condenatria irrecorrvel, salvo quanto aos efeitos de natureza civil. Retroatividade de lei mais benigna Art. 2 Pargrafo - 1 A lei posterior (ao fato criminoso) que, de qualquer outro modo, favorece o agente (ru), aplica-se retroativamente, ainda quando j tenha sobrevindo sentena condenatria irrecorrvel. Apurao da maior benignidade Art. 2 Pargrafo 2 Para se reconhecer qual a mais favorvel, a lei posterior e a anterior (ao fato criminoso) devem ser consideradas separadamente, cada qual no conjunto de suas normas aplicveis ao fato. Crimes militares em tempo de paz Art. 9 Consideram-se crimes militares, em tempo de paz: I - os crimes de que trata este Cdigo (CPM), quando definidos de modo diverso (diferente) na lei penal comum, ou nela no previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposio especial; II - os crimes previstos neste Cdigo (COM), embora tambm o sejam com igual definio na lei penal comum, quando praticados: a) por militar em situao de atividade ou assemelhado, contra militar na mesma situao ou assemelhado; b) por militar em situao de atividade ou assemelhado, em lugar sujeito administrao militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; 2 c) por militar em servio, em comisso de natureza militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito administrao militar contra militar da reserva, ou reformado, ou civil; d) por militar durante o perodo de manobras ou exerccio, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; e) por militar em situao de atividade, ou assemelhado, contra o patrimnio sob a administrao militar, ou a ordem administrativa militar; f) por militar em situao ou assemelhado que, embora no estando em servio, use armamento de propriedade militar ou qualquer material blico, sob sua guarda, fiscalizao ou administrao militar, para prtica de ato ilegal. III - os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra as instituies militares, considerando-se como tais no s os compreendidos no inciso I, como os do inciso II, nos seguintes casos: a) contra o patrimnio sob a administrao militar, ou contra a ordem administrativa militar; b) em lugar sujeito administrao militar contra militar em situao de atividade ou assemelhado, ou contra funcionrio de Ministrio Militar ou da Justia Militar, no exerccio de funo inerente ao seu cargo; c) contra militar em formatura, ou durante o perodo de prontido, vigilncia, observao, explorao, exerccio, acampamento, acantonamento ou manobras; d) ainda que fora do lugar sujeito administrao militar, contra militar em funo de natureza militar, ou no desempenho de servio de vigilncia, garantia e preservao da ordem pblica, administrativa ou judiciria, quando legalmente requisitado para aquele fim, ou em obedincia a determinao legal superior. Excluso do Crime Art. 42. No h crime quando o agente pratica o fato: I em estado de necessidade II em legitima defesa III em estrito (rigoroso) cumprimento do dever legal. IV Em exerccio regular de direito Estado de necessidade Art. 43 Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para preservar direito seu ou alheio, de perigo certo ou atual, que no provocou, nem podia de outro modo evitar, desde que o mal causado, por sua natureza e importncia, consideravelmente inferior ao mal evitado, e o agente (que praticou o crime) no era legalmente obrigado a arrostar encarar) o perigo. 3 Legtima defesa Art. 44 Entende-se em legtima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessrios, repele injusta agresso, atual (que j acontecendo) ou iminente (preste a acontecer ), a direito seu ou de outrem. II CDIGO DE PROCESSO PENAL MILITAR (CPPM) 1. DO INQURITO POLICIAL MILITAR Finalidade do inqurito Art. 9 O inqurito policial militar a apurao sumria de fato, que, nos termos legais, configure crime militar, e de sua autoria. Tem o carter de instruo provisria, cuja finalidade precpua a de ministrar elementos necessrios propositura da ao penal. Pargrafo nico. So, porm, efetivamente instrutrios da ao penal os exames, percias e avaliaes realizadas regularmente no curso do inqurito, por peritos idneos e com obedincia s formalidades previstas neste Cdigo. Modos por que pode ser iniciado Art. 10. O inqurito iniciado mediante portaria: a) de ofcio, pela autoridade militar em cujo mbito de jurisdio ou comando haja ocorrido a infrao penal, atendida a hierarquia do infrator; b) por determinao ou delegao da autoridade militar superior, que, em caso de urgncia, poder ser feita por via telegrfica ou radiotelefnica e confirmada, posteriormente, por ofcio; c) em virtude de requisio do Ministrio Pblico; d) por deciso do Superior Tribunal Militar, nos termos do art. 25; e) a requerimento da parte ofendida ou de quem legalmente a represente, ou em virtude de representao devidamente autorizada de quem tenha conhecimento de infrao penal, cuja represso caiba Justia Militar; f) quando, de sindicncia feita em mbito de jurisdio militar, resulte indcio da existncia de infrao penal militar. Delegao do exerccio Art. 7 Pargrafo 1 - Obedecidas as normas regulamentares de jurisdio hierrquica e comando, as atribuies de Policia Judiciria militar podero ser delegadas pela Autoridade a oficiais da ativa, para fins especificados e por tempo limitado. Art. 7 Pargrafo 2 - Em ser tratando de delegao para instaurao de inqurito policial militar, dever aquela recair em oficial de posto superior ao do indiciado, seja este oficial da ativa, da reserva, remunerada ou no, ou reformado. 4Superioridade ou igualdade de posto do infrator Art. 10 Pargrafo 1 - Tendo o infrator posto superior ou igual ao do comandante, diretor ou chefe de rgo ou servio, em cujo mbito de jurisdio militar haja ocorrido a infrao penal, ser feita a comunicao do fato autoridade superior competente, para que esta torne efetiva a delegao,nos termos do 2 do art. 7. Providncias antes do inqurito Art. 10 Pargrafo 2 - O aguardamento da delegao no obsta (impede) que o oficial responsvel por comando, direo ou chefia, ou aquele que o substitua ou esteja de dia, de servio ou de quarto, tome ou determine que sejam tomadas imediatamente as providncias cabveis, previstas no art. 12, uma vez que tenha conhecimento de infrao penal que lhe incumba reprimir ou evitar. Indcios contra oficial de posto superior ou mais antigo no curso do inqurito Art. 10 Pargrafo 5. Se, no curso do inqurito, o seu encarregado verificar a existncia deindcios contra oficial de posto superior ao seu, ou mais antigo, tomar as providncias necessrias para que as suas funes sejam delegadas a outro oficial, nos termos do 2 do art. 7. Escrivo do inqurito Art. 11. A designao de escrivo para o inqurito caber ao respectivo encarregado, se no tiver sido feita pela autoridade que lhe deu delegao para aquele fim, recaindo em segundo ou primeirotenente, se o indiciado for oficial, e em sargento, subtenente ou suboficial, nos demais casos. Compromisso legal Pargrafo nico. O escrivo prestar compromisso de manter o sigilo do inqurito e de cumprir fielmente as determinaes deste Cdigo, no exerccio da funo. Medidas preliminares ao inqurito Art. 12. Logo que tiver conhecimento da prtica de infrao penal militar, verificvel na ocasio, a autoridade a que se refere o 2 do art. 10 dever, se possvel: a) dirigir-se ao local, providenciando para que se no alterem o estado e a situao das coisas, enquanto necessrio; b) apreender os instrumentos e todos os objetos que tenham relao com o fato; c) efetuar a priso do infrator, observado o disposto no art. 244; d) colher todas as provas que sirvam para o esclarecimento do fato e suas circunstncias. Formao do inqurito Art. 13. O encarregado do inqurito dever, para a formao deste: a) tomar as medidas previstas no art. 12, se ainda no o tiverem sido; 5 b) ouvir o ofendido; c) ouvir o indiciado; d) ouvir testemunhas; e) proceder a reconhecimento de pessoas e coisas, e acareaes; f) determinar, se for o caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outros exames e percias; g) determinar a avaliao e identificao da coisa subtrada, desviada, destruda ou danificada, ou da qual houve indbita apropriao; h) proceder a buscas e apreenses, nos termos dos arts. 172 a 184 e 185 a 189; i) tomar as medidas necessrias destinadas proteo de testemunhas, peritos ou do ofendido, quando coactos ou ameaados de coao que lhes tolha a liberdade de depor, ou a independncia para a realizao de percias ou exames. Reconstituio dos fatos Art. 13 Pargrafo nico. Para verificar a possibilidade de haver sido a infrao praticada dedeterminado modo, o encarregado do inqurito poder proceder reproduo simulada dos fatos, desde que esta no contrarie a moralidade ou a ordem pblica, nem atente contra a hierarquia ou a disciplina militar. Assistncia de procurador Art. 14. Em se tratando da apurao de fato delituoso de excepcional importncia ou de difcil elucidao, o encarregado do inqurito poder solicitar do procurador-geral a indicao de procurador que lhe d assistncia. Encarregado de inqurito. Requisitos Art. 15. Ser encarregado do inqurito, sempre que possvel, oficial de posto no inferior ao de capito ou capito-tenente; e, em se tratando de infrao penal contra a segurana nacional, s-lo-, sempre que possvel, oficial superior, atendida, em cada caso, a sua hierarquia, se oficial o indiciado. Sigilo do inqurito Art. 16. O inqurito sigiloso, mas seu encarregado pode permitir que dle tome conhecimento o advogado do indiciado. Inquirio durante o dia Art. 19. As testemunhas e o indiciado, exceto caso de urgncia inadivel, que constar da respectiva assentada, devem ser ouvidos durante o dia, em perodo que medeie entre as sete e as dezoito horas. 6Inquirio. Limite de tempo Art. 19 Pargrafo 2 - A testemunha no ser inquirida por mais de quatro horas consecutivas, sendo-lhe facultado o descanso de meia hora, sempre que tiver de prestar declaraes alm daquele termo. O depoimento que no ficar concludo s dezoito horas ser encerrado, para prosseguir no dia seguinte, em hora determinada pelo encarregado do inqurito. Art. 19 Pargrafo 3 - No sendo til o dia seguinte, a inquirio poder ser adiada para o primeiro dia que o for, salvo caso de urgncia. Prazos para terminao do inqurito Art.20. O inqurito dever terminar dentro em vinte dias, se o indiciado estiver preso, contado esse prazo a partir do dia em que se executar a ordem de priso; ou no prazo de quarenta dias, quando o indiciado estiver solto, contados a partir da data em que se instaurar o inqurito. Prorrogao de prazo Art. 20 Pargrafo 1 - Este ltimo prazo poder ser prorrogado por mais vinte dias pela autoridade militar superior, desde que no estejam concludos exames ou percias j iniciados, ou hajanecessidade de diligncia, indispensveis elucidao do fato. O pedido de prorrogao deve ser feitoem tempo oportuno, de modo a ser atendido antes da terminao do prazo. Diligncias no concludas at o inqurito Art. 20 Pargrafo 2 - No haver mais prorrogao, alm da prevista no 1, salvo dificuldade insupervel, a juzo do ministro de Estado competente. Os laudos de percias ou exames no concludos nessa prorrogao, bem como os documentos colhidos depois dela, sero posteriormente remetidos ao juiz, para a juntada ao processo. Ainda, no seu relatrio, poder o encarregado do inqurito indicar, mencionando, se possvel, o lugar onde se encontram as testemunhas que deixaram de ser ouvidas, por qualquer impedimento. Reunio e ordem das peas de inqurito Art. 21. Todas as peas do inqurito sero, por ordem cronolgica, reunidas num s processado e datilografadas, em espao dois, com as folhas numeradas e rubricadas, pelo escrivo. Juntada de documento Art. 21 Pargrafo nico. De cada documento junto, a que preceder despacho do encarregado do inqurito, o escrivo lavrar o respectivo termo, mencionando a data. Relatrio Art. 22. O inqurito ser encerrado com minucioso relatrio, em que o seu encarregado mencionar as diligncias feitas, as pessoas ouvidas e os resultados obtidos, com indicao do dia, hora e lugar onde ocorreu o fato delituoso. Em concluso, dir se h infrao disciplinar a punir ou indcio de crime, pronunciando-se, neste ltimo caso, justificadamente, sobre a convenincia da prisopreventiva do indiciado, nos termos legais. 7Soluo Art. 22 Pargrafo 1 - No caso de ter sido delegada a atribuio para a abertura do inqurito, o seu encarregado envi-lo- autoridade de que recebeu a delegao, para que lhe homologue ou no a soluo, aplique penalidade, no caso de ter sido apurada infrao disciplinar, ou determine novas diligncias, se as julgar necessrias. Advocao Art. 19 Pargrafo 2 - Discordando da soluo dada ao inqurito, a autoridade que o delegou poder avoc-lo e dar soluo diferente. Arquivamento de inqurito. Proibio Art. 24. A autoridade militar no poder mandar arquivar autos de inqurito, embora conclusivo da inexistncia de crime ou de inimputabilidade do indiciado. Suficincia do auto de flagrante delito Art. 27. Se, por si s, for suficiente para a elucidao do fato e sua autoria, o auto de flagrante delito constituir o inqurito, dispensando outras diligncias, salvo o exame de corpo de delito no crime que deixe vestgios, a identificao da coisa e a sua avaliao, quando o seu valor influir na aplicao da pena. A remessa dos autos, com breve relatrio da autoridade policial militar, far-se- sem demora ao juiz competente, nos termos do art. 20. Observaes Importantes a) O encarregado do IPM deve restringir-se apurao completa do fato ou fatos definidos na Portaria de sua designao. Surgindo outras inflaes, no insertas no contexto da portaria que determinou a abertura do IMP, cabe-lhe extrair copias dos elementos e encaminha-los autoridade delegante, sugerindo a instaurao do outro inqurito, ou solicitando as providncias legais cabveis. b) O IPM instaurado perante portaria. Autoridade militar que exercer cargo de direo ou comando proceder ao inqurito ou delega outro militar para, como Encarregado, elabora-lo, na forma da legislao vigente. Neste caso h figura da autoridade delegante (a que exerce cargo de direo ou comando em cujo mbito de jurisdio ocorreu a inflao penal) que, atravs oficio, designa o encarregado do IPM, fazendo-o acompanhar, conforme caso, de parte ou representao e outros documentos ou elemento da inflao penal. c) O Encarregado a autoridade delegada, incumbida de proceder apurao do fato delituoso. Quando um militar recebe um oficio ou portaria que lhe designou para, como Encarregado, proceder apurao de um fato delituoso, deve, de imediato baixar a portaria instaurando o IPM. d) O IPM instaurado pela portaria do Encarregado, e no pelo oficio ou portaria da autoridade delegante (autoridade que mandou proceder o IPM). 2. SINDICNCIA A autoridade, em caso de duvida sobre a exigncia da inflao penal, procedera a uma sindicncia, cujo resultado determinara a necessidade, ou no da instaurao do IPM. 8 A sindicncia tem duplo objetivo: 1) evitar a sistemtica de instaurao de IPM; 2) acautelar a autoridade delegante contra denunciao caluniosa ( Art. 343 do CPM) e da ocorrncia falsa ( Art. 344 do CPM). aconselhvel que, mesmo no tratando de crime militar, com inqurito policial instaurado na Policia Civil ou flagrante lavrado, o Cmt (autoridade militar) proceda uma sindicncia sobre os fatos desde que envolva militar. Da mesma forma, inmeros fatos, que no tenham sua caracterstica penal definida, devem ser apurados atravs de sindicncia. Alm de acompanhar atos praticados pela policia civil, a sindicncia possibilitara s autoridades superiores uma apreciao da conduta, comportamento e outras atitudes do implicado ( quer como autor, quer como vitima) na jurisdio militar). A sindicncia efetivar-se- verbalmente ou por escrito, mas a concluso ser sempre escrita. O rigorismo processual se ausenta das sindicncias, embora recomendvel sempre que possvel, a observncia das normais previstas para o IPM. Os escrivo dispensvel, nada obstando que o sindicante ( oficial que procede a sindicncia ) solicite o concurso de um auxiliar ( que substitui o Escrivo) para o cumprimento da misso. O sindicante concluir se, do que resultado apurado, houve ou no indcios de inflao penal militar, a fim de ser instaurado, ou no, o competente IPM, nos termos da alnea f , do artigo10, do cdigo de Processo Militar. O sindicante desempenhar sua misso da maneira mais objetiva possvel, fornecendo autoridade delegante todos os subsdios que se fizerem necessrios completa elucidao dos fatos, inclusive numerando e rubricando todas as folhas, em ordem cronolgica, para no final transmitir parecer, submetendo-o considerao superior, qual seja: 1) Inexistncia de crime ou transgresso disciplinar; 2) Transgresso disciplinar, declinando, se possvel, qual ou quais os dispositivos legais infringidos pelo infrator; 3) Recomendar a instaurao do IPM, nos termos da alnea f, do artigo 10, do CPPM, face a existncia de indcios de inflao penal militar; etc... 3. PRISSO EM FLAGRANTE Conceito: A palavra flagrante derivada do latim, flagrans (significa queimar, que est em chamas). Pessoas que efetuam priso em flagrante Art. 243. Qualquer pessoa poder e os militares devero prender quem for insubmisso ou desertor, ou seja, encontrado em flagrante delito. Sujeio a flagrante delito Art. 244. Considera-se em flagrante delito aquele que: a) est cometendo o crime; 9 b) acaba de comet-lo; c) perseguido logo aps o fato delituoso em situao que faa acreditar ser ele o seu autor; d) encontrado, logo depois, com instrumentos, objetos, material ou papis que faam presumir a sua participao no fato delituoso. Flagrantes prprios So os previstos nas letras a e b do artigo 244. A lei equiparou quem surpreendido no ato de execuo do crime a de quem j esgotou os atos de execuo. Quase flagrante So os previstos na letra c do art. 244. O logo aps, no 24 horas, na verdade, a lei deixa a interpretao ao prudente critrio do juiz. Deve-se entender que o logo aps do dispositivo o tempo que ocorre entre a prtica do delito e a colheita de informaes a respeito do autor que passa a ser imediatamente perseguido aps essa rpida investigao procedida por policiais ou particulares. Tal situao no se confunde com uma demorada investigao a respeito dos fatos. Tem-se admitido pacificamente que esse tempo pode ser vrias horas ou mesmo dias, mas tem que haver a perseguio. Infrao permanente Art. 244 Pargrafo nico. Nas infraes permanentes, considera-se o agente em flagrante delito enquanto no cessar a permanncia (enquanto estiver acontecendo o delito, independente do tempo decorrido entre o fato delituoso e a priso). Ex. art. 255 CPM Seqestro e art. 244 COM extorso mediante seqestro. Lavratura do auto Art. 245. Apresentado o preso ao comandante ou ao oficial de dia, de servio ou de quarto, ouautoridade correspondente, ou autoridade judiciria, ser, por qualquer deles, ouvido o condutor e as testemunhas que o acompanharem, bem como inquirido o indiciado sobre a imputao que lhe feita, e especialmente sobre o lugar e hora em que o fato aconteceu, lavrando-se de tudo auto, que ser por todos assinado. Ausncia de testemunhas Art. 245 Pargrafo 2 - A falta de testemunhas no impedir o auto de priso em flagrante, que ser assinado por duas pessoas, pelo menos, que hajam testemunhado a apresentao do preso. Designao de escrivo Art. 245 Pargrafo 4 - Sendo o auto presidido por autoridade militar, designar esta, para exercer as funes de escrivo, um capito, capito-tenente, primeiro ou segundo-tenente, se o indiciado for oficial. Nos demais casos, poder designar um subtenente, suboficial ou sargento. Falta ou impedimento de escrivo 10 Art. 245 Pargrafo 5 - Na falta ou impedimento de escrivo ou das pessoas referidas no pargrafo anterior, a autoridade designar, para lavrar o auto, qualquer pessoa idnea, que, para ssefim, prestar o compromisso legal. Recolhimento a priso. Diligncias Art. 246. Se das respostas resultarem fundadas suspeitas contra a pessoa conduzida, a autoridade mandar recolh-la priso, procedendo-se, imediatamente, se for o caso, a exame de corpo de delito, busca e apreenso dos instrumentos do crime e a qualquer outra diligncia necessria ao seu esclarecimento. Nota de culpa Art. 247. Dentro em vinte e quatro horas aps a priso, ser dada ao preso nota de culpa assinada pela autoridade, com o motivo da priso, o nome do condutor e os das testemunhas. Recibo da nota de culpa Art. 245 Pargrafo 1 - Da nota de culpa o prso passar recibo que ser assinado por duas testemunhas, quando le no souber, no puder ou no quiser assinar. Art. 245 Pargrafo 2 - Se, ao contrrio da hiptese prevista no art. 246, a autoridade militar ou judiciria verificar a manifesta inexistncia de infrao penal militar ou a no participao da pessoa conduzida, relaxar a priso. Em se tratando de infrao penal comum, remeter o preso autoridade civil competente. Registro das ocorrncias Art. 248. Em qualquer hiptese, de tudo quanto ocorrer ser lavrado auto ou termo, para remessa autoridade judiciria competente, a fim de que esta confirme ou infirme os atos praticados. Fato praticado em presena da autoridade Art. 249. Quando o fato for praticado em presena da autoridade, ou contra ela, no exerccio de suas funes, dever ela prpria prender e autuar em flagrante o infrator, mencionando a circunstncia. Priso em lugar no sujeito administrao militar Art. 250. Quando a priso em flagrante for efetuada em lugar no sujeito administrao militar, o auto poder ser lavrado por autoridade civil, ou pela autoridade militar do lugar mais prximo daquele em que ocorrer a priso. Remessa do auto de flagrante ao juiz Art. 251. O auto de priso em flagrante deve ser remetido imediatamente ao juiz competente, se no tiver sido lavrado por autoridade judiciria; e, no mximo, dentro em cinco dias, se depender de diligncia prevista no art. 246. Passagem do preso disposio do juiz 11 Art. 251 Pargrafo nico. Lavrado o auto de flagrante delito, o preso passar imediatamente disposio da autoridade judiciria competente para conhecer do processo. Observaes importantes: a) O CPPM no explcito quanto ao prazo em que dever ser lavrado o auto de priso em flagrante aps a captura do autor da infrao. Pelo art. 245 tem-se a impresso de que isso deve ocorrer imediatamente aps a apresentao do preso a autoridade. Todavia, diante do art. 247, que determinar o prazo de 24 horas para que seja entregue ao prezo a nota de culpa, tem-se concludo, que esse prazo mximo que dispe a autoridade para formalizar a autuao. No pode deixar para o dia seguinte. A jurisprudncia (conjunto de solues dadas as questes do direito pelos tribunais) consagra o que ilegal o auto de priso em flagrante lavrado no dia seguinte ao da priso, no ocorrendo necessidade invencvel para justificar o adiamento de sua lavratura. b) Nos termos do art. 245, a primeira pessoa a ser ouvida no auto de priso em flagrante delito o condutor (agente da autoridade ofendido ou particular que conduziu o prezo at a autoridade). Em seguida, devem ser ouvidas as testemunhas que acompanharam o condutor, que devem ser no mnimo duas, pois, o Cdigo usa esta palavra no plural. Ouvidas as testemunhas, a autoridade interroga o indiciado sobre a imputao que lhe feita. Nessa ocasio deve ser alertado sobre o direito de ficar calado, assegurado na Constituio Federal, sem ressalvas (art. 5 - LXIII). A seqncia dos depoimentos obrigatria e dita pela lgica. indispensvel que o indiciado seja o ultimo a falar nos autos e seu depoimento ser balizado pelo que afirmem o condutor e as testemunhas. A inverso da ordem dos depoimentos causa de nulidade do auto de priso em flagrante. c) O art. 245 no diz expressamente sobre o depoimento da vtima, todavia, a rigor a vtima tambm uma testemunha, portanto, caso a vtima esteja presente na lavratura do auto de priso em flagrante, deve ser ouvida juntamente com as demais testemunhas, aps o condutor e antes do indiciado. d) No caso de enfermidade ou embriaguez do acusado, no se operando o seu restabelecimento antes de 24 horas, que o prazo mximo tolerado para a lavratura do auto, encerra-se o flagrante sem o interrogatrio, descrevendo-se os motivos da impossibilidade, como testemunha disso. e) A jurisprudncia consagra que nulo o auto de priso em flagrante, presidido e lavrado pelo prprio condutor que teria que ouvir a si prprio. Bem como torna nulo o auto de priso em flagrante em que a autoridade que preside o flagrante atue como testemunha. f) O auto de priso em flagrante a pea inteiria, de texto corrido, lavrado (redigido e ditado) pela autoridade militar. O preso deve estar presente a elaborao do auto, pois, nulo o auto de priso emflagrante lavrado sem a presena do preso. g) A falta de qualquer assinatura, desde que acarrete prejuzo para o indiciado, uma vez presumida a ausncia total ou parcial, consubstanciar nulidade absolutamente insanvel, pois a prova da presena se faz pela assinatura no auto de priso em flagrante. h) A nota de culpa deve ser entregue 24 horas aps a priso. A omisso desse ato essencial deve redundar no relaxamento da priso. 12LEGISLAO E REGULAMENTOS 1. CONST