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247 LEGALIDADE E MUNDOS DO TRABALHO EM SANTA MARIA (1961) DIORGE ALCENO KONRAD Professor do Programa de Pós-Graduação em História da UFSM, Doutor em História Social do Trabalho pela UNICAMP. Endereço Eletrônico: [email protected] Resumo Com a renúncia de Jânio Quadros à Presidência da República, inicia-se o movimento conhecido como Campanha da Legalidade, a fim de garantir a posse de João Goulart. Em Santa Maria, o Comando Sindical local se tornou o Comando de Resistência Democrático (CRD). Com a presença de entidades sindicais, somando-se a milhares de voluntários pela Legalidade que foram se alistando nas corporações militares, foi pela organização do CRD que saíram os principais comícios e marchas pela Legalidade da cidade. Este artigo apresenta os resultados da pesquisa sobre o processo de participação do movimento operário e sindical na Campanha da Legalidade, em Santa Maria, entre outras questões, entre agosto e setembro de 1961. Palavras-Chaves: Campanha da Legalidade; Mundos do Trabalho; Santa Maria. Certa vez, Luiz Roberto Lopez escreveu que não faltavam motivos para que a Legalidade estivesse no limbo da história oficial por duas décadas, sobretudo durante a Ditadura Civil-Militar, quando o acontecimento foi tratado superficialmente e com toda a distância possível. As razões se explicavam por três motivos essenciais: pela ampla mobilização popular de conteúdo democrático, pelos protagonistas mais importantes do Movimento, nomes que seriam malditos na fase pós-1964, e pelo apoio ostensivo dos militares, numa das raras ocasiões em que o Exército, no caso o III Exército, sob o comando do general Machado Lopes, esteve literalmente do lado das massas populares (LOPEZ, in. FELIZARDO, 1988). Assim, passados mais de 50 anos da Campanha da Legalidade, tanto a historiografia quanto a academia deixaram o movimento em certa clandestinidade. A história social do trabalho também deixou essencialmente de lado, em particular, a participação do movimento operário e sindical, quando várias organizações de trabalhadores se colocaram ao lado da rede da Legalidade, defendendo a Constituição e a posse de Jango como Presidente da República. Diferente de certas opiniões entre os historiadores, na conjuntura do Brasil do início dos anos 1960, havia um projeto antidemocrático em curso: aquele que daria o Golpe em 1964. Este, três anos antes, a partir do Rio Grande do Sul, na Legalidade, teve a resistência da maioria da população, o que adiou por vários meses os interesses antinacionais e contra as reformas sociais. Sabemos que a vitória da Legalidade apenas adiou a sanha golpista. Logo se ampliou o discurso conservador, mobilizando brasileiros para aderir à defesa de novo Golpe. Como sabemos, estes líderes vieram a público (ou não), através do complexo Instituto Brasileiro de Pesquisas Sociais (IPES)/Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD), articulado por setores

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LegaLidade e Mundos do TrabaLho eM sanTa Maria (1961)

Diorge Alceno KonrAD

Professor do Programa de Pós-Graduação em História da UFSM, Doutor em História Social do Trabalho pela UNICAMP.

Endereço Eletrônico: [email protected]

resumo

Com a renúncia de Jânio Quadros à Presidência da República, inicia-se o movimento conhecido como Campanha da Legalidade, a fim de garantir a posse de João Goulart. Em Santa Maria, o Comando Sindical local se tornou o Comando de Resistência Democrático (CRD). Com a presença de entidades sindicais, somando-se a milhares de voluntários pela Legalidade que foram se alistando nas corporações militares, foi pela organização do CRD que saíram os principais comícios e marchas pela Legalidade da cidade. Este artigo apresenta os resultados da pesquisa sobre o processo de participação do movimento operário e sindical na Campanha da Legalidade, em Santa Maria, entre outras questões, entre agosto e setembro de 1961.

Palavras-Chaves: Campanha da Legalidade; Mundos do Trabalho; Santa Maria.

Certa vez, Luiz Roberto Lopez escreveu que não faltavam motivos para que a Legalidade estivesse no limbo da história oficial por duas décadas, sobretudo durante a Ditadura Civil-Militar, quando o acontecimento foi tratado superficialmente e com toda a distância possível.

As razões se explicavam por três motivos essenciais: pela ampla mobilização popular de conteúdo democrático, pelos protagonistas mais importantes do Movimento, nomes que seriam malditos na fase pós-1964, e pelo apoio ostensivo dos militares, numa das raras ocasiões em que o Exército, no caso o III Exército, sob o comando do general Machado Lopes, esteve literalmente do lado das massas populares (LOPEZ, in. FELIZARDO, 1988).

Assim, passados mais de 50 anos da Campanha da Legalidade, tanto a historiografia quanto a academia deixaram o movimento em certa clandestinidade. A história social do trabalho também deixou essencialmente de lado, em particular, a participação do movimento operário e sindical, quando várias organizações de trabalhadores se colocaram ao lado da rede da Legalidade, defendendo a Constituição e a posse de Jango como Presidente da República.

Diferente de certas opiniões entre os historiadores, na conjuntura do Brasil do início dos anos 1960, havia um projeto antidemocrático em curso: aquele que daria o Golpe em 1964. Este, três anos antes, a partir do Rio Grande do Sul, na Legalidade, teve a resistência da maioria da população, o que adiou por vários meses os interesses antinacionais e contra as reformas sociais.

Sabemos que a vitória da Legalidade apenas adiou a sanha golpista. Logo se ampliou o discurso conservador, mobilizando brasileiros para aderir à defesa de novo Golpe. Como sabemos, estes líderes vieram a público (ou não), através do complexo Instituto Brasileiro de Pesquisas Sociais (IPES)/Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD), articulado por setores

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majoritários do capital, tanto em nível nacional como estrangeiro (ver: DREIFUSS, 1987).1

A reação conservadora, civil e militar, que articulou a construção do Golpe de 1964, aprofundada em pouco menos de três anos, foi uma resposta dos setores reacionários à ampla mobilização popular de 1961. Em Santa Maria, no centro geográfico do Rio Grande do Sul, cidade de importante movimento sindical, sobretudo de ferroviários, e um centro militar importante, contendo o segundo maior contingente do Brasil, a Campanha da Legalidade mobilizou amplos setores sociais, sobretudo entre os trabalhadores organizados e no seio do Exército e na Brigada Militar. Estudar o processo da Campanha da Legalidade, em Santa Maria, e sua relação com o movimento operário e sindical é o objetivo central deste artigo, tendo como fonte principal o jornal A Razão, principal periódico da cidade de então. Mas, antes, é preciso contextualizar os principais momentos da Legalidade de 1961.

a reação democrática através da Campanha da Legalidade2

A chamada Guerra Fria3 e as disputas político-ideológicas que opuseram ao projeto capitalista e liberal o projeto socialista, sobretudo após a Segunda Guerra Mundial, bem como, no plano regional, a Revolução Cubana de 1959, devem ser levados em conta a polarização social e o aumento da luta de classes no início dos anos 1960. Assim como, para entender a Campanha da Legalidade, deve-se prestar atenção à radicalização política daquele período.

Foi naquele contexto que Jânio Quadros tomou posse na Presidência da República, após grande votação, apresentando seu programa que tentava conciliar, de forma ambígua, medidas liberais em termos de política econômica e ações de fundo nacionalista, como a política externa independente e a defesa de reformas sociais.

Eleito pelo Partido Democrata Cristão (PDC), inexpressivo em nível nacional, mas com apoio da União Democrática Nacional (UDN). No Rio Grande do Sul, Jânio teve o apoio de grande parte do Partido Social Democrático (PSD) e do Partido Libertador (PL), além de uma dissidência do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), chamado de Movimento Trabalhista Renovador (MTR). Tais partidos, que se denominaram de Frente Democrática, se insurgiram contra a candidatura do Marechal Henrique Teixeira Lott, visto por estes como incentivador da agitação e “cúmplice dos comunistas”.

A política ambígua de Jânio o colocou em uma encruzilhada, aumentando a pressão política de base liberal e conservadora que o apoiava. Como apoiador de primeira hora para eleger Quadros à Presidência, as posições do Governador Carlos Lacerda foram mudando rapidamente. Tanto que, em 21 de agosto, o “Corvo”, apelido que havia ganhado pela sistemática oposição que levou Getúlio Vargas em 1954, ameaçou renunciar ao governo da Guanabara, após Jânio Quadros condecorado com a Ordem do Mérito Cruzeiro Sul para Ernesto “Che” Guevara, com o grau de gran oficial, atitude que já levara oficiais reacionários da Força Aérea Brasileira (FAB) a devolverem condecorações. Antes disso ainda acontecera a emblemática Conferencia de Punta del Este, com a participação de “Che”, um dos principais líderes da revolução Cubana, onde Jânio teria tido “atuação idealista”, defendendo a multilateralidade nas relações internacionais, o que levou ao início do rompimento com sua base de apoio conservador que o elegeu. No mesmo dia da ameaça de Carlos Lacerda, Jânio

1 Ideias apresentadas acima se referenciam em KONRAD; LAMEIRA, 2011(a): 15-49.

2 Algumas das considerações abaixo foram inicialmente apresentadas em KONRAD; LAMEIRA, 2011(b): 67-98.

3 Em artigo escrito a seis mãos, argumentamos que o início da “Guerra Fria” após a Segunda Guerra Mundial, sempre escondeu “uma estratégia sutil de anticomunismo presente desde o século XIX, após o surgimento do marxismo, aprofundada depois da Comuna de Paris e absolutizada com a vitória da Revolução Soviética. A burguesia mundial nunca tolerou o proletariado e os trabalhadores no poder. Ver: KONRAD; KONRAD; LAMEIRA, 2007: 123.

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o chamou a Brasília, para dissuadi-lo da ameaça política. Enquanto isso, o general Odílio Denys re reunia com outros generais para ver o “rumo da crise” devido à condecoração de “Che” e a ameaça de renúncia de Lacerda (A RAZÃO, 22/08/1961: 01).

Se o intento de Lacerda era verdadeiro, ainda é necessário que pesquisas sobre o tema sejam aprofundadas. Se foi um blefe para pressionar Jânio Quadros, parece que a ideia em si pode ter estimulado o Presidente da República a repeti-lo dias depois. Quando Jânio Quadros apresentou a tática de anunciar a renúncia, com indícios de chantagem política, para fortalecer seu poder, não obteve êxito. Sua renúncia, em 25 de agosto, foi aceita com facilidade. Saindo de Brasília, declarou “um dia voltarei como Getúlio”. O Presidente eleito com a maior votação até então, argumentou: “fui vencido pela reação ... Forças terríveis levantam contra mim e intrigam pela difamação, até com a desculpa de colaboração”. Já que o insucesso [uma clara alusão a ameaça de renúncia de Lacerda?] não teve coragem de renúncia, é mister que o êxito a tenha” (A RAZÃO, 26/08/1961: 01. Considerações do autor entre chaves).

No mesmo dia, o Governador do Rio Grande do Sul, Leonel de Moura Brizola, manifestou posição pela solução democrática da crise, defendendo “com absoluta fidelidade o respeito à Constituição” (A RAZÃO, 26/08/1961: 08). Na mesma edição do jornal local, as principais autoridades dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, além da Igreja Católica, se manifestaram. O Prefeito de Santa Maria, Miguel Sevi Viero, assim se pronunciou: “Encaremos a situação como realmente grave. (...) Entretanto, eu apelo à população de Santa Maria que aguarde calma, porque, em contato com as autoridades encarregadas com a manutenção da ordem, podemos afirmar que até o momento nada de anormal poderá acontecer (...)”. Pantaleão Lopes, o Presidente da Câmara de Vereadores, manifestou sua “impressão” de que era “mais uma manobra do inimigo número um de nosso povo”, Carlos Lacerda, o qual “há sete anos atrás matou o maior estadista de todas as épocas, o presidente Getúlio Vargas”. Antonio Augusto Fernandes, Juiz de Paz do município, indicou o rumo do que seria o argumento principal da Campanha da Legalidade que se iniciava: “sem maiores estudos, o vice-presidente, que é o presidente do Senado, portanto o homem por lei, assumirá a Presidência (...)”. Para o Bispo Diocesano, Dom Victor Sartori, dizendo-se profundamente traumatizado, externou que a “dramática renúncia do Sr. Jânio Quadros” era “extremamente grave”, torcendo para que a situação não viesse “a perigar as instituições democráticas e cristãs de nosso país (...)” (Idem: 08).

Mas a defesa da legalidade constitucional não era o intento das forças reacionárias. Submissas ao imperialismo norte-americano, elas já haviam se irritado com as propostas de reformas sociais e econômicas de Cuba, o que de certa forma inspirava o Governo brasileiro por medidas semelhantes, principalmente na defesa da reforma agrária, e com a política independente de Quadros. Os ataques aumentavam e seriam destinados especialmente a todos os setores nacionalistas, progressistas e socialistas. Assim, com a renúncia de Jânio Quadros, por exemplo, uma das grandes justificativas dos ministros militares golpistas para impedir a sua posse foi o argumento de que João Goulart promovia a “agitação” nos meios operários, era “vinculado aos comunistas” e “simpático aos países socialistas”.

Porém a resistência democrática logo se fez mostrar. Em 26 de agosto, com a disposição de Odílio Denys de não permitir a posse de Jango, o Marechal Lott lançou seu “Manifesto à Nação”. No contundente documento, Lott conclamou “às forças vivas do país, as forças da produção e do pensamento, aos estudantes e intelectuais, aos operários e ao povo em geral para tomar posição decisiva e enérgica”, em defesa da “Constituição e preservação integral do regime democrático brasileiro”. Além disso, apelou aos “nobres camaradas das forças armadas” para “portar-se à altura das tradições legalistas que marcam a sua história, nos destinos da Pátria”. No mesmo dia, o marechal telefonou para Leonel Brizola, reforçando a disposição de resistência em defesa da Legalidade, enquanto Jango manifestou confiança “no Povo Brasileiro e no patriotismo das Forças Armadas” (A RAZÃO, 27/08/1961: 01).

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No dia 28, Lott seria preso por ordem de Odílio Denys, do comando golpista das Forças Armadas.

A resistência se ampliou sobremaneira, sobretudo a partir da Rede da Legalidade do Rio Grande do Sul. Em 1961, a tentativa de golpe não foi vencedora porque o Governador assumiu uma postura radicalmente contra a iniciativa e praticamente tornou o estado em região rebelada. Imediatamente, ele recebeu apoio de boa parte da sociedade sul-rio-grandense, a grande maioria dos deputados, sindicalistas, estudantes, etc., enquanto a Brigada Militar foi posta em prontidão. Em nível nacional, a maioria das forças políticas identificadas com um projeto nacionalista, e mesmo aqueles que somente defendiam a legalidade se opuseram ao golpe, promovido pelos três ministros militares de Jânio, Silvio Heck, da Marinha, Odílio Denys, do Exército e Grun Moss, da Aeronáutica.

Com a mobilização de parte dos setores liberais-conservadores, especialmente liderados pela UDN, e a cumplicidade do Presidente interino Ranieri Mazzilli a articulação golpista ousava em suas pretensões. O próprio Mazzilli fez uma declaração, argumentando que “os ministros militares, responsáveis pela ordem interna”, lhe “manifestaram a absoluta inconveniência, por motivo de segurança nacional, do regresso ao País do Vice-Presidente João Goulart”. Em nota divulgada pela Secretaria de Imprensa do Palácio, em 28 de agosto, e deixando de lado sua “legitimidade constitucional”, o Presidente do Congresso abria mão aos comandantes das Forças Armadas, em sua sanha golpista. Afirmava que se as duas casas do Congresso reconhecessem “os motivos invocados na mensagem” dos ministros militares, ele se considerava “incompatibilizado” de se candidatar “à substituição do Sr. Jânio Quadros no exercício da Presidência da República (A RAZÃO, 29/08/1961: 08).

Entretanto, quando o comandante do III Exército, general Machado Lopes, aderiu ao movimento liderado por Brizola, a resistência se fortaleceu mais ainda. Assim, o Movimento foi vitorioso em função da grande mobilização popular, pela defesa da legalidade constitucional, pela decidida liderança de Leonel Brizola e pela falta de apoio social mais amplo dos setores conservadores. Também pelo decidido apoio militar do III Exército e de oficiais e combatentes desertores das regiões militares fiéis a Odílio Denys, o principal articulador militar da tentativa golpista, juntamente com a reação legalista da Brigada Militar do Rio Grande do Sul. O Governador goiano, Mauro Borges, foi o grande aliado do governo rio-grandense, enquanto a grande maioria das forças políticas assumiu uma postura moderada. Uma das exceções de destaque foi Carlos Lacerda, que apoiou efusivamente o golpe, abrindo uma gigante onda de repressão policial e censura na Guanabara.

No Rio Grande do Sul, aqueles que apoiaram o golpe, ou pelo menos que não se opuseram a ele, ficaram em relativo silêncio. Além da Rádio da Legalidade, organizada pelo Governo do estado, principal meio de comunicação entre a resistência, já que os ministros militares censuraram todas as outras formas de fazê-lo, milhares de pessoas se alistaram nos batalhões populares, chamados comitês da resistência democrática, e nas Brigadas da Legalidade.

O resultado disso foi que em 2 de agosto, finalmente, devido a uma das maiores mobilizações populares da história republicana brasileira, João Goulart tomou posse na Presidência da República (A RAZÃO, 03/09/1961: 01). Terminava mais uma tentativa de golpe, mas as forças reacionárias não saíram totalmente derrotadas. Jango havia cedido com o parlamentarismo, abrindo mão de parte de seus poderes, acordando um futuro plebiscito sobre o regime de governo, decisão que deixou seu cunhado Brizola decepcionado, juntamente com boa parte daqueles que quase pegaram em armas pela Legalidade.

A posse de Jango não tirou a sensação de Brasil partido. Tanto que um telegrama do General Machado Lopes às unidades militares do Rio Grande do Sul, recebido em Santa Maria pelo Comando da 3ª Divisão de Infantaria, trazia a preocupação com os rumos políticos do País: “(...) Apelo como bom cristão que camaradas Forças Armadas, especialmente Exército, aproveitem oportunidade para restabelecermos tranquilidade nossos lares e consolidarmos

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regime evitando males imprevisíveis guerra fratricida (...)” (A RAZÃO, 03/09/1961: 01).No mesmo dia 2 de setembro, a Câmara de Vereadores de Santa Maria passou o dia

em sessão permanente, enquanto que uma “Grande Romaria ao Santuário Medianeira foi convocada para as 16 horas, por Dom Luiz Victor Sartori (Idem: 08).

Em 04 de setembro, a Câmara de Vereadores de Santa Maria repudiou aprovação da emenda parlamentarista, assim como o Comando de Resistência Democrática (A RAZÃO, 05/09/1961: 04). Mas João Goulart já havia conciliado. Três dias depois, Jango tomaria posse, indicando Tancredo Neves para Primeiro Ministro (A RAZÃO, 07/09/1961: 01).

Alguns dias depois, Dom Luiz Victor Sartori, no programa da Rádio Medianeira, “A Voz da Diocese”, afirmou que “grupos de ideologia da extrema esquerda tencionam agitar o seio da massa popular”. Era um prenúncio local da posição futura de setores importantes da Igreja Católica no rumo da posição golpista, em nome do “combate ao comunismo” (A RAZÃO, 20/09/1961: 08). Antes ainda da posse de Jango, Sartori já deixava em aberto que Legalidade defendia, ao defender que a “crise deverá ser superada dentro da Lei”. No mesmo programa, em 29 de agosto, defendeu que o Brasil tinha “um grande e imperioso papel a desempenhar na sua vida interna e na convivência fraternal com os demais povos livres”. Sobretudo, numa hora “em que forças tenebrosas, internas e externas”, ameaçavam “a democracia e independência da Pátria no propósito luciferino de levá-la para a tutela do regime escravizador e imperialista soviético (A RAZÃO, 29/09/1961: 08).

Assim, os liberais-conservadores, alguns que defenderam a Legalidade e outros abertamente golpistas, aliados do capital transnacional e seus subordinados brasileiros, começaram a aprofundar seu jogo político na luta de classes que anunciava radicalizar-se. A criação do IPES e do IBAD será a institucionalização desta ação reacionária, para a rearticulação golpista, a qual terá sucesso em 1964. Mas isto não é tema para ser desenvolvido nos limites deste artigo.

operários e sindicalistas na Legalidade em santa Maria

Em princípios de agosto de 1961, a grande movimentação do movimento operário e sindical de Santa Maria era para a organização do 1º Congresso da Juventude Trabalhadora de Santa Maria (A RAZÃO, 13/08/1961: 08) e o aumento de preços dos gêneros de primeira necessidade. Tanto que, sobre este tema, em 20 de agosto, assinada pelo seu Presidente Laudelino do Nascimento, o Comando Sindical, uma organização que reunia diversas categorias de trabalhadores da cidade, publicou uma nota oficial em A Razão criticando a ausência a uma audiência para tratar do problema do Prefeito Municipal (A RAZÃO, 20/08/1961: 01).

Com a renúncia de Jânio Quadros, poucos dias depois, e com a tentativa dos ministros militares e dos setores conservadores de impedir a posse de João Goulart, tudo isso ficou em segundo plano.

Em Santa Maria, de imediato, os ferroviários se mobilizaram. A categoria de trabalhadores com maior tradição de organização e de lutas, em 26 de agosto, anunciou a eclosão de uma greve geral na ferrovia para iniciar no dia seguinte, por tempo indeterminado, caso a Constituição Federal fosse desrespeitada e os golpistas tentassem impedir, sob qualquer pretexto, a posse do vice-presidente da República eleito. Deliberaram, também, por manterem-se em reunião permanente, até a solução definitiva da crise política brasileira, em respeito às liberdades democráticas, manutenção da legalidade e respeito integral à Constituição (A RAZÃO, 27/08/1961: 08).

Naquele momento, a partir do governo estadual, a mobilização pela Legalidade tornava-se intensa. Com a decisão de resistência liderada por Leonel Brizola, as “forças

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legais transformaram o Rio Grande do Sul num só homem”. O Palácio Piratini tornou-se o “fortim da Constituição e da defesa das instituições” durante a madrugada de domingo, dia 26, e nos dias seguintes. A conquista do Comando do III Exército para o Movimento da Legalidade, atendendo ao apelo de Brizola, disposto a resistir até pelas armas. A Brigada Militar, uma centena de civis e mais alguns jornalistas se encontravam em contato contínuo com o Governador, formando a liderança inicial da Legalidade, com distribuição de armas aos funcionários do Palácio, como também a estudantes, jornalistas e populares que permaneceram na sede do governo estadual (A RAZÃO, 29/08/1961: 01). Nascia ali, a mobilização que se transformaria em um dos maiores movimentos políticos da História da República.

Em Santa Maria, a população ampliou sua disposição para a Legalidade, sobretudo quando o Comandante da 3ª DI, o General Pery Constant Bevilaqua se somou ao General Machado Lopes em defesa da Constituição. Sua declaração foi uma espécie de senha para

aumentar a mobilização popular na cidade:

Como Comandante da 3ª Divisão de Infantaria e Guarnição de Santa Maria, congratulo-me entusiasticamente com o povo santamariense, da cidade “Coração do Rio Grande” pela dissipação das ameaças de guerra civil que pesavam sobre o laborioso povo brasileiro, graças a patriótica posição assumida pelo Gal. Machado Lopes, Comandante do III Exército, dizendo NÃO a ordem ilegal, cujo cumprimento implicaria em desencadear uma luta sem grandeza, que visaria garrotear a democracia, golpear as instituições constitucionais, roubar ao povo brasileiro. o seu direito de livre escolha e auto dererminação. (...) Com o poder militar do III Exército sintonizado com as vibrações cívicas do povo, fecunda será para a Nação brasileira a atitude vertical do Gen. Machado Lopes. Não haverá, provavelmente, necessidade do III Exército marchar para fora dos seus limites territoriais a fim de restabelecer integralmente a ordem legal em todo o país. Minhas congratulações cívicas com o povo de Santa Maria (RAZÃO, 29/08/1961: 01 e 05).

O telegrama de Machado Lopes para Pery Constant Bevilaqua, comunicando que recebera ordem do ministro do Exército, por intermédio do General Geisel, que implicaria em declarar guerra civil e sua negativa de que não a cumpriria, daria firmeza ao principal comandante do Exército em Santa Maria. A declaração do comandante do III Exército de que “só cumpriria ordens legais da Constituição vigente” estimulou ainda mais a mobilização da população civil (idem: 05).

Os poderes constituídos de Santa Maria também foram para a linha de frente em defesa da legalidade constitucional. Em 27 de agosto, o Prefeito, Miguel Sevi Viero, que também era presidente local do Partido Social Democrata (PSD), e outros dirigentes pessedistas (Nelson Marchesan, Paulo Brilhante e Erony Paniz), lançaram uma “Proclamação ao Povo Brasileiro”, o qual foi lido pelo vereador do mesmo partido, Antônio Abelin, no Parlamento Municipal, um dia depois, com “apoio integral e solidariedade às autoridades do Executivo e Legislativo Estaduais e ao Exército” (Idem: 08).4 Os vereadores trabalhistas do PTB, Pantaleão Lopes – Presidente da Câmara Municipal, Helena Ferrari, Eduardo Rolim e Adelmo Simas Genro não deixaram de se manifestar, assinando uma resolução que, entre outras questões, defendia o “respeito à Ordem Nacional a defesa total da Democracia e posse do Vice-Presidente da República, Dr. João Goulart, como única solução constitucional” (Idem: 05)

A partir dali, instituições da sociedade civil passaram a se manifestar em apoio a Legalidade e a Leonel Brizola em Santa Maria. No Manifesto dos Centros de Tradição Gaúcha, assinado por Lauro Rodrigues Kramer Neto, foi dito que a Constituição precisava “ser mantida no protesto, no desespero, na luta ou no sangue”, porque ela era “a Bíblia do povo e o Catecismo da raça” (idem: 05).

4 É interessante notar que algumas destas lideranças mudariam suas posições, apoiando o Golpe Civil-Militar de 1964.

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A Associação dos Ex-Combatentes, Seção de Santa Maria, também cerrou fileiras ao movimento legalista do Rio Grande do Sul. Expedindo uma nota, em 28 de agosto, alertava para o “conseqüente perigo, e das ameaças que pesam sobre as instituições democráticas e ao regime, por parte das chamadas forças ocultas”, representadas no país “por golpistas e reacionários da pior espécie, verdadeiros carunchos da democracia”. Em consequência, a Associação dos pracinhas manifestou “solidariedade ao Governo do Estado do Rio Grande do Sul”, manifestando “sua firme disposição de reempunhar armas, se necessário for, diante de qualquer tentativa de desrespeito à legalidade constitucional”. Os Ex-Combatentes, na nota assinada pelo seu Presidente, Altamir Mesquita do Amaral, entendiam “por legalidade constitucional a posse automática e livre desempenho de suas altas funções, do supremo mandatário da Nação: O Presidente João Goulart” (Idem: 05).

Outras organizações se somaram à defesa da Legalidade. A Associação Santamariense dos Funcionários Públicos e Civis da União enviou telegrama a Brizola, assinado pelo seu Presidente Francisco José Aguirre, lhe hipotecando irrestrita solidariedade (Idem: 05).

Os estudantes do ensino superior, vinculados a então Universidade de Santa Maria saíram na frente das manifestações públicas em defesa da Legalidade. No dia 27 de agosto, outro manifesto, assinado por Luiz Aquino (2º Vice Presidente do Centro Acadêmico da Faculdade de Direito) e Sérgio Bonocielli (Presidente do Centro Acadêmico da Faculdade de Ciências Políticas e Econômicas), oriundo dos seus respectivos centros acadêmicos já viera a público “externar sua confiança nas instituições democráticas” (idem: 08).

Os estudantes secundaristas não ficaram atrás. Em 28 de agosto, através de nota oficial, a União Santamariense de Estudantes (USE), decretou “greve pacífica e disciplinada do estudantado santamariense”, informando aos diretores de estabelecimentos de ensino, ao magistério e aos pais que a decisão era “uma segurança como único objetivo de evitar aglomerações, trânsito pelas ruas e qualquer possibilidade de discussões e incidentes”. Num primeiro momento, no documento assinado pelo Presidente da Entidade, Flávio Cassel, nenhuma demonstração pública seria permitida, seja para passeatas ou comícios” (Idem: 05).

Durante o processo da Campanha da Legalidade, ocorria o VI Congresso Nacional de Estudantes de Medicina, o qual escolheu como patrono do evento a Constituição promulgada em 1946, manifestando apoio às autoridades estaduais, ao III Exército e a Brigada Militar (Idem: 08)

No dia 29, o Diretório Central dos Acadêmicos de Santa Maria lançou seu Manifesto, se somando ao Movimento da Legalidade:

O DCE da Universidade de Santa Maria vem de manifestar-se em face da situação nacional atual e definir-se nos seguintes termos:A) Luta intransigente pelo cumprimento dos dispositivos legais, estabelecidos na Carta Magna de 1946;B) ... imediata investidura no cargo de Presidente da República do Vice-Presidente, eleito em eleições livres;C) Uma vez cumprido o dispositivo anterior, procurar amplos esclarecimentos que levaram a renúncia do ex-Presidente da República.Lutando pela concretização dos princípios expostos, foi criado o Comitê Central Universitário – Pró-Legalidade, composto por dois elementos de cada faculdade, o qual se manterá em sessão permanente até que o país tenha voltado à normalidade constitucional.Santa Maria, 29 de agosto de 1961. Moacyr S. Ramos – Presidente do DCE - USM(A RAZÃO, 30/08/1961: 01).

Com este Manifesto do DCE da Universidade de Santa Maria, o Centro dos Estudantes

de Direito, além de continuar defendendo a posse imediata de João Goulart, em reunião de

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29 de agosto, decretou greve “em sinal de protesto pelas arbitrariedades contidas contra a Constituição, dispondo-se a lutar, entre outras coisas, pela demissão imediata dos ministros militares golpistas que se negavam a cumprir a Constituição e tripudiavam a vontade popular, manifestada nas eleições de 1960. Também se solidarizavam com Peri Bevilaqua, Comandante da 3ª DI, e com o major Benjamin D’Ávila Prado, Comandante da Guarnição Local da Brigada Militar, por suas posições firmes em defesa da Legalidade. Por fim, hipotecavam “solidariedade absoluta à União Nacional dos Estudantes e a União Estadual dos Estudantes pelas atitudes tomadas em defesa do regime constitucional”. Assinavam a nova nota, Luiz Aquino – Presidente, e Saul Fagundes de Mesquita – Secretário (idem: 01 e 06). No mesmo dia, os estudantes de medicina da Universidade de Santa Maria voltaram a fazer a defesa da lei, afirmando que pensavam “como um só”, estando “com e pela legalidade” (Idem: 01). O mesmo fizeram os acadêmicos da economia, se colocando “firmes com a Constituição”, em nota assinada por seu Presidente, Sérgio Gilberto Bonicielli (Idem: 06 e 08).

Em outra nota circular, da União dos Ferroviários Gaúchos (UFG), assinada por seu Presidente Onofre Ilha Dorneles, dirigida para vinte e um núcleos do Rio Grande do Sul, foi solicitada a continuidade da posição de reunião permanente da categoria, “em estado de alerta, prontos para a eclosão da greve, se os acontecimentos exigirem. A UFG, a partir de Santa Maria, no momento, já mantinha um comando unitário com a Câmara de Vereadores e as demais forças legalistas, informando que estavam “perfeitamente entrosados” com o General Comandante da Guarnição e o da Brigada Militar, os quais estavam “resolutos em defesa da Constituição e da Posse do vice-presidente da República” (A RAZÃO, 29/08/1961: 05). Em uma das raras articulações na cidade entre movimento operário, setores das Forças Armadas e os poderes constituídos, as lideranças locais da Legalidade em Santa Maria convocavam a população para se somar ao Movimento. Naquele momento, os ferroviários já haviam aceito o pedido de Brizola que pediu à categoria que não fizesse greve, prorrogando a decisão para outro momento, se necessário (idem: 08).

Tendo a frente os ferroviários, o movimento operário e sindical avançou na mobilização e na forma em defesa da Legalidade. O “comando unitário”, citado acima, era o já existente Comando Sindical, transformado agora em CRD. Os líderes de todas as categorias de trabalhadores santamarienses, reunidos no Palácio Rosado (tradicional prédio dos ferroviários da cidade), na principal artéria da cidade de então, a Avenida Rio Branco, em 29 de agosto. O CRD, liderado por trabalhadores, reunia estudantes, setores do comércio e da indústria, além de lideranças políticas locais. Em seu Manifesto, o Comando defendeu com firmeza a posse de João Goulart:

Neste momento de vibração cívica, em defesa da Constituição Federal e da Legalidade, transforma-se o Comando Sindical em Comando de Resistência Democrática, entidade aberta a todas as forças vivas da cidade de Santa Maria.Procurará o Comando de Resistência Democrática tudo fazer para manter o povo em estado de alerta, organizado e vigilante para responder com energia a qualquer das forças golpistas.A Legalidade interessa a todo o povo.(...) Trabalhadores, homens do comércio e da indústria, profissionais liberais, estudantes, levanta-se o Rio Grande em defesa da Democracia e da ordem legal e o Comando de Resistência Democrática te conclama para mais esta jornada patriótica.De pé na defesa da Constituição!Viva a Legalidade!Tudo pela vitória das Forças Democráticas!Santa Maria, 28 de agosto de 1961 (A RAZÃO, 29/08/1961: 08).

Com a formação do CRD, outras organizações de trabalhadores foram se somando em defesa da Legalidade. A Associação Profissional dos Jornalistas de Santa Maria, se manifestou

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publicamente no dia 28 de agosto, em nota assinada por Antônio Abelin (Presidente), Paulo Flores (Secretário) e Dalton Couto (Tesoureiro). A entidade chamava a mobilização os jornalistas santamarienses, “para em suas atividades, nos jornais e emissoras” se tornarem “vanguardas em defesa da ordem constitucional e do fiel cumprimento da Constituição, lutando intransigentemente pela liberdade, não permitindo que a sua pena e a sua palavra”, pudessem “servir para estímulo ao desrespeito à Carta Magna”, ameaçado de se efetivar no País. A Associação também se congratulava “com as autoridades rio-grandenses, as forças do III Exército e, especialmente da 3ª DI e Brigada Militar e autoridades e população” da cidade, sobretudo “pela vigilante e extraordinária posição tomada na defesa do regime e no respeito à vontade popular manifestada nas eleições de 1960” (Idem: 05 e 08).

A mobilização dos trabalhadores se ampliava cada vez mais. A Associação dos Telegrafistas, em documento assinado por seu Presidente, Ary Pinheiro Bernardes, e pelo seu Secretário, Wilson Damasceno, solicita alerta da população para manter a Carta Magna (Idem: 05). Em seguida, o Centro Cívico dos Ferroviários “João Goulart”, em nota assinada pelo Engenheiro Euclydes Gonçalves (Presidente), transformou-se em Centro pela Defesa da Legalidade no País, convocando todos os centros, localizados em bairros de Santa Maria, para reunião na Associação dos Empregados da Viação Férrea (A RAZÃO, 30/08/1061: 08).

Naquele momento, o CRD já abrira o voluntariado para os santamarienses se alistarem. Em um novo Manifesto público (assinado por Onofre Ilha Dornelles, Aerth Corsino dos Santos, Argemiro Antônio da Rosa e Laudelino do Nascimento), lançado em 29 de agosto, o Comando informava que mais de três mil voluntários da legalidade já haviam se inscrito em Santa Maria. No documento, conclamava “a todos os gaúchos em condições de pegar em armas para se inscreverem como voluntários, para lutarem ao lado do 3º Exército, da 5ª Zona Aérea e do Governador do Estado pela defesa da Legalidade”, assim “como as senhoritas que desejarem servir de enfermagem” (Idem: 08). Enquanto era criada a Ala Feminina Pró-Legalidade de Santa Maria, a qual visitou a Câmara de Vereadores, “hipotecando irrestrita solidariedade ao movimento legalista no Rio Grande do Sul” (Idem: 08), cerca de sessenta funcionários da Cooperativa de Consumo dos Empregados da Viação Férrea do Rio Grande do Sul (VFRGS), procurando a direção da entidade e pedindo permissão para se alistarem nas corporações da cidade (Idem: 06).

A maior parte dos alistamentos se dava na Câmara de Vereadores (que abriu livro com lista a ser enviada para a Brigada Militar), no Palácio Rosado e nas organizações militares, sobretudo na própria Brigada Militar. Benjamin D’Ávila Prado, o Comandante da Brigada Militar na cidade, dizia interpretar “o sentido de unidade das forças da ordem legal”, se manifestando sobre a prontidão e a movimentação das tropas em Santa Maria em defesa da Legalidade, falando até de pessoas idosas que se ofereciam como voluntários, sendo que mais de mil homens já haviam se inscrito no Regimento da cidade, enquanto que “dezenas de senhoras e moças se apresentaram no Hospital da Brigada”, segundo ele, “tudo autorizado pelo Governador” (Idem: 08).

Esta posição de Brizola resultou em várias manifestações de entidades e personalidades de Santa Maria em apoio ao Governador. Telegramas de solidariedade foram enviadas a Brizola na defesa da Constituição. Entre eles, do DCE da USM, assinado por José Moacyr S. Ramos – Presidente; da Associação dos Aposentados e Pensionistas da IAPFESP, com mais mil e quinhentos associados, assinado por Artidor do Carmo Coronel – Presidente; da União dos Ferroviários Aposentados do Rio Grande do Sul; do Centro dos Funcionários da USM, assinado por uma comissão representada por Milton M. Silva Kurtz, Armando Bonderenko, Salomita Padilha, Maria de Lurdes Torres, Gilberto Cardoso, Maria Emília Kantorski e Fernando A. C, Cauduro; do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Alimentação, assinado por João Feliciano Rios, Presidente; do Ponche Verde – Centro de Tradições Gaúchas, assinado pelo patrão Ari Cechela (Idem: 06 e 08). Outras entidades se somaram à iniciativa. O

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Sindicato dos Empregados no Comércio, assinado por Artigas Vitelino Azevedo – Presidente; o Centro Acadêmico “Jacques Maritain” da Faculdade Imaculada Conceição (FIC), por seu Presidente, Olindo Antônio Toaldo; a Casa dos Telegrafistas Sul-RioGrandenses – assinado pelo Presidente, José Vinadé; o Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de Santa Maria – com a firma de Ione Moraes – Presidente; o CRD; a Ala Moça do PTB, através de Moisés Velazues - Presidente; o Departamento da Mocidade Libertadora do PL, por Carlos Edison Domingues – Presidente; a Ala Moça do PSD, através de Airton Amaral do Canto – Presidente; a Juventude Democrática Cristã – com a assinatura de Waldemar Kümmel – Presidente (A RAZÃO, 31/08/1061: 05 e 08). Os Telegrafistas da Viação Férrea, com assinatura de Ary Pinheiro Bernardes, seu Presidente, e a Liga Trabalhista Feminina de Santa Maria também enviaram mensagens ao Governador (A RAZÃO, 01/09/1061: 08), assim como a União dos Barbeiros do Rio Grande do Sul, que tinha sede em Santa Maria, assinado por Ademar Vilanova- Presidente, os Representantes Comerciais de Santa Maria, com manifestação de Darling Prates- Presidente, os funcionários da Delegacia e Farmácia do Instituto de Previdência, com assinatura de Francisco Ely Londero, Delegado Regional e, por fim, Abdo Mottecy, farmacêutico conhecido da cidade e futuro vereador. Alguns destes mudariam de lado mais tarde, se colocando ao lado do Golpe, em 1964.

Em 30 de agosto, a população de Santa Maria foi para as ruas defender a Legalidade. Organizada pelo CRD, em grande manifestação na Praça Saldanha Marinho, no centro da cidade, um enorme comício foi realizado, com diversaas manifestações. Entre elas, do acadêmico Antônio Carlos Machado, dos vereadores Pantaleão Lopes, Nelson Marchesan e Antônio Abelin, do Prefeito Miguel Sevi Viero, de Clóvis Moraes Rodrigues, em nome do Comando de Resistência Democrático, além de vários líderes operários e de entidades classistas (A RAZÃO, 31/08/1061: 08). Naquele momento, o CRD já tinha constituído a Administração do seu Comando, tendo na presidência Aerte Corsino dos Santos, Argemiro Antônio da Rosa e Onofre Ilha Dornelles, na Secretaria Antônio Luiz Marques, Clóvis Assunção, Nicolau Viola e Oscar Ferreira Flores, na Tesouraria João André Machado, Rui Caetano e Oscar Ferreira Flores, na Consultoria Jurídica Jorge Mottecy, na Comissão de Propaganda e Organização Clóvis Moraes Rodrigues, Francisco Caetano e Ramão Ramires e na Comissão de Relações Públicas Baltazar Mello, Lourenço Silveira e Walter Rodrigues. Vários deles, não seriam esquecidos pela reação golpista em 1964, sendo destituídos de suas funções sindicais, presos e até torturados, como o caso de Baltazar e Onofre, este vindo a falecer na Casa de Saúde devido às sevícias sofridas em quartéis de Santa Maria.

Outra manifestação em defesa da Legalidade, também organizada pelo CRD, foi realizada no dia seguinte, na iminência do retorno ao Brasil de João Goulart, depois de sua viagem à China e seu périplo pela Europa e pela América Latina. Em 31 de agosto, quando já se falava em “emenda parlamentarista”, trabalhadores de Santa María marcharam pelas ruas da cidade em homenagem ao Comando da 3ª DI e à Brigada Militar, às 18 horas, a caminhada partiu da sede as CRD, no Palácio Rosado, na Avenida Rio Branco. Portando cartazes e faixas, lembrando a luta dos últimos dias pelo retorno à normalidade constitucional, lembrando a posição legalista dos militares, a passeata percorreu o centro da cidade, tendo a frente cavalarianos que levavam as bandeiras do Brasil e Rio Grande do Sul, indo para o Quartel General (A RAZÃO, 01/09/1061: 08).

O CRD voltaria às ruas de Santa Maria, dois dias depois, em 02 de setembro, para realizar uma das maiores manifestações da História de Santa Maria e a maior de todas as mobilizações, agora pela vitória da Legalidade. Um dia antes, Jango havia sido recebido no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, por Leonel Brizola, Hélio Carlomagno (Presidente da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul) e o General Machado Lopes.

Segundo A Razão, “operários, estudantes, homens do campo, intelectuais, jornalistas, num grande desfile, emocionaram a cidade com uma demonstração pujante de civismo em torno da causa abraçada pelo Rio Grande do Sul (...) era a voz da legalidade” (A RAZÃO,

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03/09/1961: 01). Percorrendo as ruas centrais de Santa Maria, com destino ao Quartel da Brigada Militar, situada à Rua Pinto Bandeira, em bairro próximo ao centro do município, esta teria sido, até então, “a maior manifestação cívica já pronunciada na cidade”.

Na sacada de um dos prédios da Guarnição Militar, a marcante manifestação do acadêmico de direito da Universidade de Santa Maria, Vinícius Pitágoras Gomes, em nome do CDR, saudando a firme defesa da Legalidade pelo Comandante Major Benjamin D’Ávila Prado, foi um dos momentos mais significativos da Campanha da Legalidade em Santa Maria.

Ali, operários e estudantes, militares e sindicalistas, entre milhares de pessoas, se entusiasmaram com um dos poucos momentos em que os aparelhos repressivos do Estado ficaram ao lado dos trabalhadores na República brasileira. Contra os setores que não queriam mudanças estruturais para dinamizar o dependente capitalismo brasileiro, adiando por cerca de três anos a intenção golpista de impedir a permanência de João Goulart na Presidência da República.

Considerações Finais

A Legalidade conquistou apoio nos movimentos sociais e políticos progressistas e de esquerda por todo o Brasil, influenciando diversos setores e categorias de trabalhadores, com o apoio incondicional do Governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola.

Como vimos, em Santa Maria, o Comando Sindical local, referência organizativa dos mundos do trabalho, que durante a Campanha da Legalidade, se tornou o Comando de Resistência Democrático (CRD), teve a presença de entidades sindicais e do movimento operário, somando-se a milhares de voluntários pela posse de João Goulart. O CRD foi o principal organizador das manifestações que saíram às ruas para o grande comício da Praça Saldanha Marinho, bem como das marchas pela Legalidade da cidade. Assim, o movimento operário e sindical de Santa Maria foi protagonista de um dos grandes momentos em que trabalhadores fizeram a sua história social do trabalho na cidade.

reFerênCias e FonTes

ACADÊMICOS da Economia firmes com a Constituição. In. A Razão, Santa Maria, ano XXVI, n. 265, 30/08/1961. Acervo do Arquivo Histórico Municipal de Santa Maria (AHMSM).

A CLASSE ferroviária não mais tentou eclodir o movimento paredista. [Brizola pediu à categoria que não o fizesse], prorrogando a decisão. In. A Razão, Santa Maria, ano XXVI, n. 264, 29/08/1961. AHMSM.

AMEAÇA de renúncia de Lacerda provocou grave crise nas hostes governamentais! In. A Razão, Santa Maria, ano XXVI, n. 258, 22/08/1961. AHMSM.

ASSOCIAÇÃO Profissional dos Jornalistas de Santa Maria. In. A Razão, Santa Maria, ano XXVI, n. 264, 29/08/1961. AHMSM.

ASSOCIAÇÃO [Santamariense] dos Funcionários Públicos [e Civis da União]. In. A Razão, Santa Maria, ano XXVI, n. 264, 29/08/1961. AHMSM.

CÂMARA repudiou aprovação da emenda parlamentarista. In. A Razão, Santa Maria, ano XXVI, n. 268, 05/09/1961. AHMSM.

CENTRO Cívico [Ferroviário] “João Goulart” transforma-se em Centro pela [PRÓ] Defesa da Legalidade no

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País. In. A Razão, Santa Maria, ano XXVI, n. 265, 30/08/1961. AHMSM.

CENTRO dos Estudantes de Direito: posse imediata do Sr. João Goulart. In. A Razão, Santa Maria, ano XXVI, n. 265, 30/08/1961. AHMSM.

CIDADE continua enviando mensagens ao Governador. In. A Razão, Santa Maria, ano XXVI, n. 268, 02/09/1961. AHMSM.

COMANDO de Resistência Democrática repudia a emenda parlamentarista. In. A Razão, Santa Maria, ano XXVI, n. 268, 05/09/1961. AHMSM.

COMANDO de Resistência realizará hoje grande concentração pública. In. A Razão, Santa Maria, ano XXVI, n. 268, 02/09/1961. AHMSM.

COMANDO Sindical – Nota Oficial. In. A Razão, Santa Maria, ano XXVI, n. 257, 20/08/1961. AHMSM.

COOPERATIVISTAS pedem alistamento voluntário. In. A Razão, Santa Maria, ano XXVI, n. 265, 30/08/1961. AHMSM.

CRIADA a Ala Feminina Pró-Legalidade: decidido apoio da mãe santamariense. In. A Razão, Santa Maria, ano XXVI, n. 265, 30/08/1961. AHMSM.

DECLARAÇÕES do General Peri Bevilaqua. In. A Razão, Santa Maria, ano XXVI, n. 264, 29/09/1961. AHMSM.

DEMONSTRAÇÃO de Civismo do Povo Santamariense. In. A Razão, Santa Maria, ano XXVI, n. 269, 03/09/1961. AHMSM.

DIA 20: 1º Congresso da Juventude Trabalhadora de Santa Maria. In. A Razão, Santa Maria, ano XXVI, n. 252, 13/08/1961. AHMSM.

DOM Victor Sartori: -- A crise deverá ser superada dentro da Lei. In. A Razão, Santa Maria, ano XXVI, n. 264, 29/08/1961. AHMSM.

DOM Luiz Victor Sartori em “A Voz da Diocese”. In. A Razão, Santa Maria, ano XXVI, n. 282, 20/08/1961. AHMSM.

DOS TELEGRAFISTAS. In. A Razão, Santa Maria, ano XXVI, n. 264, 29/08/1961. AHMSM.

DREIFUSS, René. 1964: a conquista do Estado. 5 ed. Petrópolis: Vozes, 1987.

ELOQUENTE a demonstração de apoio do povo de Santa Maria em praça pública. In. A Razão, Santa Maria, ano XXVI, n. 266, 31/08/1961. AHMSM.

EM SANTA MARIA: Povo Criou o Comando de Resistência Democrático [por líderes de todas as classes trabalhadoras, reunidos no Palácio Rosado, na Avenida Rio Branco, em 29/09, transformando o Comando Sindical em CRD, reunindo trabalhadores, estudantes, comércio e indústria. In. A Razão, Santa Maria, ano XXVI, n. 264, 29/08/1961. AHMSM.

ESTUDANTES de Medicina: defesa da lei. In. A Razão, Santa Maria, ano XXVI, n. 265, 30/08/1961. AHMSM.

EX-COMBATENTES. In. A Razão, Santa Maria, ano XXVI, n. 264, 29/08/1961. AHMSM.

FOI constituída a Administração do Comando de Resistência Democrática. In. A Razão, Santa Maria, ano XXVI, n. 266, 31/08/1961. AHMSM.

FORÇAS ARMADAS em Santa Maria prontas para o que der e vier: o povo está solidário e calmo. In. A Razão, Santa Maria, ano XXVI, n. 265, 30/08/1961. AHMSM.

HOJE a posse de João Goulart e indicação de Tancredo Neves para Primeiro Ministro. In. A Razão, Santa Maria, ano XXVI, n. 272, 07/09/1961. AHMSM.

HORAS decisivas para o Regime. In. A Razão, Santa Maria, ano XXVI, n. 268, 02/09/1961. AHMSM.

INSCRIÇÕES para o Voluntariado também no Legislativo local. In. A Razão, Santa Maria, ano XXVI, n. 266, 31/08/1961. AHMSM.

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JANGO é o Presidente do Brasil. In. A Razão, Santa Maria, ano XXVI, n. 269, 03/09/1961. AHMSM.

JÂNIO Quadros renunciou à Presidência da República. In. A Razão, Santa Maria, ano XXVI, n. 262, 26/08/1961. AHMSM.

JOÃO GOULART chega hoje. In. A Razão, Santa Maria, ano XXVI, n. 266, 31/08/1961. AHMSM.

KONRAD, Diorge Alceno; KONRAD, Glaucia Vieira Ramos; LAMEIRA Rafael Fantinel. Revolução Soviética: impacto nos movimentos sociopolíticos e o anticomunismo na imprensa. In. História: Debates e Tendências. Revista do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade de Passo Fundo. Dossiê Movimentos Sociais. Passo Fundo, v. 7, n. 1, p. 121-143, jan./jul. 2007.

KONRAD, Diorge Alceno; LAMEIRA, Rafael Fantinel. A Campanha da Legalidade no Rio Grande do Sul no contexto do anticomunismo. In. Revista Estudos Legislativos. Sessão Especial Legalidade. Porto Alegre, ALERGS/CORAG, ano 5, n. 5, p. 15-49, dez 2011(a).

KONRAD, Diorge Alceno; LAMEIRA, Rafael Fantinel. Campanha da Legalidade, luta de classes e Golpe de Estado no Rio Grande do Sul (1961-1964). In. Anos 90 – Revista do Programa de Pós-Graduação em História. Dossiê Campanha da Legalidade. Porto Alegre, PPGH/UFRGS, v. 18, n.33, p. 67-98, jul. 2011(b).

LOPEZ, Luiz Roberto. Apresentação. In. FELIZARDO, Joaquim. A Legalidade: o último levante gaúcho. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 1988.

MAIS de 3 mil voluntários da legalidade inscritos em Santa Maria. In. A Razão, Santa Maria, ano XXVI, n. 265, 30/08/1961. AHMSM.

MANIFESTO de Lott à Nação. In. A Razão, Santa Maria, ano XXVI, n. 263, 27/08/1961. AHMSM.

MANIFESTO do Diretório Central dos Acadêmicos de Santa Maria. In. A Razão, Santa Maria, ano XXVI, n. 265, 30/08/1961. AHMSM.

MANIFESTO dos Centros Acadêmicos de Direito e de Economia da Universidade de Santa Maria. In. A Razão, Santa Maria, ano XXVI, n. 264, 29/08/1961. AHMSM.

MENSAGENS de Santa Maria ao Governador Brizola. In. A Razão, Santa Maria, ano XXVI, n. 267, 01/09/1961. AHMSM.

MENSAGENS de Solidariedade [enviadas a Brizola] de entidades santamarienses na defesa da Constituição. In. A Razão, Santa Maria, ano XXVI, n. 265, 30/08/1961. AHMSM.

MOMENTOS dramáticos viveu o Palácio do Piratini na madrugada deste domingo! In. A Razão, Santa Maria, ano XXVI, n. 264, 29/08/1961. AHMSM.

NOTA Oficial [União Santamariense de Estudantes – USE]. In. A Razão, Santa Maria, ano XXVI, n. 264, 29/08/1961. AHMSM.

NOVAS mensagens de solidariedade ao governador Leonel Brizola. In. A Razão, Santa Maria, ano XXVI, n. 266, 31/08/1961. AHMSM.

OS TELEGRAMAS. In. A Razão, Santa Maria, ano XXVI, n. 264, 29/08/1961. AHMSM.

POSSÍVEL eclosão de greve ferroviária na segunda-feira. In. A Razão, Santa Maria, ano XXVI, n. 263, 27/08/1961. AHMSM.

PREFEITO e vereadores assinam Nota em defesa da Constituição. In. A Razão, Santa Maria, ano XXVI, n. 264, 29/08/1961. AHMSM.

PREFEITO e dirigentes pessedistas locais lançam Proclamação ao Povo Brasileiro. In. A Razão, Santa Maria, ano XXVI, n. 264, 29/08/1961. AHMSM.

PRESENÇA de Jango Decide Hoje os Destinos do Brasil. In. A Razão, Santa Maria, ano XXVI, n. 267, 01/09/1961. AHMSM.

PRINCIPAIS autoridades falam sobre a renúncia do Presidente Quadros. In. A Razão, Santa Maria, ano XXVI, n. 262, 26/08/1961. AHMSM.

PROCLAMAÇÃO de Mazzilli, In. A Razão, Santa Maria, ano XXVI, n. 264, 29/08/1961. AHMSM.

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TELEGRAMA do Gen. Machado Lopes [ao Comando da 3ª DI]: João Goulart assumiu a Presidência. In. A Razão, Santa Maria, ano XXVI, n. 269, 03/09/1961. AHMSM.

UNIÃO dos Ferroviários. In. A Razão, Santa Maria, ano XXVI, n. 264, 29/08/1961. AHMSM.

VI CONGRESSO Nacional de Estudantes de Medicina: o nosso patrono é a Constituição. In. A Razão, Santa Maria, ano XXVI, n. 264, 29/08/1961. AHMSM.

VEREADORES assinam resolução. In. A Razão, Santa Maria, ano XXVI, n. 264, 29/08/1961. AHMSM.

VIBRANTE manifestação dos trabalhadores de Santamaría em homenagem ao Comando da 3ª DI e à Brigada Militar. In. A Razão, Santa Maria, ano XXVI, n. 267, 01/09/1961. AHMSM.