laudo confirma que pm matou criança_17_12_2010

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SALVADOR SALVADOR SEXTA-FEIRA 17/12/2010 A4 REGIÃO METROPOLITANA [email protected] Editor-coordenador Cláudio Bandeira FOGO Incêndio destrói lojas no Centro da cidade. Assista a vídeo www.atarde.com.br VIOLÊNCIA Tiro que matou Joel Castro, de 10 anos, mês passado, foi disparado pelo soldado Eraldo Souza, segundo a perícia Laudo confirma que PM matou criança ARIVALDO SILVA Vinte e cinco dias após a trá- gica morte do pequeno ca- poeirista Joel da Conceição Santana, 10 anos, ocorrida na Rua Aurelino Souza, Nordeste de Amaralina, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) apre- sentou, ontem, a conclusão do inquérito que confirma a versão da família e dos mo- radores do bairro: a morte do garoto foi fruto de uma ação desastrosa de policiais mili- tares no bairro no último dia 21 de novembro. Os laudos periciais do De- partamento de Polícia Técni- ca (DPT) confirmam que o único projétil que atingiu o rosto e ficou alojado no cé- rebro de Joel partiu de uma pistola calibre .40, usada pelo soldado da Polícia Militar Eraldo Menezes de Souza, lo- tado na 40ª CIPM (Compa- nhia Independente da Polícia Militar), que trabalha há 14 anos na corporação. Outra constatação da perí- cia, aliada às provas subjeti- vas (testemunhais), é que não houve troca de tiros, pois to- dos os estojos coincidem com os projéteis das armas dos po- liciais, recolhidos na rua por populares e entregues à po- lícia. Eraldo e os outros nove policiais estão afastados do serviço, até a conclusão do jul- gamento. Dois deles, solda- dos Leonardo e Santana, fo- ram identificados pelo pai da criança, Joel Castro, e estão sendo indiciados por omis- são de socorro. A informação foi apresen- tada pelo secretário da Segu- rança Pública, César Nunes, pelo delegado-geral da Polícia Civil, Joselito Bispo, e pela de- legada titular da 28ª CP (De- legacia do Nordeste de Ama- ralina), Jussara Souza. Durante a apresentação da conclusão do inquérito, Nu- nes disse que foi analisado pela perícia, principalmente, o laudo de balística, que de- terminou a trajetória da bala Arestides Baptista / Ag. A TARDE / 22.11.2010 Bala calibre .40 (de uso exclusivo das forças de segurança) furou a janela do quarto de Joel, que se preparava para dormir, e o atingiu na cabeça Ouvidoria recebeu 18 denúncias em novembro FELIPE AMORIM Dezoito policiais, entre civis e militares, foram denuncia- dos à Ouvidoria da Secretaria da Segurança Pública da Ba- hia (SSP-BA) no mês de no- vembro. São casos de assas- sinato, abuso de autoridade, agressões, ameaças e invasão de domicílio. Após receber as denúncias, que podem ser fei- tas pela população ou mesmo por policiais, a Ouvidoria faz uma apuração preliminar do caso e o remete à Correge- doria da SSP-BA, responsável por investigar a denúncia e punir os culpados. “A Ouvidoria tem um re- lacionamento mais próximo com a população. Temos al- cançado objetivos importan- tes para a elucidação de al- guns problemas na polícia e também de crimes, porque muitas pessoas nos mandam informações”, pontua o ouvi- dor-geral da SSP-BA, Edmun- do Assemany. Por mês, a Ou- vidoria recebe cerca de 600 manifestações, entre recla- mações sobre o atendimento de policiais, orientação sobre o fornecimento de serviços, como a emissão de carteiras de identidade, e informações sobre crimes. As denúncias contra policiais são minoria, segundo Assemany, e respon- dem por somente 2% a 3%. Anonimato A Corregedoria mantém o anonimato da fonte das de- núncias e reclamações, caso seja esta a vontade do cida- dão. Assemany explica ainda que o grande diferencial do trabalho do órgão é atualizar os denunciantes sobre o an- damento dos processos. Fotos Lunaé Parracho / Ag. A TARDE Com atenção da mídia, pai cobra do secretário punições como de baixo para cima, na posição diagonal à janela do quarto do garoto, o que não deixa dúvida quanto à autoria do homicídio. “Está efetivamente prova- do que o disparo partiu do PM. A corporação auxiliou na in- vestigação, fornecendo as ar- mas. O inquérito agora será encaminhado ao Ministério Público e, depois, para a Jus- tiça”, afirmou o secretário. Pais “Todos eles têm de pagar. Vim aqui para saber como será agora. Os policiais precisam ser apresentados, como fa- zem com criminosos co- muns. Vi meu filho morrer e não pude fazer nada”, cobrou o capoeirista Joel Castro, que compareceu ontem à delega- cia com a mulher, Mirian da Conceição, 36, a filha de 3 anos,eotiodeMirian,Vivaldo Rodrigues (mestre Boa Gen- te), 65, para saber o resultado da perícia. Joel Castro encontrou César Nunes na saída da delegacia e perguntou sobre a possibili- dade da punição de todos os envolvidos no crime. O secre- tário saiu, e o pai ficou sem a resposta que esperava. Familiares e amigos do ga- roto realizarão uma homena- gem à pequena vítima, no dia 27 de dezembro, dia em que Joel completaria 11 anos. A ho- menagem será feita no Nor- deste de Amaralina. Denúncia De acordo com o promotor de justiça titular da 2ª Vara do Tribunal do Júri de Salvador, Davi Gallo, que acompanha as investigações desde o início, não há possibilidade de que os policiais envolvidos nesse caso fiquem impunes. “Assim que o inquérito chegar ao MP-BA agiremos. Se for en- caminhado para mim, vou utilizar todas as provas e de- nunciar os acusados perante a Justiça. Em princípio, são dois crimes, um homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e impossibilida- de de defesa da vítima, e outro crime por omissão de socor- ro”, explicou o promotor. Uma pistola calibre 380 que foi apresentada pelos PMs, que teria sido abandonada por criminosos no confronto, foi enviada para ser periciada num laboratório da Polícia Fe- deral, em Brasília, como for- ma de identificação do pro- prietário. A arma encontra-se com a numeração raspada. O advogado da Associação de Praças da Polícia Militar, Bruno Teixeira Bahia, disse ontem que soube do resulta- do do inquérito por meio da imprensa e que já solicitou cópia do inquérito à delegada Jussara. “Causa espanto que o laudo tenha esse resultado. Porque, pelos relatos dos po- liciais, houve, de fato, uma troca de tiros, e pela posição em que estavam, o disparo que atingiu o garoto não po- deria ter partido deles. Mas, se o conteúdo do laudo for con- firmado, certamente foi uma lamentável fatalidade”, pon- dera o defensor. DOR DE MÃE Mirian da Conceição Castro, mãe do pequeno Joel Castro, cobrou a punição dos policiais acusados e disse que só descansará quando todos os policiais envolvidos forem punidos e presos À FRENTE DO CASO A titular da 28ª CP, Jussara Souza, disse que o Ministério Público vai determinar a natureza do crime, se doloso ou culposo (sem intenção de matar). Com dolo, o acusado pode ir a júri Diminui número de investigações e punições contra policiais Apesar de muitas manchetes que marcaram 2010 terem si- do dedicadas a ações violen- tas atribuídas à polícia baiana – como a chacina que vitimou sete pessoas no Pero Vaz, em março – o número de inqué- ritos abertos para investigar crimes cometidos por poli- ciais caiu à metade na com- paração entre 2010 e 2009. No ano passado, foram 128 investigações de membros das polícias Civil e Militar, contra 69 este ano, segundo dados da Corregedoria Geral da Secretaria da Segurança Pública da Bahia. Não entra- ram na conta investigações sobre crimes mais leves e in- frações disciplinares. Punições O número de policiais expul- sos da corporação vem caindo nos últimos anos. Em 2007, foram 77 demissões. Em 2008, o número subiu para 101 expulsões, tendo sido re- duzido a cerca da metade em 2009 (52 demissões) e a um quarto em 2010 (26). Família de Érica Santos, vítima de chacina no Pero Vaz Fernando Vivas / Ag. A TARDE/ 4.4.2010 POLICIAIS E CRIMES NO ANO DE 2010 EXTERMÍNIO Dez policiais militares são acusados de participação em 11 homicídios e no desaparecimento de três adolescentes, na madrugada do dia 29 de fevereiro, em Vitória da Conquista CHACINA DO PERO VAZ Sete jovens foram mortos numa operação policial na noite de 4 de março, dentro de uma casa na Rua do Bambolê, no bairro do Pero Vaz. Oito policiais militares foram indiciados por homicídio e quatro, por ocultação de cadáver BLITZ MATA JOVENS Dois integrantes do grupo de rap BKS foram mortos, em 4 de outubro, ao passarem por uma blitz policial em Itapuã SEQUESTRO Um investigador da Polícia Civil e um soldado da PM foram mortos em agosto ao planejar o sequestro do dono de um posto de gasolina A Corregedoria garante manter o anonimato da fonte das denúncias e reclamações O corregedor-geral da SSP-BA, Nelson Gaspar, não pôde dar entrevista a A TARDE ontem, alegando ter um com- promissos na Corregedoria. Para a coordenadora do programa de pós-graduação em Gestão de Segurança Pú- blica da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Ivone Freire Costa, a superação do proble- ma passa pela compreensão do contexto social que o pro- duz. “Eu não analiso na pers- pectiva do paradigma de cul- pados e inocentes. De um la- do, você deve ver o ser hu- mano e, do outro, você vai analisar a insuficiência das políticas públicas”, aponta. FELIPE AMORIM

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Matéria publicada na página A4, do jornal A Tarde, do dia 17/12/2010. ARIVALDO SILVA. Fotos: Arestides Baptista e Lunaé Parracho. Vinte e cinco dias após a trágica morte do pequeno capoeirista Joel da Conceição Santana, 10 anos, ocorrida na Rua Aurelino Souza, Nordeste de Amaralina, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) apresentou, ontem, a conclusão do inquérito que confirma a versão da família e dos moradores do bairro: a morte do garoto foi fruto de uma ação desastrosa de policiais militares no bairro no último dia 21 de novembro.

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SALVADORSALVADOR SEXTA-FEIRA 17/12/2010A4

REGIÃO METROPOLITANA

[email protected]

Editor-coordenadorCláudio Bandeira

FOGO Incêndio destrói lojas no Centro da cidade.Assista a vídeo www.atarde.com.br

VIOLÊNCIA Tiro que matou Joel Castro, de 10 anos, mês passado, foi disparado pelo soldado Eraldo Souza, segundo a perícia

Laudo confirma que PM matou criançaARIVALDO SILVA

Vinte e cinco dias após a trá-gica morte do pequeno ca-poeirista Joel da ConceiçãoSantana, 10 anos, ocorrida naRua Aurelino Souza, Nordestede Amaralina, a Secretaria daSegurança Pública (SSP) apre-sentou, ontem, a conclusãodo inquérito que confirma aversão da família e dos mo-radores do bairro: a morte dogaroto foi fruto de uma açãodesastrosa de policiais mili-tares no bairro no último dia21 de novembro.

Os laudos periciais do De-partamento de Polícia Técni-ca (DPT) confirmam que oúnico projétil que atingiu orosto e ficou alojado no cé-rebro de Joel partiu de umapistola calibre .40, usada pelosoldado da Polícia MilitarEraldo Menezes de Souza, lo-tado na 40ª CIPM (Compa-nhia Independente da PolíciaMilitar), que trabalha há 14anos na corporação.

Outra constatação da perí-cia, aliada às provas subjeti-vas (testemunhais), é que nãohouve troca de tiros, pois to-dos os estojos coincidem comos projéteis das armas dos po-liciais, recolhidos na rua porpopulares e entregues à po-lícia. Eraldo e os outros novepoliciais estão afastados doserviço,até aconclusãodojul-gamento. Dois deles, solda-dos Leonardo e Santana, fo-ram identificados pelo pai dacriança, Joel Castro, e estãosendo indiciados por omis-são de socorro.

A informação foi apresen-tada pelo secretário da Segu-rança Pública, César Nunes,pelodelegado-geraldaPolíciaCivil, Joselito Bispo, e pela de-legada titular da 28ª CP (De-legacia do Nordeste de Ama-ralina), Jussara Souza.

Durante a apresentação daconclusão do inquérito, Nu-nes disse que foi analisadopela perícia, principalmente,o laudo de balística, que de-terminou a trajetória da bala

Arestides Baptista / Ag. A TARDE / 22.11.2010

Bala calibre .40 (de uso exclusivo das forças de segurança) furou a janela do quarto de Joel, que se preparava para dormir, e o atingiu na cabeça

Ouvidoria recebeu 18denúncias em novembroFELIPE AMORIM

Dezoito policiais, entre civis emilitares, foram denuncia-dos à Ouvidoria da Secretariada Segurança Pública da Ba-hia (SSP-BA) no mês de no-vembro. São casos de assas-sinato, abuso de autoridade,agressões, ameaças e invasãode domicílio. Após receber asdenúncias,quepodemserfei-tas pela população ou mesmopor policiais, a Ouvidoria fazuma apuração preliminar docaso e o remete à Correge-doria da SSP-BA, responsávelpor investigar a denúncia epunir os culpados.

“A Ouvidoria tem um re-lacionamento mais próximocom a população. Temos al-cançado objetivos importan-tes para a elucidação de al-guns problemas na polícia etambém de crimes, porquemuitas pessoas nos mandaminformações”, pontua o ouvi-dor-geral da SSP-BA, Edmun-do Assemany. Por mês, a Ou-vidoria recebe cerca de 600manifestações, entre recla-mações sobre o atendimento

de policiais, orientação sobreo fornecimento de serviços,como a emissão de carteirasde identidade, e informaçõessobre crimes. As denúnciascontra policiais são minoria,segundo Assemany, e respon-dem por somente 2% a 3%.

AnonimatoA Corregedoria mantém oanonimato da fonte das de-núncias e reclamações, casoseja esta a vontade do cida-dão. Assemany explica aindaque o grande diferencial dotrabalho do órgão é atualizaros denunciantes sobre o an-damento dos processos.

Fotos Lunaé Parracho / Ag. A TARDE

Com atenção da mídia, pai cobra do secretário punições

como de baixo para cima, naposição diagonal à janela doquarto do garoto, o que nãodeixa dúvida quanto à autoriado homicídio.

“Está efetivamente prova-do que o disparo partiu do PM.A corporação auxiliou na in-vestigação, fornecendo as ar-mas. O inquérito agora seráencaminhado ao MinistérioPúblico e, depois, para a Jus-tiça”, afirmou o secretário.

Pais“Todos eles têm de pagar. Vimaqui para saber como seráagora. Os policiais precisamser apresentados, como fa-

zem com criminosos co-muns. Vi meu filho morrer enão pude fazer nada”, cobrouo capoeirista Joel Castro, quecompareceu ontem à delega-cia com a mulher, Mirian daConceição, 36, a filha de 3anos,eotiodeMirian,VivaldoRodrigues (mestre Boa Gen-te), 65, para saber o resultadoda perícia.

Joel Castro encontrou CésarNunes na saída da delegacia eperguntou sobre a possibili-dade da punição de todos osenvolvidos no crime. O secre-tário saiu, e o pai ficou sem aresposta que esperava.

Familiares e amigos do ga-

roto realizarão uma homena-gem à pequena vítima, no dia27 de dezembro, dia em queJoel completaria 11 anos. A ho-menagem será feita no Nor-deste de Amaralina.

DenúnciaDe acordo com o promotor dejustiça titular da 2ª Vara doTribunal do Júri de Salvador,Davi Gallo, que acompanha asinvestigações desde o início,não há possibilidade de queos policiais envolvidos nessecaso fiquem impunes. “Assimque o inquérito chegar aoMP-BA agiremos. Se for en-caminhado para mim, vou

utilizar todas as provas e de-nunciar os acusados perantea Justiça. Em princípio, sãodois crimes, um homicídioduplamente qualificado, pormotivo torpe e impossibilida-dededefesadavítima,eoutrocrime por omissão de socor-ro”, explicou o promotor.

Umapistolacalibre380quefoi apresentada pelos PMs,que teria sido abandonadapor criminosos no confronto,foi enviada para ser periciadanum laboratório da Polícia Fe-deral, em Brasília, como for-ma de identificação do pro-prietário. A arma encontra-secom a numeração raspada.

O advogado da Associaçãode Praças da Polícia Militar,Bruno Teixeira Bahia, disseontem que soube do resulta-do do inquérito por meio daimprensa e que já solicitoucópia do inquérito à delegadaJussara. “Causa espanto que olaudo tenha esse resultado.Porque, pelos relatos dos po-liciais, houve, de fato, umatroca de tiros, e pela posiçãoem que estavam, o disparoque atingiu o garoto não po-deriaterpartidodeles.Mas,seo conteúdo do laudo for con-firmado, certamente foi umalamentável fatalidade”, pon-dera o defensor.

DOR DE MÃE

Mirian da ConceiçãoCastro, mãe do pequenoJoel Castro, cobrou apunição dos policiaisacusados e disse que sódescansará quando todosos policiais envolvidosforem punidos e presos

À FRENTE DO CASO

A titular da 28ª CP, JussaraSouza, disse que oMinistério Público vaideterminar a natureza docrime, se doloso ouculposo (sem intenção dematar). Com dolo, oacusado pode ir a júri

Diminui número de investigaçõese punições contra policiaisApesar de muitas manchetesque marcaram 2010 terem si-do dedicadas a ações violen-tas atribuídas à polícia baiana– como a chacina que vitimousete pessoas no Pero Vaz, emmarço – o número de inqué-ritos abertos para investigarcrimes cometidos por poli-ciais caiu à metade na com-paração entre 2010 e 2009.

No ano passado, foram 128investigações de membrosdas polícias Civil e Militar,contra 69 este ano, segundodados da Corregedoria Geralda Secretaria da SegurançaPública da Bahia. Não entra-ram na conta investigaçõessobre crimes mais leves e in-frações disciplinares.

PuniçõesO número de policiais expul-sos da corporação vem caindonos últimos anos. Em 2007,foram 77 demissões. Em2008, o número subiu para101 expulsões, tendo sido re-duzido a cerca da metade em2009 (52 demissões) e a umquarto em 2010 (26).

Família de Érica Santos, vítima de chacina no Pero Vaz

Fernando Vivas / Ag. A TARDE/ 4.4.2010

POLICIAIS E CRIMESNO ANO DE 2010

EXTERMÍNIO Dezpoliciais militares sãoacusados de participaçãoem 11 homicídios e nodesaparecimento de trêsadolescentes, namadrugada do dia 29 defevereiro, em Vitóriada Conquista

CHACINA DO PERO VAZSete jovens foram mortosnuma operação policial nanoite de 4 de março, dentrode uma casa na Rua doBambolê, no bairro do PeroVaz. Oito policiais militaresforam indiciados porhomicídio e quatro, porocultação de cadáver

BLITZ MATA JOVENS Doisintegrantes do grupo derap BKS foram mortos, em4 de outubro, ao passarempor uma blitz policialem Itapuã

SEQUESTRO Uminvestigador da PolíciaCivil e um soldado da PMforam mortos em agostoao planejar o sequestro dodono de um postode gasolina

A Corregedoriagarante mantero anonimatoda fonte dasdenúncias ereclamações

O corregedor-geral daSSP-BA, Nelson Gaspar, nãopôde dar entrevista a A TARDEontem, alegando ter um com-promissos na Corregedoria.

Para a coordenadora doprograma de pós-graduaçãoem Gestão de Segurança Pú-blica da Universidade Federalda Bahia (Ufba), Ivone FreireCosta, a superação do proble-

ma passa pela compreensãodo contexto social que o pro-duz. “Eu não analiso na pers-pectiva do paradigma de cul-pados e inocentes. De um la-do, você deve ver o ser hu-mano e, do outro, você vaianalisar a insuficiência daspolíticas públicas”, aponta.

FELIPE AMORIM