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Lajeado, RS 2013

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Lajeado, RS

2013

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© 2013 Emater/RS-Ascar

Parte desta publicação pode ser reproduzida, desde que citada a fonte.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Biblioteca da Emater/RS-Ascar

E73

Erva-mate : guia para aplicação das boas práticas agrícolas / Jurandir José Marques ... [et al.]. – Lajeado, RS : Emater/RS-Ascar, 2013. 80 p. il. 1. Erva-mate. 2. Guia. 3. Rio Grande do Sul. I. Marques, Jurandir José. II. Título.

CDU 633.77(035)

Referência

MARQUES, Jurandir José et al. Erva-mate: guia para aplicação de

boas práticas agrícolas. Lajeado, RS: Emater/RS-Ascar, 2013. 80 p. il.

Emater/RS-Ascar - Rua Botafogo, 1051 - 90150-053 - Porto Alegre/RS - Brasil Fone (0XX51) 2125-3144 http://www.emater.tche.br E-mail:[email protected].

Normalização: Cleusa Alves da Rocha, CRB 10/2197.

Designer gráfico: Naira Azambuja

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Erva-mate: guia para aplicação das boas práticas agrícolas

Autores

Emater/RS-Ascar

Jurandir José Marques - Técnico em Agropecuária

Cezar Burille - Engenheiro Agrônomo

Cleber Schuster - Técnico em Agropecuária

Marcelo A. A. Brandoli - Engenheiro Agrônomo

Deniandro Rocha - Engenheiro Agrônomo

Bruna Bresolin - Engenheira de Alimentos

Paulo Rodrigues - Engenheiro Agrônomo

Diovane Cardoso - Técnico em Pecuária

Mariana Brock - Técnica Agrícola

Àlvaro Mallmann - Engenheiro Florestal

Jorge Silvano da Silveira - Engenheiro Florestal

Ervateira Ximango

Renan Piovesana - Técnico em Agropecuária

Ibramate

Roberto Magnos Feron - Engenheiro Florestal

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APRESENTAÇÃO

A produção de alimentos requer cuidados em todas as

fases, desde a produção da matéria-prima até a chegada do

produto final ao ponto de venda. No cultivo da erva-mate não

havia, até então, um guia que orientasse sobre todos os

procedimentos recomendados para a produção da erva-mate que

levasse em consideração aspectos que interessam ao

consumidor e aos órgãos encarregados da preservação da saúde

pública. Havia, sim, muitas publicações sobre o cultivo da erva-

mate, mas que se detinham apenas a aspectos técnicos da

produção. Erva-mate: guia para aplicação das boas práticas

agrícolas tem o propósito de servir de orientação aos produtores,

colhedores e transportadores na produção de um alimento de

qualidade e na manutenção dessa qualidade até a chegada à

indústria.

Este documento foi produzido por profissionais técnicos

com grande experiência na assistência técnica, pesquisa e

produção de erva-mate de várias regiões do estado, com o intuito

de colaborar para que o produto símbolo do Rio Grande do Sul

seja cada vez mais qualificado e apreciado nas rodas de

chimarrão, para o bem de toda cadeia produtiva e também dos

consumidores.

Cezar Burille

Engenheiro Agrônomo

ATSP – Emater/RS-Ascar

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURAS

Figura 1 - Planta matrizeira....................................................... 15

Figura 2 - Viveiro de mudas de erva-mate .............................. 21

Figura 3 - Mudas em desenvolvimento ................................... 24

Figura 4 - Tamanho adequado das mudas ............................. 25

Figura 5 - Erval planejado ......................................................... 28

Figura 6 - Operação de descompactação ............................... 29

Figura 7 - Erval bem implantado do solo ................................ 29

Figura 8 - Proteção de mudas de erva-mate ........................... 32

Figura 9 - Erveira podada ......................................................... 35

Figura 10 - Cobertura de solo com aveia ................................ 38

Figura 11 - Erval com sombreamento ..................................... 40

Figura 12 - Colheita da erva-mate ............................................ 44

Figura 13 - Tombamento causado por fungos ....................... 47

Figura 14 - Mudas com podridão de raízes ............................. 48

Figura 15 - Mancha foliar .......................................................... 49

Figura 16 - Adulto da broca da erva-mate ............................... 50

Figura 17 - Infestação por Cochonilhas .................................. 51

Figura 18 - Ampola da erva-mate ............................................. 53

Figura 19 - Planta com ataque de ácaros ................................ 55

Figura 20 - Acondicionamento da erva-mate em ponche ..... 58

Figura 21 - Transporte de erva-mate com cobertura de lona 60

Figura 22 - Trabalhador como os EPIs apropriados .............. 70

Figura 23 - Carinho para o transporte de feixes erva-mate .. 71

Figura 24 - Trabalho a céu aberto ............................................ 72

Figura 25 - Etapas do processo de certificação da erva-mate ..................................................................................................... 76

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QUADROS

Quadro 1 - Resumo das normas regulamentadoras. ............. 65

Quadro 2 - Normas Técnicas da ABNT relacionadas a segurança e saúde do trabalho. ............................ 67

TABELAS

Tabela 1 - Espaçamentos recomendados para a cultura da erva-mate. ................................................................................... 30

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................... 13

1.2 NORMAS ............................................................................... 14

2 COLHEITA DOS FRUTOS E PREPARO DAS SEMENTES ... 15

2.1 PARÂMETROS PARA SELEÇÃO DE MATRIZES ............... 15 2.1.1 Histórico das erveiras ...................................................... 16 2.1.2 Idade das erveiras ............................................................ 16 2.1.3 Produtividade de massa foliar ........................................ 16 2.1.4 Coleta de sementes .......................................................... 17 2.1.5 Tipo de bebida .................................................................. 17

2.2 COLHEITA E BENEFICIAMENTO DOS FRUTOS ............... 17 2.2.1 Colheita ............................................................................. 17 2.2.2 Beneficiamento ................................................................. 18 2.2.3 Estratificação das sementes ........................................... 18

3 PRODUÇÂO DE MUDAS ........................................................ 21

3.1 LOCALIZAÇÃO E DIMENSIONAMENTO DO VIVEIRO ....... 22

3.2 SEMEADURA ........................................................................ 22

3.3 TIPOS DE EMBALAGEM ...................................................... 23

3.4 SELEÇÃO E PREPARO DAS MUDAS ................................. 23

4 OPERAÇÕES PRÉ-PLANTIO ................................................. 27

4.1 CARACTERÍSTICAS DO TERRENO .................................... 27

4.2 ANÁLISE DO SOLO .............................................................. 27

4.3 INFRAESTRUTURA NA IMPLANTAÇÃO DO ERVAL ......... 28

4.4 PREPARO DO SOLO ............................................................ 28

4.5 CORREÇÃO DA ACIDEZ E FERTILIDADE DO SOLO ........ 30

4.6 ESPAÇAMENTO E DENSIDADE ......................................... 30

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5 PLANTIO .................................................................................. 31

5.1 PROCEDIMENTO NO PLANTIO .......................................... 31

5.2 PROTEÇÃO DAS MUDAS PLANTADAS ............................. 31

5.3 REPLANTIO .......................................................................... 32

6 MANEJO DO ERVAL ............................................................... 33

6.1 PODAS DE FORMAÇÃO ...................................................... 33 6.1.1 A primeira poda ................................................................ 33 6.1.2 A segunda poda ................................................................ 34 6.1.3 A terceira poda ................................................................. 34

6.2 CONTROLE DE INVASORAS .............................................. 35

6.3 ADUBAÇÃO DE PRODUÇÃO .............................................. 35

6.4 COBERTURA DO SOLO....................................................... 37

6.5 MANEJO DA COBERTURA .................................................. 38

6.6 SOMBREAMENTO ................................................................ 39

7 COLHEITA ............................................................................... 42

8 PRAGAS E DOENÇAS DA ERVA-MATE ............................... 46

8.1 DOENÇAS DAS MUDAS NO VIVEIRO ................................ 46 8.1.1 Tombamento ..................................................................... 46 8.1.2 Podridão das raízes.......................................................... 47 8.1.3 Manchas foliares .............................................................. 48

8.2 PRAGAS DA ERVA-MATE ................................................... 50 8.2.1 Broca da Erva-mate (Hedypathes betulinus) ................. 50 8.2.2 Cochonilhas ...................................................................... 51 8.2.3 Ampola da erva-mate (Metaphalara spegazziniana e

Gyropsylla spegazziniana) .............................................. 53 8.2.4 Lagarta da erva-mate (Thelosia camina schaus) .......... 54 8.2.5 Ácaros ............................................................................... 54

8.3 ALTERNATIVAS PARA O CONTROLE DE PRAGAS .......... 55

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9 CUIDADOS COM A COLHEITA, O TRANSPORTE E O ARMAZENAMENTO .............................................................. 56

9.1 COLHEITA ............................................................................. 56

9.2 ARMAZENAMENTO .............................................................. 58

9.3 TRANSPORTE ...................................................................... 59

10 SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO ............................ 62

10.1 HISTÓRIA DA SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO ............................................................................................. 62

10.2 NORMAS BRASILEIRAS E INTERNACIONAIS ................. 64

10.3 USO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL 68

10.4 ERGONOMIA ...................................................................... 70

10.5 TRABALHO A CÉU ABERTO ............................................. 72

11 PROCESSO DE CERTIFICAÇÃO DA QUALIDADE DA ERVA-MATE .......................................................................... 74

REFERÊNCIAS ........................................................................... 78

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1 INTRODUÇÃO

A erva-mate Ilex paraguaiensis St. Hill, pertence à família

Aquifoliaceae, sendo assim classificada pelo naturalista francês

August de Saint Hillaire e publicada, em 1822, nas memórias do

Museu de História Natural de Paris. Aproximadamente 600

espécies representam a família Aquifoliaceae, à qual pertence a

erva-mate, sendo a maioria do gênero Ilex.

O caule da erva-mate é um tronco de cor acinzentada e

altura variável dependendo da idade. Pode atingir 15 metros de

altura, mas geralmente quando podado não passa de 7 metros.

As folhas são alternadas, subcoriáceas até coriáceas, e

mostram-se estreitas na base e ligeiramente obtusas no vértice.

As flores são hermafroditas, pequenas, pedunculadas e

dispostas nas axilas das folhas superiores. O fruto é uma baga-

dupla globular muito pequena, pois mede somente 6 a 8 mm. É

de cor verde quando novo, passando a vermelho-arroxeado

quando maduro. Nessa fase, os frutinhos atraem os pássaros

que deles se alimentam, expelindo depois as sementes

envolvidas em dejeções, o que favorece a disseminação. A drupa

bem madura compõe-se de uma película violácea escura que

reveste a polpa glutinosa, a qual envolve quatro sementes

pequeninas, que apresentam tegumento áspero e duro.

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A erva-mate possui uma área de dispersão geográfica

que compreende a região centro-sul do Brasil, estando presente

em 267 municípios do estado do Rio Grande do Sul, parte de

Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul, abrangendo ainda

parte da Província de Missiones na Argentina e a parte oriental

do Paraguai, situada na região da Serra de Amambay-

Mbaracayú.

1.2 NORMAS

Para a elaboração deste documento foram considerados

como parâmetros de avaliação os requisitos de controle

recomendados nos manuais de Boas Práticas Agrícolas (BPA),

Boas Práticas de Fabricação (BPF) e APPCC (Análise de Perigos

e Pontos Críticos de Controle), assim como nas Normas

Internacionais ISO 9001-2008 - Sistemas de Gestão da

Qualidade, ISO 14001 - Sistema de Gestão Ambiental, Normas

Regulamentadoras de Segurança e Medicina do Trabalho - MTE

e SA 8000 - Responsabilidade Social, Manuais e cartilhas

técnicas sobre erva-mate e demais legislações vigentes.

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2 COLHEITA DOS FRUTOS E PREPARO DAS

SEMENTES

A produção de mudas de erva-mate de qualidade passa

necessariamente pela seleção de matrizes que apresentem os

requisitos desejados na futura plantação. A seguir, são

apresentados os principais parâmetros desejados para uma

árvore fornecedora de sementes.

2.1 PARÂMETROS PARA SELEÇÃO DE MATRIZES

Figura 1 - Planta matrizeira

Uma planta matrizeira deve

atender aos seguintes

requisitos:

Crédito: Jurandir José Marques, 2012.

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2.1.1 Histórico das erveiras

É importante conhecer o seu histórico de produtividade,

cortes, idade e problemas ocorridos. As árvores devem ser

vigorosas, bem desenvolvidas, produtivas em folhas. Devem-se

evitar plantas que sejam susceptíveis ao ataque de pragas e

doenças, e que estejam apresentando sintomas anormais.

2.1.2 Idade das erveiras

Preferencialmente selecionar árvores adultas de meia

idade (entre 15 e 30 anos) para erveiras plantadas. Para erveiras

nativas não há estudos sobre idade. Erveiras muito jovens e

muito velhas devem ser evitadas, pois produzem sementes de

baixa germinação.

2.1.3 Produtividade de massa foliar

Selecionar árvores preferencialmente com porte médio,

copada bem formada, com ramificações abertas em formato de

taça, com grande produção de folhas e poucas sementes.

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2.1.4 Coleta de sementes

Sempre que possível, coletar sementes em matrizes em

bloco ou capão, com erveiras macho e fêmea, na proporção de 4

árvores macho para 1 árvore fêmea. Devem estar afastadas de

ervais plantados de procedência duvidosa.

2.1.5 Tipo de bebida

O ideal é selecionar as erveiras matrizes de acordo com

o tipo de produto (chimarrão, bebida, chá, corante, cosmético)

para produzir mudas de erva-mate de acordo com a demanda do

mercado.

2.2 COLHEITA E BENEFICIAMENTO DOS FRUTOS

A erva-mate floresce entre os meses de setembro e

dezembro. A frutificação ocorre nos meses de janeiro a março.

2.2.1 Colheita

Quando os frutos estão maduros apresentam coloração

violácea a roxa. A colheita pode ser realizada a partir de

fevereiro, quando os frutos começarem a cair. Recomenda-se

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colocar uma lona ou rede embaixo da planta, recolhendo os

frutos a cada 05 dias.

2.2.2 Beneficiamento

Após a colheita, os frutos devem permanecer algumas

horas em água, o que facilita a separação das sementes da

polpa que as envolve. A separação também pode ser feita por

esmagamento. Em seguida, procede-se à lavagem e limpeza das

sementes, eliminando-se casca e polpa. Se houver necessidade

de armazenar as sementes antes da semeadura ou da

estratificação, procede-se à sua secagem em locais sombreados.

A água utilizada na lavagem e limpeza das sementes não deve

ser jogada em cursos d’água.

2.2.3 Estratificação das sementes

Quando os frutos estão maduros, mais de 95% das

sementes estão com os embriões em fase de desenvolvimento

ou imaturos. A estratificação das sementes é realizada com a

finalidade de quebrar a dormência, amolecer a casca das

sementes e concluir a maturação dos embriões.

Utiliza-se uma caixa de madeira ou tonel com o fundo

perfurado, que permite a saída da umidade. Nesse recipiente,

colocam-se camadas alternadas de 5 cm de altura de areia e 2

cm de altura de sementes até enchê-lo. Coloca-se o recipiente

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cheio em locais sombreados, suspenso do chão e com cobertura

impermeável (se em local aberto). As sementes devem

permanecer umedecidas através de regas frequentes por um

período aproximado de 6 meses. Por serem suscetíveis ao

ataque de fungos, recomenda-se realizar tratamento periódico

sob orientação técnica.

Um quilo de semente de erva-mate tem em média

100.000 sementes que apresentam um índice de 20 a 40% de

germinação.

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3 PRODUÇÂO DE MUDAS

A produção de mudas é uma atividade de muita

responsabilidade; por isso, deve seguir todas as recomendações

técnicas.

Figura 2 - Viveiro de mudas de erva-mate

Crédito: Jurandir José Marques, 2010.

Um erval produtivo deve ser iniciado com sementes

provenientes de árvores matrizes superiores e com mudas de

alto padrão e qualidade.

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3.1 LOCALIZAÇÃO E DIMENSIONAMENTO DO VIVEIRO

O local do viveiro deve ser seco e ventilado, próximo à

residência, ter boa incidência de sol, ser abrigado dos ventos,

cercado, com água em abundância e com devido sombreamento,

que pode ser feito com sombrite ou de outra forma.

3.2 SEMEADURA

Separar as sementes da areia, utilizando uma peneira.

Recomenda-se a semeadura diretamente na embalagem (tubete

plástico, saco plástico ou embalagem biodegradável). O material

a ser utilizado nos tubetes deve ser o substrato orgânico. Para

sacos plásticos, o substrato deve conter 2 partes de terra (de

mato), 1 parte de areia e 1 parte de esterco curtido de bovino ou

húmus.

Encher a embalagem com o substrato recomendado,

colocando de 3 a 5 sementes por embalagem, cobrindo-as com

no máximo 0,5 cm do mesmo material. Após a semeadura,

colocar uma camada de acícula de pinus, vermiculita ou casca de

arroz sobre as embalagens para evitar perda de umidade,

germinação de invasoras, arranquio de sementes, compactação

do substrato pela chuva e para promover o sombreamento.

Manter o canteiro úmido e fazer o controle de pragas e

doenças. Após o inicio da germinação, deve-se retirar a camada

de cobertura e também retirar o excesso de mudas, deixando a

mais vigorosa e sadia por embalagem. Depois da semeadura, o

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canteiro já deve ser coberto com sombrite, atingindo 70% de

sombreamento, até quando a muda estiver com 5 folhas ou 5 cm

de altura. Daí em diante, reduz-se gradativamente o

sombreamento, até chegar a aproximadamente 50%. Cerca de

30 dias antes do plantio, as mudas devem ser rustificadas,

deixando-as a pleno sol e diminuindo a rega, para se adaptarem

às condições de campo.

3.3 TIPOS DE EMBALAGEM

As embalagens recomendadas para produção de mudas

são os tubetes (tubetinho tamanho 3x12cm e tubetão 4x18cm),

sacos plásticos (12x18cm e/ou 10x20cm) e embalagens

biodegradáveis (4x10cm). Os sacos plásticos devem ser

perfurados e sanfonados.

3.4 SELEÇÃO E PREPARO DAS MUDAS

A muda ideal para ir a campo nunca deve ser de grande

porte, pois seu sistema radicular poderá estar comprometido por

enovelamento e/ou cachimbamento. Recomenda-se que a parte

aérea não ultrapasse 1,5 vezes a altura da embalagem. O

tamanho recomendado da muda para o plantio a campo deve

estar entre 15 e 20 cm. As mudas devem apresentar folhas

verde-escuro e/ou verde-amareladas (rustificadas), sem

presença de pintas pretas, manchas escuras, pontas ressequidas

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ou folhas enroladas e retorcidas, que caracterizam ataque de

pragas (ampola e ácaros) e doenças (fungos e bactérias). Antes

do plantio, devem-se regar abundantemente as mudas, para

facilitar a pega.

Recomenda-se fazer uma poda de formação já no

viveiro, um mês antes da muda ser levada ao campo, pelo

simples corte do ápice da muda. A poda de formação é

fundamental para formar a arquitetura de produção da erveira.

Figura 3 - Mudas em desenvolvimento

Crédito: Jurandir José Marques, 2013.

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Figura 4 - Tamanho adequado das mudas

Crédito: Jurandir José Marques, 2013.

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4 OPERAÇÕES PRÉ-PLANTIO

Antes do plantio das mudas a campo, algumas

recomendações são muito importantes para o sucesso do erval.

Destacamos, a seguir, as principais a serem observadas pelo

produtor de erva-mate.

4.1 CARACTERÍSTICAS DO TERRENO

Recomenda-se o plantio de ervais em áreas com solos

profundos, aerados, bem drenados e com boa quantidade de

matéria orgânica.

4.2 ANÁLISE DO SOLO

Recomenda-se fazer a coleta e análise do solo, no

mínimo 6 meses antes do plantio, para que sejam feitas as

devidas correções da acidez e fertilidade.

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4.3 INFRAESTRUTURA NA IMPLANTAÇÃO DO ERVAL

É muito importante a abertura de estradas antes da

implantação do erval para facilitar a retirada da matéria-prima. No

planejamento das estradas, deve ser considerada a topografia do

terreno para não ter trechos muito íngremes para o deslocamento

de veículos e carregamento dos feixes (raídos).

Figura 5 - Erval planejado

Crédito: Jurandir José Marques, 2012.

4.4 PREPARO DO SOLO

O solo deve ser visto como uma fábrica, pois é a fonte de

nutrientes que possibilita a produção da massa foliar das

erveiras.

Em geral, o preparo do solo consiste em limpeza e

descompactação através de subsolagem. Quando o plantio for

realizado em terrenos declivosos, recomendam-se práticas para

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minimizar a erosão do solo: cobertura vegetal, plantio em nível,

faixa de retenção, cordão vegetado e outras.

Figura 6 - Operação de descompactação

Crédito: Jurandir José Marques, 2013.

Figura 7 - Erval bem implantado do solo

Crédito: Jurandir José Marques, 2013.

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4.5 CORREÇÃO DA ACIDEZ E FERTILIDADE DO SOLO

A erva-mate tolera solos ácidos com pH 4,5 a 5,5,

portanto, não requer a adição de calcário, a não ser em casos

extremos de acidificação e presença de alumínio.

Aplicar adubação corretiva (P e K) conforme resultado da

análise do solo, que deve ser interpretada por profissional

técnico. Essa correção deverá ser feita antes do plantio.

4.6 ESPAÇAMENTO E DENSIDADE

Para decidir a densidade de plantas, deve-se levar em

conta a mão de obra disponível na propriedade e/ou na

comunidade e município.

Cada produtor, juntamente com o técnico, deve analisar

a condição do terreno onde irá implantar o erval e a forma de

manejo que pretende adotar.

Tabela 1 - Espaçamentos recomendados para a cultura da erva-mate

Espaçamento (m)

Área (m2)

Nº plantas/ ha

Tipo de manejo/equipamento

2,5 x 1,5 3,75 2.667 Manual (capina e roçada)

3,0 x 1,5 4,50 2.222 Roçadeira mecanizada

3,3 x 1,5 4,95 2.020 Micro-trator

3,5 x 1,5 5,25 1.818 Micro-trator

3,0 x 2,0 6,00 1.667 Roçadeira mecanizada

Crédito: Roberto Magnos Feron, 2013.

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5 PLANTIO

O plantio deve ser realizado nos meses do outono e

inverno, preferencialmente em períodos com maior umidade no

solo.

5.1 PROCEDIMENTO NO PLANTIO

As mudas devem ser regadas abundantemente antes de

serem plantadas. Quando forem plantadas mudas produzidas em

sacos plásticos, deve-se cortar o fundo e a lateral do mesmo,

usando-se uma faca afiada, procedendo à limpeza ou poda das

raízes se houver enovelamento e cachimbamento. A muda deve

ser colocada no centro da cova, preenchendo esta com terra e

apertando levemente, permanecendo a base da muda no mesmo

nível do terreno, sendo o procedimento semelhante quando são

plantadas mudas produzidas em tubetes e embalagens

biodegradáveis. O uso do gel hidratante é recomendável em

casos de estiagem.

5.2 PROTEÇÃO DAS MUDAS PLANTADAS

Para proteção das mudas, utilizam-se inúmeros

materiais, sendo recomendados principalmente: vegetação seca,

taquaras, palhas de restos culturais, pedras e tábuas.

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Normalmente, a proteção é colocada no sentido oeste para

proteger do sol da tarde, ficando as demais faces livre para

receber a luminosidade.

Figura 8 - Proteção de mudas de erva-mate

Crédito: Jurandir José Marques, 2010.

5.3 REPLANTIO

Quando houver necessidade de replantio, o mesmo deve

ser feito até 60 dias após o plantio para haver uma melhor

uniformidade de crescimento das plantas.

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6 MANEJO DO ERVAL

A produtividade média dos ervais plantados é

considerada baixa. Ela pode dobrar ou triplicar na mesma área e

no mesmo intervalo de colheita, com adoção de tratos

silviculturais de simples execução, tais como: bom preparo e

cobertura do solo, adubação adequada, podas corretas de

formação e de colheita.

6.1 PODAS DE FORMAÇÃO

A matéria-prima requerida pelas indústrias ervateiras são

as folhas e pequenos ramos (cambito, com diâmetro menor que

de um lápis). De nada adianta formar um ótimo erval e, depois,

destruí-lo com podas mal orientadas de produção (mutilação).

6.1.1 A primeira poda

Sempre realizar no segundo ou terceiro ano, quando a

planta tiver de 1,0 a 2,0 metros de altura, e seu caule próximo ao

solo estiver lignificado, de cor acinzentada, e quando a planta já

apresentar ramos laterais. A poda deverá ser realizada acima

dos referidos ramos, sempre buscando a formação de uma

arquitetura em forma de taça, deixando-a com 4 a 5 troncos

principais – “pernadas” (espinha dorsal). A partir destes, serão

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formados os ramos secundários – “braçadas”, que devem ser

orientados para crescerem lateralmente, no formato de uma taça.

Nesses ramos surgirão as gemas ou olhos, que formarão os

pequenos ramos cheios de folhas no seu primeiro ano vegetativo

– os ditos ramos produtivos ou ramos de colheita (cambitos).

6.1.2 A segunda poda

Realizar 18 meses após a primeira (planta com 4 a 5

anos de campo), sempre na saída do inverno e buscando abrir a

planta.

6.1.3 A terceira poda

Realizar 18 meses após a segunda (planta com 6,5 anos

de campo), corrigindo sua arquitetura, deixando sempre de 4 a 5

pernadas e ramos laterais (braçadas) bem definidos.

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Figura 9 - Erveira podada

Crédito: Jurandir José Marques, 2013.

6.2 CONTROLE DE INVASORAS

Para o controle de invasora, recomenda-se capinas

manuais, roçadas e manejo da cobertura do solo.

6.3 ADUBAÇÃO DE PRODUÇÃO

Para se realizar uma boa adubação, é sempre

recomendável que se faça uma amostragem do solo para análise

e que se adube conforme orientações técnicas. Recomenda-se

que a primeira adubação seja feita nos meses de agosto ou

setembro e, a segunda, nos meses de novembro ou dezembro,

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na proporção de 70% e 30%, respectivamente. Deve-se observar

um período mínimo de carência de 90 dias entre a última

adubação e a colheita. Recomenda-se também a realização de

análise foliar para avaliar a necessidade da planta.

A colheita sucessiva de folhas e ramos exporta os

nutrientes do solo, enfraquece as erveiras e, consequentemente,

empobrece-o. A reposição dos nutrientes ocorre com a devida

adubação do solo.

A reposição de nutrientes pode ocorrer de diversas

formas, tais como:

a) Adubo orgânico;

b) Adubo organo-mineral;

c) Adubo químico.

Lembretes importantes:

a) Solos empobrecidos reduzem a produtividade dos

ervais;

b) Erveiras subnutridas produzem poucas folhas, muitos

frutos e são facilmente atacadas por pragas

(corintiano ou broca da erva-mate, cochonilhas,

ampola e ácaros) e doenças (fungos desfolhadores e

apodrecedores de raízes);

c) Excesso de adubação nitrogenada atrai insetos

sugadores, como ampola, cochonilha e ácaros;

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d) Evitar adubação nitrogenada nos meses de julho e

agosto, que forçam a brotação, porque normalmente

as geadas fortes de agosto e setembro (15 de agosto

a 15 de setembro) acabam matando os ervais.

6.4 COBERTURA DO SOLO

O solo deve permanecer protegido com plantas de

cobertura ou palha visando aumentar a fertilidade natural e

reduzir a erosão e a compactação do solo, mantendo a

temperatura e umidade. Existem várias espécies recomendadas

para o plantio de acordo com a época do ano: espécies de

inverno – aveia, ervilhaca, nabo forrageiro e trevos; espécies de

verão – soja, crotalária, feijão de porco, amendoim forrageiro.

Cobertura no inverno: recomenda-se, nos meses de

março a maio, semear nas entrelinhas: ervilhaca, aveia e nabo

forrageiro, nas quantidades de 30 kg de ervilhaca, 65 kg de aveia

e 5 kg de nabo forrageiro por hectare. Para cobertura de verão

recomenda-se, no mês de setembro ou novembro, semear nas

entrelinhas soja ou soja forrageira, na quantidade de 100 kg por

hectare.

Cobertura de espécies nativas do local: após a

semeadura de inverno, pode se deixar desenvolver a brotação

natural dos arbustos e ervas nativos. Contudo, tem que se ter

cuidado para fazer roçadas manuais ou mecanizadas no

momento em que o “mato” comece a competir com as erveiras.

Em locais onde a vegetação rasteira está consolidada, deve-se

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fazer roçadas periódicas, no mínimo duas vezes ao ano, nos

meses de outubro/novembro e fevereiro/março.

Figura 10 - Cobertura de solo com aveia

Crédito: Jurandir José Marques, 2012.

6.5 MANEJO DA COBERTURA

A cobertura de inverno deve ser semeada entre os

meses de março e maio. Já a cobertura de verão deve ser

semeada entre os meses de setembro e novembro. Havendo um

bom manejo de cobertura o erval se mantém limpo, sem

necessidade de realizar capinas e roçadas.

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6.6 SOMBREAMENTO

A função básica da arborização é tornar o ambiente mais

próximo das condições naturais dos ervais. Para isso, é

importante que as espécies apresentem a menor competição

possível, o que ocorre quando o sistema de raízes superficiais é

pouco vigoroso e as copadas não são muito grandes e densas. A

seguir, são enumeradas algumas característica importantes na

escolha das espécies:

1) Apresentar longevidade compatível ao período de

exploração do erval e alta capacidade de reciclagem

da biomassa (deposição do folhedo). Deve haver a

presença de pelo menos algumas espécies que

perdem a folhagem no outono e inverno. Espécies

madeiráveis e frutíferas nativas podem ser

importantes para agregação de valor econômico e

para aumento da fauna. É necessário fazer poda de

condução das plantas introduzidas para

sombreamento, evitando competição com o erval e a

queda na produção;

2) Recomenda-se que, quando do uso de espécies

florestais (cedro, canjerana, louro, canafístula,

pinheiro brasileiro, caroba, angico, entre outas), o

espaçamento mínimo a ser utilizado entre plantas

seja de 10 X 10 metros, mantendo-se o plantio no

mesmo alinhamento do erval;

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3) As espécies florestais nativas podem ser alocadas

nas adjacências de estradas e caminhos, a fim de

que sua copada possa servir de abrigo para a erva-

mate colhida, protegendo-a da ação do sol. Também

podem ser utilizadas na forma de quebra-ventos para

proteção dos ervais contra a ação dos ventos, sendo

recomendado seu plantio ao longo de estradas,

cercas e divisas.

Figura 11 - Erval com sombreamento

Crédito: Jurandir José Marques, 2013.

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7 COLHEITA

Colhe-se erva-mate durante todos os meses do ano,

observando-se a maturação das folhas. É importante deixar de

20 a 30% das folhas para facilitar a recuperação e emissão de

novas brotações.

A maturação das folhas em erval a pleno sol e em erval

cultivado no sub-bosque da floresta diferem entre si. Em erval a

pleno sol, as folhas levam aproximadamente 18 meses (um ano e

meio) para ficarem maduras. Portanto, é após esse período que

se deve fazer a colheita, sendo possível colher a parte baixa e

interna (baixeiro) em um determinado período e, em outro, a

parte superior dos ramos. Já nas erveiras nativas ou sob a

proteção da mata, as folhas permanecem na planta por mais

tempo, podendo-se fazer a poda entre 2 a 3 anos.

O “segredo” é ter erveiras com arquitetura planejada, de

4 a 5 troncos (pernadas), com ramos secundários (braçadas)

bem distribuídos, dirigidos para fora do centro da planta em

forma de taça, produzindo muitos ramos produtivos e grande

quantidade de massa verde, agregando alta produtividade ao

erval.

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Lembretes importantes:

a) A erveira é um ser vivo vegetal que nasce, cresce,

frutifica (descendência) e morre, assim como os

animais. Ela respira e produz seu alimento nas

folhas, através do processo denominado de

fotossíntese. Portanto, na poda de colheita, sempre

se deve deixar de 20 a 30% das folhas para que a

erveira consiga se recuperar rapidamente, seja pela

respiração, produção de seiva, para protegê-la do

frio, do sol (principalmente), ou para que tenhas

forças para emitir novos brotos (rebrote).

b) Quando os ramos secundários (braços) ou pernadas

(menos de 20 centímetros da ultima poda) são

podados ou cortados muito próximos ao tronco,

dizemos que a poda é um cabideiro. Ela diminui a

formação dos ramos produtivos, reduzindo a

produção de massa verde e acarretando a queda

drástica da produtividade.

c) É sempre recomendável que a poda de formação e

produção de um erval seja realizada pelo seu próprio

dono ou por podador treinado.

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Figura 12 - Colheita da erva-mate

Crédito: Jurandir José Marques, 2012.

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8 PRAGAS E DOENÇAS DA ERVA-MATE

As pragas podem causar grandes prejuízos à cultura da

erva-mate, destacando-se, entre elas, a broca da erva-mate e as

cochonilhas, que podem causar grandes reduções na produção.

Entre as doenças, têm maior expressão as doenças em viveiros

de produção de mudas.

8.1 DOENÇAS DAS MUDAS NO VIVEIRO

O viveiro é um ambiente que reúne condições de

umidade, sombreamento e proximidade das mudas, fatores que

favorecem a instalação, o desenvolvimento e a disseminação de

doenças causadas principalmente por fungos, destacando-se o

tombamento, as podridões de raízes e as manchas foliares.

8.1.1 Tombamento

Principal problema fitossanitário, pode ocorrer na fase

pré ou pós-emergência das plântulas. Na fase pré, a semente

não germina ou inicia a germinação, mas não chega a emergir.

Na fase pós, ocorre um estrangulamento da plântula na região do

colo, provocando o seu tombamento. O tombamento ocorre

devido a sementes contaminadas, substratos utilizados

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contaminados, alta densidade de semeadura e o excesso de

umidade, nitrogênio e sombreamento.

O controle pode ser feito melhorando-se as condições de

semeadura, irrigação, drenagem, insolação, adubação e usando-

se um substrato que promova o escoamento rápido do excesso

de água. A utilização de produtos biológicos pode reduzir e evitar

as infestações.

Figura 13 - Tombamento causado por fungos

Fonte: GRIGOLETTI JÚNIOR; AUER, 1996.

8.1.2 Podridão das raízes

São causadas por fungos, interferindo diretamente no

processo de absorção de nutrientes, refletindo seus sintomas na

parte aérea, provocando manchas foliares, amarelecimento,

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queda das folhas, redução no crescimento, murcha e seca da

muda. O excesso de umidade, a composição física do substrato,

a contaminação de recipientes e do próprio substrato são os

principais fatores associados a essa doença. Medidas adequadas

para o controle preventivo são: o manejo correto da água e

desinfecção do substrato, dentre outros. A utilização de produtos

biológicos pode reduzir e evitar as infestações.

Figura 14 - Mudas com podridão de raízes

Fonte: GRIGOLETTI JÚNIOR; AUER, 1996.

8.1.3 Manchas foliares

As principais doenças, causadas por fungos, são a pinta

preta, a antracnose, a cercosporiose, a fumagina, a fuligem e a

queda anormal das folhas. Quando atingidas, as folhas

apresentam lesões escuras, arredondadas ou concêntricas,

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provocando sua queda prematura e até a morte das mudas. O

fungo produz estruturas de resistência, permanecendo no solo

por longos períodos. A produção contínua de mudas e

plantações próximas, além de excesso de umidade e

sombreamento, são fatores principais da disseminação e

multiplicação da doença. O controle pode ser feito evitando-se as

práticas acima citadas e, além disso, recomenda-se: desinfetar

os substratos e os recipientes sempre que iniciar uma nova

produção de mudas, aumentar as condições de luminosidade,

manter as embalagens limpas e recolher as folhas caídas.

Figura 15 - Mancha foliar

Fonte: GRIGOLETTI JÚNIOR; AUER, 1996.

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8.2 PRAGAS DA ERVA-MATE

Destacam-se quatro espécies como pragas principais da

erva-mate:

8.2.1 Broca da Erva-mate (Hedypathes betulinus)

É a praga mais danosa. Na fase jovem, a larva destrói os

ramos, as raízes e o tronco da planta, abrindo galerias, e é

facilmente identificada pela presença de serragem na base do

tronco. O adulto é um besouro acinzentado com manchas pretas,

conhecido como corintiano. Recomenda-se a catação manual do

besouro, cobertura de solo e/ou controle biológico, com

aplicações nos meses de novembro e março. O sombreamento

dos ervais reduz o desenvolvimento dessa praga.

Figura 16 - Adulto da broca da erva-mate

Crédito: Cezar Burille, 2003.

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8.2.2 Cochonilhas

Vivem agregadas nos ramos e folhas, podendo cobri-los

totalmente. Elas sugam a seiva dos ramos e folhas,

depauperando-os. Quando uma planta está infestada, seus

galhos e folhas podem ficar quase totalmente cobertos pelo

inseto, podendo causar sérios prejuízos. Recomenda-se a coleta

e queima dos ramos e das folhas infestados ou uso de óleo

mineral para pulverização da planta.

Figura 17 - Infestação por Cochonilhas Cochonilha branca

Crédito: Jurandir José Marques, 2011.

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Cochonilha de cera

Crédito: Jurandir José Marques, 2011.

Cochonilha preta

Crédito: Jurandir José Marques, 2011.

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8.2.3 Ampola da erva-mate (Metaphalara spegazziniana e

Gyropsylla spegazziniana)

São pequenos insetos que, em sua fase jovem, sugam a

seiva. Quando adultos, fazem a postura nos brotos e nas folhas

jovens que se enrolam, ficam deformadas e caem. Eles podem

comprometer até 40% da produção de folhas. Esses insetos

aparecem mais em ervais desequilibrados com excesso de

nitrogênio. Deve ser evitada a aplicação em excesso de adubo

nitrogenado.

Figura 18 - Ampola da erva-mate

Crédito: Cezar Burille, 2007.

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8.2.4 Lagarta da erva-mate (Thelosia camina schaus)

Os adultos são pequenas mariposas. As posturas, na cor

esverdeada, geralmente são realizadas na parte superior das

folhas. As lagartas atacam com maior frequência nos meses de

setembro a novembro.

As lagartas são altamente vorazes e destroem tanto as

brotações novas como as folhas mais velhas, diminuindo

substancialmente a produção. Quando desfolhadas

rigorosamente, as erveiras sofrem um depauperamento que

afetará também a produção seguinte. Os inseticidas biológicos à

base de Bacillus turingiensis têm dado bons resultados de

controle.

8.2.5 Ácaros

São sugadores da seiva e quase invisíveis a olho nu.

Causam grande queda de folhas e morte das brotações. O mais

conhecido é o acaro rajado, podendo ser controlado e eliminado

por ácaros predadores. Atacam de forma mais severa em

períodos secos e quentes. Um bom manejo de solos, uso de

quebra-ventos e de plantas de cobertura diminuem sua

incidência.

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Figura 19 - Planta com ataque de ácaros

Crédito: Cezar Burille, 2002.

8.3 ALTERNATIVAS PARA O CONTROLE DE PRAGAS

O ambiente naturalmente equilibrado impõe um grande

número de restrições complexas que interagem sobre a

população de insetos, impedindo a capacidade de crescimento

da população, seja pela eliminação antes de se reproduzirem ou

pela redução da taxa de reprodução. A manutenção do equilíbrio

do ambiente através de sistemas agroflorestais, bom manejo e

fertilidade do solo, nutrição adequada das plantas e práticas

adequadas de poda possibilitam manter a população de pragas

em baixo nível, resultando em maior produtividade.

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9 CUIDADOS COM A COLHEITA, O TRANSPORTE E O

ARMAZENAMENTO

Os cuidados para chegada de uma boa matéria-prima na

indústria não se restringem apenas aos tratos culturais. Os

cuidados na colheita, no armazenamento e no transporte são

importantes para a preservação da qualidade do produto

produzido.

9.1 COLHEITA

A colheita pode ser feita de forma manual,

semimecanizada ou mecanizada, de modo que o produto colhido

mantenha sua qualidade.

Os arredores das erveiras devem ser limpos antes da

colheita, por meio de roçadas ou acamamento, a fim de se evitar

a contaminação com outras plantas e a presença de flores ou

frutos junto à colheita da erva-mate.

As carências dos produtos fitossanitários e fertilizantes

devem ser observadas rigorosamente antes da colheita,

mantendo-se assim a boa qualidade do produto.

A programação e o agendamento da entrega da erva-

mate na indústria são de suma importância para o bom

andamento dos trabalhos, agendando-se a colheita e

programando-se o horário de entrega junto à ervateira.

Recomenda-se não colher erva-mate em horários de alta

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temperatura (das 12 às 15 horas), principalmente no período de

primavera-verão.

Após a poda, a erva-mate deve ser colocada sobre uma

lona permeável ou um ponche para seu desgalho, e enfardada

em feixes em cima dessa lona ou ponche, afim de em nenhum

momento a entrar em contato com o solo, para evitar a

contaminação com terra, materiais orgânicos ou pragas.

No momento do fechamento dos feixes, devem-se

eliminar ramos doentios, com sementes, cipós ou outras

impurezas.

Caso a erva-mate tenha algum contato eventual com o

solo ou algum tipo de contaminação, deve-se eliminar o material.

Ramos e folhas atacados por pragas e doenças devem

ser eliminados e incinerados.

Os equipamentos de poda e colheita como tesouras,

serrotes, carrinhos de transporte, balanças e lonas devem estar

em perfeito estado de conservação.

Deve-se identificar cada gleba ou lote da lavoura por

número ou nome, de forma individual, a fim de se manter um

controle na propriedade quanto a tratamentos fitossanitários e

aplicação de fertilizantes.

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Figura 20 - Acondicionamento da erva-mate em ponche

Crédito: Jurandir José Marques, 2012.

9.2 ARMAZENAMENTO

O material colhido deve permanecer na lavoura o menor

tempo possível, não podendo ser estocado até o beneficiamento

por período superior a 24 horas, a fim de não modificar suas

características naturais, evitando sua exposição ao sol, em

especial nos períodos de primavera-verão.

Algumas medidas a serem tomadas no caso da

permanência no campo seriam:

Na utilização de ponchos ou de feixes, colocá-los na

posição vertical, em sombra de arvores ou outros locais próprios

para que a matéria-prima não perca suas características. Esses

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feixes ou ponchos devem estar enleirados em cima de lona

permeável para não terem contato com o solo.

Em todo o processo de colheita se deve evitar o

pisoteamento, esmagamento ou compactação do material,

mantendo-se sempre as condições de higiene durante a colheita

e armazenamento.

As lonas de proteção dos feixes ou ponchos devem ser

lavadas após a colheita, não devendo ser utilizadas para outros

fins a não ser para a colheita da erva-mate, e serem protegidas

da contaminação com animais ou outras substancias estranhas

no momento em que forem guardadas.

9.3 TRANSPORTE

Para o transporte da lavoura até a indústria, recomenda-

se a utilização de veículos adaptados que cumpram com as

condições de higiene, ventilação e segurança exigidas, conforme

legislação vigente.

Não se deve transportar a erva-mate com outros

produtos, pessoas ou animais, ou qualquer outro elemento que

possa contaminá-la.

No caso de haver sido utilizado o transporte para outros

fins, este deve passar por uma limpeza profunda antes de ser

novamente utilizado e, em quaisquer outros casos, deverá ser

limpo periodicamente.

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Na nota fiscal do produtor, o agricultor deverá identificar

o lote ou gleba de que foi extraído a erva-mate, a fim de a

indústria identificar e rastrear o produto.

A carga deve ser protegida por lona permeável, cobrindo-

a totalmente, evitando-se a contaminação com poeira e

exposição demasiada ao sol.

Realizar a entrega da matéria-prima na indústria em até

12 horas após o carregamento.

Os feixes de erva-mate não poderão ultrapassar 60 kg,

conforme CLT.

Durante a operação de carga e descarga, não se deve

jogar, prensar, compactar ou bater o produto.

Figura 21 - Transporte de erva-mate com cobertura de lona

Crédito: Jurandir José Marques, 2008.

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10 SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO

O processo de produção da erva-mate passou a exigir

dos trabalhadores uma maior qualificação e uma crescente

intervenção destes nos processos produtivos, o que

consequentemente tornou-os mais suscetíveis a acidentes do

trabalho. Eliminar as condições inseguras e atos inseguros é uma

condição necessária para reduzir os acidentes e as doenças

ocupacionais. Esse é o papel da medicina e segurança do

trabalho preventiva.

10.1 HISTÓRIA DA SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO

A Segurança do Trabalho é definida pela Constituição da

República Federativa do Brasil como “[ ...] o conjunto de medidas

que versam sobre condições específicas de instalação do

estabelecimento e de suas máquinas, visando à garantia do

trabalhador contra a natural exposição aos riscos inerentes à

prática da atividade profissional.” (BRASIL, 2013a). Constituição

Federal define também que todos os cidadãos têm direito a

saúde e, no Inciso XXII do Capítulo II, afirma que é direito dos

trabalhadores urbanos e rurais a redução dos riscos inerentes ao

trabalho por meio de normas de saúde, higiene e segurança. A

segurança e a saúde do trabalho têm sido consideradas áreas

que se dedicam à antecipação, ao reconhecimento, à avaliação e

ao controle de fatores e riscos ambientais existentes nos postos

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de trabalho que possam gerar acidentes, prejuízos para a saúde

ou bem-estar dos trabalhadores.

No entanto, a preocupação com a segurança e a saúde

dos trabalhadores nem sempre existiu. Durante a evolução, o

homem deixou de ser nômade coletor e caçador para tornar-se

agricultor, fixando-se em terras e, assim, iniciou-se a organização

das sociedades e um novo modo de produção de bens e

alimentos, que culminou com o surgimento da industrialização.

Esse processo de industrialização atingiu o apogeu com a

Revolução Industrial, na qual o capital financeiro ditava as regras

de produção e de trabalho, baseando as relações no controle e

na exploração, obrigando milhares de trabalhadores a

executarem trabalhos perigosos e cumprirem longas jornadas de

trabalho.

Entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, em um

ambiente caótico e perigoso, os organismos internacionais

procuraram regulamentar a forma de trabalho através de leis e

acordos. Na Inglaterra, em 1833, foi elaborada a primeira

legislação eficiente na área de proteção ao trabalhador, com

definição de tempo máximo de jornada de trabalho e idade

mínima para início das atividades laborais. Em 1950, a

Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Organização

Mundial de Saúde (OMS) estabeleceram os objetivos da Saúde

Ocupacional e, em 1953, na Conferência Internacional do

Trabalho, elaboraram a Recomendação nº 97 sobre Proteção à

Saúde dos Trabalhadores em Locais de Trabalho.

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No Brasil, em 1943, é publicado o Decreto-Lei nº 5.452,

de 1º de maio, que é a Consolidação das Leis do Trabalho, cujo

capítulo V descrevia as questões relativas à segurança e

medicina do trabalho. Porém, a Lei n°6.514, de 22 de dezembro

de 1977, alterou o Capítulo II e, em 1978, foi publicada a Portaria

n° 3.214, de 8 de junho, que aprovou as Normas

Regulamentadoras.

10.2 NORMAS BRASILEIRAS E INTERNACIONAIS

Cada país possui sua própria legislação e requisitos para

a saúde e segurança do trabalhador, e há também acordos

internacionais que podem ser adotados pelos países membros

da Convenção Internacional do Trabalho. Existem também séries

de normas que não são compulsórias, mas são adotadas pelas

empresas, com o intuito de melhorar a gestão a respeito da

segurança e saúde do trabalhador e receber, assim, a

certificação que assegura o cumprimento dos requisitos. São

exemplos de normas internacionais relacionadas à segurança e

saúde do trabalhador: OHSAS 18001 (Especificação para

Sistemas de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho),

OHSAS 18002 (Sistemas de Gestão da Segurança e Saúde no

Trabalho) e BS 8800 (Guia para Sistemas de Gestão da

Segurança e Saúde no Trabalho).

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No Brasil, o órgão responsável pelas ações relativas à

segurança e saúde do trabalhador é o Ministério do Trabalho e

Emprego, que normatiza os requisitos e as relações entre

empregador e empregado, além de realizar ações de fiscalização

e educação. As diretrizes referentes à segurança e medicina do

trabalho são definidas nas Normas Regulamentadoras (NRs). As

NRs estão listadas na Quadro 1.

Quadro 1 - Resumo das normas regulamentadoras

Norma Regulamentadora

Assunto

NR 01 Disposições gerais

NR 02 Inspeção prévia

NR 03 Embargo ou Interdição

NR 04 Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho-SESMT

NR 05 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes-CIPA

NR 06 Equipamento de Proteção Individual-EPI

NR 07 Programa de controle médico de saúde ocupacional-

NR 08 Edificações

NR 09 Programa de Prevenção de Riscos Ambientais-PPRA

NR 10 Segurança em instalações e serviços em eletricidade

NR 11 Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais

NR 12 Segurança no trabalho em máquinas e equipamentos

NR 13 Caldeiras e vasos de pressão

NR 14 Fornos

NR 15 Atividades e operações insalubres

NR 16 Atividades e operações perigosas

Continua...

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... continuação

Norma Regulamentadora

Assunto

NR 17 Ergonomia

NR 18 Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção

NR 19 Explosivos

NR 20 Líquidos combustíveis e inflamáveis

NR 21 Trabalho a céu aberto

NR 22 Segurança e saúde ocupacional na mineração

NR 23 Proteção contra incêndios

NR 24 Condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho

NR 25 Resíduos industriais

NR 26 Sinalização de segurança

NR 27 Registro profissional do técnico de segurança do trabalho no Ministério do Trabalho

NR 28 Fiscalização e penalidades

NR 29 Segurança e saúde no trabalho portuário

NR 30 Segurança e saúde no trabalho aquaviário

NR 31 Segurança e saúde no trabalho na agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aquicultura

NR 32 Segurança e saúde no trabalho em serviços de saúde

NR 33 Segurança e saúde nos trabalhos em espaços confinados

NR 34 Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção e reparação naval

NR 35 Trabalho em altura

NR 36 Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e Processamento de Carnes e Derivados

Fonte: Elaborado pelos autores, 2013.

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Quando o assunto não é contemplado pelas Normas

Regulamentadoras existentes ou a NR cita outra norma, deve-se

recorrer às Normas Técnicas da Associação Brasileira de

Normas Técnicas (ABNT). Na Tabela 2 são listadas algumas das

normas referentes à segurança e medicina do trabalho.

Quadro 2 - Normas Técnicas da ABNT relacionadas a segurança e saúde do trabalho

Norma Técnica Assunto

NBR 9077 Saídas de emergência em edifícios

NBR 12693 Sistemas de proteção por extintores de incêndio

NBR 5413 Iluminância de interiores

NBR 10152 Nível de ruído para conforto acústico

ABNT NBR 7731:1983 Guia para execução de serviços de medição de ruído aéreo e avaliação dos seus efeitos sobre o homem

NBR 18801:2010 Sistema de gestão da segurança e saúde no trabalho-Requisitos (previsão para entrar em vigor em dezembro de 2014) (ABNT,2013)

NBR ISO/CIE 8995-1:2013

Iluminação de ambientes de trabalho

ABNT NBR 18801:2010 Sistema de gestão da segurança e saúde no trabalho

ABNT NBR 14280:2001 Cadastro de acidente do trabalho - Procedimento e classificação

ABNT NBR 13158:1994

Avaliação de agentes químicos no ar - Coleta de fibras respiráveis inorgânicas em suspensão no ar e análise por microscopia óptica de contraste de fase - Método do filtro de membrana

ABNT NBR ISO 20344:2008

Equipamentos de proteção individual - Métodos de ensaio para calçados

Fonte: Elaborado pelos autores, 2013.

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As Normas Regulamentadoras são de observância

obrigatória pelas empresas privadas e públicas e pelos órgãos

públicos da administração direta e indireta, bem como pelos

órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, que possuam

empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho

(CLT), de acordo com o descrito pela NR 1.

Nas etapas de manejo da erva-mate realizadas na

lavoura deve ser observada a Norma Regulamentadora 31, que

trata da segurança e saúde no trabalho na agricultura, pecuária,

silvicultura, exploração florestal e aquicultura, além de outras,

como a NR 6 - Equipamentos de proteção Individual, NR 17-

Ergonomia, NR 21 - Trabalho a Céu Aberto.

10.3 USO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL

O uso de equipamentos de proteção individual tem o

objetivo de proteger o trabalhador e prevenir acidentes, por isso

eles devem ser utilizados por todo trabalhador quando realizar

atividades que ofereçam riscos.

A NR 31 relativa à Segurança e Saúde no Trabalho na

Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração Florestal e

Aquicultura prevê no capítulo 31.20, Medidas de Proteção

Pessoal:

a) É obrigatório o fornecimento aos trabalhadores,

gratuitamente, de equipamentos de proteção

individual (EPI);

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b) Os equipamentos de proteção individual devem ser

adequados aos riscos e mantidos em perfeito estado

de conservação e funcionamento;

c) O empregador deve exigir que os trabalhadores

utilizem os EPIs;

d) Cabe ao empregador orientar o empregado sobre o

uso do EPI;

e) O treinamento sobre uso de EPIs poderá ser

demonstrado através de fichas de controle de

treinamento contendo datas, carga horária, assuntos

abordados e nomes e assinaturas dos treinados e

dos instrutores.

O trabalhador rural que irá efetuar a poda e a colheita da

erva-mate deverá estar utilizando os equipamentos de proteção

individual adequados, os quais se constituem de: luvas, chapéu,

óculos de segurança ou capacete com protetor facial acoplado,

protetor solar, protetor auricular (quando for utilizado

equipamento que produza ruído (ex. motosserra)), botas de

borracha ou botinas e roupas adequadas, como macacões e

avental impermeável. O cinturão de segurança deverá ser

utilizado quando o trabalho for realizado em altura superior a 2,0

m (ex. poda, colheita e coleta de sementes).

Para utilização de defensivos agrícolas, o trabalhador

deverá seguir as orientações técnicas descritas no receituário

agronômico.

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Cabe ao trabalhador usar os equipamentos de proteção

individual indicados para as finalidades a que se destinarem e

zelar pela sua conservação.

Figura 22 - Trabalhador como os EPIs apropriados

Fonte: GUIA ..., 2008.

10.4 ERGONOMIA

A Norma Regulamentadora nº 17 do Ministério do

Trabalho e Emprego, que trata de ergonomia, visa estabelecer

parâmetros que permitam adaptação das condições trabalho às

características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a

proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho

eficiente. As condições de trabalho incluem aspectos

relacionados ao levantamento, transporte e descarga de

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Figura 23 - Carinho para o transporte de feixes erva-mate

Fonte: GUIA ..., 2008.

materiais, ao mobiliário e às condições ambientais do posto de

trabalho e à própria organização de trabalho.

As doenças na

coluna correspondem a

cerca de 30 casos de

aposentadorias para

cada grupo de 100 mil

beneficiários da

Previdência Social,

além de estar entre as

principais causas de

licenças médicas. Por

isso, é importante o

uso de equipamento

mecânico de ação

manual para

levantamento de peso

e deve ser executado

de forma que o esforço

físico seja compatível

com a capacidade de força e não comprometa a saúde ou a

segurança de quem o executa, conforme foto abaixo.

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10.5 TRABALHO A CÉU ABERTO

Quando o trabalho for realizado a céu aberto, como no

caso do plantio, manejo e colheita da erva-mate, são exigidas

medidas que protejam os trabalhadores contra insolação

excessiva, o calor, o frio, a umidade e os ventos inconvenientes.

Por isso, deve-se observar o uso de seus respectivos

equipamentos de proteção individual conforme descritos na NR

31 e NR 06.

Figura 24 - Trabalho a céu aberto

Fonte: GUIA ..., 2008.

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11 PROCESSO DE CERTIFICAÇÃO DA QUALIDADE DA

ERVA-MATE

A Certificação da Qualidade da Erva-mate é pioneira no

País e foi desenvolvida com objetivo de qualificar o processo de

elaboração da erva-mate, normatizado no Manual para

Certificação da Qualidade do Processo de Produção da Erva-

Mate. São auditados aproximadamente 150 itens que buscam

garantir a adoção de Boas Práticas Agrícolas e de Fabricação,

além de atender a outras normas e legislações para a obtenção

de um produto com qualidade diferenciada.

O Manual define os pré-requisitos e procedimentos

operacionais necessários para obtenção da Certificação da

Qualidade da Erva-Mate e do Selo de Qualidade Emater/RS,

visando qualificar um produto que é símbolo do estado do Rio

Grande do Sul.

A certificação prevê auditorias em diversas etapas do

processo de fabricação da Erva-mate, iniciando pela colheita,

avaliando o transporte da matéria-prima e o processo de

beneficiamento, até chegar ao empacotamento do produto final.

Também são coletadas amostras do produto e encaminhadas

para realização de análises físico-químicas e microbiológicas. As

análises têm como objetivo monitorar a presença de resíduos de

produtos químicos (agrotóxicos), agentes físicos (impurezas e

matérias estranhas) e agentes biológicos (salmonelas,

coliformes, bolores e leveduras), além de detectar a presença de

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açúcar, garantindo assim excelentes condições higiênico-

sanitárias e os mais altos padrões de qualidade do produto.

As empresas que cumprem com os requisitos

estabelecidos recebem um certificado de qualidade e o direito de

estampar na embalagem de suas marcas o “Selo de Qualidade”,

identificando que aquele produto tem qualidade diferenciada.

Essa é a garantia de que a erva-mate foi elaborada respeitando o

Manual para Certificação da Qualidade do Processo de Produção

da Erva-Mate e as normas sanitárias vigentes. O consumidor

pode identificar as marcas das empresas certificadas através do

selo de qualidade estampado nas embalagens dos produtos.

Com isso, todos os segmentos da sociedade são

beneficiados: ganham os produtores, que aprimoram seus

processos produtivos, e ganham os consumidores, com a

garantia de um produto de qualidade superior, cujo processo

produtivo na elaboração da matéria-prima é controlado por

empresas idôneas e isentas. Também são beneficiadas as

indústrias, que podem aprimorar seus processos operacionais

reduzindo custos e diferenciando seu produto no mercado.

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Figura 25 - Etapas do processo de certificação da erva-mate

Fonte: EMATER. Rio Grande do Sul/Ascar, 2013b.

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