lado direito - i edição

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1 Setembro 2011| Lado Direito N.º 1 | Setembro de 2011 N.º 1 | Setembro de 2011 Jornadas Mundiais da Juventude | 5 Jornadas Mundiais da Juventude | 5 Milhões de jovens de todo o mundo marcaram presença na nova edição das Jornadas Mundiais da Juventude em Madrid. Novos líderes: Raquel Paradella Lopes E Miguel Pires da Silva Página 9 Opinião da Concelhia Página 13 SEGUE-O C onhece os novos líderes e sabe o que os conduziu à Juventude Popular, bem co- mo o que pretendem realizar no seu mandato. A opinião da Concelhia de Lisboa é representada por aqueles que pre- tendem reflecr sobre a actualidade e os problemas económicos e sociais do país e do mundo.

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Lado Direito - I edição

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1 Setembro 2011| Lado Direito

N.º 1 | Setembro de 2011N.º 1 | Setembro de 2011

Jornadas Mundiais da Juventude | 5Jornadas Mundiais da Juventude | 5 Milhões de jovens de todo o mundo marcaram presença na nova edição das Jornadas Mundiais da Juventude em Madrid.

Novos líderes:

Raquel Paradella Lopes

E Miguel Pires da Silva Página 9

Opinião da Concelhia

Página 13

SEGUE-O

C onhece os novos líderes

e sabe o que os conduziu à

Juventude Popular, bem co-

mo o que pretendem realizar

no seu mandato.

A opinião da Concelhia de Lisboa

é representada por aqueles que pre-

tendem reflectir sobre a actualidade

e os problemas económicos e sociais

do país e do mundo.

2 Setembro 2011| Lado Direito

nesta edição

Página 3

Reportagem Congresso

Página 5

Jornadas Mundiais da Ju-ventude

Página 6

Programa do Governo

Página 7

Entrevista com Miguel Pires da Silva

Raquel Paradella Lopes

Página 12

Travessia de Michael Seufert

Página 14

Opinião Samuel Paiva Pires

João Villalobos João Empis

Miguel Turnbull

Página 20

Agenda

Editor

Joana Martins Rodrigues

Colaboradores

Filipe Carneiro de Almeida

João Empis

Joaquim Henriques

Corrector Linguístico

Ricardo Raposo

equipa

3 Setembro 2011| Lado Direito

EDITORIAL

JOANA RODRIGUES | EDITOR DE

“LADO DIREITO”

A mediocridade é a lei

Nos últimos meses, senão nos últimos dois anos, temo-

nos vindo a preocupar única e exclusivamente com uma

grandiosa e magnifica expressão: a crise. É de louvar

quando grande parte da população - referindo-me exclu-

sivamente à portuguesa – se debruça sobre questões

que ultrapassam a importância do seu metro quadrado.

É um regozijo observar as mentes preocupadas de um

povo que, quando, como referi, se inquieta não apenas

com o seu buraquinho, está mesmo a preocupar-se uni-

camente consigo. Refiro este assunto que, honestamen-

te, é um espelho sincero da mentalidade portuguesa;

talvez da mentalidade de muitos outros povos. E d’A Cri-

se, dou um salto (não tão) gigantesco para a Educação –

outra crise, a meu ver, muito mais profunda e cujas con-

sequências são desastrosas. Um assunto que enerva

muitos, e faz outros revirarem os olhos fazendo este ac-

to jus ao seu desapego e/ou desconhecimento face às

consequências que uma boa ou má instrução pode re-

percutir.

Pergunto-me quantas almas reflectem sobre a qualidade

desta entidade suprema que compõe slogans rogando

para o melhoramento da mesma. Questiono-me se, ao

longo de 37 anos, ainda ninguém se deu conta da

“trapalhada educacional” com que nos deparamos em

Portugal. Esta questão inicia-se nas bases. Bases essas

que se traduzem na questão organizacional ou no siste-

ma. Um sistema que, desde há muito, tem vindo a pre-

miar a mediocridade, um sistema que se tem vindo a

desviar-se do principal objectivo no que diz respeito em

ensinar, instruir e educar. Uma organização que se pre-

dispõe a “despejar” números, poemas, testes e power

points (este último muito requisitado ultimamente).

Qual o objectivo desde ciclo vicioso que em nada instrui

alunos? Apenas lhes atribui a cada um deles um número

que, após cada ano lectivo se transforma num dado esta-

tístico? Preocupante será quando esse fantástico “dado”

não corresponder à realidade.

Outro ponto de vista que muitos menosprezam é a quo-

ta-parte retirada aos próprios alunos, alunos como eu e

muitos que lerão este texto. Nós, estudantes, somos

acarinhados e encarados como almas indefesas que se

podem dar ao luxo de ter más avaliações porque a culpa

é dos “mauzões” dos professores. Meus amigos, lamento

informar-vos, mas a culpa é toda nossa. Se o sistema

premeia a mediocridade, cabe-nos a nós lutar contra

isso; sermos excepcionais ao não nos deixar nivelar por

baixo.

Recuso-me a tecer quaisquer comentários no que con-

cerne à relação professor-aluno, pois recuso-me igual-

mente a aceitar que se iguale essa mesma relação como

se ambas as partes pertencessem ao mesmo nível hie-

rárquico. Esse pensamento é doentio e mesquinho. Con-

tudo, regressando ao ponto anterior, é-me difícil admitir

que esta questão é a que mais me envergonha neste

belo país. Tópico que, a meu ver, é o mais importante de

todos - está acima da Economia, Saúde, e muitos outros

tópicos – pois é o nível educativo que nos proporcionará

um determinado nível de vida; não apenas económico,

mas intelectual, e acima de tudo tornar-nos-á humanos

e civilizados, justos e coerentes.

O mal está feito, é uma verdade irrefutável. Muitos pre-

tendem preservá-lo. É outra doença intrínseca nesta po-

pulação. Todavia, existem outros que pretendem que-

brar este ciclo ineficaz, fabricante de decadência e deso-

nestidade intelectual. É necessário louvar aqueles que se

mantém nos primórdios dos objectivos de educar. É pre-

ciso alterar o rumo de um país que apenas pretende fa-

bricar licenciados com o cérebro vazio. É imprescindível

que todos entendam que inteligência e sabedoria não

são sinónimos de “curso superior” nem “canudo”. É de-

vido a esta mentalidade egoísta e gananciosa que o ensi-

no tem que ser desvalorizado em Portugal. Continuamos

a assistir a um espectáculo irrisório com o qual continu-

amos a pactuar e isso deixa-nos alegres e crentes de que

somos “mesmo bons”.

4 Setembro 2011| Lado Direito

XVIII Congresso da Juventude Po-

pular

N o fim-de-semana de 23 e 24 de

Julho realizou-se em Lamego o

décimo oitavo Congresso da

Juventude Popular. Congressis-

tas eleitos por todo o país

compareceram na conferência que viria a eleger

Miguel Pires da Silva, substituindo assim Mi-

chael Seufert, deputado, como o novo Presiden-

te da organização partidária juvenil, bem como

Francisco Mota, Manuel Aranha, André Correia,

Fernando Neves, Manuel Figueiredo como vice-

presidentes e José Miguel Lello como o recém-

eleito Secretário-Geral. O cessante presidente

inicia também funções como Presidente da Me-

sa do Congresso, sendo Vera Rodrigues presi-

dente da Mesa do Concelho Nacional e Tiago

Loureiro Coordenador do Gabinete de Estudos

Gonçalo Begonha.

A moção do novo Presidente venceu com 204

votos contra 153 de Luís Chiti Dias, líder da Dis-

trital de Lisboa. Miguel Pires da Silva, licenciado

em Gestão e Administração Pública pelo Institu-

to Superior de Ciências Sociais e Políticas da

UTL, pretende, no seu mandato, direccionar o

seu projecto para os jovens, fomentando o seu

empreendedorismo. A luta pela defesa e satisfa-

ção das necessidades dos jovens e a promoção

da importância daqueles que não detêm um

curso superior como igualmente válidos são li-

nhas condutoras do mandato de Pires da Silva.

Depois de muitas horas onde diversos congres-

sistas discursaram, debatendo ideias construti-

vas sobre o rumo da Juventude Popular, alguns

deles apresentando moções que se traduzem

em propostas delineadas e apresentadas em

congresso que foram alvo de votação, prosse-

guindo-se da sua aprovação ou chumbo, inicia-

se então um novo ciclo dirigido por Miguel Pires

da Silva cujas bases de acção assentam numa

atitude independente e construtiva face ao fu-

turo da JP e aos objectivos por si definidos.

Joana Rodrigues

Editora do “Lado Direito”

Coordenadora do Gabinete de Comunicação da Conce-

lhia de Lisboa da Juventude Popular

5 Setembro 2011| Lado Direito

Jornadas Mundiais da Juventu-

de “Enraizados e edificados em

Cristo, firmes na fé”

Decorreram no passado mês de Agosto

as Jornadas Mundiais da Juventude

(JMJ) em Madrid.

Milhões de jovens de todas as partes

do globo dirigiram-se a Espanha com o

propósito de se reunirem com Bento

XVI. Segundo o Papa assiste-se a um

“momento em que a Europa tem gran-

de necessidade de reencontrar as raí-

zes cristãs”, sendo que a Espanha é um

dos país mais afectados com o fenóme-

no do século XXI, ou seja, a dessacrali-

zação, em que a Igreja deixa de ser o

elemento agregador da sociedade.

Muitos foram os protestos de movi-

mentos contra o dinheiro empregue na

visita do Papa a Madrid, desde a renún-

cia ao pagamento de bilhetes de metro

e às multas dela decorrente. Mais que

os protestos, prevaleceu o ambiente de

fé e de união entre os jovens de todo o

Mundo.

Joã o Empis

Colãborãdor do Gãbinete de Comunicãçã o

50 Milhões de euros gastos;

100 Milhões de euros gastos pelos

visitantes;

693 Escolas, institutos e polidesporti-

vos de alojamento;

193 Países representados;

1 Milhão de garrafas de vinho consa-

gradas;

4700 Jornalistas;

10 000 Polícias;

6 Setembro 2011| Lado Direito

O programa do Governo está as-sente nos pilares do “rigor e serie-dade”

C omo um dos objectivos nucleares o Governo propõe o cumprimento do acordo com a troika para a redução do défice e controlo da dívida pú-blica para que Portugal possa vol-

tar a financiar-se em condições normais no mercado, pretende-se ainda antecipar e imple-mentar medidas suplementares para garantir o cumprimento das metas. Cada ministro será responsabilizado pelo cum-primento à risca dos limites orçamentais do mi-nistério que tutela, sendo corrigido qualquer desvio dentro do próprio ministério. O Governo compromete-se a auditar regularmente as con-tas dos municípios e quer dinamizar a notação de “rating” para as autarquias e suas operações de financiamento. No que diz respeito às obras públicas o gover-no suspendeu temporariamente a construção do comboio de alta velocidade Lisboa-Madrid e propôs a reavaliação do novo aeroporto. Em relação às empresas públicas prevê-se: a restruturação do grupo RTP com o objectivo de reduzir custos operacionais (a começar em 2012), a venda da totalidade do capital da TAP (algo que deverá ficar concluído no decorrer deste ano), a previ-são da venda por parte da Caixa Geral de Depó

sitos do sector dos seguros e áreas não estraté-gicas por forma a orientar a estrutura do grupo à concentração nas actividades de intermedia-ção financeira, a potencial concessão de linhas e rotas da Carris, Serviço de Transportes Colec-tivos do Porto e Metro de Lisboa, identificação das entidades e empresas que possam vir a ser extintas, privatizadas ou reintegradas na Admi-nistração Pública; alteração das leis que regem a REN para que empresas do sector da energia possam assumir nesta posições de controlo, au-tonomização do sector dos resíduos (até agora integrado do Grupo Águas de Portugal) bem co-mo a definição do modelo de privatização dos Correios de Portugal. Nos transportes prevê-se a introdução de por-tagens nas concessões rodoviárias com o intuito de reforçar o princípio do utilizador-pagador e ainda, o aumento do preço dos transportes pú-blicos (a ter início imediato).

Joaquim Henriques Colaborador do Gabinete de Comunicação

7 Setembro 2011| Lado Direito

Lado Direito (LD) — Porquê a JP?

Miguel Pires da Silva (MPS) — Cresci numa famí-

lia do CDS, portanto quando chegou a altura de

tomar uma decisão sobre qual a juventude par-

tidária com que mais me identificava a decisão

foi natural. No entanto, não deixei de consultar

as “Declarações de Princí-

pios” das outras Juventu-

des, mas a Juventude Po-

pular foi a única que deu

resposta ás minhas preo-

cupações enquanto jo-

vem pelos seus valores e

a sua base ideológica..

LD — O que te fascina

na política?

MPS— O que mais me fascina na política é a

possibilidade de poder dar o contributo para

uma sociedade melhor e mais justa, essa é sem

duvida a minha grande motivação.

LD— Qual tem sido o teu contributo para

a sociedade desde que és militante da JP?

MPS— Ainda antes de ser militante da JP tive a

oportunidade, desde muito novo, de participar e

acompanhar a minha família nas suas diversas

actividades de apoio e desenvolvimento social,

quer politica quer economicamente, designada-

mente nas áreas de responsabilidade social sub-

jacentes aos sectores em que a família sempre

actuou. Desde então, e a partir do momento em

que me tornei num militante da JP, tenho tido a

possibilidade de, interventiva e activamente,

estar na linha da frente da defesa daqueles que

são os meus ideais, nos quais se forjou a minha

identidade politica e sobre os quais assentam os

valores que pautam a minha actuação enquanto

individuo e militante da JP, defendendo, por via

da intervenção pública e privada, os princípios

comuns a todos os jovens e aqueles outros que

caracterizam especificamente a JP como uma

organização política distinta e positivamente

diferente das suas demais congéneres nacionais.

LD — Consideras que a aderência dos jo-

vens na vida política é satisfatória? Justi-

fica.

MPS — Não. Julgo que os jovens podiam e devi-

am participar ainda mais activamente na vida

politica do nosso Pais. Não basta afirmar que “os

políticos são todos iguais e que não vale a pe-

na”!!! Se ninguém, designadamente os jovens a

quem cabem os destinos do País, se interessar

pela causa pública, em servir Portugal, a realida-

de actual, e quiçá a futura, a que todos hoje

apontam o dedo não se alterará com a celerida-

de e necessidade que os dias de hoje impõem. A

juventude portuguesa tem de fazer parte da so-

A Juventude Popular e a

Concelhia de Lisboa

têm à sua frente novas

caras. É possível conhe-

cê-los melhor e enten-

der como pretendem

fazer jus aos seus objectivos.

Os caminhos cruzam-se quando Mi-

guel Pires da Silva — Presidente da

Juventude Popular — e Raquel Para-

della Lopes — Presidente da Conce-

lhia de Lisboa da Juventude Popular

— partilham com os leitores o que os

levou a optar por esta juventude

partidária, quais as suas prioridades

para cada mandato e muito mais.

8 Setembro 2011| Lado Direito

lução para os problemas que o País hoje enfren-

ta, atendendo à sua gravidade, complexidade e

globalidade de que é parte integrante. É com

esses jovens e todos os demais interessados,

independentemente do seu quadrante político,

que a JP conta para continuar a tentar desenvol-

ver todas actividades que entenda como perti-

nentes e necessárias à defesa dos valores e prin-

cípios que entendemos como imprescindíveis

serem contemplados na chegada a bom porto

no rumo tomado por Portugal. A nossa respon-

sabilidade é equiparável, num contexto diverso

e diferente, há geração dos nossos Pais, senão

porventura mais complexa e pesada se conside-

rarmos a dimensão global das acções que ve-

nham a ser desenvolvidas no quadro da actual

situação nacional europeia e mundial. Não che-

ga apontar o dedo passivamente, há que actuar,

há que intervir, há que partilhar, há que meter

mãos à obra, pois não

teremos mais oportu-

nidades!!!

LD — Quais as per-

sonalidades políti-

cas (e/ou relacio-

nado) que te inspiram?

MPS— Tenho uma enorme admiração por todos

aqueles - uns mais histórica e publicamente co-

nhecidos que outros - que ao longo de séculos,

até à actualidade, conseguiram, pelas suas distin-

tas acções e profícuas actividades, levar o nome

de Portugal mais adiante e fazer da Nação Portu-

guesa e do povo português sinónimo de sucesso,

referência e exemplo mundial. Julgo que devem

ser estes exemplos que em todos os momentos,

mas em especial nos tempos mais difíceis que ora

se vivem, nos devem servir de guia e bitola para

que possamos dar continuidade ao legado que

árdua e briosamente nos foi passado. É enalte-

cendo o espírito luso dinâmico e empreendedor,

apanágio do que outrora conseguimos atingir, e

do que temos vindo a alcançar, que será possível

com toda a certeza corrigir o rumo de Portugal

para a rota que todos os portugueses aspiram há

longos anos e a qual imperativamente todos te-

mos que prosseguir.

LD— És, pela primeira vez, Presidente da

Juventude Popular. Neste mandato quais

são os teus principais objectivos a alcan-

çar?

Primeiro, e antes de mais, tentar cativar e pro-

mover a intervenção cívica e política dos jovens

portugueses, e dos cidadãos, para com a sua

ajuda, tentarmos encontrar as melhores solu-

ções para os problemas que desde há muito es-

tão identificados, desenvolvendo acções que

permitam a partilha de experiências e conheci-

mento na prossecução dos valores e dos princí-

pios gerais que regulam a actuação da JP.

Em segundo lugar, proceder a uma reorganiza-

ção da estrutura interna da JP, por meio de uma

integrada, eficaz e eficiente base de dados que

permita aos militantes, e aos órgãos executivos,

sabermos quantos, de facto, são actualmente os

militantes da JP, quais as suas qualificações aca-

démicas e/ou ocupações profissionais e de que

forma é que todos poderemos juntar sinergias

comungando dos valores e da vontade que nos

guiam em participar mais activamente nas politi-

cas de valorização dos jovens portugueses. Des-

ta forma, entendemos que será possível crescer-

mos ainda mais a todos os níveis, designada-

mente a nível concelhio, aumentando assim a

nossa capacidade de intervenção ao nível local e

autárquico, privilegiando o contacto estreito e a

proximidade com os cidadãos, simpatizantes e

militantes, recolhendo as suas opiniões, ideias e

experiências que, seguramente, permitirão acu-

rar com rigor as matérias mais preocupantes,

prementes e imediatas.

Assim, e em terceiro lugar, estaremos mais ca-

pazes e preparados para procedermos aos com-

bates eleitorais que teremos pela frente e para

9 Setembro 2011| Lado Direito

com maior conhecimento, com a mesma vonta-

de, mas com maior veemência defendermos os

interesses da população e da juventude portu-

guesa!

LD — Há dois anos concorreste para a

presidência da JP contra o Michael Seu-

fert e, perdeste as eleições. O que se al-

terou na opinião dos eleitores?

MPS— Quando me candidatei no congresso de

Guimarães, apresentei um projecto que acredi-

tava ser valido e útil a toda a estrutura da Juven-

tude Popular. No entanto, a maioria do congres-

so escolheu um outro rumo. Aceitei essa deci-

são, mas continuei sempre a acreditar nesse

projecto! Passados dois anos voltei a submetê-lo

á consideração dos militantes da JP, tendo desta

vez a maioria acreditado em seguir esse rumo.

Como em tudo na vida, a politica é feita de mo-

mentos e oportunidades e julgo que este foi o

melhor momento para aquele que eu julgo ser o

melhor projecto para a JP.

LD— Vais alterar o rumo da Juventude

Popular, ou seguirás, com pequenas alte-

rações, os teus antecessores?

MPS— Para início de mandato, julgo que é im-

portante fazer uma retrospectiva de tudo o que

anteriormente foi feito. Sabendo o que correu

bem e tirando daí ideias para o futuro, natural-

mente que também devemos aprender com os

“erros” do passado e tentar melhorar o que não

correu tão bem. No essencial, e porque os nos-

sos ideais e valores são os mesmos, devemos

seguir um caminho de continuidade aliado a al-

guma renovação, e, consequentemente, uma

inovação.

LD— Como definir o novo governo?

MPS— O novo Governo é, na minha opinião, um

Governo de esperança e de mudança para Por-

tugal. Desde logo é um dos governos mais jo-

vens de sempre, o que para nós juventude, se

trata também de um orgulho, ao vermos Ex líde-

res de juventudes partidárias a comandar os

destinos do nosso País. Considero um Governo

válido, que já demonstrou estar disposto a servir

o nosso País.

´ LD— Que rumo deve o novo governo se-

guir/ medidas imperativas.

MPS— Portugal encontra-se num dos momen-

tos mais delicados da nossa História recente,

sendo que o governo deve seguir o caminho da

responsabilidade. É necessário cumprir com os

nossos compromissos para com o exterior, de-

vendo o Governo fazer todos os esforços para

que este objectivo seja cumprido. Torna-se im-

perativo rever a situação do emprego Jovem,

bem como a já recorrente questão dos “falsos”

recibos verdes, assim como a situação das Bol-

sas de Estudo para os estudantes do Ensino Su-

perior, entre muitas outras medidas para as

quais a JP irá alertar nos próximos tempos.

LD— Qual deverá ser o rumo interventi-

vo nos jovens portugueses?MPS— Os jo-

vens em Portugal têm de uma vez por todas que

perceber que chegou o momento de contribuir

para a solução dos pro-

blemas do nosso País,

devendo ter uma postu-

ra responsável e cons-

trutiva, independente-

mente do partido a que

pertençam. A única coi-

sa que devem ter em

mente é o bem comum

das nossas populações!

Portanto, e como já re-

feri anteriormente, de-

vem por mãos à obra, em vez de se manterem

quietos no seu lugar, à espera que alguém lhes

resolva os problemas.

Miguel Pires da Silva

Presidente da Juventude Popular

10 Setembro 2011| Lado Direito

LADO DIREITO (LD) - Porquê a JP?

RAQUEL PARADELLA LOPES (RPL) - Foi desde cedo para mim evidente que a JP era a juventude que mais se identificava com as minhas ideias e os meus valores. O acompanhar do seu trabalho e da sua participação na nossa sociedade (na altura sob a presidência do João Almeida) foi decisivo para a mi-nha escolha. Eu queria estar numa juventude como a JP, participativa, forte nas suas convicções e sem medo de fazer frente seja a quem for para fazer va-ler as suas posições e defender o futuro dos jovens do seu país.

LD— O que te fascina na política?

RPL— Participar, de forma activa, nos destinos da minha sociedade, melhorando-a para todas as pes-soas.

LD— Qual tem sido o teu contributo para a sociedade desde que és militante da JP?

RPL— Desde que sou militante, desenvolvi uma maior sensibilidade na análise dos problemas da minha sociedade e à forma como conseguimos par-ticipar da sua solução. A minha contribuição tem sido na divulgação da nossa mensagem, na partici-pação nas nossas campanhas e iniciativas junto dos jovens portugueses e do nosso partido e no desen-volvimento de novas formas de chegar aos outros jovens e os cativar para a política activa.

LD— Consideras que a adesão dos jovens na vida política tem sido satisfatória?

RPL— Nota-se que a maioria dos jovens apresenta um certo alheamento da vida política e a sua prete-rição nomeadamente por actividades pouco cultu-rais e de participação cívica. Nos jovens, temos que perceber se queremos que o nosso futuro seja me-lhor do que se prevê, temos que participar do seu rumo. O cansaço não pode ser justificação para o seu afastamento porque sem persistência e actua-ção pouco conseguimos tanto para o nosso futuro como para o futuro do nosso País.

LD— Quais as personalidades políticas (e/ou relacionado) que te inspiram e que mais admiras?

RPL— -Winston Churchill e Margaret Thatcher- pela sua perseverança em tempos de crise

-Madre Teresa de Calcutá – na sua dedicação às causas do homem e à palavra de Deus.

-D Dinis – pela visão no seu tempo da importância da formação do seu povo e o interesse do seu bem-estar, pelo seu instinto governativo e de identidade nacional.

LD— Foste eleita para outro mandato como Presidente da Concelhia de Lisboa da JP. Neste novo mandato quais são os teus prin-cipais objectivos a alcançar?

RPL— Motivar um maior número de jovens à ade-

são da causa política principalmente junto de tantos

que apesar de pensarem como nós, não nos procu-

ram, nem se têm interessado em descobrir a área

da política através da JP.

Incentivá-los à participação nos temas e debates

políticos da actualidade.

Esclarecer outros tantos que não pensam como nós

11 Setembro 2011| Lado Direito

por total desconhecimento e alheamento político.

Implementar um maior número de estruturas uni-versitárias no apoio às causas e interesses dos nos-sos estudantes – NEP (Núcleo de Estudantes Popu-lares)

LD— Alguns erros cometidos nos anteriores mandatos?

RPL— Acreditar que todos os jovens estão na políti-ca por convicção, e por isso não ter conseguido que todos se tivessem abstido de outros interesses me-nos altruístas que tanto desacreditam esta verda-deira causa pública.

LD— Como definir o novo governo?

RPL— Visão jovem, assertivo na contenção de cus-tos e realista na gestão dos dinheiros públicos.

LD— Que rumo deve o novo governo seguir/ medi-das imperativas.

RPL— Redução das empresas público-privadas e institutos públicos, gestão rigorosa das despesas do estado e o Incentivo ao empreendedorismo priva-do.

Para descontrair:

LD—O que pensas da saída de José Sócrates para França com fim a estudar Filosofia?

RPL— A saída airosa dum lamaçal demasiado pro-fundo, denso e enorme.

LD— Que conselhos darias a José Sócrates?

RPL— Se mantenha no percurso de vários mestra-dos em filosofia, e sempre longe.

LD— Que conselhos darias ao actual Primei-ro-ministro, Dr. Pedro Passos Coelho?

Distanciar a sua actuação do show-off dos anterio-

res governos, mantendo a descrição que uma boa governação necessita, perseverança nas directrizes propostas e sobretudo resistência aos tantos lobbys com que se tem de acabar.

LD— Um conselho para os jovens portugue-ses.

RPL— Na juventude a selecção do caminho do estu-do, do trabalho e da verdade ainda é, e será, a esco-lha superior.

Raquel Paradella Lopes

Presidente da Concelhia de Lisboa da Juventude Popular

12 Setembro 2011| Lado Direito

M ichael Seufert é o

cessante Presi-

dente da Juventu-

de Popular — antecessor de

Miguel Pires da Silva — e De-

putado à Assembleia da Repú-

blica. Poder-se-ia relatar na

terceira pessoa o seu percurso

político, todavia, nada melhor

do que este ser narrado pelo

recentemente eleito Presiden-

te da Mesa do Congresso.

“Quando me decidi candidatar em 2009 a presiden-te da JP, estávamos à porta de três eleições funda-mentais para a sobrevivência do CDS. Recordo bem que nos vaticinavam a morte com sondagens que, na primeira dessas eleições, Europeias, garantiam

que não elegeríamos um deputado sequer.

Eram dias difíceis para quem acreditava numa direi-ta que queria fazer diferente do que Sócrates pro-metia ao país. Mas havia na JP muita gente que dis-cordava do Socialismo galopante. O Pedro Mouti-nho tinha acabado um mandato que soube a pouco mas que não quis renovar para se dedicar à sua vida

profissional e eu tinha feito um mandato à frente do Gabinete de Estudos Gonçalo Begonha que tinha tido muita actividade. Quando o Pedro anunciou que não se ia recandidatar houve um grupo de pes-soas que veio ter comigo e propôr que me candida-tasse. Não era algo que estivesse nos meus horizon-tes, confesso. Fui para dirigente distrital e para diri-gente nacional com o Pedro, nunca pensei que ele saísse da direcção nacional tão cedo e nunca tive um pingo de ambição para ser presidente enquanto ele se mantinha no activo. Mas nós somos nós e as nossas circunstâncias e, quando as coisas acontece-ram como aconteceram, lancei-me com um projec-to que apresentava algo que sempre me pareceu possível: integrar as diferentes lógicas políticas da direita: democracia-cristã, conservadorismo e libe-ralismo. A moção “Ideias de Direita, Ideais para Por-tugal” era isso mesmo. Eu era conhecido como o liberal que sou mas nunca quis uma JP à minha ima-gem, mas um projecto que respeitasse todos os mi-litantes e sobretudo que apelasse aos jovens da di-reita em Portugal.

O Congresso deu-nos esse mandato e a equipa que saiu desse Congresso deitou-se a organizar a tal ma-ratona de eleições em 2009. no distrito do Porto onde ocupava o quarto lugar a convite da Comissão Política Distrital dirigida pelo Álvaro Castello Branco.

13 Setembro 2011| Lado Direito

Esse quarto lugar era à partida inelegível mas repre-sentava uma enorme honra para mim e a possibili-dade de, em substituição, fazer algumas semanas na Assembleia da República. A verdade é que o re-sultado foi extraordinário e a passagem de 11 para 21 deputados permitiu que eu entrasse em último lugar na noite eleitoral. Foram momentos de grande alegria pessoal mas de enorme responsabilidade: a JP não tinha um deputado na Assembleia desde o início de 2005 e muitos militantes ainda nem eram filiados nessa altura. A JP deveria saber trabalhar internamente no seu crescimento e externamente no aproveitamento do seu deputado como fonte de iniciativa e foco mediático.

Hoje é evidente que não aproveitou o início tão aus-picioso da melhor forma. Houve quem achasse que o mandato de deputado equivalesse a uma torrente de iniciativas sem respeito pela organização do Gru-po Parlamentar do CDS. Houve quem achasse que, quem numa equipa tem um protagonismo natural devido aos cargos que ocupa, deveria servir-se des-se protagonismo para deixar essa equipa para trás. Houve quem achasse que os regulamentos, prazos e

estatutos não servem para nada e que a dada altura seria tempo de virar tudo do avesso para dar de be-ber a uma sede de cargo e de poder. Enfim, foram tempos internamente difíceis e que me custaram muito da minha boa-disposição mas que nunca me tiraram o prazer de estar à frente da JP. E não é dos momentos menos bons que este texto deve versar até porque o que lá vai, lá vai e o Congresso do mês de Julho tratou duma vez por todas por resolver es-tas questões.

Até porque com a extraordinária ajuda da minha equipa, mas sobretudo de muitos dirigentes locais e de militantes de base – alguns dos quais acabados de chegar – foi possível trabalhar no sentido de que esta agitação interna não tivesse impedido um cres-cimento de militantes e estruturas, bem como, ain-da mais importante, se consolidasse uma imagem da JP como organização política que dá azo aos pro-blemas dos jovens. Falámos e interviemos em maté-rias tão abrangentes como o défice da dívida públi-ca e os vários orçamentos do estado, as bolsas de estudo do ensino superior, o desemprego jovem ou a ajuda externa. O Gabinete de Estudos trabalhou em palestras e conferências bem como as Universi-dades JP, e como já se disse crescemos em todo o país tendo chegado ao fim do mandato com estru-turas em todos os distritos e regiões autónomas. “

Michael Seufert

Deputado à Assembleia da Republica

Presidente da Mesa do Congresso

14 Setembro 2011| Lado Direito

Opinião

N a primeira edição do “Lado Direito” a voz da Concelhia de Lisboa é

“lida”. Opiniões que são o espelho de uma reflexão clara e coerente

de alguns problemas da actualidade, desde o problema da privatiza-

ção da RTP, aos esclarecimentos relativos à medição económica,

passando pelo questionamento dos valores que imperaram em Por-

tugal durante mais de quatro décadas até à importância económica de que o mar de-

ve ser alvo.

Do anti-social Estado Social à necessi-dade de cumprir Portugal

A narrativa política europeia encontra no seu cerne, desde há décadas, o propalado Estado Social. As raízes deste datam de um dos grandes teóricos polí-ticos da era vitoriana, Jeremy Bentham, pai do utili-tarismo. Embora este fosse um defensor do laissez-faire e de um estado pouco intervencionista, o seu princípio utilitarista da “felicidade do maior núme-ro” inspirou muitos dos políticos britânicos do sécu-lo XIX, contribuindo directamente para a justificação de uma crescente intervenção do estado na socie-dade, acompanhada por uma expansão das suas competências administrativas.

No centro da Europa, Otto von Bismarck, feroz opo-sitor do socialismo, aplicou programas de apoio so-cial na Prússia e na Saxónia, e após a unificação ale-mã (em 1871) criou os alicerces do moderno concei-to de Estado Social ao introduzir um sistema de se-gurança social com pensões de invalidez, doença e reforma e acesso a cuidados médicos providencia-dos pelo estado. O Chanceler alemão pretendia ga-rantir a coesão social e impedir que eventuais des-contentes pudessem ser ideologicamente tolhidos pelo socialismo de cariz mais radical, mas o mundo não se livrou de ver aplicados regimes políticos as-sentes no socialismo – fascismo, nazismo e comu-nismo – aquilo a que Friedrich A. Hayek chamou de “hot socialism”, por oposição ao “cold socialism” do Estado Social.

Após a II Guerra Mundial e no rescaldo da Grande Depressão, o Relatório Beveridge de 1942 propôs um amplo modelo de Estado Social que se tornou politicamente consensual, sendo perspectivado co-mo uma terceira-via entre o comunismo e o capita-lismo, inspirando, portanto, a social-democracia. O princípio chave deste modelo é o conceito de justi-ça social que permitiu, por um lado, novas reivindi-cações por parte dos cidadãos em relação ao gover-no, mas por outro, permitiu também a este alargar discricionariamente os seus poderes em nome da justiça social.

Após a II Guerra Mundial e no rescaldo da Grande Que o conceito de justiça social seja desprovido de sentido e se fundamente em pouco mais que a re-distribuição de rendimentos para atingir propósitos políticos, é algo que não impediu que este se tornasse o mais eficaz argumento na discussão política contemporâ-nea, servindo os propósitos de justificação de qual-quer medida e rapidamente enfraquecendo a even-tual oposição a esta. Acontece que, conforme Hayek assinala, ao contrário do socialismo original, o con-ceito de Estado Social não tem um significado preci-so, e prova disto mesmo são os modelos aplicados em vários estados – assim como o debate de surdos ferido de morte pela demagogia, para o qual, em Portugal, o Partido Socialista liderado por José Só-crates contribuiu de forma determinante. Certo é que, também de acordo com Hayek, nas sociedades industriais contemporâneas, não há razão, dados os níveis de riqueza alcançados, para não garantir um mínimo de segurança económica a todos os cida-dãos, sem que tal coloque em causa a liberdade

15 Setembro 2011| Lado Direito

individual, até porque ao estado compete assegu-rar a manutenção da regras gerais de conduta e fun-cionamento da ordem alargada da sociedade, dei-xando aos indivíduos uma larga esfera de liberdade individual, mas também providenciar bens e servi-ços que o mercado não produz ou não pode produ-zir adequadamente. O problema surge quando o estado não se confina a si próprio e, legitimando e disfarçando as suas intenções sob o manto da justi-ça social, acaba por utilizar os seus poderes coerci-vos (por exemplo, a capacidade de cobrar impos-tos), para atingir propósitos políticos não consensu-ais na sociedade, reclamando ainda direitos sobre determinadas áreas da vida desta, e criando uma miríade de instituições que actuem nestas áreas. Este alargar das competências do governo fundado na distribuição de recursos e rendimentos, para além de distorcer o funcionamento da economia de mercado, levou ao enorme crescimento de um apa-relho para-governamental que consiste em associa-ções comerciais, sindicatos e organizações profissio-nais que tentam captar favores governamentais em troca do seu apoio político.

Foi desta forma que durante a segunda metade do século XX assistimos a um aumento exponencial de clientelas políticas e dependentes do estado e à captura deste por grupos de interesses organizados, degenerando o modelo do Estado Social em algo que vai muito para lá dos seus alegados propósitos de bem-estar social (saúde, educação, segurança social). Mais grave ainda, os defensores do inter-vencionismo estatal – sejam comunistas, socialistas ou social-democratas – não compreendem que foi precisamente o Estado Social que acabou por que-brar muitos dos vínculos tradicionais entre os indiví-duos, tornando-os mais isolados e mais egoístas (num sentido pejorativo), e deixando-os à mercê de máquinas burocráticas que assumem crescente-mente características de organizações ou socieda-des de pendor totalitário.

Se queremos manter os propósitos do Estado Social, este necessita de uma refundação urgente que o resgate dos seus efeitos verdadeiramente anti-sociais e lhe dê sustentabilidade financeira. Não é financeira nem moralmente viável continuar a au-mentar impostos para sustentar um modelo social degenerado. E o facto de, em Portugal, termos leva-do o endividamento externo (e toda a dívida estatal significa impostos futuros) a níveis que estão muito para lá do aceitável é mais que suficiente para nos fazer pensar nisto, porquanto está indelevelmente colocado em causa o princípio da solidariedade in-ter-geracional. Chegamos ao actual estado de coisas

com a nossa liberdade cada vez mais reduzida, obri-gados à submissão para que nos seja possível sobre-viver, enquanto a União Europeia vai navegando à vista nesta crise das dívidas soberanas que arrisca fragmentar ou aprofundar o processo de integração europeia.

Entretanto, considerando o acordo com a Troika FMI/BCE/CE, temos uma apertada margem tempo-ral para operar uma verdadeira reforma estrutural que diminua o peso do estado na economia e na sociedade, o que passa por extinguir milhares de organismos, institutos, fundações e privatizar ou também fechar muitas das empresas do sector em-presarial estatal. Nesta matéria, o Orçamento Geral do Estado para 2012 será a prova de fogo do actual governo PSD-CDS. Simultaneamente, precisamos também de pensar o nosso lugar no Mundo. O vec-tor europeísta da nossa política externa está cada vez mais esgotado e esta, que sempre serviu para que procurássemos no exterior recursos para nos desenvolvermos internamente, precisa de se virar para onde estes existem e onde, ainda por cima, os seus detentores nos são histórica e culturalmente próximos. O Atlântico sempre foi o principal vector desta, até 1974. Talvez esteja na altura de recuperar esta orientação para que, como escreveu Fernando Pessoa, possamos cumprir Portugal.

Samuel de Paiva Pires

Vice-Presidente da Mesa da Concelhia de Lisboa da JP

16 Setembro 2011| Lado Direito

Medição económica — um problema

É costume pensar-se que, quando se fala em econo-mia, fala-se em dinheiro. Problemas económicos equivalem a problemas de dinheiro, saúde econó-mica equivale a quantidades suficientes de dinheiro para todos, enfim. Acontece que, Economia é muito mais do que dinheiro. Economia é valor, é utilidade, e tudo isto é bem mais do que dinheiro, mas a me-lhor forma de poder contabilizar isto, é, sem dúvida, até ao momento, o dinheiro. Atenção, pois lá por ser a melhor forma, não significa que seja uma boa forma, mas apenas a melhor que temos. Falamos então de problemas de medição económica.

O objectivo ao medir os fluxos e a riqueza económi-ca de um País, é medir a utilidade total que todas as pessoas dessa economia obtiveram do seu consu-mo. Este consumo é de gás, bananas, laranjas, elec-tricidade, etc. Ora, não se podem- nem nunca se pode!- “somar alhos com bugalhos”, surgindo uma necessidade de reduzir tudo à mesma unidade. Daí surge, na minha opinião, das melhores ideias econó-micas de sempre: a utilidade. A utilidade seria uma unidade que media o valor de cada bem para cada consumidor. O problema é que, para cada pessoa, o valor de um dado bem, pode ser- e, na maior parte das vezes, até o é- diferente. Pois para uma pessoa uma banana pode ter mais utilidade do que para mim, por exemplo porque ela faz imensos bolos com bananas e eu não, sendo, por isso, impossível obter uma medida transversal para a utilidade.

De qualquer maneira, vamos supor que é possível medir a utilidade. Se isso fosse possível, bastava multiplicar a utilidade média de cada produto pela quantidade consumida de cada produto, e somar para todos os produtos. Portanto, utilidade total, e todos felizes com o resultado bastante bem aproxi-mado das sensações de cada consumidor. Todavia põe-se o problema referido supra: não há forma de medir a utilidade. No entanto, temos algo a que nos podemos agarrar, que é nada mais, nada menos do que o preço. Porém o preço, no mercado, é uma aproximação daquilo a que se chama a utilidade marginal, ou seja, a utilidade adquirida com a últi-ma unidade consumida de bem, ficando de fora aquilo a que se chama excedente do consumidor, que traduz uma espécie de “almoço grátis” que o consumidor tem, pois, imaginemos que, o consumi-dor estaria disposto a pagar pela 1ª unidade que consumia, um preço superior ao preço do mercado, mas- muito felizmente!- pode pagar menos, pagan-

do o preço do mercado. Ora, de cada vez que con-some, a utilidade desse bem vai diminuindo para o consumidor, mas o consumidor, como não é estúpi-do, vai consumir até que a última unidade consumi-da iguale, para ele, o preço de mercado. É isto que o preço iguala, ficando de fora tudo o resto!

Bem, temos que concluir dizendo que, lucramos com cada consumo, caso o mercado seja correcto. Um mercado correcto não é apenas aquele em que todos agem correctamente uns para com os outros, mas aquele em que há concorrência leal e transpa-rência de informação, aquele em que há uma justiça e não um monopólio protegido pelo Estado e pelos intervenientes. Se assim for, há um desenvolvimen-to, há um ganho genérico a médio e longo-prazo. Parece que este é outro dos problemas da Pátria Portuguesa: pensar demais a curto-prazo! Se aque-les que nos deixaram cá tivessem pensado a curto-prazo, eu gostava de saber quem teria dobrado o Cabo Das Tormentas. Gostava de saber quem tinha dado mundos ao mundo! Está na hora de honrar e lutar pelo que é nosso. Hora de ambicionar, não de lamentar pelos erros feitos, mas de corrigi-los. Hora da expansão e evolução, desenvolvimento! Lutar pela igualdade, não é lutar pela igualdade de rendi-mentos nem de resultados, é lutar por uma igualda-de de oportunidades, mesmo que esta não seja al-cançável, ao lutar por ela, aproximamo-nos mais do que se não lutarmos, não é? A Luta não é contra o sistema ou contra o chefe, é uma luta pela oportu-nidade, e se o lamento for menor e a vontade mai-or, o ganho será superior!

João Villalobos Vogal da Comissão Po-

lítica de Concelhia

17 Setembro 2011| Lado Direito

Adeus Pátria e Família

Neste primeiro texto de opinião vou reflectir sobre um fenómeno que é bem conhecido no seio dos jo-vens portugueses – o “Brain Drain”. Este fenómeno consiste na saída de jovens válidos, licenciados e portadores de grandes conhecimentos técnico-científicos do seu país de origem para outros terri-tórios.

Para compreendermos o que está na origem deste fenómeno é necessário mencionar a inata necessi-dade que o Homem tem de se sentir realizado aos mais diversos níveis. Maslow desenvolveu uma hie-rarquia das necessidades do Ser Humano, sendo que o sentimento de estima pelos outros e a sua realização pessoal são aquelas que se encontram no seu topo.

Ora, para um jovem tal como para qualquer outro ser humano, se sentir realizado tem que ver de cer-ta forma asseguradas todas as suas necessidades fisiológicas, de segurança, de relacionamento com os outros e de estima, a necessidade de ver o seu trabalho reconhecido pelos outros e pelo próprio país.

O desemprego em Portugal é astronómico e tende a subir, os salários são significativamente baixos em relação à média europeia; os jovens estão durante um longo período de tempo a estudar na licenciatu-ra ou no mestrado para acabarem a fazer aquilo que não estudaram e não pretendem. Querem ca-sar, constituir família mas não podem dada a falta de apoio do Estado, saindo cada vez mais tarde da casa dos pais. Bem sei que não há dinheiro no actu-al panorama financeiro do nosso país para contor-nar esta situação através de subsídios (que, na mi-nha opinião, constituem um vício para quem os re-cebe acabando por nunca incentivarem as pessoas), contudo, existem outras maneiras exequíveis que combatam este problema. Falo, por exemplo, em expropriar prédios em ruína há anos em Lisboa e desabitados, propriedade de especuladores imobi-liários ou de proprietários arruinados; trocar por incentivos fiscais, rendas vitalícias, ou outra forma de compensação que não agrave a divida pública; por fim, apoiar a recuperação desses imóveis pa-ra arrendamento a casais jovens em inicio de vida e de carreira mas com prazo limitado, pois senão fi-cam lá até morrerem e os novos não tem acesso a esses benefícios; A outra linha de combate passa pelo fortalecimento de acordos entre as universida-des públicas e privadas e grandes instituições/organizações nacionais que empreguem os melho-res alunos daquelas, sob condições de trabalho e

salariais cativantes e com possibilidade de evolução nas suas carreiras. Os jovens deveriam ser implica-dos nos processos de exploração e desenvolvimento de determinadas áreas que sejam promissoras e determinantes para o crescimento económico e consequente desenvolvimento do país.

Segundo o Jornal Sol, Portugal registou uma saída de um quinto (20%) dos seus jovens licenciados pa-ra países mais apelativos, como sendo Inglaterra, Luxemburgo, Suíça e França.

Muitos jovens vão terminar os seus estudos no es-trangeiro, pelo que surpreendidos pelas extraordi-nárias realidades que tomam contacto, acabam por não voltar.

Em 2007, 43 mil licenciados encontravam-se a de-sempenhar trabalhos que exigem pouca ou nenhu-ma qualificação, como sendo limpezas ou constru-ção civil a auferirem o salário mínimo nacional.

Estes dados parecem-me bastante demonstrativos da actual situação de Portugal, como sendo um país pouco cativante para os jovens portugueses que saem das universidades, cheios de novos projectos e de novos sonhos que acabam por “ficar por terra” devido a uma falta de condições que levem à execu-ção dos mesmos.

Portugal é um dos 30 países do mundo mais afecta-dos com o “Brain Drain”.

O nosso país vai perder muito com este fenómeno, sendo que pode vir a acentuar o seu atraso face aos demais países da União Europeia, ficará com uma população cada vez mais envelhecida acabando na desertificação de certas regiões do país (visto que não há renovação de gerações), os subsídios de re-forma e de apoio social e à invalidez vão aumentar (contribuindo para a esgotamento e consequente falência do sistema de segurança social), o resulta-do da cobrança de impostos vai ser cada vez menos positivo dada a redução do número de pessoas a pagá-los. O prestígio de Portugal no que diz respeito ao incentivo a jovens licenciados e empreendedores vai ver-se muito afectado.

Como já foi dito, o Estado está sem dinheiro, logo esqueçam-se os subsídios (maneira fácil e pouco empreendedora de incentivar). Andou-se a investir em obras faraónicas como o aeroporto de Beja, TGV ou travessias do Tejo. Portugal tem das melhores redes de estradas da Europa….sem carros. Os im-postos pagos pelos reformados que nem carro têm estão a pagar as SCUT…Faz algum sentido face a es-te problema?

18 Setembro 2011| Lado Direito

Em conclusão, devia-se mostrar aos jovens que eles são o futuro de Portugal, que o seu dinamismo e empreendedorismo são determinantes para o cres-cimento do país e que a sua permanência nele é in-dispensável. Tem de se lhes mostrar que actualmen-te as suas prioridades estão mal definidas: festas, copos, festivais de verão, viagens e concertos; em-pregos das 9h às 18h e fins-de-semana sagrados! Portugal mudou, logo estes hábitos têm de mudar

Desta forma, evita-se o Adeus Pátria e Família.

João Empis Colaborador do Gabinete de Comunicação e do Jor-

nal “Lado Direito

”I

Importância económica do mar

Muito se tem falado nestes últimos tempos da ne-cessidade de Portugal desenvolver sustentabilidade económica, capacidade de competitividade e de ex-pandir os seus produtos aos mercados externos. Mas como poderemos almejar esses objectivos num país aparentemente despojado de recursos e de for-ça anímica? Uma das possíveis respostas encontra-se bem em frente dos nossos olhos. O Mar! Via de comunicação do passado, presente e do futuro po-de e deve desempenhar um papel importante na estratégia económica portuguesa. Começámos a nossa escalada ao topo do mundo utilizando a enor-me potencialidade dos Oceanos tendo sido esta a estrada que nos levou a outras paragens e por onde trouxemos enormes riquezas que, para mal das ge-rações futuras, não soubemos aproveitar.

Nas últimas décadas virámos as costas aos mares encarando uma nova oportunidade europeia. Gra-dualmente, o que antigamente era visto como uma janela para o mundo passou a significar o atraso, a pobreza e a memória de outros tempos que poucos queriam lembrar. O eixo era agora a Europa, o novo “El Dourado” que prometia mundos e fundos e que seduziu um povo com vontade de esquecer o seu passado recente. Vistos como alunos bem compor-tados, os dinheiros europeus alimentaram um estilo de vida bem acima das nossas possibilidades, as de-sastrosas políticas económicas e agrícolas que adop-támos arruinaram um país cada vez mais dependen-te dos seus parceiros europeus e que muito rapida-mente perdeu a sustentabilidade. No auge da Inter-dependência Portugal não soube encontrar o seu lugar na economia europeia, tornando-se num gran-de consumidor de produtos e de fundos europeus.

Teria sido fundamental na altura utilizar os recursos que eram canalizados para Portugal para o desen-volvimento de políticas económicas que permitis-sem ao nosso país produzir bens e serviços que num hiato relativamente curto ganhassem espaço nos mercados europeus, tomando um papel mais forte na interdependência europeia e que equilibrassem a nossa balança comercial. O que aconteceu ao in-vés foi a “socialização” dos fundos, derretidos em obras públicas, subsídios ao congelamento das pro-duções e no sustento de um estado social “leproso”. Agora que começámos a sentir os efeitos nocivos desta fé cega no Projecto Europeu e na capacidade de os estados se sustentarem

19 Setembro 2011| Lado Direito

ad eternum recorrendo ao endividamento externo, percebemos que afinal a Europa não é o garante de tudo e temos desesperadamente de encontrar solu-ções internas que nos permitam obter recursos e produtos exportáveis com o fito de equilibrar as nossas contas. È nesse sentido que devemos olhar para o Mar. A nossa ZEE, que tem aproximadamen-te 18 vezes o tamanho da massa terrestre do país, é uma fonte de recursos que podem ser explorados a curto, médio e a longo prazo. Além das tradicionais fontes de riqueza, pesca e transporte de mercadori-as, existem muitas outras utilidades tais como a ex-ploração de combustíveis fosseis e de minerais; ex-ploração de energias renováveis, eólica e biomassa, esta última através do cultivo de certos tipos de al-gas; aquicultura extensiva de pescado tradicional mas também de sal e de espécies de algas impor-tantes para variadas indústrias. Temos também de reconhecer a elevada importância da nossa posição geoestratégica nos fluxos de comércio internacional marítimo. Visto que numa variante transcontinental os transportes marítimos de mercadorias continu-am a ser os mais utilizados, Portugal controla mares por onde circula cerca de 50 porcento do volume comercial internacional de mercadorias. A nossa posição como porta de entrada para a Europa não pode ser descurada. A utilização das nossas infra-estruturas portuárias, com as devidas melhorias, como cais de desembarque de mercadorias para a “eu” ocidental e o desenvolvimento de uma indús-tria de fabrico e reparo de embarcações especializa-da deve ser visto como uma forma de rentabilizar os recursos de que dispomos. O uso dos nossos meios marítimos também deve ser aproveitado no dina-mismo das nossas exportações visto que actualmen-te Portugal utiliza quase exclusivamente o transpor-te rodoviário, de longe menos eficiente.

A importância da sensibilização para esta possível mudança de paradigma na forma como Portugal se relaciona com os mares é cada vez mais patente. Temos o dever de estudar todas as formas que nos ajudem a encontrar o rumo certo para o nosso país nos tempos de mudança que atravessamos. Portu-gal é um país com potencialidade, temos apenas de a canalizar para os sectores certos.

Ao longo dos últimos anos começam já a surgir en-saios bastante bons virados para esta problemática, não pretendendo fazer publicidade indevida, o livro

“Portugal e o Mar” de Tiago Pitta e Cunha é a meu ver uma excelente e simples leitura para aqueles que queiram descobrir o tema.

Miguel Turnbull

Colaborador do Gabinete de Estudos e Formação Política

20 Setembro 2011| Lado Direito

agenda

12 setembro

|Eleição dos congressistas ao Congresso Distrital de Lisboa

17 de setembro

|Congresso Distrital de Lisboa

|Tomada de posse dos órgãos da comissão política da Concelhia de

Lisboa

5 outubro

|2.ª Edição “Lado Direito”

|LADO DIREITO|

SEGUE-O