estado de direito - 2 ediÇÃo

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Nesta segunda edição, o Es- tado de Direito abre espaços para artigos que conduzem o leitor à uma reflexão sobre valores sociais, familiares, ambientais, econômicos e trabalhistas, e sugere um questionamento: até que ponto o operador do direito é responsável pelo que acontece na sociedade? Independentemente das res- postas, sabe-se que a morosidade do sistema, por exemplo, não é causada apenas pelo número de processos em tramitação, mas também pelas práticas escusas a que são submetidos. Portanto, trazemos até os leitores artigos que os preparam para enfrentar os tribunais, e alertam sobre procedimentos adequados em situações espe- ciais, que devem ser observados para uma melhor prática do direito e do bom convívio em sociedade. Contra-Capa SÍLVIO DE SALVO VENOSA em ARTIGO EXCLUSIVO REGRAS SOCIAIS OU DE CORTESIA Página 5 Página 2 Os operadores do direito têm cumprido seu papel na sociedade? Artigos propõem uma reflexão sobre o bom direito e a responsabilidade do operador Direito Ambiental Página 3 Annelise Monteiro Steigleder justifica a possibilidade de o Poder Público ser enquadrado em res- ponsabilidade solidária por danos ao meio ambiente, em caso de omissão; e aborda, também, a res- ponsabilidade, pelo mesmo dano, das empresas não caracterizadas dentro do conceito de poluidoras Página 7 CARLOS VIEIRA PORTO ALEGRE, JANEIRO DE 2006 ANO I 2 Veja também Desembargador do Rio de Janeiro, João Carlos Pestana de Aguiar faz comentário sobre o Estatuto da Igualdade Racial Direito Penal Luiz Flávio Gomes fala sobre os critérios à aferição da razoabilidade da prisão preventiva Estado de Direito Maria Berenice Dias, a primeira mulher a ingressar no Poder Judiciário do Estado, nomeada Juíza de Direito em novembro de 1973. Atuou nas comarcas de Ibirubá, Palmeira das Missões, Sarandi, São Borja, Carazinho e Porto Alegre. Foi promovida a Juíza do Tribunal de Alçada em maio de 1991. Tornou-se a primeira mulher a integrar o Tribunal de Justiça do Estado ao ser promovida a Desembargadora em outubro de 1996. Em artigo exclusivo para o Estado de Direito analisa a investigação de paternidade e alimentos desde a concepção. Página 6 Direito do Trabalho Francisco Rossal analisa a ampliação significativa da Justiça Laboral e ainda destaca os novos horizontes com a Emenda constitucional 45/04. Maurício de Carvalho Góes fala sobre a importância da conduta do empregador no momento da perícia de insalubridade Português Alberto Menegotto, Professor do IDC, relata as dificuldades de profissionais da área jurídica em escrever corretamente Direito Financeiro Ana Cláudia Redecker analisa os protestos de boletos de cobran- ça de títulos, alertando para a falta de requisitos primordiais para que sejam considerados títulos executivos extrajudiciais, e a ne- cessidade de reparação dos danos causados pelo encaminhamento destes títulos a protesto Página 4 Rolf Madaleno: A nova codificação familista Advogado e Professor de Direito de Família na PUC/RS, Diretor Nacional do IBDFAM e vice-presidente do IARGS analisa as transformações dos hábitos e costumes da sociedade fami- liar deste século que se destaca pela liberação de diferentes esque- mas de convivência demandando por um repensar dos tradicionais valores e instrumentos jurídicos Página 3 O Procurador Regional da República, Osvaldo Capelari Júnior em artigo exclusivo Terrorismo: possibilidade de persecução penal no Brasil Página 4 Direito Internacional Ricardo Koboldt de Araújo analisa o protecionismo no comércio internacional Destaque Leia na próxima edição

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eSTADO DE DIREITO - 2 EDIÇÃO

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Page 1: ESTADO DE DIREITO - 2 EDIÇÃO

Nesta segunda edição, o Es-tado de Direito abre espaços para artigos que conduzem o leitor à uma reflexão sobre valores sociais, familiares, ambientais, econômicos e trabalhistas, e sugere um questionamento: até que ponto o operador do direito é responsável pelo que acontece na sociedade?

Independentemente das res-postas, sabe-se que a morosidade do sistema, por exemplo, não é causada apenas pelo número de processos em tramitação, mas também pelas práticas escusas a que são submetidos.

Portanto, trazemos até os leitores artigos que os preparam para enfrentar os tribunais, e

alertam sobre procedimentos adequados em situações espe-ciais, que devem ser observados

para uma melhor prática do direito e do bom convívio em sociedade.

Contra-Capa

SÍLVIO DE SALVO VENOSAem ARTIGO EXCLUSIVOREGRAS SOCIAIS OU DE CORTESIA

Página 5

Página 2

Os operadores do direito têmcumprido seu papel na sociedade?

Artigos propõem uma reflexão sobre o bom direito e a responsabilidade do operador

Direito Ambiental

Página 3

Annelise Monteiro Steigleder justifica a possibilidade de o Poder Público ser enquadrado em res-ponsabilidade solidária por danos ao meio ambiente, em caso de omissão; e aborda, também, a res-ponsabilidade, pelo mesmo dano, das empresas não caracterizadas dentro do conceito de poluidoras

Página 7

CARLO

S VIEIRA

PORTO ALEGRE, JANEIRO DE 2006 • ANO I • N° 2

Veja também

Desembargador do Rio de Janeiro, João Carlos Pestana de Aguiar faz comentário sobre o Estatuto da Igualdade Racial

Direito Penal

Luiz Flávio Gomes fala sobre os critérios à aferição da razoabilidade da prisão preventiva

Estado de Direito

Maria Berenice Dias, a primeira mulher a ingressar no Poder Judiciário do Estado, nomeada Juíza de Direito em novembro de 1973. Atuou nas comarcas de Ibirubá, Palmeira das Missões, Sarandi, São Borja, Carazinho e Porto Alegre. Foi promovida a Juíza do Tribunal de Alçada em maio

de 1991. Tornou-se a primeira mulher a integrar o Tribunal de Justiça do Estado ao ser promovida a Desembargadora em outubro de 1996.

Em artigo exclusivo para o Estado de Direito analisa a investigação de paternidade e alimentos desde a concepção.

Página 6

Direito do Trabalho

Francisco Rossal analisa a ampliação significativa da Justiça Laboral e ainda destaca os novos horizontes com a Emenda constitucional nº 45/04.

Maurício de Carvalho Góes fala sobre a importância da conduta do empregador no momento da perícia de insalubridade

Português

Alberto Menegotto, Professor do IDC, relata as dificuldades de profissionais da área jurídica em escrever corretamente

Direito FinanceiroAna Cláudia Redecker analisa

os protestos de boletos de cobran-ça de títulos, alertando para a falta de requisitos primordiais para que sejam considerados títulos executivos extrajudiciais, e a ne-cessidade de reparação dos danos causados pelo encaminhamento destes títulos a protesto

Página 4

Rolf Madaleno:A nova codificação familista

Advogado e Professor de Direito de Família na PUC/RS, Diretor Nacional do IBDFAM e vice-presidente do IARGS analisa as transformações dos hábitos e

costumes da sociedade fami-liar deste século que se destaca pela liberação de diferentes esque-mas de convivência demandando por um repensar dos tradicionais valores e instrumentos jurídicos

Página 3

O Procurador Regional da República, Osvaldo Capelari Júnior em artigo exclusivo Terrorismo: possibilidade de persecução penal no Brasil

Página 4

Direito Internacional

Ricardo Koboldt de Araújo analisa o protecionismo no comércio internacional

DestaqueLeia na próxima edição

Page 2: ESTADO DE DIREITO - 2 EDIÇÃO

Estado de Direito, janeiro de 20062

Editorial

Mobilizar o País para o desenvolvimento de uma cons-ciência fundamentada em opiniões de grandes pensadores, pessoas que ao longo de suas vidas vêm refletindo sobre a sociedade e a inserção do direito, é, sem dúvida, o desafio do jornal Estado de Direito.

Tomamos como objetivo do jornal a reflexão de Alípio Casali, que diz:

“Desenvolver a vida é realizar um duplo movimento: descobrir capacidades e talentos e construir o novo, efeti-vando as potencialidades e talentos descobertos, fazendo-os renderem, ampliando-os, respondendo criativamente aos desequilíbrios internos e externos. O desenvolvimento da vida, pois, é o direito, o dever e o ato ético mais elevado: é a re-criação da vida mediante a realização de suas infinitas qualidades e possibilidades”.

Essa perspectiva relata o que nós acreditamos ser ali-cerce para o crescimento de uma sociedade, onde valores de respeito às diferenças culturais e o desenvolvimento da justiça social existam para todos.

Estaremos, em cada edição, firmando esse objetivo de re-criar a vida, descobrindo capacidades e talentos de profissionais renomados, respondendo de forma criativa às mudanças da nossa sociedade mediante a reflexão dos dese-quilíbrios internos e externos, e buscando novos caminhos e possibilidades de solução.

Agradecemos o apoio e incentivo das empresas que têm contribuído para que esse jornal atinja um público cada vez maior, e ainda, aos nossos colaboradores, que contribuem indicando profissionais, divulgando o jornal e dando suges-tões; a fim de que esse instrumento esteja constantemente atualizado, amplamente divulgado e de acordo com as necessidades de nossos leitores.

Carmela Grüne

Paulo VilanovaCartum

Porto Alegre - RS - BrasilRua Andrade Neves, 14/702

CEP: 90010-210 - fone: (51) 3246.3477e-mail: [email protected]

internet: www.estadodedireito.com.br

DireçãoCarmela Grüne

[email protected](51) 9985.7340

Jornalista ResponsávelAngelo Müller - MTB 11.453

ColaboradoresCarlos Bailon

Diego Moreira AlvesFilipe Tisbierek

Gustavo André Gradaschi Van HeldenSue Ellen Siqueira

Diagramação e Produção GráficaLuciano Gazineu (51) 9952.3177

ImpressãoZero Hora

Tiragem

*Os artigos publicados nesse jornal são responsabilidade dos autores

Estado de Direito

Não ao estatuto racialDesembargador do Rio de Janeiro João Carlos Pestana de Aguiar

Impressionou-nos o artigo do jornalista Ali Kamel no jor-nal “O Globo” de 29/11/2005 (p.07), a respeito do Estatuto da Igualdade Racial, em trâmite no Congresso Nacional.

Em sua análise, o quesito raça /cor será obrigatoriamente introduzido em todos os docu-mentos do SUS, prontuários médicos, exames laboratoriais, inquéritos epidemiológicos, pesquisas básicas, certidões, registros de funcionários, aci-dentes de trabalho, etc.

Assim, o brasileiro será defi-nido pela raça ou cor, deixando-se de lado a intensa e dominante miscigenação.

E considera: “Seremos

transformados num país não de brasileiros negros, de um lado, e brancos, de outro”.

Não chegou a comentar sobre os autóctones indígenas que geraram os grandes con-tingentes de cafuzos, mame-lucos e curibocas, em muitos casos com a participação do sangue negro.

Acrescenta, por fim, que o estatuto estabelece cotas raciais obrigatórias para o ingresso no ensino superior e outros fins.

Conclui Ali Kamel:“É um outro Brasil que este

estatuto quer fundar”.Como informa, já tendo sido

aprovado no Senado, está para ser votado na Câmara, sendo

muitos os disparates, acentua.Encerra pela convocação de

um referendo popular e o sonho com o ideal de uma nação orgu-lhosa de sua miscigenação, na qual raça e cor não importam, mas sim a força de trabalho, lu-cidez e inteligência do mestiço, sendo raríssimo entre nós o ne-gro de puro sangue, nem sendo a cor que o torna preguiçoso ou ignorante.

O estudo do projeto reco-menda considerações insti-gantes como as acima, dentre outras, para não ser inadverti-damente fomentada a discrimi-nação social que justamente se pretende reprimir, saindo o tiro pela culatra.

Cultura Jurídica à Sociedade

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Page 3: ESTADO DE DIREITO - 2 EDIÇÃO

Estado de Direito, janeiro de 2006 3

Como os alimentos dizem com a necessidade de sobrevivên-cia, os alimentos provisórios são devidos desde a data em que o juiz despacha a petição inicial.

Na ação de investigação de paternidade, mesmo inexistindo vínculo pré-constituído da rela-ção de parentesco, por salutar construção jurisprudencial, passou-se a conceder alimentos provisórios. Havendo indícios de prova do vínculo da paren-talidade, quando do resultado positivo do exame de DNA ou quando se recusa o réu em se submeter à perícia, são fixados os alimentos.

Depois de algumas vacila-ções, a Justiça, atentando à na-tureza declaratória da demanda, deu mais um significativo passo ao emprestar efeito retroativo aos alimentos fixados na sen-tença. Acabou sendo invocado dispositivo da Lei de Alimentos (art. 13, § 2º). A matéria restou sumulada pelo Superior Tribunal de Justiça (Súmula 227): Julga-da procedente a investigação de paternidade, os alimentos são devidos a partir da citação.

A solução foi providencial. Uma bela forma de dar um bas-ta às posturas procrastinatórias do réu, que usava expedientes protelatórios e recursos mani-

festamente improcedentes para retardar o desfecho da ação. Como a condenação ao paga-mento dos alimentos ocorria somente a partir da sentença ou do julgamento do recurso que acolhia a ação, livrava-se o réu, durante anos ou décadas, do encargo alimentar.

Porém, pai é pai desde a concepção do filho. A partir daí, nascem todos os ônus, en-cargos e deveres decorrentes do poder familiar. É preciso dar efetividade ao princípio da paternidade responsável, que a Constituição procurou realçar quando elegeu como prioridade absoluta a pro-teção integral a crianças e adolescentes (CF, art. 227). O simples fato de o genitor não

assumir a responsabilidade parental não pode desonerá-lo. A mãe tem de submeter-se a exames pré-natais, e o parto sempre gera despesas, ainda que feito pelo SUS. Assim, o pai deve alimentos desde a concepção do filho.

Claro que a alegação do réu sempre será de que desconhecia a gravidez, não sabia do seu nascimento e sequer tomara co-nhecimento da sua existência, só vindo a saber do filho quando citado para a ação de investiga-tória. No entanto, não logrando comprovar que desconhecia ser o pai do autor antes da citação, deverá ser-lhe imposto o paga-mento dos alimentos desde o momento em que foi informado ser o pai do autor.

Outro fundamento a ser uti-lizado pelo réu, para livrar-se do pagamento dos alimentos com efeito retroativo, é que não tinha certeza da paternidade, não podendo assumir o encargo sem saber se o filho era seu. Mas desde que surgiu o exame do DNA, que dispõe de índice de certeza quase absoluto, não há mais como alegar dúvida sobre a verdade biológica.

Nada justifica livrar o geni-tor das obrigações decorrentes do poder familiar, que surgem

desde a concepção do filho. Como a ação investigatória de paternidade tem carga eficacial declaratória, todos os efeitos retroagem à data da concepção, até mesmo a obrigação alimen-

tar. Esta é a orientação que já vem despontando na doutrina e agora aflorou na jurisprudência (TJRGS – AC 70012915062 – 7ª C.Cív. – Rel. Desa. Maria Berenice Dias – j. 9/11/2005).

Investigação de paternidadee alimentos desde a concepção

Maria Berenice Dias*

CARLO

S VIEIRA

* Desembargadora do Tribunal de Justiça do Rio Grande do SulVice Presidente Nacional do IBDFAMwww.mariaberencie.com.br

A nova codificação do Direito de Família não atendeu verda-

deiramente às atuais transformações dos hábitos e costumes da sociedade familiar deste século que se destaca pela liberação de diferentes esque-mas de convivência, demandando por no-vas respostas jurídi-cas e por um repensar dos tradicionais va-lores e instrumentos jurídicos.

Eis o grande de-safio do moderno direito familiar – a pessoa humana – que se constitui enquanto

sujeito de direito, no centro das relações jurídicas, com especial

atenção para a criança e o adoles-cente, encarregando os adultos de zelar por sua integridade e pelo seu bem estar.

Este, por certo, será o próximo desafio da compreensão humana na aplicação do Direito, evoluindo o operador do direito familista pela crescente corrente de idéias e execução de uma justiça voltada aos chamados direitos humanos do Direito de Família, com prevalên-cia pela liberdade e informalidade das relações e com o tratamento igual e simétrico das pessoas e dos sexos nas relações de afeto. Ainda entre as glórias de um novo viver do moderno direito familiar a desafiar a compreensão humana na busca da plena realização pessoal, encontra-se o triunfo de um direito

processual menos formal e mais ágil, capaz de realmente servir ao direito e à pacificação social.

Desenhada a nova família para uma concepção mais íntima e de natureza privada, voltada desde a Constituição de 1988 para a real-ização pessoal de seus membros, o direito familista brasileiro deixa de enaltecer apenas a família conjugal e passa a dar proteção a qualquer entidade familiar credenciada pela cerimônia oficial, ou pela informalidade da relação surgida apenas da aproximação afetiva dos seus participantes. Nesse contexto é fundamental o papel a ser desen-volvido por todos os operadores do Direito de Família, agora em pauta no cenário brasileiro de construção da personalidade humana, dando

sentido, valor e preservando a realização pessoal de cada compo-nente de cada grupo familiar.

A nova codificação familistaRolf Madaleno*

* Advogado e Professor de Direito de Família na PUC/RS, Diretor Nacional do IBDFAM. Vice-Presidente do IARGS. www.rolfmadaleno.com.br

“Nada justifica livrar o genitor das obrigações decorrentes do

poder familiar, que surgem desdea concepção

do filho.”

ESPECIAL

Maria Berenice Dias fala sobre as obrigações decorrentes do poder familiar em artigo exclusivo para o Estado de Direito

A/P

Page 4: ESTADO DE DIREITO - 2 EDIÇÃO

Estado de Direito, janeiro de 20064

A doutrina majoritária (Wal-dirio Bulgarelli, Luiz Emygdio F. da Rosa Jr., dentre outros) entende que é ilegal o protesto de boleto de cobrança de títulos – independen-temente do fato gerador – porque sendo documento atípico, ou seja, não contém os requisitos estabe-lecidos pela legislação para que seja considerado título executivo extrajudicial. Tais documentos são emitidos unilateralmente pelo credor. A Lei 9.492/97, regula a realização do protesto, na definição dos títulos, que podem embasar o protesto, é vaga. inclusive consta no seu artigo 1º, a expressão “outros documentos de dívida”; contudo, o Código de Processo Civil é claro ao estabelecer que a pessoa só poderá ser constrangida ao cumprimento de uma obriga-ção, se estiver fundada em título executivo judicial ou extrajudicial. Caso a obrigação não esteja repre-sentada por um título executivo, é necessário que a mesma seja

reconhecida como líquida e certa em uma ação de cobrança (rito ordinário). Desta forma, para que seja admitido um título para protesto este deve estar revestido dos requisitos legais previstos nos títulos executivos, que dão a pre-sunção de certeza, liquidez e exi-gibilidade da obrigação. Para que o protesto do boleto de cobrança seja legal, é necessário que o mes-

mo esteja acompanhado de título executivo judicial ou extrajudicial que o descreva. Sem o título regu-larmente formalizado, não pode haver o protesto, nem mesmo o seu apontamento (recebimento do

título pelo Tabelião, para a consu-mação da intimação do sacado) no Tabelionato de Protesto de Títulos, pois o protesto é ato solene e for-mal. Solene e formal porque exige o cumprimento de formalidades, dentre as quais a existência de um título executivo, conforme previsto na supra citada lei. Nesse sentido: “Se a própria instituição financeira admite não haver duplicata e sim um boleto, é arbitrário o protesto, mesmo que haja dívida pendente, pois o mero boleto bancário não admite protesto, por não se consti-tuir em título de crédito. Negaram provimento. Unânime.” (Apelação Cível nº 70003934155, Décima Quinta Câmara Cível, TJ/RS). Doutrinariamente, ainda, o boleto de cobrança apresentado para protesto não pode ser equiparado à duplicata mercantil sem aceite (aquela em que o sacado [com-prador], contra quem o sacador [vendedor] emitiu a duplicata, ainda não reconheceu a obrigação de pagar nela contida [decorrente da compra e venda] porque a mes-

ma somente é considerada título executivo extrajudicial, nos termos do disposto no art. 15, II, a, b e c, da Lei 5474/68, quando, cumula-tivamente estiverem preenchidos os seguintes requisitos: protesto regularmente lavrado, documento hábil comprobatório da entrega e recebimento da(s) mercadoria(s) e a ausência da recusa motivada do aceite pelo sacado, no prazo, nas condições e pelos motivos previs-tos nos artigos 7º e 8º, do mesmo diploma. “Embora seja admitido o protesto por indicação, originário de boleto bancário indispensável que o credor demonstre a existên-cia de dívida. Não servem para esse fim cupons fiscais em branco ou com assinaturas não-legíveis ou não-identificáveis. Apelação desprovida.” (Apelação Cível nº70003710928, Sexta Câmara Cível, TJ/RS). Por conseguinte, é ilícito o apontamento e protesto de boleto de cobrança porque não é título executivo extrajudicial. Mesmo pendente a dívida, não é caso de protesto, mas sim de ação

de cobrança. Todos aqueles que encaminham tais documentos para protesto devem ser responsabiliza-dos a reparar os danos materiais e/ou morais que causarem mediante a apuração dos mesmos em ação de indenização.

*Doutoranda em Ciências Jurídicas-Econômicas na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, Mestre em Direito pela PUC/RS, professora de direito empresarial da PUC/RS, UniRitter e CEJUR e advogada responsável pela Área Societária do Escritório Campos Advocacia Empresarial.

A/P

Da legalidade/possibilidadedo protesto de boleto de cobrança

Ana Cláudia Redecker*

As complexas relações oriun-das do sistema de comércio inter-nacional contemporâneo pacificam a evidência de que, se por um lado, se mostra emblemática a abertura das economias pelos países desen-volvidos, de outro, intensificam-se as exigências de um modelo mais liberalizante pelos países em de-senvolvimento.

Nesta teia de interesses contro-vertidos, a única coerência é a ma-nutenção das arcaicas estruturas de poder que intensificam um ideário de dominação e inadmissibilidade de quaisquer ingerências nos sis-temas produtivos internos. Neste mesmo diapasão, verifica-se que, a par das inúmeras críticas oriundas dos países em desenvolvimento, estes, toda vez que passam a dominar um determinado setor produtivo, agem estruturalmente em sintonia com este mesmo ide-ário político.

Com o advento da regulamen-tação internacional da matéria, primeiramente através do GATT e atualmente através da Organização Mundial do Comércio (OMC), ampliou-se a necessidade de revi-são desta política discriminatória,

através da implementação de um sistema de negociações na fixa-ção de produtos preferenciais e

de redução gradual de alíquotas, incidentes sobre produtos impor-tados, que, devidamente ajustados, terão efeito compulsório, tudo sob a égide de um sistema de solução de controvérsias de cunho decisó-rio. Em resumo, um excepcional sistema de bloqueio às barreiras protecionistas erigidas unilateral-mente pelos Estados, que passam a ser substituídas por um sistema de controle e redução progressiva de tarifas, ajustado de forma com-partilhada.

Nada obstante, sob o argumento de exercício de direitos soberanos, muitos países, sobremaneira os

mais desenvolvidos, cujo poder co-ativo diante do mercado internacio-nal subjuga a economia dos países

menos aquinhoados, permanecem subvertendo seu próprio compro-misso, criando alguma espécie de mecanismo que lhes favoreça, com o que, garantem a prevalência de seu mercado em detrimento de outros que, neste sentido, emergem na marginalização.

A idéia de ruptura, neste re-pulsivo sistema, precede as ne-gociações de Bretton Woods, amparando-se na Convenção de Havana de 1947, quando criado o GATT, e que se consolidou na criação da OMC pelo Tratado de Marraqueche. Não por outro motivo, os negociadores do plano

urdiram uma atuação muito pecu-liar, onde as economias do mundo passariam a usufruir de um sistema livre de auto-regulação, negociado de forma coletiva.

As rodadas de negociação do GATT e, posteriormente, as reuniões ministeriais da OMC, passaram assim a constituírem-se no foro adequado para o desen-volvimento destes propósitos, redimensionando e atualizando os mesmos princípios.

Ainda que amplamente ide-alizado, o sistema, ainda assim, padece de sérias e inquestionáveis questões a serem enfrentadas. Na verdade, se tem observado que a superação dos obstáculos, ainda

que constante e progressivo, tem determinado a criação de outros, mais complexos e menos sensíveis, tais como as barreiras não tarifárias substitutivas às vitórias alcançadas pelo sistema institucional.

Assim sendo, se conclui que o sistema permanece minado de dis-torções e ainda longe da perfeição. Talvez a pressão internacional pelos menos aquinhoados constitua-se na forma necessária ao atingimento das metas perseguidas.

* Advogado, Professor Universitário, Mestre em Direito, Coordenador da especialização lato sensu em Direito e Relações Internacionais da PUC/RS e Membro da American Bar Association.

O protecionismo como obstáculo à liberdade ao desenvolvimento do comércio internacional

Ricardo Koboldt de Araujo*

”Nesta teia de interesses controvertidos, a única coerência é a manutenção

das arcaicas estruturas de poder que intensificam um ideário de dominação e

inadmissibilidade de quaisquer ingerências nos sistemas produtivos internos.”

“Para protesto este deve estar revestido dos requisitos legais previstos nos títulos

executivos”

Page 5: ESTADO DE DIREITO - 2 EDIÇÃO

Estado de Direito, janeiro de 2006 5

Critérios Para a Aferição da Razoabilidade da Prisão Preventiva

A estrita observância do prin-cípio da razoabilidade ou propor-cionalidade na adoção (e subsis-tência) das medidas cautelares, particularmente as pessoais, que são indiscutivelmente as mais graves, exige a concretização de um juízo ponderativo de vários interesses que entram em rota de colisão em cada caso concreto.

Se de um lado, no âmbito da persecutio criminis, alinham-se (em primeiro lugar e desde logo) os interesses investigativos e pe-nais do Estado, de outro, não me-nos relevantes são os interesses de quem sofre as conseqüências da medida restritiva. É do balan-ceamento entre uns e outros que emerge a medida mais adequada, em cada situação concreta.

O princípio da proporciona-lidade, em sua já tão difundida tríplice dimensão (idoneidade da medida para se alcançar o fim objetivado, necessidade de sua adoção e ponderabilidade dos interesses em conflito - sobre a extensão do princípio e o seu acolhimento pela Corte Supre-ma brasileira v. Agravo Reg. n. 1319-1, rel. Min. Celso de Mello, in DJU de 19.04.99, p. 31 -, não admite nem tolera a edição de atos estatais (do Executivo, do Legislativo ou do Judiciário) desvestidos de razoabilidade.

Nenhum excesso do Poder Público pode deixar de ser con-tido, mesmo porque a restrição das liberdades fundamentais está sujeita à estrita observância do princípio da razoabilidade (também chamado princípio da proibição do excesso), que veda

o exercício arbitrário de qualquer poder. Atua como obstáculo aos atos revestidos de conteúdo irrazoável.

Nossa Excelsa Corte vem proclamando, a propósito, que: “A prerrogativa jurídica da li-berdade – que possui extração constitucional (CF, art. 5º, LXI e LXV) – não pode ser ofendida por atos arbitrários do Poder Público, mesmo que se trate de pessoa acusada da suposta prática de crime he-diondo, eis que, até que sobrevenha sen-tença condenatória irrecorrível (CF, art. 5º, LVII), não se reve-la possível presumir a culpabilidade do réu, qualquer que seja a natureza da infração penal que lhe tenha sido imputada” (HC 80.379/SP, 2ª Turma, rel. Min. Celso de Mello, DJ 25/05/01).

No momento da decretação da prisão preventiva, ad exem-plum, para além de atender aos requisitos formais do Código de Processo Penal (arts. 312 e ss.), o que existe de mais imperioso é a impostergável imprescindibi-lidade de se ponderar os vários interesses em conflito para se descobrir quais, concretamente, devem preponderar.

Nenhuma medida coercitiva pessoal, precisamente porque representa a máxima intervenção do poder estatal sobre a liberdade humana, pode ser imoderada ou irresponsável ou ainda ilimita-da, de tal modo a dar ensejo a

distorções ou mesmo subversão dos fins que norteiam o correto desempenho das nobres funções públicas. Sempre que uma me-dida judicial destoa do padrão da razoabilidade, falta-lhe causa legítima e, ao mesmo tempo, exprime um inaceitável abuso, densamente pernicioso para a liberdade do ser humano.

Sobre os interesses que en-tram em conflito no exato ins-tante da decretação de uma prisão preventiva devem ser considerados, em primeiro lugar (v. N. Gonzalez-Cuellar Serrano, Proporcionalidad y derechos fun-damentales en el proceso penal, Madrid: Colex, 1990, p. 251 e ss.), os interesses estatais.

Dentre eles destacam-se: inte-resse na própria proteção dos di-reitos fundamentais, na tutela de outros bens constitucionalmente protegidos, no correto desenvol-vimento do processo, bem como no adequado funcionamento das instituições processuais e, especialmente, os interesses da persecução penal, que generica-mente consiste na realização final ou cautelar do ius puniendi.

Para a específica adoção de uma medida cautelar, sobretudo pessoal, devem primordialmen-te ser analisados em cada caso concreto: (a) as conseqüências jurídicas esperadas, isto é, a gravidade da pena ou medida esperada, a natureza da ação pe-nal, possíveis causas de exclusão da ilicitude ou da culpabilidade

etc.; (b) a importância da causa (bedeutsam der Sache), é dizer, a gravidade dos fatos, o interesse público no êxito do processo e o perigo de reiteração de fatos análogos; (c) o grau da imputação (de certeza sobre o resultado) e, por con-seguinte, (d) o êxito previsível da medida.

O ius libertatis, de outro lado, sem sombra de dúvida, configura um dos mais sagrados direitos fundamentais. Só pode ser atin-gido, assim, em casos extremos, de absoluta necessidade, é dizer, quando há sério e fundamentado risco para a sociedade. A prisão preventiva, justamente porque afeta esse direito fundamental, só tem pertinência em casos absolu-tamente anormais, excepcionais, ressaltando-se os crimes violen-tos. A prisão, definitiva ou caute-lar, desde logo, não é a resposta mais adequada para crimes não violentos. Sua adoção, portanto, sobretudo nesses casos, somente se justifica como medida de ulti-ma e extrema ratio.

Cabe ao magistrado ponderar particularmente os seguintes

interesses do cidadão: (a) a pre-servação do ius libertatis; (b) os inafastáveis prejuízos que a me-dida proporciona (para a saúde, para a vida familiar, profissional e social); (c) o respeito aos seus direitos fundamentais (separa-ção prisional, processo rápido e seguro, além de justo - “fair trial” - etc.).

Devem ser sopesados, destar-te, os seríssimos prejuízos que toda prisão (primordialmente a ante tempus) lhe causa: risco de AIDS (quase um terço da popu-lação carcerária é portadora do vírus respectivo), graves prejuí-zos físicos e psíquicos, risco de rompimento familiar, de estran-gulamento profissional, de rejei-ção social. Não se pode imaginar, ademais, que no nosso país haja presídios decentes, ainda quando “especiais”. E os processos são, em geral, morosos.

É da confluência da ponde-ração de todos os mencionados interesses que exsurge a medida mais adequada em cada situação concreta. Ao juiz compete, desse modo, não só fazer o devido sopesamento, como também e sobretudo fundamentar (justi-ficar) a necessidade concreta da medida adotada, apontando fatos reais (não imaginários ou supostos) reveladores dessa imprescindibilidade.

* Doutor em Direito Penal pela Faculdade de Direito da Universidade Complutense de Madri; Mestre em Direito Penal pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo; e Bacharel em direito pela Faculdade de Direito de Araçatuba.

“A prisão preventiva, justamente porque afeta esse direito

fundamental, só tem pertinência em casos absolutamente anormais,

excepcionais, ressaltando-se os crimes violentos.”

Luiz Flávio Gomes*

Page 6: ESTADO DE DIREITO - 2 EDIÇÃO

Estado de Direito, janeiro de 20066

A Emenda constitucional nº 45/04 abriu novos horizontes para a Justiça do Trabalho. Anteriormente restrita basicamente aos limites do trabalho subordinado, com algumas poucas exceções, a competência da Justiça Laboral foi ampliada significativa-mente. O ponto de estudo mais inte-ressante deste contexto é o significado da expressão “Relação de Trabalho”, contida nos incisos I, IV e IX, da atual redação do art. 114, da Constituição Federal. Essa expressão é o ponto de partida para a decisão do STF, cujo relator foi o Min. Ayres Britto, que acabou por consagrar a competência da Justiça do Trabalho para ações in-denizatórias decorrentes de acidente de trabalho. Essa nova realidade apro-xima o Direito do Trabalho de outros temas, especialmente da Responsabili-dade Civil, e pode trazer significativas mudanças na vida profissional e no projeto de muitas carreiras jurídicas.

Toda a doutrina trabalhista tem como base a definição da relação de emprego a partir do trabalho subordi-nado. Isso ocorre porque a figura do trabalho assalariado é um dos pilares do sistema econômico capitalista, juntamente com a propriedade privada dos meios de produção, a liberdade de marcado e o lucro. É o trabalho assa-lariado que possibilita a acumulação de ganhos sob a forma de lucro e, para que isso ocorra, esse trabalho deve ser subordinado, e não autônomo. A legislação trabalhista reproduz essa realidade econômica e a conseqüência é de que a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) trata em sua quase una-nimidade de dispositivos, do trabalho subordinado. Os artigos 2º e 3º da CLT, definem empregador e empregado sob o significado das expressões “direção” e “dependência”, respectivamente. A interpenetração desses dois con-ceitos é que vai levar ao conceito de

“subordinação”. A partir dessas constatações é que a expressão relação de emprego é criada, e seu instrumento legal é o con-trato de trabalho (art. 442, da CLT).

O problema é que a nova redação do art. 114 da Constituição, trazida pela Emenda Constitu-cional nº 45/04 refere a competência para “Rela-ção de Trabalho”, o que é mais amplo que “relação de emprego”. Relação de trabalho, apenas para tocar em dois pontos fundamentais, não pressupõe subordi-nação nem continuidade. As relações de trabalho podem ser autônomas ou subordinadas, eventuais ou contínuas. Com isso, uma imensa quantidade de relações de trabalho que antes não eram da competência da Justiça do Trabalho, passam a ser examinadas por esse ramo do Judiciário, trazendo consigo uma série de conexões com temas como a responsabilidade civil, interpretação de contratos fora do pa-

radigma da subordinação, direitos de consumidor relacionados à prestação de serviços, entre outros.

Como se essa discussão já não fosse suficiente, também é preciso lembrar que o STF, em decisão da metade do ano de 2005, fixou ser a Justiça do

Trabalho competente para processar e julgar as ações indenizatórias por acidentes do trabalho movidas pelo empregado contra o empregador, por dolo ou culpa deste (art. 7º, XVIII e art. 114, VI, da Constituição Federal). Tam-bém nesse caso, o voto do Min. Ayres Britto, relator do processo, enfatiza a vocação mais ampla do Juiz Trabalhista para examinar todas as controvérsias envolvendo dano moral ou patrimonial decorrente das relações de trabalho.

Para os profissionais que atuam na área, tanto amplitude do conceito de relação de trabalho quanto a atribuição para julgar indenizações pagas pelo empregador por acidentes do trabalho, representam uma nova fronteira pro-fissional, principalmente se for levada em consideração as peculiaridades do Processo Trabalhista e sua vocação para o Direito Social baseado na Justi-ça Distributiva – tratar desigualmente os desiguais.

Essa é uma excelente perspectiva para aqueles que gostam de atuar nas lides relacionadas ao mundo do trabalho.

A nova realidade da Justiça do Trabalho

As faculdades de Direito des-pejam no mercado de trabalho milhares de profissionais todo ano. Boa parte deles, porém, tem dificuldades inequívocas com a linguagem, tanto do ponto de vista gramatical quanto do aspecto da estruturação de pensamentos em forma de orações e frases. E tal problema tem-se agravado em velocidade superior a qualquer remédio que se possa buscar.

Registra-se, inicialmente, a ineficiência no acompanhamento do bacharelando durante o curso. Alguns currículos contêm um

ou dois semestres de ensino de Língua Portuguesa; outros nem contemplam tal necessidade. Como a língua – compreenda-se Gramática – é veículo primeiro e por excelência o caminho do exer-cício da Advocacia, o profissional deveria investir em si, buscando qualificar-se na estruturação de seus textos, escrevendo-os à luz da clareza e da objetividade.

Dentre os pontos da Gramá-tica que devem ser destacados, citam-se a clareza e a concisão, frutos obrigatórios do raciocínio claro e lógico exigidos em qual-

quer nível de linguagem, espe-cialmente em peças. No entanto ser claro e conciso não basta ao texto se não houver obediência rigorosa às regras de pontuação e ao emprego correto de conjun-ções. Entre essas, é bom lembrar da reinvenção ou abreviação que se fez (e como se faz!) do empre-go do conetivo causal uma vez que, versado, modernosa e erra-damente, para vez que, expressão que nada significa. Isso sem falar nas demais imperfeições causadas pela distração, como o desrespeito à acentuação gráfica

(sekência, consekência, sekes-tro, escritos aqui como devem ser lidos quando aparecem sem trema, são comuns), bem como o desprezo à pontuação (vírgulas separando sujeito de predicado, apenas por exemplo).

Enfim, é absolutamente impe-rioso que haja, por parte de cada futuro profissional do Direito e dos atuais profissionais respeito às normas da Língua Portugue-sa e das estruturas mínimas de clareza e concisão. Assim, o profissional terá, antes de tudo, respeito consigo próprio.

* Professor do IDC, Bacharel em Direito, Licenciado em Letras e Filosofia

Escrever corretamente é obrigação profissionalAlberto Luiz Menegotto

A/P

“Toda a doutrina trabalhista tem como base a definição da relação de emprego a partir do trabalho

subordinado.”

Relações de trabalho

Francisco Rossal de Araújo*

* Juiz do Trabalho, Mestre em Direito Público (UFRGS), Doutorando em Direito do Trabalho (Barcelona – Espanha), Pesquisador do CETRA – Centro de Estudos do Trabalho

A/P

O entendimento pacífico do Tri-bunal Superior do Trabalho, no to-cante à forma de elisão da atividade insalubre, consiste não só em exigir a comprovação da entrega de equi-pamentos de proteção individual, mas também a prova do uso efetivo de tais equipamentos. Diante desta árdua tarefa, ou seja, a prova de que o reclamante usava, efetivamente, equipamentos de proteção, surge a necessidade de que a empresa, no momento da perícia, na pessoa de seus prepostos ou representantes, não só demonstre ao Perito a entrega de equipamentos de proteção, mas também, por meio de informações de outros empregados ou de técnicos de segurança do trabalho, comprove que, ao longo do labor, as luvas, máscaras, óculos ou protetores au-riculares eram utilizados de forma eficaz e permanente. Com isso, a empresa não garante que o trabalho pericial conclua pela inexistência do labor insalutífero, mas garante sim, o direito de produzir prova testemunhal a respeito do caso, já que o Julgador não é obrigado a decidir adstrito ao parecer técnico.

* Advogado Trabalhista, Especialista em Direito do Trabalho, Mestrando em Direito, Professor de Direito Processual do Trabalho II na Universidade Luterana do Brasil – ULBRA; Professor de Direito do Trabalho e de Direito Processual do Trabalho na Pós – Graduação em Direito do Trabalho na Universidade Luterana do Brasil – ULBRA; Professor da Escola Fórum preparatória para concursos, Professor do Centro de Estudos do Trabalho – CETRA, Professor do Instituto de Desenvolvimento Cultural - IDC

A condutado empregadorno momento

da períciade insalubridade

Maurício de Carvalho Góes*

Page 7: ESTADO DE DIREITO - 2 EDIÇÃO

Estado de Direito, janeiro de 2006 7

A responsabilidade civil por dano ambiental decorrente de atividades lícitas

A responsabilidade civil am-biental, instituto criado pela Lei 6938/81, é um dos instrumentos que mais tem contribuído para a efetividade geral das normas ambientais, proporcionando a prevenção contra riscos e danos ao ambiente, num cenário forjado pela sociedade de riscos, em que se torna imperiosa a necessidade de impor ao poluidor o dever de internalizar em seu processo produtivo os custos com preven-ção e recuperação da degradação ambiental, numa expressão do princípio do poluidor-pagador.

Neste contexto, indaga-se: e as empresas que não se enqua-dram no conceito de poluidoras, já que estão operando em confor-midade com as normas ambien-tais, cumprindo os parâmetros impostos em suas licenças de operação? Poderão ser responsa-bilizadas pelos danos ambientais decorrentes de sua atividade?

A resposta é afirmativa. O art. 225, parágrafo 3º, da CF/88, recepcionou a regra da respon-sabilidade objetiva, instituída pelo art. 14, parágrafo 1º, da Lei

6938/81, de sorte que o dever de reparar os danos ambientais independe da prática de ato ilícito e de culpa do agente responsável. Basta o liame de causalidade entre a atividade lesiva e o re-sultado para a imputação da responsabilidade civil, em que o que é reputado antijurídico é o dano, e não a ação ou omissão do agente.

Consequentemente, o cum-primento do licenciamento am-biental não constitui uma causa excludente de responsabilidade, constituindo apenas, num pri-meiro momento, uma presunção de inexistência de dano. É que o conceito de dano reparável é uma noção jurídica que reivin-dica para o seu reconhecimen-to que a lesão seja relevante, capaz de alterar adversamente as características essenciais do ecossistema. O fato de existirem padrões de emissão de poluentes representa a margem de tolerân-cia imposta pelo sistema jurídico, segundo a qual se presume a não ocorrência de degradação ambiental, pressupondo-se que o

limiar de poluição lançado é pas-sível de assimilação pelo próprio ambiente. Ou seja, trata-se de mero incômodo, que não chega a romper o equilíbrio ecológico, buscando-se aí compatibilizar a proteção do meio ambiente e o desenvolvimento econômico (art. 170 da CF/88).

No entanto, é preciso ob-servar que tais padrões, muitas vezes, são fixados em abstrato e a dose máxima tolerável é estipulada para cada poluente, considerado isoladamente, sem atenção para o fenômeno de sinergia entre os vários tipos de substâncias nocivas que se mis-turam na natureza e se acumulam nos organismos vivos. Por con-seguinte, mesmo observados os padrões de emissão de poluentes, se ocorrer, em concreto, o dano ambiental, assim entendido como desequilíbrio ecológico ou lesão à qualidade de vida e bem-estar da população, haverá o dever de o empreendedor corrigir os efei-tos lesivos de sua atividade.

Por outro lado, importa tam-bém notar que o mero des-

cumprimento dos padrões de emissão enseja uma presunção de ocorrência de dano ambien-tal, por força do art. 3º, inc. III, “e”, da Lei 6938/81, que trata como poluição a transposição do limite máximo de emissão de poluentes e o descumprimento das condicionantes do licencia-mento ambiental. Neste caso, inafastável será a incidência de responsabilidade civil.

E o Poder Público, responsável pelo licenciamento? O art. 3º, inc. IV, da Lei 6938/81, define como poluidor a pessoa física ou jurídi-ca, de direito público ou privado, responsável direta ou indireta-mente, por atividade causadora de degradação ambiental. Diante disso, se houver nexo de causali-dade adequado entre a omissão do Poder Público na imposição de condicionantes, no âmbito do licenciamento ambiental, capazes de controlar adequadamente os riscos da atividade, poderá ocorrer sua responsabilidade solidária pelo dano ambiental. É o caso, por exemplo, da possível dispen-sa ilegal de Estudo de Impacto

Ambiental como condição ao licenciamento; ou deficiência na análise dos projetos encaminha-dos pelo empreendedor. O Poder Público ainda será solidariamente responsável pelo dano ambiental em decorrência de omissão no exercício de poder de polícia, pois tem o dever de fiscalizar as atividades e combater a poluição em todas as suas formas.

* Promotora de Justiça de Meio Ambiente de Porto Alegre, Mestre em Direito/UFPR

Annelise Monteiro Steigleder*

A/P

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Page 8: ESTADO DE DIREITO - 2 EDIÇÃO

Estado de Direito, janeiro de 20068

A vida em sociedade impõe certas regras de conduta que ficam a certa distância do Di-reito e também não pertencem à Moral, embora possam eventu-almente fazer parte dela. São as denominadas regras sociais, usos decorrentes do decoro ou da po-lidez; também da higiene. Deve, nesse campo, também ser levado em conta o que se denomina a “linguagem do corpo”. O corpo fala: num cumprimento, numa saudação ou numa ofensa. Essas regras, distintas das jurídicas e das morais, costumam ser denomina-das regras sociais ou de cortesia, mas também podem ser referidas como máximas da vida social, normas de urbanidade, regras de decoro social, convenções sociais, hábitos consagrados etc.

Não é muito simples distinguir essas regras de menor espectro das normas morais, pois seus campos interpenetram-se, até mesmo atin-gindo o campo jurídico. Há auto-res que negam que possam essas regras formar um terceiro gênero, qual seja, uma situação interme-diária entre Moral e Direito. Não são raras normas jurídicas, é bem verdade, que interferem nessas condutas, impondo ou proibindo certos comportamentos sociais que a priori deveriam passar ao largo do Direito. É recente o

exemplo de legislação francesa que proibiu vestes de cunho religioso nas escolas, atingindo, principalmente, o véu islâmico. Dessa forma, quando, a critério do legislador, esses usos interferirem na convivência social, podem ser transformados em lei.

Como regra geral, porém, ninguém pode ser obrigado a ser cortês, a vestir determinada indu-mentária, a cumprimentar outrem. Sob esse ponto de vista, essas regras de conduta são es-pontâneas, e não coercíveis; da mes-ma forma que as regras morais. Os que desrespeitam essas regras sofrem reprimenda social, censura ou desprezo, mas não podem ser obrigados a agir desta ou daquela forma.

As regras sociais impõem determinada postura, comporta-mento, saudação ou vestimenta, dependendo do local e do nível social. Assim também a moda, que exige determinada modalida-de de traje em local, hora e even-tos apropriados. São todos, sem dúvida, princípios de adequação social, os quais, assim como o Direito e a Moral, completam a convivência e permitem que

seja mais ou menos harmoniosa. Essas regras de cortesia também pertencem, sem dúvida, ao mundo normativo. São simples normas de convivência destinadas a torná-la mais agradável e gozam também de sanção, que se traduz numa reprovação social.

O desrespeito a essas regras, que não tocam diretamente à Moral ou o Direito, mas podem relacionar-se com eles, acarreta o

desajuste social perante o grupo. Assim, por exemplo, na maioria dos povos civilizados, não se admite que se inicie uma refeição sem lavar as mãos. É desajustado o indivíduo que comparece a evento em que convencional-mente se exige traje formal com sandálias e em andrajos. Esse desajuste, por vezes, é acintosa-mente utilizado por grupos que precipuamente desejam chocar e afrontar as regras so-ciais e por isso mesmo são marginalizados. Essas regras sociais, conhecidas

do grupo, também guardam imperatividade e não podem ser desconhecidas do intérprete quan-do ora e vez apresentam reflexos jurídicos. Essas regras podem ser convertidas em normas jurídicas quando, por exemplo, estabelece-se em um templo religioso que é proibido o ingresso de pessoas com este ou aquele traje, ou em uma fábrica, quando se exige que os operários tomem banho ou tro-

quem de uniforme antes de ingressar em determinado ambiente.

Tudo isso não é somente instintivo, mas secretamen-te regulado. São fenômenos de psi-cologia social que

aderem a determinado grupo em torno de sua convivência harmo-niosa. São os chamados folkways, mencionados por sociólogos nor-te-americanos, maneiras de viver do grupo, de se vestir, alimentar, conversar, relacionar etc. Daí por que ao estrangeiro, que não é dado conhecer prontamente esses usos, não deve a sociedade reprová-lo, enquanto não inserido no seu contexto.

Como apontamos, embora essas regras sociais não sejam geralmente regras jurídicas, o

Direito delas se utiliza, quando necessário, para adequar a in-terpretação do Direito ao caso concreto. O Direito pode apro-priar-se de qualquer regra social, se o legislador entender oportuno e conveniente.

Ademais, note-se que não é indispensável que essas regras de comportamento social ou cavalheirismo sejam praticadas com sinceridade. Assim, atendem às regras de etiqueta tanto aquele que cumprimenta o amigo com carinho na alma, como aquele que cumprimenta o inimigo mascarando o ódio. A hipocrisia faz parte da convivência em todas as áreas. Destarte, seja a lisonja verdadeira ou falsa, o que importa para o convívio é unicamente a exterioridade do ato social nesse caso; não importa o seu conteú-do. Nesse ponto, coincide com o Direito, mas as regras de cortesia não possuem a bilateralidade e a atributividade, porque não se pode exigir o seu cumprimento.

* Sílvio de Salvo Venosa, foi juiz no Estado de São Paulo, aposentou-se como membro do Primeiro Tribunal de Alçada Civil, atualmente é consultor e assessor de escritórios de advocacia, foi professor em várias Faculdades de Direito em São Paulo e é membro da Academia Paulista de Magistrados.

Regras sociais ou de cortesiaSílvio de Salvo Venosa*

“Como regra geral, porém, ninguémpode ser obrigado a ser cortês,

a vestir determinada indumentária,a cumprimentar outrem.”

A Justiça Federal é justiça comum, com a competência definida na Constituição Fe-deral. Como regra, compete-lhe o julgamento de ações nas quais a União Federal, suas autarquias, fundações e empresas públicas federais figurem na condição de auto-ras ou rés e outras questões de interesse da Federação previs-tas no art. 109 da Constituição Federal (disputa sobre direitos indígenas, crimes cometidos a bordo de aeronave ou na-vio, crimes praticados contra bens, serviços ou interesses da União, causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo internacional, os crimes políticos e etc). Tam-bém lhe compete o processo e julgamento das causas relati-vas a direitos humanos, conso-ante recente dispositivo, fruto da Emenda Constitucional nº 45/04, a denominada reforma do Poder Judiciário.

A Lei nº 10.259/01 insti-

tuiu os Juizados Especiais no âmbito da Justiça Federal com atribuições de processar e jul-gar em matéria cível, causas que sejam de pequeno valor (até 60 salários mínimos), ou em matéria criminal, os cri-mes de menor potencial ofen-sivo (cuja pena não ultrapasse 2 anos de reclusão).

Somente no Estado do Rio Grande do Sul a Justiça Federal conta com aproxima-damente 140 juízes federais (incluindo os substitutos) e 70 Varas Federais, distribu-ídas em varias cidades além da capital, em um processo acentuado de interiorização da Justiça Federal de primei-ro grau.

Também encontra-se já aprovado pelo Conselho Na-cional, sob a forma de reco-mendação, a criação e im-plantação de no mínimo 230 novas unidades, entre varas e juizados, observadas priorida-des regionais e necessidades apontadas em parecer elabo-

rado pelo conselho. O estudo decorre da análise de um pedido de providência quanto ao Projeto de Lei 5.829/05, que trata da criação de novas varas dos juizados federais e alargamento do quadro de servidores.

A adequada estrutura e instrumentalização da Justiça Federal se faz necessária, por-quanto a Constituição Federal consagrou a duração razoável do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação como garantia fun-damental dos cidadãos (art. 5º, inciso LXXVIII).

Dessa forma, a perspectiva da criação de novos cargos, aliada ao fato de que quase anualmente se tem realizado concurso público para o provi-mento de cargos de juiz federal pelo Tribunal Regional Fede-ral da 4ª Região, que abrange os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, tem atraído profissionais do direito que buscam a honrosa profissão da magistratura.

Por isso mesmo, os jui-

zes federais devem possuir um profundo e atual conhe-cimento do direito públi-co, principalmente o direito constitucional, administra-tivo e tributário, matérias que constituem a realidade

concreta dos processos que tramitam perante a Justiça Federal.

* Juiza federal em Porto Alegre, atualmente está convocada perante a 3ª turma do TRF 4.

Justiça Federal, competência e perspectivasVania Hack de Almeida*