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KELLY TARJANO LABORATÓRIO DE PORTUGUÊS 2008

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Page 1: Laboratorio de Portugues - Kelly Tarjano

KELLY TARJANO

LABORATÓRIO DE

PORTUGUÊS

2008

Page 2: Laboratorio de Portugues - Kelly Tarjano

Laboratório de Português

Prof. Kelly de Moraes

Unidade I

O sentido das palavras na linguagem jurídica Polissemia e Homonímia Denotação e Conotação Sinonímia e Paronímia Usos da Linguagem jurídica: algumas dificuldades

Unidade II

Enunciação e discurso jurídico Tipos de texto Coesão Textual Coerência Textual

Unidade III

Estrutura da frase na linguagem jurídica Frase/Oração /Período Aspectos estilísticos da oração Medida retórica

Unidade IV

O parágrafo e a redação jurídica Tópico frasal/Delimitação Os parágrafos: descritivo, narrativo e dissertativo Argumentação

Unidade V

Prática Forense (Como se redigem peças processuais) O uso de alguns verbos na linguagem jurídica

Unidade VI

Lembretes gramaticais: concordância verbal e nominal A Pontuação como recurso estilístico

Unidade VII

Lembretes gramaticais: regência nominal e verbal / acentuação – ocorrência da crase

Cleiton
Realce
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Texto para debate (Abertura)

Curso de Português Jurídico Prof. Kelly de Moraes Tarjano Santos

Considerações preliminares

“O homem tem várias vantagens em relação às

bestas; por exemplo, o fogo, as roupas, a agricul- tura, os instrumentos (...) A mais importante de to-

das, porém, é a linguagem.”

BERTRAND RUSSEL(Fundamentos da Filosofia, 1977.) O Direito é, por excelência, entre as que mais o sejam, a ciência da palavra. Mais precisamente: do uso dinâmico das palavras. Graças ao extraordinário desenvolvimento de seu cérebro, o homem exercita a capacidade de criar símbolos, pensa, julga, reflete, compara e sobreleva-se por isso na escala animal, elaborando uma cultura. E é através das linguagens, também criadas por ele, que irá organizar e representar a sua experiência do mundo, interagindo com os semelhantes pela exteriorização de idéias, sentimentos, desejos e sensações. Não obstante possa dispor de instrumentos não-verbais, é por meio de línguas, ou seja, códigos verbais, que as pessoas emitem e intercambiam mensagens. De modo que, a despeito das naturais diferenciações socioculturais, geopolíticas, econômicas e de indivíduo para indivíduo, posta em uso uma língua, cumpre zelar pela preservação de sua unidade e valores tradicionais, garantia perene de comunicação entre os membros da coletividade a que serve. Portanto, o domínio da língua, antes de ser veículo de ascendência política ou social, é embasamento indispensável à formação integral da personalidade e fator assecuratório de uma melhor atuação do indivíduo no campo profissional por ele escolhido. Todavia, como acertadamente lembra Serafim da Silva neto, “a aprendizagem da língua está condicionada ao meio social a que o indivíduo pertence”. Essa é a linguagem transmitida, depois da qual vem a linguagem adquirida, que a criança vai buscar ao ensino escolar, onde entra em contato com o material lingüístico que as gerações mais antigas nos legaram em suas obras, consideradas clássicas. Assim, toda pessoa adulta possui uma consciência lingüística, que vem a ser a soma dos meios de expressão transmitidos no espaço (imitação oral) e no tempo (imitação do passado). Filólogos de alta respeitabilidade, estribados em subsídios da psicolingüística e da sociolingüística, asseveram ainda que, aos quatorze anos, o indivíduo logra dominar o sistema de linguagem no qual se encontra engajado. No que respeita, porém, ao uso que atualmente se faz da língua portuguesa, a questão merece observar-se por outra perspectiva. Segundo recentes estatísticas, no Brasil, que se avoca o título de “país do futuro”, e onde, apesar de todos os esforços, o quadro de analfabetismo é ainda imenso, existe um índice de leitura que não excede o percentual de 0,9 livro/ano per capita! Não teria propósito, aqui, empreender a crítica ao estado pré-falimentar em que se acha o ensino da língua em nosso país. Outros mais doutos, já o fizeram. E todos concordes em assinalar que o erro é estrutural, tem origens mais ou menos remotas e não pode ser atacado por seus efeitos, mas pelas causas que o deflagraram. (...) A realidade do que se vê, lê e ouve pelos meios de comunicação de massa também não é alentadora. Não se deve estranhar, pois, que o repertório verbal do jovem coevo _ afastado dos livros pelo imediatismo eletrônico das informações _ míngüe cada vez mais. Estimativas atualizadas orçam em menos de três centenas de palavras o patrimônio vocabular de comunicação daquela faixa etária, o que faz prever, a persistir esse status quo, uma futura geração sem palavras a manipular um código monossilábico, interjetivo, quase gestual.

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Já se tornou comezinho presenciar, a cada ano, multidões superiores a cento e quarenta mil pessoas serem arrastadas pela sedução do acesso à universidade. Parece que o Brasil está mesmo predestinado a ser a terra prometida dos doutores. Mas, e o preparo, e a formação adequada para isso? Se, por um lado, é facilmente verificável o fracasso do ensino massificado _ de ordinário promovido em salas desconfortáveis e mal ventiladas, onde se acotovelam cem a duzentos alunos _, por outro se comprova, com tristeza a gradativa desqualificação dos mestres mal remunerados e, por conseguinte, desestimulados à atualização e reciclagem de seus conhecimentos. Tem-se então um círculo vicioso: os alunos mal preparados de hoje serão, fatalmente, os professores canhestros de amanhã. Dificuldades a serem superadas, na área do ensino, sempre as houve e inúmeras. Infelizmente, as soluções trazidas até agora mostraram-se, pelo menos, ineficazes para vencer o desafio. Enquanto não for atacado, de modo sério e efetivo, o trinômio dos problemas sociais que afligem o Brasil – alimentação, saúde e educação – as mazelas serão as mesmas e hão de perdurar, e talvez caminhemos todos para uma sociedade futuramente inviável. Mas o desestudo, a ausência de formação humanística e as deficiências de leitura não tisnam apenas estudantes e professores em nível de 1º e 2º graus. A partir destes, ganham foros acadêmicos e chegam ao âmbito intraprofissional. Nos corredores do Palácio da Justiça predomina a impressão (ou certeza?) de que o advogado comum pede mal e escreve pior, o que, fatalmente, lhe prejudica a credibilidade. Ora, inexiste língua que funcione sem norma, seja ela qual for. Ao contrário do Direito, entretanto, a norma lingüística e sua coadjutora imediata, a gramática, não tem ao lado o poder coercitivo da lei. Não é defeso atentar contra a inteireza da língua padrão, cujos mais elementares preceitos podem ser violados quase impunemente. O que fica se acontece ficar, é apenas o ressaibo de uma sanção de ordem moral imposta pelos mais cultos. E o desprestígio profissional, este, sim, inexorável. Os exemplos de cincas forenses não têm conta e vão do ridículo ao desastroso. São advogados que, grotescamente, passam procuração a si mesmos; juízes que requerem a presença de bacharéis a fim de provarem se realmente possuem título acadêmico; processos e petições onde pululam erronias desta espécie: “mandado de emissão de posse”, “comcumbinato”, “meretríssimo”, “reinterar”, “ezige”, “proxeguimento”, “conseguente”, “execussão” e atrocidades quejandas. Outra calamidade é o total alheamento, entre os peticionários, quanto à competência das diversas varas e aos requisitos legais a serem satisfeitos pelas petições iniciais (muitas recusadas ainda no balcão, antes mesmo s de serem protocolizadas), bem como a falta de indicação dos dispositivos de lei referentes à causa, a ignorância do rito processual, o desconhecimento do nome da ação proposta etc. Ou então, ao avesso, é a graforréia desenfreada, filha legítima da desorganização mental e da afetação ingênua de um suposto saber jurídico. O exemplo, dado a seguir, fala por si mesmo. Trata-se da defesa de uma pessoa, acusada de apropriação indébita, encaminhada por certo advogado ao Superior Tribunal Militar. Eis alguns trechos: “O alcandor Conselho Especial de Justiça, na sua apostura irrepreensível, foi correto e acendrado no seu decisório. È certo que o Ministério Público tem o seu lambel largo no exercício do poder de denunciar. Mas nenhum labéu o levaria a pouso cinéreo se houvesse acolitado o pronunciamento absolutório dos nobres alvazires de primeira instância.” Verbo à rédea solta, prossegue o falador: “A sentença apelada é de enche-mão e vegeta. Mereceu, por isso, o imbatível confirmatório dessa corte. Explica-se sem repechos. A empresa de (cita o nome do cliente), depois da persecutio criminis em espécie, não deixou de prestar seus serviços aos impávidos heiduques do Exército nacional. (...) Um varão, com essas qualidades de escol, alciônico e respeitador, iria cometer um estelionato que é cometimento próprio dos zafimeiros e dos calafanjes do pior felpo? Seria capaz de lesar o acervo pecuniário da administração militar?” A sentença da Justiça Militar, que absolveu em primeira instância o cliente do advogado, foi por este classificada como “um elóquio revelador de equilíbrio aporegmático no exame do fato e pode encerrar, quando muito, um sombrio colorido étnico, sonante, apenas, nos cromos do chamado direito penal disciplinador”. Escrevendo assim, é bem provável que o referido advogado suponha estar cultuando os mais altos valores de seu idioma; contudo, o que simplesmente consegue é o contrário do pretendido: beirar o ridículo,expor-se ao achincalhe.

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Ora, as formosíssimas tradições da Língua Portuguesa, de que todos devemos ser zelosos guardiães, exigem-se firme uma atitude de reação contra esse estado de coisas que tende perigosamente a generalizar-se, a menos que haja um corajoso esforço no sentido de resgatar a dignidade do nosso idioma, hoje tão desleixadamente usado e até, não seria exagero dizer, abastardado e impatrioticamente desnaturado por tantos dos que, quando mais não seja por dever de ofício, tinham o dever de preservar-lhe a vernaculidade, como, por exemplo, os que trabalham nos grandes órgãos de comunicação de massa. Se este livro, de algum modo, puder contribuir para que se possa falar e escrever melhor, ao menos entre os que mourejamos, com denodo e amor, na área jurídica, julgar-se-à recompensado o Autor.

R.C.X. Ronaldo Caldeira Xavier, Português no Direito.

DENOTAÇÂO E CONOTAÇÂO

A denotação só pode ser definida em oposição à conotação.

FIORIN e PATÃO (1995, p.113-114) afirmam:

“A relação existente entre o plano da expressão e o plano do conteúdo configura aquilo que chamamos de denotação . Desse modo, significado denotativo é aquele conceito que um certo significante evoca no receptor. Em outras palavras, é o conceito do qual nos remete um certo significante.” O sentido conotativo varia de cultura para cultura, de país para país, de época para época.

Exemplos:

DENOTAÇÃO CONOTAÇÃO

Já coloquei a bagagem no carro.

Crianças gostam de doces.

Senti o coração acelerado.

Ele demonstrou possuir vasta bagagem cultural

Maria tem um sorriso doce.

Hoje penetraremos no coração da selva.

Na linguagem figurada, a palavra carrega forte carga emocional, daí a diversidade de significações. Os novos significados que lhe são atribuídos apresentam natureza afetiva, isto é, subjetiva.

Há palavras que carregam sentido pejorativo, como sogra, madrasta, rapariga, coitado e outras. Outras são mais amenas e solenes: face, rosto.

Às vezes, a simples colocação das palavras na frase acarreta alteração de sentido como, por exemplo, pobre menina e menina pobre, velho amigo e amigo velho, relógio certo e certo relógio.

O emprego da linguagem figurada é um dos recursos que concorrem para a valorização do texto, conferindo-lhe harmonia, beleza e originalidade.

Tomemos como exemplo o seguinte texto:

“O imposto sobre grandes fortunas, que antes só poderia ser veiculado por lei complementar, poderá ser veiculado por medida provisória. E acentuará o viés

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redistributivo da reforma tributária, que pretende tirar dos que têm capacidade de gerar empreendimentos e empregos, para repassar para o Estado, que utiliza tais recursos na distribuição de privilégios, na manutenção de uma máquina estatal esclerosada. É de se lembrar que os únicos dois países desenvolvidos que o adotam estão para eliminá-lo, após terem confirmado sua nocividade.” (Yves Gandra S Martins – progressividade – Avanço do retrocesso. Jornal da Tarde, 15 de maio 2003.)

Indicar o sentido denotativo de: imposto, lei complementar, medida provisória, Estado.

Indicar o sentido conotativo de: viés redistributivo, pretende tirar dos que têm capacidade de gerar empreendimentos e empregos, distribuição de privilégios, máquina estatal, países desenvolvidos, nocividade.

USOS DA LINGUAGEM JURÍDICA:ALGUMAS DIFICULDADES.

Dificuldades com a concordância 1- Ambos Forma dual onde já se apresenta com a idéia de dois. Há de se evitar, pois, ambos os dois e ambas as duas. No direito essa expressão conserva o sentido antigo de reforço da idéia. 2- Anexo Particípio passado de anexar (anexado e anexo) – ADJETIVO, por isso flexiona. Ex: Segue anexo o documento. Seguem anexos os documentos Segue anexa a carta. Seguem anexas as cartas. OBS: Em anexo – não aprovado por muitos - ADVÉRBIO, POR ISSO, INVARIÁVEL. 3- Apenso Idem a anexo. a) ADJETIVO (Flexível) Segue apenso o processo. Seguem apensos os processos. Segue apensa a documentação. Seguem apensas as documentações. b) ADVÉRBIO (Inflexível) Apenso, segue o processo. Apenso, seguem os processos. c) SUBSTANTIVO (Flexível) Documento ou processo junto a outro por apensamento, sem formar parte integrante das folhas dos autos. (Silva, 1978:134.) 4- Junto Forma irregular do verbo juntar, pode ser: a) ADJETIVO (Flexível) Juntos achavam-se o juiz e o advogado. Achavam-se juntas, a juíza e a advogada.

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b) ADVÉRBIO (Inflexível) Junto segue a folha de pagamento. Junto seguem as folhas de pagamento. 5- Só a) ADJETIVO = sozinho Sós cometeram o crime. b) ADVÉRBIO = somente A testemunha só pode dar informações genéricas. OBS. a sós = locução - invariável 6- Obrigado Já que é ADJETIVO, varia em gênero e número. Muito obrigada (mulher) Muito obrigado (homem) Muito obrigadas Muito obrigados Dificuldades com o vocabulário: a) Afim de/ a fim de: afim de: adjetivo (que tem afinidade) Ex. O português e o Espanhol são línguas afins.

A fim de: locução conjuntiva (finalidade, propósito) Ex. O advogado solicitou diligências a fim de verificar a saúde mental do acusado. b) A final: Na linguagem jurídica = último, finalmente, no término da demanda Ex. Solicita, a final, seja considerado improcedente o pedido, condenando-se o autor às custas processuais e honorários advocatícios. Cuidado! Deve ser evitado pela confusão e por requerer o artigo “o”. Solicita, ao final, (ao término do processo), seja... Correto é o emprego de final, se acompanhada de preposição. Requer a citação do réu para contestar, querendo, sob pena de revelia, prosseguindo-se até final do julgamento , quando deverá ser condenado...

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c) Ao invés (idéia de oposição, de ser contrário a) Ex. Ao invés de confessar a autoria do crime, o réu negou qualquer participação. Em vez de não exige o sentido contrário. = em lugar de(mera substituição) Ex. O advogado, em vez de dirigir-se ao cartório, despachou diretamente com o juiz. d) Ao par (em equivalência) Ex. O real está ao par do dólar. (???) A par de (ciente) Ex. O advogado disse a seu cliente estar a par de todas as providências solicitadas pelo juiz. e) Através (de lado a lado, transversalmente) Advérbio Ainda que largo o uso, não deve ser empregada com valor de por meio de, mediante, em frases do tipo:. Ex. A parte sucumbente recorreu da sentença que lhe era adversa, mediante o remédio cabível, ou seja, apelação. f) De encontro a (contrariedade) Ex. As provas de defesa foram de encontro à tese da acusação, destruindo-a por completo. Ao encontro de (a favor) Ex. A tese da defesa vai ao encontro dos depoimentos das testemunhas. g) Estada (ato de estar em algum lugar) – também para animais Ex. Para o advogado, a estada de seu cliente na prisão, ainda que temporária, trouxe-lhe prejuízos. Estadia (permanência de veículos ) h) Haja visto (perfeito do subjuntivo de verbo ver) Ex. Duvido que a testemunha haja visto o acidente. Haja vista (indica que sirva de modelo, que mereça exame) Ex. O Brasil vive momentos de intranqüilidade econômica, haja vista os acontecimentos que movimentam o mercado nos dias atuais. Hajam vista os acontecimentos = construção considerada correta, porém pouco aceita.

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i) Inclusive Não é bom o emprego antes da idéia que se diz incluída. Ex. Todos estavam ansiosos com o resultado, inclusive os próprios jurados. Mas: Todos estavam ansiosos com o resultado; os próprios jurados, inclusive. j) Meio/meia Meio = advérbio (Invariável) Idéia de “um pouco” Ex. Ela andava meio preocupada. Meio = adjetivo (variável) Idéia de “metade” Ex. Ele tomou meia garrafa de vinho para comemorar a vitória.

Meia = Substantivo – Ele vestiu a meia. l) Quite trata-se de um adjetivo, portanto, invariável. Ex. Aquele jovem está quite com o serviço militar. Aqueles jovens estão quites com o serviço militar. Exercícios

Comente os enunciados abaixo, tendo em vista a significação de seus termos. a) Perempção e preempção são parônimas, mas não pertencem à mesma família ideológica. b) O Direito Penal possui vocábulo essencialmente unívoco, em razão da definibilidade da norma criminal, conforme se percebe nas palavras roubo e latrocínio, apesar de haver vocábulos que, sem mudarem seus significados, incorporam o inventário da linguagem usual, como a injúria/injuriados, empregada largamente no Rio de Janeiro. c) Ilidir é verbo com íntima relação semântica com a palavra contestação.

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EXERCÍCIOS 1. Complete com a palavra que complete adequadamente os espaços: a) O juiz................................... o réu. (absolveu / absorveu)

b) Todas as palavras proparoxítonas devem receber........................ (acento / assento)

c) Pelo último .........................., somos mais de cem milhões. (senso / censo)

d) A costureira............................. a roupa, enquanto a cozinheira........ os alimentos. (cosia /

cozia)

e) Heloísa sempre agia com muita .................... (descrição / discrição)

f) A empregada guardou os mantimentos na .............................. (despensa / dispensa)

g) Como a resposta estava errada, o professor resolveu......................... (ratificar / retificar)

h) O ..................... do deputado foi ............................... ( mandato / mandado - caçado /

cassado)

i) Gastaram somas................................ para reformar a casa. (vultosas / vultuosas)

j) O ladrão foi apanhado em .......................... (flagrante / fragrante)

k) O ......................... deputado dirigiu-se aos presentes. (eminente / iminente)

l) A justiça ......................... pena merecida aos desordeiros. (infligiu / infringiu)

m) Promoveram uma festa........................... para a creche. (beneficente / beneficiente)

n) Devemos ser fiéis ao ........................ do dever. (comprimento / cumprimento)

o) Minha ....................... na fazenda não foi muito demorada. (estadia / estada)

p) O prefeito foi ........................... ontem à tarde. (empossado / empoçado)

q) As pessoas surdas não conseguem ....................................... os sons. (descriminar /

discriminar)

r) Os homens conscientes são a favor da ........................... de armas atômicas. (prescrição /

proscrição)

s) Seus esforços não ................................. efeito. (sortiram / surtiram)

2. Aponte a alternativa que completa corretamente todas as lacunas. I - Nordestinos ________ para São Paulo, ________ ________ havendo ________

________ entre brasileiros.

II - Com a ________, muitos brasileiros querem ________ para os Estados Unidos que, cada vez mais, _________ a vida de imigrantes. a) migram, aonde, está, fragrantes, descriminações, ressessão, migrar, dificulta. b) imigram, onde, está, flagrantes, descriminações, recesão, migrar, dificulta.

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c) emigram, aonde, estão, fragrantes, discriminações, recessão, emigrar, dificultam. d) migram, onde, está, flagrantes, discriminações, recessão, emigrar, dificultam. e) imigram, onde, estão, flagrantes, discriminações, recessão, migrar, dificulta. 3. Assinalar a alternativa que preenche corretamente as lacunas das frases adiante: I. Guardando sigilo, você agirá com________. II. Os bancos transacionam somas_________. III. Os culpados devem_________suas falhas. IV. O secretário______o pedido do funcionário. V. O professor_________-lhe um duro castigo. a) discrição - vultuosas - espiar - diferiu - infringiu b) descrição - vultosas - expiar - deferiu - inflingiu c) discrição - vultosas - expiar - deferiu - infligiu d) descrição - vultuosas - espiar - diferiu - infringiu e) discrição - vultuosas - espiar - deferiu – infligiu

4. Complete com a forma correta:

a) Você sabe quais são os pontos _________________? (cardeais – cardiais)

b) Pedi ao banco todos os _______________________ da minha conta. (extratos – estratos)

c) Em teatros se pode assistir a belos _____________________ (concertos – consertos)

d) Recebi o _______________________ do presidente da firma por ter firmado o acordo. (comprimento – cumprimento)

e) O juiz poderá ____________________ pena severa ao suspeito. (infligir – infringir)

f) Seja _________________________ a nossa cidade. (benvindo – bem-vindo)

g) O advogado impetrou o ___________________________________se segurança. (mandado – mandato)

h) Dizem que ele roubou uma quantia ______________________ do banco onde trabalhava. (vultosa – vultuosa)

i) Na ___________________de camisas trabalham duas amigas minha. (seção – sessão – cessão)

j) O nadador desapareceu dentro do lago, isto é _______________________ (emergiu – imergiu)

k) A vitória dos Aliados naquela época já era _________________________ (eminente - iminente)

l) Manuel veio confirmar, isto é, veio _________________________ a proposta. (ratificar – retificar)

m) O condenado foi recolhido à ______________________ (cela – sela)

n) A _________________________ é uma qualidade indispensável a todo homem de bem. (descrição – discrição)

o) Qual é a _______________________ de juros atualmente? (tacha – taxa)

p) Ele _____________________ a mala pesada em cima dos meus pés. (arreou – arriou)

q) Na atual _______________________, qualquer _____________________que se faça, corre-se o risco de equívoco. (conjectura – conjuntura)

r) Recebeu de presente da namorada um ______________________lenço. (flagrante – fragrante)

s) Não quero ter me ____________________ o meu prestígio. (cheque – xeque)

5. Dê o sentido dos homônimos e parônimos abaixo:

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a) emergir imergir

b) docente discente

c) ruço russo

d) chá xá

e) estrato extrato

f) concertar consertar

g) destratar distratar

h) recrear recriar

i) delatar dilatar

j) incipiente insipiente

k) acidente incidente

l) soar suar

m) laço lasso

n) cerrar serrar

o) costear custear

q) despercebido desapercebido 6. Complete as frases com uma das formas entre parênteses:

1. Pense bem, __________ de não fazer um __________ negócio. (a fim / afim; mau / mal)

2. O nosso anseio era _________ ao da família, pois nossas almas eram _________ (a fim /

afim)

3. Vocês ficaram _________ do programa desse candidato? (a par / ao par)

4. Será que o real esta _________ do dólar? (a par / ao par)

5. As obras daquela rua ainda não foram concluídas. A Prefeitura foi, assim,

_______________ aos desejos dos seus moradores. (de encontro / ao encontro)

6. A bonificação dada pela empresa veio _______________ das nossas aspirações. (de

encontro / ao encontro)

7. Discutiam __________ da campanha eleitoral. (a cerca / há cerca / acerca)

8. A empresa fica __________ de uma hora daqui. (a cerca / há cerca)

9. Moro aqui __________ de dez anos. (a cerca / há cerca)

10. Lá vai ele. Não sabemos __________ . (onde / aonde)

11. Gosto da casa __________ você mora. (onde / aonde)

12. O funcionário foi repreendido por __________ procedimento. (mal / mau)

13. Não há __________ tão __________ de que não resulte algum bem. (mal / mau)

14. Comer __________ faz mal à saúde. (de mais / demais)

15. Na caixa veio um livro __________ .(de mais / demais)

16. ___________ melhorar a situação do povo, sei não... (se não / senão)

17. Ninguém ___________ os gêmeos visitava a casa dele. (se não / senão)

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18. Não dormi, _______________ estive acordado. (tampouco / tão pouco)

19. Os políticos, salvo prova em contrário, têm _______________ ou nenhum interesse pelo

povo. (tampouco / tão pouco)

20. A minha.....................................na serra foi rápida. (estada / estadia)

21. A escolha do candidato......................................os prognósticos do partido. (ratificou /

retificou)

22. A bandeira será.............................................às 18horas. (arreada / arriada)

7. Complete com uma das formas da palavra porquê: a) Paulo, ____________ você faz gaivotas durante a aula?

b) Ora! Faço gaivotas ____________ me agradam.

c) A senhora vai me deixar preso ____________ ?

d) Depois da aula, você saberá o ____________ .

e) Bob, eu queria saber ____________ você está sempre irrequieto.

f) A senhora quer saber mesmo ____________ ? É ____________ suas aulas não despertam

em nós nenhum interesse.

g) Professora, ____________ a senhora fala tão alto na sala?

h) Você quer saber o ____________ . É ____________ preciso abafar o barulho de vocês

falando o tempo todo.

i) Professora, a senhora pode explicar ____________ a Vânia é tão gorda?

j) ____________ come demais.

k) Quem fala bem e escreve da maneira ____________ fala, não escreve bem.

l) Este exercício foi organizado para que você aprendesse o correto uso da palavra

____________

m)- Você errava ainda, ____________ ?

- ____________ não me haviam ensinado.

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TEXTO, ENUNCIAÇÃO, DISCURSO, TEXTUALIDADE, COESÃO E COERÊNCIA. O texto possui um conteúdo semântico específico, mas, para entendê-lo, é necessário captar aintenção do emissor que nem sempre está expressa nele. A essa intenção dá-se o nome de enunciaçãoou ato ilocucional . Assim, ler um texto é mais que entender o que está escrito; é conseguir, a partir donosso conhecimento do mundo (repertório) , perceber as intenções (enunciação) que o emissor tevequando elaborou ou codificou o texto. Se o leitor faz esse percurso, ele consegue decodificar o texto. O texto é estático, definitivo; é um produto da enunciação. O discurso, entretanto, é dinâmico: principia quando o emissor realiza o processo de decodificação esó termina quando o destinatário cumpre sua tarefa de decodificação. O texto não é constituído por uma soma de sentenças, mas pelo encadeamento semântico delascriando, assim, uma trama semântica a que damos o nome de textualidade. O encadeamento semânticoque produz a textualidade chama-se coesão. Redação Para escrever bem, são necessários:

• domínio do idioma; • domínio do assunto; • cuidado com a escolha do vocabulário.

O domínio da linguagem é necessário para a compreensão do texto e a expressão oral e escrita. Características que o texto deve apresentar:

• clareza – perfeita exposição das idéias por parte do autor para uma perfeita compreensão poparte do leitor.

• Coesão – é a ligação entre os elementos de um texto:palavras, frases, parágrafos. • Coerência – é a ordenação lógica das idéias e dos argumentos. A coerência depende obviamente

da coesão. Um texto com problemas de coesão terá, com certeza, problemas de coerência. Assimo texto tem que estar adequado à sua macroestrututa e a coerência definitiva só se completa nonível do discurso. A clareza depende da coesão(semântica e sintática), da coerência textual, da precisão e adequaçãodo vocabulário e da correção gramatical.

Coerência textual Observe o texto: “Havia um menino muito magro que vendia amendoins na esquina de uma das avenidas de São PauloEle era tão fraquinho, que mal podia carregar a cesta em que estavam os pacotinhos de amendoim. Umdia, na esquina em que ficava, um motorista, que vinha em alta velocidade, perdeu a direção. O carrocapotou e ficou de rodas para o ar. O menino não pensou duas vezes. Correu para o carro e tirou de lá omotorista, que era um homem corpulento. Carregou-o até a calçada, parou um carro e levou o homempara o hospital. Assim salvou-lhe a vida.” A coerência deve ser entendida como unidade do texto. Num texto coerente, todas as partes seencaixam, de modo que não haja nada destoante, nada ilógico, nada contraditório, nada desconexo. O texto acima, portanto, não é coerente, do ponto de vista narrativo.

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Coerência narrativa A estrutura narrativa tem quatro fases distintas:

a) manipulação: alguém é induzido a querer ou dever realizar uma ação; b) competência:esse alguém adquire um poder ou saber para realizar aquilo que se quer ou deve; c) performance: fase em que de fato se realiza a ação; d) sanção: fase em que recebe a recompensa ou o castigo por aquilo que realizou. Essas quatro fases se pressupõem, isto é, a posterior depende da anterior. Um sujeito só pode fazealguma coisa(performance), se souber ou puder fazê-la(competência).É, portanto, incoerêncianarrativa relatar uma ação realizada por um sujeito que não tinha competência para fazê-la. Outro tipo de incoerência narrativa pode ocorrer em relação à caracterização dos personagens e àações atribuídas a eles. Qualidades atribuídas aos personagens:alto, baixo, frágil, forte etc. Estados de alma atribuídos aos personagens:colérico, introvertido, tímido, corajoso, etc. Essas qualidades e estados de alma podem combinar-se ou repelir-se; alguns comportamentos dopersonagens são compatíveis ou incompatíveis com determinados traços de sua personalidade. Coerência figurativa Consideremos o tema “despreocupação”. Podem-se usar figuras como: pessoas deitadas à beira deuma piscina, drinques gelados, passeios pelos shoppings. Na figurativização desse tema, a utilização defiguras como pessoas indo apressadas para o trabalho, fábricas funcionando a pleno vapor, não seriacoerente. As várias figuras que ocorrem num texto devem articular-se de maneira coerente para constituir umúnico bloco temático. Assim, as figuras relativas a um tema devem pertencer ao mesmo universosemântico. A ruptura se justifica, se a intenção for o humor, a piada, a ridicularização ou apontar umparadoxo. Ex: de incoerência

O quarto espelha as características de seu dono:um esportista que adorava a vida ao alivre e não tinha o menor gosto pelas atividades intelectuais. Por toda a parte havia sinais disso:raquetede tênis, prancha de surf, equipamento de alpinismo, skate, um tabuleiro de xadrez com as peçaarrumadas sobre uma mesinha e as obras completas de Shakespeare.

Coesão textual É a conexão interna entre os vários enunciados presentes no texto. A conexão entre os enunciados é fruto das relações de sentido que existem entre elesmanifestada por certa categoria de palavras chamadas conectivos ou elementos de coesão cuja funçãoé pôr em evidência as várias relações de sentido que existem entre os enunciados. Observe o texto: É sabido que o sistema do Império Romano dependia da escravidão, sobretudo para a produçãoagrícola. É sabido ainda que a população escrava era recrutada principalmente entre prisioneiros deguerra. Em vista disso, a pacificação das fronteiras fez diminuir consideravelmente a população escrava. Como o sistema não podia prescindir da mão-de-obra escrava, foi necessário encontrar outra formade manter inalterada essa população.

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São várias as palavras que, num texto, assumem a função de conectivo ou de elemento de coesão:

• as preposições: a, de, para, com, por etc; • as conjunções:que, para que, quando, embora, mas, e, ou, etc; • os pronomes:ele, ela, seu, sua, este, aquele, qual, o qual, etc; • os advérbios:aqui, aí, lá, assim, etc.

O uso adequado desses elementos de coesão confere unidade ao texto e contribuconsideravelmente para a expressão clara das idéias. O uso inadequado desses elementos tem efeitoperturbadores, tornando certas passagens incompreensíveis. Observe os períodos: O homem que tenta mostrar a todos que a corrida armamentista que se trava entre as grandepotências é uma loucura. Ao dizer que todo o desejo de que os amigos viessem á sua festa desaparecera, uma vez que seu pase opusera à realização . A escolha do conectivo adequado é importante, já que é ele que determina a direção que se pretendedar ao texto; é ele que manifesta as diferentes relações entre os enunciados.

A retomada ou antecipação de termos Os elementos que retomam um termo já expresso no texto são chamados anafóricos. São exemplos de anafóricos: os pronomes demonstrativos; os pronomes relativos; os advérbios e as expressões adverbiais. A clareza do texto depende da coesão (semântica e sintática ), da coerência textual, da precisão eadequação do vocabulário e da correção gramatical. Coesão semântica – consiste em ligar orações no período, de forma a permiti uma perfeitacompreensão da idéia. Mecanismos:

• através do emprego de pronomes, advérbios, numerais, artigos, etc. Ex: Paulo saiu cedo para trabalhar, ele estava preocupado com o acúmulo de processos que teriade avaliar. Ex: Mário e João são amigos; este é..., aquele é... Ex: No interior a vida é mais tranqüila e saudável, lá... • através da elipse: omissão de termos detectáveis no contexto. Ex:Finalmente, as férias chegaram para Regina e Lúcia.Fizeram as malas... • através da substituição de predicados: Ex: Eu não estava satisfeita com aquela situação; ele também não. • através da substituição lexical:

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Ex: O menor A.T.J. desapareceu ontem, de sua casa... O menino vestia...

Observação : Um elemento anafórico empregado num contexto que possa referir-se a dois termos antecedentedistintos provoca ambigüidade, constituindo uma ruptura da coesão. O PT entrou em desacordo com o PMDB por causa de sua proposta de aumento de salários. O uso do pronome relativo pode também causar ambigüidade: Via ao longe o sol e a floresta, que tingia a paisagem com suas variadas cores. Encontrei apenas belas palavras o qual não duvido da sinceridade de quem as escreveu. Coesão sintática – obtém-se através das conjunções, locuções, advérbios e locuções adverbiais.

Coesão é uma das marcas fundamentais da textualidade e pode ocorrer por meio de mecanismos diversos:. Estudaremos os mecanismos de coesão referencial e seqüencial.

Não há coesão em um texto quando, por exemplo, empregam-se de modo inadequado conjunções e pronomes, deixando palavras ou frases desconectadas, quando a escolha vocabular é inadequada, quando há ambigüidade, regências incorretas etc.

Coesão referencial

É a forma de se recuperar em um texto o que já foi dito anteriormente, isto é, em uma seqüência B, um enunciado presente em uma sentença A.

Exemplo.

Comprei dez livros de redação.

Comprei-os na livraria da Faculdade.

O cuidado de evitar repetições de expressões deverá assumir forma mais radical ou mais flexível, dependendo do tipo de texto. Na comunicação escrita formal é em princípio aconselhável não os repetir, ao passo que na conversação diária essa repetição é aceitável.

Quando a referência se faz do depois para o antes, denomina-se anafórica (a) e, no

caso contrário, catafórica (a). a) Encontrei meu irmão na esquina, mas não falei com ele. b) Ele estava lá na esquina, o meu irmão. Palavras ou expressões que servem para evitar repetições, que se referem a termos

anteriormente mencionados (referentes) denominam-se mecanismos de coesão referencial, podendo essa substituição ocorrer das seguintes formas: a) POR REFERÊNCIA - através de pronomes, advérbios, artigos e numerais.

O gerente esteve em Resende. Lá, ele defendeu os interesses da empresa. Machado de Assis e Castro Alves são contemporâneos. Aquele se destacou pelos

romances; este, pela poesia. b) ELIPSE: omissão de termos detectáveis através do contexto.

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O gerente esteve aqui. Estava querendo conhecê-la. c) REPETIÇÃO LEXICAL PARCIAL – substituição de palavra/termo por outra (o) equivalente, evitando a repetição desnecessária.

O doutor Antônio Carlos Guedes está no consultório. Doutor Carlos está ansioso para vê-la.

d) SUBSTITUIÇÃO DE PREDICADOS: recupera o texto através de palavras ou locuções também, assim, tudo, fazer isso etc.

Fernanda vai comprar um carro. Seu irmão também. Todos os meus amigos votaram no PSB. Eu não fiz isso.

e) SUBSTITUIÇÃO LEXICAL: relação entre palavras da mesma área semântica.

A concessionária não recebeu os carros. O cliente foi à agência e não encontrou os veículos anunciados.

Exercícios: 1. Construa novas versões dos textos abaixo, utilizando, em relação às palavras ou expressões destacadas, os mecanismos de coesão que julgar adequados.

Texto 1 Os cientistas do Laboratório de Sandia, do Novo México, nos EUA, estão desenvolvendo uma pistola que só disparará acionada pelo dono da pistola. A idéia é dotar a pistola de um código eletrônico. A pistola só executará ordens do dono da pistola. O Objetivo é aumentar o grau de segurança das pistolas e diminuir os acidentes.

Texto 2

MIAMI. Uma misteriosa epidemia está provocando a morte de peixes-boi, na costa oeste dos Estados Unidos. O peixe-boi é um dos mamíferos mais ameaçados de extinção em todo o mundo. Conhecido por sua extrema docilidade. O peixe-boi é muito antigo. Acredita-se que os ancestrais do peixe-boi tenham surgido há 40 milhões de anos. Biólogos que tentam decifrar a estranha e rápida mortandade do peixe-boi suspeitam que os peixes-boi estejam morrendo de pneumonia.

Texto 3 Avessos à procriação em cativeiro, pandas chineses estão sendo submetidos a uma nova

experiência para escapar da extinção. Os pandas tomam doses de viagra. O medicamento contra a impotência produziu relações sexuais mais duradouras entre os pandas. O tempo de acasalamento dos pandas aumentou de 30 segundos para até 20 minutos. Em meados dos anos 90, os veterinários tentaram resolver o problema dos pandas com remédios da medicina

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chinesa. Em vão. O apetite sexual dos pandas aumentou, mas os pandas ficaram mais agressivos com as parceiras.

Texto 4 Acender uma fogueira ao ar livre é muito mais difícil do que se pensa. Antes de mais

nada é preciso montar a fogueira com muita paciência e capricho. Nós devemos preparar para a fogueira um local especial, plano seco, e limpo de vegetação. Além disso, a fogueira deve ficar ao abrigo do vento e da chuva.

Coesão seqüencial

A coesão seqüencial é aquela que estabelece as relações semânticas entre termos das orações, orações ou conjuntos de orações, podendo os elementos ligados ser inclusive porções de texto consideravelmente longas.

As principais marcas lingüísticas desse tipo de coesão são as conjunções e palavras afins, como preposições e certos advérbios usados para ligar constituintes textuais (um constituinte textual é toda e qualquer parte de um texto, podendo variar consideravelmente de extensão, podendo ser um monossílabo, como páginas inteiras).

MECANISMOS DE COESÃO SEQÜENCIAL

São os mecanismos que ligam, sintaticamente, as sentenças umas às outras, através dos articuladores. Os articuladores podem ser de:

CAUSA: porque, que, uma vez que, já que, por isso que, porquanto, visto que, por, por causa de, em vista de, em virtude de,...

Porque fez o trabalho com displicência foi chamado de incompetente.

Ele morreu, uma vez que tomou uma medicação errada.

Por ter tomado uma medicação errada, morreu.

OPOSIÇÃO:

a) SUBORDINAÇÃO CONCESSIVA: embora, muito embora, por mais que, por menos que, apesar de, a despeito de, não obstante, ...

Embora seja bom.......

b) COORDENAÇÃO ADVERSATIVA: mas, porém, todavia, contudo, entretanto,

Pedro é bom funcionário, mas será demitido.

Pedro é bom funcionário; será, no entanto, demitido.

CONDIÇÃO: caso, desde que, contanto, uma vez que, sem que,...

Só aceitarei o cargo, se me derem plena autonomia.

Desde que me dêem plena autonomia, aceitarei o cargo.

CONCLUSÃO: logo, portanto, por conseguinte, assim, então, de modo que, em vista disso, pois (antes do verbo)

Pedro não é bom funcionário, portanto será demitido.

Ele bebeu; não pode, pois, dirigir o carro.

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Há outros articuladores sintáticos de natureza mais clara, como:

• de Tempo/Proporcionalidade - quando, no momento em que, mal (= nem bem), à medida que, à proporção que, enquanto etc.. Ex.:

Quando cheguei a casa, já chovia. À medida que crescia, ficava mais mal-educado.

• de Conformidade - conforme, de acordo com etc. Ex.:

Todos se comportaram conforme o combinado.

• de Comparação - como, tal qual etc.. Ex.:

Ele agiu como um insensato.

• de Alternância - ou, ou...ou, ora...ora. Ex.:

A testemunha se contradisse: ora dizia trabalhar no mesmo local do reclamante, ora não.

• de Adição - e, não só... mas também, etc. Ex.:

A vítima levou o tiro e caiu imediatamente. Ele não só é bonito como inteligente.

Os Pronomes Relativos como Elementos de Coesão Os pronomes relativos possuem valor coesivo importante no texto. Eles sempre

substituem a idéia de um termo antecedente. Normalmente são facilmente substituídos por O QUAL (e suas variantes). Exemplos:

O homem que (o qual) trabalha merece respeito.

As estradas por que (pelas quais) passei eram arborizadas.

Estou no lugar onde (no qual) poderia estar.

Obs.: Cuidado com o uso de ONDE. Essa palavra designa sempre um local (físico, figurado), não tendo conotações conclusivas ou outras, por si só.

EXERCÍCIOS

1. As frases abaixo apresentam problemas de coesão textual. Identifique o problema e depois reescreva-as, tornando-as coesas.

a) Mais de cinqüenta mil pessoas compareceram ao estádio para apoiar o time onde seria disputada a partida.

b) Não concordo em nenhuma hipótese com seus argumentos, pois eles vão ao encontro dos meus. c) A casa, que ficava em uma região em que fazia bastante frio durante o inverno.

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2. Relacione as sentenças abaixo em um só período, articulando-as na ordem que julgar adequada, observando as indicações dos parênteses. Faça também as modificações necessárias e procure variar os articuladores.

a) A empresa adquiriu uma nova sede. A empresa era muito pequena.

(causa)

b) O gerente levou os produtos para o depósito. O gerente não conseguiu estocar os produtos.

(oposição c/ concessão)

(oposição c/ adversidade)

c) Nossa empresa não ganhou a concorrência. Nossa empresa dispunha de infra-estrutura necessária à realização da obra.

(causa)

(oposição c/ adversidade)

(conclusão)

d) Os livros devem ficar nas prateleiras mais baixas. As crianças devem manusear os livros quando quiserem.

(fim)

e) A atitude do sindicato foi sensata. A maioria dos patrões não conseguiu compreender a atitude do sindicato.

(oposição c/ concessão)

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3ª AULA FRASE, ORAÇÃO, PERÍODO 1- Frase Para o clássico tanto uma interjeição “Oh!” quanto uma frase elaborada em torno de um verbo eram frases ou orações, para a gramática moderna, frase é a palavra ou palavras (mesmo a mera interjeição) com sentido completo, e a oração é a idéia lógica centrada em torno de um verbo. São dois os tipos:

a) Frase nominal - trata-se da frase em que há menos elaboração. Tem conteúdo significativo, embora se opere na área da semântica por não estar centrada em torno de um verbo.

Ex: “Homem pequenino, ou embusteiro, ou bailarino”; “cabelos longos; idéias curtas...” Na propaganda: Ex: “Duas gotas, dois minutos. Dois olhos claros e bonitos”. b- Frase verbal – por estar concentrada num verbo e apresentar formas de comunicação de maior dimensão, é a frase mais desenvolvida. Chama-se articulada, oracional ou verbal. 2- Oração Unidade gramatical desenvolvida em torno de um eixo verbal: oração ou frase verbal EX: “A pesquisa de Joaquim Arruda Falcão leva-nos a outras áreas” (José Reinaldo L.Lopes) “No Brasil, a inquietude democrática agita todas as forças vivas da nação.” (Shelma Lombardi Kato) 3- Período Unidade gramatical que se constitui de uma ou mais orações concluídas por ponto final ou ouro sinal. SIMPLES – uma só oração; COMPOSTO –duas ou mais orações EX: “Esta foi mais uma causa do aumento dos litígios judiciais.” (Boaventura de Souza Santos) “Não se trata de um problema novo.” (Boaventura S. Santos) “Trata-se de uma cultura que ultrapassa os limites fixados pela dogmática tradicional e nem por isso é ideológica ou irracional.” (José Eduardo Faria)

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ESTRUTURA DA FRASE As combinações: coordenação e subordinação Coordenação: etimologicamente – cum + ordinare, isto é ordenar com, ordem em conjunto. (equivalência) EX: Ele saiu, mas ainda não voltou. Subordinação: Se uma oração for parte da outra, ela não dispõe de autonomia; fala-se, nesse caso de subordinação ou dependência. EX: “Dizemos que há flagrante quando o crime está sendo cometido.” (Adauto Suannes) Período misto: “São atos jurídicos os que derivam da vontade humana e que produzem efeitos legais.”

Feição estilística da frase e discurso jurídico As principais modalidades estilísticas frasais são:

a)Frase arrastão: seqüência cronológica de coordenações. São muito utilizadas na linguagem infantil. Étotalmente imprópria para o jurista.

O julgamento iniciou e o juiz deu a palavra ao advogado e este apresentou sua tese com entusiasmomas os jurados não aceitaram a legítima defesa e condenaram o réu. b) Frase ladainha: variante da frase de arrastão, construída com excesso de polissíndeto da conjunção esem dar à frase tom retórico de gradação. Apesar de não ser recomendado seu emprego, pode, no discurso jurídico, eventualmente ser usada nodiscurso oral, com auxílio de recursos fônicos O réu entrou na sala e caminhou lentamente em direção à vítima e a olhava friamente, com risoperverso nos lábios e balançava uma faca brilhante e afiada na mão direita e, com violência, enfiou oinstrumento perfurante no ventre da mísera mulher. O recurso poderá demonstrar a crueldade do ato criminoso, se usado com habilidade. c) Frase entrecortada: também imprópria ao discurso jurídico O réu entrou na sala. Estava abatido. Sentou-se. Colocando as mãos na cabeça. Ela estava abaixadaEle parecia desanimado. Ele previa o resultado adverso. Ele esperava a condenação. d) Frase fragmentária: variante da frase entrecortada, apresenta rupturas na construção frásica. Não deve ser usada no discurso jurídico, salvo se ocorrer elipse gramatical retórica. Condenado o réu, será encaminhado a presídio de segurança máxima. e) Frase labiríntica: excesso de subordinações, dividindo-se a frase em idéias secundárias.

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O Direito é, antes de tudo, a aplicação da lei imperativa, não convidando seus subordinados aobedecer a ela, por exigir seu acatamento, sendo a norma jurídica a vontade do ordenamento jurídico. f) Frase caótica: estrutura frásica desorganizada, sem logicidade semântico-sintática, inaceitável nodiscurso jurídico. (Apelidada de fluxo da consciência). No discurso jurídico, o emprego adequado é o da medida retórica, a saber:

a) Período simples:expansão moderna da estrutura sintática mínima, evitando frases entrecortadas.

O réu atacou a vítima. Estrutura sintática mínima Suj VTD OD O réu, de inopino, atacou a indefesa vítima.

b) Período composto: medida retórica = três orações, com seguinte esquema: ___________, __________, _________ = 1 frase/ período

1ª Oração 2ª Oração 3ª Oração

c) Parágrafo gráfico: medida retórica = Três frases, com o seguinte esquema:

__________,__________,_________.F1 _________,__________,__________F2 1ªoração 2ªoração 3ª oração 1ª oração 2ª oração 3ª oração __________, __________,___________F3

d) Parágrafo formal: medida retórica = três argumentos no desenvolvimento do discurso, com oseguinte esquema.

Introdução Desenvolvimento { idéia 1 idéia 2 idéia 3 conclusão Atendida a medida retórica, cada parágrafo gráfico terá, em média, seis linhas, perfazendo 30 linhasmedida retórica redacional, todavia não há rigidez retórica.

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O PARÁGRAFO JURÍDICO “Parágrafo é a unidade de composição do texto que apresenta uma idéia básica à

qual se agregam idéias secundárias (idéia principal + suas ramificações), relacionadas pelo sentido. Conceituando-se parágrafo como unidade de idéias, verifica-se que o parágrafo de descrição corresponde a cada objeto descrito; o parágrafo de narração reflete cada fato da seqüência narrada; o de dissertação corresponde a cada argumento ou raciocínio”.1

De maneira geral, nos textos bem escritos, cada parágrafo deve conter apenas uma idéia principal.

Um parágrafo deve apresentar quatro qualidades fundamentais:

• Clareza Depende, em grande parte, da seleção das palavras. A palavra adequada concorre para que o parágrafo se torne de fácil compreensão e de leitura agradável.

• Concisão Não é aconselhável estender demasiadamente as exemplificações e os desdobramentos da idéia principal. A concisão, contudo, não deve ser alcançada em detrimento da clareza.

• Unidade Unidade é uma questão de ordem; sem ordem, o processo se torna dispersivo, se não caótico, perdendo-se a noção de conjunto. Há de haver uma mesma linha de raciocínio que agrupe as idéias, uma só linha que cosa o parágrafo todo. Com unidade e continuidade é que se dá a coerência.

Ex: Cap. 2 – O Direito como valor – Do livro Introdução ao estudo do Direito, de A. Machado Paupério(199:45)

“É um truísmo afirmar que o homem é um animal social.E que à sociedade muito deve quanto à sua formação física, psicológica e moral.

O convívio social é fator importantíssimo de evolução das próprias idéias humanas. Sem ele, o homem estaria privado do exemplo, da educação, do coforto material e de todos os bens, em geral, que só se conseguem pelo esforço cooperativo de todos os membros da comunidade.

A essência de qualquer sociedade é a reunião moral dos homens ordenada ao Bem Comum.

Para a consecução desse Bem Comum, é preciso que os interesses privados se subordinem aos interesses supremos da comunidade. Daí temos a justiça social, conjunto de direitos e deveres característicos ao Bem Comum.

Para a consecução desse Bem Comum, há de imperar na sociedade o Direito, conjunto de condições existenciais dela própria.”

Todas as frases e parágrafos gravitam em torno de uma idéia central – O sentido axiológico do Direito enquanto conseqüência da vida em sociedade. Há, portanto UNIDADE ao texto.

• Coerência O conjunto de unidades sistematizadas numa adequada relação semântica configura a coerência.

• Ênfase É indispensável dar ênfase à idéia-núcleo, quer pela posição dos termos nas orações e nas frases no texto, quer pela expressividade dada ao pensamento chave, ou seja, a proposta temática.

Alguns auxiliares da ênfase:

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a) A técnica de intercalar aos parágrafos curtos os de média extensão .

b) A voz ativa, porque realça a ação do agente.

c) As repetições intencionais, sem contudo prejudicar a coesão.

d) O aspecto verbal para marcar o momento do processo verbal.

Ex: A violência do réu acabou por ofender a integridade física da vítima.

“A tarde ia morrendo...”

e)A pontuação:funciona como condutor do pensamento do autor e marco de expressividade das idéias.

O parágrafo pode ser considerado um micro texto e, como tal, não prescinde da delimitação do assunto e fixação do objetivo. Método simples e prático de apresentar esses dois requisitos indispensáveis é responder às questões:

O que? (delimitação)

Para que? (fixação do objetivo)

Assim como sucede com o texto, o parágrafo deve conter introdução, desenvolvimento

e conclusão.

Tópico frasal O tópico frasal, ou idéia-núcleo, orienta o desenvolvimento do parágrafo e possibilita ao redator manter-se coerente com as idéias expostas, policiando o desenvolvimento das idéias para que o parágrafo não fuja do objetivo determinado. O tópico frasal introduz o assunto, ainda que de forma geral. Portanto é uma frase sintética que traça a direção que o desenvolvimento deve seguir. Ele indica ao autor os limites das idéias que pode explanar no parágrafo. É o exórdio ou introdução do tema. EX: “Não há cidadania sem efeito acesso à justiça. Não há acesso à justiça se esta apenas atende à parcela da população que consegue desfrutar os recursos mal distribuídos da sociedade de consumo. Não há acesso à justiça se grande parte da população não detém os meios concretos para exercê-lo , e socorre-se de mecanismos primitivos de justiça privada, em que a violência converte-se no cenário do cotidiano. Não há acesso à justiça quando o Estado se revela impotente para responder às demandas reais da sociedade, inclusive através do seu poder competente: o Judiciário.” O tópico contém a idéia-chave, apresentada de forma genérica; a seguir especifica-se pela repetição de mesma frase:”não há acesso à justiça” Técnicas de iniciar parágrafos: a) declaração inicial b) definição c) alusão histórica d) interrogação e) divisão

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Exercícios

1. Aos parágrafos abaixo falta a frase –núcleo. Após cada um, são apresentadas duas frases. Indique qual delas seria a frase-núcleo mais adequada para o parágrafo.

A )Pesquisas mostram que as crianças que assistem por mais tempo à televisão são aquelas que possuem pais mais autoritários e mais frustrantes. Assim também, o uso da televisão depende das relações das crianças com os seus “pares”: a criança que vive mais na família e menos com seus colegas de idade assiste mais à televisão.

a) O maior ou menor interesse da criança pela televisão depende de características pessoais.

b) Por que algumas crianças se prendem à televisão mais que outras?

B) A influência da televisão, na verdade, parece depender menos da quantidade de violência apresentada do que da imagem do mundo em geral que ela propõe ao espectador. O que importa não é a quantidade da violência, mas o valor que lhe é atribuído pelos meios de comunicação de massa.

a) Um personagem em cada cinco filmes televisados é um criminoso. Tanta violência influirá sobre o comportamento do espectador?

b) A violência é um dos temas preferidos pela televisão, e muitos acreditam que a apresentação de tanta violência influi negativamente sobre o comportamento do espectador.

C) Milhares de pessoas viram pela TV americana uma experiência em que plantas cresciam ao som do grupo Led Zeppelin. Usando fotografias com lapso de tempo, a TV mostrava que as plantas procuravam se afastar da fonte sonora. Através dessa ingênua, porém maquiavélica, analogia, o documentário da TV pretendia provar que a música do Led Zeppelin não só era nociva às plantas, mas também ao organismo humano. No nível subliminar, uma musica que “fazia mal” às plantas em crescimento deveria por extensão afetar igualmente à juventude.

a) O alto índice de decibéis do rock não pode deixar de prejudicar o organismo humano.

b) Um dos principais temas de discussão em torno do rock é a influencia que pode ter sobre a juventude.

2. Um parágrafo é uma unidade de informação construída a partir de uma idéia-núcleo. Sublinhe as idéias-núcleo dos trechos a seguir:

a) Iluminação representa muito mais do que conforto. Iluminação é segurança, produção e lazer. Iluminação é, mais do que tudo, melhoria de qualidade de vida, um importante fator de justiça social.

b) Os americanos já chegaram a uma estatística aterradora: em 1991, cerca de cinqüenta e quatro mil pessoas morreram de aids nos Estados Unidos, m número superiro ao de americanos mortos em combate durante toda a guerra do Vietnã.

3. Um parágrafo bem construído não pode incluir elementos que não estejam contidos na idéia-núcleo. Sublinhe nos parágrafos a seguir as idéias irrelevantes.

a) Quando eu tinha quatro anos de idade e morava com uma tia viúva e já idosa, que passava a maior parte do dia acariciando um gatarrão peludo, sentada numa velha e rangente cadeira de balanço, na sala de jantar de nossa casa, que ficava nos subúrbios, próximo ao Hospital São Sebastião, já era louco por futebol.

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b) Os tomates, reconhecidos hoje como um alimento muito rico em vitaminas, especialmente em vitamina C, que previne contra o escorbuto, enfermidade que em outros tempos foi o terror dos marinheiros, foram considerados por nossos antepassados, até meados do século XVIII, venenosos.

4. Crie um tópico frasal para o parágrafo abaixo, levando em conta as idéias de seu desenvolvimento: A maioria dos meninos de hoje acredita que as mulheres em geral – e a namorada principalmente – merecem tratamento especial. E tem a absoluta certeza de que ser cavalheiro é ser atencioso – o que cada um pode fazer do seu jeito, sem virar um namorado-polvo, com oito braços para oferecer flores, bombons, abrir portas e puxar a cadeira para você sentar. (Capricho, julho/92, p. 58)

Estrutura do parágrafo

Delimitação do assunto Quem escreve, geralmente faz uma seleção do assunto a ser tratado, tornando-se o menos genérico possível. Deve-se “filtrar”o que vai ser escrito, a fim de evitar perder-se no texto e/ou misturar assuntos.

A delimitação é necessária para que se possa controlar o que vai ser escrito.

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Exemplos:

Tema Automóveis

Assunto Tipos de automóveis

Delimitação do assunto Automóveis econômicos em consumo de combustível.

Tema Rio de Janeiro

Assunto A história da cidade

Delimitação do assuntoMonumentos históricos da cidade

Exercícios

1. Você deve escrever um parágrafo para cada um dos cinco assuntos abaixo. Antes de iniciar seu exercício, delimite o assunto.

a) A educação no país b) Internet c) Violência d) A família e) Ecologia

3.2.2. A fixação do objetivo Depois que se delimita o assunto, torna-se fácil fixar o objetivo da redação. Essa fixação

do objetivo facilita a seleção das idéias, determina para que se vai escrever e os objetivos da

redação.Quem escreve deve ter em mente que , além de delimitar o assunto, deve também

definir com que intenção escreve e qual o seu público alvo.

Por exemplo:

Quando se escreve a respeito da pena de morte, assunto muito amplo, não só devemos

delimitar o assunto, como também estar cônscios do nosso objetivo.Digamos que delimitemos o

assunto em “os malefícios da pena de morte, no Brasil” e, dessa forma, desejemos criticar os

defensores da pena de morte. Então teremos como objetivo a crítica à criação da pena de morte

e o público alvo serão aqueles que brigam pela criação de tal lei, no Brasil

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Exercícios

1. Abaixo são apresentados objetivos que poderiam orientar a redação de parágrafos. A cada objetivo seguem-se quatro períodos que poderiam aparecer num parágrafo escrito sob a orientação do objetivo. Um dos períodos, porém, não é coerente com o objetivo. Indique-o.

a) Objetivo: apresentar argumentos contra a pena de morte

( ) Ninguém tem o direito de tirar a vida de um homem.

( ) Não se deve castigar um crime com outro crime.

( ) Só o temor da morte poderia afetar certos homens do crime.

( ) A ameaça de castigos nunca evitou que erros fossem cometidos.

b) Objetivo: apontar as vantagens da história em quadrinhos

( ) Os quadrinhos oferecem às crianças e aos semi-analfabetos a possibilidade de

leitura.

( ) Os quadrinhos podem constituir um eficaz meio de aprendizagem.

( ) As histórias em quadrinhos, partindo de situações concretas, reveladas por desenhos, ajudam a estruturar o pensamento.

( ) As histórias em quadrinhos têm como temas aventuras fantásticas que distanciam as pessoas da realidade.

c) Objetivo: mostrar a influência da televisão sobre os homens

( ) Hoje, em toda parte, a família se prostra diante da televisão e o diálogo, a convivência desaparecem, pois is telespectadores exigem silêncio.

( ) Embora esteja em grupo diante de um vídeo, cada pessoa fica só, assistindo isolada e individualmente à televisão.

( ) A comunicação escrita – o livro, o jornal, a revista – está superada pelos meios eletrônicos de comunicação, a televisão à frente.

( ) A televisão dá ao mundo uma visão distorcida, composta apenas dos fragmentos da realidade escolhidos pela emissora para transmissão ao público.

Desenvolvimento do parágrafo O desenvolvimento é, nada mais, nada menos, do que o desdobramento do tópico frasal,

a explanação da idéia básica.

O desenvolvimento pode realizar-se mediante várias formas:

a) Explicitação da declaração inicial: é o tipo mais comum de desenvolvimento de parágrafo e, na realidade, o mais encontrado.Consiste no desdobramento da afirmação ou negação contida no tópico frasal.

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b) Ordenação por contraste: Ao se desenvolver um parágrafo por contraste, antítese ou oposição, o objetivo é apontar diferenças, estabelecer oposições e chegar ao esclarecimento. Aqui se evidencia o contraste de forma explícita ou implícita.

c) Ordenação por enumeração: Manifesta-se a enumeração com a relação de termos, com expressões indicadoras de tempo, lugar, com seqüência de numerais (especialmente os ordinais). Os dois-pontos anunciam, em geral, a enumeração e eles têm como funções principais explicar e enumerar.

d) Ordenação por exemplificação: Está intimamente ligada à enumeração; seria, mesmo, um tipo de enumeração. Geralmente assume caráter didático, socorrendo-se de partículas adequadas como por exemplo, a saber e outras.

e) Ordenação por causa e conseqüência: É ponto pacífico a correlação de causa-conseqüência; uma pressupõe a outra; são idéias indissociáveis, conceitos interdependentes.

f) Resposta à interrogação: Busca desenvolver o parágrafo sob a forma de resposta a pergunta inicial.

Exercícios2

1. Redigir parágrafos cujo desenvolvimento se faça pela:

a) Ordenação causa-conseqüência:

Não passou no vestibular (conseqüência) porque não estudou (causa).

Desistiu do concurso (conseqüência) por doença (causa).

Não foi previdente (causa); não participou da excursão (conseqüência).

b) Contraste:

Loira ou morena

Uma mansão e uma casa humilde

O trabalho rural e o urbano

c) Enumeração:

Requisitos para o sucesso no estudo.

Desvantagens de morar em apartamentos.

Condições para obter-se um bom emprego.

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REQUISITOS PARA ELABORAÇÃO DO PARÁGRAFO

1- Escolher o assunto (a menos que não lhe caiba fazê-lo.

2- Fazer associações livres, pensando nas possibilidades. Quanto mais idéias tiver, maior será a reflexão.

3- Delimitar o assunto (especificando ao máximo)

4- Traçar um objetivo, ou seja, o que se pretende transmitir com essa delimitação

5- Escolher critérios para o desenvolvimento. Ex. Se irá enumerar aspectos do objeto, compará-lo, declarar-lhes fatores positivos ou negativos etc.

6- Escolher o tópico frasal, elaborando uma frase genérica que posse, de forma abrangente, apresentar as idéias a serem desenvolvidas.

7- Pensar na conclusão a que quer chegar.

Exemplo:

1- Assunto: Estudo sobre o costume do Direito.

2- Delimitação: A importância da preservação dos bons costumes como fonte moral do direito.

3- Objetivo; Demonstrar que o costume, enquanto forma de expressão do Direito, requer da sociedade e dos aplicadores da lei atenção especial, sendo o descuido crime de lesa-pátria.

4- Idéia introdutória: O costume é fruto da valoração social e reflete o comportamento concorde dos membros da comunidade e, como fonte do Direito repercute na aplicação da lei.

5- Desenvolvimento: Critério de enumeração

5.a - O psicologismo enaltece o querer individual, com conseqüente frouxidão dos mores sociais.

5.b - Os meios de comunicação de massa levantam bandeiras de licenciosidade, derrubando a tradição fincada nos costumes mais sóbrios.

5.c – Os magistrados aceitam os comportamentos acolhidos pela comunidade, alargando a aplicação dos costumes lassos nas decisões judiciais.

5.d – A lei acaba por adotá-los : ex. o projeto de reforma penal em face do adultério, da sedução e do aborto.

6- Conclusão: o resultado disso é a penúria moral da nação que vem cometendo um ignóbil e infamante crime de lesa-pátria.

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O parágrafo descritivo na redação jurídica

A descrição é empregada largamente na redação jurídica, porque a narrativa dos fatos é tecida por meio da descrição desses fatos, buscando os elementos e pormenores que pintem o quadro, segundo a versão da parte processual.

As narrativas da acusação e da defesa são constituídas pela descrição dos fatos e estes elementos descritivos funcionam como argumentos (elemento dissertativo)

“Este é o acusado. Um acusado que vem aqui e mente. Se Vossas Excelências observarem, hoje ele diz que é acusado, consta no outro interrogatório que ele estava separado, procura modificar aquilo que já declarou para o próprio juiz, procurando confundi-lo, procurando inverter certos detalhes para se amoldar a uma possível e imaginária tese de defesa. É um elemento perigoso, mesquinho, mesquinho porque quando de uma discussão com um funcionário da SAMAE, por uma questão de água, sacou de um revólver e também atirou.”

A versão da defesa:

“As vezes escapou que, ao invés de justificar, passa a castigar.É o caso, senhores, típico do acusado. Hoje pintaram um quadro aqui, que se não houvesse alguém para rebater, o acusado apodreceria na cadeia. Excelências, nós vamos nos referir ao acusado: o cidadão. Honesto, trabalhador, não é vadio, não é malandro. O acusado foi vítima das circunstâncias. Aconteceu um fato na vida do acusado. O acusado tem uma vida anterior ao crime, e tem uma vida posterior como vou mostrar a Vossas Excelências. Não é como disse a nobre promotoria que o acusado só praticou crimes. É o primeiro. Ele é primário. É o primeiro delito do acusado. O outro, ele já pagou, Excelências.”

A descrição não é uma técnica empregada com exclusividade no mundo jurídico, mas assenta os juízos dissertativos, fortalecendo a narrativa dos fatos.

O parágrafo narrativo na redação jurídica

A narrativa está presente em todas as peças jurídicas. Nas vestibulares – Petição Inicial, Denúncia, Reclamação Trabalhista, os verbos estão no pretérito, por tratar-se de ações reais, com rara adjetivação, porque a narrativa deve ser objetiva, apresentando um fato como relato da verdade fática.

1- No dia 15 de maio do corrente, o Autor, tendo vendido ao réu o imóvel constituído do apartamento nº 56, do prédio denominado “Monte Castelo”, na Rua José do Patrocínio, 603, confiou a este o telefone de número 831-4672, que ali se encontrou instalado, e do qual o autor é assinante, conforme recibo da TELESO(doc.2)

2-Tal fato se deveu à única exclusiva circunstância de que, tendo de proceder à entrega do imóvel vendido, nos termos da escritura de compra e venda, lavrada em notas do Tabelião do 26º Ofício, Livro nº2. fls. 56, não conseguia o Autor a retirada do referido aparelho telefônico, embora tenha pedido, por escrito, tal retirada, desde o dia 16 de maio.(doc.3)

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No relatório das sentenças, a narrativa deve contar os acontecimentos processuais com precisão e objetividade.

Já nas Alegações Finais do Processo Penal e, principalmente, no Tribunal do Júri, a narrativa vale-se de atributos e circunstâncias com intenção dissertativa.

“Configura-se a qualificadora de surpresa quando a morte da vítima se verificou, estando ela a barbear-se deitada, na cadeira do barbeiro, sem ter visto o réu que o apunhalou por trás; aí existe a surpresa. Porque ele pegou a vítima inopinadamente e realmente de surpresa. E não é o primeiro caso, que aqui ele haviam se desentendido, estavam há quinze dias em franco desentendimento; então ele poderia, como ele mesmo admite, como a família mesmo admite, que eles tinham medo do próprio acusado. “

Tipos de dissertação

Dois são os tipos: expositivas e argumentativas

Dissertação expositiva

A intenção do redator é a de expor um assunto, comentando-o. Não há defesa de um ponto de vista. A dissertação expositiva exige do redator um conhecimento bastante grande do assunto, assim, o processo de levantamento de idéias por meio das relações paradigmáticas deve ser o mais complexo possível.

Na dissertação expositiva, discute-se um assunto com profundidade, de forma clara, devendo estar as idéias bem “amarradas” a um tópico frasal que apresente, com segurança, a idéia central.

Dissertação argumentativa

É aquela em que o redator se mune das técnicas de persuasão, com o objetivo de convencer o leitor a partilhar de sua opinião ou mudar de ponto de vista.

A dissertação argumentativa pode estar aliada à expositiva,; neste caso, além de expor a idéia, objetiva o redator influenciar a opinião do leitor.

Na atividade jurídica, imprescindível é a dissertação argumentativa, por corresponder à própria natureza persuasiva do discurso forense.

O parágrafo dissertativo na redação jurídica

É inegável a importância da dissertação na comunicação jurídica:há sempre um conflito a ser solucionado, colocando versões antagônicas em pólos opostos. Em todas as áreas do Direito, é a argumentação o recurso persuasivo, por excelência, porque objetiva o convencimento da tese postulada.

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Postura do emissor na elaboração do parágrafo

1 - Posturas filosóficas

Duas são as posturas básicas na elaboração do parágrafo dissertativo: a dialética e a disputa.

a) Dialética de Platão

É o exame da questão polêmica. Pela dialética o redator deve refletir sobre os prós e contras, antes de tomar posição.

Em primeiro plano ele analisa a questão “A”, em seguida, coloca ele a questão “B”. Finalmente, na conclusão ele decide seu posicionamento: opta por “A” ou”B” ou promove a conciliação “AB”.

b) Disputa de São Tomás de Aquino

A disputa pressupõe a defesa da tese. O redator irá ter um ponto de vista (sim ou não) sobre determinada questão e apresentará os argumentos que motivaram sua eleição por esta ou aquela postura.

Na disputa, os argumentos (não mais do que três, recomenda-se) devem ser distribuídos em gradação crescente, cada qual reforçando o anterior e todos relacionados entre si, rumo à conclusão.

2- Posturas psicológicas

Entende-se por postura psicológica a posição que o observador assume, isto é, de estar mais ou menos envolvido afetivamente com o assunto.

O observador pode ter duas posições:

a) fora do campo observado: Behaviorismo

- maior neutralidade;

- mais objetividade;

- observação centrada no comportamento, realizando relações de causa/efeito entre estímulos e respostas ocorridos dentro do campo observado;

- ênfase para substantivos e verbos – agente da ação e ação (e ainda objetos sobre os quais ele recai).

b) dentro do campo observado:Gestalt

- o observador envolve-se afetivamente com a realidade observada;

- mais subjetividade;

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- observação centrada na percepção, procurando perceber a estrutura global a partir dos elementos sensoriais;

- ênfase para adjetivos e elementos circunstanciais.

Argumentação

Argumentar é a arte de convencer e persuadir. CONVENCER é saber gerenciar informação, é falar à razão do outro, demonstrando, provando. Etimologicamente, significa VENCER junto com o outro (com + vencer) e não contra o outro. PERSUADIR é saber gerenciar relação, é falar à emoção do outro. A origem dessas palavras está ligada à preposição PER, “por meio de” e a SUADA, deusa romana da persuasão. Significava “fazer algo por meio do auxílio divino”. Mas em que CONVENCER se diferencia de persuadir? Convencer é construir algo no campo das idéias. Quando convencemos alguém, esse alguém passa a pensar como nós. Persuadir é construir no terreno das emoções, é sensibilizar o outro para agir. Quando persuadimos alguém, esse alguém realiza algo que desejamos que ele realize.

Muitas vezes, conseguimos convencer as pessoas, mas não conseguimos persuadi-las. Podemos convencer um filho de que o estudo é importante e, apesar disso, ele continuar negligenciando suas tarefas escolares. Podemos convencer um fumante de que o cigarro faz mal à saúde, e, apesar disso, ele continuar fumando. Algumas vezes, uma pessoa já está persuadida a fazer alguma coisa e precisa apenas ser convencida. Precisa de um “empurrãozinho” racional de sua própria consciência ou da de outra pessoa, para fazer o que deseja. É o caso de um amigo que quer comprar um carro de luxo, tem dinheiro para isso, mas hesita em fazê-lo, por achar mera vaidade. Precisamos apenas dar-lhe uma “boa razão” para que ele faça o negócio. Às vezes, uma pessoa pode ser persuadida a faze alguma coisa, sem estar convencida. É o caso de alguém que consulta uma cartomante ou vai a um curandeiro, apesar de, racionalmente, não acreditar em nada disso.

Argumentar é, pois, em última análise, a arte de, gerenciando informação, convencer o outro de alguma coisa no plano das idéias e de, gerenciando relação, persuadi-lo, no plano das emoções, a fazer alguma coisa que nós desejamos que ele faça.

(A arte de argumentar – Antônio Suárez Abreu)

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5ª Aula

Prática Forense

COMUNICAÇÃO JURÍDICA: LINGUAGEM PRÓPRIA

Segundo Rui Barbosa:

"Uma verdade há, que me não assusta, porque é universal e de universal consenso: não há escritor sem erros".

(Réplica, p. 49, n° 10, apud Ronaldo Xavier Caldeira, Português no Direito, 4a ed., Forense, p. 73).

O nosso objetivo é, pois, apresentar recomendações úteis; longe de pretender ou buscar a perfeição.

A linguagem da comunicação jurídica é própria. Assim, no âmbito extrajudicial, temos por excelência, como atos de comunicação jurídica, os contratos, que, se feitos perante tabeliães, assumem a denominação de escrituras públicas.

Na esfera judicial, quando alguém quer conversar com o Juiz, por exemplo, para o fim de retirar, de imóvel seu, inquilino que não paga aluguel, de nada adianta procurar o magistrado. Deve dirigir-se a um advogado, que ingressará com uma ação em Juízo e, após a sentença, promover-se-á ao despejo compulsório do locatário. Tudo é documentado em autos de processo.

Há em Juízo, como também há nos atos extrajudiciais, toda uma 1inguagem própria a ser observada. Inúmeros são os dicionários de terminologia jurídica existentes no mercado editorial, muitos deles utilizando expressões latinas de uso correntio nos meios forenses.

A comunicação jurídica deve primar pela clareza e objetividade, cada pessoa com seu estilo próprio.

A clareza porque a mensagem deve ser compreendida de maneira uniforme por todos que intervêm no processo; a objetividade, porque, nos dias de hoje, embora os atos devam ser fundamentados, não se pode perder tempo com considerações teóricas inúteis. Ao redigir coloque-se no lugar do destinatário,

A correção da linguagem não pode ser dispensada nos atos processuais, embora a lei não preveja diretamente nenhuma sanção específica para o trabalho mal feito, com o linguajar incorreto. Incorreto ou escorreito, infelizmente, na prática, ambos acabam sendo considerados para os efeitos legais.

Já me deparei, na Magistratura, com trabalhos até sujos e datilografados em máquina de escrever com as letras inteiramente defeituosas. Se legível o trabalho pouco se pode fazer, de concreto, para coibir o mal feito. Com o advento do computador, felizmente, os trabalhos jurídicos estão primando pela boa aparência.

Existem erros clássicos de linguagem às vezes notados em trabalhos processuais, de que são exemplos insenção, concumbinato e a cônjuge-mulher.

Denomina-se estrangeirismo o uso de palavras de origem estrangeira para as quais o idioma nacional possui similar, como ocorre com show. Palavras novas (neologismo) podem ser utilizadas com proveito quando não ofereçam dificuldades de compreensão, como ocorre, por exemplo, com o termo biônico.

O uso do latim é correntio nos meios jurídicos, embora o art. 156 do CPC estabeleça que em todos os atos e termos do processo é obrigatório o uso do vernáculo. Expressões como ultra petita e extra petita dificilmente são substituídas pela fórmula correspondente no português.

A seguir alguns, dentre os muitos, brocardos jurídicos em latim: Audiatur et altera pars: seja ouvida tambêm a outra parte. Accessorium sequitur principale: o acessório acompanha o principal. Dormientibus non succurrit jus: o direito não socorre a quem dorme. Dura lex, sed lex: a lei é dura, mas é lei. In dubio, pro reo: em caso de dúvida, a favor do réu. In claris cessat interpretatio: a interpretação cessa diante das coisas claras.

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Jus et obligatio sunt correlata: direito e obrigação se equivalem. Locus regit actum: o lugar determina o ato. Pacta sunt servanda: os pactos são para serem cumpridos. Seguem, também, algumas locuções: Ab intestato: sem deixar testamento. Ad cautelam: para cautela. Ad Hoc.: para o ato. Adjudicia: para o juízo, o foro em geral. Extra-petita: além do pedido. Improbus litagator: litigante desonesto. Quaestio juris: questão de direito. Não há vedação a que, nos processos, se utilize a forma manuscrita para manifestação. É

preciso, no entanto, que esta se limite a pequenos trechos, sob pena de gerar confusão. Alguns Magistrados e representantes do MP formulam manifestações nos autos com bastante dificuldade de leitura. Petições manuscritas estão se tornando cada vez mais raras.

Cuidado se deve ter com a pontuação. Muitos despachos judiciais são elaborados em forma seqüencial, de modo que, cumprida uma fase, desde logo se parte para o atendimento ao item seguinte do despacho.

Na língua portuguesa é comum falar-se na importância da vírgula na frase: Matar o rei não é crime. Inserida a vírgula após a palavra não, assim ficaria: Matar o rei não, é crime. Muda inteiramente o sentido da frase.

Recentemente um ponto e vírgula no art. 201, §7°, da Constituição Federal, fruto da Emenda Constitucional da Reforma da Previdência, provocou grande celeuma na classe jurídica.

Muitas palavras têm, na acepção jurídica, um sentido próprio, muitas vezes não coincidente com o comum. Assim, a palavra alimento, no singular, diz respeito àquilo que nutre e preserva a vida. A palavra, tomada no plural, abrange "as despesas que uma pessoa é por direito obrigada a fazer com o sustento, habitação, vestuário e mais tratamento de outra pessoa" (Caldas Aulete, Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa, 3a Ed., Delta, vol. 1, p. 162, citado em nossa PRÁTICA DAS AÇÕES DE ALIMENTOS (Forense, 5a Ed., p. 5).

Quando se diz, outrossim e costumeiramente, que um Juiz é incompetente, não se está a afirmar que o magistrado careça de conhecimentos jurídicos, mas, sim, que não possui competência processual, em razão do território ou da matéria, por exemplo, para conhecer e julgar determinada causa.

A boa convivência social impõe regras de convívio, dentre elas algumas relativas ao tratamento que se deva dispensar a determinadas pessoas.

Assim, altas autoridades, como o Presidente da República, os Governadores de Estado, os Prefeitos, Os Ministros, Oficiais Generais, membros do Congresso Nacional, os Magistrados, dentre outros, têm o tratamento de excelência. Os reitores de universidades são tratados por Vossa Magnificência. O Papa, por Vossa Santidade. Os reis e imperadores por Vossa Majestade. Os príncipes, duques e arquiduques por Vossa Alteza. Os sacerdotes por Vossa Reverência e os Bispos e Cardeais por Vossa Excelência Reverendíssima. Outras pessoas e demais autoridades em geral por Vossa Senhoria.

São comuns também o uso de certas abreviaturas. Assim: advogado (adv.); acadêmico (acad.); bacharel (bel.); Comandante (Com., Com te.); Conselheiro (Cons., Conselho); Digníssimo (DD.); Doutor(Dr.); Desembargador (Desemb.); Excelentíssimo (Exmo.); Merítissimo (MM.); Procurador (Proc.); Vossa Excelência (V.Exa.).

No meio jurídico são muito empregadas algumas expressões, como Doutor, Egrégio e Colendo. Vale, pois, conferir o exato significado dessas palavras(...)

A linguagem jurídica é, na maioria dos casos, escrita. Até as alegações finais em audiência são comumente tomadas por termo nos autos. Há exceções, naturalmente, como a sustentação oral no plenário do Tribunal do Júri que, em regra, não se documenta, senão de forma muito genérica. Muitas expressões, usuais no colóquio verbal, são inadmissíveis na linguagem escrita. A matéria será, adiante, novamente vista.

Existe grande intercâmbio entre a linguagem técnica do direito e a de outras ciências. Assim, nas questões que envolvem responsabilidade civil do médico, acidentes do trabalho e outras da mesma natureza, o profissional do direito terá que se afeiçoar à linguagem técnica da medicina, ao mesmo tempo em que os peritos médicos que atuem nessas áreas têm que assimilar a nomenclatura processual. O mesmo se diz de questões que envolvem engenharia, contabilidade e outras ciências.

( J.Franklin Alves Felipe)

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Procuração 1

Perlustrando o Novo Código Civil (Editora Atlas, organizada por Sílvio de Salvo Venosa, 2003), encontramos: “Art. 653. Opera-se o mandato, quando alguém recebe de outrem poderes para, em seu nome, praticar atos, ou administrar interesses. A procuração é o instrumento do mandato.” Do conceito extrai-se que alguém (mandante, outorgante ou constituinte) outorga poderes a outrem (mandatário, outorgado ou procurador) para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses, exteriorizada a vontade de conferir tais poderes por meio de um documento chamado procuração. A palavra mandato origina-se da expressão latina manus data (mão dada) que, a princípio, simbolizava o gesto de firmar acordo, evoluindo o vocábulo: mandatum, em português, mandato. Obs: manus, no Direito Romano, sempre invocou a idéia de poder: manu militari (ato ou obrigação executados com auxílio da força pública), conventio in manum ( a manus era a entrada da mulher na família do marido). Não há confundir-se a palavra mandato com seu parônimo mandado, originária de mandare (mandar na forma substantivada do particípio passado ). O mandado, obrigatoriamente escrito, é denominado judicial quando expedido pela autoridade judicial. ´ Resolvidas as dificuldades semânticas do mandato, cumpre assinalar os tipos de procuração a ele correspondentes: 1- Quanto à natureza 1.a. Procuração Judicial: destinada para procurar em juízo. 1.b. Procuração Extrajudicial : para os negócios em geral. 2- Quanto ao instrumento 2.a. Procuração Pública: passada em cartório, no livro próprio, chamando-se traslado a cópia original desse registro. As demais cópias são dadas em forma de certidão. 2.b. Procuração Particular: quando outorgado pelo próprio mandante em documento escrito com Firma reconhecida. 3- Quanto à finalidade 3.a. Geral: quando o mandante confere poderes para todos seus negócios. 3.b. Especial: quando especifica o negócio (ou negócios) expressamente (artigo 660,CC) 4- Quanto à extensão dos poderes

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4.a. Amplos: confere liberdade ampla ao procurador. 4.b. Restritos: o procurador fica sujeito a decisões do outorgante. Algumas observações: 1- O mandato (ou procuração) judicial é chamado de Procuração Ad Judicia (Note-se que em Latim não há hífen) 2- O mandato (ou procuração) extrajudicial é chamado de Procuração Ad Negotia (pronuncia-se negócia – na pronúncia tradicional) 3-O instrumento do mandato (procuração) pode ser particular, salvo se a lei o determinar obrigatoriamente público: Ex. Transcrição de imóvel. 4- O mandato, em termos gerais, só confere poderes de administração. Para alienar, hipotecar, transigir ou praticar atos que exorbitem da administração ordinária, os poderes têm de ser expressos.

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Comentários sobre o Modelo: (Ad Negotia) A procuração é constituída de um texto básico que serve para qualquer procuração particular: na primeira parte temos a descrição das qualidades da pessoa que nomeia outra pessoa seu procurador, e descrição da pessoa do procurador. Na segunda parte, temos o texto específico, seu objeto, ou seja, o poder que uma pessoa confere a outra para que aja em seu nome. Finalmente há um fecho nas procuração que é semelhante em todas as particulares. Quanto ao aspecto formal: 1- A Palavra Procuração deve vir no centro da folha (Evite escrever Ad Negotia , para que o vocábulo não fique diminuto no papel.), as letras devem ser espaçadas uma das outras. 2- Os espaços são mencionados no gráfico. 3- A partitura silábica deve ser gramatical. O sistema americano não é adotado na técnica jurídica.

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4- Não se separam os números dos documentos pessoais. 5- Os verbos residir e domiciliar, sendo estáticos, exigem regência com a preposição “em” e não “a”. 6- Os poderes especiais são estipulados de açodo com a natureza do negócio e a extensão dos poderes. 7- Não é exclusiva a forma do modelo. Porque o estilo é de cada qual. Ex: Por este instrumento particular e na melhor forma de direito, MAURÍCIO LOPES, brasileiro... 8- Não é bom estilo a forma: Eu, MAURÍCIO LOPES ... nomeio e constituo... 9- É obrigatória a presença dos verbos nomear (indicar) e constituir (tornar o indicado procurador). 10- As formas verbais são: constitui/constituem, não sendo gramatical constitue, como se encontra em alguns modelos.

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“O art.692 apenas faz referência á Procuração Ad Judicia, subordinado-a à legislação processual, operando-se as regras do Mandato, estabelecidas no Código Civil, apenas supletivamente.” Bom é lembrar que as condições para ser mandante são as mesmas tanto para a Procuração Ad Judicia, quanto para a Procuração Ad Negotia, vale ressaltar: 1- O mandante pode ser toda pessoa natural ou jurídica. 2- Os maiores e emancipados, no gozo de sua capacidade civil, assinam os documentos sem restrições. 3- Os relativamente incapazes são assistidos, assinando junto com seus representantes legais. 4- Os absolutamente incapazes são representados e, assim, só seus representantes legais assinam a procuração. 5- Embora não conste da lei, a Procuração Ad Judicia dos menores impúberes e púberes há de ser pública.

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Quanto ao mandatário, só o advogado poderá ser procurador na esfera judicial

Requerimento2

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ATENÇÃO!!! A tradição cristalizou o fecho:

Nestes termos, P. Deferimento. Observações

O dístico, com letras maiúsculas, foi elaborado em maiúscula ao gosto parnasiano, ainda que gramaticalmente, a vírgula solicitasse a minúscula.

Também a abreviação de Pede (p.) parece ter a função estética de não

haver uma mudança métrica acentuada.

A colocação do demonstrativo Nestes parece inconveniente para alcançar os pedidos feitos anteriormente ao fecho, mas é defendida não só pelo emprego já consolidado pela tradição, como por indicar que se retornam, no fecho, todos os termos constantes do requerimento.

Há os que defendem a gramaticalidade do demonstrativo, com o uso de Nesses. No entanto, para fugir da polêmica: Termos em que P. Deferimento. Alguns costumes: 1- Há entre os profissionais do Direito da atualidade o costume de colocar minúsculas no fecho; além de evitar a abreviatura do verbo pedir. Nestes(nesses) termos, pede deferimento. 2- Também, já se faz freqüente a simplificação da fórmula. Pede deferimento. 3- São usadas, como variantes, as abreviaturas E. (espera) e A. (aguarda). 4- Não é recomendável o fecho formulado em período gramatical: Nestes termos, pede deferimento. 5- É totalmente inadequada a fórmula empregada, raríssimas vezes, na redação comercial: N. T. P. D. 6- A ocupação espacial é a mesma da procuração. É possível, ainda, que o requerimento não seja simples, como o que foi mostrado, mas seja complexo, para casos em que o pedido não é manso e pacífico ou não se encontra apoiado cabalmente em norma legal ou administrativa.

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A estrutura é a mesma do requerimento simples, havendo entre a narrativa dos fatos e o fecho, uma frase de transição, reiterativa do pedido com as variantes seguintes: a. Isto posto, requer... b. Isso posto, requer... c. Posto isto, requer... d. Posto isso, requer... e. Pelo exposto, requer...

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Petição Inicial 2 Reza o Código do Processo Civil: “Art. 2º. Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou interessado a requerer, nos casos e formas legais.” Verifica-se, portanto, que a forma é uma estrutura única (singular) para atender os diversos casos (plural), devendo respeitar a Inicial ou requisitos esternos e internos exigidos pelo art. 282, CPC, a saber: I- o juiz ou tribunal, a que é dirigida; (vocativo) II- os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do Réu; III- o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; IV- o pedido, com as suas especificações; V- o valor da causa; VI- as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; VII- o requerimento para citação do réu. Alguns comentários: 1- Apesar de os manuais abreviarem o vocativo, não é adequada esta medida. Recomenda-se escrever o endereçamento por extenso e com maiúsculas. 2- Não há necessidade de enumerar os parágrafos da Inicial. Recomenda-se um espaço maior entre eles, aliás, medida empregada nos requerimentos complexos em geral. 3- É crescente o costume de abandonar, na Inicial, as expressões Autor, Réu, quando não houver infração na ação proposta. Usam-se expressões como: Requerente/requerido. Não há colocar-se, porém, Suplicante!Suplicado, porque ninguém bate às portas do Pretório suplicando. (Ver artigo: Dando nome aos litigantes – Revista Redação Jurídica)

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_______________________ 1- DAMIÃO, Regina Toledo & Henriques, Antonio. Curso de Português Jurídico.9.ed.São Paulo:Atlas, 2004. 2- MEDEIROS, J. Bosco & TOMASI, Carolina. Português Forense.São Paulo:Atlas, 2004.

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Há no livro do Ronaldo Xavier Caldeira, Português no Direito – Ed. Forense - um pequeno, mas importante apanhado de verbos correntes na terminologia da Ciência do Direito, com suas respectivas regências.

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7ª AULA Regência “Tema dos mais controvertidos e complexos em nossa língua, regência é uma relação de dependência entre dois termos, ou seja, a propriedade de uma palavra subordinar-se a outra a fim de integrar-lhe o sentido.” (Ronaldo Caldeira Xavier – Português no Direito) Pode ser verbal ou nominal Leia o exemplo:

Nós atingimos um nível razoável de cultura.

Observe que alguns termos pedem complemento – são os termos regentes; outros completam o sentido do termo regente – são os termos regidos. Um mesmo pode ser regente e regido. Regência nominal = A mãe tem amor ao seu filho A mãe tem amor por seu filho. A mãe tem amor pelo seu filho. Relação de dependência entre o nome “AMOR”: termo regente e o termo que o completa: o termo regido.Há nomes, assim como verbos, que admitem mais de uma preposição na regência.

Regência verbal = O professor ensina a matéria para o aluno. (V. Trans. Direto) O professor ensina para o aluno. (V. Trans. Indireto) O professor ensina bem. (Verbo Intransitivo) Relação de dependência entre o verbo ensinar que, dependendo doa transitividade, admite várias preposições. Regência Verbal Para compreender regência verbal é preciso saber caracterizar os dois tipos de complementos verbais (Objetos: direto e indireto), normalmente representados por pronomes ou substantivos. Ex: Ele disse a verdade. (dizer= verbo trans. Direto); (a verdade= complemento do verbo, portanto objeto direto ).

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Os filhos obedecem aos pais. (obedecer= verbo trans. Indireto); (aos pais=complemento do verbo obedecer, portanto objeto indireto) Vamos nos ocupar apenas dos verbos que mudam sua transitividade, com a mudança de sentido.

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