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FORMAçãO Carreira de comissário de voo cresce com previsão de aumento Niterói, domingo, 29, e segunda-feira, 30/4/2012 CONCURSO Concurso para TCE-RJ tem salários de R$ 6.322,21 a R$ 9.031,89. PáGINA 3 VAGAS No Estado, são mais de 4,4 mil vagas de emprego e 2,2 mil de estágio. PáGINA 5 EMPRESA Investimento no setor de brinquedos educativos é um bom negócio. PáGINA 6 ENTRE OS BENEFÍCIOS DA DUPLA CIDADANIA ESTÃO O DIREITO DE IR E VIR EM PAÍSES EUROPEUS E DE FIXAR RESIDÊNCIA SEM PRECISAR PEDIR VISTO OU PERMISSÃO DO GOVERNO LOCAL. A NACIONALIDADE TAMBÉM PODE SER UM DIFERENCIAL PARA A CARREIRA DO ALUNO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS Lá, como cá PRISCA FONTES F oi o sonho de conhecer suas raízes que motivou o estudante Felipe Diniz, de 21 anos, a bus- car sua cidadania portuguesa. Neto de imigrantes, Felipe contou com a ajuda da mãe e a boa me- mória da avó para reunir os documentos e informações necessárias para dar entrada ao processo de nacionalidade. Com a si- tuação regularizada e documentos como o cartão do cidadão e passaporte portu- guês, Felipe tem o mundo em suas mãos. “Os meus avós chegaram ao Brasil em 1959. Quando criança, a minha avó contava-me muito sobre a história de Portugal, como Dom Afonso Henriques, Inês de Castro e os Descobrimentos. Eram como contos de fada, porém, com princesas e cavaleiros reais. Ela sempre me dizia que Portugal é um país muito pequeno, mas de história muito grande. Isso me fez ter orgulho das minhas ori- gens lusitanas”, conta. Além de se aproximar da família, Felipe obteve o direito de ir e vir em pa- íses europeus e de fixar residência sem precisar pedir visto ou permissão do go- verno local. Países como Estados Unidos, Canadá, Austrália, México, Japão e Coreia do Sul também não exigem o visto para cidadãos europeus. A nacionalidade também pode ser um diferencial para a carreira do aluno de relações internacionais, já que como cidadão português ele tem acesso às di- versas bolsas de estudo dadas pela União Europeia. Os cursos de pós-graduação, mestrado e doutorado também têm um preço mais baixo para cidadãos europeus. Para quem não tem os documentos em ordem, o processo de cidadania pode ser complicado. A advogada Bianca Nunes trabalhava como consultora em uma ONG britânica, ajudando no processo de legalização de documentos para que estrangeiros pudessem trabalhar no Bra- sil. Em pouco tempo começou também a prestar consultoria jurídica para brasilei- ros que moravam no exterior. Assim nas- ceu a Legal Brasil, empresa especializada em questões de imigração, processos de cidadania e vistos de trabalho temporá- rios e permanentes, há mais de oito anos. “Na verdade foi a demanda dos clientes que me especializou. As pessoas querem a dupla cidadania pela possibili- dade de residir ou viajar sem obstáculos pelos 26 países da União Europeia, além é claro de resgatar laços familiares e cul- turais”, afirma. A advogada explica que todo des- cendente de imigrante tem o direito à dupla cidadania, através do processo de atribuição, sendo seus familiares vivos ou não. Assim que este descendente adquirir a cidadania de seus pais ou avós, este será considerado um cidadão daquele país, e consequentemente, seus filhos terão o mesmo direito. Dessa forma, um neto ou até um bisneto pode obter a cidadania. “O primeiro passo é descobrir se existe esse direito, realizando buscas ou através de documentos que possam com- provar a filiação. O tempo para completar esse processo vai de acordo com o país que se está solicitando a dupla cidadania. Vai depender também da documentação apresentada. Por exemplo, no caso da cidadania portuguesa e da espanhola, podem sair em até 6 meses, caso a do- cumentação esteja em ordem. Já no caso das cidadanias italianas, umas das mais solicitadas por brasileiros, o processo pode se estender por anos”, ressalta a especialista. n Sonho de estudar fora motiva busca pelo passado lPara realizar o sonho de estudar na Inglaterra e conhecer a Europa, o administrador Leandro Barral, 26 anos, investiu na nacionalidade portuguesa antes de planejar a viagem. Neto de por- tuguês, ele teve que fazer a cidadania da mãe antes de conquistar o direito. “Tive que encomendar a certidão de nascimento do meu avô pela internet, fazer todo o processo de cidadania da minha mãe para conseguir a minha. O processo demorou mais de um ano e demandou várias visitas ao consulado português. Mas quando consegui, valeu muito a pena”, conta. Leandro ficou quatro meses estu- dando e trabalhando em Londres. Apro- veitando que a libra é mais valorizada que o euro, usou as economias para “mochilar” por países como França, Espanha, Itália, Holanda e Escócia, além de conhecer sua nova terra natal: Portugal, sem problemas com o visto. “Outro benefício é que nunca me preocupei com coisas como seguro saú- de para viagens. Como cidadão portu- guês, tenho direito a ser atendido pelos serviços públicos de saúde de qualquer país da União. Ter o passaporte de um país europeu, às vezes, também é muito bem visto, como quando eu fui à Suíça, que é um país que não faz parte da União Europeia, entrei lá sem dificuldades”, enumera. Ele conta que a única desvantagem que enfrentou foi na hora de recuperar a taxa VAT (Value added tax), um impos- to sobre bens e serviços nos países da União Europeia. Viajantes conseguem a devolução de até 20% do valor das mercadorias, mas ele, como cidadão europeu, perdeu esse direito. Valéria Rodrigues Almada, da as- sessoria especializada em cidadanias portuguesa e italiana Barros & Alma- da, revela que nos últimos dez anos a procura pela dupla cidadania está aumentando. Ela atribui esse interesse à consolidação e fortalecimento da União Europeia. “Mesmo com a recente crise euro- peia, o interesse pela dupla cidadania continua alto. Geralmente são pessoas com grau de escolaridade superior e com uma bagagem cultural ampla, interessados em buscar oportunidades fora do país para si e para seus descen- dentes. Boa parte deles é constituída de netos de portugueses ou italianos, interessados em adquirir a nacionali- dade dos avós”, analisa. Juliana Girello de Barros, diretora administrativa da empresa, afirma que a grande parte dos brasileiros que desejam a dupla cidadania é de descen- dentes de portugueses e italianos. Ela explica que no caso da cidadania por- tuguesa, o prazo médio para atribuição, por cada geração é aproximadamente 6 meses, variando de acordo com o caso. Se o caso for de uma naturalização, o prazo viria de 8 a 12 meses. Já para a cidadania italiana, o prazo médio para o reconhecimento é de aproximadamente 2 a 8 meses. O valor é definido de acordo com as especificidades do caso, pois cada caso é único e o número de atos a serem realizados influencia bastante no valor final do processo. Em média, o investi- mento varia entre R$ 5 mil e R$ 25 mil, que podem ser parcelados. “O brasileiro com dupla cidadania portuguesa ou italiana é considerado cidadão destes países, podendo gozar de todas as garantias e benesses, da mesma forma que uma pessoa que tenha nascido no território português ou italiano. As leis destes países não fazem quaisquer distinções entre seus cidadãos, tenham eles nascido no país ou no estrangeiro”, finaliza. n Marcio Oliveira Histórias contadas pela avó fizeram Felipe Diniz, de 21 anos, procurar seus direitos

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FormaçãoCarreira de comissário de voocresce com previsão de aumento

Niterói, domingo, 29, e segunda-feira, 30/4/2012

ConCursoConcurso para TCE-RJ tem salários de R$ 6.322,21 a R$ 9.031,89. Página 3

VagasNo Estado, são mais de 4,4 mil vagas de emprego e 2,2 mil de estágio. Página 5

EmPrEsaInvestimento no setor de brinquedos educativos é um bom negócio. Página 6

EntrE os bEnEfícios da dupla cidadania Estão o dirEito dE ir E vir Em paísEs EuropEus E dE fixar rEsidência sEm prEcisar pEdir visto ou pErmissão do govErno local. a nacionalidadE

também podE sEr um difErEncial para a carrEira do aluno dE rElaçõEs intErnacionais

Lá, como cáPrisCa FontEs

Foi o sonho de conhecer suas raízes que motivou o estudante Felipe Diniz, de 21 anos, a bus-car sua cidadania portuguesa. Neto de imigrantes, Felipe

contou com a ajuda da mãe e a boa me-mória da avó para reunir os documentos e informações necessárias para dar entrada ao processo de nacionalidade. Com a si-tuação regularizada e documentos como o cartão do cidadão e passaporte portu-guês, Felipe tem o mundo em suas mãos.

“Os meus avós chegaram ao Brasil em 1959. Quando criança, a minha avó contava-me muito sobre a história de Portugal, como Dom Afonso Henriques, Inês de Castro e os Descobrimentos. Eram como contos de fada, porém, com princesas e cavaleiros reais. Ela sempre me dizia que Portugal é um país muito pequeno, mas de história muito grande. Isso me fez ter orgulho das minhas ori-gens lusitanas”, conta.

Além de se aproximar da família, Felipe obteve o direito de ir e vir em pa-íses europeus e de fixar residência sem precisar pedir visto ou permissão do go-verno local. Países como Estados Unidos, Canadá, Austrália, México, Japão e Coreia do Sul também não exigem o visto para cidadãos europeus.

A nacionalidade também pode ser um diferencial para a carreira do aluno

de relações internacionais, já que como cidadão português ele tem acesso às di-versas bolsas de estudo dadas pela União Europeia. Os cursos de pós-graduação, mestrado e doutorado também têm um preço mais baixo para cidadãos europeus.

Para quem não tem os documentos em ordem, o processo de cidadania pode ser complicado. A advogada Bianca Nunes

trabalhava como consultora em uma ONG britânica, ajudando no processo de legalização de documentos para que estrangeiros pudessem trabalhar no Bra-sil. Em pouco tempo começou também a prestar consultoria jurídica para brasilei-ros que moravam no exterior. Assim nas-ceu a Legal Brasil, empresa especializada em questões de imigração, processos de

cidadania e vistos de trabalho temporá-rios e permanentes, há mais de oito anos.

“Na verdade foi a demanda dos clientes que me especializou. As pessoas querem a dupla cidadania pela possibili-dade de residir ou viajar sem obstáculos pelos 26 países da União Europeia, além é claro de resgatar laços familiares e cul-turais”, afirma.

A advogada explica que todo des-cendente de imigrante tem o direito à dupla cidadania, através do processo de atribuição, sendo seus familiares vivos ou não. Assim que este descendente adquirir a cidadania de seus pais ou avós, este será considerado um cidadão daquele país, e consequentemente, seus filhos terão o mesmo direito. Dessa forma, um neto ou até um bisneto pode obter a cidadania.

“O primeiro passo é descobrir se existe esse direito, realizando buscas ou através de documentos que possam com-provar a filiação. O tempo para completar esse processo vai de acordo com o país que se está solicitando a dupla cidadania. Vai depender também da documentação apresentada. Por exemplo, no caso da cidadania portuguesa e da espanhola, podem sair em até 6 meses, caso a do-cumentação esteja em ordem. Já no caso das cidadanias italianas, umas das mais solicitadas por brasileiros, o processo pode se estender por anos”, ressalta a especialista. n

Sonho de estudar fora motiva busca pelo passadolPara realizar o sonho de estudar

na Inglaterra e conhecer a Europa, o administrador Leandro Barral, 26 anos, investiu na nacionalidade portuguesa antes de planejar a viagem. Neto de por-tuguês, ele teve que fazer a cidadania da mãe antes de conquistar o direito.

“Tive que encomendar a certidão de nascimento do meu avô pela internet, fazer todo o processo de cidadania da minha mãe para conseguir a minha. O processo demorou mais de um ano e demandou várias visitas ao consulado português. Mas quando consegui, valeu muito a pena”, conta.

Leandro ficou quatro meses estu-dando e trabalhando em Londres. Apro-veitando que a libra é mais valorizada que o euro, usou as economias para “mochilar” por países como França, Espanha, Itália, Holanda e Escócia, além de conhecer sua nova terra natal: Portugal, sem problemas com o visto.

“Outro benefício é que nunca me preocupei com coisas como seguro saú-de para viagens. Como cidadão portu-guês, tenho direito a ser atendido pelos serviços públicos de saúde de qualquer país da União. Ter o passaporte de um país europeu, às vezes, também é muito bem visto, como quando eu fui à Suíça, que é um país que não faz parte da União Europeia, entrei lá sem dificuldades”, enumera.

Ele conta que a única desvantagem que enfrentou foi na hora de recuperar a taxa VAT (Value added tax), um impos-to sobre bens e serviços nos países da União Europeia. Viajantes conseguem a devolução de até 20% do valor das mercadorias, mas ele, como cidadão europeu, perdeu esse direito.

sesporda,

a procura pela dupla cidadania está aumentando. Ela atribui esse interesse à consolidação e fortalecimento da União Europeia.

“Mesmo com a recente crise euro-peia, o interesse pela dupla cidadania continua alto. Geralmente são pessoas com grau de escolaridade superior e com uma bagagem cultural ampla, interessados em buscar oportunidades fora do país para si e para seus descen-dentes. Boa parte deles é constituída de netos de portugueses ou italianos, interessados em adquirir a nacionali-dade dos avós”, analisa.

Juliana Girello de Barros, diretora administrativa da empresa, afirma que a grande parte dos brasileiros que desejam a dupla cidadania é de descen-

meses, variando de acordo com o caso. Se o caso for de uma naturalização, o prazo viria de 8 a 12 meses. Já para a cidadania italiana, o prazo médio para o reconhecimento é de aproximadamente 2 a 8 meses.

O valor é definido de acordo com as especificidades do caso, pois cada caso é único e o número de atos a serem realizados influencia bastante no valor final do processo. Em média, o investi-mento varia entre R$ 5 mil e R$ 25 mil, que podem ser parcelados.

“O brasileiro com dupla cidadania portuguesa ou italiana é considerado cidadão destes países, podendo gozar de todas as garantias e benesses, da mesma forma que uma pessoa que tenha nascido no território português

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Marcio Oliveira

Histórias contadas pela avó fizeram Felipe Diniz, de 21 anos, procurar seus direitos

Valéria Rodrigues Almada, da as-soria especializada em cidadanias

dentes de portugueses e italianos. Ela explica que no caso da cidadania por-

ou italiano. As leis destes países nfazem quaisquer distinções entre se

tuguesa e italiana Barros & Alma- revela que nos últimos dez anos

tuguesa, o prazo médio para atribuição, por cada geração é aproximadamente 6

cidadãos, tenham eles nascido no país ou no estrangeiro”, finaliza. n

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