kornis_mônica almeida - história e cinema um debate metodológico

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" STORIA ECINEMA: um debate metodolgco* 1.Introduo o possvel ignorar o impactocausdoplacriaoedifuodocinemaeoutromeiodecomurucaode U nsoieadedosclo X.Como objeto industrial, esencialmente, reprouzveledestinadosU s,ocinemarevolucionouosistemadaare, daproduo difuso.Entre amudanas oorridas n sociedade ns primeirasdcadasdeste sculo,ohistoriadoringlsEricHobsbawn inclui osurgmento das ares de U em detrimentodasartedeelite,edestaco cinema,queiriainfluirdecisivamenten "maneircomo as pesoas prcebem e estrturm omundo"" O historiador fnc Ma Ferro advertecontudoparodesprezodaspesoas cultivadasdoinciodosculopelo"cinemat6grafo".O filmeeraconsiderdo "cmoumespciedeatrodefeira",de cuja imgen no se recnhecia nem mesmooautor.Segundoele,"aimagemno Mnica AlmeidaKoris poeriaserumacompanhiaparaCgrandes peronagens que contituem a Sociedadedo historiador:a rigos deleis, Itadosdecomrio,dcc\ameslninisteriais,ordenopercionais,disurosu Lembrandoquevriasdcadassepassrame que hoje toos vo ao cinema, Fro alera prm para a deconfan que ainda pairavanoinciodadcdade1970: "de querealidade o cinema verdadeiramente a imagem?,2 A questocentralque5 coloaparao historiadorquequertrabalhrcomaimagemcinematogrfcadizrspeitoexatmenteaeste pnto:oquea imgemrflete? elaa expreso da ralidade ou uma representao? qual o gau psvel de mrupulaodaimagem?Porora,esssprguntas j nos so teis parindicr aparicularidade eacmplexidade desseobjeto, que hoje comam aser rnhecidas. Demneiragerl,odoumentovisuaissoutilizdodeformamarinle secndria plo estudo hist6rico.Pierre Sorlin,historiadorfc,observavaem Pprimeiraverso dete texto foi lida pelo pro e Ul Xavia e Joo LsViera, que Igadeo ai aftc e .ugCtI. EtwmHmk Rio dJancirvol. ,n.10, 1992, p.27-20. 28ElS mTRC -1910 medosdadcdade1970quenmaior pare do trabalhos de histria a iconogafia torra-s umanexo da bibliografia,o queolevavaareclamar: ''Nenbumhistoriador cita umtexto sem situ-lo ou comen\-lo:emcontraparida,algunescl&iimento purmnte factuais so gerabnente sufcientes para a ilutrao.'. Poemo ir m longe e pruntar: a imgem Wsariamnte um ilustro? Nocbria nos limites deste trabalho discutir de mneira mis ampla e prfunda a questo da linguagem visual e da imagem e SlSvrias manifestae em diferente momntohistricoscomoformadeexpresso ecomurucao. Asmiologia trouxe uma cntribuio fundamental ao estudo destema, que s muito reentemente comeoua deprr aateno doshistoriadores brsileiros.4 D toa forma, o que imprante rgistrr que hoje se admite que a imagemno ilustra nem rproduz a realidade, ela a ronstri a parir de uma linguagemprpriaqueprouzdanum dado contexto histric. Isto querdizerque autilizodaimgempelohistoriador pressupumasriedeindagasque vo muito alm do rnbecimento do g/Of dos docmento visuais. O historiador dever pasar pr um pO o de educodoolhar que lhe psibilite "ler" as Imgen. Por outr lado, o debate que teve lugr no cmp de reflexo da histria ao longo ddcadasde196e1970detacoua imprnia da diverifico dfontes a seremutilizdasnapsquisahistrica.O movimnto de rnovao da historiogra fa fraW denomindo "Nova Histria" tevecomoumadesuasmaisimporantes caractersticas a identifico de novos objetoenovosmtoos,contrbuindopar umaampliaoquantitativaequalitativa dosdomniojtrdicionisdahistria. FoinombitodaNovaHistriaquea histria das mentalidades ganbou um impulso maior-apesar de j enunciada desde a co/ d A J -enriqueceodo oetudo e a explicao d sociedade atravs das rpreentas feitas pelos bomen em determindomomntohistrics.s Foi C memacncpoqueimpulsionou um camp ainda m vasto de refexo, o da histria do imagnrio. ANova Histra ampliou tambmocontedo do termo doumnt -"h que tomr a palavr 'doumento' no sntido mis amplo, doumento erito, ilutrado, trmitidoplosm,aimagemoudequlquer outramaneira', - e sobrtudodetacoua W idade da crtic do doumento. Para LGf,"odomentonoqualquer coisa que fic pr rnta dopasdo, um pruto da soieade que o fabrru sgundo asrela defors que a detinham o per. S a anlise do doumento enqunto doumento prite memria rletiva rcupr-lo e ao historador us-lo cientificmente, isto , cm pleno rnbcimento de cua".inspirdonnoodedocmento/monumentodeMicbelFoucault,L Goff afmua: "O domnto monumento. Reult do esforo das siedades histricpara imporaofturo- voluntraou involuntaramente - determinadaimagem desiprprias.Nolimite,noexisteum doumentoverdade.Toodomento mentir.Cabaohistoriadornofa:ro papl de ingnuo ( ... ) prcisocmerpr demntrr, demolir eta montagem(ado monumento), detrtur eta rntruo eanlisarascondide }ruodo doumnto-monumnto." Foisobrtudonodominiodahistria dasmentalidades,comomotrMichel \velle, que a iconografia aparcu rmo fonte privilegiada.8 Por outro lado,os etudos do imaginrio passram a destacar a imporncia de se dar um novo trtmento aodoumento literrioe artico,ngandoa idiadequeetesfosem mero reflexos de um pa.9 Em puca palavra, todo es e movimnto rnovador rlativiwu o domruo quas sberano da fonte ITRl E L 239 escritaepropsotrtamentodosdocmentosem funodasrflexsepcfcasquelhe erm dirigidas. Embrnodesenvolvaumreflexo mais profna sobre a rlao entr histra e cinem, Vvelle menciona que o fIlme pdesrcnideradoumdoumentohistrco, e sada a aproximao do historiadorcmasemiologiaeapicanlise, comoformadeamparsucampodeinvestigaoeroederaumarnovao metodolgica.Nese cntexto de abruradahistriaparnovo campo,oflme adquiriu defato o etatuto defonteprciosapara acompre no do comporiamentos,dasvisedemundo,dos valors,das identidades e das idelogias deuma sociedadeoudeummomentohistric.O vriostipderegstrfmico- fico, docmentrio,cinejorleatualidades -vistos cr meio de reprsentao da histra,refletem cntudo de formparicular sobreesestems.Istosigcqueoflmepodetomr-sumdoumentopara pesquis histrica,n medidaem que articulaaocntextohistricesoialqueo produziu um conjunto de elementos intrnseco prpria exprs o comtogfica. El definio o pntodeparidaque pnnitertirroflmedo terrnodasevidncia:elepassaservitocomoum contruo que, como ll, alter a rlidade atrvs de uma ariculao entr a imagem, a palavr, o som e o movimento. Os vrios elementodaconfecodeumflme -a montagem,oenquadramento,osmovimentos decmer, ailuminao,a utilizo ou no da cr-so elementos esttics que formam a nguagem cinmtogfica, conferindo-lheumsignificdoepecfico quetrnsforaeinterpretaaquiloquefoi rcoradodoral. No Brsil,ralizrm-s doisencntros voltado para a discllso do cinem cmo fonteparahistria.Oprimeir,patrindo pela Embrf, Fundao CinemaU Brsileir de So Paulo e Cinematec doMuseudeAMnerdoRiode Janeiro,acontecuem1979edetcou sobretudo a imprncia da doumntao quepesrobtidaatravsdoflmes. Prournoavan um pucomisalm des contatao,PauloSrgioPinhiro afirva: "Tratar da fonte cinematogrfic outrcisa:ditar esacnepo deilutrodocinemaemterosdereflexo histric."n Em1983, sob a orgao daC de Rui Barbs e da Cinematec do M"u de ArteModer,razou-seumam-rdondaintitulada"Cinemacorfontede Histria.Histra como fonte de Cinema", na qual s ditiu cr anlisar um flme dopntodevistadahistria.t2 Recnbecia-se a Widade de um diversificao dasfonte, e paricularmente a imporncia dafonteicnogficparaoestudoda histria.Ohistoriadorespresentes,entr os quais Jos Murilo de Caralh, Frnisc Iglsias e RosMaria Ba de Arajo,dirigiramsusinterens,em gerais,parao seguintesapcto:a viso demundoqueoprodutoreordor imprimemao flme, a produo ea tecnologadofilme,aautenticidadeounodo ftimehistric,acpacidadedofilmede motraralmdoqueoprpriocineasta defmcrobjetivoedeumfragent rvelaralgoqueecapamengemcentraI.Em comunicao inpirada sobrtudo notrabalhosdeMarFerro,JosLuiz Werek da Silva no s6 reforou a importncia do flme cmo fonteparo trabalho do historiador, ms tambm indicu algun aspctoquedevemsrconideradopr aquelequequerlidarcomesetipde fonte: preis recnhecer que existe uma manipulaoideolgicaprviadasimagens,assimcomouma ariculaodalinguagemcinematogficcomaprouo dofilmeecom ocntextodesuarealizo. Ocinestsecrticodecinema lambmtruxermquestimprtantes ao debate. O csta Svio Tendler adver-24F1HTRC -1wItiuque nocmpoda histria no s trabalhvacomaimagemecmocinem, enquantodesdeoinciodosculoocineastas prbrm o valor doumental do cinema,asimcrapsibilidadeda histriasertemaparafco.Ocrtico Iean-ClaudeBerdetdetcuaimprtncia da anl do flme enquanto linguagm, do papel do cinm enquantoagente soialedascondis intereexter deproduodo filme. No buve cntdo entr n um esfor de sistemati7o desas idias, e sbretudo um debate prpriamente mtodolgco sobre as quests que envolvem a rlao ent cinema e histria. S mis rntementecomeuasurgrumeforo conjuntodehistoriadorseprofissionis da ra de cmunico -espcifcmente aquelevoltadosparaocampodateoria cinematogrfc -no sentido de inntivar adiso sobrotemaviaprjetode teede metrdoedoutorado. Na tenttiva de intrnzjralgun pontos para ampliaodesdebate,iremo rcontituir aqui cmo foi pCibido historicmnteo valordoumentldocinmae levantralgumsquetteric-mtodolgicasquelanemalgumluzsobra rlaoentr cinema ehistria.Nos o esfor, assim, sr o d sistemti= as diferntecnp eabrdagendotem, semapretenodeesgotarumaampla disns o que avansobretdo entre terics erali7dores decinema. 2.Ofilmecomoregistroda realidade Oprimiro trbalbo de que setem notciarelativoaovalordofilmecomodomentohistricodatde1898,foiescrito plo cmer polons Bolelas Matuszwskieseintitula"Unenouvellesourcde l'histoir:crationd'uo dptdecinema-togphiehistorique".14Integrnteda equipdoinventorsdocinem,oIrmoLuner,Matuzwskidefendiao valor da imagem cinmtogfica, queera pr ele entendida crtestemunh oular verdiceinfalvel,cpazdecontrolara trdioorl.Parele,"ocinmatgfo no dtalvez a histriaintegal, mas plo meno que eleforeinontetvel e deumverdadeaboluta".ISSustentando oarumentodequea fotogafia ada er autntic, exata e prcisa, Matuzwski pretendia criar um "depitdecinematogrfia histric"asrorgni7doaparir da sleo dos evento imprtantes da vida pblic e nacionl cniderados deinteresehistric.Ele julgva queoeventofmado er mi verdadeiro que a fotografia, na meida em queesta ltim adntiaretoue. Dve-s oberar contudo que Matuzwskiatibua esevalor aofmedocumentroque,alis,era produodominanten p. Dd mais tarde, ainda no temp do cinm mudo,odebateentreoscinestas O DzigaVrtoveSergueiEisentein trriacontribui imporantespara uma deflodanture7daimagemcinematogfic,situando-s numplo opoto ao do prinpio deautnticidade do registr de Matuszwski. Ambs entendiam que o fmeumacntro.ParEisentein,"a montgem o princpio vital que d sigifcado aoplanopur", 16 ou seja, o filme seriacriadoaparirdesuamontagem,e nopoeriaentoser vistocomoumareprouo fiel da ralidade. Sria alinguagemcadapelamontagem que,sgundo ele,nolevariaaumverdadeiraanlise dofuncionmntodasociedade.Embr comparisda idia de queo flme no a cpiafiel da realidade e sim um contro feitapr surealizdor, Dzjga Vertov sadntianocinemadoumentrioa capacidadedeexprsrarlidade:a montagem s utili7va d imgen captda pla cmer sobre umadada rlidade. HITRI E l 241 Jno ano70 MarcFerr iriarfer a C polmicpararforrsu aJmentaodequetntoocinemadoumntrio comodeficodevemsr objetode Ua cltural e soial, refutando a idia d que o prir gner sria misobjetivo e rtratariafielmentearelidade.17Poror, inters -nsmentergstrrodebte acr d nturz da imagm cnemtogfc ente doi imprante nm do cinma empnhdonosem(rcinemUtambmem rfetir sobrsua exprinca. Nadcadade1920, surgiramindcios dequealgurShistoriadorespassvama reconhecer o cinema como fonte de conhecimentohistrico.Prvadissofoiointerese plo film como doumento histrico demortrado por umgrupode historiadores que compareeu aos encontros do Congs IntercionaldasCinciasHistriC realizdosentreosanode1926e 1934. Sua ateno cncentrava-s cntudo W buscdecondiesparaprservao deflmenoaruivoqueviriamasr criados.psvelafrarquesuaconcepodovalordoflmeeraamesmade Matuszewski, isto , o filme era visto como registrdarealjdade.Es aJmento reforadoplaobsraodohistorador inglAnthonyA1dgate,dequeaquele historiadors estavamvoltadoexclusivamente para o flme de atulidade -mis tarde denominado cinejoris -e no davamatenoaos filmedefico,aodocumentrios ou a qualquer tipo de rcorStituio histric feit plo cinem. Adgatedemonstracmoprevaleciaanoode que o mteral existente no flme de atualidadesestavalivrdainflunciapsoal de seu relizdors.18 KartenFedeliuCrStataaindaque, apsardomovimentodevalorizoda histria soial e dasmentlidade iniciado emmeadodadcdade1920,foium jorlista, SiegfriedKrcuer,quemtrouxealgunnovoelementosparaadiscussodarlaocinemaehistria.19Em 1947,KrcaneresreviaDeCaligaria Hitler (publicadonoBrasilem198pr Jorge 7har), cja tese central era a de que ocinema expresionista alemo rfletia o arSeiodasciedadealemdadcdade 1920prenunciandoaascensodonzismo. Kracauer cnsiderava que os filmes de ficorefletiam de formimediata mentalidadedeuma no,etableendoasimumarelaodiretaentreofilmeeo meioque opruz Segundo Sorlin,oimpactodo trabalho de Kracuer pde sermedidoplofatode queasoiologiadocinemacontinuaa establecer relae de homologia entre o filme e o meio que lhes d origem. Prevalecria ento a idia de que os cineastas no cpiam a realidade mas, aotrarSp-la para o filme, revelam seusmecanismos20 Identifcadocomumconceporealistado cinem, KIacauer acreditava ainda que etedistinguia-sdasarestradicionaispor serfiel realidadedeumapo:comoa fotografia era sua mtria-prima, o cinema eraonico intrmenlocapazde regstrar aralidade semdeform-la. Emoutrotbalho,Kracauerrelacionavaatarefado historiadordofotgfo,crSiderndo queambdeviamexaminrmeticulosmenteosdetalheseofatoobjetivo. A imaginodohistoriador,asimcomoa dofotgrafo,deviaser"daparserir aofato.21Esidentidade entr mentalidadeeralidade/filme viriaasrquestionada maistarde sbrtudopr Sorlin,que iria rlativizrtanto a verde trzida pla fotogrfiaquantoumarlaoharnica entre filme epblico. Aolongo da dcada de 1950, sobrtudo naInglaterenAlemnha,umnmero maior de historadore ps u a recnhecer no filmes um valor histrico. O ingls Sir ArhurEltondeclarouaimprtnciado estudo do filme de fico e do doumentrio,nivelando-oaoestudodoshieroglifosedoperam.22Entretanto,sguno Fledeliu, o arigo dChistoria-242ESroS mTRC-199210 dor voltavam-se sobrtudo pam o que s deverafazerenoparcmofaz-lo, apsar da oberao do alemo Frit Thrveennosntidodequeoflmessra aceito como doumnto histrico na mdidaemquef0edesenvolvidaum mtodologia baseada no princpio da trdicional crtica fontehistrics23 Em rum,o reonhentodo valor doumntal do cinema se ateve ao longo de t es tmp l identifco da imagem prelepruzdacmaverdadeobtida plo regsbo da cra. Prvaleeu prnto o prpio defnido pr Matuszwski ao [ml do sulo X. Na ralidade, a disso sbre a linguagem cinemtogfc eteve rtrit ao proutor de imagen -o csts- eaotericdocinema.Foi somentapartirdemedodadcadade 19 queadiss opropriamentemtodolgcsbrearelaocinema-histria ps uaexistir, tendocomopnto cntrl aquetodanturzdaimagemcinematogfc. Par Sr o impacto pruzido placriaoedifsodateleviso,que colouas imagennoepaodomstic, fezcomqueocientitas siaisnomis pudesmigorromundodaclnera.24 Por oubo lado, o prprios c quea teoria do cinem ps va a tr, sbretudocmadifiodasmiologa,implic-W a adoo de novo prinpio no cmp das refexs sobr a imagem, com rfexo emoutrdomniodoconheimento,incluiveahistria. Obere-s contudo que asnovasabrdagennesaraplr-Wcmepco,eis que UH exarunra seguIr. 3.A buscade ummtodode trabalho O rnnto do cnm como um nvoobjeto da anlis histrica e sobretudo o esfor d examinrris atentamente asquestsinerntesutilizododocumentoscinemtogfcos ineriu-se, como vimo,nocmpo deprupaes da NovaHistriafC.Em196,Mar Fer publicou n revista Annale um artigointitulado"Soilduxsicleet histoir cinmatogaphique" no qual, referindo-sao culto excs ivo do doumento esct,quejulgva ter levadoo historiadoresautilizremtcnicsdepsquisa vlidas par o slo psdo, alerava que, paraapccntemporlnea,etvaml dispiodocmnto de um novo tip e com um nova linguagem que trazam ur nova dimeno aoconhcmento do passdo.2Por oubo lado, fora da Frn, Niels Skyum-Nielsen elaborou em 196 um tbalho publicado em dinmaru em 1972 que, segundo Aedeliu, foi o primir livr voltado par a crtica da fonte audiovisual. Era uma obmqueseenquadrava na procupasdeTereenndadad195 acer daW idade de umtrabalho metnolgicosbrotema.26Duranteadcada de1970 aumntouapruohistoriog fic sobre a relao cinme histra ehouveumesformisevidente .ara trtrocinema na suacomplexidade. A divers abrdagenque seroaqui examinadaspsuemalgunaspctosem comum, muito embm o trtamento pteriordemontrclarmntesuspariclardades. Umprimir aspco o rnhcimentodeque,tratadocomodoumento histrco,ofilmerequeraformulaode novastcnicasde anlisquedem conta deum cnjunto de elemento que se interpmentracmereoeventofilmado. Acirntnias deprduo,exibioe rpoenvolveramtoaumgmade variveisimprantquedeveriamser cnidemdanumanlisedoflme.Na baedestpotur,evidentemente,esta W aoprinpiodequeaimagem rfexo imediato do ral, e que prtanto ela tmduz verdadedosrato.Umsgundo aspo cmum o rconhecimento de que ITRI E L 23 tooflmumobjtodeanliseparo historiador. Com iso, no s os cinejomis e doumentrios, mas tambm o nImcs de fico,s tomm objeto deanlise histrica,emltimintnciapelofatodenenhumgnrfmicenerraverade, no impr que tip deopro cinematogfcl deu origem. AWl do historiador e realizdor de dOntrio Mr Ferro cmo primeiro autorasranalisado nofortuita. Aprmeirarferniaaodebatesobrecinema cmofonteparaahistraachegrao Bmil foi seuarigo"O film, umacntraanlisda soiedade?"publicado na coleteHitr: MW5objeos, cuja primeiWeio de1976. Na dada de1980, o prprioFerrfezpalestrsaqui.Seusescritoespalhm-se pr livre arigospublicdo em revistas e cletnea, sm que exista um trbalho mais sistemtizdo em tom desl cntribui. Esfato no impdequesextraiaas linhsprnipais desus rfexs. O primeiro pnl a detcr o eforo de Fer p demnstrr que o f.lm contituium docmntoparaanlis d sciedade, muito embr no Ca p!r"do univeromentaldohitoriador".28Fer apntumsriedeelementoquecmprvamaimporniadoW docinem como docmnto histric e iniste n particuaridadedotrbalhcmesetipde fonte. Prvilega tmbm o Wdo fade fconaaihistricpr julgarvantjo 8 psibilidade anltiOsque essegnr tz cnigo,comoreascrtics, ddo sbrfreqncia aocinemas eum variedadedeinforassbras cnideprouo,nemsmprdispnveisem rlaoaoscinjomaiseaos docmntro.2Evoando oimaginrio, prsentepareleemqualquergnerfimic,cmoumdCorsdirigentesda atividade humn, prur demontrrcmo atrvs daforaqueo mmatun terenodaimaginoeseestableca rlao entre autor/tem/epcador. Nes e sentido,"oimaginriotntohitria quantoHistria,masocinma,espeialmenteo cnmdefco,abrumexcelentecaminhemdireoaocmpda histrapicslnunatingdopla anlise dodoumentos".3 EsasobserasdeFerrmotramnosuaidentidadecomonvoscmpo deinvestigaoprivilegiadopelaNova Histria,oda histria dmentalidadese odahistriadoimaginrio.Embrasu nOlleno sejaimediatamente as adoa Cgupo -plo menos no existe nenhumaevidncia forl nese sentido -Ferr demontraaimprtnciadomcm fonte reveladora d crenas, das intens edo imgriodo homem.Foiaindasguindo ess trilh que, numa de sua expriniascmorealizdordecinem,um srie denominda "Un histoir de ia mdicine",Ferodeixouclarqueoqueo mme motva er uma deterda viso daquela cincia. Umoutroaspctoimportanteemseu trabalhos a afno de que o mme um agentedahistria,enosumprouto. FerdemnstrcmoonIm,atv de umrprsentao, pem serir doutrinaoeouglorificao?t Aomm temp,obsrvaquedese o mmnto em queodirigentesplticocomprenderama funo que o cinm peria exe,er, eletentaramseaprpriardomeio,clocno- a su seri. A primeir tentativa teriam sido o numroo m de propagandaprouzdosaolongodaPir Guer Mundial. Foram cntudo o svi- ticoe psteriorente osnzstas que, sgundoele, cnferirm aocnmumesttuto prvilegado de intrmento de prpagandae de foro deumcultur parlei?2Fer rslt que o cinma pe sr tmbmum agntedeconientizao,o quesra mis tilOsedade de rgme pltico misfechado?3 24 EITRC - 199210 Para Ferro,a contribuio mior da anlisedoflmeninvetigaohistrica posibilidade de o historiador bur o que existede no-visvel,umvez queofilme excdesuprpriocntedo. AoconideOC elemento cmo uma das particularidadedof,Ferroreafrasuprsuptode queaimgemcinemtogrfca vai alm da ilutrao, que ela no somentecoolrmaoounegaodainformao dodoumentoesrito.OfmeparaFer fala de uma outra histria: o que ele chama decntra-histra, quetorpsvel uma contra-anlise dasoiedade. Parele, o fmerevelaasp darealidadequeultrapasmoobjetivodorealizdor,almde, por trsdasimagen, estar exprsa ideologia deumasoiedade. Ferrodefendeassim que,atravdoflme,chega-seaocrter demacrador de umarealidade polticesoial.Cmoexemplo,eleanalisao filmesoviticoTchapae (1934),tentando demontrar como se cntra naquelecso umaideologa stanista.34 Nabuscadono-visveldeumfil me propostaporFerr,queintrumentoso historiador deveusarparaproeder anlisehistric?Considerndoqueporsua prpria naturez aimagem cinmatogfca d um novo tip de informao,distinta dodoumentoecrito, Ferropropeum abordagemdofmecmoumaimagemobjeto, comoum proutocujasigificesnososomentecinematogrfcas35 Recusando-se a tratar o flme e sua relao comasciedadeeahistriacomoum obradeare,Ferrotambmseafastade uma anlis semiolgica, esttic ou ligada histriadocinema.Seuobjetivoexaminr arelao do flime coma sociedade que o prouzconSome,ariculando entre si ralizo, audincia, finnciamentoe aodoEstado,36 isto,variveisno-