karini martins - a internacionalização da petrobrás ... conseguiu vencer vários desafios...
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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BELO HORIZONTE (UNI-BH)
KARINI CARVALHO MARTINS
A INTERNACIONALIZAÇÃO DA PETROBRÁS:
Perspectivas na produção petrolífera
BELO HORIZONTE
2008
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KARINI CARVALHO MARTINS
A INTERNACIONALIZAÇÃO DA PETROBRÁS:
Perspectivas na produção petrolífera
Monografia apresentada ao Centro Universitário de Belo Horizonte como requisito parcial à aprovação na disciplina Monografia II. Orientador: Professor Clégis Romeiro Dolabelo.
Belo Horizonte 2008
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KARINI CARVALHO MARTINS
A INTERNACIONALIZAÇÃO DA PETROBRÁS:
Perspectivas na produção petrolífera
Monografia apresentada ao Centro Universitário de Belo Horizonte como requisito parcial à obtenção do título de bacharel em Relações Internacionais
Monografia aprovada em:
Banca examinadora:
________________________________________________________________________________ Prof. Cláudio José Faleiros, Uni-BH
__________________________________________________________________________
Profª. Sandra Elizabeth de Leão Rodrigues Diniz, Uni-BH
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Dedico esse trabalho aos meus pais que tanto me ajudaram e me deram força para que eu pudesse enfrentar mais uma etapa da minha vida. Obrigada por tudo o que fizeram por mim, pela confiança, carinho, paciência e amor.
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Agradeço a Deus por estar presente e me ajudar em todos os meus momentos. Aos meus pais por terem sempre acreditado em mim e me ajudado em todos os momentos que precisei. Obrigada por esta conquista porque sem vocês nada disso estaria acontecendo na minha vida. Agradeço a minha família pela união de todos e pela amizade e carinho que tiveram por mim. Aos meus amigos por terem paciência e compreensão. Ao meu amigo, companheiro e namorado Guilherme por ter me ajudado tantas e tantas vezes, por ter me dado carinho, sorrisos e me repreendido quando foi necessário. Agradeço ao meu orientador Clégis por ter me ajudado e conduzido na produção desta monografia. Obrigada a todos.
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“A Felicidade às vezes é uma bênção, mas geralmente é uma conquista.”
(Paulo Coelho)
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RESUMO
Nos últimos anos tem havido um aumento constante do processo de internacionalização das empresas brasileiras, isso se deve principalmente a globalização que faz com que as empresas busquem não somente novos mercados mas um meio para sobreviverem neste cenário cada vez mais competitivo. Neste contexto, a Petrobrás se destaca como a maior multinacional brasileira atuando em 27 países, estando classificada como a 7ª maior empresa do mundo no ramo do petróleo em 2007. Esta monografia analisa a empresa Petrobrás, apresentando seu histórico de evolução e internacionalização até os dias atuais com a produção de combustíveis renováveis, os biocombustíveis. Defende-se neste trabalho que os combustíveis derivados do petróleo serem um meio de expansão da empresa, uma vez que a empresa possui todas as ferramentas necessárias para isso. Assim, observa-se que tal crescimento da companhia no mercado exterior, via processo de internacionalização, tem forte tendência de crescimento intensificado nos próximos anos.
Palavras Chave: Petrobrás, Internacionalização de empresas, Produção petrolífera e
Biocombustíveis.
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ABSTRACT
In recent years there has been a steady increase in the process of internationalization of Brazilian companies, this is mainly due to globalization which forces companies to seek not only new markets but also a means to survive in this increasingly competitive scenario. In this context, Petrobrás stands out as the biggest Brazilian multinational, operating in 27 countries. This company was ranked as the 7th largest company in the world oil industry in 2007. This paper reviews the company Petrobrás, presenting its history of development and its internationalization until the present day, including the production of renewable fuels, known as bio-fuels. This article therefore supports the idea that fuels derived from oil are the way to expand the company since the company has all the tools necessary to do so. Thus, it appears that this company's growth in overseas market via the process of internationalization has a strong tendency to intensify the company’s growth rate over the next few years.
Key Words: Petrobras, Internationalization of companies, Oil production and biofuels.
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Profundidade da Camada Pré-Sal........................................................................ 44 Gráfico 1: Relação entre Produção de petróleo da Petrobras nas décadas.......................... 45
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LISTA DE TABELAS
Tabela I - Grupos e derivados do petróleo............................................................................ 40
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................................. 12
2 GLOBALIZAÇÃO, INTERNACIONALIZAÇÃO E COMBUSTÍVEIS........ 15
2.1 A Globalização e seus impactos..................................................................... 15 2.2 O que é internacionalização de empresas...................................................... 18 2.2.1 Estratégias de entrada no mercado externo................................................. 20 2.3 A importância da internacionalização nos países de origem.......................... 22 2.4 O poder do petróleo........................................................................................ 24 2.5 Os biocombustíveis........................................................................................ 29
3 A PETROBRÁS E A INTERNACIONALIZAÇÃO......................................... 32 3.1 Antecedentes e evolução da empresa............................................................. 32 3.2 Papel e contribuição da empresa para o Brasil............................................... 36 3.3 Áreas de atuação............................................................................................. 38
3.3.1 Os derivados do Petróleo............................................................................. 40 3.4 O Processo de internacionalização da empresa.............................................. 40
4 POSSIBILIDADES ALTERNATIVAS DE EXPANSÃO INTERNACIONAL 46
4.1 A atuação da Petrobrás na produção de biocombustíveis................................ 46 4.1.1 Álcool combustível....................................................................................... 47 4.1.2 Biodiesel....................................................................................................... 48 4.2 Perspectivas internacionais para a produção de biocombustíveis................... 50
CONCLUSÃO ..................................................................................................... 53
REFERÊNCIAS.................................................................................................... 54
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1. INTRODUÇÃO
A Petrobrás é uma companhia do Estado brasileiro que tem uma estrutura de grande
porte, tendo um grande domínio tecnológico, alto padrão operacional e de gestão. A
companhia conseguiu vencer vários desafios impostos pelo mercado mundial e assim
conseguiu se internacionalizar se expandindo para quase todos os continentes do mundo
(PETROBRÁS, 2008).
O presente trabalho se ocupará da descrição e explicação do processo de
internacionalização da Petrobrás. Visto que é uma das empresas brasileiras mais atuantes no
exterior, a Petrobrás possui ainda um potencial de crescimento significativo no mercado
externo e, conseqüentemente, sua marca se dissemina com força cada vez maior pelo mercado
internacional de combustíveis (PETROBRÁS, 2008).
O objetivo dessa monografia é apresentar a companhia Petróleo Brasileiro S/A -
PETROBRÁS, mostrando a inserção da empresa no exterior durante seu processo de
internacionalização, bem como sua posição na economia internacional e os lugares para os
quais ela se expandiu. Por fim, será analisada uma possibilidade alternativa de projeção futura
da Petrobrás no que se refere ao crescimento externo através da exportação de
biocombustíveis.
A Petrobrás é uma companhia integrada que atua na exploração, produção, refino,
comercialização e transporte de petróleo e seus derivados no Brasil e no mundo. A companhia
possui mais de 100 plataformas de produção, dezesseis refinarias, trinta mil quilômetros em
dutos e mais de seis mil postos de combustíveis. Ela atua com quatro áreas de negócios. São
elas: a área de exploração e produção; a área de abastecimento; a área de gás e energia e por
último a área Internacional (PETROBRAS, 2008).
A Companhia está inserida em diversas atividades no exterior e mantém uma
consistente atividade internacional, que envolve, compra e venda de petróleo, tecnologias,
equipamentos, materiais e serviços, acompanhamento do desenvolvimento da economia
americana e européia, operação financeira com bancos e bolsa de valores, recrutamento de
pessoal especializado, afretamento de navios, apoio em eventos internacionais, entre outros
(PETROBRÁS, 2008).
O surgimento da Companhia se deve à descoberta de petróleo na Bahia onde foram
iniciadas perfurações para a exploração em pequena escala, porém em 3 de outubro de 1953,
devido a uma grande e intensa campanha popular, o presidente que na época era Getúlio
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Vargas assinou uma lei na qual instituía o monopólio estatal da exploração, produção, refino e
transporte do petróleo e seus derivados, assim foi criada a Petrobrás, com o propósito de atuar
no setor petrolífero no Brasil.
A Petróleo Brasileiro S/A - PETROBRÁS começou suas atividades com o estoque
recebido do ancestral Conselho Nacional do Petróleo (CNP), que assim se manteve como um
setor com função de fiscalizar. A partir daí a companhia só cresceu. No período de 1954 a
1997, toda exploração e produção de petróleo, gás e derivados, dentro do Estado brasileiro
eram de monopólio da Petrobrás, que neste período se tornou a maior companhia em
comercialização de derivados do país. O ano de 1997 marca a história da empresa porque esta
perde seu monopólio e passa a ter que competir com outras empresas no âmbito nacional,
passando então a atuar no mercado internacional junto com grandes empresas do ramo
(PETROBRAS, 2008).
Em 1997, o Brasil conseguiu entrar no grupo dos 16 países que tem produção acima de
1 milhão de barris de óleo diariamente, isso foi resultado de grandes investimentos
tecnológicos que tornaram a empresa campeã em extração de petróleo em águas profundas.
Em 2003, a Petrobrás conseguiu dobrar sua produção diária de óleo e gás natural, passando
para 2 milhões de barris no Brasil e no exterior. Em 2006, com o Presidente Lula, o Brasil
atingiu a auto-suficiência em petróleo. Em 2007, a companhia foi classificada como a 7ª
maior empresa do mundo no ramo do petróleo. Hoje a Petrobrás está presente em 27 países e
é reconhecida como uma das companhias de petróleo mais sustentável do mundo
(PETROBRAS, 2008).
Um grande número de publicações a respeito do tema foram feitas nos últimos anos,
isso é resultado: do crescimento acentuado da empresa nas últimas décadas; investimentos em
combustíveis renováveis; crescente participação da empresa no PIB brasileiro que fizeram
com que o processo de internacionalização da Companhia e a conquista da auto-suficiência
brasileira em petróleo fosse alcançada (PETROBRAS, 2008).
Tendo em vista que a empresa promoveu a auto-suficiência brasileira em petróleo, é
uma das maiores no ramo, pergunta-se se a Petrobras ainda possui capacidade de se expandir
no setor petrolífero.
A hipótese adotada nesse trabalho é a de que a empresa possui um potencial expansivo
importante, pois foram feitas novas descobertas de grandes reservatórios de petróleo leve e de
gás natural na camada chamada Pré-sal. Há também a possibilidade de crescimento da
Petrobrás devido a alta estrutura tecnológica que a empresa possui no que diz respeito a
perfuração de águas profundas.
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Esse trabalho se justifica pelo fato de ser um tema atual e por tratar de uma grande
empresa em nível doméstico e internacional que tem grande impacto na economia e política
brasileiras. Além do mais, apesar de existirem numerosos trabalhos acadêmicos acerca da
empresa, este projeto inovará por trazer a tona um novo tema relacionado a Petrobrás que não
tem sido abordado de maneira significante: a produção de biocombustíveis.
O trabalho está dividido em três capítulos, destinados a analisar respectivamente a
internacionalização da Petrobrás e sua expansão no mercado petrolífero e sua possibilidade
alternativa na produção de biocombustíveis que não é o foco do trabalho, porém é importante
falar.
No primeiro capítulo será feita uma discussão conceitual sobre o fenômeno da
Globalização que pressiona as empresas à expansão de seus negócios via internacionalização
(ANTÔNIO E LARA, 2008). Posteriormente será estudado o que se entende por
“internacionalização”, num sentido geral e teórico. Analisaremos a importância da
internacionalização de empresas nos países que as sediam. E, por último, serão discutidos os
dois combustíveis de maior relevância para o entendimento deste trabalho: o petróleo que é
um combustível fóssil e matéria-prima para muitos outros combustíveis como a gasolina e o
gás natural, e os biocombustíveis.
No segundo capítulo se verá especificamente o processo de internacionalização da
Petrobrás, incluindo o estudo das ferramentas usadas, os objetivos, estratégias e dificuldades
encontradas durante o processo e como este impacta diversas áreas do Brasil. Serão analisadas
também as perspectivas futuras da Petrobrás no Brasil e no mundo.
O terceiro capítulo se iniciará com uma descrição sobre o que são os biocombustíveis,
e a atuação desses produtos no Brasil e a na companhia Petrobras, uma vez que são parte do
produto amplo da empresa que é a energia.
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2 GLOBALIZAÇÃO, INTERNACIONALIZAÇÃO E COMBUSTÍVEIS
2.1 A Globalização e seus impactos
Nesse tópico será exposto o fenômeno da globalização que foi fundamental para
entender o porquê das empresas buscarem novos mercados no âmbito internacional, esse
fenômeno fez com que os limites territoriais desaparecessem em virtude dos avanços
tecnológicos, fazendo com que as empresas fossem para o exterior não só para concorrerem
com outras empresas, mas também como uma forma de sobrevivência. Para dar início ao
trabalho que gira em torno da internacionalização da companhia Petrobrás, se faz necessário a
discussão de um fenômeno muito importante e que está presente em nossas vidas “a
globalização”, uma vez que tal fenômeno é relevante para o entendimento do objeto em
discussão.
Segundo Sarli (2002) a internacionalização de empresas está fortemente associada ao
fenômeno da globalização. As mudanças ocorridas na economia mundial, desde o final da
Segunda Guerra Mundial e, principalmente, a partir da década de 80, têm movido a integração
dos mercados de bens, serviços e capital, e o conjunto destas transformações entende-se por
globalização. Essas transformações seguem as mudanças nas bases sociais, tecnológicas,
produtivas, comerciais e financeiras do capitalismo internacional.
Está no século XXI e muito se ouve a respeito da globalização, mesmo não tendo um
conhecimento consensual a respeito do tema. Tal conceito foi e é um dos que vem sendo mais
expostos nos últimos anos em trabalhos, livros, TV etc. Há alguns anos atrás o conceito de
“globalização” não era um termo muito conhecido, porém, atualmente muitos falam a
respeito. O fenômeno da “globalização” já era percebido a muitos anos, porém foi na década
de 80 que este ganhou uma definição conceitual e foram muitos os autores que ajudaram
nessa definição. Segundo BUCKLEY (1996) são várias as idéias para globalização e estas
definições são dadas de acordo com as áreas financeira, comercial etc. A globalização envolve
“diversos processos simultâneos” como a “difusão internacional da notícia, a internet, o
tratamento internacional de temas como meio ambiente e direitos humanos e a integração
econômica global” (NETO, 1996, p. 89).
Para Giddens (2005) a globalização não deve ser apenas entendida como um
desenvolvimento de redes mundiais, como sistemas mundiais, sociais e econômicos, mas
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também como um fenômeno local que afeta todos os indivíduos todos os dias. São vários os
fatores que são influenciados e influenciam a globalização, e estes fazem com que cada vez
mais haja um desenvolvimento tecnológico e uma diminuição do espaço e tempo, fazendo
com que as empresas ganhem espaço dentro e fora do Estado. No caso das empresas que
querem ou fazem parte do comércio internacional, o processo de internacionalização inicia-se
e une-se à globalização começando dentro do país de origem para depois ir para o ambiente
internacional.
Sabe-se que as forças econômicas são parte importante da globalização, porém seria
errado dizer que somente tais forças produzem a globalização, esta é criada pela junção de
vários elementos políticos, sociais, culturais e econômicos. Um dos fatores que fez com que
tal processo se disseminasse com mais rapidez foi o desenvolvimento de tecnologias da
informação e comunicação, que fez com que a globalização chegasse ao alcance das pessoas
em todo o mundo (GIDDENS, 2005).
Para o autor, são vários os aspectos econômicos que conduzem à globalização, e um
dos que têm grande relevância são as corporações internacionais1. Estas são companhias que
trabalham na fabricação de produtos ou serviços em mais de um país, podendo ser pequenas,
médias ou grandes empresas, estas últimas atuando em todo o globo terrestre.
Ainda segundo o autor a globalização significa que cada vez mais estamos vivendo
“num único mundo”, em que os indivíduos, os grupos e as nações tornaram-se mais
interdependentes. Logo, para as empresas as fronteiras dos Estados passam a não mais existir
em termos econômicos e surgem grandes atores que são chamados de corporações
internacionais.
Devido à globalização, a economia mundial internacionalizou-se em suas dinâmicas básicas, é denominada por forças de mercado incontroláveis e tem como seus principais atores econômicos e agentes de troca verdadeiras corporações transnacionais que não devem lealdade a Estado-nação algum e se estabelecem em qualquer parte do mundo em que a vantagem de mercado impere (HIRST, 2001, p13).
Contudo para Lacerda (1999), a globalização econômica que abrange a
internacionalização dos produtos, a melhoria do comércio e a entrada da tecnologia, é o
processo que fez com que crescessem as discussões no âmbito das universidades e empresas.
Trata-se da extensão do processo de internacionalização do capital, onde começou a expansão
do comércio de mercadorias e serviços, passando pela extensão de financiamentos e
1 Giddens chama as empresas internacionalizadas de corporações internacionais.
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empréstimos, e por último que foi o deslocamento do capital das indústrias por meio do
desenvolvimento das companhias multinacionais. (MOLLO, 2008)
As corporações transnacionais estão no centro da globalização econômica: elas contabilizam dois terços de todo o comércio mundial e são instrumentais na difusão de novas tecnologias ao redor do globo. São também as principais protagonistas dos mercados financeiros internacionais. Como foi notado por um observador, elas são os “alicerces do mundo econômico contemporâneo” (HELD et al., 1999, p. 282).
De acordo com Giddens (2005) com o passar dos anos, estas grandes empresas estão
cada vez mais ganhando espaço na economia internacional, algumas são maiores em termos
econômicos do que os próprios Estados. De acordo com Antônio (2008) há então uma
necessidade das empresas em buscar novos mercados no exterior, porque com a globalização
de produtos e serviços muitas empresas precisam de produtos e serviços de outras empresas
mesmo que essa necessidade seja pequena. Logo, nesta economia da globalização as empresas
são impulsionadas para atuarem fora do Estado-nação para terem mais competitividade e para
o crescimento de seu país.
(...) em uma economia globalizada, a competitividade das firmas nacionais em mercados estrangeiros torna-se crescentemente importante para a performance do país como um todo. A internacionalização dever ser vista como um meio essencial para o aumento da competitividade internacional das empresas, promovendo o desenvolvimento dos países e facilitando o acesso aos recursos e mercados e a reestruturação econômica (ALEM e CAVALCANTI, 2006, p. 279).
Assim as empresas sofrem grande influência desse fenômeno, porém não são apenas
elas, mesmo que seja o setor econômico o mais atingido. “O processo de globalização não é
uniforme, não atinge todos os países da mesma maneira e não atinge a todos os que vivem no
mesmo país do mesmo modo. Esse processo também não se dá somente na esfera da
economia, ainda que esta seja determinante” (SPOSATI, 2000).
O processo de globalização também adicionou algumas variáveis no escopo
empresarial, como investimento direto feito para utilizar recursos humanos disponíveis no
exterior. O caso de muitas empresas norte-americanas de software investindo na Índia ilustra
bem esse ponto. A globalização também acelera os processos. Por um lado, verifica-se a
procura por eficiência e racionalização de produção em uma escala global, levando a uma
maior eficiência e redução dos custos; por outro lado, a procura por ativos estratégicos,
visando a aquisição de conhecimentos e competências que irão aumentar a competitividade
global dessas empresas (CINTRA E MOURÃO, 2005).
Entretanto a analogia entre globalização e internacionalização de empresas não deve
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ser entendida como uma relação de causa-efeito. Isto porque a internacionalização de
empresas, apesar de estar com muita evidência na atualidade, não constitui um fenômeno
novo. Segundo Sarli (2002) no início do século XX já existiam várias companhias,
principalmente de origem inglesa, que tinham atuação e filiais internacionais. Portanto, parece
mais apropriado compreender a globalização como um fenômeno que vem gerando um
aceleramento do processo de internacionalização de muitas empresas. Há algum tempo atrás
este processo era limitado às empresas de grande porte, as chamadas multinacionais. Contudo,
pequenas e médias empresas estão fazendo parte deste processo. Devido aos grandes
investimentos tecnológicos por parte das empresas e Estados, estas vêm facilitando as
comunicações, o fluxo de capitais e, conseqüentemente, favorecem a coordenação entre
unidades dispersas de uma mesma organização ou de organizações diversas, como no caso
das redes de empresas.
2.2 O que é internacionalização de empresas
A internacionalização de uma empresa pode ser explicada como a atuação de uma
empresa em um ou mais países com exceção de seu país de origem, via um processo continuo
e crescente. O processo de internacionalização quase sempre se inicia com atividades de
exportação, que evolui para a formação de alianças estratégicas entre empresas e a mais
avançada etapa que seria a internacionalização com a instalação de unidades da empresa no
exterior, a aquisição de outras empresas em outros países, a fusão com outras empresas no
exterior (PASIN, 2008).
Segundo Barreto e Ricupero (2006), muitas vezes as pessoas confundem o termo
internacionalização com exportação e negociações internacionais, dizem também que para
alguns escritores são fases de um mesmo processo. Assim para evitar o entendimento e a
assimilação de empresas que são apenas exportadoras como internacionalizadas, os autores
passaram a definir internacionalização como “processo de concepção do planejamento
estratégico e sua respectiva implementação, para que uma empresa passe a operar em outros
países diferentes daquele no qual está originalmente instalada”.
Outros aspectos que caracterizam uma empresa internacionalizada de uma não
internacionalizada é que para uma empresa ser dada como internacionalizada esta precisaria
de alguns aspectos importantes como possuir filiais em outros países, seria necessário o
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estabelecimento de parcerias, investimentos cruzados com outras empresas, acordos de
cooperação comercial, etc (BARRETO E RICUPERO, 2006).
O processo de internacionalização de uma companhia se inicia quando esta decide
começar atividades em outro país, tal processo deve ser visto como uma forma efetiva de
aumentar a concorrência internacional das empresas que, conseqüentemente, gera um maior
desenvolvimento entre os países, melhorando o acesso a recursos e novos mercados. Logo, a
internacionalização das empresas se faz importante, pois esta assegura e expande os mercados
(ALEM e CAVALCANTI, 2006).
O processo de internacionalização de empresas é um instrumento fundamental para o fortalecimento das empresas e aumento da competitividade dos países, em um ambiente de acirrada concorrência internacional. (ALEM e CAVALCANTI, 2006, p. 279)
Dois são os principais aspectos que envolvem o processo de internacionalização,
primeiro a atuação em mercados internacionais através da exportação e o segundo é a atuação
direta no exterior via investimentos, sendo que este pode ser com a instalação de empresas
representantes, implantação de unidades para produção. Diferenciais na produção e dos
mercados geram lugar para diferentes estratégias de investimento externo, por exemplo as
empresas que possuem um alto padrão tecnológico necessitam de mão-de-obra suficiente e
barata para que possam continuar sendo competitivas, e estas tem necessidade de estratégias
diferentes (BARRETO E RICUPERO, 2006).
Ainda segundo os autores, as indústrias que se encontram em determinado lugar e que
querem atuar no exterior, terão que atender o mercado internacional via exportações.
Empresas que tem uma tecnologia madura e se inserem em um novo mercado, o acesso a
recursos, a sustentação de confiabilidade e a qualidade de suas marcas são características
fundamentais que envolvem o processo de internacionalização. Logo, a estratégia de se
internacionalizar seria um meio adequado para uma empresa e cada empresa usa determinada
estratégia.
Para Alem e Cavalcanti (2006) foi na década de 90 com o processo de globalização da
economia ao exterior juntamente com seus resultados que se mostrou a necessidade das
empresas serem competitivas não apenas em nível nacional, mas também no nível
internacional, pois estas precisavam sustentar seus mercados internos e crescerem no sentido
de expandir sua atuação mercado externo. Tendo este desafio, as indústrias passam a procurar
alianças com outras empresas nacionais ou até mesmo internacionais, outro modo é
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instalarem-se em unidades no exterior em escritórios de venda, assistência técnica,
representação em outros países, etc.
Na atualidade, existe uma maior interdependência dos mercados internacionais, onde
as companhias de um dado país não são apenas influenciadas por condições econômicas no
âmbito interno, mas também por uma competição no âmbito externo. Ao contrário do que
possa parecer à primeira vista, a possibilidade de fortalecimento da empresa com a
internacionalização pode levar a um crescimento do número de empregos na economia de
origem, o que certamente poderia deixar de acontecer caso uma empresa não
internacionalizada e enfraquecida pela concorrência internacional frente às outras
transnacionais viesse a fechar as suas portas (ALEM e CAVALCANTI, 2006).
2.2.1 Estratégias de entrada no mercado externo
São várias as estratégias usadas no que se refere a entrada de uma empresa no exterior,
que vão desde uma estratégia de licenciamento até joint ventures, envolvendo, em muitos
casos, o controle total de operações por meio de aquisição de empresas locais ou de
construção de plantas visando à montagem ou fabricação parcial. Essas estratégias vão variar
de acordo com as características e requisitos do mercado, no qual se pretende entrar.
(CINTRA E MOURÃO, 2005).
Segundo Augusto e Lara (2008) a estratégia usada por uma empresa como meio de
entrada no mercado internacional é de grande importância no processo de internacionalização,
deve-se levar em consideração as necessidades e especificidades de cada empresa. Logo, para
escolher uma estratégia de internacionalização, as empresas devem focar as seguintes
variáveis: a gestão do processo, que pode ser comercial, integrada, contratual e participativa; a
natureza das trocas, onde engloba o capital, serviços, mercadorias e tecnologia e por último as
estratégias de ação que podem ser:
1. Estratégia de exportação: onde não é necessário que a empresa tenha uma filial em outro
país para comercializar seus produtos no mercado internacional. A maioria das empresas
inicia sua expansão internacional via estratégia de exportação. Para muitas empresas
pequenas, a exportação é a única alternativa para a venda de suas mercadorias no exterior. A
exportação pode ser direta, indireta ou cooperativa. A exportação direta é aquela que a
empresa exportadora vai criar sua própria estrutura interna para a exportação, e vende seus
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produtos por meio de um intermediário no mercado estrangeiro. A exportação indireta é
aquela no qual a empresa, para vender seus produtos no exterior, utiliza um intermediário do
seu próprio país para fazer a exportação, esse intermediário pode ser uma empresa de
administração, um corretor, uma empresa de comércio exterior. A exportação cooperativa2 é
aquela na qual a empresa que deseja exportar faz um acordo com outra empresa de utilizar sua
rede de distribuição. Esta outra empresa pode ser nacional ou estrangeira.
2. Acordo de licenciamento: esta estratégia de entrada no mercado externo, visa uma
transação contratual, no qual a empresa licenciadora oferece a empresa licenciada alguns
ativos em troca do pagamento de royalties. Alguns meios de ativos de licenciamento são:
Know-how tecnológico, processos de produção, patentes, marcas registradas.
3. Franchising: essa estratégia é parecida com a do licenciamento, é a criação de franquias,
uma empresa faz um contrato com um franqueador, e esta empresa dá a permissão deste usar
sua marca e seus produtos, seus negócios, marketing, treinamento em troca de pagamentos de
royalites.
4. Contrato de produção: a empresa que quer exportar faz contratos de produção com uma
empresa internacional de produzir parte ou até mesmo todo o produto.
5. Joint Ventures: é a estratégia mais usada pelas empresas que desejam expandir sua atuação
no mercado internacional. A empresa que deseja exportar faz um contrato de compartilhar
capital dentre outros recursos com outros sócios, para criar uma nova unidade em outro país.
Na maioria das vezes esses contratos são feitos com empresas locais, porém também podem
ser feitos com empresas estrangeiras, governo ou participantes locais e estrangeiros.
6. Subsidiárias de propriedade total da matriz: Outro meio é via criação de subsidiárias que,
basicamente, são criadas por aquisição em que a empresa compra uma outra empresa no
exterior, ou operações completas, onde a empresa inicia do zero, construindo a subsidiaria por
inteiro.
Todas essas estratégias são muito usadas pelas empresas, e não necessariamente uma
empresa que deseja expandir sua atuação no mercado externo precisa aplicar uma única
estratégia.
2 A exportação cooperativa também pode ser chamada de cooperação casada ou piggyback.
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2.3 A importância da internacionalização nos países de origem
Com os efeitos da globalização na economia, as competições e desempenho das
indústrias nos mercados internacionais tornaram-se relativamente importantes para o
desempenho do Estado em termos gerais. Para Alem e Cavalcanti (2006), o processo de
internacionalização deve ser considerado como um meio viável e essencial para o aumento da
expansão e competitividade das indústrias, causando o desenvolvimento em termos amplos
dos países e assim melhorando o acesso a recursos e também à reestruturação econômica
destes. Assim, a globalização junto com a internacionalização e investimentos faz com que as
empresas internacionalizadas gerem muitos lucros para seus países de origem.
O governo do país de origem pode atuar criando estratégias nacionais, promovendo o
desenvolvimento de ativos estratégicos e uma inserção de sua economia na economia
internacional, uma vez que este processo faz melhorias nas estradas, ferrovias, infra-estrutura
tecnológica e de transporte, fazendo com que haja a criação e a melhoria de cadeias
produtivas em torno das empresas internacionalizadas, gerando uma boa infra-estrutura com
instituições e firmas que acabam aumentando o potencial exportador das empresas e
aumentando a atratividade de investimentos externos no país. (ANTONIO E LARA, 2008).
Os autores ainda defendem que o fortalecimento da empresa a partir da inserção de
uma unidade em um mercado específico, que antes era atendido por meio de exportações,
pode gerar ganhos de competitividade importantes para a matriz e isso gera a melhoria e o
crescimento da empresa no país de origem, bem como o avanço das exportações para outros
mercados. Também deve ser considerada a entrada de lucros e dividendos em moeda
estrangeira por parte das unidades externas das multinacionais ao seu país de origem. (ALEM
e CAVALCANTI, 2006)
Segundo Alem e Cavalcanti (2006) mesmo que o Brasil esteja mostrando na
atualidade uma atuação no mercado internacional relativamente boa e adequada, se
comparado aos padrões existentes no passado do país3, é necessário também preocupar-se
com um crescimento exacerbado da economia, uma vez que o país pode não agüentar um
crescimento muito rápido. Porém o aumento das exportações é necessário para o crescimento
3 No Brasil a partir da Revolução de 1930 e o período pós-Segunda Guerra Mundial adotou o Modelo Substitutivo de Importações constituiu um conceito analítico "consagrado" de análise do processo de desenvolvimento brasileiro no século XX. Esse modelo visava substituir produtos importados por produtos de produção nacional.
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dos países e para manter a economia equilibrada, logo, as exportações das empresas geram
divisas para que a economia do país continue crescendo.
Um país com atuação no exterior possui maior presença em discussões de foros
multilaterais, aumenta a capacidade do Estado em receber investimentos e desenvolver
investimentos no mercado internacional. Facilita os investimentos externos, pois o país recebe
informações vividas por suas empresas em outros lugares do mundo. Quando o país quiser
atuar em outro ele terá um aprendizado de experiências negativas ou positivas, facilitando
suas escolhas de atuação (ANTONIO E LARA, 2008).
Também deve ser considerado que a internacionalização viabiliza a inserção das
empresas em setores que não podem ser atendidos via comércio como, por exemplo, os
serviços que não são comercializáveis, o que é de particular importância tendo em vista a
possibilidade de se exportar indiretamente a partir das unidades multinacionais de âmbito
interno, onde as unidades importam equipamentos dentre outros produtos de fornecedores do
pais de origem da unidade (ALEM e CAVALCANTI, 2006).
Alem e Cavalcanti (2006) concluem que, em linhas gerais, as experiências
internacionais tanto de países desenvolvidos quanto de países em desenvolvimento apontam
para impactos positivos da internacionalização sobre as exportações domésticas, ainda que
tenha havido a promoção de importações também. Porém, as importações também são
fundamentais para o desenvolvimento econômico, pois permitem que haja uma melhoria das
unidades locais e externas.
Ainda segundo os autores, podemos facilmente evidenciar alguns pontos positivos na
internacionalização, como a melhoria da maneira de exportar da empresa e o crescimento da
renda provinda do exterior. Se vê que há uma significativa relação entre as exportações da
firma doméstica e a participação da produção das unidades de empresas multinacionais em
sua produção em termos totais. A alta capacidade de exportar das unidades multinacionais,
estas com controle de capital nacional, fazem com que haja um aumento da participação de
suas exportações nas exportações totais dos países de origem e assim melhoram a atuação
exportadora destes países em termos globais.
Em linhas gerais, o processo de internacionalização de empresas se faz importante
para garantir, assegurar e expandir mercados na produção de bens e/ou serviços. Logo,
quando uma empresa multinacional entra em um mercado de grande participação sua
capacidade melhora e se fortalece, gera efeitos de maior especialização e aprendizado, assim,
há um fortalecimento de sua base tecnológica de desenvolvimento. O investimento no âmbito
externo também fortalece a entrada a novos mercados e a competitividade de outras unidades
24
no país de origem. Tais efeitos afetam o país como um todo. Segundo Alem e Cavalcanti
(2006), uma série de países em desenvolvimento conseguiu melhorar sua capacidade e forma
de exportar em função das atividades que eram de exportação das multinacionais nacionais e
das firmas locais ligadas a elas.
O contato com produtores e consumidores estrangeiros leva a uma troca de informações relacionadas à produção. O aprendizado induzido pelos exportadores, a fim de atingir os altos padrões de qualidade e os desafios da competição em mercados estrangeiros, pode assim “transbordar” para a economia doméstica. (ALEM e CAVALCANTI In: ALMEIDA, 2006, P.271).
Concluindo, pode-se perceber que o processo de internacionalização das empresas
afeta tanto a empresa em si, via expansão da produção e inserção no mercado internacional
tão competitivo, quanto os países de origem dessas empresas que ganham em termos de
capital, melhoria da infra-estrutura no que se refere à melhoria nas estradas, aeroportos, dentre
outros fatores que fazem com que desempenho socioeconômico do país progrida.
Assim, foi apresentado o processo de globalização que impulsiona as empresas a se
expandirem via processo de internacionalização, foi apresentado o que é o processo de
internacionalização e qual a importância deste processo para os países de origem, agora será
apresentado nos tópicos a seguir sobre o petróleo e os biocombustíveis.
2.4 O poder do petróleo
O petróleo, cujo nome significa “óleo de pedra”, é resultado da fossilização de matéria
orgânica de origem animal ou vegetal e localiza-se no interior de rochas cuja sedimentação
ocorreu debaixo da terra, ele é conhecido como combustível fóssil4. O petróleo possui grande
importância como combustível e matéria-prima, alimentando uma das indústrias mais
importantes da atualidade, a petroquímica. Após ser refinado, o petróleo produz vários outros
combustíveis como o óleo diesel, gasolina, solvente, asfalto, explosivos, medicamentos,
fertilizantes, corantes, perfumes, dentre outros (SCARLATO E PONTIN, 2002).
4 Os combustíveis fósseis são formados por substâncias de origem mineral, estes são originados a partir da decomposição de matérias orgânicos, no qual levam milhões de anos para serem formados, logo não são renováveis. Os mais conhecidos são a gasolina, o gás natural e o carvão mineral.
25
O petróleo passou a ser inicialmente comercializado nos Estados Unidos, sendo vendido
como medicamento. Em 1850, Samuel Kier colocou no mercado um lampião que funcionava
com a queima do petróleo. Mas foi com a descoberta de que depois de destilado era possível
produzir diversas categorias de subprodutos inflamáveis que o seu uso passou a ser difundido
e incorporado no processo de industrialização (SCARLATO E PONTIN, 2002).
O ano de 1859 é considerado um marco histórico na chamada era do petróleo: foi
quando o coronel Edwin L. Drake furou o primeiro poço de petróleo em Titusville,
Pensilvânia (EUA). Até este momento a extração do petróleo era rudimentar, baseada na
coleta do petróleo que aflorava à superfície. Com a invenção dos motores a explosão e dos
carros a gasolina, no final do século XIX, a utilização do petróleo assumiu novas proporções,
passando a representar uma das maiores riquezas da sociedade moderna, fundando
verdadeiros impérios econômicos (SCARLATO E PONTIN, 2002).
A importância do petróleo como potencial fonte de energia iniciou-se desde a Primeira
Guerra Mundial e vem ganhando cada vez mais importância para a indústria e também para a
guerra. Hoje não tem tanta relevância quanto antes, porém, os veículos automotores, as armas
dentre outros, são movimentados via utilização de petróleo, logo, aqueles países que possuem
grandes depósitos do produto conseguem fixar certa influência na política internacional, e, em
alguns casos, essa influência se deve especificamente a obtenção deste produto
(MORGENTHAU, 2003).
Nos anos de 1908 a 1950, as “Sete Grandes”, nomenclatura usada para as grandes
empresas petrolíferas da época, eram verdadeiros impérios, pois, estas abarcavam todas as
zonas de produção petrolífera existentes no mundo. Este foi um período de muita riqueza para
elas, visto que atuavam como verdadeiros Estados dentro do Estado nacional5. O petróleo se
tornou uma fonte de energia indispensável para os países com relativo poder político.
O surgimento do petróleo como matéria-prima indispensável provocou uma mudança no grau de poder relativo dos países politicamente mais poderosos. A União Soviética tornou-se mais poderosa ainda, visto que é auto-suficiente a esse respeito, enquanto que o Japão passou a ser visto como consideravelmente mais fraco, por ser totalmente carente de depósitos petrolíferos. (MORGENTHAU, 2003, p.226)
5 História século XX. Petróleo: o poder das empresas. Disponível em: < http://educaterra.terra.com.br >. Acesso em: 27/05/2008
26
A existência de uma grande disparidade entre a localização das reservas de onde são
extraídas o petróleo e os países que mais consomem o produto, associada à grande
dependência atual da economia deste combustível, está na origem de grandes problemas
políticos mundiais no mundo de hoje (REIS, FADIGAS E CARVALHO, 2005).
Segundo Morgenthau (2003), além do fato de possuir uma localização geográfica
privilegiada, pois possuem proximidade com três continentes, os países do Oriente Médio
possuem um poder estratégico muito grande, pois detêm grandes jazidas petrolíferas da
península arábica. Para o autor, o domínio sob estes campos tem estabelecido um fator de
grande relevância na questão de distribuição do poder, uma vez que aqueles países que
consigam acrescentá-los às suas outras formas de matéria-prima estarão acrescentando igual
parcela de força às suas próprias fontes e reduzindo proporcionalmente a de seus
competidores.
Atualmente a posse do petróleo se tornou uma fonte de poder tanto político quanto
econômico. A importância da indústria do petróleo mundial, além do fato de ser a principal
fornecedora de fonte de energia para a economia global, está no fato de sua cadeia produtiva
abranger diversos segmentos, que podem ser econômicos, políticos e financeiros. Percebe-se
então a amplitude do poder do petróleo nas diversas áreas (SOUZA, 2006).
(..)o petróleo deixou de ser apenas uma entre muitas matérias-primas importantes usadas para o dimensionamento do poderio de uma nação. Hoje, ele constitui um fator material cuja posse ameaça abalar padrões seculares da política internacional. O embargo às exportações de petróleo, ditado pelos países produtores no inverno de 1973-74, juntamente com a elevação drástica nos preços do produto, tornou subitamente mais claros alguns aspectos básicos da política mundial que poderíamos Ter compreendido apenas de modo teórico, mas nos foram impostos pela realidade dos fatos, de modo brutal, em virtude da transformação drástica introduzida nas relações de poder, gerada pela nova política do petróleo. (MORGENTHAU, 2003, p. 226)
Sempre houve um relacionamento funcional entre os três poderes de destaque no
mundo, são eles o poder militar, o político e o econômico. Isto quer dizer que o poder político
sempre foi, no decorrer da história, uma função do poderio militar e nos tempos atuais do
poder econômico. O autor dá como exemplo o processo expansionista da Europa na ação que
veio a formar as colônias no hemisfério ocidental da África e Ásia. Assim a conquista da
Índia pela Grã-Bretanha, ainda que a Índia fosse muito inferior em vários aspectos, foi
possível devido em grande parte pela obtenção de tecnologia adiantada por parte da Grã-
Bretanha, que foi transformada em poder militar e essencial para tal conquista sobre os
indianos (MORGENTHAU, 2003).
27
Esses relacionamentos de natureza funcional entre, de um lado, a tecnologia e o poder econômico e, do outro, o poder político e o poder militar foram perturbados pelo emprego recente do petróleo como arma política. Muitos desses países produtores de petróleo são tidos como Estados exclusivamente em função do que se poderia chamar de uma cortesia semântica. (MORGENTHAU, 2003, p.227)
Ainda segundo o autor, se forem analisados levando em consideração apenas seus
recursos naturais, será verificado que o que estes Estados possuem não será mais que areia e
petróleo. Assim é visto que o petróleo, de acordo com todas as suas aparências, é responsável
pela transformação de pequenos pontos no mapa em Estados e acrescenta-se fatores
importantes a estes como até mesmo serem considerados poderosos na política internacional.
Exemplificando, um Estado aparentemente fraco para consolidar seu poder, e que não possui
fatores que usualmente ajudam na formação do poder de um Estado, se vê em uma posição
poderosa na política mundial, isso porque tal país possui uma grande ferramenta, o “petróleo”,
gerando um acontecimento de grande importância para todos no sistema internacional.
Antigamente, existia o livre comércio entre os produtores e consumidores específicos
de cada matéria-prima, logo os consumidores podiam influenciar na baixa dos preços dos
produtos por meio de arranjos coloniais e também na redução do consumo. Porém,
atualmente, o que era visto como o mercado do comprador se tornou o mercado do vendedor,
isto porque o consumo de matérias-primas cresceu gradativamente em termos absolutos e
relativos em relação aos recursos disponíveis. Logo, o petróleo se transformou em um produto
vital para os países que tem a industrialização como base do seu desenvolvimento e muitos
Estados são dependentes economicamente de importações vindas de outros Estados (SOUZA,
2006).
De acordo com Morgenthau (2003), o poder que o petróleo possui, constitui antes de
qualquer outro aspecto, o fruto do desenvolvimento tecnológico dos Estados modernos
industrializados. Segundo o autor, o poder do petróleo, há algumas décadas atrás, não era tão
determinante para aqueles Estados que o possuíam, devido ao fato de que este tinha uma
atuação limitada nas indústrias da época. Segundo o autor, na medida em que os Estados que
possuíam grandes depósitos de petróleo, obtiveram a capacidade de cooperar e coordenar as
políticas, como foi o caso dos Estados produtores de petróleo em 1973, estas nações passaram
a impor condições políticas, sociais e econômicas aos consumidores do petróleo, caso estes
recusassem as condições impostas pelos fornecedores. Um país que não tem outros poderes
28
mas têm petróleo, pode exercer poder sobre fortes nações se estas dependerem e não o
possuírem.
Um Estado que é desprovido de poder quanto a todos os outros aspectos, e que não constitui uma força importante em termos de poder tradicional, pode agora exercer um poder enorme sobre nações que contam com todos os elementos do poder, exceto um, as jazidas de petróleo. Desse modo, um país como o Japão, que é sem dúvida uma das mais importantes nações industriais do mundo e virtualmente uma grande potencia, vê-se completamente dependente do fornecimento de petróleo vindo de fora. (...)Caso, além disso, resolvessem associar condições políticas a tal embargo, eles poderiam impor completamente a sua vontade sobre o Japão. Poderiam reduzir aquele país à condição de um satélite, uma simples dependência dos países produtores de petróleo. (MORGENTHAU, 2003, p.229).
Porém, tais impactos gerados na economia internacional não são apenas fruto do
monopólio de alguns países detentores de produção de petróleo, se observa que de modo
particular e com um pouco mais de tempo, os preços fixados por estes países sobre o petróleo,
tornaram-se um fator de grande instabilidade na economia internacional e uma das causas de
inflação. Isto pode ser percebido se olhar para a crise de 1973, onde houve uma crescente
inflação nos países industrializados devido ao aumento avassalador dos preços do petróleo em
1973. São acontecimentos como a crise de 1973 que torna difícil para aqueles países
importadores de petróleo planejarem suas políticas energéticas, uma vez que são dependentes
daqueles países que o possuem (SCARLATO E PONTIN, 2002).
Para Morgenthau (2003), ao se observar de um ponto de vista global esta situação
criada pela utilização do petróleo, se concluirá que ele representa os principais aspectos da
política internacional atual, visto que haverá uma divisão na qual de um lado estarão as
estruturas organizacionais e os processos políticos e, do outro as condições pelas quais vive a
humanidade. Logo, o poder do petróleo é evidente e aqueles Estados que o possuem têm certa
vantagem econômica e política sobre aqueles que não o possuem.
Assim, choca-nos perceber a mais absoluta irracionalidade em deixar que fique entregue a Estados soberanos o controle do poder nuclear, que pode destruir toda a humanidade. O mesmo se aplica ao fato de que confiamos o controle do petróleo, (e este pode destruir de um modo diferente a civilização das nações altamente desenvolvidas) a entidades tidas como Estados nações, que são soberanas apenas em um sentido muito limitado do termo (MORGENTHAU, 2003, p.232).
O mundo dá muita confiabilidade para os países que possuem petróleo, estes, se
quiserem, podem destruir todos os países que necessitam de energia petrolífera, logo os
29
detentores de petróleo possuem um meio alternativo para se sobressaírem no ambiente
internacional em termos econômicos e políticos (SCARLATO E PONTIN, 2002).
2.5 Os biocombustíveis
A energia da biomassa6 é derivada das plantas que, no seu processo de crescimento,
funcionam como verdadeiras usinas, sendo menos prejudiciais à natureza. Estas absorvem a
energia solar, a água e o dióxido de carbono e transformando-se em potencial de energia
química. Esta energia pode ser liberada por combustão ou por outro processo de
transformação em diversos outros derivados energéticos, tal como o carvão vegetal, etanol e o
biodiesel. Os combustíveis derivados da biomassa, são chamados de Biocombustíveis (REIS,
FADIGAS E CARVALHO, 2005).
Ainda segundo os autores, a fonte de produção destes possui a habilidade de se
recompor, estes têm a capacidade de utilização indiscriminada e não possui riscos de
esgotamento, ao contrário dos combustíveis fósseis que são recursos naturais não-renováveis
e também sua extração pode trazer problemas à natureza. (MINISTÉRIO DAS MINAS E
ENERGIA, 2008). As fontes para a produção dos biocombustíveis são diversas, dentre elas:
milho, soja, cana-de-açúcar, mamona, celulose, etc. Já os biocombustíveis mais conhecidos
são: o etanol, o álcool e o biodiesel.
Os biocombustíveis podem ser utilizados em automóveis, caminhões, em algumas
máquinas, podendo ser tanto puros ou misturados com outros combustíveis. Como exemplo,
no Brasil o diesel é misturado com biodiesel. As vantagens da utilização de biocombustíveis
são inúmeras, tanto do ponto de vista econômico no aumento das exportações, aprimoramento
das tecnologias, quanto no ambiental, pois, este traz mais segurança em termos de extração e
a poluição também é reduzida. Porém, cabe ressaltar que mesmo com tantas vantagens, a
utilização de combustíveis derivados do petróleo ainda são mais viáveis economicamente,
isso porque as máquinas que funcionam com derivados do petróleo possuem maior
desempenho que os biocombustíveis, e estão em maior número (MINISTÉRIO DAS MINAS
E ENERGIA, 2008).
6 O termo biomassa engloba uma série de vegetais presentes na natureza e formados através do processo de fotossíntese como também os resíduos gerados a partir da utilização dos mesmos, tais como: resíduos industriais, domésticos, comerciais e rurais.
30
Diversos são os países que estão criando planos e metas para a inserção dos
biocombustíveis em suas economias, e como exemplo tem-se os Estados Unidos com o
“Energy Policy Act” e a União Européia com o Plano de Ação de biocombustíveis no qual
estabelece metas de ação para estes. (MINISTÉRIO DAS MINAS E ENERGIA, 2008)
Com a crescente procura por energia nas economias emergentes, há uma grande
pressão por parte das economias mundiais sobre a extração de petróleo. Logo, os preços
constantemente altos dos combustíveis fósseis no âmbito internacional devem continuar neste
patamar. De acordo com o Ministério das Minas e Energia (2008), se vê uma grande
preocupação por parte das economias em buscar novos meios para a questão energética. Em
todo o mundo, depois de intermitentes crises energéticas, produto da instabilidade dos preços
do petróleo, estão surgindo maiores estímulos para a criação e desenvolvimento de
tecnologias capazes de melhorar e estimular a produção dos biocombustíveis, principalmente
o etanol e o biodiesel, pois estes dois ganharam espaço de grande importância na matriz
energética dos países e também no mercado internacional de combustíveis.
Nessa maquinaria de ampliação do uso de biocombustíveis, o Brasil se apresenta
como importante engrenagem, tendo em vista que é o maior exportador mundial de etanol e já
desponta como potencial fornecedor de biodiesel para o mercado externo. (ASSIS E
ZUCARELLI, 2007). Logo, as empresas então vendo essa procura por combustíveis como
uma nova oportunidade de expansão, junto com uma necessidade de entrar nos padrões
ambientais internacionais, se especializando nessa nova produção que tem grandes chances de
se tornar um novo mercado internacional de combustíveis.
Em contrapartida, em diversos países os biocombustíveis são acusados de ser o grande
culpado pelo aumento da fome e os preços dos alimentos, ou pelo menos, um dos principais
responsáveis por esse fenômeno, embora muitos especialistas afirmem que são tantos os
aspectos que influenciam na alta dos preços dos alimentos, tornando difícil a definição exata
do peso de cada variável. Tal fenômeno, esta gerando grande divergência de opiniões a
respeito das vantagens e desvantagens na produção de biocombustíveis. Todavia, não existe
um consenso sobre os possíveis impactos da sua produção. Sabe-se que os biocombustíveis
influenciam na alta dos preços dos alimentos, isto porque são necessárias grandes áreas
agrícolas para a produção destes, fazendo com que haja uma diminuição de áreas e produção
de alimentos para o consumo alimentício (SILVA E ALMEIDA, 2008).
Ainda segundo os autores, o aumento dos preços do petróleo, que é a matéria-prima
utilizada para a fabricação de fertilizantes que são usados nas plantações, também tem
impactado nos preços dos produtos agrícolas, em 2008 alguns fertilizantes tiveram aumento
31
nos preços de cerca de 160% em comparação ao ano de 2007. É evidente que os altos preços
do petróleo têm facilitado e expandido a procura e a produção dos biocombustíveis, porém
vale ressaltar que a alta dos preços dos produtos agrícolas também tem aumentado os preços
dos biocombustíveis.
Segundo Silva e Almeida (2008), não existe uma relação direta e universal entre a alta
dos preços, a produção dos biocombustíveis e o aumento da segurança alimentar, esta relação
vai depender muito das características e do sistema de produção usado em cada país.
Com o fim deste capítulo percebe-se que as vantagens de uma empresa se
internacionalizar são imensas, mesmo que este processo de internacionalização não seja fruto
da espontaneidade das empresas. Como dissemos anteriormente, a globalização gera forças de
mercado incontroláveis, assim as empresas buscam as melhores estratégias de entrada no
mercado externo, que vão desde licenciamento até joint ventures.
No próximo capítulo será apresentada a empresa Petrobrás e seu processo de
internacionalização. Por ser uma empresa petroquímica foi necessário abordar neste capítulo
os dois focos de produção da empresa, que são os derivados do petróleo e os biocombustíveis.
Tudo isso porque o propósito do trabalho é discutir a internacionalização da Petrobras e
mostrar, ao final, uma possível alternativa da expansão da empresa via produção de
biocombustíveis.
32
3 A PETROBRÁS E A INTERNACIONALIZAÇÃO
3.1 Antecedentes e evolução da empresa
Esse capítulo tem por objetivo analisar o período que começa no momento de
criação da Petrobrás, seguindo todos os seus avanços e conquistas até a atualidade onde a
empresa ganha credibilidade e se torna umas das maiores companhias de combustível do
mundo.
A história petrolífera do Brasil se iniciou em 1858, quando José de Barros Pimentel
ganhou o direito de extrair no Estado da Bahia um produto chamado betume7, a partir desta
data foram feitas várias tentativas de perfurações de poços em todo o território brasileiro com
o intuito de encontrar petróleo. Foi na década de 30 que o engenheiro agrônomo Manoel
Inácio Bastos descobriu que os moradores de uma cidade da Bahia, chamada Lobato,
utilizavam uma “lama preta” para iluminar suas casas. Foram feitas diversas pesquisas e
coletas da substância e Bastos conseguiu comprovar ao presidente Getúlio Vargas que a tal
lama era mesmo petróleo (PETROBRAS, 2008).
A partir desta data várias medidas foram adotadas por parte do governo brasileiro
como: nacionalização dos recursos do subsolo e a atividade petrolífera passou a ser de
exclusividade de brasileiros. Em 1938, foi criado o CNP (Conselho Nacional do Petróleo),
que tinha a responsabilidade de avaliar os pedidos de pesquisas e extração de jazidas de
petróleo. Concomitante à criação da CNP foi decretada a regulamentação das atividades de
importação, transporte, exportação, distribuição e comércio do petróleo e seus respectivos
derivados. A CNP funcionou até 1954 quando, em função de uma intensa campanha popular,
foi assinada pelo presidente Getúlio Vargas a Lei 2004 que substituía a CNP por uma nova
empresa com monopólio estatal de pesquisa, extração e comercialização do petróleo e
derivados, chamada Petrobras – Petróleo Brasileiro S.A. (PETROBRAS, 2008).
Segundo Gurgel (1995) no que se refere à formação e a consolidação da Petrobras,
entre sua fundação em 1954 até os anos setenta, pode-se perceber uma estratégia empresarial
que teve sucesso, pois esta estratégia atendeu e coincidiu com os interesses do modelo de
7 O betume é um composto químico que pode ser sólido, pastoso ou líquido, esta substância pode ser encontrada na natureza ou pode ser produzida como destilado do petróleo. O betume é facilmente inflamável, cor escura e pegajosa. Pode ser usado na produção de vernizes, bases para pintura. Ele é conhecido como “piche”.
33
desenvolvimento econômico praticado na época pelo Estado, chamado de Modelo de
Substituição de Importações8. Esta política protegeu e fortaleceu a companhia, na medida que
o governo brasileiro dificultava a entrada de produtos importados no país e facilitava a
expansão das empresas nacionais.
Segundo o mesmo autor, houve uma coincidência do objetivo da Petrobras com o
objetivo principal do Brasil em criar condições favoráveis à industrialização. Assim dentro de
uma conjuntura internacional favorável, houve um pacto entre as elites do país via Setor
Produtivo Estatal e empresarial privado que possibilitou transformações essenciais para o
desenvolvimento do capitalismo no Estado brasileiro, fazendo com que a economia do Brasil
fosse uma das mais dinâmicas do mundo naquele período. A empresa soube usufruir de todos
os momentos históricos favoráveis que serviram de base para sua expansão e fortalecimento.
Fazendo uma linha histórica dos momentos mais relevantes da Petrobras no que diz
respeito à sua internacionalização, a história da empresa se inicia em 1953, quando o
Presidente Getúlio Vargas decretou a Lei 2.004 que criava a empresa Petrobrás e dava ao
governo federal o monopólio de exploração do petróleo. Logo, o trabalho, o capital e as
técnicas usadas eram exclusivamente do Estado brasileiro (PETROBRAS, 2008).
Todo o processo de exploração e produção do petróleo, tais como atividades ligadas
ao setor petrolífero, gás natural e os outros produtos relacionados, fazia parte do monopólio
da Petrobrás. Este processo durou de 1954 a 1997 e foi neste período que a empresa
conseguiu se tornar líder em negociação de derivados no país.
De acordo com o site da Petrobras, A década de 1950 representou, para a
companhia, um período de aprendizagem das atividades ligadas extração e o governo aplicou
todo o capital e os meios para facilitar a expansão da empresa no país. As estratégias usadas
para o crescimento da instituição foram aquelas relacionadas ao aumento da produção,
melhorias no transporte, pesquisas geológicas e geofísicas em todas as bacias sedimentares e
especialização do corpo técnico. No final da década a empresa havia aumentado sua produção
e suas reservas.
A década seguinte foi um momento de conquistas para Petrobrás, a companhia
conseguiu a auto-suficiência na produção de produtos derivados do petróleo (gasolina, óleo
diesel e querosene) e se iniciou o funcionamento de várias refinarias como a de Duque de
8 O Modelo de Substituição das Importações é um modelo de planejamento econômico que busca a industrialização do país mesmo que tardia. Este modelo foi usado por muitos países da América Latina, dentre eles o Brasil. A principal objetivo deste modelo é a produção interna de todos os produtos necessários para o Brasil e que antes eram importados, diminuindo sua dependência com relação a outros países.
34
Caxias no Rio de Janeiro e a Refinaria Gabriel Passos, em Betim, Minas Gerais. Foi também
na década de 60, que foi feita a primeira descoberta de petróleo no mar. Em 1969 os países da
OPEP 9 (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), que agrupa os principais países
detentores de petróleo, aumentaram os preços, abalando então o domínio das multinacionais
privadas e triplicando o preço do petróleo
Os anos 70 foram marcados por crises no setor petrolífero. Os países que compõem
a OPEP elevaram ainda mais os preços, fazendo com que houvesse os chamados “choques do
petróleo” entre 1973 e 1979. Como conseqüência houve uma conturbação no mercado,
gerando tanto uma incerteza em relação aos preços quanto à garantia de suprimento. Inserida
neste contexto, a Petrobrás conseguiu sustentar o abastecimento no mercado brasileiro e isso
se deve ao bom relacionamento existente entre a empresa e as empresas que compõe a OPEP.
Muitas foram as medidas econômicas que o governo brasileiro adotou para enfrentar os
problemas trazidos pela crise, tais como redução do consumo de derivados e aumento da
oferta interna de petróleo. Foi nesse período que a Petrobras assinou contratos com outras
empresas com o intuito de aumentar pesquisas sobre novas jazidas e pesquisas de novas
formas de energia como forma de substituir os derivados do petróleo. Como exemplo
podemos destacar o Programa Nacional do Álcool que incentivou o uso do álcool como
combustível que deveria substituir o uso da gasolina (PETROBRAS, 2008).
Nos anos 80, devido à crise, os preços do petróleo aumentaram elevando os gastos
do país com derivados de petróleo. Este e outros problemas foram superados tendo em vista a
ajuda da Petrobras. Nesta década, foram feitos investimentos em atividades como exploração
e produção, desenvolvimento na área comercial fazendo com que diminuísse a dependência
energética do país e gerando uma redução de gastos com divisas para fins de importação. No
final dessa década a Petrobras já era a terceira maior empresa produtora da América Latina
(PETROBRAS, 2008).
Ainda de acordo com a mesma fonte, na década de 80, a Petrobras começou a
desenvolver no Brasil uma tecnologia capaz de extrair petróleo de águas profundas, um feito
jamais visto antes em nenhum país do mundo. Em menos de 10 anos, a companhia conseguiu
desenvolver essa tecnologia e foi indicada ao maior premio internacional do setor petrolífero
pela intensificação e contribuição ao avanço tecnológico na perfuração em águas profundas
que são consideradas como tal quando estão a mais de 500 metros da superfície. Foi também
na década de 1980, que a empresa começou a investir em treinamento e proteção do meio
9 Fundada na década de 60 por Arábia Saudita, Irã, Iraque, Kuwait e Venezuela, a OPEP ganha notoriedade a partir desse embargo.
35
ambiente, financiando pesquisas de desenvolvimento tecnológico específicos de proteção ao
meio ambiente.
Na década de 90, a companhia passou a atuar em um novo mercado devido ao fim
de seu monopólio estatal sobre o petróleo. Com o fim do monopólio estatal aumentou-se as
perspectivas da empresa em termos de negócios e autonomia. Em 1998, a companhia ocupou
o 14º lugar no ranking de maiores empresas de petróleo do mundo, segundo a revista
Petroleum Intelligence Weekly (ANTONIO E LARA, 2008).
É importante ressaltar que na década de 1990, a economia brasileira estava passando
por um período de mudanças, uma vez que seguindo o fluxo mundial o Brasil acabou com o
longo período da política protecionista de mercado. Com a abertura da economia brasileira,
muitas empresas privadas brasileiras foram vendidas para grupos estrangeiros e empresas
multinacionais. Logo, setores que eram tidos como estratégicos e que eram propriedade do
Estado como a siderurgia e o petróleo, foram privatizados e alguns, devido a alterações na
legislação brasileira, tiveram o monopólio quebrado10 (ANTONIO E LARA, 2008).
Ainda segundo os mesmos autores, para o setor do petróleo a nova legislação visava
atrair novos concorrentes e diminuir a atuação da Petrobras no mercado nacional de insumos
energéticos. Dentro deste cenário, a Petrobras encontrou como alternativa o aumento de sua
atuação nos mercados externos, uma vez que já possuía capacidades competitivas para essa
atuação.
Todo esse processo revela que, o período posterior a quebra do monopólio do setor
petrolífero junto com a perspectiva de ter que concorrer diretamente com outras empresas
nacionais, a Petrobras se viu pressionada a expandir seus negócios para o exterior. O foco
primário foi na América Latina que oferecia maiores oportunidades de atuação para a empresa
como uma companhia integrada de petróleo, com maior integração dos mercados e vantagens
logísticas (ANTONIO E LARA, 2008).
A Petrobras se tornou uma grande empresa, sendo a maior no ramo de exportação do
Brasil. A empresa atingiu a marca de 1.877 metros de profundidade, batendo o recorde
mundial em perfurações em águas profundas. A Petrobras foi classificada em 2007, como a 7ª
maior empresa no ramo de petróleo do mundo (PETROBRAS, 2008).
10 Essa alteração na legislação foi com a Lei nº 9478 de 1997, a lei onde no seu primeiro parágrafo destacava o objetivo de promover a livre concorrência, atrair investimentos na produção de energia e ampliar a competitividade do País no mercado internacional. Esta lei faz mudanças na política energética nacional acabando como o monopólio estatal do petróleo pela Petrobras.
36
3.2 Papel e contribuição da empresa para o Brasil
Neste tópico será exposta a história da Petrobras no exterior, com a história econômica
brasileira. Pode-se perceber que a empresa foi fundamental para o entendimento dos rumos da
economia na época. Segundo Rockmann (2006), a Petrobras passou por vários obstáculos até
conseguir se tornar uma empresa com competitividade internacional e toda sua saga se mescla
com a história brasileira.
Segundo Bosco (2003) foram muitos os momentos históricos do Brasil, que de alguma
forma foram afetados pela empresa Petrobrás, por exemplo, até a década de 60 a Petrobras era
composta principalmente por técnicos estrangeiros, isso porque no Brasil não existia mão-de-
obra especializada para tal função, porém, a partir desta década os brasileiros começaram a
assumir a gerência técnica da empresa, isso, depois de se especializarem no exterior. Depois
de algum tempo o Brasil já possuía muitas faculdades de geologia devido à grande demanda
por parte da Petrobrás.
No Plano de Metas estabelecido por Juscelino Kubitschek, presidente eleito em 1955,
foram estabelecidos, ao todo, 31 objetivos para serem cumpridos ao longo de seu mandato,
onde afetariam principalmente os setores de energia e transporte, indústrias de base, etc.
Apenas dois dos 31 objetivos não foram cumpridos, porém as melhorias dos outros objetivos
foram de grande importância e ajuda para o país. Contudo, esse plano apenas foi concretizado
por causa de duas políticas instituidas por Vargas: a criação da Companhia Siderúrgica
Nacional em 1946, e a Petrobrás em 1953. Isso se deve, porque, a Petrobrás fornecia matéria-
prima para o desenvolvimento da indústria de derivados do petróleo que eram a base para
sustentar a grande industrialização no Brasil (PETROBRAS, 2008).
Em 1963, para tentar reduzir os custos das importações, o Presidente João Goulart
adotou o monopólio estatal da empresa na importação de petróleo e seus derivados,
conseguindo em pouco tempo sua auto-suficiência na produção de derivados do petróleo. A
empresa começou a aumentar o número de fornecedores para o exterior a partir desse ano.
A década de 1960 também foi marcada pela exploração da Petrobras no mar e, isto foi
muito importante para a economia brasileira, pois o país estava crescendo e a companhia se
viu na necessidade de prover a crescente demanda por seus derivados, já que as bacias
terrestres já não estavam mais atendendo toda a demanda, a empresa começou a investir em
bacias marítimas, que foram descobertas naquela década. Em 1963, a Petrobrás passou a
direcionar sua produção de exploração para o mar (PETROBRAS, 2008).
37
De acordo com o mesmo site, no início dos anos 70, o PIB estava crescendo mais de
10% ao ano, fazendo com que o consumo de derivados aumentasse também. A Petrobras era a
única responsável pela demanda nacional de derivados, sendo necessário o aumento da
capacidade de refino. Com a obrigação de ajudar no desenvolvimento do país, tanto na
comercialização e distribuição, quanto na industrialização destes derivados do petróleo e
outros produtos, a empresa criou a subsidiaria Petrobrás Distribuidora, que era responsável
por 21% do mercado nacional, se tornando líder neste segmento até hoje.
Com os choques do petróleo, que ocorreram na década de 70, houve um grande
aumento nos preços do petróleo. Antes da crise a Petrobrás importava em média 90% do
petróleo que era consumido no país e este vinha quase todo do Oriente Médio. Como a
exportação do Brasil era basicamente composta por café, a exportação de um saco de café era
suficiente para arcar com os custos de 50 barris de petróleo, porém após a primeira crise um
saco de café arcaria com os custos da importação de cinco barris de petróleo, já após a
segunda crise um saco de café mal dava para comprar um barril e maio de petróleo (BOSCO
2003). Esta crise atingiu a economia brasileira em cheio, os preços fizeram com que
aumentasse o valor das importações brasileiras mais de dois bilhões de dólares, a crise afetou
drasticamente a balança comercial do país. Porém novas descobertas de bacias de petróleo no
Brasil foram amenizando a crise e abrindo uma nova faze de exploração do petróleo brasileiro
(ROCKMANN, 2006).
Diante do cenário de crise do sistema internacional, o Brasil, criou o Programa
Nacional do Álcool, mais conhecido como Próalcool, este programa tinha como finalidade
aumentar as alternativas de energia para fazer frente ao petróleo e seus derivados. O programa
foi direcionado ao investimento na produção e comercialização do álcool como combustível
que poderia substituir a gasolina, isto junto com campanhas para diminuir o consumo de
combustíveis (BOSCO, 2003).
Após o primeiro choque do petróleo junto com a expansão da empresa para o mar, foi
criada em 1972 a Braspetro, subsidiária e de grande importância internacional para a
Petrobrás, pois esta buscava no exterior o petróleo não encontrado no Brasil e trouxe capital
para a economia brasileira e capacitação para os profissionais da empresa. (Bosco, 2003)
Foi em 1997, no governo de Fernando Henrique Cardoso, que a Petrobrás deixou de
ser monopólio estatal do petróleo, segundo a ANP (Agencia Nacional do Petróleo) as
empresas privadas e a Petrobrás poderiam concorrer entre si na exploração de petróleo, assim
a empresa, inserida neste novo cenário, começou a investir em novos segmentos, como o gás
38
natural. A empresa continua sendo hoje uma empresa do governo brasileiro, porém a empresa
também possui mais de 150 mil acionistas (PETROBRAS, 2008).
A partir do fim do monopólio a empresa foi expandindo seus negócios, se tornando
cada vez mais competitiva no mercado internacional. Tendo como referência o continente
latino-americano, o Brasil conta com quase 5 milhões de quilômetros quadrados em bacias
sedimentares e possui uma das maiores reservas de petróleo. A Petrobras produz em torno de
1,2 milhões de barris de petróleo por dia, visto que a maior parte vem de plataformas
marítimas. Cada vez mais esta produção é obtida sob maior lâmina de água, para a qual a
Petrobras detém a tecnologia de ponta e possuindo recorde mundial de perfuração em águas
profundas (REIS, FADIGAS E CARVALHO, 2005).
3.3 Áreas de atuação
De acordo com o site virtual da PETROBRAS (2008) são várias as áreas de atuação
nas quais a empresa atua, dentre elas estão as de abastecimento, exploração e produção, gás e
energia, e negócios internacionais, nesta seção serão expostas cada uma destas áreas e como
elas se inserem no sistema da empresa Petrobras11.
Setor de Abastecimento: a companhia é responsável por praticamente toda a procura
de derivados de petróleo do Brasil, são aproximadamente 1,7 milhões de barris ao dia. A
companhia possui excelência na área de abastecimento, possuindo a nona posição no setor de
downstream12, que abrange desde o refino, o transporte ate a comercialização. Grande parte
da estrutura operacional da empresa esta ligada a este termo são onze refinarias, duas fábricas
de fertilizantes, navios, bases, dentre outros. Dentre os desafios que a empresa enfrenta neste
setor, está na tentativa de aumentar a produção de outros tipos de óleos em suas refinarias e
acabar totalmente com a dependência da importação destes.
Setor de Exploração e Produção: cabe a este setor a responsabilidade pelas
pesquisas, localização, identificação, desenvolvimento e produção de reservas de óleo e gás
natural. Como já foi dito antes a companhia é excelência mundial neste setor, onde possui e
investe em desenvolvimento de tecnologias na produção de águas profundas.
Setor de Gás & Energia: inserida na nova estrutura organizacional da companhia,
11 Estes dados foram retirados do site da companhia Petrobras. 12 Segmento da Petrobras que abrange refino, marketing, comercialização, transporte e logística.
39
este setor atua estrategicamente na área de negócios de gás e energia, onde possui a
responsabilidade de comercializar o gás natural tanto nacional, quanto importado e também
por implantar projetos com parcerias no setor privado, que garantem a oferta de combustível
por todo o país. Este setor corresponde no mercado brasileiro cerca de 8,9% da matriz
energética brasileira. A companhia acredita que este valor só tende a crescer e acredita que
este consumo chegará a 12% em 2015. A Petrobras não mede esforços para ampliar o uso do
gás, tanto na indústria, automóveis, quanto na geração de energia. Dentre todos os
combustíveis usados em larga escala, o mais limpo e econômico é o gás natural.
O setor de Gasodutos: atualmente existem aproximadamente 8.860 quilômetros de
dutos em operação e mais 4.160 serão postos à rede. São redes que ligam as principais regiões
do Brasil, sul, sudeste, norte, dentre outros. (PETROBRAS, 2008).
Gasodutos móveis: também são investidos em ações que viabilizam e levam a
distribuição de gás natural em locais onde não são atendidas por gasodutos, que são
conhecidos como gasodutos móveis. Através da tecnologia de compressão onde o gás natural
é comprimido ou pela liquefação onde o gás é liquefeito, se torna possível o transporte deste
devido à redução do volume do gás.
Área de Negócios Internacionais: a companhia trabalha com várias atividades no
exterior, que abrangem, exploração em outros países, compra e venda de petróleo, pesquisas
tecnológicas, pesquisas em equipamentos, materiais e serviços, contratação de funcionários
especializados, ajuda em eventos internacionais, dentre outros projetos. São várias as
empresas em que a Petrobras está associada, faz se incluso as maiores companhias na área de
petróleo do mundo. Dentre os países que fazerem parte se encontram Angola, Argentina,
Bolívia, Colômbia, Cazaquistão, Estados Unidos, Nigéria, etc.
Setor de Transporte e Refino: após ser extraído, o petróleo é enviado para oleodutos
ou navios petroleiros até que este chegue aos terminais marítimos, assim o petróleo é
transportado para as refinarias para o alcance dos derivados. A companhia subsidiária da
Petrobrás que é responsável por este setor é a Transpetro (Petrobras Transportes S.A.).
O setor de Distribuição: a distribuição é a última etapa, onde os derivados do
petróleo chegam ao consumidor. Este abrange a obtenção do produto até sua comercialização.
Apenas para apresentar os dados, a Petrobras Distribuidora subsidiária da Petrobras, que é a
responsável por este setor, possui mais ou menos sete mil postos, em todo o Brasil. Ela está
presente em vários setores, como automotivo, marítimo, ferroviário e aéreo e seus produtos
são para os mais diferentes usos.
40
3.3.1 Os derivados do Petróleo
Muitos são os derivados do petróleo e estes fazem parte da grande produção da
Petrobras e todos têm um consumo grande. Os derivados do petróleo são produzidos após
técnicas básicas de refinação: destilação atmosférica e a vácuo. A produção destes derivados
podem ser produtos já acabados ou também podem ser componentes que entrarão na produção
de outro derivado. Estes derivados podem ser classificados nos seguintes grupos:
Tabela I Grupos e derivados do petróleo
GRUPOS DERIVADOS
Combustíveis Gasolinas, Gás Natural e GLP, Óleo diesel,
Óleo combustível, Querosene de aviação,
Bunker (combustíveis marítimos)
Lubrificantes Óleos lubrificantes minerais, Óleos
lubrificantes graxos, Óleos lubrificantes
sintéticos, Composição betuminosa.
Insumos para a Petroquímica Nafta, Gasóleo
Especiais Solventes, Parafinas, Asfalto, Coque
Fonte: Site Petrobras
3.4 O Processo de internacionalização da empresa
A primeira alusão da companhia Petrobras em respeito à internacionalização ocorreu
na década de 50, pelo geólogo Walter Link, que na época era o responsável por guiar as
atividades de exploração e produção. Este redigiu um relatório conhecido como “Relatório
Link”, que apresentava recomendações e precauções na área de exploração. Segundo Link, a
empresa deveria se dedicar em buscar reservas no exterior e para o nacional. Em 1968, vários
motivos foram colocados pelo diretor da Petrobras Geonísio Carvalho, criando o Grupo de
Trabalho de Exploração no Exterior pelo conselho de Administração (REAL, 2000).
Ainda segundo o autor, em 1972, foi concretizada a atuação da Petrobras no exterior
com a criação de Braspetro – Petrobrás Internacional S.A., assim foi lhe dado o poder de
41
decisão sobre todos os acordos já firmados. A Braspetro, atuando tanto sozinha quanto
através de subsidiarias e, associadas às maiores empresas de petróleo do mundo, conseguiu
atingir quatro continentes e 32 países.
Segundo Gurgel (1995), novos desafios foram surgindo para a Petrobras quando a
empresa começou a exploração e a produção em águas profundas, foi neste período que a
empresa começa a atuar frente a indústria mundial de petróleo e competir também em termos
tecnológicos. A empresa só pode competir em termos tecnológicos por meio de cooperação
internacional e parecerias com universidades brasileiras e Institutos.
Ainda segundo o autor, a empresa teve que ampliar suas relações com as empresas
internacionais, pois esta foi induzida a se atualizar competitivamente frente à nova realidade e
desafios tecnológicos a serem enfrentados na exploração em águas profundas, isto ocorreu
porque no início, a indústria brasileira estava impossibilitada de atender a demanda de
equipamentos como plataformas e até mesmo a industria nacional como naval, bens de
capitais, etc. Quando a industria brasileira conseguiu crescer em termos tecnológicos a
Petrobras se modernizou e atualizou sua tecnologia de acordo com os padrões internacionais,
ampliando assim suas relações com sucesso. Nesse contexto a empresa se consolidou e criou
condições para sua internacionalização competitiva frente ao oligopólio da indústria
petrolífera mundial.
O primeiro passo da Petrobras, para o processo de internacionalização, foi a criação da
Braspetro em 1972, neste mesmo ano a empresa fez duas ações importantes para sua expansão
no mercado internacional: fez sua primeira operação no exterior que foi a aquisição de 50%
das ações da empresa colombiana Tennecol, que passou a se chamar Colbras e assinou
acordos para prestar serviços de exploração no Iraque, Egito e em Madagascar onde
estabeleceu parcerias com a nacional de Madagascar Chevron. A empresa só foi ganhando
mercado com o decorrer do tempo, nos anos de 1973 e 1974 a Petrobras consegui estabelecer
acordos com a estatal iraquiana (Irac National Oil Company) e faz acordo de exploração com
Argélia, Líbia e Filipinas e obtém registro de empresa exportadora. Nesse período pode-se
perceber que a empresa tinha muitas possibilidade de crescimento, com três anos atuando no
exterior a empresa já estava presente em 7 países, atuando na área de exploração
(PETROBRAS, 2008).
Em 1979 a empresa já estava prestando serviço de extração e produção em vários
países, onde incluem China, Guatemala, Trindade e Tobago, Índia, Congo e Iêmen do Sul. No
início de seu processo de internacionalização a Petrobras utilizou as estratégias de aquisição e
uma parceria com empresas estrangeiras, nos outros paises a empresa só atuava com
42
atividades de prestação de serviços e assistência técnica de engenharia e nas áreas de
exploração de petróleo (PETROBRAS, 2008).
Com o tempo a empresa foi ganhando credibilidade e mercado no âmbito
internacional, na medida em que a companhia foi expandindo ela foi fazendo mais aquisições
como foi na Argentina onde a Petrobras fez a aquisição de 2 empresas e no Texas em 2005.
Fez 6 parcerias com empresas da Guiné Equatorial, comprou parte de empresas Nigerianas e
abriu muitas filiais em todo o mundo
Outras políticas adotadas pela Petrobras foram de posicionar estrategicamente nos
mercados vizinhos, por meio de parcerias e participação de leilões e licitações e também o
desenvolvendo de projetos para aumentar sua demanda e sua expansão, como por exemplo, o
aumento nos investimentos na petroquímica e em perfurações de águas profundas, o programa
de geração da termoelétrica, construção de novas unidades de refino. (REAL, 2000).
Atualmente a formação de parcerias têm sido a principal ferramenta mobilizada pela
Petrobrás para implementar sua nova estratégia competitiva. Para isto, a Petrobrás usa como
principal moeda de troca sua posição hegemônica no mercado brasileiro. Assim, ainda que a
Petrobrás venha a perder participação em segmentos específicos do mercado nacional, a
diversificação de negócios e a internacionalização colaborarão para o aumento do faturamento
e da rentabilidade da empresa, de forma a compensar estas perdas. São estas as expectativas
dos acionistas nacionais e estrangeiros, que vêm apontando a Petrobrás como uma das
melhores opções de investimentos na região (RODRIGUES et. al., 2002).
A posição atual da empresa é a de 7º maior empresa de petróleo do mundo, atuando
nas áreas de exploração e produção, em Angola, Argentina, Bolívia, Colômbia, Estados
Unidos, Nigéria, México, Peru e Trinidad & Tobago. Depois da aquisição da empresa Perez
Companc, passou a trabalhar também em outras áreas no Equador, no Peru e na Venezuela. A
Petrobras também trabalha na Argentina e na Bolívia nas atividades de refino, logística,
comercialização, distribuição e ainda em gás e energia, setor no qual há pouco tempo assinou
um contrato de produção com o México. Na Argentina a Petrobras está presente no setor
petroquímico. No Uruguai, Paraguai e Chile, a Petrobras comercializa lubrificantes. Além do
mais, a companhia vem tendo negociações com as empresas petrolíferas estatais da China e de
Cuba. Sua atuação no exterior se completa com os escritórios de negócios no exterior, em
Nova York, em Tóquio, em Londres, Buenos Aires, Cingapura e Houston nos EUA. Assim, a
Petrobras atua no mercado internacional de petróleo e derivados, diretamente ou por
intermédio de suas subsidiárias no exterior, até mesmo nos negócios das principais bolsas de
43
energia mundiais e na realização de operações diretas com outras empresas. Toda sua atuação
no mercado internacional é dividida por tipos de produção (PETROBRAS, 2008).
São três os segmentos nos quais ela atua tanto internamente quanto externamente:
Upstream que é a exploração e produção; Downstream que abrange refino, marketing,
comercialização, transporte e logística; e na Middlestream que cuida da prestação de serviços
de engenharia e perfurações de poços de petróleo e refino (PETROBRAS, 2008).
A Petrobras também utiliza da tecnologia como um meio de expansão isso porque
com o problema da extração do petróleo em águas profundas13 a Petrobras enfrentou esse
desafio com um processo de desenvolvimento tecnológico direcionado para essa extração, se
tornando a maior empresa brasileira em pesquisa e desenvolvimento. A Petrobras criou em
1966 uma unidade no Rio de Janeiro criada exclusivamente para a pesquisa e
desenvolvimento, para criar tecnologias de extração de petróleo em grandes profundidades a
unidade possui cerca de 1500 funcionários (CHEVARRIA, 2007).
Com esse intenso investimento em tecnologia a Petrobras se consolidou como uma das
maiores empresas na tecnologia de exploração de petróleo em grandes profundidades. Apesar
dos custos desse tipo de investimento serem muito altos, a empresa conseguiu produzir em
grandes quantidades e com custos relativamente baixos (CHEVARRIA, 2007).
Com base no exposto pelo autor, percebe-se que a Petrobras, na busca de seu objetivo
de produzir para seu mercado interno e crescer no mercado externo, no decorrer de seu
desenvolvimento, com obstáculos a enfrentar, a Petrobras desenvolveu uma grande
competência na tecnologia de perfurações, e atualmente essa habilidade de extrair petróleo em
águas profundas é reconhecida por todo o mundo.
Por meio do plano estratégico para o período de 2000-2010, a companhia evidencia
maior ênfase na sua atuação internacional. A Petrobras expandiu suas vendas de 6% para 21%
em 2005 de gás natural de forma integrada e internacional. No novo aparato organizacional da
empresa o setor internacional está incluído como uma das quatro áreas da companhia
(RODRIGUES et. al., 2002).
Outro ponto de grande relevância que deve ser exposto, é que em 2007, uma enorme
reserva de petróleo foi descoberta pela empresa no litoral brasileiro e que é conhecida como
“Camada Pré-Sal”, ela possui este nome porque essas reservas então situadas abaixo de um
13 A tecnologia de exploração (em águas profundas) é desenvolvimento da Petrobras, através dos programas que o P&D (programa de Pesquisa & Desenvolvimento) desenvolveu: Procap 1000 Procap 2000 Procap 3000, nesses programas a empresa coloca todos os desafios tecnológicos que ela possui dentro de uma rede que fazem parte universidades e empresas e estas buscam soluções os desafios fazendo com que a empresa cresça cada vez mais.
44
camada de sal de mais ou menos 6 mil metros abaixo do nível do mar. Esta reserva, de acordo
com alguns dados, pode ser considerada uma das ou a maior reserva mundial de petróleo e
gás-natural e, se estas estimativas forem confirmadas, o Brasil pode se tornar futuramente em
um dos maiores produtores e exportadores de petróleo e derivados do mundo (OGLOBO,
2008). Essa figura é para facilitar a visualização da profundidade do petróleo encontrado.
Figura 1: Profundidade da Camada Pré-Sal Fonte: Site Apollo11. Disponível em: <www.apolo11.com>.
Entretanto, o governo ainda está discutindo o que será feito dessa reserva, primeiro
porque ela é considerada patrimônio brasileiro e segundo porque os investimentos para a
extração dessa reserva serão muito altos, decorrente da profundidade dessa reserva, porém a
Petrobras tem capacidade de explorar esse petróleo, a empresa acredita que em alguns anos,
ela terá a tecnologia necessária para uma exploração de grandes proporções nesta reserva,
porém já esta sendo extraído em poucas quantidades (OGLOBO, 2008).
Tendo em vista a grande quantidade petróleo descoberto pela Petrobras e a capacidade
tecnológica que esta possui para a extração, a perspectiva da Petrobras no setor petrolífero,
nos próximos anos só tende a crescer, uma vez que a necessidade por parte dos países por
energia dentro de um mundo globalizado cresce a cada ano. A empresa possui todos as
ferramentas para aumentar seu potencial, a tecnologia de águas profundas só da a ela o poder
de expansão frente a outras empresas do ramo e a camada Pré-Sal que da a matéria-prima
necessária para a exploração (PETROBRAS, 2008).
45
Mesmo sabendo que o petróleo é uma fonte de energia não-renovável as reservas
brasileiras de petróleo são imensas e o potencial de extração da Petrobras só vem aumentando
com o decorrer dos anos, isto pode ser visto no quadro abaixo. E vale ressaltar que a reserva
do Pré-Sal foi pouco extraída, estando praticamente inalterada.
Gráfico 1: Relação entre Produção de petróleo da Petrobras nas décadas. Fonte: Site Petrobras.
Assim pode-se concluir que, devido a liderança em tecnologia de águas profundas
que a empresa possui, junto com a capacidade de produção que a empresa vem tendo nos
últimos anos e a capacidade de produção que ela possui atualmente, faz pensar nas
perspectivas de crescimento no setor petrolífero que a empresa terá, a companhia possui filiais
e empresas com parcerias por todo o mundo, possui o Know-how juntamente com a estrutura
necessária pra ser uma das maiores empresas de petróleo e derivados do mundo.
46
4 POSSIBILIDADES ALTERNATIVAS DE EXPANSÃO INTERNAC IONAL
4.1 A atuação da Petrobrás na produção de biocombustíveis
Esse capítulo foi escrito para mostrar uma possibilidade “alternativa” de expansão
da Petrobras, a empresa não possui refinarias próprias para a produção destes, porém atua na
produção, uma vez que a procura por esses combustíveis vem aumentando com o decorrer dos
anos.
A atuação da Petrobras no mercado de biocombustíveis se iniciou na década de 70
apoiando o governo no programa Proálcool e, ao decorrer desses trinta e oito anos, a
companhia ampliou suas ações e diversificou suas áreas de atuação, anexando a produção dos
biocombustíveis como o biodiesel, e a produção de energia elétrica e térmica, tudo isso a
partir de fontes renováveis, como a energia de biomassa e eólica por exemplo (SAUER et al.,
2006).
Neste tópico serão apresentadas as atuações que estão sendo desenvolvidas em
biocombustíveis, álcool e biodiesel pela Petrobras e quais são os benefícios oriundos da
produção e utilização desses produtos, dentro do cenário mundial e nacional.
A procura por combustíveis renováveis tem ganhado força no âmbito mundial e cada
vez mais está crescendo a utilização destes em todo o mundo, isso se deve principalmente por
três motivos: os países estão tentando reduzir a dependência de produtos e derivados do
petróleo nas suas matrizes energéticas; aumento dos incentivos por parte dos Estados à
agricultura e às industrias locais; e o propósito de redução da emissão de gases que são causa
do efeito estufa. (SAUER et al., 2006)
Os principais biocombustíveis presentes na produção da PETROBRAS são o álcool
ou etanol e o biodiesel.
47
4.1.1 Álcool combustível
Segundo o site da Petrobras (2008), o uso do álcool combustível14 teve início por volta
de 1900, mas o consumo no Brasil vem desde 1925. Com a crise do petróleo ocorrida na
década de 70, os preços oriundos do petróleo no mercado internacional aumentaram
significativamente, fazendo com que houvesse uma necessidade de alterar a fonte energética
dos países, visto que o consumo brasileiro de petróleo vindo do exterior era cerca de 80%. No
ano de 1975, o governo lançou o programa nacional PROÁLCOOL com o objetivo de
diminuir sua dependência energética, produzindo álcool combustível, onde este iria reduzir a
importação de petróleo.
No começo o programa visava a produção do álcool que era misturado com a gasolina.
Em um segundo momento, em 1979, se deu início à produção de álcool combustível que
substituía a gasolina, este álcool era para automóveis que seriam produzidos dali em diante,
fazendo com que o PROÁLCOOL ganhasse ainda mais espaço (SAUER et al., 2006).
A BR Distribuidora, uma subsidiária da PETROBRAS, também no mesmo período,
difundia no mercado o primeiro lubrificante para motores a álcool. Também foi uma
significante iniciativa a instalação no ano de 1979, de bombas para abastecimento de álcool
nos postos de bandeira BR e de postos coletores de álcool estrategicamente localizados junto
às zonas produtoras no Centro-Sul do país. Em pouco tempo, a Petrobras dispunha de uma
grande capacidade para armazenagem de álcool (SAUER et al., 2006).
O PROÁLCOOL, foi formalmente extinto no início dos anos 1990, mas o fomento
governamental, em termos de política energética, à produção do álcool, continua até hoje, só
que sem a maior parte dos incentivos creditícios e fiscais existentes durante a vigência do
programa. (ROSILLO CALLÉ, BAJAY E ROTHMAN, 2005)
Segundo Sauer et al. (2006), com a realização no Rio de Janeiro da Conferência da
ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento na década de 90, fez com que o tema
ganhasse grande importância na agenda internacional dos Estados, a partir de janeiro de 1992
quando foi realizada a conferência, acordos internacionais foram formalizados que visavam
promover a sustentabilidade do desenvolvimento mundial. Porém foi em 2005 que o tema
14 Álcool combustível é um tipo de álcool utilizado para automóveis e também pode ser chamado de álcool etílico carburante, ou etanol. O etanol é um composto oxigenado que pode ser adicionado à gasolina ou usado puro em motores projetados especificamente para serem usados por esse combustível. Dentro deste trabalho será usada tanto o nome álcool quanto etanol sendo usados como sinônimos. (Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas – SBRT).
48
ganhou mais relevância ainda, isto porque foi quando entrou em vigor o Protocolo de
Quioto15, fazendo com que as energias renováveis, juntamente com os biocombustíveis, se
destacassem como meio capaz de reduzir a emissão de gases que contribuem para o efeito
estufa.
A partir dessa data, muitos países junto com investidores de todas as áreas e lugares
têm demonstrado interesse na utilização e produção do álcool como combustível, investindo e
anunciando políticas que visam a inserção do álcool combustível em suas matrizes
energéticas.
Nesse contexto, o Brasil se classifica como o maior produtor de álcool mundialmente
falando, é visto como uma das maiores potências energéticas do futuro e grande parte dos
investimentos do setor energético são focados aqui. Hoje, o Brasil produz cerca de 16 bilhões
de litros de álcool combustível por ano, onde cerca de 2,5 bilhões de litros são para
exportação no mercado internacional (SAUER et al., 2006).
A expectativa de maior demanda por etanol, tanto no mercado doméstico devido ao
aumento do veículos biocombustíveis, quanto no externo por adequações às exigências do
Protocolo de Quioto, tem se transformado no argumento central para ampliação das áreas de
plantio de cana-de-açucar. A estimativa é que para atender as demandas vindouras o Brasil
precisará produzir, daqui a dez anos, cerca do dobro de etanol (CGGE, 2008).
4.1.2 Biodiesel
O Biodiesel é o nome dado para os combustíveis produzidos a partir de óleos e
gorduras vegetais e animais, estes podem servir como substituto ou adicionado ao óleo diesel
mineral e derivados.
Dispondo de solo e clima favoráveis ao cultivo de várias oleaginosas e também
possuindo o segundo maior rebanho comercial de bovinos no âmbito mundial, o Brasil
dispõem de ótimas condições para se tornar um dos maiores países produtores de biodiesel do
mundo. Isto porque, o sebo ou a gordura animal é uma excelente matéria-prima para a
produção do biodiesel. Por ser isento de aromáticos e de compostos de enxofre e também por
15 O protocolo de Quioto adotado pelo Third Conference of the Parties (COP-3) em Kioto estabeleceu que as nações industrializadas deverão limitar as emissões de gases estufas, em média 5% a menos que os níveis registrados em 1990, para o período de 2008 até 2012. Essas reduções são de níveis diferentes para cada país, indo de -8% até +10% com referência ao ano de 1990.
49
conter cerca de 11% de oxigênio em peso, o uso do biodiesel mesmo que adicionado ao óleo
mineral, colabora na redução de emissão de gases poluentes e de materiais particulares
(SAUER et al., 2006).
O biodiesel, então reduz a emissão de CO2, isto porque o petróleo é um combustível
fóssil e emite muito mais CO2 na atmosfera. Daqui a algum tempo acredita-se que este poderá
proporcionar, no âmbito do Protocolo de Quioto, a obtenção de mais créditos de carbono. É
interessante que na fabricação do biodiesel existe um leque de opções, são diversas
oleaginosas como a mamona, por exemplo, matérias-primas como o óleo de cozinha, a
gordura animal, algas e até mesmo esgoto doméstico (SAUER et al., 2006).
O uso do biodiesel também traz inúmeras vantagens ao país, podendo-se citar: o
desenvolvimento de áreas remotas das regiões Norte/Nordeste, pelo estímulo a soluções
regionais; economia com divisas com a diminuição das importações de diesel; transporte mais
limpo de passageiros e carga, dentre outras vantagens. (REIS, FADIGAS E CARVALHO,
2005).
A produção de sebo do Brasil chega a 900.000 t/ano, assim existe um grande potencial
desta matéria-prima na produção deste óleo. A Europa passou a utilizar o biodiesel após os
choques do petróleo na década de 70.
Já na década de 80, a Áustria já havia iniciado a produção comercial de biodiesel,
porém, foi na década de 90, com negociações feitas na OMC16 que foi estabelecido um
programa no qual, seria obrigatório os produtores reservar em parte de suas terras cultiváveis
para a produção de matérias-primas destinadas a produção de biodiesel. Em 2003 o
Parlamento Europeu aprovou recomendações aos países membros, para a adoção de leis que
garantam a utilização de biocombustíveis para transportes, onde este consumo teria que ser
superior a 2% até 2005. Também em 2003, a União Européia aprovou a redução ou isenção
fiscal para todos os biocombustíveis fabricados dentro dos países membros da União Européia
(SAUER et al., 2006).
No Brasil, no ano de 2004, foi criado o Programa Brasileiro de Biodiesel que tem
como objetivo viabilizar o uso deste biocombustível, onde são envolvidos aspectos de
natureza social, estratégica, econômica e ambiental, fazendo com que além de reduzir a
emissão de gases poluentes também contribua em questões sociais como o aumento de
emprego e renda da população (PETROBRAS, 2008).
16 A Organização Mundial do Comércio, mais conhecida como OMC, é uma organização multilateral que foi criada em 1995 com o objetivo de regulamentar as trocas internacionais e promover o livre comércio, a OMC também pode criar normas e julgar os países que não as cumprem e determinar sanções caso seja necessário.
50
“Além de contribuir para a redução do aquecimento global, os biocombustíveis permitem geração de emprego e renda no campo, com a utilização da agricultura familiar na produção das matérias-primas" (Petrobras, 2008).
O governo brasileiro reconhece a quantidade de oleaginosas existentes em seu
território, utilizando uma política de qualidade e competitividade frente aos outros
combustíveis, foram feitos vários incentivos por parte do governo brasileiro para a produção e
comercialização de biodiesel, como a redução das alíquotas de contribuição de alguns
impostos; foi criado o selo “Combustível Social”, conferido aos produtores que obtiverem a
matéria-prima de agricultores familiares; permitiu a mistura de 2% de biodiesel ao diesel de
petróleo, para introduzir o biodiesel na matriz energética brasileira e a partir de 2013 essa
mistura será de 5%, onde será necessário a produção de 2,5 bilhões de litros (SAUER et al.,
2006).
Dentro do Programa Brasileiro de Biodiesel, a Petrobras inicialmente se encontrava
apenas no âmbito tecnológico, onde atuava no seu Centro de Pesquisas, este desenvolveu
meios de produção do biodiesel via matérias-primas de natureza brasileira, como por
exemplo, a mamona, viabilizando economicamente a produção industrial do biodiesel. No
caso brasileiro o biodiesel é produzido na maioria das vezes diretamente dos grãos das plantas
oleaginosas, utilizando uma matéria-prima brasileira o etanol, diferente da Europa que utiliza
o metanol ou álcool de madeira. Dentro da Petrobras as principais plantas indústrias para a
produção de biodiesel são a mamona, algodão e a soja, e também como foi dito acima o sebo
bovino (PETROBRAS, 2008).
4.2 Perspectivas internacionais para a produção de biocombustíveis
De acordo com Petrobras (2008), a produção o consumo de biocombustíveis é um
tema muito discutido atualmente, são várias as motivações e problemas que giram em torno
destes combustíveis. São várias as motivações que fazem com que as nações busquem utilizar
os Biocombustíveis, são elas:
• Buscam segurança energética, de modo que, com a utilização dos
biocombustíveis faz com que haja uma redução da dependência dos países em
relação ao petróleo.
51
• Buscam uma Diversificação Energética, gerando mais segurança na matriz
energética dos países, visto que, haverá um leque de opções no caso de algum
problema energético.
• Cada vez mais há uma expansão dos biocombustíveis visando atender a grande
demanda energética no setor de transporte.
• A produção de biocombustíveis faz com que aumente o desenvolvimento do
agronegócio e conseqüentemente gera mais empregos.
• A utilização dos biocombustíveis gera uma redução de CO2, reduz impactos
climáticos e ajuda a cumprir as metas do Protocolo de Quioto (PETROBRAS,
2008).
Segundo o site da Petrobras (2008), também pode-se perceber que cada vez mais a
um aumento da demanda mundial de energia, espera-se que cresça em torno de 40% até 2020.
Outro fator que motiva a utilização dos biocombustíveis é que a utilização do petróleo como
fonte energética representa um aumento de gases poluentes na atmosfera e do efeito estufa. E
sabe-se que a infra-estrutura dos biocombustíveis é a mesma dos combustíveis fósseis.
De acordo com a demanda energética mundial, até o ano de 2030, haverá um
aumento do consumo energético mundial de cerca de 2,1% a.a., porém o crescimento anual é
de 1,9% a.a. na produção de petróleo. Pode-se perceber um déficit entre o crescimento da
demanda por energia e a oferta de energia, onde as reservas fósseis estão cada vez mais
diminuindo. Vistos todas essas vantagens na utilização dos biocombustíveis, a demanda por
novas fontes energéticas, limpas, economicamente viáveis e sustentáveis só aumenta com o
passar dos anos (PETROBRAS, 2008).
Nesse contexto, os Biocombustíveis ganham espaço, visto que, são eles que
completam a demanda cada vez mais crescente de energia no setor de transporte e com
ganhos ambientais incomparáveis.
O Brasil é o país com maiores condições na produção e comercialização deste
combustível, visto que, possui uma economia estável; possui capacidade de crescimento da
produção dos biocombustíveis uma vez que possui disponibilidade de terras para atender essa
demanda; possui minimamente uma infra-estrutura de exportação; possui experiência na
utilização de combustíveis alternativos (PETROBRAS, 2008).
Porém deve-se ressaltar que mesmo que a procura e investimentos por estes
combustíveis esteja aumentando, nenhuma das energias alternativas oferece, por enquanto,
vantagens econômicas claras com relação ao petróleo e seus derivados (GOLDEMBERG E
52
LUCON, 2007). Isto porque a produção de petróleo já possui uma estrutura e tecnologias bem
formadas. E, apesar do petróleo ser uma energia não-renovável, este possui muitas reservas
que vão garantir a produção do petróleo por muitos anos ainda.
53
CONCLUSÃO
Baseado no que foi estudado neste trabalho, pode-se inferir que a
internacionalização de empresas está diretamente associada ao fenômeno da globalização. As
mudanças ocorridas na economia mundial, desde o final da Segunda Guerra Mundial e,
principalmente, a partir da década de 80, têm movido à integração dos mercados de bens,
serviços e capital, e o conjunto destas transformações entende-se por globalização. À essas
transformações se seguem as mudanças nas bases sociais, tecnológicas, produtivas,
comerciais e financeiras do capitalismo internacional.
A globalização atingiu as empresas e fez com que elas buscassem a
internacionalização como um meio de expandirem e sobreviverem em meio a um mundo
globalizado e competitivo. Com a Petrobras não foi diferente, ela começou seu processo de
internacionalização no ano de 1972, com a criação da Braspetro (Petrobras Internacional. Ela
utilizou de várias estratégias de entrada em mercado externo na sua internacionalização, em
cada situação e em cada país ela fez uma estratégia diferente, que foram desde alianças até
joint ventures.
A empresa em um primeiro momento, buscou investir em tecnologia de perfuração
como resolução de problemas vindos da produção nacional, porém, com o aumento de sua
produção surgiu a necessidade de se expandir via exportação de seus produtos. A tecnologia
da Petrobras com o tempo só foi melhorando e expandindo, tornando a empresa uma das
maiores em perfuração em águas profundas. Junto com a capacidade de produzir e a novas
descobertas de petróleo feitas pela empresa, como é o caso da camada Pré-Sal, que se
comprovado pode se tornar a maior reserva de petróleo do mundo, a Petrobras só tem
capacidade de expandir. Assim, concluí-se que a produção da Petrobras, no setor petrolífero,
ainda possui forte tendência de crescimento no decorrer dos anos, visto que a empresa possui
todas as ferramentas necessárias para extrair e produzir petróleo e seus derivados.
Também apresentamos os biocombustíveis, que são uma possibilidade alternativa de
expansão da empresa, uma vez que a procura por estes combustíveis no mercado internacional
está aumentando e a Petrobras se insere neste ramo. Apesar da maior parte da produção vir de
usineiros, a Petrobras comercializa esses produtos. Embora estes combustíveis possuam
vantagens na utilização, essas vantagens não são maiores do que as oferecidas pelo petróleo,
visto que este produto já possui altas tecnologias na extração e produção e sua eficiência em
comparação os biocombustíveis é incomparavelmente maior.
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