roger conseguiu curar-se da aids - bob owen

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    Roger conseguiu curar-seda AIDS:

    Sua luta e sua vitria

    Bob Owen

    NDICE

    Introduo da edio francesa.............................................................................2

    A palavra do autor ..............................................................................................4Captulo 1 ...........................................................................................................5

    Captulo 8 ...........................................................................................................9

    Captulo 12 ....................................................................................................... 15

    Captulo 14 ....................................................................................................... 23

    Captulo 16 ....................................................................................................... 29

    Captulo 17 ....................................................................................................... 34

    Captulo 19 ....................................................................................................... 39

    Captulo 20 ....................................................................................................... 45

    Captulo 21 ....................................................................................................... 52Captulo 22 ....................................................................................................... 57

    Captulo 23 ....................................................................................................... 64

    Uma palavra de Roger ...................................................................................... 69

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    Introduo da edio francesa

    Este livro conta uma histria inacreditvel primeira vista: a histriade um homem que se curou da AIDS. Essa recuperao impossvel para

    a maioria de ns e, no entanto, testemunhos deste tipo so cada vezmais numerosos. O caso relatado neste livro apresenta, porm, umaparticularidade: ele mostra no apenas o caminho do doente, mas tam-bm o do seu mdico e a evoluo da viso deste ltimo frente doen-a.

    "Bob Smith" um exemplo clssico de clnico geral da costa oestedos Estados Unidos. Quando v chegar Roger, seu amigo e primeiropaciente aidtico, sente-se impotente como todos os outros mdicosque Roger havia consultado at ento, pois a medicina ortodoxa no

    tem nenhuma medida eficaz para propor. Tendo que enfrentar esseproblema, o mdico faz pesquisas e descobre um outro universo. Perce-be, primeiramente, que em muitas reas, especialmente em doenasgraves como o cncer, as informaes podem ser inteiramente opostas,dependendo das fontes. Essa constatao abala suas convices mdi-cas provenientes de vinte anos de prtica. Ento, vai descobrindo, pou-co a pouco, as leis da sade, que lhe revelam claramente as causasreais das doenas. Decide tentar aplicar os princpios decorrentes des-sas leis. Os resultados so to convincentes que ele atinge o ponto em

    que no h mais volta: no pode mais receitar remdios para esconderos sintomas e dar a iluso passageira de uma cura.

    No que diz respeito a AIDS, o problema situa-se em vrios nveis.Mesmo no meio cientfico, h importantes divergncias quanto s ori-gens da doena; alguns acusam as campanhas de vacinao enquantooutros falam de acidente de laboratrio... Outras idias tambm come-am a se fazer ouvir: o vrus HIV no poderia ser, isoladamente, a causada AIDS. Para que ele possa se instalar no organismo so necessriosfatores imunodepressores, que esto ligados ao nosso modo de vida:

    alimentao industrial, abuso de medicamentos qumicos e drogas le-gais (tabaco, lcool) e ilegais,stress, etc.

    As consequncias teraputicas desse ltimo ponto de vista so evi-dentes. Obrigam doentes e mdicos a dar, sem perda de tempo, umavolta de 180 graus e adotar um conceito holstico, ou seja, empregar

    tcnicas que visam atingir os diferentes nveis do ser humano e permi-tem voltar a uma alimentao sadia, desintoxicar o organismo, desen-volver uma capacidade de reagir ao stresse liberar as emoes. Todasessas terapias alternativas tm um nico objetivo fundamental: aumen-

    tar as defesas imunolgicas. O indivduo torna-se responsvel pela suasade e aprende a administr-la como um capital.

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    Graas a essas tomadas de conscincia sucessivas, o doutor BobSmith pde propor a seu amigo e paciente Roger uma abordagem que

    transformou completamente a vida de ambos: Roger, que estava conde-nado morte, sarou e Bob mudou completamente a orientao em suaprtica mdica.

    Um testemunho como esse no existia ainda e, portanto, essencial.No deixar de provocar reaes intensas, pois a tese proposta, emborantida e clara, exige de cada um de ns uma verdadeira volta sobre simesmo. Aqueles que lerem este livro no podero mais ter a mesmaviso a respeito da AIDS nem das doenas em geral. Vo encontrar mo-

    tivos para ter a esperana, a confiana e o otimismo de que o mundo dehoje tanto necessita.

    Edies Soleil

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    A palavra do autor

    Esse livro comeou faz muito tempo. Desde bem jovem eu j me inte-

    ressava pelo estudo do corpo humano. Terminado o colegial fiz um cur-so de enfermagem por um ano. Quando veio a Segunda Guerra Mundial,meu treinamento militar inclua uma grande parcela de treinamentomdico. No dia em que sa pela primeira vez com meu novo distintivodourado fui nomeado "mdico de bordo".

    Como mdico de bordo eu tratava de tudo - desde cortes, ferimentose apendicite aguda at meningite sifiltica em estado terminal. Desdeento, sentia a enorme frustrao que muitos mdicos experimentampor aprenderem a tratar s os sintomas e no as causas.

    Quando conheci o Dr. Bob Smith e soube de sua incrvel histria, a-chei que era preciso divulg-la. O Dr. Bob preferiu permanecer incgnitoe seu verdadeiro nome no aparece neste livro, mas essa histria todele quanto minha. A bem da verdade, mais que isso. Eu sou apenasaquele que a escreveu.

    Desde o incio, por meses a fio, buscamos sempre a verdade com re-lao natureza das doenas de um modo geral, e da AIDS em particu-lar. Deixamos para o leitor a tarefa de julgar se fomos bem sucedidos.

    Bob OwenMalibu, Califrnia

    setembro de 1987

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    Captulo 1

    Antes de Roger Cochran entrar em minha vida pela segunda vez, em

    agosto de 1986, tudo corria bem para mim. Mas, depois que ele apare-ceu no meu consultrio em Los Angeles, nada mais foi igual.

    "Doutor Smith...", eu olhei. Janine disse, "Doutor, este Roger Coc-hran. Ele disse que o senhor o conhece..."

    Ao ouvir o nome de Roger meu corao deu um pulo, mas quando o-lhei para ele, no o reconheci. Se ela no tivesse dito quem ele era, eu

    jamais teria imaginado. Roger e eu somos da mesma idade e temos omesmo porte. Mas aquele homem diante de mim era um velho encurva-do, magro e cansado.

    Roger e eu nos formamos juntos na Faculdade de Medicina da Uni-versidade da Califrnia e pouco tempo depois estvamos no Vietn.Servimos na mesma unidade em Saigon. Nem vou tentar descrever oshorrores daqueles dois anos. Todos j estamos cansados de ver e ouvirfalar desse fracasso da histria norte-americana.

    Muitos homens bons no conseguiram suportar a enorme presso eperderam completamente o controle no Vietn. Roger Cochran foi umdeles. Estando ao seu lado, eu me identificava com ele e o compreendia.

    Nos primeiros seis meses de nossa estada em Saigon, passvamos pra-ticamente o dia inteiro (e tambm muitas noites) tentando consertarsoldados gravemente feridos que os vietcongues tinham se esforado aomximo para destruir - da maneira mais criativamente sdica que sepossa imaginar.

    A presso constante foi demais para Roger e ele acabou recorrendos drogas. Muitos mdicos fizeram o mesmo. E tambm paramdicos,enfermeiros e soldados. O milagre foi todos ns no termos feito o mes-mo.

    Mas aconteceu que Roger teve a sorte de ser um dos que consegui-ram se recuperar, obtendo uma dispensa honrosa. Depois da tomada deSaigon, voamos de volta para Vandenberg. Naquela noite, ficamos b-bados em So Francisco. Foi essa a ltima vez que vi Roger Cochran ato dia em que apareceu em meu consultrio.

    Ele riu - o mesmo sorriso meio torto de que me lembrava - e estendeua mo. "Oi, Bob... h quanto tempo!"

    "Roger!" Eu o abracei, sentindo suas costelas esquelticas e seu om-

    bro ossudo. "Roger", eu disse outra vez, afastando-o um pouquinho. "Fazrealmente muito tempo. Que bom ver voc..."

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    O sorriso torto desapareceu, ficando uma expresso de desnimo."", ele disse, afundando na cadeira, "mesmo eu estando desse jeito?"

    "Mas claro... claro..." O choque inicial j havia passado e eu haviarecuperado um pouco meu autodomnio. "Como esto as coisas comvoc? O que est fazendo em Los Angeles? Ouvi dizer que voc clinica-va perto da baa de So Francisco. verdade?"

    Ele ergueu as mos, como para deter minha torrente de perguntas."Mais devagar, Bob. Uma pergunta de cada vez."

    "Est certo, desculpe. Mas, afinal, o que que est acontecendo?Voc est trabalhando em So Francisco, no est?"

    Ele balanou a cabea, triste. "No estou mais. Eu clinicava l, emSan Mateo, at uns seis ou oito meses atrs..." Fez uma expresso deincerteza. "A, eu... bem, eu parei."

    Percebi que algo muito grave estava acontecendo e no insisti. Es-perei.

    Roger ficou em silncio por um bom tempo. Cruzou e descruzou suaslongas pernas. Respirou fundo. "Voc est curioso para saber por queestou aqui... Em Los Angeles... no seu consultrio?"

    "Bem, estou. Lgico. Mas Roger, voc no precisa de convite para virao meu consultrio. Voc sabe disso."

    Ele olhou em volta e fez que sim com a cabea. Em vez de responderdiretamente, disse: "Parece que voc tem uma boa clientela aqui."

    "Razovel", disse. "Levou alguns anos at chegar a esse ponto... masestou feliz aqui."

    Roger balanou a cabea novamente, concordando. "Voc seespecializou em alguma coisa?", perguntou.

    "No. Sou de uma espcie em extino. Clnico geral. Mas bom, aspessoas gostam da gente. E acho que sou bom no que fao."

    "Voc sempre foi bom no que fazia", Roger disse sem nenhum traode cinismo.

    "Obrigado", eu disse, imaginando aonde ele queria chegar. Observeisua face encovada e os olhos fundos. A pele plida indicava dor e sofri-mento.

    Roger olhou bem nos meus olhos. "Bob, estou aqui porque preciso deum bom mdico..."

    "Mas voc um... no estou entendendo."Ele riu sem nenhuma alegria. "Nem poderia, Bob. E nem justo dei-

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    xar voc imaginando. Vou direto ao assunto. Acho que sou azarado oualgo parecido, porque eu peguei... essa coisa ruim. Essa que est em

    todas as revistas, TV, jornais..."

    Franzi as sobrancelhas, muito concentrado. A tudo comeou a ficarclaro para mim: o emagrecimento excessivo, o mal-estar generalizado..."Voc quer dizer...?"

    Ele concordou. ". AIDS. Dizem que estou com AIDS!", acrescentoudisplicentemente, "Voc sabe o que quer dizer - Sndrome deImunodeficincia Adquirida..."

    Ignorei o sarcasmo. "No estou entendendo..."

    "Nem eu. Nem ningum, pelo que parece. No sei como peguei e nemse isso mesmo. Mas seja l o que for, Bob, est acabando comigo. Porisso vim procurar voc, velho amigo."

    Respirei fundo. "Mas, Roger, eu nunca vi um paciente com AIDS. Nosei nada sobre a doena, ou a sndrome, ou seja l o que for. Sou s umclnico geral..."

    "Voc tem razo num ponto, Bob, e voc reconhece isso. Voc nosabe nada sobre a AIDS. Poucos mdicos sabem, s que no admitem.Eles receitam u monte de remdios e ficam torcendo para alguns faze-rem efeito. Mas nenhum faz efeito. Isso eu posso afirmar."

    No respondi. No sabia o que dizer."Mas voc est enganado em outro ponto, Bob. Eu sempre disse que

    voc o melhor mdico que conheo. o melhor em diagnstico. omelhor cirurgio no especializado... o melhor com pacientes. E porisso que estou aqui."

    Percebi que Roger falava com esforo, ofegante a cada respirao.Fez um gesto cansado. "Um dia eu disse a mim mesmo, vou ver se meuvelho amigo Doutor Bob Smith consegue decifrar esta coisa. Por isso...aqui estou, doutor. Estou em suas mos. Veja o que pode fazer, est

    bem?"

    Nunca tinha ouvido uma splica assim. Minha enfermeira Janine, a-inda estava na sala e parecia paralisada. Eu sabia que ela estava pro-fundamente comovida. Fiz um sinal com a cabea e ela pareceu acordarde um transe. Entregou-me a ficha de Roger e saiu lentamente da sala.

    Segurei com foro o joelho esqueltico de Roger. " claro, meu cha-pa", disse com todo o entusiasmo que consegui. Voc e eu demos umasurra no Vietn. E se conseguimos isso, acho que podemos fazer o

    mesmo com essa coisa chamada AIDS. Concorda?"Vi que Roger se cansava rapidamente. Ele concordou, sem muita e-

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    nergia. "Claro, Bob. Claro."

    E com isso iniciei uma etapa em minha vida que viria me absorvertotalmente - noite e dia - durante meses.

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    Captulo 8

    Quando cheguei ao consultrio no dia seguinte, Roger estava espe-

    rando. "No consegui dormir a noite inteira", foi dizendo. "Suas idias medeixaram to animado que tive que vir falar com voc." Estava com aaparncia de quem passou a noite em claro.

    "Que horas a primeira consulta?", perguntei a Janine.

    "Uma e meia", respondeu ela. "O senhor tem meia hora."

    "timo", disse. "Roger e eu estaremos na minha sala."

    Fechei a porta e conduzi Roger a uma cadeira. Sentei-me perto dele."No temos muito tempo agora. Vamos direto ao que interessa. O que

    voc queria falar?"

    Roger abriu um caderno. "A sua idia do denominador comum amais lgica que j ouvi at agora. Por isso fiz uma lista das caractersti-cas comuns a todos."

    "Quantos itens tm a lista?"

    "Vrios. Inclu at os mais bvios", prosseguiu. "No coloquei em ne-nhuma ordem especial, mas o primeiro item da lista : a AIDS atacaambos os sexos, mas diferentemente. Mais homens do que mulheres.No h motivo claro para essa diferena aparente."

    Concordei. "Certo... continue."

    "Minha observao seguinte", disse Roger, " que a idade parece noter nada a ver com a suscetibilidade AIDS." Olhou para mim. " claroque podemos ver que h mais adultos do que adolescentes e crianascom AIDS. E este pode ou no ser um ponto importante."

    "De acordo."

    "Terceira observao: a expectativa de vida aps o diagnstico pare-ce ser a mesma para homens e mulheres, independente da idade." Leuno caderno: "35 a 40 meses. Certo?"

    "Certo."

    "A atividade sexual parece ser um fator predominante. Quer dizer, huma porcentagem maior de vtimas da AIDS que so sexualmente ati-vas."

    "Voc tem razo, Roger. Continue. Ainda temos um tempinho."

    "Quarta observao: sem exceo, ao menos que eu possa concluir apartir dos dados que temos, todas as pessoas diagnosticadas como

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    tendo AIDS foram traumatizadas de alguma maneira durante certo per-odo - seja fisicamente, emocionalmente, sexualmente, quimicamente ou,por assim dizer, medicamente."

    "Muito bom, Roger", disse. "Muito bem. Acho que estamos chegandol..." Nesse instante, Janine bateu na porta. "Doutor Bob, seu primeirocliente j est na Sala de Exames A."

    "Obrigado. J estou indo." Levantei-me e segurei a mo de Roger. Anova luz que brilhava em seus olhos era muito animadora. "Desculpemas tenho que ir agora. Gostaria de ouvir as suas outras observaesainda esta tarde. D para voc esperar?"

    Roger riu, aquele velho sorriso meio torto. "Claro, Bob. No vou a lu-gar nenhum mesmo. Posso esperar aqui?"

    "Lgico. Aproveite e d uma olhada nas revistas novas da AMA... ounas outras. Dou um pulinho aqui quando puder."

    A tarde foi movimentada e j eram quase cinco horas quando fui no-vamente conversar com Roger. Eu tinha voltado sala umas duas vezes,mas ele estava dormindo no sof e eu no quis acord-lo. Estava ansio-so para saber o que mais Roger havia concludo.

    Quando terminei de atender o ltimo paciente, Roger j estavaacordado e escrevia no seu caderno.

    "Desculpe a demora", disse, enquanto tirava o avental branco, sen-tando-me em seguida atrs da escrivaninha. "Foi um dia cheio."

    Roger acabou de escrever antes de responder. "Tudo bem, Bob. A-proveitei e fiz mais anotaes..."

    "E deu uma cochilada tambm, no ?", provoquei.

    ", dormi um pouquinho, sim. E por que no? No dormia num con-sultrio desde os tempos de residncia mdica. At que foi bom..."

    Olhei as horas. "Olhe, Roger, tive uma idia. Vou ligar para Mary. Se

    no houver nada planejado, voc podia ir at l em casa comigo..."

    "No, no, Bob", disse ele. "No justo com a sua mulher."

    "Que bobagem. Ela quer conhecer voc. J tinha at falado em con-vid-lo. Essa uma boa oportunidade."

    "Mas... ela no vai ficar com medo? Da AIDS... e as crianas?"

    "Mary no tem medo de AIDS, Roger. Ela tem acompanhado as pes-quisas comigo. E as crianas... bom, acho que vai ser bom para voc

    conversar com crianas de novo." Peguei o telefone."Oi, querida, Roger est aqui no consultrio comigo. Ser que..."

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    Sabia que podia contar com Mary. Ela imediatamente convidou Ro-ger. Quando transmiti o convite, Roger ficou visivelmente emocionado."Faz um tempo que no vou na casa de algum", disse. Fiquei enver-gonhado por no t-lo convidado antes.

    Uma hora depois, Mary servia um de seus gostosos jantares. Julie eBobby estavam falantes e animados como sempre e Roger logo ficou vontade. No meio do jantar, Julie nos surpreendeu a todos.

    "Doutor Cochran, o senhor est com AIDS?"

    Mary ficou branca. "Julie, isso coisa que se pergunte?"

    Eu no sabia qual seria a reao de Roger, mas nem devia ter-mepreocupado. "Roger", fui dizendo logo, "desculpe..."

    Roger sorriu, aquele sorriso meio torto. "Bob, tudo bem." Ele sorriu

    para nossa filhinha de 10 anos. "Sim, mocinha, estou com AIDS. O que que voc sabe sobre a AIDS?"

    Julie olhou para Mary, depois para mim, antes de responder. "Podefalar, filha", disse.

    "Bom, a mame e o papai no me disseram nada. Mas eu ouvi elesconversando sobre o senhor outro dia. E a minha me disse que gostariade convid-lo para jantar. A..."

    Roger deu uma risada. Era bom v-lo rindo. No escutei ele rir ne-

    nhuma vez desde que entrou no meu consultrio pela primeira vez. "En-to voc s juntou as coisas, no ?"

    ", acho que sim", concordou Julie.

    "De qualquer modo, Julie", continuou Roger, "diga o que voc sabesobre essa doena, a AIDS."

    Fiquei muito surpreso com o que minha filha disse. Julie muito es-perta e faz parte de um programa para crianas mais adiantadas. Umaprofessora havia falado sobre a AIDS. Com muita naturalidade, Julie

    falou: "A professora contou que muita gente est com AIDS. Depois elaexplicou o que quer dizer AIDS, cada letra..."

    "E o que quer dizer?", perguntei.

    "Quer dizer: Sndrome de Imunodeficincia Adquirida", disse Julieimediatamente. "Quer dizer que o sistema imunolgico da pessoa comAIDS no est funcionando direito. Acho que porque coisas ruins fize-ram o sistema imunolgico parar de funcionar."

    Roger e eu olhamos um para o outro. "Que coisas ruins seriam es-sas?", perguntei.

    Julie balanou a cabea. "No sei. Mas ouvi os professores falando

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    que tem gente que faz coisas ruins com sexo. No entendi direito o queeles queriam dizer." Encolheu os ombros, "Vai ver que as pessoas comAIDS abusam de remdios... usam remdios demais. Ou quem sabeusam remdios de um jeito errado. No sei..."

    Julie olhou para Roger com seus inocentes olhos azuis. "Doutor Coc-hran, o senhor toma muitos remdios? Vai ver que foi por isso que o seusistema imunolgico parou de funcionar. O que o senhor acha?"

    Fiquei pasmo com a pergunta de Julie sobre o "abuso de medica-mentos". De repente, percebi que estava at prendendo a respirao.Respirei devagar.

    Roger parou de comer, com o garfo a meio caminho entre o prato e aboca. "Pode ser, Julie", disse. "Pode ser. Seja como for, obrigado por noscontar o que sabe sobre a AIDS."

    Baixinho, to baixinho que s Mary e eu ouvimos, Roger acrescentou,"Da boca de um inocente..."

    Mary olhava de um para outro. "O que est acontecendo? Acho queno estou entendendo. O que ?"

    "Meu bem, no que voc no esteja entendendo. No isso. Mastalvez a nossa filha tenha nos mostrado mais uma pea que faltava noquebra-cabea da AIDS." Empurrei minha cadeira e fui at ela, que o-lhava sem compreender muito bem.

    "O que que eu fiz, papai?"

    Abracei-a. "Julie, acho que voc ajudou seu pai a encontrar um meiode ajudar pessoas que tm essa doena terrvel. Obrigado. Muito obri-gado. No mesmo, Roger?"

    Roger estava em silncio. Chorava sem disfarar.

    Mais tarde, no escritrio de casa, peguei o bloquinho amarelo. "Ro-

    ger, vamos analisar essa questo. Vamos analisar o seu caso. A explica-o de Julie caberia no seu caso?"

    Ele concordou. "Perfeitamente. Para comear, no Vietn eu usavadrogas pesadas. Isso abuso. Depois, de volta aos Estados Unidos,continuei consumindo "drogas"...

    "Medicamentos receitados?"

    "So drogas pesadas do mesmo jeito."

    "Voc tem tomado "drogas" - legalmente, mas drogas da mesma ma-neira - desde aquela poca at agora?"

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    "Sinto muito, Bob, mas a resposta sim."

    "Mais tarde voc foi hospitalizado, com sintomas semelhantes aosque tm agora. Correto?"

    Roger concordou. "Pensaram que era pneumonia..."

    "Mais medicamentos..."

    ", mais "drogas"."

    Eu falava rpido a essa altura. As coisas comearam a se encaixar."Depois veio o tumor no abdmen... radioterapia... quimioterapia?"

    "Sim, sim, sim para tudo isso."

    "Depois veio a presso alta. E mais medicamentos. Alguns voc con-tinua tomando at hoje, no ?"

    Roger concordou, desconsolado. " como Julie disse. A pessoa fazcoisas ruins com seu corpo e o sistema imunolgico pra de funcionar. essa a sua concluso?"

    Pensei por um minuto. "Roger, quero que isso fique muito claro. Es-sas idias tm estado na minha cabea h vrios dias, mas tudo emba-ralhado. Hoje as peas esto comeando a se ajustar... esto comeandoa se encaixar..."

    Fiz uma pausa, para organizar as palavras mentalmente.

    "Estou ouvindo", disse Roger. "Fala?"

    "Roger, sempre nos disseram - e ns acreditamos - que a AIDS atacasuas vtimas, certo?"

    "Certo. Eu tambm entendi assim. como se eu estivesse no lugarerrado, na hora errada e este esprito do mal ou demnio tivesse meatacado."

    "Isso. Voc pode ter tido relaes sexuais com um parceiro errado...

    ou voc usou agulha contaminada... ou recebeu transfuso contamina-da... ou voc um beb no tero de uma me viciada em drogas e olquido amnitico ficou contaminado..."

    " isso a!" Roger falou, quase gritando. "Ou voc teve cncer ou fezum transplante e foi tratado com medicamentos imunossupressores..."

    Fiz outra pausa. Meu corao batia forte. "Roger, qual o denomina-dor comum em tudo isso? Antes de responder - no um vrus, certo?"

    Ele concordava. "No, Bob, no foi um vrus que me arrasou. Foram

    drogas e medicamentos. Medicamentos e mais medicamentos.""Ou excessos muito grandes. Como a promiscuidade homossexual..."

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    Ao dizer isso, me veio uma luz. "Roger, estou entendendo, agora es-tou entendendo!" Eu andava de um lado para o outro, como um tigreenjaulado, sem perceber que Mary entrara no escritrio e nos ouvia emsilncio.

    "Escute isso: a AIDS no uma doena epidmica. A AIDS , istosim, uma epidemia de estilos de vida nocivos! Em outras palavras: no a AIDS que destri o sistema imunolgico. o sistema imunolgicoenfraquecido que se torna presa fcil de um conjunto de sintomas quechamamos de AIDS! Roger, a AIDS no faz com que o sistema imunol-gico pare de funcionar. A AIDS o resultado de um sistema imunolgicoque j no funcionava!"

    De repente Roger e Mary comearam a aplaudir.

    Mary correu e me abraou. "Bob, tenho tanto orgulho de voc. Pela

    primeira vez estou compreendendo o que a AIDS. Acho que voc estcertssimo. Fico to orgulhosa. Amo voc, Bob!"

    Abracei-a tambm, to contente que at rodopiamos. "Mary... Roger,no precisamos ter medo de um vrus que no podemos ver. Nunca. Mas

    temos que tomar cuidado para no ultrapassar os limites do nosso or-ganismo maravilhoso..."

    Roger disse, "Essa uma boa definio, Bob. A AIDS um exemplodo que acontece quando abusamos do nosso corpo, passando dos limi-

    tes - isto AIDS!"

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    Captulo 12

    No total, eu j dedicava mais de 20 anos de minha vida ao exerccio

    da medicina. E tinha orgulho de ser mdico. No entanto, comeava aachar difcil conciliar algumas das notcias conflitantes que apareciamnos meios de comunicao com relao eficcia do tratamento mdico.

    De um lado, lia comunicados entusiasmados do Instituto Nacional doCncer falando dos progressos feitos na luta contra o cncer, como acarta ao editor deLos Angeles Times, de 21 de maro de 1987. Num dos

    trechos, o mdico do Instituto escreveu: "A eficincia dos tratamentosexistentes contra o cncer uma realidade e muitos progressos foramfeitos com base em pesquisas e elementares."

    Por outro lado, um artigo importante e bem documentado, publicadono New England of Medicinea 8 de maio de 1986, informava que entreos anos de 1950 e 1982 "nos Estados Unidos, houve um aumento nonmero de mortes por cncer... estamos perdendo a guerra contra o cn-cer".

    Sobre o mesmo tema e mesmo perodo, Bob DeBragga, diretor do Pro-jeto CURE, afirmou em seu boletim informativo que "A nao est per-dendo a guerra contra o cncer porque as diversas medidas de prevenoe tratamento do cncer, que usam a alimentao e outras formas no

    txicas so completamente ignorados pelo mundo mdico ortodoxo."Preveno alimentar e outras formas de preveno no txicas... ar-

    quivei a afirmao na memria para anlise posterior.

    Se opinies e afirmaes to divergentes sobre o cncer eram emiti-das e discutidas pelos especialistas, como poderamos esperar algodiferente, mais confivel e mais preciso com relao AIDS? A respostabvia: no era possvel.

    Quanto mais eu lia a analisava a literatura mdica sobre o assunto,

    mais evidente ficava a diferena entre as notcias divulgadas sobre ocncer e sobre a AIDS: por algum motivo, ainda obscuro para mim, nocaso do cncer parecia ser importante no contar toda a verdade que,devido aos seus ndices de mortalidade crescentes, era extremamentenegativa. No dava para ignorar que aproximadamente meio milho demortes por ano nos EUA eram por cncer e esse nmero aumentavasempre! Nmeros de uma epidemia, mas sempre contados por baixo.

    Em comparao, os casos de AIDS eram quase insignificantes - me-nos de 40.000 vtimas desde 1980, com apenas metade delas fatais.

    Comparando com o cncer e com as doenas cardacas, esse ndice nopodia ser considerado epidmico.

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    Observei que, no caso do cncer, as estatsticas eram diminudas. Jno caso da AIDS, as estatsticas eram ampliadas! Eu me perguntava oporque dessa diferena. Era bvio que praticamente todo jornal e noti-cirio de TV estavam bombardeando - diariamente, de hora em hora -uma populao cada vez mais apavorada com notcias sobre a AIDS.

    Por que? Eu continuava me perguntando.

    Resolvi descobrir. O que descobri algo muito inquietante.

    Comecei a somar os nmeros e fui ficando muito assustado. Literal-mente, bilhes de dlares so destinados todos os anos a pretensaspesquisas para uma vacina contra a AIDS. Digo pretensasporque, con-forme confrontava e analisava as notcias, ia ficando indignado com oque cada vez mais acreditava ser uma busca infrutfera, uma "caa sbruxas" de uma "cura" que no existe.

    Meu ceticismo era cada vez maior e aumentou ainda mais quando lia seguinte declarao no Health Freedom News(maio de 1986): "S nosltimos 10 anos, em que a Associao Americana do Cncer arrecadoumais de um milho de dlaresdo pblico norte-americano e a indstriado cncer arrecadou mais de 10 bilhes de dlares por ano, as mortespor cncer aumentaram em 12%!"

    Descobri tambm, atravs de um colega mdico, Sidney M. Wolfe,em seu excelente livro Pills That Don't Work (Comprimidos que nofuncionam), que h 610 medicamentos usados pelo sistema mdico que,nunca foram testados e mostraram-se totalmente inteis. Sei agora quebilhes desses medicamentos inteis e ineficazes continuam a ser ven-didos pelo sistema mdico - do qual fao parte - a pacientes que bus-cam milagres que no acontecem jamais.

    claro que essas declaraes referiam-se ao cncer. Mas estamosobviamente vivendo o mesmo fenmeno com a AIDS. Eu perguntava amim mesmo, "Ser que tudo isso no bastante leviano?" E lembrei-medo sbio comentrio da minha mulher, "Quem sabe esto procurando a

    cura nos lugares errados."Concordei ainda mais com o palpite quando li um artigo no New

    York Times, de 18 de maro de 1987, que dizia o seguinte: "Apesar dovolume e da velocidade das pesquisas, uma vacina comprovada pareceimprovvel nos prximos cinco ou dez anos, talvez s no prximo scu-lo... Os cientistas nem sequer tm certeza se realmente possvel de-senvolver uma vacina contra o vrus da AIDS."

    Eu disse a Mary - no podia dizer aos meus colegas - "Minha f naprofisso que escolhi est abalada." Fiquei perturbado e inquieto. Onde

    procurar a verdade? Falar com o Dr. Mendelsohn? Com o Dr. John Til-den?

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    Talvez o livro de Tilden fosse mais verdadeiro do que eu havia ima-ginado.

    A voz de Roger no telefone era animada. "Bob! Bob, j soube de Har-

    vey Diamond?"Roger me pegou desprevenido. "Harvey Diamond? Eu conheo? O

    nome me parece familiar..."

    "Voc deve conhecer o nome, Bob. Ele e a mulher escreveram o livroFit for Life(Preparado para a vida). um best-seller."

    "Ah, . Ouvi falar desse livro. Alguns pacientes j me perguntaramsobre ele. Por qu?"

    "Acabei de ver o Harvey e a mulher na televiso. Parecem timos,Bob. Muito bons mesmo. Vou comprar o livro correndo."

    "T bem, Roger... mas no v fazer nada drstico, certo? Estamos in-do bem..."

    "Pode deixar, Bob, prometo que no. Pode confiar. Depois te contocomo foi. Tchau."

    Nem liguei muito quando desliguei o telefone. Isso fogo de palha,pensei com meus botes, e esqueci do assunto. Estava agora lembrando

    do tal livro. Conversamos uma vez sobre ele no hospital. Ou melhor,outros falaram, eu s escutei.

    "Esse livro perigoso!", disse Dan Halley. Dan um dos melhoresmdicos de l e sempre levo em conta suas opinies. "Acho que HarveyDiamond devia ser processado por exercer a medicina sem autorizao!"

    Tom Holmes concordou, mas foi mais longe que Halley. O Dr. Tom,sempre mal humorado, o presidente da Associao Mdica Americanalocal e um fantico defensor. "Esse homem devia ser preso!", resmun-gou ele. "Ele vai fazer com que as pessoas tentem se tratar sozinhas e

    elas vo ficar mais doentes do que antes. Podem at morrer."

    "Afinal, o que esse tal Diamond fala?", perguntei aos dois mdicos.

    "Fala que o principal alimento para uma pessoa so as frutas", disseDan, tomando uma xcara de caf forte e escuro no bar do hospital. "Falaque os norte-americanos comem protenas demais e que comer demaisprovoca todo tipo de doena..."

    "Como o qu, por exemplo?", perguntei.

    "Tudo. Problemas cardacos, presso alta, cncer, artrite, gota...",disse Holmes.

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    "At osteoporose", acrescentou Dan.

    "Que besteira", disse o Dr. Tom.

    "O tal do Diamond fala como se fosse uma autoridade em doenas in-ternas", disse Dan.

    "Ele formado onde?", perguntei.

    "Uma faculdade no Texas, acho que a Faculdade de Cincias daSade. Ou coisa parecida", falou Dan. "Nunca ouvi falar."

    O Dr. Tom resmungou que algo que no entendi e chamou o garom.Era o tipo de conversa que no leva a nada.

    Levantei. "Bem, eu no li o livro", disse, "por isso no posso falar na-da." Despedi-me deles. "Mas a julgar pelo que vocs dois esto dizendo,

    acho que nem vou ler. Tchau." Eles ainda falavam mal de Diamondquando sa.

    Depois que Roger desligou o telefone, ainda pensei em ligar de voltae avisar sobre o tal livro. Mas desisti. "Ele j est bem grandinho", pen-sei, "vai logo ver a fragilidade das idias do autor." E no pensei mais noassunto.

    Nos meses de inverno, como no podia deixar de ser, eu atendia pa-

    cientes com resfriado, gripe e dor de garganta e cada tarde a sala deespera ficava lotada de crianas com o nariz escorrendo e pais tossindo.Tratava deles como sempre havia feito: uma injeo uma receita decomprimidos e a recomendao de irem para casa e para a cama. Porincrvel que parea - apesar da minha preocupao cada vez maior comos riscos oferecidos pelos medicamentos e com o estado da nossa popu-lao, sempre "drogada" - a incoerncia desse procedimento nem passa-va pela minha cabea.

    Embora o Dr. David tivesse uma clientela to grande quanto a mi-

    nha, ns sempre arranjvamos tempo para uma reunio semanal. "Achoque apliquei umas cem injees contra gripe essa semana", disse eleenquanto espervamos o almoo.

    "Eu tambm", disse-lhe. "Acho que o povo norte-americano tomamais medicamentos do que deveria."

    David olhou para mim sem entender. "Como assim?"

    " um povo que toma medicamentos para tudo - pra resfriado, parador de cabea, para depresso, para..." Dei uma mordida no sanduche.

    "O que a gente fazia antes de ter todos esses medicamentos?""U, agora voc ficou contra os medicamentos?", perguntou David.

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    ", eu acho que sim. Medicamentos demais matam uma pessoa..."

    "Mas voc d medicamentos, Bob. Voc aplica injees. D receitas.Ns dois damos. Isso est errado?"

    Comecei a dar uma mordida no sanduche, mas coloquei-o de lado.

    "Acho que est errado, sim. Fazemos todo mundo ter "drogas" dentro decasa. Dentro das bolsas das mulheres... nas pastas dos executivos, nosarmrios das crianas. Tm anncios de medicamentos em todos osprogramas de televiso. No de se surpreender que os jovens gostemde drogas. Apenas seguem o comportamento dos mais velhos."

    "Nunca ouvi voc falar desse jeito, Bob. Se voc tem tanto horror amedicamentos, por que os receita? E d para os outros?"

    S a que a incoerncia dos meus atos ficou clara para mim. "Boapergunta, David", disse devagar. "A verdade - no sei."

    Sa do restaurante com um n no estmago. Pessoas usavam "dro-gas" porque eu dava para elas! Mulheres tomavam tranquilizantes por-que eu receitava. Homens e mulheres obesos tomavam diurticosporque eu aconselhava. Mocinhas tomavam anticoncepcionais porqueme pediam - e, ao receit-los, eu implicitamente concordava que issoestava certo.

    "Deus do cu", disse para Janine nesta tarde. "Ns mdicos temosuma participao to grande no problema do abuso de drogas quanto os

    passadores de esquina...""No, Doutor Bob", ela procurava me consolar, "no tm no. Os m-

    dicos s receitam drogas legais. Os traficantes vendem drogas ilegais..."

    Balancei a cabea. "No fim das contas, o resultado o mesmo. Nstambm vendemos drogas. E drogas - sejam elas legais ou ilegais - ma-tam as pessoas. Matam pais. Matam crianas. Matam jovens. No, Ja-nine, no adiante disfarar. De certa maneira, no passo de um

    traficante legalizado."

    Peguei um livro na escrivaninha. "Vejamos o caso em questo. Issoaqui chegou faz pouco tempo, grtis, enviado pela Associao America-na de Pediatria..." Mostrei a publicao de 140 pginas, intitulada Ma-nagement of Pediatric Practice(A prtica de Pediatria).

    ", vi quando chegou", disse Janine.

    "Sei que voc viu. Mas voc leu a carta que veio junto?"

    Ela balanou a cabea.

    "Diz o seguinte: esta publicao patrocinada por um fundoeducacional mantido pelos Laboratrios Wyeth."

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    Olhei para ela.

    "Sabe o que eles fabricam?"

    "No sei bem."

    "Fabricam leite em p para bebs e antibiticos."

    "No estou entendendo aonde o senhor quer chegar", disse Janine.

    "O seguinte: dentro desse livro h uma seo, de interesse prprio,que diz como o mdico deve receber os 'representantes farmacuticos',ou seja, os vendedores de medicamentos. Veja um trecho do que elesdizem: Representantes trazem informaes importantes para o pediatrasobre os produtos farmacuticos... Est vendo o que quero dizer, Jani-ne?"

    "Acho que no estou entendendo direito, por que alguns medicamen-tos so de fato necessrios, no so, Doutor Bob?"

    "Talvez sim. Talvez no", disse. "Mas o problema - alis, vejo doisproblemas aqui. Em primeiro lugar acho errado uma organizao mdi-ca profissional permitir que um fabricante de medicamentos financiesuas publicaes, aproveitando para impingir seus produtos."

    "Em segundo lugar - e no sei o que fazer a respeito - eu acho que jest bem evidente que medicamentos no curam doenas. Medicamen-

    tos no curam nada..."

    "Mas, ento, se os medicamentos no curam, para que que elesservem?"

    "s vezes, eles provocam doenas como a AIDS..."

    "Doutor, o que que o senhor est dizendo? Est falando srio mes-mo?"

    "Muito srio..."

    noite, depois do jantar, peguei meu j familiar livro de Tilden, fuivirando as pginas e relendo vrias passagens que havia assinalado.

    "A cincia mdica baseada em uma premissa falsa", escreveu Til-den, "isto - a idia de que a doena causada por influncias externase que os medicamentos curam... A cincia mdica baseia-se na idia deque a doena pode ser curada quando se encontra o medicamento cer-

    to..."

    Sempre me ensinaram, e eu acreditava nisso, que as doenas eram"curadas" por foras externas ao paciente. E Tilden dizia que: "Aquiloque chamamos de doena a tentativa da natureza de eliminar toxinas

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    do sangue. Tudo que chamamos de doena so crises de toxemia.Quando a energia nervosa se dissipa pro algum motivo - excitao fsicaou mental, ou maus hbitos - o organismo fica debilitado. Estando debi-litado, a eliminao bloqueada, causando assim a reteno de toxinasno sangue, ou toxemia. Este acmulo de toxinas, uma vez instalado,

    continuar at que a energia nervosa seja recuperada atravs da elimi-nao das causas."

    E como fica a teoria dos micrbios?, pensei.

    Como que prevendo minha dvida, Tilden continuava mais adiante:"Os microorganismos e outras causas consideradas como tal podem serencontrados no decorrer do desenvolvimento patolgico, mas so aci-dentais, coincidncia, no mximo auxiliares, ou obiter dicta (uma ex-presso jurdica que significa 'sem efeito sobre o caso em questo')."

    "A doena a sade pervertida. Qualquer influncia que reduza aenergia nervosa pode provocar doenas. A doena no pode ser suaprpria causa; nem sua prpria cura."

    Afinal, quem era J. H. Tilden?, perguntei-me. Quem era esse homemque falava diretamente minha alma inquieta e em ocasio to oportu-na? A curta biografia impressa no livro informava que o Dr. John H.Tilden era filho de um mdico. O Dr. Tilden filho comeou a exercer amedicina em Nokomis, Illinois, e depois foi para Denver, onde trabalhouativamente at morrer em setembro de 1940.

    Desde o incio, o Dr. Tilden j questionava o uso de medicamentospara curar doenas. (Prestei muita ateno nessa parte.) A grandequantidade de leituras, principalmente de estudos mdicos de escolaeuropias e suas prprias observaes levaram-no a concluir que deviaexistir um jeito de viver sem desenvolver doenas. Trabalhando com basenessa filosofia, desde o incio de sua atuao em Denver, o Dr. Tildenno utilizava nenhum medicamento, mas praticava a teoria de libertar ocorpo das toxinas e depois deixar a natureza fazer a cura. Ento ensina-va seus pacientes a viverem de modo a no criar condies txicas e

    conservar um corpo saudvel, livre de doenas.Dessa maneira, o Dr. Tilden exerceu a medicina por 68 anos.

    Ele no utiliza medicamentos... nenhuma droga. Tilden parece queviveu de acordo com o que pensava. Fiquei olhando para o livro, agorafechado em minhas mos, por um longo tempo. Tomei uma deciso. Se afilosofia funcionou para o Dr. Tilden nos primeiros quarenta anos destesculo, raciocinei, pode muito bem funcionar para mim nos ltimos tre-ze.

    Se o Tilden foi capaz, pensei, eu tambm posso ser!Foi nesse instante que me comprometi a passar o resto da minha vi-

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    da profissional ensinando meus pacientes como viver de modo a con-servar o corpo num estado constante de sade. Naquele momento euno sabia como colocar isso em prtica nem como comear. Mas jureique, dali para frente, iria medicar cada vez menos e orientar cada vezmais.

    Embora j fosse tarde, liguei para Roger Cochran. Ele atendeu pron-tamente. "Oi, Roger. Aqui o Bob. D para a gente conversar um pou-co?"

    "Claro, doutor. Por que est ligando assim to tarde?"

    "Estive lendo... e pensando. E... acho que cheguei a concluses quetalvez possam reverter o avano da AIDS..."

    Roger riu. "Engraado, Bob. Eu estava justamente pensando se deviaou no ligar para voc..."

    "Por qu? O que houve?" Percebi imediatamente que a voz de Rogerestava diferente, com um tom mais animado.

    "Lembra do Harvey Diamond?"

    "Lembro."

    "Acho que precisamos conversar sobre o livro dele."

    "Por qu? Alguma coisa que eu devia saber?"

    "Pode ter certeza que sim... O Diamond no fala nada especfico so-bre a AIDS, mas fala quase que palavra por palavra, tudo o que voc medisse outro dia no restaurante..."

    "Precisamente, o qu?"

    "S isso: para ter boa sade, devemos parar de envenenar o corpo."

    "Parece timo. Eu falei isso?"

    "Pelo menos foi o que ouvi voc falar. Seja como for, queria que desse

    uma olhada neste livro para me orientar. Porque estou comeando aacreditar quepodemosreverter os danos que a AIDS - que eu - causei aomeu prprio corpo. Est ouvindo Bob? Estou realmente assumindo aresponsabilidade pela minha doena. E com a ajuda de Deus e a sua -no necessariamente nessa ordem - acredito, agora, que a gente possareverter as coisas!"

    "A nica coisa que posso dizer, Roger, Amme boa noite. Vejo vocamanh na hora do almoo."

    Desliguei devagar. A nova vibrao que havia na voz de Roger aindaecoava nos meus ouvidos.

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    Captulo 14

    Eu era o primeiro corredor de cooperna faixa central da avenida SanVicente naquela manh. Enquanto corria meus quatro quilmetros de

    sempre sobre o gramado bem cuidado, ia pensando mais uma vez namelhor forma d agir. Estimulado pelo exerccio vigoroso e pelas novasperspectivas no campo mdico, melhorei meu tempo de corrida, tomeium banho e fui para o hospital trinta minutos mais cedo do que o nor-mal.

    Parei o carro no estacionamento do hospital e olhei as horas. Muitocedo ainda. timo, pensei, posso ler um pouco. Tirei o, agora j bemconhecido, livro de Tilden da pasta e abri num trecho marcado da pgi-na 11. Para no perder nenhuma palavra, li lentamente e em voz alta:

    "Jejum, repouso na cama, abandono de hbitos debilitantes - men-tais e fsicos - permitem que a natureza elimine as toxinas acumuladas.Ento, se os hbitos debilitantes forem deixados de lado e adotarmoshbitos racionais, a sade vai voltar para ficar. Isto se aplica a todas aschamadas doenas.".

    Repeti a ltima frase vrias vezes.

    Havia um novo vigor no meu andar quando entrei na sala de cirurgia.

    Duas operaes de apndice, depois encontrei por acaso David Co-hen no bar do hospital, tomando o caf da manh. Pedi um suco de la-ranja grande, feito na hora e torradas de po integral.

    "Como est seu paciente aidtico?", ele perguntou.

    "Ontem estava meio desanimado", respondi. "Mas o Roger duro naqueda. Vai lutar at o fim..."

    "At o fim?", David perguntou. "Voc desistiu dele?"

    "Lgico que no, David. Nem pensar."

    "Por falar nisso, Bob, ontem noite, depois que voc saiu... uma mu-lher esteve aqui e deixou um pacote para voc."

    "Ah ? Quem era ela?"

    "Uma moa bonita. Devia ter uns vinte e poucos anos. Pediu para en-tregar a voc. Coloquei na sua mesa."

    Agradeci a David e logo esqueci da histria.

    A sala de espera estava cheia de pacientes quando cheguei l, por

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    isso praticamente nem olhei para a minha mesa at o meio da tarde.Quando tive um pequeno intervalo, fui descansar um pouco e senteiatrs da escrivaninha. A primeira coisa que vi, ento, foi um envelopede papel manilha, de tamanho mdio. No havia nenhuma etiqueta.Nenhum endereo. S o meu nome, escrito mo. Dentro havia um pe-

    queno livro, de capa mole, com um bilhete:

    Prezado Doutor Smith,

    Obrigada por sua gentileza comigo. Larry resolveu seguir este cami-nho. Conto para o senhor o que acontecer.

    Jennifer

    O livro chamava-se Fasting Can Save Your Life(O jejum pode salvarsua vida), de Herbert M. Shelton.

    Eu estava bastante ocupado, mas mesmo assim tive a impresso queo restante da tarde demorou para passar. No caminho de volta paracasa, comprei um prato de salada em uma rotisseria e preparei-me paraficar no escritrio, examinando o livro.

    Para minha enorme surpresa, logo descobri que meu bom amigo. Dr.John Tilden, era citado inmeras vezes no livro de Shelton. Fiquei ao

    mesmo tempo satisfeito e surpreso de ver quanto os dois autores ti-nham em comum. "Nada que o homem conhece", dizia Shelton, "se com-para ao jejum, como forma de aumentar a eliminao de impurezas dosangue e dos tecidos..."

    " medida que o jejum progride, as secrees retidas ou, mais preci-samente, os resduos retidos so eliminados do corpo e o sistema sepurifica. As irritaes se acalmam; o corpo descansa. Do ponto de vistavital, a pessoa se refaz."

    Recostei-me na poltrona e fechei os olhos."Graas a Deus", disse, "mais uma pea do quebra-cabeas est se

    encaixando."

    Passava da meia-noite quando apaguei a luz e fui dormir. Mas, mes-mo na cama, as frases, e at pargrafos inteiros, no me saam da cabe-a. Um dos trechos que mais me chamaram a ateno estava nocaptulo: "O jejum em doenas agudas".

    "Jejum no um remdio", escrevia Shelton, "ele uma parte essenci-al e integrante do processo de cura."

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    Isso mexeu comigo. E depois me emocionou.

    "Quando o sistema digestivo est debilitado e a vontade de comerdesaparece, como acontece nas doenas agudas, temos um recurso quefaz parte, ao mesmo tempo, do processo de cura e do processo de resta-belecimento, bem como enfraquecimento simultneo do corpo inteiro,que levou o doente para cama."

    A frase seguinte, acredito eu, era a chave para a recuperao de Ro-ger...

    "Para ser extremamente preciso, o jejum parte do processo de curaque chamamos de doena."

    Doena: um processo de cura! Uma idia nova, que absorveu meuspensamentos durante vrios dias.

    E o jejum uma parte integrante desse processo de cura.Com todos esses conceitos novos e interessantes na cabea, no

    de se espantar que eu no conseguisse dormir.

    Na manh seguinte, antes de ir para o hospital, liguei para Mary."Como vo as frias? E as crianas? E voc?", perguntei tudo num sflego.

    "Nossa!", Mary riu. "Voc deve estar commuitasaudade da gente.""Estou", disse, "com muita, muita saudade. Adoro vocs e queria que

    estivessem aqui comigo... ou eu a com vocs."

    "Adoramos voc tambm, Bob. Estamos todos timos... temos des-cansado, temos lido... e estamos colocando em dia as novidades dafamlia. Mame est bem. Estamos nos divertindo muito."

    Ela parou ao final da frase, mas percebi que ia dizer mais algumacoisa. E disse mesmo. "Como est o Roger?"

    "Sabe, meu bem, eu queria mesmo falar dele com voc..."

    "Ah, ? Ento ele est melhorando?"

    "No, no bem isso. Mas, sabe, acho que encontrei a ltima peaque faltava no quebra-cabea..."

    "Que timo! E qual ?"

    " muita coisa para falar assim por telefone. Mas tive uma idia, ali-s, tambm um favor que queria pedir..."

    "Um favor? Para mim?"

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    ", Mary, um grande favor. " Hesitei um pouco, tentando lembrar aspalavras que tinha planejado noite. "Bom, o seguinte: eu sincera-mente acho que ns, voc e eu trabalhando juntos, podemos salvar avida de Roger."

    "No estou entendendo. Como que eu posso ajudar?"

    "Mary, o Roger precisa de ateno individual, pessoal... ele precisada gente. Precisa ficar uns tempos conosco. No jardim de inverno..."

    Mary ficou quieta alguns instantes. " claro, Bob. Mas no ser pre-ciso tambm uma enfermeira? Vou fazer tudo que puder, mas..."

    "Eu sei, Mary. Sabia que podia contar com voc. Vou contratar umaenfermeira. Providencio tudo. Voc se importa se eu trouxer o Rogeragora?"

    "Agora? Mas eu devia voltar e arrumar as coisas... eu preciso..."Interrompi. "No, meu bem, no precisa voltar para casa. Voc ainda

    tem uma semana com sua me e sua famlia. que o Roger precisa virpara c imediatamente. Hoje mesmo."

    " assim to urgente?"

    ". Questo de vida ou morte..."

    "Mas, Bob, quem vai cozinhar para ele. E..."

    "Mary, esse o ponto. Ningum vai cozinhar para ele. Ele no vaicomer. Vai fazer jejum."

    Depois de desligar, ri da reao de Mary. No podia culp-la por terficado confusa com a minha nova forma de tratamento. Eu tambm es-

    tava meio confuso, porque nunca em minha vida ouvira falar de um pa-ciente, ou de qualquer pessoa ter jejuado mais que algumas horas. Ou,

    talvez, no mximo um dia.

    Fiz mais duas ligaes antes de ir para o hospital. A, satisfeito por

    estar tudo organizado, me vesti depressa e sa.Todos os pacientes vieram no horrio certo, tudo correu tranquila-

    mente e pude sair do consultrio s cinco em ponto. Quinze minutosdepois peguei Roger - armas e bagagens - e fomos para minha casa. Elereclamou um pouco, "Bob, no entendo. Sua casa no um hospital. Eeu..."

    A empregada havia preparado tudo. A cama estava feita, as cortinasabertas deixando entrar o sol do fim de tarde. Fiquei feliz de ver como

    tudo estava aconchegante e saudvel. Coloquei a mala de Roger nocho e ajudei-o a sentar perto da janela.

    "E voc, meu amigo, no precisa de hospital. Voc precisa de um lar.

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    De carinho, amor. Muito ar puro. Sol. Repouso. Garanto que voc vai tertudo isso aqui."

    "Ainda no estou entendendo bem, Bob. Voc fez tanto mistrio notelefone hoje de manh. O que tudo isso?"

    Sentei em frente de Roger. Por alguns instantes foi difcil lembrar da-quele Roger colega de faculdade, companheiro no Vietn. Ombros cados,magrrimo, rosto e mos que eram pele e osso. Olhos e voz cansados. Fizmuita fora para imaginar como estaria dentro de algumas semanas.

    "Roger, deixe-me dizer uma coisa... li o livro do Diamond", disse. "um trabalho incrvel... sem dvida ele est mostrando para milhes depessoas o caminho certo - no que diz respeito alimentao..."

    Fiz uma pausa para ele compreender bem minhas palavras.

    "Mas, neste momento, no de alimentao que voc est precisan-do..."

    Roger olhou para mim. "Acho que no mesmo, Bob. No estou commuita fome, se isso que voc est querendo dizer..."

    "Mais ou menos isso", falei.

    Contei ento para ele o ponto principal de minhas descobertas: a o-bra de Tilden. E de Shelton. Conforme eu falava, meu entusiasmo pareceque ia contagiando Roger. Ele levantou a cabea e um leve sorriso apa-

    receu em seus lbios. Seu senso de humor irnico voltou. "Ento agoravoc me colocou onde queria", disse ele, "e vai me matar de fome".

    Dei risada. " isso a, Roger. Vou deixar voc em forma de um jeito oude outro. Esta parece ser a maneira mais rpida."

    Rimos os dois. Por instantes parecia que estvamos de volta aos ve-lhos tempos.

    "Falando srio", falei, depois do breve intervalo, "no vou deixar vocpassando fome totalmente. Pelo menos no comeo".

    "Ah! Vou passar s um pouco de fome?"

    ". Vou dar suco de frutas para voc. Vrias vezes por dia. Sucosfrescos, feitos na hora."

    Roger relaxou visivelmente. Tirou os sapatos e colocou os ps sobreo banquinho. "Parece timo, Bob. timo..."

    "Meu chapa", falei, "no quero que voc faa nada. Nada mesmo. Ano ser ir ao banheiro, dormir e tomar sol. No quero nem que voc leia

    nos primeiros dias. Vamos dar ao seu organismo as condies de queele precisa para se curar."

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    Meu amigo suspirou fundo. "Bob, tudo isso parece to bom. Estou tocansado... to exausto. Cansado at para te agradecer como devia...gostaria de deitar um pouco agora. No tem problema?"

    "Claro que no. No se preocupe em agradecer. O agradecimentoque eu e Mary esperamos que voc fique bom... e voc vaificar bom.Prometo."

    Roger reanimo-se momentaneamente. "Mas vou dar trabalho para aMary... e..."

    "Nada disso, Roger. A enfermeira vai passar o dia aqui. Ela vai fazeros sucos. Vai cuidar para que voc no faa nada... vai atender se vocprecisar de alguma coisa. O nome dela Ellen. Vai chegar daqui a unsquinze minutos..."

    "Quando ela chegar j vou estar dormindo. No consigo mais ficaracordado."

    "Ento no precisa ficar acordado, Roger. Deita a. Vou pendurar su-as roupas para voc..."

    Ia saindo e disse, "Roger, vou vier aqui ver voc muitas vezes por di-a. Mas no vou incomodar. Vou examinar voc todas as noites. E s.Agora, trate de ficar bom! um ordem, doutor!"

    Roger concordou com a cabea. J estava com os olhos fechados.

    Seus lbios moviam-se, mas sem som. Antes que eu sasse do quartoele j roncava suavemente.

    Quando Ellen chegou, dei as instrues e mostrei o quarto dela. De-pois fui para o meu escritrio levando minhas duas preciosidades: Til-den e Shelton. No entanto, fui deitar antes das nove horas e, pelaprimeira vez em muitas semanas, dormi a noite inteirinha.

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    Captulo 16

    Depois de trs dias completos de jejum, Roger no parecia nada melhor

    e eu me perguntava se com uma continuao do jejum no o estaria preju-dicando. De manh, antes de ir para o hospital, fui dar uma olhada nele.Roger dormia, por isso no quis incomodar. Ao meio-dia, quando vim paracasa almoar, a placaNo Perturbeestava do lado de fora da porta.

    Ellen estava na sala, lendo. Olhou quando entrei. "Como est o nossopaciente?", perguntei.

    Ela fechou o livro e balanou a cabea. "Nada bem, doutor. Hoje, pelaprimeira vez, recusou os sucos."

    "Ele saiu da cama?""S para ir ao banheiro. H alguns minutos disse-me que ia tentar

    dormir..."

    "Ellen, vamos ficar muito atentos. Procure conversar com ele hoje tarde... depois ligue para mim. Certo?"

    "Certo, doutor. Vou fazer isso."

    Quando entrei ha nossa alegre saleta amarela, onde Mary geralmen-te servia o caf da manh, pude ver que ela estava nervosa com algumacoisa.

    Antes de sentar, beijei-a. "Meu bem, diga qual o problema. Algumproblema com as crianas?"

    "... o Bobby."

    "Bobby? Fez alguma bobagem na escola?"

    Ela fez que no.

    "No... ele est no quarto agora. A enfermeira da escola mandou elevoltar para casa. Trouxe um bilhete..."

    "Um bilhete? Ele est doente?"

    "No... mas aquele mesmo problema com as vacinas."

    "Vacinas? Achei que tnhamos resolvido isso na semana passada."

    Ela suspirou. "Eu tambm, Bob. Mas, parece que h uma enfermeira

    nova... ou ento so novas normas... sei l. O Bobby o nico que notomou a vacina contra a gripe. Algumas crianas andam gozando dele.Ele est com vergonha..."

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    "Compreendo. Mas ele sabe por que no estamos dando a vacina,no sabe?"

    "Tentei explicar. Acho que ele entendeu. Mas difcil para um garo-tinho da idade dele..."

    "Eu sei, Mary. Vamos almoar e depois eu converso com ele.""E voc liga para a escola?"

    "Melhor que isso. Vou l conversar com a enfermeira."

    Bobby estava deitado na cama com os olhos fechados. Quando sen-tei ao lado dele, abriu os olhos.

    "Pai, os meninos esto me chamando de medroso porque eu no que-

    ro tomar a injeo contra gripe."A ele comeou a chorar.

    Abracei-o. "Bobby, no se preocupe. Vou falar com a enfermeira an-tes de voltar para o consultrio..."

    "Mas eles ficam falando que eu vou morrer se no tomar vacinas. verdade isso, pai? Vou morrer se no tomar vacinas?"

    Passei a mo nos seus cabelos crespos. "Claro que no. Eles quepodem ficar doentes. E alguns ficam mesmo."

    "E por que obrigam as crianas a tomar vacinas?"

    " uma boa pergunta, Bobby. Nem os tribunais sabem responder is-so. Comeou h muito tempo. Algumas pessoas achavam que as vaci-nas iriam evitar que as pessoas ficassem doentes. Talvez evitassemmesmo. Tenho lido que muitas pessoas tambm ficam doentes por cau-sa das vacinas."

    Quanto mais eu lia sobre vacina e imunizaes, mais me convenciade que deveria evitar vacinar as crianas, ou qualquer um que pedisse.Com o Roger terrivelmente doente por causa do colapso do sistemaimunolgico, provocado - parecia evidente - por abuso de drogas (e euacreditava que as vacinas faziam parte do grupo), eu no estava comdisposio de ministrar ainda mais "drogas".

    Minha oposio s vacinas no surgiu da noite para o dia. Nunca mepareceu sensata a idia de que a injeo de soro contaminado na correntesangunea de uma pessoa pudesse promover sade. At mesmo na Fa-

    culdade de Medicina eu cheguei a questionar essa prtica. Mas segui oprocedimento aceito pela Associao Mdica Americana at a semanapassada, quando fui inflexvel na minha recusa em vacinar Bobby.

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    A doena de Roger e o seu histrico mdico vieram a ser catalisado-res da idia de que deve haver uma relao entre o uso de drogas (in-clusive as "drogas legais") e a investida da AIDS.

    Eu agora estava decidido a me informar melhor sobre esse assunto.

    O conceito mdio da AIDS me intrigava. Por que, eu pensava, umanova epidemia surgiu assim de repente? Que abusos ou infeces maci-as poderiam ter causado uma tamanha exploso de doenas que pare-ciam iguais? Por que a incidncia maior em So Francisco? NovaIorque? Los Angeles?

    E, principalmente, por que no Haiti? primeira vista, no fazia omenor sentido.

    Eu entendia por que as primeiras vtimas da AIDS supostamentepertenciam aos primeiros trs "membros" do clube dos "4-H" da AIDS:homossexuais, viciados em herona e hemoflicos. Tambm entendia porque a maior concentrao dessas trs categorias se encontrava nasgrandes cidades.

    Mas eu no conseguia entender que lgica estava por trs do quartointegrante do grupo: os haitianos. Os trs primeiros tinham duas coisasem comum: as drogas e as agulhas hipodrmicas - ambas possibilitandoa mistura de fluidos de um organismo para o outro atravs da agulha.Todas essas trs categorias tambm possuam um histrico de consumode drogas, legais ou no. E fato comprovado que o consumo de drogasresulta em imunodepresso.

    Mas, por que os haitianos?

    O Haiti, eu sabia, era o pas mais pobre do hemisfrio ocidental, ten-do atualmente uma renda mdia de $300 dlares por ano. Eu me per-guntava, ser que a misria causa AIDS? Se fosse assim, os milhes depobres norte-americanos seriam presas fceis da AIDS e eu sabia queisso no era verdade. E os haitianos, at onde eu sei, no so conheci-dos por consumo de drogas. Ou ser que so?

    Ao fazer essa pergunta, descobri a resposta: sim e no.

    No, pois os haitianos no so consumidores de herona. E sim, por-que tm um histrico de consumo de medicamentos.

    A misria dos haitianos no podia, por si s, gera a AIDS. Mas noh dvida de que a pobreza dos haitianos tem como consequncia adoena: doenas endmicas como a tuberculose, a febre tifide, disen-

    terias bacterianas e por protozorios, malria, desnutrio generalizadae bouba (doena infecciosa causada por uma bactria parecida com a

    bactria da sfilis).

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    Para combater as doenas do Haiti, soube que a grande maioria doshaitianos regularmentetratada com medicamentos imunodepressores:

    tratamentos prolongados com penicilina contra bouba, vacinas e infec-es contra tuberculose e febre tifide. O uso regular, constante e pro-longado desse medicamentos significa abuso de medicamentos, um

    abuso cumulativo.Portanto,imunodepresso.

    Exatamente o sintoma diagnosticado como AIDS hoje em dia.

    O abuso de medicamentos tem como consequncia a deteriorao dosistema imunolgico. A deteriorao do sistema imunolgico resulta naAIDS.

    A resposta que eu buscava era, portanto, uma simples questo desomar dois mais dois.

    O problema do Haiti era abuso de medicamentos!

    No fazia nenhuma diferena o fato de ser um abuso legalmentepermitido. O resultado final era exatamente o mesmo.

    Minha preocupao aumentou e minha resistncia s vacinas se for-taleceu depois de ler um artigo que falava do dilema que nosso legisla-dores enfrentavam na execuo da lei sobre danos causados por vacinainfantis, de 1986.

    "O Congresso no conseguiu chegar a um consenso sobre a forma definanciar o programa", dizia o artigo, "quese destina a indenizar as fam-lias de crianas que sofrem danos ou morrem devido a vacinas contradifteria, coqueluche, rubola, paralisia infantil e outras doenas" (INSI-GHT, 30 de maro de 1987).

    De repente, todo o panorama da AIDS parecia mais ntido. Os norte-americanos vacinam seus bebs (de apenas dias ou semanas de vida)com "soros" causadores de doenas, fabricados a partir de repugnantespstulas e urina animal. Vacinam os bebs no uma vez s, mas duas

    ou at mais vezes.

    Depois vm as radiografias imunodepressoras, feitas por mdicos edentistas; os inmeros medicamentos dados pelos pais, adquiridos nasfarmcias sem receita mdica; a alimentao, em geral deficiente; maisinjees (para os mais diversos problemas, reais ou imaginrios) duran-

    te toda a infncia. A primeira dose da vacina trplice apenas o incio,para nossas crianas, da depresso de seus sistemas imunolgicos,induzida por medicamentos.

    Aps o comeo, s uma questo de tempo para que os hericos es-foros de um sistema imunolgico constantemente abusado falhem(resultado: doenas crnicas) e que ele pare de funcionar (resultado:

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    numerosas doenas degenerativas terminais como o cncer, as doenascardacas, a artrite, a osteoporose e a AIDS).

    Ser que o seu avano podia ser detido? Eu esperava que sim.

    Para as 40.000 vtimas da AIDS nos Estados Unidos, inclusive meu

    amigo Roger Cochran, era chegada a hora.

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    Captulo 17

    Mary me sacudia, "Acorde, Bob. Acorde!", dizia baixinho.

    "O que foi?""Acorde. Esto batendo na porta."

    "Na nossa porta?" Sentei na cama e escutei as batidas suaves. "Quem?", perguntei.

    "Sou eu. Ellen. Venha depressa."

    "Por qu? O que houve?"

    " o Roger". No se podia ouvir sua voz muito bem atravs da porta."Acho que alguma coisa est errada... Por favor, venha logo."

    O relgio digital marcava onze e meia. Tnhamos ido deitar h menosde uma hora.

    "J estou indo". Vesti o roupo.

    O rosto de Ellen estava tenso luz fraca do corredor. "Diga o que a-conteceu", falei, enquanto amos pelo corredor.

    "Eu estava dormindo no quarto ao lado. Acordei com os gemidos de

    Roger." Ela se enrolou melhor no roupo, tremendo. "Parece que estavasentindo dores horrveis..."

    "Voc entrou no quarto dele?"

    "Entrei... ele estava deitado de lado, apertando o estmago com asduas mos. E... e gemia."

    Chegando ao andar de baixo, pude ouvir os gemidos de Roger. Davapara ver a luz por baixo da porta. Entrei sem bater. Roger estava senta-do na cama, balanando para frente e para trs, segurando a cabea

    com as duas mos. Estava com os olhos fechados. Nem percebeu quetnhamos entrado. Enquanto se balanava, gemia - gemidos terrveisque pareciam vir do fundo do seu ser.

    Segurei seu ombro. "Roger, Roger!"

    Ele abriu os olhos e vi que estavam fundos e cheios de dor. Olhoupara mim, mas no tive certeza se me reconheceu.

    "Roger..."

    "Ah, Bob", gemeu ele. "Isto est terrvel. Minha cabea. Meu estma-go. Minhas pernas. As costas. Tudo est doendo. Ah, meu Deus, comodi!"

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    Ele estava to desesperado que teria dado qualquer coisa para aju-d-lo.

    Roger deve ter lido meus pensamentos. "Acho que no d para a-guentar mais..." Gemeu e apertou as costas. "Ser que voc pode me daralguma coisa para isso, Bob... codena? Qualquer coisa. Pelo amor deDeus."

    Por um longo instante, hesitei. Valia a pena? Todo esse mal-estar es-taria trazendo algum benefcio para Roger? O mnimo que fosse? Talvezeu pudesse, ou at devesse, dar a ele alguma coisa para aliviar a dor.Ou intern-lo no hospital...

    A lembrei como ele estava quando veio me procurar. A medicina or-todoxa havia feito tudo o que podia por Roger, e o resultado tinha sidoigual a nada. Desistiram dele, condenando-o morte prematura. At o

    prprio Roger quase tinha desistido.Roger e a medicina ortodoxa haviam percorrido o caminho dos medi-

    camentos e no tinha dado certo. No tinha dado certo porque as dro-gas e os medicamentos eram exatamente a causa do problema. Naqueleexato momento, percebi com clareza que os hospitais... a medicina or-

    todoxa... os medicamentos...no erama soluo para Roger.

    No podiam devolver a vida e a sade ao meu amigo.

    Por quase uma semana Roger j estava limpo de medicamentos de

    qualquer tipo. No chegou perto nem de um comprimido de aspirina.No tinha tomado nada a no ser suco fresco de fruta e gua pura. Nadamais havia entrado em seu corpo...

    Ele no tinha apresentado progresso aparente durante essa semana.Mas no tinha piorado.

    Significava que, embora Roger no mostrasse sinais evidentes demelhora, o simples fato de no ter piorado j era uma melhora!

    De repente, tive a certeza: se eu fraquejasse agora, desistisse, levas-

    se Roger de volta para o hospital e para as tcnicas da medicina ortodo-xa, seria o comeo do fim. E nunca mais chegaramos aonde estvamos.Tudo isso me veio mente em uma frao de segundo, enquanto Rogersuplicava por um alvio.

    Balancei a cabea: "No, Roger. No. Nada de medicamentos."

    "Pelo amor de Deus", implorou ele. "No estou aguentando mais..."

    Meu instante de fraqueza j tinha passado. Segurei Roger pelo braoe coloquei-o sentado. Virei para trs e disse a Ellen, "Encha a banheira

    com gua quente. Vamos levar o Roger para tomar um banho de imer-so. Vai fazer bem."

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    Ellen saiu sem dizer uma palavra. Logo ouvi o barulho do gua. Ro-ger estava to fraco que tivemos que carreg-lo e ajud-lo a entrar nabanheira. Quando conseguimos coloc-lo na banheira, estvamos os

    trs suando bastante. Ellen e eu por causa da fora que fizemos. Rogerpor causa do esforo e da dor.

    Quando Roger sentiu a gua quente em volta dele, gemeu. Se foi dedor ou de alvio, no sei. Em seguida, ele afundou mais na banheira efechou os olhos. Ellen e eu estvamos arfando. Ela sentou-se ao lado dabanheira e eu encostei-me na parede. Ficamos olhando para Roger,calados.

    Depois de algum tempo, ele relaxou um pouco e esticou-se todo. Umleve sorriso apareceu em seus lbios. "Desculpe, meu velho..."

    "Tudo bem. Como se sente agora?"

    "Um pouco melhor, eu acho..."

    "No fale. Descanse apenas."

    Virei-me para Ellen, "Pode deixar que fico com ele agora. Muito obri-gado pela ajuda. Volte para a cama e procure dormir."

    Ela concordou, agradecida. "Qualquer coisa, s chamar."

    Roger fechou os olhos e relaxou visivelmente. Por algum tempo osnicos sons que se ouviam eram a respirao muito difcil de Roger e o

    barulho da gua enchendo a banheira.Finalmente, Roger se mexeu, abriu os olhos e olhou para mim. "Nos-

    sa!... acho que dormi". Esticou os braos e dobrou os joelhos.

    "Est se sentindo melhor?"

    O sorriso agora era menos tenso. "Acho que sim. Sim, estou bemme-lhor." Sentou-se, mexeu os ombros e as costas. "... bem melhor mesmo."

    Olhou para mim. "Bob, nunca me senti assim antes. Parecia que to-

    dos os meus msculos tinham dado um n - no corpo inteiro - e eu noconseguia solt-los. Foi terrivelmente doloroso."

    "Voc est dizendo que nunca sentiu isso antes?"

    Ele balanou a cabea. ". Nunca. Algumas vezes tive cimbras, masnunca desse jeito". Cutucou as costas e o lado do corpo com os dedos."Estou bem melhor agora. Os ns se desmancharam." Respirou fundo."Acho que agora posso deitar, quem sabe at dormir."

    Apertei seu ombro molhado. "timo, Roger. Vou ajudar voc."

    Mary chegou-se para perto de mim quando fui deitar novamente,mas no disse nada. Minha cabea era um turbilho. No dei nenhum

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    medicamento para ele,pensei, no dei nada. E ele saiu da crise! Quandofinalmente consegui dormir, sonhei que Roger e que estvamos um decostas para o outro, lutando contra um bando de marinheiros bbadosnum bar de Saigon.

    Roger continuou jejuando por mais duas semanas, mas a partir des-sa noite passou a apresentar ntidos sinais de melhora. Os sinais eramsutis, mas claros.

    David Cohen balanou a cabea quando contei para ele. "No fiqueotimista demais, Bob. Talvez seja s uma melhora temporria. Aconte-ce, voc sabe."

    "Conheo as remisses, David. Voc est certo, possvel que a me-lhora de Roger seja apenas temporria. Mas no essa a minha impres-so."

    "Desculpe o meu pessimismo", continuou David, "mas j vi isso acon-tecer em casos de cncer. E a AIDS como o cncer em muitos aspec-tos. traioeira. Quando ocorre uma remisso temporria ou apenasaparente, o paciente de repente se sente bem durante um ou dois dias.Ou uma semana. Talvez at um ms. A, subitamente, piora de vez. Epronto. o fim."

    "Concordo. Tambm j vi melhoras assim. Mas acho que no o ca-so. Dessa vez diferente..."

    "Diferente?", David franziu a testa. "Como assim?"

    "Parece que a pele de Roger est com um novo frescor. No tem maisaquela cor plida, sem vio. Os olhos esto brilhantes..."

    "Ele engordou?"

    "No. Ainda est emagrecendo. Est com menos de 65 quilos."

    Eu j esperava a reao de David. "Bob, pense bem. Se o pacienteparece estar se sentindo melhor e parece melhor na aparncia... issotudo so coisas subjetivas. No so vlidas. Voc mdico, sabe disso."

    "Voc tem razo, David. Mas no s isso."

    "E o que mais?"

    "Esqueci de falar dos exames - objetivos."

    "Ah, ? Quais?"

    "Em primeiro lugar, a contagem de glbulos brancos subiu. Alm dis-so, a taxa T4/T8 est melhorando..."

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    "O que voc est dizendo?" O tom de voz de David era de total incre-dulidade. "Tem certeza? Nunca vi uma coisa dessas antes, pelo menosno em pacientes com AIDS."

    Confirmei. "Eu tambm no. Mas verifiquei vrias vezes. Tenho cer-teza absoluta. No h mais dvidas, a contagem de glbulos brancossubiu mais ou menos 5%. E o nmero total de linfcitos aumentou deforma significativa..."

    Ambos sabamos que a taxa de T4/T8 de linfcitos do organismo muitas vezes considerada o barmetro do sistema imunolgico. Quesem clulas T4 para estimular o sistema imunolgico ao combate, ou asclulas T8 em nmero suficiente para informar ao sistema imunolgico omomento de suspender a luta, todo o sistema estaria imprestvel.

    David assobiou. "Bob, essesim um bom sinal. Um timo sinal."

    ", eu sei. Significa que o sistema imunolgico de Roger no estmais morto ou inativo. Est comeando a funcionar de novo!" Eu andavaeufrico com essa descoberta, mas em silncio. No havia contado essesegredo para ningum at esse momento. Em toda a literatura mdicaque eu havia lido no havia uma s meno a qualquer medicamentoexperimental que conseguisse a disfuno do sistema imunolgico deum paciente.

    "Voc j contou para o Roger?"

    "No. Voc a primeira pessoa a saber..."Eu deveria ter pedido a David para guardar segredo. Mas no foi isso

    que ele fez.

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    Captulo 19

    "Escrevo este livro com a nica inteno de trazer uma boa notcia...

    para milhes de pessoas que sofrem de artrite, libertando-as da deses-perana e do desespero", escrevia Airola.

    Concentrei-me ao mximo.

    "A boa nova para elas", dizia Airola, " que no devem se desesperar.A medicina biolgica tem uma resposta para seus problemas."

    Airola definia a medicina biolgica como um sistema natural paratratar todo tipode doena.A AIDS tambm?, pensei.

    "Como o praticante comum da medicina ortodoxa no possui um co-

    nhecimento claro sobre os princpios bsicos causadores da artrite", fuilendo, "o tratamento e os medicamentos que receita so compreensi-velmente sintomticos - ou seja, ele no trata da doena, mas dos sinto-mas isolados da doena."

    Para minha mente aberta, praticamente tudo que Airola dizia se a-plicava tambm AIDS e a qualquer doena degenerativa tanto quanto artrite.

    "... a artrite uma doena sistmica que afeta o corpo inteiro. (A

    AIDS tambm!, pensei.) Por isso, as nicas providncias que podem darcerto no combate da doena, no seu controle e na obteno de umacura duradoura so aquelas dirigidas correo das causas bsicas..."

    Isso vale para a AIDS tambm!, concordei.

    "Isso s pode ser conseguido atravs de tratamentos que ajudem asuperar as alteraes sistmicas, a normalizar os processos metablicose a recuperar todas as funes normaisdos rgos e glndulas vitais..."

    Percebi ento que estava quase caindo da cadeira, apertando o livro

    com as duas mos. Tive vontade de gritar "Eureca! Descobri!" para omundo todo.

    "Embora medicamentos e injees possam aliviar a dor e alterar ossintomas", fui lendo, "eles no chegam ao fundo do problema, no elimi-nam as causas bsicas nem corrigem as perturbaes sistmicas. E oque pior, os medicamentos convencionais, supressores por natureza epossuindo efeitos colaterais txicos indesejveis, interferem nos pro-cessos orgnicos normais e inibem os esforos restauradores e curati-vos do corpo.No fim eles mais fazem mal do que beme levam invalidez

    completa..."Coloquei o livro de lado e comecei a andar de um lado para o outro,

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    como um leo enjaulado. "Puxa vida!", falei alto, "por que no li isso an-tes?"

    O relgio do escritrio marcava onze horas, mas nem liguei. Sabiaque Mary estava me esperando. Mas eu no podia ir dormir ainda. Ti-nha tanta coisa para ler, para aprender, para explicar.

    Peguei o livro novamente.

    " preciso frisar que medicamentos no tm poderes de cura. A cura sempre realizada pelo prprio corpo e o mximo que um mdico sen-sato pode fazer ajudar as foras curativas do corpo."

    E como, eu me perguntava, esse mdico sensato pode ajudar o orga-nismo do paciente a usar as prprias foras curativas?

    Nesse momento de descobertas, tive certeza, tanto quanto tenho do

    meu prprio nome, que a filosofia de cura que Airola adotava no servia spara o caso da artrite. Airola falava de princpios fundamentais que sovlidos para as doenas de um modo geral. Todos os tipos de doenas.

    E embora Airola no falasse da AIDS, eu sabia que ele se referia AIDS tanto quanto artrite: na causa e na cura.

    Ele falava de "doenas sistmicas", que afetavam o corpo todo. AAIDS, sem dvida, afeta o corpo todo.

    Airola falava do "problema bsico" das doenas. Alm disso, falava

    em ter descoberto a causa original da artrite e, depois de encontr-la,ter podido realizar a cura, a volta sade.

    Da mesma maneira, eu acreditava ter descoberto a causa bsica daAIDS: um estilo de vida cheio de abusos. Um estilo de vida que incluaexcessos qumicos, excessos fsicos, excessos sexuais, excessos emo-cionais (medo, raiva, dio, intolerncia, etc.) e/ou uma combinao dealguns ou todos esses abusos.

    Alm do mais, Airola afirmava que, quando as causas originais so

    eliminadas e a medicina biolgica corretamente empregada (ou, eusubstitui, comeam a ser aplicados princpios de vida saudveis), o orga-nismo, atravs da ativao de sua prpria capacidade de cura, restitui asade e o bem-estar para o corpo doente e sofredor.

    Sem prestar muita ateno, ouvi o relgio batendo meia-noite, maseu ainda no podia parar. Tinha que continuar.

    Tinha que aprender como era a medicina biolgica de Airola. Nopodia ir dormir sem antes saber quais eram os mtodos que ele usava.Fiquei preso ao livro, tamanha era a minha urgncia.

    "Ah, meu Deus", murmurei no escritrio semi-escuro, "preciso apren-der a fazer isso... recuperar vtimas da AIDS... e todos os outros tipos de

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    vtimas... preciso aprender como chegar a elas, essas vtimas esperan-osas que a medicina ortodoxa condenou a uma morte em vida por de-pendncia de medicamentos..."

    Meus olhos estavam cheio de lgrimas e eu nem me importava. "Pre-ciso ensin-las a despertar esse bem-estar dinmico que inato... Pre-ciso... Preciso!"

    De repente, percebi que mais algum estava na sala. Mary tinha en-trado to silenciosamente que nem reparei. Ela me abraou e murmu-rou, "Voc vai conseguir, Bob. Vai conseguir."

    No dia seguinte, na hora do almoo, encontrei Roger e Ellen na en-trada de casa. Pareciam animados. "Onde voc arranjou esse livro?",Roger perguntou.

    Por alguns instantes at esqueci que tinha dado uma cpia do livrode Airola para cada um. "Livro?", perguntei. "Que livro?"

    Roger ficou impaciente. "O livro que voc deu para a gente ontem noite. Do Airola."

    Fiquei surpreso com a exaltao dele. "Ah, . Por qu? Vocs gostaram?"

    "Se gostamos? Bob, o livro timo. Incrvel! Alis, pena eu no terlido esse livro h anos atrs. S tem uma coisa que eu gostaria que ele

    mudasse...""O qu?"

    "Bom, o autor fala principalmente da artrite. Mas, na verdade, esttratando de princpios que so vlidos para todas as doenas. No spara a artrite."

    " isso mesmo, doutor Bob", Ellen disse, timidamente. " um livromuito til. Gostei muito. Vai me ajudar bastante, como enfermeira, arealizar melhor o meu trabalho."

    "Como assim?", perguntei para Ellen.

    "Bom, para falar a verdade, a primeira vez que entendo direito osprincpios do jejum. E agora entendo o que o senhor estava tentandoconseguir ao recomendar o jejum para Roger."

    Sorri. "Parece que estamos no caminho certo, no ?"

    Roger sorriu e endireitou os ombros. " sim, Bob. E eu agradeo mui-to. Sabe que hoje o meu trigsimo quinto dia de jejum? Sem comer

    nada alm de sucos de frutas frescas e gua?""Trinta e cinco dias, ?", disse. "Para mim pareceram trs anos."

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    Roger concordou. ", acho que para mim tambm. Mas, Bob, vocconhece pessoalmente algum que tenha feito jejum durante trinta ecinco dias?"

    "No, no pessoalmente. Roger, voc parece muito bem. Como estse sentindo?"

    "Melhor do que pensei que ia me sentir, passando a suco de frutas gua. E", acrescentou ele, "no se esquea, sem nenhum tipo de medi-camento".

    " isso mesmo. Sem nenhum medicamento", falei. "Deve ser um re-corde..."

    "Pode apostar. O fato que estou me sentindo bem. Fraco, verda-de. Com pouca energia. Mas sem dores. As dores passaram todas. Isso o melhor de tudo. Fazia tempo que eu vivia com dores... bem, seja lcomo for, quero lhe mostrar uma coisa. D uma olhada aqui."

    Roger tirou a sandlia e mostrou a parte de baixo dos ps. "As lesessanguneas... o sarcoma de Kaposi... sumiu dos meus ps. Sumiu com-pletamente. Nas penas tambm, no tem mais nenhuma marca."

    Puxei a cadeira para mais perto e passei meus dedos pela pele novae lisa dos ps e das pernas de Roger. No havia nenhum sinal de feridasou leses.

    "Puxa, Roger, isso incrvel! Isso, sem dvida, um marco na medi-cina! Que maravilha! Mais alguma boa notcia?"

    Ele fez que sim. "Lgico que tem mais. Medi minha presso hoje eestava normal... pela primeira vez em muitos anos, a presso arterialest normal!"

    "Normal? Mas h uma semana estava alta."

    ". Mas hoje est normal. E, alm disso, as dores, como j falei... a-quelas dores horrveis nas costas... nas pernas... sumiram. Bob, eu..."

    Roger ia falar mais alguma coisa, mas a emoo no o deixou. Ellenpegou sua mo e apertou com fora.

    "Acho que o que Roger quer dizer, doutor, que... bem... ele me dis-se hoje de manh que, pela primeira vez, realmente acredita que vaificar bom."

    Os dois tinham os olhos cheios de lgrimas.

    Mais ou menos uma semana depois, Glenda ligou. "Desculpe, doutor",

    disse ela, "mas no aguento mais esperar. O que o senhor achou do livro deAirola?"

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    Muito prudente, eu disse, "Glenda, acho que muito promissor."

    "Ento o senhor vai supervisionar o meu jejum?"

    "Sinto muito, Glenda", falei, e mesmo pelo telefone pude perceber adecepo dela, "mas no estou qualificado para fazer isso..."

    "Ah... mas pensei..."

    "Mas no desista", disse, "no estou dizendo que voc no deve jeju-ar. Acho que deve sim. O que estou dizendo que no estou preparadopara fazer isso pessoalmente. E acho que, se voc vai jejuar por umcerto tempo, precisa de uma superviso."

    "Mas que no conheo ningum... nenhum lugar..."

    "Posso indicar dois locais", disse, "so lugares onde h pessoas trei-

    nadas, capacitadas para cuidar de voc de uma forma que eu no pode-ria... e ficarei contente em..."

    "Dar os endereos?", interrompeu Glenda, entusiasmada.

    Dei risada. "Era exatamente o que eu ia dizer. Passe aqui amanh eJanine dar a voc os endereos. Voc mesma ode ir l. Certo?"

    "Muito obrigada, doutor. Muito obrigada."

    "Tenho um pedido a fazer."

    "Pode pedir", disse ela."Mantenha-me informado, est bem? V anotando tudo..."

    "Anotando? Por qu?"

    "Porque quero poder recomendar para outros pacientes lugares ondeeles encontrem alvio. Da artrite. E de outros problemas... certo?"

    Percebi que ela ficou mais tranquila. "Doutor Smith, terei muito pra-zer em fazer isso para o senhor... e para os outros pacientes."

    Esses outros pacientes talvez sejam pacientes com AIDS, disse paramim mesmo.

    Embora Roger apresentasse tantas melhoras, ns dois concordva-mos que ainda no era hora de parar o jejum. Eu sabia que estvamosabrindo um caminho em meio ao desconhecido e no queramos come-

    ter erros.

    "H anos no me sinto assim to bem", disse Roger no trigsimo

    quinto dia de abstinncia de tudo a no ser sucos de frutas frescas."Estou dormindo melhor. Alis, s preciso de umas seis ou sete horas desono por noite. Acho que nunca dormi antes to pouco assim..."

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    Ri. "No o meu caso, Roger. Lembro-me que no Vietn eu s vezesdormia somente duas ou trs horas por noite."

    Ele riu tambm. "Ah, eu me lembro disso. Mas estou falando de ho-ras de sononormal. No Vietn era diferente."

    Roger estava agora na sala de exames do meu consultrio, s de cu-eca. "Sei que pareo um esqueleto", disse ele, meio envergonhado, "eestoumeio fraco. Mas no fico to cansado quanto pensei que ficaria..."

    Quando ele subiu na balana, ela marcou: 62 kg.

    Pensei por alguns instantes. "Roger, acho que hora da gente pen-sar em parar o jejum. O que voc acha?"

    Ele respondeu devagar. ", acho que sim. Mas no sinto fome."

    "Voc j me disse isso. Mas acho que hora da gente comear a au-mentar o seu peso. Vamos fazer com muito cuidado. Voc vai comer sfrutas e hortalias frescas. No incio, pequenas quantidades. Pouco apouco, vamos aumentando..."

    Roger no respondeu logo. "Sinto-me to bem, Bob, que tenho atmedo de comer. Parece estranho, no?"

    "Acho que entendo. Mas acho que est realmente na hora."

    Ele concordou. ". Eu tambm". Respirou fundo. "Sim, Bob, estou de

    acordo. Portanto... mos obra.""Amanh de manh?" Roger deu-me um abrao apertado. No pude

    deixar de perceber que ele estava bem mais forte do que da primeiravez que veio ao meu consultrio, seis meses atrs.

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    Captulo 20

    "A AIDS est sendo proclamada a pior epidemia na histria da hu-

    manidade", dizia David. O ltimo paciente havia ido embora e ns con-versvamos no meu consultrio.

    "Eu sei", disse-lhe.

    "Voc acha que isso verdade?"

    Balancei a cabea. "No. No acho. Sinceramente, acho que s maisum exagero dos meios de comunicao..."

    "Mas a coisa est feia mesmo, Bob. Temos que reconhecer."

    "Claro que est feia. Toda vez que algum morre antes da hora tris-te. Mas dizer que a coisa est preta algo muito relativo."

    "Como assim?"

    "Bem, para comear, quantas mortes foram causadas pela AIDS?",perguntei.

    David pensou por alguns instantes. "Os nmeros mais recentes estopor volta de 20.000, pouco mais ou pouco menos."

    "Em quantos anos?"

    "Desde 1981."

    "Ou seja, entre trs a quatro mil morte por ano so atribudas AIDS.Concorda?"

    "Concordo. Mas, onde voc quer chegar?"

    "Quantas pessoas morrem de derrame por ano?"

    David respondeu de imediato. "Quase 350.000."

    "E de cncer?"

    "Perto de meio milho por ano."

    "E ns classificamos derrame e cncer de epidemias?"

    David fez que no. "Estou entendendo o que voc quer dizer. Mas,no existe um aumento constante no nmero de pacientes com AIDS?"

    "Sem dvida. Mas tambm h um aumento no nmero de mortes portodas essas outras doenas."

    "Certo", disse David. "mas a toda hora escuto dizer e leio que a AIDS ,possivelmente, uma das piores pragas que j assolaram a humanidade."

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    Sem nada dizer, tirei um livro da estante e abri na pgina marcada."Voc conhece o Dr. Roy Walford, no conhece?"

    David concordou. "Claro que conheo. o professor-titular de Pato-logia da Faculdade de Medicina da Universidade da Califrnia, UCLA."

    "Isso mesmo. Ele titular desde 1966. um homem em quem se po-de confiar. Certo?"

    David concordou.

    "Muito bem. Veja o que o Walford diz sobre pragas: a doena carda-ca provocada por arteriosclerose a maior epidemia que a humanidade

    j enfrentou, matando uma porcentagem maior da populao do que apeste negra na Idade Mdia."

    Deixei o dedo na pgina e fechei o livro. "Se estamos falando de epi-

    demias... algo galopante, fora de controle, acho que devamos falar dadoena cardaca provocada por arteriosclerose como uma epidemia.Uma verdadeira epidemia."

    "Mas grande parte das doenas cardacas podem ser evitadas."

    Sorri. "Claro que grande parte pode ser evitada. E, na opinio demuit