por quem cristo morreu - john owen

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  • 8/3/2019 Por Quem Cristo Morreu - John Owen

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    www.bibliotecacrista.com.br

    POR QUEM CRISTOMORREU?

    "A Morte da Morte na Morte de Cristo"

    - John Owen -(1648)

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    POR QUEM CRISTO MORREU?

    John Owen - nasceu em 1616, e cresceu numa pacata casa pastoral noCondado de Oxford, havendo ingressado na Universidade de Oxford com a idade dedoze anos, obtendo o grau de Bacharel em Letras em 1632 e de Mestre em Letras, em1635. Owen um dos mais proeminentes telogos que a Inglaterra j produziu.

    O primeiro livro de Owen foi publicado em 1642, e seu ltimo livro estava sendoimpresso quando ele morreu, em 1683. Suas obras publicadas constituem um total devinte e quatro volumes.

    Owen foi capelo pessoal de Oliver Cromwell durante alguns anos, sendo levadopor este a pregar no Parlamento vrias vezes, a partir de 1646. Ele pastoreou trsigrejas durante sua vida.

    Casou-se duas vezes; sua primeira esposa morreu em 1676.

    Ele teve onze filhos, nenhum dos quais sobreviveu a ele. Seu tmulo aindapreservado no cemitrio de Bunhill Fields, City Road, Londres.

    O livro "A Morte da Morte na Morte de Cristo", aqui uma verso simplificada, foipublicado por Owen em 1647. Afirma-se que ningum jamais foi bem sucedido emrefutar esta tese que Owen to completamente expe e defende, fundamentando-senas Escrituras.

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    POR QUEM CRISTO MORREU?Uma verso simplificada e condensada do clssico:

    "A Morte da Morte na Morte de Cristo", pelo Dr. John Owen, 1616-1683.

    PRLOGO

    Extrato do Artigo lntrodutrio, escrito pelo Dr. J. I. Packer, para A Morte da Morte na Morte deCristo", de autoria do Dr. J. Owen. na edio da Banner of Truth Trust, 1959.

    A Morte da Morte na Morte de Cristo um trabalho polmico, cujo objetivo mostrar,entre outras coisas, que a doutrina da redeno universal anti-bblica e destrutiva doevangelho. H, portanto, muitos a quem ele no ser de interesse. Aqueles que no vemnecessidade de uma exatido doutrinria e no tm tempo para debates teolgicos quemostrem as divises entre os assim chamados evanglicos, podem perfeitamente lamentar sua

    reapario. Muitos podem achar o prprio tom da tese de Owen to chocante que se recusaroterminantemente a ler este livro. Algo to apaixonante prejudicial, e temos muito orgulho denossos chiboletes teolgicos. Mas espera-se que esta reimpresso encontre leitores de espritodiferente. H sinais, hoje em dia, de um novo surgimento de interesse na teologia da Bblia:uma nova prontido para testar tradies, para examinar as Escrituras e para pensarseriamente sobre a f crist. para todos que compartilham desta prontido que oferecido otratado de Owen, na confiana de que ir nos ajudar em uma das mais urgentes tarefas que acristandade evanglica est enfrentando hoje - a restaurao do evangelho.

    Esta ltima afirmao poder chocar algumas pessoas, mas parece ser justificada pelosfatos. No h dvida de que os evanglicos encontram-se, hoje, num estado de perplexidade einstabilidade. Em assuntos como a prtica do evangelismo, o ensino da santidade, a edificao

    da vida da igreja local, o cuidado do pastor pelas almas e o exerccio da disciplina, h evidnciade insatisfao generalizada com o estado de coisas e, igualmente, uma incertezageneralizada quanto ao caminho que se deve seguir. Trata-se de um fenmeno complexo, parao qual muitos fatores tm contribudo; mas, se formos raiz do problema, verificaremos quetodas essas perplexidades devem-se, principalmente, ao fato de havermos perdido o poder doevangelho bblico.

    Sem perceber isso, temos barganhado esse evangelho durante quase cem anos por umproduto substitutivo que, embora parea bastante semelhante nos detalhes, algocompletamente diferente no todo. Eis as nossas dificuldades: o produto substitutivo no atendeaos fins para os quais o evangelho autntico provou-se, nos dias passados, to poderoso. Onovo evangelho falha patentemente em produzir reverncia profunda, arrependimento

    profundo, humildade profunda, um esprito de adorao, um cuidado para com a Igreja. Porque? nossa opinio que a razo est em seu prprio carter e contedo. Ele falha em tornaros homens centralizados em Deus nos seus pensamentos e tementes a Deus em seuscoraes, porque no isto que ele est visando fazer principalmente. Uma forma deestabelecer a diferena entre o novo e o velho evangelho dizer que o primeiro est excessivae exclusivamente preocupado em "ajudar" o homem - a ter paz, conforto, felicidade, satisfao- e pouqussimo preocupado em glorificar a Deus.

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    O velho evangelho foi til tambm - muito mais, de fato, que o novo - masincidentalmente, por assim dizer, pois sua primeira preocupao sempre foi glorificar a Deus.Ele era sempre e essencialmente uma proclamao da soberania divina em misericrdia e

    julgamento, uma convocao para inclinar-se a adorar a Deus, o Todo-poderoso, de quem ohomem depende para todo o bem, tanto em natureza como em' graa. Seu centro dereferncia era inequivocamente Deus. Mas no novo evangelho, o centro de referncia o

    homem. Isto equivale a dizer que o velho evangelho era religiosonuma forma que o novoevangelho no .

    Enquanto o principal objetivo do velho era ensinar os homens a adorar a Deus, apreocupao do novo parece limitada a faz-los se sentirem melhor. O assunto do velhoevangelho era Deus e Suas atitudes para com os homens; o assunto do novo o homem e aajuda que Deus d a ele. H um mundo de diferena. A completa perspectiva e nfase dapregao do evangelho tm-se mudado.

    Esta mudana de interesse deu origem a uma mudana de contedo, pois o novoevangelho tem, com efeito, reformulado a mensagem bblica nos supostos interesses de ser"prestativa". Portanto, os temas da incapacidade do homem natural para crer, da eleiogratuita de Deus como a principal causa da salvao, e de Cristo morrer especificamente porSuas ovelhas, no so pregadas. Estas doutrinas, seria dito, no so "prestativas"; elaslevariam os pecadores ao desespero, sugerindo-lhes que no est em seu prprio poder oserem salvos atravs de Cristo. (A possibilidade de que tal desespero poderia ser salutar no considerada; tomada como ponto pacfico que no pode ser, porque muito destrutiva paranossa auto-estima). Seja como for, o resultado dessas omisses que parte do evangelhobblico est agora sendo pregada como se fosse o todo desse evangelho; e uma meia-verdadedisfarando-se de verdade completa torna-se uma inverdade completa.

    Dessa forma, apelamos aos homens como se todos eles tivessem a habilidade dereceber Cristo a qualquer momento; falamos de Sua obra redentora como se Ele no tivessefeito nada mais, ao morrer, do que tornar possvel que nos salvemos a ns mesmossimplesmente por crermos; falamos do amor de Deus como se no fosse mais do que umaprontido geral para receber qualquer um que se volte e creia; e ns descrevemos o Pai e oFilho, no como soberanamente ativos em atrair pecadores a Si mesmos, mas como queesperando, impotentes, porta de nossos coraes" para que Os deixemos entrar. inegvelque pregamos assim; talvez seja isso que ns realmente cremos. Mas necessrio dizer, comnfase, que este conjunto de meias-verdades torcidas algo diferente do evangelho bblico. ABblia est contra ns quando pregamos dessa maneira; e o fato de que tal pregao tem-setornado quase uma prtica padro entre ns, mostra apenas quo urgente que revisemoseste assunto. Recuperar o velho, autntico e bblico evangelho, e fazer com que nossapregao e prtica estejam somente de acordo com esse evangelho, , talvez, nossa.necessidade mais premente. E neste ponto que o tratado de Owen sobre a redeno podenos ajudar.

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    NDICE

    PrefcioPorque este livro foi escrito 06

    IntroduoO assunto deste livro 07

    Primeira ParteO propsito de Deus ao enviar Jesus Cristo para morrer 08

    Segunda Parte

    O verdadeiro propsito da morte de Cristo; o que Ele realizou 15

    Terceira ParteDezesseis argumento que mostram que Cristo no morreu pela salvao detodos os homens 24

    Quarta ParteRespostas a argumentos que postulam a redeno universal 35

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    PREFCIO

    Porque este livro foi escrito

    Permita-me explicar porque escrevi este livro. Sou a ltima pessoa a apreciarcontrovrsia! Mas a Bblia diz que devemos "batalhar pela f que uma vez foi dada aossantos". Nos ltimos anos tenho sido consultado, freqentemente, sobre o assunto destelivro. E ouo dizer que estes pontos tm sido debatidos em todas as partes do pas. Assimsendo, convenci-me de que tal livro deveria ser escrito. Preferiria que o trabalho fosse feitopor outra pessoa; mas achei melhor que fosse feito por mim do que no ser feito porningum.

    No reivindico ser a melhor pessoa para escrever um livro como este. Outros tmescrito muito bem sobre o mesmo assunto. Contudo, noto que se limitam a certos pontosda controvrsia. E achei que seria melhor no dizer simplesmente o que Cristo no fezatravs de Sua morte, mas tambm explicar completamente o que Ele fez atravs dela.

    Tenho estudado este assunto durante sete anos, tanto na Bblia como em outroslivros disponveis. Poderia, portanto, sugerir que agora voc leia meu livrocuidadosamente? Se algum desejar desaprovar pontos isolados, tirados do contextodeste livro, tem minha permisso para desfrutar de seu sucesso imaginrio. Mas se algumestudar seriamente o livro todo, penso ento que ser convencido por ele.

    Espero que o livro proporcione satisfao queles que conhecem estas verdades,fora queles que so fracos nessas verdades, e, acima de tudo, glria ao Senhor, a Quempertencem todas estas verdades, embora eu seja o seu mais indigno servo.

    JOHN OWEN (1648).

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    PRIMEIRA PARTEO propsito de Deus ao enviar Jesus Cristo para morrer

    Captulo

    1 Apresentando o problema 09

    2 O quem, o como e o qu de uma coisa 10

    3 Deus, o Pai, agente de nossa salvao 10

    4 Deus, o Filho, agente de nossa salvao 12

    5 Deus, o Esprito, agente de nossa salvao 12

    6 A obra de Cristo o meio usado para obter nossa salvao 13

    7 A entrega voluntria de Cristo e Sua intercesso so o nico meio pararealizar nossa redeno 14

    (A Segunda Parte estuda em detalhes, o que Cristo verdadeiramente realizou com Suamorte).

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    1. Apresentando o problema

    O prprio Cristo nos disse porque veio ao mundo. Ele disse: "Porque o Filho dohomem veio buscar e salvar o que se havia perdido." (Lucas 19:10). Numa outra ocasioEle disse que o Filho do homem viera para "dar sua vida em resgate de muitos." (Marcos

    10:45).O apstolo Paulo tambm afirmou, claramente, porque Cristo veio ao mundo: "O

    qual (Jesus Cristo) se deu a si mesmo por nossos pecados, para nos livrar do presentesculo mau" (Glatas 1:4). " ... Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores" (lTimteo 1:15). "O qual (Jesus Cristo) se deu a si mesmo por ns para nos remir de toda ainiqidade, e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras." (Tito 2:14).

    A partir destas afirmaes, est claro que o propsito da morte de Cristo foi:

    !!salvar as pessoas do pecado,!!libertar as pessoas do mundo mau,!!tornar as pessoas puras e santas,!!criar pessoas que faam boas obras.

    Outras passagens bblicas explicam o que Jesus Cristo realmente fez em Sua morte. Hcinco coisas que podemos notar:

    1. As pessoas so reconciliadas com Deus atravs dela (Rom. 5: 1).

    2. As pessoas so perdoadas e justificadas atravs dela (Rom. 3:24).3. As pessoas so purifica das e santificadas atravs dela (Heb. 9:14).

    4. As pessoas so adotadas como filhos de Deus atravs dela (Gal. 4:4-5).

    5. As pessoas recebem glria e vida eterna atravs dela (Heb. 9: 15).

    A partir de todas estas evidncias, o ensino da Bblia claro: o propsito da vinda deCristo foi (e realmente cumpre tal propsito) trazer perdo ao homem, no tempo presente,e glria no porvir. Portanto, se Cristo morreu por todos os homens, ento...

    ...todos os homens esto agora livres do pecado, e esto perdoados e seroglorificados, ou...

    ...Cristo falhou em Seu propsito.

    Sabemos, atravs de nossa experincia diria com a humanidade, que a primeiraafirmativa no verdadeira. A segunda sugesto - que Cristo falhou - um insulto paraDeus.Para fugir ao problema de aceitar uma ou outra destas duas sugestes, aqueles que dizemque Cristo realmente morreu por todos os homens, dizem que no era propsito de Deus

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    que todos os homens fossem beneficiados. Dizem que o benefcio s para aqueles queproduzem uma f para crer em Cristo. Este ato de f deve ser algo que alguns homensfazem por si mesmos, tornando-os diferentes dos outros homens. (Se f fosse algumacoisa obtida pela morte de Cristo, e se Ele tivesse morrido por todos os homens, entotodos os homens teriam f!). Tal sugesto parece-me diminuir aquilo que Cristo realmenteobteve atravs de Sua morte, portanto vou combat-la mostrando que o que a Bblia

    ensina bastante diferente!

    2. O quem, o como e o qu de uma coisa

    H trs palavras que usaremos bastante neste livro, e ser bom aprensent-lasresumidamente aqui. Quando qualquer ao acontece, h um agente (o quema pratica);h os meios empregados (o como feita); e h um fim em vista (o qu, ou resultado final).

    Decidimos como faremos uma coisa (os meios) de acordo com o quse quer fazer(o fim). Portanto, podemos dizer que o fim a razo para os meios. E se tivermosescolhido os meiosadequados, o fim certo. claro que se o agenteque pretende fazeralguma coisa, tiver escolhido os meiosadequados, no poder falhar.

    Ora, podemos aplicar estes princpios nossa discusso neste livro. Vamos ver,primeiramente, quem o agenteque pretende nos redimir. Depois vamos ver os meiosqueforam utilizados para nos redimir. E, finalmente (na Segunda Parte), vamos ver qual foi oresultadodos meios empregados.

    De acordo com a Bblia, o agenteque est pretendendo a nossa salvao o DeusTrino. Todos os outros agentesforam apenas instrumentosem Suas mos (Atos 4:28). Oagente principal a Santa Trindade. Vamos estudar isto mais detalhadamente ...

    3. Deus, o Pai, agente de nossa salvaoDe que maneira foi Deus, o Pai, o agente de nossa salvao? Minha resposta para essapergunta a seguinte: por duas maneiras, isto , foi Deus, o Pai, que enviou o Filho paramorrer, e foi o Pai que puniu Cristo por causa dos nossos pecados. Podemos examinarestas duas coisas em maiores detalhes.

    1. claro, a partir de muitos versculos bblicos, que o Pai enviou o Filho aomundo. Por exemplo: "vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou Seu filho,nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei,afim de recebermos a adoo de filhos." (Glatas 4:4-5). O fato de enviar o Filhoenvolveu Deus, o Pai, em trs coisas:

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    i. houve o propsito original que sempre estivera em Sua mente (I Pedro 1:20);

    ii. houve o Seu ato de dar ao Filho todas as habilidades que Ele necessitava, a

    fim de fazer a obra para a qual fora enviado (Joo 3:34-35)1;

    iii. houve o Seu ato de prometer a Seu Filho toda a ajuda necessria quanto ao

    sucesso na obra (Atos 4: 10-11).

    2. claro, a partir de muitos versculos bblicos, que o Pai puniu Jesus Cristo porcausa dos nossos pecados. Por exemplo: "quele que no conheceu pecado, ofez pecado por ns; para que nele fssemos feitos justia de Deus." (II Corntios5:21). Pode-se dizer que Cristo sofreu e morreu em nosso lugar. Sendo assim,no seria estranha a idia de que Cristo deveria sofrer em lugar daqueles quetambm iro sofrer por causa dos seus prprios pecados?

    Colocamos o assunto da seguinte maneira: Cristo sofreu...

    ...pelos pecados de todos os homens, ou...

    ...pelos pecados de alguns homens, ou...

    ...por alguns dos pecados de todos os homens.

    Se a ltima afirmativa verdadeira, ento todos os homens ainda tm algunspecados, e, portanto, ningum pode ser redimido.

    Se a primeira afirmativa verdadeira, ento porque no esto todos os homenslivres do pecado? Voc poder dizer: "Por causa da incredulidade deles. "Mas eu pergunto:"A incredulidade um pecado?" Se no , por que todos os homens so punidos por causa

    dela? Se um pecado, ento deve estar includa entre os pecados pelos quais Cristomorreu. Portanto, a primeira afirmativa no pode ser verdadeira!

    Assim, claro que a nica possibilidade restante que Cristo levou sobre Si todosos pecados de alguns homens, os eleitos, somente. Creio que este o ensino da Bblia.

    (A Quarta Parte deste livro trata das passagens das Escrituras que empregam as palavras"mundo" e "todos").

    __________________________1

    Como Filho de Deus. Ele j possua a perfeio da Deidade; mas como Filho do homem Ele tinha quereceber os dons que necessitasse.

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    4. Deus, o Filho, agente de nossa salvao

    Devido ao fato de Deus, o Filho, haver voluntariamente concordado em fazer o que oPai tinha planejado, podemos dizer que Ele tambm era um agente de nossa salvao.Jesus disse: "A minha comida fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar a suaobra." (Joo 4:34). H trs maneiras pelas quais Cristo mostrou Sua prontido para ser um

    agente:

    1. Ele se disps a deixar de lado a glria de Sua natureza divina e fazer-Sehomem. "E, visto como os filhos participam da carne e do sangue, tambm eleparticipou das mesmas coisas... ". (Hebreus 2: 14). Note que afirmado que Elefez isto no porque toda a raa humana era composta de carne e sangue, masporque os filhos que Deus lhe dera eram humanos. (Hebreus 2: 13). Suaprontido estava relacionada queles filhos, no a toda a raa humana.

    2. Ele Se disps a dar-Se a Si mesmo como oferta. verdade que Ele sofreumuitas coisas passivamente. Contudo, verdade que Ele deu-Se a Si mesmopara aqueles sofrimentos, ativa e prontamente. Sem tal consentimentovoluntrio, os sofrimentos no teriam qualquer valor. Assim Ele podeverdadeiramente dizer: "Por isto o Pai me ama, porque dou minha vida...Ningum ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou". (Joo 10: 17-18).

    3. Suas oraes no presente em favor de Seus filhos mostram Sua prontido emser um agente em nossa salvao. Agora Cristo entrou no santurio. (Hebreus9: 11-12). Sua obra ali a intercesso (orao). Veja que Ele no ora pelomundo (Joo 17:9), mas por aqueles pelos quais Ele morreu (Romanos 8:34).Ele pede que aqueles que Lhe foram dados possam ir para onde Ele est, paraver a Sua glria (Joo 17 :24). Portanto, claro que Ele no poderia ter morri do

    por todos os homens!5. Deus, o Esprito, agente de nossa salvao

    A Bblia fala de trs coisas nas quais o Esprito Santo opera com o Pai e o Filho para nosredimir. E estas atividades mostram que Ele tambm um agente de nossa salvao.

    1. O corpo humano que o Filho tomou, quando Se tornou homem, foi criado peloEsprito Santo, em Maria. " ... achou-se ter concebido do Esprito Santo."(Mateus 1: 18).

    2. A Bblia diz que quando o Filho Se ofereceu a Si mesmo como sacrifcio, Ele ofez pelo Esprito. " ... que pelo Esprito eterno se ofereceu a si mesmoimaculado a Deus ... " (Hebreus 9: 14). Disso fica claro que o Esprito Santo foi,de certa forma, o instrumento que tornou possvel o oferecimento.

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    3. H declaraes claras na Bblia mostrando que a obra de levantar Cristo dentre osmortos, foi operao do Esprito Santo. ....mortificado, na verdade, na carne,mas vivificado pelo Esprito." (I Pedro 3:18).

    Sem dvida alguma, o Esprito Santo teve importantes coisas para fazer, unindo-Seao Pai e ao Filho no propsito de nos redimir.

    Temos visto que cada pessoa da Trindade pode ser chamada de agente de nossasalvao. Mas importante lembrar que, embora para o propsito de nosso estudo,tenhamos feito uma distino quanto operao de cada uma das pessoas divinas, noh, de fato, trs agentes de nossa salvao, mas apenas um, pois Deus Um. Portanto,podemos dizer que toda a Trindade um agente para a nossa redeno.

    6. A obra de Cristo o meio usado para obter nossa salvao

    Como ns vimos no captulo dois, o agente que faz algo usa certos meios paraalcanar o fim particular que ele tem em vista.

    E na prpria obra de nossa salvao, h -duas aes que Cristo fez. (No me refiroao plano eterno que torna possvel nossa salvao, mas apenas na sua produo emtempos histricos). Estes dois atos histricos de Cristo, so:

    1. Sua entrega voluntria, no passado, e

    2. Sua intercesso por ns, agora.

    Na entrega que Cristo fez de Si mesmo, incluo Sua prontido para sofrer tudo o queestava envolvido em Sua vinda para morrer, isto , o esvaziar-Se de Sua prpria glria, e onascer de uma mulher, Seus atos de humildade e obedincia vontade do Pai atravs de

    toda a Sua vida, e, finalmente, Sua morte na cruz.E na intercesso de Cristo por ns, incluo tambm Sua ressurreio e ascenso, pois

    so a base de Sua intercesso. Sem elas, no poderia haver intercesso.

    Veremos estas duas coisas em maiores detalhes no prximo captulo, mas querofazer alguns comentrios agora. Estes dois atos tm a mesma inteno. Sua entregavoluntria e intercesso destinam-se a "trazer muitos filhos glria." (Hebreus 2:10). Osbenefcios intencionados por estes dois atos destinam-se s mesmas pessoas;Ele ora emfavor daqueles por quem morreu. (Joo 17:9). Sabemos que Sua intercesso deve ser bemsucedida - "Pai, graas te dou, por me haveres ouvido", disse Ele certa vez. (Joo 11 :41).Segue-se, ento, que todos por quem Ele morreu necessariamente recebero todas as

    boas coisas obtidas atravs daquela morte. Isso claramente destri o ensino de que Cristomorreu por todos os homens!

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    7. A entrega voluntria de Cristo e Sua intercesso so o nico meio para realizarnossa redeno

    importante verificar, nas Escrituras, como a entrega voluntria de Cristo e Suaintercesso esto ligadas intimamente. Por exemplo:

    !!Cristo justifica aqueles cujas iniqidades (ou pecados) Ele carregou (ls. 53: 11).!!Cristo intercede por aqueles cujos pecados Ele carregou (ls. 53:12).!!Cristo ressuscitou dos mortos para justificar aqueles pelos quais Ele morreu (Rom.

    4:25).

    !!Cristo morreu pelos eleitos de Deus e agora ora por eles (Rom. 8:33-34).Isto deixa claro que Cristo no pode ter morrido por todos os homens, pois se tivesse,ento todos os homens seriam justificados - o que, sem dvida alguma, no acontece.

    Sacrificar e orar so tarefas requeridas de um sacerdote. Se ele falhar em qualquer umadelas, ter falhado na qualidade de sacerdote de seu povo. Jesus Cristo mencionadotanto como nossa propiciao (sacrifcio) quanto como nosso advogado (representante) (IJoo 2: 1-2). Ele mencionado tanto como oferecendo Seu sangue (Hebreus 9: 11-14),quanto como intercedendo por ns (Hebreus 7:25). Posto que um sacerdote fiel, Eleprecisa realizar estas duas tarefas com perfeio. Visto que Suas oraes so sempreouvidas, Ele no pode estar intercedendo por todos os homens, porquanto nem todos oshomens so salvos. Isto deixa claro que Ele tambm no pode ter morri do por todos oshomens.

    Devemos tambm nos lembrar da maneira como Cristo agora intercede por ns. As

    Escrituras dizem que pela apresentao de Seu sangue no cu (Hebreus 9: 11-12, 24).Em outras palavras, Ele intercede apresentando Seus sofrimentos ao Pai. Os dois atos,sofrimento e intercesso, devem, portanto, estar relacionados mesma pessoa, casocontrrio, no adiantaria usar um como base para o outro.

    O prprio Cristo associa Sua morte e Sua intercesso como o nico meio para nossaredeno, em Sua orao no captulo 17 de Joo. Nesta orao, Ele se refere entrega deSi mesmo na morte, e Sua orao por aqueles que o Pai havia dado a Ele. No podemosseparar estes dois atos, se o prprio Cristo os une. Um sem outro no teria valor, comoPaulo argumenta: "E, se Cristo no ressuscitou (e portanto no est intercedendo agora), v a vossa f, e ainda permaneceis nos vossos pecados." (I Corntios 15: 17).

    Portanto, se separarmos a morte de Cristo de Sua intercesso, no h segurana desalvao para ns. De que valeria dizer que Cristo morreu por mim, no passado, se Eleagorano intercede por mim? somente se Ele nos justifica agora que somos salvos dacondenao de nossos pecados. Eu ainda poderia estar condenado se Cristo nointercedesse por mim. claro que Sua intercesso deve ser em favor das mesmaspessoas pelas quais Ele morreu - e, sendo assim, Ele no pode ter morri do por todos!

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    SEGUNDA PARTEO verdadeiro propsito da morte de Cristo; o que Ele realizou

    Captulo

    1 Algumas definies 16

    2 Quem foi beneficiado com a morte de Cristo? 16

    3 Qual o propsito da morte de Cristo? 17

    4 A morte de Cristo tornou a salvao uma possibilidade ou certeza? 20

    5 Razes pelas quais devem ser realmente salvos todos aqueles porquem Cristo morreu 21

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    1. Algumas Definies

    Na Primeira Parte, captulo dois, vimos que o que controla o resultado de algo que se faz, a maneira como feito. Para certificar-se de que o resultado ser exatamente o que vocdeseja que acontea, devem ser empregados os meios adequados; fazer uma coisa deacordo com a maneira certa de faz-la, assegura que o propsito ser alcanado. As

    Escrituras deixam claro que Deus (Pai, Filho e Esprito) tenciona redimir homens emulheres. A obra de Cristo o meio utilizado para fazer isso. Visto que Deus sempre faz ascoisas de maneira certa, podemos dizer que todos os que so realmente redimidos sotodos os que Ele tencionava redimir. Se no fosse assim, Deus poderia ter falhado narealizao de Seu propsito.

    Pode-se dizer que h dois propsitos na morte de Cristo, um principal e umsecundrio. O propsito principal da morte de Cristo era glorificar a Deus. Em todas ascoisas que faz, Deus pretende, primeiramente, demonstrar Sua prpria glria. Todas ascoisas existem principalmente a fim de glorificar a Deus para sempre (Efsios 1: 12;Filipenses 2: 11; Romanos 11 :36).

    Mas a morte de Cristo tem, tambm, um propsito secundrio, ou seja, salvarhomens e mulheres de seus pecados e lev-los a Deus. Assim, quero mostrar agora que amorte de Cristo comprou, para todos pelos quais Ele morreu, tudo o que necessrio paraque eles usufruam tal salvao, sem qualquer sombra de dvida.

    2. Quem foi beneficiado com a morte de Cristo?

    Precisamos estar bem esclarecidos sobre quem, realmente, se beneficia com a mortede Cristo. H trs possibilidades:

    a. Poderia ser para beneficiar a Deus, o Pai, ou...

    b. Poderia ser para beneficiar o prprio Cristo, ou..c. Poderia ser para o nosso benefcio.

    Lembre-se de que estou falando sobre o propsito secundrio da morte de Cristo; eneste sentido, podemos mostrar que a morte de Cristo nofoi para o benefcio de Deus, oPai.

    Algumas vezes argumenta-se que Cristo morreu para possibilitar que Deusperdoasse os pecadores, como se Deus fosse, de outra maneira, incapaz de nos perdoar.Esse argumento sugere que o propsito secundrio da morte de Cristo foi para beneficiar o

    Pai. Tal ponto de vista tanto falso como tolo, pelas seguintes razes:

    1. Significa que Cristo morreu para livrar o Pai daquilo que O impedia de fazer oque Ele queria (isto , perdoar os pecadores), ao invs de morrer para nos livrarde nossos pecados. Mas as Escrituras dizem claramente, em todos os lugares,que Cristo morreu para nos libertar do pecado.

    2. Significa que ningum poderia ser realmente salvo do pecado. Se Cristomeramente obteve a liberdade do Pai para perdoar os pecadores, ento o Pai

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    pode - ou no pode - usar essa liberdade! Assim, a morte de Cristo pode aindano obter realmente a salvao para ns. Mas as Escrituras dizem claramenteque Cristo veio para salvar os perdidos.

    Em seguida, podemos certamente mostrar que a morte de Cristo no foi parabeneficiar a Ele mesmo.

    1. Visto que Cristo Deus, Ele j tem toda a glria e o poder que poderia ter.Portanto, no final de Sua vida terrena, Ele no pediu outra glria seno a que jpossua antes (Joo 17:5). Ele no precisava morrer para obter quaisqueroutros benefcios para Si mesmo.

    2. s vezes sugerido que, pela Sua morte, Cristo ganhou o direito de ser o juizde todos. Mas, se o propsito de Sua morte era obter o poder de condenaralguns, ento Ele no pode ter morri do para salv-los? Portanto, ainda queaceitemos essa sugesto, no podemos us-la para provar que Cristo morreupara salvar todos os homens.

    Conclumos, ento, que a morte de Cristo teve o, propsito de nosbeneficiar. No foipara que o Pai pudesse nos salvar, se que Ele iria faz-lo. No foi para obter algunsnovos benefcios para o prprio Cristo. Portanto, deve ter sido, realmente, para obter todasas boas coisas que foram prometidas mediante acordo com o Seu Pai, para beneficiartodos aqueles por quem Ele morreu. Ento, Ele morreu somente por aqueles querealmente recebem esses benefcios. Vamos passar agora a examinar o que as Escriturasdizem sobre essas boas coisas.

    3. Qual o propsito da morte de Cristo?

    Ns j dissemos, resumidamente, o que as Escrituras ensinam sobre o porqu da

    morte de Cristo (Primeira Parte, captulo um). Agora que j exploramos todo o assunto, demodo geral, precisamos examinar em maiores detalhes aquelas passagens que falamsobre o que foi realizado atravs da morte de Cristo. Farei isso, examinando trs grupos deversculos bblicos.

    Primeiro, h aquelas passagens que mostram qual o propsito de Deus na morte deCristo. Escolhi oito versculos para examinarmos, embora muitos outros pudessem serusados.

    1. Lucas 19: 10. "Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se haviaperdido." - Portanto, est claro que Deus pretendia realmente salvar ospecadores perdidos mediante a morte de Cristo.

    2. Mateus 1 :21. " ... e chamars o seu nome Jesus, porque ele salvar o seu povodos seus pecados." - Portanto, tudo que fosse realmente necessrio para salvaros pecadores deveria ser feito por Jesus Cristo.

    3. I Timteo 1: 15. " ... que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores."- Isso no nos permite supor que Cristo veio simplesmente para possibilitar asalvao dos pecadores; pelo contrrio, insiste no fato de que Ele veiorealmente para salv-las.

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    4. Hebreus 2:14-15. " ... para que pela morte aniquilasse o que tinha o imprio damorte, isto , o diabo; e livrasse todos os que ... estavam ... sujeitos servido."- O que poderia ser mais claro que isto? Cristo veio realmente para salvar ospecadores.

    5. Efsios 5:25-27. ". " como tambm Cristo amou a igreja, e a si mesmo se

    entregou por ela, para a santificar ... para a apresentar a si mesmo igrejagloriosa ... " - Penso que no possvel diz-lo mais claramente do que oEsprito Santo o fez nesta passagem; Cristo morreu para purificar, santificar eglorificar a Igreja.

    6. Joo 17:19. " ... me santifico a mim mesmo, para que tambm eles sejamsantificados na verdade." - Ser que a no estamos ouvindo o prprio Salvadordeclarar o propsito de Sua morte? Ele morreu a fim de que alguns (no omundo todo, visto que Ele no orou por isso - versculo 9) fossem realmentesantificados (ou feitos santos).

    7. Glatas 1:4. "O qual se deu a si mesmo por nossos pecados, para nos livrar ...- Afirma aqui, outra vez, o propsito da morte de Cristo como sendo realmentepara nos libertar.

    8. IICorntios 5:21. "Aquele que no conheceu pecado, o fez pecado por ns; paraque nele fssemos feitos justia de Deus." - Portanto, entendemos que Cristoveio para que os pecadores pudessem tornar-se justos.

    A partir de todos esses versculos, evidente que o propsito da morte de Cristo erasalvar, libertar, santificar e justificar aqueles pelos quais Ele morreu. Pergunto: todos oshomens so salvos, libertados, santificados e justificados? Ou ser que Cristo falhou emcumprir o Seu propsito? Julguem, ento, por si mesmos, se Cristo morreu por todos os

    homens ou somente por aqueles que so realmente salvos e justificados!Segundo, h aquelas passagens que no s falam do propsito da morte de Cristo,

    mas, tambm, do que foi realmente alcanado atravs dela. Seleciono aqui seispassagens:

    1. Hebreus 9: 12, 14. " ... mas por seu prprio sangue '" havendo efetuado umaeterna redeno ... purificar as vossas conscincias das obras mortas ... " -Aqui so mencionados dois resultados imediatos da morte de Cristo - aredeno eterna e conscincias purificadas. Qualquer um que tenha essesresultados, um daqueles por quem Cristo morreu.

    2. Hebreus 1:3. "... havendo feito por si mesmo a purificao de nossos pecados,assentou-se destra da majestade".- Portanto, h uma purificao espiritualobtida para aqueles por quem Cristo morreu.

    3. I Pedro 2:24. "Levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados..." - Aquitemos a afirmao daquilo que Cristo fez - Ele carregou nossos pecados nacruz.

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    4. Colossenses 1:21-22. " ... vos reconciliou ... " - Assim, um verdadeiro estado depaz foi estabelecido entre aqueles por quem Ele morreu e Deus, o Pai.

    5. Apocalipse 5:9-10. " ... porque foste morto, e com o teu sangue compraste paraDeus, ... de toda ... nao; ... os fizestes reis e sacerdotes..." - claro que istono verdadeiro com relao a todos os homens, mas descreve o que

    verdadeiro sobre todos aqueles por quem Cristo morreu.

    6. Joo 10:28. "E dou-lhes a vida eterna... " - O prprio Cristo explica que a vida dada a "suas ovelhas" (versculo 27). A vida espiritual que os crentes desfrutam-lhes obtida pela morte de Cristo.

    Com base nesses seis versculos (e muitos outros poderiam ser usados), podemos dizer oseguinte: se a morte de Cristo realmente obtm redeno, lavagem, purificao, libertaodos pecados, reconciliao, vida eterna e cidadania num reino, ento Ele deve ter morridosomente por aqueles que recebem tais coisas. Est bastante claro que nem todos oshomens possuem tais coisas! Portanto, a salvao de todos os homens no pode ter sido opropsito da morte de Cristo.Terceiro, h tambm um grupo de versculos bblicos que descrevem aqueles pelos quaisCristo morreu. Estes so geralmente descritos como "muitos", por exemplo: Isaas 53: 11;Marcos 10:45; Hebreus 2:10. Mas estes "muitos" so descritos em outros lugares como:

    ! as ovelhas de Cristo Jo. 10:15

    ! os filhos de Deus Jo. 11:52

    ! os filhos que Deus Lhe deus Jo. 17:11; Heb. 2:13

    ! Seus escolhidos Rom. 8:33

    ! o povo que Ele antes conheceu Rom. 11:2

    ! Sua igreja At. 20:28

    ! aqueles cujos pecados Ele levou Heb. 9:28

    Indubitavelmente tais descries no so verdadeiras com relao a todos os homens.Assim, vemos que o propsito da morte de Cristo, conforme nos apresentado nasEscrituras, no pode ter sido a salvao de todos os homens.

    4. A morte de Cristo tornou a salvao uma possibilidade ou uma certeza?

    Alguns tm sugerido que a morte de Cristo obteve a redeno suficiente para todosos homens, se eles simplesmente cressem nEle. Esse benefcio, entretanto, dadosomente a alguns, porque apenas alguns crem. Cristo, dizem eles, obteve a salvao que suficiente para todos, mas que, na verdade, salva apenas alguns.

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    Sem dvida, pagar um preo pela redeno de um escravo no o mesmo quelibertar realmente o escravo. Obter salvao e dar salvao no so exatamente a mesmacoisa. Mas h vrias coisas que agora precisam- ser bem entendidas. So as seguintes:

    1. Para Cristo obter nossa redeno e d-Ia a ns podem ser dois atos diferentes,mas, no se pode argumentar que, conseqentemente, eles precisam estar

    relacionados a dois grupos diferentes de pessoas. Cristo no teve doispropsitos secundrios em Sua morte!

    2. A vontade de Deus, de que Cristo obtivesse a salvao para os pecadores, nodependia da condio dos pecadores crerem. A vontade absoluta de Deus eraque a salvao fosse obtida e dada.

    3. O recebimento da salvao depende de nossa f. Contudo, essa mesma f nos dada por Deus sem condies, como espero mostrar mais tarde.

    4. Aqueles para os quais Cristo obteve benefcios atravs de Sua morte devemrealmente receb-Ios. Afirmamos isto porque:

    a. Se Cristo apenas tivesse obtido os benefcios e no pudesse d-Ios, entoSua morte talvez no salvasse ningum!

    b. Teria Deus apontado um Salvador sem decidir quem deveria ser salvo?Poderia Ele apontar um meio sem estar certo do fim? Isso seria contrrioaos ensinamentos das Escrituras!

    c. Se uma coisa obtida para mim, certamente deve ser minha por direito, etudo o que for meu por direito, h de ser meu de fato. Portanto, a salvaoque Cristo obteve h de pertencer queles para os quais Ele a obteve. Se

    dito: "sim, mas deles sob a condio de crerem", eu repito novamente:"mas a f tambm dada por Deus".

    d. As Escrituras sempre colocam juntos aqueles para os quais Cristo obtevea redeno e aqueles a quem Ele a aplica.

    i. Isaas 53:5. Cristo cura aqueles pelos quais Ele foi ferido.ii. Isaas 53: 11. Cristo justifica aqueles cujos pecados carregouiii. Romanos 4:25. Cristo justifica aqueles pelos quais foi entregue.iv. Romanos 8:32-34. Deus d todas as coisas queles pelos quais Cristo

    morreu.

    A partir de todos esses argumentos, fica firmemente estabelecido que todos aquelespara os quais Cristo obteve a redeno, inquestionavelmente a recebem. A salvao nose tornou possvel para todos os homens por meio da morte de Cristo; ela se tornou realpara todos a quem foi dada.

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    Permita-me agora fazer quatro declaraes que verdadeiramente confirmam esteassunto. Falarei com mais detalhes sobre estes pontos posteriormente neste livro.

    1. Deus enviou Cristo para morrer por causa do Seu amor eterno para com Seuseleitos.

    2. O valor da morte de Cristo incomensurvel, suficiente para tudo que se propsque fosse feito atravs dela.

    3. O propsito do P-ai era trazer, de todas as naes, muitos filhos para a glria, asaber, Seus eleitos, com os quais Ele decidiu fazer um novo concerto.

    4. Tudo o que foi comprado pela morte de Cristo para aquelas pessoas, no devidotempo, certamente, torna-se delas. Posto que todas essas coisas foram obtidaspara elas, Cristo tem razo em pedir que seja feito assim.

    NOTA ADICIONAL

    Se mantivermos o ponto de vista de que a morte de Cristo torna possvel a salvaode todos, mas, na verdade, salva apenas aqueles que crem, ento estaremos realmentedizendo que:

    1. ...Deus deveria salvar todos os homens. Isto ns negamos. Deus deve fazer somenteaquilo que Ele escolhe livremente fazer.

    2. ...Deus no pode fazer o que Ele quer, a menos que os homens cumpram certascondies. Isto ns negamos. Isso elimina a glria de Deus.

    3. ...o amor de Deus melhor demonstrado por Ele amar todos os homens igualmente do

    que por amar apenas alguns homens. Negamos isto e argumentaremos maiscompletamente na Quarta Parte, captulos dois e quatro.

    4. ...Deus enviou Seu Filho para morrer porque Ele amou todos os homens igualmente.Negamos isto, por que no bblico. Muitas passagens bblicas descrevem claramentepessoas que no so o objeto do amor que enviou Cristo para morrer. Por exemplo:Provrbios 16:4; Atos 1:25; Romanos 9:11-13; I Tes. 5:9; II Pedro 2: 12; Judas 4.-

    5. ....a f, que a condio para se receber a salvao, no obtida para ns pela mortede Cristo. Mas, as Escrituras ensinam que essa f um dos benefcios obtidos pra nspor Cristo.

    6 .... em Sua morte, Cristo foi o substituto para toda a humanidade. Negamos isto, pois seEle foi o substituto para todos. ento todos so salvos.

    7. ...Cristo morreu por aqueles a quem o Pai sabia que no seriam salvos, uma vez que oPai conheceu de antemo todas as coisas. No vejo o que se lucro com tal argumento!(Romanos 8:29-30)

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    5. Razes pelas quais devem ser realmente salvos todos aqueles por quem Cristomorreu

    Apresentarei mais um captulo para mostrar o erro da forte corrente de opinio deque a morte de Cristo foi suficiente para a salvao de todos, mas, na verdade, salvaapenas alguns ("suficiente para todos, eficiente para alguns"). A redeno obtida e a

    redeno dada so distintas, mas no podem estar separadas.

    Afirmo: se algo realmente obtido para algum, ento no pode haver dvida deque aquilo lhe pertence. A pessoa no ir dizer: "poderia ser meu". Portanto, tudo o queCristo obteve pela Sua morte, necessariamente pertence queles para os quais Ele oobteve.

    Seria um contra-senso sugerir que Deusintentasse que Cristo morresse por algum- e, no entanto, tal pessoa no recebesse o benefcio.

    No seria razovel que se pagasse um resgate pela libertao de escravos, e, noentanto, aqueles escravos no fossem libertados! E sabemos que a morte de Cristo foi umresgate, segundo Mateus 20:28.

    Ora, alguns tm argumentado que, embora seja verdade que algo obtido para algumlhe pertence por direito, todavia possvel que tal coisa tenha sido obtida sob certascondies. E, dizem que a condio para que possamos receber os benefcios obtidos porCristo que no resistamos redeno oferecida, ou que nos submetamos ao convite doevangelho, ou, simplesmente, que tenhamos f. contra este argumento que apresento osseguintes pontos:

    1. Se o propsito de Deus ao redimir algum feito com sinceridade, e se Cristomorreu para salvar a todos sob certas condies, ento todos, sem exceo,

    precisam conhecer tais condies. O propsito de salvar no pode ser sincerose algum no for informado das condies. O que dizer daqueles que jamaisouviram?

    2. As condies necessrias para a obteno dos benefcios advindos da morte deCristo devem, ou no, estar dentro de nosso poder para realiz-las? Se aresposta for positiva, ento todos os homens tm poder para crer; o que falso.Se a resposta for negativa, ento o Senhor deve conceder esse poder, ou no?Se Ele o concede, ento por que todos no so salvos? Se Ele no o concede,no pode coloc-lo como condio, ou Ele no estaria sendo sincero ao pedirde ns o que somente Ele pode nos dar. como se algum prometesse millibras a um cego, com a condio de que o homem pudesse v-Ias.

    3. F, a condio para usufruirmos a salvao, ou obtida para ns atravs damorte de Cristo, ou no . Se obtida, ento todos os homens a tm, poisdizem que Cristo morreu por todos. Se no obtida para ns por Cristo, ento aparte mais importante de nossa salvao no depende de Cristo! Isto diminui aglria de Cristo. E tambm contrrio ao ensino das Escrituras que dizem que af um dom de Deus (Vide Filipenses 1:29 e Efsios 2:8).

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    4. Afirmar que Cristo morreu por todos, mas somente alguns que cumprirem certascondies podero ser salvos, faz-Ia apenas meio mediador. Dizem que Eleobteve a salvao para todos. Mas de que adianta isso, se Ele tambm nocumpriu as condies? - pergunto eu!

    Portanto, permita-me resumir. Aquilo que Cristo obteve, no pode ser separadodaqueles para os quais Ele o obteve. Cristo morreu, no para que os homens fossemsalvos se eles simplesmente cressem; mas Ele morreu por todos os eleitos de Deus, paraque eles cressem. No mencionado, em lugar algum das Escrituras, nem pode serracionalmente afirmado que Cristo morreu por ns se ns crssemos. Isso tornaria nossacrena a causa daquilo que, de outra forma, no seria verdade - isto , nosso ato faria comque Sua morte fosse para ns! Mas Cristo morreu por ns a fim de que crssemos.

    E agora, havendo examinado completamente nosso assunto na Primeira Parte e naSegunda Parte, podemos prosseguir no estudo de alguns argumentos que estabelecem averdade daquilo que eu afirmo. medida que fizermos isso quero que voc, leitor, tenhaem mente esses pontos fundamentais que apresentei at aqui.

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    TERCEIRA PARTEDezesseis argumentos que mostram que Cristo no morreu pela salvao de

    todos os homens

    Captulo

    1 Dois argumentos baseados na natureza do novo concerto 25

    2 Trs argumentos baseados nas descries bblicas da salvao 26

    3 Dois argumentos baseados na natureza da obra de Cristo 28

    4 Trs argumentos baseados na natureza da santidade e da f 28

    5 Um argumento baseado no significado da palavra redeno 30

    6 Um argumento baseado no significado da palavra reconciliao 31

    7 Um argumento baseado no significado da palavra satisfao 32

    8 Dois argumentos baseados no valor da morte de Cristo 32

    9 Um argumento geral baseado em versculos das Escrituras 32

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    1. Dois argumentos baseados na natureza do novo concerto

    Argumento1 - Em Mateus 26:28 o Senhor Jesus Cristo fala de "o meu sangue, osangue do Novo Testamento". Este novo "testamento", ou "concerto" um novo acordo, oucontrato, que Deus fez para salvar os homens. O sangue de Cristo derramado em Suamorte, o preo desse acordo, e diz respeito somente queles a quem o acordo se aplica.

    Este novo acordo, ou aliana, diferente do velho acordo que Deus fez com oshomens. Pelo velho acordo (ou concerto) Deus prometeu salvar todos os que guardassemas Suas leis: "o homem que fizer estas coisas viver por elas". (Romanos 10:5; Levtico18:5). Mas, em razo dos homens serem pecadores, eles no podem guardar as leis deDeus. Portanto, o velho acordo ficou sem efeito.

    No novo acordo, Deus promete colocar Suas leis em nossas mentes e escrev-lasem nossos coraes (Hebreus 8:10). claro, ento, que esse acordo diz respeito somentequeles em cujos coraes e mentes Deus realmente faz isso. Desde que Deus,obviamente, no faz isso para todos os homens, todos os homens no podem estarincludos no acordo pelo qual Cristo morreu.

    Alguns tm sugerido que Deus iria escrever Sua lei em nossas mentes se apenascrssemos. Mas, f a mesma coisa que ter a lei de Deus escrita em nossos coraes!Ento, falar como alguns, significa dizer: "se a lei est em nossos coraes (isto , comoela , em todos os crentes), Deus promete que Ele ir escrever Sua lei em nossoscoraes" - o que uma tolice!

    A natureza do novo concerto deixa claro que a morte de Cristo no foi por todos oshomens.

    Argumento2 - O evangelho - em outras palavras, as novas sobre o novo concerto -

    tem estado no mundo desde os tempos de Cristo. Contudo, naes inteiras tm vivido semqualquer conhecimento dele. Se o objetivo da morte de Cristo era salvar todos os homens,sob a condio de que eles cressem, ento o evangelho devia ter sido anunciado a todosos homens.

    Se Deus no providenciou para que todos os homens ouvissem o evangelho, ento,ou deveria ser possvel que todos os homens fossem salvos sem f e sem conhecimentodo evangelho, ou o propsito de salvar todos os homens falhou, uma vez que nem todos oshomens ouviram o evangelho. A primeira afirmativa no pode ser verdadeira, pois a f uma parte da salvao (ver Parte Dois, captulo cinco). A ltima afirmativa tambm nopode ser verdadeira; seria prprio da sabedoria de Deus enviar Cristo para morrer a fim deque todos os homens fossem salvos, sem, contudo, certificar-Se de que todos os homens

    ouvissem o evangelho? Seria a benignidade de Deus demonstrada atravs de talcomportamento?

    Isso seria como se um mdico dissesse que tem um remdio que curaria a doenade todos. e, no entanto, escondesse, deliberadamente, tal conhecimento de muitaspessoas. Poderamos realmente argumentar, nesse caso, que o mdico pretendia,genuinamente, curar a doena de todos?

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    H muitos versculos bblicos que deixam claro que milhes jamais ouviram umapalavra sobre Cristo. E no podemos apresentar outra razo para isso, seno a razo queo prprio Jesus deu: "Sim, Pai, porque assim te aprouve". (Mateus 11:26). Tais versculoscomo Salmo 147: 19-20; Atos 14: 16; Atos 16: 6-7; confirmam os fatos de nossaexperincia comum de que o Senhor no tomou qualquer providncia para assegurar quetodos ouvissem o evangelho. Precisamos concluir que no propsito de Deus salvar

    todos os homens.

    2. Trs argumentos baseados nas descries bblicas da salvao

    Argumento3 - As Escrituras descrevem o que Jesus Cristo obteve com Sua mortecomo "redeno eterna" (isto , nossa libertao do pecado, da morte e do inferno, parasempre). Ora, se esta bno foi comprada para todos os homens, ento todos os homenstm esta redeno eterna automaticamente;ou ela est disposio de todos os homensna dependncia do cumprimento de certas condies.De acordo com nossa experincia, no verdade, de maneira alguma, que todos oshomens tm redeno eterna. Portanto, seria a redeno eterna disponvel sob certascondies?

    Pergunto, Cristo satisfez essas condies por ns, ou apenas nos tornamosmerecedores do cumprimento dessas condies se outras condies forem cumpridas porns? A primeira dessas afirmativas - que Cristo realmente cumpriu todas as condiesnecessrias quanto ao dom da redeno eterna - significa que todos os homens tmrealmente essa redeno; o que, como j temos visto, no concorda com nossaexperincia a respeito dos homens! Temos que dizer, portanto, que se Cristo no cumpriuas condies para que todos os homens obtivessem a redeno, Ele deveria ter cumpridoessas condies apenas por aqueles que cumpririam outras condies. Estamos agoraandando em crculos, fazendo com que aquelas condies que foram cumpridasdependam de que outras condies sejam cumpridas! Estes argumentos demonstram quo

    irracional supor que Cristo morreu a fim de obter a salvao eterna para todos oshomens.

    Se se insiste ainda que a redeno eterna obtida sob o cumprimento de certascondies, ento, todosos homens deveriam ser notificados. Mas, esse conhecimento lhestem sido sonegado, como vimos na Terceira Parte, captulo um.Alm disso, se a obteno da redeno eterna depende do homem cumprir condies,ento ou eles tm ou no tm o poder para fazer isso. Se so capazes por si mesmos decumprir as condies necessrias, ento temos que dizer que todos os homens podem, porsi mesmos, crer no evangelho. Mas isto bastante contrrio s Escrituras, as quaismostram que os homens esto mortos em pecado e, portanto, no podem cumprirquaisquer condies.

    Se concordamos que os homens no podem, por si mesmos, cumprir as condiespara a obteno da salvao eterna, ento, ou Deus intenta dar-Ihes esta habilidade, ouno. Se Ele realmente intenta isto, ento, por que no o faz? Assim, todos os homensseriam salvos.

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    Se, entretanto, Deus nopretende dar a todos os homens a capacidade de crer, e,contudo, Cristo morreu para que todos os homens tenham a salvao eterna, ento, Deusest requerendo dos homens que tenham habilidades as quais Ele recusa dar-lhes. Istono seria uma loucura? como se Deus prometesse dar a um homem morto o poder devivificar-se a si mesmo, mas ao mesmo tempo no tenha a inteno de lhe dar o poderprometido!

    Argumento 4 - A Bblia descreve cuidadosamente aqueles pelos quais Cristomorreu. Lemos que toda a raa humana pode ser dividida em dois grupos, e que Cristomorreu apenas por um desses grupos.

    Os versculos bblicos que mostram que Deus dividiu os homens em dois gruposso:

    Mat. 25:12 e 32 Jo. 10:14, 26Jo. 17:91Ts. 5:9 Rom. 9:11-23

    Da aprendemos que h aqueles a quem Deus ama, e aqueles a quem Ele odeia;aqueles a quem Ele conhece, e aqueles a quem Ele no conhece.

    Outros versculos deixam claro que Cristo morreu apenas por um destes doisgrupos. -nos dito que Ele morreu por:

    Seu povo Mt. 1:21Suas ovelhas Jo. 10:11, 14Sua igreja At. 20:28Seus eleitos Rom. 8:32-34Seus filhos Heb. 2:13

    Acaso no deveramos concluir, de tudo isso, que Cristo n morreu por aqueles queno so Seu povo, ou Suas ovelhas, ou Sua Igreja? Ele no pode, portanto, ter morrido portodos os homens.

    Argumento5 - No devemos descrever a salvao de nenhuma maneira diferentedaquela que a Bblia a descreve. E a Bblia no diz, em lugar algum, que Cristo morreu"por todos os homens", ou por cada homem em particular. Ela dizque Cristo deu Sua vida"em resgate de todos"; entretanto, isso no pode provar que signifique mais que "todas asSuas ovelhas" ou "todos os Seus eleitos". Se estudarmos cuidadosamente qualquerversculo que emprega a palavra "todos" e o examinarmos em seu contexto, logoestaremos convencidos de que, em lugar algum, as Escrituras dizem que Cristo morreu portodos os homens, sem exceo de nenhum.

    (Na Quarta Parte, captulos trs e quatro, vamos considerar, detalhadamente, muitosversculos bblicos nos quais as palavras "mundo" e "todos" so usadas em conexo com amorte de Cristo.)

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    3. Dois argumentos baseados na natureza da obra de Cristo

    Argumento6 - H muitos versculos bblicos que falam do Senhor Jesus Cristo tornando-Seresponsvel por outros na Sua morte; por exemplo:

    Ele morreu por ns Rom. 5:8Foi feito maldio por ns Gl. 3:13Foi feito pecado por ns 2Co. 5:21

    Tais expresses deixam claro que qualidade de substituto de outro.

    Ora, se Ele morreu em lugar de outros, segue-se que todos aqueles cujo lugar Eletomou devem estar agora livres da ira e do julgamento de Deus. (Deus no pode punir

    justamente Cristo eaqueles a quem Ele substituiu!) Contudo, est claro que nem todos oshomens esto livres da ira de Deus (ver Joo 3:36). Portanto, Cristo no pode ter sido osubstituto de todos os homens.

    Se se insiste ainda que Cristo realmente morreu como um substituto de todos oshomens, ento devemos concluir que Sua morte no foi um sacrifcio bastante suficiente,pois nem todos os homens so salvos do pecado e do julgamento!

    De fato, se Cristo realmente morreu em lugar de todos os homens, ento, ou Ele Seofereceu a Si mesmo como um sacrifcio por todos os pecados deles (neste caso, todos oshomens sosalvos), ou foi um sacrifcio por alguns dos pecados deles apenas (neste caso,ningum salvo, pois alguns pecados permanecem). Nem uma nem outra dessasdeclaraes pode ser verdadeira, como ns j temos visto neste livro (Primeira Parte,captulo trs). Deve ser evidente que no podemos dizer, de maneira alguma, que Cristomorreu por todos os homens.

    Argumento 7 - As Escrituras descrevem a natureza da obra que Cristo realizou,como a obra de um mediador e de um sacerdote:

    Ele " Mediador dum novo Testamento" (Hebreus 9:15). Ele age como um mediadorsendo o sacerdote daqueles que Ele leva a Deus. Que Jesus Cristo no o sacerdote detodos bvio, tanto pela experincia como pelas Escrituras; ns j discutimos isso naSegunda Parte, captulo dois.

    4. Trs argumentos baseados na natureza da santidade e da f

    Argumento 8 - Se a morte de Cristo o meio pelo qual aqueles por quem Elemorreu so purificados do pecado e so santificados, ento Ele deve ter morri do somentepor aqueles que realmente esto limpos de pecados e santificados. bvio que nem todosos homens so santificados. Portanto, Cristo no morreu por todos os homens.

    Talvez eu deva provar que a morte de Cristo , de fato, o meio para obter apurificao e a santidade. Vou fazer isso de duas maneiras:

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    Primeira, o padro de adorao do Velho Testamento destinava-se a ensinarverdades a respeito da morte de Cristo. O sangue dos sacrifcios do Velho Testamentofez com que aqueles por quem era derramado se tornassem adoradores aceitveis aDeus. Se foi assim, quanto mais o sangue de Cristo deve realmente purificar do pecadoaqueles por quem Ele morreu? (Hebreus 9: 13-14).

    Segunda, h versculos bblicos que declaram com clareza que a morte de Cristofaz realmente as coisas que ela intencionava fazer; o corpo do pecado destrudo,para que no mais sirvamos ao pecado (Romanos 6:6); temos redeno atravs doSeu sangue (Colossenses 1: 14); Ele Se deu a Si mesmo para nos remir e nos purificar(Tito 2: 14). Estes versculos, e muitos outros, enfatizam que a santidade o resultadocerto nas vidas daqueles por quem Cristo morreu. Visto que todos os homens no sosantos, Cristo no morreu por todos os homens.

    Alguns sugerem - inutilmente! - que a morte de Cristo no a nica causa dessasantidade. Dizem que ela somente se torna verdadeira ou real quando o Esprito Santoa traz, ou quando recebida por f. Mas a obra do Esprito Santo, e o dom da f, so

    tambm o resultado ou o fruto da morte de Cristo! Assim sendo, essa sugesto noaltera o fato que a verdadeira santidade o resultado certo somente nas vidasdaqueles por quem Cristo morreu. O fato do juiz dar permisso ao carcereiro paradestrancar a porta da priso, no a causa do prisioneiro ser posto em liberdade; acausa que algum pagou seus dbitos por ele.

    Argumento9 - A f essencial salvao. Isso claro nas Escrituras (Hebreus11:6) e a maioria das pessoas aceita o fato. Mas, como j temos visto, tudo que necessrio para a salvao foi obtido para ns por Cristo.

    Ora, se esta f essencial obtida para todos os homens por Cristo, ento

    nossa com ou sem certas condies. Se sem condies, ento todos os homens atm. Mas isso contrrio experincia, e tambm s Escrituras (11Tessalonicenses3:2). Se a f dada somente sob certas condies, ento eu pergunto:sob que condies?

    Alguns dizem que a f dada sob a condio de que ns no resistamos graa de Deus. Contudo, no resistir significa, realmente, obedecer. Obedecer significacrer. Portanto, o que estes amigos realmente esto dizendo : "a f concedidasomente queles que crem" (isto , queles que tm f!). Isso completamenteabsurdo.

    Por outro lado, alguns argumentam que a f no obtida para ns pela morte deCristo. Ento, seria a f um ato de nossa prpria vontade? Mas isso bastantecontrrio quilo que muitos versculos, bblicos ensinam, e ignora o fato de que osincrdulos esto mortos em pecados, incapazes de realizar qualquer ato espiritual (ICorntios 2: 14). Portanto, volto posio de que a f obtida por Cristo.A f uma parte essencial da santidade. No Argumento 8, mostrei que a santidade obtida para ns pela morte de Cristo. Portanto, Ele tambm obteve a f para ns.Negar isso dizer que Ele obteve apenas uma santidade parcial, isto , uma fdeficiente. Ningum sugere isso seriamente.

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    Mais ainda, Deus escolheu Seu povo, como nos dito, a fim de que ele fosse

    santo; Deus "nos elegeu ... para que fssemos santos" (Efsios 1 :4). Repetindo, a f uma parte essencial da santidade. Ao eleger Seu povo para ser santo,necessariamente Deus decidiu que ele teria f.

    Era parte do pacto entre Deus, o Pai, e Deus, o Filho, que todos aqueles porquem Cristo morreu tivessem as bnos que o Pai tencionava dar-lhes. A f umadas bnos que o Pai d (Hebreus 8: 10~ 11).

    As Escrituras afirmam claramente que a f obtida para ns): por Jesus Cristo,que "o autor e consumador da f." (Hebreusj' 1~'2..1 12:2). Declaraes como esta eas declaraes dos trs pargrafos ' acima, que acabamos de ler, confirmam, todaselas, que a morte de Cristo obtm f para Seu povo. Visto que no so todos oshomens que a tm, Cristo no pode ter morri do por todos os homens.

    Argumento 10 - O povo de Israel era, de muitas maneiras, uma espcie de

    ilustrao da Igreja de Deus do Novo Testamento (I Corntios 10: 11). Seus sacerdotese sacrifcios eram exemplos daquilo que Jesus viria fazer pela Igreja de Deus.Jerusalm, a cidade deles, usada como uma figura do cu do crente (Hebreus 12:22).Um verdadeiro israelita um crente (Joo 1:47) e um verdadeiro crente um israelita(Glatas 3:29). Portanto, eu argumento da seguinte maneira:Se a nao dos judeus foi escolhida por Deus, entre todas as naes do mundo, parailustrar Suas relaes com a Igreja, segue-se, ento, que a morte de Cristo foi somentepela Igreja e no pelo. mundo todo. A maneira como Deus tratou o Seu povo escolhidono Velho Testamento uma ilustrao de que a salvao obtida por Cristo no paratodos os homens, mas apenas para o Seu povo escolhido.

    5. Um argumento baseado no significado da palavra "redeno"

    Argumento11 - A maneira como a Bblia descreve uma doutrina deve nos ajudara entender a doutrina. Uma palavra bblica que usada para descrever a salvaoobtida por Cristo a palavra redeno. Exemplo: " ... temos a redeno pelo seusangue" (Colossenses 1: 14). Essa palavra significa "libertar uma pessoa do cativeiroatravs do pagamento de um preo". A pessoa no est redimida a no ser que sejalibertada. Por isso, a prpria palavra nos ensina que Cristo no pode ter obtido aredeno para aqueles que no esto livres. A redeno universal (assim chamada!)que finalmente deixa alguns ainda no cativeiro uma contradio de termos.

    O sangue de Cristo realmente chamado de preo, e de resgate, em algunsversculos bblicos (vide Mateus 20:28). Ora, o propsito de um resgate obter alibertao daqueles pelos quais o preo pago. inconcebvel que um resgate sejapago e a pessoa ainda continue prisioneira. Por conseguinte, como pode serargumentado que Cristo morreu por todos os homens, quando nem todos os homensso salvos? Somente os que esto realmente livres do pecado podem ser aqueles porquem Cristo morreu. "Redeno" no pode ser "universal", como "romano" no podeser "catlico"! A redeno tem que ser particular, visto que somente alguns soredimidos.

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    6. Um argumento baseado no significado da palavra " reconciliao"

    Argumento12 - Uma outra palavra que a Bblia usa para descrever aquilo queCristo obteve mediante Sua morte, a palavra reconciliao: "... inimigos ... vos

    reconciliou." (Colossenses 1 :21). Reconciliao quer dizer restaurar as relaes deamizade entre duas partes que anteriormente eram inimigas. Na salvao, da qual aBblia nos fala, Deus reconciliado conosco e ns somos reconciliados com Deus.Estas duas coisas tm que ser verdadeiras; a reconciliao de uma parte e da outrasodois atos separados, mas ambos so necessrios para tornar uma reconciliaocompleta. B uma tolice sugerir que Deus, por intermdio da morte de Cristo, agora estreconciliado com todos os homens, mas que somente alguns homens estoreconciliados com Ele. Espero que ningum sugira que Deus e todos os homens estoreconciliados desta maneira. Isso seria uma reconciliao capenga! No h verdadeirareconciliao a menos que ambas as partes estejam reconciliadas uma com a outra.

    O efeito da morte de Cristo foi a reconciliao tanto de Deus com os homenscomoos homens com Deus; "fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho"(Romanos 5: 10) e "nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual agora alcanamos areconciliao." (Romanos 5: 11). Ambas as reconciliaes so, tambm, mencionadasem II Corntios 5: 19-20 - "Deus ... reconciliando consigo", e "vos reconcilieis comDeus".

    Ora, como esta dupla reconciliao pode ser "reconciliada" com a noo de quea morte de Cristo para todos os homens, eu no posso entender! Porque, se todos oshomens so, pela morte de Cristo, assim duplamente reconciliados, como podeacontecer que a ira de Deus esteja sobre alguns? (Joo 3:36). Sem dvida alguma,

    Cristo somente pode ter morri do por aqueles que esto realmente reconciliados.

    7. Um argumento baseado no significado da palavra " satisfao"

    Argumento 13 - E verdade que a palavra satisfaono usada na versoinglesa da Bblia, com referncia morte de Cristo. Mas, aquilo que a palavra significa,isto , "um pagamento total daquilo que devido a um credor por um devedor" umpensamento freqentemente usado no Novo Testamento, quando se refere morte deCristo.

    Em nosso caso, os homens so devedores a Deus, pois falharam em obedecer

    aos Seus mandamentos. A satisfao requerida para pagar nosso pecado a morte -"o salrio do pecado a morte'(Romanos 6:23). As leis de Deus nos acusam,expressando a justia e a verdade de Deus. Perante elas estamos convictos de quesomos seus transgressores, merecendo, portanto, morrer. A salvao s possvel seCristo pagar nosso dbito e, assim, satisfazer a justia de Deus. Sua morte chamadade uma "oferta" (Efsios 5:2) e de "propiciao" (l Joo 2:2). A palavra ofertasignificaum sacrifcio de expiao ou um sacrifcio para fazer reparao devido o pecado.Propiciao significa uma oferta para satisfazer a justia ofendida. Dessa forma,podemos usar corretamente a palavra satisfaopara abranger todo o ensino

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    bblico quanto ao significado da morte de Cristo.

    Ora, se Cristo pela Sua morte realmente fez uma satisfao por alguns, ento Deusprecisa agora estar completamente satisfeito com eles. Deus no pode requerer licitamenteum segundo pagamento de qualquer espcie. Ento, como pode ser que Cristo tenha

    morrido por todos os homens e ainda muitos vivam e morram como pecadores sob acondenao da lei de Deus? Reconciliem essas coisas aqueles que podem! Afirmo quesomente os que esto realmente livres do dbito nesta vida podem ser aqueles pelos quaisCristo pagou a satisfao.

    8. Dois argumentos baseados no valor da morte de Cristo

    Argumento 14 - O Novo Testamento fala, freqentemente, do valor da morte deCristo, com a qual Ele pde comprar e obter certas coisas. Exemplo: dito que a redenoeterna obtida "por seu prprio sangue" (Hebreus 9: 12); dito que a Igreja de Deus foiresgatada "com seu prprio sangue." (Atos 20: 28); e os cristos so chamados "povoadquirido" (I Pedro 2:9).

    Cristo por Sua morte, ento, comprou para todos aqueles por quem Ele morreu,todas aquelas coisas que a Bblia salienta como resultados de Sua morte. O valor da Suamorte comprou a libertao do poder do pecado e da ira de Deus, da morte e do poder dodiabo, da maldio da lei e da culpa do pecado. O valor da Sua morte obteve areconciliao com Deus, paz e redeno eterna. Estas coisas so agora dons gratuitos deDeus, porque Cristo as comprou. Se Cristo morreu por todos os homens, por que entotodos os homens no tm essas coisas? Ser que o valor da Sua morte no suficiente?Ser que Deus injusto por no dar a todos aquilo que Cristo comprou? Tem que ser bvioque Cristo no pode ter morrido para adquirir essas coisas para todos os homens, e simsomente para aqueles que realmente desfrutam delas.

    Argumento 15 - H frases que so freqentemente empregadas para se fazerreferncia morte de Cristo, tais como: morrendo porns; suportando nossospecados;sendo nossa segurana. O significado evidente de tais frases que Cristo, em Sua morte,foi um substituto de outros para que eles pudessem ser livres.

    Se, em Sua morte, Cristo foi um substituto de outros. como podem eles mesmosmorrerem tambm, carregando ainda seus prprios pecados? Assim sendo, Cristo nopode ter sido um substituto a favor deles. Da, fica claro que Ele no pode ter morrido portodos os homens.

    De fato, dizer que Cristo morreu por todos os homens a maneira mais rpida deprovar que Ele no morreu por ningum. Porque se Ele morreu em lugar de todos, e,contudo, nem todos so salvos, ento Ele falhou em Seu propsito.

    9. Um argumento geral baseado em versculos especficos das Escrituras

    Argumento16 - H um grande nmero de versculos bblicos que eu poderia usarpara argumentar que Cristo no morreu pelos pecados de todos os homens. Vouselecionar apenas nove, e, com eles, encerrar nossos argumentos nesta parte.

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    1. Gnesis 3: 15. Este o primeiro versculo bblico no qual Deus indica que huma diferena entre o povo de Deus e seus inimigos. " ... sua semente" (damulher) significa' Jesus Cristo e, portanto, tambm todos os crentes em Cristo.(Isto claro a partir do fato de que a profecia sobre a semente da mulher cumprida em Cristo e em Seu povo). " ... tua semente" (da serpente) significatodos os homens incrdulos do mundo (Vide Joo 8:44). Desde que Deus

    prometeu somente inimizade entre a semente da serpente e a semente damulher, bvio que Cristo, a semente da mulher, no morreu pela semente daserpente!

    2. Mateus 7 :23. Cristo aqui declara que h pessoas que Ele jamais conheceu.Contudo, em outro lugar (Joo 10:14 a 17) Ele diz que conhece todo o Seupovo. Ser que Ele no conhece todos aqueles por quem morreu? Se h algunsque Ele no conhece, ento Ele no pode ter morrido por eles.

    3. Mateus 11 :25-27. Conforme estas palavras, claro que h alguns dos quaisDeus esconde o evangelho. Se a vontade do Pai que o evangelho no sejarevelado a eles, Cristo no pode ter morrido por eles. E ns devemos notar queCristo, aqui, agradece ao Pai por fazer esta diferena entre homens - umadiferena que somente alguns homens ainda se recusam a acreditar!

    4. Joo 10: 11, 15-16, 27-28. Destes versculos fica bastante claro que:

    i. Nem todos os homens so ovelhas de Cristo.ii. A diferena entre os homens um dia ser bvia.iii. As ovelhas de Cristo so identificadas como "aquelas que ouvem a voz de

    Cristo"; outros no a ouvem.iv. Alguns que ainda no so identificados como ovelhas j esto escolhidos e se

    tornaro conhecidos ("outras ovelhas").

    v. Cristo morreu, no por todos, mas especificamente por Suas ovelhas.vi. Aqueles por quem Cristo morreu so os que Lhe foram dados pelo Pai. Eleno pode, ento, ter morri do por aqueles que no Lhe foram dados.

    5. Romanos 8:32-34. Destes versculos entendemos com clareza que a morte deCristo pertence somente ao povo eleito de Deus e, tambm, que a intercessode Cristo somente em favor desse mesmo povo.

    6. Efsios 1: 7. A partir deste versculo, podemos dizer que se o sangue de Cristofoi derramado por todos, ento todos devem ter esta redeno e este perdo.Mas, certamente, nem todas as pessoas os possuem.

    7. II Corntios 5:21. Portanto, em Sua morte Cristo foi feito pecado por todosaqueles que nEle foram feitos justia de Deus. Se Ele foi feito pecado por todos,ento, por que todos no so feitos justia?

    8. Joo 17:9. A intercesso de Cristo no por todos os homens, e, portanto, nema Sua morte o foi. (Ver Segunda Parte, captulos quatro e cinco).

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    9. Efsios 5:25. Cristo ama a Igreja e isto um exemplo de como um homem deve

    amar a sua esposa. Mas se Cristo amou outros tanto quanto a Sua Igreja, atao ponto de morrer por eles, ento os homens podem certamente amar outrasmulheres alm de suas esposas!

    Pensei que poderia acrescentar outros argumentos - mas, considerando aquilo que jdisse, estou certo de que o que j foi argumentado bastante para satisfazer os que sesatisfaro com argumentos; no entanto, aqueles que so obstinados no se satisfaroainda que eu inclua outros argumentos. Portanto, encerro meus argumentos aqui.

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    QUARTA PARTERespostas a argumentos que postulam a redeno universal

    Captulo

    1 Respostas a quatro razes gerais frequentemente dadas a favor daredeno universal 36

    2 Explicao preliminar daqueles versculos onde empregada a palavra"mundo" 38

    3 Um estudo detalhado sobre Joo 3:16 41

    4 Um estudo detalhado de 1Jo. 2:1-2 44

    5 Explicaoes breves sobre seis passagens das Escrituras 46

    6 Explicao dos versculos onde so empregadas as palavras "todos oshomens" ou "cada homem" 48

    7 Explicao sobre aqueles versculos que parecem sugerir que aquelespor quem Cristo morreu, ainda podem perecer 52

    8 Exposio2 de alguns raciocnios errneos

    _____________________2Disposio diferenciada da original de John Owen, tornando a apresentao mais clara.

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    1. Respostas a quatro razes gerais freqentemente dadas a favor da redenouniversal

    Razo1 - Existem passagens das Escrituras que falam em termos muito gerais eindefinidos sobre aquilo que Cristo realizou mediante Sua morte. Portanto, alega-se queSua morte no pode ter sido por um propsito particular ou limitado.

    Por exemplo, as Escrituras falam do valor infinito da morte de Cristo. Fala-se delacomo derramamento do "Seu prprio sangue" (Atos 20:28). Tambm mencionada comosendo um oferecimento "imaculado" que feito atravs do "Esprito eterno" (Hebreus 9:14). O sangue de Cristo descrito como "precioso", mais precioso do que prata ou ouro (IPedra 1: 18). Ora, se a morte do Filho de Deus possui to evidente e infinito valor, nodeveria ser suficiente para todos os homens?

    Ns no negamos que a morte de Cristo teve o valor suficiente para redimir todos oshomens. O nosso ponto saliente : as Escrituras deixam claro que ela no intencionava serum resgate para todos os homens. Esse argumento desenvolvido mais completamentenos captulos dois, trs, quatro, cinco e seis. Alguns podem refutar: se Cristo no morreupor todos, ento no adianta pregar para todos, como nos ordenado a fazer (Mateus28:19). Minha resposta a seguinte:

    a. H alguns, de todas as naes, que ho de ser salvos, o que no pode ser feitoa menos que o evangelho seja pregado a todas as naes.

    b. Visto que no h, agora, privilgios especiais para a nao dos judeus, oevangelho precisa ser pregado a todos sem distino.

    c. O chamado feito aos homens para que creiam no , em primeiro lugar, umchamado para crerem que Cristo morreu especificamente por eles, mas sim um

    chamado para crerem que no h outro seno Jesus pelo qual a salvao anunciada .

    d. Os pregadores jamais podem saber quais so os eleitos de Deus entre aspessoas que se acham em seus auditrios. Precisam, portanto, convidar todosa crerem e prometer que tantos quantos fizerem isso sero salvos, pois hpoder suficiente na morte de Cristo para salvar todos quantos crerem.

    Estes pontos devem ser suficientes para deixar claro que o evangelho precisa serpregado a todos, embora nem todos sero salvos.

    (A esta altura do livro John Owen tem um longo trecho sobre o uso dos termos "mundo" e

    "todos os homens", que ns transferimos para os captulos dois e seis, respectivamente.)

    Razo 2 - s vezes as Escrituras parecem sugerir que alguns pelos quais Cristomorreu no so realmente salvos. Com base nesse pensamento insinua-se que Cristodeve ter morrido por todos, mas somente alguns conseguiram cumprir as condiesnecessrias.Precisamos entender que as Escrituras freqentemente descrevem as pessoas

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    por sua aparncia externa, e no por seu estado interior. Jerusalm, por exemplo, chamada de "a cidade santa" (Mateus 27:53). No devemos, porm, entender queJerusalm era realmente santa.

    De modo semelhante, as Escrituras freqentemente descrevem as pessoas como"santas" ou "santificadas" ou at mesmo como "eleitos" porque elas estavam exteriormente

    ligadas a comunidades de crentes. Paulo disse a respeito dos crentes filipenses: "comotenho por justo sentir isto de vs todos". (Filipenses 1 :7). No podemos concluir disso quetodos para os quais Paulo escreveu eram verdadeiramente crentes. Paulo os estavaavaliando conforme o melhor conhecimento que tinha deles. Assim, se algunsabandonaram a f, no podemos dizer que Deus pretendia salvar a todos, porm somentealguns perseveraram. Todo aquele que recai jamais foi um verdadeiro crente, apesar desua aparncia exterior indicar que ele era. (Este argumento ser melhor desenvolvido nocaptulo sete).

    Razo3 - As Escrituras s vezes sugerem que a salvao geralmente oferecida atodos, se simplesmente crerem. Esse pensamento leva concluso de que Cristo deve termorrido por todos.

    verdade que a f e a salvao esto sempre ligadas nas Escrituras. Aquele quecrer, ser salvo. Mas isso no significa outra coisa, seno que todos os crentes serocertamente salvos. No pode significar que Deus pretendia salvar a todos, se todoscressem, porque:

    a. Deus no oferece, de fato, vida eterna a todos os homens. A maior parte dahumanidade jamais ouviu o evangelho.

    b. Os mandamentos gerais de Deus no nos dizem quais seriam Suas intenesparticulares. Num sentido geral, Seu mandamento que os homens Lhe

    obedeam. Mas, pOl' exemplo, no caso de Fara, em particular, as intenes deDeus eram diferentes de Seus mandamentos, pois Ele endurecia o corao deFara (xodo 4:21) ao mesmo tempo que lhe ordenava que obedecesse a Ele.

    c. A promessa do evangelho ensina realmente que h uma conexo indestrutvelentre f e salvao. Mas isto no significa que Deus intenta que todos creiam ese arrependam, caso contrrio, qual , ento, o propsito da eleio divina? SeEle pretendesse salvar a todos, por que eleger somente alguns? E, de qualquermaneira, se Ele pretendia salvar a todos, por que falhou no Seu propsito? (Noadianta argumentar que Ele falhou porque os homens no iriam crer; Deuscertamente sabia de antemo que eles no iriam crer; por que, ento, pretenderaquilo que Ele sabia que no poderia realizar?).

    Alm disso, o fato de que crentes e incrdulos vivem misturados uns com os outros, e deque o pregador no pode dizer com certeza quais so e quais no so os eleitos de Deus,significa que ele precisa pregar a todos de modo geral. Isto no significa que a promessado evangelho feita a todos em geral, mas simplesmente que ela declarada a todos emgeral. Uma vez que Cristo recebido apenas pela f, e visto que a f o dom de Deuspara aquele a quem Ele quer dar, claro que Ele no tem como propsito a salvaodaqueles a quem Ele no d a f.

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    Razo 4 - Se Cristo no morreu por. todos os homens, ento, as exortaes dasEscrituras de que todos devem crer, porventura seriam sem valor?

    preciso entender que a f, a respeito da qual falam as Escrituras, tem vriosestgios de crescimento e uma ordem lgica para ser usada. No devemos pensar que asexortaes para que se creia, contidas nas Escrituras, exigem que cada um creia que

    Cristo morreu a seu favor, em particular. H outras coisas a serem criadas, as quais todosos homens podem receber. Ningum ordenado a crer em algo para o qual no hajasuficiente evidncia. Por exemplo:

    a. A primeira coisa em que os homens devem crer que no podem salvar-se a simesmos porque so pecadores. Todo homem tem evidncia para isso em simesmo, como Paulo mostra nos primeiros trs captulos de Romanos. Quantosno iro nem mesmo chegar a crer nisso, embora tenham bastante evidnciapara faz-lo!

    b. O evangelho convida os pecadores a crer que Deus providenciou um meio desalvao atravs de Jesus Cristo. Milhes tm ouvido isso, mas se recusam aaceitar, no obstante haja muita evidncia para isso!

    c. O evangelho convida os pecadores a crer que no h outro Salvador doshomens, seno Jesus Cristo. Foi exatamente isso que os judeus se recusarama crer e, pelo contrrio, chamaram Cristo de inimigo de Deus.

    Estes convites gerais no so feitos porque Cristo morreu por todos, mas porqueessas verdades so evidentes para todos. E somente depois que esses atos de f soefetuados, que algum chamado a crer que Jesus morreu em seu lugar, em particular.Algumas pessoas j observaram que o Credo dos Apstolos (aquele antigo resumo dareligio crist), coloca em ltimo lugar, na ordem das coisas em que se deve crer, "o

    perdo dos pecados e a vida eterna"; isto significa que antes que cheguemos to longe, houtras coisas nas quais necessrio crer, e para as quais h grande evidncia. Voltaremosa este argumento no captulo oito.

    2. Explicao preliminar daqueles versculos onde empregada a palavra "mundo"

    Num certo sentido, reluto em mencionar qualquer passagem das Escrituras quetenha sido usada para sustentar a idia de que Cristo morreu por todos os homens. Istono porque tais versculos so. para mim, difceis de explicar, mas porque eu no queronem mesmo mencionar tal inverdade. Suponho, porm, que a maioria desses versculos jfoi levada ao conhecimento de meus leitores por aqueles que se apegam a esse erro.Portanto, agora preciso dar-vos as respostas com as quais podero responder a eles.

    No se deixem levar pelo mero som das palavras. Lembrem-se sempre datendncia geral do ensino bblico, e nunca interpretem um versculo de forma contrria tendncia geral de todas as Escrituras. Por exemplo, ns podemos mostrar que a palavra"mundo" deve significar aquilo que os versculos do contexto fazem com que ela signifique.H cinco usos diferentes dessa palavra:

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    1. O universo material ou a terrahabitvel.

    J 34:13, Mateus 13:38, Atos,17:24, Efsios 1:4 e vrias outraspassagens.

    2. O povo do mundo: todos semexceo todos sem diferena muitos

    homens a maioria dos homens oImprio Romano homens bons homensmaus.

    Romanos 3:6 Joo 7:4 Mateus18:7 Romanos 1:8 Lucas 2: 1

    Joo 6:33 Joo 14: 17 e vriasoutras passagens.

    3. O mundo como um sistema corrupto. Glatas 6: 14, e vrias outraspassagens.

    4. A condio humana. Joo 18:~6, e vrias outraspassagens.

    5. O reino de Satans. Joo 14: 30, e vrias outraspassagens.

    Alguns podem alegar que uma palavra deve ter sempre o mesmo significado todas asvezes que empregada nas Escrituras. Eu respondo: isso no pode estar correto, pois halguns lugares em que as Escrituras atribuem significados diferentes mesma palavra, namesma frase. Em Mateus 8:22, "mortos" significa, em primeiro lugar, espiritualmentemortos; e, em segundo lugar, fisicamente mortos. Em Joo 1:10, "mundo" significa, emprimeiro lugar, a terra habitvel; em segundo lugar, o planeta Terra; e, em terceiro lugar,alguns homens da terra.

    Alm disso, se a palavra "mundo" algumas vezes empregada para significarmenos que todos os homens, ento, no pode ser argumentado que ela deve sempresignificar todos os homens, e h vrios lugares onde a palavra significa, claramente, menosque todos os homens.

    Lucas 2:1 - "todo o mundo" - isso significa claramente o Imprio Romano. No podesignificar todas as pessoas do mundo.

    Joo 1:20 - "e o mundo no o conheceu" - mas alguns homens realmente creram nEle."Mundo", portanto, no pode significar todas as pessoas.

    Joo 8:26 - "falo ao mundo" - mas somente certos judeus O ouviram falar. "Mundo" nopode significar todas as pessoas.

    Joo 12:19 - "toda a gente vai aps ele3- Isto s pode significar que a maioria da nao

    judaica fora aps Ele. No pode significar todas as pessoas.Joo 5: 19 - "todo O mundo" - mas h muitos crentes verdadeiros, no mundo, que

    obviamente no esto em poder do maligno. "Mundo" no pode significar todas aspessoas.

    Portanto, a palavra "mundo" significa, geralmente, apenas alguns indivduos do mundo.No vejo razo pela qual a palavra deva significar qualquer outra coisa naquelaspassagens em que ela se refere salvao.Aps estas observaes gerais, vamos verificar alguns versculos onde empregado o

    _____________________3

    Do ingls the world is gone after him o mundo vai aps ele.

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    termo "mundo", tais como Joo 1 :29; 3: 16; 4:42; 6:51; II Corntios 5: 19 e I Joo 2:2.Baseando-se em tais versculos, alguns argumentam:

    1. O mundo contm todos e cada um dos homens.

    2. Afirma-se que Cristo morreu pelo mundo.

    3. Portanto, Cristo morreu por todos e por cada um dos homens. Este raciocnio falho, porque a palavra "mundo" est sendo usada em dois sentidos diferentes. Na primeiraafirmao, "mundo" significa o planeta Terra. Na segunda, a palavra empregada paradesignar as pessoas do mundo. No h uma significao comum entre as duasafirmaes. Ento, a concluso deve ser falsa (a menos que se queira provar que Cristomorreu pelo planeta Terra).

    Alguns tentaram reescrever o argumento, da seguinte maneira:

    1. Em algumas passagens das Escrituras, "mundo" significa todos e cada um doshomens.

    2. Diz-se que Cristo morreu pelo mundo.

    3. Portanto, Cristo morreu por todos e por cada um dos homens. Este argumento 'falho tambm, porque no se pode tirar uma concluso universal, quando a primeiraafirmao se refere somente ao sentido limitado de uma palavra ou fras.e, como acontececom a expresso "algumas passagens". Alm disso, devo insistir que, em muitaspassagens, a morte de Cristo est relacionada apenas s "Suas ovelhas" ou "Sua Igreja".

    Assim, uma vez mais, o argumento precisa ser reescrito, da seguinte forma:1. Em algumas passagens das Escrituras a palavra" mundo" significa todos e cada umdos homens.

    2. Em algumas passagens das Escrituras est registrado que Cristo morreu pelomundo todo.

    3. Portanto, Cristo morreu por todos e por cada um dos homens. Deve ser evidentepara todos, que esse argumento ridculo! necessrio mostrar que "algumas passagens"da afirmao 1 so as mesmas "algumas passagens" da afirmao 2. Se assim no for, o

    argumento no prova coisa alguma. E, de qualquer forma, no possvel tirar umaconcluso universal de uma premissa limitada, como acabamos de ver.

    Assim, de forma preliminar, penso que apresentei os erros dos argumentos

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    baseados no uso da palavra "mundo". Ouso dizer que argumentos mais fracos jamaisforam produzidos numa causa to importante por homens ponderados. Mas, deixando delado os argumentos, vamos para as Escrituras.

    3. Um estudo detalhado sobre Joo 3:16

    Muitas vezes este versculo usado para ensinar que:

    "amou" = Deus tem tal anseio natural pejo bem de...

    "mundo" = toda a raa humana, em todas as pocas e tempos ...

    "deu" = Ele deu Seu Filho para morrer, na verdade, no para salvar qualquer um, mas ...

    "todo aquele que" = para que qualquer um que tenha a tendncia natural para crer ...

    "tenha" = possa, assim, obter a vida eterna.

    Contrastando com isso, ns entendemos que o versculo ensina:

    "amou" = Deus tem um amor to especial, to supremo, que Ele determinou ...

    "mundo" = que todo o Seu povo, dentre todas as raas, fosse salvo ...

    "deu" = ao designar Seu Filho para ser um Salvador adequado ...

    "todo aqeule que" = deixando claro que todos os crentes, e somente eles ...

    "tenha" = tenham, efetivamente, todas as coisas gloriosas que Ele planejou para eles.H trs coisas a serem cuidadosamente estudadas aqui. Em primeiro lugar, o amor deDeus; em segundo lugar, o objeto do amor de Deus, aqui chamado de "o mundo"; emterceiro lugar, a inteno do amor de Deus: para que os crentes "no peream".

    1. importante entender que nada que sugira que Deus imperfeito deve ser dito arespeito dEle. Sua obra perfeita. Mas, se for argumentado que Ele tem um anseio naturalquanto salvao de todos, ento, o fato de todos no serem salvos deve significar queSeu anseio fraco e Sua felicidade incompleta.

    Alm disso, as Escrituras no afirmam, em lugar algum, que Deus naturalmente inclinado

    ao bem de todos. Ao contrrio, evidente que Deus completamente capaz de termisericrdia daqueles pelos quais Ele ter misericrdia. Seu amor um ato livre de Suavontade, no uma emoo produzida nEle por nosso estado miservel. (Se fosse a misriaque tivesse atrado o anseio natural de Deus para ajudar, ento, Ele deveria sermisericordioso para com os demnios e os condenados!)

  • 8/3/2019 Por Quem Cristo Morreu - John Owen

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    O amor que aqui descrito um ato supremo e especial da vontade de Deus,dirigido particularmente aos crentes. As palavras "de tal maneira" e "para que" enfatizam acaracterstica incomum desse amor e o claro propsito desse amor no sentido de salvar oscrentes da perdio. Ento, este amor no pode ser uma afeio comum por todos, desdeque alguns realmente perecem.

    Outros versculos das Escrituras tambm concordam que esse amor de Deus umato supremo e dirigido especialmente aos crentes, como, por exemplo, Romanos 5:8 ou IJoo 4:9-10. Ningum falaria de uma inclinao natural para o bem de todos, atravs demaneiras to enfticas como estas.

    claro que Deus quer o bem de todos a quem Ele ama.

    Ento, segue-se que Ele ama somente aqueles que recebem esse bem. O mesmoamor que O levou a dar Seu Filho, Jesus Cristo, faz com que Ele d tambm todas asoutras coisas necessrias. "Aquele que nem mesmo a seu prprio filho poupou, antes oentregou por todos ns, como nos no dar tambm com ele todas as coisas?" (Romanos8:32). Assim, este amor especial de Deus pode, portanto, ser somente por aqueles querealmente tenham recebido graa e glria.

    Ora, leitor cristo, voc precisa julgar: pode o amor de Deus, que deu o Seu Filho,ser entendido como um sentimento de boa vontade para com todos em geral? No ser, aoinv