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Eneas Francisco

JUVENTUDE QUE PREVALECE 2

As túnicas de José

Itapira, 2014

Copyright © 2014 Eneas Francisco

Francisco, Eneas Juventude que prevalece 2 - As túnicas de José

Itapira, 2014120 páginas

Todos os textos bíblicos foram extraídos da Bíblia NVI

Coordenação editorial Pedro Henrique CunhaRevisão Wellington MarianoColaboração Vand Pires SilvaPreparação e diagramação BFKCapa IDDEIA SIMPLES - Charles dos Santos

1ª Edição: 2014

ISBN: 978-85-66941-06-7

2014

Todos os direitos reservados àCasa Publicadora BereanaRua Luis Otaviano Queluz, 10313976-000 - Itapira, SP Tel (19) 3843-6389

www.upbooks.net.br

Aos meus queridos pais, que me ensinaram o temor do Senhor.

Agradecimentos ...........................................................07

Apresentação ................................................................11

Introdução ....................................................................13

PARTE 1A primeira túnica ........................................................19

A perda da primeira túnica ........................................27O sofrimento ................................................................29Valores escondidos na perda......................................30Imagina comigo ...........................................................34Poupe-me dos detalhes ...............................................37O favor de Deus ...........................................................40A excelência de José ....................................................41Abraçando desafios .....................................................43

PARTE IIA segunda túnica .........................................................51

A excelência de José II ................................................52Desafios na casa de Potifar .........................................55Lidando com a tentação .............................................56Reputação versus relacionamento .............................59

SUMÁRIO

Fugindo da tentação ....................................................63As consequencias de agradar a Deus ........................67O propósito da prisão .................................................68Trabalhando no sonho alheio ....................................69Faz parte ser esquecido ...............................................71O favor de Deus II .......................................................73O que fazer com a chave de sua prisão .....................74Este uniforme não é meu ...........................................77

PARTE IIIA terceira túnica ..........................................................83

De frente com a autoridade ........................................85Preparado para um tempo como este .......................87Há mais em mim do que parece ................................88Posicionando-se para o próximo nível .....................89A exaltação de José ......................................................92Isso aqui parece um sonho .........................................97

Lições da terceira túnica .............................................103O cronograma de Deus ...............................................104Juventude que prevalece - posicionados para .........109as transições da vida

Bibliografia ...................................................................113

Agradecimentos

Sem sombra de dúvidas, esta é uma porção do livro das mais ingratas. Especialmente pelo fato de não poder listar o nome de tanta gente que constantemente agrega valor à minha vida e história, através de cada experiência compartilhada.

Todavia, procurarei fazer o correto.Sou grato a Deus por todos os que de perto e de longe me

apoiaram no primeiro livro do projeto Juventude que Prevalece. Pastores, líderes de jovens, familiares e companheiros de ministério. Meu muito obrigado a todos.

A cada pastor aque abriu sua igreja para que eu pudesse compartilhar o que Deus me deu com os jovens de sua congregação. De Porto Alegre a Maringá; de Curitiba a Campo Grande; de Limeira a Vitória. E ainda: Guarulhos, Campinas, São Paulo, Brasília entre muitos outros lugares.

A amigos, discípulos e parceiros de ministério que tem feito diferença nesta caminhada: Ozael Júnior e família, Cleiton Santos, Pedro Henrique e Ismael Bueno e respectivas famílias; a diretoria da COGIC Vida. Obrigado pelo apoio incondicional.

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Cléber Luiz dos Santos, seu apoio no desenvolvimento do canal Juventude que Prevalece - entre outros projetos - são valiosos demais. Que o Senhor te abençoe sempre.

Ao apoio constante do Pastor Ivo Mariano e da sua esposa Dagmar Mariano. Tanto pela abertura da igreja que o Senhor lhe confiou, como a abertura da casa, das panelas e pelas horas de conversas edificantes nas madrugadas que passo contigo. De coração, obrigado.

Aos amigos que por mais que o tempo passe, a validade da amizade não vence: a todos da família Mariano, ao Pastor Eduardo Micossi, ao brother Paulinho Garcia e aos queridões do coração, Paulo Assis, sua esposa Fátima, e as filhas Anny (Ana) e Aline.

Aos meus irmãos Elias e Ester e suas famílias pelas orações que sei que são constantes.

Ao meu querido bispo Terence Rhone e sua amável esposa, Elizabeth Rhone, pelo carinho de sempre.

Ao parceiro e editor Pedro Henrique Cunha, juntamente com sua esposa Juliana e filha Heloísa. Obrigado pela parceria que com a permissão de Deus, ainda vai muito longe.

A cada leitor que acreditou no potencial do primeiro livro e teve coragem para adquirir o segundo. Deus abençoe a todos.

Aos grandes companheiros no trabalho de interpretação, Pastores Wellington Mariano e Josué Eduardo e à querida irmã Hadassa de Almeida. What a pleasure to call you my friends!

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Em especial ao Pastor Wellington Mariano por suas valiosas críticas e pela leitura deste livro antes de sua publicação.

Ao Pastor Nelson Júnior pelo endosso e pelo modelo de influência, que nos inspira a dar o melhor para nossa geração.

Ao Pastor Maurício Marchini pelo encorajamento de sempre, mesmo não nos encontrando com a frequencia que gostaríamos.

Aos pastores da COGIC no Brasil e em especial, aos companheiros do 10º Distrito. Pastor Mário, Wilton, Herbert, Joelson e Daniel e suas respectivas famílias.

Por último, mas de uma importância gigantesca, registro minha gratidão à minha esposa: Vand, eu te amo mais que a abelha ama a flor!

Às minhas lindas filhas, Victoria e Lorena, presentes de Deus para alegrar minha vida. Amo muito vocês.

Apresentação

Não foi muito depois de ter lançado o primeiro livro que comecei a pensar que seria necessário continuar escrevendo para jovens.

O primeiro livro não foi exaustivo em suas possibilidades de abordagens aos jovens que passam por mudanças significativas, são confrontados diariamente pelas mais diversas situações e que precisam lidar consigo e com as diferenças entre eles e as demais pessoas (leia-se o mundo todo).

Nesta obra, abordarei assuntos um pouco mais sensíveis como sexualidade, exposição do corpo, como lidar com desafios e ajustes em novos ambientes, etc.

Boa parte do primeiro livro focava em relacionamento com Deus, domínio próprio, habilidades e relacionamentos, mas pouco abordamos sobre sexualidade e cumprimento de propósito.

Já neste volume, usando a jornada de José no Egito e todos os eventos relacionados ao povo de Israel

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relacionados à realização do seu propósito, abordarei com certa dose de romance, detalhes que a Bíblia não menciona nos capítulos de Gênesis que relatam a história de José, mas que subjetivamente podemos dizer que José vivenciou.

Vamos nessa?

Introdução

Poucos personagens bíblicos tem mais espaço nas igrejas que José. Especialmente quando o assunto é juventude, mocidade, congressos, conferências e pregações voltadas ao público jovem. Todavia, muito do assunto tratado é superficial por manter o foco somente no quanto ele precisou resistir à esposa de Potifar e sua resiliência até o maravilhoso momento em que ele interpreta o sonho de Faraó e se revela aos seus irmãos.

Com um pouco mais de atenção, podemos extrair da história de José um exemplo não somente no que diz respeito aos desafios enfrentados por todo e qualquer jovem, como também é possível o entendimento sobre as fases, transições e posicionamento necessário para todos que são confrontados pela necessidade de tomar uma decisão muitíssimo importante neste momento, mas também de mensurar o quanto cada decisão pode afetar o futuro, o propósito no todo e até mesmo gerações futuras.

Como minha proposta não é fazer nenhum estudo

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teológico aprofundado, ouso dizer que se navegarmos na história de José podemos perceber quão relevante foi o papel de José para a vinda do Messias, por sua capacidade administrativa ao lidar com os sete anos de abundância e os sete anos de fome subsequentes, que poupou não somente a vida de Jacó seu pai, mas também a vida de Judá, seu quarto irmão, de cuja família origina o Senhor Jesus Cristo.

Em 2013, o irmão Ronaldo Ramos, líder de jovens da COGIC Vida – igreja que pastoreio em Itapira, no interior de São Paulo – me pediu que eu pregasse na segunda conferência de jovens. Como meu prazer é pregar, não pensei duas vezes em ser o preletor da conferência. O tema era basicamente relacionado a como lidar com o passado.

Na segunda noite, minutos antes de subir ao púlpito para pregar, dando uma olhadela nas páginas de Gênesis, meus olhos recaíram sobre o capítulo trinta e sete e depois sobre o quarenta e um. Em ambos, encontrei a palavra túnica.

Intrigado com isso, li a história de José novamente e encontrei a palavra capa, no episódio de sua fuga da mulher de Potifar. Descobri então que havia um forte significado por trás de cada capa/túnica que José vestiu e que elas não somente representavam o momento que ele estava vivendo, mas que numa dimensão do propósito de Deus para sua vida, cada túnica também exigia dele um posicionamento adequado, alinhado à sua realidade presente que o alavancasse para o seu futuro.

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ENEAS FRANCISCO

A partir de então, tenho reestudado a história de José e reavaliado como também experimentamos diferentes túnicas em nossa experiência de vida e como cada uma delas requer de nós atitudes como as de José.

Ao embarcar comigo nesta jornada sobre as túnicas de José, peço que você avalie seu comportamento e atitudes em meios às transições que você tem experimentado em sua vida. Você terá tempo para refletir e avaliar como tem vivido em comparação ao que o Pai espera de você.

Peço licença aos teólogos de plantão para abusar – e muito – da criatividade e contextualizar a história de José em favor de cada leitor – cristão ou não – que vai pegar este livro para procurar a partir dele, aprender alguma coisa de valor.

Mesmo que o livro fique com cara de ficção religiosa, não vou me sentir mal - absolutamente. A ideia é compartilhar os princípios e mostrar que é possível atravessar esta fase e prevalecer, assim como foi possível para José.

PARTE 1

A PRIMEIRA TÚNICA

A Primeira Túnica

Estou certo de que muitos de nós, ao ler a Bíblia, criamos uma ideia um pouco absurda sobre a santidade, capacidade e sobrenaturalidade - se posso dizer assim - de cada personagem sobre os quais lemos.

Certamente, dentro do plano eterno de Deus, Ele capacitou a cada um deles com habilidades, personalidades e sensibilidade espiritual que certamente estavam alinhadas com o que Ele realizaria através de suas vidas; mas como Paulo fala sobre o profeta Elias, todos eram sujeitos às mesmas paixões que nós. Isso, por si já é razão mais que suficiente para deixar claro que todo o “sobrenatural” de cada personagem bíblico, estava também relacionado à sua consagração pessoal, temor a Deus e disponibilidade para o serviço para o qual foi chamado.

José era mais um desses comuns. Se olharmos para o contexto no qual ele estava inserido, ele se torna ainda mais comum. Sei lá. Ele era incomum também. Uma

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mistura disso tudo, com um caráter inquestionável e uma capacidade de crer e suportar o que fosse sem colocar em risco seu futuro e propósito.

No tempo de seus primeiro desafios, ele é o filho caçula de Jacó. Como o povo judeu ainda não está formado, não vou dizer que era da cultura judaica dar prioridade aos irmãos mais velhos. Mas já era notório que os mais novos não tinham tanta atenção. Se quando o povo já está formado lemos sobre a ênfase colocada sobre a primogenitura de Esaú e Rúben, e o pouco de importância dada à posição de menor e mais novo - como fica claro na conversa que o próprio Gideão tem com o anjo que lhe visita - não podemos arriscar que isso não era assim antes.

Ele não era só o mais novo. Ele também tinha um monte de irmãos que o precediam na chegada à família.

A primogenitura era algo importante e por certo concedia um status especial a qualquer filho. Não é de se admirar o investimento de Jacó em se aproveitar da fraqueza de Esaú pra lhe tirar a primogenitura.

Bem, se você é o mais novo em sua casa – como eu – ou tem irmãos mais novos, sabe bem como é isso. Sobra tudo para o mais novo. Tanto a culpa, como responsabilidades. “Vá comprar isso! Vá comprar aquilo! Pegue o sapato do papai! Não lavou a louça ainda?”

Na verdade, o que ele sofria com os irmãos era mais efeito

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colateral da [super]atenção dedicada a ele por Jacó, do que exatamente um “preço” por ser o mais novo até então.

Imagina o rapaz sendo criado por um pai avançado em idade, junto com meio irmãos e suas respectivas mães! Pense num barulho! Pense numa bagunça tão grande que dificilmente lhe sobrava silêncio para colocar seus pensamentos em ordem.

Para deixar a coisa mais complicada no relacionamento com os manos, o pai o amava de forma especial pelo fato dele ser filho de sua velhice.

Jacó veio a ser pai de José com idade de ser avô. Agora, guenta! Se o fato de ser caçula já é problema suficiente para muitos de nós, imagina quando você tem dez irmãos mais velhos que percebem o tratamento diferente que você recebe do pai! Isso piora consideravelmente quando o “velho” não está por perto.

Pode ser que as coisas mudassem um pouco (mas ia demorar) depois da chegada do irmão mais novo, Benjamin.

Imagina o quanto eles zuavam José quando estavam somente eles, sem o pai por perto. Pense nos cascudos, paulistinhas, “peitinhos” e pés à frente para o menino tropeçar. Só de pensar, fico com pena de José!

Agora, de repente, num domingão aparece José de túnica nova. – “Ah moleque! Roupa nova é? Filhinho do papai!” (geralmente quem puxava a zueira era o Simeão).

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Certamente a túnica era resultado do amor especial de Jacó, mas sabe como é, às vezes procurando fazer bem exageramos um pouco. Talvez, sem perceber, Jacó tenha “salientado” José entre seus irmãos num jogo de “preferido do papai”.

A cada trombada num dos irmãos, ele tem que engolir um sapo e aguentar a forma como eles o encaram e o medem de cima em baixo. As piadinhas. Os cochichos. Fácil, não! E pelo jeito, nem de longe as coisas parecem melhorar.

Como se fosse necessário aumentar a perseguição dentro de casa, o garoto ainda abre a boca para contar – na hora do almoço – os sonhos que ele andou tendo ultimamente.

Bocudo, começa dizendo: - “Pessoal, tive um sonho muito loco essa noite! ”

“Senta que lá vem a história, disse Simeão”.“Não é história, não. Parecia muito real, Simão!” (Simeão

odiava quando José mudava o nome dele).“Estávamos todos juntos no campo amarrando trigo.

Aí o meu molho ficou de pé e todos os molhos de vocês vinham para perto, ficavam ao redor dele e se curvavam! Foi uma parada muito da hora!”

Começou a gritaria! “Que papo é esse, moleque. Tá achando que vai liderar a gente, é? Vai sonhando... pirralho! Se prepara hein! Se eu fosse você ia dormir com o pai hoje... vai tomar cascudo!”

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Que complicado, pensava José. Só contei um sonho e o pessoal mal me deixa ser feliz. Imagina se fosse verdade!

Mas o tal do José não aprendia. Em outro dia, com todo mundo sentado à mesa, ele abre seu bocão de novo e manda: “tive outro sonho esta noite.”

“Cala a boca pivete!” Desta vez quem gritou foi quem ele menos esperava. Rúben não era de falar assim com ele. Mas com certeza os demais jogaram lenha na fogueira.

“Deixa o menino falar, Rúben”, disse Jacó de onde estava. “Eu sonhei que o sol, a lua e onze estrelas se curvavam a

mim. Foi bem interessante.”“Ah! Lá vem você de novo com esse papo! Você nunca vai

ser líder entre nós, José!” E agora, para surpresa de José, até Jacó entrou na conversa:

“Por acaso você acha que eu, tua mãe e teus irmãos vamos nos curvar a você? Que história é essa, José?”

“Só pode estar viajando”, disse Judá maneando a cabeça.Assim era o dia a dia de José. Um ambiente hostil, dentro

da própria casa. Ele sabia que não era perfeito. É claro que ficava feliz com o tratamento que Jacó lhe dava, mas muitas vezes até preferia que não fosse assim, porque sabia que os irmãos sempre davam um jeito de retaliar. E na sua mente, não sabia do que eles eram capazes, mas certamente cedo ou tarde, eles aprontariam uma “daquelas” com ele.

Bem, o texto está parecendo um conto, mas acredito que era bem isso que José vivia na pele a cada dia.

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Era hostilizado pelos seus irmãos a ponto de nem poder celebrar o lugar especial que tinha no coração de Jacó.

Em Gênesis 37:4 a bíblia diz:

“Quando os seus irmãos viram que o pai gostava mais dele do que de qualquer outro filho, odiaram-no e não conseguiam falar com ele amigavelmente”.

Isso quer dizer exatamente o que você pode estar pensando: era sempre na gritaria, na base da ameaça e maus tratos.

A pergunta que não cala é: como é que José conseguia viver em meio a tanto barulho? Barulho de barulho, mesmo. E barulho emocional. Muito barulho.

Lidando com seus meio irmãos, um pai que o amava muito, mas seu tratamento diferenciado o destacava em meio a seus irmãos, fica difícil alguém conseguir se colocar no lugar de José.

Ele tinha orgulho daquela túnica que seu pai lhe havia feito, mas sempre que batia o desejo de vesti-la, ele sabia que seu emocional tinha que estar preparado para ouvir as piadas que seus irmãos fariam. De alguma forma, aquela túnica pesava mais que todas as suas outras roupas.

E então, começa sua longa jornada rumo ao topo.Gênesis relata que certo dia Jacó enviou José para ver

como estavam seus irmãos que foram apascentar. Ao

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chegar a Siquém ele não encontrou seus irmãos. Ficou dando voltas no local e procurando um sinal da turma.

Um homem que ali estava percebeu sua ansiedade e questionou o que ele procurava por aquelas bandas. Ele disse que procurava por seus irmãos e quis saber se o homem sabia para onde eles poderiam ter ido.

Por incrível que pareça, o homem sabia. Ele disse que tinha ouvido os rapazes dizerem que desceriam para um lugar chamado Dotã. E como José não queria voltar sem cumprir a ordem de seu pai, ele decidiu descer a Dotã para ver como estavam seus irmãos e dar notícias deles a seu pai, Jacó.

Enquanto ele se aproximava de seus irmãos, a uma distância que eles podiam vê-lo de longe, a trama começava a ser planejada na cabeça de seus algozes.

A frase que se ouvia entre eles enquanto José se aproximava - com sua linda túnica de várias cores - era, “lá vem aquele sonhador”.

A perda da primeira túnica

Como já informei anteriormente, não vou me ater a símbolos ou à teologia para compartilhar o que Deus colocou em meu coração.

Acredito, todavia, que haja significados profundos para cada capa ou túnica que José vestiu. Até mesmo por que José é uma sombra de Jesus no Antigo Testamento.

Ele compartilha com Jesus vários fatores que o estabelecem como uma figura de Cristo. Ele foi amado pelo pai, vendido por irmãos, teve suas vestes rasgadas e foi considerado salvador do mundo. Ambos foram acusados injustamente e sofreram em silêncio.

Mas há outros fatores que devemos considerar quanto à primeira túnica.

Ela representa uma fase na vida de José. E pode ser uma fase na sua vida também.

A primeira túnica é uma fase de transição entre infância e juventude. É adolescência mas por favor, não se atenha à questão da idade.

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José é o mais novo entre seus irmãos – até o nascimento de Benjamin – e muito amado por seu pai. O presente que ele ganhou de seu pai, apesar do “mico” de ser destacado entre os irmãos, o colocando numa categoria à parte, faz dele um ícone na família, tanto da diferença, por ser especial quanto do insulto àqueles que chegaram antes dele.

Aquela túnica foi o selo de uma aliança entre ele e Jacó, algo que talvez nem eles imaginassem o seu efeito nas gerações futuras. Foi o que separou José dentre seus irmãos. Aquela túnica de várias cores (ou longa) era o ideal de um príncipe e de como Jacó pode ter desejado que José fosse seu primogênito.

Quanta alegria aquela túnica não trouxe a José? E quantas decepções? Sim, decepções. Fico a imaginar a vida de José indo totalmente contra ao evangelho triunfalista pregado nos dias de hoje, ou da ideia promovida de que quando o irmão está no sofrimento, só pode estar em pecado e Deus o está castigando!

José com sua túnica desce a Siquém em busca de informação sobre seus irmãos em obediência a uma ordem de Jacó. E é justamente na obediência que ele é tratado injustamente.

Seus irmãos, ao avistarem-no de longe, logo conspiraram contra ele, pois era a chance que tinham na ausência de Jacó de mostrarem ao garoto o que dá ficar se mostrando com aquela túnica e compartilhando aqueles sonhos que, “para eles”, jamais se concretizariam.

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O SofrimentoOs rapazes não perderam tempo. Assim que José se

aproximou deles, o atacaram e o lançaram num poço. A intenção deles era matar o rapaz e enterrá-lo com todos os seus sonhos malucos.

Rúben, seu irmão mais velho, teve um pouco de bom senso e entrou numa discussão com os demais para não fazerem tamanho mal contra ele. Tendo seus irmãos lançado José num poço, Rúben até tinha a intenção de resgatá-lo depois, mas o garoto acabou sendo vendido para uma caravana de ismaelitas que desciam para o Egito.

Sinceramente, não sei se José foi levado arrastado por um camelo, com suas mãos atadas, ou se por compaixão, foi levado nas costas do animal.

Imagino que a cada passo dado rumo ao Egito, ele olhava para trás e via seus irmãos ficando cada vez mais longe, juntamente com seu passado – e sua tão querida túnica. A tristeza tornou-se ainda maior ao pensar que sequer teve chance de dizer adeus ao seu pai e à sua mãe.

Eu não fui vendido por meus irmãos. E quero crer que você também não tenha sido. Mas maltratados todos já fomos e também já vimos um passado de boas lembranças ficar para trás e talvez, para nunca mais voltar.

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Valores escondidos na perdaAquela túnica tinha um significado especial tanto para

Jacó quanto para José. De certa forma, significava alguma coisa para seus irmãos também. Mas, por incrível que pareça, havia um significado ainda maior em perdê-la.

Perder a primeira túnica é fundamental para quem precisa ser provado por Deus e lapidado para seu propósito.

Ganhar a primeira túnica para José, foi o que lhe tornou diferente diante de seus irmãos e reconhecido por seu pai. Perdê-la era receber de Deus uma janela de possibilidades rumo ao novo, que só experimenta quem confia a Deus aquilo que até pouco tempo, acreditava que não se podia perder.

Eu não sei como José estava vestido depois de ter sido tirado do poço e vendido por vinte peças de prata aos ismaelitas. Sei que agora ele se sente humilhado. Mas algo em seu coração dizia para continuar sonhando.

Em minha opinião, a primeira túnica era a ligação de José com o hoje. O momento presente quando ele ainda era muito potencial, material humano de grandiosa qualidade, porém ainda sem a lapidação necessária. Seus maiores testes ainda estavam por vir e ele não fazia ideia dos detalhes. José quando foi vendido tinha apenas dezessete anos.

Imagine-se aos dezessete. Talvez você já tenha passado essa marca ou ainda está se preparando para ela. Mas imagine-se.

Uma idade às margens da transição para a maioridade. Quantos sonhos, projetos e ideias não passam em sua cabeça. Pensamentos sobre com quem ele deveria se casar, impulsos sexuais muito fortes, somados à saudade de sua mãe. Milhares de pensamentos, em sua cabeça juvenil.

Mas agora, seu mundo estava ruindo, pois seus irmãos foram ao extremo de vendê-lo para uma caravana de desconhecidos.

E agora? Será que já voltaram para casa? O que disseram ao meu pai? Como será que ele está?

A cabeça de José girava em torno de tantas perguntas e dúvidas, mas ele se mantinha firme, pois um sonho ainda gritava dentro de sua alma!

Mas afinal, por quê tudo isso?Aquela túnica tinha muito significado, inclusive alguns que

José desconhecia.Ele não fazia ideia que aquela túnica representava uma

aliança patriarcal que seria a chave para a proteção de um povo; ele não fazia ideia que aquela túnica era o instrumento de Deus para tirá-lo de um ambiente hostil com potencial de

remover seu caráter bondoso devido à competitividade acirrada entre seus irmãos; não fazia ideia que aquela túnica manchada de sangue não mataria seu pai de desgosto, mas somente aumentaria a medida de injustiça de seus irmãos e os levaria a viver a realização dos sonhos dos quais eles mesmos zombaram.

Não. José não sabia nada disso. Ele não tinha ideia do que mais tarde, Paulo escreveria aos irmãos de Roma:

“Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito” Romanos 8:28.

Ele também não sabia que a chave para seu futuro, estava em perder a túnica e não em mantê-la.

Olhe para si mesmo. Lembre-se de quantas vezes você já chorou por túnicas que Deus lhe deu, você se alegrou e, de repente, Ele mesmo permitiu que elas fossem removidas. Você se questionou muito – e quem sabe ainda se questiona – sobre as razões de Deus lhe entregar tantas coisas e sem fazer nenhum sentido aparente, permite que lhes sejam tiradas.

Talvez isso lhe tenha acontecido em relação a empregos, bolsas de estudos, namoros que você acreditava que jamais terminariam, entes queridos que se foram ou montantes de dinheiro que pareciam jamais acabar. Pode ser qualquer coisa que você tenha ganhado, se apegado e amado ao extremo. E como é só o começo da sua jornada rumo ao seu propósito, teve que durar pouco para levar você para mais perto da próxima

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