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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E ECONÔMICAS FACULDADE NACIONAL DE DIREITO JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA E JURISDIÇÃO CONTENCIOSA POR BARBARA BARCELLOS DISCIPLINA: TEORIA GERAL DO PROCESSO TUMA A PROFESSORA: MARCIA SOUZA DATA DE ENTREGA:31/03/2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

CENTRO DE CINCIAS JURDICAS E ECONMICAS FACULDADE NACIONAL DE DIREITO

JURISDIO VOLUNTRIA E JURISDIO CONTENCIOSAPOR

BARBARA BARCELLOS

DISCIPLINA: TEORIA GERAL DO PROCESSO

TUMA A

PROFESSORA: MARCIA SOUZA

DATA DE ENTREGA:31/03/2014 1. CONCEITOJurisdio vem da palavra ius dicere que significa dico do direito. uma atividade, funo ou poder do Estado soberano, exercido pelos juzes e seus auxiliares. Ela inerte. Os juzes s atuam se provocados. Nas palavras do autor J.E. Carreira Alvim, ela sempre foi considerada uma funo estatal.

O carter pblico da funo estatal, de declarar e aplicar o direito, esteve sempre presente no conceito de jurisdio. A jurisdio uma funo do Estado de atuar o direito objetivo em relao a uma concreta pretenso. Alm disso a emanao da soberania do Estado e, sendo nica a soberania, una tambm a jurisdio. Entender o contrrio seria admitir a existncia de uma pluralidade de soberania, atuando em um mesmo territrio.

2. CLASSIFICAO:Costuma-se classificar a jurisdio segundo vrios critrios. Fala-se, ento, em espcie de jurisdio, admitida por motivos de diviso do trabalho.

Com as ressalvas feitas, pode a jurisdio ser classificada:a) Quanto graduao, chamada tambm de gradao, dos seus rgos: jurisdio inferior e jurisdio superior. A inferior a que se exerce na primeira instncia. A jurisdio superior a exercida na superior instncia, por fora de recurso interposto em causas j sentenciada; como consequncia o Duplo Grau ou por fora de remessa ex officio.

b)Quanto ao objeto, ou matria: jurisdio civil e jurisdio penal. Penal tem como objetivo as lides de natureza penal; a civil compreende as causas de natureza extrapenal, tais como as civis, trabalhistas, etc.

c) Quanto origem, ou provenincia: jurisdio legal (ou permanente) e jurisdio convencional (ou momentnea). A jurisdio legal nasce da investidura do juiz no cargo com as atribuies prprias de seu offcio, de dizer ou declarar o direito; a convencional a exercida pelos rbitros e por fora de compromisso assumidos pelas partes.

d) Quanto aos organismos judicirios que a exercem: jurisdio comum (ou ordinria) e jurisdio especial (ou extraordinrio). A especial tem o seu campo de atuao assinalado pela lei; a comum aquela que se atribuem todas as causas que o estejam destinadas expressamente a outras jurisdies (especiais).

e) Quanto forma: contenciosa ou voluntria. Contenciosa exercida em face de litgio. Voluntria, quando a funo do juiz se limita a homologar a vontade dos interessados, ou quando o juiz decide, mas em face de interesses no-litigiosos inter volentes (entre os que no querem).

Em face da dificuldade de se encontrar um critrio insusceptvel de crtica, para se distinguir a jurisdio contenciosa da jurisdio voluntria, alguns consideram o problema insolvel.3. ORIGEM DA JURISDIO VOLUNTRIANo incio da civilizao os povos encontravam-se envolvidos em todo tipo de conflito, podendo resolv-los por suas maneiras, ou seja, atravs da fora e da violncia, realizando o exerccio da autotutela.

Com o avano da civilizao, a autotutela foi sendo substituda gradativamente por um terceiro de forma imparcial. Esse era eleito para solucionar o conflito entre as partes, fazendo assim a intermediao. Esse sistema foi denominado de arbitragem. Com o surgimento do Estado, coube-lhe a funo de dirimir conflitos gerados entre os cidados, atravs de normas impostas, buscando alcanar a paz social. A partir disso, surge o que conhecemos como jurisdio como funo do Estado.

A jurisdio voluntria tem sua origem em Roma. Chamava-se assim porque os indivduos apresentavam-se espontaneamente frente ao magistrado, pedindo-lhe a sua interveno em um assunto especfico. As questes eram levadas ao conhecimento do magistrado em comum acordo entre as partes e essas se submetiam ao julgamento.

Para Chiovenda, a jurisdio voluntria ou graciosa, ou administrativa uma forma especial de atividade do Estado, exercitada em parte pelos rgos judicirios, em parte pelos administrativos, e pertencente funo administrativa, embora distinta da massa dos atos administrativos, por certos caracteres particulares. Em outras palavras, embora no haja divergncia entre as partes, o legislador imps, para a validade de alguns atos, a participao de um rgo pblico; sendo indispensvel a presena de um juiz. Nessa interveno o Estado atua de forma a emitir declaraes de vontades. Homologa-se assim, de forma a verificar se houve observncia das normas jurdicas na realizao do ato jurdico. Essa interveno no uma lide, apenas um negcio entre os interessados (como no h conflito, no adequado falar em partes) com a participao do magistrado. Visa-se, aqui, apenas tutelar interesse que no so conflitantes, sustentam alguns doutrinadores que so de jurisdio voluntria toda e qualquer administrao pblica de interesse privado. Esse o pensamento de Chiovenda, que recebeu o aval de Lopes da Costa, no Brasil.

Em contrapartida, para o emblemtico Couture, a jurisdio voluntria no jurisdio nem voluntria. Porque sua ndole no jurisdicional e, porque, em muitos casos, a interveno dos juzes imposta por lei, sob pena de sanes pecunirias ou privao do fim esperado.

Falado-se isso, importante salientar tambm que h o conceito de jurisdio tradicional e jurisdio moderna. A primeira a que compete apenas aos rgos do Poder Judicirio. A segunda, aceita-se a noo de que outros rgos tambm exercem a funo jurisdicional, desde que exista autorizao constitucional.

4. ACRDO DO SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIA

Processo: 503 D/1996.G1.S1N Convencional: 7 SECORelator: LOPES DO REGODescritores: PODERES DE COGNIO DO SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIA JURISDIO VOLUNTRIA

ALIMENTOS

DEVIDOS A MENORES

CONSIGNAO DE RENDIMENTOS

SUBSDIO DE DESEMPREGO

RENDIMENTO SOCIAL DE INSERON do Documento: SJData do Acordo: 06 - 05 - 2010Votao: UNANIMIDADETexto Integral: SPrivacidade:1Meio Processual: REVISTADeciso: NEGADA A REVISTA

bom frisar que, assim como a jurisdio voluntria a contenciosa tambm tem inmeras teorias divergentes.

5. CONCEITO DE JURISDIO CONTENCIOSANa jurisdio contenciosa, chamada tambm de jurisdio propriamente dita, existe um conflito de interesses entre as partes, que ser solucionado pelo Estado-juiz, com a produo da coisa julgada. Tem-se como exemplo: uma ao de cobrana ou uma separao judicial litigiosa.

Para Carreira Alvim, o critrio da contenciosidade da relao jurdica no essencial jurisdio, porque pode haver processo sem controvrsia (como na hiptese do ru), como pode haver processos em que o ru reconhea a pretenso adversria. O critrio da coao tambm insubsistente, pois a coao no exclusiva da jurisdio. O critrio da represso, como caracterstica da jurisdio contenciosa, e da preveno, como caracterstica da jurisdio voluntria, tambm inexato, porque formas processuais de tutela preventiva.

Os atos de jurisdio voluntria tendem sempre constituio de estados jurdicos novos ou cooperam no desenvolvimento de relaes jurdicas existentes. A jurisdio contenciosa, ao contrrio, visa atuao de relaes existentes.

6. ACRDO DO TRIBUNAL DE JUSTIA DE SANTA CATARINA

TJ-SC - Apelao Cvel : AC 20130526009 SC 2013.052600-9 (Acrdo)

Processo: AC 20130526009 SC 2013.052600-9 (Acrdo)Relator(a): Marcus Tulio SartoratoJulgamento: 18/11/2013Parte(s): Apelante: Ministrio pblico do Estado de Santa Catarina Promotor: Joo Carlos Teixeira Joaquim Apeladas: A. L. da S. e outro Advogado: Andr Luiz Mendes Meditsch (1441/SC) Apelado: R. dos S.

EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. PROCEDIMENTO ESPECIAL DE JURISDIO CONTENCIOSA. AO DE INVENTRIO. EXTINO DO PROCESSO SEM JULGAMENTO DO MRITO PELA INRCIA DA INVENTARIANTE. IMPOSSIBILIDADE. INAPLICABILIDADE DO ART. 267, III, DO CDIGO DE PROCESSO CIVIL. EXISTNCIA DE OUTROS HERDEIROS INTERESSADOS IMPLICANDO A DECISO EM INEVITVEL PREJUZO. PREVALNCIA DA NORMA ESPECIAL DO ART. 995, II, DO CODEX INSTRUMENTALIS. SENTENA ANULADA. RECURSO PROVIDO. REFERNCIA BIBLIOGRFICAS:

ALVIM, Jos Eduardo Carreira. Teoria Geral do Processo. 12 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2009.

COUTURE, Eduardo J., Fundamentos Del Derecho Procesal Civil, Buenos Aieres, Depalma, 1988, p. 46.http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=6220http://www.cej.mj.pt/cej/recursos/ebooks/GuiaDivorcioRespParent/anexos/anexo71.pdfhttp://tj-sc.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/24726761/apelacao-civel-ac-20130526009-sc-2013052600-9-acordao-tjschttp://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=8069http://www.mazzilli.com.br/pages/artigos/mpjurvol.pdfALVIM, Jos .Eduardo Carreira. Teoria Geral do Processo. 12 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2009.

http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=6220

Alfredo de Arajo Lopes da Costa, ob. cit., p. 17.

ALVIM, Jos Eduardo Carreira. Teoria Geral do Processo. 12 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2009, p. 73.

Eduardo J. Couture, Fundamentos Del Derecho Procesal Civil, Buenos Aieres, Depalma, 1988, p. 46.

http://www.cej.mj.pt/cej/recursos/ebooks/GuiaDivorcioRespParent/anexos/anexo71.pdf

http://tj-sc.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/24726761/apelacao-civel-ac-20130526009-sc-2013052600-9-acordao-tjsc