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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ JUNIOR CESAR MOTA LIMITES E POSSIBILIDADES NA TRANSIÇÃO PARA ESPAÇOS EDUCADORES SUSTENTÁVEIS EM ESCOLAS MUNICIPAIS DE SÃO JOÃO BATISTA SC ITAJAÍ (SC) 2015

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

JUNIOR CESAR MOTA

LIMITES E POSSIBILIDADES NA TRANSIÇÃO PARA ESPAÇOS EDUCADORES SUSTENTÁVEIS EM ESCOLAS MUNICIPAIS DE SÃO JOÃO BATISTA SC

ITAJAÍ (SC)

2015

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ Vice-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação, Extensão e Cultura ProPPEC

Programa de Pós-Graduação em Educação PPGE Curso de Mestrado Acadêmico em Educação

JUNIOR CESAR MOTA

LIMITES E POSSIBILIDADES NA TRANSIÇÃO PARA ESPAÇOS EDUCADORES SUSTENTÁVEIS EM ESCOLAS MUNICIPAIS DE SÃO JOÃO BATISTA SC

Dissertação apresentada ao colegiado do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Educação área de concentração: Educação (Linha de Pesquisa: Práticas Docentes e Formação Profissional). Orientador: Prof. Dr. Antonio Fernando Silveira Guerra.

ITAJAÍ (SC) 2015

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALI Vice-Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa, Extensão e Cultura

Programa de Pós-Graduação em Educação PPGE Curso de Mestrado Acadêmico em Educação

CERTIFICADO DE APROVAÇÃO

JUNIOR CESAR MOTA

LIMITES E POSSIBILIDADES NA TRANSIÇÃO DE ESCOLAS PARA ESPAÇOS EDUCADORES SUSTENTÁVEIS NO MUNICÍPIO DE SÃO JOÃO BATISTA SC.

Dissertação avaliada e aprovada pela Comissão Examinadora e referendada pelo Colegiado do PPGE como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Educação. Itajaí (SC), 15 de dezembro de 2015.

Membros da Comissão: Orientador: _____________________________________ Prof. Dr. Antonio Fernando Silveira Guerra Membro Externo: _____________________________________ Prof.ª Dr.ª Dione Iara Silveira Kitzmann - FURG Membro Representante do Colegiado: _____________________________________ Prof.ª Dr.ª Cássia Ferri

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“ Dorme agora

É só o vento lá fora Quero colo[...]

Posso dormir aqui Com vocês?

Estou com medo tive um pesadelo[...] (Pais e Filhos, Legião Urbana)

Posto isso, dedico esse trabalho aos meus pais que, mesmo com o passar dos anos, e eu já ter

me tornado um adulto, me acalentam e me protegem como se o tempo não tivesse

passado, fazendo os meus “ pesadelos” se transformarem em grandes conquistas

pessoais e profissionais.

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AGRADECIMENTOS

“ A vida humana é feita de escolhas. Sim ou não. Entrar ou sair. Subir ou descer. Mas também há as escolhas que

fazem a diferença. Amar ou odiar. Ser um herói ou um covarde. Lutar ou desistir. ”

Grey’s Anatomy

A vida é feita de escolhas... realmente! Há dois anos, estava sentado em uma poltrona banca, mãos suando, coração acelerado, em uma sala de espera da Univali, esperando para uma entrevista que mudaria meus sentimentos, pensamentos, momentos...

...Momentos! Tive vários depois que entrei para o Mestrado em Educação! Momentos que me fizeram sorrir, chorar, querer desistir, querer brilhar... momentos... que passam...

...Passam, mas as pessoas permanecem. Amigos, família, professores, pessoas que permanecerão para sempre, nas lembranças, no coração, que preciso agradecer...

...Agradecer a Deus, a meus guias espirituais, às divindades superiores, que protegeram e ouviram meus desabafos em pensamento...

Pai, mãe, e familiares... sinceramente não há palavras. Obrigado pelo caráter, pelos cuidados, pela humildade e por nunca deixarem de acreditar em mim...

Juliany Mazera Fraga, que me atura desde a graduação, ouvindo meus anseios, minhas vontades... Melhor amiga, obrigado!

Willian D. Pessoa, obrigado por me apoiar em todas as minhas decisões e reconhecer o quanto minha vida acadêmica significa para mim!

Prof. Dra. Claudia Kuinta Dias Hohmann, você é minha “ dinda” e sabe o quanto é importante para mim. Obrigado por sempre ter acreditado no meu potencial!

GEEAS! Denise, Eliane, Jaqueline, Márcia, Raquel e Vanessa: Amo vocês! Obrigado por tudo... sem vocês não seria possível, não mesmo.

À CAPES, bela bolsa de estudos...

À Secretaria de Educação de São João Batista e aos docentes e gestores, por me acolherem e fazerem com que essa pesquisa acontecesse.

Aos Professores do PPGE... obrigado pelos ensinamentos ao longo dessa jornada.

Aos Professores integrantes da banca. Espero ser como vocês algum dia (risos). Obrigado por tudo!

Prof. Dr. Antonio Fernando Silveira Guerra, espero ter sido um bom orientando. Obrigado por cada palavra, cada puxãozinho de orelha, cada ensinamento. Pode ter certeza que você fez a diferença e que vou ser grato para sempre!

Enfim, a todos aqueles que fizeram parte dessa jornada, obrigado!

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Ando devagar porque já tive pressa E levo esse sorriso porque já chorei demais.

Hoje me sinto mais forte, mais feliz, quem sabe? Só levo a certeza de que muito pouco eu

sei, nada sei.

Todo mundo ama um dia todo mundo chora, Um dia a gente chega, no outro vai embora.

Cada um de nós compõe a sua história, cada ser em si carrega o dom de ser capaz, de ser

feliz.

(Tocando em frente, Almir Sater)

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RESUMO

Situada no contexto do Grupo de Pesquisa Educação, Estudos Ambientais e Sociedade (GEEAS) do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Vale do Itajaí Univali, esta pesquisa objetivou analisar como duas escolas de Educação Básica do município de São João Batista SC, traduzem e contextualizam em suas práticas, os fundamentos e princípios das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental DCNEA, e do Programa Nacional Escolas Sustentáveis PNES, visando a sua transição para Espaços Educadores Sustentáveis (EES), entendidos como aqueles que têm a intencionalidade pedagógica de se constituir em referências concretas de sustentabilidade socioambiental (TRAJBER, SATO, 2010). De abordagem qualitativa, ancorou-se em pressupostos teóricos do campo da Educação Ambiental (EA), bem como em documentos oficiais do MEC. O campo de pesquisa foi composto por duas escolas da rede municipal de ensino de São João Batista SC, com a participação de dois gestores e oito docentes. Para a coleta dos dados, utilizou-se múltiplas fontes de evidências, tais como a análise documental, as entrevistas semiestruturadas e a observação direta, por permitirem uma triangulação dos dados e uma validade maior do constructo, e a técnica da Análise de Conteúdo (BARDIN, 2011). Os resultados apontam que as escolas possuem limitações no que se refere ao processo de transição para um EES, mas que também possuem possibilidades para que o mesmo aconteça. Como principais limitações destacam-se o desconhecimento das intencionalidades e objetivos do Programa Nacional Escolas Sustentáveis, do PDDE Escolas Sustentáveis e das Políticas públicas em EA; a falta de formações continuadas em EA; a ausência de diálogos entre os sujeitos da comunidade escolar; bem como a fragilidade do Projeto Político Pedagógico. Como possibilidades, apontam-se os indícios em direcionar as práticas de ensino à ressignificação dos valores ambientais dos alunos; o reconhecimento por parte dos docentes e gestores acerca da importância de se trabalhar a temática ambiental envolvendo a comunidade escolar e local; a ocorrência de um diálogo entre os saberes populares e os científicos; e a aposta nas formações em EA como fonte de construção e reconstrução de concepções e percepções no que tange às questões ambientais e sustentáveis. Palavras-chave: Educação Ambiental. Sustentabilidade. Espaços Educadores Sustentáveis. Programa Nacional Escolas Sustentáveis.

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ABSTRACT

Within the context of the Education, Environmental Studies and Society Group (EESSG) of the Postgraduate Program in Education of the University of Vale do Itajaí, the aim of this research is to analyze how two elementary schools in the city of São João Batista Santa Caterana, translate and contextualize, in their practices, the fundamentals and principles of the National Curricular Guidelines for Environmental Education - DCNEA, and those of the Programa Nactional Escolas Sustentáveis (National Program for Sustainable Schools) PNES, focusing on its transition to Sustainable Education Spaces, understood as those that have a pedagogic intention to constitute concrete references of socioenvironmental sustainability (TRAJBER, SATO, 2010). This study uses a qualitative approach, and is based on the theoretical premises of the field of Environmental Education (EE), as well as on official documents of the Ministry of Education and Culture. The field research was conducted in two public city schools in the city, with the participation of two coordinators and eight teachers. Data were gathered from multiple sources of evidence, including document analysis, semi-structured interviews, and direct observation, to enable a triangulation of the data and a greater validity of the construct. The technique of Content Analysis (BARDIN, 2011) was also used. The results indicate that the schools studied have limitations in relation to the process of transition to a EES, but that they also have opportunities for this to happen. The main limitations were the lack of knowledge of the intentionalities and objectives of the National Program for Sustainable Schools, of the PDDE Sustainable Schools, and of Public Policies in EA; a lack of professional development in EA; the absence of dialog between the subjects of the school community; and the fragility of the Political Pedagogical Project. As opportunities, some signs are identified, in the teaching practices, that indicate a move towards a resignification of the environmental values of students: a recognition, among teachers and coordinators, of the importance of working with the environmental theme, involving the local and school community; the occurrence of a dialogue between popular and scientific knowledge; and investments in EA training as a source of construction and reconstruction of concepts and perceptions related to environmental and sustainable issues. Keywords: Environmental Education. Sustainability. Sustainable Education Spaces. National Program of Sustainable Schools.

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LISTA DE ABREVIATURAS

CAPES .................................. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CGEA ................................................................... Coordenação Geral de Educação Ambiental

CIASC................................................. Sistema de Informações Geográficas de Santa Catarina

CNE ........................................................................................ Conselho Nacional de Educação

CNIJMA ........................................ Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente

COM-VIDA ............................................... Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida

CONAMA .................................................................... Conselho Nacional do Meio Ambiente

DCNEA .................................... Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental

DEA .............................................................................. Departamento de Educação Ambiental

EA .............................................................................................................. Educação Ambiental

EES ....................................................................................... Espaços Educadores Sustentáveis

EJA ............................................................................................ Educação de Jovens e Adultos

ENPEX .................................................................... Encontros de Ensino, Pesquisa e Extensão

FNDE ......................................................... Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação

GEEAS ................................................. Grupo de Educação, Estudos Ambientais e Sociedade

GPEA ................................ Grupo Pesquisador em Educação Ambiental, Comunicação e Arte

IBGE ...................................................................... Índice Brasileiro de Geografia e Estatística

IDEB .............................................................. Índice de Desenvolvimento da Educação Básica

INEP ........................ Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

LBD ............................................................................... Lei de Diretrizes e Bases da Educação

MEC ...................................................................................... Ministério da Educação e Cultura

MMA .......................................................................................... Ministério do Meio Ambiente

ONGs ................................................................................... Organizações não governamentais

PCN ..................................................................................... Parâmetros Curriculares Nacionais

PDDE ............................................................................... Programa Dinheiro Direto na Escola

PDE ...................................................................... Programa de Desenvolvimento Educacional

PNEA ....................................................................... Política Nacional de Educação Ambiental

PNES ......................................................................... Programa Nacional Escolas Sustentáveis

PPGE ...................................................................... Programa de Pós-Graduação em Educação

PPP ................................................................................................. Projeto Político Pedagógico

ProFEA ...................................... Programa Nacional de Formação de Educadores Ambientais

ProNEA ................................................................ Programa Nacional de Educação Ambiental

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RENAFOR ..................... Rede Nacional de Formação Inicial e Continuada e Profissionais da Educação Básica

SAEB ....................................................................... Sistema de Avaliação da Educação Básica

SC ........................................................................................................................ Santa Catarina

SECADI .............. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão

SIMEC .............. Sistema Integrado de Monitoramento Execução e Controle do Ministério da Educação

TEASS .... Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global

UAB ........................................................................................... Universidade Aberta do Brasil

UFMS ................................................................. Universidade Federal do Mato Grosso do Sul

UFMT ............................................................................ Universidade Federal do Mato Grosso

UFOP ................................................................................ Universidade Federal de Ouro Preto

UNICEF ................................................................... Fundo das Nações Unidas para a Infância

UNIVALI .................................................................................. Universidade do Vale do Itajaí

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Localização do município de São João Batista SC. .............................................. 20

Figura 2: Índices do IDEB de escolas municipais de São João Batista e do Brasil. ............... 22

Figura 3: Categorizações da EA. ............................................................................................. 26

Figura 4: Componentes do Programa Nacional Escolas Sustentáveis, versão preliminar. ..... 42

Figura 5: PNES e sua Fundamentação Legal. ......................................................................... 51

Figura 6: Esquema das etapas de uma pesquisa. ..................................................................... 64

Figura 7: Metodologias para a coleta de dados. ...................................................................... 67

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: IDEB observado e metas projetadas dos municípios analisados. .......................... 19

Quadro 2: IDEB observado e metas projetadas Anos iniciais da rede municipal................ 21

Quadro 3: IDEB observado e metas projetadas Anos iniciais da rede estadual. ................. 21

Quadro 4: Correntes em Educação Ambiental. ....................................................................... 26

Quadro 5: As oito dimensões da Sustentabilidade de Sachs ................................................... 32

Quadro 6: Países e modelos de Escolas Sustentáveis. ............................................................ 37

Quadro 7: Dados das Conferências realizadas. ....................................................................... 40

Quadro 8: Ações passíveis de financiamento e possíveis estratégias. .................................... 59

Quadro 9: Valores de repasse dos recursos às escolas. ........................................................... 60

Quadro 10: Escolas municipais beneficiadas pelo PDDE Escolas Sustentáveis. ................... 66

Quadro 11: Caracterização dos sujeitos da pesquisa .............................................................. 69

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 14

CAPÍTULO 2 EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE: DIALOGANDO COM

OS REFERENCIAIS TEÓRICOS .................................................................................................... 24

2.1 EDUCAÇÃO AMBIENTAL .......................................................................................................... 24

2.2 SUSTENTABILIDADE.................................................................................................................. 30

CAPÍTULO 3 O PROGRAMA NACIONAL ESCOLAS SUSTENTÁVEIS PNES E OS

ESPAÇOS EDUCADORES SUSTENTÁVEIS ................................................................................ 35

3.1 ESPAÇOS EDUCADORES SUSTENTÁVEIS (EES) .................................................................. 35

3.2 O PNES: CONTEXTO DE CRIAÇÃO .......................................................................................... 38

3.2.1 O currículo .................................................................................................................................. 43

3.2.2 A gestão democrática ................................................................................................................. 46

3.2.3 O espaço físico ............................................................................................................................ 48

3.2.4 A relação escola-comunidade .................................................................................................... 49

3.3 A INTENCIONALIDADE DO PNES ............................................................................................ 50

3.4 O PNES E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA INSERÇÃO DA TEMÁTICA

AMBIENTAL ....................................................................................................................................... 54

3.5 O PROGRAMA PDDE ESCOLAS SUSTENTÁVEIS .................................................................. 57

CAPÍTULO 4 PERCURSO METODOLÓGICO ......................................................................... 63

4.1 DA ABORDAGEM DA PESQUISA ............................................................................................. 63

4.2.1 O projeto ..................................................................................................................................... 64

4.2.2 Da preparação e da coleta dos dados ........................................................................................ 67

4.2.2.1 Os sujeitos da pesquisa .............................................................................................................. 68

4.2.2.2 Entrevistas semiestruturadas ..................................................................................................... 70

4.2.2.3 Análise documental ................................................................................................................... 71

4.2.2.4 Observação direta ...................................................................................................................... 72

4.2.3 Da análise das evidências ........................................................................................................... 73

CAPÍTULO 5 ANÁLISE E COMPARTILHAMENTO DOS RESULTADOS ......................... 76

5.1 A INSERÇÃO DA TEMÁTICA AMBIENTAL NOS DOCUMENTOS CURRICULARES E NAS

PRÁTICAS DE ENSINO...................................................................................................................... 76

5.1.1 As ações do plano do PDDE Escolas Sustentáveis e a realidade escolar ............................... 82

5.2 IMPLICAÇÕES PARA O PROCESSO DE TRANSIÇÃO DAS ESCOLAS PARA ESPAÇOS

EDUCADORES SUSTENTÁVEIS ...................................................................................................... 87

CAPÍTULO 6 CONSIDERAÇÕES E RECOMENDAÇÕES ...................................................... 92

REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 96

Page 14: Junior Cesar Mota - Univali

APÊNDICES ...................................................................................................................................... 107

APÊNDICE A MODELO DE DECLARAÇÃO DE INSTITUIÇÃO COPARTICIPANTE .......... 107

APÊNDICE B ROTEIRO DE ENTREVISTA PARA OS DOCENTES ......................................... 108

APÊNDICE C ROTEIRO DE ENTREVISTA PARA OS GESTORES ......................................... 110

APÊNDICE D MODELO DO TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ..... 112

APÊNDICE E MODELO DE CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO DO SUJEITO............ 113

APÊNDICE F TABELA DE SISTEMATIZAÇÃO DAS ENTREVISTAS (DOCENTES) COM

CATEGORIAS PRÉ-ESTABELECIDAS .......................................................................................... 114

APÊNDICE G TABELA DE SISTEMATIZAÇÃO DAS ENTREVISTAS (GESTORES) COM

CATEGORIAS PRÉ-ESTABELECIDAS .......................................................................................... 120

APÊNDICE H TABELA DE SISTEMATIZAÇÃO DOS DADOS REFERENTES AOS PLANOS

DE AÇÕES (PDDE SUSTENTÁVEL) .............................................................................................. 123

APÊNDICE I - TABELA DE SISTEMATIZAÇÃO DOS DADOS REFERENTES AOS PROJETOS

POLÍTICO PEDAGÓGICOS ............................................................................................................. 124

Page 15: Junior Cesar Mota - Univali

1 INTRODUÇÃO

Caso esteja se sentindo muito só, caso seu coração ainda seja puro, caso seus olhos ainda conservem o

deslumbramento de uma criança, você descobrirá, que as estrelas lhe sorriem e que você poderá ouvi-las como se

(SAINT-EXUPÉRY, 2001, p.46)

a existir e a viver: uma planta, um animal, uma criança, um

(BOFF, 2003, p.32)

Sempre fui um defensor da educação e curioso a aspectos relacionados a ela. Desde

cedo admirava os conhecimentos advindos dos professores e isto me instigava sempre a

querer, um dia se possível, ser semelhante a eles. Os anos passaram rapidamente e quando me

vi, já não era mais uma criança, no entanto possuía os mesmos sonhos da infância.

Minha formação acadêmica no curso de Pedagogia iniciou-se no ano de 2009 e teve

término no ano de 2012 no Centro Universitário de Brusque Unifebe, no município de

Brusque SC. Durante este período de profissionalização, percebi que oportunidades de

envolvimento e inserção no âmbito da pesquisa eram oferecidas aos acadêmicos.

Com um grande interesse em aprofundar meus conhecimentos, desenvolvi alguns

projetos de pesquisa e extensão ao longo dos quatro anos de graduação e os apresentei nos

Encontros de Ensino, Pesquisa e Extensão (ENPEX)1 do Centro Universitário. Em todos os

projetos, houve dedicação e empenho para serem realizados com qualidade, buscando

construir uma relação de espírito investigativo, autonomia profissional, acadêmica e

intelectual, no intuito de adquirir fundamentos teóricos para transformar meu senso comum

em conhecimento científico e, sem dúvidas, pensar na vida em um patamar além da

graduação.

Durante a minha trajetória da Educação Básica à Superior, ouvi diversos discursos e

presenciei alguns fatos de tamanha relevância abrangendo a situação caótica pela qual nosso

planeta está passando. Aquecimento global, mudanças climáticas, poluição de diferentes

formas, desperdício de bens naturais e o consumismo exagerado que ocorre desde a infância,

são alguns dos fatores que me fizeram, e ainda fazem, questionar sobre o quanto as

1 O ENPEX é um evento de caráter científico realizado anualmente pela Unifebe com o objetivo de disseminar amplamente o conhecimento científico produzido pela comunidade acadêmica interna e externa.

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instituições de ensino estão engajadas em desenvolver o espírito crítico dos educandos, de

forma a constituir uma sociedade mais sustentável e justa.

Recordo que quando estudava no Ensino Fundamental e Médio, as metodologias de

ensino utilizadas pelos professores eram dissociadas da Educação Ambiental (EA). Os poucos

momentos que tinham enfoque na temática ambiental, aconteciam nas aulas de Geografia e de

Ciências, pelo fato de estarem incluídos no planejamento do professor. Lembro-me bem que

essas aulas ocorriam de modo tradicional, centradas em cópias e leituras de textos com

término em registros pictóricos sobre o tema. Não éramos instigados a debater sobre quais

vínculos nossas ações tinham sobre os impactos ambientais e tão pouco estimulados a tentar

encontrar soluções para amenizá-los.

me permitiu estabelecer uma relação com o trabalho nas escolas públicas de São João Batista,

onde lecionava desde o ano de 2010. Percebi que as instituições municipais não possuíam um

currículo que abrangesse de forma interdisciplinar a EA, bem como não apresentavam ações

de sensibilização ecológica aos educandos. A sustentabilidade que deveria ser conceituada,

acima de tudo, como um ato para o bem viver, era trabalhada geralmente de forma isolada e

focada somente na reutilização de materiais.

Ao procurar a Secretaria Municipal de Educação para questionar a sustentabilidade

nas escolas da rede pública na atualidade, me deparei com o fato de que não havia ações

significativas acontecendo na esfera escolar.

A partir disto, surgiu em mim uma curiosidade epistemológica em relação à inserção

da EA e da sustentabilidade socioambiental2 na rede municipal de ensino de São João Batista

SC, que me remeteu à ideia de elaborar uma pesquisa científica sobre tal abordagem.

Pressuponho que, pelo fato das escolas estarem pouco envolvidas com a EA, seria de suma

importância um projeto que, a partir de um diagnóstico das políticas e ações nas escolas,

oferecesse subsídios à implantação de ações e práticas sustentáveis envolvendo toda a

comunidade escolar.

A proposta de inserção da EA no currículo não é nova. Ela foi evoluindo desde a

promulgação da Constituição Federal CF (1988), passando pela Política Nacional de

Educação Ambiental PNEA (1999), Programa Nacional de Educação Ambiental ProNEA

(2014f), e consolida-se com a Resolução que cria as Diretrizes Curriculares Nacionais para a

2 Segundo Jacobi (1997), a noção de sustentabilidade socioambiental implica, uma inter-relação necessária de

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Educação Ambiental DCNEA (2012). Conforme o Art. 16 das Diretrizes, essa inserção

pode ocorrer

I Pela transversalidade, mediante temas relacionados com o meio ambiente e a sustentabilidade socioambiental; II como conteúdo dos componentes já constantes do currículo; III pela combinação de transversalidade e de tratamento nos componentes curriculares. (BRASIL, 2012a, p. 5)

Para que isso de fato possa vir a ocorrer de forma significativa, é imprescindível que a

inserção da temática ambiental e sustentável nas instituições de ensino, proporcione à

comunidade escolar subsídios norteadores que permitam uma prática ambiental integrada

contínua e permanente, de modo interdisciplinar.

No que se refere à inserção da temática ambiental nas instituições de ensino, Sato

(2002, p. 25) afirma que

Há diferentes formas de incluir a temática ambiental nos currículos escolares, como atividades artísticas, experiências práticas, atividades fora da sala de aula, produção de materiais locais, projetos ou qualquer outra atividade que conduza os alunos a serem reconhecidos como agentes ativos no processo que norteia a política ambientalista. Cabe aos professores, por intermédio de prática interdisciplinar, proporem novas metodologias que favoreçam a implementação da Educação Ambiental, sempre considerando o ambiente imediato, relacionado a exemplos de problemas atualizados.

Entretanto, percebe-se que a realidade ainda é outra. Estudos como os de Trajber e

O que fazem as escolas que dizem que fazem Educação

Ambiental” , apontam que grande parte das instituições de ensino não possuem um currículo

que abranja de forma interdisciplinar a EA e a temática socioambiental, e limitam-se, muitas

vezes, à realização de projetos, sendo que a sustentabilidade que deveria ser conceituada,

acima de tudo, como um ato para o bem viver, é trabalhada frequentemente de forma isolada e

focada somente nos resíduos sólidos, com enfoque somente no R da Reciclagem e não nos

Rs da Redução e da Reutilização, não contestando os hábitos de consumo.

Não bastasse, estudos como os de Guimarães (2004), Guerra e Taglieber (2009);

Guerra e Guimarães (2007), dentre outros, também indicam que há uma deficiência de

fundamentação teórica e metodológica dos profissionais da educação e também às outras

ações realizadas no âmbito escolar.

Perante à preocupação da inserção e integração da EA e da sustentabilidade nos

espaços escolares, surge no Brasil, no ano de 2009, uma proposta de política voltada a apoiar

a transição das escolas rumo à sustentabilidade socioambiental, denominado Programa

Nacional Escolas Sustentáveis PNES. Este programa se fortalece com a promulgação pelo

Page 18: Junior Cesar Mota - Univali

Conselho Nacional de Educação CNE, da Resolução n. 2, de 15 de junho de 2012, que

estabelece as DCNEA.

Além deste, o Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) Escolas Sustentáveis

corrobora com a proposta de transição das instituições para espaços educadores sustentáveis.

Esses espaços podem ser definidos, de acordo com Trajber e Sato (2010, p.71), como

[...] aqueles que têm a intencionalidade pedagógica de se constituir em referências concretas de sustentabilidade socioambiental. Isto é, são espaços que mantêm uma relação equilibrada com o meio ambiente; compensam seus impactos com o desenvolvimento de tecnologias apropriadas, permitindo assim, qualidade de vida para as gerações presentes e futuras.

Desse modo, emerge o problema dessa investigação: Quais os limites e as

possibilidades de inserção da EA e da sustentabilidade, no currículo, na gestão democrática,

no espaço físico e na relação escola-comunidade, em instituições de ensino de Educação

Básica no município de São João Batista, de modo a proporcionar a transição das escolas para

Espaços Educadores Sustentáveis (EES)?

Isto exposto, surgem duas hipóteses nesta pesquisa que se complementam:

1) O corpo docente e os gestores possuem dificuldades em inserir práticas e ações

sustentáveis pelo fato de desconhecerem estratégias e metodologias que permitam interligar o

currículo, a gestão democrática, o espaço físico e a comunidade, como propõem as DCNEA, e

o PNES, e;

2) Os profissionais da educação da rede municipal de ensino podem, na formação

inicial e continuada, não terem contato ou oportunidades de elaborar conceitos sobre EA e

sustentabilidade, ou então, estes são obsoletos ou desatualizados, não atendendo o que

preveem as Políticas Públicas de EA estabelecidas nos documentos oficiais da Educação.

Frente a essas hipóteses, esta pesquisa se propôs a analisar como as escolas traduzem e

contextualizam em suas práticas, os fundamentos e princípios das DCNEA e do PNES,

visando a transição para EES, das instituições de ensino de Educação Básica do município de

São João Batista SC.

Neste sentido, delinearam-se os seguintes objetivos específicos:

a) Identificar se e/ou como a EA está inserida no Projeto Político Pedagógico PPP,

nos planos de aulas e nas vivências escolares na rede municipal de ensino;

b) Verificar se as ações relacionadas às questões ambientais e da sustentabilidade

estão sendo executadas nas escolas, e se estas se alinham às quatro dimensões

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previstas pelo PNES: currículo, gestão democrática, espaço físico e relação escola-

comunidade;

c) Analisar como as instituições de ensino compreendem e utilizam o recurso

advindo do PDDE Escolas Sustentáveis na transição para EES;

Pautado nessas questões de estudo e nos objetivos acima apresentados, a relevância

desse trabalho gira em torno de que a ausência de um eixo articulador, focado em ações

ambientalmente sustentáveis, no âmbito do currículo, gestão democrática, espaço físico e na

relação das escolas com a comunidade, podem se obstáculo 3 na formação de

uma sensibilização crítica sobre as causas e consequências da crise ecológica, por parte dos

profissionais da área da Educação no município.

No que se refere à escolha do município de São João Batista para esta pesquisa, esta é

fruto do levantamento e da análise dos dados do Índice de Desenvolvimento da Educação

Básica IDEB4, dos anos iniciais (4º/5º ano) do Ensino Fundamental referente aos anos de

2007 a 2013, das redes municipais das cidades que compõem a Bacia Hidrográfica do Rio

Tijucas: Angelina, Biguaçu, Bombinhas, Canelinha, Itapema, Leoberto Leal, Major Gercino,

Nova Trento, Porto Belo, São João Batista, Tijucas e Rancho Queimado.

O fato de serem analisados somente os anos iniciais da rede municipal se justifica pelo

motivo que o foco da investigação desse trabalho de pesquisa serão as instituições escolares

municipais com ênfase nos anos iniciais da Educação Básica, que abrange desde o 1º ano até

o 5º ano do Ensino Fundamental.

Dos municípios submetidos à avaliação do IDEB, foram pré-selecionados, daqueles

que compõem a Bacia, apenas os que possuíam os índices referentes aos anos iniciais de todos

os anos pesquisados (Quadro 1). Alguns não apresentaram dados em determinados anos,

portanto não passaram por análise.

3 Recorre-se aqui ao termo obstáculo epistemológico, no sentido dado por Bachelard, uma vez que, segundo o

e conflitos. É aí que mostraremos causas de estagnação e até de regressão, detectaremos causas de inércia às quais daremos o nome de obstáculos epistemológicos. [...] Diante do real, aquilo que cremos saber com clareza

- 8). 4 Representa a iniciativa pioneira de reunir em um só indicador dois conceitos igualmente importantes para a qualidade da educação: fluxo escolar e médias de desempenho nas avaliações. Ele agrega ao enfoque pedagógico dos resultados das avaliações em larga escala do Inep a possibilidade de resultados sintéticos, facilmente assimiláveis, e que permitem traçar metas de qualidade educacional para os sistemas. O indicador é calculado a partir dos dados sobre aprovação escolar, obtidos no Censo Escolar, e médias de desempenho nas avaliações do Inep, o Saeb para as unidades da federação e para o país, e a Prova Brasil para os municípios. (BRASIL, 2014b)

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Quadro 1: IDEB observado e metas projetadas dos municípios analisados.

Municípios

IDEB observado

Metas projetadas

2007

2009

2011

2013

2007

2009

2011

2013

Biguaçu

3.9

4.3

4.8

4.6

3.8

4.1

4.5

4.8

Bombinhas

5.1

6.0

5.7

6.3

4.8

5.1

5.5

5.8

Itapema

4.4

5.4

5.3

5.7

4.3

4.6

5.0

5.3

Nova Trento

4.8

5.1

5.5

5.4

4.4

4.7

5.1

5.4

São João Batista

5.1

5.4

6.4

6.3

4.8

5.2

5.5

5.8

Tijucas

4.4

4.3

4.8

5.7

4.5

4.8

5.2

5.5

Fonte: Compilado a partir dos dados disponíveis no site do INEP (BRASIL, 2014a).

Como pode ser observado no Quadro 1, os municípios de Bombinhas e São João

Batista apresentaram os melhores índices avaliativos, no entanto este último apresentou uma

trajetória mais equilibrada nas médias observadas. Além de vir apresentando resultados

satisfatórios em todas as avaliações, o município batistense também apresenta um acesso mais

viável ao pesquisador, uma vez que reside na região e já atuou na rede de ensino municipal

por um período de cinco anos, mais precisamente de 2010 a 2014.

Situado no Vale do Rio Tijucas, o município de São João Batista recebe este nome por

pelo fato do setor econômico girar em torno das empresas calçadistas.

Está localizado na região Sul do Brasil, no leste de Santa Catarina, a aproximadamente

77 km da capital Florianópolis (Figura 1). Seus municípios limítrofes são Antônio Carlos,

Biguaçu, Canelinha, Major Gercino, Nova Trento e Tijucas. Possui uma área de 221,051 Km²,

o que o coloca em 151º no ranking estadual em extensão territorial dentre os 295 municípios

catarinenses. Em habitantes, a população estimada para 2014 foi de 31 534 mil habitantes,

sendo que a maioria reside em área urbana (BRASIL, 2014b).

Page 21: Junior Cesar Mota - Univali

Figura 1: Localização do município de São João Batista SC. Fonte: Google Maps.

São João Batista foi fundado em 1834 com a chegada do capitão João de Amorim

Pereira, um catarinense do município de São José. Em 1836, chegava o primeiro grupo de

imigrantes na cidade, vindos de Sardenha, Itália. Assim, a cidade passou a ser a primeira

colônia italiana do Brasil, recebendo o nome de Nova Itália. Posteriormente, colonizadores

açorianos passaram a ocupar espaço na cidade, hegemonizando a etnia e a cultura local.

Durante 124 anos, a cidade pertenceu ao município de Tijucas. Sua emancipação

aconteceu no dia 19 de julho de 1958, tendo como primeiro prefeito provisório o Senhor

Gentil Silva. No início da emancipação, o principal setor econômico era a agricultura,

destacando-se a produção de cana-de-açúcar (MAURICI, 2008). Atualmente, a cidade

batistense possui o ramo calçadista como maior fonte de economia. No total, são mais de 100

catarinense do c

BATISTA, 2014).

Em questões ambientais, São João Batista possui em seu Plano Diretor a estratégia de

proteção e qualificação ambiental que

[...] compreende ações de conservação, preservação e recuperação dos recursos e das condições naturais, bem como a promoção de suas potencialidades, por meio de um conjunto de programas e planos, a serem executados pelo Poder Público Municipal, preferencialmente, em parceria com outras esferas administrativas, sejam outros municípios, o Estado, a União e a sociedade civil, visando a melhoria da qualidade ambiental da cidade. (SÃO JOÃO BATISTA, 2013)

Page 22: Junior Cesar Mota - Univali

Os programas que constituem essa estratégia são: Programa de saneamento ambiental

integrado; Programa de valorização da paisagem e de adequação legal das áreas de interesse

ambiental; Programa de implantação e manutenção do sistema de áreas verdes; Programa de

controle da mineração e recuperação de passivos ambientais; Programa de institucionalização

da política ambiental municipal.

Na esfera educacional, no que se refere à Educação Básica, São João Batista possui 34

instituições escolares. Estas dividem-se em pré-escolares (18), ensino fundamental (12),

ensino médio (2) e EJA (2). Das 13 escolas que fornecem ensino fundamental, oito são

municipais (uma oferece apenas ensino do pré-escolar ao 3º ano do Ensino Fundamental I),

duas pertencem à rede privada e três são estaduais (BRASIL, 2014a).

O IDEB do município, referente aos anos iniciais das escolas municipais (Quadro 2) e

das escolas estaduais (Quadro 3), vem atingindo as metas projetadas pelo Ministério da

Educação e Cultura (MEC).

Quadro 2: IDEB observado e metas projetadas Anos iniciais da rede municipal.

Fonte: BRASIL, 2014b.

Quadro 3: IDEB observado e metas projetadas Anos iniciais da rede estadual.

Fonte: BRASIL, 2014b.

Como se pode verificar, entre os anos de 2005 e 2013, os índices mostraram um

rendimento bastante satisfatório, ultrapassando 6.0 pontos nos anos de 2011 e 2013 tanto para

a rede municipal quanto para a estadual. Se comparamos os resultados da qualidade de ensino

das escolas municipais brasileiras (Figura 2), o município batistense se manteve à frente com

uma vantagem de 1.0 ou mais pontos em todos os anos em que a avaliação foi realizada.

Page 23: Junior Cesar Mota - Univali

Figura 2: Índices do IDEB de escolas municipais de São João Batista e do Brasil. Fonte: Elaborado pelo pesquisador com dados obtidos no INEP (2014b). Com base nos dados analisados, os resultados apontam índices significativos para que

se considere de qualidade a educação oferecida pelo município de São João Batista, uma vez

que apresenta índices para além do projetado em todas as avaliações pelas quais os anos

iniciais do ensino fundamental foram submetidos.

Posto isto, visando uma melhor organização e compreensão, esta dissertação está

subdividida em seções. A Introdução apresenta a problematização e a caracterização da

temática, as questões da pesquisa, os objetivos a serem atingidos, a relevância desse estudo,

bem como a caracterização do município em que a pesquisa está sendo realizada.

Posteriormente, são apresentados dois capítulos que fundamentam teoricamente a

pesquisa. O primeiro Educação Ambiental e Sustentabilidade: dialogando

, propõe explanar definições acerca da EA e da

sustentabilidade, para que uma análise de dados com maior rigor científico seja possível. Para

essas definições, serão utilizados autores e pesquisadores da área, documentos oficiais, bem

como as abordagens que o PNES traz em sua versão preliminar.

O segundo, por sua vez, apresenta o PNES, envolvendo seu contexto de criação; uma

explanação sobre as quatro dimensões currículo, gestão democrática, espaço físico e relação

escola-comunidade que dão sustentação ao processo de transição das escolas para EES; a

intencionalidade princípios e características do PNES; e o PDDE Escolas Sustentáveis.

Dando continuidade, encontra-se o capítulo voltado ao Percurso metodológico. Nele

são detalhadas as etapas da realização da pesquisa referente à sua abordagem, às fontes de

Page 24: Junior Cesar Mota - Univali

evidências, a preparação e a coleta dos dados e seu processo de análise. Após, é apresentado o

capítulo Análise e compartilhamento dos dados à luz dos referenciais teóricos abordados

durante a pesquisa.

Posteriormente, as Considerações e Recomendações, as quais retomam as questões

principais desse estudo, trazendo algumas conclusões e possibilidades para futuras pesquisas.

Por fim, as Referências e Apêndices.

Page 25: Junior Cesar Mota - Univali

CAPÍTULO 2 EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE: DIALOGANDO COM OS REFERENCIAIS TEÓRICOS

Neste capítulo abordar-se-á acerca da EA e da sustentabilidade à luz de referenciais

teóricos e de documentos oficiais, com o propósito de evidenciar algumas definições para

esses dois termos polissêmicos, bem como contextualizar suas inserções no contexto

educativo.

2.1 EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Antes de tudo, convém ressaltar que:

educação para... inúmeras

gestão do meio ambiente. Trata-se de uma dimensão essencial da educação fundamental que diz respeito a uma esfera de interações que está na base do desenvolvimento pessoal e social. (SAUVÉ, 2005 p. 317, grifos do pesquisador)

Posto isto, compreende-se a ênfase em documentos internacionais e nacionais da

inserção da EA em todos os níveis de ensino, tamanha sua relevância para o processo de

desenvolvimento pessoal e social dos sujeitos.

Para assegurar o acesso à mesma, como direito e dever do Estado e dos cidadãos, o

Art. 225 da CF, mais precisamente em seu parágrafo I, inciso VI, evidencia que a EA precisa

ser promovida em todos os níveis de ensino, bem como uma conscientização pública para a

preservação do meio ambiente (BRASIL, 1988).

Posteriormente, o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e

Responsabilidade Global elaborado em 1992, no Fórum Global das ONGs, paralelo à

Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92), apresenta

a EA com uma série de características necessárias para a incorporação de ações

ambientalmente críticas e transformadoras, da seguinte forma:

A educação ambiental deve ter como base o pensamento crítico e inovador, em qualquer tempo ou lugar, em seus modos formal, não-formal e informal, promovendo a transformação e a construção da sociedade. [...] é individual e coletiva. Tem o propósito de formar cidadãos com consciência local e planetária, que respeitem a autodeterminação dos povos e a soberania das nações. A educação ambiental não é neutra, mas ideológica. É um ato político e precisa [...] envolver uma perspectiva holística, enfocando a relação entre o ser humano, a natureza e o universo de forma interdisciplinar. [...] A educação ambiental deve tratar as questões globais críticas, suas causas e inter-relações em uma perspectiva sistêmica, em seu contexto social e histórico. (BRASIL, 1992, p. 2)

Page 26: Junior Cesar Mota - Univali

Mais recentemente, em 2012, as DCNEA retomam o Tratado e o marco legal da CF e

da Lei 9795/99, que instituiu a PNEA, regulamentada em 2012, explicitando que

A Educação Ambiental é uma dimensão da educação, é atividade intencional da prática social, que deve imprimir ao desenvolvimento individual um caráter social em sua relação com a natureza e com os outros seres humanos, visando potencializar essa atividade humana com a finalidade de torná-la plena de prática social e de ética ambiental. (BRASIL, 2012a, p. 2)

Corroborando com essas bases e com o conceito de Sauvé, Tozoni-Reis (2006, p. 13),

dimensões: portanto, é preciso considerar a formação do homem no espaço educacional mais

amplo ou no espaço educacional mais restrito ebe-se que a

EA está articulada aos processos de interação social, buscando promover uma abordagem

realidade socioambiental, dos problemas existentes e das possíveis soluções para minimizá-

los e transformar a realidade em que está inserido.

Desse modo, em função dos objetivos e a intencionalidade dessa pesquisa, se torna

necessário, além do que já foi exposto, uma explanação mais abrangente sobre algumas

definições acerca da EA, para que o posterior processo de análise dos dados aconteça

dialogicamente com os referenciais aqui apresentados.

A priori, recorre-se ao PNES a fim de verificar qual a definição de EA contida em sua

versão preliminar. Mediante análise, percebeu-se que o programa aborda as definições de EA

a partir de outros documentos.

Incialmente, busca as raízes no Tratado de Educação Ambiental para Sociedades

Sustentáveis e Responsabilidade Global, mencionado anteriormente. O PNES compartilha da

políticas, comprometida com a mudança social, rompendo com o modelo fundado na ilusão

Posteriormente, o programa traz a definição de EA contida na PNEA (1999), a qual

evidencia que a EA promove processos por meio dos quais os sujeitos e a coletividade

constroem valores sociais, conhecimentos, estratégias, atitudes e competências voltados para

ao cuidado do meio ambiente, fundamental à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.

No que se refere às questões teóricas, Carvalho (2004, p. 15) aponta que a EA tem

sido categorizada de muitas maneiras. Nessa categorização, pode-se dizer que surgem duas

macrocategorias: F (como); e Espaços em que é possível desenvolver a

Page 27: Junior Cesar Mota - Univali

EA (onde). Outros autores do campo da EA e documentos também discutem essas categorias,

como pode ser sintetizado na Figura 3.

Figura 3: Categorizações da EA. Fonte: Elaborada pelo pesquisador.

Nessa mesma perspectiva, Sauvé (2005) sugeriu

(Quadro 4), caracterizando 15 correntes elaboradas a partir de suas

pesquisas, que podem estar incluídas ou não nessas categorizações da EA apresentadas acima.

Essas correntes articulam os objetivos da EA com outros termos considerados relevantes pela

autora, como as concepções de meio ambiente, os enfoques dominantes e as estratégias de

ação.

Quadro 4: Correntes em Educação Ambiental.

Cor

rent

es

Concepções

de Meio Ambiente

Objetivos da EA

Enfoques dominantes

Exemplos de estratégias

Nat

ural

ista

Natureza Reconstruir uma ligação com

a natureza.

Sensorial; Experimental;

Afetivo; Cognitivo;

Criativo/Estético;

Imersão; Interpretação; Jogos sensoriais;

Atividades de descoberta.

Form

as d

e fa

zer

a E

A

Esp

aços

da

EA

Page 28: Junior Cesar Mota - Univali

Cor

rent

es

Concepções

de Meio Ambiente

Objetivos da EA

Enfoques dominantes

Exemplos de estratégias

Rec

ursi

sta

Recurso

Adotar comportamentos de conservação; Desenvolver

habilidades relativas à gestão ambiental.

Cognitivo; Pragmático;

Guia de comportamentos;

Projeto de gestão/

conservação.

Res

olut

iva

Problema Desenvolver habilidades de

resolução de problemas (RP): do diagnóstico à ação.

Cognitivo; Pragmático;

Estudos de caso: análise de situações;

Experiência de RP associada a um projeto.

Sist

êmic

a

Sistema

Desenvolver o pensamento sistêmico: análise e síntese

para uma visão global; Compreender as realidades

ambientais.

Cognitivo Estudos de caso: análise de sistemas ambientais.

Cie

ntíf

ica

Objeto de Estudos

Adquirir conhecimentos em ciências ambientais;

Desenvolver habilidades relativas à experiência

científica.

Cognitivo; Experimental;

Estudo de fenômenos; Observação;

Demonstração; Experimentação;

Atividade de pesquisa hipotético dedutivo.

Hum

anis

ta

Meio de vida

Conhecer seu meio de vida e conhecer-se melhor em

relação a ele; Desenvolver um sentimento de pertença.

Sensorial; Cognitivo; Afetivo;

Experimental; Criativo/Estético;

Estudo do meio; Itinerário ambiental; Leitura de paisagem.

Mor

al/

Éti

ca

Objeto de Valores

Dar prova de ecocivismo; Desenvolver um sistema ético.

Cognitivo; Afetivo; Moral;

Análise de valores; Definição de valores;

Crítica de valores sociais.

Hol

ísti

ca

Totalidade

Desenvolver as múltiplas dimensões de seu ser em

interação com o conjunto de dimensões do meio ambiente;

Desenvolver conhecimento

atuar participativo em e com o meio ambiente.

Holístico; Orgânico; Intuitivo; Criativo;

Exploração livre; Visualização; Oficinas

de criação; Integração de estratégias

complementares.

Prá

xica

Cadinho de ação/reflexão

Aprender em, para e pela ação; Desenvolver

competências de reflexão. Práxico Pesquisa-ação.

Bio

rreg

iona

lista

Lugar de pertença; Projeto

comunitário;

Desenvolver competências em ecodesenvolvimento

comunitário, local ou regional.

Cognitivo; Afetivo;

Experiencial; Pragmático;

Criativo;

Exploração do meio; Projeto comunitário;

Criação de ecoempresas.

Page 29: Junior Cesar Mota - Univali

Cor

rent

es

Concepções

de Meio Ambiente

Objetivos da EA

Enfoques dominantes

Exemplos de estratégias

Crí

tica

Objeto de Transformação

Lugar de emancipação;

Desconstruir as realidades socioambientais visando transformar o que causa

problemas.

Práxico; Reflexivo;

Dialogístico;

Análise de discurso; Estudo de casos;

Debates; Pesquisa-ação.

Fem

inis

ta

Objeto de Solicitude

Integrar os valores feministas à relação com o meio

ambiente.

Intuitivo; Afetivo; Simbólico; Espiritual;

Criativo/Estético;

Estudos de casos; Imersão; Oficinas de criação; Atividade de

intercâmbio, de comunicação.

Etn

ográ

fica

Território; Lugar de

identidade; Natureza/ Cultura;

Reconhecer a estreita ligação entre natureza e cultura;

Aclarar sua própria cosmologia; Valorizar a dimensão cultural de sua

relação com o meio ambiente

Experiencial; Intuitivo; Afetivo;

Simbólico; Espiritual;

Criativo/Estético;

Contos, narrações e lendas; Estudos de casos; Imersão; Modelização.

Eco

educ

ação

Polo de interação para transformação

pessoal; Cadinho de identidade;

Experimentar o meio ambiente para experimentar-se e

formar-se em e pelo meio ambiente; Construir uma

melhor relação com o mundo.

Experiencial; Sensorial; Intuitivo; Afetivo;

Simbólico; Criativo;

Relato de vida; Imersão; Exploração;

Introspecção; Escuta sensível; Alternância

subjetiva/objetiva; Brincadeiras.

Des

envo

lvim

ento

Su

sten

táve

l Recursos ao desenvolv.

Econômico; Recurso

compartilhado;

Promover um desenvolvimento respeitoso

dos aspectos sociais e do meio ambiente; Contribuir para esse desenvolvimento.

Pragmático; Cognitivo;

Estudos de caso; Experiência de resolução de problemas; Projeto de

desenvolvimento de sustentação e sustentável.

Fonte: Modificado a partir de Sauvé (2005, p. 40-42).

Embora as correntes possam parecer distintas entre si no que tange às suas

especificidades, algumas possuem aspectos semelhantes. Assim sendo, muitas vezes, os

sujeitos apresentam diversas proposições acerca da EA, transitando por zonas de

convergência entre as diferentes correntes existentes (SAUVÉ, 2005). Para a autora (2005, p.

18),

e não um grilhão que obriga a classificar tudo em categorias rígidas, com o risco de deformar

a realidade

op. cit., p. 17).

Diante das correntes apresentadas pela autora e da breve definição de algumas das

categorizações existentes de EA, não julgando as demais como menos importantes, merece

destaque a EA crítica, também adjetivada de emancipatória e/ou transformadora

Page 30: Junior Cesar Mota - Univali

(CARVALHO, 2004; GUIMARÃES, 2004; JACOBI, 2006; LOUREIRO, 2012; TOZONI-

REIS, 2006).

Critica na medida em que discute e explicita as contradições do atual modelo de civilização, da relação sociedade-natureza e das relações sociais que ele institui. Transformadora, porque ao pôr em discussão o caráter do processo civilizatório em curso, acredita na capacidade da humanidade construir um outro futuro a partir da construção de um outro presente e, assim, instituindo novas relações dos seres humanos entre si e com a natureza. É também emancipatória, por tomar a liberdade como valor fundamental e buscar a produção da autonomia dos grupos subalternos, oprimidos e excluídos (QUINTAS, 2004, p. 132)

Esta escolha pela chamada EA crítica, se justifica pelo motivo desta se aproximar mais

da proposta desta pesquisa por se basear na ideia de análise da dimensão social da

problemática ambiental, com o objetivo de transformar a realidade, opondo-se ao chamado

modelo de EA convencional ou conservadora.

Para consolidar ainda mais essa escolha, as palavras de Figueiredo (2006, p. 2, grifos

do pesquisador) foram cruciais quando este afirma de que boa parte daquilo que se diz tratar

contexto no qual se insere ou com o qual interage, alicerçadas em conceitos vazios, palavras

ocas, ou ativismo irrefletido, polaridades indesejáveis para quem pensa uma EA crítica e

transformadora.

Loureiro e Layrargues (2013, p. 64) corroboram este entendimento, quando enfatizam

que a EA crítica:

[...] é aquela que em síntese busca pelo menos três situações pedagógicas: a) efetuar uma consistente análise da conjuntura complexa da realidade a fim de ter os fundamentos necessários para questionar os condicionantes sociais historicamente produzidos que implicam a reprodução social e geram a desigualdade e os conflitos ambientais; b) trabalhar a autonomia e a liberdade dos agentes sociais ante as relações de expropriação, opressão e dominação próprias da modernidade capitalista; c) implantar a transformação mais radical possível do padrão societário dominante, no qual se definem a situação de degradação intensiva da natureza e em seu interior, da condição humana.

Nesta perspectiva, requer lembrar que

de saberes desunidos e compartimentalizados, mas da apreensão da realidade a partir de

36). Os conceitos, as vivências, os discursos e os desafios colocados pelo aumento da crise

ambiental principalmente voltada às questões capitalistas, se interligam em um contexto em

prol da sensibilização ambiental, e não estão desconectados como nas concepções

convencionais ou conservadoras de ensino.

No entanto,

Page 31: Junior Cesar Mota - Univali

Não é suficiente que façamos a denúncia do modo de produção capitalista, é preciso construir utopias que orientem a nossa práxis, no entanto, sem desconsiderar que somos pressionados interna e externamente por argumentos que podem arrefecer o ímpeto de nossa ação que poderá de crítico-transformadora se converter em crítico-conservadora. (TREIN, 2012, p. 9)

Para isto, a EA em uma perspectiva crítica propõe formar dinamizadores ambientais

educativos, que motivados pela reflexão crítica, mobilizem ações de intervenção sobre as

dinâmicas estabelecidas e constituintes da realidade socioambiental (GUIMARÃES, 2004).

Ou seja, a EA é, antes de tudo, necessária à ressignificação de valores éticos, na reflexão de

mudanças de atitudes, no desenvolvimento de uma nova consciência com relação ao meio

ambiente (GUERRA; TAGLIEBER, 2009).

a qual se distancia do coletivo e dá ênfase ao indivíduo, focalizando o ato de educar voltado

apenas às mudanças comportamentais compatíveis a um determinado padrão idealizado de

-cultura,

com uma tendência a aceitar a ordem social estabelecida como condição dada, sem crítica às

80).

Ratificando esta ideia, Tozoni-

conhecimentos sejam apropriados, construídos, de forma dinâmica, coletiva, cooperativa,

contínua, interdisciplinar, democrática e participativa, voltados para a construção de

2.2 SUSTENTABILIDADE

Outro conceito polissêmico é o de sustentabilidade. Mas qual seria a melhor definição

de sustentabilidade, tendo em vista que

grande diversidade de sentidos, podendo ser pensado mais como um conceito em disputa do

que uma categoria descritiva e estável no campo de interlocução (CARVALHO,

2008, p.53).

Ao realizar a busca etimológica da palavra no Dicionário Priberam da Língua

Portuguesa online, verificou- composto proveniente do

latim sustentável+idade, direcionando seu conceito para um modelo de sistema que tem

condições para se manter ou conservar com o passar dos tempos.

No campo da EA, ele assume um especial significado, uma vez que existem inúmeros

conceitos e também dimensões relacionadas à mesma. Guerra, Figueiredo e Pereira (2010, p.

191) destacam que a questão da sustentabil

Page 32: Junior Cesar Mota - Univali

limitada na sua utilidade, uma vez que ainda falta um consenso com relação as suas diferentes

concepções. Assim, é fundamental refletir como reconciliar os valores da sustentabilidade

econômica, ambiental,

Ainda, conforme esses autores,

Apesar da iniciativa de inclusão e discussão da sustentabilidade ambiental nas políticas públicas de EA e meio ambiente, observa-se que, em artigos, editoriais, livros e nas mídias, ainda ocorre uma crescente vulgarização dos termos

quando envolvem questões econômicas e debates teóricos no campo educacional e socioambiental. (op. cit., 2010, p. 192)

Em função desses debates, alguns autores buscaram compreender e definir um termo

para sustentabilidade5. Jacobi (2003, p. 195), salienta que:

A ideia de sustentabilidade implica a prevalência da premissa de que é preciso definir limites às possibilidades de crescimento e delinear um conjunto de iniciativas que levem em conta a existência de interlocutores e participantes sociais relevantes e ativos por meio de práticas educativas e de um processo de diálogo informado, o que reforça um sentimento de corresponsabilidade e de constituição de valores éticos.

tenha a interface das três dimensões economia, sociedade e ambiente , mas acabou

tornando- uma vez que, muitas vezes é apenas um discurso sem

práticas.

Já Boff (2012), publicou em seu portal eletrônico que sustentabilidade são as ações

destinadas a manter as condições energéticas, informacionais, físico-químicas que

sustentam todos os seres, especialmente a Terra viva, a comunidade de vida e a vida humana,

visando a sua continuidade e ainda a atender as necessidades da geração presente e das

Além dessas diferentes concepções mencionadas pelos autores acima, vale ressaltar

que, na década de 90, a sustentabilidade foi vista dividida em dimensões que passaram a ser

conhecidas como Triple Bottom Line6 ou Tripé da Sustentabilidade, uma vez que existe

articulação entre a economia, a sociedade e o ambiente (DIAS, 2011).

5 Não vamos nos aprofundar nesse trabalho na discussão sobre a ambiguidade dos conceitos de sustentabilidade e desenvolvimento sustentável. Ver sobre isso em Guerra e Figueiredo (2010), Lima (2003), Freitas (2004), dentre outros. 6 O triple bottom line é também People, Planet, Profit People - Refere-se ao tratamento do capital humano de uma empresa ou sociedade. Planet - Refere-se ao capital natural de uma empresa ou sociedade; e Profit - Trata-se do lucro. É o resultado econômico positivo de uma empresa. (DIAS, 2011)

Page 33: Junior Cesar Mota - Univali

Resumindo, é importante resgatar também, o pensamento de Ignacy Sachs, eco-

socioeconomista polonês, quanto salientou que há diferentes dimensões da sustentabilidade,

abordadas a seguir.

Quadro 5: As oito dimensões da Sustentabilidade de Sachs

Fonte: Elaborado pelo autor com base em Sachs (2002, p. 71 73)

Essas oito dimensões abordadas por Sachs apontam que, para que a sustentabilidade

de fato ocorra em uma sociedade multicultural, marcada cada vez mais pelas relações de

produção e consumo, interesses capitalistas, tanto públicos e /ou privados, é necessário que

antes de tudo, sejam valorizadas as pessoas, suas culturas e tradições, possibilitando um

diálogo de saberes, como bem coloca Boaventura Santos (2010), entre os saberes científicos e

os provindos da tradição.

Gadotti (2008) vem ao encontro com este pensamento, quando afirma que para viver

com sustentabilidade, é preciso desenvolvermos uma sociedade justa, onde sejamos corretos

ambientalmente, com uma cultura respeitosa das diferenças. Por fim, Guerra (2010, p. 575)

Dimensão

Caracterização

1. Social

Alcance de uma homogeneidade social, com distribuição de renda justa, emprego pleno e/ou autônomo com qualidade e igualdade no acesso aos serviços e recursos sociais.

2. Cultural

Mudanças no interior da comunidade (equilíbrio entre respeito à tradição e inovação), capacidade de autonomia para elaboração de um projeto nacional integrado e endógeno, e autoconfiança, combinada com abertura para o mundo.

3. Ecológica

Relacionada à preservação do potencial do capital natural na sua produção de recursos renováveis e à limitação do uso dos recursos não renováveis.

4. Ambiental

Respeito e realce da capacidade de autodepuração dos ecossistemas naturais.

5. Territorial

Configurações urbanas e rurais balanceadas, melhoria do ambiente urbano, superação das disparidades inter-regionais e estratégias de desenvolvimento ambientalmente seguras para áreas ecologicamente frágeis.

6. Econômica

Desenvolvimento econômico intersetorial equilibrado, com segurança alimentar, capacidade de modernização contínua dos instrumentos de produção, razoável nível de autonomia na pesquisa científica e tecnológica, e inserção na economia internacional.

7. Política (Nacional)

Democracia definida em termos de apropriação universal dos direitos humanos, desenvolvimento da capacidade do Estado para implementar projetos nacionais, em parceria com todos os empreendedores e um nível razoável de coesão social.

8. Política (Internacional)

Eficácia do sistema de prevenção de guerras da ONU, na garantia da paz, prevenção das mudanças globais, proteção da diversidade biológica (e cultural), gestão do patrimônio global, como herança comum da humanidade.

Page 34: Junior Cesar Mota - Univali

complementa, evidenciando que, para que esse respeito às diferenças aconteça, é preciso [...]

integrar o saber escolar e o saber social com o conhecimento científico e os saberes docentes,

representados pelas experiências e vivências dos/das professores (as) em suas prát

Afinal, o que importa é discutir a sustentabilidade da vida, em todas as suas dimensões, e não considerar apenas o ponto de vista do crescimento econômico a qualquer preço, o que torna o modelo econômico capitalista e a sociedade (in) sustentáveis. Esse enfoque poderia/deveria ser a prioridade das políticas públicas, nas áreas educacionais, de meio ambiente, saúde e também das políticas econô oikos (casa), e reaproximando e ressignificando a (eco) logia e a (eco) nomia. (ROSA, 2011, p. 63)

Ruscheinsky (2004), por usa vez, incluiu também a questão da ética ambiental como

uma das premissas para a sustentabilidade e afirma que por meio da diversidade dessas

abordagens é possível delinear suas dimensões, contemplando as propostas metodológicas na

análise e nos encaminhamentos, bem como os seus diferentes níveis e dimensões embutidas

egração entre essas dimensões que

epistemológica para sua inserção nos currículos das instituições de ensino.

Nesse sentido, no que compete à inserção da sustentabilidade no contexto educativo,

há de se concordar com Silva (2014) que todos os aspectos da comunidade escolar precisam

ser revisitados e revigorados com vistas a atingir a sustentabilidade socioambiental.

Entretanto, isso torna-se um desafio, haja visto que há uma necessidade de romper com a

zona de conforto e rotinas escolares, que impedem o avanço das transformações na escola, o

que ocorra a inserção e uma adequada implementação dos saberes e valores da

sustentabilidade socioambiental.

Assim sendo, essas mudanças precisam ocorrer para que os discursos sustentáveis

sejam articulados a práticas sustentáveis, a fim de promover nos sujeitos, tanto da comunidade

escolar, quanto da local, uma sensibilização capaz de impulsioná-los à tomada de decisões

ambientalmente justas. Essa sensibilização precisa fazer emergir um sentido de pertencimento

desses sujeitos ao ambiente, possibilitando a internalização da definição de sustentabilidade,

antes de tudo, com um sentimento de ética, de equidade, de justiça socioambiental e do

cuidado de si, do outro e do meio ambiente.

Ou seja, segundo Guerra (2010), é repensar as práticas para compreender os desafios à

sustentabilidade em suas diferentes dimensões com o apoio das pesquisas e inovações em

diferentes áreas do conhecimento, de forma que emerjam possibilidades de

Page 35: Junior Cesar Mota - Univali

desenvolvimento da interação, da cooperação e da autonomia entre os aprendentes

(formadores, professores, pesquisadores, educandos e comunidade), para o enfrentamento

(op. cit. p. 575).

Os escritos acerca da EA e da sustentabilidade apresentados nesse capítulo foram

importantes para situar o leitor de que há uma emergente necessidade de discutir sobre a

relação entre esses dois termos pois, como a pesquisa tem o foco na transição de escolas para

EES, sem o entendimento e a internalização dos mesmos, o processo de transição se torna

ainda mais complexo.

Posto isto, o próximo capítulo apresenta questões pertinentes e necessárias para a

compreensão de como a transição para um EES vem sendo discutida e implementada no

Brasil.

Page 36: Junior Cesar Mota - Univali

CAPÍTULO 3 O PROGRAMA NACIONAL ESCOLAS SUSTENTÁVEIS PNES E OS ESPAÇOS EDUCADORES SUSTENTÁVEIS

Era uma vez uma cidade que possuía uma comunidade, que possuía uma escola. Mas os muros dessa escola eram

fechados a essa comunidade. De repente, caíram-se os muros e não se sabia mais onde terminava a escola, onde começava a comunidade. E a cidade passou a ser uma grande aventura

do conhecimento (UNICEF, 2008).

Nesse capítulo, será abordado o Programa Nacional Escolas Sustentáveis PNES,

envolvendo seu contexto de criação, sua base legal, bem como seus princípios e

características fundamentais, embora o mesmo ainda esteja no campo das intencionalidades,

haja visto que se encontra em discussão no Ministério de Educação. Uma vez que esse

Programa já envolve inúmeras escolas no país, espera-se que, como definido nas DCNEA

(BRASIL, 2012a), esse Programa também passe pela transição de uma política de governo

para a de política pública no campo da EA.

Ainda, será explanado sobre o Programa PDDE Escolas Sustentáveis, também em

revisão pelo MEC, mas fundamental no contexto da transição das escolas para espaços

educadores sustentáveis, uma vez que favorece a melhoria da qualidade de ensino e a

promoção da sustentabilidade socioambiental nas unidades escolares.

Além disso, serão apresentadas algumas definições de termos, tais como as de Espaços

Educadores Sustentáveis, gestão democrática, currículo, espaço físico e relação escola-

comunidade, fundamentais para compreender o contexto e a intenção dos programas

mencionados. Essas explanações são importantes, uma vez que se faz necessário investigar as

raízes da criação de determinada abordagem ou teoria, essencial para compreender o que se

tem em mãos para análise.

3.1 ESPAÇOS EDUCADORES SUSTENTÁVEIS (EES)

tendo em vista que, para existir uma transição para um espaço educador sustentável, é

necessário que haja de antemão, um espaço educador em funcionamento.

Ao buscar a raiz etimológica das palavras, percebe-

Dicionário Priberam da Língua Portuguesa online, se deriva do latim spatium, cujo

significado está em torno de um lugar vazio, distância ou intervalo de tempo. Já, referente à

Page 37: Junior Cesar Mota - Univali

educatore, tendo por definição o ato de cuidar,

ensinar e dar valores.

Diante dessa base etimológica, organizando as definições encontradas para esses dois

termos, entende-se que esses espaços educadores seriam lugares que proporcionariam

momentos para o ensinar, o cuidar, à construção e à ressignificação de saberes, atitudes e

valores, os quais estão interligados em prol de uma aprendizagem significativa, tanto

individual, quanto coletiva.

Ou seja, entendo que um espaço educador é aquele que possibilita ocasiões em que o

processo de ensino-

a responsabilidade de educar. Para alcançar esse objetivo, os espaços educadores dialogam

com a realidade dos aprendentes e se constituem em referências de seus valores para a

(BORGES, 2011, p. 13).

Mas então, o que se entende por espaços educadores sustentáveis? Segundo a versão

preliminar do PNES,

Espaços educadores sustentáveis são definidos como aqueles que, em seu fazer pedagógico, criam condições para promover a cultura da sustentabilidade socioambiental. Ou seja, refletem essa intencionalidade de forma articulada no currículo, nas edificações, em seu modelo de gestão e nas relações escola-comunidade, buscando, sobretudo, possibilitar a experiência do sujeito ecológico7. (BRASIL, 2014d, p. 1)

Para Gadotti (2009), esses espaços podem ser entendidos como locais que permitem

uma troca de informações entre os indivíduos e o ambiente, nos quais grande parte dos

processos de aprendizagem está sujeita a essa relação que se estabelece com o meio.

Já de acordo com o material elaborado pelo MEC, em parceria com o Ministério do

Escola

[...] onde as pessoas cuidam das relações que estabelecem uns com os outros, com a natureza e com o ambiente. Esse espaço tem uma intencionalidade deliberada de educar para a sustentabilidade, mantém coerência entre as práticas e posturas e se responsabilizam pelos impactos que geram. Dessa forma buscam compensá-los com tecnologias apropriadas. Eles nos ajudam a aprender, a pensar e a agir para construir o presente e o futuro com criatividade, inclusão, liberdade e respeito às diferenças, aos direitos humanos e ao meio ambiente.

7 Compreende-ecologicamente orientado. Trata-se de um conceito que dá nome àqueles aspectos da vida psíquica e social que são orientados por valores ecológicos. O sujeito ecológico pode ser ainda descrito como um ideal ou uma utopia

2010, p.1).

Page 38: Junior Cesar Mota - Univali

Estabelecendo um diálogo com essas definições, são espaços capazes de sensibilizar

os sujeitos para a formação da cidadania ambiental, prevalecendo de conceitos e práticas

voltadas à EA e à sustentabilidade socioambiental. Enfim, um espaço que incentive a

criatividade, a construção de uma nova visão de ser e de estar no mundo, que articule

compaixão, interação, cooperação e a colaboração com os outros e com o meio ambiente.

Para que isso aconteça, é necessário repensar o ambiente escolar, no sentido de torná-

lo integrador, educador e sustentável, o que implica sua adequação em termos arquitetônicos,

[...], mas também o currículo e os processos decisórios locais em coerência com os princípios

É pertinente também fazer uso das palavras de Kitzmann (2007, p. 555) de que as

ações educativas e de sensibilização voltadas à EA podem ocorrer tanto em uma sala de aula,

quanto em es

Ou seja, os espaços educadores sustentáveis abrangem uma variedade de

possibilidades e vão além do espaço escolar. No entanto, vale ressaltar que essa pesquisa está

voltada aos espaços como escolas sustentáveis, uma vez que os objetivos estão articulados às

instituições de ensino e não a espaços não-formais de aprendizagem.

Agora, no que diz respeito a ideia de escolas sustentáveis, esta definição vem sendo

utilizada em alguns países e tem se tornado fonte de referência para outros, como é o caso da

Inglaterra, Austrália, China, País de Gales, Escócia, Nova Zelândia, África do Sul e

Indonésia. (Quadro 6)

Quadro 6: Países e modelos de Escolas Sustentáveis.

Nomenclatura

Localização Descrição

Shelburne Farms’ Sustainable

school

www.sustainableschoolsproject.org

Inglaterra

Considera três pontos essenciais: Cuidado de si e para o ambiente local e global; Envolvimento do currículo, escola e comunidade; Seleção de temas sustentáveis para as escolas desenvolverem suas práticas.

Whole-school

www.wholeschool.ie

Nova Zelândia; Suécia; China e alguns países

europeus.

Escola completa, escola como organização, ou como escola integral. As abordagens para a sustentabilidade incorporam todos os elementos da vida escolar como: escola de governança, abordagens pedagógicas, currículo, gestão de recursos e parcerias com a comunidade local.

ENSI Eco-schools

www.ensi.org

Europa e Austrália.

O objetivo é desenvolver, testar e publicar métodos de ensino e aprendizagem que definem as boas práticas de EA por meio da criação de parcerias entre escolas internacionais e realização de estudos.

Page 39: Junior Cesar Mota - Univali

Fonte: Dados compilados por meio de pesquisas A Pesquisa em Educação Ambiental e os Espaços Educadores Sustentáveis

Por mais diferentes que sejam os contextos sociais e econômicos dos países acima,

percebe-se que o objetivo central dos programas é o mesmo: trabalhar as temáticas ambientais

e sustentáveis, articulando as dimensões existentes nas instituições escolares (currículo,

gestão democrática, espaço físico e comunidade), de modo interdisciplinar.

É nessa vertente que o PNES pretende atuar, apoiando as escolas a realizarem a

transição para EES. Entretanto, o Programa sofre influência direta do modelo inglês

Shelburne Farms’ Sustainable school, como pode ser observado no próximo subcapítulo a

seguir.

3.2 O PNES: CONTEXTO DE CRIAÇÃO

A proposta governamental para a construção de escolas sustentáveis está estreitamente

interligada ao Programa Nacional de Mudança do Clima PNMC, elaborado em 2008, o qual

salienta que há uma necessidade de implementar programas de espaços educadores

sustentáveis com readequação de prédios (escolares e universitários) e da gestão, além da

formação de professores e da inserção da temática mudança do clima nos currículos e

, p. 113).

A elaboração da proposta do PNES emerge da Coordenação Geral de Educação

Ambiental CGEA, do MEC, tendo sua base no Edital nº 06 da SECADI/MEC, em 1º de

FEE Eco-school

www.eco-schools.org

Europa; Ásia; África e América

do Sul.

É uma organização sem fins lucrativos que reúne ONGs nacionais de execução de programas de EA, gestão e certificação.

Green School

www.greenoasis.org.cn

China

Centra-se na construção de habilidades, conhecimento para a gestão ambiental na escola e benefícios ambientais.

Green School Award

http://totalgreenschoolawards.org

Suécia

Este programa é apoiado por uma série de

trabalharem para o desenvolvimento sustentável.

Enviroschools

www.enviroschools.org.nz

Nova Zelândia Tem por objetivo promover uma geração de pessoas que instintivamente pensam e agem de forma sustentável.

Green School

www.greenschool.org

Indonésia

são incentivados a participar da cultura local e respeitar os costumes dos moradores.

Page 40: Junior Cesar Mota - Univali

abril de 20098. O objetivo principal estava voltado à convocação das Instituições integrantes

do Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB) para organizarem cursos de formação

continuada aos professores da rede pública da Educação Básica no Brasil (BRASIL, 2009).

Foi nesse intuito que a Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), a Universidade

Federal do Mato Grosso (UFMT) e a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS),

associaram-se para organizar um projeto que ofertasse cursos para professores sobre as

Escolas Sustentáveis. O curso, intitulado Processo Formativo em Educação Ambiental,

Escolas Sustentáveis e Com-vida9 , ocorreu em 2010 e abrangeu 1600 cursistas de 39 polos

da UAB situados em 16 estados e no Distrito Federal (PEREIRA; SOUZA; ZANON, 2011).

Nesse âmbito de constituição de Escolas Sustentáveis, o documento Vamos Cuidar

do Brasil com Escolas Sustentáveis10 , aborda ações estruturantes para as instituições de

ensino: a) Conferência Nacional Infanto-juvenil pelo Meio Ambiente; b) Formação

continuada de professores e estudantes; c) Inclusão digital com Ciência de Pés no Chão; d)

Ações Estruturantes: Com-Vidas, Coletivos Jovens de Meio Ambiente e Educação de Chico

Mendes (BRASIL, 2012).

Essas ações tornaram-se de extrema importância para a constituição de outros projetos

acerca das Escolas Sustentáveis. Entretanto, tendo em vista que o PNES é o objeto de estudo

dessa pesquisa, a ação referente à realização das edições da Conferência Nacional Infanto-

juvenil pelo Meio Ambiente (CNIJMA) ganhará destaque nesse momento. Segundo o site do

MEC referente à CNIJMA, essa conferência

É um instrumento voltado para o fortalecimento da cidadania ambiental nas escolas e comunidades a partir de uma educação crítica, participativa, democrática e transformadora. Ela se caracteriza como um processo dinâmico de encontros e diálogos, para debater temas propostos, deliberar coletivamente e escolher os representantes que levarão as ideias consensuadas para as etapas sucessivas.

Até o momento, já foram realizadas quatro conferências abrangendo escolas de todo o

país, conforme pode ser observado no quadro abaixo.

8 Documento disponível em http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rede_de_educacao.pdf. Acesso em 20 jun. 2014. 9 A Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida - Com-vida - é uma nova forma de organização na escola,

Círculos de Aprendizagem e Cultura. Estudantes são os principais articuladores da Com-vida. (BRASIL, 2012b,

10 É um subsídio pedagógico para a realização do processo da IV CNIJMA. Tem a função de explicitar o conceito de "espaço educador sustentável" e fornecer o fio lógico para conectar a temática das mudanças ambientais globais com as mudanças almejadas no currículo, na gestão e no espaço físico da escola com vistas à transição para a sustentabilidade. (BRASIL, 2012)

Page 41: Junior Cesar Mota - Univali

Quadro 7: Dados das Conferências realizadas.

Ano

Municípios Escolas Pessoas

I CNIJMA

2003 3 461 15 452 5 658 877

II CNIJMA

2005/2006 2 865 11 475 3 801 055

III CNIJMA

2009 2 828 11 631 3,7 milhões

IV CNIJMA11

2013 3 470 17 640 Mais de 9 milhões

Fonte: Elaborado pelo pesquisador a partir dos dados disponíveis no site do MEC.

Em consequência das recomendações da III CNIJMA, a versão preliminar do PNES

foi apresentada e discutida em 27 e 28 de maio de 2014, em Brasília, na reunião ampliada do

Comitê Assessor do Órgão Gestor da Política Nacional de Educação Ambiental, e

representantes das Secretarias Estaduais de Educação, pelo Ministério da Educação. A

referida reunião foi, realizada durante o II Seminário Nacional de Políticas de Educação em

Direitos Humanos, Cidadania e Meio Ambiente. O objetivo da reunião foi apreciar, oferecer

subsídios, contribuições e alternativas para possíveis tomadas de decisão que permitam a

implementação do Programa Nacional Escolas Sustentáveis12.

O debate realizado na reunião em torno da revisão da proposta da versão preliminar do

PNES, segue a lógica de transição de uma política de governo para estabelecimento de uma

política pública, e surge no momento em que há uma necessidade profunda de transformar a

forma de ensinar e aprender devido às mudanças socioambientais globais. Essa mudança no

processo de ensino-aprendizagem tem como perspectiva maior proporcionar conhecimentos

acerca do mapeamento e prevenção dos riscos, a sensibilização ambiental, entre outros

princípios fundamentais à sobrevivência humana (BRASIL, 2014d).

Além da necessidade das mudanças socioambientais, as escolas têm enfrentado outros

obstáculos frente a essa nova realidade de vulnerabilidade social que afeta a dimensão

educacional. O aumento de escala das matrículas, a multiculturalidade dos sujeitos, os

problemas estruturais e socioambientais nos quais as instituições de ensino estão imersas, faz

com que a melhoria da qualidade da educação pública no país seja um desafio a ser superado.

É neste universo, com foco na qualidade de ensino para o exercício da cidadania responsável,

à construção de um presente e um futuro ambientalmente saudável e socialmente justo, e à

transição das escolas rumo à sustentabilidade socioambiental que o PNES pretende atuar.

11 Os dados referentes à IV CNIJMA ainda não foram disponibilizados pelo MEC.12 Texto da carta convite encaminhada pelo MEC para participação na reunião, datada de abril de 2014.

Page 42: Junior Cesar Mota - Univali

Nesse sentido,

A proposta de política surgiu, no Brasil, em 2009, fruto das reflexões decorrentes da III Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente. Desde então, a Coordenação Geral de Educação Ambiental (CGEA) desenvolve ações voltadas a realizar este intento, por meio da formação continuada das comunidades escolares e também por meio do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) Escolas Sustentáveis. (BRASIL, 2014d)

Segundo Trajber e Sato (2010, p. 72), o PNES é oriundo do processo formativo em

EA, coordenado pela CGEA e executado de forma colaborativa pela UFOP, UFMT e UFMS.

Ele foi construído por profissionais da educação formal de todos os níveis e modalidades de

ensino do País, e, mais especificamente, de educadores e educadoras ambientais participantes

de eventos na área, nos quais houve espaço para debates ou foram criados instrumentos com o

objetivo de coletar subsídios à sua formulação. Ainda, profissionais de diversas áreas do

Ministério da Educação e de outros Ministérios, em especial do Ministério do Meio Ambiente

(MMA), mas também de Ciência, Tecnologia e Inovação, e da Integração Nacional,

colaboraram para que o programa fosse criado (BRASIL, 2014d).

Entretanto, Trajber e Sato (2010) ainda apontam a influência de um projeto realizado

na Inglaterra, denominado Shelburne Farms’ Sustainable Schools Project, mencionado

anteriormente, para a construção do PNES.

De acordo com o portal eletrônico inglês13, esse projeto

É um modelo dinâmico para a melhoria da escola e engajamento da sociedade elaborado para ajudar as escolas a usar a sustentabilidade como um contexto de integração para o currículo, parcerias com a comunidade, e as práticas da instituição escolar. Educar para a Sustentabilidade é a aprendizagem que liga o conhecimento, investigação e ação para ajudar os alunos a construírem um futuro saudável para as suas comunidades e para o planeta. Acredita-se que, se os estudantes têm um profundo conhecimento de seu lugar, se eles entendem a interconexão do mundo, e se eles têm experiência em fazer a diferença na sua comunidade, então eles vão se tornar cidadãos civicamente engajados e envolvidos na criação de comunidades sustentáveis (SHELBURNE FARMS, 2015. Tradução do autor14).

Muitos objetivos e interesses foram adaptados, considerando as necessidades e os

contextos político, histórico e econômico brasileiro. No entanto a base da ideia do projeto

permanece com intencionalidade semelhante no PNES: articular o currículo, a gestão

13 Disponível do sítio eletrônico www.sustainableschoolsproject.org.

14 It is a dynamic model for school improvement and civic engagement designed to help schools use sustainability as an integrating context for curriculum, community partnerships, and campus practices. Educating for Sustainability is learning that links knowledge, inquiry, and action to help students build a healthy future for their communities and the planet. We believe that if students have a deep knowledge of their place, if they understand the interconnectedness of the world, and if they have experience in making a difference in their community, then they will become civically engaged citizens involved in creating sustainable communities.

Page 43: Junior Cesar Mota - Univali

democrática, o espaço físico e a comunidade, em ações e estratégias voltadas às questões da

EA e da sustentabilidade socioambiental, conforme pode ser observado na figura abaixo.

Figura 4: Componentes do Programa Nacional Escolas Sustentáveis, versão preliminar.

Fonte: Brasil (2014d, p.10).

Segundo o documento que apresenta a versão preliminar do como se pode

perceber, algumas ações se repetem em todos os componentes. Tal repetição é proposital, já

que há necessidade de explicitar a intencionalidade de tornar as quatro dimensões

indissociáveis na transição para a sustentabilidade (BRASIL, 2014d, p. 10). E é justamente

nessa proposta da indissociabilidade, que pode residir um obstáculo para o entendimento de

que forma se dá esse processo de transição nas escolas.

Antes de dar continuidade à explanação da intencionalidade do PNES, é importante

realizar uma pausa para estabelecer uma discussão a respeito dessas quatro dimensões, haja

visto que, sem isto, a compreensão do processo de transição das escolas para espaços

educadores sustentáveis pode se tornar uma tarefa ainda mais complexa.

Page 44: Junior Cesar Mota - Univali

3.2.1 O currículo

um conceito abstrato que tenha algum tipo de existência fora e previamente à experiência humana. É, antes, um modo de organizar uma série de práticas

1987, p. 5 apud SACRISTÁN, 2000, p. 14)

Para Gesser e Ranghetti (2011, p. 15), o currículo, desde sua concepção como campo

de trabalho específico na área educacional, tem apresentado diversas definições, muitas vezes

polissêmicas e controversas. Entretanto, mesmo imersos em uma polissemia de definições,

busca-se abordar e explanar algumas delas com o propósito de tentar compreender o que

perpassa por trás desse termo.

Para início de conversa, é viável resgatar o sentido etimológico da palavra currículo.

Hamilton (1992, p. 10), mostra que a expressão curriculum deriva-se do latim, cujo

significado se manifesta como uma pista ou circuito atlético tinha ressonâncias similares

r sua vez,

aponta que o termo é oriundo de currere, relacionado às questões da carreira, uma meta a ser

atingida.

Mas de fato, o que é o currículo? Inicialmente, Pacheco (2003, p. 1) salienta que o

insere numa dinâmica e complexa

acompanhar as constantes transformações sociohistóricas e culturais da sociedade.

Já Veiga-Neto (2009, p. 32), concebe o currículo como

[...] um artefato escolar que, além de tratar do que e como ensinar e aprender isto é, além de tratar de conteúdos e de modos de ensinar e aprender , funciona como um dispositivo que nos ensina determinadas maneiras de perceber, significar e usar o espaço. Além disso, o currículo nos ensina a articularmos o espaço com o tempo. Pode-se dizer, então, que o currículo é, também, uma máquina de especialização e de temporalização.

barreiras

que impossibilitam a realização de associações como a realidade, o contexto histórico e social

nos quais os educadores e educandos estão inseridos, sejam rompidas. Sendo assim, torna-se

inviável pensar em um currículo que não considere todas as realidades, as diferenças sejam

elas sociais, étnicas, econômicas e/ou culturais e os aspectos históricos dos sujeitos.

Nesse sentido, há de se concordar com a afirmação de Ferri (2002, p. 92), de que não é

[...] fora da sua constituição social e histórica. Não é mais

Page 45: Junior Cesar Mota - Univali

possível encarar de modo ingênuo o papel constitutivo do conhecimento organizado em forma

Essa afirmação vem ao encontro das premissas de Gesse e Ranghetti (2011, p. 46)

quando salientam que

Os currículos são historicamente construídos e carregados de intencionalidades, valores, conteúdos, entre outras coisas. Isto pode ser observado pelas reformas educacionais curriculares promovidas em diferentes momentos históricos, as quais têm sido direcionadas de acordo com as necessidades econômicas, sociais, políticas, entre outros interesses, ou seja, pelos modos de produção de um sistema capitalista.

É nessa perspectiva de valores, intencionalidades e necessidades econômicas, sociais,

políticas e, destaca-se, socioambientais, que emerge a urgência de repensar as possibilidades

de um currículo capaz de oferecer subsídios às escolas para realizarem a transição para EES.

E quando o processo transitório estiver por fim terminado, que esse currículo se constitua de

uma base educacional capaz de atender às diversidades e responsabilidades inseridas nos

espaços educativos.

Assim sendo, é preciso Um currículo que seja fenomenológico, isto é, que se

concretize em cada contexto histórico, potencializando a existência de cada escola. [...] Para

cada realidade, é uma proposta política que considera o conjunto socioambiental, como se o

humano mergulhasse na natureza (GPEA15, 2013).

Ainda, de acordo com o Manual Escolas Sustentáveis (BRASIL, 2013a, p. 2), o

inclusão de conhecimentos, saberes e práticas

sustentáveis no Projeto Político Pedagógico das instituições de ensino e em seu cotidiano a

partir de uma abordagem que seja contextualizada na realidade local e estabeleça nexos e

Posto isto, a inserção da EA no currículo das escolas, seja este o currículo oficial,

formal, oculto e/ou o explícito16, precisa acontecer de modo interdisciplinar, a fim de

2011, p. 21), e não como uma disciplina específica.

15 Grupo Pesquisador em Educação Ambiental, Comunicação e Arte (GPEA) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), criado em 1997 com vistas a fortalecer não somente o campo teórico (episteme) da educação ambiental, mas também pelas vivências, intervenções e metodologia (práxis), além de colaborar com os valores éticos (axioma) e participativos da construção de políticas públicas. Maiores informações podem ser encontradas no sítio http://gpeaufmt.blogspot.com.br/. 16 Nessa pesquisa, não adentrar-se-á às definições sobre as classificações do currículo. Para tal, sugere-se a leitura de Ranghetti e Gesser (2011).

Page 46: Junior Cesar Mota - Univali

O PNES, ao apresentar o currículo como um dos componentes indispensáveis à

transição para EES, como foi apresentado na Figura 4, evidencia que a construção e as

práticas curriculares ganham significados a partir do momento em que há uma quebra de

paradigmas obsoletos de educação, proporcionando momentos em que os saberes populares e

tradicionais dialoguem com os saberes científicos abordados nas instituições de ensino.

De acordo com a versão preliminar do Programa (BRASIL, 2014d), a dimensão

curricular tem foco principal no que se refere à internalização da dimensão ambiental nas

instituições, tendo como foco e base as DCNEA. Entretanto, para que aconteça esta

necessário um novo olhar sobre os

currículos, sobre os espaços e tempos, sobre as gestões e, especialmente, sobre a paralisia que

imobiliza as instituições de ensino por optarem por outros ritmos, outros movimentos na

(SILVA, 2014, p. 113).

Nesta mesma linha, Weiler (2015) aponta em sua pesquisa, que a maior fragilidade

para a transição das escolas para EES é o currículo. As instituições de ensino, mesmo

reconhecendo a importância da inserção e valorização dos saberes da comunidade local no

currículo, possuem imensa dificuldade de realizar esta articulação e, na maioria das vezes, não

conseguem. A autora ainda salienta que, talvez pelo fato do conceito acerca dos EES

reforçarem

implementação de ecotécnicas17 op. cit., p. 118), o currículo fique em segundo plano.

Com base nessas afirmações, é preciso que, de fato, um outro olhar sobre o currículo

seja repensado. É inviável que se criem discursos sobre as vantagens e benefícios que a

inserção da temática socioambiental no âmbito das instituições escolares possa trazer, se na

prática, o modelo de currículo continua a ser o mesmo de décadas passadas. Os mesmos

problemas, de articulação de saberes populares com os científicos, por exemplo, que

aconteciam no século passado, ainda continuam assombrando o processo educativo das

É a partir desse cenário, quando os valores culturais e subjetivos de cada indivíduo

passam a ser respeitados e trabalhados, que os sujeitos conseguem internalizar e perceber o

seu lugar no mundo, percebendo que o meio ambiente não é um espaço em que simplesmente

estão inseridos, mas sim, que cada qual é um ser que o constitui, interage, e é constituído nas

relações que se estabelecem nesse meio. Quando essa internalização acontecer, as questões

17 As ecotécnicas consistem em intervenções tecnológicas no ambiente com base na compreensão dos processos naturais e foco na resolução de problemas com o menor custo energético e poupando recursos naturais (BRASIL, 2013b). Dentre estas, destacam-se as estratégias voltadas à construção e reestruturação de áreas verdes.

Page 47: Junior Cesar Mota - Univali

ambientais passarão a ter razões e significados, e não passarão despercebidas dentro, e além

dos muros que ainda cercam a escola, separando-a da comunidade de vida do planeta.

3.2.2 A gestão democrática

Antes de adentrar nos aspectos referentes à gestão nos EES, cabe salientar que a

gestão democrática tem sido compreendida como aquela que possibilita a efetiva participação

dos vários segmentos da comunidade escolar, pais, professores, estudantes e

funcionários na organização, na construção e na avaliação dos projetos pedagógicos, na

(OLIVEIRA; MORAES; DOURADO, 2008, p. 4).

principal meio de se assegurar a gestão democrática na escola, possibilitando o envolvimento

de profissionais e usuários no processo de tomada de decisões e no funcionamento da

Essas afirmações vêm ao encontro com que o Programa Nacional de Fortalecimento

dos Conselhos Escolares apresentou, ainda em 2004, quando salientava que

A democratização dos sistemas de ensino e da escola implica aprendizado e vivência do exercício de participação e de tomadas de decisão. Trata-se de um processo a ser construído coletivamente, que considera a especificidade e a possibilidade histórica e cultural de cada sistema de ensino: municipal, distrital, estadual ou federal de cada escola. (BRASIL, 2004. p. 25)

Ou seja, pensar em uma gestão democrática, é pensar em uma forma de gerir que

descentralize as tomadas de decisões, as escolhas e o modo de atuar na elaboração e na

execução das propostas pedagógicas. Essas ações precisam advir dos mais diversos agentes

que compõem a realidade da escola, como as famílias, os professores, a direção, os

funcionários e os próprios alunos.

(2015), Reichert (2015) e Pereira (2015), apontam que são muitos os desafios para o

funcionamento e a consolidação de uma gestão democrática educacional.

De acordo com essas pesquisas, percebe-se que a internalização do conceito de

participação ainda é vaga entre os agentes que compõem a realidade da escola. Nascimento

compromisso de apenas alguns e de que a democracia não acontece por conta da

falta de união dos

Page 48: Junior Cesar Mota - Univali

Ainda, de acordo com Pereira (2015, p. 88), a visão de gestão democrática para os

professores é limitada. Quando são questionados a respeito do seu papel no processo de

gestão democrática, -se mais a projetos interdisciplinares. Entendem uma

gestão democrática como uma gestão que proporcione liberdade para promover projetos e

t

Estas dificuldades de definições e compreensão, essenciais para o exercício da gestão

escolar democrática, são provenientes de uma formação inicial que não contemplou

conhecimentos específicos do campo da gestão e, por este modo, há uma extrema necessidade

desses profissionais buscarem formações continuadas nessa área (REICHERT, 2015).

Entretanto, o que acontece na maioria das vezes, é que os professores não buscam se

aperfeiçoar no que se refere às questões de gestão, por talvez acreditarem que esta seja a

função de quem esteja no cargo de gestor no momento.

Embora sejam muitos os desafios ainda a serem superados, é no contexto de

participação que surge a proposta de gestão das escolas sustentáveis. Segundo o Manual

Escolas Sustentáveis (BRASIL, 2013a

respeito ao destino e à rotina da escola, buscando aprofundar o contato entre a comunidade

escolar e o seu entorno, respeitando os direitos humanos e valorizando a diversidade cultural,

étnico-racial e de gênero

Para ratificar essa vertente, a versão preliminar do PNES sugere como seria o papel da

gestão nos EES,

[...] é criar as condições adequadas para a transição das escolas em direção à sustentabilidade, seja em termos do incentivo a relações humanas pautadas na cooperação e ao exercício de democracia na escola, seja em termos do desenvolvimento de ações voltadas a planejar e executar as mudanças necessárias em termos de redução da pegada ecológica. (BRASIL, 2014d, p. 8)

Nesse sentido, a gestão nos EES, se apresenta como fonte de participação,

fortalecendo as relações sociais com base no respeito aos direitos humanos e na diversidade

que compõem o espaço escolar. Para isto, a criação de espaços que permitam essa relação

participativa entre os agentes envolvidos com o espaço escolar, como a Com-Vida, são

necessários

(as), professores (as), estudantes

tornando possível, assim, a realização de uma gestão democrática da escola sustentável.

Page 49: Junior Cesar Mota - Univali

3.2.3 O espaço físico

No que diz respeito ao espaço físico nos EES, é importante considerar, antes de tudo,

que

A arquitetura das instituições escolares segue, em sua maioria, os moldes do século anterior, com salas pouco iluminadas, fileiras de carteiras que dificultam a troca cooperativa, poucas áreas de interação e confraternização entre educadores e educandos, bem como outras características que, embora já no século XXI, fazem com que a escola continue com o olhar paralisado nos séculos passados. (SILVA, 2014, p. 40)

Como se pode constatar nas palavras de Silva (2014), as escolas parecem ser as únicas

instituições que não se modificam há anos, arquitetonicamente falando. Entretanto, como não

se pretende aprofundar aqui sobre a história das transformações, ou não, do espaço físico

escolar, busca-se um olhar mais atento sobre a visão do PNES acerca dessa dimensão dos

EES.

Para tal, recorre-se de antemão ao portal eletrônico do GPEA do PPGE da UFMT

(2013) a fim de encontrar uma definição para espaço físico. Lá, esta dimensão está descrita da

seguinte forma: Concebido o território como oikos, é o lugar que habitamos, portanto, espaço

de nossas identidades. É o cuidado desde a carteira que sentamos até o Universo que

pertencemos, mas é também a casa on (GPEA, 2013).

É a partir deste sentimento de pertencimento, que o PNES apresenta o foco desta

sobre a utilização do espaço na escola em transição para a sustentabilidade, influindo na

tomada de decisões em âmbitos municipal, estadual e federal sobre as construç

(BRASIL, 2014d).

Para que isto se concretize, é necessário a

[...] utilização de materiais construtivos mais adaptados às condições locais e de um desenho arquitetônico que permita a criação de edificações dotadas de conforto térmico e acústico, que garantam acessibilidade, gestão eficiente da água e da energia, saneamento e destinação adequada de resíduos. Esses locais possuem áreas propícias à convivência da comunidade escolar, estimulam a segurança alimentar e nutricional, favorecem a mobilidade sustentável e respeitam o patrimônio cultural e os ecossistemas locais. (2013a, p. 2)

Para que tal processo transitório possa acontecer, se torna evidente a necessidade de

adaptar o espaço físico às questões socioambientais. Alunos enfileirados, campainhas de

controle, jardins cercados e muros altos com muitos metros de altura, por exemplo, não

Page 50: Junior Cesar Mota - Univali

contribuem para que haja uma possível transição das instituições para escolas sustentáveis. É

preciso reinventar, recriar, repensar os espaços e as estruturas arquitetônicas.

Segundo pesquisas realizadas pelo GEEAS do PPGE da UNIVALI, abrangendo 59

escolas que foram contempladas com recursos do PDDE Escolas Sustentáveis de três

municípios catarinenses18, o que se constatou foi que, nesta dimensão referida ao espaço

físico, a principal estratégia foi a elaboração de hortas escolares, a criação e a

manutenção de jardins e arborização, bem como a aquisição de materiais e equipamentos para

que essa área verde possa ser construída. (GUERRA, et al., 2015, p. 9).

Ou seja, percebe-se que as ecotécnicas se sobressaem sobre as estratégias acerca do

conforto térmico e acústico, que garantam acessibilidade, gestão eficiente da água e da

energia, saneamento e destinação adequada de resíduos, como previstos no Manual Escolas

Sustentáveis (BRASIL, 2013b). Isso talvez aconteça em função dos baixos valores

disponibilizados pelo Programa (R$ 8 a 14 mil, onde só 20% pode ser na rubrica capital).

Entretanto, ressalta-se que não há nada contra a realização das ecotécnicas, desde que

estas envolvam a participação da comunidade escolar e local, e que sejam úteis no processo

de uma sensibilização socioambiental dos sujeitos envolvidos, bem como possibilitem a

apropriação pedagógica em diversas disciplinas da escola, contribuindo para gerar novos

conhecimentos e práticas no ambiente escolar (BRASIL, 2013b). Ainda, as ecotécnicas são

importantes no que tange ao desenvolvimento do pertencimento exercido por meio da

participação escolar e local.

3.2.4 A relação escola-comunidade

As discussões acerca da importância da relação entre esses dois componentes não é

atual. Elas vêm acontecendo no âmbito educacional desde muito tempo.

No que se refere à transição das escolas para espaços educadores sustentáveis, essa

importância ganha ainda mais força. Segundo Trajber e Sato (2010), as instituições de ensino

precisam estabelecer um diálogo aberto com a comunidade para que possíveis soluções sejam

buscadas a fim de sanar os possíveis problemas que envolvem a escola e seu entorno. Desse

modo, com essa articulação e diálogo de saberes, as escolas se transformariam em

incubadoras de mudanças.

De acordo com a versão preliminar do PNES (BRASIL, 2014d), este componente

refere-se a uma estratégia integrada para que a escola e a comunidade fortaleçam suas

18 Balneário Camboriú, Itajaí e São João Batista.

Page 51: Junior Cesar Mota - Univali

relações em prol à transição para EES. Pretende também estimular a [...] comunidade para se

inserir nas ações promovidas pelas escolas, exercendo controle social sobre o processo de

transição rumo à sustentabilidade, bem como criar mecanismos de prevenção, adaptação,

resposta e mitigação a emergências socioambientais (op. cit. p. 9).

Ou seja, para que uma transição para EES se implemente de forma significativa, de

fato e de direito, os aspectos, tradições, saberes, desejos e anseios da comunidade escolar e

local precisam ser revisitados e revigorados com vistas a atingir a sustentabilidade

socioambiental. A partir dessas interações, a escola conseguiria internalizar a realidade em

que está inserida e trabalhar questões locais, que possibilit

diante da crise ambiental a qual as famílias dos alunos, professores e funcionários, e outros

indivíduos enfrentam em seu cotidiano e ao longo de suas vidas.

Entretanto, Weiler (2015), referindo-se a uma comunidade tradicional no litoral

centro-norte de Santa Catarina, que recebeu recursos do PPDE Escolas Sustentáveis, aponta

em sua pesquisa que [...] não há como negar que a escola pesquisada conhece os saberes e

fazeres presentes na comunidade e essas

manifestações para escola, mas demonstra dificuldades de várias ordens para inseri-los

efetivamente no currículo (op. cit., p. 125, grifos do pesquisador).

Ou seja, um dos grandes desafios encontrados pela escola no que tange à participação

e o reconhecimento dos saberes comunitários, é a maneira de internalizar na dimensão

curricular e institucional essas manifestações. Mais uma vez, é necessário ir além dos

discursos e dos limitados sistemas burocráticos e agir, oferecendo recursos, suporte e

formação para as escolas sobre como realizar essa inserção tão importante à transição para

EES.

Para entendermos como se dá essa internalização, vamos conhecer melhor a

intencionalidade do Programa Nacional Escolas Sustentáveis PNES.

3.3 A INTENCIONALIDADE DO PNES

Com a articulação das dimensões mencionadas, o PNES tem como objetivo principal

socioambiental, convertendo-se em espaços educadores sustentáveis (BRASIL, 2014d).

Já, como específicos, o programa busca implementar as DCNEA na Educação Básica;

integrar a proposta curricular, a gestão democrática e o espaço físico, de acordo com as

premissas da sustentabilidade socioambiental; promover estudos, pesquisas e experiências de

Page 52: Junior Cesar Mota - Univali

escolas e comunidades em transição para a sustentabilidade; estimular a participação da

comunidade escolar em processos de conferência e da gestão ambiental pública local,

possibilitando uma troca de saberes com a escola a fim de articular a comunidade no

planejamento escolar.

Vale ressaltar que a proposta do PNES ainda propõe articular a Educação Básica e a

Educação Superior, por meio do incentivo aos programas de extensão universitária e no

fomento de linhas de pesquisa, junto à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível

Superior (CAPES). Dessa forma,

[...] as ações programadas pelas redes de ensino da Educação Básica podem e devem buscar articulação com as ações de ensino, pesquisa e extensão universitárias e vice-versa, procurando, de forma integrada e interdependente, responder às especificidades das comunidades locais em um contínuo processo de aprendizagem, troca de experiências, produção de conhecimento e, principalmente, atendimento às necessidades que o contexto de cada região requer. (BRASIL, 2014f, p. 9)

Essa articulação permite que a escola, a universidade e a comunidade criem relações,

fortalecendo-se mutuamente no processo de transição para sociedades sustentáveis, como

preconizado pelo Tratado Internacional de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis

e Responsabilidade Global.

A base legal do PNES está fundamentada em concepções e diretrizes da EA

referendados pela legislação brasileira, como apresentado na figura 5.

Figura 5: PNES e sua Fundamentação Legal. Fonte: Elaborado pelo autor a partir de Brasil (2014d).

Page 53: Junior Cesar Mota - Univali

No que se refere à Constituição Federal CF (1988), o PNES baseia-se no Artigo 225

(parágrafo I, inciso VI), o qual dispõe do princípio de promover a educação ambiental em

todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente.

Referente à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDB (1996), baseia-se no

Artigo 26, que dispõe que a EA deve estar incluída, de forma integrada, aos conteúdos

obrigatórios.

No que compete à PNEA (1999), regulamentada em 2002, o Programa mantém o

princípio de que a EA é componente essencial e permanente da educação nacional, devendo

estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo,

seja formal ou não formal .

Por fim, no que tange às DCNEA (2012), o PNES corrobora com a ideia de que as

instituições de ensino precisam ser constituídas como incubadoras de mudanças na realidade

social, por meio da constituição dos espaços educadores sustentáveis.

Nesse contexto legal, cabe ainda mencionar o Decreto n° 7.083/2010, que dispõe sobre

o Programa Mais Educação e a Educação Integral, o qual aponta os valores da educação

educadores sustentáveis com a readequação dos prédios escolares, incluindo a acessibilidade,

e a gestão, a formação de professores e à inserção das temáticas de sustentabilidade ambiental

Diante dessas informações, o PNES se caracteriza por ser uma proposta de política

voltada a apoiar a transição das escolas rumo à sustentabilidade socioambiental e

Tem como propósito inserir a educação ambiental de forma permanente nas práticas pedagógicas das escolas de educação básica, tal como preconizado nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental (DCNEA). Reconhecendo o papel transformador e emancipatório da educação ambiental, o objetivo do Programa Nacional Escolas Sustentáveis é incentivar as escolas brasileiras a realizarem sua transição para a sustentabilidade socioambiental, convertendo-se em espaços educadores sustentáveis. (BRASIL, 2014d, p.1)

Com isso, o Programa representa uma conquista, para o processo de transição das

escolas para espaços educadores sustentáveis. Ressalta-se que, para que a transição dos

espaços possa acontecer, é necessário que as escolas superem alguns obstáculos

epistemológicos e didáticos, resignifiquem alguns conceitos, superando paradigmas ainda

existentes que impossibilitam a transformação e a reconstrução de saberes, bem como a

implantação de ações voltadas à sensibilização dos sujeitos.

Page 54: Junior Cesar Mota - Univali

Para tal, visando essa mudança paradigmática, dez itens foram elaborados pelo MEC

para dar suporte e base aos espaços educadores para que se tornem sustentáveis. São eles:

Integridade; Conhecimentos e Saberes; Cultura; Ética do Cuidado; Transformação;

Democracia; Responsabilidade Socioambiental; Criatividade; Metas e Transversalidade

(BRASIL, 2014d).

Pela proposta do PNES, e com a integração desses itens no PPP, as instituições de

ensino teriam uma oportunidade maior para repensar o cotidiano escolar, trocar experiências e

consolidar discursos e práticas ambientais e sustentáveis para além dos seus muros que, por

muitas vezes, afastam a comunidade local. Um PPP voltado à sustentabilidade seria o embrião

para a consolidação dos espaços educadores sustentáveis nas instituições de todos os níveis,

um desafio definido no Artigo 14 das DCNEA (BRASIL, 2012a).

Entretanto, convém relembrar e esclarecer que o PNES ainda se apresenta como uma

proposta de governo, não sendo oficializado até o presente momento e, que algumas

informações e dados estudados para a caracterização do mesmo, foram retiradas a partir da

versão preliminar resultado da reunião ampliada do Órgão Gestor da Política Nacional de

Educação Ambiental, realizada em Brasília, em 02 de junho de 2014.

Para sua implantação, pretende-se que o Programa seja instituído por meio de Decreto

presidencial de forma a constituir-se como política de Estado e seus princípios estão

amparados pela Constituição Federal de 1988 (artigo 225), pela Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional (Lei nº 9394/1996, artigo 26, parágrafo 7º), pela Lei nº 9.795/99, que

institui a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA), pela legislação da maioria dos

estados brasileiros e, como já dissemos, mais recentemente, pela Resolução CNE/CP nº

02/2012, que estabelece as DCNEA. Dessa forma, o PNES

Terá suas finalidades e objetivos desenvolvidos em regime de colaboração entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios, mediante prestação de assistência técnica e financeira às escolas da educação básica que aderirem a essa iniciativa, por meio de ação específica no Plano de Ações Articuladas (PAR) ou outros instrumentos similares de repasse de recursos. (BRASIL, 2014d)

Nessa direção, no âmbito federal, o Programa seria gerido pelo MEC, podendo

estabelecer articulações com outros Ministérios, órgãos e entidades do Poder Executivo. Já no

que se refere ao âmbito estadual e municipal, devem-se criar estratégias que proporcionem o

envolvimento dos conselhos e instâncias participativas de educação e de meio ambiente no

PNES. Na esfera local, a execução e a gestão do PNES serão coordenadas pelas Secretarias

Municipais e Estaduais de Educação, que estabelecerão acordos com os órgãos públicos,

Page 55: Junior Cesar Mota - Univali

empresas e organizações da sociedade civil com os quais julgarem necessário estabelecer

parcerias (BRASIL, 2014d).

Ressalta-se ainda que o MEC será incumbido de definir, anualmente, os critérios de

priorização de atendimento para as ações de assistência financeira, com recursos advindos do

PDDE, mais especificamente o PDDE Escolas Sustentáveis, apresentado no subcapítulo a

seguir.

3.4 O PNES E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA INSERÇÃO DA TEMÁTICA AMBIENTAL

As discussões sobre a formação de professores, particularmente com ênfase para a

inserção da temática ambiental na EA são necessárias diante das situações encontradas nos

espaços escolares na Educação Básica.

A predominância verificada em estudos como os de Trajber e Mendonça (2006), de

que a EA é desenvolvida na maioria das escolas na forma de projetos, disciplinas especiais e

inserção da temática ambiental nas disciplinas, muitas vezes de forma tradicional, com

destaque às datas ecológicas e a gestão de resíduos; a ausência de metodologias inovadoras

para inserção da dimensão ambiental no ensino; o desconhecimento de concepções de

ambiente, aprendizagem participativa, e outros conceitos por parte dos professores e a falta de

práticas voltadas à EA inseridas nos PPPs das escolas, são possíveis fatores que estagnam o

processo de sensibilização ambiental das crianças, jovens e até mesmo dos adultos.

A EA na formação dos professores é uma necessidade. Em 1997, o Governo Federal

da época estabeleceu os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN)19. Neles o meio ambiente

foi considerado um tema transversal. O documento específico deste tema explicita que a EA é

uma aliada de todas as disciplinas justamente por dar ao enfoque ambiental uma perspectiva

interdisciplinar, proporcionando um grande leque de possibilidades de trabalhos que

envolvam o meio ambiente e a sustentabilidade.

é preciso

considerar um investimento educativo contínuo e sistemático para que o professor se

sim como um

19 A Lei 9394/96 (LDB), implementou os PCN, propondo uma nova orientação no currículo. Nela, estão estabelecidos os conteúdos para a temática ambiental a ser trabalhada nas escolas.

Page 56: Junior Cesar Mota - Univali

Posteriormente, a Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, que dispõe sobre a EA, instituiu

incorporação da dimensão ambiental na formação, especialização e atualização dos

suas áreas de atuação, com o propósito de atender adequadamente ao cumprimento dos

A Lei 9.795 foi regulamentada em 2002, com a criação do Órgão Gestor da Política Nacional

de Educação Ambiental, coordenada pelos Ministérios da Educação, por meio da CGEA e do

Meio Ambiente, o Departamento de Educação Ambiental (DEA), e com a participação de

entidades e redes de EA.

Em 2005, após a conclusão da consulta nacional, o ProNEA, no que se refere à

formação de educadores ambientais, delimita algumas diretrizes para esse trabalho de

formação. Dentre elas, destacam-se a formação continuada de educadores e gestores

ambientais; a construção de planos de formação continuada; realização de parcerias entre

escolas públicas e universidades, facilitando o acesso dos professores da rede pública de

ensino básico aos cursos de pós-graduação Lato e/ou Stricto Sensu em EA; institucionalização

de programas de formação em EA voltados aos profissionais da educação especial e a criação

de redes de formação de educadores com a participação de universidades, escolas, empresas e

organizações do terceiro setor (BRASIL, 2005, 2014f).

Em 2006, foi lançado o Programa Nacional de Formação de Educadores Ambientais

(ProFEA), cujo objetivo maior foi de

Qualificar as políticas públicas federais de educação ambiental para que exijam menos intervenções diretas e ofereçam mais apoio supletivo às reflexões e ações autogeridas regionalmente, no sentido de desenvolver uma dinâmica nacional contínua e sustentável de processos de formação de educadoras (es) ambientais a partir de diferentes contextos (BRASIL, 2006, p. 5).

Diante das possibilidades de formação em EA, alguns profissionais da educação

buscam no Ensino Superior preencher as lacunas em sua formação ambiental. Outros buscam

aprofundar seus conhecimentos e refletir sobre suas práxis nos cursos de Pós-Graduação Lato

encontrado principalmente na pós-graduação sua porta de entrada (op. cit., p. 167).

No entanto, cada educador necessita trilhar seu próprio caminho após a formação no

Page 57: Junior Cesar Mota - Univali

profissiona

GUERRA, 2010, p. 5).

Nesse sentido, uma formação para a EA vai além da conquista de um diploma

acadêmico, necessitando, também, de atualização constante, de conhecimento de

metodologias pedagógicas inovadoras, e abertura para o fazer interdisciplinar,

compreendendo que as relações sociedade-natureza são complexas e não podem ser reduzidas

a projetos sem continuidade (DUARTE; KNECHTEL et al., 2014).

Essa busca pela formação ambiental no Ensino Superior exige das instituições que as

mesmas se ambientalizem, utilizando metodologias e concepções inovadoras, que rompam

com os paradigmas conservadores da educação tradicional, mais especificamente, a educação

tradicional ambiental (MORALES; KNECHTEL, 2009). Ou seja, se não houver um esforço

para renovar os paradigmas obsoletos em que se baseiam as práticas ambientais nas

formações, há uma gradativa probabilidade de não ocorrerem situações de sensibilização e de

mudança no modo de pensar e agir com responsabilidade diante da realidade da crise

socioambiental nos espaços em que esses profissionais irão trabalhar.

Nesta perspectiva, a formação em EA possui o desafio de direcionar o olhar dos

profissionais para compreenderem as transformações da realidade causadas pela problemática

do desenvolvimento (in) sustentável cada vez mais constante. Implica em um processo de

reflexão-ação, de reorganização de saberes e conceitos já estabelecidos, para que assim haja

talvez a possibilidade desses profissionais intervirem nas ações cotidianas, visando às

mudanças de atitudes na busca da transformação do mundo (LEFF, 2001).

Entretanto, Loureiro aponta algumas lacunas existentes na prática pedagógica

referente a atuação dos professores no contexto sócio-político escolar, nas reflexões e na

construção de um currículo articulador e crítico. Segundo o autor:

Na observação da prática de professores percebe-se que se preocupam com o bom profissionalismo, no que se refere à competência técnica, mas ignoram suas atribuições e compromissos sociais e políticos junto aos sujeitos com os quais se relacionam (a comunidade escolar). [...] Os professores demonstram capacidade de implementação de programas curriculares e transmissão de conteúdos formais, mas incapacidade na apropriação e desenvolvimento de currículos que atendam aos objetivos pedagógicos de construção de cidadãos que constituam sujeitos do processo de mudança histórica (2002, p. 90-91).

Diante disso, nota-se que há possivelmente uma resistência por parte dos profissionais

às transformações curriculares voltadas às questões socioambientais e políticas. Logo, há de

se concordar que a formação de um educador ambiental não é apenas de caráter instrumental

técnico-metodológico. De acordo com Guimarães (2004), precisa além de tudo, fornecer uma

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formação político-filosófica para torná-lo um transformador, capaz de criar resistências,

potencializar brechas e construir, gradativamente, currículos voltados à sustentabilidade e aos

saberes socioambientais.

Nesse âmbito, a formação continuada de professores e a troca de experiências

educativas são apontadas como possíveis caminhos para institucionalizar a EA no currículo e

nas práticas sociais, favorecendo o processo de transição das escolas para EES. A Lei que

institui a PNEA reforça a necessidade desse processo formativo, em seu artigo 11, quando

áreas de atuação, com o propósito de atender adequadamente ao cumprimento dos princípios e

Nessa busca da formação inicial e continuada dos profissionais da educação, no que se

refere às questões ambientais, o PNES possui um dos seus eixos temáticos voltados a esta

ação. Assim, com o propósito de internalizar as recomendações da Resolução que institui em

junho de 2012 as DCNEA nos sistemas de educação, o Programa disponibiliza cursos de EA20

(Extensão, Aperfeiçoamento e Especialização), no âmbito da Rede Nacional de Formação

Continuada de Profissionais do Magistério da Educação Básica pública RENAFOR

oferecidos presencialmente e/ou a distância. A demanda e o preenchimento das vagas são

estabelecidos pela escola, por meio do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE)

interativo (BRASIL, 2014d).

3.5 O PROGRAMA PDDE ESCOLAS SUSTENTÁVEIS

Com a intenção de contribuir para a integração da EA nos espaços escolares, o Fundo

Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) apropria-se de alguns programas

provedores de recursos, como o Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE). Criado em

1995, tem por finalidade transferir às instituições de Educação Básica, recursos que podem ser

utilizados tanto para a aquisição de materiais permanentes e/ou de consumo, como para a

capacitação e aperfeiçoamento dos profissionais que exercem função nesses espaços. Os

valores dos recursos recebidos pela escola são determinados pela localização e o número de

alunos registrados no Censo escolar do ano anterior (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI,

2012).

20 Extensão: Escolas Sustentáveis e Com-Vida 120 h; Extensão: Dimensões da Sustentabilidade 120h; Aperfeiçoamento em Educação Ambiental 180 h; Especialização: Educação Ambiental com ênfase em espaços educadores sustentáveis 420 h (BRASIL, 2014d).

Page 59: Junior Cesar Mota - Univali

Ao referir-se à EA, o PDDE abarca outro programa: o PDDE Escolas Sustentáveis. Os

recursos advindos desse programa são destinados à melhoria da qualidade de ensino e à

promoção da sustentabilidade socioambiental, considerando a gestão, o currículo, o espaço

físico e a relação com a comunidade (BRASIL, 2013a).

É no contexto de transição das instituições de ensino para espaços educadores

sustentáveis fomentando ações que abranjam as dimensões de gestão, currículo, espaço

escolar e comunidade, que surge o PDDE Escolas Sustentáveis, oferecendo um recurso

financeiro para as escolas aderirem ao mesmo propondo ações e estratégias que possibilitem

essa transição, por meio do processo de educar para a sustentabilidade.

Além disso, de acordo com a Resolução nº 18, de 3 de setembro de 2014, que dispõe

sobre a destinação de recursos financeiros a escolas públicas da educação básica a fim de

favorecer a melhoria da qualidade de ensino e a promoção da sustentabilidade socioambiental

nas unidades escolares, o PDDE Escolas Sustentáveis emerge considerando a necessidade de

apoiar as escolas públicas na execução das ações planejadas no contexto da realização da IV

valorizem a participação da comunidade escolar em ações voltadas à sustentabilidade

socioambiental. (BRASIL, 2014e).

De acordo com o Manual Escolas Sustentáveis, estabelecido pela Resolução

CD/FNDE nº. 18, de 21 de maio de 2013, que destina recursos financeiros ao PDDE Escolas

Sustentáveis, este programa

[...] consiste no repasse financeiro, por meio de transferência de recursos de custeio e de capital, para promover ações voltadas à melhoria da qualidade de ensino e apoiar as escolas públicas das redes distrital, municipais e estaduais na adoção de critérios de sustentabilidade socioambiental, considerando o currículo, a gestão e o espaço físico, de forma a transformá-las em espaços educadores sustentáveis. (BRASIL, 2013a, p. 3)

Para que as escolas pudessem se inscrever para a adesão ao PDDE Escolas

Sustentáveis, alguns critérios21 foram estabelecidos pelo MEC. Eles foram organizados de

modo a incentivar as instituições que já realizam atividades voltadas às questões ambientais e

de sustentabilidade, bem como instituições que se encontram em áreas de riscos naturais.

Cada critério possui um peso diferenciado e a classificação das escolas acontece de acordo

21 Situarem-se em município sujeito a emergências ambientais (Peso 4); terem participado da III ou IV versões da Conferência Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente (Peso 3) e terem participado do Processo Formativo em EA: Escolas Sustentáveis e Com-Vida, oferecido pelo MEC em parceria com a UAB.

Page 60: Junior Cesar Mota - Univali

contempladas por ordem de adesão, mediante inserção da documentação exigida no módulo 22 a, p. 6).

Dentre essa documentação, está a elaboração dos Planos de Ação. Esses planos são

formados por três ações principais, sendo que as instituições escolares podem definir

estratégias voltadas a uma ação especificamente, ou então, se desejarem, dividir o recurso a

ser recebido para as três ações, conforme pode ser verificado no quadro abaixo.

Quadro 8: Ações passíveis de financiamento e possíveis estratégias.

Ações

Possíveis estratégias

1. Apoiar a criação e o fortalecimento da Comissão de Meio Ambiente e Qualidade

de Vida na Escola (Com-Vida).

Realização de oficinas de forma a facilitar o planejamento participativo da Agenda 21 na Escola; aquisição de equipamentos que favoreçam o registro das atividades e acesso à internet; subsídios que motivem a refletir sobre as mudanças socioambientais e planejar as ações de transição para a sustentabilidade; e a possibilidade de deslocamentos para conhecimento de iniciativas relacionadas à sustentabilidade socioambiental.

2. Adequar o espaço físico, visando à destinação apropriada de resíduos da

escola, eficiência energética e uso racional da água, conforto térmico e acústico, mobilidade sustentável e

estruturação de áreas verdes.

Elaboração de estudos sobre a situação do espaço físico da escola; análise sobre a viabilidade de intervenções arquitetônicas de acordo com critérios de sustentabilidade, bem como realização das adequações identificadas como prioritárias por meio de ecotécnicas.

3. Promover a inclusão da temática socioambiental no projeto político-

pedagógico da escola.

Realização de oficinas de formação e da produção e/ou aquisição de materiais pedagógicos que tratam de temas como produção e consumo sustentáveis, gestão de resíduos sólidos, biodiversidade, práticas de alimentação saudável, horta escolar, uso racional de água e energia, dentre outros. Os recursos também poderão ser utilizados em campanhas educativas, em visitas guiadas e outras ações consideradas relevantes pelo coletivo escolar.

Fonte: Elaborado pelo autor com base no Manual Escolas Sustentáveis. (BRASIL, 2013a, p. 3)

A definição das ações e das estratégias a serem contempladas com os recursos do

programa, necessita ser realizada mediante reunião com a comunidade escolar, ou seja,

professores e outros profissionais da escola, alunos, pais ou responsáveis e moradores da

comunidade local. Após a definição das ações e estratégias e preenchimento das mesmas no

sistema, a Secretaria da Educação de cada rede avalia o plano de ação, devolvendo-o para

ajustes, ou aprova e enviar para validação da CGEA/SECADI/MEC. Após a validação e

aprovação, a escola passa a receber o recurso.

22 O Sistema Integrado de Monitoramento Execução e Controle do Ministério da Educação é um portal operacional e de gestão do MEC, que trata do orçamento e monitoramento das propostas on-line do governo federal na área da educação. Mais informações podem ser obtidas no sítio: http://simec.mec.gov.br.

Page 61: Junior Cesar Mota - Univali

Ressalta-se que o recurso a ser repassado às escolas contempladas é calculado de

acordo com a quantidade de alunos matriculados na instituição, baseada nos registros do

Censo Escolar do exercício anterior. Quanto maior o número de alunos matriculados, maior o

recurso a ser repassado para a escola (Quadro 9).

Quadro 9: Valores de repasse dos recursos às escolas.

Número de alunos Valores de repasse (R$)

Custeio (80%) Capital (20%) Total

Até 199

6 400,00 1 600,00 8 000,00

200 a 499

8 000,00 2 000,00 10 000,00

500 a 999

9 600,00 2 400,00 12 000,00

Acima de 999

11 200,00 2 800,00 14 000,00

Fonte: Extraído e modificado da Resolução nº 18, de 3 de setembro de 2014 (BRASIL, 2014e).

Segundo o Manual

parcela única a cada escola participante, por meio de depósito na mesma conta corrente

a, p. 6). O

solicitado é que 80% desses recursos sejam utilizados para despesas de custeio (ou seja, para a

aquisição de materiais de consumo e prestação de serviços) e o restante para as despesas de

capital (aquisição de bem duráveis, como equipamentos).

Por ora, se faz necessário abrir um parêntese para destacar algumas informações da

última reunião do Comitê Assessor do Órgão Gestor da PNEA, realizada em Brasília, em 02

de outubro de 2015. Segundo as discussões realizadas, em 2014 foi repassado às escolas 50%

do recurso da edição de 2013 e que há previsão de que a outra metade seja repassada ainda no

ano de 2015. No que se refere às escolas contempladas com o recurso em 2014, não há

disponibilidade financeira para repasse (BRASIL, 2015).

Dificuldades orçamentárias à parte, retomando o Manual (BRASIL, 2013a, p. 9), este

ainda traz algumas recomendações às escolas para a escolha e execução das estratégias

elencadas de acordo com as três ações disponibilizadas. Dentre elas citam-se a valorização do

bioma, do clima e as características culturais das edificações locais; a contratação de

profissionais da comunidade escolar para a realização de serviços; a utilização de materiais

em conformidade com as características ambientais e, de preferência, que possam ser

Page 62: Junior Cesar Mota - Univali

adquiridos no comércio local; bem como a utilização de materiais duráveis, não poluentes,

com baixo consumo energético, preferencialmente certificados e dotados de selos ambientais.

A prestação de contas dos recursos adquiridos, precisa ser elaborada pelas instituições

até o dia 31 de dezembro do ano de repasse. Caso ainda não tenha sido concluído o que foi

enviar à Prefeitura ou Secretaria Estadual de Educação, a

prestação de contas referente aos recursos recebidos até aquela data, e o saldo a ser

reprogramado pa BRASIL, 2013a, p. 10). Ainda, uma ata de reunião

precisa ser elaborada juntamente à comunidade, juntamente com os registros fotográficos das

obras e/ou ações realizadas ou em processo de execução.

Posto isso, é importante salientar que, no momento atual, de crise econômica e cortes

drásticos no orçamento do Ministério da Educação, segundo informações da última reunião do

Comitê Assessor do Órgão Gestor da PNEA, mencionada anteriormente, tanto o PNES,

quanto o PDDE Escolas sustentáveis estão em processo de avaliação e reestruturação.

Entretanto, a situação do PNES é mais crítica. Segundo afirmação do Coordenador

Geral de Educação Ambiental, do CGEA- SECADI-MEC:

[...] o programa Escolas Sustentáveis não existe formalmente e que não há nenhum encaminhamento legal nesse sentido. O que existe é uma proposta de texto, com versão de julho/2014, resultante do encontros e consultorias. [...] A proposta do texto apenas articula programas e estes estão sendo revistos. Desta forma o texto

com o PDDE-Escolas Sustentáveis. Com isso afirma que é importante rever os diferenciais básicos da proposta. (BRASIL, 2015, p.7)

Em relação ao PDDE, foi levantada a ideia de integrar todos os PDDEs existentes, ou

PDDES temáticos podem não continuar existindo no formato atual, mas a temática

. Um dos motivos que motivou a

reestruturação do PDDE foi otimizar a execução do uso do recurso aderido pelas escolas A

escola, ao acessar diferentes modalidades do PDDE, acaba tendo dificuldades na prestação de

contas. A ideia é que os recursos sejam repassados de acordo com os problemas identificados

no diagnóstico

Agora, é válido ressaltar que alguns trabalhos vêm levantando algumas questões para

discussão sobre o PDDE Escolas Sustentáveis no que tange à transição de escolas para EES.

Silva (2014, p. 136), levanta uma questão que merece uma reflexão:

Considerando ser o Brasil um país continental, com diversidade de culturas,

todas as escolas no programa? [...] Ainda que muitas vezes pareça ser uma inatingível utopia, é importante que práticas sustentáveis aconteçam à medida que

Page 63: Junior Cesar Mota - Univali

cada escola, considerando sua história e o contexto em que está inserida na comunidade, caminhe em direção a constituir-se em um espaço educador sustentável.

Ou seja, o PDDE Escolas Sustentáveis é um programa com abordagem única, mas o

Brasil é multicultural. Porém, as escolas necessitariam traduzir o que está prescrito no

programa e adaptar às circunstâncias e à realidade em que estão inseridas. No entanto, isto se

torna difícil quando não são estabelecidas formações aos professores e gestores que permitam

o entendimento para que essa tradução seja realizada de modo significativo.

Neste mesmo viés, Kassiadou e Sánchez (2014, p. 19), confirmam a partir de análises

dos dados de suas pesquisas, que existe um predomínio de projetos que focam em

questões socioambientais mais genéricas [...] que parecem não estar percebendo a realidade

socioambiental do território, onde estão situadas as

Com isto, é possível afirmar que, quando a compreensão do programa não é

internalizada, o processo de transição para EES não se concretiza completamente. Em uma

pesquisa realizada por Weiler (2015, p. 125), a autora apontou que, lamentavelmente, o

[...] pela escola como mais um, entre tantos outros programas

governamentais, que podem ser us para captar recursos financeiros, para diminuir as

mazelas do ensino ou para manutenção do espaço

Isto aponta que, muito além de criar programas de governo como o PPDE e PNES,

influenciados ou não por modelos estrangeiros, é imprescindível que se criem estratégias para

que fazer com os mesmos e, por consequência, com os recursos a serem recebidos. É preciso

ir além dos discursos. É preciso saber aprender, compreender e fazer acontecer essa

transformação.

A explanação dos programas apresentada neste capítulo foi necessária, haja vista que

esta pesquisa está diretamente articulada com os preceitos do PNES e do PDDE Escolas

Sustentáveis, no que se refere à transição das instituições de ensino para espaços educadores

sustentáveis, considerando as dimensões do currículo, da gestão democrática, do espaço físico

e das relações escola-comunidade.

Page 64: Junior Cesar Mota - Univali

CAPÍTULO 4 PERCURSO METODOLÓGICO

ter um objetivo definido e claro. Em segundo lugar, você deve ter os recursos necessários

para alcançar o que você quer. [...] Em terceiro lugar, concentrar todos os seus recursos para atingir seus

objetivos. (ARISTÓTELES. Tradução e grifos do autor)

Neste capítulo, as questões metodológicas da pesquisa serão explanadas. Descrever-

se-á a abordagem e o detalhamento das suas etapas. Ainda, são apresentadas as escolas que

serviram de base para a presente investigação, as fontes de evidências para a coleta dos dados,

os critérios para a escolha dos sujeitos e a caracterização dos mesmos, bem como o

detalhamento da organização dos procedimentos de coleta e análise dos dados obtidos.

4.1 DA ABORDAGEM DA PESQUISA

As discussões acerca da abordagem metodológica mais adequada para a pesquisa têm

causado polêmicas no campo científico. Por se tratar de pesquisa, Chizzotti (2006) considera

que esses confrontos entre quali e quanti acontecem de modo frequente pelo fato de cada uma

abranger características específicas em relação aos objetivos e questionamentos a serem

pesquisados.

Gamboa (2003, p. 403), afirma que essas discussões, embora sejam importantes, são

secundárias. O que realmente deve ser considerado é a qualida

da lógica científica que fundamenta cada modelo [...] e esta se constrói quando se articulam

Em meio a tantos olhares e opiniões, nessa pesquisa, optou-se em se apropriar da

abordagem qualitativa. Na busca de compreender ou buscar uma definição concreta para tal

melhor entender a investigação

qualitativa como um terreno ou uma arena para a crítica científica social, do que como um

Assim sendo, um dos principais motivos nessa escolha, decorreu pelo fato de que a

maior preocupação dessa pesquisa é a compreensão e a explicação da dinâmica das relações

sociais, aspectos esses que não podem ser representados por fatores numéricos (GERHARDT;

SILVEIRA, 2009; SILVERMAN, 2006).

Ainda, dialogando com Ludke e André (2012), esse tipo de abordagem busca

compreender a totalidade do fenômeno, salientando a importância das interpretações dos

eventos. A coleta de dados acontece sem a necessidade de utilização de instrumentos formais

Page 65: Junior Cesar Mota - Univali

e estruturados, buscando captar o contexto da pesquisa na sua totalidade. A análise das

informações acontece de maneira organizada, intuitiva, enfatizando o subjetivo como meio de

compreender e interpretar as experiências.

Independentemente da pesquisa que está sendo realizada, há a necessidade da

segmentação em etapas que precisam ser seguidas com o propósito de orientar o pesquisador

durante o processo. De acordo com Yin (2010), após ter o Plano estabelecido, o pesquisador

necessita levar em consideração cinco etapas: Projeto; Preparação; Coleta; Análise e

Compartilhamento (Figura 6).

Figura 6: Esquema das etapas de uma pesquisa.

Fonte: Yin (2010, p.21).

Tendo em vista os pressupostos teóricos de Robert K. Yin (2010), essa pesquisa foi

desenvolvida de acordo com as etapas por ele propostas. Embora a realização da pesquisa

possa parecer um processo linear, ela é também um processo interativo. Conforme pode-se

perceber na figura acima, as etapas não acontecem de maneira isolada, mas sim articuladas.

4.2.1 O projeto

iniciais do estudo. Todo estudo empírico tem um projeto de pesquisa. A articulação da teoria sobre o que está sendo estudado e o que deve ser aprendido ajuda a

Posteriormente à elaboração de um Plano inicial de pesquisa, formado por objetivos de

estudo e uma pré-análise do que seria investigado, o Projeto de pesquisa começou a ser

elaborado.

Page 66: Junior Cesar Mota - Univali

Antes de adentrar nos procedimentos realizados na etapa do Projeto, é importante

retomar as questões dessa pesquisa e o objetivo geral da mesma, anunciado no capítulo 1, para

elaboração do Plano inicial.

Os questionamentos dessa investigação giram em torno da inserção da EA e da

temática da sustentabilidade nos documentos curriculares nas instituições de ensino da rede

municipal, verificando a existência ou não de práticas e ações ambientais possibilitadoras do

processo de transição para Espaços Educadores Sustentáveis, conforme as Diretrizes

Nacionais para EA e do Programa Nacional Escolas

Verificar se as

ações e práticas relacionadas às questões ambientais e da sustentabilidade executadas nas

escolas estão alinhadas com as Diretrizes Curriculares Nacionais e as quatro dimensões

previstas pelo PNES: gestão, currículo, espaço físico e comunidade (relação escola

comunidade .

O município de São João Batista foi escolhido para a realização dessa pesquisa por

apresentar os critérios definidos na introdução desse trabalho (resultados do IDEB,

localização do município, conhecimento e atuação do pesquisador na rede de ensino).

Posteriormente essa escolha, preocupou-se em obter dados das escolas municipais que

oferecem o Ensino Fundamental I, englobando todos os anos de ensino (1º ao 5º), a fim de

obter maiores informações.

Como o foco dessa investigação está voltado ao Programa Nacional Escolas

Sustentáveis (PNES) e a sua tradução nas práticas das instituições escolares batistenses, para a

seleção das instituições que seriam foco da pesquisa, recorreu-se à pesquisa documental em

programas do MEC, no que se refere à concessão de recursos destinados no ano de 2013 a

ações direcionadas para a transição de escolas para espaços educadores sustentáveis, mais

precisamente o PDDE Escolas Sustentáveis.

O estudo desse Programa também se justifica uma vez que prevê recursos a serem

empregados à melhoria da qualidade do ensino e à promoção da sustentabilidade

socioambiental, considerando a gestão, o currículo, o espaço físico e a relação com a

comunidade do entorno da escola.

Suas principais ações estão voltadas para:

I Apoiar a criação e o fortalecimento da Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida na Escola (Com-Vida), coletivo escolar que, entre outras atribuições, deve promover o diálogo e pautar decisões sobre a sustentabilidade socioambiental, a qualidade de vida, o consumo e a alimentação sustentáveis e o respeito aos direitos humanos e à diversidade;

Page 67: Junior Cesar Mota - Univali

II Promover possível adequação no espaço físico da escola, visando à destinação apropriada de resíduos da escola, eficiência energética, uso racional da água, luminosidade, conforto térmico e acústico, mobilidade sustentável e estruturação de áreas verdes; e III Promover a inclusão da temática socioambiental no projeto político-pedagógico da escola (BRASIL, 2014d, p. 4).

Para obter informações sobre quais escolas foram beneficiadas por esse recurso, foi

realizada uma busca no portal eletrônico do Fundo Nacional de Desenvolvimento da

Educação FNDE23 (2014c). Das sete escolas municipais batistenses, todas foram beneficiadas

com o recurso PDDE Escolas Sustentáveis (Quadro 10).

Quadro 10: Escolas municipais beneficiadas pelo PDDE Escolas Sustentáveis.

Escola de Educação Básica Alice da Silva Gomes

Escola de Educação Básica Catarina Deschamps Steffen

Escola de Educação Básica Maria das Dores Cipriani

Escola de Educação Básica Monsenhor José Locks

Escola de Educação Básica Professora Araci Espindola Dalcenter

Escola de Educação Básico Professora Flora Auta Brasil

Escola Reunida Prefeito Sinézio Octaviano Dadam

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados compilados do FNDE (2014c).

Cabe mencionar que, mesmo as sete escolas recebendo o recurso anteriormente citado,

duas delas foram selecionadas para serem o objeto dessa pesquisa. Isso ocorreu pela

necessidade da redução do número de sujeitos, tendo em vista que estes se constituem pelos

professores e gestores das instituições. Os detalhamentos sobre a seleção dos sujeitos serão

explicitados mais adiante

Aqui, ressalta-se que a escolha das duas escolas ocorreu pela disponibilidade dos

sujeitos em relação à pesquisa. Anteriormente à qualificação da pesquisa, havia-se pensado na

possibilidade de selecionar mediante análise do IDEB das mesmas, entretanto, o número de

sujeitos era pequeno em cada instituição. Agora, como se queria analisar cerca de cinco

docentes de cada escola, realizou-se um levantamento dos sujeitos que demonstraram

interesse pela pesquisa, e em duas das instituições, todos os professores de 1º ao 5º ano do

23 O portal está disponível para acesso público dos dados sobre os recursos disponibilizados às escolas pelo sitio: http://pdeinterativo.mec.gov.br.

Page 68: Junior Cesar Mota - Univali

Ensino Fundamental, aceitaram participar. Como as instituições selecionadas não são de

grande porte, os docentes que atuam no período matutino, atuam no vespertino com os

mesmos anos. Por questões de ética, os nomes dos sujeitos e das escolas não serão

mencionados.

Posteriormente a isto, fez-se contato com a Secretaria da Educação do município a fim

de obter autorização para o desenvolvimento da pesquisa nas instituições escolares. No ato,

foi assinada uma Declaração de Instituição coparticipante (documento modelo em Apêndice

A) e realizada uma conversa sobre os objetivos e relevância da pesquisa para a educação

municipal.

4.2.2 Da preparação e da coleta dos dados

A preparação para a coleta de dados é uma das etapas fundamentais para a pesquisa.

Os procedimentos, ou fontes de evidência (YIN, 2010) a serem adotados para a coleta,

precisam atender as necessidades do pesquisador e, para isso, é necessário que haja

articulação com os objetivos e os questionamentos da investigação.

Durante a preparação, uma pesquisa bibliográfica foi realizada sobre as fontes a serem

utilizadas para a execução da coleta de dados. Ao remeter às necessidades dessa investigação,

percebeu-se que as mais adequadas para esse processo seriam a análise documental, as

entrevistas semiestruturadas e a observação direta, na qual um diário de bordo será utilizado

para registro (Figura 7).

Figura 7: Metodologias para a coleta de dados. Fonte primária.

Page 69: Junior Cesar Mota - Univali

Um dos pontos fortes para a coleta de dados é utilizar múltiplas fontes de evidência.

Para Yin (2010, p.143-147), [...] qualquer achado ou conclusão é, provavelmente, mais

convincente e acurado se for baseado em diversas fontes diferentes de informação

Desse modo, a triangulação dos dados apresenta-se como uma forte característica de

uma pesquisa. Ela permite a combinação e o cruzamento de múltiplos pontos de vista

permitindo assim várias avaliações do mesmo fenômeno (DECROP, 2004; MINAYO, 2010),

a fim constructo” (YIN, 2010, p.

144) possam ser abordados.

4.2.2.1 Os sujeitos da pesquisa

Definir os sujeitos da pesquisa é uma tarefa indispensável para que a investigação

aconteça, porém requer

selecionados com precaução para que muitas lacunas não sejam encontradas no momento de

analisar os dados.

Posterior fato de ter o método da entrevista selecionado como uma das fontes de

evidências dessa investigação, os sujeitos da pesquisa foram pré-estabelecidos. Optou-se por

entrevistar os professores e gestores das instituições escolares selecionadas para a pesquisa

pelo fato destes serem os sujeitos mais aptos a apresentarem respostas para alcançar os

objetivos propostos e respostas aos questionamentos dessa pesquisa.

Sendo o total de duas as escolas batistenses constituintes como campo da investigação,

optou-se por selecionar o gestor e os professores de cada instituição. Para a definição dos

gestores, não houve a necessidade de criar um critério de seleção, uma vez que cada escola

possui um diretor principal apenas e, caso o mesmo por algum motivo, não pudesse fazer

parte da pesquisa, seriam selecionados, respectivamente, o vice-diretor; o secretário; o

supervisor e/ou o orientador.

Na escolha dos professores, optou-se por selecionar um regente responsável (os que

estivessem dispostos a participarem) por cada turma de 1º ao 5º ano das escolas, por acreditar

que assim os dados a serem coletados poderiam apresentar informações mais diversificadas

do que se somente um professor fosse selecionado em cada instituição. Assim, no total foram

realizadas 10 entrevistas, sendo estas com dois gestores (um de cada escola) e oito professores

(quatro de cada escola).

Page 70: Junior Cesar Mota - Univali

Aponta-se que a utilização do método de coleta de dados por Grupo Focal, sugerido

pela banca, chegou a ser considerada pelo pesquisador, tendo em vista que seria uma

oportunidade para ouvir as vozes dos sujeitos de forma mais ampla. No entanto, ao adentrar

no campo de pesquisa e estabelecer contatos com os sujeitos, percebeu-se que a possibilidade

seria reduzida, devido os sujeitos não conseguirem conciliar disponibilidades de horários para

a realização do mesmo. Por essas limitações, abandonou-se esta fonte de evidências.

Os sujeitos da pesquisa foram representados por um par de caracteres, formados por

uma letra e um número. Os gestores foram G um a

dois D um oito . Vale a pena

ressaltar que os sujeitos D1 a D4, pertencem a mesma escola do G1 e os sujeitos D5 a D8

pertencem a mesma instituição escolar do G224, como demonstrado no Quadro 11. Nesse

quadro são apresentados dados sobre a formação acadêmica dos sujeitos bem como o tempo

em que exercem função na educação.

Quadro 11: Caracterização dos sujeitos da pesquisa

Sujeitos da pesquisa

Nível de Formação Acadêmica

Tempo que trabalha na Educação

G1 Pós-Graduação Lato Sensu 23 anos

D1 Pós-Graduação Lato Sensu 14 anos

D2 Graduação 6 anos

D3 Pós-Graduação Lato Sensu 8 anos

D4 Pós-Graduação Lato Sensu 22 anos

G2 Pós-Graduação Lato Sensu 24 anos

D5 Pós-Graduação Lato Sensu 19 anos

D6 Pós-Graduação Lato Sensu 17 anos

D7 Pós-Graduação Lato Sensu 12 anos

D8 Pós-Graduação Lato Sensu 8 anos

Com base no quadro, percebe-se que os gestores possuem uma ampla jornada como

profissionais da educação, no entanto, em entrevista realizada, salientaram que exercem a

função de gestores acerca de três anos, por exercerem um cargo de confiança em relação às

últimas eleições municipais. Quanto aos docentes, a maioria apresenta uma bagagem

Adiante, as representações das escolas (letra E) e dos Projetos Político Pedagógicos (PPP) também serão numerados. Logo G1, D1 a D5, PPP1 pertencem a E1.

Page 71: Junior Cesar Mota - Univali

profissional ampla, sendo que apenas três deles possuem menos tempo de profissão em

relação aos demais.

4.2.2.2 Entrevistas semiestruturadas

As entrevistas constituem uma das fontes de evidências a serem utilizadas nessa

pesquisa. Elas são importantes estratégias de coleta de dados, pois são fontes de informações

obtidas por conversas guiadas por meio das falas dos sujeitos a serem entrevistados.

As entrevistas são uma fonte essencial de evidência porque a maioria delas é sobre assuntos humanos ou eventos comportamentais. Os entrevistados bem-informados podem proporcionar insights importantes sobre esses assuntos ou eventos (YIN, 2010, p.135).

Nessa pesquisa, a entrevista do tipo semiestruturada ganha destaque. Nesse tipo, o

informante tem a possibilidade de discorrer sobre o tema proposto e o pesquisador segue um

conjunto de questões previamente definidas (BONI; QUARESMA, 2005). Ainda, na

entrevista semiestrutur em teorias e hipóteses, que

interessam a pesquisa, e que em seguida, oferecem amplo campo de interrogativas, fruto de

(TRIVIÑOS, 2008, p. 146).

Desse modo, os roteiros para a entrevista foram elaborados articuladamente com os

objetivos e questões da pesquisa pré-definidos no início dessa investigação. Cada pergunta foi

formulada com um objetivo próprio e com categorias de análise pré-estabelecidas, inspiradas

nos dez itens de uma escola sustentável, descritos no capítulo dois desse trabalho.

Dois roteiros de entrevista foram elaborados: um direcionado aos professores

(Apêndice B) e outro aos gestores (Apêndice C). Referente aos docentes, a entrevista tem por

objetivo identificar quais concepções de EA e de sustentabilidade que os profissionais do

magistério possuem de modo a desenvolver ações ambientais voltadas à sensibilização para a

formação da cidadania ambiental com os alunos. Já, no que diz respeito aos gestores das

instituições escolares, o objetivo pauta-se em identificar quais concepções de EA e de

sustentabilidade os gestores adquiriram no processo de formação inicial e continuada, de

modo a desenvolver ações pedagógicas alinhadas às quatro dimensões previstas pelo PNES.

Ressalta-se que foi realizado um teste piloto das entrevistas a fim de verificar quais

lacunas existiam nos roteiros de entrevista e quais as possíveis modificações dos mesmos.

Entretanto, não houveram muitas mudanças e os roteiros permaneceram praticamente como

foram elaborados de antemão.

Page 72: Junior Cesar Mota - Univali

4.2.2.3 Análise documental

A análise documental é uma fonte de evidências relevante para a pesquisa. De acordo

com Iglesias e Gómez (2004, p. 2. Tradução do autor), esse tipo de metodologia de coleta

descrever e representar o conteúdo dos documentos de uma forma

distinta do original, garantindo a recuperação da informação nele contida e possibilitar seu

intercâmbio e uso Ainda, para Cellard (2008, p. 295),

extremamente preciosa para todo pesquisador [...] Eles permanecem como os únicos

A escolha dos documentos a serem analisados nessa pesquisa, decorreu da necessidade

de estabelecer articulações e alcançar os objetivos estabelecidos, com a pretensão de verificar

se existem condições de possibilidade à transição da escola para um espaço educador

sustentável. Os documentos selecionados foram: o Projeto Político Pedagógico das escolas

(dois); os planos de aula dos professores a serem entrevistados (oito) e os Planos de ações

elaborados a fim de receber os recursos do Programa PDDE Escolas Sustentáveis (dois).

Sabe-se da i

expressar a reflexão e

o trabalho realizado em conjunto por todos os profissionais, no sentido de atender às diretrizes

do sistema nacional de Educação, bem como às necessidades locais e específicas da

12), ele é um

[...] guia de atuação da escola, construído com base nos sonhos, objetivos e metas do coletivo escolar. Conforme o nome já diz, trata-se de um projeto, pois envolve ações a serem executadas em um período de tempo determinado. É político, porque considera a escola um local destinado à formação de cidadãos críticos, conscientes e criativos. É pedagógico, porque se organiza em forma de atividades que conduzem à aprendizagem.

Nessa ocasião, preocupou-se em verificar nos PPPs dados sobre a EA. Para isto, em

contato com as escolas municipais selecionadas para a pesquisa, foi solicitado acesso a esses

documentos para analisar quais possíveis concepções, ações e visões acerca da temática

ambiental estariam inseridas nos mesmos, tendo em vista que a EA como prática

transformadora precisa ser inserida no PPP da escola de forma interdisciplinar, dialogando

com as diversas áreas do conhecimento. Esses dados foram organizados perante categorias

pré-estabelecidas pelo pesquisador. Posterior análise, essas informações serviram para

confrontar com os dados obtidos nas demais fontes de evidência.

Page 73: Junior Cesar Mota - Univali

Em relação aos planos de aula dos professores, a intenção foi de analisar como a

temática ambiental esteve integrada nas práticas pedagógicas dos professores no ano de 2014.

O fato de não utilizar os planos de 2015, decorreu da necessidade de fazer uma análise anual

dos conteúdos e metodologias apropriados pelos docentes e, caso fosse nesse ano, isso não

seria possível. As informações a serem obtidas nos planos, foram articuladas às entrevistas e

às análises do PPP da instituição, a fim de averiguar se houve relação entre os dados.

Os planos de ação referentes ao PDDE Escolas Sustentáveis, inseridos no PDDE

Interativo das escolas selecionadas, também foram analisados para que pudessem ser

relacionados com as ações e práticas desenvolvidas em cada instituição de ensino. Eles são

divididos em três ações: a primeira referente ao Com-

criação e o fortalecimento da Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida (Com-

enérgica e uso racional da água, conforto térmico e acústico, mobilidade sustentável e

Político- 014d).

Com isso, cada ação foi analisada a fim de verificar quais as escolas objetivaram, com

maior ênfase, utilizar recursos para desenvolver estratégias de integração da temática

ambiental. As entrevistas e a observação direta, principalmente, foram as fontes de evidências

que comprovaram ou não os dados coletados na análise desses planos de ações.

4.2.2.4 Observação direta

A observação é uma fonte de evidências que pode proporcionar informações

pertinentes ao pesquisador. De acordo com Yin (2010) a observação direta permite a

oportunidade de registrar os acontecimentos em tempo real e de retratar o contexto de um

evento, local ou até mesmo as expressões dos sujeitos e é útil para proporcionar informações

adicionais sobre o que está sendo estudado.

Tendo isso em vista, a observação foi realizada durante as entrevistas e conversas

[...] podem-se realizar observações diretas ao longo da visita

de campo, incluindo aquelas ocasiões durante as quais estão sendo coletadas outras

Page 74: Junior Cesar Mota - Univali

Ressalta-se que, durante a observação, os registros são indispensáveis ao pesquisador.

Essas anotações precisam ser organizadas em um diário de campo, possivelmente durante o

processo de observação. Nesse momento, o registro poderá ser apenas superficial, sendo

possível desenvolvê-

quando ocorreu, em relação a que ou a quem está ocorrendo, quem disse, o que foi dito e que

31).

Sendo assim, um diário de bordo foi elaborado, no qual anotações foram realizadas

acerca dos fatores prioritariamente observados. Entre esses, estiveram os aspectos destacados

nas DCNEA e no PNES, no que diz respeito ao espaço físico das instituições, as relações

entre os sujeitos (gestores, docentes, alunos e demais funcionários), bem como as possíveis

atividades relacionadas à temática ambiental que estão acontecendo ou que aconteceram no

espaço escolar.

4.2.3 Da análise das evidências

A análise dos dados se constitui em uma das etapas mais importantes e mais difíceis

em uma pesquisa

evidências

(YIN, 2010, p. 154).

Para que a análise seja realizada, a definição de estratégias e técnicas analíticas são

fundamentais ao pesquisador. Elas devem ser adequadas de acordo com os objetivos

propostos e com o desenvolvimento da pesquisa. Nesta investigação, utilizar-se-á a estratégia

análise de conteúdo (BARDIN, 2011) para a organização, categorização e interpretação dos

dados.

Segundo a autora (2011, p. 38), a análise de conteúdo consiste em

Um conjunto de técnicas de análise das comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens. A intenção da análise de conteúdo é a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção, inferência esta que recorre a indicadores (quantitativos ou não).

Ainda, de acordo com Moraes (1999, p. 8),

A análise de conteúdo constitui uma metodologia de pesquisa usada para descrever e interpretar o conteúdo de toda classe de documentos e textos. Essa análise, conduzindo a descrições sistemáticas, ajuda a reinterpretar as mensagens e a atingir uma compreensão de seus significados num nível que vai além de uma leitura comum. Essa metodologia de pesquisa faz parte de uma busca teórica e prática e constitui-se em bem mais do que uma simples técnica de análise de dados,

Page 75: Junior Cesar Mota - Univali

representando uma abordagem metodológica com características e possibilidades próprias.

Para Bardin (2011), a análise de conteúdo é segmentada em três fases ou etapas: a pré-

análise; a exploração do material; e o tratamento dos resultados, inferência e interpretação.

Na primeira fase, a pré-análise, é organizado o material a ser analisado, com o

propósito de sistematizar as ideias iniciais. Essa organização perpassa por uma leitura

flutuante dos documentos que possivelmente serão analisados, a fim de conhecer o texto; a

escolha dos documentos, demarcando o que de fato será analisado; após, é necessária a

formulação de hipóteses e dos objetivos de análise, para saber qual caminho seguir e aonde se

quer chegar; e, por fim, a elaboração de indicadores por meio de recortes de texto nos

documentos de análise, que darão suporte para a criação de categorias.

A segunda fase, denominada exploração do material, consiste na exploração do

mesmo com a definição de categorias para registro e organização dos dados. Essa etapa se

constitui de tamanha importância ao pesquisador, uma vez que vai possibilitar ou não a

riqueza das interpretações e análises. Quanto melhor definidas as categorias, maior a

possibilidade de um estudo aprofundado dos dados, tendo como base as hipóteses e os

referencias teóricos da pesquisa. Sendo assim, a codificação, a classificação e a categorização

são fundamentais nessa fase.

Por fim, a terceira etapa: tratamento dos resultados, inferência e interpretação.

Aqui, os dados passam por tratamento, ocorrendo a condensação e o destaque das

informações para análise. É o momento da intuição do pesquisador, da análise reflexiva e

crítica à luz dos autores utilizados para embasar a pesquisa.

Posto isto, para sistematizar, descrever e interpretar os dados oriundos das múltiplas

fontes de evidências a serem utilizadas nessa pesquisa, apropriei-me de categorias pré-

estabelecidas. A construção ou o uso de categorias precisa ser utilizado em qualquer fonte de

evidência. Análises realizadas por meio de categorias teoricamente embasadas, oferecem

qualidade ao trabalho.

Em relação às entrevistas, durante a execução25, houve a preocupação de perceber as

necessidades dos entrevistados e intervir de modo que maiores informações fossem recolhidas

para que, durante a análise e em todo o decorrer da pesquisa, pudessem ser utilizadas de

25 Anteriormente à realização das entrevistas, tanto o gestor como o docente assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice D) e o Termo de Consentimento de Participação do Sujeito (Apêndice E).

Page 76: Junior Cesar Mota - Univali

acordo com as especificidades do pesquisador. Ainda, preocupou-se com a questão do saber

ouvir e ler os silêncios. De acordo com Pereira (2012, p. 1)

Há silêncios que falam mais do que as palavras. O modo como o entrevistado se apresenta, como reage, se é agressivo, se está nervoso ou ansioso, ou se tem um aspecto descuidado, é uma medida indispensável para ajudar o entrevistador a compreender o processo que o entrevistado está a viver.

Com as entrevistas realizadas, o próximo passo caracterizou-se pela transcrição e a

sistematização dos dados em duas tabelas no Microsoft Word ® com uma matriz de categorias

pré-estabelecidas26, sendo uma para os docentes (Apêndice F) e outra para os gestores

(Apêndice G). Essas tabelas foram elaboradas com o propósito de fazer uma síntese

integradora das respostas obtidas pelos sujeitos.

Para as análises documentais, também foram elaboradas tabelas para sistematização

dos dados. No que se refere aos planos de ações (Apêndice H), foram elencadas as três ações

e analisadas quais foram as estratégias e ações mais contempladas pelas instituições escolares.

Ressalta-se aqui a dificuldade ao acesso desses documentos. Quando solicitados na

escola e na Secretaria de Educação municipal, os mesmos não se encontravam disponíveis,

pelo motivo, segundo os responsáveis, da ausência dos planos no SIMEC. O acesso a eles

somente foi possível mediante contato com um profissional da Secretaria do Estado de Santa

Catarina, que obteve sucesso no resgate desses planos no referido sistema.

Em relação ao PPP, durante uma leitura minuciosa, buscou-se analisar como a EA está

inserida no mesmo, tendo como base as seguintes pré-categorias: Integração da EA;

Concepção de EA; Estratégias e/ou ações para o desenvolvimento da EA; Inserção das

Políticas Públicas para a EA; e outras informações que fossem relevantes à temática ambiental

(Apêndice I). Já os planos de aulas dos docentes, foi realizada uma análise menos detalhada,

utilizando o registro em um diário de bordo para anotações das atividades e metodologias de

ensino desenvolvidas durante o ano letivo.

Por fim, realizou-se a observação direta. De acordo com Yin (2010) o pesquisador não

necessita observar por um longo período de tempo determinada situação para coletar dados.

Com isto, a observação desse estudo aconteceu de forma informal durante a execução das

entrevistas e das análises documentais nas instituições de ensino. Os dados provenientes dessa

fonte de evidência foram registrados no diário de bordo utilizado pelo pesquisador.

26 EA e a formação inicial/continuada; Concepção de EA e Sustentabilidade; Percepção e Responsabilidade socioambiental; Conteúdos/metodologias em EA; Estratégias/ações desenvolvidas e possibilidades na escola; Acerca das Políticas públicas em EA; Relação escola-comunidade; Inserção da EA no PPP/construção; Limitações e Possibilidades; PDDE Sustentável.

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CAPÍTULO 5 ANÁLISE E COMPARTILHAMENTO DOS RESULTADOS

Toda atividade humana deseja falar. Quando essa palavra toma consciência de si, então a atividade humana deseja

escrever, isto é, organizar os sonhos e pensamentos. A literatura não é, portanto, o sucedâneo de nenhuma outra

atividade. Ela completa um desejo humano. Ela representa uma emergência da imaginação (BACHELARD, 1990, p.

283-284).

Neste capítulo serão apresentadas as análises e o compartilhamento dos resultados dos

dados oriundos das fontes de evidências já mencionadas anteriormente. Para uma melhor

organização e compreensão, o capítulo foi dividido em subitens relacionados a temáticas

advindas dos objetivos e questionamentos desse estudo.

5.1 A INSERÇÃO DA TEMÁTICA AMBIENTAL NOS DOCUMENTOS CURRICULARES E NAS PRÁTICAS DE ENSINO

Com a intenção de identificar como a EA está inserida nos documentos curriculares e

nas práticas educativas das duas instituições de ensino do município de São João Batista SC,

algumas categorias elaboradas para a síntese das entrevistas, bem como os planos de aula e os

dados extraídos do PPP da escola, serviram como eixos norteadores para análise.

A priori, buscou-se conhecer como as temáticas relacionadas à sustentabilidade

socioambiental foram abordadas na formação inicial, e como estas estão inseridas nas

formações continuadas dos profissionais da educação, haja vista que isto implica nas práticas

dos docentes e dos gestores das escolas. Quando perguntados a respeito disto, algumas

respostas foram obtidas.

“ Não foram abordadas essas questões da EA ou da Sustentabilidade. O foco era apenas nos conteúdos das disciplinas específicas da Pedagogia. Não nos é oferecido ainda nenhuma formação continuada a respeito das questões ambientais ou da Sustentabilidade.” (D1)

“ Aí você me pegou! Acho que não foram abordadas não. Como nossa graduação foi há muito tempo (risos), era muito falado sobre as questões de como trabalhar em sala de aula os conteúdos mesmo de português, matemática, essas disciplinas. Formação continuada em EA não participei não.” (D4)

Nessas falas relatadas pelos sujeitos, e também pelos gestores, é perceptível que a EA

e a sustentabilidade socioambiental não estiveram presentes durante suas formações na

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Educação Superior. O acontecido, talvez, tenha ocorrido pela questão do período em que

esses docentes realizaram suas formações iniciais. Como ambos os professores já possuem

uma vasta experiência profissional, a matriz curricular, provavelmente não constava com os

preceitos ambientais inseridos de forma a abranger o currículo da Educação Superior.

Isto faz sentido pois, nas falas de dois docentes, com formação mais recente, mais

precisamente nas do D2 e D8, que a EA foi abordada nas suas formações. O sujeito D7

Foi ensinado aquilo que a gente

já sabe, que tem que preservar, cuidar do ambiente, conscientizar os alunos, essas coisas.”

(D7).

Essas constatações vão ao encontro com o que Guimarães (2004, p.124) afirmava, que

preservacionista, que vai

contra os preceitos da EA crítica, a qual permite uma sensibilização dos sujeitos.

Em relação à formação continuada, os sujeitos alegam não ter participado de

formações voltadas a essas temáticas e alguns, como D3, D5, D8 e G2, apontam que um dos

motivos de não participarem é que essas formações não são disponibilizadas pelo munícipio.

Com essas falas, percebe-se que os sujeitos desconhecem qualquer tipo de

oferecimento de cursos de EA (Extensão, Aperfeiçoamento e Especialização), presencial e/ou

a distância disponibilizados pelo PNES, conforme abordado no item 3.4 dessa pesquisa. O

curioso é que, para que as escolas pudessem aderir ao PNES, um dos critérios era a

participação de formações continuadas, oferecidas pelo próprio programa. Entretanto, mesmo

os docentes e gestores não terem realizados essas formações, as escolas foram contempladas

com os recursos.

educação possuem um papel fundamental e decisivo na inserção das questões ambientais no

cotidiano escolar, sensibilizando e instrumentalizando os educandos para um posicionamento

crítico face à crise socioambiental, tendo como horizonte a construção de hábitos e a

formação de uma cidadania ambiental que os mobilize para a questão da sustentabilidade no

seu significado mais abrangente.

Definida a primeira questão, buscou-se saber como o docente ministra os conteúdos e

metodologias de ensino em EA. Durante a entrevista, o D1 respondeu que trabalha as

[...] quando tem algum conteúdo que está relacionado,

por exemplo os animais, as plantas, onde já se estabelece uma relação e busca trabalhar a

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questão da conscientização, senão é trabalhado mais as questões cotidianas Essas ações

cotidianas, segundo ele, seriam as questões básicas de respeito ao meio ambiente, como por

exemplo, a questão de não poluir, de economizar os materiais escolares, de cuidar das plantas

e animais, dentre outros. Essa mesma ideia foi encontrada nas falas de outros sujeitos.

Para referendar esse relato, analisou-se os planos de aulas do D1, nos quais foi

verificado que são poucos os conteúdos e metodologias com ênfase ambiental. O que foi

possível registrar foram algumas atividades isoladas que, ao perceber a data, concluiu-se que

se restringiam ao Dia da Água, do Meio Ambiente, e o Dia da Árvore, corroborando o que

constataram autores como Reigota (2004), Sato (2001) e Guimarães (2004). Essas atividades

eram voltadas à construção de painéis informativos ou então ao recorte, colagem, pintura ou

pequenos poemas sobre temas ambientais.

Percebe-se, assim, uma série de elementos que correspondem à construção de uma

representação naturalista de meio ambiente. A ênfase nas estratégias relacionadas a animais e

plantas nos remete à representação de natureza que devemos apreciar e respeitar (REIGOTA,

2004; SAUVÈ, 2005, p. 40) em que as estratégias de ensino estão vinculadas a práticas de

conservação e preservação ambiental.

Ao relacionar as práticas do D1 com as definições de EA e sustentabilidade relatadas

pelo mesmo, percebe-se que suas metodologias podem ser oriundas das suas percepções

acerca desses dois termos. O sujeito afirmou que a EA é tentar passar aos alunos aquilo

que é importante para o meio ambiente e para eles, pois nós fizemos parte desse meio. É um

trabalho de conscientização para a preservação ustentabilidade estaria voltada a

“ [ ...] criar uma situação sustentável de sobreviver nesse meio ambiente, um equilíbrio. ”

Porém, na fala do D6, é perceptível de que o mesmo tenta abordar e relacionar as

Às vezes trago algumas

notícias de jornal de coisas que acontecem, daí a gente trabalha [ ...] ” . Ou seja, há indícios de

que o docente busca direcionar sua prática com o intuito de fazer os alunos perceberem a

realidade a que estão expostos, embora em suas definições de EA e sustentabilidade, estas

também estejam voltadas a uma dimensão naturalista (SAUVÉ, 2005) e ecológica (SACHS,

2002), respectivamente.

Quando examinado o caderno de plano de aula desse professor, percebeu-se que as

notícias, embora sejam da realidade, como o mesmo mencionou, não condiziam com a

realidade local em que a escola está inserida, e que não trazia, por exemplo, “ [ ...] o

desmatamento nas encostas dos rios, a erosão; a poluição, [ ...] as enchentes” que acontecem

na região, salientadas pelo D6 acerca dos principais problemas ambientais da cidade.

Page 80: Junior Cesar Mota - Univali

Mesmo assim, o fato desse docente ter se preocupado em realizar uma interpretação da

notícia trabalhada na sala de aula, fez com que houvesse uma reflexão crítica (GUIMARÃES,

2004) no que se refere às problemáticas ambientais e sustentáveis, com o propósito de

ressignificar os valores e mudanças de atitudes, em busca de um desenvolvimento de uma

nova interação em relação ao meio ambiente (GUERRA; TAGLIEBER, 2009).

Mas, é válido ressaltar que, mesmo que as ações e práticas dos docentes estejam

limitadas às questões de conservação e preservação, talvez nessa faixa etária isso não seja

. Pelo contrário, pode ser muito importante, a partir disso, irá começar a ser

desenvolvido o pertencimento ao local e o entendimento de como funciona o ambiente. Se

essa intervenção for bem feita nessa fase de desenvolvimento das crianças, já é muita coisa, é

o começo da formação para uma cidadania planetária, de respeito à vida, e à diversidade.

Entretanto Kaplan e Loureiro (2011) evidenciam que há falhas das relações entre a EA

e a escola. Estas ainda acontecem, pois ainda busca-se secundarizar as práticas ambientais do

contexto escolar, transferindo-as para outros espaços, vistos como mais compatíveis à prática

educativa ambiental; e, quando estas ações conseguem estar voltadas aos espaços das escolas

nem sempre são concebidas e realizadas em diálogo com a comunidade e os conhecimentos

escolares.

O fato é que, seja a partir de um programa, política ou por iniciativa dos docentes,

gestores, alunos e/ ou comunidade, a EA precisa estar inserida no processo educativo, não

apenas como um modismo ou cumprimento de normas governamentais ou federais de

programas de governo, mas sim como um instrumento transformador do modo de pensar e

agir diante das situações de conflitos socioambientais contemporâneas.

Para que isto aconteça, é preciso que sejam oferecidos suportes à comunidade escolar

de como realizar tais ações que permitam que a EA e a sustentabilidade estejam inseridas no

contexto educativo, a fim de proporcionarem subsídios para que as escolas realizem o

processo de transição para EES.

Em algumas falas, é possível perceber que há vontade dos docentes e gestores em

realizarem tais ações, entretanto não sabem como fazer. O G2, por exemplo, evidencia que

“ Sei que precisa fazer mais, mas às vezes não se sabe como fazer” . O sujeito D8 apresenta a

mesma angústia, quando retrata que “ A gente quer fazer, mas não sabe como” .

Talvez seja por isso que os docentes, em sala de aula, parecem acabar deixando as

questões ambientais em segundo plano, e trabalham os ditos conteúdos obrigatórios, como se

a EA não pudesse ser trabalhada de forma transversal e interdisciplinar. É esta falta de

conhecimento que talvez faça com que os docentes pensem dessa maneira. Como bem

Page 81: Junior Cesar Mota - Univali

programas curriculares e transmissão de conteúdos formais

aderir metodologias que articulem a EA e a sustentabilidade socioambiental nas suas práticas

de ensino.

Ainda, nesse sentido pedagógico, estudos como os de Guerra e Guimarães (2007),

Narcizo (2009), e Silva e Ferreira (2013), apontam que a maioria dos professores infelizmente

compreendem que a EA deva ser trabalhada apenas em assuntos ligados ao meio ambiente,

geralmente nas aulas de ciências e/ou geografia, como se pode perceber na fala de D2 e D7.

organização curricular? Ao meu ver, a EA nas aulas de Ciências e Geografia não é problema

do professor, mas sim da organização curricular. O fato do trabalho estar focado nessas

disciplinas, é questão dos professores encontrarem ali, espaços, saídas e/ou meios para

trabalhar as questões ambientais, algo que talvez não seja tão fácil em outras áreas, devido à

organização curricular.

D2 afirma que: “ Olha, eu costumo trabalhar as questões ambientais durante as aulas.

Por exemplo, em geografia, ciências, ou quando surgem oportunidades em outras disciplinas

a gente sempre fala na questão do meio ambiente sabe? É importante

“ Trabalho sempre que posso. Ciências e Geografia geralmente porque é mais fácil para

relacionar os conteúdos” .

Isso acontece talvez pela dificuldade de inserção da EA na prática pedagógica,

decorrente muitas vezes da falta de capacitação ou de outros subsídios necessários. Esse

desconhecimento é perceptível nas falas dos sujeitos em relação às Políticas Públicas

referentes à EA, nas quais todos os sujeitos afirmaram que não as conhecem ou não as

conhecem de forma aprofundada.

Essa dificuldade acontece também quando o assunto são as estratégias e/ou ações

desenvolvidas na instituição escolar. Quando perguntados sobre como a E1 desenvolve ações

ambientais e sustentáveis, o gestor da instituição afirma que o que existem

São lixeiras coloridas para a separação do lixo. O lixo orgânico vai para a horta. Reconheço que falamos demais e praticamos pouco. As crianças precisam participar de ações ambientais, seja por meio de projetos, gincanas ou vídeo, por exemplo (G1).

Já o D1, ressalta que

Page 82: Junior Cesar Mota - Univali

Percebo que foram colocadas as lixeiras para a coleta seletiva do lixo, mas eu vejo que fica muito solto. Não sei se as crianças entendem isso. É cobrado a questão do desperdício dos alimentos. Se a escola tivesse um projeto que permitisse todas as crianças e professores trabalhar e participar, daí sim daria certo.

Como se vê, os cestos coletores foram citados pela maioria dos sujeitos como

possíveis estratégias e/ou ações desenvolvidas na escola como fomento à EA. Acerca disto,

vale abordar a ação relatada pelo docente sobre a questão das lixeiras coloridas para a coleta

seletiva. Como se vê, a questão da reciclagem ainda é um conceito forte quando a questão é

EA e/ou sustentabilidade socioambiental.

A utilização de lixeiras coloridas para separação de resíduos, foi uma equivocada

decisão do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), que não deu certo no que se

refere às questões de sensibilização para o cuidado de si, do outro e do meio ambiente, uma

vez que somente isto não é suficiente para promover uma cultura ambientalmente sustentável,

no entanto ainda dá lucro às empresas que produzem estas lixeiras coloridas.

Em relação à validade dessas lixeiras para a sensibilização ambiental dos alunos, esta

chega a ser questionada pelo D1 na fala “ Não sei se as crianças entendem isso” ; na fala do

D8 “ Tem as lixeiras coloridas, mas não dá muito certo” ; e, na fala do D3, além da não

sensibilização dos alunos, percebe-se que não há uma sensibilização dos demais funcionários,

uma vez que “ Aqui na escola nós temos as lixeiras coloridas, mas parece que não dá certo.

Além das crianças não depositarem corretamente, percebo que no fim o lixo é recolhido e

misturado

Estas falas foram confirmadas por meio das observações realizadas sobre o uso das

lixeiras de coleta, durante a imersão na E1 e na E2. Foi possível verificar que elas não

possuem os resíduos sólidos separados de acordo com as cores das mesmas.

Diante disso, é possível estabelecer uma relação com o triângulo das práticas de

Gestão Ambiental (KITZMANN, ASMUS, 2009), no qual os autores apontam que o

conhecimento, o planejamento e a infraestrutura, estejam interligados para que de fato

determinada a não basta ter equipamentos

adequados e planos sobre como agir se as pessoas

não estiverem capacitadas para tal e, mais do que isto, se não estiverem cientes de seu nível de

responsabilidade e de seu

As constatações ainda

:

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Essa prática educativa, que se insere na lógica da metodologia da resolução de problemas ambientais locais de modo pragmático, tornando a reciclagem do lixo uma atividade-fim, ao invés de torná-la um tema-gerador para o questionamento das causas e consequências da questão do lixo, remete-nos de forma alienada à discussão dos aspectos técnicos da reciclagem, evadindo-se da dimensão política (2002, p. 1).

Sato compartilha deste mesmo pensamento, quando salienta que muitas vezes as ações

[...] ênfase no terceiro R (Reciclagem) das campanhas dos resíduos sólidos, em detrimento da Redução e da Reutilização, chaves nos programas de EA. As indústrias fazem campanhas nas escolas, através de jogos competitivos e não

latinhas de alumínio, enquanto incentivam mais consumo para a premiação de computadores e de outros materiais escolares (SATO, 2001, p.1).

Nesse sentido, é importante ressaltar o posicionamento desses autores de que, junto

aos atos de discursar e agir a respeito da reciclagem dos resíduos sólidos, é necessário que

haja uma educação voltada à redução do consumo, e uma crítica ao consumismo e ao sistema

capitalista de extração, consumo e descarte de produtos ou serviços, ou seja, uma reflexão-

ação sobre essa problemática que tenha como resultado a sensibilização em prol da formação

de uma cultura de sustentabilidade e uma cidadania ecológica, na qual os sujeitos incorporem

e sejam capazes de decidir sobre suas próprias escolhas, no que diz respeito à tomada de

atitudes e ações direcionadas à sustentabilidade, em suas diferentes dimensões.

5.1.1 As ações do plano do PDDE Escolas Sustentáveis e a realidade escolar

paradigmática27

questionamentos realizados durante as entrevistas em relação ao PDDE Escolas Sustentáveis.

Primeiro de tudo, é necessário trazer algumas questões para discussão. Na fala dos

docentes, de ambas as escolas, estes afirmam que não possuem conhecimento amplo acerca

do PDDE Escolas Sustentáveis e por consequência, não sabiam o que eram os chamados

Planos de Ação formulados para a escola aderir aos recursos financeiros do Programa. Isto

pode ser confirmado em algumas falas:

27 Reprodução nas ações educativas dos paradigmas constituintes da sociedade moderna e que provoca a limitação compreensiva e a incapacidade discursiva. Esse processo vem gerando, predominantemente, ações educativas reconhecidas no cotidiano escolar como EA e que, por essa armadilha paradigmática na qual se aprisionam os professores/as, apresenta-se fragilizada em sua prática pedagógica.

Page 84: Junior Cesar Mota - Univali

Já ouvi falar do PDDE e dos recursos né? Mas estou meio por fora. Tem plano de

ações? Então, isso eu não sabia.” (D2)

“ Ouvi falar, mas não conheço muito. Não participamos da elaboração de planos. A

escola recebeu dinheiro, acho que a diretora comentou sobre algum projeto, não me lembro

muito.” (D8)

Na fala do G1 e do G2, também foi possível perceber que há falta de conhecimento

acerca do P É um

programa recente. Caiu meio que de paraquedas na escola. Chegou algum material do MEC,

mas não é tão fácil de compreender. Ninguém veio falar nada como funciona exatamente .

Acredito que faltam algumas informações

para nós da escola de como esse programa funciona, quais os objetivos. A maior dificuldade

é o conhecimento.”

Posto isto, analisando a dificuldade de compreensão e/ou até mesmo o

desconhecimento do Programa por parte dos sujeitos, fica a pergunta de como que houve a

adesão ao Programa e liberação de recursos financeiros do governo federal, diretamente às

escolas, se não havia conhecimento sobre a formulação dos Planos e sua relação com as

estratégias a serem executadas na escola.

Com essa inquietação, procurou-se entender como esta lacuna ocorreu. Para isto, foi

realizada uma leitura dos planos de ação, das sete escolas contempladas, mesmo que somente

duas foram selecionadas para esta pesquisa, com a intenção de perceber alguma evidência que

explicasse tal fato. O que foi observado de semelhante é que as sete escolas se apropriaram

somente da Ação 3 (Promover a inclusão da temática socioambiental no projeto político-

pedagógico da escola).

O G1, quando perguntado acerca desse fato, de como foi esse processo de elaboração

do Plano, respondeu que “ O planejamento das ações e a definição das estratégias aconteceu

conversando com os professores.” Entretanto, isso contradiz o que os docentes da E1 haviam

afirmado, como na fala do D1 “ Plano de ações? Não foi passado nada para nós

(professores). Talvez porque a gestão da escola nem soubesse que seria necessário. ”

Em contrapartida, o discurso do G2 trouxe a resposta à inquietação que estava sendo

verificada. G2 afirmou que “ O plano de ações foi elaborado junto com uma moça da

Secretaria de Educação que entendia mais do assunto” . Isso justifica o porquê das escolas

terem escolhido a mesma ação no Plano, e também a solicitação para utilização do recurso,

sem terem conhecimento de como elaborá-lo.

Page 85: Junior Cesar Mota - Univali

Ressalta-se que não está sendo inferido nenhum julgamento contra as escolas,

professores ou gestores. Pelo contrário, muitas vezes a comunidade escolar acaba se tornando

-las e

colocá-las em prática. Isso nos remete aos dizeres de Leff (2008) quando afirma que a crise

ambiental é, acima de tudo, um problema de conhecimento.

Retornando ao preenchimento do Plano de Ação para que a instituição fosse

contemplada com os recursos do Programa, a escola E1, como mencionado anteriormente,

escolheu apenas estratégias para a Ação 3. Essa estratégia foi elaborada da seguinte maneira:

“ Projeto: Juntos Preservando o Meio Ambiente. Tem como objetivo envolver comunidade, pais, professores e alunos por meio de ações sustentáveis envolvendo a reutilização de materiais descartáveis na confecção de brinquedos, jogos pedagógicos, confecção de um jardim suspenso com utilização de garrafas Pet e implantação de uma horta escolar. ” (Plano de Ação da escola E1, grifos do pesquisador)

Diante dessa estratégia, das falas dos sujeitos e da observação direta, é possível

realizar alguns apontamentos.

Em primeiro lugar, a horta escolar referida pelo G1, segundo ele, é fruto do

o

planejamento das ações e a definição das estratégias aconteceu conversando com os

professores -se que a horta não foi construída,

mas sim adaptada com a utilização de alguns blocos de concreto que delimitam o plantio de

ervas e temperos, que são utilizadas na merenda escolar das crianças. Assim, notou-se que

para a organização da horta, não houve grandes investimentos financeiros por parte da escola.

Em segundo, o projeto relatado pelo D1, que talvez fosse uma das possibilidades de

inserção da temática ambiental no âmbito escolar, até aparece no plano de ação do PDDE

como uma estratégia o envolvimento da comunidade, os pais, professores e alunos por meio

de ações sustentáveis. No entanto, D1 e os demais docentes da E1 (D2, D3 e D4), não tinham

conhecimento desse fato, demonstrando uma contradição com o que o G1 havia declarado

anteriormente.

Em relação à escola E2, cuja estratégia, também vinculada à Ação 3, apresentava a

proposta de Desenvolver, acompanhar e assumir a Educação Ambiental na escola de forma

permanente e envolver a comunidade escolar e o entorno onde vivemos para pensar nas

soluções para os problemas atuais e na construção de um futuro desejado por todos. ” (Plano

de Ação da escola E2, grifos do pesquisador), percebeu-se que há uma grande dificuldade de

articular a comunidade com as práticas escolares dentro da instituição, e que a parte do

Page 86: Junior Cesar Mota - Univali

recurso recebido até o momento da pesquisa, segundo o G2, foi utilizado para “ [ ...] comprar

um computador para a sala dos professores e outros materiais didáticos que estavam

faltando . A fala do G2 mais uma vez nos remete a hipótese da falta de conhecimento e

informação, uma vez que a compra de equipamento de informática não está prevista no

Programa para a inserção da temática ambiental no PPP, o que pode causar problemas à

escola na prestação de contas.

Dando continuidade, A comunidade pouco

participa no que se refere às atividades ambientais. Mas também a gente não cria

possibilidades.” Ou seja, talvez a queixa da falta de maior participação da comunidade na E2

esteja acontecendo por falta de oportunidades que possibilitem uma inserção das famílias e

instituições nas práticas e vivências socioambientais, que possam a vir ocorrer dentro do

espaço escolar.

[...] sempre há uma

troca de experiências, mesmo as famílias não vindo até aqui na escola” . Esta colocação do

G2 nos remete a pensar na possibilidade de um diálogo de saberes populares e científicos, e

possivelmente os alunos poderiam ser esses mediadores. Isto vem de encontro com os

relacionamento entre o saber científico e outras formas de conhecimento. Consiste em

[...] visando a construção

de mais justa e democrática [...].

Nesse sentido, é importante destacar que esta troca de experiências, esse diálogo de

saberes, se constitui como um dos princípios e valores do PNES, e também das DCNEA, para

a transição das escolas para um EES (BRASIL, 2014d; BRASIL, 2012a). Além disso, é

saberes sobre sustentabilidade no ambiente escolar e na relação escola-

p. 7). Desta forma, percebe-se que a escola, apesar dos obstáculos e dificuldades descritas em

alguns momentos pelos sujeitos acerca da inserção da EA no contexto escolar, possui

potencialidades para que ocorra a transição para um EES.

Dando continuidade às análises desse estudo, convém agora verificar como as escolas

focaram suas estratégias para a inserção da EA e da sustentabilidade no contexto escolar na

Ação 3. Para isso, tornou-se indispensável saber como esses termos estão inseridos no PPP

das escolas, e como este foi elaborado nas instituições.

De antemão, destaca-se que os PPPs das duas escolas, no que tange às questões

ambientais, apresentam características muito semelhantes. Com a análise documental,

Page 87: Junior Cesar Mota - Univali

observou-se que não há um espaço que saliente uma ou mais concepções de EA; não existem

estratégias e/ou ações para desenvolvimento da temática ambiental, e nem parte específica

que trate das Políticas Públicas em EA. O que foi possível perceber é que o meio ambiente

aparece integrado de forma sintetizada .

Quando questionado a respeito da inserção da temática ambiental no PPP, bem como a

participação da comunidade escolar e local no processo de construção e/ou reelaboração do

PPP, o G1 demonstrou sua Temos que reformular o PPP nessa parte. Se a EA está

inserida, está de forma muito sucinta, sem muita ênfase. A sociedade participa da elaboração

e reelaboração do PPP: a comunidade, os professores, os funcionários e os pais” .

Entretanto, o relato do D1, contrapõe o de G1 quando diz que:

Era para ser participativo, certo? Mas, na verdade desde que trabalho aqui eu não busquei me inteirar do assunto. Entretanto não houve nenhum momento de reunião ou encontro para discutir o PPP, pois ele passa por reformulações, mas às vezes os professores acabam nem sabendo. Não tenho conhecimento sobre como a EA está inserida no PPP da escola.

Ainda, o D3, relata [...] mas acho que

não tem muita coisa não. A construção do PPP é participativa né, mas como passa por

reformulações e não se muda muita coisa, não se reúne para discutir frequentemente .

A situação da E2 é semelhante. O gestor aponta que não há muito acerca da EA no

O PPP é

referência e precisa estar em constante reformulação. Geralmente discutimos nos Conselhos

de classe, anualmente e vimos o que precisa modificar” . Quanto à elaboração, os docentes da

escola afirmaram que não acontecem muitas reuniões para discutir o documento. D5 relatou

que Uma vez por ano geralmente a gente senta no Conselho de Classe para ver isso” .

Para entender as contradições entre esses relatos, é pertinente recorrer a Trajber e

Mendonça (2006), quando afirmam em seu estudo, que as escolas possuem dificuldade em

estabelecer estratégias que possibilitem a participação na elaboração e reestruturação do PPP,

e de aceitar que os atores sociais comunitários são igualmente sujeitos do processo educativo

ambiental e que precisam estar inseridos no contexto da escola.

Perante os relatos e análises dos PPPs das escolas, é visível perceber que os

documentos não refletem o que as escolas são, e o que fazem, e que a participação da

comunidade escolar e local não é tão efetiva, quanto deveria, segundo as falas dos sujeitos, ou

seja, pouco expressam a reflexão e o trabalho realizado em conjunto por todos os profissionais

(LIBÂNEO, 2004). Eles não apontam as características, as necessidades, as essências e raízes

culturais dos sujeitos da comunidade, e tão pouco apresentam as realidades e as problemáticas

Page 88: Junior Cesar Mota - Univali

socioambientais por quais os moradores locais enfrentam, problemas ambientais estes

abordados nas falas dos sujeitos.

5.2 IMPLICAÇÕES PARA O PROCESSO DE TRANSIÇÃO DAS ESCOLAS PARA ESPAÇOS EDUCADORES SUSTENTÁVEIS Neste item, apresento algumas implicações que possivelmente são obstáculos para o

processo de transição das escolas para EES. Com isso, se buscou analisar os desafios e as

possibilidades que as duas instituições encontram diante da necessidade de inserir ações e

estratégias direcionadas à EA e a constituição ou transição para espaços educadores

sustentáveis.

Primeiramente, se procurou conhecer a respeito das possíveis limitações e obstáculos

que os docentes e os gestores percebem existir para a inserção da EA em suas práticas

pedagógicas, e quais as condições de possibilidade para romper, parcial ou integralmente

esses limites.

Dos docentes obteve-se respostas como: “ Limites? Não saber trabalhar de maneira

diversificada a EA e as questões sustentáveis. Precisaria de formações nesse sentido, alguém

para dar uma “ luz” . (D8, grifos do pesquisador). Acho que minhas limitações é

não saber como trabalhar a EA como as outras matérias. A gente fica meio perdida no meio

de tanto conteúdo e essas questões ambientais ficam para trás” . (D2, grifos do pesquisador).

Destaca-se também esse trecho de uma das narrativas:

Eu percebo que os professores se esforçam e sempre tentam fazer o melhor. Talvez um dos limites, assim como é meu também, seja a falta de conhecimento de como

trabalhar mais essa questão ambiental. Formações, palestras, oficinas, talvez fossem formas de romper essa limitação. (G2, grifos do pesquisador)

e pelo G2, já havia sido mencionado

quando foram perguntados acerca da implementação de ações que permitam que a EA e a

sustentabilidade estejam inseridas no contexto educativo, a fim de proporcionarem subsídios

para que as escolas realizem o processo de transição para um EES.

Agora, o que merece destaque, é a seguinte fala de D1:

Acredito que a gente fala pouco sobre isso, mas que não há muitas limitações. Acho que a gente acaba esquecendo de abordar esses conteúdos ambientais, devido à falta de tempo. Teria que ser mais trabalhado. Acho que é necessário algo que nos permita dar mais ênfase à EA. Talvez algum material específico ou se a EA fosse

uma disciplina que tivesse conteúdo a ser seguido. (D1, grifos do pesquisador)

Page 89: Junior Cesar Mota - Univali

Compartilhando desse mesmo pensamento, temos o D4 que relata que [...] A gente

tem muito conteúdo das disciplinas ditas obrigatórias. Quem sabe se a EA fosse assim

também, a gente não teria como fugir né?” e D7 “ [ ...] Às vezes a gente dá mais importância

nos conteúdos obrigatórios, não que não seja importante o meio ambiente, se fosse algo

obrigatório, com conteúdos a serem seguidos, não teria escapatória né?

Nessa mesma linha dos docentes, o G1 abordou que:

Os professores são bem preocupados com a questão da consciência ambiental e trabalham em sala de aula. Poderiam trabalhar mais. Acho que poderiam ter mais

formações continuadas ou uma disciplina específica na grade curricular que abordasse unicamente essa questão dentro de todas as outras disciplinas. (Grifos do pesquisador)

Por que isso merece destaque? Pois bem, segundo os sujeitos, as questões ambientais

poderiam ser mais trabalhadas, mas

as temáticas relacionadas ao ambiente e à sustentabilidade acabam ficando em segundo plano.

Por esse motivo, acreditam que se a EA fosse uma disciplina específica, esses conteúdos

seriam obrigatórios e teriam de ser trabalhados como os outros, alcançando assim resultados

mais abrangentes e significativos.

É aí que o destaque surge. Essas afirmações dos sujeitos não se sustentam com o que

afirmam a história e a Política Nacional de EA, bem como o que instituem as DCNEA

(BRASIL, 2012a), as quais afirmam que, para a Educação Básica, não se pretende a inclusão

desta temática transversal como disciplina curricular, uma vez que a meta a ser alcançada é o

fortalecimento do caráter interdisciplinar da EA, para que, assim, possa continuar perpassando

e avançando nas modalidades educativas e nos ramos científicos.

Quanto às possibilidades para superar essas limitações, a maioria dos sujeitos apontam

que as formações continuadas são as ferramentas mais eficazes. É por isso que as DCNEA

afirmam em

complementar em suas áreas de atuação, com o propósito de atender de forma pertinente ao

(op. cit., p. 3).

No que se refere à dimensão do currículo, retoma-se a discussão acerca da inserção da

EA e da sustentabilidade nos PPPs das duas escolas apresentadas anteriormente. Como foi

visto, não há uma inclusão de conhecimentos, saberes e práticas sustentáveis no Projeto

Político Pedagógico das instituições de ensino e em seu cotidiano a partir de uma abordagem

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acontecendo, uma vez que a dimensão curricular tem como foco principal a internalização da

dimensão ambiental nas instituições (BRASIL, 2014d).

Além disto, foi possível constatar nas falas dos docentes, nos planos de aulas, e nas

observações realizadas, que as problemáticas socioambientais, também mencionadas

anteriormente, não são consideradas nas práticas de ensino, como prevê o PNES.

Posto isto, há de se concordar com Sacristán (2000) que a eficácia da tradução de

certos currículos prescritos, depende de como os professores são capazes de se expressar,

se expressar, comunicar com clareza pensamentos próprios, fundamentar uma atitude crítica,

fomentar hábitos de trabalho, cultivar

outros aspectos.

Para que isso ocorresse, seria preciso que os docentes possuíssem conhecimento

acerca do Programa prescrito, para que a EA e as práticas sustentáveis fossem realmente

traduzidas na prática e inseridas no currículo escolar. Essas traduções só serão significativas

se, conforme o autor, os professores não se prenderem somente ao saber prático procedente

basicamente de suas próprias experiências, mas sim, articularem com novos saberes

necessários para a contextualização da realidade local, regional e global, neste caso, no que

tange às questões ambientais e da sustentabilidade, em todas as suas dimensões.

Retomando as questões pertinentes à dimensão relação escola-comunidade, D1

destacou que ele não percebe a comunidade interagindo com os temas e conteúdos escolares.

É algo mais como: escola – escola; comunidade – comunidade. Talvez seja necessário

trazer essa comunidade para a escola para participar de atividades sobre o meio ambiente .

Já, de acordo com o G1, este acredita que: Quando se traz a família, seja em reuniões,

gincanas ou em encontros, apresentando os projetos e fazendo um trabalho de consciência

junto com as crianças, tem mais chances de dar certo (Grifos do pesquisador).

Com isto, nota-se que ambos percebem a importância da articulação entre a

comunidade local e a escolar, porém ainda muitas questões ficam apenas nos discursos.

Questionado sobre com que frequência ocorrem as gincanas com temáticas ambientais

ou outras atividades que envolvem a comunidade, o gestor salientou que ainda estão

trabalhando para que isso aconteça, mas que até o momento, ainda não foi possível por talvez

não terem um ponto de partida ou conhecimento abrangente sobre como realizar algo deste

porte.

Essas constatações vêm ao encontro com o que afirmam Trajber e Sato (2010, p. 73),

quando apontam que as escolas comunidade em

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pequenos projetos ambientais escolares comunitários, [...] atividades, projetos e planos que se

entrelacem com o local, promovendo diálogos entre os conhecimentos científicos, culturais e

. No entanto, muitas vezes não sabem como realizar essas estratégias, muitas

vezes porque elas não foram trabalhadas, tanto na formação inicial, quanto continuada dos

docentes.

Quando se trata da dimensão do espaço físico escolar, prevista no Programa, o que se

observou foram a colocação de lixeiras coloridas situadas no corredor, tanto da E1 como da

E2. Também uma pequena horta construída em um local que é restrito às merendeiras, por

possuir ervas e temperos utilizados na merenda escolar dos alunos na E1.

Observou-se também pequenos jardins construídos na faixada das duas escolas, mas

como ornamentação, uma vez que, da mesma forma que na horta, não se observou qualquer

tipo de atividade com os alunos para o seu cuidado.

Para sermos coerentes com os objetivos e ações do Programa, a horta na E1, seria uma

potencialidade para o fomento da EA na escola. Entretanto, não está contribuindo para gerar

novos conhecimentos e práticas no ambiente escolar, pois confirmamos na conversa com os

docentes, que os alunos não participam de atividades que envolvam esse espaço.

Ainda com relação à observação do espaço físico,

escolares segue, em sua

como explanado no subitem 3.2.3 desse trabalho, mas sabe-se que isso não acontece somente

nessas duas escolas. Dessa forma, essa dimensão pouco contribui para a transição das escolas

para um EES.

Diante do que foi exposto neste capítulo, percebe-se que as escolas da rede municipal

batistente analisadas neste estudo, possuem ainda uma série de limites e obstáculos a fim de

que seja possível realizarem o processo de transição para um EES.

Sabe-se que as mudanças para a internalização da EA e da sustentabilidade previstas

no PNES e nas DCNEA, tanto no currículo, na gestão, no espaço físico e nas relações a serem

instituídas entre a escola e a comunidade, são lentas e, para que possam de fato acontecer, é

preciso antes de tudo, que haja por parte dos envolvidos, a construção de conhecimentos,

diálogo de saberes e a sensibilização para o estabelecimento de uma cultura de

sustentabilidade.

Além disso, é necessário o compromisso de toda a comunidade escolar, e da vontade

política, que façam os discursos e programas governamentais se tornarem práticas

ambientalmente sustentáveis nas instituições de ensino. Dessa forma, será possível que que se

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alcance a desejada transição das mesmas para se tornarem espaços educadores sustentáveis,

como determinam as leis e diretrizes curriculares nacionais.

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CAPÍTULO 6 CONSIDERAÇÕES E RECOMENDAÇÕES

Quem um dia quiser aprender a voar, deve primeiramente aprender a ficar de pé, andar, correr, saltar, escalar e dançar.

Não se aprende a voar voando! Com escadas de corda aprendi a escalar muitas janelas, com pernas ágeis subi em altos

mastros: estar sobre altos mastros do conhecimento não me pareceu uma pequena ventura. (NIETZSCHE, 2002, p.310)

É nesta proposição de Nietzsche que baseio as considerações finais dessa pesquisa.

Quando adentrei ao Mestrado, tive que aprender a ficar de pé. Não foi fácil, assim como não é

fácil para bebês começarem a dar seus primeiros passos. Mas entre tantas labutas, me ergui e

comecei a andar, e tudo passou! Passou rápido e tive que andar mais rápido! Quando percebi,

estava correndo, saltando... tive que escalar e, no fim da escalada.... O que tinha? Ora,

adivinhe..., não é difícil! Certo, irei contar-lhes! Tinha a banca de qualificação! E lá, naquela

banca, estavam as três pessoas que me fizeram dançar e chegar até aqui, para alçar voos. Voei

e continuo voando!

Durante o voo, percebi do alto, que nosso país está enfrentando uma crise econômica

e, que há um grande risco de programas educacionais, mais precisamente no que tange ao

fomento da EA, como o PDDE Escolas Sustentáveis e o PNES, deixarem de existir. Caso

mais sério é o do PNES, o qual, mesmo envolvendo centenas de escolas no país, até o

presente momento se encontra ainda em sua versão preliminar, em análise nos altos escalões

do MEC, sendo que a própria Coordenação Geral de Educação Ambiental CGEA, teme pela

sua continuidade, assim como de um retrocesso que coloca em risco os avanços conquistados

no campo da EA com as DCNEA, em 2012.

Mas, se tomamos como exemplo as pessoas, de certa forma, um dia deixaremos de

existir, mas deixaremos nossas marcas por onde passamos, correto? Então, supõe-se que não é

e não será diferente com esses dois Programas governamentais mencionados.

É neste viés, de conhecer as marcas desses Programas em duas escolas municipais

batistentes que aderiram ao mesmo, no ano de 2013, que se propôs como objetivo geral dessa

pesquisa analisar como as escolas traduzem e contextualizam em suas práticas, os

fundamentos e princípios das DCNEA e do PNES, visando à transição para espaços

educadores sustentáveis, das instituições de ensino de Educação Básica do município de São

João Batista SC.

Para atingir tal objetivo, delineou-se a seguinte questão de pesquisa: Quais os limites e

as possibilidades de inserção da EA e da Sustentabilidade, no currículo, na gestão

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democrática, no espaço físico e na relação escola-comunidade em instituições de ensino de

Educação Básica no município de São João Batista, de modo a proporcionar a possibilidade

de transição das escolas para EES?

Com o propósito de responder tal questionamento, fiz um pouso nos meus campos de

pesquisa, a fim de encontrar possíveis respostas.

Como limitações e obstáculos, podem ser considerados as seguintes:

a) Desconhecimento do PNES por parte dos sujeitos, no que tange suas intencionalidades

e objetivos, bem como do PDDE Escolas Sustentáveis e das Políticas públicas em EA,

tanto por parte dos docentes, quanto dos gestores escolares, fazendo com que as

dimensões previstas pelo PNES currículo, gestão democrática, espaço físico e

relação escola-comunidade não se articulem e não sejam implementadas de forma

significativa à transição para um EES.

b) Falta de formações continuadas em EA, que ofereçam base e suporte para que os

profissionais da educação consigam traduzir o que está prescrito nos Programas em

suas práticas de ensino, conseguindo articular suas metodologias com a temática

ambiental de forma interdisciplinar, como preveem as DCNEA;

c) Ausência de diálogos entre alguns docentes e a gestão da escola. Essa falta de diálogo

distancia a implementação de uma gestão democrática por não haver articulação e

relações de saberes entre os envolvidos na comunidade escolar, dificultando o

processo de participação de todos nas tomadas de decisões;

d) Fragilidade do Projeto Político Pedagógico, por não apresentar a realidade, as

características, as necessidades, as essências e as raízes culturais dos sujeitos da

comunidade escolar e local, e por estarem desarticulados com as questões da EA e da

Sustentabilidade, uma vez que as ações preenchidas nos Planos do PDDE Escolas

Sustentáveis, apontavam para a inserção da temática ambiental nesses documentos.

Já como possibilidades, podem ser destacadas as seguintes:

a) Indícios de que alguns docentes buscam direcionar suas práticas com o intuito de levar

os alunos a perceberem a realidade e consequências da crise ambiental a que estão

expostos, permitindo-os a ressignificação dos valores e mudanças de atitudes, em

busca de um desenvolvimento de uma outra interação entre ser humano-sociedade-

natureza e cultura, que nos permita a construção de sociedades sustentáveis, mais

éticas e justas;

b) Reconhecimento que é necessário e imprescindível que se trabalhe as questões

ambientais e se desenvolva uma cultura ambiental nas escolas, envolvendo a

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comunidade, os pais, professores e alunos por meio de ações que permitam

internalizar a EA;

c) Ocorrência de um diálogo entre os saberes populares e os científicos, onde alunos são

os mediadores para que esta conversa e troca de experiências aconteça;

d) Docentes e gestores acreditam e apostam nas formações continuadas acerca da EA e

da sustentabilidade, como processo de construção e reconstrução de concepções,

percepções, se constituindo como base para a elaboração de metodologias inovadoras

de ensino.

Acerca dessa última possibilidade, há de se concordar com Leff (2001) sobre a

importância que as formações continuadas em EA possuem, quando aponta que estas possuem

o desafio de direcionar o olhar dos profissionais para compreenderem as transformações da

realidade causadas pela problemática do desenvolvimento (in) sustentável cada vez mais

constante.

Ao levantar voo novamente, saindo do campo de pesquisa, mas com o pensamento

ainda lá, permiti-me refletir acerca dessas limitações, obstáculos, mas também de

possibilidades, que seria melhor chamar de potencialidades, para que as escolas realizem o

processo de transição para EES.

Retomando as hipóteses levantadas no início dessa investigação, acredito ter se

confirmado que as escolas possuem dificuldades em inserir práticas e ações sustentáveis pelo

fato de desconhecerem estratégias e metodologias que permitam interligar o currículo, a

gestão democrática, o espaço físico e a comunidade, como propõem as DCNEA, e o PNES.

Bem como confirmou-se também que os profissionais da educação da rede municipal de

ensino de São João Batista não tiveram contato ou oportunidade de elaborar conceitos sobre

EA e sustentabilidade, na sua formação inicial e continuada.

Agora, no que diz respeito de como as escolas traduzem e contextualizam em suas

práticas, os fundamentos e princípios das DCNEA e do PNES, visando a transição para

espaços educadores sustentáveis, afirmo que essa tradução ocorre de maneira lenta e de certa

forma desarticulada com os pressupostos contidos nas DCNEA e com o que está prescrito no

PNES.

Essa desarticulação ocorre devido ao desconhecimento de alguns conceitos, programas

e políticas por parte dos sujeitos referente à EA. Afinal, não é possível traduzir, contextualizar

e internalizar adequadamente o desconhecido. Entretanto, mesmo não conhecendo

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literalmente a intencionalidade do PNES e do PDDE Escolas Sustentáveis, as escolas

apresentam as possibilidades de transição prescritas nos Programas.

Ainda, enquanto pesquisador, percebo diante de tudo que foi abordado, que a adesão

do PNES parece mais uso da política pela Secretaria Municipal de Educação, do que uma

reflexão das escolas contempladas pelo Programa. Diante disto, me pergunto: Por que há essa

passividade das escolas em relação à Secretaria de Educação? Por que as escolas não reagem

diante de algo que não conhecem, apenas aceitam o que lhes é imposto? Qual o motivo de não

serem mais ativas no que se refere a algumas exigências (formações continuadas, orientações,

apoio) que a Secretaria de Educação deveria lhes proporcionar por meio de uma mediação

dialógica eficaz? E mais, por que aderir a um programa sem ao menos ter conhecimento do

que é e para serve os recursos recebidos?

Agora, se me permitem, preciso continuar meu voo, pois há muito ainda a descobrir!

Mas antes de ir, gostaria de fazer uso das palavras de Silva (2014) para que possíveis

reflexões possam ser constituídas enquanto eu permaneço voando: Como nos relacionamos

com o meio ambiente? Com que sentimento? Com que responsabilidade nos posicionamos

nesse contexto de crise (op. cit., p. 138).

E ainda, como nos foi sempre lembrado nas orientações do Grupo de Pesquisa

Educação, Estudos Ambientais e Sociedade GEEAS, a indagação de Paulo Freire sobre

(2011,

p. 15). Reflexões como estas são necessárias para que nós, enquanto educadores, repensemos

nossas práticas em prol de uma educação crítica e emancipatória, principalmente no que se

refere às questões ambientais e da sustentabilidade, para a construção de uma sociedade que

defenda uma vida mais justa, igualitária e ética.

Por ora, é isto! E como sabiamente, diz meu orientador e comandante de voo, Prof.

Antonio Guerra:

P az e bem, e sustentabilidade também!

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YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 4ªed. Porto Alegre: Bookman, 2010.

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APÊNDICES

APÊNDICE A MODELO DE DECLARAÇÃO DE INSTITUIÇÃO COPARTICIPANTE

Declaramos para os devidos fins que concordamos com os itens citados no Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) que será assinado pelos sujeitos de pesquisa

participantes de nossa escola.

Assim, autorizamos o pesquisador Junior Cesar Mota, mestrando do Programa de

Pós-Graduação em Educação da Universidade do Vale do Itajaí/UNIVALI, orientado pelo

Limites e

possibilidades na transição para espaços educadores sustentáveis em escolas municipais de

São João Batista SC

Contribuiremos com a pesquisa mencionada sempre que necessário, fornecendo

informações, permitindo o acesso às dependências da escola e documentos curriculares.

Sabemos que a escola poderá a qualquer fase dessa pesquisa retirar esse consentimento.

Também foi, pelo pesquisador acima mencionado, garantido o sigilo e assegurado a

privacidade quanto aos dados confidenciais envolvidos na pesquisa.

Concordamos que o nome, informações, fotos da escola sejam divulgadas na

dissertação, e que os resultados deste estudo poderão ser apresentados por escrito ou

oralmente em congressos e revistas científicas.

Colocamo-nos a disposição para qualquer dúvida que se faça necessária.

Atenciosamente; ________________________________________________

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APÊNDICE B ROTEIRO DE ENTREVISTA PARA OS DOCENTES Questão geradora: Quais concepções de EA e de sustentabilidade que os profissionais do magistério possuem de modo a desenvolver ações ambientais e de sensibilização para a formação da cidadania ambiental com os alunos?

1 Como as questões ambientais (EA e sustentabilidade) eram abordadas na sua formação na graduação?

� Nos últimos 12 meses, participou de cursos de formação continuada voltadas às EA? Se sim, como elas aconteceram?

Objetivo: Analisar aspectos da formação dos professores, identificando se houveram situações que contribuíram para a formação das questões ambientais. 2 O que você conhece das Políticas Públicas em Educação Ambiental?

Objetivo: Verificar se os docentes possuem conhecimento das Políticas Públicas que norteiam a EA. 3 Diante das suas vivências e aprendizagens adquiridas durante o processo de sua formação, o que você compreende por Educação Ambiental?

� E Sustentabilidade?

Objetivo: Identificar nos discursos dos profissionais as concepções de Educação Ambiental e Sustentabilidade.

4 Para você quais seriam os principais problemas ambientais da nossa região? E quem seria responsável por resolver ou minimizar esses problemas?

� Como você trabalha essas questões ambientais e de sustentabilidade em sala de aula?

Objetivo: Identificar a percepção que os professores possuem sobre os problemas ambientais, qual sua visão a respeito da responsabilidade de preservação do ambiente natural e se os discursos estão interligados às suas ações. 5 Como você definiria a Educação Ambiental e as questões voltadas à sustentabilidade executadas na sua escola? 6 - Essas ações, projetos, atividades, envolvem a comunidade de fora da escola? De que forma?

Objetivo das questões 5 e 6: Verificar se existem ações e práticas em EA voltadas à sustentabilidade na instituição e se estas se integram com a comunidade (escola-comunidade). 7 Como você lida com as limitações para desenvolver atividades e projetos para sensibilizar ecologicamente os alunos e a comunidade?

� Quais seriam essas limitações e as possíveis soluções para as mesmas?

� O que poderia ser feito para facilitar e auxiliar você na elaboração de metodologias a respeito destes temas?

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Objetivo: Perceber se há dificuldades e limitações dos professores na elaboração de metodologias que interliguem a EA e a sustentabilidade às outras disciplinas. 8 Como a EA está presente no Projeto Político Pedagógico da sua escola?

� Como se dá a participação da comunidade e dos profissionais que trabalham na escola na elaboração desse documento?

Objetivo: Analisar se o documento que rege as normas da escola (PPP) proporciona a construção de um currículo ambientalizado e se este é elaborado democraticamente.

9 As ações sustentáveis e a sensibilização para a formação da cidadania ambiental dos sujeitos acontecem gradativamente, por meio de pequenas e grandes atitudes individuais e coletivas. No seu ponto de vista, o que seria necessário para que essa escola trilhe em caminhos inovadores em relação à sustentabilidade?

Objetivo: Analisar as necessidades e desejos dos docentes em relação a construção de um espaço educador sustentável. 10 – O que você conhece do programa PDDE Escolas Sustentáveis?

Objetivo: Analisar quais informações os docentes possuem a respeito do programa.

11 Como se deu o planejamento do Plano de ações e definição das estratégias para solicitação dos recursos disponibilizados do PPDE para a escola.

� Quais dificuldades encontraram para elaborar o plano? � O recurso recebido foi aplicado?

Objetivo: Adquirir informações com o propósito de realizar articulações/comparações com as análises documentais dos planos de ação.

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APÊNDICE C ROTEIRO DE ENTREVISTA PARA OS GESTORES Questão geradora: Quais concepções de EA e de sustentabilidade os gestores adquiriram no processo de formação inicial e continuada, de modo a desenvolver ações pedagógicas alinhadas às quatro dimensões previstas pelo PNES?

1 Como as questões ambientais (EA e sustentabilidade) eram abordadas na sua formação na graduação?

� Nos últimos 12 meses, participou de cursos de formação continuada voltadas às EA? Se sim, como elas aconteceram?

Objetivo: Analisar aspectos da formação dos profissionais, identificando se houve situações que contribuíram para a formação das questões ambientais. 2 Diante das suas vivências e aprendizagens adquiridas durante o processo de sua formação, o que você compreende por Educação Ambiental?

� E Sustentabilidade?

Objetivo: Identificar nos discursos dos profissionais as concepções de EA e Sustentabilidade. 3 O que você conhece das Políticas Públicas em Educação Ambiental?

Objetivo: Verificar se os gestores possuem conhecimento das Políticas Públicas que norteiam a EA. 4 Para você quais seriam os principais problemas ambientais da nossa região? E quem seria responsável por resolver ou minimizar esses problemas?

Objetivo: Identificar a percepção que os gestores possuem sobre os problemas ambientais e qual sua visão a respeito da responsabilidade de preservação do ambiente natural.

5- Como você definiria a Educação Ambiental e as questões voltadas à sustentabilidade executadas na sua escola? 6- Essas ações, projetos, atividades, envolvem a comunidade de fora da escola? De que forma?

Objetivo das questões 5 e 6: Verificar se existem ações e práticas em EA voltadas à sustentabilidade na instituição e se estas se integram com a comunidade (escola-comunidade).

7 Como você faria para envolver mais a comunidade em projetos ambientais a serem desenvolvidos na escola? Objetivo: Analisar no discurso dos professores quais as possíveis maneiras de articular a comunidade, a gestão escolar e a escola de modo democrático em prol a desenvolver ações sustentáveis.

8 Como a EA está presente no Projeto Político Pedagógico da sua escola?

� Como se dá a participação da comunidade e dos profissionais que trabalham na escola na elaboração desse documento?

Objetivo: Analisar se o documento que rege as normas da escola (PPP) proporciona a construção de um currículo ambientalizado e se este é elaborado democraticamente.

Page 112: Junior Cesar Mota - Univali

9 Como o professor lida com as limitações para desenvolver atividades e projetos para sensibilizar ecologicamente os alunos e a comunidade?

� Quais seriam essas limitações e as possíveis soluções para as mesmas?

Objetivo: Identificar se há (e quais) limitações que dificultam a execução de ações ambientais e quais estratégias poderiam ser úteis para amenizá-las.

10 As ações sustentáveis e a sensibilização para a formação da cidadania ambiental dos sujeitos acontecem gradativamente, por meio de pequenas e grandes atitudes individuais e coletivas. No seu ponto de vista, o que seria necessário para que essa escola trilhe em caminhos inovadores em relação à sustentabilidade?

Objetivo: Analisar as necessidades e desejos dos gestores em relação a construção de um espaço educador sustentável. 11 O que você conhece do programa PDDE Escolas Sustentáveis?

Objetivo: Analisar quais informações os gestores possuem a respeito do programa.

12 - Como se deu o planejamento do Plano de ações e definição das estratégias para solicitação dos recursos disponibilizados do PPDE para a escola.

� Quais dificuldades encontraram para elaborar o plano? � O recurso recebido foi aplicado?

Objetivo: Adquirir informações com o propósito de realizar articulações/comparações com as análises documentais dos planos de ação.

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APÊNDICE D MODELO DO TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Você está sendo convidado (a) para participar da pesquisa intitulada

possibilidades na transição para espaços educadores sustentáveis em escolas municipais de

São João Batista SC

traduzem e contextualizam em suas práticas, os fundamentos e princípios das DCNEA e do

PNES, visando a transição para espaços educadores sustentáveis, das instituições de ensino de

Educação Básica do município de São João Batista

Para a efetivação desse estudo, contamos com a sua participação nesta pesquisa de

cunho qualitativo, utilizando a entrevista semiestruturada, a observação direta e a análise

documental como fontes de evidências. Esta pesquisa oferece riscos mínimos aos

participantes, sendo que apenas serão gravadas as entrevistas para uma melhor análise dos

dados posteriormente.

O presente documento é redigido em duas vias, sendo que uma será entregue aos

responsáveis dos participantes da pesquisa, e a outra via ficará de posse do pesquisador. Nesse

encaminhamento, a pesquisa será conduzida, na Escola

_______________________________________________, sob a coordenação do Pesquisador

Esp. Junior Cesar Mota, Telefone (48) 96391272 e orientação do Professor Dr. Antonio

Fernando Silveira Guerra, Telefone (47) 9124-4925. A participação na pesquisa é voluntária e

não será remunerada. Garante-se, ao participante, a liberdade de obter maiores

esclarecimentos durante a aplicação da pesquisa, caso venha a sentir necessidade. Ainda, ao

participante, será possibilitada a liberdade de recusar-se a participar da pesquisa ou de retirar

o seu consentimento no andamento dos trabalhos. Garante-se também o sigilo e anonimato, o

direito do sujeito retirar o consentimento a qualquer tempo sem penalidades.

Pesquisador responsável: Junior Cesar Mota

Ass: _________________________________

Entrevistado:

Ass: _________________________________

Page 114: Junior Cesar Mota - Univali

APÊNDICE E MODELO DE CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO DO SUJEITO

Eu, _____________________________________, abaixo assinado, concordo em participar

do presente estudo como sujeito e declaro que fui devidamente informado e esclarecido sobre

a pesquisa e os procedimentos nela envolvidos.

Local e data: _____________________________________________________________

Assinatura do Sujeito: ______________________________________________________

Telefone para contato: ______________________________________________________

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APÊNDICE F TABELA DE SISTEMATIZAÇÃO DAS ENTREVISTAS (DOCENTES) COM CATEGORIAS PRÉ-ESTABELECIDAS

D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8

EA

e a

for

maç

ão in

icia

l/con

tinu

ada

Não foram abordadas essas

questões da EA ou da

Sustentabilidade. O foco era apenas nos conteúdos das

disciplinas específicas da

Pedagogia. Não nos é oferecido ainda nenhuma

formação continuada a respeito das

questões ambientais ou da Sustentabilidade.

Lembro que foi nos passado algumas

coisas a respeito da EA. Não me recordo

a disciplina, mas aprendemos a

elaborar atividades, projetos e oficinas. Não participei de

formação ultimamente sobre

essas temáticas, pelo fato eu acho de

buscar cursos onde os alunos têm mais dificuldades, como

dificuldades de aprendizagem, alfabetização.

Sim, mas foi mais referente à EA, nas aulas de conteúdos de ciências. Sobre

Sustentabilidade foi mais focado na

questão da reciclagem,

economizar recursos naturais, essas

coisas. Formação continuada não

tenho participado, acho que precisa ter

mais por parte do município né?

Difícil ter formações sobre questões

ambientais.

Aí você me pegou! Acho que não foram

abordadas não. Como nossa

graduação foi há muito tempo (risos),

era muito falado sobre as questões de como trabalhar em

sala de aula os conteúdos mesmo de

português, matemática, essas

disciplinas. Formação

continuada em EA não participei não.

Não me lembro. Talvez tenha sido

passado algo sobre a importância de

preservar o ambiente, isso que a

gente vem trabalhando na sala. Não participei por que não tem por aqui, não que eu

saiba. No início do ano geralmente tem

formação continuada, mas não

sobre EA.

Não, não. Na minha época não tinha isso.

Formação continuada sobre EA? Não que eu

lembre. Não se dá a importância que

deveria dar.

Sim, mas foi bem básico, superficial. Foi ensinado aquilo que a gente já sabe,

que tem que preservar, cuidar do

ambiente, conscientizar os

alunos, essas coisas. Não tenho

participado de formações

continuadas sobre EA ou

Sustentabilidade.

Sim, foi falado na disciplina de

metodologia de ciências eu acho. Assuntos como

cuidado da natureza, economia de água, conscientização,

projetos, isso. Formação

continuada não. Não tem por aqui sobre esses assuntos. A gente também não

procura.

Con

cepç

ões

de E

A e

de

Sust

enta

bilid

ade

EA: tentar passar aos alunos aquilo que é importante

para o meio ambiente e para eles, pois nós fizemos parte

desse meio. É um trabalho de

conscientização. Sustentabilidade: criar uma situação

sustentável de sobreviver nesse meio ambiente, um equilíbrio.

EA acredito que é o cuidado, a

conscientização, se preocupar com o ambiente, com os outros, porque nós estamos no meio

ambiente né? Sustentabilidade é saber utilizar o que nos é oferecido pelo

ambiente com responsabilidade.

EA está mais voltada às questões

ambientais, tais como preservação, a poluição, a extinção dos animais, essas

coisas. Sustentabilidade já está mais voltada à

economia dos recursos naturais.

Acho que EA e Sustentabilidade caminham lado a

lado, não? As duas estão voltadas ao cuidado do meio

ambiente, da vida, do que nos rodeia.

Olha, eu acredito que uma depende da

outra e que elas estão voltadas à preservação e à

conservação do meio ambiente.

Economizar água, energia, não

desmatar, não poluir né? Isso começa desde a escola.

Eu sempre ensino aos meus alunos as

questões sobre a natureza. Não

necessariamente eu falo em EA e

Sustentabilidade, mas sempre falo e fizemos atividades

sobre a água, o desmatamento, eles fazem trabalhinhos.

EA: Conscientização acerca dos cuidados

com o meio ambiente.

Sustentabilidade: São as coisas que a

gente pode fazer para que possamos estar em equilíbrio

com a natureza. Elas nos oferecem

recursos, mas temos que saber utilizá-los.

A Sustentabilidade está relacionada às questões sociais eu acho, por exemplo, se eu economizar a

água, estarei poupando recursos

naturais, mas também dinheiro,

entende? Já EA está voltado às questões de como podemos cuidar do planeta, não deixa de estar articulada com a Sustentabilidade.

Per

cepç

ão e

Res

pons

abili

dade

so

cioa

mbi

enta

l

Os problemas ambientais da

região mais graves são o

desmatamento e a extração de areia. Acredito que deve começar por nós,

pois se não tivermos

consciência que temos que mudar, não vai ser uma

lei que vai te obrigar.

Aqui nós temos muita plantação de

eucalipto, temos alguns que jogam

lixos das sapatarias no meio do mato ou

então queimam. Acho um absurdo.

Todos somos responsáveis para minimizar esses

problemas. Temos que denunciar essas

pessoas e sempre buscar o melhor,

afinal, somos todos afetados.

O que eu mais percebo na nossa

região é a extração de areia e a poluição dos rios e das ruas. Depois reclamam das enchentes e

desbarrancamentos. Se cada um fizesse a sua parte, acho que essas situações não aconteceriam, mas sempre tem aquele que não se importa

ou tem outros interesses né?

Tem de tudo um pouco.

Desmatamento, poluição, cavam os rios para tirar areia,

não sei onde vai parar. Cada um tem que fazer a sua parte

né? Não dá para deixar tudo nas costas de um só.

O problema aqui é a extração de areia né?

Temos também as plantações de eucaliptos que acabam com as

nossas nascentes. Todos são

responsáveis e precisamos nos

conscientizar que é preciso cuidar do

ambiente.

Ah, tem um pouquinho de cada

que juntando dá muito. Uma coisa

desencadeia a outra né? Por exemplo, o desmatamento nas

encostas dos rios, dá a erosão; a poluição,

causam as enchentes. Cada um precisa fazer a sua

parte.

O desmatamento para mim é o pior.

Tudo isso para plantar eucalipto e lucrar. E aí como

que fica né? Eu tento fazer a minha parte, e tento conscientizar os que estão perto de

mim também.

O desmatamento para mim é o pior.

Tudo isso para plantar eucalipto e lucrar. E aí como

que fica né? Eu tento fazer a minha parte, e tento conscientizar os que estão perto de mim também. Quem sabe funciona né? A responsabilidade é

de todos, um só não consegue dar conta de tudo, tem que ser

coletivo.

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Con

teúd

os/ m

etod

olog

ias

em E

A

Na sala de aula, quando tem algum conteúdo que está relacionado, por

exemplo os animais, as

plantas, a gente já estabelece uma relação e busca

trabalhar a questão da

conscientização, senão é trabalhado mais as questões

cotidianas.

Olha, eu costumo trabalhar as questões ambientais durante

as aulas. Por exemplo, em

geografia, ciências, ou quando surgem oportunidades em

outras disciplinas a gente sempre fala na

questão do meio ambiente sabe? É

importante.

Eu tento trabalhar as questões

ambientais nas pequenas tarefas do

dia-a-dia. Não desperdiçar os

materiais, não sujar a sala, a escola com papéis, essas coisas.

Ou quando surge algum conteúdo que dê para relacionar,

daí a gente trabalha.

Eu tento trabalhar juntando com os outros conteúdos.

Um textinho, ou por exemplo quando a gente trabalha os

animais, os tipos de solo, a gente vai

alertando para essas questões.

Trabalho com atividades que

conscientizem. Por exemplo: mando

para casa atividades para as crianças

fazerem com os pais, o tempo do banho, a

questão do lixo. Depois socializamos na sala e debatemos.

Tento ensinar a cuidar mais do meio

ambiente, não poluir, tento

relacionar com a realidade. Às vezes

trago algumas notícias de jornal de

coisas que acontecem, daí a

gente trabalha produção de texto,

interpretação. Tento conciliar.

Trabalho sempre que posso. Ciências e

geografia geralmente porque é

mais fácil para relacionar os

conteúdos. Na semana da água e do

meio ambiente também sempre

fizemos trabalhinhos, ou

algum projeto, daí já engloba todos os

conteúdos.

Eu gosto de trabalhar com

projetos. Sempre busco relacionar a EA com os outros conteúdos. Não dá para desvincular o que está ao nosso

redor, o meio ambiente.

Ace

rca

das

Pol

ític

as

Púb

licas

em

EA

Conheço muito pouco. A gente fala, mas no que

se refere ao assunto voltado às Políticas Públicas que falem sobre isso, realmente

não tenho conhecimento.

Não conheço muito, aliás quase nada. É

um pouco de relapso, mas o

tempo também é limitado. Muita

coisa para dar conta.

Então, vou ser sincera. Não

conheço não. Li na LDB algumas coisas relacionadas, mas as políticas da EA não

parei para ler.

Não conheço quais são as Políticas

Públicas voltadas para a EA. É tudo

tão corrido que não se para para ler esses

assuntos.

Partiu para Políticas, não é meu forte

(risos). Não conheço não.

Não conheço muito não. A gente ouve

falar muito, mas não para para ler de fato

o que está na lei.

Conheço pouco sobre Políticas em

EA. Mas vou procurar me inteirar

sobre o assunto.

As Políticas de EA não estou por dentro. Tem muita coisa pra

dar conta e vou deixando. Acho que

falta alguém dar uma "puxadinha" de

orelha também. Alguma palestra que fale sobre o assunto,

quem sabe?

Est

raté

gias

/ açõ

es d

esen

volv

idas

e

poss

ibili

dade

s na

esc

ola

Percebo que foram colocadas as lixeiras para a coleta seletiva do lixo, mas eu vejo

que fica muito solto. Não sei se

as crianças entendem isso. É cobrado a questão do desperdício dos

alimentos. Se a escola tivesse um

projeto que permitisse todas

as crianças e professores trabalhar e

participar, daí sim daria certo.

Ah, a escola tem as lixeiras, veio a

SISAM falar sobre a importância de

economizar água. Nas homenagens cívicas às vezes é

falado sobre o meio ambiente. Acho que teria algo maior, um

projeto que envolvessem todos,

não sei o que exatamente.

Aqui na escola nós temos as lixeiras coloridas, mas

parece que não dá certo. Além das

crianças não depositarem

corretamente, percebo que no fim o lixo é recolhido e misturado. Poderia

ser feito mais. Talvez palestras ou algo que fizesse as

crianças "colocarem a mão na massa".

Ah, eu vejo que a escola se empenha.

Temos os cestos coletores, às vezes

vem alguém de fora falar com as crianças, por

exemplo a SISAM, ou sobre a

reciclagem, para separar o lixo em

casa.

Aqui na escola nós já fizemos papel

reciclado, uma vez montei com minha turma uma hortinha com garrafa PET, cada um plantou uma mudinha na

garrafa e levou para casa para cuidar.

A escola sempre tenta fazer sua parte

né? Mas nem sempre dá conta. Tem as lixeiras

coloridas, mas vejo que não funciona.

Acho que é preciso ensinar antes,

conscientizar, senão de nada adianta. Mas

conscientizar é difícil, as crianças já

vêm com uma mentalidade de casa.

A gente trabalha mais na sala né? Às vezes se faz algum projeto. Fizemos trabalhos com os alunos e expomos

nos murais. Trabalhos sobre como cuidar do

ambiente, textos, pinturas, relatando a nossa realidade né?

Tem as lixeiras coloridas, mas não dá muito certo. Às

vezes temos palestra com algum órgão

responsável do município, como a SISAM, falando da

água, ou do saneamento. Acho que precisa de mais coisas, alguém que entenda do assunto para nos orientar

seria uma boa opção. A gente quer fazer, mas não sabe como.

Rel

ação

esc

ola-

com

unid

ade Não percebo a

comunidade participando das

atividades da escola. É algo

mais como: escola escola;

comunidade comunidade. Talvez seja

necessário trazer essa comunidade para a escola para

participar de atividades sobre o

meio ambiente.

Esse é um dilema. A gente sabe que é

preciso essa relação. Mas é difícil, não há muita participação

não.

A comunidade não participa não das

atividades ambientais dentro da escola, mas não quer dizer que as crianças

não levam o que aprendem para casa, e também tragam de casa para escola né?

A comunidade não participa muito das

atividades escolares. Os pais vêm mais

nas reuniões. Mas é um pouco falha da

escola. Não se pode culpar só as famílias.

A comunidade pouco participa no

que se refere às atividades

ambientais. Mas também a gente não cria possibilidades.

Um pouco também é falta de vontade das

famílias.

Acho muito importante.

Precisamos do apoio das famílias. Mas é pouca a participação da comunidade na

escola. Todos estão sempre muito

ocupados.

Acho que deveria ser bem maior a

participação. Não vejo que participam

muito.

Em atividades que envolvam o

ambiente ou a sustentabilidade não, até porque não tem

muita. Mas eles participam das

reuniões pedagógicas,

boletins.

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Inse

rção

da

EA

no

PP

P/c

onst

ruçã

o Não tenho

conhecimento sobre como a EA está inserida no

PPP da escola. Na verdade, desde

que trabalho aqui eu não busquei me

inteirar do assunto.

Entretanto não houve nenhum momento de reunião ou

encontro para discutir o PPP,

pois ele passa por reformulações, mas às vezes os

professores acabam nem

sabendo.

Não me lembro de ter lido sobre a EA no PPP. Quanto à

elaboração, ele passa por reformulação né? Mas às vezes

fica mais a critério da gestão da escola.

Não sei como a EA está no PPP, mas acho que não tem muita coisa não. A

construção do PPP é participativa né, mas

como passa por reformulações e não se muda muita coisa,

não se reúne para discutir

frequentemente.

Eu acho que não está no PPP não. Uma

vez a gente se reuniu no conselho de

classe e cada um ficou responsável

por ler uma parte e modificar se achasse necessário. Mas não

é feito frequentemente.

Não sei como a EA está inserida. Não procurei no PPP

sobre ela. O PPP é reformulado né? A

gente modifica algumas coisas.

Uma vez por ano geralmente a gente senta no Conselho de classe para ver

isso. Os pais não sei se participam.

Pelo que eu lembre, não tem muita coisa sobre a EA não. A gente não se reúne muito para falar do

PPP.

Tem alguma coisa, mas bem pouca. Fala sobre o que é a EA,

fala do meio ambiente, como

tema transversal. A gente fala isso no

planejamento também.

Se fala, tem muito pouco. Precisa ser

reformulado eu acho e acrescentar mais essa temática. A construção, na

verdade passa por reformulação, é

modificado. Poucas coisas.

Lim

itaç

ões

e P

ossi

bilid

ades

A gente fala pouco sobre isso,

mas não há limitações. Acabamos

esquecendo os conteúdos

ambientais, devido à falta de

tempo. É necessário algo que nos permita

dar mais ênfase à EA. Talvez algum

material específico ou se a

EA fosse uma disciplina que

tivesse um conteúdo.

Acho que minhas limitações é não

saber como trabalhar a EA como as outras

matérias. A gente fica meio perdida no

meio de tanto conteúdo e essas

questões ambientais ficam para trás.

Minha limitação é não saber o que passar para os alunos além de

preservar o ambiente, cuidar, essas coisas. Para

mim uma possibilidade seria que fossem feitas oficinas para os

professores saberem como trabalhar na

sala né?

A limitação é a falta de tempo. A gente

tem muito conteúdo das disciplinas ditas obrigatórias. Quem sabe se a EA fosse assim também, a

gente não teria como fugir né?

Acho que não tem grandes limitações. O que acontece é que a gente vai

deixando, deixando, e quando vê não dá

mais tempo para nada. Se tivessem menos conteúdos

obrigatórios e menos pressão, quem sabe seria uma solução.

Acho que a maior dificuldade que

tenho é a falta de tempo. Passa muito

rápido e vai acumulando tudo né? Como não é

obrigatório, a gente vai deixando e

dando mais ênfase nas disciplinas e conteúdos que é

cobrado.

As limitações? Não sei, difícil né? Às vezes a gente dá mais importância

nos conteúdos obrigatórios, não

que não seja importante o meio ambiente, se fosse algo obrigatório, com conteúdos a

serem seguidos, não teria escapatória né?

Limites? Não saber trabalhar de maneira diversificada a EA e

as questões sustentáveis. Precisaria de

formações nesse sentido, alguém para

dar uma "luz".

PD

DE

Sus

tent

ável

Já ouvi falar sobre esse programa, mas não tenho conhecimento.

Plano de ações? Não foi passado nada para nós

(professores). Sei que a diretora recebeu algum

dinheiro e que iria comprar algumas coisas. Não sabia que a horta fazia parte do projeto e que veio dinheiro

para isso.

Já ouvi falar do PDDE e dos

recursos né? Mas estou meio por fora. Tem plano de ações (risos)? Então, isso

eu não sabia. Sei que veio um dinheiro para escola, no

entanto não sabia que era para

trabalhar a EA.

Estou por fora do PDDE Sustentável.

Não conheço o programa e como se

faz para aderir os recursos.

Não me lembro. São tantos programas.

Mas não nos reunimos para

montar plano de ações, nem sabia que

existia isso.

Não sei sobre o PDDE Sustentável. Mas que bom que vem recurso para trabalhar a EA. É

preciso esse apoio.

Ouvi falar, mas não tenho um

conhecimento a fundo sobre ele. Não

nos reunimos para montar planos de

ação não.

Conheço o PDDE, sei que tem algumas

divisões. Vários PDDEs que vem recurso. Mas não

conheço o Sustentável não.

Ouvi falar, mas não conheço muito. Não

participamos da elaboração de

planos. A escola recebeu dinheiro,

acho que a diretora comentou sobre

algum projeto, não me lembro muito.

Mas os professores não preencheram

planos, eu não pelo menos.

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APÊNDICE G TABELA DE SISTEMATIZAÇÃO DAS ENTREVISTAS (GESTORES) COM CATEGORIAS PRÉ-ESTABELECIDAS

G1 G2

EA

e a

for

maç

ão

inic

ial/

con

tinu

ada

Não tenho muita lembrança do que foi estudado, no entanto, a questão da consciência ambiental não era muito abordada.

Acredito que isso seja algo mais atual, pois era abordado mais a parte acadêmica. Sem formação continuada com

ênfase à EA.

Faz tempo já (risos). Mas pelo que eu me recorde, não havia tanto essa preocupação com o meio ambiente que se tem hoje. Os conteúdos eram mais

voltados à psicologia, às disciplinas. Formação continuada em EA não tem muita não. Não participei.

Con

cepç

ões

de E

A e

de

Sus

tent

abili

dade

EA: É uma questão de consciência que é preciso ser trabalhada desde cedo na escola. Sustentabilidade: explorar

o que a natureza oferece de uma maneira consciente.

A EA é mais voltada às questões ambientais, não que a Sustentabilidade não seja. Acredito que a EA é mais voltada à preservação, ao cuidado que se tem que

ter, até mesmo conosco, pois nós também estamos no ambiente. A Sustentabilidade já é mais voltada às economias de recursos, ao consumo

consciente.

Per

cepç

ão e

R

espo

nsab

ilida

de

soci

oam

bien

tal

Os problemas ambientais da região mais graves são as cerâmicas e a extração de areia. Os responsáveis são todos da sociedade, de uma maneira geral. Seja pressionando os

órgãos públicos, ou cada um fazendo a sua parte.

Tem muito desmatamento, cerâmicas, plantações de eucalipto. Não tem somente um responsável. Todos precisam colocar a mão na consciência e perceber que, desde o momento que eu deixo a torneira aberta ou demoro no banho, eu estou fazendo tão mal quanto àqueles que desmatam. Precisamos mudar as atitudes e

denunciar os "grandões" que acabam com o nosso bem mais precioso.

Ace

rca

das

Pol

ític

as P

úblic

as

em E

A

Em relação às políticas específicas, não tenho conhecimento aprofundado no assunto.

Não tenho muito conhecimento a respeito. Falta instrução. Precisamos de alguém para ser um guia, alguém que nos fale a respeito. Para mim isso é algo novo. A

gente foge do desconhecido.

Est

raté

gias

/ açõ

es

des

envo

lvid

as e

p

ossi

bilid

ades

na

esco

la Lixeiras coloridas para a separação do lixo. O lixo orgânico

vai para a horta. Reconheço que falamos demais e praticamos pouco. As crianças precisam participar de ações ambientais, seja por meio de projetos, gincanas ou vídeos

por exemplo.

Temos as lixeiras coletoras. De vez em quando vem alguém falar com as crianças sobre o desperdício de água, o tratamento correto que se tem que dar ao lixo. São pessoas do município, dos órgãos responsáveis. Sei que precisa fazer

mais, mas às vezes não se sabe como fazer. Não tem muito espaço na escola. Se tivesse, daria para fazer uma horta por exemplo.

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Rel

ação

esc

ola-

com

unid

ade

As crianças compartilham o conhecimento e ações da escola com suas famílias. Quando se traz a família, seja em reuniões, gincanas ou em encontros, apresentando os

projetos e fazendo um trabalho de consciência junto com as crianças, tem mais chances de dar certo.

Isso é muito importante, mas não acontece muito. Mas acredito que sempre há uma troca de experiências, mesmo as famílias não vindo até aqui na escola. Eles

participam nas reuniões de pais, isso não se tem problemas.

Inse

rção

da

EA

no

PP

P/c

onst

ruçã

o

Temos que reformular o PPP nessa parte. Se a EA está inserida, está de forma muito sucinta, sem muita ênfase. A

sociedade participa da elaboração e reelaboração do PPP. A comunidade escolar participa, tanto os professores, os

funcionários e os pais.

Não tem muita coisa sobre EA. Precisa ser colocado lá. O PPP é referência e precisa estar em constante reformulação. Geralmente discutimos nos Conselhos

de classe, anualmente e vimos o que precisa modificar. Os pais participam.

Lim

itaç

ões

e P

ossi

bilid

ades

Os professores são bem preocupados com a questão da consciência ambiental e trabalham em sala de aula.

Poderiam trabalhar mais. Acho que poderiam ter mais formações continuadas ou uma disciplina específica na grade curricular que abordasse unicamente essa questão

dentro de todas as outras disciplinas.

Eu percebo que os professores se esforçam e sempre tentam fazer o melhor. Talvez um dos limites, assim como é meu também, seja a falta de conhecimento de como trabalhar mais essa questão ambiental. Formações, palestras, oficinas,

talvez fossem formas de romper essa limitação.

PD

DE

Su

sten

táve

l Acredito que faltam algumas informações para nós da escola de como esse programa funciona, quais os objetivos. A maior dificuldade é o conhecimento. O planejamento das ações e a definição das estratégias aconteceu conversando

com os professores. A escola recebeu somente uma parcela, a qual foi aplicada na primeira parte da horta.

É um programa recente. Caiu meio que de paraquedas na escola. Chegou algum material do MEC, mas não é tão fácil de compreender. Ninguém veio falar nada como funciona exatamente. O plano de ações foi elaborado junto com uma moça da secretaria de educação que entendia mais do assunto. A escola recebeu parte

do dinheiro. Utilizamos para comprar um computador para a sala dos professores e outros materiais que estavam faltando.

APÊNDICE H TABELA DE SISTEMATIZAÇÃO DOS DADOS REFERENTES AOS PLANOS DE AÇÕES (PDDE SUSTENTÁVEL)

E1

E2

Açã

o 1

Não constam estratégias.

Não constam estratégias.

Açã

o 2

Não constam estratégias. Não constam estratégias.

Açã

o 3 Projeto: Juntos Preservando o Meio Ambiente. Tem como objetivo

envolver comunidade, pais, professores e alunos por meio de ações sustentáveis envolvendo a reutilização de materiais na confecção de

brinquedos, jogos, um jardim suspenso com utilização de garrafas Pet e implantação de uma horta escolar.

Desenvolver, acompanhar e assumir a Educação Ambiental na escola de forma permanente e envolver a comunidade escolar e o entorno onde vivemos

para pensar nas soluções para os problemas atuais e na construção de um futuro desejado por todos.

Page 120: Junior Cesar Mota - Univali

APÊNDICE I - TABELA DE SISTEMATIZAÇÃO DOS DADOS REFERENTES AOS PROJETOS POLÍTICO PEDAGÓGICOS

PPP 1

PPP 2

Inte

graç

ão

da

EA

Não há um espaço específico que aborde a questão da EA. O meio ambiente aparece integrado em um parágrafo

Não há um espaço específico que aborde a questão da EA. O meio ambiente

Con

cepç

ão

de E

A

Não há.

Não há.

Est

raté

gias

e/o

u aç

ões

para

de

senv

olvi

men

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a E

A

Não há. Não há.

Inse

rção

das

P

olít

icas

P

úblic

as p

ara

EA

Não há. Não há.

Out

ras

info

rmaç

ões

A participação dos pais na elaboração e reformulação do PPP deu-se por meio de um questionário, na qual

responderam que gostariam que atividades a respeito da EA fossem desenvolvidas na escola.

Não apresenta de forma específica como acontece a participação da comunidade no processo de construção e/ou reelaboração do documento.

Entretanto aponta a importância da participação das famílias no âmbito das atividades escolares.

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