julho 2010 - nº 207

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1 17 ANOS ANO 18 Nº 207 R$ 7,00 SÃO PAULO, JULHO DE 2010 “FICHA LIMPA” Antes das eleições, os tribunais m novo componente passou a fazer parte das eleições deste ano: o projeto “Ficha Limpa”, pelo qual candidatos com problemas com a Justiça ficariam impedidos de concorrer a cargos eletivos. Na teoria, um projeto dig- no de elogios. Na prática, porém... Nesse “Teatro do Absurdo” (ver página 2 ver página 2 ver página 2 ver página 2 ver página 2) vale tudo para não se “perder a boquinha” e fingir que “é o que não é”... Como mostra Percival de Souza Percival de Souza Percival de Souza Percival de Souza Percival de Souza nas páginas 20 e páginas 20 e páginas 20 e páginas 20 e páginas 20 e 21 21 21 21 21, vão para o índex um grande número de políticos, até agora beneficiados pelo trânsito em julgado, o que provocará em- bates jurídicos concorridos para garantir a presença de candidatos no próximo pleito. O TCU, por exemplo, enviou para o Tribu- nal Superior Eleitoral uma relação de qua- se cinco mil pessoas (prefeitos, secretári- os, dirigentes de órgãos e autarquias pú- blicas) implicadas em irregularidades “insanáveis” nos últimos oito anos. Foram quase oito mil condenações (alguns dos implicados foram condenados mais de uma vez). Apesar de tudo, continuarão este mês as discussões em torno da vali- dade do projeto, já que alguns consideram que devem ser consideradas as condena- ções impostas por órgãos colegiados e não somente os casos julgados a partir da edição da lei. Segundo o ministro Arnaldo Versiani, “a causa da inelegibilidade incide sobre a situação do candidato até o regis- tro (dia 5 de julho)” e “a incidência da cau- sa de inelegibilidade, sem exigência de trânsito em julgado, resulta de se exigir vida pregressa compatível dos candida- tos”. Mas, todos têm certeza de que será muito difícil chegar a um consenso entre o que está escrito e o que se aplica. E, em um País onde até figuras conhecidas dos tribunais arvoram-se em “inocentes”, nada será surpresa. As “brechas”, afinal, existem para serem “procuradas” e isso é o que deverá ser feito a todo custo du- rante este mês, já que, como prevê a Constituição, “a lei que alterar o processo eleitoral só entrará em vigor um ano após a sua promulgação”. CADERNO DE LIVROS SACHA CALMON NAVARRO COÊLHO E A HISTÓRIA DA MITOLOGIA JUDAICO- CRISTÃ SACHA CALMON NAVARRO COÊLHO E A HISTÓRIA DA MITOLOGIA JUDAICO- CRISTÃ SACHA CALMON NAVARRO COÊLHO E A HISTÓRIA DA MITOLOGIA JUDAICO- CRISTÃ SACHA CALMON NAVARRO COÊLHO E A HISTÓRIA DA MITOLOGIA JUDAICO- CRISTÃ SACHA CALMON NAVARRO COÊLHO E A HISTÓRIA DA MITOLOGIA JUDAICO- CRISTÃ EXAME DE ORDEM Autonomia das secionais Autonomia das secionais Autonomia das secionais Autonomia das secionais Autonomia das secionais é reduzida é reduzida é reduzida é reduzida é reduzida Página 17 Página 17 Página 17 Página 17 Página 17 OAB-SP perde vagas OAB-SP perde vagas OAB-SP perde vagas OAB-SP perde vagas OAB-SP perde vagas no Tribunal de Justiça no Tribunal de Justiça no Tribunal de Justiça no Tribunal de Justiça no Tribunal de Justiça Página 15 Página 15 Página 15 Página 15 Página 15 Uma ilha Uma ilha Uma ilha Uma ilha Uma ilha desconhecida desconhecida desconhecida desconhecida desconhecida no Caribe no Caribe no Caribe no Caribe no Caribe Página 25 Página 25 Página 25 Página 25 Página 25 Divulgação Augusto Canuto Augusto Canuto U

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Edição Julho 2010 - nº 207

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Page 1: Julho 2010 - nº 207

1JULHO DE 2010 TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO

17ANOS

ANO 18Nº 207

R$ 7,00SÃO PAULO, JULHO DE 2010

“FICHA LIMPA”

Antes das eleições, os tribunaism novo componentepassou a fazer parte daseleições deste ano: oprojeto “Ficha Limpa”,pelo qual candidatoscom problemas com a

Justiça ficariam impedidos de concorrer acargos eletivos. Na teoria, um projeto dig-no de elogios. Na prática, porém... Nesse“Teatro do Absurdo” (ver página 2ver página 2ver página 2ver página 2ver página 2) valetudo para não se “perder a boquinha” efingir que “é o que não é”... Como mostraPercival de SouzaPercival de SouzaPercival de SouzaPercival de SouzaPercival de Souza nas páginas 20 epáginas 20 epáginas 20 epáginas 20 epáginas 20 e2121212121, vão para o índex um grande númerode políticos, até agora beneficiados pelotrânsito em julgado, o que provocará em-bates jurídicos concorridos para garantir a

presença de candidatos no próximo pleito.O TCU, por exemplo, enviou para o Tribu-nal Superior Eleitoral uma relação de qua-se cinco mil pessoas (prefeitos, secretári-os, dirigentes de órgãos e autarquias pú-blicas) implicadas em irregularidades“insanáveis” nos últimos oito anos. Foramquase oito mil condenações (alguns dosimplicados foram condenados mais deuma vez). Apesar de tudo, continuarãoeste mês as discussões em torno da vali-dade do projeto, já que alguns consideramque devem ser consideradas as condena-ções impostas por órgãos colegiados enão somente os casos julgados a partir daedição da lei. Segundo o ministro ArnaldoVersiani, “a causa da inelegibilidade incide

sobre a situação do candidato até o regis-tro (dia 5 de julho)” e “a incidência da cau-sa de inelegibilidade, sem exigência detrânsito em julgado, resulta de se exigirvida pregressa compatível dos candida-tos”. Mas, todos têm certeza de que serámuito difícil chegar a um consenso entre oque está escrito e o que se aplica. E, emum País onde até figuras conhecidas dostribunais arvoram-se em “inocentes”,nada será surpresa. As “brechas”, afinal,existem para serem “procuradas” e isso éo que deverá ser feito a todo custo du-rante este mês, já que, como prevê aConstituição, “a lei que alterar o processoeleitoral só entrará em vigor um ano apósa sua promulgação”.

CADERNO DE LIVROS

SACHA CALMON NAVARRO COÊLHO E A HISTÓRIA DA MITOLOGIA JUDAICO- CRISTÃSACHA CALMON NAVARRO COÊLHO E A HISTÓRIA DA MITOLOGIA JUDAICO- CRISTÃSACHA CALMON NAVARRO COÊLHO E A HISTÓRIA DA MITOLOGIA JUDAICO- CRISTÃSACHA CALMON NAVARRO COÊLHO E A HISTÓRIA DA MITOLOGIA JUDAICO- CRISTÃSACHA CALMON NAVARRO COÊLHO E A HISTÓRIA DA MITOLOGIA JUDAICO- CRISTÃ

EXAME DE ORDEM

Autonomia das secionaisAutonomia das secionaisAutonomia das secionaisAutonomia das secionaisAutonomia das secionaisé reduzidaé reduzidaé reduzidaé reduzidaé reduzida

Página 17Página 17Página 17Página 17Página 17

OAB-SP perde vagasOAB-SP perde vagasOAB-SP perde vagasOAB-SP perde vagasOAB-SP perde vagasno Tribunal de Justiçano Tribunal de Justiçano Tribunal de Justiçano Tribunal de Justiçano Tribunal de Justiça

Página 15Página 15Página 15Página 15Página 15

Uma ilhaUma ilhaUma ilhaUma ilhaUma ilhadesconhecidadesconhecidadesconhecidadesconhecidadesconhecida

no Caribeno Caribeno Caribeno Caribeno CaribePágina 25Página 25Página 25Página 25Página 25

Divulgação

Augusto Canuto

Augusto Canuto

U

Page 2: Julho 2010 - nº 207

2 TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO JULHO DE 2010

TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO

Diretor-responsávelMilton Rondas (MTb - 9.179)

[email protected]

Editor-chefeFran Augusti - [email protected]

Diretor de MarketingMoacyr Castanho - [email protected]

Editoração Eletrônica, Composição e ArteEditora Jurídica MMM Ltda.

[email protected]ão

FolhaGráficaTiragem: 35.000

PUBLICAÇÃO MENSAL DAEDITORA JURÍDICA MMM LTDA.

Rua Maracá, 669

Vila Guarani – CEP 04313-210São Paulo – SP

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AS MATÉRIAS ASSINADAS SÃO DE EXCLUSIVARESPONSABILIDADE DOS AUTORES

DOS LEITORES DA REDAÇÃO

Horizontais Verticais

1) Decadência; 2) Edital; Rito; 3)Bilíngue; Ur; 4) Ila, OIT, Bad; 5) Da;Nelore; 6) Oral, INE, Im; 7) Gestapo; 8)Giro; Meloso; 9) Razão. B

1) Débito; 2) Edil; Ruir; 3) Cilada; Ra; 4)Ati; Algoz; 5) Dano; 6) Elginismo; 7)Utente; 8) Crê; Leal: 9) II; BO; POP; 10)Atuários; 11) Ordem; Os.

Soluções das Cruzadas

+++++Agradecimento I —Agradecimento I —Agradecimento I —Agradecimento I —Agradecimento I —“Gostaria de agradecer ahonrosa oportunidade em

ter obra de minha autoria (O princípio tridi-mensional da proporcionalidade no DireitoAdministrativo) divulgada no ‘Tribuna doDireito’ de abril (página 27).” HidembergAlves da Frota.

Antonio Carlos Donini ea língua — “ Permita-meelogiar através desse

arauto, de vários segmentos do Direito e dacultura, a matéria do nobre advogado e es-critor dr. Antonio Carlos Donini, inserta no‘Caderno de Livros’ do ‘Tribuna do Direito”n° 206, apresentada pela insigne EuniceNunes. Disse o dr. Antonio que colecionava,nas caixas de sapatos, as palavras difíceis,selecionando-as após descobrir o significado,bem como delas formava frases. Semelhantemeio fazia, para enriquecer o vocabulário,anotando o significado da palavra em ordemalfabética no computador. Talvez o dr. Anto-nio, na época, não dispusesse de computadorpara salvar as palavras. Quando estou a es-crever, se precisar de sinônimo clássico, oude arcaísmo, ou ainda de sinônimo mais trivi-al e, lembrando-me que há sinônimo procu-rado, recorro à coleção de anotações. Omeio usado pelo dr. Antonio, como o meu, éútil para uso vocabular mais bem aplicado aotexto. Por mais letrado e intelectual que sejao escritor, nem sempre se lembra da raiz oudo prefixo latino, grego ou de outra etnia idi-omática para saber o significado vocabular,que compõe a ‘última flor do lácio inculta ebela’ (embora afirmam ser o romeno). Comefeito, nossa língua traz palavras de muitasorigens étnicas, como árabe: almoxarifado,algodão, etc. E até japonesa a enriquecer oua deturpar o nosso idioma, enquanto o angli-cano, o africano, e as indígenas, etc. há mui-to tempo, já incorporaram palavras em nos-so idioma. Por tais razões, nossa língua écomplexa, e quantas dúvidas são encontra-das ao escrevermos! Muitas vezes há deprocedermos como no conselho de um amigode Rubem Braga,inserto na crônica ‘Meio-Dia e Meia’, constante na obra Recado dePrimavera, 4ª edição: ‘dê uma voltinha ediga a mesma coisa de outro jeito’. Um se-nhor, autodidata, gostava de ler os meus es-critos e, certa vez, meio sem jeito, inibido,disse-me: há uma coisinha, dr. aqui, e achoque se distraiu. Pedi-lhe que mostrasse oque havia, e me apontou: hinterlândia leva ‘h’antes dr. Agradeci ao senhor Elói e fiqueimuito grato pelo aviso, pois certamente iriao resto da vida cometer tal erro. Mas inter-rogava a mim: internacional, intermédio, etantas outras palavras iniciada com inter,nãolevam ‘h’...e então? Em casa recorri ao dici-onário e, realmente, hinterlandia leva ‘h’ porser adptação do alemão hinterland. Nossalíngua é mesmo complexa. Parabéns dr.Antonio, pela excelente apologia sobre aobrigação e a necessidade da leitura, epelo tema factoring. Realmente, ler é ter omundo iluminado para si, e transmitir osconhecimentos adquiridos aos outros.”

Paulo Veiga, escritor e advogado.

Agradecimento II —“Agradeço imensamentea divulgação de meu arti-

go no ‘Tribuna’ deste mês (N. da R. n° 206,junho, página 12). Senti-me verdadeira-mente honrado com a oportunidade e presti-giadíssimo pelo mais respeitado jornal jurídi-co deste País.” Alexandre Marques.

Alerta — “Levo ao ‘Tri-buna do Direito’ um casopara possível alerta aos

colegas, embora em nossa classe acrediteexistir incautos. Chegou-me às mãos, pelocorreio, uma notificação que, por falta detécnica, inclusive pelo pedido de compareci-mento ao juízo, percebi que era falsa. Pes-quisei na Fenafisp e, realmente, é falsa.”(N. da R. Notificação sobre ação indenizató-ria, tendo como requerido a Capemi Caixa dePecúlio, Pensões, Montepios,Previdência Pri-vada). Paulo Veiga, advogado, São Paulo.

Juízes —“““““Gostaria quepublicassem não apenascríticas referentes aos juí-

zes, mas também as dificuldades com queexercem a profissão. Foi publicada matéria(N.da R. Não foi ‘matéria’, mas um ‘editori-al’, o que é muito diferente) a respeito deque juízes receberam por trabalharem emCâmaras no tribunal. Será que pensaramquanto tempo passaram julgando para desa-fogar o tribunal, e com isso nossos recursosforam sendo julgados mais rápido? Será quealgum de nós advogados trabalharia horas edias a fio sem receber? Qual é o espanto? Damesma forma seriam criticados se recebes-sem dia de compensação. É muito triste verque só criticam, ao invés de reivindicar me-lhores condições de trabalho para os nossosjuízes. Não devemos aceitar apenas produ-ção e sim qualidade nas sentenças. Mais va-ras, mais juízes, mais desembargadores,mais Câmaras. Que adianta a sentença se depoisesperamos dez anos por um recurso? Devemospensar como um todo: que adianta a faculdade seo ensino básico é péssimo? Devemos sempre lutarpara melhorar as bases, na escola, assim o ensinosuperior será melhor e assim em todas as áreasteremos profissionais capacitados. Devemos me-lhorar os funcionários nos cartórios dando condi-ções de trabalho e aperfeiçoamento, assim tere-mos juízes capacitados em condições de trabalhoadequado. Eles não são ‘marajás’ A urbanidadeno tratamento deve partir também de nós.” Tere-sita Spaolonzi Pavlopoulos.

N.da R. Parece-nos que a leitora, que en-viou a carta por e-mail através do sitewww.tribunadodireito.com.br misturou“alhos” com “bugalhos”, colocando no“mesmo balaio” a situação dos juízes comreivindicações da classe e ensino nas faculda-des. No editorial, que é um “comentário”, foiressaltado o trabalho “árduo” dos juízes. Nãosomos magistrados e não recebemos nenhum“extra” se for preciso trabalhar fora de horae também não temos 75 dias de férias!B

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ive-se num “grande teatro”. Isso não é novidade. Mas, nestePaís, vive-se no “Teatro do Absurdo”. E a “Ópera Bufa” emcartaz no momento atende pelo sugestivo nome de “Lei daFicha Limpa”. Percival de Souza”. Percival de Souza”. Percival de Souza”. Percival de Souza”. Percival de Souza nesta edição percorretodos os meandros dessa idiossincrasia criada nas coxias dopoder (sabe-se lá qual). Os atores são os mesmos de sempre.

Só que para eles, nem a máscara cai. Com tantas mazelas dormitando sobre oPaís, ainda perde-se tempo em discutir se pessoas com passado desabonadorpodem ser eleitas para cargos públicos. São essas pessoas, “manjadíssimas”,que invadem o palco do “Teatro do Absurdo”, com interpretações histriônicas,como atores de quinta categoria. E o pior é que muitos deles ainda vão sairaplaudidos, embevecidos pela ribalta. Como diriam os mais antigos, “onde nósestamos?”. Será que isso está acontecendo em pleno século XXI? É “uma ver-gonha” completaria o conhecido jornalista. Só que esse bordão, longe de repre-sentar um desabafo pessoal, pode ser ampliado para todo o País,como se fosseo som de uma enorme vuvuzela (afinal, está na moda). Só falta ouvir-se osgritos de “Vai para o trono, ou não vai?” Ministros, juristas, filólogos se reúnemcom a maior “seriedade” possível para discutir se quem foi condenado por im-probidade ou renunciou ao mandato para escapar da cassação pode disputar opróximo pleito. Mas, isso precisa ser discutido, analisado? Existe dúvida? Tal-vez o “espírito da lei” não tenha sido bem interpretado....mas, será preciso?Existem coisas tão óbvias que não mereceriam nem mesmo que se perdesseum átimo de segundo para discuti-las ou analisá-las. Pergunte-se a qualquerpessoa de bem, o que ela acha de tudo isso. A resposta não vai surpreenderquem ainda tem um pouco de discernimento. Pode ser até que alguém saia coma pérola “mas vão colocar a raposa para tomar conta do galinheiro”? “Senhorase senhores.....o “Teatro do Absurdo” orgulhosamente abre suas cortinas paraapresentar o maior descalabro da Terra: a “Lei da Ficha Limpa”. Pede-se, enca-recidamente, que quem não tiver estômago deixe a sala de espetáculos, pois ahistória é forte e pode causar efeitos devastadores sobre as pessoas de bem.B

Fran Augusti

“Teatro do Absurdo”

V

AASP 4

Advocacia 15

À Margem da Lei 27

Cruzadas 27

Da Redação 2

Direito Administrativo 8

Direito de Família 3

Direito Imobiliário 6

Dos Leitores 2

Ementas 16

Gente do Direito 19

Hic et Nunc 12

Lazer 25 a 27

Legislação 18

Literatura 25

Notas 12

Paulo Bomfim 27

Penhora 5

Poesias 27

Saúde 8

Seguros 22

Trabalho 23 e 24

Mais os Cadernos de Jurisprudência e de Livros

28 páginas

Page 3: Julho 2010 - nº 207

3JULHO DE 2010 TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO

DIREITO DE FAMÍLIA

Terceira Turma doSTJ determinou adevolução da guardade uma criança aospais adotivos, ape-sar de eles não esta-

rem inscritos no Cadastro Nacional deAdoção (CNA). Para os ministros, o in-teresse do menor deve prevalecer,caso haja vínculo afetivo entre a crian-ça e o pretendente à adoção.

O casal já havia combinado a ado-ção com a mãe biológica antes do nas-cimento da criança, que ocorreu emdezembro de 2007. Diante do juiz, as-sinaram termo manifestando a vonta-de da mãe em consentir com a ado-ção, sem coação ou benefício próprio.A permanência da criança com o casalfoi autorizada por 30 dias, mas antesde encerrar o prazo um juiz da VaraCriminal e de Menores determinou abusca e apreensão da criança por con-siderar a adoção ilegal.

Na apelação, o tribunal estadual ra-tificou a decisão por entender “haverforte suspeita de que foi obtida a

Não-cadastrado pode adotar menorguarda de forma irregular, e até mes-mo criminosa”. Diante da decisão, acriança foi retirada dos pais adotivosaos oito meses e entregue a outro ca-sal inscrito no CNA.

No STJ, o relator, ministro MassamiUyeda, discordou do fundamento do tri-bunal de que a criança, por ter menosde um ano, poderia ser afastada do ca-sal. Para ele, o argumento de que avida pregressa da mãe biológica, de-pendente química e que já autorizouque outro filho fosse adotado, não éargumento para concluir pela ocorrênciade tráfico de criança, conforme o juiz daVara Criminal havia justificado. (Proces-so em segredo de Justiça).B

A

ecusa de parentes em realizar exa-me de DNA não gera presunção de

paternidade. Com a decisão, proferida pela

Recusa de exame deDNA não gera presunção

de paternidade

Quarta Turma do STJ, fica mantido acórdãodo TJ-MS que julgou improcedente pedido dasuposta filha de um médico (falecido), paraque fosse reconhecido o direito à presunçãode paternidade, por causa da recusa dos pa-rentes de se submeterem ao exame de DNA.

A suposta filha ajuizou ação de investiga-ção de paternidade em Aquidauana (MS)contra os parentes do médico, alegando quea mãe e o suposto pai tiveram um relaciona-mento em 1954, um ano antes de ela nas-cer. Afirmou que, após o falecimento do hi-potético pai, propôs aos parentes a realiza-ção do exame de DNA, sem sucesso. Argu-mentou que, diante da recusa, caberia aosfamiliares o ônus de apresentar provas quedesconstituísse a presunção relativa daação. O juiz de primeiro grau julgou o pedidoimprocedente. O mesmo ocorreu com os de-

sembargadores do TJ-MS, que considera-ram as provas anexadas aos autos insufici-entes para comprovar o relacionamento en-tre o médico e a mãe da autora da ação.

A mulher apelou ao STJ, insistindo na in-versão do ônus da prova. Entre outros argu-mentos, citou o artigo 339 do CPC, segundo oqual “ninguém se exime do dever de colaborarcom o Poder Judiciário para o descobrimentoda verdade”. Alegou ser impossível a exigên-cia do TJ-MS para que ela apresentasse pro-vas relativas ao relacionamento entre a mãe eo suposto pai, já que haviam transcorrido mui-tos anos. Os ministros, por unanimidade, en-tenderam que a presunção relativa decorrenteda recusa do suposto pai em submeter-se aoexame de DNA, não pode ser estendida aosdescendentes, por se tratar de direito persona-líssimo e indisponível. (RESP 714969).B

R

Page 4: Julho 2010 - nº 207

4 TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO JULHO DE 2010

AASP

AASP, que desde2007 é uma Autori-dade de Registro (ARAASP), credenciada naInfraestrutura de Cha-ves Públicas brasilei-

ra para atender, identificar e cadas-trar presencialmente os associados in-teressados em adquirir um CertificadoDigital ICP-Brasil, chegou à marca de10 mil certificados emitidos.

Sempre empenhada em oferecercondições que facilitem o dia a dia dosadvogados, a entidade, já há algumtempo, oferece aos seus associados okit de certificação digital (CertificadoDigital ICP-Brasil tipo A3, com validadede três anos + cartão inteligente +leitora de cartão) por R$ 99,00, quandono mercado o mesmo kit não sai pormenos de R$ 360,00. O associado queoptar pelo pagamento com cartão decrédito poderá ainda parcelar o valorde R$ 99,00 em até três vezes.

Emitidos mais de 10 mil certificados digitaisO certificado digital emitido pela

AASP é válido em todas as instituiçõesque utilizam esse tipo de documentoeletrônico para suas transações, e nosórgãos do Poder Judiciário onde atramitação processual esteja sendo fei-ta eletronicamente e/ou via internet.

Na AASP, além de adquirir o certifica-do digital, os associados têm a possibili-dade de participar dos cursos práticos eteóricos promovidos pelo DepartamentoCultural, que ensinam os interessados autilizar o documento. Algumas ediçõesdesses cursos, que têm sido promovidostambém em outras comarcas, estão dis-poníveis para locação na videoteca.

Informações sobre os procedimen-tos e documentos necessários paraaquisição do Certificado Digital AASPe como participar dos cursos promovi-dos pelo Departamento Cultural sobreesse importante documento eletrônicono telefone (0xx11) 3291-9200 ou emwww.aasp.org.br.B

iante da gravidade dos fatos relati-vos ao expediente forense na comar-

ca da Capital e em outras comarcas, em vir-tude da greve dos servidores do Poder Judi-ciário paulista, a AASP enviou novo ofício aopresidente do Tribunal de Justiça do Estadode São Paulo, no qual reiterou documentosanteriores que solicitavam a suspensão dosprazos processuais.

A AASP constatou que os serviços foren-ses pioraram sensivelmente: inúmeros car-

A

O kit de certificação custa R$ 99,00

AASP enviou ofício ao delegado titu-lar da Receita Federal do Brasil de

Administração Tributária em São Paulo, so-licitando a adoção de providências a fim deserem respeitadas as prerrogativas dos ad-vogados, constantes no artigo 7º, incisosXIII e XV, da Lei Federal nº 8.906/1994. Aentidade tem recebido reclamações de queos funcionários daquela delegacia têm nega-do a retirada de autos de processos adminis-

Suspensão dos prazos processuaistórios paralisaram os trabalhos e mantêm asportas fechadas; o distribuidor vem recu-sando protocolo de petições iniciais, salvoem casos de urgência, e impondo dificulda-des para cumprimento dos prazos.

Sendo assim, a associação requereu nova-mente ao presidente do TJ-SP a suspensão dosprazos processuais para evitar o agravamentodos inúmeros prejuízos que vêm sendo causadosà Advocacia bandeirante e, por consequência,aos jurisdicionados de forma geral.B

Respeito às prerrogativastrativos por advogados, mesmo munidos deprocuração, sob o argumento de que existi-ria uma portaria impedindo essa prática.

No ofício, a associação lembrou ainda queuma mera portaria não tem o condão de re-vogar disposições de Lei Federal, requeren-do que os servidores daquela delegacia daReceita Federal se abstenham de praticarquaisquer atos lesivos ao pleno exercícioprofissional da Advocacia.B

elo segundo ano consecutivo, aAASP comemorará o dia 11 de

Agosto, realizando a Semana Cultu-ral. O evento, entre os dias 9 e 13/8,terá as seguintes atividades: feira li-terária, exposição de arte (pintura,escultura e fotografia), show musical,peça teatral, sessões de cinema,apresentação de coral, além de cur-sos de atualização profissional volta-dos para a classe. Todos os eventos

Semana Culturalserão realizados na sede da associação(Rua Álvares Penteado, 151, Centro,São Paulo). Os eventos da SemanaCultural AASP inserem-se em um am-plo projeto de tornar a sede social daentidade cada vez mais um espaço deconvivência e lazer.

Brevemente, o programa da Sema-na Cultural estará em um hot site cria-do especialmente para o evento:www.aasp.org.br/semanacultural.B

D

A

P

om o objetivo de prestar assistênciaaos advogados no acompanhamento

de processos nos tribunais superiores e ofe-recer infraestrutura de apoio em Brasília,foi inaugurado, em 24 de junho de 1987, oescritório da AASP na Capital Federal, quecompletou 23 anos de existência.

O escritório, atualmente localizado emmodernas instalações no Edifício Libertas(salas 1.009/1.010, do setor de AutarquiasSul, quadra 1, bloco M), oferece aos associa-dos, além da assistência no acompanhamentode processos nos tribunais superiores, extra-

Escritório em Brasília: 23 anos

O escritório está localizado no setor de Autarquias Sul, quadra 1, bloco M

ção de cópias reprográficas ou fotografia deacórdãos, decisões, peças de processos decapa a capa, consulta e informações sobre an-damento de processos, protocolo de petições,distribuição de ações e retirada de decisões.

Próximo aos principais tribunais superiores,o escritório da AASP em Brasília oferece , ainda,sala de reuniões, computadores com acesso àinternet, impressoras, fax, e também prestaatendimento a fim de evitar o deslocamentodos advogados até a Capital Federal. Informa-ções em www.aasp.org.br ou pelo [email protected]

AASP e GVLawté o dia 12 estão abertas as inscri-ções para os cursos de pós-gradua-

ção lato sensu em Processo Civil e DireitoCivil, promovidos pela AASP e GVLaw. Oscursos têm como público-alvo bacharéis emDireito, advogados, procuradores, promoto-res, juízes e serventuários da Justiça.

A seleção de candidatos ocorrerá em

uma única fase, composta por análise curri-cular e entrevista, ambas conduzidas pela co-ordenação acadêmica, de 19 a 23 de julho,em data e horário fixados pela AASP. O iní-cio das aulas será dia 4 de agosto e o términodo curso em 28 de julho de 2012. As aulasserão ministradas na sede da AASP (Rua Ál-vares Penteado, 151, Centro, São Paulo).Estão sendo oferecidas 45 vagas para cadacurso. Informações pelo telefone (0xx11)3291-9309 ou em www.asp.org.br.B

C

Divulgação

Divulgação

A

Page 5: Julho 2010 - nº 207

5JULHO DE 2010 TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO

PENHORA

penhora on-line foiimplantada pelo Judi-ciário no Estado deSão Paulo há um ano.Segundo a Associaçãodos Registradores

Imobiliários de São Paulo (Arisp) foramfeitos 109.264 pedidos de localizaçãode imóveis e 1.342 solicitações deaverbação de penhora, no período.

O sistema ainda causa discussões.Para o advogado da área trabalhista-empresarial Fernando Augusto Okubode Andrade, por exemplo, a penhoraon-line “não permite ao devedor ga-rantir a melhor forma de enfrentar aexecução”. Segundo ele, a penhora éfeita automaticamente pelo Poder Judi-ciário por meio do “Bacen Jud” (BancoCentral) e eletronicamente para o servi-ço notarial de registro de imóveis eDetran, à procura de numerário emconta-corrente, bens imóveis e móveis,sem que o executado tenha chance deoferecer o bem que pode dar em garan-

On-line completa um ano em São Paulo

tia. Já a advogada trabalhista GabrielaGiacomin Cardoso é a favor porque,segundo ela, o sistema facilita o recebi-mento do crédito pelo trabalhador.

De acordo com Fernando, “no casoda retenção de valores da conta-cor-

rente, a situação é mais grave, porqueo dinheiro bloqueado pode ter caráteralimentar, ou estar destinado a paga-mento de salários dos empregados,podendo prejudicar um rol de pessoas,e nem sempre se limita ao devedor”.

RAQUEL SANTOS

ADisse ainda que no caso de imóveis,pode ocorrer que seja o único bem defamília, ou, ainda, de o devedor nãoser notificado. Neste caso, o executadopode ser surpreendido com a presençado oficial de Justiça com o caminhão naporta, portando uma ordem judicial deesvaziamento do imóvel. “Essa surpre-sa pode também atingir o locatário deimóvel penhorado”, ressalta. ParaFernando, antes da penhora on-line ojuízo deve dar oportunidade ao devedorpara que diga qual a melhor forma queele quer, e pode dar, em garantia.

De acordo com Gabriela, o sistemade penhora on-line gerou mais rapideznas ações. “Antigamente o oficial deJustiça se dirigia à empresa, e o deve-dor se ocultava. O oficial devolvia omandado, o que gerava nova diligên-cia. O processo na fase de execução(que deveria ser mais rápido), duravaanos. Hoje, se existir uma conta-cor-rente ou imóvel em nome do executa-do, com valor suficiente para satisfa-zer o crédito do trabalhador, a garan-tia é imediata”, finaliza.B

Fernando Augusto Okubo de Andrade Gabriela Giacomin Cardoso

Augusto Canuto Augusto Canuto

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6 TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO JULHO DE 2010

DIREITO IMOBILIÁRIO

NELSON KOJRANSKI*

assinatura falsa dos fi-adores num contratode locação fez comque o Tribunal de Jus-tiça de São Paulo pe-nalizasse o locador

com indenização por danos morais. Olocador ajuizou contra o locatário e osfiadores ação de despejo cumulada comcobrança. O locatário não foi encontra-do. Sumiu. Os fiadores, quando surpre-endidos com a citação, ficaram revolta-dos. Além da contestação, ofereceramreconvenção. A imitação da assinaturaera grosseira. Na contestação, alega-ram a inexistência de relação fidejussó-ria. Na reconvenção, reclamaram inde-nização por perdas e danos, face à pro-positura da ação judicial, onde ocupa-ram o pólo passivo. Em resposta, o lo-cador reconheceu a falsidade da assi-natura. Ponderou que o contrato de lo-cação fora elaborado por uma empresaadministradora que ficou incumbida daadministração da locação e que consi-derou perfeitas as assinaturas dos fia-dores. Mesmo porque foram até auten-ticadas por cartório de notas. Alegou,ainda, que ele próprio fora vítima daincúria da administradora. Requereu, porisso, a desistência da ação de cobran-ça, concordando com a invocada ine-xistência de relação jurídica. Os fiado-res, porém, não concordaram com opedido de desistência. Na reconvenção,o locador sustentou a inviabilidade damedida, por falta de conexão com opedido inaugural. E, no mérito, não re-conheceu qualquer prejuízo da exposi-ção dos fiadores no cenário judicial. Emsuma, pleiteou a extinção do feito, comose não tivesse sido aforado.

O tribunal paulista entendeu que aação não poderia ser simplesmenteextinta, uma vez que os fiadores repe-liram a desistência formulada. Julgouimprocedente a ação de cobrança, pres-

Culpa próxima e culpa remotatigiando a falta de relação jurídica. Eacolheu a reconvenção, ao fundamen-to de ser “incontroverso que o manejoda ação, com base em documentos in-válidos, em virtude da falsidade dasassinaturas, implica dano moral aosréus”. Aduziu que “não se pode deixarde reconhecer que os atos processuaisinerentes a uma demanda podem cau-sar profundo constrangimento ao réu ouréus, se não havia razão para a propo-situra da ação”.

Releva ressaltar que o acórdão pro-ferido na Apelação nº 1043983-0/5, re-latado pelo desembargador Luis deCarvalho, se mostrou convencido danão participação do locador na falsifi-cação do ato ilícito, cuja fonte geradoranão advinha do comportamento do lo-cador, o que o afastava da existênciada culpa imediata. Mas dúvida algumarestava que o mesmo escolheu e elegeumal a empresa administradora, a quemconferiu os poderes de mandatário,cabendo-lhe, assim, “aplicar toda suadiligência habitual na execução” doencargo assumido (artigo 667 do CC).O locador, portanto, incorreu em culpa inelegendo. Se, ao manejar a ação contraos fiadores não caracterizou “aquilo queos doutores chamam de culpa próxima, éindiscutível que a remota se faz presente”.

Wilson de Melo e Silva, citado peloacórdão, pondera em sua monografiaResponsabilidade sem culpa, Saraiva,1974, página 87, que “as necessidadessociais, a equidade e, para muitos, atéo bom senso como que impunham nãoficassem irressarcidos os danos levadosa efeito pelas pessoas privadas de dis-cernimento”, com base no que os danossofridos tem tido reparação. Lembratambém o acórdão a lição de Alvino Lima(Culpa e Risco, RT, 2ª edição, 1960,página 98, nº 20), no atinente à teoriada culpa anterior ou preexistente, outradenominação da culpa remota. O mes-

mo saudoso professor da Faculdade deDireito da USP, em outra obra, tornou adiscorrer sobre a culpa remota sob adenominação da “teoria extracontratualpelo fato de outrem” que, “em seu senti-do amplo, a responsabilidade civil pelo fatode outrem se verifica todas as vezes emque alguém responde pelas consequên-cias jurídicas de um ato material de ou-trem, ocasionando ilegalmente um danoa terceiros” (1ª edição Forense, 1973,página 27). No caso julgado, a persona-gem do “outrem” é representada pelaempresa administradora, a figura do “al-guém” é vivenciada pelo locador, sendoos fiadores os “terceiros”, pessoas estra-nhas ao ato material (ilícito) cometido.

Avulta dessas anotações que tendo olocador feito má escolha do seu proposto,incorreu em culpa in elegendo, frente acujo contrato os fiadores são “terceiros”.Por isso, o locador (o “outrem”) foi corre-tamente condenado em indenizar por

*Advogado e ex-presidente do Instituto dos Advo-gados de São Paulo (Iasp).

Adanos morais, diante da violação de umdever moral de não macular a idoneidadede terceiros, com base em ato ilícito (fal-sidade) , ainda que dele não participaram.De fato, no momento em que o locadorcontratou a empresa administradora paracuidar da locação, assumiu, objetivamen-te, o risco da correta prestação de servi-ços segundo a lei que rege o mandato,confiando que a administradora observa-ria, rigorosamente, o preceituado no refe-rido artigo 667 do CC.

Enfim, se ao locador não pode seratribuído culpa próxima, por ter ajuiza-do ação, lastreada em assinaturas fal-sas, não há como deixar de identificar,nesse seu ato (ilícito) a existência clarada culpa remota ou preexistente. É opreço da má escolha, que vale tanto nodireito como na política.B

Construtora obrigada aentregar escritura de imóvel

Quarta Turma do STJ confir-mou decisão do TJ-RS, que

obrigou a Construtora Zanin Indús-tria e Comércio Ltda., de Pelotas(RS), a fornecer a escritura de umimóvel a uma cliente que o quitouantes do prazo. Os ministros rejei-taram o argumento da empresa deque o contrato de compra e vendanão previa o prazo para a outorgado documento.

A compradora moveu ação paraobtenção da escritura e, no recur-so, pediu como alternativa a resci-

são da promessa de compra e ven-da. Os desembargadores do TJ-RSentenderam que se a outorga daescritura não era possível, em fun-ção de irregularidades no registroda empresa, a construtora deveriarestituir o valor pago atualizado.A empresa recorreu ao STJ, semsucesso, alegando que deveria tersido previamente notificada paraque se configurasse o atraso naoutorga. O argumento foi rejeitadopela maioria dos ministros. (RESP713101).B

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7JULHO DE 2010 TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO

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8 TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO JULHO DE 2010

DIREITO ADMINISTRATIVO

FLORISBELA MEYKNECHT*

Gestão no século XXI — novas competências

*Advogada.

sando como parâmetroum artigo assinado peloheadhunter portuguêsFernando Neves de Al-meida, que abordou taltema com propriedade,

passo a discorrer sobre as novas basesque darão suporte ao melhor desempe-nho da função de gestor neste nossoséculo. Faço isto considerando que asadvogadas e advogados que atuam naárea empresarial devem estar atentospara que, dentro do quadro complexo quese apresenta em todas as sociedades,limitadas ou não, tenham a possibilidadede exercer suas atividades com melhorfoco nos resultados de todos os departa-mentos relacionados com o jurídico.

Pois bem. Além das competências jávalorizadas das capacidades específi-cas e da inteligência emocional — de-finitivamente incorporadas — outras pas-sarão a ser crescentemente considera-das no mundo corporativo globalizado.São elas: o autoconhecimento, a espon-

taneidade, ser guiado por visão e valo-res, o holismo, a compaixão, a indepen-dência, a humildade, a curiosidade in-telectual, a habilidade para reformular,a aprendizagem pela adversidade e avocação. Transfiro ao leitor o desenvol-vimento e a prática de cada uma delas,algumas auto-explicáveis e quase todasvirtudes do feminino, mas que homens emulheres devem possuir. Vou mais longe.

Na realidade tais valores já estãosendo praticados, de forma inconscien-te ou não deliberada, pelos gestoreshoje bem-sucedidos, cujo reconheci-mento teórico-acadêmico fez com quesua disseminação ocorresse de formaconceitual. Isto porque, contrário-sen-so de tudo o que se falou até agora, arespeitável instituição de Harvard pas-sou a valorizar a importância da felici-dade nas organizações, reconhecendoos valores ditos espirituais, ainda queno sentido da origem latina da palavraspiritus, o que anima a vida.

Não por acaso observamos campanhaspublicitárias e programas de tevê usandoeste mote: ser feliz. Curiosamente, na so-ciedade brasileira esses valores são des-prezados, senão considerados com reser-va, pela elite intelectual, ante o preconceitoexistente contra a religiosidade, a despeitode ser esta uma característica marcante donosso povo, além da alegria, que nos tornadiferentes de todos os demais.

De forma simplificada é possível ex-plicar que a aceitação desse tipo derealidade ocorre primeiro nos EUA, paradepois ser aceita aqui, pois lá, a ética

protestante, além de não recriminar abusca pela prosperidade financeira, ajustifica e incentiva. Mas, ouso afirmarque, de fato, vivemos a transição finalpara a era de Aquários, preconizadadesde os anos 70 que, enfim, está aí.Ora, todas, absolutamente todas as religi-ões do mundo previam este momento.

Apenas os desavisados se surpreen-deram e tomaram conhecimento dos fa-tos propalados por Hollywood no filme“2012”, que já estavam nos livros desde1950. Lógico, que a versão cinematográ-fica não corresponde à realidade, que émuito mais sutil. Assim, chegou o momentode sermos humanos, no real sentido dapalavra: a volta ao humanismo é a res-posta. Ressalte-se que a orientação dosgovernos em geral é de que a busca doconhecimento deve se dar pela vida toda.

Em verdade o mundo está totalmenteinterdependente e a internet eliminou to-das as distâncias. A integração de blocosde Estados é uma realidade que caminhapara a área continental. Assistiremos nós,algum dia, a uma completa integraçãoplanetária? Quero crer que sim.

E, com a prática disseminada da gestãocom a utilização das novas competênciasacima, ela certamente ocorrerá, antecedi-da por um processo de pacificação cole-tivo. Então, mãos à obra colegas, utilizan-do o racional, o emocional e o espiritual emnossa missão de sermos indispensáveis àadministração da Justiça!B

U

SAÚDE

Quarta Turma do STJ anulou decisãodo TJ-RS, que condenou um médico a

indenizar os familiares de um portador de hi-drocefalia, que teve o estado clínico agravadodepois de uma intervenção cirúrgica.

O paciente foi submetido a cirurgia paracolocação de uma válvula de derivação ven-trículo-patental (DPV) no crânio. De acordocom a esposa, o estado de saúde do pacienteteria piorado, acelerando o mal de Alzhei-mer, o que levou a família a interná-lo emuma unidade psiquiátrica. Segundo ela, pos-teriormente teria ocorrido a perda da fala edescontrole das funções fisiológicas e, coma perda do convívio socioafetivo, a família otransferiu para uma clínica geriátrica.

Diante do quadro degenerativo, a mulherimpetrou ação de responsabilidade civil, reivin-dicando reparação por danos morais e materi-ais. O juiz de primeira instância recusou o pedi-do, por falta de nexo causal entre a intervençãocirúrgica e a involução do estado do paciente.No recurso, a defesa alegou que a mulher nãoteria sido informada pelo médico sobre o riscoque o marido corria ao ser submetido à cirur-gia. O TJ-RS condenou o cirurgião a pagar a in-denização por entender que o médico tinha odever de informar previamente ao paciente.

O médico recorreu ao STJ, com sucesso.(RESP 795348).B

Anulada condenaçãode médico

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9JULHO DE 2010 TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO

INFORME PUBLICITÁRIO

Os advogados e escritórios deAdvocacia já podem utilizar o cartãode crédito como modalidade de pa-gamento de honorários advocatícios.Essa é a decisão que chegou a Turma1 - de Ética Deontológica do Tribunalde Ética e Disciplina da OAB SP, emsessão realizada no auditório da Ca-asp, no dia 17 de junho.

“Sem deixar de preservar os valoreséticos, a OAB SP está fazendo história,ao definir parecer que abre a possibili-dade para advogados e sociedades re-ceberem honorários por cartão de cré-dito, um meio moderno e hoje maciça-mente empregado, o que facilitará a vidados colegas”, comenta o presidente daOAB SP.

O uso do cartão de crédito gerouum amplo debate entre os 20 conse-lheiros da Turma de Ética Deontológi-ca presentes na sessão de julgamen-to, porque a matéria não está regula-mentada pelo Estatuto da Advocacia,Código de Ética e Disciplina ou provi-mentos e regulamentos da OAB, nãosendo prática usual entre os advoga-dos brasileiros.

OrOrOrOrOrdem libera uso de cartão de créditodem libera uso de cartão de créditodem libera uso de cartão de créditodem libera uso de cartão de créditodem libera uso de cartão de créditopara rpara rpara rpara rpara recebimento de honoráriosecebimento de honoráriosecebimento de honoráriosecebimento de honoráriosecebimento de honorários

“A decisão é um avanço e está pró-xima aos anseios da Advocacia e den-tro dos limites do que é eticamentepermitido. Advogado ou sociedade quepassar a aceitar cartão de crédito nãoestará ferindo a ética, a partir de ago-ra, desde que tome algumas cautelasem relação à publicidade, como porexemplo, não divulgar esse diferenci-al”, explica o conselheiro seccional,Carlos José Santos da Silva, presi-dente da Turma 1 do TED.

A decisão da Turma Deontológicarespondeu a três consultas formula-das, sendo que dois processos foramrelatados por Gilberto Giusti e outropor Fábio Kalil Vilela Leite. O votovencedor foi de Giusti que apontou osbenefícios para a classe e fez a res-salva de que cada contratante tenhaa cautela de, ao contratar uma admi-nistradora de cartão de crédito, se as-segure de que não estará assumindonenhuma obrigação que fira ou violeos seus deveres de confidencialida-de com seus clientes e que o paga-mento não seja utilizado como formade propaganda de seus serviços.

O presidente da OAB SP, Luiz Flá-vio Borges D’Urso, elogiou a iniciativado governo por tirar da pauta do Con-gresso o PLP 469/09 e os PLs 5080/09 e 5982/09, que davam poder depolícia aos fiscais da Procuradoria-Ge-ral da Fazenda Nacional. “Criados sob

Divulgação

PPPPPacote de eacote de eacote de eacote de eacote de exxxxxecução fiscalecução fiscalecução fiscalecução fiscalecução fiscalpretexto de agilizar a execução fiscal,os projetos são abusivos e ofensivosao Estado Democrático de Direito”, dis-se. O pacote previa, sem autorizaçãojudicial, quebra de sigilo, invasão de em-presas e de casas, penhora de bens etransferência de patrimônio.

O Conselho Federal da OAB, apedido da OAB SP, AASP e de umconselheiro federal, ajuizou ADInno Supremo Tribunal Federal con-tra dispositivo da Lei 13.549/09que exime o Estado de São Paulo

O uso do cartão de crédito gerou um amplo debate entre os 20 conselheiros daTurma de Ética Deontológica

ADIn do IpespADIn do IpespADIn do IpespADIn do IpespADIn do Ipespda responsabilidade pela Cartei-ra de Previdência dos Advogadosdo Ipesp. A OAB alega que o Es-tado tem, sim, responsabilidadepela Carteira de Aposentadoriados Advogados.

A greve dos servidores do Judi-ciário de São Paulo pode atrasar emum ano os processos no Estado. Opresidente da OAB SP, Luiz FlávioBorges D’Urso, reforçou a neces-sidade de suspensão dos prazosprocessuais.

O TJ-SP tem feito apenas sus-

GrGrGrGrGreve do Judiciárioeve do Judiciárioeve do Judiciárioeve do Judiciárioeve do Judiciáriopensões pontuais de prazo. A OABSP considera justas e apoia asreivindicações dos servidores daJustiça, como reposição salarial de20,16%, aprovação de um planode cargos e carreiras e melhorescondições de trabalho, mas nãoadmite a greve.

A homologação dos 45.587 novos advogados inscritos no Convê-nio de Assistência Judiciária, firmado entre a Ordem e a DefensoriaPública do Estado, foi publicada no “Diário Oficial”- Poder Executivo, de 9 dejunho, sendo que os inscritos passaram a ser convocados a partir de 14de junho para patrocinar novas causas de cidadãos que recebem até 3salários mínimos.

“Esta homologação é fruto de um trabalho da Ordem junto à Defensoria eassegura o atendimento jurídico à população carente do Estado, uma vez quecabe ao Estado, por meio da Defensoria Pública, promover esse atendimen-to. No entanto, como a Defensoria conta com apenas 433 defensores e uni-dades em 23 municípios, há uma demanda reprimida de quase 1 milhão ações/ano, que são patrocinadas pelos advogados”, afirma o presidente da OABSP, Luiz Flávio Borges D´Urso, lembrando que as questões pendentes sobre

Homologadas novas inscrições para Convênio de Assistência JudiciáriaHomologadas novas inscrições para Convênio de Assistência JudiciáriaHomologadas novas inscrições para Convênio de Assistência JudiciáriaHomologadas novas inscrições para Convênio de Assistência JudiciáriaHomologadas novas inscrições para Convênio de Assistência Judiciáriao convênio, como o reajuste real da tabela de honorários e reposição real,serão retomadas na mesa de negociações.

O convênio entre a OAB SP e a Defensoria foi rompido em 11 de julhode 2008 depois que a Defensoria se recusou a fazer a reposição inflacio-nária prevista no convênio, assim como reajustar o contrato e a tabela dehonorários dos advogados. Após ação proposta pela OAB SP contra ocadastramento de advogados diretamente pela Defensoria e liminar con-cedida pela 13ª Vara da Justiça Federal, o convênio foi retomado e man-tido graças a essa liminar em mandado de segurança, que assegurou amanutenção da prestação dos serviços aos necessitados e acesso à Jus-tiça até que sobreviesse solução definitiva. Em São Paulo, o convênioestá previsto na Constituição Estadual (artigo 109) e na Lei Complemen-tar 988/06, que criou a Defensoria Pública.

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10 TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO JULHO DE 2010

INFORME PUBLICITÁRIO

OOOOOAB SP rAB SP rAB SP rAB SP rAB SP repudia escutas em penitenciáriasepudia escutas em penitenciáriasepudia escutas em penitenciáriasepudia escutas em penitenciáriasepudia escutas em penitenciáriasfederais e pede apuração ao CNJfederais e pede apuração ao CNJfederais e pede apuração ao CNJfederais e pede apuração ao CNJfederais e pede apuração ao CNJ

O presidente da OAB SP, Luiz FlávioBorges D’Urso, divulgou no dia 22 dejunho Nota Oficial de repúdio à instala-ção de equipamentos de gravação deáudio e vídeo em parlatórios de peniten-ciárias federais do País para monitorar egrampear conversas entre advogados eclientes. D´Urso pediu providências aoConselho Nacional de Justiça e afirmouque o episódio “é gravíssimo e constituicrime, segundo o artigo 10 da Lei 9.296/96, que espera seja apurado rapidamente”.

Na nota, o presidente da OAB SPafirma que a prática é criminosa e que aconversa no parlatório é protegida pelosigilo profissional. Segundo o texto, a leigarante ao defensor “comunicar-se comseu cliente, pessoal e reservadamente,mesmo sem procuração, quando estese achar preso, detido ou recolhido emestabelecimento civil ou militar, ainda queconsiderado incomunicável”.

De acordo com o presidenteD´Urso, a interceptação da conversaentre advogado e cliente viola os prin-cípios constitucionais da ampla defe-sa e do contraditório e que não é ad-missível mesmo com ordem judicial. Nofinal, D’Urso diz esperar uma rápidaapuração e punição dos responsáveispelo episódio, e ressalta que a práticaé comum apenas em ditaduras e regi-mes totalitários, sendo incompatívelcom o Estado Democrático de Direito.

Os advogados paulistas agora po-dem comprar, até outubro deste ano,187 medicamentos genéricos comdescontos entre 68% e 83% nas far-mácias da Caixa de Assistência dosAdvogados de São Paulo (Caasp),braço assistencial da OAB SP. A re-dução dos preços é resultado de acor-do da Caixa e da OAB SP com os la-boratórios Medley, Germed, Neoquí-mica e Rambaxy.

Os descontos incidirão sobre o pre-ço máximo oferecido ao consumidor nomercado, nas compras de pelo menosduas unidades do mesmo produto,caso que, também, dará direito a re-ceber gratuitamente uma terceira uni-dade. Nas compras unitárias, perma-

RRRRRemédios comemédios comemédios comemédios comemédios comdescontos de até 83%descontos de até 83%descontos de até 83%descontos de até 83%descontos de até 83%

necem os preços normalmente prati-cados pelas farmácias da Caixa.

“Quanto mais comprarmos, me-lhores condições teremos para ne-gociar com os distribuidores e labo-ratórios. Se a demanda nas farmá-cias da Caixa aumentar, com certe-za os preços baixarão ainda mais”,disse o presidente da Caasp, FábioRomeu Canton Filho.

Segundo Luiz Flávio BorgesD’Urso, presidente da OAB SP, osdescontos são muito bons, sem equi-valência no mercado nacional. “Éuma diferença extraordinária paraatender o quanto possível e melhoros advogados e advogadas do Es-tado de São Paulo”, afirmou.

Os descontos vão abranger 187 medicamentos e irão ate outubro nas farmácias da Caasp

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A OAB SP foi credenciada pelogoverno federal para ser uma au-toridade de registro de certifica-cão eletrônica, com competênciapara identificar e cadastrar usu-ários, o que permitirá que o ad-vogado possa solicitar certifica-do em qualquer uma das 222 Sub-secções do Estado.

“São Paulo é a primeira secci-onal do País a obter esse creden-ciamento junto ao Instituto Na-cional de Tecnologia da Informa-ção do governo federal, confir-mando nosso pioneirismo e com-promisso de preparar a Advoca-cia paulista para a inserção noprocesso digital”, afirma Luiz Flá-vio Borges D´Urso.

De acordo com Marcos da Cos-ta, vice-presidente da Ordem epresidente da Comissão de As-suntos do Judiciário, com a pu-blicação do credenciamento no“Diário Oficial”, a OAB SP iniciaa fase de treinamento do pessoalpara oferecer o serviço aos ad-vogados regulamente inscritos naseccional.”De acordo com a Lei11.419/06, sobre informatizaçãodos processo judiciais, o uso obri-gatório da certificação digital pe-los advogados será medida obri-gatória em curto espaço de tem-po”, ressalta Costa.

CertificaçãoCertificaçãoCertificaçãoCertificaçãoCertificaçãoeletrônicaeletrônicaeletrônicaeletrônicaeletrônica

A OAB SP e o Conselho Federalda Ordem promoveram no dia 7 dejunho, na USP (SP), o “Semináriosobre Instituição Nacional de Di-reitos Humanos (INDH): ContextoNacional e Integração Universal –Conquistas e Perspect ivas”(fotofotofotofotofoto). Além do presidente daOAB SP, o evento contou com aspresenças da secretária-geral ad-junta do Conselho Federal, MárciaMelaré; do professor da USP, Dal-mo Dallari; do subprocurador-ge-ral de Justiça de Relações Exter-nas do MP-SP, Francisco Stella

Seminário sobrSeminário sobrSeminário sobrSeminário sobrSeminário sobre Dire Dire Dire Dire Direitos Humanoseitos Humanoseitos Humanoseitos Humanoseitos HumanosDivulgação

Júnior; e do ex-presidente daOAB, Cezar Britto.

A secretária-geral adjunta daOAB ressaltou o papel do Conse-lho de Defesa dos Direitos da Pes-soa Humana, do qual a OAB fazparte, mas disse que o órgão, ape-sar de ser público, não tem forçacoercitiva para fazer mais do querecomendações aos Estados. Daía necessidade, segundo MárciaRegina, de uma instituição nacio-nal que seja independente e capazde atuar na efetivação dos direi-tos humanos.

Atraso nos precatóriosAtraso nos precatóriosAtraso nos precatóriosAtraso nos precatóriosAtraso nos precatóriosA Comissão Especial de Assuntos

Relativos aos Precatórios Judiciaisda OAB SP está alertando que o pa-gamento de precatórios no Estadode São Paulo está parado há seismeses em decorrência da demora naimplantação do sistema de informa-tização do Tribunal de Justiça de SãoPaulo que deve se adequar à novaPEC dos Precatórios. A diretoria daOrdem e a comissão estudam medi-das que possam garantir o pagamen-to para os credores, especialmente oscom prioridade, caso das pessoas ido-sas e doentes, e obter a liberação demetade dos recursos destinados às dí-vidas mais antiga. A origem do atrasoé a Emenda Constitucional 62, publi-cada em dezembro de 2009, que alte-rou a forma de pagamento dos preca-tórios, alvo de quatro Ações Diretasde Inconstitucionalidade no SupremoTribunal Federal, uma delas propostapela OAB . A emenda fez com que oTJ-SP tivesse que reorganizar a or-dem dos credores do Estado e dascidades paulistas, com novas regras.

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11JULHO DE 2010 TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO

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12 TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO JULHO DE 2010

HIC ET NUNC

PERCIVAL DE SOUZA*

NOTAS

*Especial para o “Tribuna”.

Periculosidade da chicana

Chicana IIÂngelo Ferreira da Silva, apelidado “Pri-

mo”, foi um dos algozes do jornalista TimLopes — assassinado, esquartejado, carbo-nizado com pneus e gasolina. Foi condenadoa 15 anos. Feitas as contas de praxe, regidaspela burocracia automática, ganhou o semi-aberto para sair de um presídio em Bangu.Na primeira saída, escafedeu-se. A Justiçademorou três meses para descobrir que Ân-gelo era foragido. “Primo” foi recapturado,mas por um único motivo: a mãe dele, teme-rosa de que o filho fosse executado por umamilícia (bando de matadores de aluguel) deSanta Cruz, informou o paradeiro. O siste-ma lavou as mãos, sem distinguir periculosi-dade de tabelinha de contas.

Erupção no CNJO Conselho Nacional de Justiça começou

as atividades sob nova direção em clima decolisão, a começar pelo novo presidente, Ce-zar Peluso, e o antecessor, Gilmar Mendes,numa discussão sobre gastos de viagem.Depois, durante uma sessão, o presidentedo Conselho Federal da OAB, Ophir Caval-cante, pediu a palavra num momento de vo-tação. Peluso indeferiu. Houve discussãoentre ambos. Alguns conselheiros se mani-festaram a favor do advogado. O presidentedo CNJ, então, cedeu. Após a sessão, a que-da-de-braço continuou: a OAB expediu notaoficial, chamando o ministro de “arbitrá-rio”. Por escrito, Peluso rebateu: disse quedefendia o cumprimento do regimento inter-no do CNJ. Pingo nos is: o presidente daOAB tem o direito de manifestação, masantes da sustentação oral dos advogados evotos dos conselheiros. Na nota, a OAB sus-tentou que a entidade “não é peça de ador-no no CNJ e tem o direito de se manifestarnas sessões a qualquer momento, com o in-tuito de esclarecer ou contribuir para osdebates”. O ministro Gilson Dipp, correge-dor do CNJ, defendeu a voz da OAB. OSTF, em seu site, respondeu que a mani-festação é pertinente, mas não a qualquertempo, pois os princípios constitucionaisdo contraditório e do devido processo le-

igno de entrar no Guiness, o livro dos recordes mundiais, inaugurando um vergo-nhoso capítulo jurídico: o caso do comerciante José Ramos Lopes Neto, que há dis-

tantes 21 anos matou com três tiros a mulher, Maristela Just, e também atirou contra osfilhos do casal, Nathália e Zaldo. Há duas décadas, em busca do caminho cheio de atalhosda prescrição, com cinco advogados, 36 cartas precatórias, cinco recursos no TJ-PE, doisno STJ e um no STF, José Ramos conseguiu procrastinar o julgamento, sucessivamenteadiado em decorrência de alquimias e imbróglios. Para evitar o limbo jurídico, Judiciárioe Ministério Público de Jaboatão dos Guararapes (PE) conseguiram marcar o julgamento21 anos depois do crime, assim mesmo sem a presença do réu, foragido, com defesa fei-ta por defensores públicos, o que poderá ensejar mais recursos para sustar a condenaçãoimposta (79 anos de prisão). “Sou uma Isabela que sobreviveu para falar”, disse Nathá-lia, também com cinco anos de idade na época dos tiros. Ela não quer saber de silêncio dosinocentes. Quer gritar, denunciar essa história inacreditável, humilhante, lamentável, ina-ceitável, vergonhosa. Como pode?

D

gal não podem ser violados em meio aojulgamento, sob pretexto do exercício dodireito de manifestação. A celeuma gira-va em torno de uma apreciação sobre ir-regularidades que teriam sido praticadaspor uma juíza e um advogado.

Tarefas mínimasO CNJ orientou as Varas da primeira

instância do Judiciário dos Estados, etambém a Justiça trabalhista e a JustiçaMilitar, em padrões que permitam darmais celeridade ao trâmite dos feitos. Umdos objetivos, ainda para este ano, é de queesta melhoria atinja metade das Varas,“como se elas fossem empresas privadas”,na definição do juiz-auxiliar da presidên-cia, Antônio Carlos Alves Braga Júnior.Segundo avaliação do CNJ, processos deprimeiro grau representam 93% das de-mandas, ou seja, cerca de 4,3 milhões deprocessos. “Há mais de uma década re-clamo pela implantação de um projeto degovernança corporativa na primeira ins-tância do Judiciário”, afirma o gestor demetas do CNJ no TJ-MG. Juízes e servi-dores já fizeram uma oficina de trabalhopara a descoberta, em conjunto, dos pon-tos que asfixiam a estrutura.

Eros saiDefinido: o ministro do STF Eros Grau

aposenta-se no começo do mês que vem, logoapós completar 70 anos, no dia 19, durante operíodo de campanha eleitoral. Na Corte, diz-se que professores descrevem o Direito, masali os ministros “constroem o Direito, produ-zem o Direito”. Eros deixa uma última vagaa ser preenchida pelo presidente Lula. Seráo quarto presidente que mais fez isso (oitovezes) desde 1889, superado apenas porGetúlio Vargas, Deodoro da Fonseca e Flori-ano Peixoto. Candidatos à vaga: ministroCesar Asfor Rocha (presidente do STJ), Ar-naldo Malheiros (advogado), Luiz Fux (mi-nistro do STJ) e Luiz Edson Fachin (advoga-do e professor no Paraná).B

Defensoria Pública SPTomaram posse dia 18, os Defen-sores Públicos do Estado de SãoPaulo eleitos para o ConselhoSuperior, para um mandato de

dois anos: Pedro Antônio de Avellar; JoséMoacyr Doretto Nascimento; Fabiana Bote-lho Zapata; Octávio Ginez de Almeida Bue-no (Nível I); Bruno Diaz Napolitano; Julia-na Garcia Belloque Franciane de FátimaMarques; e Antônio José Maffezoli Leite.Além dos conselheiros eleitos, compõem oConselho Superior seis membros natos – oDefensor Público-Geral, o Segundo Subde-fensor Público-Geral, o Terceiro Subdefen-sor Público-Geral, o Corregedor-Geral, oOuvidor-Geral e o representante da Associa-ção Paulista de Defensores.

·A Defensoria aceita até dia 8 inscriçõespara o IV Concurso de Ingresso na Carreirade Defensor Público. São 67 vagas e o candi-dato deve ser bacharel em Direito. Inscri-ções em www.concursosfcc.com.br

In memoriamFaleceram: dia 30 de maio, aos 44anos, em acidente automobilístico,o advogado Rui Freitas Costa; dia9 de junho, em Alagoas, aos 84

anos, o desembargador aposentado HélioRocha Cabral de Vasconcelos, e aos 78 anos,o empresário e advogado Nelson Luiz BaetaNeves; dia 11, no Rio de Janeiro, aos 87anos, o juiz aposentado Jurandyr Rodriguesda Silva; dia 16, aos 94 anos, o desembarga-dor aposentado Roberto de Rezende Jun-queira; dia 20, aos 65 anos, em um acidenteautomobilístico no interior de SP, o juiz apo-sentado do MS, João Adolfo Astolfi.

Lobo & de Rizzo AdvogadosRecebeu o prêmio Rising Star2010, concedido pela Internatio-nal Legal Alliance Summit aos es-critórios de Advocacia mais presti-

giados do mundo.

TSTA Coordenadoria de Jurisprudên-cia do TST divulgou as OJs nºs385 a 393 da Subseção I Espe-cializada em Dissídios Individu-

ais; e as OJs nºs 154 a 156 da Subseção IIEspecializada em Dissídios Individuais. 385385385385385:“é devido o pagamento do adicional de peri-culosidade ao empregado que desenvolvesuas atividades em edifício (construção ver-tical), seja em pavimento igual ou distinto

daquele onde estão instalados tanques paraarmazenamento de líquido inflamável, emquantidade acima do limite legal, conside-rando-se como área de risco toda a área in-terna da construção vertical”; 386386386386386: “é devi-do o pagamento em dobro da remuneraçãode férias, incluído o terço constitucional,com base no artigo 137 da CLT, quando,ainda que gozadas na época própria, o em-pregador tenha descumprido o prazo previs-to no artigo 145 do mesmo diploma legal”;387387387387387: “a União é responsável pelo pagamen-to dos honorários de perito quando a partesucumbente no objeto da perícia for benefi-ciária da assistência judiciária gratuita, ob-servado o procedimento disposto nos arti-gos 1º, 2º e 5º da Resolução nº 35/2007 doCSJT”; 388388388388388: “o empregado submetido àjornada de 12 horas de trabalho por 36 dedescanso, que compreenda a totalidade doperíodo noturno, tem direito ao adicionalnoturno, relativo às horas trabalhadas apósas 5 horas da manhã”; 389389389389389: “está a parteobrigada, sob pena de deserção, a recolhera multa aplicada com fundamento no § 2ºdo artigo 557 do CPC, ainda que pessoa ju-rídica de direito público”; 390390390390390: “fere o prin-cípio da isonomia instituir vantagem medianteacordo coletivo ou norma regulamentar quecondiciona a percepção da parcela participaçãonos lucros e resultados ao fato de estar o con-trato de trabalho em vigor na data previstapara a distribuição dos lucros. Assim, inclusivena rescisão contratual antecipada, é devido opagamento da parcela de forma proporcionalaos meses trabalhados, pois o ex-empregadoconcorreu para os resultados positivos da em-presa”; 391391391391391: “a submissão prévia de deman-da a comissão paritária, constituída nos termosdo artigo 23 da Lei nº 8.630/93 (Lei dosPortos), não é pressuposto de constituição edesenvolvimento válido e regular do proces-so, ante a ausência de previsão em lei”;392392392392392: “o protesto judicial é medida aplicávelno processo do trabalho, por força do artigo769 da CLT, sendo que o seu ajuizamento,por si só, interrompe o prazo prescricional,em razão da inaplicabilidade do § 2º do arti-go 219 do CPC, que impõe ao autor da açãoo ônus de promover a citação do réu, porser ele incompatível com o disposto no arti-go 841 da CLT”; 393: “a contraprestaçãomensal devida ao professor, que trabalha nolimite máximo da jornada prevista no artigo318 da CLT, é de um salário mínimo inte-gral, não se cogitando do pagamento propor-cional em relação a jornada prevista no arti-go 7º, XIII, da Constituição Federal”.B

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13JULHO DE 2010 TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO

A Lei n.º 11.419, de 19.12.2006, ob-jetivando elevar a qualidade e a celeridadeda prestação jurisdicional, permitiu o usodo documento eletrônico na formação e natransmissão de peças e atos processuais,alterando o Código de Processo Civil edisciplinando a informatização do proces-so judicial, no capítulo sobre a forma dosatos processuais, ao dispor, no art. 154, pa-rágrafo segundo, que “os atos e termos doprocesso podem ser produzidos, transmi-tidos, armazenados e assinados por meioeletrônico, na forma da lei”.

Em 14.09.2007, o Conselho Na-cional de Justiça, expediu a Recomenda-ção n.º 12 1, aconselhando aos TribunaisRegionais Federais, aos Tribunais Regi-onais do Trabalho, aos órgãos da JustiçaMilitar da União e dos Estados e aosTribunais de Justiça dos Estados e doDistrito Federal e Territórios que regula-mentassem e efetivassem o uso de for-mas eletrônicas de assinatura.

No discurso proferido no Congres-so Nacional, na abertura do ano judiciário,em 01.02.2010, o Excelentíssimo MinistroGilmar Mendes, então ministro do Supre-mo Tribunal Federal, ponderou 2:

“A melhoria do Judiciário se faz coma modernização do seu processo produti-vo. Menos carimbos. Mais resultados.

(...) Pois bem, a revolução tecnológi-ca hodierna vem viabilizando a passos cé-leres o que há pouco não passava de merautopia: a transparência total. E nessa dire-ção caminha o Judiciário, haja vista a Reso-lução 102 do Conselho Nacional de Justi-ça, sobre a obrigação dos tribunais de pu-blicar via internet, reunindo, em link especí-fico, denominado “Transparência”, todosos dados relativos à gestão orçamentária e

financeira de cada órgão a si vinculado. Bema propósito, tenho a satisfação de anunciarque, aqui no Supremo, começa a funcio-nar, entre outros, o Sistema de Custo Pro-cessual, projeto de gestão desenvolvido pelaSecretaria de Tecnologia e Informação, quepossibilitará a medição do custo do proces-so judicial no âmbito da Corte, individuali-zando-o, inclusive, por classe processual. Atecnologia também serve à celeridade pro-cessual: a partir de hoje, o e-STF tornouexclusivo o meio eletrônico para o ajuizamen-to de seis classes de processos, o que per-mite o acesso ao protocolo do Tribunal e aosautos, às partes e aos interessados, 24 horaspor dia, 365 dias por ano. Sublinho a rele-vância do fato porque, para atender a metada completa modernização, a exigência doprocesso virtual mostra-se impostergável.

Felizmente os avanços nessa área sãonotáveis e animam até os mais pessimistas,sempre tão impressionados com a com-plexidade da tarefa a realizar.”

Nesse sentido, o Superior Tribunal deJustiça (STJ) deu um grande passo para aconsolidação de um Judiciário totalmente in-formatizado, ao transformar mais de trezen-tos mil processos, com mais de três milhõesde folhas, em arquivos digitais. O estoqueremanescente, armazenado nos gabinetes dosministros, vem sendo gradativamente zera-do, seguindo a ordem de antiguidade, con-forme divulgado pela assessoria de impren-sa do STJ, em 27.06.2010 3.

Quando regressar do recesso foren-se, em 1º de agosto, o STJ será o primeirotribunal nacional do mundo totalmente digi-talizado. “Vamos acabar definitivamentecom o papel no nosso cotidiano”, garantiuo Excelentíssimo Ministro Cesar AsforRocha, presidente do STJ, que, ao assumiro cargo em setembro de 2008, elegeu a mo-dernização da estrutura, a racionalização decondutas e a agilização dos julgamentos como

O esforço dos Tribunais para a implantaçãodo processo judicial eletrônico

os pilares de sua administração.Simultaneamente à implantação do

processo eletrônico, o portal do STJ nainternet ganhou novas ferramentas para opeticionamento eletrônico e visualizaçãodigital dos processos. O novo e-STJ per-mite que os advogados com certificaçãodigital consultem os processos a qualquermomento, em qualquer lugar do mundo, pormeio da internet. “O processamento ele-trônico é um círculo virtuoso que, breve-mente, estará consolidado em todas as ins-tâncias do Judiciário. Todos ganham coma virtualização dos processos: servidores,advogados, juízes, ministros e, principalmen-te, a sociedade, que terá uma Justiça maisrápida e eficiente”, ressaltou o presidentedo STJ.

Graças à informatização, o SuperiorTribunal de Justiça também será o primeirotribunal do mundo a disponibilizar sua juris-prudência sobre meio ambiente no “PortalJudicial Ambiental”, coordenado pela Co-missão Mundial de Direito Ambiental daUnião Internacional para a Conservação daNatureza (UICN).

Da mesma forma, o Conselho Naci-onal de Justiça, criou o “Sistema CNJ –Projudi”, um “software” de tramitação deprocessos judiciais em franca expansão emtodos os estados do Brasil. Atualmente, deacordo com o CNJ 4, dos 27 (vinte sete)estados brasileiros, 20 (vinte) já aderiram aoProjudi, cuja sigla advém do termo proces-so judicial digital, também denominado pro-cesso virtual ou processo eletrônico, quetem como premissa, gerenciar e controlareletronicamente os trâmites de processos ju-diciais nos Tribunais, reduzindo prazos ecustos.

Atualmente, os seguintes Estados ade-riram ao “Sistema CNJ - Projudi”: Acre,Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, DistritoFederal, Goiás, Espírito Santo, Maranhão,

SERASA EXPERIAN LEGALBOLETIM JURÍDICO ANO 9 - N° 105

SERASA EXPERIAN LEGAL

SILVÂNIO COVAS*Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraíba,Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande doNorte, Rondônia, Rorâima, Tocantins.

O principal intuito do CNJ é a com-pleta informatização da Justiça, a desburo-cratização dos atos processuais, o acessoimediato aos processos, bem como a me-lhoria no desempenho das funções própri-as de cada parte no processo.

A Resolução CNJ nº 90, de 29 desetembro de 2009 5, dispõe sobre os re-quisitos de nivelamento de tecnologia da in-formação no âmbito do Poder Judiciário,considerando expressamente a edição daLei nº 11.419/2006 e a edição da Reso-lução CNJ nº 70, de 18 de março 2009,que definiu a meta nacional de informati-zação todas as unidades judiciárias, cominterligação ao respectivo Tribunal e à redemundial de computadores (internet), dis-põe, em seu art. 1º, que “os Tribunais de-verão manter serviços de tecnologia da in-formação e comunicação - TIC necessá-rios à adequada prestação jurisdicional”e, relativamente aos sistemas de automa-ção, determina:

“Art. 6º Os sistemas de automaçãodeverão atender a padrões de desenvolvi-mento, suporte operacional, segurança dainformação, gestão documental, interope-rabilidade e outros que venham a ser reco-mendados pelo Comitê de Gestão dosSistemas Informatizados do Poder Judici-ário e aprovados pela Comissão de Tec-nologia e Infraestrutura do CNJ.

§ 1º As novas aplicações de sistemasde automação de procedimentos judiciaisdeverão:

I - ser portáveis e interoperáveis;(...) IV - oferecer suporte para assi-

natura baseado em certificado emitido porAutoridade Certificadora credenciada naforma da Infraestrutura de Chaves PúblicasBrasileira - ICP Brasil;

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14 TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO JULHO DE 2010

SERASA EXPERIAN LEGAL

V - o Modelo de Requisitos para Sis-temas Informatizados de Acompanhamen-to e Gestão de Processos e de Documen-tos Eletrônicos da Justiça aprovado peloCNJ; e

VI - os padrões de interoperabilida-de do Governo Federal - e-PING.

§ 2º Facultativamente, aplicar-se-á oparágrafo anterior aos sistemas de automa-ção de procedimentos administrativos dostribunais.”

Em 2006, o Supremo Tribunal Fe-deral disponibilizou o sistema e-STF – Portaldo Processo Eletrônico para a interposi-ção eletrônica de recursos, facultativamen-te ao sistema tradicional, em papel.

Em 01.02.2010, a Resolução STFnº 417/2009 restringiu ao meio eletrônicoo ajuizamento de seis classes ações que têminício no STF: Reclamações (Rcl), AçõesDiretas de Inconstitucionalidade (ADI),Ações Declaratórias de Constitucionalida-de (ADC), Ações Diretas de Inconstituci-onalidade por Omissão (ADO), Arguiçõesde Descumprimento de Preceito Funda-mental (ADPF) e Propostas de Súmula Vin-culante (PSV).

Em 20.04.2010, a Resolução STFnº 427/2010 regulamentou o processo ele-trônico no âmbito do STF, expandindo autilização do processo eletrônico, tornan-do obrigatória naquela Corte a tramitaçãoexclusivamente eletrônica, a partir de 1º deagosto, de oito classes processuais (AçãoRescisória, Ação Cautelar, Habeas Cor-pus, Mandado de Segurança, Mandadode Injunção, Suspensão de Liminar, Sus-pensão de Segurança e Suspensão de Tu-tela Antecipada) e, a partir de 1º de outu-bro, da apresentação de Agravo de Instru-mento que negar o envio de recurso extra-ordinário ao STF.

Para o secretário-geral do STF,Luciano Felício Fuck, “além da celeri-dade processual, da redução de custose do impacto ambiental em razão da des-necessidade de uso de papel, o e-STFvai gerar um choque de acessibilidade,já que todos terão acesso aos proces-sos que tramitam na Suprema Corte.Para peticionar, o advogado precisa terassinatura digital e se credenciar, masqualquer usuário poderá ler os autos di-gitalizados pela Internet. Além disso, oadvogado não precisará vir ao tribunal

ou se limitar ao horário de funcionamen-to do protocolo” 6.

De fato, a Justiça brasileira é pioneirana implantação do processo judicial eletrô-nico, cujo grande benefício é possibilidadede envio e recebimento de petições à dis-tância, bem como de compulsar os autossem o comparecimento físico ao balcão docartório.

As regulamentações em comentoatendem aos preceitos contidos no art. 5º,inciso LXXVIII, da Constituição Federal,incluído pela Emenda Constitucional n.º 45,de 30.12.2004, o qual assegura a todos, noâmbito judicial e administrativo, a razoávelduração do processo e os meios que ga-rantam a celeridade de sua tramitação.

Assim como o processo judicial temadequado o seu trâmite processual ao con-texto atual, no qual as relações jurídicasacontecem em ritmo cada vez mais acele-rado, beneficiando-as com as inovaçõestrazidas pelo uso do documento eletrônicocomo prova, bem como pelo uso da tec-nologia da certificação digital, o futuro dosatos jurídicos caminha para a forma eletrô-nica, impondo-se a evolução dos respec-tivos institutos jurídicos, os quais devem serconstantemente aperfeiçoados e adapta-dos às mudanças sociais.

As legislações das principais econo-mias do mundo equiparam o documentoeletrônico ao escrito e assinado manualmen-te, conferindo-lhe a mesma validade jurídi-ca. O Brasil introduziu essa garantia jurídicacom a Medida Provisória 2.200-2/2001,a qual institui a Infra-Estrutura de ChavesPúblicas Brasileira - ICP-Brasil e transfor-mou o Instituto Nacional de Tecnologia daInformação – ITI em autarquia federal, ecom o Código Civil, no título relativo à pro-va, em seu artigo 212, inciso II, e no artigo225 7, abriga a validade jurídica dos docu-mentos mecânicos e eletrônicos.

O Prof. Fábio Ulhoa Coelho enten-de que “na lei brasileira, a única referênciaao documento eletrônico se encontra no re-gramento da ICP-Brasil, restrita à questãoda assinatura digital. Não existe nenhumanorma expressa preceituando que a valida-de, eficácia e executividade do documentoeletrônico são idênticas à do papelizado” 8.

No entanto, embora o documentoeletrônico já encontre suporte legal noart. 10 da Medida Provisória 2.200-2/

2001 9, importa refletir sobre o verda-deiro alcance do art. 225 do Código Civil.Ali está prescrito que as reproduções fo-tográficas, cinematográficas, os registrosfonográficos e, em geral, quaisquer ou-tras reproduções de fatos ou de coisasfazem prova plena dessas.

Então, o art. 225 se ocupou das re-produções de fatos ou de coisas, não ex-clusivamente de outros documentos. E osdocumentos em papel ou eletrônicos sãoessencialmente a reprodução de fatos oucoisas.

Segundo o Prof. Moacyr Amaral doSantos 10, o termo “documento” - de “do-cumentum”, do verbo “doceo”, que signi-fica ensinar, mostrar, indicar, assim, "signi-fica uma coisa que tem em si a virtude defazer conhecer outra coisa".

De acordo com o parágrafo único doart. 154 do CPC, incluído pela Lei n.º11.419/2006, os tribunais, no âmbito darespectiva jurisdição, poderão disciplinar aprática e a comunicação oficial dos atosprocessuais por meios eletrônicos, atendi-dos os requisitos de autenticidade, integri-dade, validade jurídica e interoperabilidadeda ICP – Brasil.

A edição da Medida Provisória2.200-2/2001, significou um avanço degrande relevância para o Direito, ao asse-gurar não apenas a autenticidade dos do-cumentos eletrônicos, mas também, a se-gurança das relações no âmbito digital, atri-buindo-lhes valor probante.

A assinatura digital, associada a umcertificado digital, gerado dentro dos parâ-metros da ICP-Brasil, confere ao documen-to eletrônico a presunção jurídica e técnicade autenticidade e integridade, caracterizan-do-o como prova legal, circunstância estaque o juiz não pode desconsiderar na va-loração da prova 11.

A assinatura eletrônica baseada emcertificado digital garante que as informa-ções constantes no documento eletrônicosejam íntegras, inclusive o nome do autornele registrado, cuja identidade é garantidapelo uso do certificado digital.

As inovações promovidas pelo avan-ço da assinatura eletrônica, assegurada pelacertificação digital, com garantia de auten-ticidade, integridade e validade jurídica dosdocumentos eletrônicos, aliadas aos bene-fícios do processo judicial eletrônico, repre-

* Mestre em Direito pela PUC-SP eDiretor Jurídico da Serasa Experianpara América Latina

sentam mais uma etapa na longa evoluçãoda ciência jurídica, adequando a realidadedas atividades jurisdicionais às tecnologiasdisponíveis.

1 Recomendação n.º 12, de 11 de setembrode 2007. Publicada no Diário da Justiça, Seção1, página 211, do dia 14.09.2007. Disponível em:<http://www.cnj.gov.br>. Acesso em: 29 de ju-nho 2009.

2 “Sessão Solene de Instalação do AnoJudiciário de 2010” - Disponível em: <http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/publicacaoPubli-cacaoInstitucionalAberturaAno/anexo/P l a q u e t a _ d e _ A b e r t u r a _ A n o_Judiciario_2010.pdf >. Acesso em: 29 de julho2010.

3 “Tecnologia da informação como ins-trumento de trabalho” - Disponível em: < http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/>. Aces-so em: 29 de julho 2010.

4 Disponível em:<http://www. cnj.jus.br/i n d e x . p h p ? o p t i o n = c o m _content&view=article&id=7645&Itemid= 502>.Acesso em: 29 de junho 2010.

5 Publicada no DOU, Seção 1, em 09/10/09, p. 241-242, e no DJ-e nº 172/2009, em 09/10/09, p. 2-5.

6 “A partir de segunda-feira (1º) STF tornaobrigatório o envio eletrônico de seis tipos deprocesso” - Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe>.Acesso em: 29 de julho 2010.

7 Art. 212: “Salvo o negócio a que se impõeforma especial, o fato jurídico pode ser provadomediante: ...

II – documento”.Art. 225: "As reproduções fotográfi-

cas, cinematográficas, os registros fonográ-ficos e, em geral, quaisquer outras reprodu-ções mecânicas ou eletrônicas de fatos ou decoisas fazem prova plena destes, se a parte,contra quem forem exibidos, não lhes impug-nar a exatidão".

8 Primeiras Linhas de Direito ProcessualCivil, vol. 2, p. 384.

9 Art. 10: "Consideram-se documentospúblicos ou particulares, para todos os fins le-gais, os documentos eletrônicos de que trataesta Medida Provisória".

10 Revista do Advogado nº 96. AnoXXVIII. Março de 2008. "Temas atuais sobredireito comercial - Títulos de créditos eletrôni-cos".

11 Covas, Silvânio. Prova Eletrônica. Tesede mestrado defendida na Pontifícia Universi-dade Católica de São Paulo, em 2002, p. 177.

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LIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROS ANO 16 - Nº 183

JULHO DE 2010

TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO

“Um livro interligando“Um livro interligando“Um livro interligando“Um livro interligando“Um livro interligandoautores reconhecidos;autores reconhecidos;autores reconhecidos;autores reconhecidos;autores reconhecidos;

um conjuntoum conjuntoum conjuntoum conjuntoum conjuntointerdisciplinar coerente”interdisciplinar coerente”interdisciplinar coerente”interdisciplinar coerente”interdisciplinar coerente”

O

SACHA CALMON NAVARRO COÊLHO

EUNICE NUNES, especial para o "Tribuna"

advogado tributa-rista, professor eex-juiz federal Sa-cha Calmon Na-varro Coêlho, au-tor de inúmeras

obras na área do Direito Tributário, en-tre as quais se destaca o Curso de Di-reito Tributário Brasileiro, lançou esteano o livro A História da Mitologia Ju-daico-Cristã. Na obra, de quase 600 pá-ginas, Sacha Calmon interliga o pensa-mento de conhecidos estudiosos de Fi-losofia, História, Psicologia, Religião eÉtica, como Pièrre Teilhard de Chardin,Hans Kelsen, Israel Finkelstein, AsherSilberman, Sigmund Freud e HerbertMarcuse, entre outros, para mostrarcomo surgiram os mitos que embasamo que se convencionou chamar de “ci-vilização judaico-cristã” ou, simples-mente, “civilização ocidental”.

À luz da história e da arqueologia,o autor vai derrubando mito atrás demito. “Adão viveu há 5.800 anos,mas não existem referências histó-ricas da pré-história bíblica; Abraãonão podia ter camelos, animais quesó chegaram à região 900 anos an-tes de Cristo; nunca aconteceu oÊxodo; e Jericó nunca teve mura-lhas”, exemplifica Sacha Calmon.

No livro, Sacha Calmon demonstraainda a total incompatibilidade entreJavé e Jesus. “Sem nada escrito, Je-sus foi ligado ao Velho Testamento pordois elos frágeis: as canções do servode Isaias 2 e as compilações apocalíp-ticas de Daniel, que são desesperadas,ao estilo do judaísmo dos tempos dasguerras macabéias”, afirma.

Coerentemente, ele dedica a obraa: 1) a Charles Darwin, porque “comele o mito infantil da criação do ho-mem, perfeito, acabado, adulto e se-xuado, começou a ruir”; 2) a Giorda-no Bruno, “queimado vivo pelo SantoOfício da Inquisição, por admitir ou-tros mundos”; 3) a Galileu Galilei,“preso igualmente pela Inquisição daIgreja de Roma, por dizer que a Terragirava em torno do Sol, a destruir afábula bíblica de que a Terra e o Édenestavam no centro do Universo”.

Sacha Calmon destaca que, nasreligiões do tronco judaico-cristão,Deus não se manifesta fora da lingua-gem. “Até o ato de criação do mundoé um ato de falar: Fiat lux. Não sesabe que língua eles falavam, se La-tim, Grego, Aramaico. E talvez porisso, por causa da fala, Deus seja ànossa imagem e semelhança e não ocontrário, porque ele age exatamen-

te como nós. Ele cria normas, ele ficairado, ele castiga, às vezes ele é bon-doso. Ele é amoroso, mas às vezes éinflexível, um juiz implacável. O re-conhecemos olhando para nós própri-os. É isso que se chama antropomor-fismo religioso. Na verdade, é umantropomorfismo cultural, de todauma cultura, e de uma cultura jurídi-ca normativa.”

Fotos Augusto Canuto

Obra dedicada a Charles Darwin, Giordano Bruno e Galileu Galilei

Derrubando mitos religiososDerrubando mitos religiososO

Tribuna do Direito — O sr. é umTribuna do Direito — O sr. é umTribuna do Direito — O sr. é umTribuna do Direito — O sr. é umTribuna do Direito — O sr. é umconhecido autor de obras sobre Di-conhecido autor de obras sobre Di-conhecido autor de obras sobre Di-conhecido autor de obras sobre Di-conhecido autor de obras sobre Di-reito Tributário. Como teve a ideiareito Tributário. Como teve a ideiareito Tributário. Como teve a ideiareito Tributário. Como teve a ideiareito Tributário. Como teve a ideiade lançar um livro sobre religiões?de lançar um livro sobre religiões?de lançar um livro sobre religiões?de lançar um livro sobre religiões?de lançar um livro sobre religiões?

Sacha Calmon Navarro CoêlhoSacha Calmon Navarro CoêlhoSacha Calmon Navarro CoêlhoSacha Calmon Navarro CoêlhoSacha Calmon Navarro Coêlho— — — — — Sempre fui um jurista voltado aomundo do Direito, que é técnica, ciên-cia e arte de organizar sociedades, pre-miando os comportamentos desejáveise punindo os indesejáveis. Mas, aomesmo tempo, sempre fui um ávidoleitor de livros de Filosofia, Ética, Soci-ologia, História, Política, Psicologia,Economia, Antropologia e Religião. Limuitos autores, fiz muitas anotações.Tive a ideia de organizar um livro in-terligando autores reconhecidos dessaárea do conhecimento humano, demodo a formar um conjunto interdisci-plinar coerente que mostrasse váriasevidências que aos poucos se foram fi-xando em meu espírito.

TD — E que evidências são essas?TD — E que evidências são essas?TD — E que evidências são essas?TD — E que evidências são essas?TD — E que evidências são essas?Sacha Calmon —Sacha Calmon —Sacha Calmon —Sacha Calmon —Sacha Calmon — A primeira é que

tanto a Religião, quanto a Ética e o Di-reito são técnicas normativas. Todaselas visam ao regramento dos compor-tamentos humanos nas sociedades po-liticamente organizadas, a partir doperíodo neolítico, ou seja, há 12 milanos. A segunda é que as amostrasreligiosas colhidas no neolítico insinu-avam legisladores divinos, um corpoadministrativo encarregado de apli-car as normas emanadas desses deu-ses e invariavelmente um julgamen-to que punia os ímpios, que eram osdesobedientes, e premiava os justos,ou conformistas. Tudo no intuito depreservar o Estado, a propriedade, opoder político, a família, os bons cos-tumes e a justiça.

“Um livro interligando“Um livro interligando“Um livro interligando“Um livro interligando“Um livro interligandoautores reconhecidos;autores reconhecidos;autores reconhecidos;autores reconhecidos;autores reconhecidos;

um conjuntoum conjuntoum conjuntoum conjuntoum conjuntointerdisciplinar coerente”interdisciplinar coerente”interdisciplinar coerente”interdisciplinar coerente”interdisciplinar coerente”

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JULHO DE 20102TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO

LIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROS

“É a mãe do Direito”(a religião)

TD — Ou seja, a religião é aTD — Ou seja, a religião é aTD — Ou seja, a religião é aTD — Ou seja, a religião é aTD — Ou seja, a religião é amãe do Direito?mãe do Direito?mãe do Direito?mãe do Direito?mãe do Direito?

Sacha Calmon — Sacha Calmon — Sacha Calmon — Sacha Calmon — Sacha Calmon — Tanto é a mãedo Direito que sempre escolhem paralegislador justamente Deus. Em vez deuma assembleia constituinte, em vezde uma câmara de deputados, eles ele-gem Deus, através de alguns porta-vozes, que são os profetas, equivalen-tes aos líderes dos partidos. Os sacer-dotes, que são os homens do poderexecutivo religioso, aplicam a lei. E fi-nalmente há sempre um julgamento,individual e final. O individual precedeao final e como não há nenhum precei-to sobre o direito de apelar, o juízo fi-nal acaba sendo desnecessário. Ele foinecessário com os judeus, porque elesachavam que o mundo ia se acabar,então todo o mundo ia ser julgado. Mastermina num julgamento, onde sere-mos declarados culpados ou inocentes.Se culpados, vamos viver no infernopara o resto da eternidade. Se absol-vidos, iremos para o céu viver para todoo sempre. Ou seja, de um lado o tédiototal; do outro, a penitenciária que nun-ca termina, administrada por uma dei-dade, porque infinita e eterna, que sechama Satã, o contrário de Deus narepresentação conceitual. Nas religiõese sociedades patriarcais, patrimonia-listas e misóginas surgidas no neolíti-co, mormente nos rios e desertos se-míticos, mas não somente nestas pa-ragens, os deuses e seus representan-tes neste mundo, reis e sacerdotes, sereservavam o poder político-jurídico dedispor da vida e da morte de seus sú-ditos. E para legitimar o Direito de ori-gem divina, as ordens políticas esta-belecidas utilizaram-se das técnicas delegitimação e de dominação referidasnas obras de Max Weber, ressumbran-do como a mais utilizada aquela quefaz derivar de deuses míticos (não ne-cessariamente seres mitológicos comoos minotauros), as regras de controlesocial: religiosas, morais e jurídicas.

TD — E qual a razão de ter es-TD — E qual a razão de ter es-TD — E qual a razão de ter es-TD — E qual a razão de ter es-TD — E qual a razão de ter es-colhido a mitologia judaico-cristã?colhido a mitologia judaico-cristã?colhido a mitologia judaico-cristã?colhido a mitologia judaico-cristã?colhido a mitologia judaico-cristã?

Sacha Calmon — Sacha Calmon — Sacha Calmon — Sacha Calmon — Sacha Calmon — Porque as trêsreligiões semitas nascidas do troncojudaico — o judaísmo, o cristianismo eo islamismo, e suas inúmeras seitas(católicos, protestantes, evangélicos,xiitas, sumitas, etc.) —, que surgementre os babilônicos, assírios, cananeuse israelitas, comprovam à perfeição oamálgama do divino e do profano, poisas regras morais e jurídicas estavamembutidas nas regras religiosas. Elasse apresentam no palco da históriacomo sistemas antropomórficos, ouseja, como sistemas de controle soci-al, altamente repressivos, construídosà imagem e semelhança das ideias,

crenças, noções e interesses radical-mente humanos, ao longo do devir his-tórico, a começar pelo uso dos modaisdeônticos: o permitido, o proibido e oobrigatório. São eles também os trêsmodos jurídicos básicos, sem esqueceras metas de todo sistema deôntico, omonopólio do poder e a preservaçãodos interesses juridicamente protegi-dos, mediante regras de imputação.

TD — Significa dizer que o Di-TD — Significa dizer que o Di-TD — Significa dizer que o Di-TD — Significa dizer que o Di-TD — Significa dizer que o Di-reito usa os mesmos instrumen-reito usa os mesmos instrumen-reito usa os mesmos instrumen-reito usa os mesmos instrumen-reito usa os mesmos instrumen-tos que as religiões?tos que as religiões?tos que as religiões?tos que as religiões?tos que as religiões?

Sacha Calmon — Sacha Calmon — Sacha Calmon — Sacha Calmon — Sacha Calmon — Sim. O Direi-to trabalha com as categorias deôn-ticas, como as religiões também.Existem os comportamentos proibi-dos, os comportamentos permitidose os comportamentos obrigatórios.Os facultativos não têm relevânciajurídica. O campo do permitido é ocampo da liberdade. O campo doscontratos, por exemplo, onde se po-de adquirir responsabilidade por von-tade própria. O ramo do permitido,tanto no Direito como na Religião, éo que se pode fazer, a responsabili-dade que se contrai e responde-sepor ela. A zona do obrigatório e azona do proibido são as zonas dodever. Não se pode escapulir, poisse não for cumprido o que é obriga-tório ou proibido, haverá punição Se,por exemplo, é obrigado a pagar im-posto, não pagar atrai uma pena. Seé proibido matar, quem matar serápunido. Pode ser uma pena de per-

da da liberdade, de perda da vida,da liberdade de ir e vir, uma multa,enfim, a estrutura de funcionamen-to da Religião e do Direito, e de umacerta maneira da Ética e da moda...

TD — Da moda?TD — Da moda?TD — Da moda?TD — Da moda?TD — Da moda?Sacha Calmon — Sacha Calmon — Sacha Calmon — Sacha Calmon — Sacha Calmon — É. Não há

coisa pior do que alguém dizer quese está fora de moda, que deve-sevestir desta ou daquela maneira,que o jeito que se está vestido émotivo de riso, de chacota, de umamá apreciação social. A moda temum conteúdo deôntico. Ela obriga.A Ética também. Não se pode men-tir, não se pode caluniar, porquesão ações que a consciência huma-na rejeita. São os modais deônti-cos: o proibido, o obrigatório e o

facultado. Um exclui o outro, aolongo dos tempos. Será sempreassim nas ciências normativas. Ouse está obrigado a um dado com-portamento — pagar tributos, porexemplo — se está proibido depraticar certos comportamentos —como não furtar, não matar — oupode-se contratar, pode-se doar,pode-se fazer testamento, pode-sefazer o estatuto de um condomí-nio, de um clube. Até certo ponto,criamos também regras jurídicasna medida em que nos é dada com-petência para praticar contratos eatos jurídicos. Mas pode-se tam-bém produzir crimes, transgredir oproibido e cometer ilícitos quandonão são praticados os comporta-mentos obrigatórios. O que é obri-gatório não pode ser proibido nempermitido. O que é permitido nun-ca é obrigatório nem proibido. E oque é proibido não é obrigatório. Éo sinal contrário. Se sou proibidode matar, o único comportamentopermitido é não matar, portanto,o oposto. Os modais deônticos nun-ca se confundem.

“O Direito trabalha com as“O Direito trabalha com as“O Direito trabalha com as“O Direito trabalha com as“O Direito trabalha com ascategorias deônticas, como ascategorias deônticas, como ascategorias deônticas, como ascategorias deônticas, como ascategorias deônticas, como as

religiões também”religiões também”religiões também”religiões também”religiões também”

“O Direito trabalha com as“O Direito trabalha com as“O Direito trabalha com as“O Direito trabalha com as“O Direito trabalha com ascategorias deônticas, como ascategorias deônticas, como ascategorias deônticas, como ascategorias deônticas, como ascategorias deônticas, como as

religiões também”religiões também”religiões também”religiões também”religiões também”

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ANO 16 - Nº 183

JULHO DE 2010

TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO

*Advogado em São Paulo e mestre em Direito pela PUC-SP;jurisdrops.blogspot.com

CLITO FORNACIARI JÚNIOR*

xiste uma preocupação le-gítima no sistema de que aalienação que se operedentro de um processo deexecução ou de cumpri-mento de sentença tenhao caráter de aquisição ori-ginária, de modo a não fi-

car sujeita a gravames e restrições que marcavamprecedentemente o bem penhorado. Para tanto,apresenta-se com fundamental importância o ar-tigo 698 do CPC, que impõe a intimação do cre-dor com garantia real, do senhorio direto e de cre-dor com penhora anteriormente averbada, antesda alienação do bem objeto da constrição judicial.Com isso, vinculam-se essas pessoas ao proces-so, de modo a não lhes dar oportunidade de ques-tionar futuramente a alienação do bem e, da mes-ma forma, a fazer com que da matrícula do imóvelvenham a ser afastadas restrições ou gravamesanteriores atrelados a esses intimados.

A Lei n° 11.382/2006 ampliou a regra originá-ria do código, estendendo a intimação também aocredor com penhora anteriormente averbada, con-ferindo, pois, efetividade e certeza ao concursoparticular de preferência (artigo 711 do CPC), quemuitas vezes acabava não se realizando por igno-rar o credor, que também havia penhorado o mes-mo bem, a sua alienação em outro processo, o queo fazia, não poucas vezes, chegar tarde para pos-tular o recebimento que a sua ordem nas penho-ras lhe deferia. Agora, tal não deverá ocorrer, sen-do, pois, ônus do pretenso adquirente denunciaressa irregularidade, de modo a não correr o risco dever desfeita a arrematação, que não se efetuará semessa providência, sujeitando-se a novo certame, quepoderá não lhe ser favorável e, dependendo domomento em que a falta venha a ser constatada, ésuscetível de implicar até a perda de valores quetenha desembolsado na aquisição.

Da mesma forma, a lei reformadora tambémimpôs essa intimação aos casos de adjudica-ção e a l ienação por in ic iat iva part icular eacobertou todos os bens e não apenas o imó-vel, tal como se passava anteriormente, dadoque a redação originária colocava a exigênciada comunicação somente para a realização dapraça, forma de alienação de imóveis.

Mesmo com essa ampliação, a lei processualolvidou-se da possibilidade de o bem penhoradonão ser de propriedade do devedor, nada dizen-do, expressamente, sobre a cientificação do pro-prietário do imóvel penhorado. A questão não seprende aos casos de desconsideração de pessoajurídica, pois, nesses, há a modificação do execu-tado, que, destarte, assume a condição de deve-dor originário, ficando, portanto, sujeito aos mes-mos direitos, obrigações e ônus que o anterior,disciplinando a sua intimação o artigo 687, § 5°,do CPC. Diferentemente se passa nos casos em

que terceiro empresta garantia ao processo, do quetrata expressamente a Lei da Execução Fiscal, emque exista condomínio de terceiros com o deve-dor e na hipótese de fraude de execução, onde aalienação tenha sido considerada ineficaz em re-lação ao credor originário, passando, pois, bem deterceiro, qual seja, o adquirente, a responder pordívida de outrem (artigo 592, V, do CPC).

Apesar de a norma não ser expressa quanto àintimação do proprietário, logicamente, o propri-etário não-executado, parece elementar que a leitambém a ele se volta, pois se até para o senhoriodireto, o credor com garantia real ou o simples cre-dor, mesmo quirografário, que realizou a penhoraa intimação é necessária, com mais razão o serápara o proprietário ou o coproprietário, até porqueele tem interesse nesse ato processual, podendonele interferir para se safar de perda maior e, ain-da, porque, sem sua cientificação, o título geradocom a arrematação não se faz perfeito, persistin-do seu liame com o imóvel. Nesse sentido,Humberto Theodoro Júnior é firme ao dizer que“não são apenas as pessoas aludidas no artigo 698que deverão ser intimadas antes da arrematação.Todo aquele que tiver algum direito real sobre obem penhorado terá que ser previamente cien-tificado pelo juízo acerca do praceamento desig-nado” (Processo de Execução e Cumprimento daSentença, Leud, 2007, 24ª edição, p. 347).

A disposição protege, dessa forma, o adquirentede bem em fraude de execução, que persiste sen-do proprietário, mesmo que anterior decisão pro-ferida nos autos haja reconhecido expressamentea fraude. Tal decisão não lhe retira a titularidadedo bem, mas apenas, como sabido, afasta a efi-cácia do ato em relação ao credor exequente, aquem o ato não pode ser oposto. O negócio nãoé nulo, mas apenas ineficaz (cf. Araken de Assis,Manual da Execução, Revista dos Tribunais, 2009, 12ªedição, p. 272). Sendo assim, em sendo o bem alie-nado, eventual saldo remanescente, depois de pagoo credor, pertencerá ao proprietário do imóvel, aindaque o tenha adquirido em fraude; da mesma forma,se faz possível que ele, até a realização da praça,pague o débito, liberando o imóvel da penhora ecom isso escoimando o vício de aquisição.

O reclamo da falta dessa intimação foi trazidoao TJ-SP por adquirente que se servira de anterio-

EIntimações para a realização da praça

res embargos de terceiro, nos quais foi reconhecidaa alienação fraudulenta do imóvel, vindo o acórdãoda relatoria de Eros Piceli (Agravo Regimental n°992.09.086684-2/5, julgado em 5/10/2009) aentender que “o artigo 698 se aplica à intimaçãodaquele que detém o domínio direto da coisa”.Reconheceu, pois, a incidência da norma tambémem relação ao proprietário, mas negou esse bene-fício na particular situação, porque “no caso houveconstatação de que é o devedor quem reside noimóvel, muitos anos após a suposta alienação”.

O julgado não transparece correto: não hácomo se imiscuir propriedade com moradia. Ofato de residir no imóvel o antigo proprietário,alienante do bem, não é o elemento relevantepara afastar a intimação do artigo 698, que pro-tege o direito real. A par disso, retira-se do pro-prietário a possibilidade de pagar a dívida, aindaque não seja sua, liberando a penhora, como ain-da o seu direito a receber, depois de pago o cre-dor, o quanto sobejar de saldo.

Igualmente o efeito dos anteriores embargosde terceiro não tem o condão de eliminar o di-reito real. Sua consequência restringe-se a de-clarar a ineficácia da alienação, confirmando oteor do artigo 592 do texto de processo, quecoloca o bem alienado em fraude como sujeitoà execução. Mais do que isso não se cria.

Destarte, à falta de intimação, o proprietáriopode questionar a praça realizada, buscando o bematé mesmo por meio de ação autônoma, uma vezque sua não-intimação para o específico ato de quese cuida importou na realização de um atoinexistente, do ponto de vista processual, tantoque o artigo 698 coloca essa intimação como pres-suposto para a realização da alienação, deixandoclaro que esta “não se efetuará...”. Cuidando-sede ato inexistente, não se lhe aplica a regra doartigo 694, que reputa perfeita, acabada eirretratável a arrematação, quando assinado o autopelo juiz, pelo arrematante e pelo serventuário daJustiça. No caso, a arrematação não tem efeito,inexiste, devendo o arrematante buscar o quantopagou de quem com o produto da arremataçãose beneficiou.

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TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO JURISPRUDÊNCIAJURISPRUDÊNCIAJURISPRUDÊNCIAJURISPRUDÊNCIAJURISPRUDÊNCIAJURISPRUDÊNCIAJURISPRUDÊNCIAJURISPRUDÊNCIAJURISPRUDÊNCIAJURISPRUDÊNCIA

730STF

HC 94274/SP— Relator(a): min. CarlosBrito. Julgamento: 1/12/2009. Órgão julgador:Primeira Turma. Publicação: DJE-022. Divulg.: 4/2/2010. Public.: 5/2/2010. Ement.: Vol.: 02388-01 PP-00072. Ementa: Habeas corpus. Crimedoloso contra a vida. Homicídio (artigo 121 doCP). Recurso em sentido estrito. Sentença depronúncia confirmada. Artigo 413 do CPP. Juízoprovisório sobre a probabilidade da acusação mi-nisterial pública. Alegado excesso vernacular. Nãoocorrência. Ordem denegada. 1. Na pronúncia,o dever de fundamentação imposto ao magis-trado é de ser cumprido dentro de limites estrei-tos. Fundamentação que é de se restringir à com-provação da materialidade do fato criminoso e àindicação dos indícios da autoria delitiva. Tudo omais, todas as teses defensivas, todos os elemen-tos de prova já coligidos hão de ser sopesadospelo próprio Conselho de Sentença, que é sobe-rano em tema de crimes dolosos contra a vida.2. É vedado ao juízo de pronúncia o exame con-clusivo dos elementos probatórios constantes dosautos. Além de se esperar que esse juízopronunciante seja externado em linguagem só-bria, comedida, para que os jurados não soframnenhuma influência na formação do seu conven-cimento. É dizer: o Conselho de Sentença devemesmo desfrutar de total independência no exer-cício de seu munus constitucional. 3. No caso, oacórdão proferido pelo Tribunal de Justiça do Es-tado de São Paulo, ao confirmar a sentença depronúncia, não incorreu em exagero vernacular.Acórdão que se limitou a demonstrar a impossi-bilidade de absolvição sumária do paciente,rechaçando a tese de que o acusado agiu emestrito cumprimento do dever legal. 4. Acresceque as partes não poderão fazer, em plenário,referências ao conteúdo tanto da pronúnciaquanto das decisões posteriores que julgaramadmissível a acusação (artigo 478 do CPP, na re-dação dada pela Lei n° 11.689/08). O que signi-fica dizer que não será possível uma indevida in-fluência ao tribunal popular. Precedente: HC86.414, da relatoria do ministro Marco Aurélio(Primeira Turma). 5. Ordem denegada. Decisão:A Turma indeferiu o pedido de habeas corpus,nos termos do voto do relator. Unânime. Presi-dência do ministro Carlos Ayres Britto. 1ª Turma,1/12/2009.

HC 100006/RJ — Relator(a): min. MarcoAurélio. Julgamento: 2/2/2010. Órgão julgador:Primeira Turma. Publicação: DJE: 030. Divulg.:18/2/2010. Public.: 19/2/2010. Ement.: Vol.:02390-02 PP-00325. Ementa: Reincidência. Con-forme disposto no artigo 63 do Código Penal, nãose exige a especificidade para reconhecer-se a rein-

cidência, pouco importando que o crime ante-rior tenha sido doloso e o posterior haja ocorridona forma culposa. Pena restritiva da liberdade -substituição por restritiva de direitos — culpabi-lidade. Consoante o inciso III do artigo 44 doCódigo Penal, a culpabilidade é óbice à substi-tuição da pena, muito embora, quanto à reinci-dência, o obstáculo decorra de nova prática decrime doloso. Decisão: A Turma indeferiu o pe-dido de habeas corpus, nos termos do voto dorelator. Unânime. Presidência do ministro RicardoLewandowski. 1ª Turma, 2/2/2010.

HC 89339/SP — Relator(a): min. CezarPeluso. Julgamento: 2/2/2010. Órgão julga-dor: Segunda Turma. Publicação: DJE: 030.Divulg.: 18/2/2010. Public.: 19/2/2010.Ement.: Vol-02390-01 PP-00184. Ementas:1. Ação penal. Habeas corpus. Data da ses-são. Intimação do patrono. Desnecessidade.Ausência de requerimento de sustentação oral.Julgamento realizado sem comunicação pré-via. Cerceamento de defesa. Inocorrência.Súmula n° 431. O julgamento de habeascorpus independe de pauta ou qualquer tipode comunicação, cumprindo ao impetranteacompanhar a colocação do processo emmesa para julgamento, se deixa de requererintimação ou ciência prévia para expor oral-mente as razões da impetração. 2. Ação pe-nal. Processo penal. Estupro e atentado vio-lento ao pudor. Representação. Ação penalpública condicionada. Legitimidade do Minis-tério Público. Alegação de falsidade da decla-ração de pobreza da vítima. Questão fáticadependente de dilação probatória. Ordemdenegada. A prova de miserabilidade requeridapela antiga redação do artigo 225, § 1º, I, doCódigo Penal, é satisfeita pela declaração depobreza firmada pela vítima ou por seus re-presentantes legais. A validade da declaraçãocede apenas à prova de falsidade, o que de-manda dilação probatória inviável em habeascorpus. Decisão: Denegada a ordem. Vota-ção unânime. Ausente, licenciado, neste jul-gamento, o senhor ministro Celso de Mello.2ª Turma, 2/2/2010.

HC 95443/SC — Relator(a): min. EllenGracie. Julgamento: 2/2/2010. Órgão julgador:Segunda Turma. Publicação: DJE: 030. Divulg.:18/2/2010. Public.: 19/2/2010. Ement.: vol.-02390-02 pp-00238. Ementa: Habeas corpus.Crime contra a ordem tributária. Instauraçãode inquérito policial antes do encerramento doprocedimento administrativo-fiscal. Possibili-dade quando se mostrar imprescindível para

viabilizar a fiscalização. Ordem denegada. 1. Aquestão posta no presente writ diz respeito àpossibilidade de instauração de inquérito polici-al para apuração de crime contra a ordem tri-butária, antes do encerramento do procedimen-to administrativo-fiscal. 2. O tema relacionadoà necessidade do prévio encerramento do pro-cedimento administrativo-fiscal para configu-ração dos crimes contra a ordem tributária, pre-vistos no artigo 1° da Lei n° 8.137/90, já foi ob-jeto de aceso debate perante esta Corte, sen-do o precedente mais conhecido o HC n° 81.611(min. Sepúlveda Pertence, Pleno, julg. 10/12/2003). 3. A orientação que prevaleceu foi exa-tamente a de considerar a necessidade doexaurimento do processo administrativo-fiscalpara a caracterização do crime contra a ordemtributária (Lei n° 8.137/90, artigo 1°). No mes-mo sentido do precedente referido: HC 85.051/MG, rel. min. Carlos Velloso, DJ: 1/7/2005, HC90.957/RJ, rel. min. Celso de Mello, DJ 19/10/2007 e HC 84.423/RJ, rel. min. Carlos Britto, DJ24/9/2004. 4. Entretanto, o caso concreto apre-senta uma particularidade que afasta a aplica-ção dos precedentes mencionados. 5. Dianteda recusa da empresa em fornecer documentosindispensáveis à fiscalização da Fazenda estadu-al, tornou-se necessária a instauração de inqué-rito policial para formalizar e instrumentalizar opedido de quebra do sigilo bancário, diligênciaimprescindível para a conclusão da fiscalizaçãoe, consequentemente, para a apuração de even-tual débito tributário. 6. Deste modo, entendopossível a instauração de inquérito policial paraapuração de crime contra a ordem tributária,antes do encerramento do processo administra-tivo-fiscal, quando for imprescindível paraviabilizar a fiscalização. 7. Ante o exposto, denegoa ordem de habeas corpus. Decisão: Denegadaa ordem. Votação unânime. Ausente, licencia-do, neste julgamento, o senhor ministro Celso deMello. 2ª Turma, 2/2/2010.

HC 89908/PR — Relator(a): min. ErosGrau. Julgamento: 24/11/2009. Órgão julgador:Segunda Turma. Publicação: DJE: 027. Divulg.11/2/2010. Public.: 12/2/2010. Ement.: Vol-02389-01 PP-00127. Ementa: Habeas corpus.Penal e processual penal. Crimes financeiros.Inépcia da denúncia. Inocorrência. Trancamentoda ação penal. Impossibilidade. 1. A denúnciaque expõe, satisfatoriamente, condições detempo, lugar e modo de execução dos fatosdelituosos não é inepta. A descrição fática cons-tante da denúncia possibilita o pleno exercíciodo direito de defesa. 2. O trancamento da açãopela via do habeas corpus é medida excepcio-

nal que somente pode ser concretizada quandoo fato narrado evidentemente não constituir cri-me, estiver extinta a punibilidade, for manifestaa ilegitimidade da parte ou faltar condição exigidaem lei para o jus puniendi. Ordem denegada.Decisão: A Turma, à unanimidade, indeferiu opedido de habeas corpus, nos termos do voto dorelator. Ausentes, justificadamente, neste julga-mento, os senhores ministros Celso de Mello eCezar Peluso. 2ª Turma, 24/11/2009.

HC 97296/SP — Relator(a): min. EllenGracie. Julgamento: 1/12/2009. Órgão julga-dor: Segunda Turma. Publicação: DJE: 030.Divulg.: 18/2/2010. Public.: 19/2/2010. Ement.Vol.: 02390-02 PP-00277. Ementa: Habeascorpus. Crimes de extorsão. Pedido de modifi-cação do regime inicial para cumprimento dapena não apreciado pelas instâncias inferiores.Impossibilidade de conhecimento pelo STF.Custódia cautelar mantida para garantia daordem pública e para assegurar a aplicação dalei penal. Decisão fundamentada. Réus presosdurante toda a instrução criminal. Writ parcial-mente conhecido. Ordem denegada. 1. Inici-almente, verifico que a questão referente àsubstituição do regime de cumprimento da penanão foi analisada pelo Superior Tribunal de Jus-tiça, nem, sequer, pela instância imediatamen-te inferior. 2. Deste modo, inviável o conheci-mento deste pedido, neste momento, peloSupremo Tribunal Federal, sob pena de confi-gurar supressão de instância, em afronta àsnormas constitucionais de competência. 3.Verifico que o magistrado fundamentou, aindaque de forma sucinta, a decisão, eis que, dian-te do conjunto probatório dos autos da açãopenal, a manutenção da custódia cautelar sejustifica para a garantia da ordem pública e paraassegurar a efetiva aplicação da lei penal, nostermos do artigo 312 do Código de ProcessoPenal. 4. Ademais, “é pacífica a jurisprudênciadesta Suprema Corte de que não há lógica empermitir que o réu, preso preventivamente du-rante toda a instrução criminal, aguarde em li-berdade o trânsito em julgado da causa, semantidos os motivos da segregação cautelar”.(HC 89.824/MS, rel. min. Carlos Britto, DJ: 28/8/08). 5. Habeas corpus parcialmente conheci-do e, nesta parte, denegado. Decisão: A Tur-ma, à unanimidade, conheceu, em parte, dopedido e, na parte conhecida, por maioria,denegou a ordem, nos termos do voto darelatora, vencido o senhor ministro Cezar Peluso,que a concedia. Ausente, justificadamente,neste julgamento, os senhores ministros Celsode Mello e Eros Grau. 2ª Turma, 1/12/2009.

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TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO JURISPRUDÊNCIAJURISPRUDÊNCIAJURISPRUDÊNCIAJURISPRUDÊNCIAJURISPRUDÊNCIAJURISPRUDÊNCIAJURISPRUDÊNCIAJURISPRUDÊNCIAJURISPRUDÊNCIAJURISPRUDÊNCIA

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JULHO DE 2010

TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO JURISPRUDÊNCIAJURISPRUDÊNCIAJURISPRUDÊNCIAJURISPRUDÊNCIAJURISPRUDÊNCIAJURISPRUDÊNCIAJURISPRUDÊNCIAJURISPRUDÊNCIAJURISPRUDÊNCIAJURISPRUDÊNCIA

732 STF e STJ

Jurisprudência extraída do Boletim deJurisprudência da Procuradoria de JustiçaCriminal do Ministério Público do Estado deSão Paulo, coordenada pelos procuradoresde Justiça Júlio César de Toledo Piza (secre-tário executivo), Fernando José Marques(vice-secretário executivo) e pelos promo-tores de Justiça Antonio Ozório Leme deBarros e José Roberto Sígolo.

RE 468523/SC — Relator(a): min. EllenGracie. Julgamento: 1/12/2009. Órgão julga-dor: Segunda Turma. Publicação: DJE: 030.Divulg.: 18/2/2010. Public.: 19/2/2010. Ement.:Vol.: OL-02390-03 PP-00580. Ementa: Direi-to processual penal. Recurso extraordinário. Ale-gações de prova obtida por meio ilícito, falta defundamentação do decreto de perda da fun-ção pública e exasperação da pena-base. Po-deres investigatórios do Ministério Público. Re-curso parcialmente conhecido e, nesta parte,improvido. 1. O recurso extraordinário buscadebater quatro questões centrais: a) a nulidadedo processo em razão da obtenção de provailícita (depoimentos colhidos diretamente peloMinistério Público em procedimento próprio;gravação de áudio e vídeo realizada pelo Mi-nistério Público; consideração de prova empres-tada); b) invasão das atribuições da polícia judi-ciária pelo Ministério Público Federal; c) incor-reção na dosimetria da pena com violação aoprincípio da inocência na consideração dos mausantecedentes na fixação da pena-base; d) au-sência de fundamentação para o decreto deperda da função pública. 2. o extraordináriosomente deve ser conhecido em relação àsatribuições do Ministério Público (CF, artigo 129,I e VIII), porquanto as questões relativas à su-posta violação ao princípio constitucional dapresunção de inocência na fixação da pena-base e à suposta falta de fundamentação nadecretação da perda da função pública dos re-correntes, já foram apreciadas e resolvidas nojulgamento do recurso especial pelo SuperiorTribunal de Justiça. 3. Apenas houve debate naCorte local sobre as atribuições do MinistérioPúblico, previstas constitucionalmente. O pon-to relacionado à nulidade do processo por su-posta obtenção e produção de prova ilícita à luzda normativa constitucional não foi objeto dedebate no acórdão recorrido. 4. Esta Corte jáse pronunciou no sentido de que "o debate dotema constitucional deve ser explícito". (RE428.194 AgR/MG, rel. min. Eros Grau, 1ª Tur-ma, DJ: 28/10/2005) e, assim, "a ausência deefetiva apreciação do litígio constitucional, porparte do tribunal de que emanou o acórdãoimpugnado, não autoriza — ante a falta deprequestionamento explicíto da controvérsiajurídica — a utilização do recurso extraordiná-rio". (AI 557.344 AgR/DF, rel. min. Celso deMello, 2ª Turma, DJ: 11/11/2005). 5. A denún-cia pode ser fundamentada em peças de infor-mação obtidas pelo órgão do MPF sem a ne-cessidade do prévio inquérito policial, como jáprevia o Código de Processo Penal. Não há óbi-ce a que o Ministério Público requisite esclare-cimentos ou diligencie diretamente a obtenção

da prova de modo a formar seu convencimen-to a respeito de determinado fato, aperfeiço-ando a perse-cução penal, mormente em ca-sos graves como o presente que envolvem apresença de policiais civis e militares na práticade crimes graves como o tráfico de substânciaentorpecente e a associação para fins de tráfi-co. 6. É perfeitamente possível que o órgão doMinistério Público promova a colheita de deter-minados elementos de prova que demonstrema existência da autoria e da materialidade dedeterminado delito, ainda que a título excepci-onal, como é a hipótese do caso em tela. Talconclusão não significa retirar da Polícia Judici-ária as atribuições previstas constitucionalmen-te, mas apenas harmonizar as normas consti-tucionais (artigos 129 e 144) de modo acompatibilizá-las para permitir não apenas acorreta e regular apuração dos fatos suposta-mente delituosos, mas também a formação daopinio delicti. 7. O artigo 129, inciso I, da Cons-tituição Federal, atribui ao Parquet a pri-vatividade na promoção da ação penal públi-ca. Do seu turno, o Código de Processo Penalestabelece que o inquérito policial é dispensá-vel, já que o Ministério Público pode embasarseu pedido em peças de informação que con-cretizem justa causa para a denúncia. 8. Háprincípio basilar da herme-nêutica constitucio-nal, a saber, o dos "poderes implícitos", segun-do o qual, quando a Constituição Federal con-cede os fins, dá os meios. Se a atividade fim —promoção da ação penal pública — foi outor-gada ao Parquet em foro de privatividade, nãose concebe como não lhe oportunizar a colhei-ta de prova para tanto, já que o CPP autorizaque "peças de informação" embasem a denún-cia. 9. Levando em consideração os dadosfáticos considerados nos autos, os policiais iden-tificados se associaram a outras pessoas para aperpetração de tais crimes, realizando, entre ou-tras atividades, a de "escolta" de veículos con-tendo o entorpecente e de "controle" de todo ocomércio espúrio no município de Chapecó. 10.Recurso extraordinário parcialmente conhecidoe, nesta parte, improvido. Decisão: A Turma, àunanimidade, conheceu, em parte, do recursoextraordinário e, na parte conhecida, negou-lheprovimento, nos termos do voto da relatora.Ausente, justificadamente, neste julgamento,o senhor ministro Celso de Mello. 2ª Turma, 1/12/2009.

HC 147129/RS — Habeas corpus: 2009/0177934-0. Relator(a): ministro Arnaldo EstevesLima. Órgão julgador: Quinta Turma. Data dojulgamento: 15/12/2009. Data da publicação/fonte: DJE: 1/2/2010. Ementa: Penal e proces-

sual penal. Habeas corpus. Tráfico de entorpe-centes. Desclassificação do delito. Análiseprobatória incompatível com a via eleita. Liber-dade provisória. Impossibilidade. Vedação legal.Ordem parcialmente conhecida e, nessa exten-são, denegada. 1. Inviável, em sede de habeascorpus, marcado por cognição sumária e ritocélere, o exame de matérias que importamvaloração de matéria fático-probatória dos au-tos, peculiares ao processo de conhecimento.2. O inciso XLIII do artigo 5° da Constituição Fede-ral estabelece que o tráfico ilícito de entorpecentesconstitui crime inafiançável. 3. Não sendo possívela concessão de liberdade provisória com fiança, commaior razão é a não-concessão de liberdade provi-sória sem fiança. . A Terceira Seção do Superior Tri-bunal de Justiça consolidou o entendimento de quea vedação imposta pelo artigo 2°, II, da Lei 8.072/90 é fundamento suficiente para o indeferimentoda liberdade provisória. 5. A Lei 11.343/06, expres-samente, fez constar que o delito de tráfico de dro-gas é insuscetível de liberdade provisória. 6. Ordemparcialmente conhecida e, nessa extensão,denegada. Acórdão: Vistos, relatados e discutidosos autos em que são partes as acima indicadas, acor-dam os ministros da Quinta Turma do Superior Tri-bunal de Justiça, por unanimidade, conhecer parci-almente do pedido e, nessa parte, denegar a ordem.Os srs. ministros Napoleão Nunes Maia Filho, JorgeMussi e Laurita Vaz votaram com o sr. ministro-relator.Ausente, justificadamente, o sr. ministro Felix Fischer.

HC 92616/SP — Habeas Corpus: 2007/0243569-9. Relator(a): ministro Arnaldo EstevesLima. Órgão julgador: Quinta Turma. Data do jul-gamento: 15/12/2009. Data da publicação/fon-te: Dje: 1/2/2010. Ementa: Processual penal.Habeas corpus. Estelionato. Competência. Artigo70 do CPP. Consumação. Obtenção da vanta-gem indevida. Crime material. Ordem denegada.1. O crime de estelionato, de natureza material,consuma-se no momento e lugar em que o agen-te obtém a vantagem indevida. 2. Ordemdenegada. Acórdão:Vistos, relatados e discutidosos autos em que são partes as acima indicadas,acordam os ministros da Quinta Turma do Supe-rior Tribunal de Justiça, por unanimidade, denegara ordem. Os srs. ministros Napoleão Nunes MaiaFilho, Jorge Mussi e Laurita Vaz votaram com osr. ministro-relator. Ausente, justificadamente, osr. ministro Felix Fischer.

HC 129932/SP — Habeas corpus: 2009/0035533-0. Relator(a): ministro Arnaldo EstevesLima. Órgão julgador: Quinta Turma. Data dojulgamento: 5/12/2009. Data da publicação/fonte: DJE: 1/2/2010. Ementa: Processual pe-nal. Habeas corpus. Tráfico ilícito de entorpe-

centes. Prisão em flagrante. Guarda municipal.Nulidade da ação penal. Inexistência. Artigo 301do CPP. Ordem denegada. 1. A prisão em fla-grante efetuada pela guarda municipal, aindaque não esteja inserida no rol das suas atribui-ções constitucionais (artigo 144, § 8°, da CF),constitui ato legal, em proteção à segurançasocial. 2. Se a qualquer do povo é permitido pren-der quem quer que esteja em flagrante delito,não há falar em proibição ao guarda municipalde proceder à prisão. 3. Eventual irregularidadepraticada na fase pré-processual não tem o con-dão de inquinar de nulidade a ação penal, seobservadas as garantias do devido processo le-gal, da ampla defesa e do contraditório, restan-do, portanto, legítima a sentença condenatória.4. Ordem denegada. Acórdão: Vistos, relatados ediscutidos os autos em que são partes as acimaindicadas, acordam os ministros da Quinta Turmado Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade,denegar a ordem. Os srs. ministros NapoleãoNunes Maia Filho, Jorge Mussi e Laurita Vaz vo-taram com o sr. ministro-relator. Ausente,justificadamente, o sr. ministro Felix Fischer.

HC 138191/RS — Habeas corpus: 2009/0107546-7. Relator(a): ministro Felix Fischer. Ór-gão julgador: Quinta Turma. Data do julgamen-to: 3/11/2009. Data da publicação/fonte: DJE: 7/12/2009. Ementa: Processual penal. Habeascorpus. Crime contra a ordem tributária e artigo288 do Código Penal. Alegação de nulidade dadecisão por ausência de utilização de palavras pró-prias. Inexistência. Não há nulidade do v. acórdão,por falta de fundamentação, se este adota comorazões de decidir o parecer do Ministério Público eos fundamentos do r. decisum de primeiro grau,transcrevendo-os no corpo do voto com razõesde decidir satisfatoriamente fundamentadas (Pre-cedentes do STF e desta Corte). Ordem denegada.Acórdão: Vistos, relatados e discutidos os autos emque são partes as acima indicadas, acordam osministros da Quinta Turma do Superior Tribunalde Justiça, por unanimidade, denegar a ordem.Os srs. ministros Laurita Vaz, Arnaldo Esteves Lima,Napoleão Nunes Maia Filho e Jorge Mussi vota-ram com o sr. ministro-relator.

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3JULHO DE 2010

LIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO

“À medida que avançava no livro e testava as teses, libertava-me de um peso teológico que oprimia”

TD — As religiões, como o Di-TD — As religiões, como o Di-TD — As religiões, como o Di-TD — As religiões, como o Di-TD — As religiões, como o Di-reito, servem para controlar asreito, servem para controlar asreito, servem para controlar asreito, servem para controlar asreito, servem para controlar aspessoas epessoas epessoas epessoas epessoas e organizar a sociedade.organizar a sociedade.organizar a sociedade.organizar a sociedade.organizar a sociedade.

Sacha CalmonSacha CalmonSacha CalmonSacha CalmonSacha Calmon — — — — — Foi o espíritohumano que idealizou a Religião, a mo-ral e o Direito para que a sociedade an-dasse organizadamente, porque se nãoela seria anárquica. Se não houvesse alei religiosa, a lei moral e a lei jurídica, omundo seria uma bagunça ininteligível.Não se tería a propriedade, a família, oEstado, a segurança, a polícia.

TD — No final, todas são nor-TD — No final, todas são nor-TD — No final, todas são nor-TD — No final, todas são nor-TD — No final, todas são nor-mas de convivência.mas de convivência.mas de convivência.mas de convivência.mas de convivência.

Sacha Calmon — Sacha Calmon — Sacha Calmon — Sacha Calmon — Sacha Calmon — Exatamente.Daí extrapolar para normas de convi-vência necessárias com deidades dobem e do mal por toda a eternidadevai um grande exagero. Basta viver,viver bem, e morrer. Mais do que istoé desnecessário. Tanto é que a morte,às vezes, é uma pena jurídica, a penade morte. Essa extrapolação de penaspost mortem é o que distingue a justi-ça dos homens da justiça divina. A jus-tiça dos homens pode variar. Novas leispodem ser feitas. A justiça de Deus nãovaria nunca. É preciso um penoso tra-balho de exegese tal e qual no Direito.Não se interpreta literalmente, senãonão se compreende o que Deus quisdizer. É porque o fenômeno religioso éidêntico, é sempre uma busca do bem,do justo, do certo, como da estética éa busca do belo. De tal maneira que olivro, embora pareça de Religião, é umlivro que pertence ao campo das ciên-cias normativas: Direito, Ética, Morale Religião. É um livro que reune Filo-sofia, Antropologia, Arqueologia, His-tória, mas o foco é o estudo de técni-cas normativas. O fio condutor é esse.A Religião se parece com o Direito. Elatem uma função pragmática, ela foiideada para isso. Refiro-me às religi-ões do Ocidente, do Himalaia para cá.Porque do Himalaia para lá não há ne-nhuma religião revelada, não há nenhu-ma religião que trabalhe com lógica.Ali, as religiões trabalham com intui-ção e sem revelação, como ocorre notaoísmo, no xintoísmo, no budismo.

Todas elas repelem a ideia de um Deusque age como homem, se revela e in-terage com os seres humanos, comose fosse uma personalidade humana.

TD — A teologia...TD — A teologia...TD — A teologia...TD — A teologia...TD — A teologia...Sacha Calmon — Sacha Calmon — Sacha Calmon — Sacha Calmon — Sacha Calmon — A teologia, que

é a logia de Deus, o estudo de Deus, éa coisa mais pedante que já vi. É deuma pretensão fora do comum o ca-marada se dizer teólogo. Um cara quese diz teólogo é um doutor em Deus.Ele se acha no direito de dizer que Deusé ‘assim ou assado’, de interpretar assuas palavras, tudo com base na lógi-ca e na linguística, reduzindo Deus aum objeto cogniscível pela lógica. Issoé inadmissível, inaceitável, justamen-te na parte do mundo onde mais exis-te técnica, tecnologia, ciência e racio-nalidade. Ainda não se percebeu a ex-

trema irracionalidade das religiões oci-dentais judaico-cristãs, inclusive as is-lâmicas. No Oriente, não. Lá se partedo princípio de que a vida é uma incóg-nita e que Deus tem de ser sentido,não pela lógica, não pela razão, maspela intuição, pela vivência espiritual.O que parece uma postura muito maishumilde, consentânea e verdadeira di-ante de Deus. Nas religiões orientais,os deuses não se metem em política,não dizem como deve ser a sociedade,não se imiscuem em assuntos huma-nos. Aos orientais, pouco se lhes dá quese tenha a religião A, B ou C. No Oci-dente, é o contrário. Basta ser de ou-tra religião para ser um inimigo, umadversário, o outro, o estranho, o exadverso, sempre numa lógica de con-fronto. Você estuda a história do juda-ísmo, do cristianismo e do islamismo e

vê que, ao longoda história dospovos, essas re-ligiões produzi-ram inúmerasguerras, cruentasbatalhas entreeles mesmos econtra os outros.Basta citar asCruzadas, as lu-tas entre católi-cos e protestan-tes, as persegui-ções aos judeus.Isso é uma cons-tante nas religi-ões reveladas.

TD — O livroTD — O livroTD — O livroTD — O livroTD — O livrofoi um trabalhofoi um trabalhofoi um trabalhofoi um trabalhofoi um trabalholibertador?libertador?libertador?libertador?libertador?

Sacha Cal-Sacha Cal-Sacha Cal-Sacha Cal-Sacha Cal-mon — mon — mon — mon — mon — Sem dú-

vida, porque à medida que avançavano livro e testava as teses, libertava-me de um peso teológico que oprimiasobremaneira, como oprime a todos.Dizem que os judeus são muito esper-tos porque inventaram o pecado, aculpa e a Psicanálise. O Freud chegouà conclusão de que essa opressão reli-giosa — para ele, civilizar é reprimiros instintos básicos — é a chave daPsicanálise. Já que há pecado, culpa,transgressão, deve-se fazer análise.Freud era judeu, como Marx tambémera judeu (ambos eram ateus) e comoJesus, que é uma figura notável,também era judeu. Só que Jesus eracontra o judaísmo e era contra o cris-tianismo avant la lettre. Eles fize-ram o cristianismo à revelia de Je-sus, botando na sua boca coisas queele nunca diria.

“Basta viver“Basta viver“Basta viver“Basta viver“Basta viver, viver bem, e morr, viver bem, e morr, viver bem, e morr, viver bem, e morr, viver bem, e morrererererer. Mais do que. Mais do que. Mais do que. Mais do que. Mais do queisto é desnecessárioisto é desnecessárioisto é desnecessárioisto é desnecessárioisto é desnecessário.T.T.T.T.Tanto é que a morte, àsanto é que a morte, àsanto é que a morte, àsanto é que a morte, àsanto é que a morte, às

vezes, é uma pena jurídica, a pena de morte”vezes, é uma pena jurídica, a pena de morte”vezes, é uma pena jurídica, a pena de morte”vezes, é uma pena jurídica, a pena de morte”vezes, é uma pena jurídica, a pena de morte”

“Basta viver“Basta viver“Basta viver“Basta viver“Basta viver, viver bem, e morr, viver bem, e morr, viver bem, e morr, viver bem, e morr, viver bem, e morrererererer. Mais do que. Mais do que. Mais do que. Mais do que. Mais do queisto é desnecessárioisto é desnecessárioisto é desnecessárioisto é desnecessárioisto é desnecessário.T.T.T.T.Tanto é que a morte, àsanto é que a morte, àsanto é que a morte, àsanto é que a morte, àsanto é que a morte, às

vezes, é uma pena jurídica, a pena de morte”vezes, é uma pena jurídica, a pena de morte”vezes, é uma pena jurídica, a pena de morte”vezes, é uma pena jurídica, a pena de morte”vezes, é uma pena jurídica, a pena de morte”

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JULHO DE 20104TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO

LIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROS

TD — Tipo?TD — Tipo?TD — Tipo?TD — Tipo?TD — Tipo?Sacha Calmon —Sacha Calmon —Sacha Calmon —Sacha Calmon —Sacha Calmon —“Pedro, tu és

pedra, e sobre esta pedra erguereia minha igreja.” Ele detestava o cle-ro, o judaísmo oficial, era apocalíp-tico, como João, e contra igrejas.Por isso não faz sentido ele dizer,justamente para o discípulo maisfraco, mais medroso, traidor, “Tu éspedra, e sobre esta pedra erguereia minha igreja.” Ele nunca disseisso. Ele, que falava Aramaico, nãofalava Hebraico, não tinha nem jei-to de falar Javé, ele falaria Eli. Eleera do Norte, da Galileia, e ele cha-mava Deus de Eli, não de Javé ouJeová. Ele era contra a riqueza,contra o poder, contra a fama, con-tra a glória. Era contra tudo que eradeste mundo. Jesus está muito maisperto de Buda do que do pontíficeromano. Para Jesus, não tem méri-to nenhum amar os seus amigos,tem de amar é os seus inimigos; temde perdoar os inimigos, não os ami-gos. Ele próprio não se dizia Deus.Foi João quem inventou que ele eraDeus. Jesus era um homem ilumi-nado. Não queria saber de fama, depolítica, de religião, de casamento,de mulheres, de farra, de dinheiro,de poder, de riqueza. Não querianada disso. Como é possível ele sero fundador da Igreja Católica Apos-tólica Romana? Depois que o Impé-rio Romano do Ocidente ruiu, os bis-pos tornaram-se papas e assumi-ram a mesma grandiosidade dos im-peradores romanos. E o Vaticano eo papa, com seus adereços, são umprolongamento da Roma imperial.Isso está no livro, devidamenteamarrado. À luz da história compa-rada da época e dos registros ar-queológicos, há autores que negama existência de escravidão no Egi-to, de um Êxodo e de uma campa-nha de Josué. Tudo isso entra à con-ta do mito fundante da religião oci-dental. Mas não deixa de ser umaingenuidade tomar a Bíblia comosendo a palavra de Deus, porque98% da Bíblia seriam impublicáveis,tais as contradições, a sanguinolên-cia, a violência que perpassam ahistória desse singular povo cana-neu, que mais tarde veio a ser cha-mado de judeu.

TD — Mas assim mesmo, comTD — Mas assim mesmo, comTD — Mas assim mesmo, comTD — Mas assim mesmo, comTD — Mas assim mesmo, comtantas incongruências, a Bíbliatantas incongruências, a Bíbliatantas incongruências, a Bíbliatantas incongruências, a Bíbliatantas incongruências, a Bíbliavirou um livro sagrado.virou um livro sagrado.virou um livro sagrado.virou um livro sagrado.virou um livro sagrado.

Sacha Calmon —Sacha Calmon —Sacha Calmon —Sacha Calmon —Sacha Calmon — É um best se-ller. A Bíblia, juntamente com o Corãoe a Torá, são os maiores best sellersdo mundo. São acreditados sem o mí-nimo questionamento. É a palavra deDeus, ditada pelo anjo Gabriel, o mes-mo que falou com a Virgem Maria.

acha Calmon Na-acha Calmon Na-acha Calmon Na-acha Calmon Na-acha Calmon Na-varro Coêlho nas-varro Coêlho nas-varro Coêlho nas-varro Coêlho nas-varro Coêlho nas-ceu em Salvadorceu em Salvadorceu em Salvadorceu em Salvadorceu em Salvador(BA), de pai e(BA), de pai e(BA), de pai e(BA), de pai e(BA), de pai emãe de famíliasmãe de famíliasmãe de famíliasmãe de famíliasmãe de famíliastradicionais baia-tradicionais baia-tradicionais baia-tradicionais baia-tradicionais baia-

nas, que remontam a 1620. “Sounas, que remontam a 1620. “Sounas, que remontam a 1620. “Sounas, que remontam a 1620. “Sounas, que remontam a 1620. “Soubaiano de pleno direito. Não nascibaiano de pleno direito. Não nascibaiano de pleno direito. Não nascibaiano de pleno direito. Não nascibaiano de pleno direito. Não nascina Bahia por acaso”, diz, acres-na Bahia por acaso”, diz, acres-na Bahia por acaso”, diz, acres-na Bahia por acaso”, diz, acres-na Bahia por acaso”, diz, acres-centando:centando:centando:centando:centando: “nenhum ascendente,“nenhum ascendente,“nenhum ascendente,“nenhum ascendente,“nenhum ascendente,nem por parte de pai nem por par-nem por parte de pai nem por par-nem por parte de pai nem por par-nem por parte de pai nem por par-nem por parte de pai nem por par-te de mãe, é paulista, mineiro, ca-te de mãe, é paulista, mineiro, ca-te de mãe, é paulista, mineiro, ca-te de mãe, é paulista, mineiro, ca-te de mãe, é paulista, mineiro, ca-rioca, gaúcho. São todos baianos”.rioca, gaúcho. São todos baianos”.rioca, gaúcho. São todos baianos”.rioca, gaúcho. São todos baianos”.rioca, gaúcho. São todos baianos”.O bisavô, Miguel Calmon du Pin eO bisavô, Miguel Calmon du Pin eO bisavô, Miguel Calmon du Pin eO bisavô, Miguel Calmon du Pin eO bisavô, Miguel Calmon du Pin eAlmeida, foi desembargador doAlmeida, foi desembargador doAlmeida, foi desembargador doAlmeida, foi desembargador doAlmeida, foi desembargador doPaço na época do Império. Um dePaço na época do Império. Um dePaço na época do Império. Um dePaço na época do Império. Um dePaço na época do Império. Um deseus ancestrais, também Miguel,seus ancestrais, também Miguel,seus ancestrais, também Miguel,seus ancestrais, também Miguel,seus ancestrais, também Miguel,foi o Marquês de Abrantes, no Riofoi o Marquês de Abrantes, no Riofoi o Marquês de Abrantes, no Riofoi o Marquês de Abrantes, no Riofoi o Marquês de Abrantes, no Riode Janeiro. O pai, que foi enge-de Janeiro. O pai, que foi enge-de Janeiro. O pai, que foi enge-de Janeiro. O pai, que foi enge-de Janeiro. O pai, que foi enge-nheiro-chefe da Estrada de Ferronheiro-chefe da Estrada de Ferronheiro-chefe da Estrada de Ferronheiro-chefe da Estrada de Ferronheiro-chefe da Estrada de FerroBahia-Minas, passou a morar emBahia-Minas, passou a morar emBahia-Minas, passou a morar emBahia-Minas, passou a morar emBahia-Minas, passou a morar emMinas Gerais na época em queMinas Gerais na época em queMinas Gerais na época em queMinas Gerais na época em queMinas Gerais na época em queSacha estava no colégio, na Bahia.Sacha estava no colégio, na Bahia.Sacha estava no colégio, na Bahia.Sacha estava no colégio, na Bahia.Sacha estava no colégio, na Bahia.Quando terminou o ensino secun-Quando terminou o ensino secun-Quando terminou o ensino secun-Quando terminou o ensino secun-Quando terminou o ensino secun-dário, o pai perguntou o que é quedário, o pai perguntou o que é quedário, o pai perguntou o que é quedário, o pai perguntou o que é quedário, o pai perguntou o que é queele ia fazer da vida, e o jovem Sa-ele ia fazer da vida, e o jovem Sa-ele ia fazer da vida, e o jovem Sa-ele ia fazer da vida, e o jovem Sa-ele ia fazer da vida, e o jovem Sa-cha respondeu que ia estudar Di-cha respondeu que ia estudar Di-cha respondeu que ia estudar Di-cha respondeu que ia estudar Di-cha respondeu que ia estudar Di-reito, em Salvador. Diante da res-reito, em Salvador. Diante da res-reito, em Salvador. Diante da res-reito, em Salvador. Diante da res-reito, em Salvador. Diante da res-posta, o pai fez-lhe uma nova per-posta, o pai fez-lhe uma nova per-posta, o pai fez-lhe uma nova per-posta, o pai fez-lhe uma nova per-posta, o pai fez-lhe uma nova per-gunta: “Já arranjou emprego?”.gunta: “Já arranjou emprego?”.gunta: “Já arranjou emprego?”.gunta: “Já arranjou emprego?”.gunta: “Já arranjou emprego?”.“““““Não, respondeu Sacha, estou con-Não, respondeu Sacha, estou con-Não, respondeu Sacha, estou con-Não, respondeu Sacha, estou con-Não, respondeu Sacha, estou con-tando com a sua mesadatando com a sua mesadatando com a sua mesadatando com a sua mesadatando com a sua mesada.....” Ao que” Ao que” Ao que” Ao que” Ao queo pai devolveu: “Meu filho, nãoo pai devolveu: “Meu filho, nãoo pai devolveu: “Meu filho, nãoo pai devolveu: “Meu filho, nãoo pai devolveu: “Meu filho, nãotem mesada, porque Salvador étem mesada, porque Salvador étem mesada, porque Salvador étem mesada, porque Salvador étem mesada, porque Salvador éuma cidade de muitas facilidades,uma cidade de muitas facilidades,uma cidade de muitas facilidades,uma cidade de muitas facilidades,uma cidade de muitas facilidades,e você precisa estudar. Se vocêe você precisa estudar. Se vocêe você precisa estudar. Se vocêe você precisa estudar. Se vocêe você precisa estudar. Se vocêvier para Minas, para Belo Hori-vier para Minas, para Belo Hori-vier para Minas, para Belo Hori-vier para Minas, para Belo Hori-vier para Minas, para Belo Hori-zonte, a coisa é diferentezonte, a coisa é diferentezonte, a coisa é diferentezonte, a coisa é diferentezonte, a coisa é diferente.....”””””

Diante da ameaça paterna deDiante da ameaça paterna deDiante da ameaça paterna deDiante da ameaça paterna deDiante da ameaça paterna denão pagar mesada, Sacha Calmonnão pagar mesada, Sacha Calmonnão pagar mesada, Sacha Calmonnão pagar mesada, Sacha Calmonnão pagar mesada, Sacha Calmonmudou-se para a capital minei-mudou-se para a capital minei-mudou-se para a capital minei-mudou-se para a capital minei-mudou-se para a capital minei-ra, onde se formou na PUC dera, onde se formou na PUC dera, onde se formou na PUC dera, onde se formou na PUC dera, onde se formou na PUC de

Minas Gerais em 1965. ComeçouMinas Gerais em 1965. ComeçouMinas Gerais em 1965. ComeçouMinas Gerais em 1965. ComeçouMinas Gerais em 1965. Começoua advogar e, ao longo da carrei-a advogar e, ao longo da carrei-a advogar e, ao longo da carrei-a advogar e, ao longo da carrei-a advogar e, ao longo da carrei-ra, ocupou vários cargos públi-ra, ocupou vários cargos públi-ra, ocupou vários cargos públi-ra, ocupou vários cargos públi-ra, ocupou vários cargos públi-cos, entre eles o de procurador-cos, entre eles o de procurador-cos, entre eles o de procurador-cos, entre eles o de procurador-cos, entre eles o de procurador-chefe da Procuradoria Fiscal dochefe da Procuradoria Fiscal dochefe da Procuradoria Fiscal dochefe da Procuradoria Fiscal dochefe da Procuradoria Fiscal doEstado de Minas Gerais. Na dé-Estado de Minas Gerais. Na dé-Estado de Minas Gerais. Na dé-Estado de Minas Gerais. Na dé-Estado de Minas Gerais. Na dé-cada de 1970, iniciou a carreiracada de 1970, iniciou a carreiracada de 1970, iniciou a carreiracada de 1970, iniciou a carreiracada de 1970, iniciou a carreirade docente, tendo lecionado tan-de docente, tendo lecionado tan-de docente, tendo lecionado tan-de docente, tendo lecionado tan-de docente, tendo lecionado tan-to na Católica quanto na Univer-to na Católica quanto na Univer-to na Católica quanto na Univer-to na Católica quanto na Univer-to na Católica quanto na Univer-sidade Federal de Minas Gerais.sidade Federal de Minas Gerais.sidade Federal de Minas Gerais.sidade Federal de Minas Gerais.sidade Federal de Minas Gerais.Em 1981, concluiu o doutorado.Em 1981, concluiu o doutorado.Em 1981, concluiu o doutorado.Em 1981, concluiu o doutorado.Em 1981, concluiu o doutorado.E, em 1987, tornou-se juiz federalE, em 1987, tornou-se juiz federalE, em 1987, tornou-se juiz federalE, em 1987, tornou-se juiz federalE, em 1987, tornou-se juiz federalno Rio de Janeiro, cidade em queno Rio de Janeiro, cidade em queno Rio de Janeiro, cidade em queno Rio de Janeiro, cidade em queno Rio de Janeiro, cidade em queterminou a carreira de docente, naterminou a carreira de docente, naterminou a carreira de docente, naterminou a carreira de docente, naterminou a carreira de docente, naFaculdade Nacional de Direito. Hoje,Faculdade Nacional de Direito. Hoje,Faculdade Nacional de Direito. Hoje,Faculdade Nacional de Direito. Hoje,Faculdade Nacional de Direito. Hoje,já aposentado como magistrado, ad-já aposentado como magistrado, ad-já aposentado como magistrado, ad-já aposentado como magistrado, ad-já aposentado como magistrado, ad-voga na área tributária e coordenavoga na área tributária e coordenavoga na área tributária e coordenavoga na área tributária e coordenavoga na área tributária e coordenaa pós-graduação de Direito Tributá-a pós-graduação de Direito Tributá-a pós-graduação de Direito Tributá-a pós-graduação de Direito Tributá-a pós-graduação de Direito Tributá-rio da Faculdade Milton Campos.rio da Faculdade Milton Campos.rio da Faculdade Milton Campos.rio da Faculdade Milton Campos.rio da Faculdade Milton Campos.

Casou-se com uma mineira comCasou-se com uma mineira comCasou-se com uma mineira comCasou-se com uma mineira comCasou-se com uma mineira coma qual tem cinco filhos, dois dosa qual tem cinco filhos, dois dosa qual tem cinco filhos, dois dosa qual tem cinco filhos, dois dosa qual tem cinco filhos, dois dosquais já são seus sócios no escritó-quais já são seus sócios no escritó-quais já são seus sócios no escritó-quais já são seus sócios no escritó-quais já são seus sócios no escritó-rio de Advocacia. “Essa é mais ourio de Advocacia. “Essa é mais ourio de Advocacia. “Essa é mais ourio de Advocacia. “Essa é mais ourio de Advocacia. “Essa é mais oumenos a minha desinteressantemenos a minha desinteressantemenos a minha desinteressantemenos a minha desinteressantemenos a minha desinteressantehistória”, diz, acrescentando que ohistória”, diz, acrescentando que ohistória”, diz, acrescentando que ohistória”, diz, acrescentando que ohistória”, diz, acrescentando que o“Estado de adoção é Minas Gerais”.“Estado de adoção é Minas Gerais”.“Estado de adoção é Minas Gerais”.“Estado de adoção é Minas Gerais”.“Estado de adoção é Minas Gerais”.

Para manter a forma, joga pe-Para manter a forma, joga pe-Para manter a forma, joga pe-Para manter a forma, joga pe-Para manter a forma, joga pe-teca, “que em Minas é um jogoteca, “que em Minas é um jogoteca, “que em Minas é um jogoteca, “que em Minas é um jogoteca, “que em Minas é um jogocompetitivo, como é o vôlei, comcompetitivo, como é o vôlei, comcompetitivo, como é o vôlei, comcompetitivo, como é o vôlei, comcompetitivo, como é o vôlei, comdois de cada lado, só que emdois de cada lado, só que emdois de cada lado, só que emdois de cada lado, só que emdois de cada lado, só que emvez de bola, é uma peteca. Jogovez de bola, é uma peteca. Jogovez de bola, é uma peteca. Jogovez de bola, é uma peteca. Jogovez de bola, é uma peteca. Jogosempre e, por isso, estou com osempre e, por isso, estou com osempre e, por isso, estou com osempre e, por isso, estou com osempre e, por isso, estou com ojoelho que não me aguento”. Ejoelho que não me aguento”. Ejoelho que não me aguento”. Ejoelho que não me aguento”. Ejoelho que não me aguento”. Egosta muito de diversão e arte,gosta muito de diversão e arte,gosta muito de diversão e arte,gosta muito de diversão e arte,gosta muito de diversão e arte,de todos os tipos — música, pin-de todos os tipos — música, pin-de todos os tipos — música, pin-de todos os tipos — música, pin-de todos os tipos — música, pin-tura, escultura, cinema, litera-tura, escultura, cinema, litera-tura, escultura, cinema, litera-tura, escultura, cinema, litera-tura, escultura, cinema, litera-tura, teatro. “Por sinal, adoro otura, teatro. “Por sinal, adoro otura, teatro. “Por sinal, adoro otura, teatro. “Por sinal, adoro otura, teatro. “Por sinal, adoro oAntunes Filho, o teatrólogo aquiAntunes Filho, o teatrólogo aquiAntunes Filho, o teatrólogo aquiAntunes Filho, o teatrólogo aquiAntunes Filho, o teatrólogo aquide São Paulo. No mais, gostode São Paulo. No mais, gostode São Paulo. No mais, gostode São Paulo. No mais, gostode São Paulo. No mais, gostomuito de ler, de Filosofia, An-muito de ler, de Filosofia, An-muito de ler, de Filosofia, An-muito de ler, de Filosofia, An-muito de ler, de Filosofia, An-tropologia, História, e tambémtropologia, História, e tambémtropologia, História, e tambémtropologia, História, e tambémtropologia, História, e tambémde escrever”, relata.de escrever”, relata.de escrever”, relata.de escrever”, relata.de escrever”, relata.(EN)

Ele não nasceu na Bahia por acasoNunca vi esse negócio de ligar órgãosexual com santidade, porque a pri-meira palavra do criador, Javé, foi“crescei e multiplicai-vos”, e isso só épossível com sexo. E é por isso queum dos autores que trouxe à colaçãoé Jack Milles, autor de Deus, umabiografia, que é um exame da Torá,ou do Velho Testamento. Ele escre-veu um outro livro sobre o cristianis-mo, que é Cristo, ou uma crise na vidade Deus, porque Cristo é o contráriode Javé. Javé é o senhor dos exérci-tos e Jesus não quer nada com o exér-cito, com a guerra. A grande contra-dição do judaísmo é que esse Deus quefez e aconteceu no Egito, depois quefez e aconteceu, ficou quietinho, nãoganhou mais nenhuma guerra. É lógi-co que esse Deus, que lança 10 pra-gas, que abre o mar, é um Deus mito-lógico.

TD — Qual seria, o grandeTD — Qual seria, o grandeTD — Qual seria, o grandeTD — Qual seria, o grandeTD — Qual seria, o grandemistério da existência?mistério da existência?mistério da existência?mistério da existência?mistério da existência?

Sacha Calmon — Sacha Calmon — Sacha Calmon — Sacha Calmon — Sacha Calmon — Desvendara razão do bem e do mal. Não ébem o que se é, de onde se veio, epara onde se vai, porque o que asreligiões dizem é que se vai ou parao inferno ou para o céu. De ondese veio perde totalmente o signifi-cado. Já se sabe para onde se vai.Estamos aqui sob prova, submeti-dos a uma prova permanente, quenos ensinaram tão logo nasceu-se,os pais, os professores, os ins-trutores religiosos, sejam eles pro-testantes, espíritas, católicos, is-lamitas, judeus. Todos eles dizema mesma coisa: “Isto aqui é um lu-gar de passagem, tem-se liberda-de, livre arbítrio, responsabilida-de.” Tão logo se nasce, são incul-cados deveres, regras, obrigações,praticamente jurídicos, e a amea-ça de castigos, que no fundo são aessência do Direito.

“Desvendar a razão do bem“Desvendar a razão do bem“Desvendar a razão do bem“Desvendar a razão do bem“Desvendar a razão do beme do mal” (o grandee do mal” (o grandee do mal” (o grandee do mal” (o grandee do mal” (o grande

mistério da existência)mistério da existência)mistério da existência)mistério da existência)mistério da existência)

“Desvendar a razão do bem“Desvendar a razão do bem“Desvendar a razão do bem“Desvendar a razão do bem“Desvendar a razão do beme do mal” (o grandee do mal” (o grandee do mal” (o grandee do mal” (o grandee do mal” (o grande

mistério da existência)mistério da existência)mistério da existência)mistério da existência)mistério da existência)

“O Deus, que lança 10 pragas, que abre o mar, é um Deus mitológico”

S

Page 23: Julho 2010 - nº 207

5JULHO DE 2010

TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROS

O Controle Difuso deO Controle Difuso deO Controle Difuso deO Controle Difuso deO Controle Difuso deConstitucionalidade dasConstitucionalidade dasConstitucionalidade dasConstitucionalidade dasConstitucionalidade dasLeis no OrdenamentoLeis no OrdenamentoLeis no OrdenamentoLeis no OrdenamentoLeis no OrdenamentoBrasileiroBrasileiroBrasileiroBrasileiroBrasileiro

Paulo Roberto Lyrio PimentaPaulo Roberto Lyrio PimentaPaulo Roberto Lyrio PimentaPaulo Roberto Lyrio PimentaPaulo Roberto Lyrio Pimenta

Abuso de Direito e aAbuso de Direito e aAbuso de Direito e aAbuso de Direito e aAbuso de Direito e aConstitucionalizaçãoConstitucionalizaçãoConstitucionalizaçãoConstitucionalizaçãoConstitucionalizaçãodo Direito Privadodo Direito Privadodo Direito Privadodo Direito Privadodo Direito Privado

Ricardo Marcondes MartinsRicardo Marcondes MartinsRicardo Marcondes MartinsRicardo Marcondes MartinsRicardo Marcondes Martins

Apresenta dois capítulos: conceitosfundamentais (conceito de princípiojurídico, alicerces do sistema jurídico,neoconstitucionalismo, subsunção eponderação, características dos prin-cípios, classificação dos princípiosjurídicos, princípios formais); abusode direito (situação jurídica da Admi-nistração Pública, abuso de poder, si-tuação jurídica do particular, auto-nomia pública e autonomia privada,aplicabilidade dos direitos fundamen-tais às relações privadas, cláusulasgerais, abuso de direito, etc.).

Estatuto da Criança e doEstatuto da Criança e doEstatuto da Criança e doEstatuto da Criança e doEstatuto da Criança e doAdolescente Comentado —Adolescente Comentado —Adolescente Comentado —Adolescente Comentado —Adolescente Comentado —Comentários JurídicosComentários JurídicosComentários JurídicosComentários JurídicosComentários Jurídicose Sociaise Sociaise Sociaise Sociaise Sociais

Munir Cury (coordenador)Munir Cury (coordenador)Munir Cury (coordenador)Munir Cury (coordenador)Munir Cury (coordenador)

IPTUIPTUIPTUIPTUIPTU

Valéria FurlanValéria FurlanValéria FurlanValéria FurlanValéria Furlan

2ª edição, revista, atualizada e am-pliada, 2ª tiragem. Temas abordados:IPTU — prévias considerações; as-pecto espacial da hipótese de incidên-cia do IPTU; aspecto material da hi-pótese de incidência do IPTU; aspectopessoal do IPTU; aspecto temporalda hipótese de incidência do IPTU;aspecto quantitativo do IPTU; pro-gressividade fiscal; progressividadeextrafiscal; lançamento do IPTU. Aautora é mestre e doutora em Direitodo Estado (Direito Tributário) pelaPUC-SP.

LANÇAMENTO

10ª edição, atualizada de acordo coma Lei 12.010/09. O livro, colaboraçãoconjunta de juristas e de cientistas devárias áreas, de renome nacional e in-ternacional, é obra de grande enverga-dura, constituindo-se num instrumen-to indispensável de consulta e orien-tação para as lides do cotidiano, con-tendo comentários jurídicos, sociais,psicológicos, pedagógicos, médicos,etc. Apresenta comentários de pessoasdiretamente envolvidas no trabalhosocial de implementação dos direitosda criança e do adolescente.

Aborda os aspectos constitucionais eprocessuais do controle difuso de consti-tucionalidade das leis no ordenamen-to brasileiro. Examina as grandesquestões que gravitam ao redor dotema, de grande importância e atua-lidade, em face do perfil diferenciadocom que hoje se apresenta, decorrentede diversas modificações legislativasin-troduzidas por vários atos normati-vos, como as emendas constitucio-nais, leis ordinárias, resoluções e regi-mentos dos tribunais superiores. Oautor é doutor em Direito pela PUC-SP.

MALHEIROS EDITORES

ConcessãoConcessãoConcessãoConcessãoConcessão

Vera MonteiroVera MonteiroVera MonteiroVera MonteiroVera Monteiro

Apresenta quatro capítulos: elemen-tos históricos da concessão no Brasil(introdução, a história do contrato deconcessão, etc.); a concessão comoinstrumento de colaboração entre oparticular e a administração pública(o regime jurídico especial de direitopúblico do contrato administrativoclássico, novos vetores para a revisãoda teoria clássica do contrato adminis-trativo); concessão na ConstituiçãoFederal; caracterização da concessão.A autora é mestre em Direito Adminis-trativo pela PUC-SP.

LANÇAMENTO LANÇAMENTO

A Lei do Inquilinato sobA Lei do Inquilinato sobA Lei do Inquilinato sobA Lei do Inquilinato sobA Lei do Inquilinato soba Ótica da Doutrina ea Ótica da Doutrina ea Ótica da Doutrina ea Ótica da Doutrina ea Ótica da Doutrina eda Jurisprudênciada Jurisprudênciada Jurisprudênciada Jurisprudênciada Jurisprudência

Fábio Hanada e AndréaFábio Hanada e AndréaFábio Hanada e AndréaFábio Hanada e AndréaFábio Hanada e AndréaRanieri HanadaRanieri HanadaRanieri HanadaRanieri HanadaRanieri Hanada

Como se Preparar para aComo se Preparar para aComo se Preparar para aComo se Preparar para aComo se Preparar para a2ª Fase — Penal Exame2ª Fase — Penal Exame2ª Fase — Penal Exame2ª Fase — Penal Exame2ª Fase — Penal Examede Ordemde Ordemde Ordemde Ordemde OrdemFernanda Maria ZichiaFernanda Maria ZichiaFernanda Maria ZichiaFernanda Maria ZichiaFernanda Maria ZichiaEscobar e Maria PatriciaEscobar e Maria PatriciaEscobar e Maria PatriciaEscobar e Maria PatriciaEscobar e Maria PatriciaVanzoliniVanzoliniVanzoliniVanzoliniVanzolini

CLT — ConsolidaçãoCLT — ConsolidaçãoCLT — ConsolidaçãoCLT — ConsolidaçãoCLT — Consolidaçãodas Leis do Trabalhodas Leis do Trabalhodas Leis do Trabalhodas Leis do Trabalhodas Leis do Trabalho

Renato Saraiva (organizador)Renato Saraiva (organizador)Renato Saraiva (organizador)Renato Saraiva (organizador)Renato Saraiva (organizador)

LANÇAMENTO

Como se Preparar para aComo se Preparar para aComo se Preparar para aComo se Preparar para aComo se Preparar para a2ª Fase — Trabalho Exame2ª Fase — Trabalho Exame2ª Fase — Trabalho Exame2ª Fase — Trabalho Exame2ª Fase — Trabalho Examede Ordemde Ordemde Ordemde Ordemde Ordem

Renato SaraivaRenato SaraivaRenato SaraivaRenato SaraivaRenato Saraiva

5ª edição, revista e atualizada. Temasapresentados: dicas para a realizaçãode uma boa prova; principais temasdiscutidos na Justiça do Trabalho;petição inicial trabalhista; defesa tra-balhista; recursos; execução; mode-los — iniciais trabalhistas; modelos— defesa trabalhista; modelos —recursos; modelos —peças, execu-ção; questões discursivas de Exa-mes de Ordem comentadas pelo au-tor; bibliografia indicada para a provada OAB. Em anexo apresenta o Pro-vimento 136/2009.

LANÇAMENTO

Apresenta: Constituição Federal (índicesistemático da CF, Constituição Fede-ral, emendas constitucionais, índicealfabético-remissivo da CF); Consolida-ção das Leis do Trabalho (índice siste-mático da CLT, CLT, índice alfabético-remissivo da CLT); legislação comple-mentar (índice cronológico da legis-lação complementar, índice temáticoda legislação complementar, legislaçãocomplementar, índice alfabético re-missivo da legislação complementar),súmulas dos tribunais superiores emmatéria trabalhista.

GEN / EDITORA MÉTODO

História dos SistemasHistória dos SistemasHistória dos SistemasHistória dos SistemasHistória dos SistemasJurídicos ContemporâneosJurídicos ContemporâneosJurídicos ContemporâneosJurídicos ContemporâneosJurídicos Contemporâneos

Ana Lúcia de AguiarAna Lúcia de AguiarAna Lúcia de AguiarAna Lúcia de AguiarAna Lúcia de Aguiar

8ª edição, revista e atualizada. Apre-senta duas partes: Parte I teoria (com-preendendo o problema, identifican-do a tese, identificando a peça, identi-ficando a competência). Traz comen-tários de 50 tipos de peças práticas.Parte II prática: redigindo uma petição(endereçamento — competência, in-trodução/narração dos fatos, expo-sição do direito — argumentação,pe-dido, dicas e cuidados para redigiruma boa petição). Traz 78 modelosde peças práticas, além de exercíciosno formato de situações-problema.

Colaborador: Marcelo Victor Abbud.Com as alterações da Lei 12.112/09,em vigor desde 24 de janeiro. Algunstemas abordados: da locação em ge-ral; das sublocações; do aluguel; dosdeveres do locador e do locatário; dodireito de preferência; das benfeito-rias; das garantias locatícias; daspenalidades criminais e civis; dasnulidades; da locação residencial;da locação para temporada; da loca-ção não residencial; das ações dedespejo; da ação de consignação dealuguel e acessórios da locação; etc.

Temas abordados: evolução da ideiade direito; diversidade dos direitoscontemporâneos; o sistema Romano-Germânico; o sistema socialista; o sis-tema de Common Law; o sistema jurí-dico brasileiro (origem, evolução e in-fluências, transformações do direitobrasileiro, o direito brasileiro pós-Cons-tituição Federal de 1988, etc.). A autoraé licenciada em História, bacharelem Direito e especialista em Filosofiapela Universidade Federal de Uberlân-dia, atuando na docência em cursosde Direito há 11 anos.

LANÇAMENTO

EDITORA LEUD EDITORA PILLARES

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JULHO DE 20106LIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROS

TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO

GZ EDITORA

Tutela Cautelar —Tutela Cautelar —Tutela Cautelar —Tutela Cautelar —Tutela Cautelar —Natureza, PressupostosNatureza, PressupostosNatureza, PressupostosNatureza, PressupostosNatureza, Pressupostose Regime Jurídicoe Regime Jurídicoe Regime Jurídicoe Regime Jurídicoe Regime JurídicoPaulo Marcos RodriguesPaulo Marcos RodriguesPaulo Marcos RodriguesPaulo Marcos RodriguesPaulo Marcos Rodriguesde Almeidade Almeidade Almeidade Almeidade Almeida

Apresenta seis capítulos: aspectosjurídico-constitucionais determi-nantes da existência da tutela caute-lar (a tutela jurisdicional comum, atutela jurisdicional cautelar, a tutelacautelar como tutela de simples segu-rança, o direito material de cautela);pressupostos da tutela cautelar; regi-me jurídico da tutela cautelar; formasde efetivação da tutela cautelar; téc-nicas processuais para invocação datutela cautelar; projeções práticasda visão proposta. O autor é procura-dor do município de São Paulo.

Direito FinanceiroDireito FinanceiroDireito FinanceiroDireito FinanceiroDireito Financeiro

Ivana Mussi GabrielIvana Mussi GabrielIvana Mussi GabrielIvana Mussi GabrielIvana Mussi Gabriel

Da Coleção Concursos Públicos. Apre-senta sete partes: introdução ao Di-reito Financeiro, orçamento público,receitas públicas, despesas públicas,crédito público, Banco Central, ba-lanços. Pensando na sua utilidadepara os diversos concurso públicosem que a matéria é exigida, no finalde cada capítulo foram incluídasquestões de variados concursos, acom-panhadas das respectivas respostas,exatamente para facilitar a conca-tenação entre a teoria e a prática dosexames públicos.

Direito EducacionalDireito EducacionalDireito EducacionalDireito EducacionalDireito Educacional

Motauri Ciochetti de SouzaMotauri Ciochetti de SouzaMotauri Ciochetti de SouzaMotauri Ciochetti de SouzaMotauri Ciochetti de Souza

Apresenta duas partes: princípiosconstitucionais e legais do direito àeducação (a educação — conceito erelevância, educação e ensino, as ge-rações dos direitos fundamentais, aeducação como direito fundamen-tal, etc.); tutela jurisdicional do direitoà educação (a universalização do a-cesso ao ensino fundamental e a LeiFederal n° 9.394/96, o mandado desegurança enquanto instrumentode resguardo dos direitos trazidospelo artigo 208 da Constituição Fe-deral, ação civil pública, etc.).

Direito Processual Civil IVDireito Processual Civil IVDireito Processual Civil IVDireito Processual Civil IVDireito Processual Civil IV

Carlos EduardoCarlos EduardoCarlos EduardoCarlos EduardoCarlos Eduardo

Da Série Caderno de Questões.Quarto e último volume da Coleção.Voltado para a preparação de can-didatos a concursos que exijam nívelmédio, a obra trata dos temas: o con-ceito e a divisão do Direito Constitu-cional e da Constituição; as normasconstitucionais; a hermenêuticaconstitucional; o Poder Constituintee o controle de constitucionalidade(artigos 890 a 1.210) seguindo o pa-drão prático dos volumes que a pre-cederam. O leitor ainda tem acesso aquestões inéditas com gabaritos.

Curso Prático deCurso Prático deCurso Prático deCurso Prático deCurso Prático deArgumentação JurídicaArgumentação JurídicaArgumentação JurídicaArgumentação JurídicaArgumentação Jurídica

Felipe Dutra AsensiFelipe Dutra AsensiFelipe Dutra AsensiFelipe Dutra AsensiFelipe Dutra Asensi

O autor destaca a importância daargumentação no mundo contem-porâneo, a relação de dependênciacom a interpretação, normas e insti-tuições jurídicas. Explica, ainda, osatributos pessoais de um bom ques-tionador, como postura crítica, inter-disciplinaridade e capacidade analí-tica. Para Asensi, o livro é um cursodefensivo, em que o leitor possa esta-belecer melhores estratégias para de-fender e sustentar seus argumen-tos nos mais diversos espaços da vi-da social.

Manual de Direito do TrabalhoManual de Direito do TrabalhoManual de Direito do TrabalhoManual de Direito do TrabalhoManual de Direito do Trabalho

Fábio Goulart VillelaFábio Goulart VillelaFábio Goulart VillelaFábio Goulart VillelaFábio Goulart Villela

O título é voltado para a preparaçãode candidatos a exames que exigemconhecimentos na área trabalhista,abordando os principais temas rela-tivos ao direito individual e coletivodo trabalho. O autor preparou 37 ca-pítulos com uma linguagem bemsimples, sem perder o núcleo básicoda obra. Para facilitar ainda mais aabsorção do conteúdo pragmático,os textos retratam as referências dire-tas à legislação, à jurisprudência eas principais controvérsias doutriná-rias inerentes a cada um dos temas.

Crimes Contra aCrimes Contra aCrimes Contra aCrimes Contra aCrimes Contra aSeguridade SocialSeguridade SocialSeguridade SocialSeguridade SocialSeguridade Social

Daniel Alberto CasagrandeDaniel Alberto CasagrandeDaniel Alberto CasagrandeDaniel Alberto CasagrandeDaniel Alberto Casagrande

O trabalho se propõe a analisar doistipos criminalizadores inseridos noCódigo Penal pela Lei 9.983/00: aapropriação indébita previdenciária(artigo 168-A) e a sonegação de con-tribuição previdenciária (artigo 337-A). O livro discute a estrutura dos ti-pos, abordando aspectos clássicos dateoria do delito, relativos à conduta esuas classificações, aos sujeitos e aoelemento subjetivo. Também mere-ceu especial atenção o estudo da ex-tinção da punibilidade pelo paga-mento nos delitos previdenciários.

Manual de DireitoManual de DireitoManual de DireitoManual de DireitoManual de Direitodas Famíliasdas Famíliasdas Famíliasdas Famíliasdas Famílias

Maria Berenice DiasMaria Berenice DiasMaria Berenice DiasMaria Berenice DiasMaria Berenice Dias

6ª edição, revista, atualizada eampliada. Apresenta 31 capítulos:direito das famílias; famílias plurais;princípios do direito das famílias; fa-mília, moral e ética; família na jus-tiça; situação legal da mulher; culpa;dano moral; nome; casamento; uniãoestável; família homoafetiva; famíliamonoparental; regime de bens; efi-cácia do casamento; invalidade docasamento; dissolução do casamen-to; relações de parentesco; filiação;reconhecimento dos filhos; decla-ração da parentalidade; etc.

LANÇAMENTO

EDITORA VERBATIM

LANÇAMENTO LANÇAMENTO

Gramática dos DireitosGramática dos DireitosGramática dos DireitosGramática dos DireitosGramática dos DireitosFundamentaisFundamentaisFundamentaisFundamentaisFundamentaisNorma S. Padilha, TherezaNorma S. Padilha, TherezaNorma S. Padilha, TherezaNorma S. Padilha, TherezaNorma S. Padilha, TherezaC. Nahas e Edinilson D.C. Nahas e Edinilson D.C. Nahas e Edinilson D.C. Nahas e Edinilson D.C. Nahas e Edinilson D.Machado (coordenação)Machado (coordenação)Machado (coordenação)Machado (coordenação)Machado (coordenação)

Apresenta duas partes: análise críticada dogmática jurídica (gramática dosdireitos fundamentais, casos difíceise a discricionariedade judicial: judicia-lização das políticas pública?, o direitoao meio ambiente ecologicamente e-quilibrado: a contribuição de sua cons-titucionalização frente aos desafiosde sua efetividade, etc.); construçãodo saber jurídico (direito como funçãopromocional da pessoa humana: in-clusão da pessoa com deficiência —fraternidade, entre a regra e a exceção:fronteiras da racionalidade jurídica, etc.).

LANÇAMENTO

EDITORA CAMPUS/ELSEVIER EDITORA RT

LANÇAMENTO LANÇAMENTO LANÇAMENTO

Manual doManual doManual doManual doManual doDefensor PúblicoDefensor PúblicoDefensor PúblicoDefensor PúblicoDefensor Público

Nelson NNelson NNelson NNelson NNelson Nery ery ery ery ery CostaCostaCostaCostaCosta

Apresenta 14 capítulos: defesa dospobres ao longo do tempo; do desen-volvimento da assistência judiciáriae Defensoria Pública no Brasil; natu-reza jurídica, princípios, autonomiae funções; estrutura da DefensoriaPública; carreira de defensor público;direitos, garantias e prerrogativasdo defensor público; deveres dos de-fensores públicos; outras disposiçõessobre a defensoria pública; atuaçãoda Defensoria Pública no Direito deFamília; atuação em favor do idosoe da pessoa com deficiência; etc.

LANÇAMENTOLANÇAMENTO

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7JULHO DE 2010

TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROS

EDITORA SARAIVA

O Contrato de DoaçãoO Contrato de DoaçãoO Contrato de DoaçãoO Contrato de DoaçãoO Contrato de Doação

Pablo Stolze GaglianoPablo Stolze GaglianoPablo Stolze GaglianoPablo Stolze GaglianoPablo Stolze Gagliano

3ª edição. Segundo o autor, a doaçãoé o negócio jurídico em que mais niti-damente identificamos a faculdadereal de disposição, inerente ao direi-to de propriedade. O estudo apro-fundado do tema faz-se necessáriopara explicar os limites legais à liber-dade de dispor dos próprios bens, im-postos para resguardar direitosalheios, e para solucionar diversasquestões polêmicas como as hipóte-ses de invalidade do contrato, asdoações realizadas em virtude de re-lações homoafetivas, etc.

Estatuto daEstatuto daEstatuto daEstatuto daEstatuto daReprodução AssistidaReprodução AssistidaReprodução AssistidaReprodução AssistidaReprodução Assistida

Ana Cláudia S. ScalquetteAna Cláudia S. ScalquetteAna Cláudia S. ScalquetteAna Cláudia S. ScalquetteAna Cláudia S. Scalquette

Fruto da tese com a qual a autoraobteve o título de doutora pela Facul-dade de Direito da Universidade deSão Paulo, este trabalho cuida de te-ma delicado e muito atual: a reprodu-ção assistida e suas possíveis conse-quências geradoras de instabilidade.Por meio de fatos e dados técnicos,Ana Scalquette apresenta caminhosalternativos para possibilitar o conví-vio harmonioso entre o avanço daMedicina nessa área e a regulamen-tação necessária para a pacificaçãodas relações sociais.

Princípios do DireitoPrincípios do DireitoPrincípios do DireitoPrincípios do DireitoPrincípios do DireitoProcessual AmbientalProcessual AmbientalProcessual AmbientalProcessual AmbientalProcessual Ambiental

Celso Antonio Pacheco FiorilloCelso Antonio Pacheco FiorilloCelso Antonio Pacheco FiorilloCelso Antonio Pacheco FiorilloCelso Antonio Pacheco Fiorillo

4ª edição. Tendo como finalidade es-tabelecer as regras fundamentaisvinculadas à defesa judicial do pa-trimônio genético, do meio ambientecultural, do meio ambiente artificial,do meio ambiente do trabalho e domeio ambiente natural no Brasil, olivro está dividido em três partes, in-dicando quais são os princípios fun-damentais da Carta Magna em vigor,bem como qual é o direito materialambiental constitucional estabeleci-do como causa de pedir no âmbitodo direito processual.

Direito e Moeda — ODireito e Moeda — ODireito e Moeda — ODireito e Moeda — ODireito e Moeda — OControle dos Planos deControle dos Planos deControle dos Planos deControle dos Planos deControle dos Planos deEstabilização Monetária peloEstabilização Monetária peloEstabilização Monetária peloEstabilização Monetária peloEstabilização Monetária peloSupremo Tribunal FederalSupremo Tribunal FederalSupremo Tribunal FederalSupremo Tribunal FederalSupremo Tribunal FederalCamila Villard DuranCamila Villard DuranCamila Villard DuranCamila Villard DuranCamila Villard Duran

Da Série Produção Científica — Di-reito, Desenvolvimento, Justiça. Aobra visa identificar a forma pelaqual o STF, por meio de suas delibera-ções, interferiu na implementaçãodos planos econômicos de estabili-zação monetária, implementadosdurante as décadas de 1980 e 1990.A premissa deste estudo é a de quetoda reforma monetária pressupõeviolência jurídica. Assim, o papel doJudiciário no exercício do controledos atos dos Poderes Executivo eLegislativo é extremamente relevante .

Novos Parâmetros para aNovos Parâmetros para aNovos Parâmetros para aNovos Parâmetros para aNovos Parâmetros para aIntervenção do Estado naIntervenção do Estado naIntervenção do Estado naIntervenção do Estado naIntervenção do Estado naEconomiaEconomiaEconomiaEconomiaEconomia

Mario Gomes SchapiroMario Gomes SchapiroMario Gomes SchapiroMario Gomes SchapiroMario Gomes Schapiro

Da Série Produção Científica —Direito,Desenvolvimento, Justiça. O autordefende, em síntese, que a atuação doBNDES, valendo-se de ferramentas so-cietárias e contratuais, alinhadas comos demais atores do sistema financeiro,sugere uma nova relação público-pri-vada, menos diretiva e mais voltada àcoordenação e à indução dos agentesprivados. A regulação institucional re-vela-se capaz de desenvolver mecanis-mos ajustados a um ambiente infor-mado por empresas emergentes e ino-vadoras.

Justiça de Transição no BrasilJustiça de Transição no BrasilJustiça de Transição no BrasilJustiça de Transição no BrasilJustiça de Transição no BrasilDimitri Dimoulis, AntonioDimitri Dimoulis, AntonioDimitri Dimoulis, AntonioDimitri Dimoulis, AntonioDimitri Dimoulis, AntonioMartins e Lauro JoppertMartins e Lauro JoppertMartins e Lauro JoppertMartins e Lauro JoppertMartins e Lauro JoppertSwensson JuniorSwensson JuniorSwensson JuniorSwensson JuniorSwensson Junior(organizadores)(organizadores)(organizadores)(organizadores)(organizadores)

Da Série Direito em Debate –Direito, Desenvolvimento, Jus-tiça. Vem ganhando destaque entrenós o tema da “justiça de tran-sição”, conceito aplicado pelo Con-selho de Segurança da ONU quereúne quatro práticas para lidarcom o legado deixado por regimesde exceção. São elas: a reforma dasinstituições para a democracia, odireito à memória e à verdade, o di-reito à reparação e o adequado tra-tamento jurídico aos crimes come-tidos no passado.

Tudo o que Você Precisa OuvirTudo o que Você Precisa OuvirTudo o que Você Precisa OuvirTudo o que Você Precisa OuvirTudo o que Você Precisa OuvirSobre Previdência SocialSobre Previdência SocialSobre Previdência SocialSobre Previdência SocialSobre Previdência SocialAndré Studart Leitão eAndré Studart Leitão eAndré Studart Leitão eAndré Studart Leitão eAndré Studart Leitão eAugusto Grieco SantannaAugusto Grieco SantannaAugusto Grieco SantannaAugusto Grieco SantannaAugusto Grieco SantannaMeirinhoMeirinhoMeirinhoMeirinhoMeirinho

Alguns temas analisados: aposenta-doria por idade; primeiro requisito:idade; segundo requisito: carência;desnecessidade da qualidade de segu-rado; aposentadoria e contrato detrabalho; valor do benefício; transfor-mação do benefício por incapacidadeem aposentadoria por idade; diferen-ças entre a aposentadoria por idade eo benefício assistencial de prestaçãocontinuada; aposentadoria por tem-po de contribuição; benefício integralde aposentadoria por tempo de contri-buição; etc.

Biocombustíveis — FonteBiocombustíveis — FonteBiocombustíveis — FonteBiocombustíveis — FonteBiocombustíveis — Fontede Energia Sustentável?de Energia Sustentável?de Energia Sustentável?de Energia Sustentável?de Energia Sustentável?Heline Sivini Ferreira e JoséHeline Sivini Ferreira e JoséHeline Sivini Ferreira e JoséHeline Sivini Ferreira e JoséHeline Sivini Ferreira e JoséRubens Morato LeiteRubens Morato LeiteRubens Morato LeiteRubens Morato LeiteRubens Morato Leite(organizadores)(organizadores)(organizadores)(organizadores)(organizadores)

Este trabalho se originou de projeto depesquisa aprovado pelo Conselho Na-cional de Pesquisa Científica e Tecno-lógica - CNPq, e o coordenador reuniupesquisadores de ponta, sendo enfren-tados os dilemas que dizem respeito àpossibilidade do uso dos biocombustí-veis como fonte alternativa ao petróleo,tendo como cenário a sustentabilidade,etc. A alternativa tecnológica da utili-zação dos veículos elétricos, associadaà utilização da geração solar comofonte de energia limpa e inesgotável,também foram avaliadas.

Dos RecursosDos RecursosDos RecursosDos RecursosDos Recursosno Processo Penalno Processo Penalno Processo Penalno Processo Penalno Processo Penal

Adalberto José Q. T. deAdalberto José Q. T. deAdalberto José Q. T. deAdalberto José Q. T. deAdalberto José Q. T. deCamargo AranhaCamargo AranhaCamargo AranhaCamargo AranhaCamargo Aranha

3ª edição, revista e atualizada. Estaobra foi sistematizada da seguinteforma: primeiro aborda a parte geraldos recursos (conceito, natureza jurí-dica, classificação, etc.); em seguidaexamina as espécies recursais e as a-ções de impugnação (habeas corpus,mandado de segurança, correição par-cial e reclamação). As normas sobre osrecursos são analisadas do ponto devista crítico, considerando as principaisopiniões doutrinárias e as tendênciasjurisprudenciais mais re-centes a cercado tema.

Tutelas de UrgênciaTutelas de UrgênciaTutelas de UrgênciaTutelas de UrgênciaTutelas de Urgênciae Cautelarese Cautelarese Cautelarese Cautelarese Cautelares

Donaldo ArmelinDonaldo ArmelinDonaldo ArmelinDonaldo ArmelinDonaldo Armelin(coordenador)(coordenador)(coordenador)(coordenador)(coordenador)

Este livro presta um tributo aos feitosde Ovídio A. Baptista da Silva, juristade ideias e posições inovadoras, quetranscendem gerações, cujo nomeficará gravado no patamar funda-mental do processo civil brasileiro. Acoletânea sobre a tutela de urgência,uma das matérias mais esmiuçadaspelos estudos de Ovídio, pretende de-monstrar, por meio da visão de di-versos autores, a atemporalidadedos ensinamentos desse grande pro-cessualista.

LANÇAMENTO LANÇAMENTO LANÇAMENTO

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JULHO DE 20108LIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROS

TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO

EDITORA SARAIVA

Estado de DireitoEstado de DireitoEstado de DireitoEstado de DireitoEstado de DireitoAgroambiental BrasileiroAgroambiental BrasileiroAgroambiental BrasileiroAgroambiental BrasileiroAgroambiental Brasileiro

Antonio José de Mattos NetoAntonio José de Mattos NetoAntonio José de Mattos NetoAntonio José de Mattos NetoAntonio José de Mattos Neto

Estado Democrático deEstado Democrático deEstado Democrático deEstado Democrático deEstado Democrático deDireito e Direitos HumanosDireito e Direitos HumanosDireito e Direitos HumanosDireito e Direitos HumanosDireito e Direitos Humanos

Antonio José de MattosAntonio José de MattosAntonio José de MattosAntonio José de MattosAntonio José de MattosNeto (organizador)Neto (organizador)Neto (organizador)Neto (organizador)Neto (organizador)

Reúne artigos de 11 doutores das Uni-versidades Federais do Pará e do Ma-ranhão. Alguns temas abordados: di-reitos humanos, paz e Estado Demo-crático de Direito; Constituição: senti-mento e consciência; a ConstituiçãoFederal de 1988 e a era de aquarius: oacesso aos direitos em duas décadasde história; o devido processo legal co-mo instrumento de garantia dos di-reitos fundamentais; o processo comoinstrumento de garantia dos direitosfundamentais no Estado Democrá-tico de Direito; etc.

Contrato Internacional deContrato Internacional deContrato Internacional deContrato Internacional deContrato Internacional deTrabalho — TransferênciaTrabalho — TransferênciaTrabalho — TransferênciaTrabalho — TransferênciaTrabalho — Transferênciade Empregadosde Empregadosde Empregadosde Empregadosde Empregados

Ana Lúcia Pinke RibeiroAna Lúcia Pinke RibeiroAna Lúcia Pinke RibeiroAna Lúcia Pinke RibeiroAna Lúcia Pinke Ribeirode Paivade Paivade Paivade Paivade Paiva

ImprobidadeImprobidadeImprobidadeImprobidadeImprobidadeAdministrativa — Ação CivilAdministrativa — Ação CivilAdministrativa — Ação CivilAdministrativa — Ação CivilAdministrativa — Ação Civile Cooperação Jurídicae Cooperação Jurídicae Cooperação Jurídicae Cooperação Jurídicae Cooperação JurídicaInternacionalInternacionalInternacionalInternacionalInternacional

Silvio Antonio MarquesSilvio Antonio MarquesSilvio Antonio MarquesSilvio Antonio MarquesSilvio Antonio Marques

O livro aborda os atos de improbidadeadministrativa, tratando das penas vi-gentes e dos procedimentos investiga-tórios e processuais, além dos principaisaspectos da cooperação internacionalpara punição daqueles que incorreremneste crime. O autor dedica especialatenção ao pedido de auxílio direto(mutual legal assistance), instrumen-to que facilita a obtenção, em outrospaíses, de documentos úteis na apena-ção da improbidade administrativa etambém comenta as principais decisõesde tribunais estaduais, do STF e do STJ.

Com base em aspectos históricos e algu-ma análise econômica, a obra examinaem detalhe os elementos jurídicos ferra-mentais das transferências internacio-nais definitivas, como o seu impacto pa-ra os grupos econômicos, os principaiselementos de conexão e a forma de resol-ver os conflitos, tecendo algumas críticasquanto às práticas comumente adotadaspelas empresas, em geral, na transferên-cia de empregados. Discorre tambémquanto a esse aspecto, sobre as soluçõesapontadas pela legislação internacionale nacional.

Apresenta nove capítulos: a questãoagrária no Brasil: aspecto sociojurí-dico; função social da propriedade:uma revisão crítica; a posse agráriacomo objeto do direito amazônico;competência legislativa municipalsobre meio ambiente; funções insti-tucionais do Ministério Público e odireito agroambiental; o direito agroam-biental na Amazônia e o desenvolvi-mento sustentável; o desenvolvimen-to sustentável e a instrumentaliza-ção do agronegócio; o Direito Agrárioe áreas de defesa nacional; etc.

LANÇAMENTOLANÇAMENTO LANÇAMENTO LANÇAMENTO

Proteção Penal AmbientalProteção Penal AmbientalProteção Penal AmbientalProteção Penal AmbientalProteção Penal Ambiental

Helena ReginaHelena ReginaHelena ReginaHelena ReginaHelena ReginaLobo da CostaLobo da CostaLobo da CostaLobo da CostaLobo da Costa

Analisa a legitimidade e eficiênciada utilização do Direito Penal para aproteção do meio ambiente e pos-síveis alternativas, especialmente nocampo do Direito Administrativo.Trata-se de trabalho que contribuinão apenas para uma crítica dadogmática penal ambiental e daprópria Lei dos Crimes Ambientais(Lei n. 9.605/98), útil tanto ao estu-dante, quanto ao operador do direito,mas também procura novos cami-nhos para solucionar os problemasque aponta.

LANÇAMENTO

Novos volumes da Coleção Concursos — Estude Ouvindo

Volume 1 — Cassio ScarpinellaBueno. Temas: objeto do DireitoProcessual Civil; bases mínimaspara um pensamento contempo-râneo do Direito Processual Civil;o modelo constitucional do Di-reito Processual Civil; os princí-pios constitucionais do DireitoProcessual Civil; organização judi-ciária; funções essenciais à Jus-tiça; Magistratura; MinistérioPúblico; Advocacia; DefensoriaPública; procedimentos jurisdi-cionais constitucionalmente di-ferenciados; temas fundamen-

tais do Direito Processual Civil;jurisdição; ação; processo.

Volume 2 — Cassio ScarpinellaBueno. Temas analisados: atosprocessuais; sujeitos do processo;forma dos atos processuais; tempodos atos processuais; prazos; lugardos atos processuais; comunicaçãodos atos processuais: citações eintimações; preclusão; nulidadesprocessuais; informatização doprocesso judicial; formação, sus-pensão e extinção do processo;

procedimento; defesa.

Volume 3 — Cassio ScarpinellaBueno. Temas: objeto de estudo;fase postulatória; petição inicial;respostas do réu; contestação; exce-ções; reconvenção; outros compor-tamentos do réu; fase instrutória;depoimento pessoal; confissão;exibição de documento e coisa;prova documental; prova testemu-nhal; prova pericial; inspeção judi-cial; audiência de instrução e jul-gamento. O autor é mestre, doutore livre-docente em Direito Proces-sual Civil pela Pontifícia Univer-sidade Católica de São Paulo (PUC-SP); professor de Direito ProcessualCivil da PUC-SP; membro do Insti-tuto Brasileiro de Direito Proces-sual, do Instituto Iberoameri-cano de Direito Processual e daAssociação Internacional de

Direito Processual.

Volume 4 — Cassio Scarpinella Bueno.Temas: a fase decisória; coisa julgada;procedimento sumário; fase postulató-ria; fazer ordinatória; fase instrutória;fase decisória; peculiaridades proce-dimentais; pluralidade de partes e inter-venção de terceiros; etc.

Volume 5 — Murilo Sechieri CostaNeves. Temas abordados: introdu-ção — conceito de execução; prin-cípios da execução; título executivo;características da obrigação repre-

sentada pelo título; títulos exe-cutivos judiciais; títulos executivosextrajudiciais; liquidação de sentença;execução definitiva e provisória; etc.

Volume 6 — Murilo Sechieri CostaNeves. Alguns temas abordados:introdução — conceito e caracte-rísticas; características das caute-lares; classificação das cautelares;distinções entre medidas cautelarese antecipação da tutela; requisitospara a concessão; eficácia e extincãoda tutela cautelar; competência pa-ra o exame de cautelares; proce-dimento cautelar comum; caute-lares nominadas; sequestro – arti-gos 822 a 825; busca e apreensão – ar-tigos 839 a 843; produção antecipadade provas – artigos 846 a 851; etc. Oautor é doutorando e mestre em DireitoCivil pela PUC-SP, advogado e ex-pro-curador do Estado de São Paulo.

A Editora Saraiva está lançando seis volumes dos PrincipaisTópicos de Processo Civil para Concursos Públicos. A Coleçãoaborda os assuntos mais relevantes de cada uma das áreas dodireito voltada para estudantes de concursos públicos e de direito.Cada um dos autores escreve sobre a área de sua especialidade.Duração de, aproximadamente, 80 minutos cada.

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15JULHO DE 2010 TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO

ADVOCACIA

TJ-SP rejeitou, no dia23 de junho, duas dasquatro listas sêxtuplasenviadas pela OAB-SPpara preenchimentode quatro vagas refe-

rentes ao Quinto Constitucional da Ad-vocacia. As outras duas listas (com trêsnomes cada), devem ser enviadas aogovernador Alberto Goldman, para indi-cação e nomeação de dois novosdesembargadores.

De acordo com a assessoria de im-prensa da OAB-SP, o presidente, LuizFlávio D´Urso, preferiu não comentar arejeição. Limitou-se a dizer que “a Or-dem cumpriu rigorosamente todos os re-quisitos na elaboração das listassêxtuplas, e que todos os candidatospreenchem os requisitos legais e estabe-lecidos pelo regimento”. Segundo ele,“aparentemente, alguns candidatos nãoobtiveram quórum mínimo do TJ-SP.Nada mais há para a OAB-SP fazer”. Di-ante do impasse, a entidade tem duasopões: formar novas listas, ou dar início auma batalha jurídica (visando aceitação

A OAB-SP perde vaga no TJ-SPdos preteridos), sem data para terminar.

O artigo 94 da Constituição prevêque “um quinto dos lugares dos tribu-nais regionais federais, dos tribunaisdos Estados, e do Distrito Federal eTerritórios será composto de membrosdo Ministério Público, com mais de dezanos de carreira, e de advogados denotório saber jurídico e de reputaçãoilibada, com mais de dez anos de efe-tiva atividade profissional, indicadosem lista sêxtupla pelos órgãos de re-presentação das respectivas classes”.

Listas sêxtuplas para os TRTsListas sêxtuplas para os TRTsListas sêxtuplas para os TRTsListas sêxtuplas para os TRTsListas sêxtuplas para os TRTsA OAB-SP escolheu os nomes que

compõem oito listas sêxtuplas paraconcorrer a quatro vagas de de-sembargadores no TRT-2 (São Paulo)e quatro no TRT-15 (Campinas) reser-vadas à Advocacia pelo Quinto Consti-tucional. Os nomes foram encaminha-dos no dia 14 de junho para que tribu-nais formem as listas tríplices. Para oTRT-2: 1) Ana Maria GonçalvesPacheco e Oliveira; Aparecido Inácio;Carmem Dora de Freitas Ferreira;

Cláudia A. G. Marques Generoso;Cláudia Campas Braga Patah, eEdivete Maria Boareto Belotto. 2) Hei-tor Cornacchioni; Hélio AugustoPedroso Cavalcanti; José StalinWojtowicz; Márcia Conceição AlvesDinamarco; Regina Aparecida Duarte,e Ricardo Pereira de Freitas Guima-rães. 3) Christiani Marques; Cilene Re-belo Nogueira Guercio; Geraldo BaraldiJunior; Marcos César Amador Alves;Maria da Penha S. Lopes Guimarães, eOsvaldo Bretãs Soares Filho. 4) Bene-dito Marques Ballouk Filho; HelderRoller Mendonça; Ricardo AmmiratiWasth Rodrigues; Sérgio FischettiBonecker; Simone Fritschi Louro eWanderley de O. Tedeschi. Para o

TRT-15: 1) Antonia Regina T. Pestana;Carlos Alberto P. Leite; João AntonioFacciolli; José Roberto Sodero Victorio;Levi Ceregato, e Miguel Roberto R.Latorre. 2) Carlos Alberto Bosco; CleucimarValente Firmiano; Ivonete Ap. GaiottoMachado; Luiz Roberto Rubin; Marco Anto-nio Zito Alvarenga, e Waldemir FlavioBonora. 3) Carlos Rossetto Junior; Eduar-do Garcia Carrion; Gilberto Antonio C.Décourt; Hélcio Dantas Lobo Junior;Reinaldo Lopes Vieites, e Roberto Arutim.4) Jesus Arriel Cones Junior; LaelRodrigues Viana; Leila Maria Santos daCosta Mendes; Luiz Henrique AlexandreTrebsesquim; Roberto Nóbrega deAlmeida Filho e Walmir da Silva Pinto.B

O

Conselho Federal da OAB cancelou orecesso de julho 2010. Segundo a en-

tidade, ficam suspensos até 1º de agosto osprazos processuais iniciados antes ou duranteo mês de junho de 2010. Os prazos reguladospelo Provimento nº 102 (que dispõe sobre aindicação, em lista sêxtupla, de advogadosque devem integrar os Tribunais Judiciáriose Administrativos) foram mantidos.B

Suspenso recesso de julho

Internet

O

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16 TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO JULHO DE 2010

EMENTAS

MANDATO. RENÚNCIA. ALEGADA

INÉRCIA DO CLIENTE PARA PAGAMEN-TO DE CUSTAS JUDICIAIS, APESAR DE

NOTIFICADO PELA ADVOGADA. POSSI-BILIDADE. INDEPENDENTEMENTE ATÉ DE JUSTO MOTI-VO. NECESSÁRIA COMUNICAÇÃO QUANTO À RENÚNCIA

DO MANDATO. DESNECESSIDADE DE PROCEDIMENTO

JUDICIAL PARA SE EFETIVAR A RENÚNCIA. EXTENSÃO

DA RENÚNCIA AOS DEMAIS PROCESSOS PATROCINADOS

EM NOME DO MESMO CLIENTE, SOB A ALEGAÇÃO DE

QUEBRA DE CONFIANÇA. RECOMENDÁVEL — Pode oadvogado renunciar ao mandato outorgado,sem que para tanto haja necessidade de mo-tivar a sua decisão, ressalvada a necessáriacomunicação ao cliente e a responsabilidadeprofissional durante o período previsto emlei. Não há necessidade que a renúncia ocor-ra judicialmente. Após a comunicação da re-núncia, e caso não haja transação quanto aovalor dos honorários advocatícios proporcio-nais ao período trabalhado, poderá o advo-gado valer-se do arbitramento judicial, sen-do aconselhável, neste caso, que se faça re-presentar por um colega. Caso entenda quehouve quebra de confiança na relação advoga-do/cliente, é recomendável que a renúncia seestenda aos demais processos do mesmo clien-te, nos termos do artigo 16 do CED. E-3.835/2009, v.u., em 10/12/2009, do parecer eementa do rel. dr. Fábio Plantulli, rev. dr. Be-nedito Édison Trama, presidente dr. CarlosRoberto Fornes Mateucci.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. PRO-GRAMA DE ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA

DO CONVÊNIO PGE/OAB. ALTERA-ÇÃO DA SITUAÇÃO ECONÔMICA DO AS-

SISTIDO EM FACE DE SUCESSO DE MEDIDA JUDICIAL

PREVIDENCIÁRIA. PRETENSÃO DO ADVOGADO EM DESIS-TIR DA NOMEAÇÃO NA FASE EXECUTÓRIA COM PRETEN-SÃO SEQUENCIAL EM ELABORAR CONTRATO DE HONORÁ-RIOS E DESISTÊNCIA DO PAGAMENTO FEITO PELA NOME-AÇÃO. IMPOSSIBIBILIDADE LEGAL E ÉTICA . AFRONTA

AO CONVÊNIO. A PRESTAÇÃO DE SERVIÇO DO CONVÊNIO

É TOTALMENTE GRATUITA, SENDO IRRELEVANTE A AL-TERAÇÃO MODIFICATIVA DA SITUAÇÃO DE POBREZA DO

CLIENTE NA FASE EXECUTÓRIA DA SENTENÇA— Qual-quer cidadão ou cidadã que for à Procurado-ria de Assistência Judiciária ou na OAB efirmar declaração de que é portador de insu-ficiência de recursos para patrocinar causas,tem direito à assistência jurídica integral ede modo gratuito (artigo 3º da Constituição

estadual). Tal insuficiência de recursos parapagar honorários advocatícios e custas judi-ciais caracteriza-se quando a situação eco-nômica da pessoa não lhe permitir arcarcom tais encargos, sem prejuízo de seu sus-tento e o de sua família (artigo 2º da Lei1.060/50). Mudança de situação econômicaem face de execução de direitos previdenci-ários não altera o dever do advogado emprosseguir no feito, não podendo cogitar nacobrança de honorários contratuais, mesmocom a anuência do cliente. Esta prestação deserviço é totalmente gratuita, vedada ex-pressamente qualquer cobrança a título dehonorários advocatícios, taxas, emolumentosou despesas (cláusula 7ª do Convênio PGE-OAB). Caso isto ocorra, cobrando honorári-os ou pactuando estes honorários, perderá oadvogado o direito aos honorários conformea tabela PGE-OAB e terá sua inscrição can-celada, independentemente se a situação fi-nanceira da cliente se alterar em face dosucesso da medida judicial proposta. Proce-dendo desta forma contra as normas do con-vênio, não mais poderá o advogado participarde futuras inscrições, sem prejuízo de incor-rer em infração disciplinar pela conduta an-tiética. E-3.839/2009, v.u., em 10/12/2009, do parecer e ementa do rel. dr. Cláu-dio Felippe Zalaf, rev. dr. Jairo Haber, pre-sidente dr. Carlos Roberto Fornes Mateucci.

CONTATO DO ADVOGADO COM A PARTE

CONTRÁRIA. NECESSIDADE DE PRÉVIA

AUTORIZAÇÃO DO CLIENTE E DO ADVO-GADO DA PARTE CONTRÁRIA, SE JÁ

CONSTITUÍDO. EXEGESE DOS DISPOSITIVOS DO EOABE DO CED . SITUAÇÃO EXCEPCIONAL QUE JUSTIFICA ADISPENSA DO ASSENTIMENTO DO ADVOGADO EX-ADVER-SO. CAUTELAS A SEREM OBSERVADAS. ABSTENÇÃO DA

DIVULGAÇÃO DA ADVOCACIA COM OUTRA ATIVIDADE AELA ESTRANHA — O contato do advogado com aparte contrária deve obedecer às regras dosartigos 34, VIII, do EOAB e 2º, § único,VIII, “e”, do CED, que devem ser interpre-tadas como contendo dois requisitos: prévioconsentimento do cliente e assentimento doadvogado ex-adverso, se já constituído. Ape-nas em situações excepcionais, como ausên-cia de informações corretas sobre a localiza-ção do advogado ex-adverso, é que se permi-te ao advogado contatar diretamente a partecontrária, restringindo o contato ao absoluta-

mente necessário, tomando ainda assim ascautelas necessárias para evitar futuros pro-blemas éticos. Deve ainda se abster de pro-mover a divulgação da Advocacia com outrasatividades a ela estranhas. E-3.842/2009,v.u., em 10/12/2009, do parecer e ementado rel. dr. Eduardo Teixeira da Silveira, revªdra. Beatriz M. A. Camargo Kestner, presi-dente dr. Carlos Roberto Fornes Mateucci.

ADVOGADO E OCUPANTE DE CARGO NA

ADMINISTRAÇÃO DE CONDOMÍ-NIO.CUMULAÇÃO. APTAÇÃO DE CAU-SAS E CLIENTES. CONFLITO DE INTE-

RESSES. FUNÇÕES INCONCILIÁVEIS E INCOMPATÍVEIS

— Incabível a cumulação do cargo de subsín-dico ou membro do conselho consultivo com afunção de advogado do condomínio. Flagran-te inculcação e captação de clientes, o queatenta contra a dignidade da profissão. Configu-ra conflito de interesses o exercício, pelo advo-gado, de cargo na administração do condomínioque lhe confere poderes para a apreciação,aprovação e fiscalização de seu próprio contratode honorários. E-3.844/2009, v.u., em 10/12/2009, do parecer e ementa do rel. dr. José An-tonio Salvasdor Martho, rev. dr. Luiz FranciscoTorquato Avólio, presidente dr. Carlos RobertoFornes Mateucci.

ADVOCACIA . USO DA EXPRESSÃO

“ADVOCACIA”. UTILIZAÇÃO POR

PROFISSIONAL QUE ATUA ISOLADA-MENTE, AGREGADA AO NOME DO AD-

VOGADO. INOCORRÊNCIA DE INFRAÇÃO ÉTICA OU ES-TATUTÁRIA. UTILIZAÇÃO APENAS DO NOME E SOBRE-NOME. VEDAÇÃO. NECESSIDADE DE UTILIZAÇÃO DO

NOME COMPLETO DO PROFISSIONAL E DO NÚMERO DE

SUA INSCRIÇÃO NA OAB. INTERPRETAÇÃO DOS AR-TIGOS 14, PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI Nº 8.906/94, ARTIGO 29, § 5º, DO CÓDIGO DE ÉTICA E PRO-VIMENTO Nº 112 DO CONSELHO FEDERAL DA OAB.USO DE LOGOTIPO, PELO ADVOGADO, CONTENDO

NOME, NÚMERO DE INSCRIÇÃO NOS QUADROS DA OAB EA EXPRESSÃO “ADVOCACIA”. POSSIBILIDADE. UTI-LIZAÇÃO MERAMENTE INFORMATIVA. DISCRIÇÃO EMODERAÇÃO RECOMENDADAS — A utilização daexpressão “Advocacia”, antes ou depois donome do advogado, desde que acompanhadado número de inscrição do profissional naOAB, não configura infração ética. Nãodeve, porém, possuir forma mercantilista,nem insinuar se tratar de sociedade de ad-

vogados, sem que exista regularmente. De-verá ser utilizado o nome completo do advo-gado, e não apenas o primeiro nome e seusobrenome, a fim de evitar confusão. Inter-pretação dos artigos 14, § único, do Esta-tuto da OAB e 29, § 5º, do CED. Preceden-te desta Corte: Processo E-3043/2007. Épermitido o uso de logotipo, como tal enten-dido como um símbolo representado poruma ou várias letras, ou apenas símbolos,acompanhado do nome completo e númerode inscrição do profissional nos quadros daOAB, para servir como identificação do ad-vogado, permeado de moderação e discri-ção, sem conotação mercantilista, respei-tando-se, ademais, o artigo 31 do CED.Proc. E-3.833/2009, v.u., em 10/12/2009,do parecer e ementa do rel. dr. JoséEduardo Haddad, rev. dr. Fábio de SouzaRamacciotti, presidente dr. Carlos RobertoFornes Mateucci.

IMPEDIMENTOS. CONCOMITÂNCIA DA

FUNÇÃO PÚBLICA DE PROCURADOR

MUNICIPAL COM O EXERCÍCIO DA

ADVOCACIA LIBERAL. HIPÓTESE DE

CARGA HORÁRIA DE 20 HORAS SEMANAIS, OU 4 HO-RAS DIÁRIAS E HORÁRIO DE TRABALHO COMPATÍVEL .POSSIBILIDADE. IMPEDIMENTO DE ADVOGAR SOMENTE

CONTRA O PODER PÚBLICO QUE O REMUNERA. EXEGE-SE DO ARTIGO 30, INCISO I, DA LEI Nº 8.906/94.EMENTA 01 — O procurador público, comcarga horária de 20 horas semanais, distri-buídas na forma de quatro horas diárias edesde que haja compatibilidade de horáriode trabalho poderá exercer concomitante-mente a Advocacia liberal, estando impedi-do apenas para litigar contra o Poder Pú-blico que o remunera, como dispõe expres-samente o inciso I do artigo 30 do EAOAB.Dever de priorizar a sua atividade com aAdministração Pública, sem, no entanto,comprometer o patrocínio de seus clientesparticulares. Proc. E-3.820/2009, v.u. em10/12/09, do parecer e ementa nº 1 do re-lator dr. Benedito Édison Trama, e v.m. doparecer e ementa nº 2 do julgador, dr. Fá-bio Kalil Vilela Leite, rev. dr. Luiz Francis-co Torquato Avólio, presidente sr. CarlosRoberto Fornes Mateucci.B

Ementas do Tribunal de Ética e Disciplina da OAB-SP.

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17JULHO DE 2010 TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO

EXAME DE ORDEM

Em www.tribunadodireito.com.br a íntegra da prova e os cincos gabaritosEm www.tribunadodireito.com.br a íntegra da prova e os cincos gabaritosEm www.tribunadodireito.com.br a íntegra da prova e os cincos gabaritosEm www.tribunadodireito.com.br a íntegra da prova e os cincos gabaritosEm www.tribunadodireito.com.br a íntegra da prova e os cincos gabaritos

partir de agora, ascomissões de estágioe exame estaduaisdas secionais da OABnão terão mais poderde decisão sobre a

aprovação ou reprovação de candidatosque impetrarem recurso contra o resul-tado das provas do Exame de Ordem.Isso porque uma resolução do ConselhoFederal determina que a competênciapara isso é exclusiva de uma banca re-visora, formada pelo presidente do Con-selho Federal. Com a resolução, as deci-sões de Comissões de Estágio e Examede Ordem de secionais não terão valorjurídico.

A decisão foi “assimilada” pelaOAB-SP. Segundo Edson Bortolai, pre-sidente da Comissão de Estágio eExame de Ordem da OAB-SP, as seci-onais tiveram de “abrir mão da auto-

nomia em benefício do todo”. Ele in-formou que novas normas deverãoser implantadas nos próximos exa-mes, como a que permite a participa-ção no Exame de Ordem de quinta-nistas, desde que inscritos na secio-nal como “estagiários”. Para Bortolai,isso evitará que alguns candidatossejam aprovados “apenas pela sorte”.

Primeiro Exame de 2010Primeiro Exame de 2010Primeiro Exame de 2010Primeiro Exame de 2010Primeiro Exame de 2010O primeiro Exame de Ordem unifi-

cado deste ano, correspondente ao141 da OAB-SP, foi realizado dia 13 dejunho e voltou a contar com a partici-pação, em São Paulo, de advogados-examinadores. De acordo com a enti-dade, 95.764 bacharéis inscreveram-se, sendo 24.383 em São Paulo (naCapital, 9.212). A abstenção, em todoo País, foi de 1,7%. Desta vez, ao con-trário da segunda fase do Terceiro

Conselho reduz autonomia das secionaisSegunda fase do primeiro Exame de Ordem de 2010 será dia 25Segunda fase do primeiro Exame de Ordem de 2010 será dia 25Segunda fase do primeiro Exame de Ordem de 2010 será dia 25Segunda fase do primeiro Exame de Ordem de 2010 será dia 25Segunda fase do primeiro Exame de Ordem de 2010 será dia 25

Unificado de 2009, dia 18 de abril,quando o concurso teve de ser anula-do devido à fraude provocada por umcandidato em Osasco, as provas foram

Arealizadas sem problemas. Em SãoPaulo, por exemplo, a única reclama-ção foi quanto ao acesso aos locais deexames. A unidade Marquês de SãoVicente, da Unip, uma das escolhidaspela Cespe-UnB, é distante de estaçãodo metrô (a mais próxima é a da Bar-ra Funda) e ainda teve o acesso porquem utilizou ônibus prejudicado pe-lo congestionamento de trânsito naregião. Já na unidade da Vila Cle-mentino, situada na Rua Dr. Bacelar, oproblema foi a falta de ônibus. O presi-dente da Comissão de Estágio e Exa-me da OAB-SP disse que vai sugerirao Conselho Federal que os próximosexames sejam realizados em locaispróximos à estações do metrô.

A lista dos aprovados na primeirafase deverá ser divulgada dia 13. A se-gunda fase (prova prático-profissional)está prevista para o dia 25.B

Lista de aprovados no dia 13

Augusto Canuto

Page 30: Julho 2010 - nº 207

18 TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO JULHO DE 2010

JUAREZ DE OLIVEIRA Advogado em São Paulo.

[email protected]

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE —Lei n° 12.063, de 27/10/2009 (“DOU” deLei n° 12.063, de 27/10/2009 (“DOU” deLei n° 12.063, de 27/10/2009 (“DOU” deLei n° 12.063, de 27/10/2009 (“DOU” deLei n° 12.063, de 27/10/2009 (“DOU” de28/10/2009), acrescenta à Lei n° 9.868,28/10/2009), acrescenta à Lei n° 9.868,28/10/2009), acrescenta à Lei n° 9.868,28/10/2009), acrescenta à Lei n° 9.868,28/10/2009), acrescenta à Lei n° 9.868,de 10/11/1999, o capítulo II-A, que estabe-de 10/11/1999, o capítulo II-A, que estabe-de 10/11/1999, o capítulo II-A, que estabe-de 10/11/1999, o capítulo II-A, que estabe-de 10/11/1999, o capítulo II-A, que estabe-lece a disciplina processual da ação direta delece a disciplina processual da ação direta delece a disciplina processual da ação direta delece a disciplina processual da ação direta delece a disciplina processual da ação direta deinconstitucionalidade por omissão.inconstitucionalidade por omissão.inconstitucionalidade por omissão.inconstitucionalidade por omissão.inconstitucionalidade por omissão.

AAAAACORDOSCORDOSCORDOSCORDOSCORDOS/C/C/C/C/CONVENÇÕESONVENÇÕESONVENÇÕESONVENÇÕESONVENÇÕES/T/T/T/T/TRATADOSRATADOSRATADOSRATADOSRATADOS — Decreto n°6.994 DE 29/10/2009 (“DOU” de 30/10/2009), dispõe sobre a execução do 54° proto-colo adicional ao Acordo de ComplementaçãoEconômica n° 35 (54PA-ACE35), assinadoentre os governos da República Argentina, daRepública Federativa do Brasil, da Repúblicado Paraguai e da República Oriental do Uru-guai, Estados-partes do Mercosul, e o governoda República do Chile, em 7/7/2009.

ADMINISTRAÇÃO FEDERAL————— Lei n° 12.090, Lei n° 12.090, Lei n° 12.090, Lei n° 12.090, Lei n° 12.090,de 11/11/2009 (“DOU” de 12/11/2009),de 11/11/2009 (“DOU” de 12/11/2009),de 11/11/2009 (“DOU” de 12/11/2009),de 11/11/2009 (“DOU” de 12/11/2009),de 11/11/2009 (“DOU” de 12/11/2009),altera a Lei n° 9.782, de 26/1/1999, paraaltera a Lei n° 9.782, de 26/1/1999, paraaltera a Lei n° 9.782, de 26/1/1999, paraaltera a Lei n° 9.782, de 26/1/1999, paraaltera a Lei n° 9.782, de 26/1/1999, paradispor sobre a cooperação institucional en-dispor sobre a cooperação institucional en-dispor sobre a cooperação institucional en-dispor sobre a cooperação institucional en-dispor sobre a cooperação institucional en-tre a Agência Nacional de Vigilância Sanitá-tre a Agência Nacional de Vigilância Sanitá-tre a Agência Nacional de Vigilância Sanitá-tre a Agência Nacional de Vigilância Sanitá-tre a Agência Nacional de Vigilância Sanitá-ria e instituições de ensino superior e deria e instituições de ensino superior e deria e instituições de ensino superior e deria e instituições de ensino superior e deria e instituições de ensino superior e depesquisa mantidas pelo poder público e orga-pesquisa mantidas pelo poder público e orga-pesquisa mantidas pelo poder público e orga-pesquisa mantidas pelo poder público e orga-pesquisa mantidas pelo poder público e orga-nismos internacionais com os quais o Brasilnismos internacionais com os quais o Brasilnismos internacionais com os quais o Brasilnismos internacionais com os quais o Brasilnismos internacionais com os quais o Brasiltenha acordos de cooperação técnica.tenha acordos de cooperação técnica.tenha acordos de cooperação técnica.tenha acordos de cooperação técnica.tenha acordos de cooperação técnica.

Lei n° 12.094, de 19/11/2009 (“DOU”de 20/11/2009), dispõe sobre a criação dacarreira de Desenvolvimento de PolíticasSociais, sobre a criação de cargos de Analis-ta Técnico e de Agente Executivo da Supe-rintendência de Seguros Privados (Susep),sobre a transformação de cargos na AgênciaNacional de Vigilância Sanitária (Anvisa),altera o anexo I da Lei n° 10.871, de 20/5/2004, para adaptar os quantitativos de car-gos da Anvisa, a Lei n° 11.539, de 8/11/2007, que dispõe sobre a carreira de Analistade Infra-Estrutura e sobre o cargo isolado deprovimento efetivo de Especialista em Infra-Estrutura Sênior, e altera a Lei n° 11.526, de4/10/2007, para prever a fórmula de paga-mento de cargo em comissão ocupado por mili-tar, e a Lei n° 10.683, de 28/5/2003.

Decreto n° 7.009 de 12/11/2009 (“DOU”de 13/11/2009), dá nova redação aos artigos2º e 3º do Decreto n° 4.801, de 6/8/2003, quecria a Câmara de Relações Exteriores e Defe-sa Nacional, do Conselho de Governo.

Decreto n° 7.007, de 11/11/2009(“DOU” de 12/11/2009) , atera o estatuto

social do Banco Nacional do Desenvolvimen-to Econômico e Social (Bndes)e aumenta oseu capital social.

Decreto n° 7.004 de 9/11/2009(“DOU” de 10/11/2009), altera dispositi-vos do Decreto n° 1.910, de 21/5/1996, quedispõe sobre a concessão e a permissão deserviços desenvolvidos em terminais alfan-degados de uso público.

Decreto n° 6.993 de 28/10/2009 (“DOU”de 29/10/2009), altera os artigos 8º e 12 eos anexos VII, VIII, IX e X do Decreto n°6.752, de 28/1/2009, que dispõe sobre a pro-gramação orçamentária e financeira e estabe-lece o cronograma mensal de desembolso doPoder Executivo para o exercício de 2009.

Decreto n° 6.992 de 28/10/2009(“DOU” de 29/10/2009), regulamenta aLei n° 11.952, de 25/6/ 2009, para disporsobre a regularização fundiária das áreasrurais situadas em terras da União, no âmbi-to da Amazônia Legal, definida pela Lei

Complementar n° 124, de 3/1/2007, e dáoutras providências.

Decreto n° 6.990 de 27/10/2009(“DOU” de 28/10/2009), regulamenta oartigo da Lei n° 1.941, de 27/5/2009, quetrata da adjudicação de ações pela União,para pagamento de débitos inscritos na dívidaaiva que acarrete a participação no capitalsocial de sociedade empresarial devedora.

DUBLADORES – DIREITOS AUTORAIS — — — — — Lei n° Lei n° Lei n° Lei n° Lei n°12.091, de 11/11/009 (“DOU” de 12/11/12.091, de 11/11/009 (“DOU” de 12/11/12.091, de 11/11/009 (“DOU” de 12/11/12.091, de 11/11/009 (“DOU” de 12/11/12.091, de 11/11/009 (“DOU” de 12/11/2009), acrescenta inciso VII ao § 2º do ar-2009), acrescenta inciso VII ao § 2º do ar-2009), acrescenta inciso VII ao § 2º do ar-2009), acrescenta inciso VII ao § 2º do ar-2009), acrescenta inciso VII ao § 2º do ar-tigo 81 da Lei n° 9.610, de 19/2/1998, paratigo 81 da Lei n° 9.610, de 19/2/1998, paratigo 81 da Lei n° 9.610, de 19/2/1998, paratigo 81 da Lei n° 9.610, de 19/2/1998, paratigo 81 da Lei n° 9.610, de 19/2/1998, paraincluir o nome dos dubladores nos créditosincluir o nome dos dubladores nos créditosincluir o nome dos dubladores nos créditosincluir o nome dos dubladores nos créditosincluir o nome dos dubladores nos créditosdas obras audiovisuais.das obras audiovisuais.das obras audiovisuais.das obras audiovisuais.das obras audiovisuais.

EDUCAÇÃO — Lei n° 12.061, de 27/10/Lei n° 12.061, de 27/10/Lei n° 12.061, de 27/10/Lei n° 12.061, de 27/10/Lei n° 12.061, de 27/10/2009 (“DOU” de 28/10/2009), altera o in-2009 (“DOU” de 28/10/2009), altera o in-2009 (“DOU” de 28/10/2009), altera o in-2009 (“DOU” de 28/10/2009), altera o in-2009 (“DOU” de 28/10/2009), altera o in-ciso II do artigo 4º e o inciso VI do artigo 10ciso II do artigo 4º e o inciso VI do artigo 10ciso II do artigo 4º e o inciso VI do artigo 10ciso II do artigo 4º e o inciso VI do artigo 10ciso II do artigo 4º e o inciso VI do artigo 10da Lei n° 9.394, de 20/12/1996, para as-da Lei n° 9.394, de 20/12/1996, para as-da Lei n° 9.394, de 20/12/1996, para as-da Lei n° 9.394, de 20/12/1996, para as-da Lei n° 9.394, de 20/12/1996, para as-segurar o acesso de todos os interessadossegurar o acesso de todos os interessadossegurar o acesso de todos os interessadossegurar o acesso de todos os interessadossegurar o acesso de todos os interessados

ao ensino médio público.ao ensino médio público.ao ensino médio público.ao ensino médio público.ao ensino médio público.Decreto n° 6.986, de 20/10/2009

(“DOU” de 20/10/2009) - Edição extra-regulamenta os artigos 11, 12 e 13 da Lein° 11.892, de 29/12/2008, que institui aRede Federal de Educação Profissional, Ci-entífica e Tecnológica e cria os InstitutosFederais de Educação, Ciência e Tecnolo-gia, para disciplinar o processo de escolhade dirigentes no âmbito destes Institutos.

Lei n° 12.089, de 11/11/2009 (“DOU”de 12/11/2009), proíbe que uma mesmapessoa ocupe duas vagas simultaneamenteem instituições públicas de ensino superior.

EMPRESAS ESTATAIS FEDERAIS ————— Decre- Decre- Decre- Decre- Decre-to n° 6.997 de 4/11/2009 (“DOU” deto n° 6.997 de 4/11/2009 (“DOU” deto n° 6.997 de 4/11/2009 (“DOU” deto n° 6.997 de 4/11/2009 (“DOU” deto n° 6.997 de 4/11/2009 (“DOU” de5/11/2009), aprova o Programa de5/11/2009), aprova o Programa de5/11/2009), aprova o Programa de5/11/2009), aprova o Programa de5/11/2009), aprova o Programa deDispêndios Globais (PDG) para 2010Dispêndios Globais (PDG) para 2010Dispêndios Globais (PDG) para 2010Dispêndios Globais (PDG) para 2010Dispêndios Globais (PDG) para 2010das empresas estatais federais, edas empresas estatais federais, edas empresas estatais federais, edas empresas estatais federais, edas empresas estatais federais, e dádádádádáoutras providências.outras providências.outras providências.outras providências.outras providências.

ESTADOS E MUNICÍPIOS – AUXÍLIO FINANCEIRO

— Lei n° 12.087, de 11/11/2009 (“DOU” Lei n° 12.087, de 11/11/2009 (“DOU” Lei n° 12.087, de 11/11/2009 (“DOU” Lei n° 12.087, de 11/11/2009 (“DOU” Lei n° 12.087, de 11/11/2009 (“DOU”de 12/11/2009), dispõe sobre a prestaçãode 12/11/2009), dispõe sobre a prestaçãode 12/11/2009), dispõe sobre a prestaçãode 12/11/2009), dispõe sobre a prestaçãode 12/11/2009), dispõe sobre a prestaçãode auxílio financeiro pela União aos Esta-de auxílio financeiro pela União aos Esta-de auxílio financeiro pela União aos Esta-de auxílio financeiro pela União aos Esta-de auxílio financeiro pela União aos Esta-dos, ao Distrito Federal e aos municípios, nodos, ao Distrito Federal e aos municípios, nodos, ao Distrito Federal e aos municípios, nodos, ao Distrito Federal e aos municípios, nodos, ao Distrito Federal e aos municípios, noexercício de 2009, com o objetivo de fomen-exercício de 2009, com o objetivo de fomen-exercício de 2009, com o objetivo de fomen-exercício de 2009, com o objetivo de fomen-exercício de 2009, com o objetivo de fomen-tar as exportações do País, e sobre a parti-tar as exportações do País, e sobre a parti-tar as exportações do País, e sobre a parti-tar as exportações do País, e sobre a parti-tar as exportações do País, e sobre a parti-cipação da União em fundos garantidores decipação da União em fundos garantidores decipação da União em fundos garantidores decipação da União em fundos garantidores decipação da União em fundos garantidores derisco de crédito para micro, pequenas e mé-risco de crédito para micro, pequenas e mé-risco de crédito para micro, pequenas e mé-risco de crédito para micro, pequenas e mé-risco de crédito para micro, pequenas e mé-dias empresas e para produtores rurais edias empresas e para produtores rurais edias empresas e para produtores rurais edias empresas e para produtores rurais edias empresas e para produtores rurais esuas cooperativas; e altera as Leis n°ssuas cooperativas; e altera as Leis n°ssuas cooperativas; e altera as Leis n°ssuas cooperativas; e altera as Leis n°ssuas cooperativas; e altera as Leis n°s11.491, de 20/6/2007, 8.036, de 11/5/11.491, de 20/6/2007, 8.036, de 11/5/11.491, de 20/6/2007, 8.036, de 11/5/11.491, de 20/6/2007, 8.036, de 11/5/11.491, de 20/6/2007, 8.036, de 11/5/1990, e 8.001, de 13/3/1990.1990, e 8.001, de 13/3/1990.1990, e 8.001, de 13/3/1990.1990, e 8.001, de 13/3/1990.1990, e 8.001, de 13/3/1990.

FFFFFUNDOUNDOUNDOUNDOUNDO DEDEDEDEDE GARANTIAGARANTIAGARANTIAGARANTIAGARANTIA DODODODODO TEMPOTEMPOTEMPOTEMPOTEMPO DEDEDEDEDE SERVIÇOSERVIÇOSERVIÇOSERVIÇOSERVIÇO — — — — —Lei n° 12.058, de 13/10/2009 (“DOU” de14/10/2009), altera a Lei n° 8.036, de 11/5/1990 (Lei do FGTS).

INCLUSÃO DIGITAL — — — — — Decreto n° 6.991 de Decreto n° 6.991 de Decreto n° 6.991 de Decreto n° 6.991 de Decreto n° 6.991 de27/10/2009 (“DOU” de 28/10/2009), insti-27/10/2009 (“DOU” de 28/10/2009), insti-27/10/2009 (“DOU” de 28/10/2009), insti-27/10/2009 (“DOU” de 28/10/2009), insti-27/10/2009 (“DOU” de 28/10/2009), insti-tui o Programa Nacional de Apoio à Inclusãotui o Programa Nacional de Apoio à Inclusãotui o Programa Nacional de Apoio à Inclusãotui o Programa Nacional de Apoio à Inclusãotui o Programa Nacional de Apoio à InclusãoDigital nas Comunidades - Telecen-tros.BR,Digital nas Comunidades - Telecen-tros.BR,Digital nas Comunidades - Telecen-tros.BR,Digital nas Comunidades - Telecen-tros.BR,Digital nas Comunidades - Telecen-tros.BR,no âmbito da política de inclusão digital do go-no âmbito da política de inclusão digital do go-no âmbito da política de inclusão digital do go-no âmbito da política de inclusão digital do go-no âmbito da política de inclusão digital do go-verno federal, e dá outras providências. verno federal, e dá outras providências. verno federal, e dá outras providências. verno federal, e dá outras providências. verno federal, e dá outras providências. B

MEIO AMBIENTE — — — — — Decreto n° 7.008 de 12/11/2009 (“DOU” de 13/11/2009), institui Decreto n° 7.008 de 12/11/2009 (“DOU” de 13/11/2009), institui Decreto n° 7.008 de 12/11/2009 (“DOU” de 13/11/2009), institui Decreto n° 7.008 de 12/11/2009 (“DOU” de 13/11/2009), institui Decreto n° 7.008 de 12/11/2009 (“DOU” de 13/11/2009), instituia “Operação Arco Verde”, no âmbito do Plano de Ação para Prevenção e Controle doa “Operação Arco Verde”, no âmbito do Plano de Ação para Prevenção e Controle doa “Operação Arco Verde”, no âmbito do Plano de Ação para Prevenção e Controle doa “Operação Arco Verde”, no âmbito do Plano de Ação para Prevenção e Controle doa “Operação Arco Verde”, no âmbito do Plano de Ação para Prevenção e Controle doDesmatamento na Amazônia Legal, e dá outras providências.Desmatamento na Amazônia Legal, e dá outras providências.Desmatamento na Amazônia Legal, e dá outras providências.Desmatamento na Amazônia Legal, e dá outras providências.Desmatamento na Amazônia Legal, e dá outras providências.

Decreto n° 6.985, de 20/10/2009 (“DOU” de 20/10/2009) - edição extra - Dá novaredação ao artigo 4º do Decreto n° 3.524, de 26/6/2000, que regulamenta a Lei n° 7.797,de 10/7/1989, que cria o Fundo Nacional do Meio Ambiente.

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19JULHO DE 2010 TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO

GENTE DO DIREITOMarcelo Lopes,

economista, advogado etrompetista da Orquestra Sinfônica

Marcelo Lopes, 45 anos, é trompetista, economista e advogado, e está àfrente da Fundação Osesp desde 2005. Embora traga na alma a músicaerudita, considera que o “Direito tem sido essencial para o trabalho nagestão da entidade”. De formação multidisciplinar, começou tocandotrompete aos sete anos, na banda do colégio em São Bernardo do Campo(SBC). Incentivado pelo pai, fundador da Corporação Musical Pedro Salgado,ficou dos 15 aos 18 anos na Orquestra Sinfônica Jovem Municipal de SãoPaulo. Aos 19, entrou para a Orquestra Sinfônica de São Paulo (Osesp) ondetocou sob a direção dos maestros Eleazar de Carvalho, John Neschling eRoberto Minczuk. Foi diretor da Associação dos Profissionais da Osesp, eatuou na reformulação da orquestra e na criação da Fundação.Marcelo conta que nos cinco anos de gestão uma das maiores conquistas foia melhoria financeira da entidade. A Fundação tem um orçamento de 67milhões, dos quais aproximadamente 2/3 são financiados pelo governo. Orestante é conseguido com patrocínios, locação, doações, royalties, eprodutos. Outro ponto foi a legalização dos contratos. Segundo ele, quando aFundação assumiu a orquestra e a Sala São Paulo, os músicos e osfuncionários (hoje cerca de 336) tinham contratos precários. “Houve até umtermo de ajustamento com o Ministério Público para que a situação fosseresolvida. Atualmente, todos são contratados sob o regime da CLT”, ressalta.A entidade criou projetos que vão desde os concertos gratuitos aos domingospela manhã na Sala São Paulo, até os didáticos no interior do Estado, alémdo programa educacional beneficiando mais de 70 mil crianças e professoresda rede pública de ensino. Marcelo Lopes está na Osesp há 26 anos. Éformado em Economia pela Fundação Santo André (1987) e Direito (1992)pela Faculdade de Direito de SBC. Pós-graduado em Administração Públicapela Fundação Getúlio Vargas (1992), mantém um escritório com a irmã Raquel Santos

(advogada), em SBC. Tambémministra aulas de trompete naFundação das Artes de São Caetano doSul. É casado e tem três filhas.B

Divulgação

Agostinho Gomes de AzevedoAgostinho Gomes de AzevedoAgostinho Gomes de AzevedoAgostinho Gomes de AzevedoAgostinho Gomes de AzevedoTomou posse como desembargador do TJ-MG.

Aloisio Carneiro da Cunha MenegazzoÉ o novo sócio do Tozzini Freire em Campinas.

Felipe de Castro PatahÉ o novo sócio da Ferreira Cabral, Ragu-

za & Monteiro Sociedade de Advogados.

Flávia Hellmeister C. FornaciariFlávia Hellmeister C. FornaciariFlávia Hellmeister C. FornaciariFlávia Hellmeister C. FornaciariFlávia Hellmeister C. FornaciariAdvogada obteve o título de doutora pela

Faculdade de Direito da Universidade deSão Paulo, defendendo a tese “Representa-tividade adequada nos processos coletivos”.A banca examinadora foi presidida pela pro-fessora Ada Pellegrini Grinover, fazendoparte os professores Susana Henrique daCosta, Carlos Alberto Salles, Camilo Zafelatoe José Marcelo Menezes Vigliar.

James Alberto Siano......Paulo A. Rossi e Silvia R. Gouvêa tomaram

posse como desembargadores doTJ-SP.B

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20 TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO JULHO DE 2010

DIREITO ELEITORAL

PERCIVAL DE SOUZA, especial para o "Tribuna"

RASÍLIA – As elei-ções deste ano, comrestrições a candida-tos impugnados pelaexigência da chama-da “ficha limpa”, vão

colocar no índex um grande número depolíticos até aqui beneficiados pelo trân-sito em julgado, a sentença definitiva.Mesmo assim, é certo que serão trava-das grandes batalhas jurídicas. Julhoserá um mês decisivo, até porque aConstituição Federal diz no artigo 16que “a lei que alterar o processo eleito-ral só entrará em vigor um ano após asua promulgação”. Haverá inevitáveljudicialização na discussão.

Paralelamente, o STF, Corte na qualmuita gente vai bater às portas, apre-senta um aumento de inquéritos (73) eações (12) penais, a contar de setembrode 2009, atingindo nove senadores e 48deputados. As acusações são de cor-rupção ativa e passiva, lavagem de di-nheiro, peculato, sonegação previ-denciária, trabalho escravo, crimes con-tra a administração pública e ordem tri-butária e crime ambiental. Parlamenta-res de 21 Estados estão envolvidos. Tre-

ze deputados respondem a mais de uminquérito. É muito provável que os no-vos acusados possam fazer o registro desuas candidaturas, pelo fato de aindanão terem recebido condenações, comoprevê a chamada “Lei da Ficha Limpa”,sancionada no dia 4 do mês passado. Orol de “fichas sujas” é gigantesco: o TCUmandou para o TSE uma relação de4.922 pessoas implicadas em irregulari-dades nos últimos oito anos (prefeitos,secretários, dirigentes de órgãos eautarquias públicas). O presidente doTSE, Ricardo Lewandowski, disse que asituação eleitoral de cada um será anali-sada caso por caso pelos magistradosdos TREs. O presidente do TCU, UbiratanAguiar, informou que as irregularidadesconstatadas são “insanáveis”.

Entre os 4.922 gestores públicos men-cionados na lista do TCU, estão 7.854que já foram condenados, alguns maisde uma vez. Na última lista do TCU, ela-borada para as eleições municipais de2008, foram mencionadas 3.178 pessoase 4.840 condenações. Os Estados que sedestacam na atual lista dos “fichas su-jas” são, pela ordem, Maranhão, Bahia,Distrito Federal e Minas Gerais. São

Paulo teve 455 casos. Ubiratan Aguiaracredita em “fazer prevalecer a ética emoralidade da coisa pública”. A listaserá repassada, também, a todos ospresidentes de TREs, ao procurador-geral Eleitoral, Roberto Gurgel, e paratodos os TCs estaduais e municipais.

A interpretação da lei passa pelaposição já assumida pelos presiden-tes dos TREs de São Paulo e Rio deJaneiro, que comandam dois dosmaiores colégios eleitorais do País.Os desembargadores Walter de Al-meida Guilherme, SP, e NametalaMachado Jorge, RJ, entendem quedevem ser consideradas as conde-nações impostas por órgãos cole-giados e não somente os casos jul-gados a partir da edição da lei. Estaposição foi endossada pelo TSE. Oministro-relator, Arnaldo Versiani, en-tendeu que “inelegibilidade não épena” e também não quer dizer perdade direitos políticos: “Não se trata deretroagir. A causa de inelegibilidadeincide sobre a situação do candidatoaté o registro (dia 5 deste mês). A inci-dência de causa de inelegibilidade, semexigência de trânsito em julgado, resul-

ta de se exigir vida pregressa compatí-vel dos candidatos.”

O TSE dirimiu outra dúvida: a efi-cácia da lei. E por 6 votos contra 1(Marco Aurélio de Mello foi voto ven-cido), decidiu que a regra já está va-lendo. O veto foi estendido aos con-denados em decisões colegiadas porcrimes considerados graves, com pe-nas acima de dois anos. O prazo nainelegibilidade foi aumentado de trêspara oito anos. “Não vejo como umpré-candidato possa se sentir prejudi-cado e entenda ter direito de secandidatar mesmo tendo condenaçãopor órgão colegiado”, disse o ministroAldir Passarinho. Mas, o ministroMarco Aurélio não se convenceu:“Não me impressiona a iniciativa doprojeto, o fato de 1,7 milhão de assi-naturas colhidas pelo Movimento deCombate à Corrupção Eleitoral, umainiciativa da sociedade civil para afas-tar os candidatos já condenados judi-cialmente. Não me impressiona por-que o povo se submete à Carta daRepública, a menos que o povo vire amesa e proceda à revolução, rasgan-do a Carta Magna.”

Eleições 2010: uma batalha jurídica

B

RASÍLIA – Chegar a um consensoentre o que está escrito e o que se

aplica, passa por alquimias semânticas e ob-jetivos embutidos. Nesse terreno movediço,mexe-se o princípio da não culpabilidade, aconstitucional presunção de inocência e a in-dignação diante dos corruptos que se lan-çam candidatos mesmo tendo um históricode vida lamentável.

Foi assim, também, no caso da “Lei daFicha Limpa”.

Durante a tramitação no Senado, apósaprovação pela Câmara dos Deputados, osenador Francisco Dornelles (PP-RJ) conse-

guiu produzir uma alteração no texto. Estavaescrito: seria vedado o registro das candi-daturas de políticos que tenham sido conde-nados. Foi alterado para: ...que forem con-denados.

O presidente do TRE-SP, Walter de Al-meida Guilherme, disse preferir interpretarque a modificação para “os que forem con-denados” não tenha alterado essencialmen-te o tempo verbal. Se isso tivesse acontecido,ponderou, a mudança teria que ser conside-rada tão importante que o projeto deveriaretornar à Câmara dos Deputados. O presi-dente do TRE-RJ, Nametala Machado Jor-

ge, acredita que “não houve uma modifica-ção substancial na redação”. O presidentedo TRE-MG, José Antonino Baia Borges,prevê polêmicas: “Ainda haverá discussõesacaloradas sobre a retroatividade. Na áreapenal e mesmo na cível, a lei só retroagepara beneficiar o réu. Então, mesmo que oTSE decida pela validade retroativa da lei, aocandidato cabe recorrer ao Supremo Tribu-nal Federal.” O presidente do TRE-RS, de-sembargador Luiz Felipe Difini, acha que “sea emenda for só de redação, tem que abran-ger todas as condenações já havidas”.

O presidente do Conselho Federal da Or-dem dos Advogados do Brasil, Ophir Caval-cante, só teve elogios para a lei: “O recadofoi dado pelos eleitores: basta de corrupção,de usar os mandatos como instrumento de

impunidade. É uma vitória da sociedade, umgrito de independência pela ética na políti-ca.” Mas existem juristas que estão se arti-culando para sair em defesa dos atingidospela lei, articulando o ingresso de uma açãodireta de inconstitucionalidade no STF.

Os gramáticos precisaram ser consulta-dos. Alguns interpretaram que a expressão“condenados” exerceria a função de adjeti-vo. Sendo assim, estaria incluindo todos osque estão na condição de condenados. Épossível analisar “forem” como verbo de li-gação, sem indicar ação futura, a hipótesede alguém vir a ser condenado. Desse modo,refletiria um estado ou qualidade do sujeito.Isto é: ser condenado. O filólogo EvanildoBechara, da Academia Brasileira de Letras,entende que pode haver interpretações

Questão semântica

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21JULHO DE 2010 TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO

DIREITO ELEITORAL

RASÍLIA – Para decifrar o enigmaque envolve com um manto nada diá-

fano o projeto de lei originalmente apoiadona Câmara, só existe uma explicação lógica:o Senado mudou para pior o texto que haviarecebido através do Projeto de Lei 135/2010, concebido para quando outubro vier.O que era rígido tornou-se amigável, graçasa estratégica e providencial emenda. Prag-maticamente, este será o punctum saliensdas futuras discussões, que deverão sermais gramaticais do que jurídicas.

Pode acontecer de se escrever mal emredação de lei, como no esdrúxulo caso danova lei para crimes sexuais, promulgadaem agosto do ano passado, que manteve eagravou o conteúdo do artigo 213 do Códi-go Penal, que prevê o crime de estupro, es-tendendo o ato libidinoso como constrangi-mento. Ao mesmo tempo, o texto suprimiu oartigo 214, que configurava o atentado vio-lento ao pudor. Resultado: os estupradoresganharam súbito benefício, com penas redu-zidas, conforme casos concretos já consta-tados em cinco Cortes estaduais.

Enquanto isso, a opinião pública tem fei-to eco no sentido de o dinheiro público des-viado pelos corruptos retornar ao Erário.Existe, no Ministério da Justiça, uma es-

tratégia para isso, abrangendo o combate à la-vagem de dinheiro, criando-se inclusive o Depar-tamento de Recuperação de Ativos e Coopera-ção Jurídica Internacional (Drci). Mas, essa co-operação internacional esbarra num obstáculo: afalta de condenações judiciais, embora já exis-tam acordos com mais de cem países, assinadose negociados. O Drci tem informações e docu-mentos indicando que existem por volta deUS$ 3 bilhões bloqueados que ainda não retor-naram ao Tesouro do Brasil.

Também foi organizada a Estratégia Na-cional de Combate à Corrupção e Lavagemde Dinheiro (Enccla). Há cinco anos é estu-dada a possibilidade de réus nesse tipo decasos perderem os bens mesmo antes deuma condenação. Um projeto de lei sobreisso já foi elaborado, mas os indícios são deque será difícil conseguir aprová-lo, emboraexistam exemplos legais desse tipo nos Es-tados Unidos, Peru, Colômbia e México.

Segundo o diretor interino do Departa-mento de Recuperação de Ativos, BoniMoraes Soares, “há muito mais dinheirodesviado do País e mantido lá fora, masque não é descoberto porque as autorida-des não investigam a lavagem de dinhei-ro”. Ou seja: os corruptos brasileiros tam-bém sabem lavar mais branco. (PS).B

diversas, principalmente porque, anali-sa, a expressão “os que forem condenados”abrange os que vierem a ser condenados etodos os que estão na condição de condena-dos. “Creio que essa segunda interpretaçãoé a mais próxima do espírito inicial do pro-jeto pensado pela sociedade.” Também háquem pense que “tenham sido condenados”é pretérito perfeito do subjuntivo e “foremcondenados” futuro do subjuntivo.

Nessa discussão sobre o idioma, escapa ainterpretação de que tudo teria sido cuidado-samente planejado. Se o futuro não pode seconfundir com passado, e nisso a concordân-cia é obrigatória, a aprovação poderia camu-flar o significado de aprovar a lei, de um lado,assim satisfazendo o clamor da opinião públi-ca, e, em outra perspectiva, maquiavelica-mente beneficiando aqueles que seriam auto-maticamente atingidos pela nova lei.

A discussão chegará ao STF, que certa-mente terá que lançar mão de citações con-sistentes de consultores gramaticais paraalicerçar decisão jurídica. Políticos conheci-dos estão envolvidos diretamente na celeu-ma, como Anthony Garotinho (PP-RJ),Paulo Maluf (PP-SP), Cássio Cunha Lima(PSDB-PB), Marcelo Miranda (PMDB-TO),Jackson Lago (PDT-MA) e Expedito Junior(PR-RO). Em tese, tudo dependendo de in-terpretações jurídicas até sobre decisão co-legiada, os seis correm risco de ter proble-mas com suas candidaturas. Maluf, porém,afirmou que possui “a ficha mais limpa doBrasil”. A frase está apoiada num embargode declaração, através do qual pediu escla-recimentos para uma decisão transitada emjulgado pelo TJ-SP. A defesa de Paulo Ma-luf tentará encontrar uma brecha na “Lei

da Ficha Limpa”, quando prevê que ato deimprobidade administrativa seja praticadode forma “dolosa” tendo como consequên-cia lesão ao patrimônio público e enriqueci-mento ilícito. Segundo a defesa, se algumacoisa aconteceu foi involuntária, e tão poucoteria provocado enriquecimento ilegal. Malufinsiste: “Sou elegível, candidato a deputadofederal e não tenho nenhuma condenação.”

O próprio STF fica incomodado com ofato de ter em seus arquivos um sem númerode processos contra políticos que não sãojulgados. Isso quer dizer: se outro tribunalnão julgar vários deles até as próximas elei-ções, os acusados passarão incólumes pela“Lei da Ficha Limpa”. Os exemplos são múl-tiplos: o deputado federal Jader Barbalho(PMDB-PA) é personagem principal emcinco inquéritos (o primeiro foi iniciado em1997) e cinco ações penais (a mais antigacomeçou em 2003), onde estão incluídoscasos de acusações em torno de formação dequadrilha, desvio de dinheiro público, falsi-dade ideológica e peculato.

A situação do deputado Neudo Campos(P-RR) é parecida: nada de condenação,apesar de dez ações penais e 11 inquéri-tos, que começaram em 2007, onde é alvode apurações sobre formação de quadrilha,peculato e fraude em licitação e compra devotos. O balanço dessa situação na maisalta Corte de Justiça do País é significati-vo: desde que a Constituição de 1988 foipromulgada, apenas duas autoridades fo-ram julgadas e condenadas.

Os políticos passaram quase quatro déca-das (exatos 36 anos), sem receberem ne-nhum tipo de condenação, ou seja, de 1974a 2010.(PSPSPSPSPS).

Mudança para piorB

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22 TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO JULHO DE 2010

Antonio PenteadoMendonça*

SEGUROS

arbitragem tem sidocada vez mais apon-tada como uma efici-ente alternativa paraa solução de confli-tos fora do Poder Ju-

diciário. Ainda incipiente no Brasil, averdade é que, na maioria dos outrospaíses, a arbitragem também não temuma evolução explosiva, nem servepara a solução de qualquer tipo de con-flito. Ao contrário, a eficaz utilizaçãodesta ferramenta implica em que a di-vergência se enquadre num desenhobastante estreito, sem o qual a sua apli-cação, inclusive por delimitação legal,fica prejudicada.

É necessário se ter claro que a arbi-tragem é cara. Vale dizer, o processoarbitral tem um custo elevado e, portan-to, insuportável, se aplicado em casosde pequeno ou mesmo médio valor.

Por suas peculiaridades, com des-taque para a rapidez e para a confi-dencialidade, a arbitragem pode seruma ferramenta interessante para diri-mir uma série de situações que afetemrelações baseadas em contratos deseguros e resseguros.

Em processos em que são partes se-guradoras, resseguradoras, seguradose corretores de seguros, o procedimen-to arbitral, dependendo do tipo de de-savença, apresenta vantagens eviden-tes sobre a solução judicial. Em se tra-tando de pagamento de indenização desinistro, onde a rapidez é fundamentalpara que o segurado tenha suas per-das minimizadas, a arbitragem surgeinquestionavelmente como a melhorsolução, desde que as partes tenhamconvencionado pela sua adoção e osvalores envolvidos justifiquem os al-tos custos do procedimento.

Também em relações envolvendoseguradores e resseguradores, pelaobrigação de confidencialidade ineren-te a ela, a arbitragem surge como so-lução natural para minimizar o stressdecorrente de divergências operacio-nais ou interpretações contratuais.

Mas será que a arbitragem podeobrigar uma seguradora ou ressegura-dora quando o processo envolve osegurado e terceiro? Em princípio, não.Se a seguradora ou a resseguradoranão é parte direta no processo, ou nãoaceita livremente integrar um dos pó-los do procedimento arbitral, a próprialei de arbitragem impede que elas se-jam chamadas para integrar o procedi-mento, seja lá a que título for.

A regra não tem nenhuma novidade ese aplica a todas as relações semelhan-tes, já que ninguém pode ser obrigado a

Arbitragemfazer ou deixar de fazer senão em virtudede lei, e é o texto legal quem determinaque terceiros não podem ser afetadospelas decisões arbitrais envolvendo re-lações diretas nas quais não são parte.

Se uma seguradora se recusa a par-ticipar de um procedimento arbitral en-volvendo seu segurado e um terceiro,ainda que o processo tendo como obje-tivo dirimir questão relacionada a um si-nistro eventualmente coberto por apóli-ce de seguro emitida por ela, a sentençaarbitral não terá eficácia contra a segu-radora, mas apenas contra os demandan-tes diretamente envolvidos.

Neste caso, para acionar a segurado-ra, o segurado terá que mover ou outroprocedimento arbitral, desde que previs-to no contrato, ou ação judicial específi-ca, exigindo da seguradora o cumprimentode sua obrigação de indenizar.

Mas existe um tipo de seguro em queesta regra não prevalece. Nos segurosde garantia de obrigação contratual, casohaja no contrato principal cláusula arbi-tral, a seguradora não pode alegar nãoser parte diretamente envolvida para nãoparticipar da arbitragem que venha a serinstaurada pelo segurado e pelo toma-dor/garantido.

O seguro de obrigação contratual éum contrato acessório que acompanhaintegralmente todos os termos do con-trato principal, garantindo integralmen-te as obrigações assumidas pelo ga-rantido pelo seguro.

Na medida em que o contrato principalcontém cláusula arbitral para a solução deconflitos decorrentes da prestação devi-da pelo contratado, que no caso é o ga-rantido pelo seguro, a seguradora, justa-mente pelo seu contrato ser um contratoumbilicalmente vinculado ao contrato prin-cipal, não pode se furtar a integrar o pro-cedimento, atuando como garantidora obri-gatoriamente vinculada ao garantido pelasua apólice, em favor do segurado, que éo contratante da obrigação.

Sendo o seguro de obrigação contra-tual um seguro praticamente impossívelde ser cancelado, exceto se ocorreremsituações expressamente previstas naapólice, justamente para garantir ao con-tratante o recebimento integral da obri-gação garantida, estando determinadoque as divergências devem ser subme-tidas ao procedimento arbitral, a segu-radora, ainda que se recusando a inte-grar o processo, poderá ser executadacom base na decisão arbitral que con-denar seu garantido.B

*Advogado, sócio de Penteado Mendonça Ad-vocacia, professor da FIA-FEA/USP e do PEC daFundação Getúlio Vargas.

Apresidente do STJ, ministroCesar Asfor Rocha, negou pro-

vimento ao recurso do Estado daBahia, que visava suspender liminarpermitindo a inclusão de uma criançacomo beneficiária do plano de saúdePlanserv, do qual o avô, detentor daguarda judicial da menor, é segura-do. O ministro rejeitou, por falta decomprovação, as alegações de “efei-to multiplicador e lesão irreparável àordem e economia públicas”.

O juiz de Conceição da Feira (BA)

Menor tem direitoa plano do avô

concedeu tutela antecipada ao avôda criança, que pedia a inclusão damenor no plano de saúde. O Estadopediu suspensão da liminar, o quefoi negado pelo TJ-BA. No recursoao STJ, o Estado alegou, entre ou-tras coisas, não se tratar de inte-resse financeiro e secundário, masda sobrevivência de um regime uni-versal solidário que tem de ser co-locado à disposição dos servidores.Os argumentos foram rechaçados.(SLS 1202).B

O

Terceira Turma do STJ cancelou amulta superior a R$ 180 milhões

imposta pelo TJ-SP à Associação de Inves-timento Social (Golden Cross AssistênciaInternacional de Saúde), decorrente dodescumprimento de decisão judicial. Os mi-nistros acompanharam o voto da relatora,ministra Nancy Andrighi, que considerou im-possível o cumprimento da sentença.

O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumi-dor (Idec) ajuizou ação contra a empresa. Em2000 a Justiça paulista considerou ilegal os au-mentos promovidos pela Golden Cross, entre1990 e 1991, para associados do plano “PAE”.O TJ-SP proibiu novos reajustes e determinou adevolução das parcelas cobradas indevidamente.Exigiu, ainda, a apresentação de relatórios, pla-nilhas e cópias de boletos de pagamento, sob

Anulada multa milionáriapena de multa diária de R$ 50 mil. A empresaforneceu alguns documentos e afirmou nãopoder demonstrar os reajustes mensais doplano do PAE no período anterior a 1996,pois os documentos haviam sido destruídos.Além disso, alegou que guardá-los por maisde quatro anos seria inviável. O TJ-SP mante-ve a multa alegando que os documentos apre-sentados não atingiram a finalidade esperadae que a empresa deveria ter maior preocupa-ção em mantê-los.

De acordo com a relatora, o caso de-monstra descompasso entre a possibilidadejurídica de exigência de determinada presta-ção (apresentação dos documentos) e a pos-sibilidade de fazê-lo, pois nenhuma multa écapaz de coagir a ré a apresentar o que nãoexiste mais. (RESP 743185).B

A

Cancelamento gera indenizaçãoSegunda Turma do TST manteve de-cisão do TRT-1 (RJ) favorável à

uma ex-empregada de uma loja de conve-niência que funcionava em um posto de ga-solina Esso, do Rio de Janeiro. A JustiçaTrabalhista carioca condenou solidariamen-te as duas empresas, obrigando-as a resta-belecer o plano de saúde (cancelado quan-do a empregada estava de licença médica) ea pagar indenização de setenta salários mí-nimos por dano moral.

O TRT-1 entendeu que o cancelamento

do plano de saúde não poderia ter aconteci-do durante o período de suspensão do con-trato de trabalho, já que a empregada en-contrava-se sob licença, em tratamento fisi-oterápico e com cirurgia marcada. O tribunalcondenou a loja e a Esso Brasileira de Petró-leo Ltda., por considerar que a questão esta-va relacionada a um único estabelecimento,já que o comércio funcionava nas instalaçõesdo posto de combustível. As empresas recor-reram ao TST, sem sucesso. (AIRR-45940-49.2006.5.01.0058).B

A

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23JULHO DE 2010 TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO

TRABALHO

Seção I, Especializa-da em Dissídios Indi-viduais, entendeunão ter havido pres-crição no processotrabalhista movido

por uma ex-exilada política contra aFundação Padre Anchieta, CentroPaulista de Rádio e TV Educativa. Osministros não julgaram o mérito dopedido de indenização, limitando-se àanálise da prescrição.

A trabalhadora, contratada comoassistente de produção da “TV Cultu-ra”, juntou-se a um movimento políti-co de esquerda e foi exilada no finaldos anos 60. Com a Lei da Anistia em1979, voltou ao Brasil e solicitou rein-tegração ao emprego, o que foi nega-do, em 1980, pela Fundação PadreAnchieta. Em 1984, a ex-funcionáriaajuizou ação de reintegração na Justi-ça Civil. Os autos foram enviados àJustiça Trabalhista, e depois de váriosrecursos, o processo chegou ao TST.

A relatora, ministra Maria CristinaPeduzzi (voto vencido), foi a favor doembargo da Fundação Padre Anchieta,por entender ter havido prescrição epor a trabalhadora ter ajuizado açãosomente quatro anos depois de negadaa reintegração, dois a mais que o de-terminado pela CLT. O ministro Horáciode Senna Pires divergiu defendendoque, mesmo tendo contrato sob o regi-me celetista, a trabalhadora é conside-rada servidora pública estadual da fun-dação. De acordo com o ministro, foinessa condição que a ex-funcionáriaprocurou a Justiça comum, tornandoaplicável a prescrição de 20 anos, con-forme o CC vigente na época. A maioriavotou favorável à trabalhadora. O jul-gamento foi suspenso para que arelatora analise o mérito do recurso.(RR-435700-83.1998-5.02.5555).B

Não-prescrição em ação de ex-exilada

A

Sexta Turma do TST negou provi-mento a recurso de um ex-funcioná-

rio da Volkswagen do Brasil, com pedido deindenização por gastos decorrentes da con-tratação de um advogado. O TRT-2 (SP) jáhavia reformado o entendimento da primeirainstância (favorável ao ressarcimento), porentender tratar-se de disfarce para a conde-nação da Volkswagen ao pagamento de ho-norários advocatícios. O TRT entendeu que ojuízo não pode condenar a empresa ao paga-mento sob o disfarce de indenização por per-das e danos, e que a contratação de um advo-gado particular é opção do trabalhador. O ex-empregado recorreu ao TST, sem sucesso.(RR-167500-43.2007.5.02.0462).B

Sem direito à indenização

A

InternetDano moral I

A escola Vieira e Silva de InformáticaLtda., de Belo Horizonte (MG), pertencente àrede S.O.S Computadores, foi condenada apagar indenização por dano moral de R$ 2 mila um professor que teve o nome inserido na“lista verde” do site da rede de ensino, cominformações desqualificando-o profissional-mente. O funcionário, admitido em 2003 e dis-pensado sem justa causa em 2004, reivindicouo recebimento das verbas trabalhistas, e deindenização, concedida pela 3ª Vara do Traba-lho de Belo Horizonte (MG). A empresa ape-lou ao TRT, sem sucesso. O mesmo ocorreu noTST. (RR-99/2005-003-03-00.5)

Equiparação salarialO Hospital e Pronto Socorro Comunitário

de Vila Iolanda foi isento de pagar a dife-rença relativa à equiparação salarial conce-dida em primeira instância e mantida peloTRT-2 (SP), a uma auxiliar de enfermagemque afirmava ter exercido a função de en-fermeira, entre 1990 e 1997. De acordocom a Primeira Turma, fica “afastada a iso-nomia entre o técnico e o auxiliar de enfer-magem”, por serem atividades que exigemcurso técnico-profissional. Da mesma forma,entre auxiliar de enfermagem e enfermeiro,

AcidenteA Volkswagen terá de pagar indeniza-

ção de R$ 60 mil a um ex-funcionárioque em decorrência de uma queda sofri-da na fábrica de Taubaté (SP) fraturou ofêmur e, após várias cirurgias, ficou commobilidade reduzida. A decisão é da Ter-ceira Turma do TST ao manter condena-ção do TRT-15 (Campinas-SP), que cons-tatou negligência da empresa. Segundo otribunal, ela deveria ter fornecido umaescada ao empregado, evitando que eleempilhasse caixas, por onde subia e des-cia várias vezes a fim de retirar peças es-tocadas de um local elevado. (RR 179/2006-119-15-00.0)

para o qual a lei exige curso superior. (RR –74387/2003-900-02-00.4)

Contribuição sindicalA contribuição sindical paga por emprega-

dos de cooperativas de crédito deve ser desti-nada ao sindicato dos bancários. O entendi-mento é da Segunda Turma do TST, ao consi-derar que a categoria não possui uma entida-de específica que a represente. A decisãoatende ao recurso do sindicato contra acórdãodo TRT-12 (SC), que havia negado o pedidopara equiparar as atividades da cooperativa àinstituição financeira bancária e também deser o destinatário dos valores recolhidos. (RR– 1939/2006-051-12-40.7)

Insalubridade IA Oitava Turma do TST reformou decisão do

TRT-9 (PR) que concedeu adicional de insalu-bridade em grau médio (20%) a um ex-empre-gado da Denorpi Distribuidora de Insumos Agrí-colas Ltda., do Paraná, por entender que ocontato dele com elementos nocivos à saúde,como insumos, sementes e adubos, era eventuale não constante, segundo alegou. A defesa daempresa sustentou que os produtos não são co-mercializados à granel e que as embalagens sãolacradas. (RR 470/2003-017-09-00.7).B

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24 TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO JULHO DE 2010

TRABALHO

Banco condenado por assédio sexual

Oitava Turma do TSTcondenou a OnspredServiço de Guarda eVigilância Ltda. e oBanco do Brasil, comoresponsável subsidiá-

rio, a pagar indenização de R$ 50 milpor danos morais à uma funcionáriaterceirizada, em função do assédio se-xual praticado por um gerente do ban-co. A sentença é considerada inéditaporque, pela primeira vez, a questão éjulgada no TST.

A funcionária da Onspred alegou tersido assediada diversas vezes pelogerente de uma das agências ondetrabalhava. Relatou o fato ao fiscal efoi orientada a fazer um relatório sobrea ocorrência e que o BB limitou-se atransferir o gerente para outra agên-cia. A funcionária terceirizada ajuizou

Punição atinge tambémPunição atinge tambémPunição atinge tambémPunição atinge tambémPunição atinge tambémempresa terceirizadaempresa terceirizadaempresa terceirizadaempresa terceirizadaempresa terceirizada

ação pedindo reparação pelo dano so-frido e acabou sendo demitida. A Varado Trabalho condenou a empregadora eo BB, de forma subsidiária, a pagar in-denização de R$ 50 mil por danos mo-rais. Ambos recorreram. O TRT-12 (SC)havia revertido a decisão, o que moti-vou o recurso da trabalhadora ao TST.

A ministra e relatora, Dora Mariada Costa, explicou que os fatosapresentados foram suficientes paraconfiguração de assédio sexual. Aministra ressaltou que a prestadorade serviços não poderia se restrin-gir a pedir um relatório, sem tomarmedidas para preservação da hon-ra, da intimidade e da imagem dafuncionária. E que o BB teve umaconduta reprovável porque, cientedos acontecimentos, pôs-se a “res-guardar a instituição bancária, semprocurar extirpar o mal”, não pro-movendo a integridade moral e éti-ca no ambiente de trabalho. (RR-1900-69.2005.5.12.006).B

ATempo de serviço

A Fundação Casa (antiga Febem-SP)terá de pagar adicional por tempo de servi-ço a um agente de apoio técnico contratadosob regime de CLT após aprovação em con-curso em 2000. Ele alegou na Justiça doTrabalho que a autarquia nunca pagou o adi-cional por quinquênio. O TRT-15 (Campinas-SP) concedeu o benefício. (RR – 1037/2007-103-15-00.5)

Justa causaEmpregado de empresa pública ou de

sociedade de economia mista pode ser dis-pensado sem justa causa, mesmo tendo sidoadmitido por concurso público. Com a deci-são, a Quinta Turma do TST reformou sen-tença do TRT-7 (CE) que havia obrigadoo Banco do Brasil a readmitir um empre-gado celetista, demitido sem justa causaapós adquirir síndrome do pânico em de-corrência de um sequestro. Os ladrões fi-zeram a família do bancário refém, e oobrigaram a abrir a agência, de onde leva-ram R$ 145 mil. O assalto ocorreu emAquiraz (CE) em 1999. (RR 1500/2001-004-07-00.5)

Diferença salarialA União deve pagar R$ 387.885.222,74

(atualizados até 31/12/2006) a um grupode 6.399 funcionários do extinto InstitutoNacional de Assistência Médica e Previdên-cia Social (Inamps) em função de um pro-cesso movido pelo sindicato da categoria quereivindica, há 20 anos, diferenças salariaisdo plano de cargos e salários. A decisão é daQuarta Turma do TST, que negou provimentoao agravo da União tentando rediscutir ovalor a ser pago. A condenação já havia sidoimposta pela Justiça trabalhista de Pernam-buco. A maioria dos trabalhadores está apo-sentada, com mais de 65 anos. Cada um re-ceberá, em média, R$ 60 mil. (AIRR –1562/1989-005-06-40.6)

Horas extrasA Primeira Turma do TST acatou re-

curso da Zero Hora Editora JornalísticaS.A. e eximiu-a do pagamento de horas ex-tras a um editor, que após seis anos nocargo, pediu demissão e requereu na Jus-tiça trabalhista o recebimento das horasexcedentes às cinco diárias. Os ministrosentenderam que a jornada prevista em leinão se aplica à função de editor, configu-rada como “cargo de confiança”. (RR-138/2003-002-12-00.4)

Dano moral IIA Segunda Turma do TST negou recur-

so do Carrefour e manteve sentença de-terminando o pagamento de indenização deR$ 3 mil por dano moral a um padeiro, queao retornar ao trabalho, após licença médi-ca, foi escalado para trabalhar na salsi-charia. O funcionário, diante da recusa, foisuspenso dois dias consecutivos. Recorreuà Justiça do Trabalho pleiteando a resci-são contratual indireta e reivindicando,entre outras verbas, horas extras e inde-nização por dano moral de R$ 20 mil, quefoi reduzida pela 35ª Vara do Trabalho deBelo Horizonte; mantida pelo TRT-3(MG) e pelo TST. (AIRR 191/2008-114-03-40.4).B

Insalubridade IIA constatação da insalubridade por

meio de laudo pericial não é suficientepara que o empregado tenha direito aoadicional. É preciso que a atividade este-ja classificada entre as insalubres peloMinistério do Trabalho. O entendimentoé da Segunda Turma do TST, ao refor-mar decisão do TRT-4 (RS), que haviaconcedido o adicional a uma ex-operado-ra de telemarketing da Atende Bem So-luções de Atendimento, Informação, Co-municação e Informática Ltda.. De acor-do com o TRT, a atividade não se enqua-dra na NR-15 do Ministério do Traba-lho. (RR 774/2006-304-04-00.2)

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25JULHO DE 2010 TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO

LAZER

GLADSTON MAMEDE*

*Advogado em Belo Horizonte (MG)[email protected]

DICADICADICADICADICA::::: os vinhos brasileiros deos vinhos brasileiros deos vinhos brasileiros deos vinhos brasileiros deos vinhos brasileiros deuva uva uva uva uva merlotmerlotmerlotmerlotmerlot estão se destacando estão se destacando estão se destacando estão se destacando estão se destacandomais que os mais que os mais que os mais que os mais que os cabernet sauvignoncabernet sauvignoncabernet sauvignoncabernet sauvignoncabernet sauvignon.....Isso se deve ao tempo de matura-Isso se deve ao tempo de matura-Isso se deve ao tempo de matura-Isso se deve ao tempo de matura-Isso se deve ao tempo de matura-ção das uvas. A ção das uvas. A ção das uvas. A ção das uvas. A ção das uvas. A merlot merlot merlot merlot merlot é colhidaé colhidaé colhidaé colhidaé colhidaantes e não é afetada pelas chu-antes e não é afetada pelas chu-antes e não é afetada pelas chu-antes e não é afetada pelas chu-antes e não é afetada pelas chu-vasvasvasvasvas ao contrário ao contrário ao contrário ao contrário ao contrário dadadadada cabernetcabernetcabernetcabernetcabernetsauvignonsauvignonsauvignonsauvignonsauvignon .....

LITERATURA

VALE A PENA

s vinhos rosados têm umagrande legião de admi-radores. Ideais paraacompanhar carpaccio,são uma boa variaçãopara saladas leves, car-

nes brancas e rosadas (porco, por exem-plo) e frutos do mar.

Casa Marguery, malbec,2007, 14,6% de álcool,Mendoza, Argentina (R$28,00). Cereja claro, chei-rando a groselhas e mo-rangos maduros, com mel

em segundo plano. Corpo médio, cre-moso, com estrutura incomum para umvinho rosado deste preço. Lembra ce-reja e alcaçuz. Bom retrogosto. Vendi-do pela Vínea ([email protected])

Villa Francioni, 2007, 13,4% de ál-cool, São Joaquim, Santa Catari-na, Brasil (R$ 54,00). São Joaquimé a nova fronteira da produção vi-nícola de qualidade no País, en-ciumando os gaúchos. Este vinhoé um bom exemplo da qualidade.Produzido com uvas cabernet sau-

vignon, pinot noir, malbec e merlot, temcor salmão escuro, com aromas floraise minerais. Corpo médio, bem herbá-ceo e ácido, percebendo-se cereja, pi-menta biquinho e maçã verde. Temsabor aprazível, incomum, complexo ecom boa estrutura. Boa persistênciafinal. Vendido pela World Wine ([email protected])

Vinha da Defesa, 2007, 13% deálcool, Alentejo, Portugal (R$65,00). Granada claro, cristalino,cheira a aniz e mentol, perceben-do uma groselha discreta no se-gundo plano. Corpo ligeiro, jovi-al e refrescante, com sabor de

balas de cereja e ervas. Ótimo finalde boca. Vendido pela Qualimpor([email protected]).

La vie en roseChateau Carignan, 2006, 13% deálcool, Bordeaux, França (R$80,00). Produzido com uvas ca-bernet sauvignon (25%) e merlot(75%), tem a cor cobre, translúci-do e cristalino, com o bouquet“fechado”, no qual se percebemdiscretas notas de pêssego e maçã.

Corpo médio, macio, cremoso e elegan-te, lembrando cerejas. Merece ser ser-vido mais próximo dos 9º C para quesuas qualidades sejam percebidas. Fi-nal de boca curto. Vendido pela WorldWine ([email protected])

Para acompanhar, uma combinaçãobem curiosa. A Casa de Madureira, doVale dos Vinhedos (RS), vende emtodo o Brasil uma geléia extra de mo-rango com pimenta que combina como eisbein (joelho de porco defumado),que pode ser adquirido em casas es-pecializadas, e cujo preparo é simples:basta levar ao forno até dourar. Facil-mente se transforma a geléia nummolho: basta diluir num pouco d’águae levar ao fogo até alcançar a consis-tência desejada.B

OGladston Mamede

Stanley Martins Frasão, Stanley Martins Frasão, Stanley Martins Frasão, Stanley Martins Frasão, Stanley Martins Frasão, advogadoem Belo Horizonte ([email protected])

Andorra é um principado nos Piri-neus, entre a Espanha e França, com-partilhado por ambos, banhada pelo rioValira, que deve ser visitado por quemgosta de esquiar ( www.skiandorra.ad)e aproveitar para fazer umas compras;lá os itens internacionais gozam deisenção de impostos. São 464 quilô-metros quadrados de muita montanha.A população, segundo um taxista medisse, é de aproximadamente 70.000habitantes. Andorra la Vella é a capi-tal catalã do principado. Algumas di-cas: A Borda Estevet, La Comelia, 2AD 500, que serve uma carne que éfinalizada em uma pedra vulcânica,excelente! Vinho, Roda, Reserva2005, que recomendo. Outra bordaque indico é a Pairal, Doctor Villano-va, 7. Sugestão: Filé acompanhadocom arroz da montanha. Muito bom! Orestaurante Don Denis, Carrer IsabelSandy, 3, telefones 820.6920 e 823.742,é outra boa opção. Visite o Buda Bar.Lugar bacana!

Andorra tem muitos hotéis. O HotelCrowne Plaza tem quartos grandes eatendimento ótimo. E é bom lembrar,viajar é conhecer, divertir e adquirir.B

O Advogado dosEsc ravo s—Lu izGama, Nelson Câ-mara, Editora Let-te-ra.doc — O livromostra a trajetóriade Luiz GonzagaPinto da Gama (1830-1882), revelandoaspectos centraisde sua vida e obra.Luiz Gama nasceuem Salvador, Ba-hia, filho de um fi-dalgo português e uma negra escrava liber-ta. Foi vendido pelo próprio pai quando tinha10 anos. Liberto aos 17, era autodidata, es-tudando Direito e exercendo a Advocacia,mesmo sem diploma de bacharel. Ativistapolítico, poeta e jornalista, tornou-se advo-gado dos negros cativos. Advogando de gra-ça, conseguiu libertar mais de 500 escravospela via judicial, com base nas leis em vigor

no Império. A obra traz documentação iné-dita, fruto de ampla pesquisa realizada noacervo histórico do Tribunal de Justiça doEstado de São Paulo. Algumas das peçassão reproduzidas ou transcritas, com co-mentários jurídicos do autor, advogado tra-balhista há mais de 40 anos, sempre atuan-do na defesa dos trabalhadores dos setorespúblico e privado. O prefácio é do juristaMiguel Reale Júnior. Segundo ele, “o maiscurioso e historicamente fundamental” con-siste na transcrição de dezenas de petições eprocessos nos quais se verificam a sabedoriae a versatilidade de quem advogava em favordos desvalidos contra o peso dos interesseseconômicos e contra o preconceito de muitosjuízes formados na mentalidade escravagista.“O livro de Nelson Câmara traz o travo amar-go da memória de nossa terra injusta, mas aomesmo tempo reconforta pelo exemplo edifi-cante do biografado, cujas petições podem serlidas para auferir ânimo na luta contra todas asinjustiças que ainda nos assolam.”B

Internet

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26 TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO JULHO DE 2010

LAZER

TURISMOTURISMO ROTEIROS E INDICAÇÕES DE MARIA MAZZA

as férias uma boa opçãoé conhecer Saint Lucia,na Ilhas Windward, noCaribe, a aproximada-mente 33 quilômetrosde Martinica e a 145

quilômetros de Barbados. A capital é Cas-tries,com 50mil habitantes, que apesar de tersofrido quatro grandes incêndios, ainda con-serva grande número de casas de madeira,com balcões elegantes. É um local praticamen-te desconhecido dos brasileiros. São 616 qui-lômetros quadrados que combinam montanhas,bosques, planícies, praias e vulcões. Os cartõespostais são dois vulcões: Gros Piton (797 me-tros) e Petit Piton (750 metros).

A ilha tem excelentes hotéis e resorts emuita diversão noturna. O ponto alto da ilha,contudo, são as praias, não para banhos demar e sol, mas para mergulhos. Além do mun-do submarino, vale a pena conhecer em AnseChastanet, o forte Charlote (de 1764), emMorne, e o Parque Nacional de Pigeon Island,os picos Píton s (“Pequeno”, de 916 metros,e “Grosso”, de 861 metros); em Rodney Bay,uma lagoa artificial, os destaques são as lojascomerciais e as plantações de banana. Vale apena ver ainda as praias de Jalousie Bay, AnseCochon (de areias pretas), La Toc Bay (estade areias cinzas) e Reduuit,entre Choc Bay ePigeon Point, isso além dos mananciais deáguas sulfúricas. O aeroporto (internacional deHewanorra) fica em Vieux, segunda cidademais importante da ilha.

A desconhecida Saint Lucia, no CaribeN

RoteiroO “pacote” inclui passagem aérea em

classe econômica, seis noites de hospedagemnos Resorts Sandals, com sistema Ultra AllInclusive (que contempla até mergulho),traslados e cartão de assistência, que podeincluir restaurantes, bebidas, equipamentosde mergulho, barco, veleiros, caiaques e es-quis. O preço por pessoa somente para hos-pedagem é de US$ 3,976.00 mais taxas.Informações com a ADV Operadora , telefo-ne (0xx11) 2167-9633. O idioma oficial é oInglês e os turistas brasileiros não necessi-tam de visto.A moeda local é o dólar caribe-nho oriental.B

uem estiver interessado em um ho-tel com serviço diferente nestas fé-

rias de julho, a “dica” é o Hotel BoutiqueQuinta das Videiras, casarão do século19, pequeno, bonito e charmoso, no cora-ção do centrinho da Lagoa da Conceição,em Florianópolis, a 15 quilômetros do ae-roporto Hercílio Luz. Os 11 onze aparta-mentos, projetados de forma individualpara oferecer o máximo de conforto e bemestar, tem decoração sóbria e elegante, ali-ado às facilidades da tecnologia: cama boxcom molas individuais e pilow top visco-elástico, lençóis em algodão egípcio, traves-seiros pluma de ganso, TV LCD, ar condici-onado split, internet Wi fi, TV a cabo, cofreeletrônico, mini-bar e secador de cabelo.

O café da manhã é servido no quarto,com hora marcada, em louças de porcela-na azul português. O serviço é diferencia-do, com profissionais qualificados. O HotelButique Quinta das Videiras está a duasquadras do atraente boulevard, com inú-meros cafezinhos, bares, lojas e restauran-tes que fazem da Lagoa o lugar preferidopor milhares de brasileiros e estrangei-ros. Não é permitida a hospedagem paramenores de 16 anos, e não aceita animaisde estimação.O custo de uma suíte luxopara duas pessoas é de R$ 490,00,mais as taxas. Reservas pelo telefone(0xx48)3232-3005.B

Hotel BoutiqueQuinta das Videiras

Q

Divulgação

Divulgação

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27JULHO DE 2010 TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO

LAZER

PAULO BOMFIM

POESIAS

C R U Z A D A S

M. AMY

À MARGEM DA LEI

C om olhar soleneAdentrou minha sala, do modesto

escritório, Que tinha minha banca Com minha esposa Rita, também

advogada. Com um sorriso a recebi, pondo-a

à vontade.

Ofereceu-me o curriculum vitae, Izilda é seu nome. Era estudante do 4° ano de Direito

da Faculdade Integradade Guarulhos.

Secretária do Mappin há 10 anos,com salário razoável.

Percival Mayorga(Advogado)

A estagiária Esclareci que o salário da estagiária

era modesto, ou seja, o mínimovigente.

Prontamente aceitou.

Em meu escritório ficou, E hoje, 20 anos após, é nossa sócia. Profissional dedicada De notável saber jurídico.

Nossas homenagens aos valorososestagiários,

Tão necessários, tão mal tratados,tão desprezados,

Que nem dia tem para comemorar, No rol das efemérides.B

1

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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11HorizontaisHorizontaisHorizontaisHorizontaisHorizontais

1 – Na linguagem jurídi-1 – Na linguagem jurídi-1 – Na linguagem jurídi-1 – Na linguagem jurídi-1 – Na linguagem jurídi-ca, corrupção ou humilhação.ca, corrupção ou humilhação.ca, corrupção ou humilhação.ca, corrupção ou humilhação.ca, corrupção ou humilhação.

2 – (Dir.2 – (Dir.2 – (Dir.2 – (Dir.2 – (Dir. Adm.) Ato ad-Adm.) Ato ad-Adm.) Ato ad-Adm.) Ato ad-Adm.) Ato ad-ministrativo que torna pú-ministrativo que torna pú-ministrativo que torna pú-ministrativo que torna pú-ministrativo que torna pú-blico um certo fato ou or-blico um certo fato ou or-blico um certo fato ou or-blico um certo fato ou or-blico um certo fato ou or-dem oficial, por meio da Im-dem oficial, por meio da Im-dem oficial, por meio da Im-dem oficial, por meio da Im-dem oficial, por meio da Im-prensa: (Dir.prensa: (Dir.prensa: (Dir.prensa: (Dir.prensa: (Dir. Civ.) ConjuntoCiv.) ConjuntoCiv.) ConjuntoCiv.) ConjuntoCiv.) Conjuntode formalidades para a rea-de formalidades para a rea-de formalidades para a rea-de formalidades para a rea-de formalidades para a rea-lização de um ato jurídico.lização de um ato jurídico.lização de um ato jurídico.lização de um ato jurídico.lização de um ato jurídico.

3 – (Dir.Civ.) Aquele3 – (Dir.Civ.) Aquele3 – (Dir.Civ.) Aquele3 – (Dir.Civ.) Aquele3 – (Dir.Civ.) Aqueleque fala duas línguas; Ber-que fala duas línguas; Ber-que fala duas línguas; Ber-que fala duas línguas; Ber-que fala duas línguas; Ber-ço de Abrahão.ço de Abrahão.ço de Abrahão.ço de Abrahão.ço de Abrahão.

4 – Feminino de “il”; (Dir.4 – Feminino de “il”; (Dir.4 – Feminino de “il”; (Dir.4 – Feminino de “il”; (Dir.4 – Feminino de “il”; (Dir. Int.Int.Int.Int.Int. Púb.) Si-Púb.) Si-Púb.) Si-Púb.) Si-Púb.) Si-gla da Organização Internacional do Traba-gla da Organização Internacional do Traba-gla da Organização Internacional do Traba-gla da Organização Internacional do Traba-gla da Organização Internacional do Traba-lho; “Mau”, em Inglês.lho; “Mau”, em Inglês.lho; “Mau”, em Inglês.lho; “Mau”, em Inglês.lho; “Mau”, em Inglês.

5 – O “sim” dos russos; (Dir.5 – O “sim” dos russos; (Dir.5 – O “sim” dos russos; (Dir.5 – O “sim” dos russos; (Dir.5 – O “sim” dos russos; (Dir. Agr.) RaçaAgr.) RaçaAgr.) RaçaAgr.) RaçaAgr.) Raçade gado zebu oriundo da de gado zebu oriundo da de gado zebu oriundo da de gado zebu oriundo da de gado zebu oriundo da ÍÍÍÍÍndia.ndia.ndia.ndia.ndia.

6 – Verbal, feito de viva voz; Sigla do Ins-6 – Verbal, feito de viva voz; Sigla do Ins-6 – Verbal, feito de viva voz; Sigla do Ins-6 – Verbal, feito de viva voz; Sigla do Ins-6 – Verbal, feito de viva voz; Sigla do Ins-tituto Nacional de Estatística; Sufixo: dimi-tituto Nacional de Estatística; Sufixo: dimi-tituto Nacional de Estatística; Sufixo: dimi-tituto Nacional de Estatística; Sufixo: dimi-tituto Nacional de Estatística; Sufixo: dimi-nutivnutivnutivnutivnutivooooo.....

7 – (Hist. do Dir.) Polícia secreta do nazismo;7 – (Hist. do Dir.) Polícia secreta do nazismo;7 – (Hist. do Dir.) Polícia secreta do nazismo;7 – (Hist. do Dir.) Polícia secreta do nazismo;7 – (Hist. do Dir.) Polícia secreta do nazismo;

8 – (Dir.Comerc.) Movimento mercantil;8 – (Dir.Comerc.) Movimento mercantil;8 – (Dir.Comerc.) Movimento mercantil;8 – (Dir.Comerc.) Movimento mercantil;8 – (Dir.Comerc.) Movimento mercantil;Semelhante ao mel, doce.Semelhante ao mel, doce.Semelhante ao mel, doce.Semelhante ao mel, doce.Semelhante ao mel, doce.

9 – (Dir.9 – (Dir.9 – (Dir.9 – (Dir.9 – (Dir. Comerc.) Livro de escrituraçãoComerc.) Livro de escrituraçãoComerc.) Livro de escrituraçãoComerc.) Livro de escrituraçãoComerc.) Livro de escrituraçãocomercial.comercial.comercial.comercial.comercial.

VerticaisVerticaisVerticaisVerticaisVerticais

1 – Na linguagem jurídica, o que se devea alguém.

2 – (Ciênc.Pol.) Vereador; Desmoronar.

3 – Armadilha; Deus egípcio.

4 – Nome tupi de “gaivota”; (Hist. doDir.) Carrasco ou verdugo.

5 – (Dir. Pen.) Prejuízo à integridade fí-sica ou moral de alguém.

6 – (Dir. Pen.) Vandalismo consistente emdespojar monumento de sua ornamentação.

7 – (Dir. Civ.) Titular do direito de uso.

8 – Calcário formado por despojos de co-rais misturado com argila; Na linguagem ju-rídica, conforme a lei, honesto.

9 – Dois em algarismos romanos; (Dir.Proc. Pen.) Abreviatura de “Boletim deOcorrência”; Sigla de Post Office Protocol.

10 – (Dir. Civ.) Pessoa versada em cálcu-los financeiros (pl.).

11 – Na linguagem jurídica, classe, hie-rarquia; Artigo para homens.B

Soluções na página 2Soluções na página 2Soluções na página 2Soluções na página 2Soluções na página 2

O juiz,a auxiliar ea almofada

m PontaG r o s s a(PR), emprocessocom vári-as partes,

diversos advogados emuitas testemunhas paraserem ouvidas, a audiência de instru-ção teve início à tarde e estendeu-seaté por volta das 21 horas. A última tes-temunha a ser ouvida era uma senhoraidosa, muito detalhista em suas expli-cações, não obstante o cansaço de to-dos os presentes. Enquanto conduziaa inquirição, vez por outra o juiz (queseria promovido a desembargador) seremexia na cadeira, demonstrando oincomodo por ficar tantas horas segui-das sentado. E ao fazer isto, geralmen-te olhava para a auxiliar de cartório quefazia às vezes de escrivã. Ditava aspalavras da testemunha, que eram ca-prichosamente datilografadas, mexia-se na cadeira e olhava para a auxiliar.Quando, finalmente, foi concluída in-quirição, o juiz solicitou o assentadopara fazer a leitura, assinando em se-

ECLAUDIMAR BARBOSA

DA SILVA*

*Extraído de www.boletimjuridico.com.br/humor

guida. Em seguida, voltou-se para aauxiliar de cartório, depois de , mais umavez, remexer-se na cadeira:

-Fulana, por favor me traga uma al-mofada.

Toda solícita, a auxiliar deixou seulugar e saiu apressada. Demorou algunsminutos e voltou sorridente, com umagrande almofada vermelha suspensa nosbraços, toda formal.

- Pronto, meritíssimo!, anunciou.O juiz olhou para ela, olhou para a

testemunha e para as partes e não podeesconder um leve sorriso ao dizer:

- Fulana, agradeço muito sua preo-cupação. Mas preciso de uma almofa-da de carimbo para a testemunha mo-lhar o polegar, pois ela é analfabeta!B

nde estais com vossosponchos,

Os fuzis sem munição,Os capacetes de aço,Os trilhos do trem

blindado,O lema de vossas vidas,A saga de vossos passos,Ó jovens de 32!Em que ossário vossa audáciaFala aos que dormem por fuga,Em que campo vossa morteClama aos que morrem em vida,Em que luta vosso lutoAmortalha os tempos novosÓ jovens de 32:Voltai daquelas trincheiras,Voltai de vosso martírio.Voltai com vossos ideais,Voltai com o sangue que destes,Voltai com os brios de julho,Voltai ao chão ocupado,Voltai à causa esquecida,

Os jovens de 32O

Voltai à terra traída,Voltai, apenas voltai,Ó jovens de 32!B

Internet

Page 40: Julho 2010 - nº 207

28 TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO JULHO DE 2010