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Jovens pós-graduandos, o desemprego e a falta de bolsas: um campo de serviços acadêmicos? Ricardo Cortez Lopes Resumo Os pós-graduandos brasileiros têm encontrado menor disponibilização de bolsas de estudo ou de concursos para professores. Uma das estratégias de sobrevivência é a criação de serviços ou assessorias de caráter acadêmico, que atuam de maneira não formalizada e que se multiplicam em redes sociais como o Facebook e demais ambientes online. Essa proliferação está dando origem a um subcampo da economia denominado como acadêmico? Pretendemos investigar esse problema a partir das disposições refletidas nas peças publicitárias, se elas confluem para o que é descrito pelo Marketing Digital, que representa as práticas mais otimizadas para se garantir a maximização dos lucros - o traço fundamental do campo econômico, segundo Bourdieu. Essas peças apresentam alguns dados interessantes, como o do contraponto aos freelancers e a reconversão do capital científico. Palavras-Chave: serviços acadêmicos; campo econômico; peças publicitárias. Introdução Muitos dados e estudos apontam que a universidade foi uma instituição de aparecimento tardio no país. Além de tardia, ela foi, durante a maior parte de sua trajetória, restrita quando se compara o percentual de seus alunos com a população total brasileira ao longo das épocas. Se seguirmos de uma perspectiva formal a lógica da oferta e da demanda, pode-se concluir que possuir um diploma universitário, diante da escassez de mão de obra qualificada, confere uma ampla vantagem competitiva no mercado de trabalho. Essa conclusão, quando cotejada com dados de outras pesquisas, apontam que isso não ocorre de fato: há um amplo desemprego entre indivíduos com alta instrução universitária e escassez de bolsas de estudo desde o corte de

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Page 1: Jovens pós-graduandos, o desemprego e a falta de bolsas ... · como uma assistência de um profissional especializado em determinada área de conhecimento (ASSESSORIA, 2017)

Jovens pós-graduandos, o desemprego e a falta de bolsas: um campo de serviços acadêmicos?

Ricardo Cortez Lopes

Resumo Os pós-graduandos brasileiros têm encontrado menor disponibilização de bolsas de estudo ou de concursos para professores. Uma das estratégias de sobrevivência é a criação de serviços ou assessorias de caráter acadêmico, que atuam de maneira não formalizada e que se multiplicam em redes sociais como o Facebook e demais ambientes online. Essa proliferação está dando origem a um subcampo da economia denominado como acadêmico? Pretendemos investigar esse problema a partir das disposições refletidas nas peças publicitárias, se elas confluem para o que é descrito pelo Marketing Digital, que representa as práticas mais otimizadas para se garantir a maximização dos lucros - o traço fundamental do campo econômico, segundo Bourdieu. Essas peças apresentam alguns dados interessantes, como o do contraponto aos freelancers e a reconversão do capital científico.

Palavras-Chave: serviços acadêmicos; campo econômico; peças publicitárias.

Introdução

Muitos dados e estudos apontam que a universidade foi uma instituição

de aparecimento tardio no país. Além de tardia, ela foi, durante a maior parte

de sua trajetória, restrita quando se compara o percentual de seus alunos com

a população total brasileira ao longo das épocas. Se seguirmos de uma

perspectiva formal a lógica da oferta e da demanda, pode-se concluir que

possuir um diploma universitário, diante da escassez de mão de obra

qualificada, confere uma ampla vantagem competitiva no mercado de trabalho.

Essa conclusão, quando cotejada com dados de outras pesquisas, apontam

que isso não ocorre de fato: há um amplo desemprego entre indivíduos com

alta instrução universitária e escassez de bolsas de estudo desde o corte de

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verba para o sistema nacional de educação. Ou seja, mesmo que a oferta seja

pequena, não parece haver uma demanda. Este quadro é particularmente

dramático para jovens, que dedicam seu tempo de vida produtivo para a

atividade e encaram um ambiente pleno incertezas futuras (SOFIATI, 2011).

Diante dessa situação, os universitários adotam algumas estratégias de

subsistência até atingir algum grau de estabilização profissional, o que é cada

vez mais rarefeito na sociedade do risco. Alguns empreendem em segmentos

não acadêmicos; outros vivem de freelancers nas suas áreas, sendo

remunerados informalmente por trabalho realizado; e há aqueles que unem

essas duas dimensões no que denominamos como empreendimentos de

serviços acadêmicos. Serviços acadêmicos são aqui definidos como aqueles

que abarcam atividades necessárias para a confecção de monografias

baseadas em pesquisas, o que inclui desde a coleta de dados, sua análise e

sua posterior publicação em algum veículo especializado.

Assim, geram-se dois tipos de negócios em torno dessa categoria

serviços acadêmicos: (a) consultorias: “de uma forma ampla, é o fornecimento

de determinada prestação de serviço, em geral por profissional qualificado e

conhecedor do tema” (CONSULTORIA, 2009); e (b) assessorias: “funciona

como uma assistência de um profissional especializado em determinada área

de conhecimento (ASSESSORIA, 2017).

Podemos observar, preliminarmente, que nenhuma das definições se

encaixa exatamente com as particularidades da área de serviços acadêmicos:

a consultoria strictu sensu trabalha com diagnósticos e não com a ação

propriamente dita, assim como a assessoria implica na individualidade da

prestação de serviço, sem necessariamente a construção de uma marca.

Embora empreendimentos desse tipo sejam antigos, os dados apontam que

essa atividade foi ganhando número de empresas após a crise econômica e a

retração de investimento na área da educação .

Cumpre notar que amealhar essa categoria traz muitas complicações

teóricas. Uma delas se refere a própria dualidade produto x serviço: quando se

entrega um arquivo finalizado com uma revisão ortográfica, por exemplo, este é

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um produto ou um serviço? Ele poderia ser um produto no sentido de que está

sendo entregue algo tangível; porém, pode também ser um serviço porque o

cliente paga pela expertise de quem faz a revisão em cima de algo que já foi

feito previamente.

O nosso trajeto no texto será o de, primeiramente, apresentar o

desencaixe entre a formação do acadêmico e a criação de vagas no mercado

de trabalho atual, o que redunda na desocupação de parte do segmento social

e aumenta as chances de empreendedorismo. Após isso, vamos apresentar a

noção de campo econômico e de marketing digital: a utilização do segundo

como estratégia no primeiro pode indicar um grau de autonomia e de

investimento do campo na busca do propósito maior do próprio campo

econômico: a maximização do lucro. Nossos indicadores serão as peças

publicitárias, porque a intencionalidade de sua comunicação pode refletir o

quanto está havendo um direcionamento para fins comerciais com uma

preparação prévia para adentrar no seu espaço.

O ambiente para o pós-graduando

Alguns estudos afirmam que o ambiente para um recém-formado variou

muito nas últimas décadas: “De fato, os números que descrevem esse sistema

[superior] são impressionantes: no ano de 2002, mais de 61 mil estudantes

estavam matriculados em programas de mestrado no Brasil e outros 34.800

eram alunos de programas de doutorado” (BALBACHEVSKY, 2002: 276).

Essa expansão e incentivo ocasionaram recordes de matrículas no

ensino superior na época, de indivíduos que buscavam qualificar-se para

integrar o mercado de trabalho da maneira mais preparada possível. Todavia,

as crises econômicas sucessivas acabaram por mudar esse quadro e se tornar

um ponto de mudança:

[...] [a] crise econômica enfrentada pelo Brasil a partir de 2014, logo após a Copa do Mundo de Futebol. Em 2015 o corte no orçamento para as despesas de custeio do Ministério da Educação chegou a R$

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9,42 bilhões (de R$ 48,81 bilhões para R$ 39,38 bilhões, 19,3%), ficando apenas atrás dos contingenciamentos do Ministério das Cidades e do Ministério da Saúde. Para a Pós-Graduação esse corte foi ainda mais assustador, chegou a 75% do valor que seria repassado às universidades. Dessa forma, após um longo período de aumento na dotação orçamentária da CAPES, em 2015 houve uma queda drástica no repasse de recursos (FERNANDES, 2016: 10)

Alguns textos na internet têm apontado, de maneira não-técnica, mas

sim mais testemunhal, para a expressão “exército de Doutores

desempregados” que ou apertam seu orçamento ou logram bolsas de Pós-

Doutorado ou prestam concursos ou integram o setor de serviços

(FERNANDES-FERREIRA, 2016). Esse tipo de depoimento mostra uma

desesperança com a própria área acadêmica.

Para além da crise econômica, há a situação que o diploma de ensino

superior não resiste às imprevisibilidades da era atual:

Antes da disseminação dos saberes, era somente na academia que poderíamos levar adiante nossa formação, pois somente dentro dos seus muros havia a possibilidade de aprendizado. Naturalmente, os diplomas atestavam incontroversa qualificação para agir e decidir em um mundo relativamente estático, constante. Hoje em sia, com a implosão dos muros acadêmicos pela internet e um mundo sempre mutante, a formação acadêmica é ainda um guia, mas progressivamente deixa de ser o mais crucial para a colocação no mercado de trabalho (MENDES, 2012: 78)

Ou seja: existe uma demanda enorme por colocações no mercado de

trabalho, porém que não podem ser supridas nem pelo setor público e nem

pelo setor privado. Algumas das opções foram apontadas pelo autor, mas

ainda há a possibilidade de freelances, atividades acadêmicas pontuais

desenvolvidas informalmente. Mas é possível observar que já há algumas

“institucionalizações” dessas atividades a partir de assessorias e consultorias,

que tentam ir adiante das limitações do freelancer.

Campo econômico e peças publicitárias como indicadores

Existem muitas definições teóricas de economia, além das diferentes

manifestações empíricas do próprio fenômeno economia nas dimensões

cultural e temporal. O ponto central dessa definição é da ação de troca de bens

materiais e imateriais (finitos) entre indivíduos: “[...] podemos dizer que a

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Economia estuda a maneira como se administram os recursos disponíveis com

o objetivo de produzir bens e serviços, e como distribuí-los para seu consumo

entre os membros da sociedade” (MENDES, TREDEZINI, BORGES,

FAGUNDES, 2009: 18).

A nossa leitura teórica sobre a economia se deu a partir do sociólogo

Pierre Bourdieu, que a pensa como um campo (ou cosmo) que obedece às

suas próprias leis: os seus agentes obedecem e são mais bem sucedidos nele

dependendo de suas disposições - preferências, de seus gostos, de suas

necessidades ou de suas aptidões ao cálculo, à poupança, etc. Esse campo

possui uma história e o seu estudo comprova como essas disposições são

úteis para que indivíduos alcancem um maior volume de capital dentro desse

campo, engendrando relações de força por conta disso (BOURDIEU, 2005).

O que viria a ser o campo econômico? É uma área de atividade humana

cujas “[...] sanções são especialmente brutais e [...] as condutas podem se

atribuir publicamente como fim a busca aberta da maximização do lucro

material individual” (BOURDIEU, 2005, p. 21). Ou seja, o capital desse campo

é literalmente o capital financeiro, e não é uma metáfora, como o é para outros

campos como a cultura ou a educação.

Desse conceito de Bourdieu nos interessam duas das dimensões que o

compõem: (a) as disposições: “[...] autorizar e favorecer a visão calculadora e

as disposições estratégicas [...] Quase não há lugar, no campo econômico,

para “loucuras”” (BOURDIEU, 2005, p. 28) e (b) os subcampos: “O campo

econômico é constituído de um conjunto de subcampos, correspondendo ao

que se entende geralmente por “setores” ou “ramos” da indústria” (BOURDIEU,

2005, p. 24). Assim, buscamos investigar a potencial existência de um

subcampo a partir das disposições propriamente econômicas expressas nas

peças publicitárias, que são indicadores do uso de marketing digital.

Uma peça publicitária é sinônimo de anúncio, caracterizando-se por ser:

[...] uma mensagem paga veiculada nos meios de comunicação (mídia) com objetivo de se vender um produto ou serviço, sob a forma de uma marca comercial, para um público-alvo (consumidor) utilizando-se recursos linguísticos e estilísticos de ordenação, persuasão e sedução através de apelos racionais e emocionais.(TAVARES, 2006, p. 119)

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A intencionalidade de atrair atenção, então, é a tônica dessa

comunicação, e fazê-lo sistematicamente é tarefa do marketing, que planeja

estratégias e ações para alcançar esse fim. Mas o que seria o Marketing

Digital?

Marketing Digital

Segundo alguns teóricos, desde a modernidade, a produção e a

distribuição de bens e serviços de consumo se dá a partir da instituição

chamada mercado, que funciona, basicamente, a partir da troca baseada no e

medida pelo recurso fiduciário, sem a intervenção direta do estado (RAUD-

MATTEDI, 2005). O interessante é que - por conta da modernidade adotar a

estratificação por classes sociais e o seu acesso a elas se dá pela modulação

de posse de recurso financeiro entre os indivíduos - é possível cogitar-se uma

mobilidade entre os estratos por conta da sua posse.

Quem quiser ascender verticalmente nessa estratificação pode fazê-lo

por empreender a partir de um produto ou serviço. Mas além da qualidade do

próprio produto ou serviço, é possível adaptar o que está sendo vendido às

necessidades do mercado para aumentar a possibilidade de venda ou

aumentar, o que se chama de marketing. Essa palavra é derivada do inglês

market (VIEIRA, 2018). Todavia, existe uma definição padrão dada dentro da

ciência: “se traduz como Mercado e nada mais é que o mercado em

movimento, através de ações e de estratégias que visam atrair e satisfazer os

clientes [...]costuma-se traduzir Marketing para Mercadologia” (VIEIRA, 2018,

4). Pensamos que a melhor tradução poderia ser “mercadizar”, porque se trata

de conhecer o objeto e transformar um terceiro em função dele.

Inicialmente, a principal função do marketing foi a de auxiliar a produção

de bens e serviços, levando em conta recursos financeiros e humanos

(ERRAGCHA, ROMDHANE, 2014). Esta primeira prática foi sucedida pela dos

quatro Ps, desenvolvida por Borden e que foca na dimensão estratégica do

fazer industrial. Mas a mudança de contexto econômico iniciou uma última fase

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do marketing, focada no comprador: “Segmentation, targeting and positioning

should then precede the four Ps. Marketing abandoned the tactical component

to join the strategic, which paved the way for modern marketing” (ERRAGCHA,

ROMDHANE, 2014, 138).

A internet não aboliu essas práticas de marketing analógicas, mas as

suas mudanças técnicas induziram adaptações (como é a tônica da própria

área). E é desses novos parâmetros que aparecem diferentes marketings

digitais: Marketing 1.0, Marketing 2.0 e Marketing 3.0. Sobre o 1.0, este

apareceu na nova revolução industrial, na bolha da internet e se focou mais na

troca entre empresas e/ou especialistas na área (ERRAGCHA, ROMDHANE,

2014). Já o 2.0 investiu na diversificação das ferramentas de interação e

facilitou mais a troca de informações entre usuários (ERRAGCHA,

ROMDHANE, 2014). Por fim, existe ainda um Marketing 3.0, relacionada a

valores, e que tenta tratar indivíduos como seres humanos plenos e

colaborativos com as marcas para um bem maior (VIEIRA, 2018, 4).

Nesta última versão, o lócus privilegiado de interação são as redes

sociais, que são “conjunto de aplicações para a Internet […] que permitem a

criação e a troca de conteúdo, ou seja: são espaços de interação entre os

usuários [...] abrange blogs, microblogs, wikis, jogos online [...]” (VIEIRA, 2018,

4). O marqueteiro, ao perceber essa nova realidade, pode elaborar práticas que

permitam que seu produto conquiste os novos públicos que acessam esses

ambientes, intermediando essa comunicação a partir de conteúdos postados

nas redes sociais. Se os empreendedores acadêmicos buscam aprender

algumas ferramentas do marketing digital, tal uso pode indicar que existe um

subcampo nascente e autônomo.

Quais são essas ferramentas na formulação de peças publicitárias que

visam chamar a atenção? Uma delas seria o humor: “Relativamente ao

marketing digital, o conteúdo humorístico ou de entretenimento é uma das

cinco principais razões pelas quais os utilizadores seguem marcas ou pessoas

online” (MENAIA, 2016). Outra seria a construção de uma persona com seus

problemas, esta que seria “a definição do cliente típico, com todas as principais

características dos compradores” (SIQUEIRA, 2016). Como reucrso também se

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pode utilizar imagens para produzir banners: “Procure por boas imagens

relacionadas ao tema para incluir em seus posts e nos materiais para

download. Elas vão torná-los mais atrativos e garantem maior destaque nas

mídias sociais[...]” (SIQUEIRA, 2013, s/p). Os blogs são um recurso importante

também: “Aproveite a capacidade de disseminação de conteúdo das redes

sociais também para divulgar call-to-actions com link direto para suas Landing

Pages. Essa simples ação pode impulsionar o número de Leads captados”

(SIQUEIRA, 2013, s/p). Outra estratégia são as peças informativas: “uma das

formas mais eficazes de criar e manter relacionamento com clientes é por meio

da distribuição de conteúdos informativos e envolventes” (BENETTI, 2017). Há

também uma vantagem em se mostrar o envolvimento de uma equipe: “Fotos

de produtos ou da sua equipe trabalhando, essas são ótimas para humanizar a

sua marca. No Instagram, as fotos mostrando o rosto de pessoas recebem

30% mais engajamento que fotos sem rosto” (THIEL, 2018). Por fim, há os

depoimentos de clientes: “A exibição de provas e testemunhos que atestem a

eficiência de um bem/serviço pode ser determinante para que a venda

aconteça. O utilizador, ao pesquisar na Internet e encontrar um depoimento, vai

sentir-se mais seguro em fazer a compra” (ARANHA, 2015). O domínio dessas

estratégias torna mais viável o sucesso de páginas, e não as utilizar pode ser

considerado como uma loucura ou no mínimo uma desatenção, nos termos

bourdiesianos.

Contextualizando as empresas acadêmicas

Em nossa análise foram desconsiderados posts que sejam “vitrines” ou

aqueles que fossem apenas a repostagem de algum conteúdo de outra página:

o objetivo foi a produção de conteúdo próprio das empresas. Assim, foram

buscados os materiais que pertencessem a páginas com mais de 500 curtidas

na rede social facebook. Foram encontrados 110 resultados na busca

utilizando os termos “Consultoria Acadêmica”. O filtro “número de curtidas”

apontou para 4 consultorias, o restante se configurando em páginas com

poucas curtidas (algumas com menos de 100). Foram encontradas 103

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recorrências do termo “Assessoria Acadêmica”, dos quais resultaram 16

selecionados:

1 - Consultoria em Trabalhos Acadêmicos1

2 - Entrelinhas - Consultoria Acadêmica2

3 - Kyron Consultoria Acadêmica3

4 - Eureka - Consultoria acadêmica4

5 - Assessoria Acadêmica5

6 - Fhoutine Marie Assessoria Acadêmica6

7 - Descomplicando - Assessoria Acadêmica7

8 - AG Assessoria Acadêmica e Administrativa8

9 - Faço Trabalhos de Faculdade - Assessoria Acadêmica Oeste9

10 - Formato: agência de assessoria acadêmica10

11 - CAPA - Centro de Assessoria de Publicação Acadêmica11

12 - Assessoria Acadêmica com Danielle Alvarenga12

13 - Vittoria Assessoria Acadêmica13

14 - Schinaider Assessoria Acadêmica14

15 - Academic Consultoria Acadêmica15

1

https://www.facebook.com/consultoriaacademicasjc/?ref=br_rs 2

https://www.facebook.com/entrelinhasconsultoriaacademica/?ref=br_rs 3

https://www.facebook.com/kyronconsult/?ref=br_rs 4

https://www.facebook.com/eurekaconsultoriaacademica/?ref=br_rs 5

https://www.facebook.com/Assessoria-Acad%C3%AAmica-373890916060873/?ref=br_rs 6

https://www.facebook.com/pg/fhoutinemarieassessoria/ 7

https://www.facebook.com/pg/descomplicandoparavc/ 8

https://www.facebook.com/pg/agassessoriataquara/ 9

https://www.facebook.com/pg/facotrabalhosdefaculdadeoeste/ 10

https://www.facebook.com/pg/formatoassessoria/ 11

https://www.facebook.com/pg/CAPAUFPR/ 12

https://www.facebook.com/pg/professoradaniellealvarenga/ 13

https://www.facebook.com/pg/VittoriaAssessoriaAcademica/ 14

https://www.facebook.com/pg/schinaideraa/

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16 - Semente Consultoria Acadêmica16

Com relação ao número de curtidas, podemos observar que há grande

disparidade entre as empresas, o que gera um gráfico com muitos vales:

Gráfico 1: número de curtidas

Fonte: autoria própria

Podemos observar, na tabela abaixo, que o serviço de normatização é

aquele que é o mais oferecido em relação aos outros. Revisão (ortográfica e

gramatical) e tradução, atribuídos às áreas das linguagens, são menos

oferecidos, o que pode indicar que há uma pluralidade de formações e que

estas se sentem mais a vontade de se envolver com a atividade de

normatização. Outro dado interessante é a categoria orientação: há uma

intermediação de terceiros na relação professor-aluno, e não parece haver

pudor no oferecimento desse serviço.

15

https://www.facebook.com/AcademicConsultoria/ 16

https://www.facebook.com/sementeconsultoriaacademica/

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A tabela abaixo aponta que os estados de São Paulo e o do Rio Grande

do Sul são os que mais possuem empresas desse segmento, mas essa

diferença não é estatisticamente relevante. Podemos observar que os estados

da região sul e sudeste são os que mais concentram serviços acadêmicos,

especialmente o sul. Pernambuco e Rio Grande do Norte também apareceram

com 2 consultorias acadêmicas, conforme a tabela 2:

Por último, podemos avaliar que essas empresas buscam muito mais o

espaço virtual do que o físico, sendo que, destes espaços físicos, não é

impossível que muitos sejam os da casa do próprio empreendedor. Pudemos

observar que 6 empresas a possuem; já outros endereços online, 8 a

possuíam.

Conhecidos alguns aspectos gerais das empresas investigadas,

podemos proceder para o objeto de nossa análise.

Análise das peças publicitárias

A primeira peça é uma ilustração baseada em um meme – um gênero

discursivo, segundo Boenavides (2018). O conteúdo dá a entender que o

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cliente da empresa tem o direito de tirar férias porque trabalha, o que permite a

transmissão de um valor da empresa, mas isso é feito através de humor:

Figura 1: peça humorística

Fonte: adaptado de https://www.facebook.com/eurekaconsultoriaacademica/photos/a.401405643530479.1073741828.400868190250891/556220688048973/?type=3&theater

A segunda peça utiliza o mesmo princípio e se relaciona a apresentação

de um novo serviço:

Figura 2: peça humorística

Fonte: adaptado de https://www.facebook.com/eurekaconsultoriaacademica/photos/a.401405643530479.1073741828.400868190250891/487659154905127/?type=3&theater

O conteúdo buscou chamar a atenção através de uma referência da

cultura pop, os Beatles, ressignificando de uma maneira descontraída. Trata-se

de uma estratégia de cooptação que aparentemente deu certo, dado o número

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de curtidas no post. Podemos enxergar que o serviço de tradução aparece não

apenas exposto, mas intermediado por uma peça de comunicação

elaborada exclusivamente para esse fim.

Já a postagem seguinte é atrativa por conta de sua linguagem de

meme:

Figura 3: peça humorística

Fonte: adaptado de

https://www.facebook.com/consultoriaacademicasjc/photos/a.1359272057422936.1073741828.

1305594172790725/1421931034490371/?type=3&theater

A peça possivelmente não tenha tido mais interação por algum fator

exógeno, tal como o não impulsionamento (o investimento de créditos) da

mesma. Isso segue para outros materiais:

Figura 4: peça humorística

Fonte: adaptado de

https://www.facebook.com/formatoassessoria/photos/a.1414189652174224.1073741828.14067

58322917357/1848634208729764/?type=3&theater

Page 14: Jovens pós-graduandos, o desemprego e a falta de bolsas ... · como uma assistência de um profissional especializado em determinada área de conhecimento (ASSESSORIA, 2017)

O resultado em curtidas não foi o melhor se comparado com o número

de curtidas na página, e talvez o erro esteja no excesso de texto - que tapou o

rosto dos envolvidos e pode ter prejudicado a associação de texto à imagem. A

próxima imagem se quer chamativa por conta justamente do texto de humor:

Figura 5: peça humorística

Fonte: adaptado de

https://www.facebook.com/schinaideraa/photos/a.575905525906864.1073741828.4371617931

14572/895089930655087/?type=3&theater

Por último, temos um último evento de utilização de humor para chamar

a atenção para a página:

Figura 6: peça humorística

Page 15: Jovens pós-graduandos, o desemprego e a falta de bolsas ... · como uma assistência de um profissional especializado em determinada área de conhecimento (ASSESSORIA, 2017)

Fonte: adaptado de

https://www.facebook.com/consultoriaacademicasjc/photos/a.1359272057422936.1073741828.

1305594172790725/1615550135128459/?type=3&theater

Ficam evidentes as intenções de utilizar uma linguagem da internet,

mesmo que tenha havido erros de aplicação. Os erros de aplicação

demonstram o esforço de tomar uma direção, o que aponta para um desejo de

investir tempo e energia na qualificação para o mercado específico.

A ideia do próximo conteúdo é a de transmitir que existe a marca e que

ela deseja descanso aos seus leads, os contatos. Assim, é construído uma

persona e uma das características é que ela realiza um trabalho diário, e o

seu reconhecimento cria um laço de empatia e transmite esse valor pela

imagem. A próxima produção também apela para a persona:

Figura 7: peça banner

Fonte: adaptado de

https://www.facebook.com/consultoriaacademicasjc/photos/a.1359272057422936.1073741828.

1305594172790725/1586239008059572/?type=3&theater

A ilustração serve para chamar a atenção para a legenda, que apela

para a demanda da aprovação em pós-graduação. Ou seja, busca criar o

interesse do público-alvo porque o conhece, mas não utiliza uma outra

ferramenta mais dinâmica para fazê-lo, provavelmente por limitação técnica em

design. Mas as frequentes tentativas podem conduzir a melhoras

subsequentes.

É interessante que algumas empresas concentram sua capacidade

estética de imagens em banners. Como é o caso da imagem a seguir:

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Figura 8: peça banner

Fonte: adaptado de

https://www.facebook.com/pg/consultoriaacademicasjc/photos/?tab=album&album_id=1305606

429456166

Nesta imagem, podemos ver a combinação de elementos imagéticos

com elementos escritos, criando uma composição própria que apresenta os

serviços oferecidos. Assim, é feita uma arte, que precisa ter uma sensibilidade

estética, aprendida em cursos voltados para esse fim.

Efetivamente, nenhuma empresa se mostrou sobressalhente nesse

aspecto. O que pareceu ser mais forte foi a questão da escrita. Nisso a

seguinte publicação se mostra bem inclinada quando redireciona para um blog:

Figura 9: peça sobre blog

Page 17: Jovens pós-graduandos, o desemprego e a falta de bolsas ... · como uma assistência de um profissional especializado em determinada área de conhecimento (ASSESSORIA, 2017)

Fonte: adaptado de

https://www.facebook.com/kyronconsult/photos/pcb.892473650806816/892463560807825/?typ

e=3&theater

A bússola sem dúvida chama a atenção, mas o objetivo é chamar para o

blog (já desativado). O texto conta com algumas características do marketing

digital como escaniabilidade e perguntas, mas provavelmente teve sua

divulgação brecada pelo Facebook justamente por conta do alto número de

caracteres empregados. De qualquer jeito, o site afirma que possui uma

metodologia de autoria própria e reafirma o seu blog em muitas postagens, o

que indica uma busca da autoridade pela reconversão do capital científico.

Outro blog é o Semente Vidas Acadêmicas:

Figura 10: peça sobre blog

Fonte: adaptado de https://www.facebook.com/sementeconsultoriaacademica/

Dentro da categoria blog poderíamos inserir uma subcategoria, a do

“blog vivo”. Denominamos assim aquelas empresas que se apoiam no nome de

um pesquisador:

Figura 11: peça “blog vivo”

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Fonte: adaptado de https://www.facebook.com/Assessoria-Acad%C3%AAmica-

373890916060873/?ref=br_rs

A outra empresa que analisamos (e é personalizada) escolheu a

estratégia de atrelar sua imagem completamente a um valor pessoal:

Figura 12: peça “blog vivo”

Assim, o visitante pode induzir que essas profissionais, por ser

academicamente competentes, podem realizar um bom serviço. Ao invés de se

trabalhar o valor da marca, busca-se fazer uma transposição direta de capitais,

do acadêmico para o econômico. Isso também acontece na seguinte peça, que

liga com outra plataforma muito conhecida, o que reforça a competência da

pesquisadora e da empresa por consequência:

Figura 13: peça “blog vivo”

Fonte: adaptado de https://www.facebook.com/professoradaniellealvarenga/

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As próximas peças são de conteúdo informativo, e se quer atraente

pelo uso da fonte mais despojada, das cores contrastantes e da diferença do

tamanho das letras. O autor está buscando educar sobre o cronograma de

pesquisa, algo que é um assunto de interesse direto da persona:

Figura 14: peça informativa

Fonte: adaptado de

https://www.facebook.com/descomplicandoparavc/photos/a.369850076750346.1073741828.35

4797144922306/379922782409742/?type=3&theater

A peça seguinte também lida com informação, no uso dos porquês.

Todavia, o faz em uma folha de papel branco como maneira de atrair para a

legenda, que está acima:

Figura 15: peça informativa

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Fonte: adaptado de

https://www.facebook.com/agassessoriataquara/photos/a.386600028137968.1073741828.3865

35218144449/1214585915339371/?type=3&theater

Essa tendência também fica clara na seguinte figura, que é trabalhada

para chamar a atenção para a legenda:

Figura 16: peça informativa

Fonte: adaptado de

https://www.facebook.com/VittoriaAssessoriaAcademica/photos/a.1304630426330194.1073741

828.1304611942998709/1561446437315257/?type=3&theater

Já o conteúdo seguinte é o contrário, ele foca na imagem, mesmo que

ela seja composta quase que inteiramente por códigos escritos:

Figura 17: peça informativa

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Fonte: adaptado de

https://www.facebook.com/facotrabalhosdefaculdadeoeste/photos/a.1648482375365415.10737

41827.1648480168698969/1899226280291022/?type=3&theater

O fundo degradê evidencia que a imagem foi configurada em algum

programa de slides, o que pareceu ser o software básico de edição de imagem

das empresas. De qualquer jeito, o texto ficou curto e operacional. Talvez por

ter obtido esse sucesso o post tenha tido bastante curtidas, embora não tenha

experimentado muitos compartilhamentos.

Por fim, apresentamos esse caso que é um banner sobre o futuro:

Figura 18: peça informativa

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Fonte: adaptado de

https://www.facebook.com/AcademicConsultoria/photos/a.651523891556022.1073741829.6012

71879914557/1731792933529107/?type=3&theater

O penúltimo recurso é o de mostrar o envolvimento de pessoas. A figura

seguinte é de uma empresa que se afirma como pública, e que, provavelmente

por isso, consegue a participação de muitas pessoas em suas atividades:

Figura 19: peça de envolvimento

Fonte: adaptado de

https://www.facebook.com/CAPAUFPR/photos/a.1844154825842569.1073741830.1756923981

232321/2142537676004281/?type=3&theater

Esse se trata de um rompimento total com o freelancer e tentativa de

construção de marca. Todavia, acaba se aproximando mais de um órgão

público ao ser chamado de centro. De qualquer jeito, a ideia é passar uma

coesão mais do que focar na qualidade do serviço, pois o segundo decorre do

primeiro.

Uma outra produção utilizou-se de depoimentos de clientes:

Figura 20: peça de depoimento

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Fonte: adaptado de

https://www.facebook.com/schinaideraa/photos/a.575905525906864.1073741828.4371617931

14572/895089930655087/?type=3&theater

O Facebook oferece o recurso de depoimentos, porém a empresa optou

por transformá-lo em peça publicitária. Assim, é possível compartilhá-lo e

marcar perfis que possivelmente irão visualizar a página. A simplicidade dos

elementos mostra que não há um designer por trás da execução, mas que

houve um estudo no planejamento, dado que existe uma harmonia nas formas

e cores.

Análise geral

Pudemos notar que algumas empresas ainda apostam na figura

pessoalizada. Esta aposta inviabiliza o crescimento de uma empresa porque

nesse setor o que se vende não é a imagem, mas sim o trabalho que, se for

pessoalizado, fica restrito a determinadas atividades. Também foram poucos os

depoimentos porque provavelmente boa parte do público-alvo não goste de

revelar que está tendo ajuda externa na consecução de suas pesquisas

acadêmicas.

Foi recorrente também a repostagem de notícias e de frases com artes

estilizadas nas páginas das empresas. Isso mostra que são transpostos dois

capitais do campo acadêmico: o da informação e o da citação. Assim, no

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engatinhar desse novo campo, podemos ver que ele é tateado a partir de uma

base já consolidada, o que explicaria porque as legendas das peças são tão

extensas - algo que definitivamente não colabora para a imersão dos leads.

Assim, uma grande parte das peças na verdade chamavam a atenção para a

legenda, o que de certa maneira “filtra” o público-alvo, formado basicamente de

pessoas com o costume de leitura ou de compenetração.

Podemos perceber também que poucas empresas possuem site ou blog.

A questão de não perceber a importância do ambiente digital como fator

mesmo de credibilidade mostra que o campo ainda possui uma referência

muito forte no perfil do freelancer acessível por indicação, e não em uma marca

impessoal. Todavia, empresas menores mostraram que trabalharam esse lado

ao menos na confecção de logotipos.

Também pudemos observar que a grande maioria das publicações,

destarte o alto número de curtidas nas respectivas páginas, possui pouca

interação nas postagens. As que possuem muitas curtidas possivelmente foram

impulsionadas com dinheiro, ou se relacionavam a dicas ou humor. Isso mostra

que talvez os seguidores não estejam tão interessados em frequentar a página,

e o façam por pedidos pessoais dos criadores mais do que por apelo

comunicacional.

Há um “pai escondido”, que é a figura do freelancer. Algumas empresas

o reforçam e outras o relegam, por buscar um outro regime de trabalho e a

construção da sua marca. Nisso o marketing dos serviços acadêmicos não é só

uma afirmação do que a marca é, mas também do que não é, criando o

diferencial de uma prática individualizada.

Considerações Finais

No presente estudo sobre jovens pós-graduandos, buscamos averiguar

se existe um subcampo da economia de serviços de teor acadêmico, composto

por atividades que fazem parte das etapas de uma pesquisa. Seria uma troca

econômica pautada pelas regras do campo econômico e utilizando estratégias

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desse campo para acumular capital dentro dele? Tal pergunta de pesquisa foi

respondida a partir das peças publicitárias construídas por esses

empreendimentos, buscando enxergar nelas os princípios aplicados do

marketing digital, a forma mais eficiente de comunicação no campo online.

Acreditamos que a tendência em se utilizar estratégias do marketing digital e a

contraposição ao freelancer apontem que um subcampo autônomo está

nascendo e crescendo, com mais indivíduos se arriscando a empreender por

conta de um possível amadurecimento na atividade. E assim é possível

conhecer o jovem pós-graduando em algumas características: a restrição de

campo de atuação e a busca de outras soluções, que o fazem convergir para

um campo que antes não era preciso se antenar: o digital. É possível ser

pesquisador sem esse saber, porém no mercado de trabalho isso tem se

mostrado uma necessidade. O alto número de empreendimento sem um alto

número de curtidas aponta que poucos conseguem se adaptar a linguagem da

internet.

Infelizmente não foi possível alcançar os próprios empreendedores, de

modo que as suas comunicações foram o mote para responder aos problemas.

Nossa hipótese - a ser verificada com pesquisa empírica - é de que isso

acontece porque as empresas são geridas paralelamente a outras atividades

acadêmicas, e despersonalizar o negócio pode ser até um gesto de

sobrevivência, posto que limitar-se as habilidades da pessoa pode condenar o

negócio ao fim; nesse sentido, o serviço acadêmico aparece como um

complemento de renda, ou como uma tentativa de empreender sem aplicar-se

um risco, o que explicaria o grande número de empreendimentos que possuem

poucas curtidas em suas páginas ou que parecem abandonados - a falta de

retorno financeiro sem dúvida é um grande desestimulador, traço meio irônico

do perfil do jovem pós-graduando, dado que são tantos anos aplicados na sua

formação. Dessa maneira, o subcampo aparece como capilarizado, mas a

demanda - que parece alta - não consegue ser suprida por um trabalho mais

profissionalizado.

Talvez um profissional que consiga investir alto capital em uma empresa

absorva a demanda por montar uma boa estrutura funcional; todavia,

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provavelmente não conseguiria concorrer com os freelancers - que logram

realizar o mesmo trabalho com um custo muito baixo - ou mesmo com as

outras empresas que não se legalizam. Esperamos que esse artigo consiga

contribuir para delimitar sistematicamente e fomentar a profissionalização

dessa área, para que se abra mais um mercado de atuação do pós-graduando,

mesmo que essas atividades não aproveitem inteiramente o seu potencial.

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