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Autora: Luana Gabriele NilsonRevisores: Luise Lüdke, Marcos Aurélio Maeyama,

Josimari Telino de Lacerda.

Minicurso:

INTRODUÇÃO AO ACOLHIMENTO

Florianópolis2014

Sejam bem-vindos ao minicursoIntrodução ao Acolhimento!

EsteminicursoiniciaadiscussãosobreoAcolhimentocomoposturaprofissionale diretriz para o processo de trabalho.

Os seus objetivos de aprendizagem são:

1.Conhecer o modelo de atenção ampliado em saúde e sua relação com o acolhimento e a humanização.2.Conhecer o Acolhimento como caminho para mudanças e para o acesso à saúde.3. Conhecer diferentes formas de implementar o acolhimento no processo de trabalho.

Os conteúdos estão divididos em 3 Unidades de Aprendizagem e ao longo do texto foram utilizados ícones para facilitar a compreensão dos temas propostos:

Palavras do Professor: dicas do professor a respeito do tema.

Saiba mais: indicações de outras fontes de informação sobre o assunto, como livros, trabalhos científicos, sites e outrosmateriais,para aprofundamento do conteúdo.

Definições: explicações sobre conceitos importantes que você deveconhecer para compreender o conteúdo e continuar a leitura.

Ao final da leitura de cadaUnidade deAprendizagem você poderá realizaratividadesdeAutoavaliaçãoparafixaçãodeconceitosimportantes.

Parafinalizarocursoereceberseucertificadoéobrigatóriaa realizaçãodaatividadefinaldeavaliação.

Lembre-se que todas as atividades de avaliação devem ser respondidas tambémnoAmbienteVirtualMoodleTelessaúde para verificar se suas respostasestão corretas.

Bom curso!

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1. Modelo de Atenção Ampliado e Humanização na Saúde

Objetivo de aprendizagem: Apresentar o modelo de atenção ampliado em saúde e sua relação com o acolhimento e a humanização.

1.1. A Política Nacional de Humanização As ações em saúde derivam de uma concepção saúde-doença, o que quer dizer que a forma como pensamos determina a forma como atuamos no trabalho (MAEYAMA,CUTOLO,2010).

Ao longo da história, a visão de saúde e doença sofreumuitasmudanças,influenciadaspelo contextohistórico, cultural, econômicoesocial decadaépoca.Maeyama e Cutolo (2010) apresentam um resgate histórico sobre as mudançasnaformadesecompreendersaúdeedoença:IniciamosnosséculosXVIIeXVIII,comaTeoriaMiasmática,aqualapontavaqueasdoençaseramtransmitidaspelacontaminação do ar, da água e dos dejetos humanos; nessa época, entendia-sequeasmáscondiçõesdoambiente,determinavamaocorrênciadedoenças,easintervençõestinhamcaráterhigienista/preventivista,atuandonestescondicionantesparaprotegerasaúde.Posteriormente,noséculoXVIII,surgeaMedicinaSocialdeVirchowqueapontavaasmáscondiçõesdetrabalho,rendaemoradia,ouseja,ascondições de vida a que as pessoas estavam submetidas, como causas das doenças. Nesta fase, mesmo com o desconhecimento da existência de microrganismos causadores de doenças, essas teorias deram conta, parcialmente, de resolver os problemas de saúde.

NofinaldoséculoXIX,comaTeoriadoGermedePasteur, todasasoutrasteoriasanterioressãodesconsideradaseacausabiológicapassaaserúnica,gerandoo movimento de que a saúde pode apenas ser recuperada com a eliminação deste agentebiológicocausador.Éimportantedestacarmosqueestemodelounicausal-biomédico,apesardeter-setornadohegemôniconosserviçosao longodoséculoXX,nãodeucontademelhorarosindicadoressanitárioseascondiçõesdevidadaspessoas,porémfavoreceuointensodesenvolvimentoeavalorizaçãodocomplexomédico-hospitalar.

Com o passar do tempo vem a necessidade de repensar o modelo de atenção. No Brasil,inicia-senadécadade1970oMovimentopelaReformaSanitária,queobjetivavaumasaúdeuniversaleintegral.OaugedaReformaSanitáriaBrasileiraocorreem1986,comaVIIIConferênciaNacionaldeSaúde,cujotextofinalservedebaseparaacriaçãodoSistemaÚnicodeSaúdeem1988,quedentreoutrosencaminhamentosdetermina a reorganização do modelo de atenção a partir da abordagem integral

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do processo saúde-doença, que aqui chamaremos de integralidade. A visão do processo saúde-doença na ótica de integralidade, considera os contextos social,ambiental, psíquico e biológico, necessitando, portanto, de ações, de promoção,proteção, recuperação e reabilitação da saúde.

Definição:A integralidade apresentada aqui é entendida ainda como aconfluência(união)desaberesdeváriascategoriasprofissionaisembuscadaconstruçãodeumaatençãoquepermitaidentificar,apropriar e compreender as necessidades de saúde da população para prestar de um atendimento humanizado e qualificado, apartirdoenfrentamentodedesafioscotidianoscomoacriaçãode vínculos afetivos e autonomia, frutos de uma relação de confiançaentre os atores envolvidos (gestão, trabalhadores eusuários).Umaintegralidadefocalizada,resultadodasomadeesforços para uma resposta positiva à necessidade apresentada. Nãoépossívelumcuidado integralsemoacessouniversaleequânime e sem a sensibilidade de olhar cada sujeito ou coletivo de forma única.A integralidade demanda o conhecimento das necessidades e demandas individuais e coletivas, o que extrapola a abrangência do setor saúde. Assim, a integralidade precisa ser pensada também na construção de uma rede deserviçosquepossadarcontadocuidadonecessário,tendonaAtençãoBásicaacoordenadoraeorientadoradocuidado,mascom apoio dos diferentes níveis de atenção, de forma articulada e integrada, fazendo referência e contra-referência (CECÍLIO, 200?)Disponível em: http://www.uff.br/pgs2/textos/Integralidade_e_Equidade_na_Atencao_a_saide_-_Prof_Dr_Luiz_Cecilio.pdf.

Para que as práticas de saúde mudem e se consiga um trabalho semfragmentação, precisamos abordar a forma como as práticas são produzidas. Oacesso com equidade deve ser uma preocupação constante. A equidade, como um princípiodejustiça,baseia-senapremissadequeéprecisotratardiferentementeosdesiguais (diferenciaçãopositiva)oucadaumdeacordocomasuanecessidade,corrigindo diferenciações injustas e negativas e evitando iatrogenias (danos decorrentesdetratamento)devidoanãoobservaçãodasdiferentesnecessidades(BRASIL,2012.p.32).JáoacessocompreendeafacilitaçãodaentradadapessoanarededecuidadodoSUS,estandopróximoàpopulaçãoparaacolher,escutareatender às suas necessidades de saúde com qualidade e resolutividade.

APolíticaNacionaldeHumanização(PNH)reforçaumaspectoquemaistemchamadoatençãonasavaliaçõesdosserviçosdesaúde:éodespreparodosprofissionaispara lidarcomadimensãosubjetivaque todaapráticadesaúdesupõe.

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Ligada a esse aspecto está a presença da organização do processo detrabalhocentradanomodelobiomédico,focadanadoençaenãonoindivíduo.Arealidade das equipes indica, então, a necessidade de mudança.

Umapráticahumanizadaeacolhedorarequerposturaprofissionaldialógicae organização para o trabalho interdisciplinar, como valorização do outro na equipeedosusuáriospelosprofissionais.

Convidamos você agora para assistir o vídeo “Humanização para o Acolhimento em Saúde”, com o consultor da PNH – Carlos Garcia Junior, em que a PNH éapresentada a você e são abordados conceitos importantes para a sua compreensão da humanização na saúde. Ainda, você vai compreender melhor a importância do trabalho humanizado e acolhedor e vai se sentir estimulado a melhorar o ambiente de trabalho na sua unidade, tornando-a um espaço mais convidativo para a comunidade, entendendocomoaambiênciaeaacessibilidadepodemqualificaroacolhimentoaosusuários.

O acolhimento como uma das diretrizes da PNH precisa ser compreendido emsuasdimensõesética(docuidadoparaouvireatenderàsdiferenças),política(compromisso com o usuário que envolve articulação institucional em redes) eestética(paravalorizaçãoinventivadocuidado,deformainovadora,comintervençõesinterdisciplinaresparaescolhadeummododefazersaúdequesedáalinhadaacadarealidade,porusuários,profissionaisegestão).Pensarhumanizaçãoeacolhimentoépensaralémdoqueévisível,estámuitomaisnasensibilidadepresentenasrelações,no compartilhamento e na construção conjunta do cuidado.

Parte1:http://migre.me/jbEHC

Parte2:http://migre.me/jbEId

É essa mudança que estamos buscando em você. Importante, portanto, édestacar alguns aspectos apresentados pela PNH:

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APNH,lançadaem2003,“buscacolocarempráticaosprincípiosdoSUSno cotidiano dos serviços de saúde, produzindo mudanças nos modos de gerir e cuidar”,deformatransversal,permeandotodososprocessosparaofazersaúde.

Háumaapostaeminovaçõesnasaúde,valorizandoosdiferentessujeitosenvolvidosnaproduçãodesaúde(usuários,trabalhadoresegestores)deformaa fomentar a autonomia e o protagonismo dos sujeitos e coletivos, aumentando a corresponsabilidadenaproduçãodesaúde,estabelecendovínculossolidáriosnagestão e prestação do cuidado, com equidade, reconhecimento da diversidade e valorização de todos.

OHumanizaSUSlutaporumSistemaÚnicodeSaúde(SUS)maishumanoe construído com participação e comprometimento de todos, propondo um trabalhocoletivoparaumSUSmaisacolhedor,ágileresolutivo,comqualificaçãoda ambiência, melhores condições de trabalho e atendimento.

Queremos uma Atenção humanizada. Para isso saiba mais sobre a PNH no link abaixo. Fique à vontade para ler todo o documento, mas leia, obrigatoriamente, aspáginas12e13,quetratamdasdiretrizesgeraisparaaimplantaçãodaPNHnos diferentes níveis de Atenção.

Link: http://migre.me/j4h0Y.

1.2. Acolhimento como diretriz da PNH As políticas que norteiam o trabalho em saúde pública no Brasil, para que o SUSaconteçaemtodaasuaessência,apontamoacolhimentocomoumdoseixoscentrais.

DentreasdiretrizesdaPNHparaaAtençãoBásica(AB)estáoestabelecimentodeformasdeacolhimentoeinclusãodeusuáriosparaaperfeiçoarosserviços,reduzirfilas,hierarquizarriscosepossibilitaroacessoaosdemaisníveisdosistema.

Destacamosdesdejáqueacolhimento não é sinônimo de triagem para a consultamédica,masumaescutaqualificada,quevalorizaasqueixasdousuárioegaranteoencaminhamentonecessárioparaocaso,oquesepode traduziremrespostasresolvidasnaprópriaunidadeeoquenãoforpossíveldesedirecionardemaneiraéticaeresolutiva,comsegurançadeacessoaousuário.Nesseprocessoéimprescindívelqueousuáriocompreendaasorientaçõeseosmotivosdasoluçãoproposta.Assim podemos criar na atenção ao usuário novas alternativas para oatendimentonaequipeeracionalizaçãodabuscapelomédico.

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Definição:ESCUTAQUALIFICADA“A escuta deve ser realizada de forma que garanta a privacidade dousuário,paraquepossaexpressarsuasreaisnecessidades,construindo uma relação de confiança entre o usuário e otrabalhador”(FRACOLLI;ZOBOLI,2004apudMAEYAMAetal,2007,p.43).Aescutaqualificadadeveacontecerem todososmomentosdeencontroentreprofissionaiseusuáriosdeformaavalorizaroqueédito,comrespeitoàsdiferençasesecolocandono lugar do outro para realmente possibilitar um encaminhamento resolutivo.

Oacolhimentocomescutaqualificadapressupõeumaposturaética, sem hora ou profissional específico para fazê-lo, queimplica partilha de saberes, necessidades, possibilidades e contemplaaresponsabilidadedoprofissionaleequipesobreousuário, desde sua chegada à Unidade e em todo seu percurso pelos serviços.Jáatriageméumprocessopeloqualseclassificaeselecionaos atendimentos.

O Conselho Regional de Enfermagem (COREN) de Santa Catarina desaconselha o emprego do termo triagem, e “esclarece que os profissionais de Enfermagem não fazem triagem e nemdiagnóstico que substitua o trabalho médico, assim como não decidem quem será, ou não será atendido nas Unidades de emergência.AEnfermagemparticipa doAcolhimento comAvaliação eClassificação deRisco [...]” conformeprotocolosestabelecidos no serviço.

Leia mais a respeito disso na Nota Pública do Coren-SC sobre acolhimentocomclassificaçãoderiscoemserviçosdeemergência:http://migre.me/j4h7G

O acolhimento deverá facilitar o acesso dos cidadãos, ultrapassando osobstáculos para que o usuário chegue à assistência. De acordo com a PolíticaNacionaldeAtençãoBásica(PNAB)oacolhimentopodeserpensadodeduasformas:

A. Como fundamento e diretriz, possibilita o acesso universal e contínuo a serviços de qualidade e resolutivos, promovendo vínculo e corresponsabilização,oqueincluipensarnaacessibilidade,quevaialémdegarantiroacesso,contemplandoafacilitaçãodeste;

B. como parte do processo de trabalho com a implementação da escuta qualificada,classificaçãoderisco,avaliação integraldenecessidadesdesaúde e análise de vulnerabilidade, de forma a ofertar uma assistênciaresolutiva(BRASIL,2012b).

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Definição:UNIVERSALIDADEDEACESSOOacessouniversaléagarantiade todoocidadãoaoserviçopúblico de saúde. Isso não quer dizer que todas as suas necessidades serão atendidas neste ponto de atenção, mas que os serviços de saúde devem-se organizar para assumir sua função central de acolher, escutar e ofertar resposta positiva e ainda se responsabilizar pela resposta, mesmo que esta seja ofertada em outro ponto de atenção da rede.

Nãoésuficientepensarqueoacolhimentoseresumeaorganizarademandaespontâneaeprogramadapormeiodaclassificaçãoderisco,semrealizaroutrasaçõesqueatendamàsnecessidadesdousuário.Éprecisopensarquemodelode atenção você e sua equipe querem desenvolver e realizar esforços em busca da satisfação da equipe e dos usuários. Para isso, refletir sobre as inúmerasquestões relacionadas à melhor compreensão dos problemas demandados e à garantiadeacompanhamentoeresponsabilizaçãopelaequipejuntoaousuárioéimprescindível.Acolheredeixarsemrespostapodeserpiorquenãoacolher.Precisamos favorecer respostas positivas e encaminhamentos seguros, em tempo oportuno, ou mesmo a articulação intersetorial para que as atividades ofertadas contemplem todosos aspectos demandadospor um indivíduo, uma família e/oupelacomunidade.Senãorepensarmosaformaemquenossoserviçoestáorganizado e a oferta de serviços que garantimos, de nada adianta organizar a agenda para atendimentos programados e espontâneos, pois teremos uma grandedemandaespontâneaenossoacolhimentonãodarácontaderesponderàsnecessidadesapresentadaspelosusuários.

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Exemplo de caso:

1.Umusuáriocomhipertensãochegaàunidadeparaseratendido,semconsultaagendada. Está com a pressão arterial descontrolada (PA 200/140mmHg) e comsintomas(cefaleia,náusea).Quandoérecebidoeavaliadopelaequipe,percebe-sequeháalgumtempoelenãofazoacompanhamentonaunidade.

A maneira mais tradicional de conduzir esse caso é garantir que,apósserrealizadooacolhimentoeaclassificaçãoderiscoemumasalaapropriada,o indivíduosejaencaminhadoparaconsultamédica,emqueédevidamentemedicadoeorientadoparaocontroleperiódicodapressãoarterial, retorno à unidade para retirar a medicação e alimentação adequada, livre de sal e gordura. Nesse contexto, não há qualquer preocupaçãocom as vulnerabilidades apresentadas pelo indivíduo, portanto, não háintegralidade no cuidado. Outrapossibilidadedeatendimentoapósaavaliaçãoéoencaminhamentodousuárioparaconsultamédicaedeenfermagem(consultacompartilhada),emque,alémdesermedicado,saicomexamesagendadoseretornopara

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seguimentodocuidado.Ainda,éconvidadoparaparticipardasatividadesem grupo na unidade e recebe atenção especial para as dúvidas que traz sobre a necessidade de tomar a medicação mesmo quando não sente nadaedereduziroconsumodealimentosembutidos(mortadela,linguiça)quegostatanto.Apósoatendimento,aenfermeiraeomédicoanotamocaso para ser discutido em reunião de equipe, pois o cuidado integral e longitudinal não estava acontecendo, e uma discussão para repensar as ações e a organização da equipe no atendimento a quem tem problemas crônicosénecessária.Nadiscussão,emparceriacomtodoogrupoecomoapoiodoNASF,poderãodesenvolveroPlanoTerapêuticoSingularparagarantirocuidadoresolutivoetraçarestratégiasparavisitaseconstruçãodocuidadoemparceriacomousuário,quedesconhecedefatoseupróprioproblema.OsAgentesComunitáriosdeSaúdeetodaaequipeprecisamestarpreparadosparaacolhereresponderaosproblemas,mastambémconhecerosusuárioscrônicos,permitindoassimestabelecercontinuamenteodiálogoparaocuidadoeacompanhamento.Aoabordarintegralmenteoproblemaeoferecerdiferentesformasparamanejoecontrole,épossívelminimizar a ocorrência de eventos agudos e complicações, qualificandotambémoserviçoofertado.

O acesso deve ser organizado para que o usuário seja recebido, acolhido com umaescuta qualificada e tenha uma respostapositiva ao seu problema, recebendo o atendimentoouencaminhamentonecessárioe seguindo sob responsabilidade da sua equipe(MAEYAMAetal,2007). Ao final da leitura desta unidade deaprendizagem, você e sua equipe poderão iniciar a discussão sobre o atendimento humanizado e acolhedor em seu local de

trabalho,possibilitandomaiorsatisfaçãodeusuários,equipeegestão.

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Para que se garanta de fato o acolhimento do usuário, não basta recebê-lo de forma educada e garantir seu acesso à consultamédica ou de enfermagem. É necessário mudar o modelo de atenção, pois as necessidades na lógica da integralidade vãomuito além da consulta, que de forma geral apontam para açõeseducativas,deprevenção,depromoçãodasaúde,ederesponsabilização da equipe, sempre de acordo com o contexto do usuário e da comunidade.

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EXERCÍCIO: De acordo com o conteúdo apresentado e tendo como eixo norteador a Política NacionaldeHumanização,identifiqueentreasafirmativasabaixoaquelasquesãoverdadeiras(V)easquesãofalsas(F):

Oacolhimentocomclassificaçãoderiscoéumaformadetriagem,queclassificaos pacientes de acordo com a gravidade de cada caso, levando em consideração a tecnologia disponível do serviço, impede a demanda espontânea e contribui para a desmedicalização do sistema. Oprofissionaldesaúde,quandonãosesentiracolhidopelaequipe,gestãoeusuários,podedeixardesecomprometercomotrabalhoemequipe,eximindo-sedaco-responsabilidadeetrabalhocomarededeapoioprofissional,visandoamaioreficácianaatençãoemsaúde. A humanização agiliza a implantação do cuidado lateralizado, possibilitando umatendimentoacolhedor,eresolutaemumdiagnósticopréviodosproblemasparaposterior encaminhamento pela equipe de enfermagem. O acolhimento com classificação de risco refere-se a um dispositivo daambiência dos serviços que proporciona a atenção por nível de complexidade, levando em consideração os diferentes sujeitos implicados no processo de produção desaúde,oquepodecontribuirparaaorganizaçãodademanda,aqualificaçãodaatenção e a regionalização. Acolhimento prevê a integração com todos os serviços oferecidos pela equipe e sua rede de apoio, de formaa oportunizar cuidado resolutivo para o usuário apartir da valorização da queixa, com responsabilização sobre o percurso integral do usuáriopelosistema. Uma das diretrizes da PNH para a AB compreende o estabelecimento de formas deacolhimentoeinclusãodousuárioquepromovamaotimizaçãodosserviços,ofimdasfilas,ahierar¬quizaçãoderiscosearesponsabilizaçãodaequipeapenaspelosproblemas que são de resolução local. Elaborarprojetosde saúde individuaise coletivosparausuáriose sua redesocial, considerando as políticas intersetoriais e as necessidades de saúde, e incentivarpráticaspromocionaisdesaúdesãoobjetivosaseremalcançadospelasequipes de AB para cumprir as diretrizes da PNH.

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Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Núcleo Técnico da PolíticaNacional de Humanização. HumanizaSUS: Política Nacional de Humanização: ahumanizaçãocomoeixonorteadordaspráticasdeatençãoegestãoemtodasasinstânciasdoSUS/MinistériodaSaúde,Secretaria-Executiva,NúcleoTécnicodaPolíticaNacionaldeHumanização.–Brasília:MinistériodaSaúde,2004.

BRASIL.Ministério da Saúde. Secretaria deAtenção à Saúde. Departamento deAtenção Básica. Acolhimento à demanda espontânea: queixas mais comuns naAtençãoBásica/MinistériodaSaúde,SecretariadeAtençãoàSaúde,DepartamentodeAtençãoBásica,Brasília,Ministério daSaúde,Cadernos deAtençãoBásica n.28,v. II,2012a,290p.disponívelem:http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/cadernos_ab/caderno_28.pdf.

BRASIL.Ministério da Saúde. Secretaria deAtenção à Saúde. Departamento deAtençãoBásica.PolíticaNacionaldeAtençãoBásica/MinistériodaSaúde.SecretariadeAtenção à Saúde. Departamento deAtenção Básica. – Brasília: Ministério daSaúde,2012b.

BRASIL.Ministério da Saúde. Secretaria deAtenção à Saúde. Departamento deAtençãoBásica.Acolhimentoàdemandaespontânea/MinistériodaSaúde.SecretariadeAtençãoàSaúde.DepartamentodeAtençãoBásica.Brasília:MinistériodaSaúde,2011.

CECÍLIO, LCO. As necessidades de saúde como conceito estruturante na luta pela integralidadeeequidadenaatenção.200?.Disponívelem:http://www.uff.br/pgs2/textos/Integralidade_e_Equidade_na_Atencao_a_saide_-_Prof_Dr_Luiz_Cecilio.pdf.Últimoacesso:17demarçode2014.

MAEYAMA,MA et al.A Construção doAcolhimento: a proposta demudança doprocessodetrabalhoemsaúdedomunicípiodeBombinhas.MarcosAurélioMaeyama(org.).SecretariaMunicipaldeSaúdedeBombinhas.Bombinhas,2007.

MAEYAMAMA,CUTOLOLRA.Asconcepçõesdesaúdeesuasaçõesconsequentes.ArquivosCatarinensesdeMedicina.2010;v.39,n.1,p.89-96.

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2. Acolhimento como forma de transformar o cuidado

Objetivo de aprendizagem: Apresentar o Acolhimento como caminho para mudanças e para o acesso à saúde.

2.1. Oquesignifica“acolher”? Tendocomobaseoquevocêestudounaprimeiraunidadedeaprendizagem,passaremosagoraaestudaralgumasestratégiasparaorganizaçãodeumprocessode trabalho acolhedor.

OtrabalhoemAtençãoBásicaàSaúde(ABS)enaEstratégiaSaúdedaFamília(ESF)écomplexoeexigeparasuaconstruçãoumaarticulaçãoentrebasesteóricas(conhecimento),metodológicas(métodosetécnicas)ebaseséticas.Parainiciarotrabalhodeve-separtirdoconhecimentodoterritórionoqualseestáinseridoedasfamílias e sujeitos sob responsabilidade da equipe.

Para iniciar nossa discussão sobre o desafio que é fazer acolhimento e acompreensãodaimportânciadotermoacolher,citamosalgunssignificadostrazidospelodicionárioAurélio:daracolhidaouagasalhoa,receberalguém,atender,aceitar,acolhercomagradoassugestões,darcréditoa,darouvidosa,amparar-seetc.

Estamos em um momento da história no qual é exigido que pensemos efaçamosmelhor doque já foi feito.Nãohámais comoaceitar unidadede saúdeem que a única oferta seja a consulta médica. Precisamos nos desafiar e nosincomodar coma falta de respeito a princípios básicos no cotidianodos serviçosdesaúdeebuscarmudançadarealidadeassistencialqueestádada.Eprecisamostambémajudaraconstruirserviçosemquetodososprofissionaistenhamamesmaimportância e possam dar sua contribuição para satisfazer as necessidades de saúde da população. Essa reorientação dos serviços para a produção de cuidado digno vai exigirquevocêseexponhaenquantoprofissional,quetodosdiscutamjuntosefaçamumdiagnósticodaspotencialidadesefragilidades,partindodaterritorialização,quepermiteoconhecimentocomunitáriodosproblemasenecessidadesdapopulaçãoadscritapormeiodomapeamentodaáreasobresponsabilidadedesuaequipe.

Para conhecer uma experiência bem sucedida de Acolhimento,sugerimosaleituradoLivro“AcolherChapecó:umaexperiênciademudança do modelo assistencial, com base no processo de trabalho”. Nele você encontra todo o relato das mudanças naAtenção Básica de Chapecó a partir da inserção contextualizada do acolhimento.Dêatençãoespecialàspáginas70a110.

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Em “AcolherChapecó” percebemosque, para alcançarmosàmudançaquequeremos nomodelo assistencial, o acolhimento satisfatório, a responsabilizaçãoda equipe de saúde, a resolutividade e a autonomização são eixos estruturantes, capazesdeorientarapráticaclínicaepromoveroestabelecimentodevínculoseresponsabilizaçõesentreequipeeusuários,tornandoasrelaçõesmaispróximasehumanizadas,oquequalificaaassistênciaeo“atocuidador”(FRANCOetal,2004).

DeacordocomomodelopropostopeloMinistériodaSaúde,aimplantaçãodoAcolhimentonaunidadecontemplaa importânciadeumaescutaqualificadaparaatenderaosprincípiosdoSUSnocontatocomosusuários, jáque,comaescuta,propor uma solução com segurança é possível, por meio de respostas positivasàs necessidades apresentadas. A preocupação deve ser para não burocratizar o acolhimento e o fluxo do usuário na unidade, mas sim, ampliar a resolutividadee a capacidade de cuidado da equipe. O acolhimento deve facilitar o acesso dos cidadãos,ultrapassandoosobstáculosparaqueousuárioalcancearesoluçãodeseuproblema,devendoestarpresenteemtodasasrelaçõesequipes-usuários.

É importantedestacarqueacolhimentoéumapráticapresenteemtodasasrelaçõesdecuidado,nosencontrosreaisentretrabalhadoresdesaúdeeusuários,nos atos de receber e escutar as pessoas, podendo acontecer de formas variadas (“háacolhimentoseacolhimentos”).Emoutraspalavras,elenãoé,apriori,algobomouruim,massimumapráticaconstitutivadasrelaçõesdecuidado.Sendoassim,emvez(oualém)deperguntarse,emdeterminadoserviço,háounãoacolhimento,talvezsejamaisapropriadoanalisarcomoelesedá.Oacolhimentoserevelamenosnodiscursosobreeledoquenaspráticasconcretas(BRASIL,2011,p.19).

O acolhimento não é uma etapa do trabalho ou uma sala de atendimento e requer trabalho em equipe e observação integral do usuário de forma amelhorar a assistência. E é com essaproposta que convidamos você a seguir conosco suaaprendizagem e suas descobertas sobre a implementação doacolhimento como fundamento e diretriz que norteia a prática de cadaprofissional de saúde, e comoparte doprocessodetrabalho nas UBS.

Para lhe dar apoio à discussão sobre qualificar a escuta do seuusuário neste primeiro contato com os profissionais de saúde,recomendamos, inicialmente,a leituradaspáginas19(apartirdoitem 2.1) a 22 do Caderno de Atenção Básica número 28 - Acolhimento, Vol. I, disponível no link: http://migre.me/j4hfc

Esta leitura apresenta os caminhos para o trabalho acolhedor das equipesdesaúdenaAtençãoBásica.

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2.2. Otrabalhoemequipeparaidentificaçãodo contexto de vida da população a fim degarantir o acolhimento resolutivo Precisamosmelhorarovínculoeocompromissodeprofissionaiseusuáriosparatornarasequipesdesaúdedafamíliaedeatençãobásicarealmentedeescolhaprioritáriapelapopulação.Paraisso,umimportantepassoaserdadoéidentificarqueméapopulaçãosobresponsabilidadedasuaequipe,quaissuascaracterísticasespecíficasedequeformaessapopulaçãointeragecomoserviçodesaúde.Issoserá importante para possibilitar o estabelecimento do fluxo de trabalho na suaunidade.Alémdisso,reconhecerquemsãoosprofissionaisqueintegramaequipe,suaspotencialidadesefragilidadestambémédeextremaimportânciaparaqueserealize uma capacitação e formação adequada com o intuito de preparar todos para acolher, levandosempreemcontaaformaçãoprofissionaleas implicaçõesdestapara a assimilação de conceitos, condutas e protocolos a serem seguidos.

Épossívelavaliaracomunidadepelaqualseé responsávele reconhecerapresençadecondiçõesgeradorasdevulnerabilidades(riscos)quepodemrequererintervençõesnomesmodia(médicasounão),agendamentoparadatapróximaouconstruçãodeprojetoterapêuticosingularemcurtoprazo,mesmocomriscobiológicobaixo.

Avaliarintegralmenteosusuárioseanalisarsuavulnerabilidadeédifícil.Nãoexisteumprotocolodefinido comoexistepara classificar o riscodepatologias.Épreciso ter sensibilidade para fugir exclusivamente do ser biológico e identificaraspectossociais,psicológicos,econômicos.Nomomentoemqueousuárioprocuraajudaeleestá,geralmente,maisabertoparaestabelecerdiálogocomaequipedesaúde,quedeveaproveitaraoportunidade.Umexemploparaavaliarasexperiências/vivências do problema de saúde e vulnerabilidade são as questões apontadas no CadernodeAcolhimento(BRASIL,2011,p.35),quepropõeaescutadousuário:1)Oquevocêachaqueestáacontecendo?2)Porqueessasituaçãoincomodavocê?3)Comoessasituaçãointerferenasuavida?4)Comovocêpercebequeaequipepodeajudarhoje?Essasquestõesapresentamumaideiadaformadeconversarcomosusuários,masdevemostomarcuidadoparaquenãosejaumainvestigação,esimque demonstre nosso desejo de escutar, ajudar, cuidar.

Identificarocontextoemqueestáenvolvidonanecessidadedesaúdepercebidaéimprescindívelparaumarespostapositivapelaequipe.

O trabalho em equipe é fundamental para o sucesso dessa ação, desde arecepçãoouportariaatéagestãodaunidade,podendoidentificarassituaçõesdemaiorriscooudesofrimento intenso.Éfundamentalquetodaaequipetenhasuacapacidadeclínicaampliada,qualificandoaescutadeformaareconhecerriscosevulnerabilidades e realizar ou acionar intervenções.

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A agenda dos profissionais e da equipe deve ser organizada para atenderàsmúltiplasdemandasdesuaáreadeabrangência,desdeoatendimentoclínicoagudoatéaprogramaçãoparaacompanharoseguimentodocuidadodeindivíduosegruposespecíficos,realizaçãodegrupos,visitasdomiciliares,reuniõesdeequipeecom a comunidade, ações de educação permanente e promoção da saúde, mas esta programação deve ser realizada segundo as necessidades individuais e coletivas, rompendo com a lógica de pacotes pré-determinados como, por exemplo, asatividadesclássicasdeeducaçãoemsaúde,semdiagnósticopréviodenecessidade.

A observação integral do usuário é necessária para aperfeiçoar aassistência. Observar características pessoais e familiares, contexto de inserção evulnerabilidadesocial,históriadevidaeaspectospsicológicos,juntamentecomolevantamentodaqueixaclínica,éimprescindívelparaocuidadoemsaúde.

A clínica ampliada busca o ajuste entre os recortes teóricos de cada profissão às necessidades dos usuários, sem privilegiaralgumamatrizdeconhecimentoespecificamente.Acomplexidadedo cuidado exige o reconhecimento da necessidade de compartilhar diagnósticos e problemas, assim como propostas de solução. Épreciso estabelecer diálogo e uma clínica compartilhada para alcançarêxito.Requerassimacompreensãoampliadadoprocessosaúde-doença para construção compartilhada dos diagnósticos e das terapêuticas, de forma articulada e com apoio entre osprofissionaisdaequipe(BRASIL,2010).Saiba mais em: http://migre.me/j4hza

Cooperaçãocomaequipeeosusuárioséindispensávelparaqueainserçãodoacolhimentosejafacilitadoradocuidado,enãoumobstáculo.Nãoéumaatividadesimples e sim complexa, que requer compromisso e responsabilização de todos. Ainda, para que se efetive a capacitação da equipe para compreender a dinâmica que envolve o acolhimento, deve ser estendida para a população sob responsabilidade da equipe, com o intuito de que se possa pensar e discutir em conjunto, fomentando espaço para a participação popular, mas principalmente, inserindo os diversos sujeitos na construção de uma nova forma de se fazer saúde.

Nasunidadesbásicas,arecepçãoéoprimeirocontatoehavendosituaçõesimprevistas, cuja avaliação e definição de ofertas não sejam possíveis de seremresolvidasnestelocal,énecessáriaacriaçãodeumespaçoadequadoparaescuta,análiseedefiniçãodocuidado,combasenanecessidadedesaúdee,emalgunscasos,intervenções. É preciso cuidado para não expor aquele que estamos atendendo.Sugerimosqueoacolhimentocomavaliaçãomaisdetalhadasejarealizadoemumasala que garanta privacidade e tranquilidade.

Para a promoção de acesso com qualidade é preciso muito mais do quereceber bem os usuários e garantir uma consulta no dia. É preciso repensar a

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ofertadeserviçospornossaequipe,unidade,município.Estabelecerhorárioparaatendimentoprogramado,capacitaraequipeparaaescutaqualificadaeterumasalaparaacolhimentoeclassificaçãoderiscopodeserumproblemaseoqueoferecemossãoexclusivamenteconsultasmédicas.Precisamosrepensaraestruturadaequipee identificarseaatençãoàsaúdequeprestamosestá realmentevoltadaparaasdemandasdapopulaçãopelaqualsomosresponsáveis.Eissoéacolhernosentidomais amplo: ir alémde receber o usuário quenos procura por umanecessidadeimediata, mas ficar atento a esta necessidade buscando enxergar o contextoenvolvido, dando respostas que incluam a integralidade desses aspectos, o que exigepró-atividade(antecipaçãoeresponsabilização),visãoeaçõesampliadas.

Limitações e fragilidades como o excesso de pessoas sob responsabilidade das equipes de ABS são determinantes quando buscamos reorganizar a lógicaassistencial.Oterritóriodeatuaçãodasequipesgeralmenteédistribuídodeacordocomadisposiçãogeográficaeproximidadedaunidadedesaúdedereferênciacomasfamíliasadscritas,respeitandoumlimitepopulacional.Hoje,oMinistériodaSaúdejádetermina,pormeiodaPolíticaNacionaldeAtençãoBásica,queonúmerodepessoasadscritasporequipedaEstratégiaSaúdedaFamíliasejade,nomáximo,4milpessoas,maspreferencialmente3mil.Em2013,pormeiodaportaria2.355,oMinistériodaSaúdepassaapermitirqueocálculodotetomáximodasequipesdeSaúdedaFamíliasejafeitotendocomopopulaçãomínima2milpessoas,oquepermite uma outra dimensão na lógica de pensamento frente ao trabalho destasequipes.ParaunidadesbásicasdesaúdecomSaúdedaFamília,ototaldehabitantesvinculadosdeveserdeaté12mil;jáparaunidadessemSaúdedaFamília,ototalpodeserdeaté18milhabitantessobsuaresponsabilidade.

É necessário que se estabeleça o que a unidade terá condição de atendereoquepoderáserencaminhadoconformeprotocoloestabelecidoentre todosospontosda rede,pois, secadaunidadeestabeleceseufluxosempactuar comosdemaisserviços,ousuáriocomeçaeperegrinarentreumaunidadeeoutrasemtersuanecessidadeatendida.Paraisso,éimportanteconhecerarededeserviçosqueexiste em seu município e região.

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EXERCÍCIO: Já está comprovado por pesquisas que um sistema de saúde com fortereferencial na Atenção Básica à Saúde (ABS) é mais efetivo, mais satisfatórioparaapopulação, temcustosmenoreseémaisequitativo,mesmoemcontextosdegrande iniquidade social, comoéo casobrasileiro.CabeàABS,pormeiodaEstratégiaSaúdedaFamília,darcontaderesolveragrandemaioriadasdemandasda população atendida (cerca de 85%), o que depende também do adequadoconhecimentodaáreaepopulaçãoadscritapormeioda/medianteaterritorializaçãoe diagnóstico da comunidade, da criação de uma relação de vínculo, respeito eparceria, desenvolvendo uma postura acolhedora e disponibilidade para responder àsnecessidadesdesaúde.Assim,apartirdoconteúdoestudadoedas reflexõespropostasnestaunidade,leiaasafirmaçõesabaixoassinalandoaincorreta:

A)Pode-sedizerqueoacolhimentoéumapostura/práticadoprofissionaldesaúdefrenteaousuárioemseuprocessodetrabalhoindividualeemequipeequerequerumcompromissoéticocomooutro. B)Sóhásentidonoacolhimentoquandoelenãose restringeaorganizaraagenda para atender à demanda espontânea, mas prevê a reestruturação da oferta de serviços em geral e a reorganização do processo de trabalho. C)Acolhimentocompreendeumadiretrizparaaspolíticasdesaúde,objetivandocriar, nos diversos pontos de atenção do sistema de saúde, capacidade para dar respostasàsdemandasapresentadaspelosusuários,disponibilizandoasalternativastecnológicasmaisadequadaspormeiodotrabalhointerdisciplinar,intersetorialeemrede. D)Aequipeprecisainiciaragindonosaspectosquetemgovernabilidadeparaalcançaroagiracolhedorebuscarjuntoàgestãoeaosusuáriosadiscussãodotemae a construção da melhor maneira para atender às necessidades locais de cuidado. E) Acolhimento requer ações gerenciais de reorganização do processo detrabalho da unidade de saúde visandomelhor atender aos usuários e ampliar acapacidadede identificare resolverseusproblemas,edeveserdesenvolvidoporumaequipetreinada,emumasalaquepreserveasingularidadedecadausuário.

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Referências BRASIL.Ministério da Saúde. Secretaria deAtenção à Saúde. Departamento deAtençãoBásica.Acolhimentoàdemandaespontânea/MinistériodaSaúde.SecretariadeAtençãoàSaúde.DepartamentodeAtençãoBásica.Brasília:MinistériodaSaúde,2011.56p.:il.–(SérieA.NormaseManuaisTécnicos)(CadernosdeAtençãoBásican.28,VolumeI).ISBN978-85-334-1843-1.

BRASIL.Ministério da Saúde. Secretaria deAtenção à Saúde. Departamento deAtenção Básica. Acolhimento à demanda espontânea: queixas mais comuns naAtençãoBásica/MinistériodaSaúde,SecretariadeAtençãoàSaúde,DepartamentodeAtençãoBásica,Brasília,MinistériodaSaúde,CadernosdeAtençãoBásican.28, v. II, 2012, 290 p. disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/cadernos_ab/caderno_28.pdf.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. DepartamentodeAtenção Básica. Diretrizes do NASF: Núcleo deApoio a Saúde da Família /Ministério da Saúde, Secretaria deAtenção à Saúde, Departamento deAtençãoBásica.–Brasília:MinistériodaSaúde,2010.152p.:il.–(SérieA.NormaseManuaisTécnicos)(CadernodeAtençãoBásica,n.27).ISBN978-85-334-1697-0.Disponívelem:http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/cadernos_ab/abcad27.pdf.

BRASIL.MinistériodaSaúde.Portarianº2.355,de10deoutubrode2013:AlteraafórmuladecálculodotetomáximodasEquipesdeSaúdedaFamília.Disponívelem:http://www.brasilsus.com.br/normas-mensais/legislacoes/gm/120873-2355.html.

DICIONÁRIODOAURÉLIOon-line.Disponívelem:http://www.dicionariodoaurelio.com/Acolher.html,acessoem05defevereirode2014.

FRANCO,TBetal(org.).AcolherChapecó:umaexperiênciademudançadomodeloassistencial,combasenoprocessodetrabalho.SãoPaulo:Hucitec;Chapecó,SC:PrefeituraMunicipal,2004.

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3. Diferentes formas de acolher em saúde

Objetivo de aprendizagem: Apresentar diferentes formas de implementar o acolhimento no processo de trabalho.

Consolidar este modelo de atenção potencializado requer assim uma atuação profissionaltransformadora,cominformaçõestransparentesevínculosefetivosentreequipe e usuários para estabelecer relações de trocas e confiança. Precisamostambém superar algumas fragilidades, como o acolhimento “não acolhedor” nasunidades, a falta de qualificação profissional, a desorganização do processo detrabalho tanto na assistência quanto na organização e gerência.

AspolíticasdehumanizaçãoedeatençãobásicabuscamumfazeremsaúdequerespeiteosprincípiosdoSistemaÚnicodeSaúde(SUS),pormeiodavalorizaçãodacomunicaçãoentresujeitoseserviços;aaproximaçãoentreatençãoegestãoparaqueocuidareogerircaminhemjuntos;eoprotagonismodossujeitosnaproduçãoda saúde.

Issosópoderáacontecerserealizarmosasmudançasquedesejamos,iniciandopelo agir acolhedor. Por isso, convidamos você agora a imaginar esse processo de mudançasacontecendoemsuaunidade.VamosiniciarassistindoaovídeoemqueTúlioBatistaFrancorespondeaalgumasperguntassobreoAcolhimento.

http://migre.me/j4hFu

Acreditamosqueagoramuitasdesuasdúvidasjáforamesclarecidas.Seguimosentãodizendoqueoacolhimentoemsuaunidade,comopráticainseridanoprocessodetrabalho,poderáacontecerdediferentesformas,dependendodasuarealidade.

O acolhimento precisa ser pensado a partir das necessidades demandadas pelapopulaçãodesuaáreadeadscriçãoedequaléamelhorformapararespondera essas necessidades. Pode ser que o caminho seja criar um grupo para promoção desaúdepormeioderodasdeconversa(comusodeTerapiaComunitária,Biodanza,dentreoutrasalternativas).Mastambémpodeserqueamaiordemandasejaporolhardeoutra formaparaomanejodasaçõesdepuericultura,pré-natal,planejamentofamiliar, acompanhamento de pacientes com problemas crônicos, prevenção docâncer;mediante o acesso garantido às consultas, aos grupos e a outras açõesdeeducaçãoemsaúde,aencaminhamentosnecessários,avisitasdomiciliares,amedicações.

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Definição:UNIVERSALIDADEDEACESSODICA: Você pode sabermais sobre algumas dessas técnicasassistindoàsseguinteswebconferênciasdisponíveisnoportaldoNúcleoTelessaúdeSC:- Biodanza na saúde da comunidade-Terapiacomunitária-Educaçãopopularemsaúdeeterapiacomunitária

Fazemos acolhimento ao disponibilizarmos espaços na comunidade para construir o modelo de atenção desejado em parceria, quando a participação popularéaceita,escutada,consideradaequandodeixamosdeexportudoquesabemosparasentareouviracomunidadeafimdepartilharsaberesetornaro cuidado horizontal e as relações mais concretas. Ainda, pode ser que em suaunidadesejanecessárioumgrupoparaacolherpessoasemtratamentodetuberculoseehanseníase,mas,também,queanecessidadedosusuáriossejaoagendamentopelosAgentesComunitáriosdeSaúdeparaavaliaçãoodontológica,devidodificuldadedeacessoàunidade.

Independente da forma como se operacionalize, quando a equipe se responsabiliza por dar aos diferentes um atendimento distinto e que atenda integral e resolutivamente a cada necessidade, está acolhendo e garantindo acesso aosusuários.

Éurgenteeindispensávelquemudemosnossaformadeatenderàdemanda,semmais programação de chegada de todos à unidade nomesmohorário,masfacilitando e garantindo o acesso, o acolhimento e o cuidado (amplo e integral)durante todo o período de trabalho, reorganizando e humanizando nossas agendas eonossoagiremsaúdenaAtençãoBásica.

Para que o acolhimento se traduza de forma concreta em mudanças e melhorias nodiaadiadetrabalho,éprecisoqueossentidossejamtransformadosemações.E não existe uma forma única de realizar acolhimento à demanda. A possibilidade de diferentes modelagens deve-se ajustar ao contexto da sua unidade e contar com a participaçãodostrabalhadoresnaanálise,dialogadaecompartilhada,eescolhapelomelhor modo de acolher.

Ainda, é importantíssimo você refletir que é necessáriocompreender o acolhimento e ter muito claro que a demanda espontânea é parte da demanda atendida pela sua equipe, mas que boa parte da agenda está destinada à demanda programada: consultas agendadas, visitas domiciliares, grupos, reuniões,atividades de educação em saúde, atividades administrativas.

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Paraoacolhimentoàdemandaespontânea,háalgumaspossibilidades:

• Pode ser desenvolvido pela equipe de referência do usuário, coma organização da equipe para que haja profissionais para realizar aprimeira escuta e ofertar adequadamente os serviços que vão atender as necessidadesdecadaum.Nessemodelopodem-serevezarosprofissionaisque acolhem, de forma que a equipe consiga desenvolver todas as suas atividades.É importanteque todosestejamconscientesdomodeloparaqueoprofissionalqueacolhe tenhaa retaguardado restantedaequipesempre que houver necessidade.

•Quandohámaisdeumaequipenamesmaunidade,épossívelqueasequipes se revezem no acolhimento, permitindo que as outras equipes desenvolvamoutras atividades.Porém, é importante atentar para queaequipe de referência não perca a responsabilização e o vínculo com a populaçãoadscrita.Asváriasequipesemumamesmaunidade tambémpodem se organizar de forma a cada equipe acolher a sua população no início do turno e depois, durante o restante do período de trabalho, ficar uma equipe apenas responsável por acolher a demanda e daros encaminhamentos. Esta forma de acolher exige que as equipes se comuniquem bem e tenham uma gestão organizada das agendas.

•Háapossibilidadederealizaroacolhimentocoletivo,quandoaagendadeve ser organizada para que, no início do turno de trabalho toda a equipe possaparticipardaprimeiraescutadosusuários,emumespaçoondesãotambémapresentadasquestões relacionadasàorganizaçãodaunidade,processo de trabalho da(s) equipe(s) e podem ser realizadas açõesde educaçãoemsaúde.Nessamodelagemé importante atentar para apossibilidade de constrangimento das pessoas, devendo ser garantida a escuta individualizada. Ainda, para a sequência dos trabalhos na unidade, deve ser associada outra forma de acolher no restante do turno de trabalho,garantindooencaminhamentoresolutivoatodososusuáriosqueprocurarem a unidade.

Vocêesuaequipedevemtersensibilidadeparaperceberqualaforma de acolher que melhor responde às características dos profissionaiseusuários.Todaaequipedeveserenvolvidanesseprocesso, sem esquecer-se das demandas e necessidades em saúde bucal. Uma estratégia após o consenso da equipe sobre a modelagem mais adequada em sua unidade é orientar a populaçãosobreapropostaesolicitaropiniões,oquepodeserfeito através das visitas dos agentes comunitários de saúde.

A organização da demanda deve levar em conta o número de equipes na unidade, o número de profissionais por equipe, a população sob a área deadscrição da equipe, quem são os profissionais que participam do acolhimentoda demanda espontânea, as especificidades de cada território e características

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da população, a estrutura física e ambiência da unidade, as principais demandas atendidas pela equipe, qual a oferta de serviços da equipe e unidade, o que leva osusuáriosàunidade,comosedistribuiademandaao longododianaunidade,entre outras questões relativas ao fluxo de usuários e a organização da equipe.Por último, é importante falar sobre o acolhimento da demanda espontânea comclassificaçãoderisconaAtençãoBásica,queserefereaoespaço individualizadodeescutaeavaliação,exclusivamenteporprofissionaisdenívelsuperior,ondeosindivíduos têmseu riscoestratificadoparaqueoatendimento seja realizadopelaequipe da forma mais adequada e resolutiva possível, em tempo apropriado. Os indivíduossãoouvidoseaavaliaçãolevaemcontaoproblemaclínico,mastambémassituaçõesderiscoevulnerabilidadeenvolvidos,paraqueocasosejaclassificadocomonãoagudo–podendoserorientadoeprogramadoseuatendimento,ouagudo–quandodeveserclassificadoparaatendimentoimediato,prioritárioounodia.

SevocêquiserconheceroutrasexperiênciasbemsucedidasdoAcolhimento, sugerimos a leitura de um artigo que relata a implantação do acolhimento por equipes de Saúde da Família de Balneário Camboriú/SC. É Importante destacar que o serviço de saúde é dinâmico e que todas as estratégias preveem permanentereavaliaçãocomadequaçãoparaoêxito.Ainda,destacoaimportânciado diálogo com a comunidade e da construção compartilhada das rotinasefluxosaseremimplementados.Link artigo: http://migre.me/j4hJi

Ainda, listamos abaixo vários relatos com diferentes abordagens sobre oAcolhimento para você ler e encontrar caminhos possíveis para acolher em saúde:

•RelatospublicadosnaComunidadedePráticas:

HumanizaSUS–MelhoriadoAcesso,daQualidadeedoAcolhimentonaAtençãoPrimáriaàSaúde/PiranguinhoMG:http://atencaobasica.org.br/relato/5324

DançaCircularSagrada:AcolhimentomaisHumanizadonoMunicípiodeRecife:http://atencaobasica.org.br/relato/4846

Acolhimento na Atenção Básica: estratégias para (re)organização dosserviços:http://atencaobasica.org.br/relato/4571

ProjetoAcolhimento-construindocompetênciaseacessibilidadenoSUS:http://atencaobasica.org.br/relato/2631

ExperiênciacomGruposdeAcolhimentoeApoioPsicológico(GAAP)naAtençãoPrimária,nomunicípiodeFlorianópolis:http://atencaobasica.org.br/relato/5891

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Acolhimento para o parto humanizado: o curso de gestantes “mamãe coruja” e a valorização da equipe de saúde da família emumpré-nataldiferenciado: http://atencaobasica.org.br/relato/5730

AcolhimentoemSaúdeBucalnaPrefeituraMunicipaldeFortaleza:http://atencaobasica.org.br/relato/6841

•RelatospublicadosemInformativodoTelessaúdeSC:

Relato com foco na organização da agenda para programação deconsultas,poisoprincipalproblemaeraoexcessodefilasparaatendimento(página12):http://migre.me/j4i6f

Relato que apresenta ações de equipe para se capacitar sobre plantasmedicinaisde formaaacolherouso feitopelacomunidade (página10):http://migre.me/j4i8o

Sempre haverá casos em que a equipe de AB não terá recursos suficientesparaomanejoeresoluçãototaldoproblema,podendoe devendo contar com os demais níveis de atenção para isso.Há muitos momentos em que o encaminhamento é necessário eoserviçonãoestádisponível,dificultandoumaatençãoemsaúdedequalidade.Hádificuldadesparaimplementaraterritorialização,identificardemandasparatrabalharcomgrupos,organizaragendas,criarprotocolos,enfim,váriasquestõesdasquaisoacolhimentoédependente e que não daremos conta de abordar nesse curso.

Reconhecemosestasfragilidadesequehámuitaslimitaçõesaindano SUS, especialmente no nível especializado e destacamos que o NúcleoTelessaúdeSCéseuparceiroparaqualificá-loecapacitá-lopara resolução de demandas clínicas, de processo de trabalho ou de gestão e coordenação. Utilize o serviço de teleconsultorias e tele-educaçãodoTelessaúdesempreeteráesseapoioadistânciaparafortalecersuapráticaprofissional.

Somos seus parceiros e nossos serviços são alternativas para pensar o contexto individual de sua equipe com nossos teleconsultores e encontrar caminhos.

http://telessaude.sc.gov.br

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EXERCÍCIO: Na organização do trabalho da equipe, para aprimorar a inserção do acolhimento,éfundamentaloplanejamentodaagendadetrabalhodosprofissionaisedaequipe.Comaagendaaequipeutilizarámelhorseutempoeconseguirámelhoraro atendimento às demandas espontânea, programada (incluindo atendimentos individuaisecoletivos,naunidade,domicíliosecomunidadeemgeral)ederetornos.É fundamental que a agenda seja fruto de pactuação de equipes, trabalhadores,gestoreseusuários,gerandocompromissoentre todosossujeitos interessadoseminimizando os desacordos possíveis nesse processo de reorganização do processo de trabalho. A agenda deve descrever as ações a serem operacionalizadas, mas tambémrefletiroscompromissosdaequipecomapopulaçãoadscritaeagestãoapartirdaidentificaçãodosproblemas.Otrabalhoacolhedorimplicaposturaética,compartilhamento de saberes e angústias e envolvimento de toda a equipe para possibilitar o atendimento humanizado. Levando isso em consideração e pensando na implantação de uma agenda que prevê o atendimento a demanda espontânea e tambémprogramada,classifiqueasegundacolunadeacordocomaprimeira:

a) DemandaEspontânea – atendimento de emergência, urgência ou noperíodo. b) DemandaProgramada–podeseragendadoparaoutrodia.

Adolescentecomagendamentoprévioparamostrarexame. Mulher de 27 anos, com agendamento prévio para consulta, apresentadoquadro hipertensivo agudo. Gestanteprocuraaunidadeparaagendarconsultadopré-natal. Idoso sem queixa aguda, nunca veio à unidade e mora em local de difícil acesso. Homemadulto,queixadefortedortorácicaqueiniciounodiaanterior,procuraa unidade para avaliação e atendimento. Usuáriocomaltavulnerabilidadesocial,semqueixaaguda. Paiscomfilhode6mesesevacinaçãoemdia,semqueixas,procuraaunidadeparaconsultamensaldofilhoeacompanhamentodocrescimentoedesenvolvimento.

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Referências BRASIL.Ministério da Saúde. Secretaria deAtenção à Saúde. Departamento deAtenção Básica. Acolhimento à demanda espontânea: queixas mais comuns naAtençãoBásica/MinistériodaSaúde,SecretariadeAtençãoàSaúde,DepartamentodeAtençãoBásica,Brasília,MinistériodaSaúde,CadernosdeAtençãoBásican.28, v. II, 2012, 290 p. disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/cadernos_ab/caderno_28.pdf.

FRANCO,TBetal(org.).AcolherChapecó:umaexperiênciademudançadomodeloassistencial,combasenoprocessodetrabalho.SãoPaulo:Hucitec;Chapecó,SC:PrefeituraMunicipal,2004.