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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE - UFS PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA - POSGRAP PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA - PPGQ JOSELAINE CARVALHO SANTANA DESENVOLVIMENTO DE MATERIAIS HÍBRIDOS MICRO-MESOPOROSOS DO TIPO ZSM-12/MCM-41 PARA UTILIZAÇÃO NO CRAQUEAMENTO DE FRAÇÕES DE PETRÓLEO São Cristóvão - SE 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE - UFS

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA - POSGRAP

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA - PPGQ

JOSELAINE CARVALHO SANTANA

DESENVOLVIMENTO DE MATERIAIS HÍBRIDOS MICRO-MESOPOROSOS DO

TIPO ZSM-12/MCM-41 PARA UTILIZAÇÃO NO CRAQUEAMENTO DE FRAÇÕES

DE PETRÓLEO

São Cristóvão - SE

2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE - UFS

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA - POSGRAP

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA - PPGQ

JOSELAINE CARVALHO SANTANA

DESENVOLVIMENTO DE MATERIAIS HÍBRIDOS MICRO-MESOPOROSOS DO

TIPO ZSM-12/MCM-41 PARA UTILIZAÇÃO NO CRAQUEAMENTO DE FRAÇÕES

DE PETRÓLEO

Dissertação apresentada ao programa de Pós- Graduação em

Química da Universidade Federal de Sergipe, como parte dos

requisitos necessários para obtenção do título de Mestre em

Química, área de concentração Química Inorgânica.

Orientadora: Profa. Dr

a. Anne Michelle Garrido Pedrosa de Souza

Coorientador: Prof. Dr. Marcelo José Barros de Souza

São Cristóvão - SE

2014

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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

S232d

Santana, Joselaine Carvalho Desenvolvimento de materiais híbridos micro-mesoporosos do

tipo ZSM-12/MCM-41 para utilização no craqueamento de frações de petróleo / Joselaine Carvalho Santana ; orientadora Anne Michelle Garrido Pedrosa de Souza. – São Cristóvão, 2014.

98 f. : il.

Dissertação (mestrado em Química) – Universidade Federal de Sergipe, 2014.

1. Química inorgânica. 2. Materiais mesoporosos. 3. Zeólitas. 4. Craqueamento catalítico. I. Souza, Anne Michelle Garrido Pedrosa de, orient. II. Título.

CDU 546-116

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Dedico este trabalho ao meu filho Lucas, por

ser a luz da minha vida, e aos meus pais,

Josinete e José Francisco, por toda a

dedicação concedida ao longo de minha

existência

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por sempre me dar forças nos momentos mais difíceis;

A toda minha família, pelo apoio, em especial a minha mãe;

Ao meu esposo Cledson pelo companheirismo, além de participar diretamente desta jornada;

A minha orientadora professora Anne Michelle Garrido P. Souza, pelos ensinamentos ao

longo desses anos, e ao meu coorientador professor Marcelo José Barros de Souza;

A todos do Laboratório de Catálise pela ajuda na parte prática e na discussão dos resultados,

além da amizade, dentre estes: Sanny, Thiago, Paloma, Silvia e Regivânia;

Aos colegas do mestrado pelas experiências compartilhadas durante as disciplinas;

Aos docentes que compõem o núcleo de Pós-Graduação em Química, em especial aos que

foram meus professores;

A banca examinadora pelas contribuições no sentido de melhorar o trabalho;

Aos amigos que sempre estão ao meu lado, me apoiando, incentivando, e ajudando no que for

possível, em especial a minha amiga de longa jornada Luzia Cristina e a minha comadre

Rafaela;

A CAPES e ao CNPq pelo apoio financeiro.

Page 7: JOSELAINE CARVALHO SANTANA - ri.ufs.br

Resumo

O desenvolvimento de híbridos micro-mesoporosos visa a obtenção de materiais com

características melhoradas, uma vez que busca unir a elevada acidez e estabilidade térmica e

hidrotérmica das zeólitas, com o maior sistema de poros e consequentemente melhor

possibilidade de difusão de moléculas dos materiais mesoporosos. Materiais híbridos micro-

mesoporosos do tipo ZSM-12/MCM-41 com diferentes contribuições de micro e

mesoporosidade foram preparados por meio de um procedimento que se utiliza da

dessilicalização de zeólitas em meio alcalino, seguida de recristalização em mesoestrutura,

onde a zeólita é utilizada como fonte de sílica na formação da fase mesoporosa. A zeólita

ZSM-12 pura e o MCM-41 puro também foram preparados. Os materiais foram

caracterizados por difratometria de raios-X, adsorção-desorção de nitrogênio a 77 K,

microscopia eletrônica de varredura, espectroscopia de absorção na região do infravermelho e

análise termogravimétrica. A atividade catalítica destes foi analisada no craqueamento

catalítico do cumeno. Os resultados obtidos através das técnicas de caracterização mostraram

que a metodologia utilizada é eficiente para a obtenção de materiais híbridos do tipo ZSM-

12/MCM-41 com contribuição de micro e mesoporosidade otimizadas, e os testes catalíticos

mostraram que os híbridos têm potencial em reações de craqueamento, apresentando melhores

resultados que os materiais puros, evidenciando com isso, o efeito sinérgico existente nestes.

Palavras - Chave:

- Híbridos micro-mesoporosos

- Dessilicalização de zeólitas

- Recristalização em mesoestrutura

- Craqueamento catalítico

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Abstract

The development of micro-mesoporous hybrid aims to obtain materials with improved

characteristics, since it tries to bring together to high acidity and thermal and hydrothermal

stability of zeolites, with larger pore system and consequently better chance of diffusion of

molecules within the mesoporous materials. Micro-mesoporous hybrid materials of ZSM-

12/MCM-41 type with different micro and mesoporosity contributions were prepared by a

procedure that uses the desilicalization of the zeolite in an alkaline medium, followed by

recrystallization on the mesostructure, where the zeolite is used as the silica source in the

formation of mesoporous phase. The ZSM-12 pure zeolite and MCM-41 pure were also

prepared. The materials were characterized by X-ray diffraction, nitrogen adsorption-

desorption at 77 K, scanning electron microscopy, infrared absorption spectroscopy and

thermal analysis. The catalytic activity of these was analyzed in the catalytic cracking of

cumene. The results shown that the methodology utilized is efficient to obtain hybrid

materials of ZSM-12/MCM-41 type with micro-and mesoporosity optimized, and catalytic

tests showed that the hybrid have the potential for cracking reactions, showing better results

than the pure materials, pointing to it, the existing synergistic effect in these.

Keywords:

- Micro-mesoporous hybrids

- Recrystallization on mesostructure

- Catalytic Cracking

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SUMÁRIO

1- INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 8

2- OBJETIVOS .................................................................................................................................... 11

2.1- Objetivo Geral ............................................................................................................ 11

2.2- Objetivos Específicos ................................................................................................. 11

3- REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................................. 12

3.1- Materiais Porosos ....................................................................................................... 12

3.1.1- Microporosos .......................................................................................................... 12

3.1.1.1- Zeólita ZSM-12 .................................................................................................... 24

3.1.2- Mesoporosos ........................................................................................................... 25

3.1.2.1- MCM-41 .............................................................................................................. 31

3.1.3- Híbridos Micro-Mesoporosos ................................................................................. 32

3.2- Refino do Petróleo ..................................................................................................... 41

3.2.1- Craqueamento Catalítico Fluidizado (FCC)............................................................ 42

3.2.1.1- O Catalisador de FCC .......................................................................................... 44

4- METODOLOGIA EXPERIMENTAL ................................................................................. 47

4.1- Síntese dos Materiais ................................................................................................. 47

4.1.1- ZSM-12 ................................................................................................................... 47

4.1.2- MCM-41 ................................................................................................................. 48

4.1.3- ZSM-12/MCM-41 ................................................................................................... 50

4.2- Calcinação dos Materiais ........................................................................................... 52

4.3- Troca Iônica ............................................................................................................... 52

4.4- Síntese do Material Híbrido a partir da Zeólita Ácida ............................................... 53

4.5- Síntese de Materiais via Mistura Mecânica (ZSM-12 + MCM-41) ........................... 54

4.6- Caracterização dos Materiais ..................................................................................... 54

4.6.1- Difratometria de raios-X (DRX) ............................................................................. 54

4.6.2- Adsorção-desorção de nitrogênio a 77K ................................................................. 55

4.6.3- Microscopia eletrônica de varredura (MEV) .......................................................... 55

4.6.4- Espectroscopia de absorção na região do infravermelho ........................................ 56

4.6.5- Análise termogravimétrica (TG) ............................................................................. 56

4.7- Testes Catalíticos ....................................................................................................... 56

5- RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................................... 58

5.1- Difratometria de raios-X (DRX) ................................................................................ 58

5.2- Adsorção-desorção de nitrogênio a 77K .................................................................... 72

5.3- Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) ............................................................ 77

5.4- Espectroscopia de Absorção na Região do Infravermelho ........................................ 79

5.5- Análise Térmica (TG) ................................................................................................ 82

5.6- Testes Catalíticos ....................................................................................................... 86

6- CONCLUSÃO ................................................................................................................. 90

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 91

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1- INTRODUÇÃO

Dentre diversos materiais porosos, as zeólitas apresentam posição de destaque devido

a importantes aplicações em muitos setores da indústria química e petroquímica. A utilização

das zeólitas no processo de craqueamento catalítico do petróleo em 1962 marcou a

importância destes sólidos microporosos como potenciais catalisadores (CORMA, 1997;

GRECCO; RANGEL; URQUIETA-GONZÁLEZ, 2013; LUNA; SCHUCHARDT, 2001). As

zeólitas são aluminossilicatos cristalinos de ocorrência natural e foram descobertas em 1756

pelo mineralogista Constedt (COLELLA; GUALTIERI, 2007; MASTERS; MASCHMEYER,

2011). Atualmente existe uma grande diversidade de estruturas zeolíticas, pois o

desenvolvimento de técnicas de síntese permitiu criar tanto zeólitas sintéticas estruturalmente

análogas as naturais como novos tipos de estrutura (CUNDY; COX, 2005; DAVIS; LOBO,

1992). A grande diversidade de aplicações destas advém de características como a capacidade

de troca iônica, acidez, estabilidade térmica e hidrotérmica, seletividade de forma e área

superficial relevante (BRAGA; MORGON, 2007; CORMA, 1997).

Apesar destas inúmeras vantagens, o sistema microporoso das zeólitas tem imposto

limitações para aplicações destas em processos que envolvem moléculas volumosas

(GRECCO; RANGEL; URQUIETA-GONZÁLEZ, 2013). Diversas pesquisas têm sido

conduzidas no sentido de superar esta barreira, acarretando na criação de materiais com maior

diâmetro de poros. Em 1992 foi proposta a criação de materiais mesoporosos da família

M41S, composta pelo MCM-41, pelo MCM-48 e pelo MCM-50, os responsáveis por esta

descoberta foram os cientistas da Mobil. O membro mais importante desta família é o MCM-

41, que apresenta um arranjo de mesoporos hexagonal, uniforme e unidimensional, e possui

elevada área superficial específica (KRESGE et al., 2004). Estes materiais exibem a

capacidade de geração de acidez, porém bem menor que nas zeólitas e suas paredes são

amorfas, o que traz limitações a estabilidade hidrotérmica (CORMA et al., 1994; KRESGE et

al., 2004; MASCARENHAS; OLIVEIRA; PASTORE, 2001).

Diante disso, com o intuito de se obter materiais com características melhoradas para

diversas aplicações, como as catalíticas no craqueamento de frações de petróleo, foi proposto

o desenvolvimento de materiais híbridos micro-mesoporosos. A intenção foi a de unir em um

único material a elevada acidez e estabilidade térmica e hidrotérmica das zeólitas, com a

melhor possibilidade de difusão de moléculas grandes dos materiais mesoporosos (GROEN;

PEFFER; PÉREZ-RAMÍREZ, 2003; HUIYONG et al., 2009; ORDOMSKY et al., 2007;

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WANG; CUI; LI, 2011). Neste hibrido micro-mesoporoso há a possibilidade de combinação

de materiais com propriedades complementares, originando um único material com

propriedades diferentes das que o originou. Assim as propriedades dos materiais híbridos

micro-mesoporosos reflete um sinergismo entre as características individuais (CORIOLANO

et al., 2013; JOSÉ; PRADO, 2005).

A primeira ideia de desenvolver materiais híbridos micro-mesoporosos foi de

Kloetstra et. al (1996). Desde então, o desenvolvimento deste tipo de material vem se

expandindo, e as principais metodologias exploradas na literatura são: preparação inicial de

precursores zeolíticos em um tratamento hidrotérmico curto, seguida da adição do

direcionador mesoestruturante e de um segundo tratamento hidrotérmico; transformação das

paredes pré-montadas de materiais mesoporosos, não completamente ordenados, em

estruturas zeolítica, por meio de um segundo tratamento hidrotérmico na presença do

direcionador da zeólita; e dissolução parcial de zeólitas em meio alcalino, seguida de

recristalização em mesoestrutura. A literatura, já apresenta certa variedade de combinações

entre estruturas microporosas e mesoporosas. Contudo ainda não há relatos da combinação

entre a zeólita ZSM-12 e uma estrutura mesoporosa.

Dentre as metodologias citadas, a dissolução parcial de zeólitas em meio alcalino,

seguida de recristalização em mesoestrutura, vem ganhando espaço na literatura (GOTO et al.,

2002; IVANOVA et al., 2004, 2005; KHITEV et al., 2011, 2012; ORDOMSKY et al., 2007;

TANG et al., 2012). Neste procedimento, zeólitas cristalizadas são utilizadas como fonte de

sílica na formação da fase mesoporosa. Isto devido ao fato de que o tratamento alcalino

remove espécies de silício da estrutura zeolítica, que ficam dispersas em solução e quando

entram em contato com o direcionador da estrutura mesoporosa, ocorrem interações que leva

a formação de uma fase mesoestruturada. Assim esta metodologia mostra-se viável para a

preparação das mais variadas combinações entre estruturas microporosas e mesoporosas, pois

a fase zeolítica já está cristalizada, e o teor de cristalinidade desta, no material micro-

mesoporoso, pode ser facilmente controlada para a aplicação de interesse variando-se a

alcalinidade do meio.

Goto et. al (2002) foram os primeiros a preparar materiais micro-mesoporosos por esta

metodologia. Estes autores acreditam que neste tipo de síntese a parte mesoporosa é

construída em torno dos cristais de zeólita que não foram dissolvidos, e desse modo, a parte

mesoporosa e os cristais de zeólita estão muito mais próximos e conectados do que em uma

mistura simples, levando de fato a formação de híbridos. Para os mesmos, também é possível

a presença de sítios ácidos médios e fortes na parte mesoporosa, uma vez que esta é formada

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pelos fragmentos da zeólita. O que de acordo com os autores, é mais um indicativo de que

este material não é uma mistura física.

O processo de craqueamento catalítico em leito fluidizado (FCC) é o principal

responsável pela produção de gasolina automotiva. Este processo utiliza como catalisador um

sistema complexo, em que a zeólita Y é o principal componente ativo, incorporada a uma

matriz junto com um ligante e aditivos, este último é adicionado com objetivos específicos, a

exemplo da ZSM-5, usada para melhorar a octanagem da gasolina (BALDESSAR, 2005;

GUISNET; RIBEIRO, 2004; MOTA, 1995; ROSSINI, 2003). Tipicamente no catalisador

comercial de craqueamento há micro, meso e macroporos. Vários estudos foram

desenvolvidos na literatura avaliando o potencial de diferentes zeólitas microporosas e

materiais mesoporosos da família M41S para o craqueamento de frações de petróleo, porém

estudos envolvendo materiais híbridos micro-mesoporosos para o craqueamento ainda são

recentes.

Neste trabalho foi estudado o desenvolvimento de materiais híbridos micro-

mesoporosos do tipo ZSM-12/MCM-41 com diferentes contribuições de micro e

mesoporosidade, utilizando como metodologia a dessilicalização de zeólitas em meio alcalino

seguida de recristalização em mesoestrutura. Várias técnicas foram utilizadas para estudar as

características estruturais, morfológicas e de estabilidade térmica dos materiais preparados. A

atividade catalítica dos catalisadores híbridos foi avaliada na reação de craqueamento do

cumeno.

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2- OBJETIVOS

2.1- Objetivo Geral

Sintetizar materiais híbridos micro-mesoporosos do tipo ZSM-12/MCM-41 com

diferentes contribuições de micro e mesoporosidade e avaliar o potencial destes materiais

como catalisador para craqueamento de frações de petróleo.

2.2- Objetivos Específicos

Sintetizar a zeólita ZSM-12;

Sintetizar o material mesoporoso MCM-41;

Sintetizar o material híbrido micro-mesoporoso do tipo ZSM-12/MCM-41 por meio da

dessilicalização de zeólitas seguida de recristalização em mesoestrutura;

Converter os materiais para a forma ácida por meio de troca iônica;

Caracterizar os materiais por meio das seguintes técnicas físico-químicas de análise:

Difratometria de raios-X; Isotermas de adsorção-desorção de nitrogênio a 77 K;

Microscopia eletrônica de varredura; Espectroscopia de absorção na região do

infravermelho e Análise termogravimétrica;

Realizar testes de craqueamento catalítico;

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3- REVISÃO DA LITERATURA

3.1- Materiais Porosos

Os materiais porosos apresentam relevante importância em muitos processos, dentre

eles os catalíticos, pois moléculas podem se difundir no sistema poroso destes de acordo com

o seu diâmetro, fenômeno chamado de peneiramento molecular, o que facilita a ocorrência de

reações desejadas (LUNA; SCHUCHARDT, 2001). Segundo a União Internacional de

Química Pura e Aplicada (IUPAC), materiais porosos podem ser agrupados em três classes

com base no seu diâmetro de poro (d):

Microporosos: d < 2,0 nm;

Mesoporosos: 2,0 ≤ d ≤ 50 nm;

Macroporosos: d > 50 nm;

3.1.1- Microporosos

O principal representante desta classe de materiais são as zeólitas, aluminossilicatos

cristalinos de estrutura complexa, constituídos por uma rede tridimensional de tetraedros do

tipo TO4, onde T representa os átomos de silício ou alumínio, unidos entre si através de

átomos de oxigênio. Estas contem canais e cavidades de dimensões moleculares, cujo

diâmetro depende do tipo da zeólita (CORRÊA; WALLAU; SCHUCHARDT, 1996; DAVIS;

LOBO, 1992; GRECCO; RANGEL; URQUIETA-GONZÁLEZ, 2013). Como o alumínio é

trivalente, os tetraedros AlO4- induzem cargas negativas na estrutura, as quais são

neutralizadas pelos chamados cátions de compensação (comumente metais alcalinos ou

alcalinos terrosos), como mostrado na Figura 1, estes ficam situados nos canais e cavidades da

estrutura, junto com moléculas de água e outros adsorvatos, (MARTINS; CARDOSO, 2006).

No entanto, o termo zeólita também é usado para designar estruturas análogas contendo

tetraedros de outros elementos, como o PO4, GaO4, entre outros (LUNA; SCHUCHARDT,

2001).

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Figura 1: Ilustração dos tetraedros TO4 em uma estrutura zeolítica, mostrando a atuação do

cátion de compensação na neutralização da carga negativa localizada no tetraedro AlO4-.

Fonte: Martins e Cardoso (2006).

As zeólitas foram primeiramente relatadas na literatura em 1758, quando o

mineralogista Sueco Axel Fredrik Constedt publicou, "An Essay Towards a System of

Mineralogy" - Um Ensaio para um Sistema de Mineralogia -, que revolucionou a área

mineralógica, pois defendia que os minerais deveriam ser classificados por suas propriedades

químicas, além de introduzir a classificação das zeólitas minerais. No entanto, o termo zeólita

foi utilizado pela primeira vez por Constedt em 1756, na academia Sueca, onde relatou a

descoberta de um novo tipo de mineral hidratado, denominado por este de zeólita, que do

grego significa pedra que ferve, pois estes materiais perdiam água quando aquecidos na

chama de um maçarico (COLELLA; GUALTIERI, 2007; MACEDO, 2007; MASTERS;

MASCHMEYER, 2011).

As zeólitas foram inicialmente elucidadas como minerais naturais, no entanto, devido

ao fato de estas serem encontradas na natureza de forma impura e com composição química

muito variável, tornou-se necessária a criação de análogos sintéticos que apresentassem

pureza adequada, maior uniformidade em composição e a possibilidade de modelar suas

propriedades para as aplicações de interesse. Existindo atualmente inúmeras zeólitas

sintéticas, muitas sem análogo natural (BRAGA; MORGON, 2007; MACEDO, 2007;

GRECCO; RANGEL; URQUIETA-GONZÁLEZ, 2013).

As primeiras sínteses de zeólitas tentavam imitar as condições naturais de altas

pressões e temperaturas, além de usar períodos de tempo longos. No entanto, logo foram

utilizados materiais de partida mais reativos que tornou as sínteses mais rápidas e eficazes,

utilizando condições mais amenas (MASCARENHAS; OLIVEIRA; PASTORE, 2001). Os

primeiros resultados relevantes sobre a síntese de zeólitas foram conseguidos por Robert

Milton e Richard Barrer, entre os anos de 1940 e 1950. Barrer foi o pioneiro, utilizando

soluções salinas concentradas a altas temperaturas. Enquanto Milton, utilizando materiais

mais reativos, como géis de aluminossilicatos e metal alcalino, conseguiu obter as zeólitas em

condições mais suaves. A partir disso, foi possível o surgimento de estruturas zeolítica não

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conhecidas na natureza (CUNDY; COX, 2005; DAVIS; LOBO, 1992; GRECCO; RANGEL;

URQUIETA-GONZÁLEZ, 2013).

Inicialmente, as sínteses de zeólitas eram realizadas apenas com reagentes inorgânicos,

mas foi com a introdução de reagentes orgânicos nos anos 60, os chamados agentes

direcionadores de estrutura, que foi possível ampliar a diversidade de estruturas zeolítica, pois

possibilitou o surgimento das zeólitas de alta sílica, que apresentam uma maior razão Si/Al,

levando também ao surgimento das zeólitas silicalitas, com a eliminação total de alumínio na

estrutura. Isto porque, ocorre uma restrição à densidade de carga da estrutura zeolítica, devido

ao fator estérico, pois a zeólita se forma em torno do direcionador, com uma distância

bastante pequena entre os grupos orgânicos e as paredes do poro. Além disso, os agentes

direcionadores apresentam importantes papéis na estabilização da estrutura e como agente de

bloqueio de estrutura. Dentre os agentes direcionadores mais utilizados se inclui os sais de

amônio quaternário, que após a síntese devem ser removidos para produzir os materiais de

poro aberto, normalmente isto é feito por calcinação. Atualmente este direcionamento

estrutural é conhecido como efeito template, ou seja, uma determinada molécula funciona

como molde na formação de um determinado material, como no caso das zeólitas (CASCI,

2005; CORRÊA; WALLAU; SCHUCHARDT, 1996; CUNDY; COX, 2003; CUNDY; COX,

2005; DAVIS; LOBO, 1992; MACEDO, 2007).

A síntese de zeólitas é tipicamente realizada sobre condições hidrotérmicas, onde os

reagentes amorfos, contendo sílica e alumina, em conjunto com uma fonte catiônica,

normalmente em meio básico, são dissolvidos e/ou precipitados em meio aquoso, sob uma

condição de temperatura geralmente superior a 100°C. Normalmente a síntese é realizada em

um autoclave selado, sob pressão autógena (CUNDY; COX, 2005). Semelhante ao que ocorre

na natureza, onde as zeólitas são formadas por alterações hidrotérmicas, ou seja, sob a ação da

água em altas temperaturas, além das altas pressões envolvidas. Sendo que a água também

atua na estabilização da estrutura, pois caso contrário, a pressão destruiria rede porosa em

formação (MASCARENHAS; OLIVEIRA; PASTORE, 2001).

A Figura 2 ilustra uma síntese hidrotérmica, onde durante algum tempo, após se

alcançar a temperatura de síntese, os reagentes permanecem amorfos. Após um certo período,

a zeólita cristalina pode ser detectada, sendo que gradualmente todo o material amorfo é

substituído por uma massa aproximadamente igual de cristais de zeólita, que são recuperados

por filtração, lavagem e secagem (CUNDY; COX, 2005).

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Figura 2: Síntese hidrotérmica de zeólitas: os materiais de partida (ligações Si-O e Al-O) são

convertidos por um meio mineralizante (OH- e/ou F

-) no produto cristalino (ligações Si-O-Al)

cuja microporosidade é definida pela estrutura.

Fonte: Cundy e Cox (2005).

Os principais fatores que influenciam a cristalização das zeólitas são: composição da

mistura reacional, temperatura e tempo. As zeólitas de alta sílica necessitam de tempos mais

prolongados, além de temperaturas consideravelmente mais elevadas, quando comparadas

com as zeólitas com alto teor de alumínio. Isto porque a taxa de crescimento dos cristais

tendem a diminuir à medida que a relação Si/Al aumenta (CUNDY; COX, 2003).

Os mecanismos envolvidos na síntese de zeólitas ainda não foram plenamente

elucidados, pois se trata de um processo complexo. "Pode-se idealizar a evolução temporal do

processo por considerar que a mistura de reação se processa a partir de um estado inicial

aleatório para um com ordem microscópica, com núcleos locais. Depois para o estado final,

onde a ordem de longo alcance é aparente, pois se observa os cristais" (DAVIS; LOBO, 1992,

P. 759).

Cundy e Cox (2005), depois de uma vasta revisão, relatam que a formação de zeólitas

se processa a partir de uma fase amorfa primária, que representa o produto inicial obtido com

a mistura dos reagentes, provavelmente heterogênea em um estado de não equilíbrio. Após

um certo tempo sobre a temperatura de reação, ocorrem alterações na mistura devido a

ocorrência de reações de equilíbrio, este estado é chamado de fase amorfa secundária. Sendo

Page 18: JOSELAINE CARVALHO SANTANA - ri.ufs.br

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que na fase final da síntese a fase amorfa secundária é convertida na zeólita cristalina. Estas

etapas podem ser observadas nas Figuras 3 e 4.

Figura 3: Equilíbrio da mistura de partida para estabelecer intermediários parcialmente

ordenados (fase amorfa secundária) e uma distribuição características das espécies em

solução.

Fonte: Candy e Cox (2005).

Figura 4: A evolução da ordem, a partir da fase amorfa primária (a), através da fase amorfa

secundária (b), para o produto cristalino (c).

Fonte: Candy e Cox (2005).

Page 19: JOSELAINE CARVALHO SANTANA - ri.ufs.br

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Dentre as propriedades de grande interesse apresentadas pelas zeólitas, que foram

sendo elucidadas ao longo do tempo após a descoberta de Constedt, pode-se citar: capacidade

de troca iônica, desidratação reversível, sorção de gases e líquidos orgânicos, e o efeito de

peneira molecular. O que torna estes materiais potenciais para inúmeras aplicações industriais,

tais como: catalíticas, a exemplo do refino do petróleo, petroquímica e síntese orgânica; e

adsorventes, na purificação de gases. Sendo que o sucesso destas aplicações também está

relacionado a algumas características estruturais associadas as zeólitas, como: elevada área

superficial, capacidade de adsorção controlada, controle da acidez e basicidade, e um amplo

espectro de seletividade relacionado com as dimensões dos seus poros, canais e cavidades.

(BRAGA; MORGON, 2007; CORMA, 1997; GRECO; RANGEL; URQUIETA-

GONZÁLEZ, 2013; LUNA; SCHUCHARDT, 2001; MACEDO, 2007;).

A presença de alumínio na rede zeolítica, proporciona a estes materiais a capacidade

de troca iônica, que por sua vez está relacionada com a acidez. Isto porque, os tetraedros de

alumínio geram cargas negativas na estrutura, que são compensadas por cátions, geralmente

metais alcalinos ou alcalinos terrosos, estes podem ser facilmente trocados sobre condições

adequadas, sendo esse processo denominado de troca iônica. O mesmo é realizado com uma

solução aquosa contendo o sal do cátion de interesse, geralmente uma solução de cloreto de

amônio, sendo facilitado com o aumento da temperatura e agitação, seguido de lavagem para

retirada de cloreto residual, e calcinação. Mas, caso não seja possível realizar a troca em

solução, devido ao elevado volume da esfera de coordenação do cátion hidratado, esta pode

ser feita em estado sólido (BRAGA; MORGON, 2007; LUNA; SCHUCHARDT, 2001;

MASCARENHAS; OLIVEIRA; PASTORE, 2001; MORENO; RAJAGOPAL, 2009;

WEITKAMP, 2000).

Quanto maior a quantidade de alumínio, maior a capacidade de troca iônica (BRAGA;

MORGON, 2007). Nas zeólitas a quantidade de átomos de silício e de alumínio presentes na

estrutura pode variar bastante. No entanto, a maioria das zeólitas só podem ser obtidas em

uma faixa de razão Si/Al limitada (GRECCO; RANGEL; URQUIETA-GONZÁLEZ, 2013).

Sendo que de acordo com a regra de Lowenstein, a razão Si/Al não pode ser inferior a 1, pois

não é favorável a existência de átomos de alumínio adjacentes (Al-O-Al), devido as repulsões

entre as cargas negativas geradas pelos tetraedros AlO4-. Além disso, não é possível a

obtenção de zeólitas com um valor de razão Si/Al tão baixo (GRECO; RANGEL;

URQUIETA-GONZÁLEZ, 2013; GUISNET; RIBEIRO, 2004).

Quando os cátions de compensação são trocados por prótons, resulta na geração de

acidez na estrutura. Estes se ligam fracamente aos átomos de oxigênios, que estão ligados aos

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átomos de silício e alumínio, o que gera grupos hidroxilas em ponte, que são chamados de

sítios ácidos de Brönsted. Sendo que o aquecimento destes sólidos leva a formação de sítios

ácidos de Lewis, devido a saída desses grupos na forma de água. As etapas que levam a

geração das diferentes formas de acidez nestes materiais estão descritas na Figura 5 (GRECO;

RANGEL; URQUIETA-GONZÁLEZ, 2013; MORENO; RAJAGOPAL, 2009).

Figura 5: Reações químicas envolvidas na geração de sítios ácidos de Brönsted e de Lewis

em zeólitas.

Fonte: Greco, Rangel e Urquieta-gonzález (2013).

Em catálise, a região específica do catalisador onde ocorre a reação, é chamada de

centro ativo. "A maioria das reações de hidrocarbonetos e muitas das transformações de

compostos funcionais são apenas catalisadas por centros protônicos" (GUISNET; RIBEIRO,

2004, P. 24). O que torna a capacidade de controlar a acidez, uma das propriedades mais

importantes dos materiais zeolíticos. Assim, nas zeólitas a eficiência em catálise ácida, está

relacionada ao número de centros protônicos e a atividade destes. Contudo, para todas as

razões Si/Al, o número real de centros protônicos é inferior ao número teórico, devido a troca

incompleta dos cátions e a possíveis fenômenos de desidroxilação e desaluminação. Além

disso, a atividade de um centro protônico depende da localização, ou seja, sua acessibilidade

as moléculas reagentes, e da sua força ácida, que é influenciada pela presença de centros

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19

Lewis, pelo ângulo da ligação Al-(OH)-Si, pelo elemento trivalente pertencente a rede e pela

proximidade dos centros (GUISNET; RIBEIRO, 2004).

Os aluminossilicatos amorfos também apresentam grupos hidroxilo (OH), que são

provenientes de grupos silanóis presentes na sílica, ou seja, uma hidroxila ligada a um átomo

de silício. Contudo a força ácida nas zeólitas é bem mais pronunciada que nestes, pois nas

mesmas, as ligações Al-O e Si-O são praticamente equivalentes, devido a um reajuste global

das ligações em todo o cristal. Nos aluminossilicatos amorfos não ocorre este reajuste,

havendo assim, uma fraca interação entre o grupo hidroxilo e o átomo de alumínio. Enquanto

nas zeólitas a maior interação entre o O e o Al, enfraquece a ligação OH, aumentando assim a

força ácida do próton. Foram criadas as estruturas mostradas na Figura 6 para ilustrar o grupo

hidroxilo de ambos materiais (GUISNET E RIBEIRO; 2004).

Figura 6: Representação dos grupos hidroxilo nos aluminossilicatos amorfos (a), e nas

zeólitas (b).

Fonte: Guisnet e Ribeiro (2004).

O sistema poroso das zeólitas, confere as mesmas a capacidade de controlar as

moléculas que entram e saem de seus poros, este efeito chamado de seletividade de forma está

relacionado ao diâmetro e a forma dos poros, que selecionam as moléculas por sua forma

geométrica, assim somente moléculas compatíveis em tamanho com os canais e cavidades das

zeólitas são capazes de penetrar nestas, efeito também chamado de peneiramento molecular

(GUISNET; RIBEIRO, 2004; WEITKAMP, 2000). Esta propriedade apresenta destaque, pois

geralmente, segundo Guisnet e Ribeiro:

A dimensão e a forma dos poros e das aberturas das zeólitas desempenham

um papel importante nas reações que catalisam, ao nível da seletividade, mas

igualmente ao nível da atividade e da estabilidade. Isto porque a maior parte

dos centros ativos estão localizados nas cavidades, nas interseções de canais

ou nos canais do sistema poroso das zeólitas (2004, p19 e 77).

Os principais tipos de seletividade de forma são (GUISNET; RIBEIRO, 2004;

WEITKAMP, 2000):

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Seletividade de forma para os reagentes: Ocorre quando existe pelo menos dois

reagentes com diferentes dimensões moleculares, e apenas o menos volumoso

consegue penetrar nos poros da zeólita, pois a difusão do mais volumoso é impedida

por não ser compatível com o tamanho do sistema poroso.

Figura 7: Ilustração da seletividade de forma para os reagentes.

Fonte: Guisnet e Ribeiro (2004).

Seletividade de forma para os produtos: Ocorre quando dois ou mais produtos com

diferentes dimensões moleculares podem ser formados em reações consecutivas, mas

caso a difusão dos produtos mais volumosos seja dificultada pela incompatibilidade

com as dimensões do sistema poroso, o produto menos volumoso será formado

preferencialmente.

Figura 8: Ilustração da seletividade de forma para os produtos.

Fonte: Guisnet e Ribeiro (2004).

Seletividade de forma para o estado de transição: Neste caso, nem os reagentes nem

os produtos apresentam difusão prejudicada, mas ocorre a formação de estados de

transição volumosos que são limitados estereoquimicamente pelo tamanho e forma do

sistema poroso, impedindo a formação de alguns produtos que poderiam se difundir

livremente.

Figura 9: Ilustração da seletividade de forma para o estado de transição.

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Fonte: Guisnet e Ribeiro (2004).

A fórmula que mostra a composição química das zeólitas é representada da seguinte

forma (BRAGA; MORGON, 2007; CAOVILLA et al., 2009; WEITKAMP, 2000):

Mx/n[(AlO2)x(SiO)y].wH2O

Onde: M: cátion trocável; n: valência do cátion; (x+y): número total de tetraedros por célula

unitária; w: número de moléculas de água.

Na formação das estruturas zeolítica, os tetraedros TO4 são considerados unidades

primárias de construção, estes podem se ligar de várias maneiras por meio do

compartilhamento dos átomos de oxigênio, levando a formação das chamadas unidades

secundárias de construção ("Secondary Building Units", SBU), sendo que as mais

frequentemente encontradas em zeólitas estão mostradas na Figura 10 (BRAGA; MORGON,

2007; GRECCO; RANGEL; URQUIETA-GONZÁLEZ, 2013; MASCARENHAS;

OLIVEIRA; PASTORE, 2001;).

Figura 10: Unidades secundárias de construção encontradas em zeólitas.

Fonte: Macedo (2007).

As unidades secundárias, por sua vez, se ligam para formar a estrutura tridimensional

das zeólitas. Sendo que a grande diversidade e complexidade destes materiais advém das

diferentes maneiras pelas quais as unidades secundárias de construção podem se ligar.

Algumas zeólitas são formadas por apenas um tipo de unidade secundária, enquanto outras

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são formadas por uma combinação de SBU's (BRAGA; MORGON, 2007; GRECCO;

RANGEL; URQUIETA-GONZÁLEZ, 2013). É importante ressaltar que as "SBU's só são

unidades de construção topológicas teóricas e não devem ser consideradas ou equiparadas

com espécies que podem estar na solução/gel durante a cristalização de um material zeolítico"

(BAERLOCHER; McCUSKER; OLSON, 2007, p. 6). A Figura 11, ilustra a formação de

algumas zeólitas a partir das unidades primárias e secundárias, bem como a forma e as

dimensões dos seus sistemas de canais.

Figura 11: Estruturas de algumas zeólitas, mostrando suas unidades primárias e secundárias

de construção, forma e diâmetro do sistema poroso.

Fonte: adaptada de Weitkamp (2000).

O diâmetro de poro das zeólitas depende do número de tetraedros no anel, sendo que a

maior parte das mesmas podem ser classificadas da seguinte forma (CORRÊA; WALLAU;

SCHUCHARDT, 1996; GUISNET; RIBEIRO, 2004; LUNA; SCHUCHARDT, 2001;

WEITKAMP, 2000):

Zeólitas de poro pequeno: Aberturas com oito tetraedros, com diâmetro livre de 0,30 a

0,45 nm. Exemplo: zeólita A, com diâmetro de 4,1 Å (0,41 nm).

Zeólitas de poro médio: Aberturas com dez tetraedros, com diâmetro livre de 0,45 a

0,60 nm. Exemplo: zeólita ZSM-5, com poros tubulares elipsoidais de diâmetro 5,5 Å

x 5,6 Å (0,55 x 0,56 nm).

Zeólitas de poro grande: Aberturas com doze tetraedros, com diâmetro livre de 0,60 a

0,80 nm. Exemplo: Zeólita Y, com canais de 7,4 Å (0,74 nm) de diâmetro.

Contudo, existem aberturas de poro com mais de 12 tetraedros, e também materiais

semelhantes as zeólitas com maiores diâmetros, tais como a cloverite (20T, 0,6 x 1,32 nm), o

VPI5 (18T, 1,27 x 1,27 nm) e o AlPO4 (14T, 0,79 x 0,87 nm), (CORRÊA; WALLAU;

SCHUCHARDT, 1996; GUISNET; RIBEIRO, 2004).

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Quando compara-se as aberturas dos poros das zeólitas com o diâmetro de algumas

moléculas presentes em processos típicos onde utiliza-se zeólitas, como o n-butano (0,43 nm),

o isobutano (0,50 nm) e o benzeno (0,585 nm), observa-se que as zeólitas podem ser

utilizadas como peneiras moleculares. Levando-se em consideração que estas dimensões

dependem da temperatura, pois este parâmetro aumenta simultaneamente a flexibilidade das

moléculas orgânicas e a dilatação/contração da rede e da entrada dos poros das zeólitas

(Guisnet; Ribeiro, 2004).

Segundo Weitkamp (2000), zeólitas com poros de anel com nove tetraedros tem sido

até agora muito pouco exploradas. zeólitas com poros de anel com oito teraedros são bons

catalisadores para um número limitado de reações que envolvem pequenos reagentes e

moléculas do produto, como exemplos tem-se a produção de mono e dimetilamina a partir de

metanol e amônia ou a conversão de metanol para pequenas olefinas. Para a maioria das

aplicações catalíticas, são geralmente preferidas zeólitas de poros médio ou grande.

O sistema poroso das zeólitas pode ser unidimensional, bidimensional ou

tridimensional. Sendo que a dimensionalidade dos canais determina a susceptibilidade da

zeólita a desativação. Como a mobilidade das moléculas reagentes é maior no interior de uma

zeólita com canais em todas as direções do que em uma zeólita unidimensional, a

possibilidade de bloqueio dos canais da primeira é menor (LUNA; SCHUCHARDT, 2001).

A International Zeolite Association (IZA), definiu um código de três letras maiúsculas

para designar as estruturas zeolítica, que é oficialmente reconhecido pela IUPAC, sendo este

baseado somente nas conectividades da estrutura, geralmente derivados dos nomes dos

materiais, não apresentando qualquer referência a simetria, composição química, entre outros

(BAERLOCHER; McCUSKER; OLSON, 2007; CORRÊA; WALLAU; SCHUCHARDT,

1996; GUISNET; RIBEIRO, 2004; LUNA; SCHUCHARDT, 2001).

A sexta edição do Atlas de Estruturas Zeolítica (Atlas of Zeolite Framework),

publicado pela IZA em 2007, descreve a existência de 176 diferentes tipos de estruturas

zeolítica até fevereiro de 2007. Sendo que a edição anterior, publicada em 2001 contava com

133 estruturas. De acordo com os autores, esse aumento considerável de novos tipos de

estrutura, reflete a atividade vibrante que persiste dentro da comunidade zeolítica. Sendo que

em 1978, quando foi publicada a primeira edição do atlas, existia apenas 27 estruturas

conhecidas (BAERLOCHER; McCUSKER; OLSON, 2007). Uma pesquisa recente no site da

IZA indica a descoberta de novas estruturas, totalizando até julho de 2013, 213 estruturas

zeolítica conhecidas.

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3.1.1.1- Zeólita ZSM-12

A zeólita ZSM-12 foi sintetizada pela primeira vez pelos cientistas da Mobil, Rosinski

e Rubin em 1974 (LaPIERRE et at., 1985; ERNST et al., 1987). A síntese foi conseguida por

meio de um sistema hidrotérmico, utilizando um direcionador orgânico - derivado do produto

da reação de trietilamina e sulfato dietílico -, aluminato de sódio, hidróxido de sódio e uma

fonte de sílica (LaPIERRE et al., 1985). A ZSM-12 é uma zeólita de alta sílica, a sigla ZSM

corresponde as iniciais de sua inventora - "Zeolite Socony Mobil" -, o numeral 12 está

relacionado a existência de uma abertura de poro com doze tetraedros, e a representação

utilizada pela "International Zeolite Association" (IZA), para designar sua estrutura é MTW.

A estrutura apresenta canais retos unidimensionais que não se intercruzam, com diâmetro de

poro de 5,7 x 6,1 Å (ERNST et al., 1987), ver Figura 12.

Figura 12: Zeólita ZSM-12: (a) ilustração da estrutura; (b) ilustração do sistema de poros.

Fonte: adaptada de LaPierre et. al (1985) e Weitkamp (2000)

A estrutura da ZSM-12 foi primeiramente proposta por LaPierre et al, em 1985, foram

utilizadas para isso as técnicas de difração de elétrons e difração de Raios-X pelo método do

pó, também foi utilizado um programa para a simulação de estruturas cristalinas por

refinamento geométrico (DLS). A existência de uma abertura de poro com doze tetraedros foi

proposta com base em experimentos de troca iônica, adsorção e catálise (LaPIERRE et at.,

1985). Posteriormente Fyfe et. al (1990) fez um refinamento na estrutura cristalina da ZSM-

12 por meio da combinação de RMN de estado sólido de alta resolução e difratometria de

raios-X pelo método do pó.

Na primeira síntese da zeólita ZSM-12, foi utilizado como molde, ou seja, como

direcionador da estrutura, um material orgânico derivado do produto da reação de trietilamina

e sulfato dietílico. A partir deste resultado, várias outras substâncias foram sendo descritas na

literatura de patentes (ERNST et al., 1987). Dentre as várias moléculas orgânicas que podem

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ser utilizadas como direcionador estrutural da ZSM-12, inclui-se íons alquilamônio,

alquilaminas e polímeros contendo nitrogênio. No entanto, os mais comumente utilizados são

os cátions tetraetilamônio (TEA) e metiltrietilamônio (MTEA). Sendo que dentre estes o

MTEA, tem mostrado-se mais apropriado para direcionar a estrutura ZSM-12, além disso uma

melhor incorporação de alumínio é conseguida quando se utiliza este direcionador (CHICHE

et al., 1995; YIN-XING ZHI et al., 1992).

3.1.2- Mesoporosos

Estes materiais tiveram origem com a descoberta pelos pesquisadores da Mobil

Corporation, em 1992, da rota sintética que levou ao desenvolvimento da chamada família

M41S, composta por três materiais, o MCM-41, o MCM-48 e o MCM-50. Isto ocorreu devido

a busca por novas peneiras moleculares no final de 1980, que liderou uma equipe de

pesquisadores da Mobil visando a descoberta de materiais com maiores diâmetro de poro

(KRESGE et al., 2004). Segundo pesquisadores envolvidos, "a descoberta da família de

peneiras moleculares mesoporosas M41S, foi um resultado inesperado da aplicação das

habilidades de observação, conhecimento prévio, bem como de novas abordagens de síntese"

(KRESGE et al., 2004, p. 53), tendo como objetivo, identificar novos materiais porosos para a

conversão seletiva de moléculas volumosas, de elevado peso molecular derivadas do petróleo,

em lubrificantes e combustíveis mais valiosos (KRESGE et al., 2004).

A estrutura do MCM-41 é formada por um arranjo hexagonal de mesoporos uniformes

e unidimensionais, o MCM-48 possui um arranjo cúbico de mesoporos interconectados, o que

resulta em um sistema de poros tridimensional. A estrutura do MCM-50 possui um arranjo

lamelar constituído por uma camada dupla do surfactante (direcionador orgânico), alternada

por camadas de sílica, sendo que após a remoção do surfactante, se forma um sistema de

poros bidimensional, caso a estrutura seja devidamente estabilizada, a ilustração destas

estruturas pode ser vista na Figura 13 (GRECCO; RANGEL; URQUIETA-GONZÁLEZ,

2013).

Figura 13: Ilustração das estruturas mesoporosas da família M41S : MCM-41; MCM-48;

MCM-50.

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Fonte: Grecco, Rangel e Urquieta-gonzález (2013).

Estes materiais apresentam distribuições de tamanho de poro uniformes, semelhantes

as zeólitas. Entretanto, o sistema de poros dos materiais da família M41S, podem ser

moldados com dimensões entre 1,5 e 10 nm (15 e 100 Å), ou seja, dentro da faixa de

mesoporosidade (BECK et al., 1992; KRESGE et al., 2004; VARTULI et al., 1994). Exibem

alta área superficial e alta capacidade de adsorção de hidrocarbonetos, mas as paredes dos

mesoporos são finas, com espessura de cerca de 1nm, o que limita a estabilidade térmica e

hidrotérmica sobre condições severas. Entretanto modificações nas condições de síntese,

como aumento da temperatura e duração, pode levar a melhores resultados em termos de

estabilidade (KRESGE et al., 2004).

Assim como as zeólitas, os materiais da família M41S, são obtidos por um processo

hidrotérmico, a partir de uma mistura reacional contendo o surfactante, uma fonte de silício,

podendo ou não conter uma fonte de alumínio (GRECCO; RANGEL; URQUIETA-

GONZÁLEZ, 2013). Parâmetros como: temperatura, pH, tempo de cristalização, composição

molar da mistura reacional e natureza dos materiais precursores, são determinantes. Sendo

que após as primeiras patentes sobre a preparação destes materiais, um grande número de

variações no modo de obtenção destes foram surgindo na literatura. A temperatura de síntese

normalmente varia entre 70 - 150 °C, a duração entre 1 - 10 dias, e várias fontes de silício e

alumínio já foram testadas (SAYARI,1996; ZHAO; LU; MILLAR, 1996).

Estes materiais mesoporosos também exibem a capacidade de geração de acidez de

Brönsted, por substituição de átomos de silício por alumínio. Contudo, em experimentos

realizados por Corma et. al (1994), quando comparado com a zeólita Y (Si/Al ~ 100), o

MCM-41 (Si/Al ~ 14) apresentou menor acidez, que pode ter sido resultante de processos de

desaluminação ou pela fonte de alumínio usada. Materiais mesoporos, possuem uma maior

tendência a desaluminação durante a remoção do surfactante no processo de calcinação, que

ocorre, principalmente, devido a hidrólise do alumínio da rede pelo vapor de água gerado

durante a combustão do direcionador (SAYARI, 1996). Entretanto, independente de

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27

fenômenos como a desaluminação, os materiais mesoporos M41S apresentam menor acidez

que as zeólitas, seus sítios ácidos são fracos ou de média força, semelhantes a sílica-alumina

amorfa. Porém apresentam bons resultados em muitas aplicações, que são atribuídos a elevada

área superficial e ao sistema mesoporoso (SAYARI,1996; ZHAO; LU; MILLAR, 1996).

A diferença mais relevante entre os materiais mesoporosos M41S e as zeólitas

microporosas, consiste no ordenamento da estrutura. Isto porque nas zeólitas existe uma

organização espacial dos tetraedros TO4, sendo possível definir uma célula unitária e posições

cristalográficas. Nos materiais M41S, a única organização existente é a geometria tetraédrica

dos átomos T, a partir da unidade TO4 (GRECCO; RANGEL; URQUIETA-GONZÁLEZ,

2013; MASCARENHAS; OLIVEIRA; PASTORE, 2001). Assim, estes materiais apresentam

paredes amorfas, o que justifica a baixa espessura de parede (KRESGE et al., 2004).

Entretanto, estes não são completamente desorganizados pois, por exemplo, existe uma

organização hexagonal entre os tubos que definem o MCM-41 (MASCARENHAS;

OLIVEIRA; PASTORE, 2001). Pode-se dizer então, que os materiais da família M41S,

apresentam um ordenamento de curto alcance, onde os padrões de DRX são gerados pela

ordem dos poros e não por paredes cristalinas, enquanto que as zeólitas possuem uma

organização de curto, médio e longo alcance, característica de materiais cristalinos

(GRECCO; RANGEL URQUIETA-GONZÁLEZ, 2013; KRESGE et al., 2004; MARLER et

al., 1996).

Apesar da composição da parede dos materiais M41S apresentar ângulos de ligação

aleatórios, existe um número uniforme de grupos silanóis na parede dos poros, o que

proporciona a funcionalização de espécies dentro dos canais mesoporosos, oferecendo a

oportunidade de conceber materiais com diversas aplicações em catálise e adsorção

(BRUNEL et al., 2001; KRESGE et al., 2004). Materiais M41S existem em uma variedade de

composições e os agentes direcionadores geralmente utilizados nas sínteses são cátions

alquiltrimetilamônio, com cadeia lateral maior que seis átomos de carbono, que apresentam a

seguinte fórmula geral: (CnH2n+1(CH3)3N+X

-, X = Cl ou Br), o MCM-41 por exemplo, é

comumente obtido na presença de brometo de cetiltrimetilamônio (C16H33(CH3)3N+Br

-),

genericamente CTMABr, o diâmetro de poro obtido quando se utiliza este direcionador é de

35 - 38 Å. Sendo que, a geração de tamanhos de poros variados, está relacionada a

possibilidade de utilização de moléculas do surfactante com diferentes comprimentos

(VARTULI et al., 1994).

Entretanto, o controle do tamanho dos mesoporos vem sendo bastante estudado, por

ser um fator de grande importância na aplicação destes materiais, pois determina a

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acessibilidade das moléculas reagentes, controlando assim a atividade e seletividade. De fato,

a forma típica de aumentar o tamanho dos mesoporos, é aumentar o comprimento da cadeia

de carbono do surfactante catiônico. Isso também pode ser conseguido alterando-se

parâmetros de síntese (temperatura, composição). A inserção de 1,3,5-trimetilbenzeno e

triisopropilbenzeno, assim como de alcanos (n-pentano, n-hexano, n-octano, entre outros) na

mistura reacional, também são eficazes, pois estes interagem com as micelas formadas pelo

surfactante, o que resulta em uma ampliação do tamanho de mesoporos. Porém, quando se

utiliza surfactantes aniônicos, algumas dificuldades nestes processos são encontradas. Sendo

que recentemente o método que está em estudo, é o uso de uma mistura de surfactante

catiônico/aniônico, que origina materiais com morfologia e tamanho de poros bem definidos.

Sendo possível controlar o tamanho dos mesoporos variando-se a concentração de um destes

(PARK et al., 2008).

O MCM-41 foi o primeiro membro da família M41S que foi identificado, o MCM-48

e o MCM-50, foram descobertos a partir de um estudo detalhado relacionando a concentração

do agente direcionador com a concentração do reagente sílica (KRESGE et al., 2004). A fase

hexagonal é a mais estável, as fases cúbica e lamelar só formam quando a concentração do

surfactante, ou de outros aditivos é maior. O MCM-41 é formado com a maior concentração

de sílica, ou seja, menor razão Surf/Si. As demais fases são formadas com razões Surf/Si

progressivamente maiores (VARTULI et al., 1994). Após extenso estudo, Vartuli et. al (1994)

concluíram que em razão molar Surf/Si < 1 a fase hexagonal é obtida diretamente. Em razões

ligeiramente superiores (Surf/Si 1 - 1,5), a fase cúbica é obtida, e em razões Surf/Si entre 1,2 -

2, a fase lamelar é dominante.

Após a descoberta desta nova classe de materiais, o desafio encontrado pelos cientistas

envolvidos na mesma, foi o de entender o mecanismo de formação destes. Sendo que depois

de muitos e longos debates um mecanismo de modelagem via a formação de um cristal

líquido, Liquid Crystal Template (LCT), foi proposto (KRESGE et al., 2004). Onde sugeriu-

se que as moléculas do surfactante se organizam em cristais líquidos micelares, que servem

como moldes para a formação das estruturas M41S (BECK et al., 1992; VARTULI et al.,

1994). Sendo que a possibilidade de gerar tamanhos de poros variados, seja pelo uso de

moléculas do surfactante com diferentes comprimentos ou pelo uso de moléculas orgânicas

auxiliares, além da existência de materiais M41S com estruturas hexagonal, cúbica e lamelar

que imitam conhecidas fases de cristal líquido, foram evidências que apoiaram o mecanismo

(VARTULI et al., 1994).

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29

Esta proposta mecanística está relacionada ao fato de os agentes direcionadores dos

materiais M41S, serem substâncias classificadas como surfactantes, também chamadas de

tensioativos. Estas alteram as propriedades superficiais e interfaciais de um líquido, por

apresentarem uma estrutura com uma parte hidrofóbica, apolar, com pouca afinidade com a

água, e uma parte hidrofílica, polar, com afinidade pela água. Com isso, possuem a tendência

de formar agregados chamados micelas, onde a parte hidrofílica fica em contato com a água e

a hidrofóbica fica protegida. Sendo que estas, geralmente formam-se a baixas concentrações

em água, e a concentração mínima na qual inicia-se a formação de micelas chama-se

concentração micelar crítica (CMC). Assim a proposta do mecanismo partiu do fato de que as

moléculas do tensioativo em solução aquosa comportam-se de forma ativa, apresentando

estruturas que variam de acordo com a concentração e são semelhantes as estruturas da

família M41S, ver Figura 14 (ZHAO; LU; MILLAR, 1996).

Figura 14: Seqüência de fases micelares do sistema binário surfactante água.

Fonte: Adaptada de Zhao, Lu e Millar (1996).

O mecanismo proposto sugere duas possibilidades: (1) a fase de cristais líquidos

forma-se antes da adição dos reagentes, ou (2) as espécies de silicato geradas na mistura de

reação influencia a ordenação das micelas do surfactante para a fase de cristal líquido

desejada. Como ilustrado na Figura 15, para a fase hexagonal. Contudo, em ambos os casos, a

composição resultante (tensioativo/silicato), produz um material inorgânico que imita

conhecidas fases de cristal líquido (BECK et al., 1992; VARTULI et al., 1994).

Figura 15: Ilustração das vias mecanística possíveis para a formação dos materiais M41S,

neste caso o MCM-41: (1) fase de cristal líquido forma-se inicialmente; (2) os ânions silicato

interagem inicialmente com as micelas do surfactante.

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30

Fonte: adaptada de Beck et. al (1992).

Na via mecanística (1), o surfactante deve estar em concentração suficiente, para que

seja possível a formação das estruturas de cristal líquido. Estas servem então como moldes, e

os ânions silicatos servem apenas para contrabalancear a carga desses agregados de

surfactantes ordenados. Entretanto, na via (2), o surfactante é apenas uma parte do molde,

pois os ânions silicato, não só servem para equilibrar os cátions do surfactante, mas também

participam da formação e ordenação das fases de cristal líquido. Os dados da literatura,

sugerem ser improvável que o mecanismo ocorra pela via (1), principalmente para um sistema

com cátions alquiltrimetilamônio, onde dificilmente se formarão estruturas de cristal líquido

nas concentrações utilizadas na obtenção dos materiais M41S. Sendo que a obtenção das

estruturas hexagonal, cúbica e lamelar, variando-se apenas a concentração de sílica e

mantendo-se a concentração do surfactante constante, sugere que a via (2) é a mais provável,

pois se percebe a importância das espécies de silicato na síntese das várias estruturas

(VARTULI et al., 1994).

Segundo Kresge et. al (2004), após a publicação dos resultados iniciais e do

reconhecimento de outros materiais correlatos, criou-se um forte interesse por estes materiais

na comunidade científica, pois mais de 600 publicações sobre todos os aspectos, como

síntese, caracterizações e aplicações, surgiram na literatura a partir de 1992. Sendo que

sessões separadas em simpósios internacionais sobre materiais mesoporosos começaram a

aparecer e longo após, reuniões inteiras passaram a ser dedicadas ao assunto, formando-se

posteriormente a Sociedade Internacional de Materiais Mesoporosos. Nota-se que o interesse

nestes materiais continua a crescer, pelo número de citações existentes na literatura sobre o

assunto até o ano de 2013 (Figura 16).

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31

Figura 16: Número de citações por ano relacionadas a materiais mesoporosos - palavra chave

"Mesoporous Materials".

Fonte: Web of Science.

Após a descoberta da família de materiais mesoporosos M41S, estudos nesta área

levou ao desenvolvimento de outros materiais porosos na faixa dos mesoporos, como as

estruturas HMS e MSU obtidas na presença de aminas neutras ou de surfactantes neutros a

base de óxido de polietileno, que apresentam canais cilíndricos, mas não paralelos como no

MCM-41. Além dos materiais chamados de SBA-15, obtidos com co-polímeros tribloco

como agentes direcionadores, que apresentam mesoporos ordenados e monodirecionais,

diâmetro de poro maior que 50 nm e paredes mais espessas que a do MCM-41 (MARTINS;

CARDOSO, 2006).

3.1.2.1- MCM-41

O MCM-41, ou seja, a fase hexagonal é sem dúvida o membro mais conhecido e

amplamente estudado da família M41S (KRESGE et al., 2004). Sendo a fase mais estável e

obtida com o mínimo de perturbação do sistema (VARTULI et al., 1994). As demais fases são

instáveis termicamente ou difíceis de sintetizar. O MCM-41, além disso, apresenta elevada

área superficial específica, superior a 1000 m2 g

-1, e é de fato o membro da família M41S que

pode ter o diâmetro de mesoporos moldados na faixa de 1,5 - 10 nm (GRECCO; RANGEL;

URQUIETA-GONZÁLEZ, 2013).

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32

O padrão de difração de Raios-X do MCM-41 apresenta reflexões na região de baixos

ângulos, resultantes do ordenamento hexagonal dos mesoporoso, como mostrado na Figura

17. Sendo que o pico de difração mais representativo para este material, é o localizado em 2θ

igual a 2° (GRECCO; RANGEL; URQUIETA-GONZÁLEZ, 2013).

Figura 17: Padrão de difração de Raios-X para a estrutura hexagonal MCM-41.

Fonte: Grecco, Rangel e Urquieta-gonzález (2013).

Devido as características de elevada área superficial e sistema de canais com tamanho

e forma bem definidos, o MCM-41 tem se mostrado promissor como catalisador, adsorvente,

ou material de suporte, especialmente para aplicações envolvendo moléculas volumosas.

Contudo, a baixa acidez exibida por este material é uma limitação em certas aplicações

(GRECCO; RANGEL; URQUIETA-GONZÁLEZ, 2013; LIU et al., 2013).

3.1.3- Híbridos Micro-Mesoporosos

Considerando-se as propriedades apresentadas de forma isolada pelos materiais micro

e mesoporosos, percebeu-se que estas poderiam ser complementadas em um único material

que apresentasse ambas as propriedades, surgindo os materiais híbridos micro-mesoporosos

que unindo ambas vantagens destes materiais isolados, se espera que apresentem

características bem mais vantajosas do ponto de vista catalítico em diversos processos, tal

como o craqueamento de frações pesadas de petróleo (BAOSHAN LI et al., 2010;

GUSTAVO; SANTOS; PASTORE, 2000; NIPHADKAR et al., 2010; ORDOMSKY et al.,

2007; WANG; CUI; LI, 2011).

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33

Dentre as propriedades de grande interesse apresentadas pelas zeólitas microporosas,

pode-se citar: elevada acidez e estabilidade térmica e hidrotérmica. Entretanto a sua baixa

difusividade, devida ao seu limitado tamanho de poros, impede uma maior eficácia destas em

numerosos processos (BAOSHAN LI et al., 2010; GROEN; PEFFER; PÉREZ-RAMÍREZ,

2003; HUIYONG et al., 2009; KOOYMAN, 2008;). Isto porque limita a taxa de reação,

devido ao transporte mais lento dos reagentes e produtos, o que ocasiona um maior tempo de

residência e, como consequência, favorece a ocorrência de reações indesejáveis (GRECCO;

RANGEL; URQUIETA-GONZÁLEZ, 2013, MAJANO et al., 2005). Por exemplo, em

processos envolvendo hidrocarbonetos, a baixa difusividade contribui para a formação do

coque, que provoca a desativação da zeólita por obstrução dos canais ou envenenamentos dos

sítios ativos (GRECCO; RANGEL; URQUIETA-GONZÁLEZ, 2013; RANGEL et al., 2003).

Sendo a alta difusividade, a grande vantagem dos materiais mesoporosos como o MCM-41.

Contudo, comparados às zeólitas, esses materiais apresentam acidez, estabilidade térmica,

hidrotérmica e mecânica mais baixas, o que limita as suas aplicações catalíticas (BAOSHAN

LI et al., 2010; GROEN; PEFFER; PÉREZ-RAMÍREZ, 2003; HUIYONG et al., 2009;

PROKESOVÁ-FOJTÍKOVÁ et al., 2006). Por isso se faz importante unir as características de

ambos.

Levando-se em conta o potencial das zeólitas em diversos processos, muitas pesquisas

já foram conduzidas no sentido de resolver o problema da difusividade apresentado pelas

mesmas, visando criar mesoporos nestas. Dentre as técnicas estudadas pode-se citar

(GONÇALVES, 2012; GRECCO; RANGEL; URQUIETA-GONZÁLEZ, 2013; GROEN;

PEFFER; PÉREZ-RAMÍREZ, 2003; ORDOMSKY et al., 2007; KOOYMAN, 2008;

NIPHADKAR et al., 2010; OERS et al., 2009):

Desaluminação: consiste na criação de defeitos ou vacâncias na estrutura, na faixa dos

mesoporos, pela remoção de átomos de alumínio por meio de tratamento térmico em

presença de vapor ou por tratamento ácido que provoca a lixiviação dos átomos de

alumínio, os dois tipos de tratamento são muitas vezes combinados. Os principais

problemas relacionados a esta técnica consistem na redução das propriedades ácidas

da zeólita, pois estas estão associadas a presença de átomos de alumínio. Em zeólitas

de alta sílica, o conteúdo reduzido de alumínio limita a geração de mesoporos. Os

mesoporos formados não são uniformes, apresentando larga distribuição de diâmetro,

e ocorre uma perda na cristalinidade do material.

Dessilicalização: também consiste na criação de defeitos ou vacâncias na estrutura, na

faixa dos mesoporos, porém pela remoção de átomos de silício por meio de tratamento

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34

alcalino, comumente com NaOH. Isto porque o tratamento alcalino extrai

seletivamente átomos de silício da rede. É um método mais eficaz que a

desaluminação na criação de mesoporos em zeólitas com baixo teor de alumínio,

também não altera de forma significativa as propriedades ácidas comparando-se com a

desaluminação. Contudo os mesoporos formados também apresentam larga

distribuição de diâmetro e ocorre perda na cristalinidade.

Moldagem sólida: consiste na utilização de materiais sólidos como molde de

mesoporos, entre estes podem ser destacados as nanopartículas de carbono, nanotubos

de carbono, nanofios de carbono e polímeros catiônicos. Geralmente os materiais

zeolíticos são sintetizados dentro do sistema poroso destes moldes, que são

posteriormente removidos, comumente por combustão. Sendo possível controlar o

tamanho dos poros pela escolha molde.

Contudo a criação de materiais híbridos micro-mesoporosos, também chamados de

micro-mesoestruturados, é uma alternativa que tem se mostrado bastante viável, pois ocorre a

combinação de dois materiais com propriedades complementares, originando um único

material com propriedades diferentes das que o originou. Estes materiais são tipicamente

uniformes, pois a mistura dos componentes ocorre a nível molecular, geralmente na escala de

nanômetro a sub-micrômetro. O termo compósito muitas vezes é utilizado, porém, estes não

são sinônimos, pois compósito consiste na mistura de dois ou mais componentes ou fases

distintas, comumente em escala macroscópica e em determinadas proporções, geralmente

menor que 5%. Assim, compósito e híbrido diferem nas dimensões e na dispersão de seus

componentes. Desse modo as propriedades dos materiais híbridos micro-mesoporosos reflete

um sinergismo entre as características individuais, e não apenas uma soma das contribuições

(JOSÉ; PRADO, 2005; CORIOLANO et al., 2013).

A primeira ideia que levou ao desenvolvimento dos materiais híbridos micro-

mesoporosos foi relatada no artigo de Kloetstra et. al (1996), onde uma zeólita faujasita (Y)

coberta com uma fina camada de MCM-41 mesoporoso, foi preparada. O material MCM-

41/FAU foi formado por uma síntese sucessiva de FAU e MCM-41. Sendo que o

supercrescimento de MCM-41 em cristais pré-agregados de FAU também foi investigado.

Onde o crescimento do MCM-41 em FAU foi estimulado pelo aumento da capacidade de

permuta catiônica externa da FAU. Este material biporoso apresentou aplicações catalíticas

interessantes, pois no craqueamento do gasóleo de vácuo obteve uma conversão mais elevada

de produtos pesados quando comparados com a zeólita Y.

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35

Posteriormente em 1997, os autores Kloetstra; Bekkum e Jansen (1997), publicaram

outro trabalho, onde materiais mesoporosos do tipo MCM-41 e HMS foram submetidos a

troca iônica com cátions tetrapropilamônio (TPA), direcionador da estrutura microporosa da

zeólita ZSM-5 (MFI), visando o posicionamento dos cátions TPA na superfície interporosa do

MCM-41 e HMS, o que induziu a recristalização parcial da parede do poro por nucleação

heterogênea durante um processamento térmico, possibilitando a formação de núcleos MFI,

por meio de interações aluminossilicato-direcionador de curtas distâncias. Ocorreram

modificações nas estruturas mesoporosas, mas não houve a formação da fase ZSM-5.

Contudo houve um aumento considerável na acidez destes materiais, possivelmente pelo

aumento da cristalinidade de suas paredes amorfas, o que levou a um melhor resultado no

craqueamento catalítico. Após estas primeiras abordagens muitos outros trabalhos foram

surgindo e novas metodologias foram propostas.

Em 1999, Karlsson; Stöcker e Schmidt, estudaram a formação das estruturas micro-

mesoporosas MFI e MCM-41, por meio de um sistema de síntese em gel usando dois

templates [C6H13(CH3)3NBr e C14H29(CH3)3NBr], utilizando como referência base o trabalho

de Beck et. al (1994), onde estudaram a habilidade de surfactantes alquiltrimetilamônio do

tipo CnH2n+1(CH3)NBr direcionarem a formação tanto de estruturas microporosas como

mesoporosas, variando-se o tamanho da cadeia carbônica e as condições de síntese.

Concluíram que surfactantes com baixo valor de n, leva a formação preferencial de materiais

microporosos e com alto valor de n, ocorre a formação preferencial de materiais mesoporosos.

Assim, com base nestes resultados Karlsson; Stöcker e Schmidt (1999), tentaram obter um

material micro-mesoporoso pela mistura de ambos templates, contudo ocorreu a formação de

fases segregadas.

Huang et. al (2000), prepararam um material micro-mesoporoso MCM-41/ZSM-5 por

meio de um método em dois passos, utilizando dois templates (dual templating). Onde o

MCM-41 mesoporoso foi sintetizado primeiro, utilizando a auto-montagem do surfactante

brometo de cetiltrimetilamônio e, em sequência a parede amorfa do MCM-41 foi

recristalizada com o agente direcionador da estrutura microporosa, o brometo de

tetrapropilamônio. Diferentes materiais MCM-41/ZSM-5 estáveis foram obtidos de acordo

com o tempo de recristalização. Um material MCM-41 mesoporoso contendo apenas uma

estrutura ZSM-5 com ordenação de curto alcance foi obtido em uma fase inicial da

recristalização. Sendo que com o aumento do tempo de recristalização foi possível a obtenção

de cristais discretos de ZSM-5 firmemente ligados aos agregados de MCM-41, produzindo

um material com microporos e mesoporos interligados. Devido a melhoria nas propriedades

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36

ácidas, ambas as combinações do MCM-41/ZSM-5 foram mais vantajosas em catálise ácida

do que o MCM-41, assim como da mistura mecânica MCM-41 e ZSM-5. Huang et. al (2000),

também explicaram que conforme a recristalização prossegue, ligações adicionais são

produzidas na parede amorfa do MCM-41, devido a formação da fase ZSM-5, o que ocasiona

mudanças na simetria da fase mesoporosa, onde o arranjo mesoporoso idealizado torna-se

desordenado e posteriormente o arranjo lamelar é formado (Figura 18).

Figura 18: Esquema das transformações que ocorrem na estrutura mesoporosa durante a

recristalização, Onde: (A) arranjo hexagonal mesoporoso, (B) arranjo mesoporoso

desordenado e (C) arranjo lamelar.

Fonte: Huang et. al (2000).

Guo et. al (2000), prepararam um material Beta/MCM-41 por meio de um processo de

cristalização em dois passos, onde primeiramente foi preparado um gel de síntese da zeólita

Beta, que foi cristalizado a 140°C em períodos que variaram de 48-192 h, visando avaliar a

influência do tempo de cristalização da zeólita na formação do compósito. Em seguida o

reator foi esfriado e uma solução de brometo de cetiltrimetilamônio foi adicionada. O reator

foi novamente levado a cristalização, agora a 100°C por 48 h. Os resultados indicaram a

formação de um material com um sistema poroso bimodal bem ordenado. Ao comparar este

material com uma mistura mecânica da zeólita Beta e do MCM-41, os autores perceberam

diferenças nas análises de SEM e adsorção-desorção de N2. Além disso o material

Beta/MCM-41 exibe mais sítios ácidos de Brönsted médios e fortes, além de uma maior

atividade no craqueamento catalítico de n-heptano, em relação a mistura mecânica.

Xia e Mokaya (2004) prepararam um material micro/mesoporoso ZSM-5/MCM-48,

utilizando também um processo de cristalização em dois passos, onde precursores zeolíticos

foram mesoestruturados. Um gel típico da zeólita ZSM-5 foi levado a cristalização a 100°C

por vários períodos de tempo, depois foi resfriado e adicionado o surfactante CTMABr, sendo

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levado novamente a cristalização a 150°C por 8 horas. A acidez e estabilidade hidrotérmica

deste material foi dependente do tempo de cristalização do precursor zeolítico.

Um procedimento interessante que vem ganhando espaço na literatura consiste na

dissolução parcial de zeólitas em soluções alcalinas, seguida por recristalização em

mesoestrutura (GOTO et al., 2002; IVANOVA et al., 2004, 2005; KHITEV et al., 2011, 2012;

ORDOMSKY et al., 2007; TANG et al., 2012). Neste procedimento, zeólitas cristalizadas são

utilizadas como fonte de sílica na formação da fase mesoporosos. Isto devido ao fato de que o

tratamento alcalino remove átomos de silício da estrutura zeolítica, que ficam dispersos em

solução e quando entram em contato com o direcionador da estrutura mesoporosa, ocorrem

interações que leva a formação de uma fase mesoestruturada.

Esta metodologia de preparação de materiais micro-mesoporosos foi primeiramente

relatada na literatura no trabalho de Goto et. al (2002), onde estudou a obtenção de materiais

micro-mesoporosos utilizando zeólitas como fonte de sílica. Foram testadas algumas zeólitas

com destaque para a ZSM-5, que foi dessilicalizada em concentrações de hidróxido de sódio

que variaram de 0,75-3 M, uma solução de hexadeciltrimetilamônio foi adicionada, seguindo

com a recristalização. Os resultados de DRX revelaram a existência tanto da fase microporosa

como da mesoporosa. As imagens de microscopia eletrônica de varredura, segundo os autores,

parecem ser diferente da simples mistura mecânica de ZSM-5 e MCM-41. Os autores

acreditam que neste tipo de síntese, a parte mesoporosa é construída em torno dos cristais de

zeólita que não foram dissolvidos, desse modo a parte mesoporosa e os cristais de zeólita

estão muito mais próximos, conectados, do que em uma mistura simples, levando de fato a

formação de híbridos, que os autores chamam de compósitos.

No trabalho de Goto et. al (2002), também ficou claro que o aumento da concentração

de NaOH conduz a uma maior dessilicalização da zeólita e consequentemente uma fase

mesoporosa mais ordenada é obtida, devido a maior presença de espécies de silicato em

solução. No entanto, isso conduz a uma maior perda na cristalinidade da fase zeolítica. As

isotermas de adsorção foram consistentes com o já exposto, pois a medida que o processo de

dessilicalização foi mais severo ocorreu um aumento no volume de mesoporos e redução dos

microporos. Sendo que uma amostra do material micro-mesoporoso que foi preparado em

condição de dessilicalização intermediária, apresentou acidez semelhante a da ZSM-5, isto

porque muito da parte microporosa, que é responsável pela acidez, foi preservada. Esta

mesma amostra, também apresentou melhores resultados no craqueamento do que a ZSM-5,

apesar de sua acidez ser um pouco inferior, o que foi explicado pela maior acessibilidade

existente no material micro-mesoporoso. Contudo, segundo os autores, esse melhor

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desempenho no craqueamento, também pode ser explicado, pela possível presença de sítios

ácidos fortes na parte mesoporosa, que é responsável pela maior acessibilidade das moléculas

reagentes, uma vez que esta é formada pelos fragmentos da zeólita. O que de acordo com os

autores, é mais um indicativo de que este material não é uma mistura física.

O trabalho de Inagaki et. al (2004), confirma algumas suposições feitas por Goto et. al

(2002), ao conseguirem sintetizar materiais mesoporosos do tipo MCM-41, utilizando apenas

uma mistura contendo o filtrado da zeólita ZSM-5, tratada com solução alcalina, e CTMABr,

direcionador do MCM-41. O MCM-41 obtido a partir da dessilicalização da zeólita foi

comparado com outro obtido por síntese convencional. Sendo que o primeiro apresentou

melhores resultados no craqueamento catalítico do cumeno, quando comparado com o

segundo. Segundo os autores, pode-se inferir que este resultado é decorrente da presença de

acidez de Brönsted originada a partir dos fragmentos da zeólita. Contudo, segundo os

mesmos, a presença dos sítios ácidos fortes, não pode ser detectada porque está em uma

quantidade muito inferior a dos sítios ácidos fracos. Uma prova disso, é que a zeólita ZSM-5

apresentou atividade catalítica bastante superior a este MCM-41 obtido a partir do filtrado da

dessilicalização da zeólita.

Uma outra evidência de que é possível a presença de fragmentos da zeólita na parede

do MCM-41 obtido por este procedimento, é que o filtrado da dessilicalização da zeólita pode

novamente ser convertido na mesma estrutura zeolítica por meio de uma cristalização, ou seja,

tratamento hidrotérmico, como comprovado no trabalho de Matsukata et. al (1999), que foi

citado por Goto et. al (2002) e Inagaki et. al (2004). Inagaki et. al (2004) também apresenta

uma ilustração para a formação do material mesoporoso obtido utilizando-se o filtrado da

dissolução alcalina da zeólita ZSM-5, ver Figura 19. Onde este filtrado contém espécies

solúveis de aluminosilicato, fragmentos da estrutura da zeólita ZSM-5, bem como aluminato

monomérico e espécies de silicato. Isto é possível uma vez que esta zeólita apresenta alumínio

e este também acaba sendo removido da estrutura, porém em uma quantidade bem menor que

os átomos de silício, não afetanto de forma significativa as propriedades ácidas, como mostra

o estudo feito por Ogura et. al (2001). Assim estas espécies de aluminosilicato solúveis

organizam-se à volta de uma micela de moléculas do surfactante, e uma estrutura mesoporosa

é formada.

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Figura 19: Ilustração mostrando a fomação de material mesoporoso por meio da utilização do

filtrado da dissolução alcalina da zeólita ZSM-5.

Fonte: Inagaki et. al (2004).

Outros trabalhos também obtiveram sucesso ao sintetizar materiais micro-

mesoporosos utilizando o tratamento alcalino de zeólitas, seguido por adição de CTMABr e

recristalização. Ivanova et. al (2005), obteve um material do tipo MOR/MCM-41 que se

mostrou eficaz em reações de transalquilação e craqueamento. Ordomsky et. al (2007),

sintetizou o material BEA/MCM-41, mas não aplicou. Khitev et. al (2011), preparou o

material FER/MCM-41, que apresentou bons resultados em termos de atividade e seletividade

na isomerização de 1-buteno. Tang et. al (2012), sintetizou o material ZSM-5/MCM-41, que

apresentou bons resultados de atividade, seletividade e estabilidade na desidratação do

metanol.

Tang et. al (2012), propuseram um esquema ilustrando o possível mecanismo para a

formação de materiais micro-mesoporosos preparados via dissolução zeolítica em meio

alcalino seguida de mesoestruturação, ver Figura 20. Este é baseado no mecanismo de cristal

líquido (Liquid Crystal Template), proposto por Beck et. al (1992), para a formação de

materiais mesoporosos. Onde primeiramente, o tratamento alcalino dissolve parte da zeólita

ZSM-5 em aluminossilicatos, que se agregam em torno do direcionador CTMABr, levando a

formação das paredes mesoporosas, e em seguida estes aluminossilicatos com estrutura

mesoporosa são depositados sobre a zeólita não dissolvida, formando os materiais com

estrutura micro-mesoporosa combinadas.

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Figura 20: Ilustração do mecanismo de formação do material micro-mesoporoso ZSM-

5/MCM-41.

Fonte: Tang et. al (2012).

Assim esta metodologia mostra-se viável para a preparação das mais variadas

combinações entre estruturas microporosas e mesoporosas, pois a fase zeolítica já está

cristalizada, e o teor de cristalinidade desta, no material micro-mesoporoso, pode ser

facilmente controlado para a aplicação de interesse, variando-se a concentração de NaOH.

Sendo que o material micro-mesoporoso obtido desta forma, tende sempre a ter propriedades

catalíticas melhoradas, uma vez que além da combinação de micro e meso estrutura, a parte

microporosa por si apresenta acessibilidade melhorada pelo tratamento alcalino que cria

defeitos na região dos mesoporos (OGURA et al., 2001), e a parte mesoporosa apresenta

acidez melhorada pela possível deposição de fragmentos zeolíticos (GOTO et al., 2002;

INAGAKI et al., 2004).

As metodologias mais relatadas na literatura para a formação de materiais micro-

mesoporosos são as que envolvem a preparação inicial de precursores zeolíticos em um

tratamento hidrotérmico curto, seguida da adição do direcionador mesoestruturante e de um

segundo tratamento hidrotérmico. As que consistem na transformação das paredes pré-

montadas de materiais mesoporosos, não completamente cristalizados, em estruturas zeolítica,

por meio de um segundo tratamento hidrotérmico na presença do direcionador da zeólita.

Além da dissolução parcial de zeólitas em meio alcalino, seguida de recristalização em

mesoestrutura. A combinação de estruturas microporosas e mesoporosas que vem sendo mais

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exploradas consiste no MCM-41 com as zeólitas ZSM-5, ZSM-35, Y, Mordenita e Beta.

Existindo em menor proporção a combinação destas zeólitas com as estruturas mesoporosas

SBA-15 e MCM-48.

3.2- Refino do Petróleo

O petróleo é uma mistura complexa de ocorrência natural, constituído

predominantemente de hidrocarbonetos, podendo chegar a mais de 90% de sua composição,

podendo conter também derivados orgânicos sulfurados, nitrogenados e oxigenados, além de

organometálicos, principalmente com os metais níquel e vanádio. Em geral é inflamável à

temperatura ambiente, e suas propriedades físicas, composição química e aspecto visual,

rotineiramente apresentam variações com a sua origem. Existindo petróleos muito fluidos e

claros, com grandes quantidades de destilados leves, até petróleos muito viscosos e escuros

com grandes quantidades de destilados pesados (FARIAS, 2008; MOREIRA, 2008).

Dessa forma, por ser uma complexa mistura de compostos orgânicos e inorgânicos, o

petróleo apresenta poucas aplicações práticas, servindo basicamente como óleo combustível.

Para que seu potencial energético seja bem aproveitado e sua utilização como matéria prima

seja maximizada, é importante que este passe por um processo de refino, onde se realiza o

fracionamento do petróleo em cortes, denominados de frações (MOREIRA, 2008). Assim "o

refino do petróleo consiste no processamento dos óleos crus de forma que estes se tornem

produtos comercializáveis de elevado valor agregado" (PEREIRA, 2009, p. 5).

Inicialmente, o refino consistia apenas na separação por destilação. Contudo, com o

desenvolvimento da indústria automobilística, tornou-se necessário a criação de outros

processos, visando o aumento da produção de gasolina, uma vez que a destilação não supria a

demanda, pois por meio desta, produtos mais leves e de maior valor, como a gasolina e o gás

liquefeito de petróleo (GLP), são obtidos em pequenas quantidades, enquanto produtos mais

pesados e de menor demanda, na faixa do óleo combustível, estão presentes em maior

quantidade (BALDESSAR, 2005; MOTA, 1995).

O primeiro avanço tecnológico envolvendo o refino do petróleo consistiu no

desenvolvimento do processo de craqueamento térmico, também chamado de pirólise.

Posteriormente, houve um novo avanço, com o desenvolvimento do craqueamento catalítico,

que propiciou um aumento significativo no rendimento e na qualidade da gasolina, sendo que

o aperfeiçoamento deste tem sido constante. O craqueamento, seja térmico ou catalítico,

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42

consiste basicamente na quebra de moléculas longas em mais curtas (BALDESSAR, 2005;

MOTA, 1995; PEREIRA, 2009).

As características do petróleo têm grande influência sobre a técnica ou conjunto de

técnicas utilizadas no processo de refino, determinando assim, os produtos que melhor podem

ser obtidos, além de levar em consideração as necessidades do mercado local. Não existindo

uma técnica adaptável a qualquer tipo de petróleo bruto (MOREIRA, 2008). Sendo que os

processos de refino do petróleo, atualmente existentes em uma refinaria, com o objetivo de se

obter a maior quantidade possível de produtos valiosos de elevada qualidade, são agrupados

em quatro grandes grupos:

Processos de Separação: São de natureza física, e tem por objetivo separar o petróleo

em suas frações básicas, pela ação principalmente de temperatura e pressão. Exemplo:

Destilação;

Processos de Conversão: Alteram de forma profunda a composição química de uma

fração, visando melhorar sua qualidade, ou transformar frações de baixo valor

comercial em outras de maior valor. Exemplos: Craqueamento Catalítico Fluido

(FCC) e Hidrocraqueamento Catalítico;

Processos de Tratamento: Visam à remoção de impurezas de frações de petróleo, tais

como enxofre, nitrogênio, aromáticos, metais e outras, evitando efeitos indesejáveis.

Exemplos: Hidrotratamento (HDT) e Hidrodesulfurização (HDS);

Processos Auxiliares: destinam a fornecer insumos à operação dos já citados ou tratar

rejeitos desses mesmos processos. Exemplos: Geração de hidrogênio e Recuperação

de enxofre.

3.2.1- Craqueamento Catalítico Fluidizado (FCC)

O craqueamento catalítico em leito fluidizado apresenta um importante papel no refino

do petróleo, principalmente no processamento de petróleo pesado, constituído de cadeias

longas de difícil destilação. É um processo muito rentável, pois reaproveita frações de baixo

custo comercial, provenientes de outros processos de refino, existindo também a possibilidade

de ajuste da produção de acordo com as necessidades do mercado e exigências ambientais

(BALDESSAR, 2005).

Consiste na redução do peso molecular de hidrocarbonetos pesados, gerando produtos

mais valiosos, como a gasolina, o óleo diesel e o gás liquefeito de petróleo (GLP). Isto ocorre

sobre a ação de um catalisador em condições de temperatura relativamente elevada, na faixa

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43

de 500-600°C, pois trata-se de um processo endotérmico. Sendo o principal responsável pela

produção de gasolina automotiva, além de ser um dos processos catalíticos mais importantes

do mundo (ALTWASSER et al., 2005; GUISNET; RIBEIRO, 2004; MOTA, 1995).

O gasóleo, proveniente do processo de destilação, é a principal carga das unidades de

craqueamento catalítico, podendo haver também frações ainda mais pesadas, como o resíduo

de destilação, visando aumentar o rendimento de produtos nobres (MOTA, 1995). A Figura

21 ilustra um esquema simplificado de uma unidade de FCC.

Figura 21: Esquema simplificado de uma unidade de FCC.

Fonte: Baldessar (2005).

Durante o processo de FCC, a carga pré-aquecida entre 200- 300°C é misturada na

base do elevador (riser), com o catalisador aquecido entre 650-750°C, originando uma

temperatura de 560-600°C, ocorrendo vaporização da carga, fluidizando o catalisador. A

mistura catalisador-hidrocarboneto migra rapidamente sobre o elevador, com tempo de

contato de 1 a 4 segundos, tempo suficiente para a formação dos produtos desejados, evitando

a quebra contínua que produz substâncias indesejáveis. Na saída do elevador a temperatura se

encontra na faixa de 490-540°C, devido a endotermicidade do craqueamento (BALDESSAR,

2005; GUISNET; RIBEIRO, 2004).

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44

Ao sair do elevador, as partículas de catalisador e os gases provenientes do

craqueamento são separados no vaso separador. Após a separação a corrente gasosa é enviada

a um local de coleta e em seguida fracionada. O catalisador é encaminhado ao retificador

onde hidrocarbonetos ainda impregnados nas partículas de catalisador são recuperados. O

catalisador segue então para o regenerador, a função deste é queimar substâncias carbonáceas,

chamadas de coque, depositadas sobre o catalisador durante o craqueamento, pois o coque

desativa os centros ativos do catalisador. A regeneração possibilita que o catalisador entre em

um novo ciclo (BALDESSAR, 2005).

Um aspecto bastante interessante das unidades de FCC, é que estas apresentam

autonomia térmica, isto porque o calor liberado na combustão do coque permite compensar a

energia consumida pelo craqueamento, as perdas térmicas do reator e do regenerador, e a

produção de vapor necessária ao processo. Assim o teor de coque produzido é determinante

para o equilíbrio térmico da unidade. Para manter o valor desejado (1,0-1,5%), são feitos

ajustes na razão catalisador/carga (GUISNET; RIBEIRO, 2004).

Necessita-se introduzir com frequência catalisador fresco ao regenerado, pois as

condições severas da reação e principalmente de regeneração levam a um envelhecimento

rápido dos catalisadores de FCC. Além disso, os choques entre os grãos e contra as paredes do

sistema provocam a degradação mecânica do catalisador, produzindo um pó fino que é

arrastado com os produtos ou com os gases de combustão. Assim a atividade catalítica do

catalisador é moderada, e o fornecimento contínuo de catalisador fresco, com o tempo,

permite a mudança de catalisador (GUISNET; RIBEIRO, 2004).

3.2.1.1- O Catalisador de FCC

O catalisador do processo de FCC apresenta um papel essencial na unidade de

craqueamento, pois por meio de ajustes em sua composição é possível controlar a distribuição

dos produtos e a conversão (MOTA, 1995). Este é um sistema complexo, em que o principal

componente ativo é a zeólita Y ácida, associada a uma matriz, um ligante e aditivos

(GUISNET; RIBEIRO, 2004; MOTA, 1995; ROSSINI, 2003).

A aplicação de zeólitas no craqueamento catalítico em leito fluidizado ocorreu em

1962, por meio da introdução em escala industrial das zeólitas X e Y, em substituição aos

catalisadores utilizados anteriormente, constituídos principalmente por sílica/alumina amorfa.

Esta substituição foi bastante vantajosa, pois além de mais ativos, os catalisadores zeóliticos

proporcionaram um aumento significativo no rendimento da gasolina, o produto mais valioso

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45

das fábricas de FCC (WEITKAMP, 2000). Uma comprovação de que a introdução da zeólita

32q3Y no processo de FCC teve um papel de grande relevância é que a mesma, ainda nos dias

atuais, continua sendo o principal componente ativo responsável pelo craqueamento. A zeólita

Y apresenta anéis com doze tetraedros, com abertura de poro de 7,4 Å (MOTA, 1995).

A matriz é um óxido inorgânico, geralmente constituída por alumina ou sílica-alumina

mesoporosa, com diâmetro menor que 10 nm e baixa acidez, esta também apresenta um papel

catalítico importante, pois permite o pré-craqueamento das moléculas maiores (GUISNET;

RIBEIRO, 2004; MOTA, 1995; ROSSINI, 2003). Contudo, a principal finalidade da matriz é:

diluir as partículas da zeólita; Conferir resistência ao atrito; Agir como transportador de calor

entre o regenerador e o reator; permitir ou impedir a difusão das moléculas reagentes para os

poros da zeólita. Também se pode introduzir certos elementos a matriz, de modo a fornecer ao

catalisador maior resistência aos venenos metálicos sódio, níquel e vanádio (GUISNET;

RIBEIRO, 2004).

O ligante é usado principalmente para fornecer resistência mecânica e densidade

adequada ao catalisador de FCC, além de manter a coesão dos diferentes elementos sem

interferir nas reações de craqueamento (GUISNET; RIBEIRO, 2004; ROSSINI, 2003). Os

aditivos são normalmente utilizados para melhorar o desempenho do catalisador, com

objetivos específicos e pré-determinados. Dentre as propriedades interessantes que os aditivos

podem conferir ao processo de FCC, tem-se: aumento do índice de octanagem da gasolina,

formação de olefinas leves, craqueamento seletivo dos hidrocarbonetos pesados, passivar os

venenos metálicos Ni e V, obtenção de uma combustão total do coque e redução das emissões

de SOx (GUISNET; RIBEIRO, 2004).

Em relação a melhoria do índice de octanagem, o aditivo utilizado para esta finalidade

no processo de FCC é a zeólita ZSM-5, devido a sua seletividade de forma e baixa densidade

de sítios ácidos. A ZSM-5 apresenta um sistema poroso menor que o da zeólita Y, na faixa de

5,5 Å x 5,6 Å, o que resulta em uma maior seletividade, pois apenas moléculas pouco

volumosas adentram em seus poros. Assim a dimensão do sistema de canais permite craquear

preferencialmente os hidrocarbonetos de cadeia linear, n-alcanos e n-alcenos de baixo índice

de octanagem, convertendo-os em hidrocarbonetos de cadeia ramificada, principalmente

alcanos ramificados de elevada octanagem (GUISNET; RIBEIRO, 2004; ROSSINI, 2003).

A acidez reduzida na zeólita ZSM-5 também torna a reação mais específica, pois

conduz ao craqueamento preferencial em olefinas leves, ou seja, alcenos de pequena cadeia

carbônica, que apresentam elevado índice de octanagem. Isto ocorre porque o craqueamento

catalítico envolve reações de transferência de hidrogênio, e a formação de alceno é favorecida

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quando a transferência de hidrogênio é reduzida, ou seja, quando se reduz a concentração de

sítios ácidos. Este resultado também pode ser conseguido, aumentando-se a razão Si/Al na

zeólita Y, contudo apesar de se obter uma gasolina de melhor qualidade, o rendimento desta é

reduzido, e compensado por uma maior formação de eteno, propeno e buteno no GLP, o que

não é muito desejado. A menor acidez também conduz a uma menor formação de coque

(GUISNET; RIBEIRO, 2004; ROSSINI, 2003).

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4- METODOLOGIA EXPERIMENTAL

Nesta parte do trabalho serão descritos os procedimentos utilizados para a obtenção e

caracterização dos materiais microporosos, mesoporosos e híbridos micro-mesoporosos

estudados, respectivamente: ZSM-12, MCM-41 e ZSM-12/MCM-41.

4.1- Síntese dos Materiais ZSM-12, MCM-41 e ZSM-12/MCM-41

4.1.1- ZSM-12

A zeólita ZSM-12 foi sintetizada com razão de Si/Al = 100, por meio do método

hidrotérmico, utilizando-se os reagentes descritos na Tabela 1.

Tabela 1- Reagentes utilizados na síntese da zeólita ZSM-12, suas respectivas quantidades e

procedência.

Reagentes Quantidade (g) Procedência (pureza)

Cloreto de metiltrietilamônio (MTEACl) 1,0213 Sigma-Aldrich (97%)

Hidróxido de sódio (NaOH) 0,2666 Vetec (99%)

Pseudobohemita (Al2O3 . 3,2H2O) 0,0238 Sasol (71,5%)

Sílica gel (SiO2) 1,9620 Vetec (95%)

Água deionizada (H2O) 11,7694 -

Fonte: Produção própria.

Nota: As quantidades indicadas são suficientes para a obtenção de 2,181 g de ZSM-12.

O procedimento de síntese foi adaptado de acordo com Pedrosa et al. (2006) e Ernst et

al (1987) e consistiu na dissolução do hidróxido de sódio em 2/3 da água necessária para a

síntese, com posterior adição da pseudoboehmita, solução A, que foi aquecida a 70°C, sob

agitação constante por 40 minutos. Dissolveu-se então o Cloreto de Metiltrietilamônio,

direcionador, no restante da água e decorridos os 40 minutos, misturou-se este com a solução

A, obtendo-se a solução B que foi mantida sob agitação a temperatura ambiente por 20

minutos. Posteriormente, adicionou-se a sílica gel a solução B, agitando-se por mais 2 horas a

temperatura ambiente. O Fluxograma 1 ilustra este procedimento. Por fim, o gel obtido foi

transferido para vasos de teflon, revestidos com autoclave de aço inoxidável e submetido a

cristalização a 140°C por um período de 6 dias, sendo que o pH antes da cristalização é

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medido, e este deve estar na faixa de 12 - 13. Decorridos os 6 dias o sólido foi recuperado por

filtração a vácuo, seguido de lavagem com água deionizada até que o pH do filtrado ficasse

igual a 7. Em seguida, o mesmo foi seco em estufa a 100 °C por 2 horas.

Fluxograma 1: Procedimento de síntese da zeólita ZSM-12.

Fonte: Produção própria.

Visando levantar uma curva de cristalização para a zeólita ZSM-12 e assim conhecer o

tempo ideal para a obtenção desta, a mesma também foi sintetizada, por este mesmo

procedimento, em diferentes períodos de tempo de cristalização: 1 dia; 2 dias; 3 dias; 4 dias; 5

dias e 6 dias.

4.1.2- MCM-41

O AlMCM-41 com razão Si/Al = 100 foi sintetizado por meio do método hidrotérmico

e os reagentes utilizados estão descritos na Tabela 2.

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Tabela 2: Reagentes utilizados na síntese do AlMCM-41, suas respectivas quantidades e

procedência.

Reagentes Quantidade (g) Procedência (pureza)

Brometo de cetiltrimetilamônio (CTMABr) 1,7440 Neon (98%)

Silicato de sódio (Na2SiO3) 0,6090 Vetec (99%)

Sulfato de alumínio Al2(SO4)3 0,0360 Vetec (98%)

Sílica gel (SiO2) 0,8250 Carvalhares (98%)

Água deionizada (H2O) 16,690 -

Fonte: Produção própria.

Nota: As quantidades indicadas são suficientes para a obtenção de 1,245 g de AlMCM-41.

O procedimento foi baseado nas sínteses de Souza (2005) e Araujo e Colaboradores

(2002) e em trabalhos que reportam a incorporação de alumínio na estrutura do MCM-41

(STOCKER; OYE; SJOBLOM, 2001; CESTEROS; HALLER, 2001), consistindo no preparo

de duas soluções que posteriormente foram misturadas. No preparo da primeira solução

(solução 1), pesou-se a quantidade de sílica gel, silicato de sódio e sulfato de alumínio e

misturou-se tudo com metade da água necessária para a síntese. Esta mistura foi então agitada

a 60°C durante 2 horas. A segunda solução (solução 2), foi preparada faltando 30 minutos

para o término da agitação da primeira solução, e consistiu na mistura da massa de CTMABr

(direcionador estrutural), com o restante da água, agitando-se a temperatura ambiente por 30

minutos até a total dissolução do CTMABr.

Em seguida a solução 1 foi adicionada à solução 2 e a mistura foi agitada por mais 30

minutos a temperatura ambiente. Logo após o gel resultante foi colocado em vasos de teflon

revestidos por autoclave de aço e levado a estufa a 100°C por 3 dias (ver Fluxograma 2).

Sendo que a cada dia, a autoclave foi retirada da estufa, e resfriada para verificação e correção

do pH, que deve estar numa faixa de 9-10. Quando isto não foi observado, gotejou-se uma

solução de ácido acético 30% (v/v) até se alcançar a faixa de pH desejada. Após este

procedimento, a autoclave retornou para a estufa. Terminado o tempo de síntese, o material

foi recuperado por filtração à vácuo, seguido de lavagem com água deionizada e secagem em

estufa a 100°C por 2 horas.

Visando conhecer o tempo ideal para obtenção do AlMCM-41 e levantar uma curva de

ordenamento, este foi sintetizado pelo procedimento descrito em diferentes períodos de

tempo: 1 dia; 2 dias; 3 dias; 4 dias; 5 dias e 6 dias. Quanto a verificação e correção do pH

buscou-se tornar esta similar a síntese padrão em 3 dias, onde se verifica o pH após 24 e 48

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50

horas, porém após 72 horas de síntese não se verifica o pH, apenas realiza-se a filtração.

Assim, na síntese de um dia o pH não foi verificado, apenas a filtração foi realizada. Na

síntese de 2 dias, o pH foi verificado no primeiro dia, e nas sínteses de 3, 4, 5 e 6 dias, o pH

foi verificado apenas nos dois primeiros dias.

Fluxograma 2: Procedimento de síntese do AlMCM-41.

Fonte: Souza (2005).

4.1.3- ZSM-12/MCM-41

O material híbrido ZSM-12/MCM-41 foi sintetizado utilizando-se um procedimento

experimental com pequenas adaptações do proposto por Tang et. al (2012) para preparação de

um material onde a parte microporosa é composta pela zeólita ZSM-5. A metodologia adotada

consiste na dissolução parcial da zeólita em meio alcalino seguida de recristalização em

mesoestrutura.

O procedimento consistiu em tratar 2,0 g da zeólita NaZSM-12 calcinada

(procedimento descrito no item 4.2) com 10 mL de uma solução de NaOH, em diferentes

concentrações: 1,5; 2,0 e 2,5 mol L-1

, agitando-se a 40°C durante 60 minutos. Em seguida

adicionou-se 25 mL de uma solução aquosa de CTMABr a 10% em peso e agitou-se durante

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51

60 minutos. A solução resultante foi colocada em vasos de teflon revestidos por autoclave de

aço e levada a cristalização a 140°C por 24 horas. Após isso, a cristalização foi continuada a

temperatura ambiente por mais 24 horas, sendo que logo após o resfriamento do reator o pH

foi abaixado para 9 gotejando-se uma solução de ácido acético 30% (v/v), (ver Fluxograma

3). Terminada a segunda etapa de cristalização, o material foi filtrado a vácuo, lavado e seco

em estufa por 2 horas a 100°C. Esta síntese é reproduzível, uma vez que o procedimento

descrito foi repetido e os resultados obtidos foram equivalentes.

Fluxograma 3: Procedimento de síntese do híbrido ZSM-12/MCM-41.

Fonte: Produção própria

Visando avaliar o efeito da temperatura de cristalização e do pH do meio na formação

da fase mesoporosa do material híbrido, o material ZSM-12/MCM-41 foi preparado

utilizando-se o procedimento descrito anteriormente e fixado-se a concentração de NaOH de

1,5 mol L-1

, onde para efeito de otimização da temperatura, o material híbrido foi obtido com

temperatura de cristalização de 100 °C para comparação com o híbrido sintetizado a 140 °C, e

para verificação da influência do pH o material híbrido foi sintetizado sem ajuste do pH, para

efeito de comparação com o híbrido obtido com ajuste do pH.

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52

Visando entender melhor a influência da temperatura na formação do MCM-41 no

híbrido, foi feita uma síntese de AlMCM-41 Si/Al = 100 (seguido o procedimento descrito em

4.1.2), onde dividiu-se o gel de síntese em dois autoclaves, sendo um sintetizado a 100°C e o

outro a 140°C por 1 dia, sendo que após o resfriamento o pH foi corrigido para 9 e o material

foi recuperado por filtração a vácuo, lavado e seco.

4.2- Calcinação dos Materiais

Após a síntese os materiais obtidos foram submetidos à calcinação com o objetivo de

remover o direcionador estrutural dos poros destes. Para isso, em uma mufla com

programação de tempo e temperatura, as amostras foram aquecidas a uma temperatura de

450°C por 2 horas, em atmosfera de ar sintético, sendo o aquecimento feito a 10°C min-1

.

4.3- Troca Iônica

Após a calcinação, os materiais (NaZSM-12, AlMCM-41 e ZSM-12/MCM-41) foram

submetidos a um processo de troca iônica com solução de cloreto de amônio, visando

substituir os cátions Na+ compensadores de carga na estrutura destes, pelo cátion NH4

+,

conforme a reação indicada na Equação 1.

(1)

A troca iônica foi realizada segundo o procedimento descrito abaixo:

1) Transferiu-se o material (cerca de 1,5 g) previamente calcinado para um balão de fundo

chato.

2) Adicionou-se 250 mL de solução de cloreto de amônio 1 mol L-1

e manteve-se o sistema

sob aquecimento e forte agitação por 2 horas, utilizando um condensador para evitar perdas de

água da solução (sistema de refluxo, ver Figura 22).

3) Filtrou-se o material a vácuo, lavando o sólido com cerca de 1 litro de água deionizada para

remover os íons amônio (NH4+) não trocados e os íons cloreto (Cl

-). Sendo que os íons cloreto

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53

foram identificados com solução 0,2 mol L-1

de nitrato de prata e quando não mais se

identificou estes à lavagem foi interrompida.

4) Repetiu-se os itens 1, 2 e 3 mais duas vezes, totalizando três processos sucessivos de troca

iônica.

As condições de temperatura utilizadas durante a troca iônica foram: ZSM-12: 80°C

(PEDROSA, 2003); AlMCM-41: 30°C ( SOUZA, 2005); ZSM-12/MCM-41: 50-60°C.

Figura 22: Ilustração do sistema de refluxo utilizado na troca iônica, onde: 1 e 2- entrada e

saída de água de circulação, 3- balão de fundo chato, 4- suspensão do material na solução de

NH4Cl, 5- agitador magnético com aquecimento, 7- termômetro.

Fonte: Silva (2004).

Após a troca iônica os materiais foram secos em estufa a 100°C por 2 horas. E

posteriormente calcinados, em uma mufla, da temperatura ambiente até 400°C com uma taxa

de aquecimento de 10°C min-1

, durante 2 horas. Nesta etapa de calcinação ocorre a

decomposição dos íons NH4+ liberando NH3 (g) e gerando assim sítios ácidos de Brönsted. As

amostras na forma ácida são representadas por: HZSM-12; HAlMCM-41 e HZSM-12/MCM-

41.

4.4- Síntese do Material Híbrido a partir da Zeólita Ácida

O material híbrido micro-mesoporoso do tipo ZSM-12/MCM-41 também foi obtido

partindo-se da zeólita ácida (HZSM-12), a qual foi previamente sintetizada de acordo com o

descrito nos itens 4.1.1 e 4.3. O procedimento de síntese do material hibrido ZSM-12/MCM-

41 utilizado foi o descrito em 4.1.3. O material híbrido obtido não foi submetido ao processo

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54

de troca iônica, uma vez que, a fase mesoporosa deste material é obtida a partir da zeólita e

esta já contém os sítios ácidos. Após a síntese o material foi submetido a calcinação de

acordo com o procedimento descrito no item 4.3.

4.5- Síntese de Materiais via Mistura Mecânica (ZSM-12+MCM-41)

O material ZSM-12 + MCM-41 foi preparado através da mistura mecânica manual dos

materiais individuais ácidos (HZSM-12 e HAlMCM-41). Estes materiais foram obtidos de

acordo com os procedimentos já descritos neste trabalho nos itens 4.1.1, 4.1.2 e 4.3. A

proporção mássica utilizada da zeólita HZSM-12 e do material HAlMCM-41 foi de 1:1, sendo

estes misturados com auxílio de almofariz e pistilo e com homogeneização uniforme.

4.6- Caracterização dos Materiais

4.6.1- Difratometria de raios-X (DRX)

Todos os materiais como sintetizados, calcinados e ácidos, bem como a mistura

mecânica, foram submetidos a análise de DRX pelo método do pó. Para os materiais como

sintetizados, o principal objetivo foi verificar se ocorreu a formação da estrutura desejada.

Enquanto que para os materiais calcinados e ácidos o objetivo da análise foi verificar se a

integridade da estrutura foi mantida.

A partir dos difratogramas de DRX também se calculou para as amostras de ZSM-12

como sintetizadas obtidas de 1 a 6 dias a cristalinidade percentual relativa, ou seja, em relação

a amostra mais cristalina, considerando esta com 100% de cristalinidade. Os valores de

cristalinidade para a ZSM-12 foram determinados dividindo-se a soma das intensidades dos

cinco picos mais intensos da amostra, correspondentes aos ângulos 2θ = 7,52°; 18,74°;

20,94°; 22,96° e 25,80°, pela soma das intensidades dos picos da amostra padrão, ou seja, a

amostra mais cristalina, (Equação 2).

Para as amostras de AlMCM-41 como sintetizadas também obtidas de 1 a 6 dias foi

calculado o percentual de ordenamento relativo, ou seja, em relação a amostra mais ordenada.

Os valores de ordenamento para o MCM-41 foram determinados dividindo-se a soma das

intensidades dos três picos mais intensos das amostras, correspondentes aos ângulos 2θ =

2,32°; 3,96°; 4,60°, pela soma das intensidades dos picos da amostra padrão, ou seja, a

amostra mais ordenada (Equação 2).

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55

100 Xpadrão amotra da picos dos eIntensidad

amotras das picos dos eIntensidadC %

(2)

As análises de DRX foram realizadas em um equipamento Rigaku Miniflex II, com

fonte de radiação CuKα, voltagem de 30 KV e corrente de 15 mA, com filtro de Ni. A

velocidade do goniômetro foi 2°m-1

, com um passo de 0,02 graus. Para as amostras de ZSM-

12 a faixa angular (2θ) em que as análises foram realizadas foi de 5-55°, para as amostras de

MCM-41 a faixa angular (2θ) foi de 1,5-10° e para os materiais híbridos e a mistura mecânica

foi de 1,5-55°.

4.6.2- Adsorção-desorção de nitrogênio a 77K

A análise por adsorção de nitrogênio foi realizada apenas para as amostras ácidas, para

o híbrido obtido a partir da zeólita ácida e para a mistura mecânica, com o objetivo de

confirmar o tipo de material poroso obtido comparando-se as isotermas de adsorção destes

com a classificação de isotermas para materiais porosos feita pela IUPAC e também obter

informações sobre as propriedades superficiais específicas.

O levantamento das isotermas de adsorção foi realizado em um equipamento

Quantachrome modelo ASIQM0000-4, para isso as amostras foram previamente secas a

300°C durante 1 hora sobre vácuo, sendo em seguida submetidas a adsorção de nitrogênio a

77 K. As isotermas de adsorção e dessorção foram obtidas numa faixa de P/P0 de 0,01 até

0,95. Para a zeólita a massa utilizada foi 0,2 g, enquanto que para o MCM-41, para os

híbridos e para a mistura mecânica foi de 0,03 g. Sendo que a área total foi determinada

usando-se o método desenvolvido por Brunauer, Emmett e Teller (BET) numa faixa de P/P0

de 0,02 até 0,20.

4.6.3- Microscopia eletrônica de varredura (MEV)

Com o objetivo de se conhecer a morfologia dos materiais, realizou-se análise de

microscopia eletrônica de varredura nas amostras calcinadas e na mistura mecânica. Sendo

estas obtidas em um equipamento Hitachi modelo TM3000, onde para a realização das

análises as amostras foram aderidas ao porta amostra por meio de uma fita de carbono fina,

sendo estas realizadas com ampliações na faixa de 1000 a 10.000.

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56

4.6.4- Espectroscopia de absorção na região do infravermelho

A análise por espectroscopia na região do infravermelho teve como objetivo a

obtenção de informações estruturais e foi realizada para as amostras como sintetizadas,

calcinadas e ácidas, em um espectrofotômetro de infravermelho com transformada de Fourier

da Shimadzu modelo IR Prestige-21. Os espectros foram obtidos na faixa de 4000 a 400 cm-1

com resolução de 4 cm-1

. O agente dispersante utilizado para a preparação da amostra foi o

KBr, sendo que pastilhas foram preparadas em uma concentração de 1-2 % sobre pressão de 8

ton.cm-2

.

4.6.5- Análise termogravimétrica (TG)

A análise termogravimétrica (TG) teve como principal objetivo verificar a remoção do

direcionador estrutural, bem como conhecer a estabilidade térmica dos materiais. Foi

realizada para os materiais como sintetizados, calcinados e ácidos, em uma termobalança da

Shimadzu modelo TGA-50, na faixa de temperatura de 30 a 900°C, com uma razão de

aquecimento de 10°C min-1

, em atmosfera de N2 com vazão de 40 mL min-1

, utilizando-se em

torno de 5-10 mg de amostra em cadinhos de platina.

4.7- Testes Catalíticos

Os testes catalíticos foram realizados utilizando-se os materiais híbridos HZSM-

12/MCM-41 preparados em diferentes condições alcalinas e para os materiais puros HZSM-

12 e HAlMCM-41. A molécula modelo utilizada para avaliar o potencial dos materiais em

reações de craqueamento catalítico foi o cumeno (isopropilbenzeno). Os testes foram

conduzidos em uma unidade catalítica operando em leito fixo que simula em escala

laboratorial as condições utilizadas na indústria.

Para a preparação do leito catalítico, 400 mg de cada amostra de catalisador na forma

de pó foram colocadas entre duas camadas de lã de quartzo e alocadas de forma simétrica à

distância longitudinal do reator com referência a sua entrada e saída, de modo a se ter uma

zona de reação de aproximadamente 4 cm.

Posteriormente as amostras foram ativadas com aquecimento in situ em fluxo de

nitrogênio de 50 mL min-1

partindo da temperatura ambiente até a temperatura de reação, 450

°C a razão de aquecimento de 5 °C min-1

. Após atingir essa temperatura o reator foi isolado,

Page 59: JOSELAINE CARVALHO SANTANA - ri.ufs.br

57

desviando o fluxo pelo by pass, acionando-se a bomba que impulsionava a seringa, contendo

o composto a craquear, pelas linhas capilares de fluxo da unidade. A seringa de injeção tinha

um volume interno de 20 mL e era construída em aço inox. O líquido injetado, 15 μL min-1

,

foi vaporizado sendo transportado pelas linhas de fluxo de forma contínua a 200°C e

misturando-se com a corrente de gás inerte (nitrogênio) durante 15 minutos até que as linhas

ficassem totalmente preenchidas com a mistura, sendo posteriormente direcionados ao reator

em fluxo descendente.

No decorrer das reações catalíticas, os gases efluentes do reator eram injetados em

intervalos de tempo através de uma válvula de amostragem em um cromatógrafo a gás

Agilent 6890N equipado com uma coluna HP-5 – 5 % de Phenyl Methyl Siloxane de 30 m. A

análise dos produtos foi realizada através do detector FID à temperatura de 280°C com fluxo

na coluna de capilar 1 mL min-1

. Os cromatogramas oriundos das injeções foram integrados

através do software ChemStation da Agilent.

A conversão do cumeno foi calculada de acordo com o mostrado na equação 3, e a

seletividade aos produtos de acordo com a equação 4.

( )

. 100 %

(3)

Onde:

C(%) = Conversão

Qi = Quantidade inicial de cumeno

Qf = Quantidade final de cumeno

( )

. 100 %

(4)

Onde:

Si(%) = Seletividade ao produto i

Qi = Quantidade do produto i

QT = Quantidade total de produtos

Page 60: JOSELAINE CARVALHO SANTANA - ri.ufs.br

58

5- RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1- Difratometria de raios-X (DRX)

O difratograma de raios-X da zeólita ZSM-12 como sintetizada (Figura 23 [A]) está de

acordo com muitos trabalhos da literatura (ARAUJO et al., 2001; KINSKI et al., 2002) com

relação ao padrão de difração de raios-X para esta zeólita. Este difratograma apresentou uma

reflexão intensa em 2θ = 20,99°, além das reflexões em 2θ = 7,55° e 2θ = 23,10° que também

se destacam em termos de intensidade das demais reflexões. O difratograma indica a obtenção

de um material monofásico com estrutura do tipo Mobil Twelve (MTW). O resultado obtido

sugere que o método de síntese empregado se mostrou eficaz para a produção da ZSM-12 na

forma pura.

Figura 23: Difratogramas de raios-X da zeólita ZSM-12: [A] como sintetizada e calcinada;

[B] ácida.

Fonte: Produção própria

O difratograma de raios-X da zeólita ZSM-12 após ser submetida ao processo de

calcinação também é mostrado na Figura 23 [A] onde se observa que a estrutura cristalina da

zeólita ZSM-12 é mantida após a calcinação. Os resultados mostrados nesta Figura também

revelam que ocorreu um pequeno aumento na intensidade dos picos de baixo ângulo (2θ =

7,55° e 2θ = 8,98°), o que pode ser atribuído a saída de fragmentos do direcionador oclusos

nos canais da zeólita. Além disso, ocorreu uma pequena desestabilização da estrutura,

10 20 30 40 50

0

1000

2000

3000

4000 [A]

Inte

nsid

ad

e (

cp

s)

2 (graus)

Calcinada

Como sintetizada

10 20 30 40 50

0

1000

2000

3000

4000 [B]

Ácida

Inte

sid

ad

e (

cp

s)

2 (graus)

Page 61: JOSELAINE CARVALHO SANTANA - ri.ufs.br

59

evidenciada pela redução dos demais picos de difração. Estes resultados estão de acordo com

os obtidos por Kinski et. al (2002) para a zeólita ZSM-12 recém cristalizada e calcinada.

O difratograma da HZSM-12, ou seja, para a ZSM-12 na forma ácida é mostrado na

Figura 23 [B]. Analisando o difratograma se observa que a estrutura cristalina da ZSM-12 é

mantida, o que sugere que os tratamentos de troca iônica seguido de calcinação não afetam a

estrutura desta zeólita. Neste difratograma é observado um aumento na estabilidade da

estrutura em relação a amostra calcinada (Figura 23 [A]), pois ocorreu um aumento na

intensidade dos picos, atingindo a intensidade da zeólita recém cristalizada, exceto para os

picos de baixo ângulo que se tornaram ainda mais intensos.

A ZSM-12 obtida neste trabalho foi sintetizada com razão (teórica) Si/Al = 100.

Segundo dados da literatura esta zeólita apresenta melhor cristalinidade em razões Si/Al mais

elevadas, sendo normalmente a razão 200 considerada com 100% de cristalinidade, que

diminui progressivamente a medida que se diminui esta razão. Isto pode estar relacionado ao

fato de a ZSM-12 ser uma zeólita de alta sílica, sendo assim uma maior quantidade de

alumínio dificulta a cristalização da mesma (ARAUJO et al., 2001; ERNST et al., 1987).

Os difratogramas da ZSM-12 como sintetizada variando-se o tempo de síntese de 1 a

6 dias e sua curva de cristalização em função do tempo estão expostos na Figura 24 e 25,

respectivamente.

Figura 24: Difratogramas de raios-X da zeólita ZSM-12 como sintetizada, síntese de 1 a 6

dias.

Fonte: Produção própria

10 20 30 40 50

6 dias

5 dias

4 dias

3 dias

2 dias

1 dia

Inte

nsi

da

de

(u

. a

.)

2 (graus)

Page 62: JOSELAINE CARVALHO SANTANA - ri.ufs.br

60

Figura 25: Curva de cristalização da zeólita ZSM-12 em função do tempo de síntese.

Fonte: Produção própria

A curva de cristalização foi obtida considerando os cinco picos mais intensos da ZSM-

12. Os difratogramas mostrados na Figura 24 indicam que em 1 dia de síntese se obtém um

material completamente amorfo, contudo com 2 dias se observa o aparecimento de todos os

picos de difração característicos da zeólita ZSM-12. Com 3 dias de síntese se obteve a zeólita

com elevada cristalinidade, sendo esta considerada a referência, atribuído-se a mesma 100%

de cristalinidade, pois apresentou a melhor cristalinidade dentre as zeólitas sintetizadas de 1 a

6 dias.

Este resultado é semelhante a alguns reportados na literatura. No trabalho de Gopal,

Yoo e Smirniotis (2001), a ZSM-12 foi sintetizada de 1 a 5,5 dias a 160°C, com razão Si/Al =

40, e se observou que a partir de 2,5 dias a cristalinidade aumenta rapidamente, chegando a

85% em 3 dias e continuando o aumento com o tempo de síntese. Os resultados apresentados

pelos autores evidenciou que com 2 dias se obteve um material completamente amorfo, apesar

de usar uma temperatura um pouco mais elevada e direcionador estrutural apropriado (

TEAOH). Isto leva a concluir que a metodologia utilizada por estes foi menos eficiente do

que a proposta neste trabalho.

No trabalho de Yoo et. al (2003), também utilizando TEAOH como template, foi

observado praticamente 100% de cristalinidade com 3 dias de síntese, sendo que com 2 dias

um material cristalino já foi observado, sendo considerada completamente cristalizada com 5

dias. No trabalho de Wei e Smirniotis (2006) se observou uma cristalinidade acima de 80%

1 dia 2 dias 3 dias 4 dias 5 dias 6 dias

0

20

40

60

80

100

Cri

sta

linid

ad

e (

%)

Tempo (dias)

Page 63: JOSELAINE CARVALHO SANTANA - ri.ufs.br

61

com 3 dias, contudo com 2 dias o material ainda se mostrou completamente amorfo, foi

utilizado TEAOH e 100% de cristalinidade foi atingido em 5,5 dias.

Assim os desvios observados neste trabalho a partir de 4 dias de síntese, onde os

resultados não são lineares, bem como o fato de a amostra de 3 dias ter apresentado 100% de

cristalinidade pode está relacionado a fatores experimentais que são sensíveis a cristalização,

como por exemplo a pressão, pois se utiliza a pressão autógena, como os volumes colocados

nos autoclaves não foram medidos, assim não foram exatamente iguais, pode ter ocorrido

pequenas variações na pressão que causou esta falta de linearidade nos resultados. Uma

evidência disso é que a partir de 3 dias os resultados não são tão discrepantes e oscilam para

mais e para menos: 3 dias = 100%; 4 dias = 79 %; 5 dias = 85%; 6 dias = 75 %.

O difratograma de raios-X obtido para o AlMCM-41 como sintetizado (Figura 26

[A]), é característico de um material mesoporoso do tipo MCM-41 bem ordenado, estando de

acordo com o obtido por Beck et al. (1992). O MCM-41 se caracteriza por apresentar cinco

picos de difração, referentes aos planos de índice (100), (110), (200), (210) e (300), que

indicam o quão ordenado está o material, sendo os planos (100), (110) e (200) os mais

importantes.

Figura 26: Difratogramas de raios-X para o AlMCM-41: [A] como sintetizado e calcinado;

[B] ácido.

Fonte: Produção própria

O difratograma do AlMCM-41 após ser submetido ao processo de calcinação também

está mostrado na Figura 26 [A], onde se observa que a estrutura é mantida e se torna mais

2 4 6 8 10

0

2000

4000

6000

8000

10000

[A]

(210)

(200)(110)

(100)

Inte

nsid

ad

e (

cp

s)

2 (graus)

Como sintetizado

Calcinado

2 4 6 8 10

0

500

1000

1500

2000

2500

[B]

(210)

(200)(110)

(100)

Inte

nsid

ad

e (

cp

s)

2 (graus)

Ácido

Page 64: JOSELAINE CARVALHO SANTANA - ri.ufs.br

62

ordenada, como observado pelo aumento na intensidade dos picos de difração. Este resultado

também foi encontrado por Marler et. al (1996), por Cesteros e Haller (2001) e por Souza

(2005), sendo atribuído a remoção do direcionador, ou seja, desbloqueio dos poros, e a

subsequente condensação de grupos silanóis.

Contudo o difratograma do HAlMCM-41, ou seja, em sua forma ácida, mostrado na

Figura 26 [B], apresentou uma redução significativa no ordenamento, que é principalmente

observado pela redução na intensidade do pico de difração com índice (100), isto indica uma

menor estabilidade deste material ao processo de troca iônica seguido por calcinação.

O AlMCM-41, foi sintetizado com razão Si/Al = 100, ou seja, com baixa quantidade

de alumínio, o que pode gerar uma acidez mediana ou baixa, porém suficiente para o objetivo

do trabalho. Além disso, o AlMCM-41 apresenta melhor ordenamento estrutural em elevadas

razões de Si/Al, pois o excesso de Al tende a desestabilizar a estrutura deste, como observado

no trabalho de Corma et. al (1994).

Os difratogramas do AlMCM-41 como sintetizado, síntese de 1 a 6 dias, bem como a

curva de ordenamento levantada a partir destes, estão expostos na Figura 27 e 28

respectivamente.

Figura 27: Difratogramas de raios-X do AlMCM-41 como sintetizado, síntese de 1 a 6 dias.

Fonte: Produção própria

2 4 6 8 10

6 dias

5 dias

4 dias

3 dias

2 dias

1 dia

Inte

nsid

ad

e (

cp

s)

2 (graus)

Page 65: JOSELAINE CARVALHO SANTANA - ri.ufs.br

63

Figura 28: Curva de ordenamento do AlMCM-41 como sintetizado, síntese de 1 a 6 dias.

Fonte: Produção própria

A curva de ordenamento (obtida a partir dos três picos mais intensos) e os

difratogramas da Figura 27, mostram que com 1 dia de síntese já se obtém um material com

estrutura do tipo MCM-41. Com 2 dias ocorre um pequeno aumento no ordenamento, e com 3

dias o ordenamento aumenta rapidamente, chegando ao máximo. Sendo assim, a amostra de 3

dias foi considerada a referência, atribuído-se a mesma 100 % de ordenamento, por apresentar

o melhor ordenamento dentre os materiais sintetizados de 1 a 6 dias.

Se observa também, que a partir de 4 dias ocorre uma queda sucessiva no

ordenamento. Isto indica que após atingir um máximo de ordenação, o aumento progressivo

no tempo de síntese favorece o desordenamento da estrutura.

Os difratogramas de raios-X obtidos para os materiais híbridos ZSM-12/MCM-41

como sintetizados são mostrados na Figura 29, onde se observa que estes foram obtidos com

sucesso pelo procedimento de síntese adotado, uma vez que ocorreu a obtenção da fase

mesoporosa do tipo MCM-41 em conjunto com a estrutura zeolítica ZSM-12 nas três

concentrações de NaOH propostas.

Na Figura 29 [A] os difratogramas estão compreendidos na faixa angular (2θ) de 1,5 a

55°, tornando possível a visualização das fases micro e mesoporosas em conjunto. Porém,

para uma melhor definição da fase mesoporosa, bem como da microporosa, estas foram

ampliadas na Figura 29 [B] e 29 [C] que respectivamente correspondem a região de baixo

1 dia 2 dias 3 dias 4 dias 5 dias 6 dias

20

40

60

80

100O

rde

na

me

nto

(%

)

Tempo (dias)

Page 66: JOSELAINE CARVALHO SANTANA - ri.ufs.br

64

ângulo, onde se visualiza a fase mesoporosa, e a região de alto ângulo, onde se visualiza a

fase microporosa.

Figura 29: Difratogramas de raios-X para os materiais híbridos ZSM-12/MCM-41 como

sintetizados nas concentrações de NaOH de 1,5; 2,0 e 2,5 mol.L-1

: [A] em toda a faixa

angular; [B] apenas na região de baixo ângulo; [C] apenas na região de alto ângulo.

Fonte: Produção própria

A partir da Figura 29 se observa claramente a importância do processo de

dessilicalização na obtenção da estrutura mesoporosa, pois a medida que este se tornou mais

severo, ou seja, com o aumento na concentração de NaOH, a fase mesoporosa se tornou mais

0 10 20 30 40 50

[A]

(2,5)

(2,0)

(1,5)

Inte

nsi

da

de

(u

.a.)

2 (graus)

2 4 6

[B]Região de baixo ângulo

(2,5)

(2,0)

(1,5)

Inte

nsid

ad

e (

u.a

.)

2 (graus)

10 20 30 40 50

[C] Região de alto ângulo

(2,5)

(2,0)

(1,5)

Inte

nsid

ad

e (

u.a

.)

2 (graus)

Page 67: JOSELAINE CARVALHO SANTANA - ri.ufs.br

65

ordenada, o que é observado pelo aumento na intensidade dos principais picos de difração

característicos do MCM-41.

Isto ocorre devido a maior presença de espécies de silicato em solução provenientes da

zeólita ZSM-12, e a medida que a dessilicalização torna-se mais severa um melhor

ordenamento da fase mesoporosa ocorre. Em contraste a fase zeolítica tem sua cristalinidade

reduzida a medida que se aumenta a concentração de NaOH, devido a maior perda de espécies

silicato. O que ressalta ainda mais a importância da dessilicalização na obtenção da fase

mesoporosa.

Estes resultados estão em concordância com trabalhos da literatura que utilizam como

metodologia para obtenção de materiais híbridos micro-mesoporosos o processo de

dessilicalização de estruturas zeolíticas seguido por recristalização em mesoestrutura, a

exemplo de Goto et al. (2002), Ivanova et al. (2004 e 2005), Khitev et al. (2011 e 2012),

Ordomsky et al. (2007) e Tang et al. (2012).

Sendo assim, o controle do tratamento alcalino é fundamental na obtenção de um

material híbrido que combine de forma satisfatória uma fase mesoporosa com bom

ordenamento e uma fase microporoso sem grandes perdas de cristalinidade, conservando

muito de suas propriedades ácidas.

O processo de dessilicalização foi estudado no trabalho de Tang et al. (2012) em uma

vasta faixa de concentração de NaOH, onde se observa que um tratamento alcalino suave não

conduz a redução expressiva da cristalinidade da zeólita, bem como não possibilita a obtenção

da fase mesoporosa. Entretanto, a medida que este vai se tornando mais severo, a zeólita tem

sua cristalinidade reduzida e a fase mesoporosa pode ser obtida cada vez com melhor

ordenamento, chegando a um estágio onde o tratamento alcalino torna-se tão severo que a

estrutura zeolítica torna-se totalmente amorfa e apenas a fase mesoporosa com bom

ordenamento está presente. Assim, neste trabalho a escolha das concentrações de NaOH de

1,5; 2,0 e 2,5 mol L-1

foi baseada no trabalho de Tang et al. (2012), por ser uma faixa de

concentrações onde é possível a obtenção das duas fases em conjunto.

Na Figura 30 ([A], [B] e [C]), estão mostrados os difratogramas dos materiais híbridos

calcinados e ácidos nas concentrações de NaOH de 1,5; 2,0 e 2,5 mol L-1

respectivamente.

Onde se observa que para todas as concentrações de NaOH a estrutura mesoporosa foi

mantida nos materiais híbridos calcinados, além de ter seu ordenamento melhorado devido a

remoção do direcionador estrutural.

Page 68: JOSELAINE CARVALHO SANTANA - ri.ufs.br

66

Figura 30: Difratogramas de raios-X dos materiais híbridos ZSM-12/MCM-41 calcinados e

ácidos: [A] 1,5 mol L-1

de NaOH; [B] 2,0 mol L-1

de NaOH; [C] 2,5 mol L-1

de NaOH.

Fonte: produção própria

Contudo nos materiais híbridos ácidos, ou seja, após serem submetidos ao processo de

troca iônica seguido por calcinação, ocorreu uma inesperada desestabilização da fase

mesoporosa em todas as concentrações de NaOH estudadas, o que pode ser observado pelo

desaparecimento dos picos de difração a baixo ângulo, característicos da estrutura mesoporosa

do MCM-41. Na tentativa de explicar este resultado não se pode fazer comparações com a

literatura, pois esta não apresenta comparações dos difratogramas dos materiais híbridos, bem

como do MCM-41 puro, como sintetizados ou calcinados com os ácidos, na verdade

dificilmente a literatura apresenta os difratogramas na forma ácida.

0 10 20 30 40 50

2 4 6

Região de baixo ângulo

Calcinado

Ácido

Inte

nsid

ad

e (

u.a

.)

2 (graus)

[A]

(1,5)

Calcinado

Ácido

Inte

nsid

ad

e (

u.a

)

2 (graus)

0 10 20 30 40 50

2 4 6

Região de baixo ângulo

Calcinado

Ácido

Inte

nsid

ad

e (

u.a

.)

2 (graus)

[B]

(2,0)

Calcinado

Ácido

Inte

nsid

ad

e (

u.a

.)

2 (graus)

0 10 20 30 40 50

2 4 6

Região de baixo ângulo

Calcinado

Ácido

Inte

nsid

ad

e (

u.a

.)

2 (graus)

[C]

(2,5)

Calcinado

Ácido

Inte

nsid

ad

e (

u.a

.)

2 (graus)

Page 69: JOSELAINE CARVALHO SANTANA - ri.ufs.br

67

Assim, considerando-se a baixa estabilidade térmica e hidrotérmica comumente

apresentada pelo MCM-41, este não resistiu ao tratamento de troca iônica seguido por

calcinação. No caso do difratograma do HAlMCM-41 puro, mostrado na Figura 26[B],

percebe-se que sua estrutura foi mantida, porém se tornou menos ordenada, pois a intensidade

do pico (100) caiu bastante em relação a amostra calcinada. Como nos híbridos o

ordenamento da fase MCM-41 é um pouco reduzido em relação ao MCM-41 puro, estes não

resistiram ao tratamento descrito, o que também pode está relacionado a forma de obtenção

que gerou materiais com menor estabilidade.

Os materiais híbridos ZSM-12/MCM-41 foram sintetizados na temperatura de 140°C.

Esta temperatura foi escolhida por meio de testes preliminares de síntese do híbrido na

concentração de NaOH de 1,5 mol L-1

, a duas temperaturas (100°C e 140°C ), onde 100°C é a

temperatura utilizada na obtenção do MCM-41 puro, e 140°C é a temperatura utilizada na

obtenção da ZSM-12 pura. Os difratogramas para o híbrido ZSM-12/MCM-41 sintetizado a

100 e 140°C são mostrados na Figura 31 [A] e [B], respectivamente. Nestes difratogramas é

possível observar que apesar da fase mesoporosa ser obtida em ambos os casos, esta se

apresenta bem mais ordenada a 140°C, como observado pelo aumento significativo na

intensidade do pico (100) característico do MCM-41.

Este resultado é um indicativo de que estes materiais híbridos são diferentes de uma

simples mistura mecânica, uma vez que de acordo com Goto et al. (2002) a fase mesoporosa

se forma em torno dos cristais da zeólita não dessilicalizada, e esta como suposto por Goto et

al. (2002) e confirmado por Inagaki et al. (2004) apresenta propriedades ácidas melhoradas

em relação ao MCM-41 obtido de forma convencional, pois certamente apresenta fragmentos

da zeólita em suas paredes. Assim o fato de no híbrido em estudo, a fase mesoporosa ter

apresentado melhor ordenamento a 140°C, pode está relacionado com a presença de

fragmentos da zeólita ZSM-12 que se cristaliza preferencialmente nesta temperatura.

Page 70: JOSELAINE CARVALHO SANTANA - ri.ufs.br

68

Figura 31: Difratogramas de raios- X dos materiais híbridos obtidos a 100°C [A] e 140°C

[B].

Fonte: Produção própria

Uma evidência de que no híbrido o melhor ordenamento da fase mesoporosa a 140°C

está relacionado com a temperatura de cristalização da ZSM-12, é o fato de que quando se

realiza o procedimento de síntese descrito para o AlMCM-41 puro (4.1.2), na temperatura de

140°C durante 24 horas, não se obtém a estrutura característica do MCM-41, mas sim a

estrutura do MCM-48, como mostrado na Figura 32, onde pode ser visto o AlMCM-41

sintetizado a 100 e 140°C para efeito de comparação.

0 10 20 30 40 50

0

500

1000

1500

2000

2500

[A]

2 4 60

100

200

300

400

500

600

Região de baixo ângulo

Inte

nsi

dade (

cps)

2 (graus)

100°C

Inte

nsid

ad

e (

cp

s)

2 (graus)

0 10 20 30 40 50

0

500

1000

1500

2000

2500

[B]

2 4 60

500

1000

1500

2000

Região de baixo ângulo

Inte

nsi

dade (

cps)

2 (graus)

140°C

Inte

nsid

ad

e (

cp

s)

2 (graus)

Page 71: JOSELAINE CARVALHO SANTANA - ri.ufs.br

69

Figura 32: Difratogramas de raios-X obtidos para os materiais sintetizados pelo

procedimento do AlMCM-41 durante 24 horas a 100°C e 140°C.

Fonte: Produção própria

Realizou-se também um estudo quanto a influência do pH na obtenção dos materiais

híbridos. Para isso, o híbrido na concentração de NaOH 1,5 mol L-1

foi sintetizado sem

correção do pH para comparação com o híbrido obtido com correção do pH. Os difratogramas

para os materiais obtidos são mostrados na Figura 33. Os resultados indicam que a correção

do pH, ou seja, abaixamento do pH para em torno de 9, pois a síntese é realizada em meio

fortemente alcalino (pH em torno de 13), devido ao processo de dessilicalização, é

fundamental para a obtenção de um material mesoporoso com melhor ordenamento. Inagaki

et al. (2004) confirma este resultado, explicando que uma condição de alcalinidade inferior

leva a uma maior condensação dos silicatos (grupos silanóis), tornando a estrutura

mesoporosa mais ordenada. Além disso, de acordo com Inagaki et al. (2004) um tratamento

alcalino prolongado, pode conduzir a um colapso dos fragmentos de silicato obtidos a partir

da dessilicalização da zeólita, uma vez que estes são bastante solúveis em meio alcalino.

2 4 6

0

400

800

1200

1600

2000

Inte

nsid

ad

e (

cp

s)

2 (graus)

100°

140°C

Page 72: JOSELAINE CARVALHO SANTANA - ri.ufs.br

70

Figura 33: Difratogramas de raios-X dos materiais híbridos obtidos sem correção e com

correção do pH.

Fonte: Produção própria

A condensação dos grupos silanóis, na síntese dos materiais híbridos em estudo, foi

bastante evidente, uma vez que a medida que o pH estava sendo abaixado se observou

claramente uma mudança no aspecto da mistura reacional que se tornou bastante gelatinosa,

evidenciando a ocorrência de uma precipitação, ou seja, a medida que se abaixa o pH, ocorre

um favorecimento imediato para formação da estrutura mesoporosa.

A Figura 34 apresenta o difratograma de raios-X do material híbrido ZSM-12/MCM-

41 obtido a partir da zeólita ZSM-12 ácida. Neste difratograma se observa a fase mesoporosa

do tipo MCM-41 em conjunto com a microporosa do tipo ZSM-12. Estes resultados

evidenciam que é possível se obter o material híbrido ZSM-12/MCM-41 com propriedades

ácidas sem perdas em seu ordenamento mesoporoso, uma vez que o fato de a zeólita ZSM-12

está em sua forma ácida possibilita a manutenção da acidez no material híbrido, pois a fase

mesoporosa é formada a partir dos fragmentos da zeólita dissolvidos e a fase zeolítica que não

foi dissolvida pelo tratamento alcalino mantém seus sítios ácidos praticamente inalterados

(OGURA et al., 2001), não sendo necessário assim realizar o procedimento adicional de troca

iônica nos materiais híbridos, quando estes são obtidos pela dessilicalização de zeólitas

seguida de recristalização em mesoestrutura, utilizando-se a zeólita em sua forma ácida.

0 10 20 30 40 50

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

2 4 60

250

500

750

1000

1250

1500

Região de baixo ângulo

Inte

nsi

dade (cp

s)

2 (graus)

(1,5)

Inte

nsid

ad

e (

cp

s)

2 (graus)

Sem correção do pH

Com correção do pH

Page 73: JOSELAINE CARVALHO SANTANA - ri.ufs.br

71

A Figura 35 ilustra o difratograma de raios-X obtido para a mistura mecânica ZSM-12

+ MCM-41, onde se mostram presentes em conjunto todos os picos de difração característicos

do MCM-41 e da zeólita ZSM-12.

Figura 34: Difratograma de raios-X do material híbrido ZSM-12/MCM-41obtido a partir da

zeólita ZSM-12 ácida.

Fonte: Produção própria

Figura 35: Difratograma de raios-X da mistura mecânica ZSM-12 + MCM-41.

Fonte: Produção própria

10 20 30 40 500

500

1000

1500

2000

2 3 4 5 60

500

1000

1500Região de baixo

ângulo

Inte

nsi

dade (cp

s)2 (graus)

Inte

nsid

ade (

cps)

2 (graus)

10 20 30 40 500

500

1000

1500

2000

2500

2 3 4 5 60

500

1000

1500Região de baixo

ângulo

Inte

nsid

ade

(cps

)

2 (graus)

Inte

nsi

dade (

cps)

2 (graus)

Page 74: JOSELAINE CARVALHO SANTANA - ri.ufs.br

72

5.2- Adsorção-desorção de nitrogênio a 77K

A Figura 36 apresenta as isotermas de adsorção-desorção de nitrogênio obtidas para o

HAlMCM-41, ou seja, em sua forma ácida. Pode-se observar que esta é do tipo IV,

característica de materiais mesoporosos segundo a classificação da IUPAC. Nesta isoterma a

adsorção de nitrogênio a baixas pressões relativas, neste caso P/P0 < 0,2, está relacionada a

cobertura de uma monocamada. A inflexão bastante acentuada em P/P0 em torno de 0,3 é

característica de condensação capilar dentro de mesoporos uniformes, indicando assim a

presença de mesoporos ordenados (CESTEROS; HALLER, 2001; ORDOMSKY et al., 2007).

O ciclo de histerese horizontal após P/P0 = 0,45 sugere a existência de mesoporos de textura

secundária (IVANOVA et al., 2005; ORDOMSKY et al., 2007), e o aumento na adsorção de

nitrogênio a partir de P/P0 = 0,8, no caso desses materiais, indica a presença de poros maiores

que são preenchidos em pressões mais elevadas indicando que a distribuição de tamanho de

poro é um pouco ampla (CESTEROS; HALLER, 2001).

Figura 36: Isotermas de adsorção-desorção de nitrogênio a 77 K do HAlMCM-41.

Fonte: produção própria

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

100

200

300

400

500

600

HAlMCM-41

Vo

lum

e a

dso

rvid

o (

cm

3.g

-1)

p/p0

Adsorção

Desorção

Page 75: JOSELAINE CARVALHO SANTANA - ri.ufs.br

73

Na Figura 37 podem ser vistas as isotermas de adsorção-desorção para a zeólita ZSM-

12 ácida (HZSM-12). Materiais microporosos adsorvem em baixas pressões relativas,

exibindo isotermas do tipo I segundo a classificação da IUPAC. Estas são caracterizadas por

apresentar um patamar quase horizontal desde valores reduzidos de P/P0 até 1, no caso de

sólidos unicamente microporosos. Contudo isotermas do tipo I exibem mudanças

significativas de acordo com o sistema microporoso e com o tipo de tratamento realizado

neste (por exemplo: troca iônica), como detalhado por Guisnet e Ribeiro (2004, p. 54 e 55).

Figura 37: Isotermas de adsorção-desorção de nitrogênio a 77 K da HZSM-12.

Fonte: Produção própria

Na isoterma obtida para a HZSM-12 se observa um pseudopatamar em P/P0 entre 0,1 e

0,4 que está relacionado à presença de microporos largos. Enquanto que o aumento do declive

e a existência de uma histerese revela a presença de microporos de abertura estreita. Contudo

o aumento considerável na adsorção de nitrogênio a partir de P/P0 = 0,9 pode está relacionado

a presença de mesoporos interparticulares criados por aglomeração de pequenos cristalitos

(GUISNET; RIBEIRO, 2004).

A Figura 38 [A], [B] e [C] mostram respectivamente as isotermas obtidas para os

materiais híbridos ácidos obtidos em diferentes meios alcalinos (concentração de NaOH de

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

40

50

60

70

80

90

100

110

HZSM-12

Vo

lum

e a

do

rvid

o (

cm

3.g

-1)

p/p0

Adsorção

Desorção

Page 76: JOSELAINE CARVALHO SANTANA - ri.ufs.br

74

1,5; 2,0 e 2,5 mol L-1

). Pode-se observar que estas são consistentes com os difratogramas de

raios-X desses materiais ácidos, pois se percebe que não há a presença de mesoporos

ordenados, devido a inexistência de uma inflexão em torno de P/P0 = 0,3.

Figura 38: Isotermas de adsorção-desorção de nitrogênio a 77 K dos materiais híbridos

HZSM-12/MCM-41: [A] 1,5 mol L-1

de NaOH; [B] 2,0 mol L-1

de NaOH; [C] 2,5 mol L-1

de

NaOH.

Fonte: Produção própria

O que se observa na Figura 38 é uma redução gradativa dos microporos a medida que

a concentração de NaOH aumenta, isto é claramente observado pela redução da histerese, o

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

[A]HZSM-12/MCM-41 (1,5)

Vo

lum

e A

dso

rvid

o (

cm

3.g

-1)

p/p0

Adsorção

Desorção

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

0

100

200

300

400

500

600

[B]HZSM12/MCM-41 (2,0)

Vo

lum

e A

dso

rvid

o (

cm

3.g

-1)

p/p0

Adsorção

Desorção

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

0

100

200

300

400

500

600

[C]HZSM-12/MCM-41 (2,5)

Vo

lum

e A

dso

rvid

o (

cm

3.g

-1)

p/p0

Adsorção

Desorção

Page 77: JOSELAINE CARVALHO SANTANA - ri.ufs.br

75

que também está de acordo com os difratogramas de raios-X, pois a cristalinidade da zeólita

diminui a medida que o tratamento alcalino torna-se mais severo e consequentemente o

volume de microporos também diminui. Em contrapartida, o volume de mesoporos não

ordenados aumenta de forma significativa em relação a HZSM-12 e gradativamente a medida

que a concentração de NaOH aumenta, como observado pelo aumento da adsorção de

nitrogênio a partir de P/P0 = 0,8.

Este fato está relacionado a criação de defeitos ou vacâncias na faixa dos mesoporos

na estrutura zeolítica, por meio do processo de dessilicalização, o que é bem reportado na

literatura (GONÇALVES, 2012; KOOYMAN, 2008; ORDOMSKY et al., 2007). Assim por

meio desta metodologia de obtenção de materiais híbridos a parte zeolítica também apresenta

acessibilidade melhorada devido o tratamento alcalino (OGURA et al., 2001). Além disso,

esse aumento no volume de mesoporos pode também estar relacionado à presença de

partículas da estrutura mesoporosa MCM-41 que foi desordenada, uma vez que a área

superficial dos materiais híbridos é maior que a da ZSM-12 pura e aumenta gradativamente a

medida que o processo de dessilicalização torna-se mais severo, na verdade a área superficial

do híbrido já na concentração de 1,5 dobra em relação a HZSM-12, como mostra a Tabela 3.

A Figura 39 apresenta as isotermas de adsorção-desorção de nitrogênio para o material

híbrido ZSM-12/MCM-41obtido a partir da zeólita ácida.

Figura 39: Isotermas de adsorção-desorção de nitrogênio a 77 K do material híbrido HZSM-

12/MCM-41 (1,5) obtido a partir da zeólita ácida.

Fonte: Produção própria

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

200

400

600

800

1000

1200 ZSM-12/MCM-41 (1,5) a partir da zeólita ácida

Vo

lum

e A

dso

rvid

o (

cm3 g

-1

)

P/P0

Adsorção

Desorção

Page 78: JOSELAINE CARVALHO SANTANA - ri.ufs.br

76

Na Figura 39 pode-se observar que a adsorção a baixas pressões relativas, P/P0 < 0,25,

está relacionada a presença dos microporos e a inflexão em torno de P/P0 = 0,3 é uma

característica da presença de mesoporos ordenados. A presença do ciclo de histerese na faixa

de P/P0 0,4 - 0,9 pode ser considerada uma contribuição de ambas as estruturas, e a adsorção

em valores de P/P0 superiores a 0,9 pode estar relacionada a presença de macroporos

decorrentes tanto da fase microporosa, devido ao tratamento alcalino, como da fase

mesoporosa pela presença de mesoporos mais largos.

Dessa forma, as isotermas de adsorção-desorção de nitrogênio a 77 K do material

ZSM-12/MCM-41 (1,5) obtido a partir da zeólita ácida confirmou a obtenção de um material

híbrido com as fases microporosa e mesoporosa ordenada coexistindo juntas, proporcionando

melhores características ao material devido ao efeito sinérgico entre as duas fases, o que é

observado pelo alto valor de área superficial (Tabela 3).

A Figura 40 mostra as isotermas de adsorção-desorção de nitrogênio da mistura

mecânica ZSM-12 + MCM-41, onde se observa que apesar de os difratogramas de raios-X

não evidenciar diferenças significativas entre o híbrido a partir da zeólita ácida e a mistura

mecânica, há diferenças marcantes entre ambos os materiais, pois apesar de a mistura

mecânica apresentar isotermas com características tanto da fase micro como mesoporosa, esta

exibe um baixo volume adsorvido e consequentemente uma baixa área superficial (Tabela 3),

sendo esta menor inclusive que a dos materiais híbridos que tiveram a fase mesoporosa

desestabilizada, o que evidencia que estes são diferentes de uma simples mistura mecânica.

Figura 40: Isotermas de adsorção-desorção de nitrogênio a 77 K da mistura mecânica HZSM-

12 + MCM-41.

Fonte: Produção própria

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

50

100

150

200

250

300

ZSM-12 + MCM-41

Vo

lum

e a

dso

rvid

o (

cm

3 g

-1)

P/P0

Adsorção

Desorção

Page 79: JOSELAINE CARVALHO SANTANA - ri.ufs.br

77

Tabela 3: Valores de área total para os materiais obtidos no trabalho.

Material Área Total (m2 g

-1)

HAlMCM-41 1022

HZSM-12 209

HZSM-12/MCM-41 (1,5) 418

HZSM-12/MCM-41 (2,0) 488

HZSM-12/MCM-41 (2,5) 512

ZSM-12/MCM-41 (1,5) 988

zeólita ácida

ZSM-12 + MCM-41 382

Fonte: Produção própria

5.3- Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)

As Figuras 41 [A] a 41 [F] apresentam as micrografias eletrônicas de varredura

obtidas para os materiais em estudo na forma calcinada, respectivamente: AlMCM-41; ZSM-

12; ZSM-12/MCM-41 (1,5); ZSM-12/MCM-41 (2,0); ZSM-12/MCM-41 (2,5) e ZSM-12 +

AlMCM-41.

Na Figura 41 [A] pode ser vista a micrografia obtida para o AlMCM-41, onde se

observa a presença de partículas esféricas, morfologia comumente encontrada em materiais do

tipo MCM-41 (HE et al., 2013). A Figura 41 [B] apresenta a micrografia obtida para a ZSM-

12, onde se observa a presença de cristais com morfologia semelhante a grãos de arroz

(CHOKKALINGAM et al., 2013), contudo esta morfologia comumente sofre pequenas

alterações com o tipo de metodologia utilizada na síntese da ZSM-12 (GOPAL; YOO;

SMIRNIOTIS, 2001).

As Figuras 41 [C], [D] e [E] apresentam respectivamente as micrografias obtidas para

os materiais híbridos nas concentrações de 1,5; 2,0 e 2,5, onde pode-se observar que a fase

mesoporosa parece está sendo construída em torno dos cristais da zeólita que não foram

dessilicalizados, sendo que a medida que o processo de dessilicalização torna-se mais severo,

ou seja, com o aumento na concentração de NaOH, a fase microporosa é cada vez mais

recoberta pela fase mesoporosa.

Page 80: JOSELAINE CARVALHO SANTANA - ri.ufs.br

78

Figura 41: Micrografias obtidas para os materiais em estudo na forma calcinada: [A]

AlMCM-41; [B] ZSM-12; [C] ZSM-12/MCM-41 (1,5); [D] ZSM-12/MCM-41 (2,0); [E]

ZSM-12/ MCM-41 (2,5); [F] ZSM-12 + AlMCM-41.

Fonte: Produção própria

Na Figura 41 [F] é mostrada a micrografia obtida para a mistura mecânica ZSM-12 +

AlMCM-41, onde percebe-se que diferentemente dos híbridos, a fase mesoporosa não está

recobrindo a microporosa e estas parecem estar menos conectadas que nos híbridos. Estes

B A

D C

F E

Page 81: JOSELAINE CARVALHO SANTANA - ri.ufs.br

79

resultados estão de acordo com Goto et. al (2002) e sustentam as proposições feitas para esta

metodologia que se utiliza da dessilicalização de zeólitas seguida por recristalização em

mesoestrutura, onde também de acordo com Goto et al. (2002) a fase mesoporosa é construída

em torno dos cristais da zeólita não dissolvidos e assim, a fase mesoporosa e a microporosa

devem está localizadas bem mais próximas do que em uma mistura mecânica.

5.4- Espectroscopia de Absorção na Região do Infravermelho

A Figura 42 apresenta os espectros de infravermelho obtidos para o AlMCM-41 como

sintetizado, calcinado e ácido, para os quais as atribuições feitas as principais frequências

vibracionais foi baseada em trabalhos reportados na literatura (CALABRO et al., 1996;

NESTENOV et al., 1991; ZELOBANCO et al., 1997).

Figura 42: Espectros de infravermelho do AlMCM-41 como sintetizado, calcinado e ácido.

Fonte: Produção própria

No espectro do AlMCM-41 como sintetizado, ou seja, antes de ser submetido ao

processo de calcinação, se observa a ocorrência de bandas de absorção referentes à presença

do direcionador orgânico CTMA+ na faixa de 3000-2850 cm

-1

devido a estiramentos entre a

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

0

20

40

60

80

100--

----

---

48

0 -

42

095

0 -

70

0

1200 - 1000

12

40

- 1

26

0

14

50

- 1

52

0

15

50

- 1

75

0

28

50

- 3

00

0

3250 - 3750

AlMCM-41

Tra

nsm

itâ

ncia

(%

)

Comprimento de onda (cm-1)

Como sintetizado

Calcinado

Ácido

Page 82: JOSELAINE CARVALHO SANTANA - ri.ufs.br

80

ligação C-H dos grupos CH2

e CH3

do CTMA+, e de 1520-1450 cm-1

referente às

deformações do íon CTMA+. Sendo que estas não foram mais observadas nos espectros do

AlMCM-41 calcinado e ácido, indicando que o processo de calcinação foi eficiente na

remoção de direcionador estrutural.

Nos espectros do AlMCM-41 calcinado e ácido se observada a presença de uma banda

larga na faixa de 3750-3250 cm-1

referente aos grupos hidroxilas internos e externos na

estrutura mesoporosa. Também foram observadas, em todos os espectros, bandas típicas

referentes a estiramentos assimétricos da ligação Si-O na faixa de 1260-1240 cm-1

,

estiramentos assimétricos da ligação T-O (T = Si, Al) de 480-420 cm-1

, estiramentos

simétricos das ligações T-O

de 950-700 cm-1

muito comuns em silicatos e aluminosilicatos, e

em 1200-1000 vibrações dos tetraedros da ligação T-O-T. A banda de absorção na faixa de

1750-1550 cm-1

é atribuída à água interagindo com a superfície do material (HO; CHO,

1995).

A Figura 43 apresenta os espectros de infravermelho obtidos para a zeólita ZSM-12

como sintetizada, calcinada e ácida, onde se observa que a única diferença entre os três

espectros é o surgimento de uma banda na faixa de 3250-3750 nos espectros da zeólita

calcinada e ácida, referente aos grupos hidroxila.

Figura 43: Espectros de infravermelho da ZSM-12 como sintetizada, calcinada e ácida.

Fonte: Produção própria

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

0

20

40

60

80

100

47

3

58

8

79

0

109012

22

ZSM-12

Como sintetizada

Calcinada

Ácida

Tra

nsm

itânc

ia (

%)

Comprimento de onda (cm-1)

Page 83: JOSELAINE CARVALHO SANTANA - ri.ufs.br

81

Na região de 1400-400 cm-1

, que foi ampliada (Figura 43), observa-se bandas

características de estruturas zeolíticas (SZOSTAK, 1989, p. 60). Dentre as vibrações internas

aos tetraedros tem-se em 1090 cm-1

estiramento assimétrico e em 473 cm-1

flexão (T-O).

Como vibrações externas aos tetraedros tem-se estiramento assimétrico em 1222 cm-1

,

estiramento simétrico em 790 cm-1

e em 588 cm-1

do anel duplo de cinco membros.

A Figura 44 [A], [B] e [C] apresenta os espectros de infravermelho obtidos para os

materiais híbridos nas concentrações de NaOH de 1,5; 2,0 e 2,5 mol L-1

respectivamente.

Figura 44: Espectros de infravermelho dos materiais híbridos como sintetizados, calcinados e

ácidos, nas respectivas concentrações de NaOH: [A] 1,5; [B] 2,0; [C] 2,5.

Fonte: Produção própria

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

0

20

40

60

80

100

[A] (1,5)

Tra

nsm

itâ

ncia

(%

)

Comprimento de onda (cm-1)

Como sintetizado

Calcinado

Ácido

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

0

20

40

60

80

100

[B] (2,0)

Tra

nsm

itâ

ncia

(%

)

Comprimento de onda (cm-1)

Como sintetizado

Calcinado

Ácido

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

0

20

40

60

80

100

[C] (2,5)

Tra

nsm

itâ

ncia

(%

)

Comprimento de onda (cm-1)

Como sintetizado

Calcinado

Ácido

Page 84: JOSELAINE CARVALHO SANTANA - ri.ufs.br

82

Onde observa-se as principais bandas características tanto da estrutura mesoporosa

como microporosa na faixa de 1400 a 400 cm-1

. Nas três concentrações de NaOH foi

observado nos espectros destes materiais como sintetizado a presença das bandas

características do direcionador estrutural da fase mesoporosa na faixa de 2850-3000 cm-1

e de

1450-1520 cm-1

, que não foram mais observadas nos espectros obtidos para os materiais

calcinados e ácidos, indicando a eficiência da calcinação da remoção do direcionador. Sendo

que estas bandas parecem aumentar a medida que se aumenta a concentração de NaOH, o que

é consistente com o método de síntese, uma vez que quanto mais severo o tratamento alcalino

maior o número de mesoporos formados e assim maior a quantidade de direcionador presente.

Contudo este fato só é claramente observado entre as concentrações de 1,5 e 2,0 mol L-1

, ente

as concentrações de 2,0 e 2,5 mol L-1

não ocorre o mesmo, o que pode está relacionado ao

fato de a técnica de produção de pastilhas via diluição em KBr gerar pequenas diferenças na

concentração das pastilhas, o que interfere na absorção da radiação infravermelha e na

intensidade das bandas.

5.5- Análise Térmica (TG)

A Figura 45 mostra as curvas termogravimétricas obtidas para o AlMCM-41 como

sintetizado, calcinado e ácido. Na curva do AlMCM-41 como sintetizado, ou seja, antes de ser

submetido ao processo de calcinação para remoção do direcionador estrutural, se observa três

eventos de perda de massa, de 30 - 100°C, de 100 - 350°C e de 350 - 550°C, sendo os dois

primeiros os mais expressivos.

Figura 45: Curvas termogravimétricas do AlMCM-41 como sintetizado, calcinado e ácido.

Fonte: Produção própria

100 200 300 400 500 600 700 800 900

60

70

80

90

100

AlMCM-41

Mas

sa (

%)

Temperatura (°C)

Como sintetizado

Calcinado

Ácido

Page 85: JOSELAINE CARVALHO SANTANA - ri.ufs.br

83

Segundo Araujo e Jaroniec (2000) esses eventos são atribuídos: na faixa de 30 - 100°C

a dessorção de água fisiossorvida nos poros do material; na faixa de 100 - 350°C atribuído a

remoção dos íons direcionadores (CTMA+); e na faixa de 350 - 550°C devido a remoção

residual do CTMA+ e liberação de água proveniente do processo de condensação secundária

dos grupos silanóis.

As curvas do AlMCM-41 calcinado e ácido exibem apenas um evento de perda de

massa na faixa de 30 - 100°C devido a dessorção de água fisiossorvida nos poros do material,

que mostra a capacidade de adsorção espontânea apresentada por este, revelando assim, a

eficiência da calcinação na remoção do direcionador e a estabilidade térmica do material.

Na Figura 46 podem ser vistas as curvas termogravimétricas obtidas para a zeólita

ZSM-12 como sintetizada, calcinada e ácida. Na curva da ZSM-12 como sintetizada, ou seja,

antes da remoção do direcionador estrutural, pode-se observar dois eventos de perda de

massa, o primeiro de 30 - 150°C atribuído a dessorção de água intracristalina, e o segundo de

200 - 600°C é atribuído a decomposição do direcionador MTEACl presente nos canais da

ZSM-12. Este resultado está de acordo com os obtidos por Gopal, Yoo e Smirniotis (2001) e

Yoo et. al (2003) para a zeólita ZSM-12, porém usando TEAOH com direcionador, onde

fazendo um estudo das curvas de DTG obtidas para a ZSM-12 em várias razões Si/Al,

observaram que em elevadas razões o direcionador está essencialmente retido nos poros, não

havendo íons do direcionador atuando como compensador de carga na estrutura zeolítica,

como observado em baixas razões Si/Al, assim o teor de alumínio na estrutura determina o

tipo de interação do direcionador na ZSM-12.

As curvas da ZSM-12 calcinada e ácida também apresentam um evento de perda de

massa de 30 - 150°C atribuído a dessorção de água intracristalina, devido a elevada

capacidade de absorção apresentada por materiais microporosos. A curva da zeólita calcinada

apresenta também uma perda de massa bastante suave na faixa de 200 - 600°C que pode estar

relacionada a resquícios do direcionador, uma vez que a calcinação foi realizada a 450°C.

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84

Figura 46: Curvas termogravimétricas da ZSM-12 como sintetizada, calcinada e ácida.

Fonte: Produção própria

A Figura 47 [A], [B] e [C] apresenta as curvas obtidas para os materiais híbridos como

sintetizados, calcinados e ácidos nas concentrações de NaOH de 1,5; 2,0 e 2,5

respectivamente. Observa-se nesta que os materiais híbridos como sintetizados apresentam

curvas termogravimétricas semelhantes a apresentada pelo AlMCM-41 (Figura 45), isto

porque diante do procedimento de síntese utilizado na obtenção destes, a fase orgânica

responsável pela principal perda de massa exibida pelos mesmos é o direcionador da fase

mesoporosa. Assim podem ser vistos três eventos de perda de massa: na faixa de 30 - 100°C

atribuído a dessorção de água fisiossorvida nos poros do material; Na faixa de 100 - 350°C

atribuído a remoção dos íons direcionadores (CTMA+); e Na faixa de 350 - 550°C devido a

remoção residual do CTMA+ e liberação de água proveniente do processo de condensação

secundária dos grupos silanóis.

Pode-se observar também na Figura 47 [A], [B] e [C] que a perda de massa aumenta a

medida que se aumenta a concentração de NaOH. Na concentração de 1,5 mol L-1

perde-se

em torno de 40%, na concentração de 2,0 mol L-1

perde-se em torno de 45% e na

concentração de 2,5 mol L-1

perde-se em torno de 50%. Estes resultados são consistentes com

a metodologia utilizada e com os resultados já expostos, uma vez que quando o processo de

dessilicalização torna-se mais severo, maior o número de mesoporos formados e

consequentemente mais moléculas do direcionador orgânico está presente.

100 200 300 400 500 600 700 800 900

88

90

92

94

96

98

100

ZSM-12

Mas

sa (

%)

Temperatura (°C)

Como sintetizada

Calcinada

Ácida

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85

Figura 47: Curvas termogravimétricas dos materiais híbridos como sintetizados, calcinados e

ácidos, nas respectivas concentrações de NaOH: [A] 1,5; [B] 2,0; [C] 2,5.

Fonte: Produção própria

Os materiais híbridos calcinados e ácidos nas três concentrações de NaOH exibem

estabilidade térmica após o evento de perda de massa na faixa de 30 - 100°C que é referente a

dessorção de água fisiossorvida dentro dos poros. O que indica, no caso dos materiais ácidos,

que apesar de o processo de troca iônica ter desestabilizado a estrutura mesoporosa, como

observado nos difratogramas de raios-X (Figura 30), estes exibem estabilidade térmica

semelhante aos materiais calcinados.

100 200 300 400 500 600 700 800 900

60

70

80

90

100

[A]

(1,5)

Ma

ssa

(%

)

Temperatura (°C)

Como sintetizado

Calcinado

Ácido

100 200 300 400 500 600 700 800 900

50

60

70

80

90

100

[B]

(2,0)

Ma

ssa

(%

)

Temperatura (°C)

Como sintetizado

Calcinado

Ácido

100 200 300 400 500 600 700 800 900

50

60

70

80

90

100

[C]

(2,5)

Ma

ssa

(%

)

Temperatura (°C)

Como sintetizado

Calcinado

Ácido

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86

5.6- Testes Catalíticos

A Figura 48 mostra os resultados dos testes catalíticos de craqueamento de cumeno

utilizando-se os catalisadores híbridos HZSM-12/MCM-41 preparados em diferentes

condições alcalinas (concentração de NaOH = 1,5, 2,0 e 2,5 mol L-1

) e para os catalisadores

micro e mesoporosos individuais (HZSM-12 e HAlMCM-41, respectivamente). Os materiais

híbridos HZSM-12/MCM-41 obtidos neste estudo mostraram-se eficientes no craqueamento

catalítico do cumeno, exibindo em todas as concentrações de NaOH estudadas, melhor grau

de conversão em relação aos materiais HZSM-12 e HAlMCM-41 puros.

Figura 48: Conversão do cumeno sobre os catalisadores híbridos HZSM-12/MCM-41 e para

os catalisadores HZSM-12 e HAlMCM-41.

Fonte: Produção própria

Os resultados mostrados na Figura 48 evidenciam que os diferentes materiais e as

diferenças nos seus sistemas de poros estão afetando de forma diferenciada a atividade dos

catalisadores, uma vez que o valor de conversão obtido para o material HAlMCM-41 que

apresenta uma estrutura mesoporosa, foi ligeiramente maior que para a zeólita HZSM-12 com

estrutura microporosa, e os valores de conversão obtidos para os materiais híbridos

aumentaram com o aumento da contribuição de mesoporosidade. Com base nestes resultados,

pode-se perceber que o aumento do tamanho dos poros é um dos fatores que está contribuindo

para o aumento da atividade catalítica. Isto ocorre porque a atividade catalítica, quando se

0

20

40

60

80

100t = 10,7 min

Co

nvers

ão

(%

)

Catalisadores

HZSM-12/MCM-41 (1,5)

HZSM-12/MCM-41 (2,0)

HZSM-12/MCM-41 (2,5)

HZSM-12

HAlMCM-41

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87

trata de materiais com estrutura porosa, é bastante influenciada pelo transporte de espécies

químicas, pois a difusividade das moléculas reagentes, assim como dos produtos formados no

interior do sistema poroso destes materiais depende do diâmetro dos poros. Moléculas

reagentes maiores ou com diâmetro próximo ao tamanho dos poros tem sua difusão

dificultada e consequentemente um acesso limitado aos sítios ativos do catalisador, e produtos

volumosos podem ficar retidos ou ter sua formação desfavorecida (AL-KHATTAF; LASA,

2002).

A acidez dos catalisadores também pode afetar os níveis de conversão, porém nestes

casos não deve estar sendo um fator predominante, pois apesar de os materiais HZSM-12 e

HAlMCM-41 terem sido obtidos com razão Si/Al = 100, sabe-se que materiais zeolíticos

exibem sítios ácidos mais fortes que materiais mesoporosos do tipo MCM-41 que possuem

paredes amorfas (SAYARI,1996; ZHAO; LU; MILLAR, 1996). Assim o fato de o material

HAlMCM-41 puro ter exibido uma conversão catalítica um pouco superior a da zeólita

HZSM-12 pura, reforça que o principal fator influenciando a conversão é o tamanho dos

poros, que consequentemente conduz a um maior acesso aos sítios ácidos.

No caso dos materiais híbridos pode-se concluir que a atividade catalítica está

correlacionada a um efeito sinérgico entre os sítios ácidos presentes na fase zeolítica e o maior

sistema de poros e área superficial da fase mesoporosa. Sendo que, o tamanho do sistema de

poros aparece como fator predominante, pois o catalisador híbrido HZSM-12/MCM-41(2,5),

que apresenta a maior contribuição de mesoporosidade com uma contribuição de

microporosidade bastante reduzida, foi o que apresentou maior atividade catalítica. Além

disso, deve-se considerar que diante da metodologia utilizada na preparação dos materiais

híbridos (a dessilicalização da zeólita ZSM-12 seguida de recristalização em mesoestrutura), a

fase mesoporosa apresenta acidez melhorada, pois é formada a partir dos fragmentos da

zeólita (GOTO et al., 2002; INAGAKI et al., 2004) e a fase microporosa apresenta

acessibilidade melhorada pelo tratamento alcalino (OGURA et al., 2001).

O craqueamento catalítico do cumeno tem como principais produtos de reação a

formação de propeno e benzeno na proporção 1/1, como mostra a proposta de mecanismo

para o craqueamento do cumeno em meio ácido, Equação 5. Contudo, outros produtos,

geralmente em quantidade muito reduzida podem ser formados por meio de reações

secundárias quando se tem a presença de catalisadores com força ácida elevada (ANNUAR,

2014; BIELANSKI; MALECTA, 1986).

Page 90: JOSELAINE CARVALHO SANTANA - ri.ufs.br

88

(5)

Fonte: ANNUAR et al., 2014

A Figura 49 mostra os resultados da distribuição dos produtos de seletividade para o

craqueamento de cumeno utilizando-se os catalisadores híbridos HZSM-12/MCM-41

preparados em diferentes condições alcalinas (concentração de NaOH = 1,5, 2,0 e 2,5 mol L-1

)

e para os catalisadores micro e mesoporosos individuais (HZSM-12 e HAlMCM-41,

respectivamente). No caso dos catalisadores estudados, devido à baixa acidez destes (uma vez

que foram obtidos com razão Si/Al teórica igual a 100), não houve a formação de produtos

secundários, tendo como únicos produtos de reação o benzeno e o propeno.

Figura 49: Distribuição dos produtos de seletividade para a conversão do cumeno sobre os

catalisadores híbridos HZSM-12/MCM-41 e para os catalisadores HZSM-12 e HAlMCM-41.

Fonte: Produção própria

ZSM-12/MCM-41 (1,5) ZSM-12/MCM-41 (2,0) ZSM-12/MCM-41 (2,5) HZSM12 HAlMCM41

0

20

40

60

80

100 t =10,7 min

Sele

tivid

ade (

%)

Catalisadores

Benzeno

Propeno

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89

Com relação a distribuição dos produtos de seletividade (Figura 49), observa-se outra

vez a influência predominante do sistema poroso do catalisador testado, pois apesar de o

craqueamento do cumeno ser considerado uma reação 1/1, a estrutura porosa dos materiais

alterou o curso da reação, tornando-a mais seletiva ao produto que mais se adéqua ao seu

sistema de poros. Para a zeólita ZSM-12 se observou uma seletividade bem mais elevada ao

produto de menor tamanho, neste caso o propeno, para o material mesoporoso MCM-41, uma

seletividade mais elevada ao benzeno foi observada, pois este agora pode se difundir mais

facilmente no sistema de canais mesoporosos. E no caso dos materiais híbridos se observa um

crescimento gradual da seletividade a benzeno a medida que se aumenta a contribuição de

mesoporosidade.

Também parece está ocorrendo, em menor grau, uma influência da acidez nos

resultados de seletividade exibidos na Figura 49, pois a formação de propeno mostra-se mais

favorecida nos materiais teoricamente mais ácidos e a formação de benzeno nos materiais

menos ácidos. Isto porque, no caso do MCM-41 onde é possível a difusão livremente das duas

moléculas, ocorreu uma maior seletividade ao benzeno e no caso dos híbridos onde também é

possível a difusão das duas moléculas, a seletividade a benzeno se tornou maior com a

redução da acidez, ou seja, aumento da contribuição de mesoporosidade e redução da

contribuição de microporosidade.

Sendo também importante ressaltar, que o teste de craqueamento não afetou as

características estruturais dos materiais testados, pois a análise dos difratogramas de raio-X

destes, após serem submetidos ao teste catalítico de craqueamento do cumeno, revelou a

manutenção das estruturas, ocorrendo em alguns casos uma pequena redução na intensidade

dos picos mais intensos.

Page 92: JOSELAINE CARVALHO SANTANA - ri.ufs.br

90

6- CONCLUSÃO

Os resultados obtidos mostraram que os materiais híbridos micro-mesoporosos do tipo

ZSM-12/MCM-41 podem ser preparados com sucesso pelo procedimento que se utiliza da

dessilicalização de zeólitas seguida por recristalização em mesoestrutura.

Os difratogramas de raios-X dos materiais híbridos evidenciaram a obtenção das fases

micro e mesoporosa em conjunto. As otimizações feitas mostraram que a temperatura de

140°C é a mais adequada para a preparação do híbrido e que o abaixamento do pH é de

fundamental importância na obtenção de uma fase mesoporosa com bom ordenamento. Os

procedimentos de troca iônica e calcinação para obtenção de materiais híbridos ZSM-

12/MCM-41 ácidos afetou a estrutura destes híbridos e a fase mesoporosa não foi mantida.

Foi possível a obtenção do material híbrido ZSM-12/MCM-41 ácido e sem perdas no

ordenamento da fase mesoporosa utilizando-se como material de partida a zeólita ZSM-12

ácida. As isotermas de adsorção-desorção de nitrogênio a 77 K obtidas para os materiais

híbridos evidenciaram a redução dos microporos a medida que o processo de dessilicalização

tornou-se mais severo, de forma consistente com os difratogramas de raios-X. O material

híbrido ZSM-12/MCM-41 obtido a partir da zeólita ácida apresenta isotermas com

características das fases micro e mesoporosas e com diferenças notáveis em relação as

isotermas da mistura mecânica, evidenciando a presença do efeito sinérgico e não uma soma

das contribuições. Além disso, as micrografias eletrônicas de varredura confirmaram que a

fase mesoporosa se forma em torno dos cristais da zeólita não dissolvidos, como previsto pela

metodologia. Os espectros de infravermelho apresentaram as principais bandas vibracionais

características de materiais micro e mesoporosos e as curvas termogravimétricas

evidenciaram que as perdas de massa existentes nos materiais híbridos são decorrentes do

direcionador da fase mesoporosa, bem como que estes exibem estabilidade térmica na forma

ácida apesar de a fase mesoporosa ter sido desordenada. Além disso, todas as técnicas de

análise evidenciaram a obtenção do AlMCM-41 puro e da ZSM-12 pura com boa qualidade.

Os testes catalíticos mostraram que os materiais híbridos do tipo ZSM-12/MCM-41

exibem potencial catalítico em reações de craqueamento, apresentando melhor desempenho,

na conversão do cumeno, quando comparados com os materiais puros, sendo que a conversão

do cumeno aumentou com o aumento da contribuição de mesoporosidade, tornando evidente

o efeito da estrutura porosa, contudo um efeito sinérgico entre acidez e porosidade também foi

observado.

Page 93: JOSELAINE CARVALHO SANTANA - ri.ufs.br

91

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