jose olympio imagens

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m dos fascínios da biografia dos grandes homens é es- sa aparente fatalidade que parece conduzi-los inexo- ravelmente ao papel que virão a representar, o qual, uma vez cumprido, adquire essa qualidade, sempre a posteriori, de aparente e natural imutabilidade. ≈≈≈ José Olympio Pereira Filho nasceu em Batatais, interior de São Paulo, a 10 de dezembro de 1902, filho de pai baiano e mãe paulista, em família de limitados recursos e numerosa prole. Esse que viria a se tornar o maior editor literário brasileiro, e não só literário – na já longa e acidentada tradição em que se des- tacaram um Paula Brito, um B. L. Garnier, um Francisco Alves, um Monteiro Lobato, um Henrique Bertaso –, veio ao mundo no ano que é um divisor de águas na consciência do Brasil sobre si próprio. Semanas antes do seu nas- cimento chegava às mãos dos leitores Os sertões, causando um abalo na visão que as elites da nossa belle époque faziam da própria pátria, sem dúvida um dos marcos inegáveis do surgimento do Brasil moderno. José Olympio faz parte, portanto, de uma geração fundamental na arte e no pensamento brasileiros, a geração de Gilberto Freyre, de Murilo Mendes, de Rachel de Queiroz, de Cecília Meireles, de Carlos Drummond de Andrade, de Pedro Nava, de José Lins do Rego, todos nomes que, pelos caminhos do livro, virão a ter relação com ele e a Casa que fundou. Aos 15 anos, o filho do guarda-livros de Batatais decide ir para a capital e trabalhar. Sendo afilhado do historiador e político Altino Arantes, uma das lideranças de sua cidade natal e então governador de São Paulo – presiden- te, como se dizia então –, seu pai resolve escrever ao compadre ilustre, ten- tando algum trabalho para o filho na capital do estado. A 7 de junho de 1918 chega-lhe a seguinte resposta: primeiros anos . § 1 J osé O lympio: O editor e sua C asa . 65 no alto, à direita: Ex-libris de Alfredo Pujol, encontrado em todos os livros, notavelmente encadernados, de sua biblioteca, uma das mais importantes do Brasil no início do século xx. Pujol foi membro da Academia Brasileira de Letras e publicou, em 1917, uma importante biografia de Machado de Assis.

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Page 1: Jose Olympio Imagens

m dos fascínios da biografia dos grandes homens é es-

sa aparente fatalidade que parece conduzi-los inexo-

ravelmente ao papel que virão a representar, o qual,

uma vez cumprido, adquire essa qualidade, sempre a

posteriori, de aparente e natural imutabilidade. ≈≈≈José Olympio Pereira Filho nasceu em Batatais, interior de São Paulo, a 10 de

dezembro de 1902, filho de pai baiano e mãe paulista, em família de limitados

recursos e numerosa prole. Esse que viria a se tornar o maior editor literário

brasileiro, e não só literário – na já longa e acidentada tradição em que se des-

tacaram um Paula Brito, um B. L. Garnier, um Francisco Alves, um Monteiro

Lobato, um Henrique Bertaso –, veio ao mundo no ano que é um divisor

de águas na consciência do Brasil sobre si próprio. Semanas antes do seu nas-

cimento chegava às mãos dos leitores Os sertões, causando um abalo na visão

que as elites da nossa belle époque faziam da própria pátria, sem dúvida um dos

marcos inegáveis do surgimento do Brasil moderno. José Olympio faz parte,

portanto, de uma geração fundamental na arte e no pensamento brasileiros,

a geração de Gilberto Freyre, de Murilo Mendes, de Rachel de Queiroz, de

Cecília Meireles, de Carlos Drummond de Andrade, de Pedro Nava, de José

Lins do Rego, todos nomes que, pelos caminhos do livro, virão a ter relação

com ele e a Casa que fundou.

Aos 15 anos, o filho do guarda-livros de Batatais decide ir para a capital

e trabalhar. Sendo afilhado do historiador e político Altino Arantes, uma das

lideranças de sua cidade natal e então governador de São Paulo – presiden-

te, como se dizia então –, seu pai resolve escrever ao compadre ilustre, ten-

tando algum trabalho para o filho na capital do estado. A 7 de junho de 1918

chega-lhe a seguinte resposta:

p r i m e i r o s a n o s.

§ 1

J o s é O l y m p i o : O e d i t o r e s u a C a s a.6 5

no alto, à d ire ita:

Ex-libris de Alfredo Pujol, encontrado

em todos os livros, notavelmente

encadernados, de sua biblioteca, uma

das mais importantes do Brasil no início

do século xx. Pujol foi membro da

Academia Brasileira de Letras e

publicou, em 1917, uma importante

biografia de Machado de Assis.

Page 2: Jose Olympio Imagens

Sr. José Olympio Pereira:

O Senhor Presidente manda comunicar a V. Sa que está arranjado o emprego

para seu filho na Livraria Garraux.

O ordenado será pequeno em começo, porém o lugar é de futuro.

É bom mandar o menino com a maior urgência possível.

Do admirador atento,

Afro Rezende

Com esse bilhete, assinado pelo chefe da Casa Militar do presidente de São

Paulo, sela-se o destino de José Olympio no mundo dos livros. Começa numa

das mais antigas e tradicionais livrarias de São Paulo – fundada em 1860 por

Anatole-Louis Garraux, casa onde os poetas românticos que passaram pela Aca-

demia de Direito iam comprar as novidades da literatura –, com um salário de

30 mil-réis mensais. Sua primeira moradia na capital será no porão do Palácio

dos Campos Elísios, onde décadas depois voltará como convidado ilustre.

Em primeiro de março de 1924 passa da condição de empregado, cada vez

mais necessário à existência da casa, à de sócio, conforme carta manuscrita do

sócio-proprietário Fausto Bressane (ver pág. 70):

Com a retirada em plena harmonia de meu sócio e amigo Charles Hildebrand, as-

sumi todas as responsabilidades da firma extinta Hildebrand-Bressane, continuando

assim a Casa Garraux com o mesmo ramo de comércio.

Atendendo aos bons serviços que o Sr. como empregado da Casa tem prestado e es-

perando a continuação com o melhor esforço, comunico a deliberação de conceder-lhe,

além do ordenado atual de 450$000, o interesse de três e meio por cento sobre os lucros

líquidos do balanço.

Como é uso comercial, dada por qualquer modo a sua retirada da Casa, o interesse

correspondente ao tempo decorrido depois do balanço será pago na base do anterior, po-

dendo preferir a Casa pagá-lo por ocasião do próximo balanço, de conformidade com ele.

Em 1929 recebia já um conto de salário mensal, e em 1931, quando deixa a

Garraux para fundar a livraria e editora que levará seu nome, três contos. Um

ano antes surgiria a oportunidade que propiciaria a José Olympio a capitaliza-

ção necessária para seguir o próprio caminho. A 20 de maio daquele ano fale-

cia Alfredo Pujol, escritor, acadêmico e bibliófilo, proprietário da que talvez fos-

se a melhor biblioteca particular da época. Posta à venda pelos herdeiros, intuiu

o jovem de Batatais a possibilidade de um grande, ainda que arriscado, negó-

cio. Curiosamente, foi com a venda dessa biblioteca de livros antigos e

raros – para a aquisição da qual precisou levantar a vultosa quantia de 80 con-

tos de réis –, que José Olympio deu início à mais extraordinária, profícua e du-

J o s é O l y m p i o : O e d i t o r e s u a C a s a.6 7P r i m e i r o s A n o s.6 6

Bilhete, datado de 7 de junho de 1918, da parte de

Altino Arantes, padrinho de J.O., avisando a

seu compadre, José Olympio, pai, ter arranjado

um emprego para o seu filho na Livraria

Garraux. Assinado pelo coronel Afro Rezende,

chefe da Casa Militar de Altino Arantes, este é

o marco inicial da relação que durará mais de

seis décadas entre J.O. e o mundo dos livros.

abaixo:

Altino Arantes, padrinho de J.O. Eleito

presidente do estado de São Paulo para

o período 1916-1920, foi depois deputado federal

por São Paulo (1921-1930), revolucionário em

1932, constituinte em 1946 e novamente

deputado federal (1946-1951). Dele a editora

publicou, em 1958, Passos do meu caminho,

prefaciado por Antônio Gontijo de Carvalho. Anatole-Louis Garraux, livreiro francês

(1833-1904), proprietário da casa do mesmo

nome, em bico-de-pena. Garraux chegou ao

Rio de Janeiro por volta de 1850 e foi trabalhar

como caixeiro na Livraria Garnier, onde

ficou 10 anos. Depois transferiu-se para

São Paulo, e lá fundou a firma A. L. Garraux,

que funcionava como livraria e importadora

de artigos de luxo franceses. Retornando

à França, dedicou-se à publicação de uma

Bibliographie brésilienne (1898), que a

José Olympio viria a editar em 1963 com prefácio

de Francisco de Assis Barbosa.

Page 3: Jose Olympio Imagens

radoura aventura na história editorial do Brasil. Apoiado por amigos de recur-

sos que fizera em São Paulo, entre eles José Carlos de Macedo Soares, o rapaz

de 29 anos consegue levar adiante o negócio, para o qual imprime e distribui

um convite (ver pág. 70) com os dizeres:

José Olympio Pereira Filho convida V. Exa. a visitar a preciosa biblioteca que per-

tenceu ao Dr. Alfredo Pujol, à rua Pirapitinguy no 26, das 7 1/2 às 12, das 14 às 18 e

das 20 às 23 horas. São Paulo, 10 de junho de 1931.

Quase seis meses depois, em 29 de novembro de 1931, funda a Livraria

José Olympio Editora. Desse modo começava a cumprir a profecia feita por

Antônio de Alcântara Machado ao então empregado da Casa Garraux, quan-

do lhe augurou, numa dedicatória, o papel de futuro editor dos novos da lite-

ratura brasileira.

Em 1932, ano da inauguração, a José Olympio publicou apenas Conhece-te

pela psicanálise, tradução de José Almeida Camargo para How to Psycho-Analyse

Yourself, de Joseph Ralph.

Para se ter uma idéia da atividade do editor estreante, em 1933 foram seis

títulos, entre eles A ronda dos séculos, contos de Gustavo Barroso, e Os párias,

crônicas de Humberto de Campos, que tiveram duas edições no ano. Em 1934,

ano da transferência de J.O. para o Rio de Janeiro, o número de publicações

subiu para 32, entre eles cinco livros de Humberto de Campos, O Estado mo-

derno (liberalismo-fascismo-integralismo), de Miguel Reale, obra inaugural da

coleção Problemas Políticos Contemporâneos, cujo 2o volume, no mesmo ano,

foi O sofrimento universal, do líder integralista Plínio Salgado. Ainda em 1934

a José Olympio publica a 4a edição de Os corumbas, de Amando Fontes, e a 2a

edição do Machado de Assis, de Alfredo Pujol.

Em 1935 são lançados 58 livros, entre eles a 1a edição do romance Boquei-

rão, de José Américo de Almeida; a 1a edição do Tratado de Direito Internacio-

nal, de Pontes de Miranda, em dois volumes; Salgueiro, romance de Lúcio

Cardoso; No limiar da idade nova, de Alceu Amoroso Lima, volume 11 da Co-

leção Problemas Políticos Contemporâneos; a 1a edição de Minha vida, de Isa-

dora Duncan, traduzida por Gastão Cruls, e a 1a edição, ilustrada, de A vida

inquieta de Raul Pompéia, de Elói Pontes.

Em 1936 a José Olympio edita 65 livros, sete a mais que no ano anterior:

esse é o ano da estréia do cronista Rubem Braga, com O conde e o passarinho;

da 1a edição de Educação para a democracia (Introdução à administração educacio-

nal), de Anísio S. Teixeira; de Alma do Oriente, contos e lendas orientais por

Malba Tahan; de Mana Maria, o romance inacabado, póstumo, de Antônio

de Alcântara Machado, que ganhou capa de Santa Rosa; e de três livros de

Jorge Amado – 1a edição de Mar Morto, 2a de Suor e 3a de Cacau –, todos com

capas e ilustrações de Santa Rosa. Ainda em 1936 Lúcio Cardoso publica A luz

no subsolo, e Graciliano Ramos a 1a edição de Angústia.

Em 1937 a Casa edita 54 livros, o mesmo ocorrendo no ano seguinte. Em

1939 o número sobe para 80. Em 1940, 72 livros. De 1941 a 1950 ganham a

logomarca da José Olympio 935 títulos, e na década seguinte 960 obras são

publicadas – uma média de quase 100 livros novos por ano.

J o s é O l y m p i o : O e d i t o r e s u a C a s a.6 9

O advogado, político e escritor carioca

Alfredo Pujol (1865-1930), com amigos, na

sua famosa biblioteca em São Paulo.

Sentados: Júlio de Mesquita, homen não

identificado, Olavo Bilac e Pujol; de pé:

Martins Fontes, três não identificados,

Pinheiro Júnior, Simões Pinto, Nestor

Pestana, Amadeu Amaral, Roberto Moreira,

Júlio de Mesquita Filho e outro não

identificado.

Conhece-te pela psicanálise, publicado em

1932, o primeiro título da editora. Tradução de

How to Psycho-Analyse Yourself, lançado

por J. Ralph, em 1921, na Califórnia.

à d ire ita:

Interior da Livraria José Olympio Editora, na

Rua do Ouvidor, 110, inaugurada em 3 de julho

de 1934: José Condé, Murilo Mendes,

Adalgisa Nery, Amando Fontes e Jayme Adour

da Câmara, no início da década de 1940.

Page 4: Jose Olympio Imagens

no s entido horário:

Convite de J.O. para visitação

da biblioteca de Alfredo Pujol, cuja

venda possibilitou a criação da

Livraria José Olympio Editora.

Carta de promoção de J.O. a

gerente-geral da Casa Garraux,

com participação nos lucros.

Grupo de funcionários da Casa

Garraux. J.O. é o terceiro da direita

para a esquerda, na última fila.

Interior da livraria na Rua da Quitanda, 19,

São Paulo, 1931. Em História de minha vida,

do educador Fernando de Azevedo, publicado

pela José Olympio em 1971, lê-se: “A Livraria

Garraux, que tinha então como gerente

José Olympio, era a que mais visitava, não

só pelo acervo, e sempre renovado, de

seus estoques, sobretudo franceses, como também

pela oportunidade feliz que me oferecia de

rever e ouvir amigos como José Olympio.

Tanto isso é verdade que, quando fundou, na

Rua da Quitanda, com a biblioteca Alfredo

Pujol, a livraria que tomou seu nome, eu

me mudei também da Livraria Garraux

para essa nova casa de livros.

José Olympio, que sabia, como poucos,

fazer amigos, continuou a ter junto dele e dos

seus livros todos que iam vê-lo e consultá-lo

sobre as novidades literárias. Instalada a nova

livraria de sua propriedade e direção, para ela

se deslocara toda a clientela que antes afluía

à Casa Garraux. Lembro-me de que, junto a essa

nova livraria, havia um bar, famoso por suas

empadas de galinha e camarão.”

à d ire ita:

José Carlos de Macedo Soares (1883-1968), o

principal financiador da compra da biblioteca de

Alfredo Pujol, foi ministro das Relações Exteriores

de 1934 a 1937 e de 1955 a 1958, ministro da Justiça

em 1937 e interventor federal em São Paulo de 1945

a 1947. Dele a Casa publicou, em 1938,

Discursos (Rumos da diplomacia brasileira)

e, no ano seguinte, Fronteiras do Brasil no

regime colonial, com ilustrações e mapas de

J. Wasth Rodrigues. Este e Percy Lau ilustraram,

do mesmo autor, a bela edição de Santo

Antônio de Lisboa, militar do Brasil (1942).

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Page 5: Jose Olympio Imagens

P r i m e i r o s A n o s.7 2

da e squerda para a d ire ita:

Cavaquinho e saxofone, de Antônio de

Alcântara Machado, crônicas reunidas em

volume por Sérgio Milliet e publicadas em 1940.

Alcântara Machado profetizou, em uma

dedicatória de Laranja da China, o papel

que J.O., então apenas o “Zé da Garraux”,

viria a desempenhar na divulgação da

literatura brasileira.

Memórias – Primeira parte (1886-1900), de

Humberto de Campos, 7a edição em 1935.

Um dos autores mais populares do Brasil de

então. No prefácio ele diz: “Escrevo a história da

minha vida não porque se trate de mim; mas

porque ela constitui uma lição de coragem aos

tímidos, de audácia aos pobres, de esperança aos

desenganados, e, dessa maneira, um roteiro útil à

mocidade que a manuseie. (...) Aqui fica, deste

modo, o primeiro volume das minhas

Memórias, que são as de um homem que fez

sozinho a sua marcha desde as vizinhanças do

berço, e lutou, sozinho, contra todos os obstáculos

da sua própria condição e contra todas as

tentações que o assaltaram pelo caminho. Não

cheguei muito alto, de modo a ombrear com os

escritores notáveis do meu país, porque vim de

muito baixo. Mas percorri maior distância do

que eles, porque vim de mais longe.”

Grupo de intelectuais ligados à Casa,

na década de 1930: José Lins do Rego,

Octavio Tarquinio de Sousa, Paulo Prado,

José Américo de Almeida e Gilberto Freyre.

Dos cinco, Paulo Prado foi o único que

não teve obra editada pela J.O. em seus

primeiros anos de funcionamento.

abaixo:

J.O. (de mãos nos bolsos), seu irmão

Daniel e, ao centro, um amigo não

identificado. São Paulo, década de 1930.

Page 6: Jose Olympio Imagens

Vitrine da livraria, já na Rua do

Ouvidor, 110, no Rio de Janeiro.

Page 7: Jose Olympio Imagens

história da José Olympio confunde-se, em grande

parte, com a h i stória da l iteratura bras i le ira a

partir dos anos 1930, o exato momento em que o

Modernismo, passada a sua fase mais combativa e

contestatória, atinge a maturidade. ≈≈≈≈≈≈≈≈≈No caso do romance nordestino, e mais largamente de toda a ficção regiona-

lista brasileira do século xx, esse vínculo torna-se ainda mais forte. Se, a par-

tir de A bagaceira, de José Américo de Almeida, em 1928, dando início ao vi-

goroso movimento, as estréias quase contemporâneas de Rachel de Queiroz,

José Lins do Rego, Jorge Amado e Graciliano Ramos aconteceram em outras

editoras, ou em edições de autor, todos esses nomes centrais transferiram-se

pouco depois para a Casa. Por outro lado, quando, alguns anos mais tarde,

inicia-se um outro e distinto ciclo regionalista, com o seu apogeu em Guima-

rães Rosa e em nomes como os de José Cândido de Carvalho e Mário Palmé-

rio, Bernardo Élis ou Ariano Suassuna, todos entrarão também para as filei-

ras da José Olympio.

Se a ficção do Nordeste e de outras áreas de predominância rural seguiu

essa vertente regionalista, por mais vaga que seja a designação e múltiplas as

suas manifestações, outra ficção, de matriz mais urbana ou introspectiva, se

afirmou em áreas mais industrializadas do país; é o caso de autores cariocas

ou residentes no Rio de Janeiro, como Lúcio Cardoso, Octávio de Faria e

Adalgisa Nery, ou, em outras linhas ou gerações, Marques Rebelo, Gastão

Cruls, Orígenes Lessa e Antônio Callado, todos editados pela Casa. Da fic-

ção paulista entraram para o catálogo da José Olympio desde nomes do Mo-

dernismo de primeira hora, como Oswald de Andrade, o agitador do movi-

mento, Mário de Andrade, seu líder inconteste, ou Antônio de Alcântara

a l i t e r at u r a m o d e r n an o b r a s i l.

§ 2

J o s é O l y m p i o : O e d i t o r e s u a C a s a.7 7

no alto, à d ire ita:

Detalhe da capa de Santa Rosa para o

penúltimo romance de José Lins do Rego,

Eurídice (1947), dedicado a J.O.