josé filipe correia da silva -...

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José Filipe Correia da Silva UMinho|2014 outubro de 2014 Plantit – Hortas & Jardins Ecológicos: estruturação de um Plano de Internacionalização Universidade do Minho Escola de Economia e Gestão Plantit – Hortas & Jardins Ecológicos: estruturação de um Plano de Internacionalização José Filipe Correia da Silva

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José Filipe Correia da Silva

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outubro de 2014

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Universidade do Minho

Escola de Economia e Gestão

Plantit – Hortas & Jardins Ecológicos: estruturação de um Plano de Internacionalização

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Relatório de EstágioMestrado em Negócios Internacionais.

Trabalho realizado sob a orientação do

Professor Doutor José António Cadima Ribeiro

José Filipe Correia da Silva

outubro de 2014

Universidade do Minho

Escola de Economia e Gestão

Plantit – Hortas & Jardins Ecológicos: estruturação de um Plano de Internacionalização

DECLARAÇÃO

Nome: José Filipe Correia da Silva

Endereço eletrónico: [email protected]

Número do Bilhete de Identidade: 13945136

Título do Relatório de Estágio:

Plantit – Hortas & Jardins Ecológicos: estruturação de um Plano de Internacionalização

Orientador:

Professor Doutor José António Cadima Ribeiro

Ano de conclusão: 2014

Designação do Mestrado:

Mestrado em Negócios Internacionais.

É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO PARCIAL DESTE RELATÓRIO DE ESTÁGIO, APENAS PARA EFEITOS DE INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DO INTERESSADO, QUE A TAL SE COMPROMETE.

Universidade do Minho, ___/___/______ Assinatura: ________________________________________________

iii

Agradecimentos

Um ciclo que, como tantos outros, se fecha na esperança que novos desafios e

oportunidades surjam no horizonte. É certo que a atual conjuntura pode, à partida, não

gerar as melhores expectativas, mas a vontade de evoluir e crescer ao longo do nosso

percurso nunca poderá (pelo menos, não deveria) ser colocada em causa ou desperdiçada.

Porque o país precisa de todos, somos poucos para a necessidade urgente de colocar mãos

à obra por um futuro melhor.

Assim, na conclusão de mais esta etapa, resta-me agradecer. Agradecer à minha

família, na figura dos meus pais e da minha avó materna. Um agradecimento pelo

sacrifício, pela aposta, pelo investimento que me permitiu ter hoje uma bagagem de

conhecimento capaz de me guiar num percurso que eu próprio tive o privilégio de

escolher. Uma palavra especial para a minha mãe, ela que está sempre ali, por vezes numa

presença invisível aos olhos, mas que dia após dia faz sentir a sua mão, o seu

temperamento e o seu apoio.

Um agradecimento igualmente importante a ti, Joana. Tu que me completas e me

fazes olhar em frente com esperança. Por um futuro melhor, por um futuro ao teu lado,

por um futuro a dois, nesta saudável loucura que é o nosso amor, a nossa cumplicidade e

o nosso companheirismo. Porque nunca nos faltamos, nunca nos falhamos, sempre nos

protegemos, porque nos amamos. Porque o futuro vem já a seguir, e é nosso.

A ti, Liliana, companheira de muitas batalhas na vida. Uma amiga que todos

gostariam de ter e uma amizade que eu tenho o privilégio de cultivar. Porque és a irmã

que os laços de sangue não me proporcionaram, mas que a vida me ofereceu. Um obrigado

pela partilha, por todo o apoio, conversas e conselhos. Porque sei que há na vida amizades

que a erosão do tempo é incapaz de apagar ou desvanecer.

Um agradecimento ao meu orientador, Professor José Cadima Ribeiro, pelo seu

suporte e orientação durante a realização deste relatório de estágio, relembrando o seu

apoio e os seus conselhos, tão úteis para que todo o meu esforço chegasse a um bom

porto. À Susana Caseiro, à Cândida Ferraz e ao Sr. João Fallé, com quem trabalhei de

perto durante o meu estágio na Plantit – Hortas & Jardins Ecológicos, e que me

proporcionaram um ambiente acolhedor e companheiro. Obrigado pela confiança

depositada! Um agradecimento também à Juliana Teixeira, consultora para a

iv

internacionalização, e que ao longo da minha presença na empresa me auxiliou e me

aconselhou de uma forma tão valiosa para o alcance dos meus objetivos.

Por fim, mas não menos importante, um agradecimento a todos aqueles, colegas,

familiares e amigos, nomeadamente à Vera Silva, ao Fábio Lopes e à Ana Sousa, que

também eles contribuíram decisivamente para o meu crescimento enquanto estudante,

mas principalmente enquanto homem.

v

Resumo

Plantit – Hortas & Jardins Ecológicos: estruturação de um Plano de Internacionalização

O presente relatório de estágio reflete a projeção do processo de

internacionalização de uma empresa portuguesa do setor agroalimentar, vocacionada para

a conceção e instalação de hortas e jardins ecológicos, norteados pela prática de técnicas

de agricultura biológica.

A Plantit – Hortas & Jardins Ecológicos foi criada em 2010, sendo que a

conjuntura económica e financeira do tecido empresarial português aquando da sua

criação não era efetivamente o mais favorável, num cenário que atualmente se mantém.

Esta situação perpetuou desde logo a necessidade da empresa perspetivar o seu processo

de entrada em mercados externos, o que poderia conceder à Plantit um lugar de sucesso

no roteiro da internacionalização deste setor da economia nacional.

Tal cenário tornou possível e adequada a realização de um estágio curricular na

área dos Negócios Internacionais, capaz de dotar a empresa e os seus colaboradores de

uma estratégia a trilhar na abordagem a novos mercados além-fronteiras e como forma de

se colocarem em prática os conhecimentos adquiridos ao longo da componente teórica do

Mestrado em Negócios Internacionais.

Assim, neste relatório pretende realizar-se um estudo teórico daquelas que são as

linhas mais importantes de um processo de internacionalização, relatando também de uma

forma pormenorizada aquilo que foi levado a cabo ao longo do período de estágio, para

que a aglutinação destes dois pontos culmine na sugestão de um plano de

internacionalização para a empresa.

vi

Abstract

Plantit – Ecological Gardens: structuring an Internationalization Plan

This report reflects the projection of the internationalization process of a

Portuguese company in the agrifood sector, dedicated to the design and installation of

ecological gardens, guided by the practice of organic farming techniques.

Plantit - Ecological Gardens was created in 2010, and the economic and financial

situation of the Portuguese business on its creation was not actually the most favorable, a

scenario that currently still holds. This perpetuated the company's need to envisage the

process of entry into foreign markets since its establishment, which could grant Plantit a

place of success in the script of the internationalization of this national economy sector.

That scenario made possible and appropriate the realization of a traineeship in the

area of International Business, able to providing the company and its employees a strategy

to tread on approach to new markets across borders and as a way to put into practice the

knowledge acquired during the theoretical dimension of the Master in International

Business.

Therefore, in this report seeks to hold up a theoretical study of what are the most

important lines of an internationalization process, also reporting a detailed way what was

carried out over the period of internship so that the agglutination of these two points

culminate in the suggestion of an internationalization plan for the company.

vii

Índice

Agradecimentos ............................................................................................................................ iii

Resumo .......................................................................................................................................... v

Abstract .........................................................................................................................................vi

Índice ............................................................................................................................................ vii

Lista de Siglas e Abreviaturas ....................................................................................................... x

Índice de Tabelas ........................................................................................................................... xi

Índice de Gráficos ......................................................................................................................... xi

Índice de Figuras .......................................................................................................................... xii

1. Introdução ............................................................................................................................. 1

1.1. Objetivo do Estágio Curricular ..................................................................................... 1

1.2. Estrutura do Relatório de Estágio .................................................................................. 2

2. Enquadramento Teórico ........................................................................................................ 4

2.1. Estratégia Empresarial ................................................................................................... 4

2.2. Globalização .................................................................................................................. 6

2.3. Motivações para a Internacionalização de Empresas .................................................. 10

2.4. Teorias da Internacionalização .................................................................................... 14

2.4.1. Teorias Económicas ............................................................................................ 15

2.4.1.1. Teoria do Ciclo de Vida do Produto ............................................................ 15

2.4.1.2. Teoria do Poder de Mercado ....................................................................... 16

2.4.1.3. Teoria da Internalização .............................................................................. 17

2.4.1.4. Teoria Eclética ou Paradigma Eclético........................................................ 17

2.4.2. Teorias Comportamentais ................................................................................... 18

2.4.2.1. Modelo de Uppsala ...................................................................................... 18

2.4.2.2. Uppsala e a Distância Psicológica ............................................................... 20

2.4.2.3. Teoria das Redes ......................................................................................... 21

2.4.2.4. Visão Baseada em Recursos (Resource Based View) ................................. 24

viii

2.5. Modos de Entrada nos Mercados Externos ................................................................. 24

2.5.1. Exportações ......................................................................................................... 26

2.5.2. Acordos Contratuais ............................................................................................ 27

2.5.3. Investimento ........................................................................................................ 31

2.5.3.1. Joint-ventures ...................................................................................................... 32

2.5.3.2. Subsidiárias ......................................................................................................... 33

2.6. Incubação de Empresas ............................................................................................... 33

2.6.1. O que são Incubadoras de Empresas? ................................................................. 33

2.6.2. Stakeholders das Incubadoras de Empresas ........................................................ 35

2.6.3. Vantagens das Incubadoras de Empresas ............................................................ 37

2.6.4. Desvantagens das Incubadoras de Empresas ....................................................... 38

2.6.5. Ciclo de Vida de uma Empresa Incubada............................................................ 40

2.6.6. A Incubação de Empresas em Portugal ............................................................... 41

3. Metodologia ........................................................................................................................ 43

4. Caso Prático: Plantit – Hortas & Jardins Ecológicos .......................................................... 47

4.1. Apresentação ............................................................................................................... 47

4.2. Identificação da Empresa ............................................................................................ 48

4.3. Missão e Visão ............................................................................................................ 49

4.4. Organograma da Empresa ........................................................................................... 49

4.5. Análise SWOT à Plantit – Hortas & Jardins Ecológicos ............................................ 50

4.6. Análise de Concorrência ............................................................................................. 54

4.6.1. Life in a Bag ........................................................................................................ 54

4.6.2. _Stufa .................................................................................................................. 55

4.6.3. VegTrug .............................................................................................................. 57

4.7. Trabalho desenvolvido no Estágio Curricular ............................................................. 58

4.7.1. Mercados Externos .............................................................................................. 58

4.7.1.1. Instrumentos de Apresentação da Empresa ................................................. 59

ix

4.7.1.2. Pesquisa e Seleção de Mercados ................................................................. 63

4.7.2. Mercado Nacional ............................................................................................... 74

5. Plano de Internacionalização ............................................................................................... 76

5.1. O mercado doméstico .................................................................................................. 76

5.2. Abordagem aos mercados internacionais .................................................................... 78

5.2.1. Reino Unido ........................................................................................................ 79

5.2.2. Suécia .................................................................................................................. 83

5.3. Estratégia de Internacionalização e Recomendações de Ação .................................... 86

5.3.1. Participação em Feiras Internacionais ................................................................. 87

5.3.2. Modo de Entrada em novos mercados ................................................................ 90

5.3.3. Opções estratégicas 2015-2018 ........................................................................... 91

6. Conclusões .......................................................................................................................... 96

7. Referências .......................................................................................................................... 99

8. Anexos ............................................................................................................................... 106

8.1. Anexo I: Modelo da Carta de Apresentação em língua inglesa enviado às empresas .... 106

x

Lista de Siglas e Abreviaturas

AICEP – Agência para o Investimento e Comércio Externo Português

ANPROTEC – Associação Nacional de Entidades Promotoras de Tecnologias Avançadas

B2B – Business-to-business

B2C – Business-to-consumer

BDON – Base de Dados de Oferta Nacional

BdP – Banco de Portugal

EUA – Estados Unidos da América

IDE – Investimento Direto Estrangeiro

IEM – Instituto Empresarial do Minho

ITC - International Trade Centre

OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico

PIB – Produto Interno Bruto

PME (s) – Pequena (s) e Média (s) Empresa (s)

PPP – Purchasing Power Parity (Paridade de Poder de Compra)

RBV – Resource Based View

R&D – Research and Development (Investigação e Desenvolvimento)

SWOT - Forças (Strengths), Fraquezas (Weaknesses), Oportunidades (Opportunities) e

Ameaças (Threats).

UE – União Europeia

USD – United States Dollar

xi

Índice de Tabelas

Tabela 1: Características das Redes Dinâmicas. ............................................................ 22

Tabela 2: Escolha dos Modos de Entrada. ...................................................................... 26

Tabela 3: Organograma da Plantit - Hortas & Jardins Ecológicos. ................................ 49

Tabela 4: Análise SWOT à Plantit - Hortas & Jardins Ecológicos. ............................... 53

Tabela 5: Matriz dos produtos _Stufa. ........................................................................... 56

Tabela 6: Relação entre indicadores e ponderações para análise de mercados. ............. 65

Tabela 7: Recolha de dados quantitativos relativos aos indicadores selecionados para

análise de mercados. ....................................................................................................... 70

Tabela 8: Processo de homogeneização de dados. ......................................................... 71

Tabela 9: Processo de ponderação de dados (com vista ao alcance de uma ordenação final

dos mercados em análise). .............................................................................................. 72

Tabela 10: Resultados práticos do processo de Prospeção Comercial no mercado nacional.

........................................................................................................................................ 75

Tabela 11: Principais países fornecedores do Reino Unido (2010-2012). ..................... 80

Tabela 12: Principais países fornecedores da Suécia (2011-2013). ............................... 84

Tabela 13: Mercados estratégicos 2015-2018. ............................................................... 93

Tabela 14: Objetivos estratégicos 2015-2018. ............................................................... 95

Índice de Gráficos

Gráfico 1: Análise do perfil cultural: Reino Unido. ....................................................... 82

Gráfico 2: Análise do perfil cultural: Suécia. ................................................................. 86

xii

Índice de Figuras

Figura 1: Interação entre Incubadoras de Empresas e Stakeholders. ............................. 36

Figura 2: Identificação das fases do processo de pesquisa. ............................................ 45

Figura 3: Logotipo da Plantit - Hortas & Jardins Ecológicos......................................... 47

Figura 4: Instalações do Instituto Empresarial do Minho (Soutelo, Vila Verde). .......... 48

Figura 5: Logotipo da Life in a Bag. .............................................................................. 54

Figura 6: Vetores da Life in a Bag. ................................................................................ 55

Figura 7: Logotipo da _Stufa. ......................................................................................... 55

Figura 8: Logotipo da Veg Trug. .................................................................................... 57

Figura 9: Objetivos da Veg Trug. ................................................................................... 57

Figura 10: Capa do documento de apresentação da Empresa em Inglês. ....................... 59

Figura 11: Oferta de produtos Plantit para exportação. .................................................. 61

1

1. Introdução

Atualmente, as empresas encontram-se cada vez mais envolvidas naquilo que

comummente é designado por globalização e onde o conceito de fronteira perde

progressivamente a sua preponderância nas relações entre diferentes países. Numa União

Europeia (UE) onde o cenário de crise enfraqueceu um grande número de economias, e

na qual Portugal não foi exceção, cabe às empresas refletirem sobre as estratégias que

melhor se adaptam à sua realidade, de forma a ultrapassarem períodos de carência

económica, como o atual.

O presente panorama internacional provoca impactes diretos no comércio mundial

e exige às empresas de cada país uma real capacidade de adaptação e cooperação no

sentido de fazerem vingar o seu incremento em matéria de internacionalização, sendo que

este contexto fomenta a emergência da globalização (Teixeira & Diz, 2005). Tal contribui

para a formação de mercados cada vez mais homogeneizados, no que ao comportamento

dos consumidores diz respeito, com o natural acompanhamento da concorrência entre

diversas zonas económicas.

No entanto, um dos principais objetivos de cada empresa que pretenda iniciar o

seu processo de internacionalização deve passar pela apresentação de valores

acrescentados nos seus produtos, elementos que lhe confiram um carácter diferenciado

relativamente aos seus concorrentes.

O aumento das exportações e da capacidade de presença das empresas em

mercados e ambientes externos de divulgação, apresentam-se assim como uma estratégia

que urge ser consolidada, caso as mesmas queiram ver amadurecido de forma permanente

o seu crescimento económico.

1.1. Objetivo do Estágio Curricular

Após a conclusão de uma licenciatura e a decisão de continuar a investir na

formação académica, através de um mestrado que permitisse alargar o espectro de

conhecimentos até então adquiridos, houve sempre subjacente o objetivo de realizar um

estágio que conferisse uma vertente eminentemente prática. Assim, no âmbito do segundo

ano do mestrado em Negócios Internacionais, optou-se pela realização de um estágio

2

curricular vocacionado para a internacionalização de empresas, baseado nas seguintes

motivações:

i. Contacto direto com o mercado de trabalho e com mercados internacionais;

ii. Aplicação prática do conhecimento teórico retido ao longo do primeiro ano

de mestrado (complementado com a minha licenciatura em Relações

Internacionais);

iii. Desenvolvimento de capacidades individuais e de trabalho assentes no

quotidiano de uma empresa, com vista à resposta constante das suas

solicitações.

Tendo em linha de conta as motivações em cima elencadas, foi celebrado um

protocolo entre a Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho, a empresa

Plantit – Hortas & Jardins Ecológicos e o estagiário para a realização do referido estágio

curricular, com uma duração mínima estipulada de três meses, considerando o período

compreendido entre 23 de Setembro de 2013 e 23 de Dezembro de 2013.

Desta forma, o estágio curricular em questão apresentou os seguintes objetivos:

i. Estudo da atual situação da empresa;

ii. Análise crítica das suas oportunidades e ameaças, tendo em vista o seu

processo de internacionalização;

iii. Seleção de mercados para internacionalização da empresa;

iv. Estruturação de um plano de internacionalização e sugestão de

recomendações;

v. Início da realização de contactos entre a empresa e possíveis parceiros em

mercados internacionais.

1.2. Estrutura do Relatório de Estágio

O presente relatório de estágio encontra-se dividido em quatro capítulos, sendo

eles:

1. O enquadramento teórico;

2. A metodologia;

3. O caso prático: Plantit – Hortas & Jardins Ecológicos;

4. A estruturação de um plano de internacionalização para a empresa.

3

No que concerne ao enquadramento teórico, entendeu-se como relevante levar a

cabo uma revisão bibliográfica daqueles que são alguns dos principais contributos

teóricos sobre temas relevantes e implícitos na internacionalização de empresas, tais

como:

Estratégia empresarial;

Globalização;

Motivações para a internacionalização das empresas;

Teorias da internacionalização;

Modos de entrada em mercados externos;

Incubação de empresas.

No que concerne ao capítulo da metodologia, e dado o caráter de observador

participante adotado pelo estagiário, tornou-se possível a recolha de um conjunto de dados

que permitiram levar a cabo a comparação do que de positivo e negativo havia sido feito

até então em matéria de internacionalização por parte da empresa. Com isto, é feita uma

análise crítica destes dados relativamente àquilo que poderá ser replicado no futuro, ou

então corrigido em novas abordagens a novos mercados.

Relativamente ao capítulo que traduz a aplicação prática no contexto do estágio

curricular, são descritas com o maior grau possível de pormenor as atividades

desenvolvidas durante o seu período de realização, assim como justificados os passos e

etapas necessárias para que o trabalho tenha alcançado os resultados pretendidos. No

entanto, nenhum tipo de dado inerente à contabilidade da empresa foi revelado, por uma

questão de direito à privacidade da mesma.

Como culminar de todo o estudo e trabalho desenvolvido, são apresentadas as

linhas de um plano de internacionalização, tendo em consideração as capacidades da

empresa, assim como é demonstrada uma preocupação com a sua efetiva exequibilidade,

através da definição de metas e objetivos.

4

2. Enquadramento Teórico

2.1. Estratégia Empresarial

De uma forma genérica, o objetivo fundamental da gestão de qualquer empresa

passa pela obtenção de lucro. Para que tal aconteça, é necessário que os custos de

produção de um bem ou serviço não igualem ou ultrapassem o seu preço de venda. Tal

conclusão permite afirmar que uma empresa tem em si atividades de criação de valor.

Seguindo a lógica deste raciocínio, é possível constatar que uma empresa gera

lucro de duas possíveis formas: (i) o acrescento de valor ao produto, que levará o

consumidor a estar disposto a pagar mais por ele (este incremento no valor do produto

tem em si aspetos bastantes positivos, na medida em que gera uma diferenciação da

empresa e do produto relativamente à concorrência); ou então, (ii) minimizando-se os

custos de produção (isto é, minimizando os custos provenientes da criação de valor).

Se se analisar a relação entre uma empresa e a criação de valor verifica-se que “

(…) the firm as a value chain composed of a series of distinct value-creation activities

including production, marketing, materials management, R&D, human resources,

information systems, and the firm infrastructure. We can categorize these value-creation

activities as primary activities and support activities” (Hill, 1997, p. 357).

No que respeita às atividades primárias no seio de uma empresa, pode começar-

se por referir que são aquelas que se encontram relacionadas com a criação de produtos,

com a sua divulgação e entrega aos compradores, não esquecendo questões como o

suporte técnico ou o serviço pós-venda. Assim, neste conjunto de atividades, a eficiência

na produção pode trazer consigo a redução nos custos da criação de valor, assim como

contribuir para o incremento de qualidade do produto (através da redução de erros na

produção). Um marketing eficiente poderá ter também um papel decisivo na redução dos

custos com a criação de valor por parte da empresa (atingindo economias de escala através

de um maior volume de negócios), podendo também adaptar os seus produtos às

necessidades dos seus consumidores (diferenciação face à concorrência).

Relativamente às “atividades de apoio” compreende-se que estas concedam todo

o suporte necessário para a efetivação da ocorrência das atividades primárias. Dessa

forma, questões como a gestão de qualidade na produção e a qualificação dos recursos

5

humanos contribuem decisivamente para a redução de falhas na produção e, com isso,

fomentam o incremento na criação de valor por parte da empresa, com os menores custos

possíveis. Para isso, em muito contribui a existência de um departamento de Investigação

& Desenvolvimento (R&D) na busca da criação de novos produtos e do desenvolvimento

tecnológico. Este constante desenvolvimento tem como principal objetivo, para além da

já referida redução dos custos de produção, a criação de produtos mais atrativos do ponto

de vista do consumidor e que estimulem a sua procura (Roxo, 2001).

Quando abordada a questão dos recursos humanos qualificados deve sempre ter-

se em mente as suas capacidades para o correto desempenho das suas funções dentro de

uma empresa. Nesse sentido, cada funcionário deverá ser alvo de treino específico para

atingir os objetivos para os quais foi contratado.

Na aglutinação de todas estes pontos está a necessidade de existência de uma

eficiente infraestrutura empresarial que permita uma gestão interligada de todos os

departamentos e atividades da empresa, o que também contribui decisivamente para a

criação de valor, assim como para a redução dos custos de produção (Roxo, 2001).

Assim, o papel da estratégia pode ser definido como as ações ponderadas e levadas

a cabo pelos gestores de uma determinada empresa, de forma que esta seja capaz de

atingir os seus objetivos. Este cenário adquire atualmente uma importância ainda mais

premente, visto que o ambiente empresarial internacional se encontra menos estável e

mais competitivo, fruto de uma liberalização do comércio internacional e de novas formas

de investimento. Uma empresa necessita de cada vez mais ter em linha de conta a atuação

dos seus concorrentes, bem como as necessidades/comportamentos dos seus clientes (que

dispõem de um poder negocial crescentemente influenciador, fruto das suas preferências

e opiniões) (Roxo, 2001).

Em suma, se no panorama empresarial das décadas de sessenta e setenta a

diversificação do produto traduzia o necessário para a sustentação de uma empresa, tal

cenário foi sendo alterado, recentrando-se no estudo do papel da concorrência e, mais

especificamente, no estudo das preferências dos consumidores. Esta mudança de

paradigma conduziu ao crescente envolvimento de indivíduos dotados de conhecimentos

nos campos mencionados (Roxo, 2001).

Precisamente quando nos debruçamos nesta relação da empresa com o seu

ambiente interno e o contexto externo é possível abordarmos o Modelo das Cinco Forças

6

de Porter: “O aspeto determinante desse contexto é o conjunto das características mais

relevantes do sector ou sectores, também chamados de indústrias, nas quais a empresa

desenvolve as suas atividades” (Roxo, 2001), sendo que esta deve considerar variados

tipos de forças em jogo, tais como aspetos de natureza económica, tecnológica, legal,

política ou social. É desta forma que toda a estrutura da indústria condiciona e delimita

as estratégias que uma empresa pode vir a adotar, levando em consideração todas as

relações com os seus concorrentes nessa mesma indústria.

Desta forma, o objetivo central de uma empresa passa por encontrar o seu papel e

a sua posição no seio da sua indústria, para que em função desse papel consiga defender-

se de forma eficaz relativamente às cinco forças mencionadas, pendendo-as a seu favor.

Na medida em que todos os concorrentes conhecem de forma mais ou menos superficial

a existência destas forças, uma cuidada análise das mesmas permite que a estratégia da

empresa seja corrigida mais eficazmente (caso se verifique essa necessidade), ou então

que se conheçam as áreas com maior ou menor atratividade para investimento nessa

indústria. Tanto o modelo das Cinco Forças de Porter, assim como outras teorias da

internacionalização, serão abordados em pormenor no capítulo 2.4.

Assim, cada empresa e a sua gestão deverão ter bem presentes nos seus processos

de decisão quais as melhores estratégias a seguir para que o seu sucesso seja alcançado,

num cenário internacional cada vez mais globalizado e onde a oferta de produtos e o

nascimento de players concorrentes cresce de dia para dia. Cabe às empresas

acompanharem o ritmo veloz da globalização, a temática abordada no subcapítulo

seguinte.

2.2. Globalização

A realidade empresarial a que hoje se assiste traduz-se numa matriz altamente

competitiva, algo que é acentuado pelo fenómeno da globalização. Dessa forma, as

empresas são impelidas a refletirem acerca dos modos como enfrentarão o mercado,

sendo inclusivamente levadas a abordar vários mercados em simultâneo, como se de

apenas um se tratasse. Esta é uma questão que não só interfere diretamente no

desempenho diário das empresas, mas também pode funcionar como uma alavanca para

a maximização dos recursos possuídos pelas mesmas.

7

Uma das definições mais reconhecidas de globalização defende que esta se trata

de uma intensificação das relações sociais que ligam diferentes e distantes lugares e

fazendo com que acontecimentos em determinados locais sejam influenciados por outros,

ocorridos a milhares de quilómetros de distância (Giddens, 2000). O autor defende que

este fenómeno se trata também de uma ampliação lateral das ligações sociais transversais

no espaço e no tempo (Giddens, 1990). Assim, a globalização é tida como o resultado de

um processo de internacionalização que passa da existência de diversas estratégias de

acordo com os diversos mercados em que uma empresa atua, para uma estratégia única

para todos esses mercados, que passam a ser encarados como um único mercado

(Czinkota & Ronkainen, 1993).

Por outro lado, o Grupo de Lisboa (1994) defende que a globalização é um

processo diferente da internacionalização, apontando baterias para aspetos muito mais

económicos, pondo termo às economias e capitalismos nacionais e tornando possível a

“conceção, desenvolvimento, produção, distribuição e consumo de processos, produtos e

serviços à escala mundial, utilizando instrumentos organizados e tornados acessíveis

numa base também mundial (como patentes, bases de dados, novas tecnologias e

infraestruturas de informação, comunicação e transporte) ” (Teixeira & Diz, 2005, p. 95).

Se abordados os fatores que estão na base da evolução de todo o processo de

globalização podem referir-se a importância de determinantes, tais como: fatores

inerentes ao mercado, aos custos, ao ambiente envolvente e/ou à competitividade (Yip,

1989).

Relativamente aos mercados e à própria competição entre empresas, é possível

especificar-se a questão das preferências dos consumidores, referindo que atualmente se

encontram bastante mais padronizadas que no passado, o que exige das empresas menores

adaptações ao nível da conceção dos seus produtos. No que diz respeito aos custos,

nomeadamente aos custos de produção, torna-se evidente que o desenvolvimento cada

vez mais acentuado a nível tecnológico permite às empresas aperfeiçoarem-se em matéria

de técnicas produtivas. Este facto reduz o preço de produção por unidade fabricada e,

consequentemente permite à empresa maximizar o rendimento dos seus ativos e gerar

lucros superiores. Também no que respeita aos ambientes governativos, a componente

tecnológica apresenta um elevado grau de importância, associada à adoção de políticas

governamentais adequadas (veja-se o exemplo da União Europeia (UE), através da livre

8

circulação de bens e cidadãos e da redução de barreiras fiscais, entre outros) (Teixeira &

Diz, 2005).

O mercado, o custo e o ambiente governativo são assim de relevante importância

para a globalização das empresas. Por outro lado, a concorrência revela um papel algo

limitado na sua capacidade para influenciar esses outros fatores, o que não quer dizer que

os fatores concorrenciais não desempenhem um papel bastante ativo como potenciadores

do processo de globalização. A título de exemplo, um concorrente com uma estratégia

global que veja a sua quota de mercado reduzida num determinado país pode sofrer

consequências noutros países (onde a produção de determinados produtos seja efetuada)

(Carvalho, 2012).

Através desta análise torna-se claro que existem variados fatores por detrás das

decisões tomadas pelos gestores no que toca à estratégia de abordagem internacional das

suas empresas. Porém, o chavão da globalização levará sempre a que estes tenham em

mente as questões da competitividade, precedidas de qualquer outra. No entanto, nenhum

gestor poderá ignorar nas suas decisões diferentes sistemas políticos ou barreiras tarifárias

distintas, por exemplo, os diversos blocos geoeconómicos existentes atualmente no

sistema internacional.

Torna-se relevante abordar os prós e os contras deste processo de globalização.

Em termos gerais, este fenómeno pode ser definido como a integração e interligação entre

organizações e indivíduos, oriundos dos mais diversos países. Na medida em que se trata

de um processo integrativo, pode também ser definido como uma dinâmica contínua, algo

visível através das constantes posições tomadas por parte das organizações nos mercados

internacionais. Assim, tendo a organização presente que no imediato a sua necessidade

passa pela otimização dos seus recursos, cada empresa deverá canalizar a sua presença

para os mercados onde a competitividade seja maior, já que só nesses conseguirá melhorar

a sua performance na cadeia de valor (Carvalho, 2012).

Apesar da crescente padronização das preferências de consumo por parte da

maioria dos consumidores (já referidas), uma empresa deve ter em consideração que,

aquando da sua expansão internacional, o acesso a novos mercados acarreta consigo

questões idiossincráticas que podem influenciar a perceção do público em relação a essa

mesma empresa (aqui, podem ser referidas questões culturais). Daí que a necessidade de

adaptação do produto possa invariavelmente encontrar-se sempre no centro dos processos

9

de decisão de expansão. Assim, todos os aspetos inerentes à estratégia de expansão devem

ser ponderados e analisados cuidadosamente antes de serem efetivados, para que possam

ser cumpridos objetivamente com sucesso por cada empresa.

Em suma, os principais benefícios que poderão advir de um processo de

globalização podem ser subdivididos em quatro diferentes tipos, sendo eles (Teixeira &

Diz, 2005):

a. Redução de custos, resultantes de economias de escala (redimensionamento e

racionalização da produção e outras atividades nos diversos mercados onde

uma empresa atua), de diferenças regionais em termos de custos (transferência

da produção para países com custos de produção mais baixos), de um eficiente

mix de distribuição da produção e outras atividades (logísticas, financeiras,

entre outras).

b. Melhoria da qualidade dos produtos, fruto de um número mais reduzido de

produtos do que aconteceria numa estratégia multidoméstica (ou seja, se se

encarasse cada mercado externo como um caso isolado) – com vista à

estandardização de produtos e atividades por parte da empresa.

c. Intensificação das preferências dos consumidores, isto é, a possibilidade de

disponibilização dos produtos da empresa em qualquer região do mercado

global (reconhecimento global do produto através de uma estratégia de

marketing concertada e associada à teoria do reforço – mensagens de

marketing semelhantes nos diversos países) aumenta a confiança e a

predisposição do consumidor para aquisição dos seus produtos.

d. Aumento da capacidade competitiva, ou seja, a existência de uma estratégia

global permite à empresa aumentar o seu número de opções em termos

competitivos, contando assim com um maior número de locais para combater

a concorrência (através de vantagens, como a manutenção dos seus custos

independentemente das condições locais de um mercado).

Já no que diz respeito às desvantagens desta globalização, as mesmas centram-se

principalmente num possível excesso de estandardização ao nível dos produtos, o que

pode originar uma satisfação incompleta da maioria dos consumidores. Por outro lado, a

concentração de atividades pode recair num afastamento de consumidores locais em

10

alguns países, principalmente em países que apresentem elevados níveis de aversão a

produtos não-nacionais.

Desta forma, convém analisar quais as motivações que se encontram a montante

do processo de internacionalização e do acompanhamento destes cada vez mais intensos

processos de globalização, motivações abordadas no seguinte subcapítulo.

2.3. Motivações para a Internacionalização de Empresas

Atualmente, o conceito de internacionalização, no que ao mundo empresarial diz

respeito, apresenta um nível de crescimento bastante notório, uma vez que este é um

processo utilizado por um cada vez maior número de empresas, nos mais variados setores

de atividade.

No entanto, convém salientar que não se trata de um processo com a sua génese

na atualidade, visto que os primeiros relatos acerca do comércio internacional têm raiz

nas primeiras trocas comerciais entre os países na antiguidade. Assim, aquilo que hoje

efetivamente se verifica é uma alteração nos modos como o processo de

internacionalização se desenvolve, tal como as tipologias de empresas que o espelham

(Teixeira & Diz, 2005).

Quando realizada a análise das várias estratégias de internacionalização deve ter-

se em linha de conta as motivações da empresa, para se compreender o modo de entrada

por si delineado. Em traços gerais, esta decisão tem subjacentes duas etapas distintas. O

ponto de partida encontra-se na constatação da existência de uma oportunidade de

negócio no estrangeiro, o que pode significar uma opção de localização. Assim, o

processo desenvolve-se com o estudo e seleção do melhor modo para atuar e explorar

essa oportunidade. Caso a oportunidade se concentre no mercado externo, per se, várias

poderão ser as alternativas a ponderar – desde a exportação até ao próprio Investimento

Direto Estrangeiro (IDE). Por outro lado, se a oportunidade incidir em fatores, tais como

a obtenção de menores custos salariais, modos de entrada como a subcontratação ou o

IDE serão as melhores soluções (Teixeira & Diz, 2005).

Assim, os motivos por detrás da internacionalização têm uma influência

preponderante na forma como a empresa analisa e seleciona os modos de entrada nos

11

mercados internacionais, sendo que também o tipo de oportunidade, bem como a sua

localização poderão interferir neste processo.

Em termos de tipologia, o modelo mais conhecido das motivações para a

internacionalização é o defendido por Dunning (1997), assente no paradigma eclético.

Esta classificação distingue quatro tipos de motivações:

A procura de recursos (resource seeking): a empresa pretende ter acesso a

recursos que considera não estarem disponíveis no seu mercado doméstico,

tais como recursos naturais ou matérias-primas. Neste caso, é privilegiada a

localização de parte da cadeia de valor da empresa no estrangeiro, de forma a

obter fatores de produção a um custo menor.

A procura de mercado (market seeking): as empresas regem os seus

investimentos pela procura de novos consumidores, pelo que modos de

entrada como o IDE são vistos como mais vantajosos, em alternativa às

exportações.

Procura de eficiência (efficiency seeking): a empresa busca melhores

condições face à relação entre os custos com recursos humanos e a

disponibilidade de fatores de produção, conseguindo beneficiar de economias

de escala e de gama e preferências distintas entre os diferentes tipos de

consumidores.

Outras motivações, mais ou menos complementares das anteriormente

apresentadas, são tidas em consideração por Teixeira e Diz (2005), como consequência

do desenvolvimento do próprio comércio internacional, mas sobretudo a partir das novas

formas de concorrência que se têm verificado nos tempos mais recentes, e que levam as

empresas a internacionalizar-se:

Manutenção ou reforço da rede de relações da empresa: situação que se

prende, por exemplo, quando uma empresa fornecedora no mercado nacional

de uma empresa que atue internacionalmente a acompanha na sua expansão

além-fronteiras;

Resposta à concorrência: ocorre quando uma empresa se decide pelo ataque a

um concorrente numa país diferente, de forma a obriga-lo a recuar no mercado

nacional;

12

Acesso a competências: através de “ (…) espaços e organizações inovadores

(…) ” (Teixeira & Diz, 2005, p. 63), o que concede à empresa vantagens

competitivas sobre a concorrência que atue de uma forma mais lenta e com

menor capacidade de aprendizagem.

Cada um dos motivos acima explicitados tem como base o pressuposto de que as

empresas se internacionalizam, pois poderão obter com isso lucros adicionais que, entre

outros aspetos, lhe poderão permitir explorar recursos tecnológicos a serem transferidos

para as subsidiárias no estrangeiro.

Outras motivações podem também ser tidas em linha de conta, tal como a aposta

no crescimento da empresa ou mesmo a criação de alternativas capazes de combater

possíveis limitações no mercado nacional, sendo as empresas em inúmeras situações

aliciadas por incentivos à internacionalização por parte dos governos nacionais.

Esta argumentação pode ser complementada com a ideia de que as motivações

gerais da internacionalização das empresas assentam em cinco conjuntos essenciais

(Simões, 1997):

Motivações endógenas: aspetos internos relacionados com necessidades de

crescimento da empresa, aproveitamento da sua capacidade produtiva e

exploração das suas competências e tecnologia, obtenção de economias de

escala, diversificação e avaliação de riscos;

Características dos mercados: através da análise das limitações do mercado

doméstico e constatação das dinâmicas nos mercados externos;

Aspetos relacionais: resposta e/ou acompanhamento dos movimentos de

internacionalização de concorrentes e/ou clientes;

Acesso a recursos no exterior: procura de custos de produção e mão-de-obra

mais baixos no exterior, assim como acesso a um maior número de

conhecimentos tecnológicos;

Incentivos governamentais por parte do governo nacional ou governos nesses

mercados externos.

Contudo, as empresas e os gestores em particular devem ter em consideração que

num processo de internacionalização nem tudo poderá ser vantajoso. Um conjunto de

problemas podem também surgir, podendo nomeadamente acarretar consigo

13

desvantagens que derivem de diferenças políticas, económicas, culturais, ou mesmo da

própria existência de diversos sistemas monetários (Teixeira & Diz, 2005).

No entanto, a internacionalização pode acarretar consigo alterações no xadrez

competitivo de uma empresa, uma vez que a maior intensidade da concorrência e

solicitações nos mercados externos obrigam invariavelmente à criação de uma estratégia

sólida e sustentável, capaz de sobreviver a um conjunto de etapas logo desde a sua

implementação. Tal traduz-se em quatro fases distintas, a saber (Bartlett & Ghoshal,

1989):

i. Empresa internacional – assente numa estratégia que prevê uma liderança a

partir do país doméstico (do centro para a periferia), onde a empresa nacional

abarque a maior parte da cadeia de valor; preocupação na definição e escolha

do objetivo e estudo aprofundado da sua concorrência no mercado ou

mercados externos selecionados.

ii. Empresa multinacional - visa a elaboração de uma estratégia focada em

responder às necessidades dos mercados locais, sendo constituída por

empresas nacionais relativamente independentes (contendo cada uma delas a

cadeia de valor completa); o conhecimento desenvolvido permanece em cada

uma das subsidiárias.

iii. Empresa global – consiste na fusão dos dois modelos anteriormente referidos;

assente numa estrutura constituída a partir da união das várias subsidiárias à

organização do país doméstico; dependência das subsidiárias face à casa-mãe,

uma vez que apenas esta possui a cadeia de valor completa.

iv. Empresa transnacional – que se verifica quando a empresa se encontra inserida

num ou mais mercados, extraindo daí benefícios das vantagens competitivas

alcançadas; as suas subsidiárias são interdependentes e diferenciam-se pelo

seu papel e pelas capacidades/competências que possuem.

Em termos práticos torna-se fulcral que as empresas alarguem os seus mercados e

não se encontrem limitadas à atuação no mercado nacional, em particular em economias

onde a procura é dinâmica, como acontece com alguns dos países que nos são mais

próximos (exemplo do Brasil, Angola, Moçambique, e outros, como a China) (Dentinho,

2012). Ou então, segundo uma tendência que decorre normalmente da constatação de que

o mercado nacional já não é suficiente para a empresa atingir os seus objetivos, da

14

crescente interdependência dos mercados internacionais e da assunção de que a empresa

terá sempre de enfrentar concorrentes externos (provavelmente decorrentes da entrada

destes no seu mercado doméstico) (Root, 1994).

2.4. Teorias da Internacionalização

De uma forma geral, quando abordado o processo de internacionalização de

atividades empresariais, tal abordagem pode ser feita segundo duas grandes perspetivas:

a económica ou a comportamental.

No que diz respeito às teorias com uma base de sustentação que privilegia os

aspetos económicos, são exploradas temáticas como as características macroeconómicas

nacionais e internacionais, ou o estudo dos efeitos da taxa de câmbio. Neste âmbito, são

também relevantes as interações verificadas entre empresas, assim como aspetos

microeconómicos, sendo dada ênfase ao estudo do seu crescimento internacional, baseado

nas teorias da economia da empresa. Aquilo que distingue as teorias de

internacionalização das teorias económicas da empresa é precisamente o facto das

primeiras se focarem em abordagens macroeconómicas e estudos acerca da

competitividade da indústria a nível internacional, enfatizando relações entre o

crescimento de uma empresa e a sua localização (Cantwell, 1991). Já as teorias

económicas da empresa veem o seu foco direcionado concretamente para a existência da

própria empresa e das suas dinâmicas.

Desta forma, tendo em consideração esta base de sustentação económica,

podemos partir para o estudo de teorias, tais como:

a) Teoria do Poder de Mercado;

b) Teoria do Ciclo de Vida do Produto;

c) Teoria da Internalização;

d) Teoria Eclética ou Paradigma Eclético.

Relativamente a estas teorias, de um modo geral assumem que “ (…) o homem

económico tem acesso perfeito às informações e escolherá uma solução racional”

(Hemais & Hilal, 2004, p. 18).

Se o centro de análise se focar em teorias que salientem os aspetos

comportamentais, assiste-se a uma alteração do elemento central em estudo, passando o

15

comportamento a adquirir um papel mais importante que a própria economia e as suas

dinâmicas. Neste tipo de abordagem o processo de internacionalização é um fenómeno

gradual, evoluindo de situações pontuais, sem uma regularidade temporal estabelecida,

para situações regulares de trocas comerciais com o estrangeiro (Canto, 2013). Aqui são

relevantes abordagens como:

a) Modelo de Internacionalização de Uppsala;

b) Teoria das Redes;

c) Visão Baseada em Recursos.

Como será comprovado mais adiante, ambas as bases de sustentação teórica são

essenciais para a compreensão de um fenómeno tão complexo como o é o processo de

internacionalização de uma empresa. Ou seja, dado que a internacionalização se reveste

de uma grande complexidade, várias perspetivas são necessárias para uma melhor

compreensão da mesma.

2.4.1. Teorias Económicas

2.4.1.1. Teoria do Ciclo de Vida do Produto

A teoria do ciclo de vida do produto advoga que cada etapa do ciclo de vida de

um produto está relacionada com diferentes acontecimentos no processo de

internacionalização de uma empresa (Vernon, 1966). A primeira etapa é caracterizada por

uma orientação meramente interna, sendo desenvolvidos, produzidos e comercializados

os produtos da empresa no seu próprio mercado doméstico e exportando desta para apenas

alguns mercados externos. Esta etapa é também traduzida pela produção e

comercialização de produtos inovadores que tenham em si a exigência de mão-de-obra

qualificada e onerosa (Vernon, 1966).

A segunda etapa preconiza o crescimento do produto. Aqui, as exportações são

consolidadas e conjugam-se com os primeiros casos de IDE por parte da empresa nos

países onde a procura pelos seus produtos é mais intensa (Vernon, 1966).

A terceira etapa, caracterizada por uma maturação da tecnologia, reflete a redução

dos custos de produção, o que adquire uma especial importância. Nesta etapa é

privilegiada a padronização do produto, bem como dos seus processos produtivos, o que

16

leva à transferência da sua produção para países que a executem com maiores vantagens

comparativas (Vernon, 1966).

Por fim, a quarta e última etapa do ciclo de vida do produto é indicada como aquela

onde se dá o declínio do produto (ocorre quando a sua procura e a produção deixam

totalmente o seu país de origem, por ausência total de procura nesse mesmo país)

(Vernon, 1966).

A presente teoria não se encontra isenta de críticas. Por exemplo, defende-se que

esta possui um fraco poder argumentativo no que respeita à explicação das diferenças

entre empresas com forte cariz inovador e empresas ditas comuns no seu mercado

doméstico, considerando que tal ciclo não tem aplicabilidade prática em relação a todos

os produtos (Andreff, 2000). A teoria é também criticada pela sua componente

determinista, visto que várias empresas acabam por efetuar IDE de uma forma concertada,

mesmo antes do produto alcançar a maturação (Autio, 2005).

2.4.1.2. Teoria do Poder de Mercado

Desenvolvida inicialmente por Hymer, a teoria do Poder de Mercado defende que

as empresas desenvolvem a sua superioridade nos mercados onde atuam por via de fusões,

aquisições e/ou extensões das suas capacidades, até que restem no mercado poucas

empresas com capacidade para competir (Hymer, 1976). Quando tal for alcançado, as

empresas canalizam os seus investimentos para os mercados internacionais (utilizando os

lucros e vantagens expandidas no mercado doméstico).

Segundo esta teoria, o IDE apenas deveria ocorrer quando a empresa beneficiasse

de vantagens especiais, o que lhe permitiria que os retornos desse IDE fossem superiores

aos custos inerentes ao facto de ser uma empresa estrangeira. Essas vantagens especiais

podem ser traduzidas pelos seguintes tópicos: acesso a fatores de produção a menores

custos; tecnologia mais desenvolvida; acesso a um melhor conjunto de canais de

distribuição; e oferta de produtos diferenciados (Hymer, 1976).

Contudo, uma das maiores criticas à teoria de Hymer é a incapacidade desta

explicar porque é que algumas empresas partem para a internacionalização mesmo antes

de alcançarem vantagens nos seus mercados domésticos, como a prova o estudo de

McDougall, Shane e Oviatt (1994).

17

2.4.1.3. Teoria da Internalização

Esta teoria tem a sua origem no trabalho desenvolvido por Buckley e Casson

(1976) e também de Rugman (1980), autores que tiveram como base as ideias de Penrose

acerca do crescimento da empresa, assim como os modelos de organização industrial e

dos custos de transação.

Buckley e Casson partiram para o desenvolvimento desta teoria como explicação

dos fenómenos de Investimento Direto Estrangeiro (IDE) por parte das empresas. O seu

foco principal recai sobre a eficiência na organização das transações entre unidades

produtivas e a forma como os seus custos de transação são tidos como a justificação para

uma internalização ou para a manutenção da utilização de um mercado externo. Para que

esta decisão seja tomada de uma forma ponderada por parte da empresa, esta deve ter em

conta a localização e o modo de controlo (Buckley & Casson, 1976). A localização

espelha sempre o local onde a produção seria realizada com o menor custo possível, ao

passo que o tipo de controlo define quem deteria o controlo sobre a atividade.

Seguindo os princípios avançados pelos autores, esta teoria da internalização

apresenta, em suma, dois axiomas de maior relevância:

• As empresas optam pela localização com o menor custo possível para a

produção de cada um dos seus bens;

• As empresas crescem através da internalização de mercados, até ao ponto

onde os seus benefícios são ultrapassados pelos seus custos (Buckley &

Casson, 1976).

2.4.1.4. Teoria Eclética ou Paradigma Eclético

Tendo como base a Teoria do Poder de Mercado (Hymer, 1976) e a Teoria da

Internalização, o Paradigma Eclético foi proposto por John Dunning com a intenção de

oferecer uma estrutura holística capaz de identificar e levar a cabo uma análise da

influência de determinados fatores no início da produção internacional de empresas e no

crescimento dessa mesma produção (Dunning, 1988).

Este Paradigma Eclético encontra-se fundamentado em vantagens de três tipos de

fatores, sendo eles a propriedade, a localização e a internalização (ownership, location e

18

internalization), semelhante ao já abordado aquando da referência às motivações de uma

empresa para a internacionalização (Dunning, 2000).

Dunning (2001) argumenta que o IDE apenas deverá ocorrer quando a empresa

reunir simultaneamente os três tipos de vantagens. Ou seja, para que este modelo seja

colocado em prática com sucesso, é necessária a interação entre as três variáveis, atuando

a empresa de uma forma vincadamente contextual. Tendo em conta esta quarta variável

(contextual), Dunning (2000) identifica os diferentes tipos de atividades que caracterizam

a atuação de empresas multinacionais e do IDE:

i. Procura de mercado - satisfação das necessidades de um mercado

específico;

ii. Procura de recursos - acesso a recursos naturais ou mão-de-obra a baixo

custo;

iii. Procura de eficiência - promoção de uma maior eficiência na distribuição

do trabalho e na sua especialização;

iv. Procura de ativos estratégicos - proteção e aumento das vantagens de

propriedade específicas dos investimentos realizados por cada empresa ou

da tentativa de redução das vantagens dos seus concorrentes.

Se se analisar este Paradigma, constata-se que as críticas que lhe são feitas

derivam de críticas apontadas também aos modelos no qual ele se baseia. O próprio

Dunning aponta para uma baixa capacidade preditiva do seu paradigma, focando as

contribuições do modelo para a análise dos fatores determinantes na produção

internacional, mais do que para a explicação da existência de empresas multinacionais ou

estereótipos de internacionalização (Dunning, 1988). No entanto, o Paradigma Eclético

assume-se como um dos contributos teóricos mais aceites em matéria de

internacionalização de empresas (Johanson & Vahlne, 1990).

2.4.2. Teorias Comportamentais

2.4.2.1. Modelo de Uppsala

Johanson e Vahlne, em 1977, avançaram com a proposta do Modelo de

Internacionalização de Uppsala como modelo que explica o processo de

19

internacionalização de uma empresa, através das suas observações empíricas de empresas

suecas (Volvo, Sandvik, Copco, entre outras). A observação destas mesmas empresas

baseou-se na avaliação da forma como realizavam o processo de seleção de novos

mercados e os respetivos modos de entrada.

O modelo de Uppsala abarca em si vários estádios com distintos graus de

comprometimento com o mercado por parte das empresas. No entanto, no seu estudo

apenas são referidos os seguintes quatro estádios, considerados pelos autores como sendo

os mais relevantes (Johanson & Wiedersheim-Paul, 1975):

1. Atividades de exportação não regulares;

2. Atividades de exportação via representantes independentes;

3. Atividades de exportação por intermédio de uma subsidiária;

4. Vendas que partem de produção local.

A partir da observação destes diferentes estádios pode concluir-se que, segundo

este modelo, a internacionalização de uma empresa é acompanhada por um processo de

aprendizagem contínua, no qual a empresa vai gradualmente incrementando o seu

envolvimento em mercados internacionais. O aumento do conhecimento de mercados

internacionais e o aumento do compromisso com os recursos nesses mercados advém da

própria experiência da empresa nesses mercados internacionais, o que afeta diretamente

as decisões e as atividades desenvolvidas pela gestão da empresa (Andersen, 1993).

Em termos práticos, o primeiro objetivo do Modelo de Uppsala passa pela

penetração do mercado doméstico e, só a partir do atingimento desse objetivo, iniciar um

processo de exportação para mercados internacionais. Aqui deverão ser tidos em

consideração aspetos de relevo no processo de exportação, tais como a distância física e

geográfica entre o local de produção e mercado doméstico e o mercado para exportação.

O estudo e análise destas variáveis auxiliam a empresa a minimizar os riscos que possam

advir destas transações, sendo comum que numa primeira fase estas optem por mercados

internacionais com características similares ao mercado doméstico.

Assim, o processo de internacionalização depende de dois aspetos significativos:

(i) o conhecimento que a empresa vai adquirindo sobre os mercados; e (ii) a forma como

esta compromete os seus recursos em relação a esses mesmos mercados (Johanson &

Vahlne, 1977; Johanson & Vahlne, 1990; Andersen, 1993).

20

O processo de entrada em novos mercados, segundo este modelo, é o reflexo da

aprendizagem contínua de uma cultura organizacional da empresa e do seu crescente

comprometimento para com esse mercado. Por outras palavras, quanto mais a empresa

absorve em termos de conhecimento e informação acerca de um mercado específico, mais

predisposição terá para direcionar uma maior quantidade de recursos para esse mesmo

mercado (Bell, 1995; Autio, 2005).

2.4.2.2. Uppsala e a Distância Psicológica

Por distância psicológica podem entender-se as barreiras ou fatores que impeçam

ou dificultem as trocas de informação entre uma empresa e os mercados internacionais,

sejam esses fatores: a língua, a cultura, o sistema político, a educação, entre outros

(Johanson & Wiedersheim-Paul, 1975). De uma forma mais simples, a distância

psicológica pode ser definida como a distância entre o mercado interno e o mercado

externo, resultante das perceções das diferenças culturais e de negócios (Evans, Mellor-

Clark, Margison et al, 2000).

Na perspetiva da aquisição gradual de conhecimento experiencial por parte de

uma empresa, Stöttinger e Schlegelmich defendem que, segundo o Modelo de

Internacionalização de Uppsala, tal se processa, numa primeira fase, através da entrada

da empresa em mercados estrangeiros que possuam uma menor distância psicológica para

com o mercado doméstico (Stöttinger & Schelegelmich, 1998). E, a partir desta premissa,

a empresa irá ao longo do tempo entrando em mercados com uma cada vez maior

distância psicológica. De acordo com estes autores, a própria distância psicológica

também tem um papel decisivo na escolha dos modos de entrada em mercados

internacionais. A título de exemplo, é possível afirma que a exportação se traduz no modo

de entrada mais utilizado em mercados internacionais. Porém, quando a distância

psicológica é significativamente reduzido, é possível assistirmos à criação de Joint-

Ventures (Coelho & Mugnol, 2012).

Desta forma, o processo de internacionalização de uma empresa é influenciado

pela distância psicológica, o que pode causar impactes ao nível da celeridade e/ou

complexidade da sua expansão para mercados externos. Assim, é importante que cada

empresa saiba como lidar com o seu próprio processo de internacionalização.

21

2.4.2.3. Teoria das Redes

Um estudo cuidado sobre a estratégia empresarial e aquela que será a sua ligação

com a estrutura de cada empresa leva à abordagem das implicações que tais relações terão

no sucesso ou insucesso de uma ideia de negócio. Dessa forma, e tendo em consideração

que a estratégia de uma empresa necessitará de prever o seu relacionamento com um

elevado número de parceiros comerciais, é fomentada a noção de que tais relações se

processarão por via de algum tipo de rede.

Desta forma, as redes têm atualmente um papel bastante importante na base das

novas estruturas relacionais, contribuindo para uma crescente redução das “ (…) barreiras

verticais (no seu interior, entre os diversos departamentos ou funções), das barreiras

horizontais (entre os diversos níveis da hierarquia), das barreiras externas (entre as

diversas empresas) e das barreiras geográficas (entre as diversas unidades separadas

territorialmente) ” (Teixeira & Diz, 2005, p. 195). Assim, uma reflexão acerca da real

função das redes no contexto atual da estratégia empresarial assume um caráter decisivo

na compreensão das decisões tomadas pelos empreendedores.

Alguns autores definem de uma forma bastante intuitiva que as redes se traduzem

num conjunto de relações estabelecidas entre empresas por via das suas múltiplas e

sucessivas interações (Johansson & Mattson, 1987). Para os ditos autores, tais interações

têm subjacente um investimento implícito por parte das empresas, que lhes permitirão

desenvolver e consolidar a solidez das suas redes. A partir desta definição, e tendo em

linha de conta que as relações interpessoais e institucionais têm adquirido cada vez mais

um papel de relevo para os gestores, a competição no mercado passará muito mais pela

perceção de qual o papel que cada empresa quer e deve ocupar no seio das redes em que

se encontrar inserida.

Em sintonia com estas palavras, pode observar-se as redes como um modo

utilizado pelos gestores ou empreendedores no posicionamento da sua empresa, para daí

retirarem o máximo proveito da sua posição competitiva (Jarillo, 1988). É a partir desta

assunção que pode falar-se em redes estratégicas. Nesta linha de orientação, as redes

estratégicas são acordos estabelecidos entre empresas que se relacionam dentro de uma

rede, com horizonte no longo prazo e com objetivos definidos, que lhes permitem

22

incrementar ou consolidar vantagens competitivas relativamente à sua concorrência

externa à rede.

Apesar de uma rede abarcar um conjunto de empresas, é-lhe também subjacente

a ideia da existência de uma “empresa central”, aquela que assume uma atitude proactiva

no estabelecimento da própria rede. As empresas que a constituem revelam, porém, um

certo grau de independência entre si, caso contrário estariam na presença de um fenómeno

de “quase integração vertical” (Teixeira & Diz, 2005). Esta independência entre as

empresas de uma rede leva a que também os próprios laços entre elas sejam de uma

intensidade variável. Por tal facto, as relações entre pares tendem a ser mais intensas do

que entre empresas de diferentes indústrias.

Snow e Miles (citados por Teixeira & Diz, 2005), a partir das ideias-chave até

aqui discutidas, refletiram acerca do facto de as empresas que integram uma rede poderem

ser agrupadas segundo diferentes configurações, para melhor enfrentarem diferentes

condições competitivas e cenários de mudança. A este fenómeno apelidaram de “rede

dinâmica”, na qual se destacam as seguintes características:

Tabela 1: Características das Redes Dinâmicas.

Fonte: Teixeira, S. Diz, H. (2005). Estratégias de Internacionalização. (1ª ed.). Lisboa: Publisher Team. 197.

Desagregação vertical: funções usualmente desempenhadas dentro deuma empresa são, numa rede dinâmica, executadas por empresasindependentes que atuam nessa mesma rede.

Brokers (agentes intermediários): podem aqui verificar-se três casosdistintos - um broker assume a liderança e subcontrata os serviços quenecessita; as ligações entre variados parceiros são feitas através devários brokers (especializados em determinadas tarefa); um elemento darede utiliza um broker para contratar uma ou várias funções.

Mecanismos de mercado: base para a atuação das principais funçõesdentro de uma rede, em contraposição a planos e/ou controlos.

Sistema de informação partilhado: permite às empresas presentes na rede um rápido acesso a informação partilhada entre os seus membros, contribuindo para a perceção de qual o contributo de cada interveniente para o valor acrescentado coletivo.

23

Uma análise a estas características do ponto de vista individual da empresa

acarreta consigo uma vantagem importante ao nível da especialização. Cada empresa

poderá, inserida numa rede dinâmica, encetar esforços no sentido de se aperfeiçoar

continuamente na conceção e produção dos bens para os quais possui melhores

capacidades. Este facto permite uma contribuição para o valor acrescentado de uma rede,

na medida que os seus intervenientes sejam vistos muito mais como complementares do

que como concorrentes. Tal permite que uma rede dinâmica se encontre melhor preparada

para lidar com situações que exijam às empresas um trabalho conjunto e de cooperação,

como é o caso de grandes projetos internacionais.

Segundo uma ótica global, essa especialização de cada empresa concede-lhe uma

posição de destaque no seio da rede, assim como a coloca debaixo de pressão

relativamente aos restantes elementos da mesma. Caso uma empresa apresente um

desempenho mais fraco que as restantes ou se aproveite indevidamente de um ou vários

parceiros, pode ser removida da rede pelos restantes membros, sendo a sua falha

substituída por uma outra empresa – novo parceiro ou membro já existente na rede.

Em suma, a noção de complementaridade verificada em qualquer rede bem

estruturada tem um papel encorajador nas várias empresas presentes nessa rede para que

assumam uma posição claramente capacitada e responsável (Teixeira & Diz, 2005).

Para além das redes dinâmicas, Snow e Miles citados por Teixeira e Diz (2005)

assumem a existência de outros dois possíveis tipos de redes, sendo elas internas

(associações de ativos dentro de uma mesma empresa) ou ainda as redes estáveis (também

entre empresas, mas desta feita traduzindo relações duradouras com fornecedores

externos que levam consigo capacidades para a empresa-mãe).

Assim, é possível assumir-se as redes internas como uma transposição de

mecanismos de mercado para as relações no interior de uma empresa, continuando essa a

deter o controlo efetivo dos seus ativos. O caráter distintivo das redes internas é acentuado

pela fuga às denominadas hierarquias tradicionais verificadas nas empresas. Estas

empresas seguem antes uma configuração de equipas transfuncionais e dotadas de

autonomia nos seus processos de tomada de decisão ao nível da distribuição e execução

do trabalho, sendo integradas na globalidade da organização através do contributo que

fornecem ao todo. Tendo em conta este raciocínio, uma empresa que opte pelo

24

estabelecimento de uma rede interna terá em si mesma uma hierarquia bastante reduzida,

limitando-se a gerir a relação entre as suas várias redes de trabalho.

A partir desta reflexão, uma organização pode ser encarada segundo três diferentes

ângulos (Alstyne, 1997). Em termos comportamentais, uma qualquer empresa

pertencente a uma rede reflete um padrão de relações sociais que envolvem um conjunto

de pessoas, grupos ou pontos de vista. Numa perspetiva estratégica, uma rede é o

resultado de compromissos duradouros entre diferentes empresas ou organizações, que

lhes permitirão aumentar ou conservar as suas vantagens competitivas. No que concerne

à vertente organizacional, uma rede assume três tópicos essenciais: a sua estrutura, o seu

processo e o (s) seu (s) propósito (s). Assim, uma organização em rede agrupa ativos

coespecializados sob um controlo comum. Em termos processuais, a organização em rede

delimita a função de cada um dos seus agentes.

Como conclusão, para que tais mecanismos e processos sejam uma realidade, uma

rede deverá sempre ter implícito um espírito de união, capaz de criar um sentimento de

identidade e pertença em cada um dos seus membros, para que estes conjuguem esforços

na definição e coordenação dos seus recursos e, consequentemente, consigam alcançar os

seus objetivos (plasmados aquando da criação da rede).

2.4.2.4. Visão Baseada em Recursos (Resource Based View)

Tendo em consideração as premissas desta visão, o processo de

internacionalização de uma empresa é possível graças ao conjunto de recursos que a

mesma dispõe e que estão ao serviço dos seus gestores. Esta teoria preconiza que em

inúmeras situações, os recursos possuídos por uma empresa são bastante valiosos e

contribuem decisivamente para o seu reconhecimento e notoriedade a nível internacional,

resultando assim numa vantagem competitiva de relevo face à concorrência (Prahalad &

Hamel, 1990).

2.5. Modos de Entrada nos Mercados Externos

Uma das principais e mais complexas decisões que uma empresa tem em mãos

aquando do seu processo de internacionalização prende-se com a seleção do (s) modo (s)

25

de entrada em novos mercados (Agarwal & Ramaswami, 1992). Tal decisão pode mesmo

implicar um novo arranjo institucional na dinâmica interna da empresa, pelo que se deve

traduzir numa decisão bastante ponderada e fundamentada. Desta forma, convém

explicitar que existem três principais abordagens a esta temática.

O modelo assente na escola evolucionista defende que os modos de entrada

seguem uma estratégia sequencial, que se desenvolve desde as exportações até ao

Investimento Direto Estrangeiro (Johanson & Vahlne, 1990; Root, 1994).

Uma outra abordagem defendida, centrada na internacionalização das empresas

multinacionais, considera que as imperfeições do mercado são tidas em conta aquando da

seleção dos modos de entrada (Dunning, 1988). De uma forma sucinta, quanto maiores

forem as imperfeições num determinado mercado, maiores serão as probabilidades da

empresa multinacional optar por modos de entrada que prevejam investimentos, como

aquisições ou joint-ventures (Root, 1994).

Por fim, uma terceira abordagem concentra a atenção na análise das redes

relacionais entre empresas, sendo que estas funcionam como elementos geradores de

oportunidades, veículos para troca de informações, influenciando de uma forma positiva

as opções estratégicas das empresas (Johanson & Vahlne, 2009). Mediante os casos em

análise, tais redes relacionais podem traduzir-se numa redução das desvantagens que uma

empresa enfrenta pelo facto de ser estrangeira (liability of foreignness) na hora de se

expandir para novos mercados, principalmente caso estas sigam opções como as joint-

ventures.

Vários autores preconizaram que o processo que envolve a escolha dos modos de

entrada era levado a cabo pelos gestores, através de processos analíticos racionais (Kumar

& Subramaniam, 1997). Porém, na prática este é um processo bastante complexo (Root,

1994; Osland, Taylor & Ming, 2001).

O modelo Contingencial de Decisão do Modo de Entrada, proposto precisamente

por Kumar e Subramaniam, defende que este processo caminha através de cinco fases

distintas. Na primeira fase existe a constatação da existência de um problema, que advém

da discrepância entre a situação desejada e a situação atual da empresa (Ferreira, 2009).

Numa segunda fase é levada a cabo uma avaliação das condições necessárias para que tal

problema seja ultrapassado, mais concretamente em termos de informações e recursos

26

requeridos. De seguida, é selecionada uma estratégia com vista ao alcance de uma

decisão, para que numa quarta fase se proceda à recolha e processamento de informações

em consonância com a estratégia definida na fase anterior. Por fim, a quinta fase traduz

na prática a escolha do modo de entrada a seguir na abordagem ao novo mercado externo.

Se se abordar essa mesma escolha dos modos de entrada em mercados

internacionais, podem definir-se esses modos de entrada como sendo equity ou non-equity

(Pan & Tse, 2000). Os modos de entrada denominados equity implicam a existência de

algum tipo de propriedade por parte da empresa, tendo subjacente um maior investimento

em termos de recursos e capital (o que lhe confere um maior controlo sobre as atividades

da cadeia de valor). Os modos de entrada non-equity não preveem a existência de

propriedade por parte de uma empresa em termos de participação no capital social, o que

deriva num controlo partilhado na gestão de operações externas.

Escolha do

Modo de

Entrada

Non-equity

Exportações

Diretas

Indiretas

Outras

Acordos

Contratuais

Licenciamento/Franchising

Contratos I&D

Projetos turnkey

Alianças

Outros

Equity

Joint-

ventures

Minoritárias

50%/50%

Maioritárias

Subsidiárias

a 100%

Investimentos de Raiz

Aquisições

Outras

Tabela 2: Escolha dos Modos de Entrada.

Fonte: Pan & Tse (2000).

2.5.1. Exportações

Sendo um modo de entrada non-equity, as exportações são uma das vias mais

utilizadas pelas empresas aquando da sua internacionalização. Este modo baseia-se na

27

produção de um produto ou serviço num determinado país de origem, sendo

posteriormente exportado para comercialização num mercado diferente daquele onde foi

produzido.

Se analisado este modo de entrada, é possível subdividi-lo em exportações diretas,

caso os intermediários da entidade exportadora se encontrem no país de origem, ou

indiretas quando efetuadas por via de agentes da empresa no país para onde esta exporta.

Apesar destas particularidades, a exportação é considerada um dos modos de

internacionalização menos arriscados (Young, Hamill, Wheeler & Davies, 1989).

O quotidiano de uma empresa mostra que os seus gestores acreditam que a decisão

de exportação é melhor que a decisão em não exportar (Axinn, Clarkberg, & Thornton,

1994). Porém, tais perceções não são suficientes para explicar de uma forma

fundamentada a opção de uma empresa em seguir o rumo da internacionalização por via

de exportações. Assim, as perceções dos gestores devem funcionar antes como uma ponte

entre a decisão relativa aos modos de entrada e as suas variáveis explicativas.

Uma empresa pode obter benefícios ao optar pela exportação, caso pretenda, por

exemplo, evitar custos de produção dos seus produtos no país de destino. Por outro lado,

a escolha dos mercados internacionais tem um papel importante que pode, ou não,

condicionar as exportações. Uma empresa pode não beneficiar com as exportações caso

os custos logísticos ou alfandegários que advém da exportação sejam superiores à

deslocalização da produção da empresa para o país de destino.

2.5.2. Acordos Contratuais

Os modos de entrada que preconizam a contratualização refletem acordos de

associação entre a empresa internacionalizada e uma entidade com operações no mercado

externo de interesse, numa associação que tem implícita a transferência de conhecimento

ou tecnologia por parte da empresa para essa segunda entidade.

Relativamente às exportações, os modos de entrada que envolvem a

contratualização diferenciam-se pelo facto de, fundamentalmente, envolverem essa

mesma transferência de conhecimento e/ou tecnologia, o que não invalida que

paralelamente possam também ser eixos geradores de oportunidade de negócio.

Distinguem-se também dos modos de investimento, já que não requerem um investimento

28

em propriedade. Os acordos contratuais podem assim assumir variadas ramificações e

realidades, tais como: o licenciamento, o franchising, os acordos técnicos, os contratos

de produção, os contratos de serviços, os contratos de gestão, os contratos de construção

chave-na-mão, os acordos de co-produção, entre outros (Root, 1994).

Quando centrada a análise na realidade dos acordos técnicos, contratos de gestão,

de construção chave-na-mão e de serviços, constata-se que todos alinham pelo mesmo

diapasão, se se considerar que todos eles requerem a transferência de serviços de uma

forma direta entre a empresa que se internacionaliza e as entidades externas, recebendo

em contrapartida compensações financeiras. Modos de entrada como os acordos de co-

produção ou mesmo contratos de produção preconizam também uma transferência de

serviços. Porém, nestes casos não pode propriamente falar-se na existência de uma

compensação financeira por parte das entidades externas, mas sim na troca por produtos

manufaturados através dos serviços acima mencionados. Tendo em consideração as

idiossincrasias deste conjunto de modos de entrada, é comum assistir-se a empresas que

optam pela escolha de tais modos como uma solução complementar as exportações ou ao

investimento direto estrangeiro (Root, 1994).

O licenciamento envolve uma dinâmica de transferência para uma entidade

externa do direito de utilização da propriedade industrial da empresa internacionalizada

(sejam patentes, conhecimento ou marcas), durante um período limitado de tempo, em

troca de compensações, geralmente sob a forma de royalties (Ferreira, 2009). É possível,

a partir desta breve definição, delinear algumas motivações para que uma empresa

internacionalizada opte pelo licenciamento no estrangeiro: penetração em novos

mercados externos; proteção de patentes e marcas nos mercados externos, combatendo

possíveis perdas relativas à sua não utilização ou utilização de forma abusiva; beneficiar

de situações de cross-licensing – através do acesso a resultados de pesquisas de empresas

externas, tendo como contrapartida a partilha dos resultados das suas próprias pesquisas;

obtenção adicional de rendimentos a partir de tecnologias já utilizadas no mercado

doméstico; facilitar o fluxo de capitais em caso de restrição de pagamento de dividendos

ou demais imposições da parte dos governos nos mercados externos, optando-se assim

pelo estabelecimento de acordos de licenciamento com as subsidiárias, ao invés destas

serem as reais detentoras de marcas e patentes (Root, 1994).

29

Perante estas características, podem compilar-se uma série de vantagens que uma

empresa internacionalizada pode usufruir ao optar pelo licenciamento aquando da seleção

dos modos de entrada. O licenciamento assume-se como um meio eficaz de ultrapassar

barreiras à exportação (por exemplo, tarifas e quotas existentes em determinados

mercados externos), assim como a supressão de custos de transporte ou possíveis

constantes variações da moeda nesses mesmos mercados. Para além disso, o

licenciamento acarreta consigo menores riscos em termos políticos, sendo que muitos

governos o preferem em detrimento de outros modos de entrada, tais como o investimento

direto estrangeiro. As empresas internacionalizadas podem também atuar nos mercados

externos de uma forma mais segura através do licenciamento, já que, pelo facto de não se

tratarem de matérias tangíveis, as licenças não são passíveis de expropriação. Também

sob o ponto de vista das características internas da empresa internacionalizada, o

licenciamento abarca consigo vantagens comparativas, na medida em que é mais

apetecível para uma empresa de serviços; em outros casos, a adaptação necessária do

produto pode acarretar consigo custos elevados para que se satisfaçam as necessidades

dos mercados externos, custos que a empresa poderá não estar disposta a suportar, ou

mesmo que a empresa poderá não ter à sua disposição (Root, 1994).

Por outro lado, o licenciamento está claramente voltado para empresas que

apresentem uma marca ou que detenham tecnologia capaz de gerar a atração de entidades

para os mercados externos para onde se pretendam internacionalizar. Uma das claras

desvantagens associadas a este modo de entrada tem que ver com a perda de controlo de

que a empresa internacionalizada é alvo no que respeita à elaboração do plano de

marketing e do decurso normal do próprio negócio no mercado externo.

Em termos financeiros, apesar do licenciamento contribuir para a redução

substancial de possíveis custos de transporte ou custos com mão-de-obra, os dividendos

provenientes deste modo de entrada tendem a ser muito baixos, se comparados com a

exportação ou o investimento direto estrangeiro. Tal se justifica pela limitação resultante

de fatores internos e externos à empresa internacionalizada, tais como a existência de

licenciamentos anteriores, idiossincrasias da indústria em causa, as relações com a

concorrência e os governos nos mercados externos. Mas outros perigos podem suscitar

mais riscos que os acima mencionados: um licenciamento, ao transmitir propriedade

intelectual entre entidades diferentes, pode originar o aparecimento de um novo

30

concorrente, para além da necessária avaliação que uma empresa deve obrigatoriamente

levar a cabo em termos de custos de oportunidade, visto que um licenciamento, regra

geral, implica a cedência de exclusividade num determinado mercado externo, o que

elimina a possibilidade da empresa equacionar a presença nesse mercado através de

outros modos (Root, 1994).

O franchising traduz-se na cedência, por parte de uma empresa (o franchisador),

do direito de realizar negócios por um determinado período de tempo a uma outra empresa

ou indivíduo (franchisado), de uma forma oficial. Tal se assume, desta forma, como uma

vertente do licenciamento. Este modo de entrada tem subjacente a possibilidade do

franchisado possuir o direito de vender os produtos do franchisador, utilizando a sua

marca e/ou símbolos e até mesmo adotar as suas estratégias de marketing e divulgação

(Hackett, 1976). O Departamento de Comércio dos Estados Unidos da América classifica

o franchising em duas possíveis categorias, a saber: o tradicional e o franchising como

um formato de negócio. Relativamente ao franchising tradicional, assiste-se à distribuição

de produtos do franchisador (sendo esta a sua principal fonte de rendimento) por parte do

franchisado. No que respeita à segunda categoria, o franchisador cede ao franchisado um

modelo de negócio capaz de o dotar das ferramentas teóricas fundamentais para que ele

seja responsável pela produção final dos seus produtos (Lafontaine & Shaw, 1999).

Uma análise mais aprofundada à evolução do franchising a nível internacional

permite constatar que este é um modo de entrada em franca expansão, movida pelo

interesse dos empresários na difusão das suas marcas pelo maior número de mercados

possível, nomeadamente aqueles que num futuro próximo possam ver a sua influência

aumentada internacionalmente (Hackett, 1976). Shane acrescenta o seu contributo a esta

discussão, na medida em que defende que uma vez que a contratualização tem uma maior

probabilidade de fracassar nos mercados internacionais do que em mercados nacionais, o

franchisador tem nesta janela de oportunidade uma capacidade de reduzir o potencial

oportunismo por parte do franchisado (Shane, 1996). Na medida em que existe essa maior

probabilidade do franchising falhar em mercados internacionais, o franchisado é

incentivado a partilhar informações sobre a evolução do negócio e não cair na tentação

oportunista de criar o seu próprio negócio a partir do plano disponibilizado pelo

franchisador. A nível internacional, este controlo é tanto mais eficaz quanto maior for a

31

capacidade do franchisador em termos administrativos (o que lhe concede a possibilidade

de aumentar a densidade do seu controlo na rede de franchisados.

Embora o franchising registe níveis interessantes de crescimento a nível

internacional, a verdade é que não apresenta taxas de crescimento superiores às da

economia em geral, contrariando afirmações veiculadas pela literatura (Ferreira, 2009).

Tal se deve, segundo o mesmo autor, a um elevado fluxo, quer de entradas, quer de saídas,

de empresas na utilização deste modo de entrada. Este índice elevado de falhas no sucesso

da implementação do franchising tem a ver, entre outros, com a possível fraca experiência

do franchisador neste campo. Para além disso, questões como a regulamentação

governamental por parte de vários governos em mercados internacionais ou as elevadas

taxas de importação no comércio internacional não permitem uma expansão mais

acentuada do franchising (Hackett, 1976). Também problemas relacionados com logística

e controlo por parte do franchisador, aliado a incertezas no retorno dos seus royalties têm

neste capítulo um papel importante no resfriar do sucesso deste modo de entrada em

mercados externos.

2.5.3. Investimento

Quando abordados os modos de entrada que preveem o investimento, torna-se

importante realizar a destrinça entre as suas variadas vertentes. Uma empresa que

pretenda realizar investimentos ao nível de IDE pode fazê-lo através de aquisições ou

criações em joint-ventures ou em aquisições ou criações em sole ventures. À semelhança

daquilo que foi já referido no que toca aos modos de entrada equity, quer no primeiro quer

no segundo caso, ambos envolvem a posse de propriedade por parte da empresa

investidora, seja essa posse total ou parcial. Para além de a empresa analisar qual a melhor

opção dentro da sua vontade de realização de IDE (seja a título individual ou por via de

uma parceria), é importante refletir acerca da quota de participação que pretende possuir

na nova empresa (Root, 1994). Por último, decidir-se-á se essa nova subsidiária será uma

construção de raiz, ou se, por outro lado, se materializar-se-á pela compra de uma empresa

já existente no mercado internacional em questão.

Se analisados dados que permitam comparar os modos de entrada através de

investimento com modos de entrada non-equity (como a exportação), facilmente se

32

percebe que ambos acarretam consigo variadas dissemelhanças. O investimento torna-se

mais vantajoso na medida em que abarca consigo um maior controlo sobre as operações

a nível internacional (podendo também estar na origem de uma maior percentagem de

lucro) (Chung & Enderwick, 2001). No entanto, tais modos de entrada que prevejam o

investimento trazem consigo um maior grau de risco e exigem das empresas uma

capacidade de gestão bastante mais robusta e rigorosa, quando comparada com a

exportação.

Teorias da Internacionalização, como o Paradigma Eclético de Dunning,

justificam a opção das empresas pelos modos de entrada que preveem o investimento

através de fatores associadas à localização. Dentro desses fatores, observam-se questões,

como a dimensão do mercado e o historial da empresa nesse mesmo mercado

internacional, as preferências e as necessidades dos consumidores nessa localização

geográfica, além das eventuais necessidades associadas aos serviços pós-venda por parte

dos consumidores (Dunning, 1988).

2.5.3.1. Joint-ventures

No que respeita às joint-ventures, parte desse seu sucesso entre as empresas deve-

se à possibilidade da entrada em novos mercados se realizar de uma forma célere e eficaz,

pelos relacionamentos e práticas de gestão já existentes nos mercados de destino. Aliada

a esta rapidez, verifica-se a facilidade de acesso aos recursos na posse de outras empresas

(mais acentuadamente em mercados onde os governos nacionais restrinjam a propriedade

por parte de estrangeiros. No caso das PMEs (pequenas e médias empresas), as joint-

ventures podem traduzir-se num modo de entrada bastante adequado, se tivermos em

linha de conta as limitações orçamentais associadas a este tipo de empresas (Kirby &

Kaiser, 2003).

Um dos aspetos mais importantes a considerar aquando da opção pela constituição

de uma joint-venture é a escolha do parceiro comercial mais adequado. No caso das

PMEs, esta condição reveste-se de uma importância ainda maior, dadas as suas limitações

referidas anteriormente. Visto que este modo de entrada exige um elevado de grau de

comprometimento de ambas as partes, é fundamental que o processo negocial seja

conduzido de forma transparente e rigorosa (elementos que tendem a facilitar um

33

processo que normalmente se afigura demorado), de forma a incentivar a cooperação cada

vez mais estreita entre os parceiros comerciais. Ao longo de todo o processo negocial

devem ser claramente discutidos todos os aspetos funcionais e legais do acordo de

investimento, assim como abrangida a maior variedade possível de temas inerentes ao

próprio negócio.

2.5.3.2. Subsidiárias

A decisão da constituição de uma subsidiária local tem os seus custos, mas

também garante à empresa outro tipo de visibilidade nesse mercado externo. A criação

de subsidiárias noutro país envolve para a empresa riscos e uma capacidade de

investimento financeiro substancialmente maiores, pelo que deve traduzir-se numa

decisão amplamente ponderada. Relativamente a esta temática, a empresa pode optar

mais comummente por uma de duas opções: por um lado, pode partir para um

investimento de raiz que lhe permita um maior controlo sobre as operações, desde o início

da sua construção; por outro, pode adquirir uma empresa já existente no mercado de

interesse, o que lhe confere facilidades logísticas ao nível de instalações.

Conclusão: através de uma análise às suas próprias capacidades, competências e

motivações, cada empresa definirá o modo de entrada que melhor se adequará ao mercado

externo para o qual se pretende expandir. Tenha-se como exemplo uma empresa que

pretenda um grau de envolvimento mais profundo e uma estratégia de internacionalização

programada a longo prazo – provavelmente, essa empresa deverá optar por um modo que

preveja o investimento. Por outro lado, uma empresa que tenha objetivos de curto prazo

deverá reger-se por modos de entrada que prevejam um menor grau de envolvimento,

como as exportações ou o licenciamento.

2.6. Incubação de Empresas

2.6.1. O que são Incubadoras de Empresas?

As Incubadoras de Empresas são infraestruturas destinadas a novos

empreendedores e vocacionadas para que estes criem a sua própria empresa,

34

proporcionando-lhes um leque de condições propícias ao seu crescimento, o que lhes

confere à partida maiores probabilidades de sucesso no início da sua atividade

empresarial.

Desta forma, de acordo com o State of the Business Incubation Industry (2006),

as Incubadoras, de uma forma geral, têm à disposição serviços, tais como: criação do

modelos de negócio, apoio na contabilidade/gestão financeira da empresa, consultoria,

gestão da propriedade intelectual, promoção da marca, auxílio na captação de

investimentos e/ou parceiros estratégicos.

Uma incubadora de empresas traduz um ambiente de promoção e apoio ao

desenvolvimento de novos negócios, com o objetivo de os inserir no mercado (Serra,

2011). Complementando este raciocino, para a ANPROTEC (Associação Nacional de

Entidades Promotoras de Tecnologias Avançadas), “uma incubadora de empresas é um

ambiente flexível e encorajador onde é oferecida uma série de facilidades para o

surgimento e crescimento de novos negócios. Além da assessoria na gestão técnica e

empresarial da empresa, a incubadora oferece a infraestrutura e serviços compartilhados,

necessários para o desenvolvimento do novo negócio, como espaço físico, salas de

reunião, telefone, fax, acesso à internet, suporte em informática, entre outros. Dessa

forma, as incubadoras de empresas geridas por órgãos governamentais, universidades,

associações empresariais e fundações são catalisadoras do processo de desenvolvimento

e consolidação de empreendimentos inovadores no mercado competitivo” (ANPROTEC,

2000).

Porém, quando uma empresa ou uma nova ideia de negócio optam pela incubação

devem ter no seu horizonte temporal o processo de maturação da própria empresa. Após

este ciclo de vida do processo de incubação, que se acredita que pode durar entre três a

seis anos, acredita-se que as empresas já estarão prontas para serem efetivamente

incorporadas no mercado, de uma forma independente (Varejão, 2013). Para o autor, este

tempo deverá ser o bastante para que uma nova empresa se possa desenvolver

convenientemente, aglutinando e reforçando ferramentas e conhecimento, incrementando

a sua experiência e desenvolvendo o seu leque de oferta no mercado.

Em suma, tais apoios proporcionados pelas Incubadoras de Empresas pretendem

funcionar como uma alavanca que, ao mesmo tempo, proteja e apoie os novos

empreendedores na criação dos seus projetos, para que mais tarde eles próprios tenham

35

condições favoráveis para enfrentarem com sucesso, através das suas próprias

capacidades, o período da pós-inovação e conseguirem uma posição competitiva no

mercado global (Varejão, 2013).

2.6.2. Stakeholders das Incubadoras de Empresas

Um olhar pelos agentes que detêm um papel preponderante na existência e atuação

das incubadoras de empresas, torna possível afirmar que tais agentes se traduzem nos

denominados stakeholders (Varejão, 2013). Do conjunto de stakeholders que a seguir se

enumera é possível destacar o relevo dado aos candidatos/clientes como ponto inicial do

desenrolar do processo de incubação:

Fontes de tecnologia, marcas e patentes;

Entidade reguladora para as atividades do setor;

Associações (comerciais, industriais, etc.);

Sindicatos;

Comunicação Social;

Fornecedores;

Clientes/Candidatos;

Representantes ou distribuidores de produtos e/ou serviços da empresa;

Governos;

Organizações não-governamentais envolvidas em atividades da empresa.

Deste conjunto de potenciais stakeholders, destaca-se ainda o papel preponderante

dos governos, que em exemplos de economias pouco maduras, como o caso da portuguesa

- resultante de uma democracia recente, devem assumir uma posição de forte apoio às

suas empresas (Varejão, 2013). Este comportamento por parte dos Governos permitirá às

empresas ultrapassarem de uma forma mais eficaz possíveis constrangimentos

verificados nos seus mercados e permitir-lhes um acesso privilegiado a informações e

capitais que potenciem os seus negócios, contribuindo para o desenvolvimento da

economia nacional e para o aumento, entre outras, da taxa de empregabilidade (Varejão,

2013).

36

Porém, para além dos Governos, e tendo em consideração a lista referida

anteriormente, atribui-se o sucesso das incubadoras às interações entre cinco

stakeholders, a saber (Lalkaka, 2001):

Figura 1: Interação entre Incubadoras de Empresas e Stakeholders.

Fonte: Lalkaka (2001).

Nesta interação entre estes cinco intervenientes deveriam ser exponenciados

aspetos como o conhecimento e a investigação, desenvolvidos nas universidades, a

promoção de políticas públicas que promovam a criação de empresas, a criação de

condições favoráveis para o networking entre empresas, o envolvimento da comunidade

para propiciar o empreendedorismo e, por último, o envolvimento do setor privado

através de áreas como o aconselhamento e acompanhamento no desenvolvimento de

novos negócios.

Como conclusão, é possível afirmar que a incubação concentra em si mesma um

elevado grau de interação entre diversos intervenientes, que procuram através de vários

âmbitos atingir os seus objetivos.

Incubadora de Empresas

Universidade

Governo

ProfissionaisEmpresas

Comunidade

37

2.6.3. Vantagens das Incubadoras de Empresas

Tendo como fio condutor de análise o esquema apresentado no ponto anterior,

onde se espelham os cinco principais intervenientes na dinâmica das Incubadoras de

Empresas, pode delinear-se uma série de vantagens que estão na base da sua existência.

No que diz respeito aos Governos, a sua inclusão na dinâmica de uma Incubadora

permite, com a identificação das mais variadas oportunidades de negócio, contribuir para

que se ultrapassem falhas no mercado, tendo em conta a relação de procura e oferta por

parte dos consumidores. Posto isto, o apoio à inovação e ao desenvolvimento tecnológico

de PMEs trará consigo incrementos importantes para a economia, quer nacional quer

regional, com reflexos naturais ao nível do emprego, do aumento dos rendimentos e da

cooperação entre diferentes entidades no mercado (Lalkaka, 2001).

Na ótica das Universidades, a tríade Universidade – Pesquisa – Indústria permite

um fomento crescente das vantagens da pesquisa e permite que os estudantes ponham em

prática os seus conhecimentos, adquiridos em contexto académico, de uma forma mais

sólida e retirando dessa experiência o máximo proveito possível (Lalkaka, 2001).

Em relação aos empreendedores, estes veem as suas hipóteses de sucesso

aumentadas pelo facto de verem o seu projeto apoiado numa fase ainda embrionária, o

que concede à sua nova empresa uma credibilidade acrescida. Para além disso, fruto da

interação com outros intervenientes no processo de incubação, os empreendedores têm

acesso privilegiado a um conjunto de ferramentas que lhes permitem um crescimento

consolidado desde a génese da sua ideia de negócio (Lalkaka, 2001).

As vantagens na ótica do empreendedor passam por um acesso mais rápido ao

mercado, aliado à minimização dos riscos de investimento e à criação de ligações

empresariais mais fortes (Pereira & Pereira, 2002). O apoio concedido pelas incubadoras

tem também reflexos nas empresas ao nível do fomento de prossecução de procedimentos

e utilização de ferramentas que estimulem a competitividade, a inovação e o planeamento

cuidado das atividades da empresa, possibilitando em numerosos casos às empresas o

acesso a equipamentos que, sem qualquer tipo de apoio, se tornariam impossíveis de

alcançar e, em última instância, poderiam colocar em causa a viabilidade do negócio.

Relativamente aos parceiros/entidades privadas, o fomento da pesquisa de novas

soluções no mercado em termos de fornecedores/parceiros comerciais, assim como o

38

auxílio no desenvolvimento de novas empresas, são contributos importantes para que o

crescimento da percentagem de sucesso na sobrevivência de PMEs seja uma realidade.

Em termos locais e internacionais, as comunidades beneficiam deste tipo de

incubação, seja pelo crescimento do número de postos de trabalho ou pelo aumento do

volume de oportunidades de negócio disponibilizadas nos mercados, fatores que

invariavelmente geram consequências positivas para as economias nacionais. Tais

comunidades poderão também beneficiar do incentivo para o atingimento de uma melhor

consciência empresarial por parte das entidades empregadoras, assim como da

implementação de novas redes de negócio (Pereira & Pereira, 2002).

Em articulação com os autores em cima mencionados, outros contributos da

literatura a nível internacional complementam o leque de vantagens até aqui elencado.

Assim, a partilha de infraestruturas e de serviços, assim como a natural interação entre

aos vários empreendedores de diferentes áreas de negócio no seio da mesma incubadora

aumentam o sucesso das relações empresariais (Szulanski, 1996). Também relacionada

com a temática das relações empresariais, é possível afirmar que as trocas de

conhecimento entre os vários empreendedores incubados contribui para uma diminuição

dos custos associados à transação de recursos e/ou de informações entre empresas

(Williamson, 1975).

Em suma, convém salientar que, apesar do conjunto de vantagens até aqui

enumerados, tais objetivos podem, por vezes, não ser atingidos como consequência de

fenómenos de má gestão por parte dos empreendedores ou das próprias incubadoras.

2.6.4. Desvantagens das Incubadoras de Empresas

Embora as incubadoras de empresas apresentem um conjunto de vantagens que as

tornam numa oportunidade aliciante para novos empreendedores, alguns aspetos a elas

associados deixam no ar algumas preocupações. Desta forma podem ser elencadas

algumas desvantagens, como (Lalkaka, 2001):

Dependência de apoios governamentais, o que nem sempre poderá gozar da

mesma configuração (por exemplo, em situações de crise financeira);

Contributo reduzido para a criação de novos empregos no curto prazo;

39

Custo elevado com a cedência de apoios e locais de trabalho para os novos

empreendimentos;

É possível que crie uma relação de dependência nos novos empreendedores,

pois não os expõe a situações reais vivenciadas no mercado;

Necessidade de apoio financeiro externo antes dos empreendimentos se

tornarem sustentáveis;

Pode criar uma duplicação de serviços já existentes no mercado;

Uma má localização e a inexistência de uma boa estrutura de apoio podem

levar ao fracasso de uma incubadora de empresas;

O processo de seleção de novas ideias de negócio apenas contempla um

número limitado de propostas.

Numa análise crítica às ideias transmitidas por Lalkaka, é possível assumir que

alguns destes tópicos sejam considerados também como vantagens associadas às

incubadoras de empresas. Apesar das incubadoras necessitarem de grandes apoios

financeiros para auxiliarem os novos empreendimentos numa fase embrionária, tal

esforço poderá ser recompensado se a ideia de negócio for adequadamente posta em

prática e contribuir positivamente para a economia nacional, sendo também geradora de

um número elevado de postos de trabalho. Mas, por detrás desta premissa tem que se

encontrar necessariamente um bom processo de análise e seleção dos vários pedidos de

incubação.

Para que tais apoios financeiros possam realmente dar frutos são necessárias ideias

de negócio competentes e ajustadas às necessidades da economia regional e nacional,

firmadas sobre um compromisso sério de execução e desenvolvimento. Daí que o facto

do processo de seleção apenas contemplar um número limitado de pedidos possa ser visto

também como uma vantagem, uma vez que deve traduzir-se num processo de matriz

rigorosa e consciente das potencialidades de cada ideia de negócio no panorama nacional

e internacional. No que respeita ao processo de seleção é então natural que se traduza no

estabelecimento de um rol de critérios que permitam o sucesso da incubadora a longo

prazo. Assim, são postos em causa projetos menos promissores, justificando-se a baixa

taxa média de incubação anual de empresas - três empresas/ano por incubadora em

Portugal (Marques, 2005; Ribeiro, 2010).

40

Na mesma linha de orientação, os subsídios, apesar de dispendiosos e

fundamentais na fase inicial de novos projetos desta natureza, podem ser encarados como

investimentos que visam alcançar um crescimento no índice de desenvolvimento

económico e social do país.

2.6.5. Ciclo de Vida de uma Empresa Incubada

Segundo a classificação defendida pela ANPROTEC, a incubação de empresas

passa por quatro fases distintas: pré-incubação, incubação, graduação e empresa

associada (ANPROTEC, 2002).

Na pré-incubação assiste-se a um conjunto de atividades que concentram em si o

fomento ao empreendedorismo. Nesta fase, são selecionados e desenvolvidos projetos

com um grande potencial de negócio: são desenvolvidos planos de negócio, pesquisas de

mercado e é dada formação aos novos empreendedores em áreas básicas, como a gestão.

É possível então assumir esta fase como a fase de seleção de projetos e de início do

processo de incubação (ANPROTEC, 2002).

A incubação caracteriza-se pelo apoio ao desenvolvimento das novas empresas,

dotando-as de condições favoráveis ao desenvolvimento dos seus negócios – instalações

físicas, suporte técnico e de gestão, entre outras. Este apoio pode ser facultado de uma

forma interna (se a empresa utilizar as instalações da incubadora) ou de forma externa (se

a empresa detiver instalações próprias). Nesta fase procede-se ao desenvolvimento da

empresa e da sua ideia de negócio.

A terceira fase – graduação – pressupõe que a empresa incubada se encontre num

patamar de desenvolvimento que lhe permita possuir condições para poder sair da

incubadora de uma forma sustentada. Depois da graduação, a empresa passaria então para

uma quarta fase – a empresa associada – onde continuaria a usufruir dos serviços

disponibilizados pela sua incubadora, mas agora sem ocupar nela um espaço físico mas

ocupando o seu próprio espaço (ANPROTEC, 2002).

É precisamente nesta fase que muitas empresas assistem ao fracasso do seu

projeto, alguns de grande potencial, mas que ditam elevados prejuízos financeiros. Desta

forma, justifica-se que as incubadoras tenham aqui um papel de análise fundamental,

41

reforçando quando necessário um processo de apoio mais intenso e, se possível,

estendendo o período de incubação para que tal apoio seja consolidado.

2.6.6. A Incubação de Empresas em Portugal

Em Portugal, quando abordada a temática da incubação de empresas, um dos

primeiros vocábulos que a ela surge associada é o de empreendedorismo. Inclusivamente,

diversos países consideram-no uma prioridade na sua governação (OCDE, 1999).

Apesar do grande interesse demonstrado por esta temática na última década em

Portugal, o empreendedorismo é uma temática já com alguma tradição no país,

remontando a primeira incubadora nacional de empresas à década de oitenta. Numa fase

ainda embrionária do seu aparecimento, as incubadoras surgiram muito por via da

iniciativa das universidades, como forma de fomentarem e apoiarem os conhecimentos

adquiridos pelos seus alunos ao longo do seu processo de formação académica. Se, por

um lado, esta relação entre as universidades e o governo português se encontra bem

desenvolvida relativamente à incubação de empresas, o mesmo não podemos afirmar em

relação à iniciativa privada neste campo.

A quantidade de incubadoras de empresas em solo nacional tem vindo a aumentar

de uma forma gradual ao longo dos últimos anos, sendo as mesmas diversificadas no que

toca aos seus setores de atividade. Aqui, pode falar-se do empreendedorismo numa forma

mais genérica, ou então abordar casos de incubadoras eminentemente direcionadas para

campos de atuação, tais como a biotecnologia ou a área agroalimentar (Varejão, 2013).

Se analisada a temática sob a perspetiva da criação efetiva de empresas, constata-

se que, em média, são criadas cerca de três empresas/ano, por incubadora em Portugal

(Varejão, 2013). Este número reduzido pode dever-se a determinados fatores, a saber:

Processos de seleção rigorosos de empresas a incubar;

Papel dos responsáveis na gestão da incubadora;

Cooperação entre incubadoras e parceiros associados.

Um rigoroso processo de seleção das empresas a incubar é crucial do ponto de

vista da gestão e da capacidade de visão a longo prazo por parte da incubadora, como

forma de fomentar o seu sucesso. Como tal, ideias de negócio que à partida se apresentem

42

como menos promissoras ou pouco credíveis poderão ver a sua exequibilidade em causa,

aquando da candidatura à sua inclusão numa incubadora.

No que respeita à gestão das incubadoras, é importante o desenvolvimento do seu

papel de atração de novas ideias de negócio, capazes de serem implementadas com

sucesso. Na gestão de incubadoras de empresas deverão estar quadros com um forte

conhecimento da realidade empresarial nacional e dotados de uma forte dinâmica para a

captação de novos negócios e projetos de valor acrescentado (Ratinho & Henriques,

2010). Além disso, a gestão de uma incubadora deve ser sensível ao enquadramento desta

numa estratégia comum de desenvolvimento económico regional, devendo assim

responder a uma dinâmica de interação científica, política e empresarial, bem como

corresponder às expetativas dos seus stakeholders.

No que toca à cooperação entre as incubadoras e os seus parceiros (nomeadamente

as universidades), percebe-se que dificilmente essa cooperação atinge o seu sucesso

quando desenvolvida de uma forma desorganizada e descontínua.

43

3. Metodologia

Considerando que um estágio curricular se traduz numa aproximação real àquilo

que é o mercado de trabalho, faz todo o sentido vivenciar esta componente empírica no

âmbito de um mestrado. Isto é, o lado experimental assume uma importância vital, na

medida em que é uma forma de se comprovarem os ensinamentos lecionados durante a

vertente teórica desse ciclo de estudos.

Ao longo do período de estágio (ocorrido entre 23 de Setembro e 23 de Dezembro

de 2013, de segunda a sexta-feira, das 9h30 às 17h30), a posição do estagiário enquanto

colaborador da empresa assumiu duas facetas distintas, tendo em consideração as funções

para as quais se propôs e foi designado. Por um lado, foi essencial que ao longo de todo

aquele período adotasse uma postura de «observador participante», de forma a

compreender e analisar as dinâmicas e decisões verificadas no quotidiano da empresa.

Esta postura fez com que fosse possível absorver mais facilmente a mecânica do

funcionamento da Plantit, assim como a visão dos seus colaboradores. Por outro lado, a

par da observação foi imprescindível que o estagiário adotasse também uma postura pró-

ativa e uma capacidade crítica face ao trabalho que necessitava desenvolver.

No que diz respeito às suas funções na empresa, e considerando que numa

primeira fase do estágio era o único colaborador para a área dos negócios internacionais,

todo este processo foi pautado pelo alcance de um conjunto de objetivos concretos:

i. Rever e sintetizar conhecimentos já existentes na empresa em matéria de

internacionalização;

ii. Investigação de situações e/ou problemas resolvidos ou por resolver (à

data), em relação a mercados internacionais;

iii. Auxílio na procura de soluções para problemas já existentes, relativos a

mercados internacionais (o que não se revelou necessário pela ausência de

problemas);

iv. Criação de um novo procedimento de abordagem aos mercados

internacionais por parte da empresa;

v. Gerar de novos contactos e conhecimentos na empresa, sobre mercados

internacionais.

44

Assim, enquanto observador participante o estagiário teve a oportunidade de

recolher um conjunto de dados que lhe permitiram comparar o que de positivo e negativo

tinha sido feito até então em matéria de internacionalização, associando criticamente estes

dados com aquilo que poderia ser replicado no futuro, ou então corrigido em novas

abordagens a novos mercados.

Para uma melhor e mais fiável comparação, foi também levado a cabo um

levantamento de empresas concorrentes à Plantit (e que se encontrassem em processo de

internacionalização), quer no mercado nacional quer em mercados internacionais, de

forma a avaliar qual ou quais os métodos utilizados por estas na sua expansão além-

fronteiras.

Tendo em conta o âmbito do estágio e o seu objetivo final, o tipo de pesquisa

levada a cabo teve uma base eminentemente exploratória. Isto, na medida em que o

objetivo base se encontrava na procura de ideias e hipóteses que permitissem a criação de

um plano de internacionalização, mais do que a verificação ou a confirmação dessas

mesmas hipóteses. Desta forma, muito do trabalho realizado teve como alicerces os

conhecimentos adquiridos ao longo da componente teórica do mestrado, da análise de

estudos de caso e da observação do historial da própria empresa.

Por estas razões, as pesquisas exploratórias realizadas poderão não proporcionar

respostas concretas e testadas às questões colocadas. Pelo contrário, estas pesquisas

tiveram como objetivo o alcance de um guia com orientações e sugestões de ação para a

empresa, em termos da abordagem internacional (através do já referido plano de

internacionalização).

No entanto, a parte final do estágio permitiu abrir a porta ao início daquelas que

seriam as diligências necessárias à confirmação das hipóteses então levantadas, visto que

foi possível a realização de alguns contactos preliminares com possíveis parceiros em

mercados internacionais previamente selecionados (nomeadamente, o Reino Unido).

No que respeita aos processos de pesquisa, o trabalho recaiu invariavelmente

sobre uma abordagem mista. Se, por um lado, foi necessária uma aproximação

quantitativa na recolha e análise de dados numéricos (tenha-se como exemplo uma

seleção de mercados com base em indicadores quantificáveis), por outro, não foi possível

descurar uma aproximação qualitativa, mais subjetiva por natureza. Tal facto derivou da

necessidade de examinar e refletir sobre as perceções dos colaboradores envolvidos na

45

projeção da internacionalização da empresa (neste caso, a gerência da Plantit, o estagiário

e, posteriormente, o apoio ao nível da consultoria para a internacionalização).

Se tivermos em consideração o objetivo final do estágio curricular (a criação de

um plano de internacionalização para a empresa), a pesquisa concentra-se numa

perspetiva dedutiva. Assim, a base de todo este trabalho corresponde a um estudo e ao

desenvolvimento de uma estrutura conceptual e teórica, que posteriormente deverá ser

testada através da observação empírica.

Figura 2: Identificação das fases do processo de pesquisa.

Fonte: autor.

Considerando todas as fases do processo acima mencionadas, é possível concluir

que o estágio curricular percorreu cada uma das etapas até à redação final do relatório,

desde logo, pela identificação do tópico de pesquisa, eminentemente vincado nos

negócios internacionais. Quanto à definição do problema de pesquisa, e tendo em conta

o perfil e as necessidades da empresa, urge projetar-se a sua expansão para mercados

externos, sendo para isso necessário responder a conjunto de questões: «Quando?»,

«Como?» e «Onde?» ocorrerá esse mesmo processo de internacionalização.

Fase 1•Identificação do tópico de pesquisa.

Fase 2•Definição do problema de pesquisa.

Fase 3•Determinação da forma de condução da pesquisa.

Fase 4•Recolha de dados.

Fase 5•Análise e interpretação dos dados.

Fase 6•Redação do Relatório de Estágio de estágio.

46

Para que tal seja exequível, e como já explicitado, a condução destas pesquisas

assumiu uma abordagem mista, pela recolha de dados quantitativos e qualitativos. A

análise e interpretação dos dados recolhidos começou a ser realizada ainda durante o

próprio estágio, e não apenas com vista à redação do relatório final. Tal permitiu exprimir

uma maior capacidade crítica perante os desafios que diariamente se iam colocando, não

apenas em matéria de internacionalização, mas também em aspetos relativos à dinâmica

da própria empresa.

Ainda no decorrer do estágio curricular, o estagiário teve oportunidade de

participar numa ação de formação na própria empresa (que contabilizou um total de seis

horas) e que previa a aprendizagem e aperfeiçoamento de técnicas de vendas e abordagem

comercial, envolvida no recrutamento de técnicos comerciais para abordagem ao mercado

nacional.

A compilação de todos estes elementos deu posteriormente lugar à redação deste

relatório de estágio. Assim, de seguida será apresentado o trabalho desenvolvido no

âmbito do estágio curricular, na Plantit- Hortas & Jardins Ecológicos.

47

4. Caso Prático: Plantit – Hortas & Jardins Ecológicos

4.1. Apresentação

Fonte: http://www.plantit.pt

A Plantit – Hortas & Jardins Ecológicos é uma empresa portuguesa, com sede

numa incubadora de empresas, o IEM (Instituto Empresarial do Minho), sediado em

Soutelo – Vila Verde. A Plantit está vocacionada para a instalação e manutenção de hortas

biológicas em variados locais, sejam espaços com áreas limitadas ou mesmo onde a

ausência de solo cultivável seja uma realidade. Assim, um dos objetivos da empresa passa

por colocar à disposição dos seus clientes os meios e métodos necessários, de uma forma

simples e eficaz, para que todos possam cultivar os seus próprios alimentos.

Desta forma, um dos aspetos que distingue a Plantit é precisamente a aposta no

desenvolvimento de novos produtos que traduzam as crescentes

necessidades/preferâncias dos consumidores no campo da agricultura biológica, nunca

descurando vetores como a inovação e a qualidade, chegando eficazmente a diferentes

segmentos de mercado. A opção por materiais de manufatura 100% nacional é, além dos

aspetos já elencados, uma condição essencial para a empresa no momento da seleção de

materiais para produção de novos produtos.

Assim, o objetivo primordial da Plantit é dinamizar o conceito de horta-jardim

integrado nos mais diversos ambientes, tais como: residências familiares, espaços

escolares, instituições públicas e/ou privadas e empresas. Tal se traduz numa conjugação

permanente da atuação da empresa com a harmonia paisagista e ambiental.

Para complementar a sua oferta de produtos, a Plantit dispõe de um conjunto de

serviços de consultoria, aconselhamento e formação-ação na área da agricultura

biológica, traduzidos em diversos workshops (oficinas práticas) destinadas a crianças e

adultos, particulares ou profissionais.

Figura 3: Logotipo da Plantit - Hortas & Jardins Ecológicos.

48

Fonte: Instituto Empresarial do Minho (http://www.ieminho.pt).

Em suma, todo o conceito por detrás da Plantit pretende gerar benefícios para a

sociedade envolvente, promovendo a melhoria da qualidade de vida da população,

nomeadamente através do cultivo local de alimentos frescos e saudáveis. Adicionalmente,

a Plantit promove ações no ramo da pedagogia, com a dinamização de atividades

escolares e de desenvolvimento empresarial, com impactes diretos na responsabilidade

social e na sustentabilidade ambiental, preconizando o “fun & work”.

4.2. Identificação da Empresa

Designação Social: Plantit – Hortas & Jardins Ecológicos

Número de Id. Fiscal: 509302726

Endereço: Instituto Empresarial do Minho,

Lugar de Casal, 4730-575 Soutelo - Vila Verde

Telefone: 253 320 023

Fax: 253 320 050

Gerente: Susana Carla Valdrez Caseiro

Correio Eletrónico: [email protected]

Sítio na Internet: http://www.plantit.pt

Data de Constituição: 22 de janeiro de 2010

Forma Jurídica: Sociedade por Quotas

Setor/Subsetor: Agro-alimentar e Bebidas – Produtos Biológicos

Figura 4: Instalações do Instituto Empresarial do Minho (Soutelo, Vila Verde).

49

Código CAE: 01610

(Atividades dos Serviços relacionados com a Agricultura)

Capital Social: 5.000€

4.3. Missão e Visão

Missão: “Incentivar e facilitar a implementação de hortas e jardins ecológicos que

respeitem e estejam em harmonia com o ambiente circundante.” (fonte: http://plantit.pt;

acedido em 20 de Janeiro de 2014).

Visão: “Ser parte integrante de um eixo gerador que incentiva mudanças na

cultura da comunidade, nomeadamente no que se refere à alimentação, à saúde e à relação

com o meio ambiente.” (fonte: Plantit: http://plantit.pt; acedido em 20 de Janeiro de

2014).

4.4. Organograma da Empresa

Tabela 3: Organograma da Plantit - Hortas & Jardins Ecológicos.

Fonte: autor.

O facto de a Plantit possuir (no período compreendido do estágio curricular) um

reduzido número de colaboradores (três), exigia invariavelmente que a gestão do tempo

e o planeamento das tarefas a executar fossem feitos com rigor e o máximo de

Administração

Departamento Comercial

Departamento de Negócios Internacionais

Departamento de Logística

Oficinas Práticas e Consultoria

Gerência

50

objetividade possível, de forma a não serem colocadas em causa as metas definidas pela

gerência da empresa. Em termos de recursos humanos permanentes, a Plantit contava com

dois colaboradores licenciados (um dos quais em engenharia agrária). Durante o período

de estágio curricular, o número de colaboradores permanentes foi reforçado com mais um

elemento, também licenciado, desta feita em Relações Internacionais.

A realização de ações de venda ao público em espaços comerciais (nomeadamente

com vista a campanhas pontuais) exigiu um reforço do departamento comercial. O

processo de recrutamento visou a seleção de colaboradores com experiência na área

comercial e privilegiou conhecimentos em agricultura biológica ou áreas relacionadas.

Este processo de seleção originou o recrutamento de cinco colabores pontuais.

4.5. Análise SWOT à Plantit – Hortas & Jardins Ecológicos

Tendo em consideração a tipologia dos seus produtos e o setor de atividade em

que se insere (para além do projeto inicialmente idealizado pela sua administração), a

Plantit mostrou, desde a fase inicial da sua atividade, vontade de seguir a via da

internacionalização. No entanto, numa perspetiva gradual do seu crescimento, tornou-se

relevante a tentativa de afirmação da empresa e da marca no panorama da agricultura

urbana e biológica em Portugal. Tal facto iria permitir não só o seu crescimento orgânico,

como também uma difusão da marca que lhe conferisse uma estabilidade e capacidade

financeira que propiciassem a internacionalização. Quanto a este aspeto, o caminho

encontra-se ainda longe de chegar a um bom porto, necessitando a empresa de,

porventura, redefinir a sua estratégia de abordagem a novos parceiros, bem como a

estratégia de comercialização dos seus produtos.

Porém, analisando os seus pontos fortes, observamos a conjugação de um rol de

elementos capazes de proporcionar essa mesma afirmação no mercado nacional. Desde

logo, o fomento de hábitos de vida e alimentação saudável, através da oferta de produtos

inovadores no mercado. Tal oferta, complementada com atividades de formação/ação

para diversos públicos-alvo, confere elementos capazes de captar a atenção para uma cada

vez maior consciencialização ecológica da população.

Numa segunda fase, tais forças podem traduzir-se em oportunidades, se tivermos

em linha de conta que o setor agrícola é cada vez mais um setor em expansão a nível

51

nacional e internacional, consequência do aumento da procura por parte dos

consumidores. Também os crescentes nível de poluição verificados nas últimas décadas

trazem atualmente à discussão uma defesa cada vez mais intensa de questões como a

ecologia ou a sustentabilidade, matérias fundamentais para a própria saúde das

populações e, em última instância, dos próprios consumidores.

Porém, quer estas forças quer estas oportunidades deverão ser analisadas à luz de

um conjunto de pontos fracos evidenciados pela empresa (e que podem constituir

barreiras ao seu processo de internacionalização). Uma dessas barreiras poderá ser, desde

logo, a limitação de recursos (financeiros e humanos) para abarcar as exigências diárias

e permanentes de um processo de internacionalização. A montante deste facto encontra-

se, por isso, uma ausência de um planeamento pré-definido para essa mesma

internacionalização.

Desta forma, as fraquezas evidenciadas pela empresa acarretam consigo ameaças

ao próprio processo de internacionalização, desde logo pela existência de uma forte

concorrência no setor agrícola em mercados internacionais. Do ponto de vista do

reconhecimento, uma empresa e/ou marca que pretenda entrar no quotidiano e no

imaginário dos consumidores necessita invariavelmente de dar-se a conhecer ao público.

Neste aspeto, a Plantit encontra outra das suas lacunas, uma vez que não apresentou até

ao presente uma estratégia de marketing concertada e permanente, além da sua divulgação

em redes sociais (contando até à data com cerca de 13.865 seguidores, número observado

no dia 22 de outubro de 2014).

Se analisarmos algumas das ameaças que hipoteticamente se assumirão como

relevantes no seguimento de todo este processo de conquista do mercado doméstico e de

entrada em mercados internacionais, é necessário abordar de uma forma mais

pormenorizada a pouca capacidade de competitividade da empresa em termos de

Marketing Mix:

• Produto - apesar de a Plantit pautar os seus produtos pela conjugação de

componentes como a sustentabilidade, a funcionalidade e o design, não

apresentou no mercado aquando da sua criação um conceito totalmente

inovador.

• Preço - todas as exigências por detrás do conceito assumido pela Plantit

acarretam consigo maiores custos de produção. Em virtude desse

52

direcionamento para a questão da sustentabilidade, o aumento dos custos de

produção levam a que a empresa deva posicionar-se num segmento de

mercado no qual os consumidores estejam dispostos a pagar um valor mais

alto pelos seus produtos.

• Promoção - se analisarmos aquilo que são as práticas B2C (Business-to-

consumer) no que diz respeito à publicidade, o investimento da Plantit é

inexistente em termos de televisão, rádio ou imprensa escrita. A divulgação

da marca e dos seus produtos é levada a cabo por via de uma atualização de

redes sociais. A estratégia passa não apenas por potencializar o seu sítio na

internet e a sua loja online, mas também por divulgar e publicitar os pontos

de venda onde os consumidores poderão encontrar os produtos Plantit.

Relativamente a uma abordagem B2B (Business-to-business), a empresa

participou já em feiras nacionais da especialidade, não tendo ainda marcado

presença em nenhum certame internacional deste tipo.

• Distribuição - na medida em que a Plantit não possui uma presença

consolidada no mercado, não foi definida ainda uma estratégia de abertura

de canais de distribuição próprios, sendo por isso objetivo a venda dos seus

produtos em lojas direcionadas para o seu segmento de mercado alvo.

No que concerne à evolução de uma empresa incubada podemos aferir que,

precisamente em finais de 2013, a Plantit se aproximava a passos largos da transição entre

a fase de graduação e a fase em que se tornaria uma empresa associada, neste caso do

Instituto Empresarial do Minho. Tal horizonte temporal, obviamente ajustável caso a

empresa não possuísse ainda condições para tal, levaram a gerência da Plantit a ponderar

uma série de decisões estratégicas sobre o seu futuro, entre as quais o início de uma aposta

estruturada na internacionalização.

Assim, uma primeira abordagem desenvolvida no estágio curricular revestiu-se de

grande pertinência pelo facto de permitir o início da realização de um estudo que

permitisse a criação um plano de internacionalização ajustado ao perfil e às necessidades

da empresa.

53

Pontos Fortes:

• Produção 100% nacional;

• Consciência e métodos ecológicos;

• Formação-ação;

• Fomento de melhores hábitos de

qualidade de vida;

• Produtos e soluções inovadoras no

mercado, principalmente pelo seu design,

funcionalidade e capacidade de adaptação

a variados espaços;

• Contributo para uma harmonia paisagista

e ambiental;

• Consciência da necessidade de

contratação de recursos humanos

qualificados para a internacionalização;

• Missão e visão da empresa bem definidos.

Pontos Fracos:

• Ausência de um objetivo comum,

transversal a todos os colaboradores da

empresa, e que mobilize conjuntamente

todos os esforços para o seu alcance,

respeitando as funções de cada um;

• Pouca disponibilidade de recursos para

aposta na internacionalização;

• Ausência de recursos humanos

qualificados em matéria de

internacionalização;

• Ausência de planeamento definido para o

processo de internacionalização;

• Ausência de contato com agências

nacionais de apoio ao comércio externo;

• Fraca capacidade de investimento em

comunicação e imagem (promoção da

marca e dos seus produtos);

• Empresa ainda não conquistou de uma

forma sustentada o mercado nacional.

Oportunidades:

• Setor agroalimentar em expansão a nível

nacional e internacional;

• Aumento da procura por parte dos

consumidores no setor;

• Forte apelo para as práticas de agricultura

biológica na atualidade;

• Segmento da ecologia e sustentabilidade

em franco crescimento a nível nacional e

internacional;

• Forte interesse demonstrado por

consumidores em mercados

internacionais.

Ameaças:

• Forte concorrência no setor em mercados

internacionais;

• Pouca capacidade de competição da

empresa em termos de Marketing Mix;

• Crescente popularidade de segmentos

como a sustentabilidade acarreta consigo

um número cada vez maior de empresas

nesse mesmo segmento, o que pode

colocar maiores dificuldades à entrada de

uma empresa recente e com poucos

recursos como a Plantit em mercados

internacionais.

Tabela 4: Análise SWOT à Plantit - Hortas & Jardins Ecológicos.

Fonte: autor.

54

4.6. Análise de Concorrência

Com vista a uma melhor definição do posicionamento da Plantit torna-se

importante realizar uma análise de marcas concorrentes. Aqui, é entendida como uma

marca concorrente aquela que baseia o seu campo de atuação na defesa de vetores como

a ecologia, a sustentabilidade e a promoção de hábitos de vida saudável, tendo também

bem patentes nos seus produtos práticas de agricultura biológica. É também através do

estudo de marcas concorrentes que conseguimos de uma forma mais concreta

compreender quais os elementos que tornam uma empresa diferenciada no mercado,

contribuindo de forma mais eficiente para esse posicionamento da marca.

Desta forma, foram analisadas as seguintes marcas concorrentes: Life in a Bag,

_Stufa e VegTrug. A escolha de tais marcas derivou das atividades de prospeção levadas

a cabo ao longo do estágio curricular, através de desk researches (pesquisa de dados

secundários). Por outro lado, é relevante ressalvar que, quer a Life in a Bag, quer a _Stufa

são empresas nacionais, ao passo que a VegTrug tem origem no Reino Unido.

4.6.1. Life in a Bag

Figura 5: Logotipo da Life in a Bag.

Fonte: http://www.lifeinabag.pt

“Quando oferece um presente Life in a bag, está a gerar um compromisso com

quem o recebe, e com a natureza! Está a oferecer Vida!”

Fonte: (Life in a Bag, s.d.).

Life in a Bag é uma empresa portuguesa com sede em Vila Nova de Famalicão.

Este projeto pretende afirmar-se como inspirador e incentivador no que diz respeito ao

cultivo dos próprios alimentos por parte dos consumidores em suas casas, inclusivamente

55

em espaços reduzidos e através de meios e materiais reutilizáveis. A Life in a Bag oferece

produtos que permitem aos seus consumidores a criação, por exemplo, de uma horta de

ervas aromáticas ou de microvegetais biológicos dentro das suas próprias habitações.

Fonte: autor.

Esta empresa, para além da sua própria loja online, possui também os seus

produtos em quatro outras lojas online nacionais e parcerias com outras trinta e oito lojas

físicas em Portugal Continental e Arquipélago da Madeira, para o comércio dos seus

produtos, de entre as quais se destacam não só espaços dedicados à agricultura biológica,

mas também espaços dedicados ao design, à restauração, à consultoria e à divulgação de

produtos “made in Portugal”. Relativamente aos mercados externos, a marca possui oito

parceiros no mercado belga, para a venda dos seus produtos.

4.6.2. _Stufa

Fonte: http://stufaconcept.com

“It merges health and sustainability by promoting a decorative and yet useful product - a

hobby can lead to learning.”

Fonte: (_Stufa, s.d.).

Natureza

OriginalidadeDesign

Figura 6: Vetores da Life in a Bag.

Figura 7: Logotipo da _Stufa.

56

A _Stufa é uma empresa portuguesa, com sede em Lisboa, que se assume como

elemento facilitador da vida dos consumidores por dois motivos essenciais: por um lado,

porque os produtos _Stufa concentram em si aspetos que geralmente se encontram

dispersos por diversos livros técnicos (jardinagem, culinária, saúde, história, entre

outros); por outro, porque os produtos _Stufa combatem a frustração dos consumidores

que não conseguem manter as ervas aromáticas vivas em suas casas ou quando são

“obrigados” a deslocarem-se ao supermercado para adquirirem ervas aromáticas e

constatam que após a utilização de apenas uma parte das mesmas o restante acaba por

morrer e/ou ultrapassar o prazo de validade.

Esta empresa, para além da sua própria loja online e de um showroom (salão de

exposições) disponível para visita por marcação prévia, possui também parcerias para a

venda dos seus produtos em outras trinta e três lojas físicas em Portugal Continental e

Arquipélago da Madeira, de entre as quais se destacam não só espaços dedicados ao

design, à hotelaria e aos produtos designados gourmet, ou espaços comerciais, como a

FNAC. Relativamente aos mercados externos, a marca possui um parceiro no mercado

francês, para a venda e divulgação dos seus produtos, na cidade de Megeve.

Tabela 5: Matriz dos produtos _Stufa.

Fonte: autor.

Kit

sco

m in

form

ação

co

mp

acta

par

a:

Plantar

Manter

Colher e usar Ervas Aromáticas

57

4.6.3. VegTrug

Fonte: http://www.vegtrug.com

“See what you can grow!”

Fonte: (VegTrug, s.d.).

A VegTrug é uma marca britânica, com sede em Colchester, nos arredores de

Londres. O conceito subjacente à VegTrug é traduzido por hortas sobrelevadas que

permitem aos consumidores cultivarem os seus próprios vegetais em locais com espaços

reduzidos, seja em interiores ou varandas, entre outros. Além de toda a oferta de produtos,

que passa por diversos tipos e tamanhos de hortas sobrelevadas, a VegTrug dispõe de um

extenso manual de aconselhamento e de uma aplicação móvel capaz de auxiliar

eficazmente os consumidores durante os seus processos de cultivo.

Figura 9: Objetivos da Veg Trug.

Fonte: http://www.vegtrug.com

Figura 8: Logotipo da Veg Trug.

Know what

you're eating

Satisfaction

Try new foods

Grow your own

drugs

58

A VegTrug é uma marca amplamente reconhecida, tendo uma presença bastante

forte no seu mercado doméstico (com os seus produtos à venda em duzentos e sessenta e

três pontos de venda de parceiros comerciais). A nível internacional conta com um vasto

conjunto de parceiros na comercialização dos seus produtos, espalhados por toda a Europa

(inclusivamente em Portugal), Estados Unidos da América, Canada, Austrália, Nova

Zelândia, Japão e Israel.

4.7. Trabalho desenvolvido no Estágio Curricular

4.7.1. Mercados Externos

Numa fase embrionária do estágio curricular foi debatido entre o estagiário e a

administração da empresa os moldes sob os quais as tarefas na área dos negócios

internacionais se iriam desenvolver, uma vez que, à data, a Plantit apenas tinha levado a

cabo duas abordagens oportunistas a mercados internacionais – Brasil e EUA. A escolha

destes mercados deveu-se essencialmente:

Ao elevado interesse por parte do público brasileiro nas soluções comerciais

da empresa, demonstrado através de um elevado número de pedidos de

informação comercial;

À possibilidade de se estabelecer uma parceria com um agente comercial nos

EUA, fruto de uma rede de contactos comuns.

A falta de disponibilidade para um acompanhamento sistemático destes processos,

assim como a diminuta confiança por parte da administração para, à data, arriscar na

exportação (fruto da falta de conhecimento sobre os restantes intervenientes no processo)

levaram a que tais incursões se tenham revelado infrutíferas. Dessa forma, foi estipulado

que seria necessário e fundamental a realização de um trabalho de base no contexto do

estágio curricular, capaz de nortear o rumo da expansão internacional da empresa nos

próximos meses ou, eventualmente, anos. Dessa forma, começou por ser analisado o

trabalho desenvolvido previamente pela administração da Plantit nessas abordagens aos

mercados brasileiro e americano, tentando compreender-se todo o processo desde que se

iniciaram as conversações até ao rompimento das mesmas.

59

4.7.1.1. Instrumentos de Apresentação da Empresa

Logo à partida surgiu a necessidade de criação de uma apresentação formal da

empresa em língua estrangeira, capaz de ser enviada para uma futura base de contatos

internacionais. Esta apresentação, de uma forma sucinta, conta com a descrição da

empresa, a sua missão e visão, o seu âmbito de negócio, produtos para comercialização e

contactos. Todos estes elementos foram compilados num catálogo online, disponível para

consulta à distância de um clique.

Figura 10: Capa do documento de apresentação da Empresa em Inglês.

Fonte: autor.

Outro aspeto que não pôde ser descurado prendeu-se com a existência de vídeos

de apresentação dos produtos, que necessitaram da indispensável tradução para língua

estrangeira (caso dos vídeos já existentes à data) ou mesmo a sua criação de raiz para

aqueles que não o possuíam. Tal se verteu num complemento bastante eficaz à

apresentação da empresa, e na consequente disponibilização dos vídeos em plataformas

oficiais de partilha de conteúdos, neste caso o Youtube.

A par das tarefas elencadas, foi também iniciado um contacto por parte do

estagiário com a AICEP Portugal Global, Agência para o Investimento e Comércio

Externo de Portugal, com vista à inscrição da empresa na BDON – Base de Dados de

Oferta Nacional, processo que se iniciou no dia 9 de outubro de 2013. O registo nessa

base de dados por parte de empresas nacionais é gratuito e mutuamente vantajoso, uma

60

vez que permite à AICEP conhecer melhor os seus parceiros e também dá às empresas a

possibilidade de receberem regularmente informações que especificamente lhes poderão

interessar, passando estas a usufruir dos seguintes benefícios:

• “Receber gratuitamente por e-mail oportunidades de negócio (oportunidades

comerciais, concursos e projetos internacionais, oportunidades de cooperação

empresarial) referentes aos respetivos produtos e/ou serviços para exportação

e por mercados de interesse, recolhidas pela AICEP junto de diversas fontes

de informação;

• Passar a constar automaticamente e de forma gratuita nos sítios nacional e

internacional da AICEP;

• Ficar incluída nas listagens que são enviadas a potenciais clientes estrangeiros

que regularmente contactam a AICEP em Portugal e na sua Rede no

estrangeiro.”

Fonte: AICEP, Portugal Global (2013).

Para esse fim, foi preenchida uma ficha de inscrição com os dados detalhados de

identificação da empresa, apresentação e descrição de produtos e serviços para exportação

(no caso da Plantit, os serviços não se aplicam em matéria de internacionalização),

enumeração de marcas e certificações da empresa, elencagem de mercados e tipologias

de oportunidades de negócio de interesse para a empresa.

Para alcançar um correto preenchimento de todos estes requisitos, e uma vez que

a Plantit ainda não tinha executado uma exportação formal de produtos para mercados

internacionais, foi necessário definir quais os códigos pautais dos produtos que a empresa

pretendia exportar, neste caso o “Kit Plantit” e o “Pack PlantitYoursellf”. Para isso, foi

estabelecido um contacto com a Autoridade Tributária e Aduaneira, na figura da Divisão

de Nomenclatura e Gestão Pautal da Direção de Serviços de Tributação Aduaneira, a fim

de obter um apoio para a definição dos códigos pretendidos. Dadas as especificidades dos

produtos oferecidos pela empresa, foram determinados os seguintes códigos pautais:

i. Mesa de Cultivo (Kit Plantit) – atribuição do código pautal 7616.99.90.

Principais características do produto:

• Estrutura de suporte em alumínio anodizado e vaso têxtil;

61

• Malha geotêxtil para promover a separação entre a argila expandida e o

substrato;

• Vaso disponível nas cores preto e cinza;

• Dimensões e capacidade: forma quadrada, 70x70 cm (área de cultivo

aproximada a 0,5m2);

• Volume: 70l (10l de argila expandida e 60l de substrato de cultivo);

• Um sistema de fácil montagem, sem necessidade adicional de processos

de encaixe (a montagem não exige a utilização de qualquer tipo de

ferramenta).

Fonte: autor.

ii. Pack de Experiência em Agricultura Biológica para crianças (Pack

PlantitYourself) – atribuição do código pautal 1209.91.90. Principais

características do produto:

• Sementes biológicas nas variedades capuchinha ou ervilha;

• Discos com substrato desidratado para germinação;

• Vaso biodegradável;

• Suporte para varanda/parede;

Figura 11: Oferta de produtos Plantit para exportação.

62

• Conselhos práticos para semear, cultivar e saborear (contém receita

destacável);

• Plataforma online disponível com informações adicionais sobre cultivo,

reciclagem, reutilização de materiais e sugestões culinárias.

Em suma, todo este processo foi concluído com a inscrição efetiva da Plantit na

BDON no dia 20 de novembro de 2013.

Relativamente ao “Pack PlantitYourself”, o início do período de estágio coincidiu

precisamente com a finalização da conceção deste novo produto Plantit. À semelhança

do que a própria designação sugere, este é um produto eminentemente exportável, pelo

que apenas se encontrava em falta a sua tradução para um idioma internacionalmente

reconhecido - neste caso, o idioma escolhido foi o inglês -, tarefa assumida pelo

estagiário.

Figura 12: Instruções de Montagem do "Pack PlantitYourself".

Fonte: autor.

Um dos elementos diferenciadores deste produto prende-se com a criação de uma

plataforma online, gerida pela Plantit, onde as crianças tenham a oportunidade de

encontrar conselhos úteis relacionados com o próprio produto, tais como:

• Conselhos práticos relativos ao cultivo;

• Sugestões de utilização culinária;

• Ideias práticas sobre reciclagem e compostagem, entre outras temáticas;

• Espaço destinado à partilha de dúvidas.

63

A criação desta plataforma ficou a cargo do estagiário, tendo sido gerida e

aperfeiçoada ao longo dos três meses de estágio, a partir da organização de conteúdos

disponibilizados pela empresa, da cobertura de ações e eventos realizados e da pesquisa

de informações complementares que auxiliassem a partilha de informação.

4.7.1.2. Pesquisa e Seleção de Mercados

Finda a aglomeração dos elementos necessários para uma apresentação fidedigna

e concertada da empresa e dos seus produtos nos mercados internacionais, assim como a

necessária tradução de todos os seus elementos, iniciou-se a pesquisa exploratória de

mercados internacionais, na tentativa de constatar quais os que melhor se enquadravam

nas necessidades comerciais da empresa. Aqui, o estagiário contou com o auxílio bastante

pertinente dos serviços de consultoria em matéria de internacionalização,

disponibilizados à Plantit no âmbito do seu processo de incubação no Instituto

Empresarial do Minho (IEM).

Desta forma, e depois da realização de duas reuniões exploratórias entre a

administração da empresa, a equipa de consultoria internacional e o estagiário, foram

definidos os mercados sobre os quais iria recair a análise e sobre os quais o estagiário

procedeu à recolha de dados: Luxemburgo, Suécia, Reino Unido, Suíça, EUA, Bélgica,

Brasil, Polónia, Alemanha, Holanda e França.

A escolha destes mercados deveu-se a fatores de índole socioeconómica e/ou

baseados na sensibilidade e experiência dos intervenientes neste processo de seleção, tais

como:

• Brasil e EUA, pelas abordagens oportunistas já realizadas pela empresa e, no

caso concreto do Brasil, pelo constante interesse demonstrado por cidadãos

brasileiros nas soluções comerciais da empresa;

• Reino Unido, Holanda e Suécia, pelo seu perfil eminentemente ecológico,

numa clara aposta em tecnologia eco sustentável; no entanto, nestes mercados,

a concorrência nesta área de negócio é bastante elevada;

• Países do Belux – Bélgica e Luxemburgo –, pelo seu perfil multicultural, pelo

seu clima, que leva a uma necessidade de adaptação de cultivos (níveis de

64

sazonalidade acentuados) e pela necessidade de criação de soluções

diferenciadas que permitam ultrapassar esses condicionalismos;

• França e Alemanha pela sua capacidade económico-financeira, tradição

tecnológica e existência de um perfil de consumidor sensível a hábitos de vida

e alimentação saudáveis.

• Suíça e Polónia pela sua aproximação ao território francês e alemão,

respetivamente, o que poderia originar um canal privilegiado para a difusão

de produtos, não deixando de ter em consideração que a Suíça não faz parte

da União Europeia e que a Polónia não faz parte da Zona Euro.

Finda esta fase de seleção dos mercados foram desencadeadas todas as pesquisas

necessárias para a enumeração dos indicadores a ter em conta nesta análise, também aqui

numa decisão que envolveu os anteriores intervenientes: administração, equipa de

consultoria e estagiário. A escolha desta metodologia para análise de mercados deveu-se

à aplicação da experiência prática da equipa de consultoria (no entanto, após este período

preliminar de tomada de decisões, todo o trabalho foi desenvolvido pelo estagiário).

Desse debate resultaram indicadores macroeconómicos, indicadores específicos para o

setor de atividade da empresa e indicadores segundo a própria sensibilidade da

administração da mesma. Assim, foram concertados os seguintes indicadores e

ponderações para análise:

Indicador Ponderação

Posição ocupada pelo país no Ranking Mundial do PIB 2012 10%

Taxa Média de Crescimento do PIB (2010-2012) 5%

Distância Geográfica entre Capitais (quilómetros) 3%

Taxa de Cobertura de Risco 5%

Proximidade Cultural entre Portugal e o país em questão 4%

Proximidade Linguística 5%

Importância do Mercado 10%

Volatilidade da Taxa de Câmbio (Referente a 3 Meses) 6%

Índice de Corrupção (Corruption Perception Index) 4%

Índice de Facilidade para Fazer Negócios (valores de 2013) 5%

Tempo Estimado para Começar um Negócio (valores de 2013) 3%

Custo de Transporte de um Contentor 20" (rodoviário ou marítimo) 10%

Custo de Envio de 1 Unidade com a denominação pautal 1209.91.90 (€) 1%

Custo de Envio de 1 Unidade com a denominação pautal 7616.99.00 (€) 1%

Importação total de artigos com a denominação pautal 1209.91.90 em 2012 ($) 2%

Importação total de artigos com a denominação pautal 7616.99.00 em 2012 ($) 2%

65

(Continuação)

Exportação total de artigos com a denominação pautal 1209.91.90 em 2012 ($) 5%

Exportação total de artigos com a denominação pautal 7616.99.00 em 2012 ($) 5%

Saldo (Exp – Imp) de artigos com a denominação pautal 1209.91.90 em 2012 ($ 3%

Saldo (Exp – Imp) de artigos com a denominação pautal 7616.99.00 em 2012 ($) 3%

Grau de Existência de Políticas Verdes no país 4%

Fator Clima 4%

Tabela 6: Relação entre indicadores e ponderações para análise de mercados.

Fonte: autor.

Para uma melhor compreensão das razões que estiveram na origem da opção por

estes indicadores, explanam-se de seguida as suas motivações:

• Posição ocupada pelo país no Ranking Mundial do PIB: enquadramento do

valor anual do Produto Interno Bruto (ano de 2012) do país em análise

segundo um ranking por ordem decrescente;

• Taxa média de crescimento do PIB: cálculo da média de crescimento do

Produto Interno Bruto entre 2010 (ano da criação da Plantit) e 2012 (dado

oficial mais recente à data da realização da pesquisa);

• Distância geográfica entre capitais nacionais: calculada em quilómetros,

reveste-se de importância no processo de análise do transporte de mercadorias;

• Taxa de Cobertura de Risco: avalia os potenciais riscos que o país apresenta

ao submeter-se a cenários de mudança, e em particular a deteriorar-se,

rapidamente, devido à ação direta do governo, de atividades comerciais ou de

outros grupos com poder de decisão;

• Proximidade cultural entre Portugal e o país em análise: análise realizada

através do estudo das dimensões de cultura nacionais de Hofstede (distância

ao poder, individualismo versus coletivismo, masculinidade versus

feminilidade, aversão à incerteza, e orientação para o longo prazo);

• Proximidade linguística: tendo em consideração as línguas oficiais de cada

mercado em análise e os idiomas falados pelos recursos humanos da empresa,

precavendo possíveis riscos de falta de comunicação em contactos posteriores;

• Importância do mercado: indicador baseado na sensibilidade dos

intervenientes no processo de pesquisa e seleção de mercados, com especial

enfoque na perspetiva da administração da Plantit;

66

• Volatilidade da taxa de câmbio: indicador de relevo nesta análise,

considerando que existem diversas circunstâncias em que a volatilidade da

taxa de câmbio é decisiva, incluindo transações comerciais entre partes de dois

países diferentes e investimentos internacionais;

• Índice de Corrupção: com base nos dados disponibilizados pela

“Transparency International”, são ordenados os países em análise segundo a

captação das opiniões informadas dos analistas, empresários e especialistas de

outros pontos do globo;

• Índice de facilidade para fazer negócios: com base em dados da plataforma

“Doing Business”, os países são classificados mediante a facilidade de neles

se celebrarem negócios. Uma boa classificação no índice significa que o

ambiente regulatório é mais propício para o estabelecimento de uma empresa.

A classificação para todas as economias data de junho de 2013;

• Tempo estimado para começar um negócio: com base em dados da plataforma

“Doing Business”, é estimado o tempo médio necessário para o início efetivo

de uma atividade comercial, sendo os países classificados de acordo com a sua

celeridade ou morosidade. A classificação para todas as economias data de

junho de 2013;

• Custo de transporte de um contentor 20": é assumido o valor do contentor

completo, incluindo todas as despesas inerentes ao seu transporte, desde o

ponto de origem até ao terminal de embarque, neste caso Leixões ou Sines;

• Custo de envio de uma unidade de produto: relevante na medida em que Plantit

apresenta uma loja online disponível em inglês e não é feita referência a um

valor mínimo para que uma encomenda possa ser enviado para o estrangeiro;

• Importação total de artigos: pesquisa do valor total de importações oriundas

do país em análise para Portugal, para cada uma das categorias de produtos

definidas pelos códigos pautais atribuídos pela Autoridade Tributária e

Aduaneira;

• Exportação total de artigos: pesquisa do valor total de exportações oriundas

em Portugal e que tenham como destino o país em análise, para cada uma das

categorias de produtos definidas pelos códigos pautais atribuídos pela

Autoridade Tributária e Aduaneira;

67

• Saldo (exportação – importação) de artigos com a denominação pautal:

balanço entre as importações oriundas do país em análise tendo como destino

Portugal e vice-versa, para cada uma das categorias de produtos definidas

pelos códigos pautais atribuídos pela Autoridade Tributária e Aduaneira;

• Grau de existência de políticas verdes: pesquisa de eventual legislação,

incentivos ou barreiras que facilitem ou dificultem a aceitação dos produtos

Plantit no país em análise;

• Fator clima no país em análise: questões como a temperatura ou os níveis de

humidade, que condicionam a climatização dos espaços-alvo para instalação

dos produtos Plantit, podem influenciar os processos de tomada de decisão dos

consumidores aquando da escolha dos seus produtos.

Também relativamente a esta organização de indicadores optou-se por uma

distribuição de ponderações (necessárias para o processo de tratamento e análise de

dados) de acordo com as diretrizes da empresa. Considerando que esta seleção de

mercados foi projetada com o objetivo de ser colocada em prática, tornou-se de todo

conveniente que também tivesse por base os interesses e as perceções da sua

administração. Assim, foi dada uma maior enfase a aspetos, tais como: (i) o peso do

Produto Interno Bruto (PIB), (ii) a importância atribuída a cada mercado pela

administração; e (iii) aspetos logísticos (como o custo de transporte de mercadoria em

contentor 20’’ para os mercados em questão). Para estes itens foi atribuída uma

ponderação de 10% (cada), sendo que o conjunto de todos os indicadores perfez um total

de 100%.

Toda esta pesquisa gerou a recolha de dados quantitativos, que numa fase

posterior foram elencados nas seguintes tabelas, tendo em consideração as seguintes

diretrizes:

• Salvo valores monetários, todos os restantes valores são apresentados com

duas casas decimais;

• Caso as fontes de pesquisa utilizadas não apresentassem um valor para algum

dos indicadores estipulados para análise (exemplo: valor referente a

importações/exportações não disponível) seria assumido o valor “0,010”, de

forma a conseguir realizar uma estimativa.

68

Indicador Reino Unido França Suécia Holanda Bélgica Luxemburgo

Posição ocupada pelo país no

Ranking Mundial do PIB 9 10 35 24 33 100

Taxa média de crescimento do

PIB (%) 0,97 1,13 3,77 0,57 1,33 1,57

Distância geográfica entre

capitais (Km) 2179 1736 3601 2234 2038 2155

Taxa de cobertura de risco (%) 32 47 6 22 30 3

Proximidade cultural -1,0 10,4 -19,8 -5,2 14,2 -7,0

Proximidade linguística 4 3 4 4 3 3

Importância do mercado 5 5 3 4 4 4

Volatilidade da taxa de câmbio 6 0,001 8 0,001 0,001 0,001

Índice de corrupção 74 71 88 84 75 80

Índice de facilidade para fazer

negócios 10 38 14 28 36 60

Tempo estimado para começar

um negócio 28 41 61 14 49 103

Custo de transporte de um

contentor 20" (€ ) 2600,00 1800,00 4050,00 1950,00 1850,00 1850,00

Custo de envio de 1 unidade

com a denominação pautal

1209.91.90 (€ )

24,90 19,50 30,40 22,20 22,20 24,90

Custo de envio de 1 Unidade

com a denominação pautal

7616.99.00 (€ )

24,90 19,50 30,40 22,20 22,20 24,90

Importação total de artigos

com a denominação pautal

1209.91.90 (M$)

1787,40 2843,19 10,09 3029,40 191,48 0,00

Importação total de artigos

com a denominação pautal

7616.99.00 (M$)

1472,85 3705,80 559,19 622,09 419,10 800,00

Exportação total de artigos

com a denominação pautal

1209.91.90 (M$)

65,15 49,55 0,010 13,39 121,43 117,00

Exportação total de artigos

com a denominação pautal

7616.99.00 (M$)

1651,37 18409,77 186,72 1423,84 1329,87 134,00

Saldo (Exp – Imp) de artigos

com a denominação pautal

1209.91.90 (M$)

-1722,25 -2793,64 -10,09 -3016,01 -70,05 117,00

Saldo (Exp – Imp) de artigos

com a denominação pautal

7616.99.00 (M$)

178,52 14703,97 -372,47 801,75 910,77 -666,00

Grau de existência de políticas

verdes 4 3 3 4 4 4

Fator clima 3 3 3 3 3 3

69

(Continuação)

Indicador Polónia Brasil Suíça Alemanha EUA

Posição ocupada pelo país no

Ranking Mundial do PIB 22 8 37 6 2

Taxa média de crescimento do

PIB (%) 3,40 3,70 1,97 2,60 2,13

Distância geográfica entre

capitais (Km) 3314 7385 2003 2780 5744

Taxa de cobertura de risco (%) 37 57 4 9 26

Proximidade cultural 12,2 8,4 3,0 1,8 2,6

Proximidade linguística 2 5 2 2 4

Importância do mercado 3 3 4 3 3

Volatilidade da taxa de câmbio 4 11 3 0,001 6

Índice de corrupção 58 43 86 79 73

Índice de facilidade para fazer

negócios 45 116 29 21 4

Tempo estimado para começar

um negócio 116 123 104 111 20

Custo de transporte de um

contentor 20" (€ ) 3600,00 1654,20 2330,00 2800,00 1777,33

Custo de envio de 1 unidade

com a denominação pautal

1209.91.90 (€ )

257,63 278,86 101,73 19,50 154,60

Custo de envio de 1 Unidade

com a denominação pautal

7616.99.00 (€ )

257,63 278,86 101,73 19,50 154,60

Importação total de artigos

com a denominação pautal

1209.91.90 (M$)

214,36 3,29 0,00 2215,88 1559,97

Importação total de artigos

com a denominação pautal

7616.99.00 (M$)

34,29 345,67 170,64 6694,02 426,08

Exportação total de artigos

com a denominação pautal

1209.91.90 (M$)

0,00 31,62 0,00 523,18 70,63

Exportação total de artigos

com a denominação pautal

7616.99.00 (M$)

920,52 326,42 347,46 35474,21 3344,53

Saldo (Exp – Imp) de artigos

com a denominação pautal

1209.91.90 (M$)

-214,36 28,33 0,00 -1692,70 -1489,34

Saldo (Exp – Imp) de artigos

com a denominação pautal

7616.99.00 (M$)

886,23 -19,25 176,82 28780,19 2918,45

Grau de existência de políticas

verdes 3 2 4 3 3

Fator clima 2 4 3 3 3

70

Tabela 7: Recolha de dados quantitativos relativos aos indicadores selecionados para análise de mercados.

Fonte: autor; dados recolhidos a partir de: (Transparency International, 2012; Central Intelligence Agency,

2013; Maplecroft, 2013; World Bank Group, 2013; United Nations Commodity Trade Statistics Database,

2013; The Hofstede Centre, 2013).

Após a pesquisa e recolha de todos os elementos quantitativos em cima

compilados (em formato Microsoft Excel) procedeu-se ao seu tratamento de forma a

homogeneizar e ponderar os dados obtidos, num processo também semelhante àquilo que

é o trabalho desenvolvido pela empresa de consultoria no seu quotidiano (e no que aos

estudo e seleção de mercados diz respeito).

Para tal foi necessário compreender, relativamente a cada um dos indicadores em

questão, qual o valor que seria uma referência a considerar. Por outras palavras, foi

necessário perceber se para determinado indicador, o valor ótimo a ter em conta seria o

máximo ou o mínimo de entre os valores apresentados por cada um dos mercados em

análise. Por exemplo, definida uma escala de 1 a 5 para estimativa da importância de cada

mercado para a Administração, o valor 5 seria aquele que maior importância teria para a

mesma.

A partir da definição destes importantes pormenores da análise, procedeu-se à

homogeneização propriamente dita. Para cada indicador e para cada mercado em análise,

foi feita a divisão do valor indicativo de cada mercado pelo valor (máximo ou mínimo)

considerado em cada indicador:

Reino

Unido França Suécia Holanda Bélgica Luxemburgo Suíça Alemanha Polónia Brasil EUA Total

0,22 0,20 0,06 0,08 0,06 0,02 0,05 0,33 0,09 0,25 1,00 1,00

0,26 0,30 1,00 0,15 0,35 0,42 0,52 0,69 0,90 0,98 0,56 1,00

0,80 1,00 0,48 0,78 0,85 0,81 0,87 0,62 0,52 0,24 3,31 1,00

1,78 1,21 9,50 2,59 1,90 19,00 14,25 6,33 1,54 1,00 0,46 1,00

19,80 -1,90 1,00 3,81 -1,39 2,83 -6,60 -11,00 -1,62 -2,36 -0,13 1,00

0,50 1,00 0,75 0,75 1,00 1,00 1,50 1,50 1,50 0,60 0,75 1,00

1,00 1,00 0,60 0,80 0,80 0,80 0,80 0,60 0,60 0,60 1,67 1,00

0,00 1,00 0,00 1,00 1,00 1,00 0,00 1,00 0,00 0,00 0,00 1,00

0,58 0,61 0,49 0,51 0,57 0,54 0,50 0,54 0,74 1,00 1,70 1,00

0,40 0,11 0,29 0,14 0,11 0,07 0,14 0,19 0,09 0,03 1,00 1,00

0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,00

0,64 0,92 0,41 0,85 0,89 0,89 0,71 0,59 0,46 1,00 1,07 1,00

0,78 1,00 0,64 0,88 0,88 0,78 0,19 1,00 0,08 0,07 7,93 1,00

0,78 1,00 0,64 0,88 0,88 0,78 0,19 1,00 0,08 0,07 7,93 1,00

71

(Continuação)

Reino

Unido França Suécia Holanda Bélgica Luxemburgo Suíça Alemanha Polónia Brasil EUA Total

0,59 0,94 0,00 1,00 0,06 0,00 0,00 0,73 0,07 0,00 0,51 1,00

0,22 0,55 0,08 0,09 0,06 0,12 0,03 1,00 0,01 0,05 0,06 1,00

0,12 0,09 0,00 0,03 0,23 0,22 0,00 1,00 0,00 0,06 0,13 1,00

0,05 0,52 0,01 0,04 0,04 0,00 0,01 1,00 0,03 0,01 0,09 1,00

-14,72 -23,88 -0,09 -25,78 -0,60 1,00 0,00 -14,47 -1,83 0,24 -12,73 1,00

0,01 0,51 -0,01 0,03 0,03 -0,02 0,01 1,00 0,03 0,00 0,10 1,00

1,00 1,00 1,33 1,00 1,00 1,00 1,00 1,33 1,00 2,00 0,75 1,00

1,33 1,33 1,33 1,33 1,33 1,33 1,33 1,33 2,00 1,00 0,75 1,00

Tabela 8: Processo de homogeneização de dados.

Fonte: autor.

Relativamente à ponderação dos mesmos dados (com vista ao alcance de uma

ordenação final dos mercados em análise), os valores homogeneizados na etapa anterior

foram multiplicados pela ponderação percentual atribuída a cada indicador. Isto de forma

que no final de todo este processo de análise, e feita a soma de todas as ponderações de

todos os mercados e indicadores, o valor alcançado seja igual à unidade (1), num processo

também aqui semelhante àquilo que é o trabalho desenvolvido pela empresa de

consultoria no seu quotidiano.

Reino

Unido França Suécia Holanda Bélgica Luxemburgo Suíça Alemanha Polónia Brasil EUA Total

0,02 0,02 0,01 0,01 0,01 0,00 0,01 0,03 0,01 0,03 0,10 0,10

0,01 0,01 0,05 0,01 0,02 0,02 0,03 0,03 0,05 0,05 0,03 0,05

0,02 0,03 0,01 0,02 0,03 0,02 0,03 0,02 0,02 0,01 0,10 0,03

0,09 0,06 0,48 0,13 0,10 0,95 0,71 0,32 0,08 0,05 0,02 0,05

0,79 -0,08 0,04 0,15 -0,06 0,11 -0,26 -0,44 -0,06 -0,09 -0,01 0,04

0,03 0,05 0,04 0,04 0,05 0,05 0,08 0,08 0,08 0,03 0,04 0,05

0,10 0,10 0,06 0,08 0,08 0,08 0,08 0,06 0,06 0,06 0,17 0,10

0,00 0,06 0,00 0,06 0,06 0,06 0,00 0,06 0,00 0,00 0,00 0,06

0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,03 0,04 0,07 0,04

0,02 0,01 0,01 0,01 0,01 0,00 0,01 0,01 0,00 0,00 0,05 0,05

0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,03

0,06 0,09 0,04 0,08 0,09 0,09 0,07 0,06 0,05 0,10 0,11 0,10

0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,00 0,01 0,00 0,00 0,08 0,01

0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,00 0,01 0,00 0,00 0,08 0,01

0,01 0,02 0,00 0,02 0,00 0,00 0,00 0,01 0,00 0,00 0,01 0,02

0,00 0,01 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,02 0,00 0,00 0,00 0,02

0,01 0,00 0,00 0,00 0,01 0,01 0,00 0,05 0,00 0,00 0,01 0,05

0,00 0,03 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,05 0,00 0,00 0,00 0,05

-0,44 -0,72 0,00 -0,77 -0,02 0,03 0,00 -0,43 -0,05 0,01 -0,38 0,03

72

(Continuação)

Reino

Unido França Suécia Holanda Bélgica Luxemburgo Suíça Alemanha Polónia Brasil EUA Total

0,00 0,02 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,03 0,00 0,00 0,00 0,03

0,04 0,04 0,05 0,04 0,04 0,04 0,04 0,05 0,04 0,08 0,03 0,04

0,05 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05 0,08 0,04 0,03 0,04

0,86 -0,15 0,88 -0,03 0,51 1,57 0,86 0,11 0,37 0,40 0,54 1,00

Tabela 9: Processo de ponderação de dados (com vista ao alcance de uma ordenação final dos mercados

em análise).

Fonte: autor.

No que concerne a esta análise em concreto, depois de homogeneizados e

ponderados os dados, a ordem alcançada em relação aos mercados selecionados foi a

seguinte:

1. Luxemburgo (1,57);

2. Suécia (0,88);

3. Reino Unido (0,86);

4. Suíça (0,86);

5. EUA (0,54);

6. Bélgica (0,51);

7. Brasil (0,40);

8. Polónia (0,37);

9. Alemanha (0,11);

10. Holanda (-0,03);

11. França (-0,15).

Tendo em consideração o ranking de mercados alcançado e em consonância com

as aspirações da administração da empresa e aquilo que são as suas decisões estratégicas

em termos de expansão internacional, foi estabelecido que após a realização deste

trabalho de pesquisa, a exploração aprofundada dos mercados internacionais iria

debruçar-se sobre o mercado sueco e o mercado do Reino Unido.

A escolha de apenas dois mercados internacionais prendeu-se com a preocupação

da empresa em definir objetivos exequíveis, dada a sua reduzida capacidade financeira, a

necessidade indispensável de levar a cabo um acompanhamento sistemático dos mercados

73

em questão e a falta de recursos humanos qualificados para esse efeito aquando do

terminus do estágio curricular.

Apesar de ter cabido ao Luxemburgo a melhor ponderação na seleção de

mercados, foi debatida a sua não inclusão no grupo de mercados a abarcar numa primeira

fase, uma vez que do ponto de vista da internacionalização, quer a administração, quer o

estagiário partilharam da opinião de que se tratava de um mercado mais facilmente

abordado quando em conjunto com outros, como é o caso de Holanda e Bélgica.

No que respeita ao mercado do Reino Unido, foi criada pelo estagiário uma base

de contactos pormenorizada onde constam duas tipologias de parceiros comerciais –

comerciantes locais (parceiros business-to-consumer) e agentes distribuidores (parceiros

business-to-business) – e onde constam os seguintes dados acerca de cada um deles:

• Setor de Negócio;

• Tipologia Comercial (B2B ou B2C);

• Segmento Comercial;

• Fonte de Contacto;

• Morada, código postal, Cidade;

• Região;

• Telefone;

• Fax;

• Coordenadas GPS;

• Morada Secundária;

• Endereço Web;

• Endereço de Correio Eletrónico;

• Pessoa de Contacto, funções, departamento e endereço de correio eletrónico;

• Indicação da data do último contacto;

• Observações gerais/Notas.

Tendo em consideração a base de dados criada, foram realizados contactos

telefónicos e via Skype, de forma a obter os contactos diretos dos responsáveis pela secção

de compras de cada um dos potenciais parceiros. Mediante isso, foi elaborada uma carta

de apresentação da empresa que, juntamente com os instrumentos de apresentação

74

formais já desenvolvidos numa primeira fase do estágio, foram enviados para esses

mesmos responsáveis.

Após a formalização do envio da apresentação da empresa via correio eletrónico,

foi desencadeado um processo de acompanhamento da base de contactos através de

ligações telefónicas com os responsáveis de cada uma das entidades, que decorreu até ao

final do período de estágio curricular, em 23 de Dezembro de 2013.

4.7.2. Mercado Nacional

Para além do trabalho desenvolvido no âmbito específico do estágio em negócios

internacionais, as funções do estagiário dentro da Plantit abarcaram também outro tipo de

tarefas relacionadas, desta feita, com o mercado nacional. Apesar de tais funções não

estarem propriamente interligadas com a abordagem aos mercados externos, entende-se

que a sua realização dotou o estagiário de um conhecimento reforçado acerca da realidade

da empresa, das suas dificuldades e oportunidades. Tal permitiu também uma

aproximação ao mercado nacional, que se considera vantajosa pelo entendimento que

proporcionou sobre as dinâmicas entre diversos players que atuam nacionalmente e com

os quais o estagiário teve oportunidade de contactar.

Nesse sentido, grande parte das funções de apoio ao mercado nacional

concentraram-se na prospeção comercial e na tentativa de captação de novos parceiros

para a comercialização dos produtos Plantit. Este trabalho incidiu de uma forma mais

intensa sobre as áreas do Grande Porto e da Grande Lisboa, não descurando outras zonas

geográficas do país. Tendo em consideração os produtos comercializados, foi acordado

que os alvos a ter em atenção neste processo de prospeção passariam por:

• Supermercados biológicos;

• Mercados gourmet;

• Lojas de conveniência;

• Lojas de jardinagem e decoração.

Este processo de prospeção comercial, realizado em simultâneo com a abordagem

aos mercados externos ao longo do estágio curricular, apresentou os seguintes resultados

práticos:

75

Tabela 10: Resultados práticos do processo de Prospeção Comercial no mercado nacional.

Fonte: autor.

No que concerne a outro tipo de contributos fora do âmbito da prospeção

comercial no mercado nacional, é possível enumerar as seguintes tarefas:

• Atualização diária de redes sociais;

• Atualização do sítio Plantit na internet (através da introdução de novos

produtos na sua loja online e atualização dos seus conteúdos);

• Receção e organização por ordem cronológica e por zona geográfica de

currículos vitae, com vista à realização de um processo de seleção de

novos colaboradores para ações comerciais de venda ao público em

diversas zonas do país;

• Participação em ações comerciais de venda ao público (em centro

comercial);

• Realização de quatro workshops de culinária (integrados na dinamização

das ações comerciais de venda ao público e na participação da empresa

no «UCHI Open Day», em parceria com uma outra empresa incubada no

Instituto Empresarial do Minho);

• Receção e inventariação de mercadorias.

106 Enviosde apresentação da

empresa / pedido de reunião;

106 pedidos de feedback;

192contactos

telefónicos realizados;

9estabelecimentos

comerciais sem interesse na

comercialização;

14reuniões agendadas;

5novos parceiros

confirmados

6despachos de encomendas

relativas a estes novos clientes;

16potenciais novos

parceiros em fase de negociação (até

23/12/2013.

76

5. Plano de Internacionalização

A Plantit é, desde a sua criação, uma empresa vocacionada e idealizada para a

comercialização de produtos em mercados externos. Primeiramente, e como já foi

referido, porque nasceu precisamente em 2010, num período de plena crise económica e

na qual Portugal foi amplamente afetado, comprometendo o poder de compra dos

cidadãos no mercado nacional. Além disso, pela dimensão reduzida do próprio mercado

doméstico, o que invariavelmente exige uma expansão além-fronteiras que permita a

sustentabilidade da empresa a longo prazo.

Assim, pretende-se neste capítulo analisar de uma forma concisa a abordagem da

Plantit ao mercado doméstico, como forma de perspetivar a sua expansão para outros

mercados - o objetivo primordial do estágio curricular e, consequentemente, do presente

relatório.

5.1. O mercado doméstico

Depois de um período de reflexão e análise sobre aquilo que seria expectável de

uma nova empresa com as características da Plantit, a sua decisão relativamente à

comercialização dos seus produtos passou invariavelmente pela escolha espaços

comerciais multimarcas. Esta foi a opção que melhor servia os interesses da empresa, pelo

facto de permitir a introdução dos seus produtos e do seu conceito de uma forma eficaz

numa maior dispersão geográfica do território nacional.

No entanto, tal não significava que este processo se iria revelar fácil, uma vez que

além da Plantit necessitar de cativar o interesse dos comerciantes para a diferenciação dos

seus produtos, era também necessário concertar com estes uma forma de captar a atenção

dos consumidores. Para isso, e como para qualquer produto, é necessário que o

comerciante acredite no sucesso da comercialização dos produtos e os conheça

totalmente. Esta foi uma grande aposta da Plantit desde o início das suas vendas. A

empresa faz questão de acompanhar de perto a relação com os seus novos clientes B2B,

com visitas periódicas aos seus espaços, dotando-os de todo o conhecimento relevante

para que eles mesmos possam apresentar fielmente os produtos aos consumidores.

77

Assim, é esperado que os espaços comerciais que se associem à Plantit para a

comercialização das suas ofertas, partilhem com ela este tipo de atitude e sejam também

eles promotores desses mesmos produtos. Por isso, torna-se importante que a empresa

tenha uma noção clara de quais os produtos que cada loja comercializa e o tipo de público

para o qual se dirige, como forma de proceder a um correto direcionamento da sua

mensagem.

Do ponto de vista crítico, é possível afirmar que a Plantit tardou em iniciar uma

abordagem a centros comerciais, o que se apresenta como uma limitação à sua expansão

no mercado nacional. O rápido avanço na construção de inúmeros espaços deste tipo em

Portugal, durante os últimos anos, contribuiu de uma forma negativa para a

sustentabilidade do comércio tradicional, encerrando lojas e provocando decréscimos

avultados no lucro de outras. Daí que se torne essencial que, para além de uma presença

no comércio tradicional, a Plantit, como uma marca recém-criada, estivesse também

presente em lojas em centros comerciais que lhe conferissem uma maior visibilidade.

Esta situação levou a que a empresa, em finais de 2013, avançasse precisamente

para essa presença, não sob a forma de uma loja física ou por via de parceiros comerciais,

mas através de um ponto de venda temporário. As ações decorreram no Centro Comercial

Braga Parque e no Centro Comercial Dolce Vita Porto, tendo sido um impulso importante

para a divulgação da marca e dos seus produtos, desconhecidos por muitos consumidores

até então.

Em suma, é possível concluir que, provavelmente, a estratégia escolhida a

montante pela Plantit para a abordagem ao mercado nacional não tenha sido em todos os

aspetos a mais adequada. A empresa não poderá apenas concentrar-se em selecionar e

dotar os pontos de venda de todos os conhecimentos necessários para uma boa

transmissão da sua filosofia (um aspeto também ele essencial), mas deve de forma

autónoma e independente afirmar-se no mercado, junto dos consumidores, através de uma

divulgação eficaz, que conceda visibilidade e crédito à marca Plantit. Para isso nunca

deverá ser descurada uma estratégia de marketing/divulgação constante e que capte a

atenção dos consumidores para a Plantit e os cative para a necessidade de consumo dos

seus produtos.

78

Também como conclusão, e tendo em conta este avanço lento no que toca ao

crescimento de vendas no mercado nacional, tal pode afirmar-se como uma limitação à

expansão da empresa nos mercados internacionais, visto que existe ainda um percurso

considerável a percorrer na fidelização do mercado nacional.

5.2. Abordagem aos mercados internacionais

Após o período de estágio dedicado ao estudo e seleção de mercados, foi definido

pelos intervenientes envolvidos no processo de seleção que os mercados a abordar

inicialmente na estratégia de internacionalização da Plantit se traduziriam no Reino Unido

e na Suécia. É possível afirmar-se que a segmentação de mercados internacionais se

reveste de um caráter ainda mais importante que a própria segmentação do mercado

doméstico (Albaum, Duerr, & Strandskov, 2005).

Um dos aspetos mais abordados aquando desta expansão para mercados

internacionais está relacionado com a opção por uma estandardização ou adaptação dos

produtos da empresa, tendo em conta os mercados onde esta pretender comercializá-los.

À semelhança do que já foi abordado no capítulo do enquadramento teórico, existe um

conjunto alargado de autores que defende a estandardização do produto, fruto de uma

cada vez maior globalização dos mercados internacionais. É o caso de Dickens, citado

por Vrontis, Thrassou, & Lamprianou (2009), que assume esta estandardização como uma

consequência direta da homogeneização de gostos e preferências por parte dos

consumidores. Tendo em consideração este ponto de vista, as empresas deveriam

canalizar os seus esforços pela conceção de produtos e soluções transversais aos públicos

de diferentes mercados, investindo também numa melhor relação qualidade/preço, o que

iria permitir uma maior obtenção de lucro.

Outros autores defendem, por seu turno, que uma empresa não pode em nenhuma

circunstância ignorar as diferenças culturais, económicas ou sociopolíticas de um

determinado mercado, sob pena de ver a sua abordagem falhar. Autores como Ruigrok e

Van Tulder, citados por Vrontis, Thrassou, & Lamprianou (2009) preconizam assim uma

adaptação do marketing mix da empresa/marca, consoante o mercado no qual se pretenda

internacionalizar.

79

No contexto específico da Plantit, tendo em linha de conta que se trata de uma

empresa com uma parca experiência em mercados internacionais e dispondo de uma

reduzida capacidade financeira, a decisão relativa ao marketing mix recai invariavelmente

na estandardização na abordagem aos mercados externos. Dessa forma, os produtos

oferecidos pela Plantit não deverão sofrer qualquer tipo de adaptação aquando da entrada

em novos mercados, mantendo características como o seu design, a qualidade dos seus

materiais e a relação qualidade/preço (excetuando-se claro, uma necessária tradução dos

elementos identificativos e explicativos do produto, nomeadamente para língua inglesa e

francesa, tendo em vista os mercados internacionais a abordar).

5.2.1. Reino Unido

Considerado um parceiro de longa data das relações internacionais portuguesas, o

Reino Unido conta com uma área de 242.509km2 e 63,7 milhões de habitantes (AICEP,

2013).

No que respeita ao PIB per capita (em PPP), é previsto que em 2015 se fixe nos

39.995 USD, o que perspetiva uma taxa de crescimento anual a rondar os 1,5%. Corria o

ano de 2011 quando o governo britânico aprovou um plano de crescimento, onde o

principal propósito passava por tornar o Reino Unido num dos melhores locais da Europa

para que as empresas sediassem os seus negócios, incentivando assim o investimento e

as exportações. Com base neste cenário, é expectável que o Investimento Direto

Estrangeiro (IDE) no Reino Unido venha a crescer nos próximos anos, depois de um

período de queda (2008-2012). Este ano, o IDE deverá traduzir-se em 21,1% da formação

bruta de capital fixo, ao passo que em 2008 (antes deste período de queda), tal se fixava

nos 57,5%.

Já a taxa de inflação deverá apresentar variações entre os 2,7% e os 2,9%, entre

2013 e 2015, o que será ainda assim um valor aquém do alcançado, por exemplo, em

2011, onde esta taxa média atingiu os 4,5%. Por seu turno, a variação da taxa de

desemprego apresenta pequenos sinais animadores, projetando-se uma taxa de

desemprego na ordem dos 7,5% em 2015, depois de em 2012 a mesma se ter fixado nos

8,1%.

80

No que concerne ao comércio internacional, o Reino Unido tem vindo a assumir-

se cada vez mais como um nome a ter em conta no que toca ao seu comportamento

enquanto importador, tendo sido responsável em 2012 pela absorção de cerca de 3,7%

das mercadorias transacionadas a nível mundial. O saldo da sua balança comercial

apresenta-se tradicionalmente negativo, tendo sido considerado em 2012 o 11º maior

exportador, ocupando o 5º lugar na lista dos maiores importadores. Para esta situação

contribui um aumento progressivo da procura interna ao longo dos últimos anos, o que

choca com uma subida dos preços das matérias-primas importadas.

Mercado

2010 2011 2012

Quota

(%) Posição

Quota

(%) Posição

Quota

(%) Posição

Alemanha 12,7 1ª 12,6 1ª 12,1 1ª

EUA 8,9 3ª 8,1 3ª 8,9 2ª

China 9,3 2ª 8,9 2ª 8,2 3ª

Países Baixos 7,2 4ª 7,2 4ª 6,9 4ª

França 6,4 5ª 6,1 5ª 5,5 5ª

Portugal 0,5 35ª 0,4 38ª 0,4 42ª

Tabela 11: Principais países fornecedores do Reino Unido (2010-2012).

Fonte: International Trade Centre (ITC) (AICEP, 2013).

No ano de 2012, os principais fornecedores do mercado britânico foram, por

ordem de importância, a Alemanha, os EUA, a China, os Países Baixos, a França e a

Noruega. Em conjunto, estes países foram responsáveis por cerca de 46% das importações

do Reino Unido. Digno de registo é o crescimento da China enquanto fornecedor, uma

vez que entre 2000 e 2012 este país evoluiu da 9ª posição para o pódio, com um 3º lugar.

Enquanto fornecedor, Portugal ocupa uma modesta posição, que representa 0,4% do total

importado por aquele mercado. Os produtos com origem em Portugal registaram um

decréscimo que rondou os 9% no ano de 2011 (em relação ao período homólogo do ano

anterior), de acordo com dados do International Trade Centre (ITC).

No que diz respeito ao IDE, o Reino Unido tem revelado um comportamento de

destaque a nível internacional, quer como investidor, quer como recetor de investimentos.

81

Tal foi comprovado em 2012, com o Reino Unido a ocupar a 6ª posição a nível mundial

no que respeita à receção de IDE (1º no que concerne à Europa e à União Europeia) e o

5º lugar na tabela dos maiores investidores mundiais. De acordo com as previsões do The

Economist Intelligence Unit (EIU), o IDE em solo britânico deverá crescer ao longo dos

próximos anos, após ter registado um período de queda entre 2008 e 2012, estando

previsto que em 2014 o IDE possa representar 21,1% da formação bruta de capital fixo e

2,9% do PIB.

Se analisarmos as condições gerais de acesso ao mercado britânico, verificamos

que o Reino Unido, como membro da UE, é parte integrante da União Aduaneira

(caracterizada pela livre circulação de mercadorias e pela adoção de uma política

comercial comum aos restantes membros da UE). Nesse sentido, as mercadorias

originárias nos estados-membros da UE (da qual Portugal também é parte integrante)

estão isentas de controlos alfandegários, excetuando-se eventuais tipos de fiscalização

relativa à qualidade e aspetos técnicos da mesma.

Em termos de IDE, o Tratado da EU prevê a liberdade de circulação de capitais,

o que permite a existência de um quadro geral de IDE comum a todo o espaço

comunitário. No Reino Unido, um investidor externo irá assim encontrar um regime

jurídico baseado nas diretrizes comunitárias, salvaguardando-se porém algumas

particularidades. Embora os atos de IDE não se encontrem sujeitos ao cumprimento de

formalidades especiais, em determinados setores são requeridas licenças ou autorizações

específicas para a sua concretização. Também em termos de atividades comerciais e

industriais, e à semelhança do que se passa em outros estados-membros, o seu exercício

necessita da obtenção de licenciamento específico.

Em termos culturais, e utilizando como ferramenta a comparação entre países do

The Hofstede Centre (já utilizado na pesquisa e seleção de mercados), o Reino Unido

apresenta-se como um país com um dos níveis mais baixos em termos de distância

relativamente ao poder (PDI), o que se traduz numa sociedade em que as desigualdades

entre os cidadãos devem ser minimizadas. Tal facto pode, à partida, ser alvo de crítica se

se tiver em linha de conta o passado histórico do país, nomeadamente a clara

hierarquização da sociedade em séculos passados. No entanto, o povo britânico é hoje

conhecido como sendo portador de um elevado senso de fair play, o que lhe confere este

impulso para a minimização de eventuais desigualdades entre cidadãos.

82

No que concerne ao individualismo, o Reino Unido apresenta uma das maiores

pontuações, o que faz com que os seus cidadãos sejam desde muito novos incentivados a

pensar por si mesmos, de forma a descobrirem o seu propósito na vida. É amplamente

valorizada a realização pessoal, como consequência deste tipo de individualismo (aqui

com uma conotação positiva).

Com uma alta pontuação no seguinte indicador, o Reino Unido é tido como uma

sociedade “masculina”, o que significa que se baseia em vetores como a competitividade,

um comportamento altamente organizacional. Os britânicos são altamente focados no

trabalho e caracterizados por uma ambição contante em melhorar o seu desempenho e as

suas competências.

O Reino Unido é tido como uma país onde os seus cidadãos lidam bem com

elevados graus de incerteza, não bloqueando perante situações de mudança inesperada.

Em termos laborais isso recai, não num planeamento detalhado de todas as etapas de um

processo, mas sim na apresentação de um conjunto claro de objetivos a alcançar.

Ainda relativamente à análise, os britânicos são considerados como impulsivos e

otimistas, dando uma grande importância a atividades de lazer e diversão como forma de

alcançarem um equilíbrio entre a competitividade no mundo laboral e a estabilidade

necessária na sua vida familiar.

Gráfico 1: Análise do perfil cultural: Reino Unido.

Fonte: (The Hofstede Centre, s.d.).

35

89

66

3551

6963

27 31

99

28 33

020406080

100120

Power Distance Individualism Masculinity UncertaintyAvoidance

Pragmatism Indulgence

Análise do perfil cultural: Reino Unido

Reino Unido Portugal

83

5.2.2. Suécia

A Suécia apresenta uma área de 450.295 km2 e aproximadamente 9,7 milhões de

habitantes (AICEP, 2014). Sendo a sua unidade monetária a coroa sueca (SEK), 1 euro

(€) fixa-se aproximadamente nos 8,86 SEK (média de março de 2014, segundo dados do

BdP).

A Suécia alcançou por mérito próprio o estatuto de uma das economias mais

produtivas do mundo, em virtude da sua tecnologia altamente avançada e especializada,

aliada a um conjunto de benefícios sociais que concedem aos seus habitantes um elevado

nível de qualidade de vida. Para além desta cultura tecnológica bastante avançada,

também a sua cultura empresarial bastante sofisticada contribui para a um

desenvolvimento de mão-de-obra de elevada qualificação e de instituições com excelente

reputação internacional (AICEP, 2014).

Depois de um período de franco crescimento económico, a Suécia não foi exceção

e sofreu as consequências da crise económico-financeira, tendo entrado em recessão por

altura do segundo semestre de 2008, com o seu PIB a evoluir segundo uma taxa de

crescimento negativo de -0,8%, situação que se prolongou em 2009, onde o PIB evoluiu

negativamente na ordem dos 5%. No entanto, já em 2010 a economia sueca cresceu cerca

de 6,3%. Em suma, no período 2008-2011, o PIB na Suécia cresceu a uma taxa média de

1,1% ao ano, ainda assim acima da média da União Europeia a 27 países (-0,1%).

Já a taxa de inflação apresentou valores baixos, ficando-se pelos -0,1% em 2013

bastante abaixo das indicações do Banco Central Europeu para aquele país (2%). Por seu

turno, a variação da taxa de desemprego apresenta sinais de retoma animadores,

projetando-se ainda assim uma taxa de desemprego média, ao ano, na ordem dos 7,0%

até 2018, claro fruto da conjunta internacional que se atravessa.

No que concerne ao comércio internacional, a Suécia afirmou-se em 2012 como

o 28º país ranking de exportadores, com uma quota de mercado de 0,94%, e é o 29º país

no ranking de fornecedores, com uma quota de mercado de 0,87%. A taxa média de

importações suecas, no período entre 2009 e 2013 cresceu cerca de 8,3%, tendo a taxa de

cobertura de importações por exportações caído de 109,1% para os 105,0%. Salienta-se

assim uma certa perda de dinâmica ao nível da balança comercial, em resultado da sua

diminuição do seu peso no PIB.

84

Mercado

2011 2012 2013

Quota

(%) Posição

Quota

(%) Posição

Quota

(%) Posição

Alemanha 18,3 1 17,3 1 17,4 1

Noruega 8,5 2 9,1 2 8,9 2

Dinamarca 8,2 3 8,5 3 8,1 3

Países Baixos 6,2 4 6,6 4 7,8 4

Reino Unido 5,9 5 6,5 5 6,0 5

Portugal 0,4 32 0,4 31 0,4 33

Tabela 12: Principais países fornecedores da Suécia (2011-2013).

Fonte: International Trade Centre (ITC) (AICEP, 2014).

No ano de 2013, os principais fornecedores do mercado sueco foram, por ordem

de importância, a Alemanha, a Noruega, a Dinamarca, os Países Baixos e o Reino Unido.

Em conjunto, estes países foram responsáveis por cerca de 48,2% das importações da

Suécia. Digno de registo é o facto da ordem se manter inalterada ao longo dos últimos

anos.

Em termos de receção de IDE, a Suécia ocupava em 2012 uma posição bem mais

modesta quando comparada com o seu comportamento em termos de emissão de IDE

(20º e 12º lugares, respetivamente). Os fluxos relativos ao IDE que deram entrada na

Suécia registaram uma queda de cerca de 36,9 mil milhões de USD em 2008, para

aproximadamente 13,7 mil milhões de USD em 2012 (ou seja, -62,8%). Segundo dados

do European Intelligence Unit, este decréscimo nos fluxos de IDE que deram entrada na

Suécia tiveram como consequência uma diminuição no seu peso no PIB, baixando de

2,5% em 2009, para os 2,3% 3m 2013.

Se analisarmos as condições gerais de acesso ao mercado sueco, verificamos que

a Suécia é em muito semelhante ao que acontece com o Reino Unido. Como membro da

UE, é parte integrante da União Aduaneira (caracterizada pela livre circulação de

mercadorias e pela adoção de uma política comercial comum aos restantes membros da

UE). Nesse sentido, as mercadorias originárias nos estados-membros da UE estão isentas

de controlos alfandegários, excetuando-se eventuais tipos de fiscalização relativa à

qualidade e aspetos técnicos da mesma.

85

Em termos de IDE, e seguindo a mesma linha de orientação relativa o mercado

britânico, o Tratado da União Europeia prevê a liberdade de circulação de capitais, o que

permite a existência de um quadro geral de IDE comum a todo o espaço comunitário. Os

investidores estrangeiros encontram, assim, um regime jurídico adaptado às normas

comunitárias, pelo que não existem restrições ao investimento externo. Dessa forma, o

Estado sueco é o garante da segurança e da proteção de bens e direitos resultantes de

investimentos estrangeiros, em igualdade com as empresas nacionais, não existindo

entraves à transferência de lucros para o exterior, depois de cumpridas todas as obrigações

fiscais em solo sueco.

Para a análise dos aspetos culturais foi utilizada a mesma ferramenta de

comparação entre países do The Hofstede Centre (já utilizada com o Reino Unido). A

Suécia apresenta-se como um país com um baixo índice relação à distância relativa ao

poder (PDI), o que traduz características bem exemplificativas do estilo sueco:

independência, relação hierárquica apenas formal (não vincada na prática), igualdade de

tratamento, práticas de gestão facilitadoras, consequências de um poder descentralizado

e das relações de confiança construídas na transversalidade das equipas de trabalho. A

comunicação entre pares é direta e participativa.

Em termos de Individualidade, a Suécia apresenta uma alta pontuação, o que

revela comportamentos maioritariamente individualistas, sendo os cidadãos impelidos a

protegerem-se a si mesmos e aos seus familiares diretos. Em termos laborais, tal se traduz

em relações de benefício mútuo entre empregados e empregadores, sendo as decisões de

promoção de carreira baseadas primordialmente no mérito dos funcionários.

A Suécia apresenta também características de uma sociedade feminina, onde se

preza o equilíbrio entre a vida pessoal e a vida profissional. Em termos de gestão dos

negócios, é amplamente procurado o consenso, através de uma valorização da igualdade

de opinião. Tendo isso em consideração, a resolução de conflitos nos processos de decisão

é maioritariamente resolvida tendo por base acordos e negociações, sendo os suecos

conhecidos precisamente por longas discussões até que o consenso seja alcançado.

No que respeita à aversão à incerteza, a Suécia traduz-se num país que, regra geral,

facilmente se adapta a situações que fujam à norma, sendo a insegurança nos processos

lidada com alguma tolerância. Neste aspeto, os suecos valorizam muito mais a

86

experiência, acreditando que a prática auxilia eficazmente na ultrapassagem desses

mesmos períodos de incerteza.

Para além dos aspetos salientados, é de realçar que na Suécia não se verifica uma

rigidez relativa aos horários, privilegiando-se assim o alcance dos objetivos propostos.

Gráfico 2: Análise do perfil cultural: Suécia.

Fonte: (The Hofstede Centre, s.d.).

5.3. Estratégia de Internacionalização e Recomendações de Ação

A internacionalização de uma atividade, seja em que setor for, é atualmente uma

das decisões mais importantes quando temos em consideração o crescimento da empresa.

Desta forma, torna-se fundamental que as empresas desenvolvam estratégias ativas de

internacionalização, capazes de fomentar e sustentar a sua competitividade num mercado

consideravelmente maior, ao mesmo tempo que lhe permitam obter ganhos económicos.

Para as PME, seguir este rumo da internacionalização é mais que um objetivo, é

uma necessidade. Atualmente encontramos um rol de oportunidades a serem exploradas

nos mercados internacionais, tal como o alargamento da União Europeia, num mercado

que se estima de cerca de 500 milhões de consumidores.

Assim, um conhecimento profundo da atual condição da empresa, bem como uma

avaliação do seu potencial exportador, a partir da conjugação de fatores como a relação

31

71

5

29

53

7863

27 31

99

28 33

020406080

100120

Power Distance Individualism Masculinity UncertaintyAvoidance

Pragmatism Indulgence

Análise do perfil cultural: Suécia

Suécia Portugal

87

qualidade/preço, contribuem decisivamente para concluir se a mesma possui ou não

condições para a internacionalização.

A presente estratégia de internacionalização parte de uma linha de orientação,

através do traçar de um plano de ação para 2015-2018 com as principais linhas

estratégicas a ter em conta pela empresa na sua expansão além-fronteiras.

Figura 12: "Pack PlantitYourself".

Fonte: autor.

5.3.1. Participação em Feiras Internacionais

Para uma empresa que, como a Plantit, pretende iniciar a sua expansão a nível

internacional, a participação em feiras da especialidade dentro do seu setor de atividade

reveste-se de um papel decisivo na forma como a empresa se faz notar além-fronteiras.

Assim, estar presente em eventos desta natureza é, para qualquer empresa, uma etapa

crucial do seu processo de internacionalização, não apenas pela notoriedade que daí

advém, mas porque, na realidade, todos os contactos aí estabelecidos se traduzem em

potenciais clientes. Para além disso, também empresas concorrentes se encontram neste

tipo de eventos, pelo que os clientes podem de uma forma mais eficaz comparar as

diferentes soluções ao seu dispor.

No entanto, a decisão da participação numa feira internacional acarreta consigo

custos, que na sua generalidade são avultados. Se tivermos em consideração os custos

inerentes à conceção do stand e ao material envolvido em publicidade, ao aluguer do

88

espaço e ao custo das viagens e estadias, a soma do investimento raramente se fixará

abaixo dos dez mil euros (Rocha, 2012). Daí, que seja de extrema importância que a

decisão de participação seja tomada de uma forma consciente para que tamanho

investimento possa realmente conceder o retorno desejado à empresa.

No que respeita ao processo de preparação da participação numa feira

internacional, é importante que a empresa tenha em linha de conta que esse deve iniciar-

se com largos meses de antecedência. Assim, a empresa deverá levar a cabo uma

preparação baseada nos seguintes tópicos (AICEP, 2012):

a) Identificação a feira: através da obtenção de informações úteis acerca da

mesma, como sendo o perfil dos seus visitantes e expositores, o número de

expositores e quais aqueles que já participaram anteriormente, a própria

evolução do evento e quais os meios utilizados para a sua divulgação.

b) Processo de planeamento: através de uma definição clara dos objetivos a

alcançar com a participação no certame (exemplo: aumento do volume de

vendas; angariação de novos clientes, agentes ou distribuidores; pesquisas de

mercado; promoção do produto).

c) Fase de negociação: neste caso, com a organização do evento, através do

pedido de orçamento e condições de participação; pedidos de plantas do

recinto com vista ao enquadramento do stand; reserva de espaço, primando

sempre que possível por locais de maior fluxo de circulação; envio de ficha de

inscrição e dados para o catálogo oficial do certame; solicitação de

informações úteis (horários e locais de carga, por exemplo) e obtenção de

cartões de acesso ao evento.

d) Construção do Stand: realização de uma consulta ao mercado de empresas

de construção de stands, quer em Portugal quer no mercado onde se realize a

feira, detalhando todos os aspetos fundamentais que devem ser traduzidos no

stand (mensagens promocionais e imagem comunicacional); não esquecer a

inclusão de possíveis tomadas, pontos de rede e espaço destinado a arrumação;

e) Logística e Transporte: informação sobre questões alfandegárias (regime de

exportação temporária versus regime definitivo) e consequentes taxas; seleção

do meio de transporte e transitário; consolidação de cargas em regime de

89

grupagem; previsão das condições de entrega dos mostruários e respetivos

seguros.

f) Serviços de Apoio: contratação, caso se verifique a sua necessidade, de

equipas de segurança, limpeza e/ou catering, para além de serviços de

tradução.

g) Marketing associado à Feira: criação de listas de potenciais importadores

para posterior envio de apresentação da empresa e comunicação da presença

na feira; realização de contactos prévios à feira, na tentativa de proceder ao

agendamento de reuniões; disponibilização de catálogos e demais suportes

informativos no stand;

h) Follow-up da Presença: monitorização de quais as opiniões e perceções dos

visitantes face às soluções apresentadas; Mailing e/ou telefonemas de follow-

up dos contactos realizados (período mínimo de nove meses, em relação

àqueles que demonstraram interesse); acompanhamento dos meios de

comunicação locais, de forma a alertar os potenciais clientes para

artigos/reportagens sobre a empresa; novas deslocações ao mercado para

reforço dos contactos até então efetuados.

Uma vez que a Plantit nunca participou em nenhuma Feira Internacional do seu

setor de atividade, tais etapas do processo organizativo revestem-se, assim, de um caráter

ainda mais fundamental. É importante que a empresa realize uma preparação eficaz com

vista à sua participação, de forma a atrair o maior número possível de potenciais clientes

e visitantes para o seu stand. Desta forma, a comunicação deverá ser objetiva e explícita,

captando o interesse pelas ofertas proporcionadas pela empresa ao mercado.

Em termos de exemplos concretos de Feiras Internacionais que a Plantit poderia

participar, destacam-se:

a) Salon International de l'Agriculture, de l'Elevage, du Jardin et des Espaces

verts, realizada na Bélgica (Bruxelas), sendo que a próxima edição ocorrerá

entre 8 e 13 de Dezembro de 2015: «Agribex, le Salon International de

l'Agriculture, de l'Elevage, du Jardin et des Espaces verts a évolué au fil des

ans pour devenir un événement unique où se rencontrent agriculteurs,

90

entrepreneurs, représentants de l'industrie, autorités, chercheurs et grand

public.» (FEDAGRIM, 2013).

b) Salon International de l’Agriculture, realizada em França (Paris), sendo que

aproxima edição ocorrerá entre 21 de Fevereiro e 1 de Março de 2015: “The

first show attracted 300,000 visitors: by 2013, that number had grown to

693,752.” (Salon International de l’Agriculture, 2013).

5.3.2. Modo de Entrada em novos mercados

Tendo em linha de conta toda a apresentação feita acerca da empresa nos capítulos

4.1 a 4.5 e a análise dos diferentes modos de entrada levada a cabo no capítulo 2.5, torna-

se compreensível que a decisão pela expansão internacional da Plantit deverá seguir uma

opção estratégica que não envolva um novo arranjo institucional da mesma, assim como

tenha em consideração o reduzido número de recursos de que a empresa dispõe

atualmente.

Assim, a empresa deve, de uma forma racional e consciente das suas necessidades,

constatar quais as suas discrepâncias em termos daquilo que são os seus objetivos de

venda e o volume que efetivamente a empresa comercializa atualmente. Tendo como base

o Modelo Contingencial de Decisão, é nesta fase que a Plantit deve então avaliar as suas

condições internas para abarcar este processo de internacionalização e optar pela melhor

estratégia que sirva as suas necessidades e os seus interesses. Logo à partida, e para

garantir que o processo decorra de uma forma eficaz e sem quebras, deverá a Plantit partir

para a contratação de um profissional na área dos negócios internacionais/comércio

internacional. Um profissional alocado permanentemente a este processo de

internacionalização permitirá à empresa um foco muito mais preciso, para que se proceda

a um estudo dos mercados muito mais completo, aprofundado e capaz de gerar frutos num

espaço de tempo mais curto.

Este processo de pesquisa e estudos de mercado, que entretanto já foi realizado

durante o período de estágio curricular, permitiu delinear quais os mercados que darão o

mote para a primeira fase de internacionalização da Plantit. Assim, tendo em conta o

capítulo 5.2, são eles o Reino Unido e a Suécia. Depois do estudo feito destes dois

mercados, é possível concluir que, se triangularmos aquilo que são os referidos mercados,

91

as características atuais da Plantit e as suas necessidades em termos de volume de vendas

e existência de recursos humanos, a melhor opção estratégica de abordagem a estes

mercados passará pela exportação indireta.

Sendo um modo de entrada non-equity, a Plantit não é levada a abarcar a existência

de propriedade em termos de participação no capital social no mercado de destino, pelo

que o controlo na gestão dessas operações externas deverá ser partilhado. Assim, poderá

ser partilhado com um agente importador: “A exportação pode ser feita diretamente para

um importador local, que compre, venda e distribua o produto. É a forma mais simples

de iniciar uma exportação. Encontrar o importador certo, e que garante preço, e volume

é o desafio. Muitos importadores, que tradicionalmente se remetiam apenas a importar o

que encontrassem, têm hoje uma postura de trading ativa, quer atuando sobre o mercado

e clientes, quer procurando a melhor relação qualidade/preço.” (Campos, 2011); ou então

com um agente local de vendas, que “é um parceiro que aceita representar, promover e

vender o produto, sendo que neste caso a empresa vai exportar e faturar diretamente ao

cliente final, pagando uma comissão e eventualmente um fee fixo ao Agente.” (Campos,

2011).

Relativamente ao agente local de vendas, a exigência no processo torna-se

bastante maior, uma vez que cabe à empresa um elevado empenho no trabalho de

prospeção de novos agentes, assim como um controlo muito mais exigente do controlo

da atuação do mesmo, assim como do seu desempenho. Tal irá permitir à empresa um

maior controlo e conhecimento também sobre os próprios mercados em questão.

Em suma, no contexto atual da Plantit, a melhor opção que inicialmente servirá os

seus interesses de uma forma mais eficaz será a exportação indireta por via de um agente

importador local. Esta forma de exportação prevê assim menores custos com o processo

de internacionalização na sua fase inicial, recebendo a Plantit um rendimento certo e com

uma dose de risco substancialmente baixa, pois a responsabilidade da comercialização

passa pelo agente e não pela empresa.

5.3.3. Opções estratégicas 2015-2018

Um dos principais entraves à internacionalização verificado em empresas

nacionais encontra-se ligado ao facto da maioria dessas empresas apresentar baixos

92

volumes de produção, para além de transparecer um grande desconhecimento de técnicas

de exportação. Aliado a estes entraves, e acentuado pela atual conjuntura internacional,

um grande número de empresas nacionais apresenta uma situação económico-financeira

comprometedora.

Nesse sentido, os gestores devem hoje definir uma estratégia de

internacionalização a partir de uma avaliação interna à empresa, e onde sejam

identificadas as suas limitações, ao nível: de recursos humanos qualificados, experiência

em mercados internacionais, competências em marketing e estratégias comerciais,

conhecimento dos mercados em que a empresa pretende iniciar a sua internacionalização.

Em contraste com esta análise, devem também ser identificadas as potencialidades a

explorar nestas áreas. Caso uma empresa não tenha em conta este tipo de conhecimento

e autoanálise, os riscos envolvidos no processo de internacionalização aumentam

consideravelmente.

No que diz respeito ao setor agrícola, Portugal têm demonstrado um incremento

nos seus níveis de competitividade nos mercados externos, através de um crescente

equilíbrio entre os níveis de exportações e importações, gerando uma menor dependência

relativamente às importações. No entanto, esta situação necessita de um incremento

constante, considerando que atualmente a balança comercial continua ainda deficitária

(306 milhões de euros).

Portugal demonstra, para cada uma destas categorias, um grau de

autoaprovisionamento na ordem dos 80%, o que se reflete ainda numa orientação

exportadora com níveis significativamente baixos.

No caso concreto da Plantit – Hortas & Jardins Ecológicos, a par do fornecimento

de produtos abarcados pelo setor agroalimentar, é de salientar também a sua oferta ao

nível de produtos que potenciem o cultivo de Frutas, Hortícolas e Flores por parte da

população, nas suas habitações ou espaços profissionais e/ou recreativos. Considerando

a análise e seleção de mercados realizada, o perfil e as características dos produtos

elencados para comercialização e o seu potencial de exportação, são traçadas as seguintes

prioridades estratégicas em termos de internacionalização.

Uma análise sobre a pesquisa realizada aos mercados de interesse elencados pela

administração da Plantit permitiram confirmar quantitativamente as projeções que

93

apontavam o Reino Unido e a Suécia como dois mercados prioritários nesta aposta na

internacionalização. Desta forma, o ponto de partida para a comercialização dos produtos

da empresa além-fronteiras passaria precisamente por estes dois mercados.

Tabela 13: Mercados estratégicos 2015-2018.

Fonte: autor.

Em termos temporais, e com vista a um maior foco no acompanhamento dos

mercados em questão, assim como de todo o processo de entrada num mercado externo,

a previsão não perspetiva a entrada em mais do que dois novos mercados por ano, com

exceção de 2016, por se crer que será de todo conveniente que a entrada nos mercados

luxemburguês e belga se efetue de uma forma conjunta, juntamente com a Holanda. Tal

facto deve-se a uma proximidade em termos culturais e geográficos, o que

previsivelmente permitirá de uma forma mais eficaz alcançar um agente importador que

cubra toda aquela área e lá comercialize as soluções da Plantit.

Uma nota também para o mercado brasileiro. Por uma questão estratégica, em

termos de proximidade geográfica e aproveitamento dos privilégios concedidos pela

pertença à União Europeia (entre os quais a livre circulação de bens, serviços e capitais),

o Brasil apenas surgirá na internacionalização da Plantit numa fase posterior de todo este

processo, após uma consolidação do processo em solo europeu. Tal acontece, não só

como consequência dos elevados custos de transação e transporte dos produtos entre

Portugal e este mercado, como também considerando a própria dimensão geográfica do

• Reino Unido• Suécia

2015

• Luxemburgo• Bélgica• Holanda

2016

• Alemanha• Polónia

2017

•Brasil2018

94

país. O tamanho do Brasil leva a que a abordagem e entrada no seu mercado seja

substancialmente mais exigente, prevendo-se até que a mesma se efetue por estados, e

não considerando o país como um único mercado. Este facto exigirá uma maior

experiência por parte dos recursos humanos da Plantit, experiência que será adquirida ao

longo dos anos precedentes com a entrada em mercados de menor dimensão e

geograficamente mais próximos.

Assim, de seguida é enumerada uma lista de objetivos estratégicos a considerar

no processo de internacionalização da Plantit:

2015 2016

Manutenção da produção em solo

nacional;

Estandardização dos elementos

representativos da Plantit em todos

os seus produtos (homogeneização

para perceção intuitiva da marca);

Adaptação dos produtos para os

mercados externos;

Candidatura a programas de apoio à

internacionalização (QREN);

Aposta na contratação de recursos

humanos na área dos Negócios

Internacionais/Comércio

Internacional;

Contato permanente com Agências

de apoio ao comércio externo (ex:

AICEP);

Início do processo de preparação da

participação em Feiras e Salões

Internacionais da especialidade.

Participação em Feiras e Salões

Internacionais da especialidade;

Realização de um follow-up rigoroso

após a participação nas Feiras

Internacionais, de forma a fidelizar e

angariar novos clientes;

Aposta em I&D (Investigação &

Desenvolvimento), de forma a melhor

continuamente a resistência e

qualidade dos produtos, bem como a

sua relação qualidade/preço.

95

(Continuação)

2017 2018

Externalização da produção para o

estrangeiro (parcial ou integral);

Aposta no lançamento de novas

soluções para comercialização;

Participação em Feiras e Salões

Internacionais da especialidade;

Realização de um follow-up rigoroso

após a participação nas Feiras

Internacionais, de forma a fidelizar e

angariar novos clientes;

Estudo rigoroso da legislação

aplicável à exportação de produtos

para o mercado brasileiro.

Participação em Feiras e Salões

Internacionais da especialidade;

Realização de um follow-up rigoroso

após a participação nas Feiras

Internacionais, de forma a fidelizar e

angariar novos clientes;

Exportação de produtos para o

mercado brasileiro.

Tabela 14: Objetivos estratégicos 2015-2018.

Fonte: autor.

96

6. Conclusões

Considerando todos os aspetos que envolveram o contexto e aplicabilidade prática

do estágio curricular, conclui-se que muitos foram os aspetos positivos inerentes à sua

realização. Tendo em linha de conta aqueles que foram os objetivos inicialmente traçados

a nível profissional, o estagiário contactou diretamente com o mercado de trabalho e, mais

concretamente, contactou pela primeira vez com mercados internacionais (através de

abordagens telefónicas a possíveis parceiros comerciais no Reino Unido), o que se

traduziu numa aproximação clara a parte das rotinas diárias de uma equipa de

internacionalização.

Para além disso, foi possível colocar em prática os conhecimentos adquiridos ao

longo do primeiro ano de mestrado em Negócios Internacionais, o que permitiu ao aluno

avaliar de forma mais eficaz os desafios que se foram sucedendo ao longo do período de

estágio, bem como durante a redação do presente relatório. Importante também o facto de

este período ter contribuído para o enriquecimento das suas capacidades individuais e de

trabalho em grupo, com vista à satisfação das necessidades e exigências diárias de uma

empresa.

Relativamente aos objetivos do estágio propriamente ditos, considera-se que foi

possível atingir cada um deles. A constatação prática do atual (à data) estado da empresa,

através do estudo dos procedimentos utilizados por parte dos seus colaboradores, assim

como através da sua observação no quotidiano, permitiram ao estagiário, com maior rigor

e eficácia, avaliar quais as oportunidades e ameaças que a empresa e o seu quadro de

recursos humanos enfrentarão no projetado processo de internacionalização.

No entanto, e associadas a este contexto, perfilaram-se algumas limitações no

âmbito deste estágio. Uma das principais dificuldades sentidas deveu-se ao facto de, numa

primeira fase, o estagiário não ter possuído nenhum contacto com recursos humanos na

área dos negócios internacionais. A empresa não possuía nenhum colaborador alocado

para aquela área de atividade, pelo que não encontrou ninguém com quem fosse possível

partilhar aspetos técnicos do trabalho quotidiano desenvolvido naquela área específica.

Com o importante auxílio da equipa de consultoria para a internacionalização no

arranque de processo de seleção de mercados (numa segunda fase do estágio), conclui-se

que se alcançaram os objetivos por parte do estagiário, tendo atingido (após um processo

97

exaustivo de recolha e tratamento de dados), um conhecimento dos mercados que melhor

satisfazem as aspirações da empresa no que toca à comercialização dos seus produtos.

Fruto do período de realização do estágio, e de condicionantes que levaram o

estagiário a auxiliar a empresa noutras matérias (nomeadamente na também realização de

um extenso trabalho de apoio ao mercado nacional, aquando do lançamento de um novo

produto), fica a perceção que este mesmo processo de seleção de mercados careceria de

um de aprofundamento ainda mais exaustivo, capaz de conferir um maior grau de certeza

que não deixasse espaço para dúvidas quanto à fiabilidade das opções estratégicas que

aqui se apresentam. Uma outra limitação relativa a este processo de seleção de mercados

prende-se com a atualidade de alguns dos dados recolhidos para análise. Pese embora a

tentativa de recolha de dados o mais atualizados possível, em alguns dos indicadores

apenas se encontravam disponíveis dados de anos anteriores, neste caso, a 2013.

Com base nesses mesmos mercados e num conjunto de recomendações que o

estagiário considerou pertinentes e essenciais para o sucesso do processo de

internacionalização da Plantit, delineou-se então um plano de ação (plano de

internacionalização), capaz de lançar o fio condutor para a expansão a empresa no período

2015-2018. Sendo um plano notoriamente exigente do ponto de vista do empenho e do

rigor necessários à sua execução, considera-se também que se trata de um programa

exequível se se verificarem dois aspetos fundamentais: a candidatura a programas de

apoio à internacionalização (exemplo: QREN) e a contratação urgente de recursos

humanos qualificados na área dos negócios internacionais e com fluência em idiomas

estrangeiros, principalmente o inglês e o francês.

No entanto, convém também frisar que a empresa conta com um conjunto de

limitações na sua génese que, caso não sejam colmatadas de uma forma satisfatória,

podem colocar em causa a exequibilidade do plano proposto neste relatório, assim como,

em última instância, o seu próprio processo de internacionalização. O facto de a empresa

não contar com recursos humanos qualificados na área da internacionalização e alocados

exclusivamente a essa matéria coloca entraves ao avanço e à celeridade de todo o

processo, fruto também de um conhecimento pouco aprofundado das técnicas de

exportação por parte dos recursos humanos já existentes. Por outro lado, a baixa

capacidade produtiva da empresa faz adivinhar que esta não consiga fazer face a possíveis

grandes volumes de encomendas para exportação, o que (num primeiro impacte)

98

colocaria em causa a imagem da empresa, bem como a sua capacidade de responder com

eficácia e rapidez às solicitações de encomenda.

Porém, considera-se que se colmatadas estas limitações, nomeadamente com o

reforço ao nível de recursos humanos, construindo-se uma equipa de trabalho assente no

rigor, com métodos de trabalho definidos e objetivos claros a serem alcançados, a Plantit

justificará certamente a sua vocação para a internacionalização, patente no perfil dos seus

produtos. O facto de se aconselhar que a empresa privilegie a estandardização dos seus

produtos para exportação canaliza, por si só, uma grande fatia do tempo útil para a

intensificação e alargamento da sua rede de contactos, aumentando constantemente a sua

divulgação ao nível do marketing e construindo as bases que possam sustentar a

competitividade da empresa no xadrez internacional.

A opção por técnicas de exportação indireta, via agentes importadores locais,

permitirá à Plantit utilizar a sua experiência no mercado nacional (exponenciando as suas

técnicas de relação B2B), não podendo em circunstância alguma descurar a projeção clara

de objetivos em termos de vendas.

A conclusão do processo de seleção de mercados, e a consequente escolha

preliminar daqueles que norteariam o processo de internacionalização da Plantit,

permitiram ao estagiário iniciar (embora de uma forma bastante superficial) a pesquisa e

o contacto com potenciais parceiros comerciais no Reino Unido, através de contactos

telefónicos e envio de mensagens de correio eletrónico, aspeto que se considera relevante,

já que foi iniciado o processo de apresentação da empresa, uma faceta que nunca deverá

ser descurada em todo este processo.

Em suma, o estágio curricular e o período consequente de redação deste relatório

foram para o estagiário, em termos pessoais e profissionais, um período de grande

enriquecimento a todos os níveis, o que permitiu também em termos académicos

aperfeiçoar os conhecimentos que foram transmitidos com maior incidência no primeiro

ano de mestrado (mas também durante os três anos de licenciatura em Relações

Internacionais).

99

7. Referências

_Stufa. (s.d.). Home. Obtido em 30 de 6 de 2014, de _Stufa: http://stufaconcept.com/

Agarwal, S., & Ramaswami, S. N. (1992). Choice of foreign market entry mode: impact of

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8. Anexos

8.1. Anexo I: Modelo da Carta de Apresentação em língua inglesa enviado às

empresas

“Dear Mr. /Mrs. (name),

Plantit – Ecological Gardens is a Portuguese company dedicated to the installation

and maintenance of organic gardens placed anywhere. We offer different solutions for

people who want to have a vegetable garden adapted to all possible situations, mainly in

urban circumstances.

Currently we are searching for new partners in United Kingdom who would be interested

in becoming distributors of our products.

Therefore, we would appreciate if you take the time to have a look at the enclosed

document presenting further details about the brand and goods.

We will take the liberty to contact you in a few days to evaluate your potential

interest to meet us during our next visit to UK,

But If you need further information, please feel free to contact us at any time by

email [email protected] or by phone +351 253 320 023.

Thank you in advance for your time and consideration.

Kind Regards,

José Filipe Silva”