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Blog:
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Blog:
JornalismoIndependente
Fernanda Magalhes
So Paulo2010
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Capa
Diego Oliveira
Diagramao e projeto grfco
Fernanda Magalhes
RevisoLourdes Nassif
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Sumrio
Prefcio................................................................................09Introduo.................................................................................11
Os BlogsBalaio do Kotscho..........................................................................17Do blog ao Boteco..........................................................................23Blog do Nassif...............................................................................34
De Cuba, Com Carinho..................................................................40
Jornalistas ou BlogueirosO Grande Debate..........................................................................47Furando as barreiras......................................................................55
O ImpactoFuturo do jornalismo......................................................................63
Agradecimentos.. .... .... .... .... .... .... ... .... .... .... .... .... .... .... .... .69
Sobre o autor.................................................................................71
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Prefcio
Reprter, simplesmente, no pode brigar com os fatos, e no do meufeitio car batendo palmas pra ver louco danar. Sou apenas um contador dashistrias que vi e ouvi. Quem quiser que conte outra, enunciou assim RicardoKotscho na apresentao de seu blog1.
Bem, assim como Kotscho venho apenas para contar uma histria, daquiloque vejo e ouo. E no meu papel de cidad e jornalista, me proponho a mostraraqui o que vivenciamos na comunicao.
Bem como a sociedade, o jornalismo constitudo de mudanas. Napoca de Getlio Vargas no era necessrio faculdade, muito menos diploma,para fazer jornal. Dantes nem considerado prosso o jornalismo era. Incrvelcomo as coisas mudam... o jornalismo passou ento a representar o quartopoder. Fazer jornalismo coisa de prossional. Prossional social, que cuida
para que os interesses da sociedade venham em primeiro lugar. Balela. Maro-linha. Em um mundo individualista, em que cada qual est preocupado apenas comseu umbigo, a imprensa no poderia agir diferente... a notcia virou comrcio. E osensacionalismo voltou a moda.
No entanto, os JORNALISTAS encontraram um meio em que podem continuarfazendo o que sempre zeram: informar, e informar sem serem podados ou punidos porisso. Os blogs. Espao pblico, em que qualquer um pode escrever o que quiser,sobre quem quiser, sem dar satisfao, manifestando apenas a sua opinio. Para
alguns uma ferramenta de expresso, mas para outros, alm disso, os blogs propor-cionam aproximao e interao com o leitor, coisa que nenhum jornal, revista, rdio outeleviso capaz de oferecer. O leitor ou telespectador que antes era apenas receptorpassa a ser participante, colaborador e, por vezes, mensageiros.
Esse novo momento incerto e tortuoso. E no podemos acertar aindase tais mudanas provocam uma evoluo para a comunicao ou no. A nicacerteza que temos de que vivemos em uma nova era... A era da comunicao
1 Balaio do Kotscho, http://colunistas.ig.com.br/ricardokotscho/ 9
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digitalizada e globalizada, deparando-nos, diariamente, com Facebooks, Myspaces,Orkuts, Blogs e Twitters.
O caminho mesmo incerto, mas muitos apostam que a bola da vez oblog: uma ferramenta de comunicao e expresso utilizada por muitos jornalistas.
E por isso, me propus a compreender as venturas e desventuras dessanova ferramenta, que vem impactando, e muito, os meios de comunicao emesmo os leitores.
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Introduo
No importa o que voc e o que voc faz [...] Hoje, todomundo um jornalista em potencial, incluindo o assistentee o ofce-boy. Qualquer um pode ter um blog e um celularcom cmera para criar uma foto sua. (Hugh Hewitt, 2007)
COMO TUDO COMEOU
Conhecida inicialmente como rede mundial de computadores, a Internetsurgiu durante a Guerra Fria nos Estados Unidos, em meados da dcada de
60, com o objetivo de evitar a perda das informaes guardadas em servidores,caso a Casa Branca fosse atingida durante a guerra.
Em 1972, a rede foi ampliada conectando, assim, universidades e centrosde pesquisa do governo. No nal da dcada de 80, esse espao que alojavaapenas textos, passou a contar com um sistema de hipertexto para funcionar emredes de computadores.
Em meados de 1991, surge a WorldWideWeb, gestada por Tim Berners-Lee2 e considerada a parte mais importante da Internet.
A Rede de alcance mundial, traduzida literalmente para o portugus, umsistema de documentos em hipermdia3 interligados e executados na Internet.
2 Nascido em Londres, em 8 de junho de 1955, Timothy John Berners-Lee engenheiro britnico, cientista da computao e professor do MIT, a quem creditadaa inveno do World Wide Web, fazendo a primeira proposta para sua criao emmaro de 1989. Berners-Lee o diretor do World Wide Web Consortium (W3C), quesupervisiona o desenvolvimento continuado da web, e fundador da Fundao WorldWide Web. Em abril de 2009, foi eleito membro da Academia Nacional de Cincias dosEstados Unidos, sediada em Washington, D.C.
3 Hipermdia a unio de vrias mdias, texto, imagem e som, em um computador.11
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Para Pinho, 20034, a WorldWideWeb fundamentalmente um modo deorganizao da informao e dos arquivos na rede.
Como no era propriedade de ningum, a WWW possibilitou a criao deoutros sistemas e extenses e, em 1993, passou a ser acessvel a todos, gratui-tamente. A partir da, a Internet passou a se desenvolver cada vez mais e em 1996j contava com aproximadamente 80 milhes de usurios em 150 pases.
Junto a esse desenvolvimento, surgem os mecanismos de buscas paraauxiliar o usurio na busca de informaes por toda a web e os navegadores,como o Microsoft Internet Explorer, de Bill Gates5.
Ao completar 25 anos, em 1994, a Internet passou a abrigar pginas deemissoras de rdio, shoppings centers, pizzaria e bancos.
Deixando de ser um processo de inovao para ser um processo de expansoe renovao de atividades prossionais 6, a Internet ganhou novos rumos naera da informao.
A MSNBC, rede de televiso paga de notcias 24 horas, foi a primeiraorganizao noticiosa a fundir TV aberta, TV a cabo e Internet.
Revistas e jornais passaram a enxergar na rede uma nova forma decomunicao, complementar as j existentes, para atingir seu pblico alvo.
De acordo com uma pesquisa realizada pelo IBOPE, em junho de 2002,
a audincia dos noticirios veiculados na Internet, no Brasil, cresceu cerca de130%, em um ano.
Hoje, considerada o maior espao de circulao de informao viarede de computadores, a Internet representa um novo campo para renovaras tcnicas do jornalismo, oferecendo assim como o jornal, a revista, o rdioe a TV, notcia, entretenimento, servios e negcios.
Se compararmos a Internet a outros veculos, o meio com menor pero-do de aceitao, levando apenas sete anos entre sua descoberta e difuso.
Enquanto a imprensa levou 400 anos, o telefone 70 anos, o rdio 40 e a TV 25 anos.Seu desenvolvimento foi to grande e to rpido que j estamos nasegunda gerao da Internet, a Web 2.0.
4 Jos Benedito Pinho em seu livro: Jornalismo na Internet: planejamento eproduo da informao on-line, 2003.5 William Henry Gates III, mais conhecido como Bill Gates, um magnata,lantropo, autor e, em parceria com o scio Paul Allen, fundou a Microsoft, a maior emais conhecida empresa de software do mundo. um dos pioneiros na revoluo doComputador pessoal.6 Trecho retirado do livro Jornalismo na Internet: planejamento e produo da
informao online de Jos Benedito Pinho 12
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A Web 2.0 deixou o espao mais dinmico e simples, bem como vemos hoje.Com seus sites modernos, pginas dinmicas, jornais e revistas eletrnicos, blogs,wikis, que so as pginas comunitrias da Internet que podem ser alteradas pelosprprios usurios, RSS, entre muitas outras funes.
SURGEM OS BLOGS
A princpio weblog era apenas um sistema onde as pessoas relatavamtudo o que achassem interessante na Internet, ou simplesmente, escreviam suas
histrias e experincias pessoais, como em um dirio mesmo, s que virtual.Esse termo surgiu em meados de 1997, com Jorn Barger e foi destrinchado
por Peter Merholz7, tornando-se apenas blog.Merholz, inclusive, foi o pioneiro no uso do blog e, em 1999, criou o
www.peterme.com, como um complemento aos sites, integrando assuntos di-versos como poltica e humor.
Segundo Hewitt8, os blogs passaram a chamar a ateno quando entraramno espao da poltica e do jornalismo. E ento, surgiu um universo de blogs sobre
a mdia e a poltica, que arrecadaram, nos Estados Unidos, grandes quantias paraos candidatos, alterando o rumo das eleies presidenciais de 2004.
Com o atentado ao World Trade Center, em 2001, que cou conhecidocomo 11 de setembro, os blogs novamente se propagaram e trouxeram umnovo estilo: os blogs de guerra. Os autores descreviam os acontecimentos daguerra, como a invaso e a conquista do Iraque.
Logo, de divulgador de trabalhos, contos ou histrias, o blog passou a uma ferra-menta muito importante de interao e expresso, um verdadeiro difusor de informaes.
Aqueles mesmos jornalistas que escrevem para a Folha de So Paulo, OEstado de So Paulo, e revistas como Veja e poca So Paulo, esto aderindoou j aderiram nova ferramenta.
O desenvolvimento dos blogs se d em uma velocidade incrvel, assimcomo foi com a Internet em si que, comparada a outros veculos de comunicao,levou apenas sete anos entre sua criao e ampla difuso.
A cada minuto so criados dois blogs no mundo todo. Mais de 70 mil socriados por dia. Acredita-se que 1 em cada 4 internautas brasileiros leiam blogs7 Peter Merholz presidente e um dos fundadores da Adaptive Path.
8 Hugh Hewitt em Blog: entenda a revoluo que vai mudar o seu mundo, 2007.13
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todos os dias em busca de informao ou entretenimento.A partir da, os blogs passaram a ferramenta de expresso e opinio que,
at o momento da histria, no existia, assim dene o presidente do Sindicatodos Jornalistas do Estado de So Paulo, Jos Augusto de Oliveira Camargo.
E isso apenas o comeo.As notcias on-line, em geral, comeam a amadurecer.
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OS BLOGS
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Balaio do Kotscho
Tudo comeou com um blog... As pessoas procuravam ali o que noconseguiam encontrar nos jornais, revistas, rdios ou televises: interatividade.E essa interatividade proporcionou aproximao entre blogueiro e leitor.
Bem como o Balaio do Kotscho muitos outros blogs de jornalistas despertaminteresse, recebendo assim inmeros acessos.
No entanto, vamos, ao primeiro momento, tratar do blog de Ricardo Kotscho1,pois nele encontraremos algo alm do simples blog de Kotscho. No se preocupe,voc saber do que estou falando.
O Balaio do Kotscho surgiu em 11 de setembro de 2008, com o intuitode complementar o portal de notcias IG. Hoje, acessado por cerca de 443.843leitores2, o Balaio apresenta uma idia da evoluo que essa ferramenta vem
sofrendo em um curto espao de tempo, e os impactos que vem propiciando nacomunicao e, em especial, nos leitores.
Kotscho dene que o diferencial do blog exatamente esse carter democrticoem que a informao se horizontaliza e as opinies se multiplicam, tirando o poder dosantigos formadores de opinio, os donos da verdade.
1 Ricardo Kotscho, 62 anos, jornalista desde 1964. J trabalhou em praticamentetodos os principais veculos da imprensa brasileira (jornais, revistas e TV), nas funesde reprter, editor, chefe de reportagem e diretor de redao. Tambm foi correspondentena Europa nos anos 1970 e exerceu o cargo de Secretrio de Imprensa e Divulgao daPresidncia da Repblica no Governo Luiz Incio Lula da Silva, entre 2003 e 2004. Gan-hou os prmios Esso, Herzog, Carlito Maia e Claudio Abramo, entre outros. Tem 19 livrospublicados, dentre os quais Do Golpe ao Planalto - Uma vida de Reprter e A Prtica daReportagem.2 Dados colhidos no prprio blog Balaio do Kotscho (http://colunistas.ig.com.br/ricardokotscho/)revelam que desde 12 de novembro de 2009, quando o Balaio foi cadastrado pelo IG no programa deaferio de audincia do Google at dia 28 de abril deste ano, ou seja, em menos de seis meses, o blogfoi visitado por 443.843 leitores. Como muitos deles acessaram mais de uma vez, o Google contabilizou
754.262 acessos, originados de 127 pases / territrios diferentes. 17
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09/09/2008 - 12:45Meus queridos leitores, minhas queridas leitoras
Pensaram que eu estava brincando?
Pois, como vocs podem ver, nalmente est entrando no ar nesta quinta-feira, 11 de setembro de 2008, o meu blog aqui no iG, o Balaio do Kotscho,com desenho do Paulo Caruso na capa e tudo.Espero que vocs usem este espao aberto para tratar de qualquer assunto
da vida _ e no s para ler as histrias deste velho reprter, que h 44 anosvive rodando pelo Brasil e pelo mundo em busca de novidades para contar.
Sei que tem blog demais no planeta e, daqui a pouco, vai ter mais genteescrevendo do que lendo. At porque, ningum consegue ler tanta notcia,
como j cantava o grande Caetano no sculo passado.Mas, j que os editores do iG me deram esta oportunidade, vamosaproveitar para nos divertir um pouco.
Quero dividir a responsabilidade pelo BK, vamos cham-lo assim, comos leitores. Aqui todo mundo vai ser emissor e receptor de informaes,no tem dono da verdade.
No farei, portanto, qualquer espcie de moderao no blog, como jno fazia nos comentrios das minhas colunas no ltimo Segundo.
Alm de ser humanamente impossvel acompanhar os comentrios onlinecom a vida que levo, fao assim porque sempre fui um radical defensor daliberdade de expresso para todos _ e no s para mim.
Por isso, fao um apelo para que todos se identiquem com nome e endereoverdadeiros para permitir a troca de idias e experincias, como fazem, por
exemplo, os grupos formados por ex-colegas de colgio.Outra coisa que no pretendo fazer polemizar com os leitores ou colegas de ofcio.Detesto esse negcio de fazer do blog uma guerra santa a favor ou contra
quem quer que seja, dividindo o mundo entre os amigos que concordamcomigo e os inimigos que discordam.Reprter, simplesmente, no pode brigar com os fatos, e no do meu
feitio car batendo palmas pra ver louco danar. Sou apenas um contadordas histrias que vi e ouvi. Quem quiser que conte outra.
De vez em quando, posso entrar no espao de comentrios apenaspara esclarecer dvidas ou corrigir informaes erradas apontadaspelos leitores nos meus posts.
Boa sorte pra todos ns _ e seja o que Deus quiser!
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Mais do que um blog, o Balaio do Kotscho um difusor de informaes e opinies.Seus textos expressam o verdadeiro sentido do jornalismo. Sem perder
a clareza e a objetividade, Kotscho est sempre buscando esclarecer e mostraro mais prximo da verdade, e como no podia deixar de ser, procurando pelanotcia fresca, em primeira mo.
27/03/2009 - 16:56
Satiagraha, Daslu, Castelo de Areia
Nove da manh. Termino de fazer a moderao dos comentrios da noitee penso no que vou escrever hoje.
Leitores me pedem para comentar notcias que esto nas capas dos jornaise dos portais: a condenao e priso da dona da Daslu, a Operao Castelode Areia, que pegou em agrante a empreiteira Camargo Corra e vrios par-
tidos polticos, a interminvel novela da Operao Satiagraha e seu delegadoProtgenes Queirz, que utua entre o papel de heri e de vilo, e por a vai
Escrever o qu, alm de tudo o que j foi publicado? Tenho alguma coisaindita a dizer ou vou dar apenas mais uma opinio sobre assuntos quemobilizam a imprensa, a Polcia Federal e a Justia em busca da verdade?
O que posso acrescentar ao leitor, se no sei a verdade?Desde o primeiro dia, o Balaio tem procurado outros assuntos que no
esto na capa dos jornais para que ningum pense em dar um tiro nacabea depois de ler o noticirio.Por isso, para mim quem tem razo a leitora Blenda, das 22h58 de
quinta-feira, que escreveu ao nal do seu comentrio:Acho legal que aqui surjam assuntos amenos. Na mdia toda sempre a
mesma coisa. Parece at que foi o mesmo prossional que escreveu.
Tenho a mesma impresso e o mesmo desencanto ao nal da leitura quefao do noticirio todas as manhs. Alm do pensamento nico, agora
temos a pauta nica que mobiliza todos os jornalistas a escrever asmesmas coisas do mesmo jeito.
Dez da manh. Tive que dar um tempo no que estava escrevendo aacima para dar uma entrevista a um grupo de crianas de uma bibliotecamunicipal, que vieram me encontrar no Caf Santo Gro, aqui na frente
prdio onde moro, onde sempre marco meus compromissos.As nuvens pretas do noticirio desapareceram num instante quando comecei
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a conversar com Beatris, Bruna, Clara, Cosmo, Matheus e Thalita, crianasanimadas como se estivessem chegando a um parque de diverses.
Antes que elas me zessem a primeira pergunta, quem as comeou a
entrevistar fui eu, curioso por saber de onde eram, o que faziam e o queas levou a procurar este velho reprter.Estou habituado a dar entrevistas para estudantes de jornalismo, mas a primeira vez que me vejo diante de alunos do primeiro grau que
querem ser reprteres e esto curiosos em saber como este trabalho.Fiquei alegremente surpreso com a histria que ouvi e, mais ainda, com
o que me mostraram: a coleo do Jornal da Hora, uma publicaomensal de quatro pginas, que as prprias crianas escrevem desde
abril do ano passado.Mas a histria deste jornal infantil muito mais antiga, tem mais de 70anos. Comeou quando o grande Mrio de Andrade, primeiro secretrio
municipal de Cultura de So Paulo, criou a primeira biblioteca infantil dopas, a Monteiro Lobato, na Vila Buarque, regio central da cidade.A biblioteca tem que ter um jornalzinho, anunciou Mrio de Andrade, e
assim surgiu a Voz da Infncia, cuja publicao s seria interrompidaj nos anos 90 do sculo passado. Um dos primeiros colaboradores do
jornal, quando ele tinha 11 anos, foi o consagrado compositor e cientistaPaulo Vanzolini.Em 2006, quando a Biblioteca Municipal Infantil Monteiro Lobato comem-
orou 70 anos, a sociloga Vera Alves, responsvel pela rea de aocultural, juntou algumas crianas para produzir uma edio especial da
Voz da Infncia.A turma gostou tanto da experincia que continuou fazendo o jornal todoms, e editou 15 nmeros, at julho de 2007, quando ele fechou de vez
por falta de recursos.Na mesma poca, Vera, que era funcionria municipal concursada,aposentou-se e criou a ONG Instituto Brasil Arterial _ Comunicao e
Artes, que hoje trabalha com 1.200 alunos, junto a quatro escolas daPrefeitura.
Uma das principais atividades da entidade justamente o Jornal daHora que veio fazer uma entrevista comigo. Com circulao de dois milexemplares, distribudos na biblioteca, nas escolas e outras instituies,
o jornal todo feito por 18 crianas, entre 7 e 15 anos.
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No primeiro nmero, o aluno Gabriel Rodrigues, de 11 anos, deniu oesprito do jornal:
Fazer o jornal expor minhas opinies, ento no fao jornal por
obrigao, mas para expor minhas idias. O que eu mais gosto es-crever textos. mais ou menos o que acontece comigo aqui no Balaio e eu procureiexplicar aos pequenos jornalistas nas 15 bem formuladas perguntas que
me zeram, como se fosse um jogral de entrevistadores, cada um fa-zendo a sua marcada no roteiro que prepararam com a ajuda das co-
ordenadoras Vera Alves e Valria Silva.Beatris Duraes, de 11 anos, que sentou a meu lado com o gravador, j
estava impaciente para comear a fazer as perguntas. Mas antes defalar ainda quei sabendo que a sobrevivncia do jornal est garantidapelo menos at julho. O Jornal da Hora ganhou no nal do ano passado
os R$ 18 mil do Premio Ludicidade- Pontinho de Cultura, promovido peloMinistrio da Cultura.Foi a mais graticante das entrevistas que concedi este ano a estudantes.
Ao contrrio dos universitrios, que s costumam ler as perguntas e -cam olhando para o gravador, estas crianas prestavam uma ateno
danada ao que eu falava _ retrucavam, reagiam, perguntavam de novo,como costumavam fazer os bons reprteres de antigamente.Na volta ao computador, vou olhar novamente os comentrios, vcio de
todo blogueiro, imagino, e encontro a boa notcia de que o nosso leitorBrasil de Abreu, um policial militar aposentado, fregus aqui do Balaio,
conseguiu fazer a cirurgia de que necessitava e est passando bem.s 11h51, ele enviou um comentrio agradecendo leitora Norma, quelhe indicou a Faculdade de Medicina de Santo Andr, onde ele conseguiu
nalmente ser atendido, depois de passar um tempo tentando, em vo,fazer o tratamento no Hospital da Polcia Militar.Depois de agradecer a solidariedade que recebeu de outros leitores, ele
escreveu ao nal do seu comentrio:A todos meus amigos anuncio a volta ao Balaio.
Desta forma, hoje ganhei o dia, s lidando com coisa boa. Os leitoresque me perdoem, mas quem espera ler sobre coisa ruim ou baixariasneste Balaio ainda vai ter que esperar mais um pouco.
Sei que estas histrias de superao, de gente que faz acontecer, de pessoas
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decentes que cam doentes com a desonestidade, de jovens animados comoos do Jornal da Hora rendem menos audincia e comentrios do que futricas
e escatologias, mas me sinto mais feliz assim.
Estou muito velho para mudar minha forma de ser jornalista.
Para Kotscho, no houve mudana no fazer notcia, e aponta que a diferena que [...] Nos jornais, nas revistas e mdias eletrnicas tradicionais, com raras excees,prevalece o monlogo. O leitor apenas um receptor passivo da informao. Nas novasmdias, o mais importante a interao com os leitores, ou seja, o dilogo, num processodemocrtico em que todos so ao mesmo tempo emissores e receptores de informaes.
Aqueles que acompanham a trajetria profissional do jornalista observam que Kotschono deixou de fazer o jornalismo que sempre fez, com a profissionalidade e tica que sempremanteve, o que mudou apenas foi o meio em que suas matrias so publicadas. No blog.
E como o prprio diz Estou muito velho para mudar minha forma de ser jornalista.
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Do Blog ao Boteco
NO BOTECO, COM MUITO ORGULHO SIM!3
A histria comea assim:
Era uma vez um Balaio. Que se transformou em bero de ouro. No tinha rique-
za material nenhuma, pois isso no fazia a menor diferena para as suas crias,os seres que ele pariu. Era o Balaio do Kotscho, um blog de um notvel jor-nalista chamado Ricardo. As pessoas comearam a acompanhar os assuntos
ali publicados e a dar suas opinies numa interao e debate de bom gosto.Tanto bom gosto que teve uma bela moa que foi garimpando ali nomeio dos comentaristas gente que ela foi gostando e saiu convidando a
todos para baterem um papo mais descontrado num boteco virtual. Comcachaa virtual e tudo. Ai, todos, gente virtual, assim mesmo de carne e osso
como voc que est lendo agora, foi chegando, se sentando e a conversacomeou. E junto com ela, veio a amizade. To forte e sincera que quaseabolimos aquele ditado antigo que dizia que as boas amizades no so
feitas no boteco. Deixamos o ditado para quem quiser considerar a vidaassim, porque para ns, foi o melhor acontecimento j acontecido aqui e
alhures, por muitos e muitos anos, de todos os tempos. A madrinha atemprestou seu nome ao substantivo e virou jornalizta (Explico a graaerrada. Errada no. a boniteza da mistura que se deu de jornalismo
com seu nome Aliz).De l para c, vou lhes contar um negcio: o trem cou bo demais. Tem
mineiro (nem precisava dizer, n?), tem paulista, paulistano, acreano,goiano, carioca, brasileiros, assim de carne e osso como todo botecoque se preza. L, cada um tem a sua maneira prpria de ser, suas crenas,
seus trabalhos, seus problemas, mas muita, muita alegria e doao e entregae companheirismo e sinceridade e respeito e tica. E corao saltitando quan-
do junta a turma toda e corao agoniado quando falta um ou outro. Fala-se
3 Texto retirado do Boteco do Balaio http://groups.google.com.br/group/boteco-do-balaio23
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de tudo, vive-se de tudo, numa intensidade que nem d tempo de ningumse embriagar. Rimos muito juntos, aprendemos juntos, preocupamos juntos,
choramos juntos. Tanto que s falta o abrao fora da tela. De carne e osso
mesmo. Mas isso ainda vai acontecer. D uma passadinha l!(Jos Claudio, mais conhecido como Cac pelos botequeiros)
Com uma idia de Aliz de Castro4 e pronto, formou-se um frum, ou melhor,o Boteco do Balaio.
Frequentado pelos mesmos leitores assduos do Balaio do Kotscho, oBoteco tornou-se uma lial do blog, onde pessoas de todo o Brasil e at mesmo
de outros pases se renem para tratar de assuntos diversos e pessoais. Enm,uma lista de discusso na internet, bem como dene sua prpria criadora.
Aliz conta que no comeo, quando o Kotscho no moderava os comentriosem seu blog, os leitores tinham liberdade para comentar todos os assuntos que ojornalista trazia tona e tambm para interagir com os demais comentaristas doblog. E essa interao, proporcionou a alguns integrantes, anidade e proximidade,fazendo nascer, assim, uma grande amizade virtual.
Com o tempo o Kotscho precisou moderar os comentrios e conter os excessos,
j que muita gente ignorante estava usando aquela rea para proferir improprios e ofenderos outros, inclusive o jornalista e blogueiro, o que fez com que a qualidade do debate pro-movido na rea de comentrios casse muito, ento ele adotou a moderao., explica Alizde Castro. E complementa dizendo que essa moderao prejudicou a interao entre osfrequentadores mais assduos do blog. E como eu queria manter aquilo vivo anal eraalgo indito entre os blogs de jornalistas famosos pensei em criar um tipo de boteco dobalaio, onde esses amigos que se encontravam l pudessem papear a vontade e tivessemum canal exclusivo, sem moderao, naliza sua explicao sobre a idia de criar uma lial
do blog de Kotscho.E assim, surgiu o Boteco do Balaio.Mais do que uma lista de discusso sobre assuntos da atualidade,
uma famlia, o espao foi ganhando fora e hoje conta com a participaode 66 membros.
4 Aliz de Castro Lambiazzi, 28 anos jornalista formada pela Faculdade IntegraoZona Oeste (FIZO, atual Universidade Anhanguera) e blogueira. Para conhecer um poucomais sobre sua vida, personalidade e prosso basta acessar um de seus 6 blogs: Jornalizta,
Texto-Sentido, Por esses vages, Nos olhos de quem v, Imortalizando e Boteco-do-Balaio.24
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A primeira pgia, ou melhor, a cara do Boteco do Balaio
Reporto, abaixo, o texto escrito por Aliz, na primeira pgina do Boteco do
Balaio, pois este dene exatamente o que o espao, com seus princpios eobjetivos.
Bem-vindo(a) ao Boteco do Balaio!
Este boteco foi aberto pelos leitores assduos do blog Balaio do Kotscho
(http://colunistas.ig.com.br/ricardokotscho/). Nos encontramos l, nos
conhecemos e assim foi nascendo uma amizade virtual muito gostosa
que no quer acabar.Aqui, no preciso partilhar das mesmas opinies, apenas dos mesmos
princpios de tica, respeito e amizade. Criamos este espao justamente
porque o Balaio comeou a ser invadido por seres que no sabem
respeitar os diferentes pontos de vista, usando apenas de baixarias,
violncia verbal, atitudes duvidosas, expresses chulas, mau caratismo
e outros mtodos repugnantes para fazer valer suas verdades.
Alis, acho que os frequentadores deste boteco nem querem estipular
verdades. Todos sabemos da amplitude dessa palavrinha e do perigo
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que ela representa. Ns s queremos liberdade para conversar sobre o
que for, expor os nossos pontos de vista, falar besteiras, discurtir poltica,
religio e futebol, enm, o que der vontade em cada um. Aqui, a vivncia
de cada um tem muito valor, bem como a presena e a palavra.
Embora carregue o nome de boteco, um ambiente limpinho, saudvel,
amigo e aconchegante, e essa proposta ser respeitada, tenho certeza!
Pode se achegar e abrir a primeira garrafa.
Beijos
Aliz
Foi tudo muito tmido e sem grandes pretenses. Criei o grupo dediscusso Boteco do Balaio e convidei esse pessoal que encontrei nos
comentrios do Balaio, inclusive o Kotscho, que sempre foi muito receptivo e
acessvel. E assim nasceu essa, que o Kotscho chama de lial do Balaio.,
naliza a jornalista e blogueira.
Bem como uma grande e bonita famlia, o Boteco conta com inmeras
histrias engraadas e experincias inusitadas.
No entanto, uma em especial, contada por Aliz de Castro, vale umespacinho aqui.
Sherlok Robso
Era uma vez um botequeiro chamado Enio.
Enio tem distroa, mas apesar da diculdade para articular-se, tanto na
fala quanto com as mos, um debatedor talentosssimo, muito inteligente e
sagaz, um botequeiro indispensvel.
Em uma poca, ele sumiu. Simplesmente sumiu. No aparecia mais no
Boteco, no mandava e-mails e at seu blog cou abandonado.
Ento, seus amigos botequeiros caram muito preocupados. E sem
saber o que fazer...
Eis que surge, ento, o botequeiro Robson. Robson de Campinas, mas
vivia conversando com Enio sobre a regio onde morava, as ruas onde cresceu,
a vizinhana e tudo o mais.
Robson cismado com o sumio do amigo resolveu vir para So Paulo,
determinado a encontr-lo.
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Sem leno nem documento. A nica informao que tinha era que Enio morava
na regio Norte de So Paulo e que era em um prdio, e pelas conversas mantidas
anteriormente lembra-se de alguns pontos de referncia citados pelo amigo.
Robson desbravou e encarou todos os obstculos at encontrar o amigo.
Enio cou muito emocionado com a preocupao e disposio de Robson que
saiu em busca de noticias suas.
Ao nal, o amigo botequeiro sumido estava apenas sem internet e, por
isso, no pode se comunicar. Robson passou, ento, um domingo inteiro com
Enio e sua famlia. E no dia seguinte, rumou tarde da noite, de volta Campinas,
a m de contar as novidades para os demais botequeiros.
A histria retratada acima foi adaptada, mas verdica, levando em
considerao as informaes cedidas pela jornalista, blogueira e botequeira
Aliz de Castro Lambiazzi, que a vivenciou.
COMEMORAnDO nO BOTECO
O aniversrio do Boteco do Balaio foi comemorado em grande estilo,
recebendo uma homenagem exclusiva de Ricardo Kotscho e direito a relato de
sua organizadora Aliz de Castro.
03/02/2010 13:39
Um ao de Boteco do Balaio, ode o virtual virou real
Foi no dia 04 de fevereiro do ano passado que entrou no ar uma
experincia na internet: uma lial criada no Google pelos prprios leitoresdeste Balaio. Semanas antes, eu me vi obrigado a fazer a moderao do
blog em razo da quantidade de comentrios ofensivos enviados por
um grupo de cachorros loucos e tambm para evitar que o Balaio se
transformasse num chat, uma sala de bate-papo dos leitores.
No era este meu objetivo, declarado no dia em que o Balaio entrou no
ar, no dia 11 de setembro de 2008. Queria que este fosse um espao
absolutamente livre, mas a realidade me levou a implantar a moderao,
que d um trabalho danado e perdura at hoje. Passo boa parte do
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dia no meu computador e leio todos os comentrios. Com o tempo, os
cachorros loucos desistiram, mas vira e mexe aparecem novos, e sou
obrigado a exclu-los do nosso convvio. A opinio aqui livre, mas a
baixaria, no. Internet no porta de banheiro.
J habituados ao bate papo dirio, alguns leitores no se conformaram e
resolveram criar seu prprio espao para conversar. Eles se conheceram
aqui, ganharam vida prpria, muitos se tornaram amigos e, em setembro
do ano passado, no primeiro aniversrio do Balaio do Kotscho,
promoveram um encontro em So Paulo, com a participao de leitores
de vrias regies do estado e do pas. O que era virtual virou real.
A iniciativa foi da jornalista Aliz de Castro Lambiazzi, a incansvel
animadora do Boteco do Balaio, a quem pedi que me enviasse umdepoimento, que reproduzo abaixo, sobre esta indita experincia, que
agora vai virar trabalho acadmico. Aliz j foi entrevistada sobre o Boteco
pela estudante Fernanda Magalhes, da UNIP, que est fazendo seu
TCC (Trabalho de Concluso de Curso) centrado na experincia dos
blogs. Com apenas 16 meses no ar, o Balaio do Kotscho j foi linkado
por mais de 65 mil blogs de todo o pas. Por tudo isso, s posso me sentir
muito graticado com este trabalho, para mim tambm indito, graas
aos leitores is e aos novos que no param de chegar.Quem quiser participar do Boteco do Balaio s entrar em contato com
a Aliz:
[email protected] (ateno: este jornalizta com z mesmo, aluso
ao nome dela).
Abaixo o relato de Aliz:
[...]
Um Balaio idito s poderia gerar um Boteco mais idito aida
Kostcho, voc costuma dizer que este um fato indito: um blog ganhar
uma lial. Eu tambm acho que , pelo menos no vi nada parecido
na net ainda. Detalhe: o seu Balaio, to amado por todos ns, no
possui apenas uma lista de discusso como lial, mas tambm um
outro blog (HTTP://boteco-do-balaio.blogspot.com/), onde colocamos as
brincadeiras e fatos interessantes que vivemos por neste Boteco doido
que nasceu dos seus leitores. E diferente como s o Balaio , o Boteco
do Balaio no foge regra, pois um espao completamente inusitado!
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Parece um boteco de verdade. Balco, mesas espalhadas onde
despejamos os papos variados da gente, cachaa, vinho, suco e at
samambaia enfeitando o espao. At arranca-rabos tem, acredita? Esse
humilde antro de bebericagens j rendeu risos e lgrimas intensamente,
acho que a todos. Ali, a emoo acontece em todos os sentidos, de forma
plena. No a toa que chegamos a um ano de vida, no ?
Voc me pergunta sobre algum fato pitoresco, e eu passei a madrugada
procurando, mas to difcil escolher! Esses balaieiros-botequeiros
que so pitorescos em tudo. O interessante ali que todos partilham da
mesma fantasia, numa sintonia mgica em que um d continuidade
criao do outro. Foi assim que o Boteco ganhou cor, objetos, situaes
e vida! E se os papos no so to intensos como no Balaio, porquehoje a amizade fala mais forte. Muitos preferem calar do que entrar em
litgio com o amigo. Aos meus olhos, isso lindo!
Mas vou te contar: conversamos sobre tudo o que voc possa imaginar.
s vezes levamos temas do Balaio para l, ou simplesmente fatos da sua
rea de comentrios, que ganham continuidade ali, entre ns. Temas em
alta na mdia tambm so discutidos, como a morte do Michel Jackson,
as leis absurdas de Kassabs e Serras, enm, uma variedade enorme.
Mas tem um algo mais. Eles escrevem poemas, compem musicas,repentes, fazem piada, discutem poltica e religio, criam vdeos. Riem
de si mesmos e uns dos outros na cara dura. Contam casos e causos.
Temos contistas, cronistas, poetas, psiclogos, polticos natos. Cantam,
tocam violo, trocam fotos, mostram a cara, a casa e a famlia. So
transparentes, e por isso mesmo no dia do seu Encontro ningum se
estranhou: estavam ali exatamente as mesmas pessoas que convivem
com a gente on-line, com as mesmas manias e a mesma conversa, sem
nenhuma contradio.
Acho que um dos fatos que marcou o Boteco foi quando o Robson saiu
de Campinas para procurar o Enio, em So Paulo. Ningum conhecia
ningum pessoalmente ainda, mas j ramos bastante ntimos. O Robson
nem tinha o endereo do Enio, apenas algumas referncias obtidas nas
conversas do Boteco. O Enio estava sumido h um ms e todos ns
estvamos muito preocupados (ele essencial, fazer o que?).
Num belo domingo, Robson pegou as referncias que tinha e fuou
at achar a casa do Enio. Passaram horas juntos, e essa surpresa
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emocionou todos ns para sempre, alm de nos tranquilizar com notcias
desse ilustre botequeiro. Foi a partir disso que o nosso amigo ganhou o
nome de Sherlock Robson, que avisado logo que algum botequeiro
demore a aparecer.
E esses encontros surpresa vivem acontecendo, viu! A relao entre
os botequeiros j deixou de ser virtual h muito tempo, e isso que
legal. O que tenho orgulho de destacar sempre a transparncia
dessas pessoas. Pessoalmente, nenhum de ns se estranha, mesmo
no primeiro encontro, porque na internet ningum tenta ser diferente do
que , e isso reete quando nos vemos pessoalmente, como se j nos
conhecssemos h muito tempo. E fora isso, rola tambm uma troca de
presentes por correio, cartas, enm...Ah! Algo de legal que zemos tambm, agora no nal do ano, foi o amigo
secreto do Boteco. Organizamos um amigo secreto virtual. Sorteamos
os nomes com a ajuda do site amigosecreto.com, brincamos muito com
mensagens annimas, mas o melhor foram os presentes. O presente
tinha que ser virtual, ento, tivemos que soltar a imaginao para bolar
uma homenagem ao amigo secreto exclusiva, personalizada. O dia da
entrega foi emocionante! O pessoal se dedicou de verdade e surgiram
surpresas lindas, bacanrrimas. Vdeos, msicas, poesias, uma innidadede presentes virtuais que surtiram efeitos reais e inesquecveis, melhor
do que se tivssemos trocado presentes de verdade.
O prprio Encontro do Balaio foi o acontecimento pra ns, a coisa
mais marcante de todas. Nele, alm de nos conhecermos pessoalmente,
conhecemos outros balaieiros e voc, o nosso grande presente.
Nessa caminhada, dividimos muito, coisas tristes e alegres, e acho que
isso que d alma ao Boteco. Perdemos a Ana Luza, to novinha, nossa
Borboletinha amarela, o que nos chocou e entristeceu profundamente.
Giu anunciou a chegada de seu primeiro lho. Norma e Sandrinha foram,
recentemente, visitar Enrique (o nosso motobico) na casa dele, no meio
da enchente em Sampa e pelos relatos, foi uma tarde incrvel.
At a vaquinha do Simei, l no Acre, j celebridade entre ns, tornando-se
pintura sensual (risos). A morte da cachorrinha do Robson, aps 11 anos de
convivncia, que mexeu com todos. Enm... no tem como classicar, esse
boteco , de fato, livre, louco e informal. E pulsante! Essa a melhor parte.
Por essas e outras que esse primeiro ano est sendo comemorado. Essas
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pessoas que formam o Boteco, e que renasceram uns para os outros no
seu Balaio, tm descoberto outra forma de vida na internet, e dividido
isso com muito amor e muita solidariedade. Espero que comemoremos
muitos outros aniversrios!
Obrigada Kotscho, mais uma vez, a culpa toda sua!
Aliz
Como foi citado pela Aliz em seu relato e por ser um evento importante
para todos os blogueiros e botequeiros que tiveram a oportunidade de participar,
no poderia deixar de falar do Encontro do Kotscho. Organizado pelos mesmos
frequentadores assduos do Balaio do Kotscho e botequeiros de planto, acomemorao foi, lgico, em um boteco. E com a presena ilustre do jornalista
Kotscho.
Uma experincia inesquecvel, posso descrev-la pois estive
pessoalmente no encontro. Impressionante, inusitado e emocionante.
Incrvel o que um blog capaz de fazer... Reunir pessoas de vrios cantos do
pas em um mesmo espao, com um mesmo objetivo. E mais, transformando o
virtual em real.
Essa interao e proximidade que s o blog pode proporcionar.Onde mais esses blogueiros e botequeiros poderiam conhecer jornalistas
to conceituados e admirados como Ricardo Kotscho e Audlio Dantas5?
5 Audlio Dantas nasceu em Tanque dArca, em 08 de julho de 1929, e tornou-se jornalista eescritor. Foi premiado pela ONU por sua srie de reportagens sobre o Nordeste brasileiro, publicadasna extinta revista Realidade. J foi Presidente do Sindicato dos Jornalistas do Estado de So Paulo poca do assassinato do jornalista Vladimir Herzog. E mais, foi o primeiro presidente da FederaoNacional dos Jornalistas (FENAJ) e deputado federal. Tem em seu portflio o livro Reprteres e O
Menino Lula. 31
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Botequeiros, blogueiros e joralistas, todos reuidos.
Aliz de Castro e o joralista Ricardo Kotscho
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Ricardo Kotscho, Vaira Kuc e Audlio Datas
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Blog do Nassif
Bem como Ricardo Kotscho, outro grande nome do jornalismo aderiu ao blog:
Luis Nassif, introdutor do jornalismo de servios e do jornalismo eletrnico no pas.
Creio eu que o Blog do Nassif seja o exemplo perfeito para mostrar o
verdadeiro papel dos blogs, sua representatividade e o impacto que causa para
a comunicao e quem dela faz parte, ou seja, os leitores.
Portanto, contarei a trajetria pessoal e prossional de Luis Nassif
queles que no tiveram a oportunidade de acompanh-lo, mesmo que por trs
de seus textos, impressos ou virtuais, assim como eu.
Luis Nassif nasceu em Poos de Caldas, Minas Gerais, no ano
de 1950. Formado em jornalismo pela Escola de Comunicao e Artes da
Universidade de So Paulo, trabalhou na revista Veja, entre 1970 e 1979. Em
seguida, foi para o Jornal da Tarde, onde criou as sees Seu dinheiro, sobre
nanas pessoais, e Jornal do Carro. Em 1983, trabalhou na Folha de SoPaulo como colunista e membro do conselho scal. Embora escrevesse sobre
economia, possua uma coluna de crnicas no jornal. Ficou na Folha at 2006,
com um intervalo entre 1987 e 1991, quando criou a Agncia Dinheiro Vivo, de
notcias de economia em tempo real.
Vencedor dos prmios Esso de Reportagem (1986), por sua cobertura
do Plano Cruzado, Ayrton Senna, na categoria Jornalista Econmico (2003),
Melhor Jornalista de Economia da Imprensa Escrita do site Comunique-se
(2003, 2005 e 2008), Nassif tambm recebeu meno honrosa do prmio Jabutide 2003, categoria crnica.
Alm da atuao em meios impressos, o jornalista tambm trabalhou
como comentarista econmico na TV Cultura e na TV Bandeirantes.
Durante sua trajetria j publicou os livros O Menino de So
Benedito e Outras Crnicas (2001), O Jornalismo dos Anos 90 (2003) e
Os Cabea-de-Planilha (2007).
No satisfeito, o homem ainda tocador de bandolim, cantor e
compositor, de samba e choro.
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Criou o blog, Blog do Nassif, em maio de 2006, hospedado pelo provedor
UOL, pertencente ao grupo Folha da Manh, at setembro de 2006. Atualmente,
est hospedado no portal IG, sob o endereo http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/.
Em 2007, lanou o Dossi Veja, uma srie de textos denunciando as
manipulaes e distores intencionais encontradas no noticirio da revista
semanal. As matrias sobre a Veja podem ser acessadas no endereo
http://luis.nassif.googlepages.com/home.
Nassif explica que havia duas razes para estabelecer uma competio
com um blogueiro da revista.
A primeira foi para demonstrar que, com a Internet, o predomnio das
grandes publicaes foi interrompido e que mesmo sem um grande rgo deimprensa tradicional por trs, possvel mobilizar pessoas para a disseminao
de informaes. E a segunda, para que seu blog ajude a dar visibilidade s
reportagens publicadas.
[...]
O macartismo e o joralismo de egcios6
O maior fenmeno de anti-jornalismo dos ltimos anos foi o que ocorreu
com a revista Veja. Gradativamente, o maior semanrio brasileiro foi setransformando em um pasquim sem compromisso com o jornalismo,
recorrendo a ataques desqualicadores contra quem atravessasse seu
caminho, envolvendo-se em guerras comerciais e aceitando que suas
pginas e sites abrigassem matrias e colunas do mais puro esgoto
jornalstico.
Para entender o que se passou com a revista nesse perodo, necessrio
juntar um conjunto de peas.
O primeiro, so as mudanas estruturais que a mdia vem atravessandoem todo mundo.
O segundo, a maneira como esses processos se reetiram na crise poltica
brasileira e nas grandes disputas empresariais, a partir do advento dos
banqueiros de negcio que sobem cena poltica e econmica na ltima
dcada.
O terceiro, as caractersticas especcas da revista Veja, e as mudanas
pelas quais passou nos ltimos anos.
6 Matria postada no Blog do Nassif, http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/, no dia
30/01/08 as 20:01 35
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A partir de agora, e nos prximos dias, publicarei, em captulos, a historia
que tenta explicar esse fenmeno de anti-jornalismo.
No captulo 1 Os Momentos de Catarse e a Mdia analisam-se as
pr-condies que abriram espao para o estilo que tomou conta da
revista nos ltimos anos.
No captulo 2 A Mudana de Comando, o que signicou a ascenso
de Eurpides Alcntara e Mrio Sabino ao comando da revista de maior
circulao do pas.
[...]
Vamos ao comeo, para entender melhor o conceito e o desenvolvimentodo blog do jornalista Luis Nassif.
30/05/06
O Blog
Depois de algum tempo de resistncia, resolvi aderir aos blogs. Em
parte, por acreditar que o futuro do jornalismo est na Internet. Em parte,
devido enorme e revitalizante interao com o pblico leitor. Durantealguns anos, em lugar de temas econmicos, publiquei crnicas na
minha coluna de domingo na Folha. Era uma maneira de trazer tona
uma veia literria de juventude, que o jornalismo tinha contido por alguns
anos. Mas tambm uma forma de passar a mensagem de que um pas
no se fazia apenas com a v economia. Havia valores relevantes, que
absorvi ao longo da infncia e da adolescncia, do incio da maturidade,
que pareciam desaparecidos nessa gelia geral da internacionalizao
dos anos 90. E havia uma enorme demanda dos leitores por temas dessa
natureza. As crnicas me renderam enorme satisfao e um prmio de
nalista do Jabuti, categoria contos e crnicas, com o livro O Menino
de So Benedito. Quando a Folha, por razes editoriais internas,
decidiu suspender a publicao, passei a prospectar a Internet, atravs
de sistemas de mailing, de ferramentas de extrao de endereos. E
a a emoo redobrou. Voc assistia os e-mails sendo disparados, ia
recebendo os retornos, acompanhando os lidos, os no lidos, e o mailing
foi sendo enriquecido com pedidos de incluso que muitos me honraram,
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com os de Ivan Lessa, Jader de Oliveira, Artur da Tvola, os incentivos
de Moacir Scliar, dentre outros. Apenas uma coisa me incomodava.
Com o m das crnicas na Folha, perdi os meus velhinhos, um pblico
mais velho, pouco afeito Internet, mais chegado ao papel, mas que
aquecia meu corao com suas cartas e bilhetes. O formato do blog ser
o seguinte: 1. Durante a semana prevalecero os comentrios polticos
e econmicos. 2. Nos nais de semana, as crnicas e comentrios sobre
msicas, alm de trechos de livros meus j publicados.
Orgulho-me muito do nvel de meus leitores. Sempre que levanto um
tema polmico, costumo receber e-mails consistentes, de pessoas com
diferentes opinies. Pretendo abrir espao para esse tipo de comentrio,
mais do que para os comentrios curtos e impressionistas dos blogsconvencionais. Por isso mesmo, quem tiver comentrios maiores a fazer,
poder escrever para [email protected]. Os melhores sero
publicados, dentro dos limites de espao do blog. O Blog ser dividido
em quatro categorias principais, o Blog propriamente dito, Crnicas,
Minhas Msicas e Livros. Todo o material blogado sair obrigatoriamente
na pgina do Blog. Mas car armazenado, inclusive para efeito de
pesquisa, nas janelas correspondentes a cada categoria. Em Crnicas
pretendo trazer reminiscncias, um pouco de historiograa e temasligados histria da msica. Em Minhas Msicas, vou expor pesquisas
com msicas marcantes ou com lanamentos de novos autores.
Eventualmente, incluirei composies minhas. Em Livros, trechos de
livros j publicados, e ensaios de novos livros em que estou trabalhando.
Para temas mais complexos, pretendo exercitar um tipo de cobertura j
ensaiada em discusses como a da TV Digital e a da transposio das
guas do So Francisco. Haver uma interao com o site do Projeto
Brasil (www.projetobr.com.br) e uma explicao didtica dos diversos
ngulos envolvidos na discusso, assim como a participao de cada ator
trazendo seus argumentos, rebatendo os argumentos da parte contrria,
tudo no tempo real que a Internet permite praticar. Espero poder cumprir
um papel dentro desse espao precioso que o UOL me abriu.
Nassif exalta a participao do leitor, com comentrios, que viriam a ser
publicados em seu blog caso merecessem tal destaque. Entramos, ento, em
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uma das principais caractersticas dessa ferramenta, a interao entre escritor
e leitor. Coisa rara de se ver... Essa troca de informaes, as discusses e
debates acerca de determinado assunto, polmico ou no. Ou melhor, o espao
pblico para expressar uma opinio e, at, complementar uma informao,
como mostra o post7 intitulado A rede e os g00db0ys.
21/02/08
Chamo a ateno de vocs para um resultado genuno do trabalho em
rede. O trecho abaixo fecha o captulo Lula meu libi, no dossi Veja.
Foi um trabalho minucioso de pesquisa feito por vocs.
Quando pedi a ajuda de vocs, houve quem risse do pedido. Esse povono sabe o que o trabalho cooperativo em rede.
O bad boy e os g00db0ys
No domingo, quando publiquei o Captulo sobre esse suspeito dossi
italiano, cujo link estava na coluna de Mainardi, o leitor Joo Alcntara,
juiz aposentado, analisou o documento e ajudou a reforar as suspeitas
da fraude:
1) O documento no tem comeo nem nal. O documento tem duas
numeraes. Uma, aparentemente a numerao ocial do inqurito.Outra, uma numerao especca do documento. Por exemplo, a
primeira pgina tem o nmero 1 (que do dossi entregue a Mainardi)
e o nmero 136 (que provavelmente do inqurito da polcia italiana).
Signica que foram escondidas as 135 primeiras pginas do inqurito
original. O que continham?
2) A diferena da numerao no incio do arquivo de 135 paginas.
J no nal de 140, indicando que foram suprimidas 5 paginas, sem
motivo algum. Entre a penltima e a ltima pgina esto faltando a 317e 318.
3) Depois, a numerao do documento vai at a pgina 75 (que
corresponde pgina 210 do documento original). A partir da, acaba
a numerao original. um claro sinal de que alguma coisa, que no
interessava, foi suprimida do documento original.
4) s conferir a pgina 97 do documento. Comea a falar de Motta
7 Post a forma substantiva do verbo postar, que se refere a uma entrada de textoefetuada em um blog. As postagens so organizadas, geralmente, de forma cronologicamente
inversa na pgina, ou seja, as informaes mais atualizadas aparecem primeiro. 38
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Veiga (o principal contato de Dantas com a mdia) e, de repente, acaba.
H indcios fortes de que Mainardi divulgou intencionalmente uma fraude.
Mais tarde, um trabalho investigativo feito pelos prprios leitores do Blog
permitiu reforar as suspeitas sobre as fontes de Mainardi.
Acompanhe os nossos sherlocks:
1. O leitor Aton Fon abriu as propriedades do PDF com o relatrio
sobre a Telecom Italia, e descobriu a data em que o documento foi
preparado: criado em 21 de janeiro e modicado pela ltima vez no dia
22 de janeiro.
2. O leitor Salles pegou a dica e foi at o blog de Janana Leite
que j admitiu ter como fonte Rodrigo Andrade, do Opportunity. L,
ele levantou um post que falava sobre os problemas da Telecom Itlia.Endossava todas as hipteses do Opportunity, mas no mencionava a
fonte de suas informaes.
3. O nome do post era estranho: g00db0ys, assim mesmo, com
zero em lugar do O. E foi publicado no dia 21 de janeiro, mesmo dia em
que o PDF foi criado.
4. A, consultou o texto da jornalista para entender o que vinha a ser
esse g00db0ys.
5. Curioso, foi at o relatrio sobre a Telecom Itlia, indicado porMainardi na sua ltima coluna. E o que achou?
A expresso era a mesma do relatrio sigiloso sobre a Telecom Itlia,
inclusive os zeros em lugar do O. Janana, que tem como fonte o
Opportunity, tinha se baseado no mesmo relatrio de Mainardi, que diz
ter como fonte italianos.
A rede ajudou a desmascarar a pantomima em torno do relatrio que
Mainardi garantia ter recebido da Itlia.
Uma das caractersticas principais de Nassif essa: colocar a cara para
bater, sem medo de revelar a verdade que enxerga. Isso o que falta em
muitos jornalistas de hoje e, claro que com a restrio dos veculos essa tarefa
parece impossvel. No entanto, o que vemos no Blog de Nassif justamente o
contrrio, e isso contribui para que o blog seja uma ferramenta crucial para a
expresso e difuso da opinio e informao.
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De Cuba, Com Carinho
H criaturas mestias difceis de classicar em alguma ordem e uma
delas a minha escrita, a meio caminho entre a crnica, o exorcismo pessoal e
o grito. O hipogrifo que nasceu desses dois anos escrevendo um blog na internet
tem garras reais ncadas no cotidiano para extrair os episdios que coloco nos
meus posts. Suas asas so brinde da virtualidade, o imenso ciberespao onde
meus textos fazem o que eu no poderia: mover-se e expressar-se livremente.
Ao olhar esse hbrido, alguns pensam que seu corpo leonino est prximo do
jornalismo, enquanto outros o julgam literatura. Eu, que j no posso controlar
os empurres que levo desse animal, s consigo recordar que seu nascimento
foi uma terapia pessoal para espantar o medo, para sacudir o temor escrevendo
precisamente sobre aquilo que mais me paralisava. A unha retocada dessa
besta virtual pode ser vista no site Generacin Y (Gerao Y), porm a maior
parte de sua anatomia tem lugar na Cuba real do incio deste milnio. Justamente
num pas onde as classicaes se revelam rgidas.8
De Cuba, Com Carinho, o livro da cubana de 34 anos, Yoani Snchez,
que rene os frutos de seu trabalho na internet: o blog Generacin Y ou Gerao
Y, pioneiro em Cuba.
A cubana conta que seus primeiros textos na rede foram postados com
grandes diculdades e riscos. Melhor dizendo, ilegalmente.
A pele branca, herdada de avs espanhis, permitia que Yoani escapasse
aos seguranas de hotis, que pensavam que era estrangeira, para ento utilizaro computador. Levava consigo o pendrive com os ltimos posts e o relgio que
a alertava que dali a quinze minutos no poderia mais pagar o alto preo pela
conexo internet.
Quando ainda no era permitida a venda de computadores, eu j havia
tido que armar diante de dezenas de jornalistas que possua um laptop. Todos
sabiam que eu no poderia t-lo adquirido legalmente nas lojas de meu pas e8 Trecho retirado do livro De Cuba, Com Carinho, que rene os posts de Yoani
Snchez, lanado em outubro de 2009 pela editora Contexto. 40
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esse era um risco que pressagiava conscos. No obstante, minhas declaraes
exibicionistas pareciam proteger-me em vez de comprometer-me. Compreendi
ento que o fenmeno blogger era novo tambm para os censores; no sabiam
ainda como lidar com ele. Cada tentativa de silenciar meus escritos, geraria
mais e mais hits no servidor onde estava hospedado meu blog. Os tempos
tinham mudado e os mtodos de coao no tinham conseguido se adaptar
velocidade que a tecnologia tinha imposto.
GEnERACIn Y
O processo de disponibilizar textos no mundo virtual esquisito demais
para ser compreendido por qualquer um que no viva em Cuba. Nada de
imediatez ou de pretender ser informativa: meu acesso rede s me permite
apelar reexo ou crnica que no envelhecem rapidamente. O estilo de
meu texto e seu enfoque esto condicionados pela indigncia informtica que
os cerca e pela evasiva internet, to escassa aqui como a tolerncia.
Inspirado em pessoas como a cubana, cujo nome comea ou contm aletra Y, o blog tornou-se mundialmente conhecido, a ponto de alcanar 4 milhes
de visitas em poucos meses e levou Yoani a ser considerada pela revista Time
uma das 100 pessoas mais inuentes do mundo em 2008.
O blog a coisa mais arriscada que z em minhas trs dcadas de vida
e, depois de comear a escrev-lo, sinto com frequncia os joelhos tremerem,
escreve Yoani no prefcio de seu livro. um exerccio pessoal de covardia:
dizer na rede tudo aquilo que no me atrevo a expressar na vida real.
Devido a coragem de Yoani, na blogosfera os internautas dispem de umretrato real de Cuba, em especial, sobre suas mazelas.
Em Cuba, h um controle estatal dos meios de comunicao: o cidado
que deseja revelar uma opinio diferente no encontra espao nas rdios, TV e
jornais, explica Yoani em entrevista cedida ao jornal O Estado de So Paulo.9E, ainda, complementa dizendo que Quem faz isso comete um delito penal
chamado propaganda inimiga. Assim, a internet a nica possibilidade de se
9 Entrevista concedida ao jornal O Estado de So Paulo, por telefone, resultando namatria publicada no dia 03 de outubro de 2009 Desencantadas vinhetas da realidade,
no Caderno 2. 41
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encontrar espao para o livre pensamento.
Ainda assim, a rede mundial no um espao totalmente liberado em
Cuba, muitas pginas so bloqueadas e a censura imposta de forma velada
pela condio econmica, pois uma hora de conexo (em locais pblicos) custa um
tero do salrio de um prossional mdio., revela Yoani ainda em entrevista ao jornal.
Em geral, os blogueiros escrevem suas mensagens em casa, e como
so pouqussimos os que possuem acesso internet, os textos so enviados
para pessoas que esto fora do pas e, s ento, so publicados.
As diculdades que o governo cubano cria so inmeras, Yoani que o
diga. Mas como ela se encontra l em Cuba, eu conto o que aconteceu.
Yoani foi detida por homens do servio secreto de Cuba e brutalmente
agredida. Segundo a blogueira, antes de apanhar foi acusada de sercontrarrevolucionria, assim como um amigo que a acompanhava.
No entanto, ao contrrio do que se esperava e do que o governo gostaria,
Yoani Snchez no se calou diante de tal fato e publicou o relato do ocorrido em
seu blog Generacin Y, www.desdecuba.com/generaciony.
La culpa de la vctima
Despus de una agresin, hay ciertos miopes que culpan a la propiavctima por lo ocurrido. Si es una mujer que ha sido violada, alguien
explica que su falda era muy corta o que se contoneaba con provocacin.
Si se trata de un asalto, los hay que sacan a relucir el llamativo bolso o
los brillantes aretes que despertaron la codicia del delincuente. En caso
de que se haya sido objeto de la represin poltica, entonces no faltaran
quienes aleguen que la imprudencia ha sido la causante de tan enrgica
respuesta. La vctima se siente -ante actitudes as- doblemente agredida.
Las decenas de ojos que vieron como a Orlando y a m nos metieron agolpes en un auto, preferiran no testicar, sumndose as al bando del
criminal.
El doctor que no levanta un acta de maltratos fsicos porque ya ha sido
advertido de que en este caso no debe quedar ningn documento
probando las lesiones recibidas, est violando el juramento de Hipcrates
y haciendo un guio cmplice al culpable. A quienes les parece que
debera haber ms moretones y hasta fracturas para empezar a sentir
compasin por el atacado, no slo estn cuanticando el dolor, sino que
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le estn diciendo al agresor: tienes que dejar ms seales, tienes que
ser ms enrgico.
Tampoco faltan los que siempre van a alegar que la propia vctima se
autoinigi las heridas, los que no quieren escuchar el grito o el lamento a
su lado, pero lo resaltan y lo publican cuando ocurre a miles de kilmetros,
bajo otra ideologa, bajo otro gobierno. Son los mismos descredos a los
que les parece que la UMAP fue un divertido campamento para combinar
la preparacin militar y el trabajo en el campo. Esos que an siguen
creyendo que haber fusilado a tres hombres est justicado si de preservar
el socialismo se trata y que cuando alguien golpea a un inconforme, es
porque este ltimo se lo busc con sus crticas. Los eternos justicadores
de la violencia no se convencen ante ninguna evidencia, ni siquiera antelas breves siglas E.P.D. sobre un mrmol blanco. Para ellos, la vctima
es la causante y el agresor un mero ejecutor de una leccin debida, un
simple corregidor de nuestras desviaciones.
Breve parte mdico:
Estoy superando las lesiones fsicas derivadas del secuestro del viernes
pasado. Los moretones van cediendo y ahora mismo lo que ms me
molesta es un dolor punzante en la zona lumbar que me obliga a usar una
muleta. Anoche fui al policlnico y me han puesto un tratamiento contra eldolor y la inamacin. Nada que mi juventud y mi buena salud no puedan
superar. Afortunadamente, el golpe que me di cuando pusieron mi cara
contra el piso del auto no ha afectado mi ojo, sino solamente el pmulo y
las cejas. Espero estar recuperada en pocos das.
Gracias a los amigos y familiares que me han atendido y apoyado, se estn
desvaneciendo incluso las secuelas psquicas, que son las ms difciles.
Orlando y Claudia todava estn bajo el shock, pero son increblemente
fuertes y tambin lo lograrn. Ya hemos empezado a sonrer, que es la
mejor medicina contra el maltrato. La terapia principal sigue siendo para
m este blog y los miles de temas que todava me quedan por tocar en l.
(Nota del editor: post dictado por telfono)
Noviembre 8th, 2009 | Categora: Generacin Y
Para no falarmos apenas das diculdades e perseguies sofridas por
Yoani, cito tambm os bons resultados de seu blog, como o curso ministrado
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pela cubana e seu marido jornalista e blogueiro Reinaldo Escobar para 30
alunos interessados em aprender como criar blogs, ou melhor, como postar
idias na internet.
Cuba no mudou muito. O que mudaram foram as tecnologias de
comunicao., frase de Reinaldo Escobar.
O curso montado de forma improvisada na sala da residncia do casal,
contou com os recursos que Yoani ganhou em um prmio no Mxico, devido ao
trabalho com seu blog.
Em entrevista concedida ao jornal O Estado de So Paulo, em maro
deste ano, Yoani Snchez explica que o objetivo do curso fazer os cubanos
se acostumarem novamente a expressar o que pensam e o que sentem, aps
tanto tempo de controle.Segundo dados ociais, apenas 13% da populao cubana possui
acesso internet. No entanto, aos poucos vai ganhando repercusso, como
explica Yoani. J comeo a ser reconhecida na rua e vejo que quanto mais o
governo tenta bloquear o acesso as nossas pginas em Cuba, mais cresce a
curiosidade dos cubanos sobre seu contedo.
Alm disso, cada vez mais pessoas esto tomando coragem para fazer
blogs e mostrar a cara, naliza a blogueira.
Em 2007, havia trs ou quatro blogueiros em Cuba. Hoje, j se calculaque o nmero esteja entre 50 e 80. E a tendncia aumentar com a chamada
Academia de Blogueiros, que aborda aulas de tica no jornalismo e cultura
cubana at tcnicas de fotograa e vdeo para internet, e so gratuitas.
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JORNALISTAS
OU
BLOGUEIROS?
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O Grande Debate
Desde quando a blogosfera comeou a se popularizar, o jornalismo tradicionalse sente afrontado e perdendo espao, e, assim, acirrou-se uma verdadeira briga entrejornalistas e blogueiros.
A discusso que vem se atravancando desde ento gira em torno daseguinte pergunta: BLOGUEIROS SO JORNALISTAS?
De acordo com uma pesquisa sobre mdia e blogs, realizada nos EstadosUnidos e Canad, 52% dos blogueiros entrevistados se consideram jornalistas.1
Liliane Ferrari2, bem como muitos outros, no se considera mais jornalista,aps ter se tornado blogueira. [...] acho que o jornalista tem que fazer coisas,como por exemplo, ouvir todos os envolvidos da histria, que eu como blogueirame permito no fazer... tem histrias que eu realmente no estou a m de ouvirningum e que quero colocar l (no blog). E se no gostou, achou que est errado,
manifeste-se, voc tem o espao ali. muito mais democrtico que o jornal. E nalizadizendo que hoje no se considera mais jornalista, porque para voc se considerar jor-nalista, primeiro voc tem que estar em um desses veculos (jornal, revista, rdio, TV),porque o jornalismo feito para esses veculos. O blog uma ferramenta que qualquerum pode ter. Eu tenho, por exemplo, aluna blogueira chefe de cozinha, aluno blogueiroarquiteto [...].
Enquanto outros, mas ainda poucos, como Ricardo Kotscho, acreditam queno existe diferena entre jornalistas e blogueiros. Sou jornalista por prosso e
1 A matria completa pode ser conferida no endereo eletrnico da Folha Online http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u715297.shtml, publicada no dia 01/04/2010, ou ainda no Blogdo Nassif http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2010/04/02/todo-blogueiro-e-um-jornalista/2 Liliane Ferrari profissional da rea de produo e comunicao, h treze anos. J realizouinmeros trabalhos de concepo, planejamento, atendimento, coordenao, superviso, produoexecutiva de projetos e eventos, captao de parcerias e patrocnio para: Citron, Accor, Brasil Con-nects, Grupo Velox, CIE-Brasil, Agra, Senac, Academia Internacional de Cinema, Porsche, Gafanhoto,Bemtevi Cinma Latine Paris, Fox Kids, TV Globo entre outras. tambm colunista da revista Mun-do Mundano e mantm um blog pessoal (lilianeferrari.com) que est inserido na rede M de Mulher daEditora Abril. Alm disso, escreveu em blogs corporativos como Juntos por uma Vida Melhor do GrupoSantander, posto colunas no Viva Bela da Mapfre, Blog da LG e Eu Me Sinto Bem. Em 2010, foi eleita
pelo portal IG como uma das 10 mulheres mais influentes das mdias sociais brasileiras. 47
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o blog apenas uma das plataformas que uso para contar as minhas histrias,e conclui dizendo que o blogueiro pode ou no ser jornalista e o jornalista podeusar vrios meios para fazer seu trabalho, e o blog um deles.
Segundo Tiago Dria3 hoje, qualquer pessoa pode ser produtor, editor edistribuidor de contedo, mas no qualquer pessoa que tem talento ou o quefalar. Talento ainda um produto escasso. E acredita ainda que A funo dojornalismo no somente mediar, mas questionar, participar dos debates e estar frente do pblico. Ou seja, propor e levantar temas que, s vezes, esto frentede seu tempo e muitas vezes podem no agradar o seu pblico. A mediao apenas um dos papis do jornalismo. Do ponto de vista prtico, o que aconteceatualmente que o jornalista no detm mais o monoplio das conversas e da
ateno. Ele se tornou apenas mais um n na rede. Sem contar que hoje emdia, devido avalanche de informaes, importante o trabalho de curador decontedo, uma pessoa que estabelece trilhas de informao em meio a tantosregistros comuns, que indica bons contedos na rede para uma determinadaaudincia. De certa forma, os jornalistas j fazem isso h um bom tempo.
No entanto, inmeros prossionais ainda resistem idia do uso dosblogs como um complemento informativo e at mesmo como um meio difusorde informao.
Embora essas restries e questionamentos tenham algum tipo de fundamento,elas dicultam a percepo de uma realidade mais ampla, em que ca cada vez maisclaro que sem os blogs a imprensa, como a entendemos hoje, deixa de ser vivel para setransformar apenas numa newsletter para segmentos restritos do pblico consumidor deinformaes.
A inviabilidade da sobrevivncia do modelo atual de produo de notciasvem do fato de que os jornais, rdios, emissoras de televiso e at as pginasnoticiosas na Web no tm mais condies de cobrir, apenas com o seu staff,
3 Tiago Dria Bacharel em Comunicao Social/Jornalismo, com cursos em Gestode Negcios em Informtica pela Faculdade de Tecnologia do Estado de So Paulo, jtrabalhou com rdio, TV e jornal impresso. Desde 2003, edita o blog http://www.tiagodoria.ig.com.br/ sobre cultura web, tecnologia e mdia. A partir de 2006, comeou a organizarjunto Faculdade Csper Lbero o seminrio anual Tendncias conectadas nas mdiassociais, no qual prossionais de renome no mercado so convidados a debater questesrelacionadas rea de mdia e tecnologia. Em 2007, foi convidado a ser blogueiro ocial daPop!Tech, uma das mais importantes conferncias sobre cincia e tecnologia do mundo. E,no mesmo ano, passou a fazer parte da seleo dos melhores blogs em portugus, segun-do o Portugal Dirio, de Lisboa. Desde 2009, integrante do jri do Concurso de Jornalismo
da CNN e colunista do Notcias MTV. 48
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toda a ampla agenda de interesses do pblico.4
Credibilidade. Conana. Tudo isso se adquire com o tempo e, claro, setiver a oportunidade de demonstrar sua capacidade.
Tem muito blog que no presta, que no fala nada com nada... Claro quetem. Assim como tem muito veculo impresso, da mdia tradicional, que tambmpublica muita porcaria por ai. No cabe a mim julgar e nem descrever ou apontaraqui nomes, mas aqueles que acompanham jornais, revistas, enm, a qualidadejornalstica, sabem exatamente que o que digo aqui verdade.
Estou cansada dessa discusso toda e que no levar a nada. Acreditoque jornalista jornalista. E blogueiro blogueiro. Cada qual no seu devidolugar.
No existe comparao.Veja s, para ser jornalista voc precisa mais do que simplesmente saber ler e
escrever. Requer dedicao, criatividade, insight, faro. Informao existe aos montes,mas preciso saber qual informao relevante o bastante para virar notcia.
Para ser blogueiro preciso criatividade, informao e uma boa redao, claro. E basta, pois como escreveu Alessandro Martins Blogs no precisamproduzir contedo original5.
E cita Jorn Barger para embasar sua armao. Um blog verdadeiro
um log de todos os stios que voc gostaria de salvar ou dividir. (Ento, hoje, odel.icio.us melhor para os bloggers do que o prprio Blogger). Voc pode, claro, colocar links sobre voc fora do seu blog, mas se o blog tem mais postsoriginais do que links, recomendo aprender um pouco de humildade.6
Agora para ser jornalista e blogueiro tem que ter muito mais. Tem que ter coragem.E isso encontramos em alguns jornalistas, apenas naqueles poucos que
se submeteram e aderiram a esse novo meio para fazer o que sabem fazermelhor: informar.
Muito temos o que ensinar aos blogueiros ainda, isso verdade. No entanto,existe muita coisa desse novo mundo que podemos aprender tambm.
4 Trecho retirado do endereo eletrnico do Observatrio da Imprensa http://www.observatoriodaim-prensa.com.br/blogs.asp?id=%7BB33D6F6B-AA85-4E2F-9CC0-3CC78957A6E0%7D&id_blog=2 queaborda a importncia dos blogs no jornalismo contemporneo, postado por Carlos Castilho em 01/10/2009na seo Blogs do site.5 A matria completa, publicada em 01/03/2008, pode ser encontrada no endereoeletrnico http://queroterumblog.com/blogs-nao-precisam-produzir-conteudo-original/.6 A citao de Jorn Barger original pode ser encontrada no endereo eletrnico
http://www.wired.com/culture/lifestyle/news/2007/12/blog_advice. 49
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Alessandro Martins, blogueiro e jornalista, em vista da guerra declarada entrea mdia tradicional e a nova mdia, listou 5 coisas que os blogueiros podem ensinaraos jornalistas, que reporto abaixo.
5 coisas que blogueiros ensinam aos jornalistas7
1. Blogueiros sabem fazer links.Embora haja importantes excees, jornalistas habitualmente no sabem
fazer links. Seja em seus blogs, seja nos portais em que trabalham.Ou simplesmente no fazem, apenas citando a fonte. Ou fazem precariamente.
Usam o indefectvel clique aqui, que no ajuda nem ao leitor nem aosmecanismos de busca. O que reete tambm no leitor, que ter resultadosde buscas de menor qualidade.
uma das coisas que faz com que blogs de jornalistas no funcionem.O que fazer para melhorar: pense nos links de duas formas. Primeiro
considere-os como as veias e artrias da verdadeira energia da internet,que a informao. pelos links que ela escoa e no ca estagnada.
E, segundo, considere-os como os ttulos da pgina de destino do link.Anal, voc chamaria todos os seus artigos de clique aqui?.
2. Blogueiros sabem procurar informao na internet.
uma minoria de jornalistas que sabe o que o Digg, o Del.icio.us e,para car no Brasil, o Rec6.
Alm disso, muitos ainda acham que blogs s tm potencial para diriosonline, se tanto, e no os vem como possveis fontes ou parceiros na
propagao de informaes.Blogueiros, no entanto, sabem garimpar informaes na internet e emque blogs conar e a partir dos quais propagar as informaes.
O que fazer para melhorar: descubra e entenda o funcionamento das
novas ferramentas de notcia.Para descobrir blogs de qualidade, v ao ranking do BlogBlogs e pesquise.Alguns no todos so de muita valia jornalstica e informativa. Investiguetambm em outras fontes que voc descobrir no caminho.
3. Blogueiros sabem ler na internet.Blogueiros h muito tempo usam agregadores de feed para ler seus sites
de notcia e blogs preferidos.
7 A matria completa pode ser encontrada no endereo eletrnico http://queroterumblog.com/5-coisas-que-blogueiros-ensinam-aos-jornalistas/, publicada por Alessandro Martins, em
02/08/2007. 50
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Eles no perdem tempo entrando nos endereos a cada vez que precisamde algo novo. Alm disso, usam os feeds de muitas outras maneiras criativas
para ler sobre seus assuntos preferidos sem perder tempo.
O que fazer para melhorar: aprender de uma vez por todas a usar osagregadores de feeds e us-los efetivamente.4. Blogueiros sabem ser pessoais.Ns jornalistas estamos acostumados a escrever de modo impessoal, sem
se enredar no texto, principalmente quando se trata das notcias do cotidiano.No se fala diretamente ao leitor e no se fala de ns.
como se no tivssemos nada a ver com aquilo. Isso tem suas vantagens,mas nem sempre funciona.
Os blogueiros, porm, sabem falar com voc sobre como eles se posicionamno mundo.Um levantamento da E.Life, aponta que a opinio de amigos e conhecidos
mais importante que a dos grandes veculos de comunicao atualmente.Blogueiros sabem desenvolver esse nvel de proximidade com o leitor.O que fazer para melhorar: cultive um estilo mais pessoal.
Solte as amarras tcnicas. Tire frias do lead de vez em quando, semesquecer no entanto que um bom primeiro pargrafo essencial. Escreva
como se estivesse falando para um amigo.Tire proveito do sistema de comentrios para estabelecer um dilogocom seu leitor.
5. Blogueiros sabem estabelecer potentes laos virtuais.Pedro Dria um dos integrantes do falecido NoMnimo e descobridor da
Bruna Surstinha -, em entrevista para o Digestivo Cultural, diz acreditarque as redaes sempre vo existir.Eu tambm acredito nisso.
A redao o espao fsico em que se d o intercmbio entre jornalistase onde, ao nal do dia desse contato real -, produzida a notcia.Mas isso no quer dizer que os laos virtuais no viro a ganhar mais e
mais poder nos prximos anos.E, se os grupos virtuais ou no sero fortes, o poder do indivduo
dentro deles tambm deve crescer, tanto mais conexes ele tiver e maisfortes essas conexes forem.O que fazer para melhorar: a falta de conexes virtuais se d por no se
saber usar corretamente os potenciais da internet e no se acreditar no
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poder que elas tm.Aprenda a usar links, trackbacks, redes de relacionamento (no s o
Orkut), comente em outros blogs, freqente o Rec6 e outros sites de
notcia do gnero.So diversas modalidades de estabelecer ligaes que os blogueirosdominam como ningum.Durante muito tempo o termo relacionamento virtual tem sido visto de
modo pejorativo. No h razes para isso desde que esse relaciona-mento seja conduzido com seriedade.
No h razes para blogueiros e jornalistas no estabelecerem um,jogando em lados opostos.
E como jornalista no podia deixar de listas as 5 coisas que os jornalistas,velhos combatentes de guerra, podem ensinar aos blogueiros.
5 coisas que jornalistas ensinam a blogueiros8
1. Jornalistas apuram os fatos.
O jornalista j est habituado com a idia de que nem tudo o que dizempra ele verdade.
Ao receber uma informao, ele telefona para suas fontes e, principal-mente, fala ou tenta falar com os envolvidos.
O jornalista assim como qualquer pessoa que propaga informaesfalsas pode ser responsabilizado judicial e eticamente, prejudicandosua reputao diante do pblico e dos colegas.
O que fazer para melhorar: pergunte antes de atirar. Ao ler um artigo emum blog, pare para pensar se ele verdadeiro antes de repercuti-lo ou
simplesmente reproduzi-lo como um papagaio.Antes de propag-lo, descubra se h interesses por trs de determinadaidia. Descubra quem a fonte mais convel para voc ler ou ouvir
sobre o assunto.Ser a diferena entre ser um propagador de informaes responsvel e
um mero fofoqueiro. E pode evitar dores de cabeas futuras.
8 A matria completa pode ser encontrada no endereo eletrnico http://queroterumblog.com/5-coisas-que-jornalistas-ensinam-a-blogueiros/, publicado por Alessandro Martins em
12.8.2007. 52
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2. Jornalistas sabem ouvir.Claro que o jornalista l jornais antes de escrever suas matrias. Mas,
antes de escrev-las, ele vai ouvir suas fontes. No basta reproduzir
uma informao: preciso acrescentar algo. De outra forma, os jornaisiriam se limitar a mastigar as informaes uns dos outros. Em algunscasos, o que acontece na blogosfera.O que fazer para melhorar: oua. Ouvir no caso da internet inclui, alm
do telefone e outras formas de contato pessoal, o email, o MSN e atdilogos em caixas de comentrio. Quanto mais fontes voc puder ouvir,
mais embasado, convel e completo seu artigo car, cheio de materialindito. Cultive e armazene bem suas fontes: alguns jornalistas morre-
riam se perdessem seus cadernos de telefone.3. Jornalistas dizem muito com pouco.Um jornal impresso, radiofnico ou na tev limitado pelo tamanho
da coluna ou pelo tempo. preciso saber dizer o essencial em poucaslinhas. Jornalistas so craques nisso.Na internet, sobretudo nos blogs, no h limites de tamanho. Junte a
isso a habilidade benca que os blogueiros tm de ser pessoais e oartigo pode car mais longo do que o leitor gostaria.
O que fazer para melhorar: no diga com duas palavras o que voc podedizer com uma. Por exemplo, s use um adjetivo se ele realmente foracrescentar algo ao substantivo.
Treine: tome um texto seu e tente reduzi-lo metade, aprendendo assimquais foram as palavras inteis que voc certamente usou.
Garanto que voc vai se divertir e aprender muito com essa prtica.4. Jornalistas tm pacincia.Antes, o prazo de um dia para a notcia sair na manh seguinte nas ban-
cas e a deadline no comeo da noite, quando a matria precisava serentregue, era um tempo muito escasso.Hoje um perodo innito do ponto de vista de um editor de blog.
Um assunto precisa ser passado frente ou comentado assim que lidono blog ou site social de notcias preferido.
O jornalista, porm, tem ou tinha tempo de matutar sobre o assunto e dara chance para as idias aparecerem. Uma abordagem inovadora ou umainformao indita sempre surgia da.
O que fazer para melhorar: escolha um assunto que voc leu. De preferncia o
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que mais lhe agrada e o que mais lhe d ansiedade para publicar o quanto antes.E no publique.
Pense um pouquinho sobre ele. Trace uma estratgia de edio. Faa
um plano. Trate-o com o carinho que ele merece. Que outras fontes vocpode consultar antes de public-lo?Enquanto isso, acompanhe o que os outros blogs esto dizendo. Espere.Deixe a gua ferver at secar.
E s ento depois de uns dois dias publique o mega-super-artigo comtodas as coisas que ningum disse sobre isso ainda.
E seja o centro das atenes.Ou, se isso no acontecer, pelo menos tenha a oportunidade inigualvel
de se orgulhar de um trabalho bem feito.5. Jornalistas revisam seus textos e dominam a lngua portuguesaNo todos, naturalmente. Mas a maior parte dos jornalistas pena revisando seus textos
antes de que eles sigam para a edio e, depois, para a diagramao e a impresso.Acontece que, quando no dia seguinte voc l um texto seu no jornal eh um erro absurdo de portugus, voc sofre. Pois imagina que o leitor o
considera estpido ou coisa assim. comum que pessoas tirem todo o crdito de um texto bem elaborado
se elas encontram um erro bobo como a exo do verbo haver para oplural no sentido de existir.Editores de blog, ainda tm a possibilidade de corrigir seus textos depois de
publicados, mas imagine quantas pessoas j o leram antes que isso acontea.O que fazer para melhorar: leia, escreva, estude. No tem outro jeito.
Quando acabar de ler, revise seu texto. Releia.Se voc tiver essa possibilidade e no estiver com pressa, pea paraoutra pessoa de preferncia alfabetizada ler seu post. mais fcil
encontrar erros em textos que no escrevemos.
Quando houver ampla conscientizao do real conceito dos blogs e deque com seu uso realmente possvel fazer a diferena, s assim teremos umjornalismo transparente e democrtico.
Fica seu critrio. Seja apenas mais um. Ou, ento, seja AQUELE quefez a diferena.
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Furando as barreiras
To tentador e ao mesmo tempo assustador, esse espao democrtico deexpresso, possibilita uma nova anlise sobre a comunicao e seus mensageiros.
Um caminho espinhoso, anal muitos so descrentes de sua fora e consolidao...
Mas isso que compe o jornalismo: curiosidade e imprevisibilidade. E eu, particularmente,adoro essa parte de no saber onde e como as coisas vo acabar.
por isso que me empreitei nessa jornada, sem leno nem documento,para enfrentar e furar algumas barreiras, ao lado dos blogs.
No estou aqui para desmerecer nenhum veiculo de comunicao, muitopelo contrrio, quero apenas mostrar a capacidade que essa nova ferramentatem em alcanar seu objetivo, seja ele positivo ou negativo. Podendo, assim,ser uma grande aliada dos meios de comunicao no processo de informar.
Convenhamos, a internet tem sim suas qualidades.Yoani Snchez, a cubana que teve sua liberdade de expresso decapitada
e sofreu agresses s porque contou a verdade sobre seu pas, um grandeexemplo da possvel utilizao dos blogs como ferramenta de comunicao edivulgao de informaes.
Mesmo sob vigia policial e censuras impostas na ilha de Fidel Castro, Yoanicontinua alimentando seu blog a m de divulgar a verdadeira situao social de Cuba.
Cuba um pas totalmente controlado pelo governo, mas graas coragem
de Yoani Snchez, a blogosfera mostra sua verdadeira face.Descobre-se a existncia de um jornalismo independente (ainda que sem-pre sob ameaa de sufocamento) e uma srie de fenmenos alternativos, artsticos,literrios, poticos que ajudam a divulgar uma imagem da ilha sem esteretipos.9
Podemos vericar, por meio de matrias como a que foi publicada nosite Tecnocracia Estado Democrtico sobre o furo que o blogueiro Alexandre
9 Trecho retirado da matria Desencantadas vinhetas da realidade do jornal OEstado de So Paulo, no dia 03 de outubro de 2009, no Caderno 2, pgina D7, por
Ubiratan Brasil. 55
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deu quanto a compra da BRPay pelo UOL, que os blogs esto se sobressaindoperante os meios de comunicao, sob alguns aspectos e assuntos.
Os blogs esto, literalmente, furando as barreiras.
Blogs do furo de notcia novamente (ou UOL compra BRPay)10
Eu j havia mencionado anteriormente sobre a situao delicada dos gateways
de pagamento tupiniquins e sobre a possvel compra da BRPay pelo UOL. Poisbem, o Alexandre do Blogado estava certo. O UOL comprou mesmo a BRPay
e mudou o nome para PagSeguro.J faz algum tempo que os blogs deixaram de ser meros diriosvirtuais e esto agindo na Internet, gerando contedo, cavando not-
cias e dando sua opinio sobre empresas, produtos, servios, etc.Infelizmente a mdia tradicional (leia-se jornais, revistas, tv, etc) ain-
da no do o devido crdito dessas notcias aos blogs, mesmo quetenham lido primeiro por l, ou tenham sido avisados pelos blogssobre determinado assunto. Em breve isso vai mudar, podem escrever.
provvel que essa notcia do UOL / BRPay seja divulgada nos prximosdias e certamente o Blogado no ser citado nos grandes sites e portais
de notcias. Provavelmente nem sequer seja linkado, mas estejam vocs
sabendo antes de qualquer coisa: foi o Alexandre que descobriu tudo,investigou, fez ligaes, tentou contato com o suporte e at mesmo rece-
beu comunicado ocial da empresa desmentindo tudo. Mesmo tentandoocultar os fatos, o UOL se descuidou e deixou muitos rastros, facilmentecomprovados por outros usurios que zeram questo de ajudar o Al-
exandre nas investigaes. Est tudo registrados nos comentrios dosartigos dele.
No comparando o porte o