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8/8/2019 Jornalismo de tv http://slidepdf.com/reader/full/jornalismo-de-tv 1/62 Thiago Meireles Pessanha TELEJORNALISMO PADRONIZADO? Um perfil editorial e estético de quatro telejornais regionais da Rede Globo Belo Horizonte Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH) 2010 

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Thiago Meireles Pessanha

TELEJORNALISMO PADRONIZADO?

Um perfil editorial e estético de quatro telejornais regionais da RedeGlobo

Belo Horizonte

Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH)

2010 

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Thiago Meireles Pessanha

TELEJORNALISMO PADRONIZADO?

Um perfil editorial e estético de quatro telejornais regionais da RedeGlobo

Monografia apresentada ao curso de Jornalismo do CentroUniversitário de Belo Horizonte (UNI-BH), como requisito parcialpara conclusão do curso de Comunicação Social, Habilitação emJornalismo.

Orientadora: Profª. Dra. Nair Prata.

Belo Horizonte

Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH)

2010

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 04

2 HISTÓRICO E DESENVOLVIMENTO DA TV NO BRASIL ..................................... 062.1 Anos 1950 .......................................................................................................................... 062.2 A TV a partir dos anos 1960 .............................................................................................. 082.3 Desenvolvimento do telejornalismo brasileiro .................................................................. 11

3 A REALIDADE REGIONAL DA TV .............................................................................. 173.1 Mídia comunitária, local e regional ................................................................................... 173.2 A formação da Rede Globo ............................................................................................... 19

4 A PESQUISA ...................................................................................................................... 25 4.1 Objetivos ............................................................................................................................ 25

4.2 Metodologia ....................................................................................................................... 264.3 O Bom Dia Praça ............................................................................................................... 274.4 As emissoras ...................................................................................................................... 304.5 Análise dos telejornais ....................................................................................................... 40

5 CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 59

REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 61

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1 INTRODUÇÃO

Esta pesquisa trata da possível tendência de padronização editorial do jornalismo televisivo

produzido pelas emissoras locais. No Brasil, o telejornalismo local surgiu com a televisão, em

1950. Com o advento das redes de televisão, a partir de 1969, o jornalismo local passou a

ocupar um espaço menor na grade, dando lugar aos programas produzidos pelas cabeças de

rede, sediadas, quase sempre, nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro.

O objeto de análise desta monografia são os telejornais matutinos produzidos por quatro

emissoras afiliadas à Rede Globo em quatro estados, de quatro regiões diferentes do Brasil:

Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Bahia e Pará. Todos os programas são exibidossimultaneamente, entre 6h30 e 7h10, pelo horário de Brasília.

No Rio Grande do Sul, o Bom Dia Rio Grande, produzido pela RBS TV, é transmitido para

todo o estado a partir de Porto Alegre, sede da emissora. É apresentado por duas jornalistas,

Paola Vernareccia e Daniela Ungaretti. O programa contempla reportagens produzidas pelas

afiliadas da RBS em todo o estado, entrevistas de estúdio  –  especialmente sobre

comportamento e saúde -, bloco de esportes e o comentário político direto do escritório daemissora em Brasília.

Em Minas Gerais, o Bom Dia Minas é produzido pela TV Globo Minas, de propriedade das

Organizações Globo. O telejornal, apresentado pela jornalista Elisângela Colodetti, é

transmitido a partir de Belo Horizonte  –  sede da emissora  – para todo o estado. Apresenta

reportagens das afiliadas da Rede Globo no interior, entrevistas de estúdio sobre

comportamento e saúde e entrevistas ao vivo na rua, principalmente em Belo Horizonte, alémdo bloco de esportes.

Na Bahia, o Jornal da Manhã, produzido pela TV Bahia, é transmitido para todo o estado a

partir de Salvador, sede da emissora. É apresentado pela dupla de jornalistas Genildo

Lawinsck e Georgina Maynart. Na pauta, assuntos regionais diversos e um espaço para o

comentário político.

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No Pará, O Bom Dia Pará, produzido pela TV Liberal, é transmitido para todo o estado, a

partir de Belém, menos para os treze municípios em que a afiliada da Rede Globo é a TV

Tapajós, sediada em Santarém, oeste do estado. É apresentado pelo jornalista Salomão

Mendes. O conteúdo é basicamente produzido em Belém, com algumas reportagens do

interior.

Nos dias atuais, a discussão do telejornalismo regional ganha importância, especialmente

porque novas concessões estão sendo expedidas e a tecnologia digital já permite que uma

mesma emissora opere mais de um canal por meio do mesmo sinal. Este trabalho, então,

propõe analisar detidamente o conteúdo editorial do telejornalismo produzido regionalmente.

A suposta heterogeneidade das emissoras objeto do estudo, que estão localizadas em quatroregiões geográficas distintas do Brasil, servirá para acentuar ainda mais uma possível

padronização exercida a partir do eixo Rio-São Paulo.

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2 HISTÓRICO E DESENVOLVIMENTO DA TV NO BRASIL

Este capítulo começa com uma introdução histórica da televisão e do telejornalismo

brasileiros. O país foi o primeiro da América Latina a implantar um canal de televisão, a TV

Tupi, fruto de um esforço empresarial do então chamado rei das comunicações, Assis

Chateaubriand, fundador e dono, até sua morte em 1968, dos Diários e Emissoras Associadas.

Depois desse início, que contava com recursos técnicos bastante limitados, numa época em

que o rádio ainda predominava no Brasil, a televisão deu um salto tecnológico e de audiência

da metade para o fim dos anos 1960. Com essa virada, a TV passou a ser o veículo de maior

penetração no país, status que ostenta até hoje.

O telejornalismo também foi afetado por essa evolução. Passou de um mero rádio

televisionado para um veículo que explora ao máximo sua capacidade única de estimular dois

sentidos humanos simultaneamente, a visão e a audição. Apesar disso, em certos aspectos, o

telejornalismo perdeu em conteúdo, como será apresentado mais adiante.

2.1. Anos 19502.1.1 A limitação dos primeiros anos

A primeira emissora de televisão no Brasil, a TV Tupi de São Paulo, foi inaugurada em 1950.

E não foi implantada com o objetivo puro e simples de sucesso empresarial, mas como um

impulso de inovação e pioneirismo nas comunicações brasileiras, obra do primeiro grande

businessman do setor no país, Assis Chateaubriand, dos Diários Associados, que chegou a

reunir “36 jornais, 18 revistas, 36 rádios e 18 emissoras de televisão em todo o país”

(MORAIS, 1994, p.645).

Nessa época, anos 1950, o rádio ainda era a mídia mais consumida no país. A TV chegava a

poucos lares. Só os abastados tinham condições de adquirir um aparelho receptor. Além disso,

nos primeiros anos da TV, apenas São Paulo e Rio de Janeiro possuíam emissoras. Outras

capitais e, ademais, os rincões do Brasil não recebiam qualquer sinal de televisão. O rádio,

por sua vez, segundo Rezende (1997), já chegava a quase todos os lares brasileiros.

Nesses anos, a TV era apenas um capricho de empreendedores pioneiros, bancado por

empresas anunciantes, cujos donos estavam apenas interessados em gozar do beneplácito

daqueles que eram os proprietários dos, cada vez mais poderosos, grandes grupos de

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comunicação brasileiros, como os Diários Associados. Essa bajulação dos anunciantes, nos

anos 1950, fica patente no discurso de Assis Chateaubriand, na ocasião da inauguração da TV

Tupi, em 18 de setembro de 1950, em São Paulo.

Este transmissor foi erguido, pois, com a prata da casa; isto é, com os recursos depublicidade que levantamos sobre a prata Wolff e outras não menos macias pratas dacasa: a Sul América, que é o que pode haver de bem brasileiro; as lãs Sams, do MoinhoSantista, arrancadas ao coro das ovelhas do Rio Grande e, mais que tudo isso, ao GuaranáChampagne da Antarctica, que á a bebida dos nossos selvagens, o cauim dos bugres doPantanal mato-grossense e de trechos do vale amazônico (MORAIS, 1994, p.551).

Por ser quase uma aventura, a penetração da TV na sociedade era muito limitada no início das

operações. Segundo Morais (1994), no dia da estreia, por exemplo, havia cerca de 200

aparelhos sintonizados na TV Tupi, a maioria deles trazida do exterior, por meio de

contrabando, pelo próprio Chateaubriand. Instalados em locais estratégicos de São Paulo, só

assim a população pôde verificar a veracidade da mais comentada novidade tecnológica desde

o surgimento do rádio, ainda na década de 1920.

Os recursos tecnológicos também eram escassos; a comparar-se com hoje, rudimentares.

Segundo Rezende (1997) e Peruzzo (2005) não havia transmissão de programas em rede e, até

a década de 1960, nem mesmo o recurso do vídeotape existia. A programação era totalmente

ao vivo e produzida localmente. A recepção do sinal das estações limitava-se a um raio de

cem quilômetros do transmissor. Morais (1994) informa que apenas cidades como Campinas

e Santos tinham acesso ao sinal da TV Tupi, em 1950.

Quase tudo tinha de ser produzido e exibido do estúdio. Por muito tempo os telejornais, por

exemplo, só contaram com a imagem e a voz do apresentador, além de algumas poucas fotos

  já amplamente divulgadas em jornais, como conta Rezende (1997). A programação erapraticamente imóvel.

As primeiras externas foram realizadas de forma precária. A câmera, muito grande e pesada,

ia para a rua acoplada a um gerador, mas precisava continuar conectada, por meio de um

cabo, à emissora. Esse procedimento impedia que a câmera pudesse ir muito longe da sede. A

programação nesses primeiros meses consistia de teleteatros e telejornais com poucas

imagens e centrados na figura do apresentador, segundo Rezende (1997) e Sodré (1989).

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Outro entrave ao desenvolvimento da TV no Brasil, era a falta de profissionais especializados

para exercer, desde as funções técnicas, como operadores de câmera, iluminadores, diretores

de imagem, até comunicadores e artistas. De acordo com Paternostro (2006) e Rezende

(1997), todos esses profissionais vieram do rádio, o que deu à TV, nos primeiros anos, um

aspecto de rádio com imagem.

2.1.2 Perfil da programação nos anos 1950

A programação da TV nos anos 1950, de acordo com Sodré (1989), seguia a lógica de seu

público, formado basicamente pela elite econômica e cultural do país, que, além de poder

arcar com o custo de adquirir um aparelho de TV importado, vivia nas metrópoles brasileiras,especialmente Rio e São Paulo – cidades pioneiras em televisão e onde, ainda nos anos 1950,

outras emissoras, além da Tupi, como Record e Excelsior, começaram a se instalar. Nessa

época, também segundo Sodré (1981), a programação consistia, quase sempre, de debates

profundos sobre temas os mais diversos, apresentação de concertos clássicos, óperas e outros

produtos culturais bem quistos pelas elites.

Os telejornais também começam a surgir. Dois dias depois da estreia da TV, e, 20 desetembro de 1950, entrava no ar Imagens do Dia, o pioneiro. O telejornal contava apenas com

o apresentador e uma pequena equipe de redatores. As notícias eram basicamente lidas, como

no rádio, e esporadicamente cobertas com fotos de agências noticiosas e pequenos trechos de

filmes feitos em São Paulo.

2.2 De coadjuvante a protagonista: a TV a partir dos 19602.2.1 A revolução do videotape

Na década de 1960, a TV começa sua trajetória mais acentuada de evolução, tanto técnica

quanto de conteúdo. A primeira grande inovação foi a adoção do videotape. Até então, as

imagens externas eram captadas em película e, para ser exibidas na televisão, precisavam

passar pelo processo de telecinagem, em que o filme, já revelado e editado, passava por uma

câmera que permitia que ele fosse exibido na televisão.  Esse procedimento, além da própria

revelação e edição do filme, tornava custosa e demorada a exibição de imagens captadas

previamente.

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De acordo com Tourinho (2007) e Peruzzo (2005), o videotape, recurso que permitia a

gravação eletrônica de imagens e áudio, além de facilitar a captação prévia de imagens, deu às

empresas que tinham emissoras espalhadas pelo país a capacidade de fazer circular o mesmo

programa em vários lugares diferentes. Estavam lançadas as bases das redes de televisão, que

atualmente predominam o universo televisivo do país.

Foi nessa época também que teve início o chamado “milagre econômico”, período entre 1969

e 1973, em que a economia brasileira “cresceu em média 10%, com picos de 13%” (Singer,

1976, p.50). O crescimento da economia, o aumento da renda média, e o barateamento dos

aparelhos permitiu a que mais pessoas tivessem acesso à televisão, ainda de acordo com

Singer (1978).

2.2.2 A popularização da televisão no Brasil

Na década de 1960, a TV já não era mais uma aventura de pioneiros. As empresas

proprietárias de emissoras visavam lucro e disputavam verbas publicitárias com os demais

veículos, inclusive com o rádio, que, já na metade da década, começava a perder força.

O número de pessoas com acesso à TV cresceu, nessa década, a níveis jamais vistos no país.

Em 1964, de acordo com levantamento de Mattos (2000), havia em todo o Brasil 1,66 milhão

de aparelhos de TV. No fim da década, em 1970, eram 4,58 milhões de televisores, quase o

triplo do número registrado seis anos antes.

2.2.3 Adequação do conteúdo aos novos telespectadores

Com audiência potencial alta, a tarefa dos donos de emissoras era atrair novos telespectadores

para o meio. Isso foi feito a partir de modificações no conteúdo da televisão em relação àquela

estética culturalista, predominante nos anos 1950. Os programas, segundo Sodré (1989),

foram popularizados para agradar a um público cada vez mais amplo.

Da massificação da TV, surgiram as atrações televisivas que substituíram o conteúdo elitista.

Esses programas, descritos por Sodré (1989), eram shows de calouros, como o Chacrinha e o

Raul Longras, que exploravam os excluídos da sociedade, como caipiras, deficientes,

analfabetos, desdentados. “A programação provocava risadas no público, através da

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exploração da miséria alheia, o que fazia com que muitos se esquecessem de seus próprios

 problemas durante os momentos que passavam em frente à tela” (SODRÉ, 1989, p. 71).

2.2.4 O retorno da estética culturalista

Com audiência, confiança do mercado publicitário e alto faturamento garantidos, as emissoras

de TV resolveram modificar mais uma vez a programação, desta vez buscando um

refinamento das atrações, de acordo com Sodré (1989). A mudança, capitaneada pela Rede

Globo, que, desde 1968, três anos após sua inauguração, já era líder de audiência, começou

em 1972, ainda de acordo com Sodré (1989).

Entraram em cena as novelas de produção acurada e que tratavam do cotidiano brasileiro.

Apesar de não ter mais o caráter de cultura erudita, a TV, baseada na fórmula telejornalístico-

novelesca (para usar um termo cunhado por Sodré (1989), estava mais perto de um viés

culturalista do que da estética do grotesco).

Para Sodré (1989), essa mudança no perfil da programação seria o reflexo o aumento da

importância da educação, especialmente na expansão do ensino superior, que se deu no fimdos anos 60. Era o Brasil novo, o Brasil sedento por conhecimento.

E esse mito foi alimentado “quando se começou a fazer crer que a distribuição de renda é um

 problema de educação” (SODRÉ, 1989, p. 98). 

2.2.5 A integração do Brasil pelas redes de televisão

Em 1968, foi realizada a grande guinada do potencial da televisão brasileira: a implantação da

primeira rede de alcance nacional, interligada a diversos pontos do Brasil por um sistema de

microondas e, mais adiante, pelo satélite do sistema da recém-criada empresa estatal de

telecomunicações Embratel.

As redes de televisão são a consolidação do sistema monopolístico da TV, na visão de Sodré

(1985). O modelo é aquele em que uma emissora principal (a cabeça de rede) transmite um

conteúdo uniforme para todo o país, por meio de empresas independentes, ou próprias,

denominadas emissoras afiliadas. Tal modelo foi importado dos Estados Unidos, de onde os

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empresários brasileiros copiaram outros tantos conceitos que nortearam o desenvolvimento da

TV no país. Um exemplo dessa influência norte-americana é que, ao contrário do padrão

europeu de empresas públicas de televisão, a iniciativa privada foi quem bancou o

desenvolvimento do veículo no Brasil, desde o início.

Além da possibilidade de arrebanhar grande audiência, a rede traz benefícios para todo o

complexo empresarial envolvido. A concentração da produção diminui os custos, que,

segundo Tourinho (2007), nesse modelo monopolístico proposto por Sodré (1985), são

“rateados por todas as emissoras da rede” (Sodré, 1985, p.56). Isso, ainda de acordo com

Tourinho (2007), diminui os riscos de uma determinada atração falhar na audiência,

principalmente devido à falta de opções ao telespectador que tem acesso apenas aos canaisabertos. Com audiência garantida, os anunciantes se sentem mais seguros para investir em

programas de veiculação nacional.

  No entanto, essa característica monopolística “do desenvolvimento das telecomunicações,

através das grandes redes de televisão baseadas em São Paulo e Rio, acabou priorizando a

 produção de mensagens em centros urbanos, em detrimento de um conteúdo regionalizado”

(Peruzzo, 2005, p.71).

2.3 O desenvolvimento do telejornalismo brasileiro

Ao contrário de todos os outros meios de comunicação de massa pré-internet e excetuando-se

o cinema que, no Brasil, só foi verdadeiramente de massa na primeira metade do século XX,

com as produções populares dos grandes estúdios, e a internet, a televisão é o único meio

multissensorial: em frente ao aparelho de TV, o telespectador é estimulado pela visão e pela

audição.

Nos primeiros tempos da TV no Brasil, ainda nos anos 1950, segundo Rezende (1997), o

recurso da imagem foi pouco explorado. Os programas telejornalísticos tinham ainda um

caráter radiofônico. Primeiro pela característica principal de seus comunicadores, todos eles

oriundos daquele meio de comunicação, o mais difundido do Brasil da época. Depois, pela

precariedade técnica em que a TV era produzida.

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A cobertura externa era muito complicada, já que as câmeras ainda eram de filme e muito

pesadas. A edição era complexa, a mesma técnica utilizada no cinema, em que o filme era

revelado e depois cortado e colado manualmente, na sequência desejada, como descrito em

Watts (1996). Portanto, os telejornais eram muito mais falados, ancorados na personalidade

forte de um locutor – não jornalista – do que imagéticos.

Nesses primeiros tempos, o telespectador não fazia muita distinção desses problemas

operacionais. A penetração da TV na sociedade ainda era pequena, devido não só ao alto

custo dos aparelhos, mas também à escassez de emissoras, circunscritas às grandes cidades

brasileiras, como já explicado anteriormente.

Na década seguinte, de 1960, segundo Rezende (1997), a técnica começa a ser apurada.

Programas como o   Jornal de Vanguarda, da TV Excelsior, inovam na linguagem televisiva

brasileira, sem, no entanto, copiar o consagrado modelo americano. A imagem passou a

ocupar um papel de maior destaque, como martelavam os primeiros críticos da TV brasileira,

que diziam que a potencialidade do meio era desperdiçada, classificando o telejornalismo

como mero radiojornal televisado.

No início dos anos 1960, as estações fora do eixo Rio-São Paulo apresentavamtelejornais com até dois dias de atraso, pela dificuldade de transporte de tapes, ou secontentavam com telejornalismos isolados do país e do mundo. O suporte detelecomunicações, montado pela Embratel, foi a ponte para um telejornal que levasseem conta o veículo, apresentando-se instantaneamente nos mais diversos pontos do país(CAPARELLI, 1982, p.122).

Em setembro de 1969, com o advento da rede Embratel, entra no ar o que é, até hoje, o

principal telejornal brasileiro:   Jornal Nacional, da Rede Globo. Já na primeira edição, de

acordo com o livro Jornal Nacional (2004), o programa foi exibido simultaneamente para Riode Janeiro, São Paulo, Porto Alegre e Curitiba, com a estrutura da recém inaugurada rede de

microondas da Embratel.

A tendência do telejornalismo passou de regionalização para nacionalização do noticiário. De

acordo com o livro Jornal Nacional (2004), o principal objetivo de Armando Nogueira, então

diretor de jornalismo da Rede Globo, e dos outros idealizadores do programa, a ideia era dar

aos brasileiros algo além do idioma para que compartilhassem como característico do Brasil.

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O primeiro Jornal Nacional foi apresentado por Hilton Gomes e Cid Moreira. Essa tendência

de nacionalizar a notícia ficou clara logo na abertura do telejornal. “O   Jornal Nacional da

Rede Globo, um serviço de notícias integrando o Brasil novo, inaugura-se neste momento:

imagem e som de todo o Brasil” (Jornal Nacional, 2004, p.25). 

Nesta edição, o telejornal apresentou notícias de política nacional e internacional, economia e

esportes, além da previsão do tempo para o Rio de janeiro, Niterói e Espírito Santo. Ao fim do

primeiro bloco, Armando Nogueira teria escrito um bilhete para o diretor de imagens que

dizia “e o boeing decolou” (Jornal Nacional, 2004, p.26).

Em pouco tempo, o telejornal passou a ser transmitido para as principais praças brasileiras,tornando-se líder de audiência e batendo o principal concorrente, o tradicional  Repórter Esso,

da Tupi.

Essa tendência pela nacionalização da notícia criou um novo parâmetro de julgamento para se

diferenciar o que era notícia de interesse local do que tinha interesse nacional. Esses

parâmetros são discutidos por Pereira (1983).

O Jornal Nacional é trabalhado de forma a atingir o Brasil inteiro, e em horário nobre  –  sendo, neste sentido, realmente nacional. Vai ao ar em cadeia para todas as emissoras erepetidoras da TV Globo e tem suas matérias pensadas de modo que tenha, de fato, uminteresse nacional. Obedece a um critério de elaboração preestabelecido que faz comque se possa eleger se a notícia é local, regional ou se sua dimensão é de âmbito maisextenso, isto é, brasileiro e, portanto, nacional (Pereira, 1983, pgs. 122 e 123).

No plano cultural, o significado dessa integração possibilitada pela técnica fez surgir uma

visão de Brasil compartilhada por toda a população. Essa visão vinha do eixo Rio-São Paulo,

onde estavam concentradas – a bem dizer, estão até hoje  – as cabeças de rede das principaisemissoras brasileiras. Se por um lado isso aumentou a integração do país, por outro

descaracterizou tradições culturais arraigadas, que passaram a ser retratadas como caricaturas

de um Brasil visto e falado do Rio, com sotaque “ipanemense” (PRIOLLI, 2000, p.25). 

De coadjuvante, a imagem passou a ser protagonista na TV, deflagrando o que Rezende

(1997) denomina “soberania do icônico”. Isso se dá porque a imagem é “uma mensagem sem

código” (Barthes, 1978, p.10). 

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Segundo Rezende (1997), isso significa que, para compreender uma imagem, não é necessário

o domínio de nenhum código prévio. O predomínio da imagem sobre o texto “facilita a

compreensão das camadas menos instruídas da população brasileira, inclusive os analfabetos,

que, diante da TV, tornam-se sabidões, esquecendo-se, por alguns momentos, das dificuldades

cotidianas como ter que identificar ônibus pelas cores” (REZENDE, 1997, p.55). 

Na visão de Eco (2001), a mídia eletrônica é o principal marco da chamada Indústria Cultural.

É por meio dela que a disseminação deixa de ser apenas impressa para ganhar os outros

sentidos, primeiro a audição depois audição e visão. A música passa a ser acessível a todos e é

a partir daí, da formação de um público exposto aos modernos meios, que a Indústria começa

a prosperar. Segundo ECO (2001), é a formação da massa que cria a necessidade de produziro conteúdo disseminado, industrializado.

2.3.1 Perfis editorial e estético dos telejornais brasileiros

Na atualidade, a imagem mitigou o poder da palavra e a empobreceu na televisão,

especificamente nos telejornais. A conclusão é de Rezende (1997). Em sua pesquisa para a

tese de doutorado, que se transformou no livro “Telejornalismo no Brasil: um perfil editorial”,ele identificou não mais do que 215 palavras diferentes em dois dos telejornais de maior

audiência no país, em 1996, o   Jornal Nacional, da Rede Globo, e o TJ Brasil, do SBT.

Apenas três verbos  – ser, estar e ter  – foram responsáveis por 27,3% do uso desta classe de

palavras. Doze verbos, entre os quais estão incluídos os três anteriores, representaram pouco

menos de dois terços do total de conjugações.

O jornalista Armando Nogueira, ex-diretor da Central Globo de Jornalismo, entrevistado porRezende (1997), acredita que “o empobrecimento da palavra na televisão desencadeia um

processo de dislexia na população e também nos repórteres, que, irremediavelmente,

empobrecem o seu vocabulário ao longo da atuação na televisão” (REZENDE, 1997, p.65).  

A combinação das imagens com palavras que as complementem, segundo Rezende (1997),

hipnotizam o telespectador, que, absorto, consome o que lhe é oferecido na tela sem maior

resistência. A isso, se junta, segundo o autor, o perfil editorial da televisão. Na análise dos

 jornais de caráter nacional, ele percebeu uma preferência aos fait divers, “fatos desconectados

de historicidade jornalística, que se referem apenas ao seu caráter interno e interesse como

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fato inusitado, pitoresco. Em geral, remetem a temas considerados "leves", curiosos, não

muito sérios” (REZENDE, 1997, p.65). São fatos que valem pela imagem, e não pela

importância social em si. É possível citar como exemplo, um animal sendo devolvido à

natureza, ou uma apresentação da esquadrilha da fumaça no exterior.

Essa seleção de fatos, de acordo com a “força” da imagem, torna o  Newsmaking da televisão

diferente, em muitos aspectos, do que acontece nas outras mídias, como o jornal impresso.

 Newsmaking, de acordo com Wolf (1995), diz respeito aos processos em que a notícia é

produzida. Uma das hipóteses estudadas é a do gatekeeper , que seria um filtro – os jornalistas

 – que bloqueariam ou liberariam uma determinada informação para o público.

Apesar de serem os jornalistas o filtro, os critérios de seleção das notícias, segundo Wolf 

(1995), são menos pessoais do que baseados em modelos já pré-estabelecidos nas redações de

veículos de comunicação. Na televisão, esses modelos estão basicamente fundados no peso de

uma imagem, segundo Rezende (1997).

No entanto, em outros aspectos, o newsmaking, ou modo de produção da notícia, da televisão

se aproxima do utilizado em outros veículos. Segundo Wolf (1995), acontecimentos quedestoem do comum, que se refiram a celebridades, ou seja, grandes tragédias atraem

naturalmente a atenção de todos os veículos de comunicação, indistintamente.

Essa homogeneização faz com que as grandes redes de televisão tenham correspondentes,

virtualmente, nos mesmos lugares que outros jornais e revistas de grande circulação, segundo

Wolf (1995). Isso faz com que as coberturas nas televisões sejam muito parecidas; os

telejornais ficam iguais e os noticiários têm quase as mesmas manchetes, visão compartilhadapor Rezende (1997).

Locais de grande cobertura são os centros políticos, eventos de prestígio, locais de produção

de entretenimento. Por isso, a competição entre os veículos, segundo Wolf (1995), que

deveria estimular os jornalistas a buscarem o furo, o inédito e exclusivo, faz com que eles

pasteurizem a informação para não ficarem sem dar uma notícia publicada em todos os

veículos.

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Por último, as agências de notícias também têm um papel fundamental na padronização do

conteúdo jornalístico, inclusive das emissoras de TV. Segundo Wolf (1995), as notícias do

exterior dificilmente são colhidas por um correspondente próprio. Elas são transmitidas por

agências de notícias contratadas, entre as quais a maior de todas, a britânica Reuters, que tem

correspondentes em quase todos os lugares do mundo.

Com tantos aspectos que levam a homogeneização, é possível inferir, precocemente, que o

telejornalismo brasileiro é marcado por uma padronização no conteúdo, especialmente no que

se refere aos programas exibidos nacionalmente pelas grandes redes.

A presente pesquisa é importante para os profissionais da comunicação, especialmente  jornalistas, que trabalham em emissoras de televisão ou que se interessam pelo assunto.

Também abre uma nova perspectiva no campo da pesquisa na área, já que boa parte dos

estudos que tratam do telejornalismo são técnicos, ou fazem uma análise sob o prisma da

teoria crítica dos meios de comunicação de massa. A proposta principal é analisar produtos

  jornalísticos finais para, só daí, chegar a uma conclusão –  de padronização ou não do

telejornalismo local - apesar da restrição do objeto empírico a quatro programas de apenas

uma rede.

De acordo com Sodré (1985), a evolução da tecnologia das comunicações – no Brasil, a partir

do final dos anos 1960  – modificou completamente o esquema de produção da televisão. A

possibilidade de retransmitir um mesmo sinal em todo o país levou à concentração da

produção televisa aos grandes centros do país: São Paulo e Rio de Janeiro. Restou às

emissoras fora desse eixo, aderir ao modelo de retransmissão dessa produção, dada a

incapacidade de investir em algo com qualidade similar. À falta de estrutura, realidade damaioria das emissoras brasileiras, se junta uma legislação confusa, que, se não define com

clareza sequer o tempo que deve ser destinado a comerciais, ignora um percentual mínimo

para a programação regional.

Segundo a pesquisadora Cicília Peruzzo (2005), a produção regional precisou ser limitada ao

telejornalismo, um tipo de produção mais barata e que necessita de uma estrutura menos

complexa. No entanto, em algumas redes, a produção local não passaria de duas horas diárias,

ou menos.

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3 - A realidade regional na TV

Antes do aparecimento das redes de televisão e rádio e dos jornais de circulação nacional ou

global, todos os veículos de comunicação eram locais. No caso da TV brasileira, as redes

começaram a se formar com o advento do videotape, a partir dos anos 1960.

Apesar da grande importância, segundo Peruzzo (2005), a mídia regional só começou a

despertar interesse na comunidade acadêmica brasileira no fim dos anos 1990. Em outros

países, estudos sobre o tema já vinham sendo desenvolvidos desde a década de 1980.

Este segundo capítulo teórico trata do conceito de mídia regional. O que é, quais as diferenças

entre local, regional e comunitário, a lacuna legal para regulamentar o tempo mínimo de

produção de programação própria e as dificuldades financeiras de se produzir conteúdo local.

Esses serão os principais pontos discutidos.

3.1 Mídia comunitária, local e regional

Conceitualmente, mídia regional, local e comunitária são diferentes. De início, mídia

comunitária é aquela que, a priori, não tem objetivos comerciais. No caso de televisões e

rádios, a concessão governamental é clara: o canal/emissora não pode ser explorado

comercialmente, sob pena de suspensão ou cancelamento da permissão.

Boa parte das emissoras comunitárias faz parte da TV por assinatura. Elas foram instituídas

pela lei federal 8.977, de 1995, a chamada “Lei do cabo”, que regulamenta o serviço de TV

 por assinatura no país. O artigo 23 desta lei prevê que “as operadoras devem conceder canais

gratuitos: ao poder legislativo municipal, estadual e federal, às universidades, ao poder judiciário, além de outros dois canais comunitários, um reservado a órgãos públicos e outro a

entidades não governamentais sem fins lucrativos” (Lei Federal 8.977, 1995, p.1). A lei prevê

que estes canais sejam de distribuição obrigatória, seja qual for o pacote contratado pelo

cliente da operadora de TV por assinatura.

A mídia comunitária trata de problemas que atingem uma comunidade específica, que pode

ser definida como a área de influência de uma organização comunitária. Esse conceito, noentanto, não pode ser aplicado indistintamente a jornais de bairro, já que estes, segundo

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Peruzzo (2005), muitas vezes, se desvirtuam da função de informar e lutar por soluções de

problemas para amealhar anúncios publicitários.

Já a definição de mídia regional e local é um pouco mais complexa. O aspecto principal é a

abrangência geográfica. O local seria algo mais restrito a uma comunidade, ou cidade

específica. O conceito de região se refere, de acordo com Peruzzo (2005), a um conjunto de

cidades com alguma proximidade não só geográfica como cultural.

Para lá das dimensões geográficas, surge um novo tipo de território, que pode ser debase cultural, ideológica, idiomática, de circulação da informação etc. Dimensões comoas de familiaridade no campo das identidades histórico-culturais (língua, tradições,valores, religião etc.) e de proximidade de interesses (ideológicos, políticos, desegurança, crenças etc.) são tão importantes quanto às de base física. São elementospropiciadores de elos culturais e laços comunitários que a simples delimitaçãogeográfica pode não ser capaz de conter (Peruzzo, 2005, p.74).

Apesar dos conceitos apresentados por Peruzzo (2005), Tourinho (2007) lembra que,

legalmente, não há nada que estabeleça o que é alcance local e regional. E essa falta de

definição legal, ainda na visão de Tourinho (2007) dificulta ainda mais definir o que é

programação regional, devido às possibilidades tecnológicas que permitem a uma mesma

emissora alcançar distâncias de centenas, às vezes de milhares, de quilômetros.

Peruzzo (2007) acredita que, no que tange à televisão, a tendência é de uma regionalização

cada vez maior, em detrimento do local. Emissoras do interior se juntam em redes. Como

exemplo, Peruzzo (2007) cita as Emissoras Pioneiras de Televisão  –  EPTV que, com duas

emissoras em São Paulo (Campinas e Ribeirão Preto) e uma em Minas Gerais (Varginha),

atingem mais de 300 municípios nos dois estados.

Para se ter uma ideia da regionalização da televisão, em Minas Gerais, de acordo com o mapa

de cobertura da Rede Globo, não há nenhuma emissora isolada afiliada à Rede. Todo o estado

está dividido por apenas três empresas: Inter TV (norte e leste de Minas), EPTV (sul de

Minas) e Rede Integração (Triângulo, centro e Zona da Mata). Belo Horizonte e Região

Metropolitana são servidos pela própria TV Globo.

No Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, essa tendência à regionalização é ainda maior.

Nesses dois estados, apenas uma empresa, a RBS, detém todas as emissoras que retransmitem

a programação da Rede Globo. No Ceará, apenas a TV Verdes Mares possui as concessões e

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na Bahia acontece o mesmo, com a Rede Bahia. No Centro Oeste, a situação é similar. No

Mato Grosso, a exclusividade é da TV Centro América, com seis emissoras Globo espalhadas

pelo estado. No Mato Grosso do Sul, a exclusividade é da TV Morena. Já em Goiás e no

Tocantins, que faz parte da Região Norte, as emissoras afiliadas à Rede Globo pertencem à

Rede Anhanguera.

Mas de todos os exemplos de concentração de emissoras Globo nas mãos de uma só empresa,

o mais chamativo é o da Região Norte. Lá, a Rede Amazônica detém todas as emissoras

Globo de cinco estados: Amazonas, Acre, Roraima, Rondônia e Amapá.

3.2 A formação da Rede Globo

O que hoje é conhecido como Rede Globo foi surgindo aos poucos, primeiramente com as

emissoras que pertenciam ao próprio grupo: São Paulo (ex-tv Paulista 1966); Belo Horizonte

(1968); Brasília (1971) e Recife (1972), além do Rio de Janeiro. De acordo com Fiúza,

quando a Globo completou 15 anos, em 1980, havia 36 afiliadas espalhadas pelo Brasil, em

quase todos os estados e territórios.

Ninguém podia imaginar, em 1965, que algum dia o canal 4, do Rio de Janeiro, viessea se expandir, com uma programação distribuída por todo o país, em tempo real. Isto é,que a imagem enviada por satélite doméstico chegasse ao mesmo tempo ao Pará, aoMato Grosso e ao extremo do Rio Grande do Sul. A TV Globo era uma coisa, ainda,muito isolada aqui no Rio de Janeiro (FIÚZA, 2003, p.50).

Atualmente, a Rede Globo utiliza grande quantidade de transmissões via satélite para garantir

que a programação chegue a todo o país com a mesma qualidade de sinal, imagem e som

similares. Para atender as necessidades do jornalismo, dois canais de satélite interligam, 24

horas por dia, as sedes de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília e Nova Iorque.

Além disso, uma grande estrutura de unidades móveis é capaz de gerar programação ao vivo

de diversos pontos do país.

Em 2010, de acordo com o mapa de cobertura da Rede Globo disponível na internet em

afiliadas.globo.com, acessado em 15 de maio de 2010, a rede contava com 121 emissoras

afiliadas em todos os estados brasileiros. Essa estrutura é capaz de transmitir o sinal gerado no

Rio de Janeiro e em São Paulo para 5.043 municípios brasileiros, com um total de 99,84% de

cobertura do território nacional.

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3.2.1 Rede Globo e o jornalismo regional

No início das transmissões em rede, a partir de 1968, as afiliadas da Rede Globo, pioneira

nesta modalidade de produção e distribuição de conteúdo a partir de um ponto para vários

locais do Brasil, não tinham problemas com espaço para veicular produções regionais.

De acordo com Tourinho (2007), neste período a programação em rede era menor, ainda no

início dos anos 1970 somente a partir do meio dia era que as emissoras locais tinham que dar

lugar ao conteúdo da sede.

Com o crescimento econômico e territorial da Rede Globo, essa liberdade das afiliadascomeçou a diminuir, porque os horários da rede cada vez mais abrangiam a maior parte do

dia. Já nos anos 1980, a Rede Globo começa a perceber que o regional estava sendo pouco

explorado e era de interesse da população que ganhasse maior espaço na grade de

programação. Essa tendência foi descrita por Fabbri Júnior (2006).

A valorização do local na sociedade contemporânea é processada pelo conjunto dasociedade e surge durante o processo de globalização. Esta mudança demonstrou

 justamente que as pessoas também se interessam pelo que está mais próximo ou peloque mais diretamente afeta suas vidas, e não apenas pelos grandes temas da política, daeconomia e assim por diante. Assim, era necessário voltar a programação para ocotidiano local-regional, pois os telespectadores que habitavam cidades do interior dosEstados, sentiam-se alienados da sua realidade, ao assistir somente noticiários de fatosocorridos na capital, nas cidades mais importantes do país e no mundo (FABBRIJÚNIOR, 2006, p. 27-28).

Contribuiu para essa tendência, também, de acordo com Peruzzo (2005) o “lado

mercadológico. A televisão explora a diferenciação local como nicho de mercado, interessada

que está em captar recursos provenientes da publicidade no interior do país” (Peruzzo, 2007,p.71).

Em 1980, quando o telejornalismo regional começou a conseguir algum espaço, a empresa

criou a Central Globo de afiliadas e expansão. O objetivo do departamento era dar suporte

técnico, editorial e até estético às afiliadas. Profissionais iam até as emissoras para treinar

equipes, foi criado um manual de telejornalismo. A tal ponto de minúcias chegou essa

preparação que fonoaudiólogos foram levados do Rio para as outras cidades com o intuito de

padronizar a fala dos repórteres e apresentadores. Tudo isso para não haver uma discrepância

entre a programação produzida em São Paulo e Rio e o conteúdo regional.

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Essa forma de padronização a qualquer custo atraiu críticas para o projeto de regionalização

da Rede Globo. Priolli (2000), por exemplo, fala da ipanemização do sotaque regional. Para

ele, esse tipo de postura faz com que as tão ricas diferenças regionais do Brasil, um país

continental, sejam cada vez mais suprimidas por um modelo estético-cultural imposto pelos

centros dominantes São Paulo e Rio de Janeiro.

Em 1985, surge o primeiro manual de telejornalismo da Rede Globo. O objetivo era fazer

com que, cada vez mais, o modelo emanado do Rio de Janeiro prevalecesse em todo o país. A

abertura desse manual deixa essa visão bem clara.

A ideia de uma rede pressupõe a união de forças, com o objetivo de consolidarcoletivamente os principais atributos de cada parte em favor do todo. Da mesma forma,cada integrante da rede deve se beneficiar da força do conjunto. É inegável que opadrão estético-editorial da rede Globo é um dos ativos mais importantes, reconhecidomundialmente, sendo um dos elementos fundamentais na formação do chamado padrãoGlobo de qualidade. Dessa forma, é indispensável que o produto final  de cada afiliadaseja afinado com a identidade da Rede Globo (Manual de Telejornalismo da Globo,1985, p.3).

Outra recomendação do manual vai ao encontro da tendência verificada por Rezende (2007)

de simplificação do vocabulário empregado no telejornalismo, “com o propósito de se

comunicar com o maior contingente possível de telespectadores a TV Globo fará uso da

linguagem que lhes proporcione a mais am  pla compreensão”(Manual de Telejornalismo da

Globo, 1985, p.10).

3.2.1 Programação regional da Rede Globo

Contratualmente, segundo Tourinho (2007), as emissoras afiliadas à rede Globo têm de,

obrigatoriamente, produzir os seguintes programas jornalísticos durante a semana: Bom DiaPraça (que começa às 6h30 e vai até às 7h15); Praça TV 1 (das 11h55 às 12h30); Globo

Esporte Local (das 12h35 às 12h40); Praça TV 2 (das 19h às 19h15). Aos sábados e

domingos, há outros horários que devem ser obrigatoriamente ocupados. No entanto, a

participação da programação local chega a 7,5%, do total, em média, nas emissoras.

Em alguns casos, como o da RBS (Rede Brasil Sul de Comunicações), afiliada da TV Globo

no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, esses percentuais são maiores, porque, devido à

grandeza da empresa, que é o quinto maior conglomerado de comunicação brasileiro, segundo

Tourinho (2007), são produzidos mais programas desde a afiliação da emissora, no início dos

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anos 70. Isso porque, além dos horários obrigatórios, as emissoras podem ocupar os chamados

horários optativos, geralmente localizados em pontos pouco rentáveis da grade de

programação, como nas madrugadas.

O grande dilema de se definir, em lei, percentuais altos de programação própria, na visão de

Tourinho (2007), é o custo de produção. A maioria das pequenas emissoras do interior do

Brasil não tem capacidade para arcar com produções de qualidade, porque a escala não

permite que elas sejam bancadas por patrocinadores, mesmo que se cobre caro pelo espaço

publicitário.

Um exemplo dessa dificuldade é o caso da TV Gazeta Noroeste, afiliada da Rede Globo emColatina, no Espírito Santo. Segundo Tourinho (2007), no contrato de concessão da emissora

consta na cláusula 4: “ A TV Gazeta Noroeste tem o compr omisso de exibir 180 minutos

diários de programas culturais, artísticos e jornalísticos, produzidos e gerados na própria

localidade de execução do serviço, ou no município ao qual pertence a localidade de outorga”

(Tourinho, 2007, p.21).

Para atender a essa exigência, a TV começou a produzir blocos locais dos Praças TV primeira

e segunda edições. Mas isso era pouco para cumprir o estabelecido no contrato. Sem nenhum

outro espaço na programação que não a madrugada, um horário optativo, a TV passou a

produzir também o Gazeta Notícias, ou ESTV terceira edição. Um telejornal de 100 minutos,

exibido depois do Intercine, que traz a reprise de reportagens veiculadas durante todo o dia na

programação das diversas afiliadas da Rede Gazeta no estado. Mesmo assim, a determinação

não é cumprida, porque o conteúdo, formalmente, não foi produzido na mesma região da

concessão, e sim no estado todo.

Esse entrave econômico é exposto pelo presidente da Rede Gazeta de Comunicações, Carlos

Lindberg Neto, em entrevista à Tourinho (2007).

A questão é a viabilidade econômica. Fazer programação de qualidade é um negóciocaro. Fazer jornalismo de qualidade é caro. A gente sabe disso porque faz aqui. MuitasTV's educativas dizem que fazem programação local. Mas vai ver a programação localdelas: algumas têm esquemas políticos com prefeituras, com o governo etc. Atelevisão, para ter programação de qualidade tem que ser viável comercialmente. Se aRede Globo fosse produzir uma novela para apenas uma praça, não ia dar certo. Essa éa ideia de se produzir em rede: você faz uma programação e todos ajudam a pagá-la(LINDBERG NETO apud TOURINHO, 2007, p.22).

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A visão econômica do empresário é compartilhada por Peruzzo (2005) no que tange à escolha

do principal gênero produzido pelas emissoras regionais, o telejornalismo. Para a autora,

produções de dramaturgia e outros conteúdos consomem recursos com o qual pequenas

empresas não podem arcar. O telejornalismo, por sua vez, é mais viável, uma vez que

necessita de equipe reduzida para ser produzido.

3.2.1 Dificuldades do jornalismo regional em outras mídias

Além da televisão, outras mídias localizadas na periferia do Brasil também sofrem para

sobreviver. Para Peruzzo (2005), a falta de estrutura das empresas faz com que elas fiquem

subordinadas, muitas vezes, ao poder econômico e político locais.

Nestas empresas, jornais impressos e rádios, por exemplo, são escravos dos  press-releases.

Enviados por câmaras municipais, pelas prefeituras e outros órgãos, são lidos ou reproduzidos

integralmente, sem qualquer análise crítica, pela imprensa local.

Peruzzo (2005) cita o caso de um incêndio em Roraima, no extremo norte do país. Em 2003, o

fogo tomou conta de milhares de hectares da floresta amazônica. O fato foi divulgado,inclusive, pela mídia nacional, com grande destaque nos telejornais de maior audiência.

Apesar da relevância jornalística, a mídia roraimense teria solenemente ignorado o incêndio,

que pouco foi noticiado, especialmente nos jornalista impressos do estado.

3.2.3 Telejornalismo comunitário na Rede Globo

A orientação atual da Rede Globo é para que as afiliadas prezem por uma postura maiscomunitária, com a qual se identifique o público local. Essa tendência vai ao encontro dos

anseios da população, mas também das necessidades econômicas, como exposto em tópicos

anteriores.

Dentro desse esforço para fortalecer o jornalismo regional, nos anos 1990, a Globo criou no

SPTV primeira edição um projeto de jornalismo comunitário, em que autoridades públicas

eram sabatinadas, ao vivo, por moradores e líderes comunitários. O jornal passou então a

mostrar problemas dos bairros, oferta de empregos e ações de defesa do consumidor. Esse

modelo foi, depois, expandido para toda a rede.

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É o que se vê, por exemplo, no   MGTV primeira edição, exibido pela Globo Minas em sua

área de cobertura, formada pela região metropolitana e outros cidades do centro do estado. A

tônica do telejornal é apresentar problemas comunitários, que afetam diretamente às pessoas,

como buracos, acúmulo de lixo, situação do trânsito. A cobrança das autoridades, no entanto,

é feita de forma mais branda, uma vez que o poder público, por meio da prefeitura e do

estado, são grandes anunciantes da emissora.

Com a chegada da TV digital, em meados de 2008, a TV brasileira deu outro passo na direção

da expansão. Só que, ao contrário da chegada do satélite, em 1969, que permitiu a transmissão

em rede, a nova tecnologia digital abre a possibilidade de exploração de vários canais por

meio de um espectro de ondas eletromagnéticas que, analogicamente, possibilita atransmissão de apenas um canal.

Apesar de ainda não ter sido regulamentada, essa nova possibilidade, já tecnicamente viável,

pode abrir espaço para que as emissoras regionais ganhem terreno e produzam mais conteúdo

do que hoje.

Em São Paulo, alguns projetos já começam a tomar corpo. A TV Cultura, emissora quepertence ao governo do estado, por exemplo, opera um projeto piloto de transmissão digital de

mais de um canal.

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4 A PESQUISA

4.1 Objetivos

4.1.1 Objetivo geral

Verificar a possível existência de uma padronização editorial no telejornalismo local da Rede

Globo, a partir da análise de quatro telejornais matutinos locais da emissora em quatro

diferentes estados brasileiros, localizados em regiões geográficas distantes: Bom Dia Rio

Grande (Rio Grande do Sul), Bom Dia Minas (Minas Gerais), Jornal da Manhã (Bahia), e

Bom Dia Pará (Pará).

Para chegar às quatro emissoras, o critério utilizado foi de representação do território

nacional. Nosso objetivo era analisar um telejornal de cada uma das cinco regiões

estabelecidas pelo IBGE: Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste. A região Centro-

Oeste, no entanto, não pode ser representada, devido à impossibilidade de se conseguir o

material, que não está disponível, na íntegra, na internet, ao contrário dos outros quatro

escolhidos.

4.1.2 Objetivos específicos

Para contemplar o objetivo geral proposto, o processo de pesquisa vai levar à análise da

frequência dos assuntos apresentados nos telejornais, classificados por editoria (cidades,

política, cultura, economia, agribusiness, saúde, comportamento, meteorologia e esporte).

Também é objetivo do trabalho quantificar e comparar os gêneros telejornalísticos presentesem cada programa, como as reportagens, notas cobertas, participações externa ao vivo,

entrevistas de estúdio, comentários notas secas. Outro aspecto analisado foi a origem do

conteúdo apresentado, se da capital, onde o jornal é produzido, ou do interior, para onde ele

também é exibido.

Além disso, o trabalho traz um comparativo estético dos telejornais, do estúdio de que são

transmitido, aos créditos, vinhetas e trilhas utilizadas.

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O projeto foi desenvolvido por meio de pesquisa bibliográfica e análise quantitativa do

conteúdo dos telejornais: Bom Dia Rio Grande (RBS TV Porto Alegre), Bom Dia Minas (TV

Globo Minas  – Belo Horizonte), Bom Dia Paraíba (TV Cabo Branco  – João Pessoa) e Bom

Dia Pará (TV Liberal  –  Belém), durante uma semana. Os programas são transmitidos para

todo o estado, ao vivo, das 6h30 às 7h10, entre o Globo Rural e o Bom Dia Brasil, veiculados

em rede para todo o Brasil.

4.2 Metodologia

Para chegar ao resultado final, esta pesquisa utilizou o método quantitativo. Entre as opçõespossíveis, o método quantitativo foi o que melhor se encaixou para se conseguir uma

comparação entre os programas que não levasse em conta apenas aspectos subjetivos na

análise.

De acordo com Pita Fernández (2002), “a investigação quantitativa caracteriza-se pela

atuação nos níveis de realidade e apresenta como objetivos a identificação e apresentação de

dados, indicadores e tendências observáveis. Este tipo de investigação mostra-se geralmente

apropriado quando existe a possibilidade de recolha de medidas quantificáveis de variáveis”

(Pita Fernandéz, 2002, p.30).

Na análise dos telejornais, as variáveis editoriais apresentadas são quantificáveis, seja em

relação ao tempo destinado a cada editoria, ou em função da variedade de técnicas (gêneros

telejornalísticos) utilizadas na produção das notícias. Essa quantificação é passível de

comparação, atendendo, assim, ao objetivo de verificar a possível padronização editorial entre

o conteúdo dos telejornais analisados.

Um dos trabalhos pioneiros na análise do perfil editorial da televisão, Telejornalismo

brasileiro - um perfil editorial, também utilizou a mesma técnica, que consiste em quantificar

os tempos dedicados a cada editoria, a utilização dos gêneros telejornalístico, bem como um

comparativo estético.

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Os gêneros telejornalísticos são as técnicas utilizadas para se produzir conteúdo

telejornalístico. Há pouca literatura sobre esses gêneros, é possível se fazer uma analogia com

os utilizados no meio impresso, como a reportagem, a crônica e o editorial. De acordo com

Brant (2008), os gêneros telejornalísticos mais importantes, e que serão utilizados ao longo da

pesquisa, são os seguintes:

(Adaptado de BRANT, 2008, p.22)

Nota seca: leitura de notícia, ou introdução a reportagem (por um âncora), sem cobertura de

imagens

Nota coberta: leitura de notícia, completa (por um âncora), com a cobertura de imagens

editadas

Reportagem: narração de repórter, com imagens editadas

Vivo ou Net: narração de repórter falando ao microfone, ao vivo, com câmera livre

Entrevista de estúdio: âncora entrevista convidado no estúdio

Chamada: chamada interna, anunciando os temas do bloco seguinte

Publicidade Interna: chamada anunciando um outro programa da mesma rede de televisão

Escalada: Abertura do jornal, em que o âncora apresenta os destaques da edição

Passagem de bloco: Fechamento de um bloco do jornal, em que o âncora, ou um repórter, ao

vivo, chama os destaques dos próximos blocos

Loc vivo: âncora narra, ao vivo, a notícia a partir de imagens.

Além do comparativo, também há uma pesquisa minuciosa sobre os programas e as emissoras

que os veiculam, para que a conclusão da pesquisa tenha o máximo de embasamento em

informações concretas, atingindo grau bastante avançado de objetividade.

4.3 O Bom Dia Praça

O Bom Dia Praça é o nome utilizado pela Rede Globo para se referir ao telejornal matutino

produzido pelas afiliadas da emissora em todo o Brasil. É, segundo Tourinho (2007), um dos

programas que as afiliadas têm que obrigatoriamente produzir de segunda à sexta-feira, em

respeito ao contrato assinado com a rede. Os outros programas que se incluem nesta lista são:

Praça TV 1, ao meio dia, e o Praça TV 2, às 19h.

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O formato do Bom Dia Praça, de acordo com o site memoriaglobo.com, acessado em 15 de

maio de 2010, se consolidou na virada da década de 1980 para a de 1990. As primeiras praças

que implantaram o modelo de telejornal foram exatamente as das emissoras Globo: São

Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Recife e Brasília. O objetivo do jornal, também

segundo o mesmo site, é levar as primeiras informações do dia à população de todo o estado,

trazendo também prestação de serviço, com oportunidades de emprego, qualificação e

divulgação de campanhas diversas.

Atualmente, o   Bom Dia Praça, que usualmente tem o nome do estado para o qual é

transmitido, começa às 6h30, terminando às 7h10, dando lugar ao  Bom Dia Brasil. É o maior

de todos os telejornais da Rede Globo, incluindo os transmitidos para todo o Brasil. Até hoje,nenhuma outra rede de televisão conseguiu implementar um formato tão vasto em todas as

afiliadas.

A consolidação deste formato de telejornalismo regional, de que o  Bom Dia Praça é hoje

crucial, teve início na década de 1980, quando a Rede Globo, depois de estabelecer seu

padrão na programação nacional, intendia fazer o mesmo com a programação regional, para

que, segundo Tourinho (2007), não destoasse muito do restante dos programas transmitidosem rede.

Para isso, todo um aparato foi montado em torno do projeto da central de afiliadas,

departamento que existe até hoje. Equipes do Rio de Janeiro, da área técnica, jornalística e até

fonoaudiólogos, visitaram as emissoras de todo o Brasil para prestar consultoria sobre

cenários, vinhetas, trilhas, formatos editoriais, entre outros aspectos da produção jornalística.

Desse trabalho, apresentado no capítulo 3 desta monografia, surgiu a grade regional hoje

petrificada na rede, composta pelos três telejornais citados anteriormente. Um dos aspectos

analisados na pesquisa foi a similaridade entre as vinhetas, créditos e cenários. Tudo é

basicamente igual. Esse formato estético predominante na tela está disponível em um manual,

chamado Manual de identidade Visual da Rede Globo  – Afiliadas, cuja última edição é de

2008.

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A Central de Afiliadas, também de acordo com esse manual, pode ser acionada pelas

emissoras espalhadas pelo Brasil para prestar consultoria ou mesmo fornecer toda a base

gráfica de que essas emissoras necessitem.

4.3.1 Formato do Bom Dia Praça

O formato é composto por quatro blocos, entremeados por três intervalos comerciais. Esses

blocos podem variar de acordo com o dia, mas geralmente o quarto bloco, que é o de maior

audiência, segundo pesquisas do Ibope, geralmente é mais longo.

O telejornal é composto, principalmente, por reportagens, que muitas vezes são de váriaspartes do estado, entrevistas de estúdio e entrevistas externas ao vivo, além dos comentários,

especialmente no esporte.

As editorias de cidades e esporte são predominantes, com lugar também para a prestação de

serviços, saúde, comportamento e agribusiness, esta última que costuma o diferenciar dos

outros telejornais locais da Rede Globo, excetuando-se os produzidos em praças com grande

concentração de atividade rural.

O quarto bloco dos jornais é geralmente dedicado ao esporte. A explicação para isso, segundo

o editor chefe do Bom Dia Minas, Romir Rocha, disse em entrevista concedida ao

pesquisador no dia 20 de maio de 2010, na sede da TV Globo Minas, em Belo Horizonte, é o

maior interesse da população pelo assunto, o que atrairia ainda mais telespectadores para o

quarto bloco do jornal, o de maior audiência, como já dito anteriormente. Esta parte do jornal,

pode chegar, ainda segundo o editor chefe, a 15 pontos de audiência, em efemérides comofinais de campeonatos, jogos decisivos, entre outras. Cada ponto de audiência equivale a 1%

dos domicílios com TV na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Quinze pontos

significam 324.537 domicílios sintonizados na Globo.

4.3.2 Abrangência estadual do Bom Dia Praça

Na maioria dos casos, o Bom Dia Praça produzido na capital é transmitido para todo o estado.

Essa característica o difere dos demais telejornais regionais da Rede Globo (Praça TV 1ª e 2ª 

edições) que são veiculados apenas para área limitada à região das cidades em que são

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produzidos, especialmente hoje em que boa parte das maiores cidades dos estados contam

com emissoras de televisão. Só a Rede Globo tem 122 emissoras afiliadas nos 26 estados e no

Distrito Federal.

Uma das exceções a esse caráter estadual do  Bom Dia Praça é o Pará. Lá, o  Bom Dia Pará,

feito em Belém pela TV Liberal, não é transmitido para a região de Santarém, no oeste do

estado, coberto pela TV Tapajós, que no mesmo horário apresenta o Bom Dia Santarém.

Já nos estados cobertos pela Rede Amazônica (Amazonas, Acre, Rondônia, Roraima e

Amapá) é exibido o Bom Dia Amazônia, produzido pela sede da rede, em Manaus. Apenas o

primeiro bloco é produzido no próprio estado. A emissora foi procurada para esclarecer omotivo que leva a exibir um mesmo programa, e de cunho regional, em área tão vasta. Mas

todos os contatos, feitos por e-mail, não foram retornados.

Uma das hipóteses para a adoção da estratégia poderia ser a baixa densidade populacional dos

estados de atuação da Rede Amazônica, já que, segundo PNAD 2008 do IBGE, excetuando-se

o Amazonas, com 3,4 milhões de habitantes, todos os outros  –  Acre 680.000, Amapá

613.000, Rondônia 1,5 milhão e Roraima 421.000  – têm menos de 2 milhões de habitantes.Somadas, as populações de todas essas unidades da federação não chegam ao total de

habitantes de Minas Gerais, com pouco mais de 20 milhões de habitantes, também segundo

estimativa do IBGE.

4.4 As emissoras

A seguir, uma análise, sob a perspectiva histórica e de abrangência, das emissorasresponsáveis pelos telejornais analisados. Esse levantamento é importante para compreender o

motivo de cada emissora optar por reportagens do interior ou da capital, utilizar muitas

entrevistas de estúdio, notas cobertas, ou entrevistas ao vivo.

Emissoras com menos recursos técnicos podem utilizar, por exemplo, mais entrevistas de

estúdio, gênero jornalístico de pouca complexidade. Já emissoras mais modernas e equipadas

tendem a dar mais espaço ao interior e também utilizar muitas entradas externas ao vivo.

4.4.1 TV Bahia e Rede Bahia

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A TV Bahia faz parte da Rede Bahia, um dos maiores grupos de comunicação do

Norte/Nordeste do País, pertencente à família Magalhães. A Rede Bahia tem seis emissoras

próprias, além de sucursais, que cobrem segundo o site da emissora,  www.ibahia.globo.com ,

toda a superfície do estado. O mapa abaixo, retirado do site da Central de Afiliadas,

www.afiliadas.globo.com, acessado em 15 de maio de 2010, mostra a localização geográfica

das emissoras que fazem parte da rede.

Fonte: www.afiliadas.globo.com/infoatlas , acessado em 15/05/2010

A TV Bahia foi inaugurada em 1985, ano em que a emissora era afiliada à extinta Rede

Manchete. Desde 1987, é afiliada à Rede Globo. Sediada em Salvador, a TV Bahia, com 413

funcionários, é a cabeça de rede das 6 retransmissoras Globo na Bahia, e é líder de mercado,

segundo o site da emissora, com os maiores índices de índices de audiência em todo o estado

da Bahia. Além de emissoras de televisão, a Rede Bahia também é proprietária de jornais eemissoras de rádio. hhhhhhhhhhhhhhlllllllllllllllllllllllllllllhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh  

Segundo o departamento comercial da emissora, a TV Bahia transmite sua programação

própria e da Rede Globo para a Região Metropolitana de Salvador e mais 221 municípios,

alcançando mais de 1,4 milhões de domicílios, com cerca de 5,7 milhões de telespectadores.

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Além da programação Globo, a TV Bahia também investe na produção de uma programação

local de qualidade, através dos seus telejornais, que levam notícia e informação aos

telespectadores, tratando de assuntos do dia-a-dia da comunidade.

A grade regional diária da TV Bahia é composta pelos seguintes programas:

Jornal da Manhã  –   é o   Bom Dia Praça da Bahia. É transmitido para todo o estado, de

segunda à sexta-feira, entre 6h30 e 7h10. O programa tem apresentação dos jornalistas

Georgina Maynart e Genildo Lawinscky.

Bahia Agora  –   O   Bahia Agora é um telejornal de cinco minutos, exibido logo depois do  Bom Dia Brasil, focado basicamente na prestação de serviços. Faz parte do modelo

implementado há alguns anos pela Rede Globo, que na maioria das praças é conhecido como

 Radar. Atualmente é apresentado por Georgina Maynart.

Bahia Meio Dia   –  É o Praça TV 1ª edição da Bahia. É transmitido para a região

metropolitana de Salvador e outros 122 municípios do entorno, de segunda-feira a sábado.

Com cerca de 30 minutos de duração, entre às 12h e 12h45, tem como base o jornalismocomunitário, mostrando os problemas enfrentados pelos moradores da cidade. O telejornal é

apresentado pelos jornalistas Fernando Sodake e Patrícia Nobre.

Globo Esporte Bahia  –   O Globo Esporte Bahia, apresentado por Tiago Mastroiani, tem

pouco mais de cinco minutos de duração e é transmitido para todo o estado. Os blocos

seguintes são do Globo Esporte da Rede, produzido no Rio de Janeiro. O objetivo do

telejornal é divulgar informações dos times de futebol da Bahia.

Bahia TV –  É o Praça TV 2ª edição da TV Bahia. Tem cerca de 15 minutos de duração, entre

às 19h e 19h20. É o telejornal de maior audiência, localizado entre o fim de uma novela e o

começo de outra. Traz as notícias factuais do dia, como acidentes, casos de polícia,

acontecimentos da política, além de informações do futebol em dias de jogos. É apresentado

pelos jornalistas Jefferson Beltrão e Kátia Guzzo.

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Além dos programas diários, há alguns semanais de grande destaque, transmitidos para todo o

estado a partir de Salvador, como o   Revista Rede Bahia, de variedades, que vai ao ar nas

madrugadas de domingo para segunda-feira; o  Bahia  Rural, apresentado às 7h da manhã de

domingo, com as notícias do setor rural da Bahia; o  Mosaico Baiano, com atrações do mundo

artístico da Bahia, transmitido no início da tarde de sábado, no horário de  Estrelas,

apresentado para a rede por Angélica, que é um horário optativo na grade; e  Aprovado, um

programa de temática jovem, transmitido às 7h de sábado.

4.4.2 RBS TV Porto Alegre e Rede RBS

A RBS TV Porto Alegre é a maior emissora da Rede Brasil Sul de Comunicação, que tem 18emissoras afiliadas à Rede Globo nos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. É a

maior de todas as empresas com afiliação à Globo e está entre os cinco maiores grupos de

comunicação do Brasil. O grupo foi fundado em 1957, por Maurício Sirotsky Sobrinho, e até

hoje é gerido pela família Sirotsky. Desde 1967, é parceira da Rede Globo.

A RBS TV Porto Alegre tem cerca de 400 funcionários na operação do jornalismo, segundo

reportagem exibida na série especial dos 40 anos do Jornal Nacional. A emissora éresponsável, segundo o Atlas da Rede Globo, pelo sinal de Porto Alegre, Região

Metropolitana e cidades vizinhas, o que representa 4,5 milhões de pessoas, quase metade da

população do estado, segundo o IBGE.

Além da força que tem na televisão, em que conta com as afiliadas Globo em dois estados,

canais a cabo e TV's comunitárias, a RBS mantém jornais impressos de grande destaque,

como o Zero Hora, entre os de maior circulação de todo o país, e rádios de grandepopularidade no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, como as Rádios Gaúcha e Atlântida.

A RBS também mantém escritórios em sucursais como Brasília e São Paulo, de onde tem

recursos para transmitir programação ao vivo.

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Mapa de cobertura da RBS no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina

Fonte: www.afiliadas.globo.com/infoatlas , acessado em 15/05/2010

A RBS é uma emissora com muitos recursos técnicos, o que permite à empresa a elaboração

de uma programação de alta qualidade e diversificação. Segundo Tourinho (2007), a rede já

chegou a produzir cerca de 12% da programação diária. No entanto, depois de uma

reformulação feita pela Rede Globo na grade nos anos 1990, esse percentual diminuiu para

9%, o que ainda a coloca entre as que mais produzem programação de todas as afiliadas

Globo.

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Uma característica da RBS que mostra a distinção entre ela e as demais emissoras afiliadas,

além da maior quantidade de programação própria, é o uso de vinhetas, trilhas e identidade

visual um pouco diferente do restante das afiliadas. Um trabalho que tem reconhecida

qualidade, já que foi realizado por Hans Donner, o mesmo responsável pela identidade visual

da Globo.

O designer foi contratado pela própria RBS para cuidar dessa área. Também a RBS é

diferente das outras no quesito internet. Enquanto todas as afiliadas da Globo tem seus sites

hospedados em domínios globo.com, como, por exemplo, www.ibahia.globo.com; 

www.eptv.globo.com;  www.gazetaonline.globo.com ;, a RBS usa seu próprio domínio

rbstv.com.br, ou clickrbs.com.br.

A seguir, uma lista com os programas diários produzidos pela RBS TV de Porto Alegre.

Bom Dia Rio Grande  –   Apresentado por Daniella Ungaretti e Paola Vernareccia, traz

notícias de todo o estado. Tem foco especial na previsão do tempo e no agribusiness,

importante setor econômico do Rio Grande do Sul. Também tem forte presença do esporte

entre as editorias. Vai ao ar de segunda-feira à sexta-feira, entre 6h30 e 7h10 da manhã.

Redação RS  –   Apresentado por Cláudio Andrade, tem o mesmo formato do  Radar, com

notícias focadas no trânsito e na prestação de serviços. Tem duração de cerca de cinco

minutos e é exibido, ao vivo, depois do Bom Dia Brasil.

Jornal do Almoço  –  é o Praça TV primeira edição. Apresentado por Rosanne Marchetti e

Christina Ranzolin, é o telejornal mais antigo da casa. Como nos outros do gênero, é focadono jornalismo comunitário, mas tem muitas reportagens de comportamento e cultura, além de

receitas. Vai ao ar de segunda à sexta-feira, entre às 12h e 12h45, para a região de Porto

Alegre. Cada uma das outras praças gaúchas tem seu próprio Jornal do Almoço.

Globo Esporte  – De todos os programas da RBS é o único que segue a nomenclatura usada

nacionalmente. A exemplo da maioria das praças, o Globo Esporte local tem apenas um

bloco, que traz as notícias dos times do estado. É apresentado por Paulo Brito, de segunda a

sábado, às 12h45, e transmitido para todo o estado.

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RBS Notícias  –  É o Praça TV 2ª edição. Também é o telejornal de maior audiência da casa.

Apresentado por Elói Zorzetto e Cristina Vieira, tem cerca de 15 minutos de duração,

começando às 19h. As outras praças gaúchas transmitem jornais diferentes do produzido em

Porto Alegre.

Além desses programas, a RBS tem vários outros, com temáticas diversificadas:

Anonymous Gourmet: programa de culinária exibido aos sábados de manhã na RBS e em

vários horários em outras emissoras do grupo;

Campo e Lavoura: Com notícias do campo, às 6h de domingo;

Galpão Crioulo: apresenta a cultura tradicional gaúcha, vai ao ar nas manhãs de domingo;Lance Final: Mesa redonda de futebol que vai ao ar nos domingos de madrugada.

Patrola: programa de temática jovem que vai ao ar nas manhãs de sábado.

RBS Esportes: programa semanal sobre esportes no Rio Grande do Sul. Vai ao ar nas

manhãs de sábado.

Teledomingo: Espécie de revista eletrônica, há onze no ar. Traz as notícias do fim de semana

e dos próximos dias, além de reportagens sobre comportamento. É transmitido nas

madrugadas de domingo para segunda-feira.Vida e Saúde: programa sobre saúde e bem estar apresentado aos sábados, às 8h.

4.4.3 TV Liberal Belém e Rede Liberal

A TV Liberal faz parte do grupo ORM  – Organizações Rômulo Maiorana. Foi fundada em

1961, como TV Marajoara, tendo sido uma das emissoras pioneiras no Norte do país. A área

de cobertura da TV Liberal abrange toda a Região Metropolitana de Belém e outros 100municípios vizinhos, que perfazem um total de 4,5 milhões de pessoas, segundo o atlas de

cobertura da Rede Globo. Cinquenta e dois profissionais trabalham na operação do

  jornalismo, de acordo com reportagem sobre a emissora na série de 40 anos do Jornal

Nacional.

A Rede Liberal tem nove estações geradoras e outras 100 repetidoras, que cobrem a maior

parte do estado do Pará, o segundo maior em extensão do Brasil, atrás apenas do estado do

Amazonas.

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Além das emissoras de TV, o grupo ORM também possui rádios AM e FM e dois jornais de

circulação estadual, Amazônia Jornal e o tradicional O Liberal.

Mapa de cobertura da Rede Globo no estado do Pará

Fonte: www.afiliadas.globo.com/infoatlas , acessado em 15/05/2010

A única área do estado do Pará que não é coberta pela Rede Liberal é a região de Santarém,

no Noroeste, que é servida pela TV Tapajós.

A seguir, a grade de programação diária da TV Liberal:

Bom Dia Pará: é o primeiro telejornal local da emissora. Vai ao ar de segunda à sexta-feira,

das 6h30 até às 7h10. O telejornal se propõe a apresentar notícias de todo o estado, comreportagens de interesse comunitário e foco em política e economia. É apresentado pelo

 jornalista Salomão Mendes.

Liberal Notícia: Cinco minutos diários, de segunda à sexta-feira, logo depois do Bom Dia

Brasil. Apresentado pela jornalista Marina Miralha, tem foco na prestação de serviços, com

notícias sobre o tempo e o trânsito, além de vagas de emprego.

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Liberal TV 1ª edição: é transmitido de segunda a sábado, com horário de início variando

entre 12h e 12h15, para diversas regiões do estado. Ao contrário do que acontece nas praças

da RBS, que têm, cada uma, um Praça TV 1ª edição próprio. O jornal segue a linha do

  jornalismo comunitário, com reportagens sobre problemas urbanos, criminalidade, além de

espaço para a cultura e tradições regionais. É apresentado pela dupla de jornalistas João

Jadson e Priscila Castro.

Globo Esporte: é o bloco local do Globo Esporte, procedido pelo Esporte da rede, produzido

no Rio de janeiro. Tem cerca de 5 minutos de duração e é apresentado pela jornalista Trisha

Guimarães. Traz as notícias dos times paraenses, especialmente os dois maiores, Remo e

Paysandu.

Liberal TV 2ª edição: é o Praça TV 2ª edição da TV Liberal. É apresentado por Nélia

Ruffeil. Tem cerca de 15 minutos e traz as notícias factuais de todo o estado do Pará, com a

colaboração das afiliadas.

Também há dois programas semanais:

É do Pará: é um programa transmitido para todo o estado que apresenta projetos e ideias

inovadoras dos paraenses. Utiliza o horário reservado a programação regional nos sábados da

Rede Globo. É apresentado pela jornalista Priscila Castro.

Liberal Comunidade: Apresentado pela jornalista Jalília Messias, o programa tem debates

de utilidade pública e serviços, que muitas vezes aprofundam discussões de temas

repercutidos durante a semana.

4.4.4 TV Globo Minas

Inaugurada em 1968, a TV Globo Minas é uma das cinco emissoras próprias da Rede Globo.

As outras quatro estão sediadas em Recife, Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. A TV Globo

Minas cobre toda a área da Região Metropolitana de Belo Horizonte e mais cem municípios

vizinhos. O público potencial, de acordo com o atlas de cobertura da Rede Globo, chega a 6,5

milhões de pessoas.

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O restante do estado é coberto pelas redes Inter TV, Integração e EPTV, conforme o mapa a

seguir:

Mapa de cobertura da Rede Globo no estado de Minas Gerais

Fonte: www.afiliadas.globo.com/infoatlas , acessado em 15/05/2010

A TV Globo Minas tem quatro telejornais diários e outros dois programas semanais. São eles:

Bom Dia Minas: De segunda a sexta-feira, das 6h30 às 7h10. Traz as principais notícias do

estado, com participações ao vivo e reportagens de várias praças. O telejornal é apresentado

pela jornalista Elisângela Collodetti. O editor chefe é Romir Rocha. É o único telejornal da

Globo Minas transmitido para todo o estado e para a Globo Internacional

Radar MG: No formato de outros programas do gênero, tem cerca de 5 minutos de duração

depois do Bom Dia Brasil. Traz notícias sobre o trânsito, o tempo e aeroportos, além de vagas

de emprego. Também é apresentado pela jornalista Elisângela Collodetti.

MGTV 1ª edição: é o Praça TV primeira 1ª edição. É baseado no jornalismo comunitário,

com reportagens de problemas urbanos. Também apresenta temas de comportamento e

cultura, além do espaço VC no MGTV, que exibe vídeos feitos pelos telespectadores com

câmeras amadoras. Tem duração de cerca de trinta minutos, entremeados por 3 intervalos

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comerciais. É transmitido apenas para área de cobertura da TV Globo Minas. As outras praças

têm seus próprios telejornais. Antecede ao Globo Esporte local Atualmente é apresentado por

Isabela Scalabrini e Artur Almeida, que também é o editor-chefe.

Globo Esporte: Belo Horizonte é a única praça do Brasil que não transmite o Globo Esporte

da rede, seja ele do Rio ou de São Paulo. O GE é produzido localmente pela Globo Minas,

com duração de cerca de 25 minutos a partir de 12h45. Apresentado por Letícia Renna, traz as

informações dos times da capital, além de extensa cobertura dos campeonatos regionais.

Também tem espaço para os chamados esportes especializados, como vôlei, basquete, e

outros individuais. O editor chefe é Armando oliveira.

MGTV 2ª edição: é o Praça TV primeira 2ª edição. Com cerca de 15 minutos de duração, é

apresentado pela jornalista Vivian Santos e traz um resumo dos acontecimentos da capital

mineira. É transmitido apenas para área de cobertura da TV Globo Minas. As outras praças

têm seus próprios telejornais. O editor chefe é Claudinei Moreira.

Terra de Minas: Apresentado por Juliana Perdigão, o programa tem reportagens especiais

que mostram as peculiaridades da cultura mineira na culinária, artesanato, música, arte edança. É exibido aos sábados, antes do  MGTV 1ª edição, para a área de cobertura da Globo

Minas e algumas afiliadas, como as da Rede Integração. É o único programa regional da

emissora produzido e transmitido em alta definição. Soraia Vasconcellos é a editora chefe.

Globo Horizonte: É o programa das manhãs de domingo. Traz reportagens especiais sobre

arte e cultura em Belo Horizonte e Região Metropolitana. É apresentado por Renata do

Carmo, que também é a editora do programa.

4.5 Análise dos telejornais

Este capítulo traz toda a análise dos telejornais, tanto editorial quanto estética. A primeira

parte é a análise estética, dos cenários, vinhetas, trilhas e créditos, utilizando imagens para

comparar os diversos elementos entre si. Na sequência, está a análise editorial, que vai contar

com quadros comparativos das cinco edições analisadas dos Bom Dia Praça objetos do

presente estudo (Bom Dia Minas, Bom Dia Pará, Jornal da Manhã- BA e Bom Dia Rio

Grande), entre os dias 03 e 07 de maio.

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4.5.1 – Análise estética

4.5.1.1 - Cenáriosa) Bom Dia Minas b)Bom Dia Pará

c) Jornal da Manhã Bahia d) Bom Dia Rio Grande

As figuras foram capturadas pela tecla  printscreen do computador, logo depois do

encerramento da vinheta de abertura. É o início do jornal. Primeiramente, apesar de não ser

objeto dessa análise, três dos telejornais começaram com praticamente o mesmo plano, com oapresentador(a) sendo creditado. É possível perceber um mesmo padrão, especialmente no

formato bancada, utilizado em todos os programas. Outros aspectos, que não foram

contemplados nas fotos, também são bastante parecidos. Um deles é o uso de uma tela para

falar ao vivo com os repórteres ou mesmo apenas para compor o cenário com a logo do

telejornal. Outra característica comum a todos é o uso de um outro ambiente com cadeiras

para realizar as entrevistas de estúdio. Esses elementos fazem com que o telejornal ganhe

certa dinâmica, já que a todo tempo o apresentador interage com os diferentes elementos, semovimentando durante o programa. A seguir, a análise de cada um dos cenários utilizados.

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a) Bom Dia Minas

O cenário do Bom Dia Minas é praticamente o mesmo dos outros telejornais da Globo Minas.

Basicamente o que o diferencia é o totem ao fundo com a logo do programa e a luz amarelada.É possível constatar ao longo desta análise que a cor amarela é uma característica de todos os

programas analisados.

Além deste plano, o cenário do   Bom Dia Minas tem dois outros ambientes: um deles é

utilizado para as entrevistas, onde há duas cadeiras brancas. O outro é ao lado da tela de

plasma, que é utilizado pela apresentadora para falar com repórteres ao vivo ou ler notas

maiores de pé.

b) Bom Dia Pará

De todos os cenários analisados, o do Bom Dia Pará é o que tem menos mudanças em relação

aos outros telejornais da casa. Basicamente, o que muda é apenas a logo que aparece no telão.

Assim como nos outros telejornais analisados, o Bom Dia Pará também tem outro ambiente

no cenário, com cadeiras, que é utilizado para as entrevistas de estúdio.

O telão, além de trazer a logo que identifica o jornal, serve de agente de interatividade para o

apresentador conversar com os repórteres que entram ao vivo de locações externas.

c) Jornal da Manhã Bahia

De todos os telejornais, o único que não começa com o plano fechado no apresentador, ou em

um dos apresentadores, é o   Jornal da Manhã Bahia. O telejornal começa com um plano

aberto, em que é possível identificar diversos elementos. O mesmo estúdio é utilizado para os

outros telejornais da casa, mas a utilização de uma cor rósea logo abaixo da bancada também

serve para identificar o telejornal. A cor azul identifica os Praças TV 1ª e 2ª edições.

Repare também na utilização do totem com a logomarca do jornal, assim como no  Bom Dia

 Minas. O cenário do Jornal da Manhã também conta com o ambiente do telão para a

interação entre os apresentadores e os repórteres ao vivo e o ambiente com cadeiras, utilizado

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 para entrevistas de estúdio. Uma característica deste telejornal é utilizar esse ambiente “sala

de estar” para os comentários do esporte. 

d) Bom Dia Rio Grande

O   Bom Dia Rio Grande é o único que não utiliza o telão para a interação entre os

apresentadores e repórteres ao vivo. A técnica utilizada é a divisão de tela, como na foto

abaixo:

O ambiente “sala de estar”, para as entrevistas com convidados, também é utilizado, apesar

de, em alguns casos, o entrevistado ficar na própria bancada. A cor predominante no Bom Dia

 Rio grande também é o amarelo.

Ao contrário dos outros estúdios, que pouco são modificados entre os telejornais, o do Bom

Dia Rio Grande sofre mudanças significativas, permanecendo a mesma apenas a bancada. As

lâminas do fundo são trocadas e as cadeiras do ambiente “sala de estar” também.  

4.5.1.2 Vinhetas

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As vinhetas de abertura dos telejornais são praticamente iguais, exceção feita ao do  Bom Dia

 Rio Grande, que é diferente, apesar de nela predominar a cor amarela. Algumas, como as do

 Bom Dia Pará usam a logo de cristal da Globo, que é uma exclusividade da Rede, segundo o

manual de identidade visual. A seguir, cada uma das vinhetas e as respectivas análises.

a) Bom Dia Minas b) Bom Dia Pará

Enquadramentos

c) Jornal da Manhã Bahia d) Bom Dia Rio Grande

Créditos

Trilhas

a) Bom Dia Minas; b)Bom Dia Pará e c) Jornal da Manhã Bahia

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A vinheta de abertura dos três telejornais citados é praticamente igual. No caso do  Bom Dia

 Minas e do  Bom Dia Pará, que utilizam a logo de cristal exclusiva da Rede Globo, a única

diferença é no final. A lógica da vinheta do Bom Dia é representar o nascer do sol e, no final,

são colocadas as siglas do estado. Vale pontuar que a trilha das três vinhetas é a mesma. Essa

vinheta também é utilizada por todos os   Bom Dias produzidos pelas emissoras Globo

(Brasília, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo). No caso da Bahia, há duas diferenças básicas: a

primeira é a não utilização da logo de cristal exclusiva; a segunda é que, em vez da sigla do

estado, no final do amanhecer gráfico vê-se o nome do telejornal.

Minas Gerais Pará

Bahia

d) Bom Dia Rio Grande

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A exceção no caso das vinhetas dos telejornais fica para o  Bom Dia Rio Grande, que tem

vinheta exclusiva. No entanto, a tentativa de representar o nascer do sol é a mesma. É possível

inferir que é uma releitura da vinheta padrão Globo. Uma diferença notável é que, em vez da

sigla RS, usa-se uma representação do mapa do estado. Além de a parte gráfica ser igual, a

trilha da vinheta é a mesma. A trilha sonora da vinheta também é exclusiva, utilizada apenas

pelo Bom Dia Santa Catarina, também da RBS.

É possível também classificar como característica exclusiva do Bom Dia Rio Grande, o uso

da vinheta de retorno de bloco para a divulgação do site do programa, conforme a figura

abaixo:

4.5.1.3 Videografismo

O termo videografismo é utilizado na televisão para designar os créditos, artes e ilustrações

colocadas na tela dos telejornais. Esses elementos atendem a diversas necessidades dos

programas, como a identificação de repórteres, apresentadores e entrevistados, a apresentação

de números de uma forma mais compreensível para o telespectador, a divulgação de telefones,páginas de internet, e-mails, entre outras funções.

À exceção do Bom Dia Rio Grande, todos os telejornais utilizam videografismo praticamente

igual, conforme o criado pela rede para as afiliadas. No manual de identidade visual da Rede

Globo, a recomendação é para que todos além de utilizar as cores, tarjas e animações padrão,

também utilizem a fonte conhecida como Globo face, desenvolvida exclusivamente para a

Rede.

Veja a seguir alguns exemplos de créditos dos telejornais analisados.

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a) Crédito de reportagem BDMG b) Crédito de reportagem BDPA

c) Crédito de reportagem JMBA d) Crédito de reportagem BDRS

4.5.1.4 Trilhas

As trilhas, ou BG's (backgrounds) são as músicas de fundo utilizadas, principalmente na

abertura, passagens de bloco e encerramento. Elas fazem parte da identidade do jornal, já que

é possível identificar o programa apenas pela trilha.

No caso dos programas analisados, foram encontrados três padrões de trilhas. São eles:

a) O do   Bom Dia Rio Grande: é uma trilha exclusiva, utilizada apenas pelo telejornal e o

similar, também produzido pelo grupo RBS, Bom Dia Santa Catarina.

b) O do  Bom Dia Minas e do  Bom Dia Pará: os dois telejornais utilizam o padrão de trilha

mais recente criado pela rede. Este padrão também é comum aos telejornais   Bom Dia São

Paulo, Bom Dia Amazônia e Bom Dia Mato Grosso, entre outros. 

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c) O do Jornal da Manhã Bahia: este padrão de trilha é o antigo criado pela rede, mas que até

hoje é utilizado em algumas praças, como Rio de Janeiro, Recife e Distrito federal. A trilha é

praticamente igual à da vinheta de abertura. No caso anterior, a trilha se difere do padrão

utilizado na vinheta de abertura.

4.5.2 Análise editorial

Esta análise editorial demonstrará, através de tabelas, o percentual que os telejornais objeto do

estudo dedicaram a cada uma das 11 editorias identificadas. São elas: Cidades, esportes,

Saúde, Agribusiness, Economia, Política, Meteorologia, Cultura, Comportamento, Meio

ambiente, Serviços, Jornais e Comportamento.

1- Em Cidades, estão as notícias de acidentes, crimes, problemas urbanos, problemas nos

serviços públicos, entre outros assuntos relacionados ao cotidiano das cidades, incluindo os

  fait divers, ou fatos cotidianos, que chamam a atenção em si, sem que tenham realmente

importância como notícia. Exemplos de   fait divers são animais selvagens encontrados na

cidade;

2-Em Esportes, estão todas as notícias relacionadas ao esporte, seja o futebol ou outros;

3-Em Saúde estão os assuntos relacionados à saúde, exceto problemas no sistema público de

saúde, que são mais afeitos a editoria de Cidades;

4-Em Agribusiness, estão os assuntos relacionados ao campo, como estimativa de safras,

problemas nas plantações, inovações no campo;

5-Em Economia, estão os assuntos relacionados ao mundo da economia, como impostos,

inflação, entre outros;

6-Em Política, estão as notícias que envolvem as leis, dia a dia dos partidos e da Assembleia

Legislativa, entre outros;

7-Em Meteorologia, a previsão do tempo;

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8-Em Cultura, estão os temas relacionados à música, dança, artes em geral;

9-Em Comportamento, estão as reportagens e entrevistas relacionadas ao comportamento

das pessoas, no campo afetivo, profissional. Receitas culinárias e temas de autoajuda também

estão contemplados nesta editoria.

10-Em Meio Ambiente, são apresentados temas relacionados a problemas e soluções

ambientais;

11-Em Serviços, estão as informações de utilidade pública, como divulgação de vagas de

emprego, procedimentos para emissão de documentos, entre outros; 3

12-E, por último, a editoria Jornais divulga jornais impressos dos grupos de comunicações

proprietários das emissoras;

Outra tabela vai demonstrar o percentual dos gêneros telejornalísticos  –  conforme lista

apresentada no item metodologia – utilizados em cada um dos programas.

E mais adiante, será colocado o percentual de participação capital interior dos telejornais. As

tabelas se referem aos cinco dias de telejornais analisados.

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4.5.2.1 Bom Dia Minas

4.5.2.1.1 Editorias

Nos programas analisados foram identificadas 11 editorias: Cidades, Esportes, Saúde,

Agribusiness, Economia, Política, Meteorologia, Cultura, Comportamento, Meio Ambiente e

Serviço. A seguir tabela com os percentuais dedicados a cada editoria.

Como é possível verificar, duas editorias concentram mais da metade do telejornal: Cidades e

Esportes. No caso da editoria de esportes, a fórmula usada sempre foi algum comentário no

primeiro bloco que, em seguida, chamava para as atrações do quarto bloco,

predominantemente esportivo. É sempre importante lembrar que o último bloco é o de maioraudiência do telejornal.

A editoria de comportamento também tem bastante importância, com cerca de 15% do tempo

total. Já política e economia, assuntos considerados mais áridos pela população em geral têm

muito pouco destaque.

O Agribusiness, na semana analisada, teve pouco peso, mas em efemérides como feiras

agropecuárias, por exemplo, a editoria ganha maior peso. Entre os telejornais da TV Globo

Minas, o único que constantemente trata da situação do campo é o  Bom Dia Minas.

Bom Dia Minas de 3 a 7 de maioEditoria Tempo em segundos Percentual

Cidades 3157 30,73%

Esportes 2711 26,38%

Saúde 654 6,35%

Agribusiness 225 2,18%

Economia 236 2,29%

Política 125 1,21%

Serviço 421 4,09%

Meterologia 320 3,11%

Cultura 687 6,68%

Comportamento 1589 15,53%

Meio ambiente 150 1,45%Total 10275 100,00%

Tempo em minutos 171 minutos e 15 segundos

Média de duração 34 minutos e 15 segundos

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4.5.2.1.2 Gêneros telejornalísticos

Analisando a tabela, é possível verificar que quase metade do tempo do Bom Dia Minas épreenchido por reportagens, com os elementos sonora, off, passagem e arte. Contando com o

percentual de notas cobertas e locs'off, é possível concluir que a maior parte do telejornal é

gasta com imagens externas ao estúdio. Esse percentual aumenta ainda mais quando incluídos

os vivos.

Sobre os vivos, algo que não se pode inferir pela tabela, mas que é digno de nota: apenas um

deles foi realizado no interior, o que demonstra alguma falta de interesse das emissoras dointerior do estado em patrocinar esse tipo de produção.

4.5.2.1.3 Localidade geográfica das produções

No   Bom Dia Minas, o material produzido em Belo Horizonte e na Região Metropolitana  –  

levando em conta entrevistas de estúdio, notas secas, cobertas, reportagens e vivos  – chega a

74,5% do tempo total do telejornal. As emissoras do interior contribuíram com 25,5%. Asemissoras que mais contribuíram foram a TV Integração de Uberlândia; TV Integração de

Uberaba; EPTV Varginha; Inter TV de Coronel Fabriciano e TV Panorama de Juiz de Fora.

Bom Dia Minas de 3 a 7 de maioGênero Quantidade Tempo em segundos Percentual/elementos Percentual/tempo

Reportagem 23 4647 20,17% 45,22%Entrevista de estúdio 5 1715 4,39% 16,69%

Vivo 7 1207 6,14% 11,74%

Nota seca 27 512 23,68% 4,98%

Nota coberta 17 698 14,91% 6,79%

Loc Off 5 159 4,39% 1,54%

Mapa Tempo 5 320 4,39% 3,11%

Escalada 5 347 4,39% 3,39%

Passagem de Bloco 20 670 17,54% 6,54%

Total 114 10275 100,00% 100,00%

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4.5.2.2 Bom Dia Pará

4.5.2.2.1 Editorias

Nos programas analisados foram identificadas 11 editorias: Cidades, Esportes, Saúde,

Agribusiness, Economia, Política, Meteorologia, Cultura, Comportamento e Jornais. A seguir

tabela com os percentuais dedicados a cada editoria.

Juntas, as editorias de cidades e esportes somam quase 80% do tempo do jornal. A maior

parte da editoria de cidades é ocupada por crimes, o que evidencia o impacto da violência na

sociedade paraense. São crimes bárbaros, insegurança na cidade, entre outros. Um caso quefoi destaque durante toda a semana, e que representou grande parte da editoria, foi o de uma

 jovem que passou por cesariana, mas não estaria grávida.

A editoria de esportes começa com uma participação no primeiro bloco, para depois ocupar

quase todo o quarto bloco. Durante toda a semana o principal destaque foram as semifinais do

Parazão 2010, campeonato estadual que estava terminando naquela semana. Além de

reportagens, o bloco de esportes também apresentou entrevistas com jogadores.

Bom Dia Pará de 3 a 7 de maioEditoria Tempo em segundos Percentual

Cidades 5125 49,67%Esportes 2931 28,38%

Saúde 256 2,47%

Agribusiness 370 3,58%

Economia 139 1,34%

Política 65 0,62%

Serviço 256 2,48%

Meterologia 326 3,17%

Jornais 574 5,55%

Cultura 127 1,23%

Comportamento 156 1,51%Meio ambiente 0 0

Total 10325 100,00%

Tempo em minutos 172 minutos e 5 segundos

Média de duração 34 minutos e 25 segundos

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A editoria de comportamento teve pouca presença, com apenas uma reportagem, que retratava

os preparativos para o Dia das Mães. As editorias de política e economia tiveram também

pouco destaque. Mas a editoria de meio-ambiente foi a que mais chamou a atenção: em um

estado de tantos problemas ambientais, não houve sequer uma matéria relacionada ao tema.

Apesar de o agribusiness ter uma participação de certa forma expressiva, deve-se analisar com

cuidado porque houve apenas uma entrevista de estúdio sobre o tema, que virou notícia

apenas por conta de visita do presidente Lula ao Pará para incentivar a produção de óleo de

palma, que é extraído de árvore nativa da região.

A editoria jornais ocupa parte considerável do telejornal. São divulgados dois jornais dogrupo ORM: o Amazônia e O Liberal.

4.5.2.2.2 Gêneros telejornalísticos

O gênero reportagem teve praticamente o mesmo peso das entrevistas de estúdio. Esse fato sedeve ao grande número de participações do esporte e também a dois dias em que houve duas

entrevistas de estúdio.

A grande quantidade de entrevistas de estúdio denota certa dificuldade em se produzir

conteúdo, já que a produção desse tipo de entrevista não necessita de muitos recursos.

Apesar do tempo dos vivos ser alto, isso se deve apenas ao fato de que foram muito

alongados, já que foram apenas quatro, e todos de Belém.

Bom Dia Pará de 3 a 7 de maioGênero Quantidade Tempo em segundos Percentual/elementos Percentual/tempoReportagem 17 3457 17,17% 33,48%

Entrevista de estúdio 7 3410 7,07% 33,02%

Vivo 4 1005 4,04% 9,73%

Nota seca 21 549 21,21% 5,31%

Nota coberta 14 560 14,15% 5,42%

Loc Off 6 180 6,06% 1,74%

Mapa Tempo 5 326 5,05% 3,15%

Escalada 5 249 5,05% 2,41%

Passagem de Bloco 20 589 20,20% 5,74%

Total 99 10325 100,00% 100,00%

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4.5.2.2.3 Localidade geográfica das produções

No Bom Dia Pará, o material produzido em Belém e na Região Metropolitana  – levando em

conta entrevistas de estúdio, notas secas, cobertas, reportagens e vivos  – chega a 87,5% do

tempo total do telejornal. As emissoras do interior contribuíram com apenas 12,5%. Apenas

uma das contribuições do interior foi realizada pela TV Tapajós, o que demonstra certa falta

de integração entre as duas emissoras, uma vez que Santarém é a terceira centro mais

importante do Pará.

4.5.2.3 Jornal da Manhã

4.5.2.3.1 Editorias

Nos programas analisados foram identificadas 10 editorias: Cidades, Esportes, Saúde,

Agribusiness, Economia, Meteorologia, Cultura, Comportamento e Jornais. A seguir tabela

com os percentuais dedicados a cada editoria.

O destaque das edições analisadas foi para a editoria de esportes, que superou a de cidades em

quase 3%. Juntas, elas chegam a quase 70% do programa. Um dos pontos a se considerar era

que o Campeonato Baiano havia acabado no fim de semana anterior, o que naturalmente

levou a mais destaque para a editoria. Além disso, o Vitória da Bahia, campeão estadual,

Jornal da Manhã Bahia de 3 a 7 de maioEditoria Tempo em segundos PercentualCidades 3413 33,26%

Esportes 3698 36,08%

Saúde 458 4,47%

Agribusiness 256 2,49%

Economia 124 1,21%

Política 0 0

Serviço 875 8,52%

Meterologia 450 4,39%

Jornais 320 3,11%

Cultura 215 2,10%

Comportamento 450 4,38%

Meio ambiente 0 0

Total 10259 100,00%

Tempo em minutos 170 minutos e 59 segundos

Média de duração 34 minutos e 11 segundos

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também conseguiu sua classificação para a final da Copa do Brasil, um feito para o time, que

estava fora de grandes finais desde 1993, quando disputou a final do Brasileiro contra o

Palmeiras.

Outra editoria de destaque é a de serviços. Isso se deve à ampla divulgação de vagas de

emprego, dos diversos centros que oferecem oportunidades para trabalhadores em toda a

Bahia. Menção também à presença da editoria Jornais, que divulga o jornal Correio, periódico

de natureza popular pertencente ao mesmo grupo da Rede Bahia. Já a editoria de política não

teve qualquer espaço no telejornal.

4.5.2.3.2 Gêneros telejornalísticos

O gênero entrevista de estúdio predominou neste telejornal. Houve uma edição, a de terça-

feira, em que duas entrevistas de estúdio tomaram metade do jornal, uma delas com o

presidente do Vitória, que foi falar sobre as contratações do clube. Outra entrevista longa

sobre futebol foi com o jogador Edílson, conhecido como “Capetinha”, que estava deixando ofutebol, aos 39 anos.

O tempo maior das entrevistas sacrificou o das reportagens. Por conta da efervescência do

futebol baiano naquela semana, é difícil concluir que o   Jornal da Manhã tenha sempre essa

predominância das entrevistas de estúdio.

Apesar da grande capilaridade da Rede Bahia no estado, foram poucos os vivos, e apenas um

deles de fora de Salvador, realizado em Vitória da Conquista. O percentual razoável de tempo

Jornal da Manhã Bahia de 3 a 7 de maioGênero Quantidade Tempo em segundos Percentual/elementos Percentual/tempoReportagem 15 2574 14,28% 25,09%

Entrevista de estúdio 9 4095 8,57% 39,91%

Vivo 4 940 3,81% 9,16%Nota seca 26 736 24,76% 7,17%

Nota coberta 17 554 16,19% 5,40%

Loc Off 4 80 3,81% 0,07%Mapa Tempo 5 421 4,77% 4,10%Escalada 5 331 4,77% 3,22%

Passagem de Bloco 20 528 19,04% 5,14%

Total 105 10259 100,00% 100,00%

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dos vivos deve-se ao tamanho de cada um deles – sempre longos – e não à quantidade, já que

foram apenas quatro.

4.5.2.3.3 Localidade geográfica das produções

Antes de iniciar as considerações sobre a localidade geográfica, é preciso lembrar que o

primeiro bloco do Jornal da Manhã é regional. Três emissoras do interior também fazem seus

blocos locais. Neste estudo, foi analisado apenas o telejornal produzido em salvador.

Ressalva feita, os números são os seguintes: 79,7% das produções foram realizadas em

Salvador e na Região Metropolitana – levando-se em conta entrevistas de estúdio, notas secas,cobertas, reportagens e vivos. O interior teve 20,3% de participação, apenas em um caso ao

vivo. As praças que mais contribuíram foram as de Vitória da Conquista e Itabuna.

4.5.2.4 Bom Dia Rio Grande

4.5.2.4.1 Editorias

Nos programas analisados foram identificadas 11 editorias: Cidades, esportes, Saúde,

Agribusiness, Economia, Política, meteorologia, cultura, comportamento e meio ambiente. A

seguir, tabela com os percentuais dedicados a cada editoria.

Bom Dia Rio Grande de 3 a 7 de maioEditoria Tempo em segundos Percentual

Cidades 2775 26,91%

Esportes 2256 21,87%

Saúde 1357 13,16%Agribusiness 620 6,01%

Economia 450 4,36%

Política 721 6,99%

Serviço 225 2,18%

Meterologia 745 7,22%

Cultura 320 3,10%

Comportamento 632 6,12%

Meio ambiente 210 2,03%

Total 10311 100,00%

Tempo em minutos 171 minutos e 51 segundos

Média de duração 34 minutos e 22 segundos

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As editorias do Bom Dia Rio Grande são bastante equilibradas. Cidades e Esportes

predominam, mas não representam mais da metade do telejornal, como nos anteriormente

analisados.

A editoria de saúde tem grande destaque, com mais de 13% do tempo total. Na maioria das

vezes, os assuntos de saúde foram tratados em entrevistas de estúdio ou vivos, quase sempre

baseado em alguma efeméride, como dia mundial de combate a alguma doença.

O esporte, ao contrário dos outros  Bom Dias Praça analisados, está concentrado no quarto

bloco, sendo o quinto dedicado mais a reportagens de comportamento ou saúde. Em

comportamento, destaque para as relações afetivas e receitas culinárias.

A previsão do tempo também é um caso à parte. A editoria tem praticamente o dobro do

tempo dos demais telejornais do presente estudo. Além da maior participação, a previsão do

tempo também é feita de forma diferente: a repórter do tempo está sempre, ao vivo, de algum

lugar de Porto Alegre, onde ela mostra, in loco, as condições meteorológicas da cidade.

Mesmo o Mapa Tempo, com as temperaturas previstas para todo o estado do Rio Grande do

Sul, é apresentado por ela.

Outro destaque é para a editoria de política. São muitas reportagens de Brasília, onde a RBS

tem sucursal, e, uma vez por semana, a comentarista Ana Amélia Lemos, faz comentários ao

vivo, de Brasília, sobre algum fato que interesse aos gaúchos.

4.5.2.4.2 Gêneros telejornalísticos

Bom Rio Grande de 3 a 7 de maioGênero Quantidade Tempo em segundos Percentual/elementos Percentual/tempo

Reportagem 37 4320 29,36% 41,89%

Entrevista de estúdio 5 1325 3,96% 12,85%

Vivo 10 1478 7,93% 14,33%

Nota seca 18 659 14,28% 6,39%

Nota coberta 15 574 11,90% 5,56%

Loc Off 6 211 4,76% 2,04%

Mapa Tempo 10 745 7,93% 7,22%

Escalada 5 372 3,96% 3,60%

Passagem de Bloco 20 627 15,87% 6,08%

Total 126 10311 100,00% 100,00%

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O principal destaque dos gêneros telejornalísticos utilizados pela RBS são os vivos. Este

gênero é o mais complexo tecnicamente, já que necessita de grande estrutura para ser

realizado. No Bom Dia Rio Grande, os vivos representam mais de 14% do tempo total do

telejornal. São pelo menos dois por edição, sem contar o da previsão do tempo. Além disso,

grande parte deles são feitos no interior, o que dá ao jornal gaúcho uma característica mais

estadual do que os demais.

No entanto, as reportagens predominam, com quase 50% do tempo total do telejornal. As

entrevistas de estúdio são sempre curtas, dificilmente passam de cinco minutos, o que

contribui para que este gênero tenha menos importância no total.

4.5.2.4.3 Localidade geográfica das produções

O Bom Dia Rio Grande é o mais estadual dos telejornais analisados. Ao todo, a participação

do interior e de praças como a de Brasília chega a 39,1%. São muitos vivos e reportagens de

outras praças fora da Região Metropolitana de Porto Alegre, o que deixa a impressão de um

 jornal mais movimentado.

Muito disso, talvez se deva ao fato de a RBS ser bem estruturada, e ter praças em todo o

estado do Rio Grande do Sul. Mesmo assim, Porto Alegre e Região Metropolitana

representam 60,9% do total. Um dos motivos é o futebol, que ocupa um bloco inteiro e

basicamente trata das agendas de Internacional e Grêmio, times da capital.

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5 CONCLUSÃO

Esteticamente, foi observado que os telejornais guardam mais do que semelhanças, em alguns

casos são cópias uns dos outros, seja no cenário, na luz utilizada, no videografismo e,

principalmente nas vinhetas de abertura, que são praticamente idênticas em três telejornais.

Essa padronização estética muito se deve à aplicação do manual de identidade visual da Rede

Globo, que praticamente impõe um padrão aos telejornais das afiliadas. Também é

compreensível que, por motivos de custo, seja mais fácil utilizar algo que já está pronto em

vez de criar algo novo.

Já a hipótese da padronização editorial dos telejornais regionais produzido pelas afiliadas da

Rede Globo, à qual este estudo pretendia chegar prioritariamente, não existe nos moldes de

haver apenas um padrão para todas as produções.

Existe, sim, como foi observado, especialmente no capítulo de análise editorial, uma forte

presença de duas editorias: cidades e esportes. Em alguns casos, como o do  Bom Dia Pará, as

duas chegaram a quase 80% do tempo total do telejornal. Essa predominância das duaseditorias pode ser explicada, no caso de cidades, ao fato de o jornal tratar da realidade

regional, que muitas vezes está circunscrita ao cotidiano de uma região, de acordo com

Peruzzo (2007). Em outras palavras, é praticamente impossível atrair um público interessado

em acontecimentos regionais trazendo notícias de economia e política de Brasília, São Paulo

ou Nova Iorque.

Outra similaridade observada foi a predominância, na maioria dos casos, das reportagens,com os elementos off, passagem, sonora e arte. Mas isso, segundo Rezende (1997), é uma

tendência comum a todos os telejornais brasileiros, não só aos regionais.

A presença do filtro de notícias, gatekeeper , ou porteiro, como descrito por Wolf (1995), na

hipótese do newsmaking, é mais um elemento que pode levar a uma conclusão rasteira da

padronização. A editoria de política é o maior exemplo. Somente a RBS dá destaque para esse

assunto. A Rede Bahia, que pertence ao clã dos Magalhães, talvez não se sinta confortável

para tocar no assunto. As outras, têm certa apatia, talvez por conta de gordas receitas

provenientes do setor público, o que não pôde ser confirmado neste estudo.

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60

A seleção das notícias por meio da força da imagem também pode ser interpretada como outro

padrão editorial comum a todos os telejornais analisados, com a presença, por exemplo, de

vários fait divers em todos os telejornais, especialmente no Bom Dia Minas.

Apesar de serem muitos os elementos de semelhança descritos anteriormente, algumas

peculiaridades, como a grande importância dada à política no   Bom Dia Rio Grande, em

relação aos outros programas, impedem uma conclusão a favor da padronização total do

telejornalismo regional produzido pelas afiliadas da Rede Globo.

Ficou patente também a diferença causada pelas estruturas diversas disponíveis em cadaemissora. Algumas, com sólida estrutura técnica e de pessoal, como a RBS, fazem diversas

intervenções externas ao vivo, além de contar com grande número de reportagens do interior,

situação diferente das demais emissoras, mesmo da TV Globo Minas, que apesar de ser

emissora própria da Rede Globo não conta com suporte de afiliadas bem equipadas.

Finalmente, o que se pode dizer a respeito da forma de produção de cada telejornal é que

existem muitos fatores comuns a todos. No entanto, os fatores regionais e as características decada emissora, desde o proprietário até a estrutura técnica, fazem com que todos sejam

diferentes entre si, apesar das similaridades.

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REFERÊNCIAS

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BUCCI, Eugênio. Brasil em tempo de TV. 3ed. São Paulo: Boitempo, 1997. 190 p.

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