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JORNALANDO 3º período 2016 Coordenação: Cecília Sucena e Dalila Chumbinho Já algum dia visitou Cascais? pág. 4 e5 EXPERIÊNCIA A BORDO DO NAVIO CREOULA, pág.16 Sermão à juventude “fast food”, pág.8

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Page 1: JORNALANDO - Ibn Mucana · 2020. 2. 6. · Fomos depois ao Museu Paula Rego onde se encontram obras espetaculares da pintora. Deparámo-nos com diversas camionetas de turistas, o

JORNALANDO 3º período 2016

Coordenação: Cecília Sucena e Dalila Chumbinho

Já algum dia visitou Cascais? pág. 4 e5

EXPERIÊNCIA A BORDO DO NAVIO CREOULA, pág.16

Sermão à juventude “fast food”, pág.8

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Projeto Erasmus+KEYCOMPS

Decorreu entre 18 e 21 de maio o encontro de nove escolas

europeias, na localidade polaca de Ruda Slaska, no âmbito do

projeto Erasmus + “Keycomps”.

Participaram nestas reuniões as alunas Maria Soares (10ºB) e

Leonor Pacheco (10ºD) em representação da nossa escola, acompanhadas dos professores Paula Menezes

e Luís Ferreira. No decorrer do encontro ,tanto as alunas como os professores ,apresentaram os trabalhos

realizados na escola e participaram em workshops. As comitivas dos diferentes países foram recebidas

pela Vice-presidente da Câmara Municipal, tendo sido trocadas pequenas lembranças entre as

delegações. Durante este encontro foram ainda realizadas visitas culturais, tais como a uma mina de

carvão, aos campos de concentração de Auschwitz e Birkenau, e ainda a cidade de Cracóvia. O balanço

deste encontro é bastante positivo, quer pelo reconhecimento unânime da qualidade dos trabalhos, quer

pelo convívio entre os jovens e professores das várias escolas representadas.

Projeto “Nós Propomos”

No dia 13 de maio de 2016, a turma do 11º D, acompanhada

pela professora de geografia, Filomena Clemente, pela

diretora, Drª Teresa Lopes, e pelo professor Dr. António Lopes,

do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território -

IGOT, apresentou ao Presidente da Câmara Municipal de

Cascais, Dr. Carlos Carreiras, as suas propostas para problemas

identificados no concelho, tendo em vista a sua eventual implementação.

Este ano, o Projeto (5ª edição) contou com cerca de 300 propostas. A seleção da proposta

vencedora, Requalificação da Ribeira das Vinhas, da turma do 11º D, foi realizada por um júri

nacional, integrado por professores das escolas e representantes do Ministério da Educação e de

associações socioprofissionais de Geografia.

Desporto Escolar – Patinagem

Com a participação de dezoito atletas, o Agrupamento de Escolas Ibn Mucana fez

parte do quarto e último Encontro de Patinagem que teve lugar na escola sede.

O Encontro de Patinagem incluiu as provas de Corridas, de Percurso de Destreza

e de Hóquei em Patins. A nossa escola esteve em grande destaque, conquistando

em todas os escalões os lugares cimeiros.

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“E SE FOSSE EU?”

“E se Fosse Eu?”, atividade promovida pela Direcção Geral de Educação, ACM, CNJ e Plataforma de Apoio aos Refugiados, no dia 6 de abril, levou os alunos a pensar no que levariam para o seu país de acolhimento se estivessem no lugar dos refugiados.

Nos últimos tempos, temos sido bombardeados com notícias acerca dos refugiados e suas dificuldades. É impossível imaginar a dor e a angústia das pessoas que são obrigadas a sair de casa e abandonar as suas vidas e tudo o que construíram. Se eu estivesse numa situação destas- diz a Cláudia Soares do 9ºE- a minha mala seria a única coisa que me lembraria a minha casa. A minha mala seria o meu bem mais precioso, pois toda a minha vida iria estar no seu interior.

Também o Tiago Santos, da mesma turma, diz “com esta atividade aprendi a respeitar e não a julgar as pessoas pela sua maneira de ser. Como diz o velho ditado “ Não faças aos outros, o que não queres que te façam a ti”; portanto, se estivéssemos na mesma situação, não iríamos gostar de ser maltratados. Somos todos seres humanos, temos sentimentos, e é por isso que “temos de ser uns para os outros”. Esta atividade fez-me perceber que, se eu estivesse na mesma situação, também não gostaria que me julgassem só pela aparência ou por ser um refugiado. Em caso de necessidade, eu levaria na minha mochila os seguintes objetos: kit de sobrevivência, kit de medicina com medicamentos essenciais, fotos plastificadas da minha família e objetos que me relacionassem com esta. Algumas peças de vestuário e mantas. Levaria também comida enlatada. Mas, na verdade, esta é uma situação pela qual não gostaria de passar”.

Ainda a propósito, escreve a Lara Gomes, do 9ºE: na atualidade há muitos países a ser bombardeados e em guerra entre si. Uma das consequências destas tragédias é o país ficar totalmente destruído e as pessoas que nele vivem terem de abandonar a sua pátria, refugiando-se noutros países para conseguirem viver a salvo. Se eu fosse um refugiado, levaria uma mochila com produtos de higiene, roupa, documentos, dinheiro, objetos de valor simbólico, comida, água e uma manta.

Na minha opinião, a experiência de levarmos uma mochila sensibilizou-me, pois pensei melhor na situação destas pessoas que estão em constante sofrimento porque ficaram sem o seu cantinho, algumas passam fome, frio e, principalmente, vivem numa enorme tristeza.

Participação dos alunos do 9ºE

A NOSSA TERRA

A terra onde nascemos é, muitas vezes, o local onde crescemos, aprendemos e criamos memórias. Acaba por ser a nossa “terra mãe” e o nosso ninho de conforto, onde nos sentimos vivos e aconchegados, isto porque vivemos histórias nesta terra das quais não nos esquecemos e a nossa personalidade, à medida que crescemos, é influenciada pelo ambiente em que vivemos.

Hoje em dia, temos o exemplo de inúmeros jovens que foram concluir os estudos noutras cidades, países ou até continentes, tal como adultos, sozinhos ou famílias completas ,que vão de viagem para outras terras à procura de melhores condições de vida. Inúmeras são as razões que podem levar alguém a deixar a sua terra de origem, sejam estas económicas, políticas ou sociais. Para uns, é um processo fácil o de se ambientarem a novas formas de vida. Para outros, é complicado ambientarem-se a um espaço que “não é o seu”.

A verdade é que, por muito que alguém percorra o mundo, as suas raízes de origem estarão eternamente num só local. Sítio este que, por várias vezes, para aqueles que emigram, traz saudades e a nostalgia de rever cada praia, jardim e ruas que lá existem. A terra onde nascemos acompanhar-nos-á sempre na vida pelas marcas que esta deixa em nós

Catarina Santos, 12ºC

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REPORTAGEM:

JÁ ALGUM DIA VISITOU CASCAIS?

Cascais é uma vila portadora de inúmeros pontos de atração.

A nossa reportagem tem início na Marina de Cascais, zona onde se situam os barcos e onde se encontram diversos restaurantes, um cabeleireiro, escola de vela, etc.

Dos diversos restaurantes que visitámos houve um que nos despertou especial atenção por ser exclusivo a sócios, estrangeiros ou não, e participantes de regatas nacionais e internacionais. As estantes estão carregadas de taças e troféus adquiridos em provas de desportos marítimos.

Ao sair-se da Marina encontra-se do lado direito o Baluarte da Cidadela de Cascais, mas, ao invés de virarmos para o Baluarte ,seguimos caminho para a esquerda e fomos ter a um edifício cuja arquitetura é interessantíssima. Achámos graça aos diversos feitios e tamanhos de janelas numa fachada não muito grande. Falamos da Casa de Santa Maria.

Logo a seguir, sobressai na paisagem o farol de Santa Marta, cuja esplanada é muito agradável e onde resolvemos parar para descansar e comer qualquer coisa. Por preguiça nossa, apanhámos uma boleia até à Boca do Inferno mas nada que não se tivesse feito a pé. Esta é uma zona onde praticamente só se encontram turistas. Tem uma área de cafés, de venda de pantufas, mas nós ficámos pela compra de um postal. É um local interessante, não só pela paisagem, mas pela lenda que lhe está associada- a lenda da Boca do Inferno.

Depois da Boca do Inferno, regressámos quase ao nosso ponto de partida. Estávamos no Jardim Condes de Castro Guimarães onde se encontra um museu com o mesmo nome que tem uma fonte muito bonita, localizada num edifício dos anos 40.

Passeámos depois pelo jardim e encontrámos um

espaço muito agradável com uma zona para merendar, um parque infantil, muita relva e um lago com patos.

Fomos depois ao Museu Paula Rego onde se encontram obras espetaculares da pintora. Deparámo-nos com diversas camionetas de turistas, o que indica ser muito visitado.

Com menos movimento turístico, mas também de grande importância, segue-se o Museu do Mar Rei D. Carlos. É um museu visitado por turistas e também por residentes por causa do serviço educativo que o museu tenta estabelecer com o público através de workshops, oficinas, conferências, etc.

Em frente ao museu temos a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Assunção e do seu lado direito há uma estátua do Beato João Paulo II que também dá nome à rotunda, perto da qual se localiza o Centro Cultural de Cascais, em cujo auditório se realizam concertos, para além das exposições que podem ser visitadas nos espaços adjacentes. Mas nós resolvemos descer para o centro pelo lado esquerdo da Igreja Matriz. À medida que se desce, pode-se apreciar os diferentes o tipo de casas que nos rodeava. De facto, o centro de Cascais nada tem a ver com os arredores. Deparámo-nos, entretanto, com uma vista espetacular da Baía de Cascais, mas giro foi ver um senhor que posava para uma fotografia, imitando a estátua que estava junto dele.

Do pontão, usufruímos da vista sobre a praia dos pescadores e da zona piscatória onde, de madrugada, chegam os barcos com peixe fresquinho. Passámos depois o Hotel Baía, que tem vista sobre a praia dos pescadores, a estátua do nosso ilustre rei e fomos em direção à Câmara Municipal de Cascais, avançando até ao Largo de Camões, onde se concentram inúmeras pessoas, especialmente à noite, pois é uma zona comercial e de lazer, com diversos bares que animam o

centro de Cascais.

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Apesar de o centro de Cascais não ser muito grande, a vila tem muito para visitar. Tivemos então que subir novamente para conhecermos o famoso Teatro Gil Vicente. Passeámos por aquelas ruas para tentar descobrir a casa do nosso Presidente da República, mas não conseguimos dar com ela. E, como curiosas que somos, fomos ao Restaurante Cem Vícios admirar a vista panorâmica sobre Cascais.

Os autocarros de turistas teimavam em passar.

Um local de passagem obrigatória é a gelataria Santini mas, para nós, foi mesmo de passagem, pois os gelados fomos comê-los ao Mc Donald`s onde os preços são mais acessíveis à nossa bolsa. Na mesma rua, abriu recentemente a “Nut`s Cascais”, que se encontrava a rebentar pelas costuras, como diz o povo. A Pergola House, situada também na Av. Valbom, alberga turistas e todos aqueles que ali queiram pernoitar, mas é também um salão de chá requintado. Depois do geladinho, seguimos em direção à Rua Direita, a rua mais famosa de Cascais e que concentra em si muito comércio. Esta rua também tem artistas que ganham a vida a tocar, pintar, etc. em troca de uma moedinha.

As praias são a principal atração turística de Cascais. Já no final do dia, e já um pouco cansadas, andámos pelo paredão, percorrendo algumas das praias da costa do Estoril, como é exemplo a praia da Conceição e a da Rainha.

Não podemos deixar de referir o mercado de Cascais espaço dedicado à venda de produtos alimentares, mas também onde atualmente se realizam alguns eventos pontuais como os Santos Populares, visualização de grandes jogos de futebol, etc.

Com esta reportagem, concluímos que Cascais é uma vila espetacular para se viver, para fazer turismo, para descansar, etc. Apercebemo-nos que nos focámos apenas no centro por ser a zona mais interessante, mas a vila é muito mais do que o centro histórico. Sendo rica em termos culturais e paisagísticos.

Bárbara Carvalho, Beatriz Gonçalves, Mafalda Moreira do 8ºB

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O desconhecido

O desconhecido… é algo que nos traz curiosidade, intriga e algum temor. Não o conhecemos e, de certa forma, temos-lhe medo, mas ao mesmo tempo queremos “romper” esse escuro na nossa mente e enfrentá-lo. Mas como fazê-lo?

Lembrei-me da primeira vez em que fui almoçar com os meus amigos… e, a primeira vez, sem os meus pais… Foi, de certa forma, uma viagem rumo ao desconhecido, pois tudo era muito diferente. Não tinha quem me guiasse ou que fizesse o pedido por mim. Estava com os meus amigos mas, de certa forma, estava sozinha também.

Nesse dia, muitas coisas correram mal. Não levei dinheiro suficiente para o almoço e, quando estava a sair de uma loja, o alarme disparou, pois eu tinha-me esquecido de arrumar os óculos de sol que eu estava a experimentar. Mas pelo lado positivo, aprendi a ser mais independente e autoconfiante.

Houve um momento durante o almoço em que comecei a olhar para todos os lados e também para as pessoas que almoçavam. Duas senhoras conversavam alegremente com as suas vozes mais fininhas do que os meus atacadores dos sapatos. Depois vi um homem de fato e gravata que estava com tanta pressa que nem acabou o seu café. Depois comecei a ver a decoração, as luzes, os desenhos nas paredes… era tudo novo para mim, pois, quando eu ia com os meus pais, só me preocupava em comer e falar com eles. Nunca tinha dado tanta importância aos pormenores. O ar cheirava a batatas fritas e as paredes eram decoradas com tons de azul e branco. Eu lembro-me de ter dito qualquer coisa do género «Parece que estamos no fundo do mar a comer batatas fritas!» e todos acharam muita piada e eu senti-me feliz por estar a fazer amigos sem a ajuda dos meus pais.

Como eu disse no início, o desconhecido pode ser algo assustador, mas, se nos concentrarmos muito, ficamos a conhecê-lo, de certa forma, como um velho amigo de infância.

ALGUÉM QUE MUITO ADMIRO

O meu avô tem 82 anos e eu admiro-o bastante. O pai dele faleceu quando era muito novo mas, mesmo assim, estudou até ao 4º ano e passou a viver só com a mãe e dois irmãos, sendo um deles deficiente. Aos doze anos, ficou sozinho com o irmão deficiente e teve de começar a trabalhar, ao mesmo tempo que tomava conta do seu irmão- esta é uma das coisas que mais admiro nele. Depois, passado algum tempo, o irmão deficiente faleceu e, com catorze anos, o meu avô começou a trabalhar para uma família muito rica, plantando vegetais e fruta. No entanto, como lhe davam pouca comida, às vezes tinha que tirar às escondidas alguma coisa para comer. Uns anos depois, ele conheceu a minha avó junto ao Cristo Rei, apaixonou-se logo por ela, casou, teve três filhos e foi para França trabalhar como porteiro. No estrangeiro, teve mais dois filhos, incluindo a minha mãe. Em determinada altura, os meus avós regressaram para Portugal, onde começaram a ter uma vida muito mais calma. Outro aspeto que me fascina no meu avô é o facto de ele ter mãos gigantes! Ele, com 82 anos, continua sempre muito ativo, ou está no quintal ou noutro lado qualquer, nunca pára e continua a ter uma força sobrenatural!

Leandro Gomes, 9ºE

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Avô Avô, uma palavra que para mim significa bem mais do que ser pai da minha mãe. Avô é o segundo pai, aquela pessoa que nós sabemos que está sempre lá para nós, mesmo quando os nossos pais não estão presentes. Avô, adoro-te por tudo o que és e me me ensinaste a ser. Tu és aquele que pode não perceber muito de tecnologias ou de “modernices” como tu dizes, mas apoias-me e ajudas-me sempre que eu precise. A minha mãe diz que eu herdei um grande defeito teu: o facto de seres muito calmo e não te stressares com nada, mas eu não vejo tal como defeito, antes uma qualidade que partilho com uma das melhores pessoas que conheço. Eu considero-te alguém feliz e realizado porque, embora não tenhas tido uma vida fácil, possuis o teu próprio negócio, de que te orgulhas muito, e tens uma família fantástica que te põe um sorriso na cara todos os dias. É impossível encontrar um defeito em ti, por mais que me esforce, pois, para mim, és simplesmente perfeito. Adoro-te e admiro-te muito! Da tua neta mais querida, Beatriz

Beatriz Pires, 9ºE

CARTA Querida mãe, Há catorze anos que me tiveste, há catorze anos que eu nasci. Ainda me lembro da energia que tinhas todas as manhãs enquanto me ajudavas a preparar, mas há dois anos que essa energia desapareceu, pois todos nós perdemos alguém que muito amávamos: para ti era o

teu marido, para mim, o pai.

Durante sete anos, ele lutou contra o cancro e tu estiveste sempre ao seu lado com essa energia que te caracterizava. Desde que ele se foi, parece que a tua força foi com ele. Quando chegas a casa, após um dia de trabalho, sentes-te muito cansada, quando antes vinhas cheia de uma energia imensa. Eu e as minhas irmãs temos como objetivo recuperar em ti essa energia, fazer com que a nossa antiga mãe “volte”. Por isso, todos os dias tentamos fazer-te sorrir o máximo. Eu sei que um dia vou recuperar a mãe que corria atrás de mim para eu ir para a escola. Apenas não posso perder a esperança!

Cláudia Soares, 9ºE

Mãe, és dedicada. Sei que pode ser difícil,

Mas sem um desafio não teria piada,

Pois na vida nada é fácil.

És uma boa mãe E estar-te-ei grato para toda a eternidade.

Uma mãe não vai e vem E foste tu que criaste a minha personalidade.

Desejo-te um bom dia

Cheio de graça e felicidade.

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Sermão à juventude “fast food”

“vos estis oleum cibum”

I

Vós, diz Ágata Roquette, falando com a ordem dos nutricionistas, pais e cozinheiras das cantinas, sois o azeite da comida: e chama-lhe o azeite da comida por este ter um efeito “saudabilizador” nos diversos pratos, nunca discordando do seu sabor, tal como os nutricionistas, pais e cozinheiras das cantinas têm influência na alimentação dos jovens portugueses da atualidade. O nosso país está repleto de jovens despreocupados com a sua alimentação e saúde, tendo assim péssimos hábitos alimentares. Ou foi porque ninguém lhes incutiu essa preocupação e bons hábitos, ou porque já foi tarde de mais para os incutir. Ou foi porque tiveram desde muito tenra idade uma má alimentação e se habituaram a ela sendo agora difícil de se desapegarem da mesma. Ou foi porque as campanhas publicitárias dos vários produtos deliciosos, tentadores e imersos de calorias, açúcares e gorduras os atraem e eles se deixam atrair. Ou foi porque as refeições da cantina designadas “saudáveis” se descomprometem com o sabor e eles reagem repulsivamente a tudo o que envolva a palavra “saudável”. E não reflete tudo isto a realidade alimentar dos jovens na atualidade? Ainda mal. Concluiu um estudo sobre os hábitos alimentares da atualidade que “97% dos jovens têm uma má alimentação”, será isto possível? Pois é.

II

Posto isto, o que haveremos nós, eu, nutricionistas, pais e cozinheiras das cantinas, de pregar hoje a esta juventude tão crítica em termos da sua alimentação e do saber comer? Vocês que tão grande influência têm nestes pequenos grandes: Os nutricionistas que, com os seus estudos alimentares, estatísticas, planos de alimentação saudável, consultas de nutrição, palestras, “workshops” e até documentários, promovem o bem comer, as dicas e os métodos para o saber e a motivação através dos casos que por eles passaram e bem sucedidos foram; os pais, pessoas de que os filhos “absorvem” tantos comportamentos,

como uma esponja absorve a água e que, muitas vezes, pecam na infância dos meninos quando estes, sabe-se lá porquê, desafiam a sua paciência dizendo que não gostam disto ou daquilo, ou que não querem comer no horário estabelecido da dada refeição por, ou

o prato apresentado não ser o favorito, ou do seu agrado, ou por se terem “enfrascado” em bolachas e “enlatado” em refrigerantes antes da refeição, pelo que os “papás” ou colocam uma pizza no forno e lha dão, como alternativa ao equilibrado prato de pescada cozida com verduras, ou dizem “comes mais tarde o que te apetecer” sem os repreender pela carga de maliciosos “snacks” que ingeriram anteriormente e, por isso, não terem cumprido a refeição, geralmente em família e que tão grande importância tem; as cozinheiras das cantinas, que muitas vezes não por culpa delas, mas, sim, das condições em que são comprometidas a realizar a sua tarefa, elaboram pratos com pouco sabor, desagradáveis e insípidos que os jovens têm como preconceitos “pratos saudáveis” e os afugentam das refeições equilibradas; e por fim, eu, que quero mudar mentalidades e esta realidade a que hoje assistimos em relação à alimentação daqueles que da minha geração fazem parte. Deste modo, começarei eu por enunciar o que vós, juventude, de mal tendes no que toca à alimentação, o que vós, juventude, podeis mudar e o que vós, juventude, tendes de fazer para que isso aconteça.

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III Já vos dei a conhecer alguns erros que vós cometeis e vos fazem cometer, mas irei agora repreender-vos e especificar tais pecados que incorrem! Disse Roberta Andrade “mais de 10% dos portugueses, tanto adolescentes como adultos não tomam o pequeno-almoço”. Pois não sabeis vós da relevância desta que é a refeição mais importante do dia? Como conseguirão vocês concentrar-se nas primeiras aulas do dia sem o aporte necessário que vos faz concentrar? “Não tenho tempo.” Dizem vocês, mas nada impede de deixar a “paparoca” preparada antes de irem para a cama ou o acordar cinco minutos mais cedo não vos vai fazer ficar mais cansados. “Não consigo comer de manhã.” Dizem vocês, mas, se não fizeram

um esforço para se habituarem, nunca conseguirão, como diz o outro “ É tudo uma questão de hábito.”. Dito na direção geral do consumidor: “25% dos jovens comem hambúrgueres e pizzas pelo menos uma vez por semana”. Sabemos bem que o “fast food” consegue ser uma opção fácil, acessível, rápida e deliciosa para além de existirem “McDonalds” espalhados por tudo o que é canto que vos fazem ficar de água na boca. Contudo, sabeis vós que o seu consumo regular poderá acarretar os tão conhecidos problemas como a obesidade, as doenças cardiovasculares e a diabetes? E essa quantidade exagerada de sal, nas gordurosas batatas fritas, que colocam? Não pensem que o efeito do sal é benéfico para o vosso organismo, esse só era benéfico para, tal como Padre António Vieira disse “impedir a corrupção na terra”. “Uvas, figos e melão é sustento de nutrição.” Provérbio tão

Português e que vós, inimigos da fruta que é doce e dos legumes e vegetais saborosos, evitais até mais não. Muitas das vezes nem sequer uma apetecível maçã “roem” por dia, e isto, caros amigos, é algo imensamente problemático.

IV Enumerados os vossos pecados, passarei agora àquilo que vós, juventude esfomeada, podereis fazer para alterar estes maus hábitos a que estais acostumados. Em primeiro lugar, o pequeno almoço não o poderão “saltar”. Sem tempo para comer? Um pacote de bolachas, uma sandes ou um iogurte poderão trazer! Em segundo lugar, pelo menos três peças de fruta por dia terão de comer. Uma laranja ao

pequeno almoço, uma banana ao almoço e uma maçã ao jantar não irá custar! Em terceiro lugar, “a cada boca sua sopa”, sabeis vós do valor deste tão rico prato? Pois uma sopa por dia dar-vos-á os nutrientes necessários para vos manter fortes, e se de espinafres for, a força do amigo Popey terão! Em quarto lugar, deverão dar preferência ao líquido mais abundante e precioso do plane ta: a água. Líquido esse que vos hidrata e vos desintoxica de todos os males dos alimentos. Em quinto lugar, deverão “pôr de lado” os fritos, os “fast food” e os alimentos processados cujas embalagens são extremamente apelativas e preferir uma refeição equilibrada e repleta de alimentos saudáveis. Em quinto lugar, o sal e o açúcar terão de deixar pois malefícios piores que os que eles podem trazer difícil será encontrar.

Por último, e para complementar estas dicas a que vos proponho, o exercício físico, como disse Eduardo Costa, “não é apenas uma das mais importantes chaves para um corpo saudável. É a base da atividade intelectual, criativa e dinâmica.” Saiam à rua, deem uma volta nas vossas amigas bicicletas, dancem, corram, mantenham-se ativos, povo preguiçoso! Porque o sedentarismo é outro dos grandes vossos males.

V

Para terminar, minha geração, vos direi os benefícios de seguirem as dicas dadas no sentido de vos motivar e apelar à vossa mudança. Sabeis vós que ao praticarem uma

boa alimentação aumentará a vossa imunidade e não precisarão do famoso “actimel” para prevenir as várias doenças? Que aumentará a vossa energia e reduzirá o vosso cansaço e a “preguicite aguda” para fazer o que quer que seja? Que melhorará o vosso humor evitando as zangas matinais com a vossa mãe por vos ter acordado com o aspirador ao Sábado de manhã? Que sentirão a saúde e o bem-estar invadir o vosso corpo e alma? Posto isto, meu povo, não será de pensar duas vezes em seguir estas práticas a fim de se tornarem mais saudáveis e terem vitalidade para toda a vida à vossa frente? Vamos mudar as estatísticas e fazer da nossa alimentação o nosso único remédio como disse Hipócrates.

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Sermão aos (não) Sonhadores Por Gabriela Monteiro,11º A

Capítulo I

“Eis que se aproxima o sonhador!” - Troçavam os irmãos de José, filho de Jacó, que sonhava em tornar-se rei. Os irmãos invejavam o sonhador pelos seus sonhos, especialmente aqueles que nunca conseguiriam alcançar. Este sermão destina-se aos jovens da Era Moderna (e não só os jovens) que coexistem como “bonecos de palha” na sociedade, que não visam objetivos, que esperam um dia inteiro debaixo da macieira para que o fruto proibido caia do céu e lhes alimente a fome, que não

visam além da superfície: os não-sonhadores.

O ato de sonhar permite a evolução e transformação do Homem como ser pensante; o sonhar torna o Homem capaz de alcançar certas prateleiras que antes não conseguia sequer ver. “Mas se não as consegue ver, como é que consegue sequer chegar lá? Como é que sabe sequer se elas existem?”, Diria um boneco de palha. Ora aí está! O sonhador é um fantasista, ou seja, a sua mente é repleta de fantasias, todavia, enquanto o fantasista apenas prende as fantasias na mente, o sonhador pode

transformar a palha em ouro.

Atualmente, as pessoas estão cada vez mais cegas. Cegas por amor, sim! Pelo amor que possuem pela ignorância, pelos seus amados aparelhos tecnologicamente modernos, redutores de inteligência e criatividade humana. Lembro-me daquela vez em que tinha um trabalho de casa o qual pedia para pesquisar acerca de um país à minha escolha. Ah, aquele entusiasmo que borbulhava dentro de mim no instante em que abri o computador e pressionei aquela tecla mágica que me transportava (in)diretamente para o país que eu procurava explorar. Lembro-me daquele Sábado abrasador cujo sol não penetrava nas minhas janelas fechadas, em que me diverti durante doze horas seguidas a exercitar apenas as minhas falanges, deslizando o meu corpo numa qualquer superfície confortável, e a olhar fixamente para um retângulo de vidro onde toda a minha diversão estava a ser criada e onde toda a minha mente estava a ser deteriorada. Não imagino dias mais felizes e produtivos do que este

belo Sábado. Atentos, meus espantalhos! O sonho comanda a vida.

Capítulo II Dirigir-me-ei agora aos sonhadores e ao que de tão bom estes caça-sonhos possuem. Ai não! Não me confundis! Não falo dos sonhos que no escuro nos iludem! Não, falo dos sonhos que, não só no escuro, mas, também, na luminosidade nos iluminam. Sonho – desejo veemente; aspiração. “Quando for grande vou ser rica!”, ”Quando for grande vou ser advogada!”, “Quando for grande vou ser mãe de 6 filhos!”. O Homem começa a sonhar desde o ovo onde cresceu por nove meses, ansiando pelo mundo que encontraria lá fora, no futuro. Logo aí, está a sonhar. O grande desejo que uma pessoa tenta persistentemente alcançar define um sonho. O ser que deseja atingir algo que muitas das vezes parece ser impossível e que, mesmo assim, leva o desejo avante sem nunca o renunciar, define um sonhador. Um sonhador também é aquele que está “perdido” e que tem os pés pouco assentes no chão, segundo dizem os espetadores. Mas reflitamos: se está perdido, significa que se perdeu voluntariamente e se se perdeu quer dizer que os que não se perderam não se querem perder, isto é, não querem sair do ninho onde subsistiram a vida inteira. De novo, se tem os pés pouco assentes no chão, quer dizer que não tem os pés completamente sobre a terra, ou seja, que anda entre o ar e a terra. Se anda entre o ar e a terra, então anda acima das outras pessoas, pois essas, sim, andam com os pés assentes na terra. Se está acima quer dizer que vê mais e melhor do que as pessoas em baixo, que vê além da superfície de pessoas que forma a barreira entre o não-sonhador e o sonhador. Assim era Neemias, um mero copeiro que veio a tornar-se governador de Jerusalém. Neemias, sim, era um verdadeiro sonhador, e sonhava alto, como o muro de Jerusalém que reconstruiu durante os cinquenta e dois dias declarados por ele próprio anteriormente. Aqui está o objetivo e a ambição. E assim se realizou. “Estou a realizar uma grande obra de modo que não poderei descer!” Já pensaram no verdadeiro significado desta frase? Pois bem, contar-vos-ei. Havia um homem, como outro qualquer, que tinha um enorme desejo e queria concretizá-lo, enfrentando todos os obstáculos, durasse o tempo que durasse. Para conseguir realizá-lo, primeiro precisava de ver mais alto que os outros, então pegou num escadote e subiu para cima dele. O homem conseguiu avistar o seu desejo, porém, para chegar até ele, precisava da sua criatividade para poder abrir um caminho. Planeou os métodos e obteve os materiais. Começou a construir o caminho de pedra que conectava o sonho e o sonhador. Quando inseriu a última pedra no caminho de calçada que contruiu, deu-se conta de que conseguira chegar ao seu objetivo final. O sonho alcançado, que fora o fruto do trabalho e dedicação do homem, foi ao encontro do merecedor do prémio, por este tanto

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Nesta pequena história, protagonizada pelo sonhador, salientei-vos três chaves essenciais para conseguir chegar ao sonho e, no fundo, para se tornar um verdadeiro sonhador: visão, plano e ação. Todo o sonhador tem de ter uma visão clara do que quer, de seguida organizar todo o seu percurso e planear a sua viagem em direção ao sonho e, finalmente, trabalhar duro com esforço e dedicação para conseguir alcançar o seu objetivo final. O sonhador não é apenas um marinheiro naufragado que espera na sombra do coqueiro na pequenina ilha onde aterrou pelo navio que vem de resgate. Não, o sonhador é aquele que, tendo medo da água e não sabendo nadar, constrói uma jangada para fugir à ilha pequenina onde estava amaldiçoado a viver pelo resto da sua vida. Com estas histórias insignificantes vos ilustro que: “O sonho comanda a vida.”

Capítulo III

O sonho comanda a vida, mas não vos deixeis controlar pelo sonho! Ser sonhador é uma característica bastante útil e uma poderosa ferramenta para atravessar este mar de trabalho e suor que é a vida. No entanto, devemos saber manejar o barco de uma maneira que nos leve na direção certa sem chocar com muitas ondas no caminho. Aqui vos apresento uma das (não) regalias de ser um sonhador, um dos perigos a enfrentar. Esta coisa de sonhar e desejar e querer não é simplesmente assim tão simples. Como toda a laranja ácida, mas ao mesmo tempo tão docinha e de cor tão viva, existe sempre um pequeno detalhe em forma de semente que se intromete no nosso caminho, aquele detalhe que nós mastigamos sem dar por ele e apanhamos um choque com a dura realidade de que aquela semente quase nos partia o dente. Será que os não-sonhadores conseguiram perceber esta metáfora? Pronto, eu explico-vos … Imaginai a situação onde uma moeda tem duas faces: a coroa da ambição e a cara da ganância. A única coisa que as separa é a pessoa. A pessoa tem o poder de decidir qual das faces prevalece e qual das faces amua do lado da superfície onde aterrou. Observemos que, sempre que se atira uma moeda ao ar, esta cai com uma das faces virada para o Céu e outra virada para o Inferno. Nunca, em situação alguma (a não ser por obra de mágicos) veremos uma moeda cair de uma altura do 10º andar, com uma velocidade de 500km/h, aterrar numa superfície lisa com as faces voltadas para os lados. Isto porquê? Porque não há como balançar igualmente a cara e a coroa do sonhador. Não há como ficar no meio do caminho que há entre os gananciosos e os ambiciosos, pois esse sim, esse é um caminho tão fininho e estreito, tão curtinho de atravessar, que estando na berma da estrada da ambição, quando damos por ela já estamos na grande e larga faixa de sentido contrário, a faixa da ganância. Mas claro, não-sonhadores não vão saber o que é isso, nem ambição nem ganância, de tão bonecos de palha que são. Agora, vamos relacionar estes dois malandros. A semelhança entre o ambicioso e o ganancioso? Ambos nunca se dão por satisfeitos. A diferença? O ambicioso sobe a escada para conquistar algo e se satisfazer com isso, enquanto que o ganancioso deseja o que é dos outros, escolhendo subir a escada à custa dos outros. Como se atravessa o tal caminho? Ao distorcer o desejo de conquista para a vitória a qualquer preço. Já o ambicioso Ícaro cedeu ao lado obscuro do sonhador tornando-se o ganancioso e desolado moribundo que se atreveu a desejar mais do que o trabalho do seu pai lhe permitia, querendo alcançar o ardente sol que lhe ardeu o sonho de voar mais alto, acabando por cair nas profundezas geladas do mar Egeu. As asas dos sonhadores podem ser facilmente arrancadas, se voar na direção errada e com as intenções distorcidas.

Capítulo IV Para cada sonhador há uma multidão de céticos que não visionam tão longe como estes, pois têm a mente fechada, aberta a sugestões, mas fechada a ações, pois neste mundo a preguiça comanda, não o sonho. Atentos, meus espantalhos! A preguiça é um pecado, assim como a ganância … Não dormi demasiado, que os sonhos são matreiros! Fazem-vos ver coisas que não são reais e são impossíveis de realizar! Deixai-vos dormir como os bonecos de palha que são, pois, visão sem ação é como um sonho (de dormir). A cegueira dos Homens é tanta, hoje em dia, que é difícil distinguir os verdadeiros cegos dos cegos pela vida. Estes sonhos de que tanto falo são a esperança de alguns cegos para conseguirem abrir os olhos. Vejamos, nada é realmente o que parece. Se assim fosse, então aqueles jovens que não sonham são apenas espantalhos, bonecos de palha revestidos por mero tecido, fazendo-se passar por meros humanos, que esperam (in)quietamente que o pássaro pouse no seu mero corpinho que protege as suas meras colheitas de uma vida? Pois bem, que contradição dos diabos! Então acho que podemos concluir que tudo o que parece é. Este sendo um dos maiores problemas da sociedade, parece também algo que a sociedade não se preocupa em resolver. Ora se um problema não precisa de ser resolvido então não estamos perante um problema. Atenção, meus espantalhos! O sonho não comanda a vida verdadeiramente, quem comanda a vida sois vós, os sonhadores, criadores dos sonhos.

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REFLEXÕES Desde que vim ao Mundo, a este mundo Terra, sei que tenho uma mãe e um pai que me criaram, que geraram vida para me ter. Eu tenho olhos, boca, nariz, ouvidos e um corpo completo, dito normal. Os meus olhos proporcionam ver o que vocês também veem… A minha boca permite alimentar-me, respirar, e saborear os frutos que a Terra oferece… O meu nariz proporciona-me cheirar os aromas mais variados deste mundo… Os meus ouvidos ouvem, é com eles que oiço a minha respiração, é com eles que oiço o vento a levar as folhas que estavam no chão para outro local onde elas eram precisas… E é o meu corpo que me proporciona sentir fisicamente o exterior. E o que está cá dentro? Como é que eu sou capaz de me aperceber da minha existência? Como sou capaz de pôr algo em dúvida? Como sou capaz de afirmar que estou vivo? O corpo a dada altura morre. Morre para devolver o que estava lá dentro ao Ser que o criou. Como já disse, tenho um pai e uma mãe, foram eles que me deram vida fisicamente. Mas quem me entregou ao corpo? Àquele recipiente vazio? Quem me trouxe ao Mundo? A palavra que me ensinaram para descrever o que tenho dentro de mim, que não é físico, que não é deste mundo, é de espírito… Eu sou um espírito carnal, porque possuo corpo, composto por matéria, entre outras designações que são feitas das quais não tenho conhecimento. Sou um espírito… Eu e todos vós… Estamos na Terra para aprender o que não tínhamos aprendido. Para aprender a imensidão de Tudo. No entanto, este mundo já não funciona como devia. O Homem apoderou-se dele, escravizou, escraviza e não tem intenções de parar… Porquê? Não sei explicar, ainda não consigo entender Tudo e Nada… Cada vez sei menos, e perco-me mais nos raciocínios deste mundo. Há coisas que estão entranhadas neste corpo, que condicionam o que está no seu interior… Essas coisas manipulam o espírito, tanto o meu, como o vosso. E não nos damos conta. Pensamos que nos damos conta das manipulações que ocorrem no exterior, mas é mais uma ilusão, ilusão essa criada por nós, nós pessoas. Fomos nós que criamos o outro… aquele oposto a Ele… Deixámo-nos consumir e ser consumidos pela impureza, pela corrupção, deixámo-nos consumir por algo que não deveria existir, e mesmo existindo, não o devíamos conhecer. Já fui criança, e tenho algumas lembranças do que é ser único em conformidade com os outros que também são únicos, e que juntos somos felizes, neste caso eramos felizes… eu era feliz… os meus problemas, as minhas dores, não tinham volume dentro do meu espírito, havia pessoas que me magoavam, mas eu estava bem comigo porque me importava mais com eles, e se eles estavam bem… eu também estava. Não sei se era uma atitude correta ou incorreta, digna ou menos digna, só sei que vivia… vivia de verdade… o meu espírito vivia dentro do meu corpo, partilhando com os outros, como eu, a dádiva da vida, e ali partilhávamos Ele, não tendo qualquer conhecimento consciente da sua existência ou o que era… mas sim, sentíamos, não através do corpo, não através da matéria, mas por Tudo o que se sente não sentindo. Os meus olhos veem o que este mundo tem para oferecer. Veem o material, veem o que faz parte da Terra É com eles que posso ver tudo e é com eles que nada vejo. Mesmo vendo, estou cego, cego de ilusão, iludido, preso na escuridão. Olha para as estrelas e vê como elas olham para ti e para tudo o que fazes. Sorrindo sempre, mesmo até quando a Lua se põe, elas estão lá… Apenas sorrindo. Apreciando-te como mais ninguém pode apreciar. Essas estrelas pertencem-te… Fazem parte de ti, de todo o teu ser, de todo o teu coração, de toda a tua Essência… Bruno Costa, 11º D

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A Evolução Portuguesa

Durante vários anos, Portugal tentou descobrir o mundo com as Naus e Caravelas. Às vezes com sucesso e outras com falhanço. A meu ver, Portugal, é um país, ou era um país, com bastante bravura, destemido, ágil, prático e responsável.

Conseguiu descobrir «mundos e fundos»: India, Ceuta, Angola, Moçambique, Guiné, Macau, Brasil… Lutando e vencendo as batalhas que, para ele, já eram habituais. Talvez graças a nós, portugueses, o mundo seja conhecido e viajado, talvez graças a nós, se possa dar aulas de geografia. Mas e agora, o que podemos descobrir? Se calhar devíamos descobrir Portugal? As vilas, cidades, paisagens? Praças e concelhos, ruas e ruelas, estátuas e azulejos.

Se descobrimos o mundo, ou meio mundo que seja, porque não descobrirmo-nos a nós?

Explorar-nos?

Ao longo do tempo Portugal perdeu o seu espólio de guerra, mas não perdeu a cultura, a honra e a cara aconchegadora, que recebe milhares de turistas.

Se eles, os estrangeiros, vêm cá, quer dizer que Portugal tem algo dentro de si para além de ruas e praças, estradas e cafés. Nós podemos continuar a desenvolver e a evoluir. Só por uma razão, nós somos Portugal!

Lourenço Parreira, 6ºB

INTERCÂMBIO

COM ITÁLIA

PARTE II

Decorreu durante o mês de abril a segunda parte do intercâmbio com a escola italiana de Tradate, perto de

Milão.

Durante uma semana, os alunos e professores italianos tiveram oportunidade de visitar a escola Ibn Mucana e efectuar

alguns

passeios a locais de interesse da região e de Portugal. Para além dos passeios, houve também um momento de debate acerca das diferenças/semelhanças entre os dois países, um workshop de gravura em pedra e um jantar com a participação de todo o grupo de professores, alunos e pais envolvidos no intercâmbio. De acordo com os depoimentos

O DIA DA EUROPA

O Clube Europeu comemorou o Dia da Europa, realizando uma palestra na biblioteca da Ibn Mucana. Esta sessão contou com a participação da dra Ana Cláuda Soares que suscitou o interesse das turmas presentes, relatando as suas vivências enquanto aluna universitária num programa Erasmus e, posteriormente, como professora em Cabo Verde. Também a professora Maria Rubio nos relatou a sua experiência de cidadã espanhola em terras portuguesas. Por último, os alunos João Reis e Tomás Peixe da turma C do 12º ano deram a conhecer a sua participação n numa viagem a Itália, onde representaram a IBn Mucana, integrados um projeto Erasmus+. Ainda antes de terminado este momento de convívio, foi possível criar um momento de debate, respondendo os “convidados” às questões que lhes foram apresentadas por aqueles que se encontravam na assistência.

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IBN MUCANA: PARTICIPAÇÃO NAS OLIMPÍADAS DE FILOSOFIA

Nos dias 8 e 9 de abril, realizaram-se em Riba de Ave, Famalicão, as V Olimpíadas Nacionais de Filosofia. Como tem sido “tradição” na nossa escola, a professora Olga Prata fez-se acompanhar da aluna Nikoletta Matsur, do 11º B, para representar a nossa escola e esta fê-lo muito bem, pois em 78 alunos participantes, a Nikoletta conseguiu um 11º lugar e por isso está de parabéns.

Acerca da sua participação nas Olimpíadas, a aluna escreveu:

“Hume dizia que as impressões que retiramos de uma determinada experiência são mais intensas do que as ideias que posteriormente formamos da mesma. Como se o tempo a diluísse ou levasse consigo alguns dos seus detalhes. Tendo em conta esta perspetiva, torna-se evidentemente lógico que Hume nunca participou nas Olimpíadas Nacionais de Filosofia. Isto porque, quem participa nestas, jamais dirá tal coisa. E isso garanto eu, Nikoletta Matsur, com a minha própria experiência, que esta participação é algo que será para sempre mantido vivo dentro de nós. Porém, algo maior e mais forte do que uma simples memória, algo que por marcar tanto e ser de tal modo diferente de tudo o resto, e também por se manter tão vivo em todos os que participam, acabará por manter viva a própria filosofia. Manterá vivo o espírito crítico, a insaciedade do saber e o amor ao mesmo. A reflexão sobre estes dois dias relembrou-me uma outra tese, tratada também por Hume- "Quando uma bola de bilhar choca com outra, a segunda irá mover-se."- de facto, conheci muitas bolas de bilhar que me fizeram mover: umas, fizeram com que eu mudasse alguns pontos de vista, outras, fizeram com que reforçasse outros, que os engrandecesse, mas de qualquer forma, ambas acabaram por me mover. Acredito também que eu própria fiz mover algumas nestes dois dias, em que convivi com estas fantásticas bolas de bilhar que são, na verdade, pessoas interessantes e interessadas, inspiradoras e inspiradas. Pessoas que, se Platão estivesse vivo, diria não precisarem de régua- "São muitos os que usam régua, mas poucos os inspirados."- e eu concordaria indubitavelmente. Foram, sobretudo, dois dias de partilha, de discussões filosóficas, de procura de conhecimento, e por conhecimento eu entendo o que Hume entendia: "Por conhecimento entendo a certeza que nasce da comparação de ideias.". Mas caso a perspetiva Socrática explique melhor, foram dois dias de procura de nós mesmos:" Conhece-te a ti próprio e conhecerás o universo e os deuses." Foram também dois dias em que corria o risco de, a cada segundo, ouvir um "Kant está errado!" ou algo sobre o argumento ontológico de Descartes ou até mesmo um grito que atravessa séculos - um "Deus está morto!"- de Nietzsche, e, ciente deste risco, apercebi-me do que realmente não estava morto: o entusiasmo e a paixão pelo saber das pessoas.

E já não me resta dizer mais nada, a não ser voltar ao meu ponto de partida, o essencial das Olimpíadas, o "manter viva a Filosofia", e, com isto, aproveitar também para agradecer à Professora Olga Prata não só por me ter dado esta oportunidade, como também, por ter feito florescer, em imensas pessoas, a Filosofia, de uma forma tão rica e tão bela. Por ter contribuído, com grande esforço, juntamente com a comunidade filosófica da Prosofos, para manter vivo o que nos une e o que nos torna pessoas melhores. Obrigada.”

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Ainda a propósito de Filosofia, relembremos Beatriz Santos, uma ex-aluna

da Ibn Mucana, igualmente participante nas Olímpíadas de Filosofia e

sempre vencedora que, após terminar o 12º ano, manteve vivo o seu amor

pela Filosofia, encontrando-se a estudar esta área em Inglaterra. Esta antiga

aluna partilha agora com o Jornalando as suas experiências.

Quando estudei filosofia no secundário, decidi que era esta a disciplina

em que me queria especializar no futuro. O que me levou a escolher

Inglaterra, e a Universidade de Manchester em específico, foi o facto de

que neste país as oportunidades oferecidas a uma estudante, e uma

licenciada em filosofia serem bem mais amplas do que em Portugal. Em particular, dado que quero seguir a

carreira académica e fazer investigação em filosofia, a probabilidade de o poder fazer num departamento de

top mundial em filosofia é muito maior em Inglaterra do que em Portugal. Para além disso, o

reconhecimento da filosofia como uma área relevante e importante em si mesma é uma realidade em

Inglaterra. Infelizmente, não se pode dizer o mesmo de nenhuma área das Humanidades em Portugal – o

que sempre me deixou bastante frustrada. Para além desta motivação académica, a ideia de viver noutro

país, conhecer outra cultura, viver sozinha, fazer amigos de outros países, sempre me pareceu muito

atrativa, por isso ,decidi que o melhor era arriscar.

Felizmente, tive a sorte de ser recebida pela universidade mais multicultural do Reino Unido. A minha

receção na ‘Welcome Week’ foi muito inclusiva e divertida. A adaptação à cultura Inglesa tem sido mais

complicada, o que é normal. Os costumes e o sol portugueses deixam sempre saudade. A melhor parte da

adaptação cultural, na minha opinião, é a oportunidade de conjugar o melhor do que é nosso com o melhor

do que pertence à nova cultura. É isso que tenho tentado fazer, o que me tem ajudado a valorizar a cultura

Portuguesa muito mais do que antes, e também a valorizar o que admiro na cultura Inglesa.

A principal razão que me levou a mudar-me para Inglaterra, estudar Filosofia, superou todas as

expectativas que eu tinha formado. O ambiente de cooperação entre o departamento e os alunos é

fantástico, e nada nos ajuda a aprender melhor do que a oportunidade de poder bater à porta do nosso

professor, que ainda por cima é um leading academic na sua área de investigação, e discutir uma ideia,

uma dúvida, um ensaio, durante o tempo necessário. Acho que o que mais me motiva e entusiasma é o

facto de todos os nossos professores nos ensinarem com paixão pelo que estão a fazer, nos incitarem a

envolver-nos cada vez mais e estarem sempre disponíveis para pensar connosco. O envolvimento e

cooperação entre todos os membros do departamento é de facto fantástico, e isto tem-me dado a

oportunidade de começar a envolver-me no meio académico profissional. Durante estes (quase) dois anos, co

-organizei duas conferências, numa das quais fiz parte do painel que escolheu os ensaios que foram aceites

para apresentação; conheci alguns dos meus filósofos favoritos nos research seminars; fui conferencista em

três conferências, onde ganhei o prémio para melhor ensaio submetido em duas delas; e, o melhor momento

até agora, um dos meus ensaios foi publicado no Journal de Filosofia, Laterális. Este Verão vou ser

congressista na minha primeira conferência internacional, em Amsterdão, e em setembro na universidade

do Porto.

Por incrível que pareça, já só me resta um ano até me licenciar. Visto que o plano é continuar a estudar, em

janeiro já me terei candidato para o mestrado. Em princípio, vou candidatar-me às universidades de Oxford,

Cambridge, e as de Londres, e ver o que acontece. Acho que gostaria de fazer o doutoramento nos Estados

Unidos, mas nunca se sabe. Por enquanto, só sei que o que quero fazer é continuar a estudar Filosofia, pois

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VIAGEM NO NAVIO CREOULA

Após meses de espera, já que o projeto efectuado pelas professoras Luísa e Dalila fora enviado em dezembro, eis que chegava o momento de embarcar no navio Creoula. Assim, no fim de semana de 6 e 8 de maio, um grupo de 48 alunos de diferentes níveis de ensino, acompanhados pelas organizadoras e pelos professores Filomena Clemente e Luís Chitas, tiveram oportunidade de participar numa viagem a bordo do Creoula, embarcação utilizada antigamente na pesca do Bacalhau. Embora as condições meteorológicas tenham piorado a partir do momento em que saímos do rio Tejo, a viagem continuou, navegando a embarcação com destino a Sesimbra, já que o percurso até às Berlengas se adivinhava mais arriscado. Ainda assim, e apesar da forte ondulação e do vento, esta experiência foi do agrado dos alunos, segundo os testemunhos que aqui relatamos.

Segundo o Tiago Santos do 9ºE, “Esta viagem proporcionou-nos uma experiência incrível e inesquecível. Depois do autocarro nos ter deixado na base naval do Alfeite, Almada, onde a embarcação estava atracada, entrámos no navio, tivemos conhecimento do nosso número de bordo (o meu era o 302) e seguimos para as cobertas, cada um para a sua cama( pequena mas cómoda), em forma de beliche com três pisos. . Durante a viagem, conhecemos a vida a bordo: içamos velas, estivemos no leme e na vigia, ajudamos nas limpezas diárias, etc.

O primeiro dia a bordo foi um bocado complicado para mim, pois mal saímos do Tejo comecei a vomitar muitas vezes, mas com a ajuda dos meus colegas e das professoras consegui acalmar. Depois, apanhámos uma tempestade, com ondas grandes , no entanto, com o excelente trabalho da guarnição e de nós, instruendos, tudo correu bem. Esta foi uma experiência inesquecível. Nunca me esquecerei das dificuldades que passámos, mas, ainda assim, fomos cumprindo as tarefas e ajudando-nos mutuamente. Fiz muitos amigos no barco e não posso deixar de agradecer aos meus colegas a ajuda prestada.

O mais interessante disto tudo foi o facto de termos estudado Os Lusíadas na disciplina de português e é impressionante imaginar como os portugueses conseguiam navegar em caravelas mais frágeis, em condições muito piores, e ultrapassarem os obstáculos.”

E o Tomás Ribeiro do 9º E relata “ a experiência foi incrível. Os marinheiros acolheram-nos belissimamente. Como é óbvio, fomos para trabalhar. Cada um de nós tinha o seu turno (que os marinheiros designavam por quartos). Mal entrámos no mar, içámos uma vela em conjunto e depois começamos com os quartos. Eu integrei-me no terceiro quarto e trabalhei na vigia, onde era necessário verificar se existia algum objeto não detetado pelo radar. Também tive oportunidade de estar ao leme, onde se “conduzia” o navio e fui adjunto de oficial de quarto (que zela pelas condições de segurança da embarcação). Esta foi uma das melhores experiências da minha vida porque foi ativa e algo novo.” Também o Duarte Rodrigues do 9º E, afirma“ a experiência a bordo do Creoula foi uma lição de vida. Se pudesse, voltaria a repetir. Mal chegámos, achei o navio bastante pequeno para 90 pessoas mas, mal entrámos, tudo me pareceu diferente porque o espaço estava super bem organizado. Havia uma coberta para os rapazes e duas para raparigas com beliches e cacifos para todos, refeitório, cozinha, bar, balneários. No primeiro dia, foi difícil habituar-me devido aos balanços. No segundo dia, apanhámos uma tempestade, fiquei muito enjoado, o que foi desagradável. Mas a viagem teve aspetos muito positivos, aprendi bastante. Por exemplo, estive no leme, participei nas atividades de limpeza

do navio. Mas, para mim, o pior trabalho foi ter descascado batatas na cozinha.”

Quanto à Mariana Bispo (9ºE) “vivi uma experiência para a minha

vida!” e Rodrigo Ferreira(9ºE) “ foi muito divertido. Espero que

para o ano se repita, mas com uma viagem de sete dias”.

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UMA EXPERIÊNCIA NO MAR

A viagem que fizemos durante os dias 6, 7 e 8 de Maio, a bordo do

Creoula, vai ser uma experiência de que não nos vamos esquecer, não só pela quantidade de vezes que os nossos estômagos nos pregaram partidas, mas também pelas pessoas e pela viagem em si.

Inicialmente, a viagem realizar-se-ia até às Berlengas, mas como as condições meteorológicas não eram as melhores, o nosso comandante decidiu que iríamos para Sul e não para Norte.

O primeiro dia correu muito bem para todos nós, pois a agitação marítima não era muita, pelo que pudemos desfrutar do primeiro dia de viagem sem enjoos. Começámos logo por aprender os termos náuticos básicos, como por exemplo, cabos (em vez de cordas ou fios), guarnição (em vez de tripulação), instruendos (em vez de alunos), estibordo (em vez de

direita), bombordo (em vez de esquerda), cobertas (em vez de dormitórios) e a lista continua.

No segundo dia, chegámos até ao Cabo Espichel mas como o mar estava muito agitado, já houve enjoos, o “Gregório” bateu mesmo à porta (múltiplas vezes) e ao fim do dia, o comandante decidiu que íamos voltar para o rio Tejo, onde as águas eram calmas, de modo a passarmos melhor a noite.

O terceiro dia foi bastante calmo, com pouca ondulação e até com alguns raios de sol. Foi também o dia da despedida do mar, das pessoas e do navio.

Durante este fim de semana tivemos a oportunidade de experienciar a verdadeira "vida de marinheiro", desde velejar até estar de vigia ou na copa ou na cozinha, e até tivemos a oportunidade de saber o que era limpar uma casa de banho usada por cerca de 30 pessoas, em que o papel higiénico não podia ser colocado na sanita. Mas, apesar de tudo o que foi menos bom, tudo o que foi bom compensou, e todos nós voltaríamos a integrar-nos numa viagem a bordo do navio Creoula.

Carolina Santos, Diogo César, Fabiana Costa, Francisco Nogueira, Iara Dias e Margarida Garcia 11º B

DIÁRIO DE UMA INSTRUENTE

Na sexta-feira, dia 6 de maio, por volta das 14 horas, embarquei no navio Creoula.

No início, o navio pareceu-me pequeno mas mudei de ideias quando nos reunimos todos no refeitório para conhecermos alguns membros da guarnição, a linguagem a bordo e um documento com a indicação do nosso número a bordo e o nosso “quarto”. De seguida, dirigi-me à minha coberta (cada coberta com 20 camas, tipo beliche).

O meu primeiro quarto decorreu da meia-noite às quatro da manhã e fui colocada no leme e na vigia. No leme, tinha que manter o rumo a 175º e rodar para bombordo ou estibordo, consoante o necessário. Cada roda corresponde a 5 graus. Quanto à vigia, apenas verificava se navegavam outras embarcações na nossa direcção.

Sábado, dia 8 de maio

A vida a bordo tem horários muito rígidos: alvorada às 7horas, o pequeno-almoço entre as 7.30 e as 8.15. Por isso, ainda mal me tinha deitado após o quarto, levantei-me logo e fui comer. Durante a madrugada, um grupo fez pão simples e pão com chouriço. A cozinha nunca para. O almoço decorreu

entre as 11.15 e as 13 horas mas, devido à tempestade, fiquei enjoada e nem tive coragem para me levantar e ir comer. Entretanto, devido ao mau tempo, saímos da zona de Sesimbra e do cabo Espichel, passando a noite no Mar da Palha, já perto de Lisboa. Tudo acalmou. Durante a noite, resolvi ficar no exterior a ouvir música com os meus amigos e depois ir para o refeitório comer pão com chouriço.

Domingo, 9 de maio

O dia começou bem! Fomos divididos em grupos e às 8.30 começaram as limpezas a bordo. O pior de tudo foi limpar os amarelos, ou seja, limpar os objetos dourados do barco, deixando-os a brilhar. E assim, entre limpezas e arrumações, foi passando a

manhã até à hora do almoço.

Cerca das 14 horas chegámos à base naval do Alfeite. Antes de sairmos do navio, houve tempo para uma foto de grupo e o comandante entregou a todos um diploma.

Adorei esta experiência. Conheci gente e aprendi muitas coisas que no dia a dia não me são dadas a conhecer. Os marinheiros foram sempre muito simpáticos, divertidos e acolhedores.

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MAR

Acordar de madrugada

Com o cheiro a verão.

Andar pelo Paredão,

Tocar na areia molhada,

Sentir o cheiro a maresia

Como quem sente uma paixão.

Mas afinal o que é isso de mar?

O mar é um sorriso no rosto;

É um amigo sempre disposto;

Um refúgio de calma e alegria sem fim.

Com três letrinhas fazemos o Mar.

Mas como pode tão pequena palavra,

Tão diferentes sentimentos despertar?

Inês Mariano 7ºA

DOR

Deixaste-me cair,

Sem dó nem piedade.

Então e agora,

Onde procuro a felicidade?

As tuas agrestes palavras,

Atacam-me como espadas.

E nas minhas largas costas,

Estão inúmeras facadas.

Depois de tanto tempo,

Perante a madrugada.

Sinto uma dor,

Que por mim nunca foi pensada.

Negro como a noite,

Está o meu coração.

As coisas que fiz por ti,

Simplesmente foram em vão.

Sofia Castro 7ºA

A AMIZADE

Mas afinal o que é a amizade?

A amizade

É aquele sentimento

Que não escolhe idade.

É aquele sentimento

Que nos acolhe

No sofrimento.

São os muros

Por onde não passa

Desilusão ou tristeza.

É a consciência

Que não nos deixa

Seguir por maus caminhos,

Mesmo estando ela

Na carência.

A amizade

É um sentimento

Que devemos preservar

Para as guerras

Do coração terminar.

Afonso Valadares 7ºA

BLOCO ESPECIAL DE POESIA

Page 19: JORNALANDO - Ibn Mucana · 2020. 2. 6. · Fomos depois ao Museu Paula Rego onde se encontram obras espetaculares da pintora. Deparámo-nos com diversas camionetas de turistas, o

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O AMOR

O amor é um fogo ardente

Que se extingue em vão E quando vem Sentimos aquela sensação. O amor é um sentimento Difícil de descrever E, quando vem, Voam as pombas no meu viver.

Sentimos formigueiro na barriga Quando estamos ao lado dessa pessoa Bolas!! Ainda é mais constante Mas é uma sensação tão boa!

David Campos, 7ºE

O VERÃO

Chegam os dias longos, quentes…

Chegam dias de verão.

E nasce algo certamente,

Dentro do meu coração.

Um sentimento que desperta

De descanso ou felicidade,

Mas uma coisa é certa:

Esta é a realidade.

As ondas batem na areia,

Espalham o cheiro a maresia

De conchas a praia é cheia

Se não, verão não seria.

Apesar de maravilha,

A correr irá passar.

A comer gelado de baunilha

Tenho de o aproveitar!

Sofia Fonseca 7ºA

VIDA

A vida é um livro aberto…

Cheio de coisas a descobrir

Em que não podemos voltar atrás,

Só podemos em frente ir.

A vida é uma folha em branco

E somos nós que a vamos escrever,

Com histórias e aventuras

E a isso chama-se viver !

Na vida, temos sentimentos,

Como a tristeza e a alegria.

Não os conseguimos descrever

Mas eles fazem tanta magia!

A vida é assim …

Nós não a podemos mudar.

Temos de andar em frente

Temos de a aceitar!

Miguel Ramos, 7ºE