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PÁG 4 | POLÍTICA E SAÚDE Saúde suplementar: grupo de estudos reúne segmento para encontrar solução para problema que afeta prestadores e operadoras de planos. PÁG 5 | ENTREVISTA Eleições: principais candidatos ao Senado falam dos compromissos que pretendem assumir no Congresso Nacional. PÁG 7 | ARTIGO O advogado Fernando Mânica aborda neste artigo a importância de se levar a sério as entidades privadas prestadoras de serviços públicos. VOZ SAÚDE SETEMBRO/OUTUBRO 2010. N.57 HOSPITAIS HUMANITÁRIOS DO PARANÁ Sustentabilidade também na saúde PÁG 3

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Jornal bimestral da Federação das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Beneficentes do Estado do Paraná (Femipa)

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PÁG 4 | POLÍTICA E SAÚDESaúde suplementar: grupo de estudos reúne segmento para encontrar solução para problema que afeta prestadores e operadoras de planos.PÁG 5 | ENTREVISTAEleições: principais candidatos ao Senado falam dos compromissos que pretendem assumir no Congresso Nacional.PÁG 7 | ARTIGO O advogado Fernando Mânica aborda neste artigo a importância de se levar a sério as entidades privadas prestadoras de serviços públicos.

VOZ SAÚDES E T E M B R O / O U T U B R O 2 010 . N . 5 7

H O S P I TA I S H U M A N I T Á R I O S D O P A R A N Á

Sustentabilidade também na saúde

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2 FEMIPA

recente publicação do decreto que re-gulamentou a Lei da Filantropia trou-

xe importantes mudanças para nosso setor. É certo que algumas alterações dificultarão, inicialmente, a rotina dos hospitais, mas vale ressaltar que a Lei sancionada é fruto de um amplo debate da sociedade civil organizada e dos poderes Legislativo e Executivo, com participação ativa de representantes da CMB e das federações, incluindo a Femipa. A Lei se mostra uma evidente evolução da atual legislação imposta ao setor filantrópi-co por conferir maior clareza e organização aos conceitos e aos requisitos relacionados à certificação e à “isenção” das entidades be-neficentes de assistência social. É importante que os gestores das instituições busquem in-formações em fontes oficiais – Ministério da Saúde, Femipa, CMB – para se adequarem às novas exigências. Neste momento em que a legislação é regula-mentada, outros trabalhos avançam em dire-ção ao fortalecimento do setor. Questões como novas formas de remuneração da saúde suple-mentar, preocupação com a sustentabilidade e a segurança jurídica dos contratos firmados com os gestores públicos são cada vez mais presentes nas discussões do segmento e foco de atenção da Femipa. Nesta edição, preparamos reportagens que abordam alguns desses temas, pertinentes à realidade dos hospitais e que devem estar na pauta diária dos afiliados

Boa leitura.

A COMO A rEguLAMENtAçãO DA LEi DA FiLANtrOpiA

AFEtOu O hOSpitAL?

OPINIÃO

O Jornal VOZ Saúde é uma publicação bimestral da Federação das Santas Casas de Mise-

ricórdia e hospitais Beneficentes do Estado do paraná - FEMipA

Presidente | Maçazumi Furtado Niwa

Produção e redação | iNtErACt Comunicação Empresarial

www.interactcomunicacao.com.br

Jornalista responsável | Juliane Ferreira - Mtb 04881 Drt/pr

Projeto gráfico e diagramação | Brandesign - www.brandesignstudio.com.br

Os artigos assinados não representam necessariamente a opinião da Femipa.

Coordenadoria de ComunicaçãoArtemízia Martins (hospital Evangélico de Londrina)

Ety Cristina Forte Carneiro (hospital pequeno príncipe)

Scheila Mainardes (Santa Casa de Misericórdia de ponta grossa)

rua padre Anchieta, 1691 - sala 505 - Champagnat

Cep 80.730-000 - Curitiba - paraná

Fone: |41| 3027.5036 - Fax: |41| 3027.5684

www.femipa.org.br | [email protected]

“Após a controvérsia envolvendo as últimas renovações de certificados e a incerteza para as entidades que protocolaram o processo de renovação no exercício 2009, quanto a de qual órgão seria a competência para protocolar tal renovação, bem como os conflitos de atividades das entidades entre Saúde e Assistência Social, o Decreto vem proporcionar maior clareza ao processo de renovação dos certificados, o que é essencial para o funcio-namento das entidades. Entretanto, essa clareza não se reflete em tranquilidade para as en-tidades. isso se deve pela grande quantidade de documentos, dos quais muitos são emitidos pelos gestores locais, transferindo uma total dependência das entidades para com o gestor na elaboração do processo de renovação do certificado.

Vale ressaltar que, como ponto positivo, os atendimentos ambulatoriais passarão a ser va-lorados e atribuídos ao cálculo do paciente-dia, e de grande relevância o paciente-dia de unidade de tratamento intensivo que terá uma maior valoração.

Dessa forma, se torna indispensável para as entidades a profissionalização e o aprimora-mento da gestão de controles internos e contábeis para cumprir as exigências legais e con-tinuar com o indispensável trabalho em favor da população tão carente pelo atendimento à Saúde.”

“Como já havíamos protocolizado o pedido de renovação do Certificado de Filantropia antes de dezembro 2009, a regulamentação da nova Lei se tornou mais fácil de ser administrada pela instituição. temos até 2011 para solicitarmos um novo pedido desse documento.

O hospital Evangélico de Londrina é referenciado para o atendimento ao convênio SuS, ou seja, os pacientes são encaminhados apenas via SiAtE e SAMu, regulados pela Central de Leitos. Desta forma, não atendemos a procura direta e dependemos exclusivamente da administração adequada do Município por meio deste encaminhamento, já que a oferta da prestação de serviços (de, no mínimo, 60% direcionados ao Sistema Único de Saúde) é garantida pelo hospital, conforme a Lei.”

Edmarcio do LagoGerente de Controladoria da Santa Casa de Maringá

Lincoln MagalhãesAssessor jurídico do Hospital Evangélico de Londrina

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edidas socioambientais chegaram para ficar nos hospitais. Bons exemplos não faltam. Em Curitiba, o hospital Nos-

sa Senhora das graças incluiu no planejamento estratégico ações que visam economia financeira e redução do impacto ambiental. telhas 100% recicladas, feitas de tubos de creme dental, foram ins-taladas na cobertura da instituição. “O processo de transformação dos tubos não utiliza nenhum produto químico para aglutinar o material e o resultado é um produto semelhante às telhas de ci-mento”, explica a gerente de engenharia do hNSg, Simone Nunes. Segundo a gerente, com essa iniciativa pode-se reduzir em até 40% a temperatura, evitar a propagação de chamas e abafar barulhos externos. Outra ação foi a implantação do projeto Eficientização Energética, em parceria com a Copel, que pretende reduzir o con-sumo de energia elétrica. “Estamos orientando os funcionários so-bre a economia de energia elétrica ao trocar as lâmpadas e equipa-mentos por novos com selo procel – que indica os produtos com melhores níveis de eficiência energética”, ressalta Simone. Segun-do a gerente de engenharia, o investimento permite uma economia de mais de 5% ao mês no consumo de energia elétrica, apresenta maior luminosidade nos ambientes e reduz o impacto ambiental gerado pela emissão de gases poluentes dos aparelhos de refrige-ração antigos na atmosfera. A implantação do projeto exigiu um estudo de amostragem e cálculos quanto ao desempenho de equi-pamentos e luminárias.

EnErgia limpa

Em Maringá, a Santa Casa investiu recentemente em um novo sistema de aquecimento solar para a água. Segundo o enge-nheiro eletricista e de telecomunicações, Maicon Cremonesi, res-ponsável pela implantação do projeto, o sistema possui um software que avalia, configura e armazena dados de temperatura, umidade e pressão. Com a mudança, cerca de 80% do aquecimento da água

na Santa Casa passou a ser solar. A energia elé-trica é ativada apenas em última instân-

cia. “Não existe nada mais seguro e moderno que esse sistema”, afirma

Cremonesi. Já o hospital Erasto gar-tner, em Curitiba, foi a primeira instituição filantrópica na Amé-rica Latina a utilizar a tecnolo-gia de alta eficiência da célula a combustível, uma unidade de

geração de energia elétrica produzida, nesse caso, a partir de gás natural. Com esse método a emissão de poluentes é reduzida e o calor produzido é empregado para esquentar a água utilizada no hospital. Outra característica importante é que se trata de um pro-cesso silencioso, para o hospital um grande diferencial. Antes da implantação da célula a combustível eram utili-zadas apenas caldeiras a óleo de xisto para aquecer a água, o que gerava um gasto de r$ 14 mil a cada 35 dias. Agora o período de abastecimento aumentou para 70 dias, significando uma economia de r$ 80 mil somente no ano passado. De acordo com a gerente de engenharia do hospital, Elaine Signoretti, cerca de 95% da água quente da instituição é fornecida pela célula a combustível. “A célula libera apenas vapor d’água. Com isso, conseguimos uma energia limpa e ainda economiza-mos”, destaca. A unidade instalada no Erasto gaertner converte o gás natural em hidrogênio, gerando 200 kW 24 horas por dia, o que significa metade da necessidade atual da instituição. A cé-lula foi ativada no hospital em 2007 e entrou em funcionamento no início de 2008. O instituto de pesquisa e Desenvolvimento do paraná (LACtEC) é o responsável pela manutenção da unidade no hospital.

mais do quE mEio ambiEntE

para o stakeholder da gri (global reporting iniciative) e assessor hospitalar da pró-Saúde, rodrigo henriques, poucos hos-pitais trabalham realmente com foco na sustentabilidade, já que, segundo ele, esse conceito deve envolver, além dos impactos am-bientais, os econômicos e sociais. A gri usa diretrizes internacio-nais de sustentabilidade: governança Corporativa, transparência, engajamento dos stakeholders e monitoramento e gestão da parte econômica (desempenho econômico, presença no mercado, im-pactos econômicos diretos), ambiental (materiais, energia, água, biodiversidade, emissões, efluentes, resíduos, produtos e serviços, conformidade, transporte, geral) e social (práticas trabalhistas, di-reitos humanos, sociedade, responsabilidade pelo serviço).

hospitais filantrópicos investem em mudanças na infra-estrutura para garantir economia financeira e menor impacto ambiental

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POLÍTICA E SAÚDE

Sustentabilidade também na saúdeCom implantação da célula a combustível,

Erasto Gartner passou a contar com fonte de

energia limpa e registrou uma economia de

R$ 80 mil somente no ano passado

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POLÍTICA E SAÚDE

esde janeiro de 2010, a Agência Nacional de Saúde Suple-mentar (ANS) vem promovendo uma série de reuniões com

um grupo de trabalho para tratar da remuneração dos hospitais. uma das decisões recentes desse grupo foi a criação, dentro da estrutura do Conselho Nacional de Saúde (CNS), do depar-tamento de Saúde Suplementar, que passa a ser integrado por representantes regionais. O objetivo é estudar o assunto, coletar subsídios e observar as particularidades da estrutura dos servi-ços para discutir os anseios do segmento.

De acordo com uma carta de intenções divulgada pela ANS, a ideia é de que haja nos contratos cláusulas assegurando crité-rios de reajuste para a rede contratada de serviços. “Atualmente, os preços dos serviços hospitalares estão, em grande parte, dis-sociados dos custos de sua prestação. isso porque, ao longo das duas últimas décadas vem ocorrendo uma contenção dos valo-res das diárias e de diversas taxas de serviços hospitalares. Ao mesmo tempo, houve aumento significativo das despesas com insumos (materiais, medicamentos, órteses, próteses e materiais especiais - OpME), onde está concentrada a principal parcela das margens dos hospitais. Esse grupo de trabalho surge, por-tanto, para desenvolver novas sistemáticas que remunerem os hospitais adequadamente pelos serviços prestados, tornando es-

ses a sua fonte de receita primária. Em consequên-

cia, os benefici-ários terão maior poder de escolha com base em pa-drões e na quali-dade dos serviços prestados”, diz o

documento da Agência. De acordo com o presidente da Associação dos hospitais do

paraná (AhOpAr), Benno Kreisel, e representante da região Sul no grupo de trabalho da ANS, há boas experiências em análise, assim como uma tendência de observância dos protocolos. “A etapa inicial do trabalho visa conceituar cada item que compõe os procedimentos, havendo perspectiva de evolução para paga-mentos em pacotes, de forma global”, afirma Kreisel. Ele aler-ta para que os hospitais estruturem planilhas de custo, façam a composição de preço dos seus serviços e iniciem processos de certificação de qualidade. “É preciso ter informação do seu negócio para poder negociar com as operadoras”, defende. O próximo encontro do grupo de trabalho deve ser realizado em outubro.

Além de representantes da ANS e do CNS, integram o grupo de trabalho a Associação Brasileira de Medicina de grupo (Abram-ge), a Associação Nacional dos hospitais privados (ANAhp), a Confederação das Santas Casas de Misericórdia, hospitais e En-tidades Filantrópicas (CMB), a Federação Brasileira de hospitais (FBh), a Federação Nacional de Saúde Suplementar (FENASAÚ-DE), a união Nacional das instituições de Autogestão em Saúde (uNiDAS) e a unimed do Brasil.

Saúde suplementar: nova forma de remuneraçãoHospitais devem estar atentos para planilhas de custo, composição de preço dos seus serviços e a necessidade de iniciar processo de certificação de qualidade

grupo de estudos reúne segmento para encontrar solução para problema que afeta prestadores e operadoras de planos

banco dE dados

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) lançou, em parceria com a ANS, um banco de dados inédito com os preços dos produtos para a saúde, comercializados no país. O objetivo é dimi-nuir a assimetria de informações disponíveis nessa área. Além de dados de registro, será possível saber preços praticados no Brasil, no local de fabricação do produto e em mais dez países: Alemanha, Austrália, Canadá, Espanha, EuA, França, itália, Japão, portugal, e reino unido.

Cateteres, marcapassos e válvulas cardíacas são alguns dos produ-tos disponibilizados nessa primeira etapa do projeto. O intuito é que o banco seja atualizado constantemente e inclua outras seis áreas de produtos: ortopedia, análises clínicas, terapia renal substitutiva, oftalmologia, otorrinolaringologia e hemoterapia. A ANS irá repas-sar as informações para as operadoras de planos de saúde, evitando assim aquisições com preços superiores aos praticados no mercado.

Saiba mais em: www.ans.gov.br

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ENTREVISTA

VoZ saÚdE: A regulamentação da Emenda 29 se faz urgente para a Saúde. Como pretende trabalhar no Senado para que isso ocorra e qual o seu com-promisso com o cumprimento da EC no Estado?

GUSTAVO FRUET

“Com o mesmo esforço que já empe-nhei na Câmara, como deputado federal, para que esse tema se resolva. Nos últimos meses, como líder da minoria na Câmara, atuei pela regulamentação recorrendo a um instrumento regimental que é a obstru-ção das votações, como forma de forçar a votação do tema. Mas, com ampla maioria na casa, o governo não permitiu a inclusão da regulamentação na pauta. É provável que o assunto não seja mais votado este ano, ficando para a próxima legislatura. Meu compromisso, reiterado ao longo da campanha, especialmente com os municí-pios, é atuar para agilizar a regulamenta-ção. Quanto ao cumprimento da emenda no Estado, naturalmente caberá ao próxi-

mo governo. O candidato que apoio, Beto richa, assumiu o compromisso de aplicar na saúde os percentuais previstos em lei, sem desvios. A um senador cabe fiscalizar e cobrar para que isso ocorra.”

RICARDO BARROS

“Sou completamente favorável a regula-mentação da Emenda 29 sem a volta da CpMF, rebatizada de CSS. temos que des-tinar mais recursos para o setor de saúde e acabar com essa interpretação de diversos governos, inclusive o paranaense, de que gastos em saneamento são investimentos em saúde. requião que é candidato ao Se-nado sempre defendeu que os gastos em saneamento fossem computados como saúde, logo e por coerência entende-se que ele será contra a regulamentação da Emen-da 29.

Com a regulamentação e a definição dos percentuais mínimos de aplicação o paraná vai receber mais r$ 300 milhões por ano para a área. Como deputado federal tenho trabalhado pela regulamentação da emen-

da, que aguarda a segunda votação na câ-mara. E como Senador o trabalho não será diferente.”

ROBERTO REQUIÃO

“A regulamentação da Emenda Consti-tucional 29 é um dos principais nós que devem ser desatados na saúde pública. Mas para isso, antes se torna um dever conso-lidar este processo. É inaceitável que esta proposta tramite durante tantos anos no legislativo federal e ainda não tenha uma resolução. O mais próximo que chegamos desta regulamentação foi a votação da CSS, mas que acabou sendo rejeitada.

portanto, agrupar forças e tornar a regu-lamentação uma das prioridades do legis-lativo e do governo Federal é imprescindí-vel para resolvermos este impasse e a partir deste momento planejar novas ações para fortalecer ainda mais o Sistema Único de Saúde. Vale lembrar que o paraná é um dos estados pioneiros na luta pela regulamen-tação da emenda.”

Gustavo Fruet (Coligação Novo Paraná)Vereador em Curitiba, em 1996. Elegeu-se deputado federal por três mandatos.

Ricardo Barros (Coligação Novo Paraná)Quatro vezes eleito deputado federal, foi prefeito de Maringá de 1989 a 2003.

Roberto Requião (Coligação A união faz um novo amanhã)Foi deputado estadual (1983-85), prefeito de Curitiba (1986-89), secretário do De-senvolvimento Urbano do Estado do Paraná (1989-90), senador (1995-2002) e três vezes governador do Paraná.

O Jornal VOZ SAÚDE concedeu aos candidatos um prazo para envio das respostas. Entretanto, até o fechamento da edição a candidata Gleisi Hoffmann não encaminhou o material à redação. No site www.femipa.org.br, você pode ler a íntegra das entrevistas.

Nesta edição, você acompanha entrevista com os principais candidatos ao Senado.

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ENTREVISTA

VoZ saÚdE: De que forma irá atuar para que o Estado e os municípios te-nham acesso a mais recursos federais para a melhoria dos serviços públicos de saúde?

GUSTAVO FRUET

“um dos caminhos ao alcance de um parlamentar é a apresentação de emendas orçamentárias. A saúde sempre foi uma das minhas prioridades na definição de emendas. Nos últimos anos, destinei mais de r$ 6,6 milhões para esta área, assegu-rando recursos para hospitais, unidades de saúde, compra de equipamentos e medi-camentos e implantação ou ampliação de postos de saúde em muitos municípios. Mas as emendas são apenas uma forma de socorrer, especialmente, municípios sufo-cados por um sistema federalista que lhes atribui muitas responsabilidades, sem os recursos correspondentes. Meu compro-misso é trabalhar para romper com esta lógica de dependência dos municípios em relação ao governo central, que obriga os prefeitos a seguidas romarias a Brasí-lia para garantir recursos. É preciso fazer, finalmente, uma reforma tributária que distribua melhor os impostos e assegure fontes de recursos permanentes e estáveis para a execução das políticas dos Estados e principalmente dos municípios.”

RICARDO BARROS

“Sou especialista em orçamento público. Fui o deputado federal que mais trouxe verbas federais para o paraná. Obras e in-vestimentos em mais de 240 municípios. Maringá, uma das cidades que represento, foi o município que mais recebeu verbas federais por habitante no país. Vou ga-rantir ainda mais verbas para a Saúde. No Senado, vou trabalhar pelo fortalecimento dos hospitais regionais. Colocar em pleno funcionamento os que já existem e cons-

truir hospitais menores, bem equipados e com funcionários para atender em média 10 ou 12 cidades. Acabar com essa pere-grinação diária de milhares de pessoas à Curitiba. Os paranaenses estão cansados de viajar longas distâncias de ônibus, vans e ambulâncias. temos que levar a saúde mais perto da casa das pessoas.”

ROBERTO REQUIÃO

“A regulamentação da Emenda 29 é uma das formas mais eficientes e rápidas que o legislativo federal tem para ampliar os recursos da saúde pública de todo o país. Com a regulamentação e a definição des-tes recursos é possível ampliar os investi-mentos no setor. Além disso, uma bancada forte e atuante no Senado alinhada com os interesses do paraná e seus municípios, bem como com o próprio governo Fede-ral, é imprescindível para ampliação dos recursos. Com a gestão plena em saúde de diversos municípios, precisamos fortalecer as prefeituras também, assim como os re-cursos no governo do Estado.

Apresentar projetos concretos, com jus-tificativas técnicas, é essencial para ter credibilidade, além é claro, de capacidade de articulação política. tanto é que na área da saúde o paraná que recebia cerca de r$ 1 bilhão do governo Federal em 2002 pas-sou a receber cerca de r$ 2,4 bilhões em 2009.”

VoZ saÚdE: Mudanças recentes na legislação, como a que alterou as re-gras do DPVAT, afetam diretamente os hospitais filantrópicos e prejudicam a população. Não seria preciso um de-bate maior para evitar que Medidas Provisórias como essa causem ainda mais prejuízo a quem presta serviço ao cidadão?

GUSTAVO FRUET

“Sem dúvida. Como deputado federal, votei contra a Medida provisória que proi-biu hospitais filantrópicos de receberem reembolso do DpVAt pelo tratamento de acidentados de trânsito em caráter parti-cular. Foi uma medida imposta sem debate prévio e que ilustra a banalização do uso de Medidas provisórias no atual governo. O governo tem lançado mão desse instru-mento sem atender às exigências consti-tucionais de urgência e relevância, num desrespeito ao Congresso Nacional, cuja pauta fica quase permanentemente tran-cada por Mps.”

RICARDO BARROS

“Sem dúvida. O subfinanciamento do SuS já é um problema crônico que de fato foi agravado com essa medida. A solução disso passa pela regulamentação da Emen-da 29. precisamos garantir mais recursos para o sistema de saúde seja federal, esta-dual ou municipal. “

ROBERTO REQUIÃO

“todas as decisões políticas que inter-firam diretamente em assuntos essenciais da vida de qualquer cidadão devem pas-sar por uma discussão. A importância dos hospitais filantrópicos no sistema de saú-de pública do paraná, e claro, do Brasil, é imensa. tanto assim é que enquanto fui governador do Estado decidi que deverí-amos adotar como parceiros preferenciais na saúde os hospitais públicos e filantró-picos. Nossos programas para repasse de verbas com o objetivo de fortalecer a saú-de no interior, bem como de equipamentos e outras ações estratégicas, passaram ne-cessariamente por hospitais filantrópicos. Discutir o impacto das ações em cada uma das esferas e entes envolvidos é dever de qualquer gestor ou parlamentar.”

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ARTIGO

prestação de serviços públicos de saúde passa por um pro-cesso de crise e reformulação no mundo todo. Os Estados es-

trangeiros que levam a sério o sistema público de saúde possuem certos traços comuns, dentre os quais podem ser ressaltados

a tendência à universalização do acesso, a delimitação dos serviços prestados e a possibilidade de contratualização e negociação com presta-

dores públicos e privados. Ao contrário do que muitos imaginam, em Estados como a França, a Alemanha e a inglaterra, a prestação dos serviços de saúde garantidos pelo Estado é em grande medida realizada por entidades privadas, devidamente remuneradas e su-jeitas ao controle estatal.

É importante ter claro que defender o direito constitucional à saúde não implica em defender a estatização e, tampouco, em defender a privatização dos serviços; implica em defender meca-nismos que privilegiem melhores modelos para sua efetivação. A de-fesa do direito à saúde corresponde à defesa da prestação efetiva dos serviços públicos a todos que deles ne-cessitem, por entidades públicas ou privadas vinculadas ao Estado por meio de contratos formalmente ajusta-dos, com garantias ao Estado contratante e à entidade (pública ou privada) contratada.

Essa compreensão demanda seja o setor de saúde no Brasil visu-alizado em seu conjunto, não apenas por um olhar focado nos ser-viços prestados pelo “subsistema público de saúde” (SuS) e muito menos na prestação de serviços de saúde por entidades de natu-reza estatal. A regulamentação do SuS, à luz da complementari-dade da participação privada, deve inserir-se no comportamento administrativo contemporâneo de um Estado que não mais ocupa o centro das relações sociais, mas coordena iniciativas diversas, com responsabilidade estatal pela garantia da prestação serviços de saúde (que têm constitucionalmente assegurada sua qualifica-ção como serviços públicos) e não por sua prestação direta.

A participação do setor privado na prestação de serviços públi-cos de saúde deve ocorrer por meio de contratos de prestação de serviços (para serviços internos a uma unidade pública) ou por meio de contratos de concessão, concessão administrativa e con-tratos de gestão (para os casos de contratualização externa ou de transferência da gestão de toda uma unidade pública).

Em todos os casos, o vínculo a ser firmado com o ente privado implica a necessária manutenção do que em Direito se conhece por equilíbrio econômico-financeiro dos contratos, nos termos do artigo 37, inciso XXi da Constituição Federal, e da própria Lei Orgânica da Saúde, o que resulta no reconhecimento do direito dos prestadores privados à manutenção e eventual recomposição pela insuficiente remuneração paga pelo Estado, nos termos das tabelas de procedimentos do SuS.

Vínculos seguros, fis-calização séria e paga-mento em valores ade-quados são requisitos indispensáveis ao fun-cionamento do sistema público de saúde bra-sileiro. Se uma conces-sionária de serviços de conservação de estradas

tem direito (legítimo) de receber valores compatíveis com seus custos, como admitir que a maioria das unidades de saúde, como Santas Casas e hospitais Beneficentes, permaneçam sob o regime precário dos vínculos hoje existentes e sejam submetidas à remu-neração pautada pelas sempre defasadas tabelas SuS?

O Brasil aplica pouco e aplica mal em saúde. É hora da socieda-de civil e das entidades privadas prestadoras de serviços no âmbi-to do SuS fazerem valer a Constituição, com a responsabilização do Estado pelo adequado tratamento e remuneração (inclusive retroativa) dos serviços de saúde prestados ao SuS.

Levando a sério entidades privadas prestadoras de serviços públicos Em Estados como a França, a Alemanha e a Inglaterra, a

prestação dos serviços de saúde garantidos pelo Estado

é em grande medida realizada por entidades privadas

Defender o direito constitucional à saúde não implica em defender a estatização e a privatização dos serviços; implica em defender mecanismos que privilegiem melhores modelos

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Fernando borges mânica, Advogado inscrito na OAB/PR (29.173), é doutor em Direito pela Universidade de São Paulo (USP) e autor do livro

“O Setor Privado nos Serviços Públicos de Saúde” (2010). www.fernandomanica.com.br

Onde encontrar o livro: www.editoraforum.com.br

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HOSPITAIS EM AÇÃO AGENDA

HSC inaugura nova ala particular

AEBEL incentiva uso consciente do jaleco

15/10

II Encontro Sobre Cuidados Paleativos

localCine Teatro Ópera - Rua XV de Novem-bro, 255 Centro - Ponta Grossa - PRinscrições Até 05/10/2010 pelo sitewww.scmpg.org.brinvestimento1 lata de leite em póinformações (42) 3026.8006 / 3026.5405

22/10

3° Seminário Femipa

Serão debatidos temas como marketing de Relacionamento, gerenciamento de riscos, modelos de gestão e captação de recursos. localHotel Deville Curitiba - Rua Comenda-dor Araújo, 99 - Curitiba - PR informações(41) 3027.5036inscrições Até 20 de outubroVagas limitadasprogramawww.femipa.org.br investimentoHospitais afiliados com mensalidade em dia - R$ 140,00Hospitais afiliados com mensalidade em atraso - R$ 160,00Demais hospitais - R$ 220,00Estudantes - R$ 100,00

O hospital Santa Casa, em Campo Mourão, inaugurou no fim de setembro a nova ala particular, que vai ampliar a oferta de leitos para o setor em 125%. A nova ala, além de oferecer uma opção para tratamento médico-hospitalar, com qualidade e especializações aos que podem pagar ou têm planos de saúde, reduz a dependência de centros maiores e constitui fonte de receita sustentável para manutenção do atendimento aos mais necessitados.Com a inauguração da nova ala particular e da nova maternidade a instituição passa a contar com 144 leitos. Já está em fase de estudos a construção de uma nova ala que elevará o número de leitos para 160, meta projetada para ser atingida em 2012.

Desde junho de 2010, a Associação Evangélica Beneficente de Londrina (AE-BEL) tem realizado campanhas pelo “uso consciente do jaleco (e outros equipa-mentos e uniformes)”, alertando seus colaboradores sobre a importância desse

compromisso com a comunidade para promover saúde e prevenir riscos às doenças, além de cumprir com a norma Nr32. Mantenedora das instituições hospital Evan-gélico de Londrina, hospitalar plano de Saúde, Ambulatório Alto da Colina, Saúde em Casa - serviço de atenção domiciliar, proced Labora-tório de Análises Clínicas e Cemitério parque das Oliveiras, a AEBEL possui mais de 1.350 colaboradores ativos, dos quais 99% atuam no segmento da saúde. As campanhas de sensibili-zação têm sido realizadas com o auxílio de car-tazes educativos, materiais que ensinam como retirar corretamente o jaleco, e por meio de vi-sita das equipes.

A N U N C I E 41 3027 5036