jornal triângulo 193

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S. JULIÃO DO TOJAL Vitor Torres, o “piloto de Loures” não faltou ao Ralli de Portugal Pág.10 ERICEIRA Associação cívica apresentou petição para o controle das agências de “rating” Pág.15 ALVERCA 3.200 assinaturas contestam pedreira de Arcena Pág.21 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA • ANO VII • QUINZENÁRIO • Nº 193 • 30 MARÇO 2011 • DIRECTOR: CARLOS CARDOSO jornal regional Triângulo Amadora Loures Mafra Odivelas Vila Franca de Xira ASSOCIAÇÃO DOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DA AMADORA Reforço financeiro permitiria melhorar serviços prestados Pág.5 2011: Ano Europeu do Voluntariado Tempos livres dedicados aos “velhos” Págs.12/13 Energia solar serve para iluminar passadeiras Alunos da Escola Secundária de Odivelas criam projecto inovador na área da prevenção rodoviária, despertando o interesse de empresa internacional

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Jornal Triângulo 193

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Page 1: Jornal Triângulo 193

S. JULIÃO DO TOJAL

Vitor Torres, o “piloto de Loures”não faltou ao Ralli de Portugal

Pág.10

ERICEIRA

Associação cívica apresentoupetição para o controle das agências de “rating”

Pág.15

ALVERCA

3.200 assinaturas contestampedreira de Arcena

Pág.21

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA • ANO VII • QUINZENÁRIO • Nº 193 • 30 MARÇO 2011 • DIRECTOR: CARLOS CARDOSO

jornal regional

TriânguloAmadora Loures Mafra Odivelas Vila Franca de Xira

ASSOCIAÇÃO DOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DA AMADORA

Reforço financeiro permitiriamelhorar serviços prestados

Pág.5

2011: Ano Europeu do Voluntariado

Tempos livresdedicados aos “velhos”

Págs.12/13

Energia solarserve para iluminar

passadeirasAlunos da Escola Secundária de Odivelas criam projecto inovador na área da prevenção rodoviária, despertando o interesse de empresa internacional

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2 | 30 MARÇO 2011 | JORNAL REGIONAL TRIÂNGULO

A tribo dos Arhuacos, do norte da Colômbia, mantém uma tradição herdada dos seus an-tepassados mais remotos, que consiste em efectuar peregri-nações entre a costa e a Sierra Nevada, no interior, fazendo oferendas à Mãe Natureza, quer no mar, quer na montanha, con-stituídas por espécimes vegetais das duas regiões, que transpor-tam de uma para a outra.E pedem o quê?Imagine-se: o equilíbrio do uni-verso e da natureza, a união dos homens, a solidariedade entre eles e a paz.Intitulam-se a si próprios os Irmãos Mais Velhos e pedem a intercessão da Mãe Natureza para os Irmãos Mais Novos, que somos todos nós, os restantes humanos.Mas, isto acontece numa zona onde se desenrola uma guerra sem quartel, envolvendo exér-cito colombiano, guerrilhas, milícias privadas e produtores/traficantes de droga.Todos os anos morrem alguns destes Arhuacos às mãos, quer de uns, quer de outros, nome-adamente durante as peregrina-ções, que já se transformaram numa autêntica odisseia do rato contra o gato para se completa-rem, ao longo dos muitos kms do seu percurso.Mas não param, não desistem. Todos os anos novos membros substituem os mortos ou impos-sibilitados. Pois se, ao longo dos séculos, nem os espanhóis, nem os missionários e a Igreja, nem o estado, os conseguiram demover desta tradição! Não sou capaz de conceber maior prova de amor e de heroísmo pela humanidade.Certamente muitos acharão isto boçalmente pueril e anacrónico, nomeadamente na presente actualidade.E dirão que é um exemplo acabado de práticas que não servem para nada, senão para iludir as causas dos males da humanidade, e o seu trata-mento, que só servem para enganar as pessoas e fomentar superstições.E meterão isto na mesma prateleira da prática da frater-nidade, da solidariedade, do

socorro ao próximo carente.Vem tudo a propósito do que tenho visto e lido, recente-mente, sobre os diversos incre-mentos de actos, organizações e pessoas que se dedicam ao voluntariado, nomeadamente em Odivelas, e a que o “Triân-gulo”, em boa hora, tem dedi-cado reportagens regulares, exaltando esse trabalho nos vários concelhos.É que estamos no Ano Europeu do Voluntariado. Mas há quem persista em não aceitar a realidade, a pretexto de que se está a mascarar essa realidade e a afastar-nos do que verdadeiramente interessaria, que é ir às razões de fundo que causam as necessidades de tantos, a pobreza e a exclusão social.Desculpem a crueza da ex-posição, mas é como dizer a alguém que nos pede ajuda para comer, que lute pelos seus direitos e não lhe dar nada. Ao menos para que tenha força para lutar.A solidariedade não é um meio para mudar o mundo, ideo-logicamente falando, é ver-dade, nem está ao serviço de estratégias mundanas, mas é a definição, no momento presente, daquele Amor de que o ser humano sempre tem necessidade.A humanização do mundo não pode ser promovida renunci-ando, agora, a comportar-se de modo humano. Só se contribui para um mundo melhor, trabal-hando para o bem, já, onde for possível, com ou sem invólucros partidários. De facto, a dignidade da pessoa

humana, e a igualdade de direi-tos e de oportunidades, impõe que nos envolvamos com todas as nossas forças em mudar as sociedades, para haver mais justiça, liberdade, igualdade e condições de vida dignas para todos.Caminhantes de um mesmo caminho que não queremos que um percorra de pé e outro de gatas.E quanto a isso, parece que estamos todos de acordo. São ideias e ideais nobres.O problema é que o que vem separando os homens não são as ideias, são os interesses, que desequilibram tudo. Enquanto os homens, seguindo a indicação do seu coração e da identidade que resulta de sermos todos iguais, tendem a formar famílias, grupos e sociedades justos e equitativos, o interesse provoca desordem nesses mesmos entes.Não existe nenhuma sociedade em que o interesse não pro-vocasse estas desordens, seja o interesse de indivíduos, de grupos, de nações, de estado, de classes. Basta consultar a história.Muito boa gente, ao longo dos tempos, e hoje, nós, in-dividualmente, ou em grupo, certamente temos uma visão e uma doutrina para sobrepor os ideais justos aos interesses.Uns têm-se saído melhor, out-ros pior.Mas este é um trabalho continu-ado, começou nos primórdios da humanidade e ainda segue o seu caminho.Agora, não temos é o direito de seguir tranquilamente a nossa rota, por mais virtuosa que seja, esquecendo-nos de parar junto de tantas pessoas necessitadas, espoliadas, quase mortas, á beira desse caminho.Não temos o direito de passar ao largo, muito satisfeitos do alto das nossas convicções, com o mero pretexto ou pensamento de que estamos a fazer os pos-síveis, com o nosso voto, com a nossa participação cívica ou política para que não haja pes-soas naquela situação.A dignidade da pessoa humana,

o sentimento de justiça, o respeito devido ao trabalho, o desejo de uma repartição cada vez mais equitativa dos frutos desse trabalho, o bem-estar devido a todos os homens, o desejo de paz entre as pessoas e entre as nações, começa na berma daquela estrada.Não seríamos verdadeiros seres humanos se não lutássemos resolutamente pela eliminação da miséria, se não atacássemos as suas causas, mas, ao mesmo tempo, o mesmo sentimento que nos leva a isso, impõe-nos uma actividade social de ajuda para atender as misérias dos nossos semelhantes, sejam de que índole forem.Aliás, foi assim que começaram todos os movimentos de mas-sas populares que levaram a organizações e práticas mais democráticas, bem como a par-tidos imbuídos desse espírito.Só para falar de Portugal, mas foi assim em todo o lado, veja-se como nasceram as organizações operárias e de trabalhadores em geral.Em 1853 é criado o Centro Pro-motor de Melhoramentos das Classes Laboriosas, a primeira organização de trabalhadores em Portugal.Além da intenção de despertar as consciências cívicas dos trabalhadores portugueses, constituíram-se com mecanis-mos de socorros mútuos e

nunca perderam esta vertente na sua evolução, que levou, por um lado, à criação de partidos de trabalhadores, e por outro de sindicatos.Excertos dos Estatutos deste Centro: “...organizar presépios e asilos para os inválidos, esta-belecer depósitos e bazares...”.1863 – “ Criação de um albergue para os inválidos do trabalho”.1865 – “Resolução da questão alimentícia e de criação de creches”.Neste Centro estavam aqueles que podemos considerar os 1ºs socialistas portugueses e out-ros elementos de vanguarda: Sousa Brandão, Silva Júnior e, mais tarde, Azedo Gneco, José Fontana e outros.Como disse, apesar da evolução para partidos e sindicatos, nun-ca se perderam estes espírito e prática de ajuda ao próximo: constituição de fundos para grevistas, ajuda aos desem-pregados e suas famílias, etc., já dentro do século XX.E, se pensarmos nas religiões, todas têm instituições de ajuda e assistência social, nas mais variadas formas, a maior parte das vezes em paralelo e até em mais larga escala que os estados. Pelo menos é o que conhecemos das religiões cristã e muçulmana.Enfim, requer-se esforço e rec-tidão de intenção para superar os enganos da demagogia. É

difícil evitar, nestas matérias, a petulância, o juízo precipitado, os dogmatismos cegos.É preciso procurar a verdade com valentia e humildade, sem nos deixar levar por ati-tudes mais ou menos cépticas e mostrar aos outros a maravilha do encontro com essa mesma verdade que nos faz livres.Nem sempre são agradáveis as descobertas do entendimento - algumas verdades são duras: regimes feitos para libertar o homem, os trabalhadores, acabaram por os oprimir e criaram a desilusão, o desânimo e o cepticismo em muitos.Mas hoje, pelo menos, temos a experiência e o conhecimento do passado para se não com-eterem os mesmos erros, não se caírem nos mesmos enganos. Ó nobres e valentes Arhuacos, lembrai-vos, nas vossas invoca-ções, deste pobre país e destas terras das oportunidades, onde é suposto ser bom viver, e provi-denciai com a Mãe Natureza que nunca nos faltem voluntários que, com Amor, se entreguem a quem precisa.

João CarvalhoJurista

Ex-Membro da Assembleia Municipal de Odivelas

A SOLIDARIEDADE É UM BEM, NÃO É UMA MÁSCARA

Ano Europeu do Voluntariado“A solidariedade é o sentimento que melhor expressa o respeito pela dignidade humana.”

(Franz Kafka)

OPINIÃO

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JORNAL REGIONAL TRIÂNGULO | 30 MARÇO 2011 | 3

Verdades inconvenientes

Aqui o Melga sabe que a última edição deixou muita gente à beira de um ataque de nervos. Principalmente lá para os lados de Bucelas onde as comemorações do centenário da região demarcada do vinho foram um “bluff”. A Emília Figueiredo foi aos arames “estes tipos sabem tudo”, terá exclamado. Em Bucelas, os jornais desapareceram num instante, de forma algo estranha. de tal forma que há quem diga que por ali andou as mãos da censura. Custa acreditar que a terra da liberdade, que é de Bucelas, se transforme na terra da rolha, agora que à verdades que incomodam, lá isso há.

Soluções à “la carte”

O Xara Brasil, figura de proa do PP de Odivelas, encontrou uma solução milagrosa para tirar o comércio do concelho do pantanal em que se encontra. Nada melhor do que fazer um festival do bolo-rei e umas marchas dos Reis...se calhar tendo como patrono o rei D. Dinis. Imaginação não é o que falta em Odivelas, e capacidade para disparar uma propostas a torto e a direito, todas apontadas como solução para os problemas lá do burgo, também não escasseia. Aqui o Melga não acredita nesta ideia. É muito elitista. Tem de ser algo mais popular e por isso propõe um festival da feijoada. E tal como uma tribos da Amazónia que quando falam cospem após cada palavra, sinal de que a conversa está interessante, devia terminar com um concurso de “puns”, para ver se o ambiente político cheira melhor para aqueles lados.

Morder a língua

O Nuno Libório (CDU) de Vila Franca de Xira descascou forte e feio na forma como as obras em Alverca estão a decorrer e, em especial, num estranho aterro que está a ser usado por uma empresa privada, num terreno público, sem pagar um tusto. Quem não gostou foi o Rui Rei (PSD) que era conhecido, quando estava na oposição, de morder as canelas dos responsáveis das obras, descascando na morosidade, falta de organização, pouco respeito pelas pessoas e que hoje tem de responder...pela qualidade das obras no concelho. Mas eram outros tempos. Agora, reconhece Rui Rei “tenho de medir o que digo” ou, como veio em sua ajuda Maria da Luz Rosinha, “é uma questão de cadeira”, uma questão de estar no poder...ou na oposição.

Agora é que são elas...

Mas não se pense que a rapaziada da CDU se safa. Pensavam que a exploração da pedreira de Arcena passava, sem mais nem menos, que ninguém refilava e a verdade é que votaram a declaração de interesse público favoravelmente. Agora, tiveram, de vir à pressa dizer que votaram mas desde que se fizesse um estudo de impacto ambiental...a chatice é que o EIA acaba por dizer que se pode fazer pedreira e se pode fazer uma lixeira, basta apenas colocar lá umas árvores, tomar uma ou outra medida e fica tudo resolvido. É melhor não passarem nos próximos dias por aquelas bandas...

Cuidado com as armadilhas

Estou numa de prevenção. Às vezes o Melga também gosta de ser simpático. Em Moscavide, ali para os lados do Parque das Nações, há um parque de estacionamento (em frente ao mercado, do lado de lá da linha) que dá um jeitão. Tem as marcações correctas, é espaçoso. Aqui o Melga seguiu as setas pintadinhas no chão, como escrupuloso “condutor voador” que é e, para espanto seu, o caminho está literalmente cortado por aquele que penso ser a estrutura de uma camioneta que como não tinha outro sítio, resolveu poisar naquela bandas. Solução? Volta para trás, em sentido contrário ao que está indicado no chão. Ou será que isto será alguma armadilha, para que um polícia mais disciplinado nos apanhe à esquina e enfie alguma multa? Não é de admirar, com a falta de dinheiro que anda por aí, tudo serve....

Uma praça às moscas

Mas já que falamos de trânsito e de carros, alguém consegue explicar a existência de uma praça de táxis em Fanhões, marcada para dois veículos, junto ao antigo quartel dos bombeiros? É que, diz-me o meu primo Melga lá daquela bandas, nem um existe já há muito tempo, pois parece que este simpático meio de transporte desapareceu lá da terrinha foi para a central de Loures, deixando esta “praça a falar sozinha”?. Dou um concelho, deixem ficar o sinal mas acrescentem “táxis...mas só eventualmente”.

ComentárioCarlos Cardoso

Eleições

Ficha TécnicaAdministração, Direcção e Redacção: Rua do Adro, Nº 40 - 2625-637 Vialonga Tel: 210 996 295 Fax: 211 923 115; Correio electrónico: [email protected]; Propriedade: “Ordem de Ideias”- Cooperativa de Informação, Comunicação e Produção de Eventos; Nº de Contribuinte: 506 197 808 - Correio electrónico: [email protected] ou [email protected]; Director: Carlos Cardoso - Redacção: Carlos Cardoso; Sara Cabral; Rogério Batalha (Mafra), Luís Garcia; Colunistas: Joaquim Marques; João Milheiro; José Falcão; Oliveira Dias Colaboradores: Jaime Carita (Fotógrafo); Cultura: Dr. Arquimedes Silva Santos; Dr. Miguel Sousa Ferreira; João Filipe (Automobilismo) Registo de Imprensa: 124093 - Depósito Legal N.º 190970/03 - Impressão: Grafedesport; Tiragem Média: 7.500 exemplares

ABERTURA

O MELGA

Bom, lá vamos a caminho de eleições. Não é nenhum dra-ma, ao fim e ao cabo após o pedido de demissão de Sócrates ninguém morreu e talvez até contribuam para clarificar a situação política. Talvez, porque pode não acontecer isso.Para os que gostam de se entreter em análises da conjun-tura, este foi um período interessante. A verdade é que Sócrates até podia ter evitado as eleições. Falta é saber se estaria verdadeiramente interessado nisso.Era simples, em vez de ter ido directamente para nego-ciações com os mandões da UE, tinha falado com Passos Coelho, com Cavaco Silva, dizia que a situação era com-plicada, daí a necessidade de mais um PEC, e tudo se arranjava. Mas algo falhou aqui.Talvez Sócrates tivesse pensado: o que Passos Coelho quer é que eu fique “frito em lume brando”, ou seja, que arcasse com as responsabilidades de medidas impopulares, num processo lento de desgaste, até ao final do mandato para, nessa altura, vencer com facilidade as eleições e entrar num novo ciclo politico. Por isso, não haveria reacção a uma negociação directa com a Merkel e o Durão.Tal não aconteceu. Aparentemente, esta reacção do líder do PSD apanhou Sócrates desprevenido. Terá sido assim, terá sido um erro de cálculo do actual demissionário Primeiro-Ministro?Bom, mas podemos colocar um outro cenário. E se a reacção de Passos Coelho foi a que exactamente Sócrates estava á espera. E se Sócrates pretendeu forçar Passos Coelho a definir-se e, escudado no forte apoio dos actuais líderes políticos europeus -curiosa e contraditoriamente os maio-res arautos do neo-liberalismo que Sócrates diz condenar-, quis obrigar Passos a dizer quais as medidas alternativas que defende, que caminho diferente advoga daquela que o Governo (com o apoio da UE ) estava e está a fazer? É que, como aconteceu de um momento para o outro, um pouco para surpresa de muita gente, num ápice começam a surgir ideias, propostas, medidas que em tudo são comuns ás que ...Sócrates tem vindo a aplicar! E como à esquerda o problema estava resolvido, com a derrota da apressada moção de censura do BE, a Sócrates apenas lhe restava tornar claro o que o PSD defende de facto.Como vai, então, reagir o eleitorado perante dois campos tão idênticos? Como vai reagir um eleitorado perante um Sócrates anichado no peso dos líderes europeus, jogando sempre na saturante vitimização, e um Passos com dificuldades em apresentar medidas radicalmente diferentes, agora apressado a dizer que aquilo que até defendeu ontem não era bem aquilo que já defende hoje? Teremos que esperar para ver, mas cheira-me que estamos bem entregues aos bichos...

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4 | 30 MARÇO 2011 | JORNAL REGIONAL TRIÂNGULO

BREVESAMADORA..............................................................................................................................

Carlos Cardoso

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VENDA NOVA ASSOCIAÇÃO DE MORADORES E PROPRIETÁRIOS FEZ SEIS ANOS

Debate na Gustave Eiffel lembrou o passado sem esquecer o presente

Existe uma grande expecta-tiva quanto ao debate que a Associação de Moradores e Proprietários da Venda Nova vai dinamizar, no próximo dia 9 de Abril, no Centro Social Bairro 6 de Maio. O tema “CRIL- Imagens de Hoje, Reflexos Para Amanhã” é bastante aliciante e o de-bate tem a particularidade de ter lugar no mês em que a CRIL entra em pleno fun-cionamento, isto segundo a Estradas de Portugal e ser em volta do tema que provocou a constituição, já lá vão seis anos, da Associação.Isto mesmo lembrou, Vas-concelos Forra, presidente da Associação, no decorrer de mais uma “Conversas ao Anoitecer”, que teve lugar no salão da Escola Profissional Gustave Eiffel. “A CRIL foi a grande mola que nos moti-

vou”, recordou, e que levou a um trabalho de critica e de construção de alterna-tivas, feito pela Associação e por muitos outros gru-pos de bairros e freguesias atingidos pela construção daquele via, que tiveram sucesso umas vezes e outras não. “No projecto inicial da CRIL estava, para a zona das portas de Benfica, prevista a construção de um viaduto com 18 metros de altura. O viaduto foi enterrado, e hoje está lá um túnel com nove metros de profundidade”, lembrou Vasconcelos Forra, um exemplo de como a vi-gilância e perseverança dos moradores deu frutos. “Infe-lizmente, a Damaia está-me atravessada na garganta. Aquilo é um pesadelo. O mesmo em relação ao bair-ro de Santa Cruz. Estamos

solidários com as pessoas daquelas zonas. Aquilo não se faz”.No dia 9, prevê-se a presença, não apenas de moradores, mas de diversas associações que ao longo destes últimos anos contestaram o traçado e as soluções da CRIL. Igual-mente das diversas forças políticas, aguardando-se uma discussão profunda e, fundamentalmente, a defini-ção de linhas de actuação em relação ao futuro, tendo em vista minorar ainda mais os efeitos perniciosos da CRIL.Se a Associação tem mani-festado preocupação com os problemas do dia a dia, tam-bém tem feito um esforço de sensibilizar os moradores e as associações para a história da freguesia e para temas que interessam a cada um, tendo em vista uma melhor qualidade de vida. “Desde há uma no que fazemos estes eventos, a uma média de dois por mês”, recordou Vasconcelos Forra, no inicio de mais umas “Conversas...” que, desta vez, abordaram a génese urbana e a indus-trialização da Amadora e, em particular, a constituição do pólo industrial da Venda Nova.Coube a João Cravo, licen-ciado em História de Arte, Mestre em Cultura Arqui-tectónica, fazer a exposição, num roteiro que começou no tempo dos romanos, “foi descoberto um cemitério na Serra de Carnaxide” e acabou

nos tempos da revolução in-dustrial e, mais em especial, na fixação de empresas na Venda Nova.João Cravo referiu alguns pormenores relevantes para o desenvolvimento do ter-ritório. Destaque, entre ou-tros, para a importância que assumiu a Estrada Real, que fazia a ligação de Lisboa a Sintra e a Mafra. “Era na Por-calhota, pequena localidade aqui existente, que essa es-trada se dividia em direcção às duas vilas”. Ao longo desta estrada foram nascendo localidades e aglomerados e “a Porcalhota, Falagueira e Casais de Venda Nova” são as três mais importantes até porque acabam por estar ligadas aos primeiros trans-portes públicos.O ano de 1882 é um ano importante, pois foi con-cessionada à Companhia Real de Ferro Portuguesa a construção da linha do oes-te, com o respectivo ramal de Sintra. E com a vinda do comboio, aumenta expo-nencialmente a deslocação de pessoas seja para passar férias nesta zona, seja para a cura, nomeadamente da tosse convulsa.As pequenas unidades in-dustriais existentes, como a Fábrica de Espartilhos San-tos Mattos, vão ter, dentro de poucos anos, a companhia de novas empresas, muitas ligadas á construção civil. No desenvolvimento da Amadora tiveram um papel

crucial os ideais republica-nos, sendo imprescindível referir a actividade da Liga de Melhoramentos da Amado-ra, que se extinguiu em 1916, com a criação da freguesia da Amadora.Foi especialmente a partir dos anos 20 que a indústria se fixou na Venda Nova. Muito devido à sua proximi-dade com Lisboa. Surgem os chamados bairros operários ou, como alguns documen-tos referem “as casas para gente pobre”. A fixação de empresas é imensa. “Nos anos 40, o Pólo Industrial da Venda Nova era o maior pólo da Amadora”. Nomes como a Sorefame ou a Sotancro ficarão ligados para sempre à Venda Nova. E, imensa gente recorda ainda os milhares de trabalhadores que se fixaram na venda Nova ou á sua volta, como na tris-temente célebre Brandoa, muitos oriundos de outras partes do país, e que todas as manhas deslocavam-se para as fábricas da Venda Nova. “Os trabalhadores da Sorefame, por exemplo, ficaram conhecidos como os homens da ferrugem”, recor-dou João Cravo, no fecho da sua exposição.De referir a participação, nesta iniciativa, do Grupo “f2.8 Colectivo de Fotogra-fia”, com uma exposição que remete para o silêncio que hoje domina a maior parte das estruturas industriais da Venda Nova.

Concurso

A Câmara da Amadora aprovou as normas de concurso referen-tes à 14.ª edição do Prémio Li-terário Orlando Gonçalves, que este ano irá avaliar trabalhos de ficção narrativa. A 14.ª edição do Prémio Literário Orlando Gonçal-ves tem, tal como nos anos ante-riores, o objectivo de incentivar a produção literária, contribuindo para a defesa e enriquecimento da língua portuguesa. Na presen-te edição serão avaliados traba-lhos de ficção narrativa, inéditos e obrigatoriamente escritos em língua portuguesa, sendo que ca-da concorrente pode apresentar mais do que um trabalho, desde que enviados separadamente e com pseudónimos diferentes. O prémio, de cerca de 5 mil euros será entregue em cerimónia pú-blica, no dia 13 de Outubro. Os trabalhos devem ser entregues até ao dia 26 de Junho.

Exposição

A Casa Roque Gameiro acolhe até ao dia 9 de Abril a exposição “Sonhar com o Teu Olhar”. Esta mostra apresenta a mais recen-te série de trabalhos dos alunos do Projecto “12-15”, da Escola Intercultural. A exposição “So-nhar com o Teu Olhar” reforça a importância do estudo das lin-guagens artísticas acompanhar o currículo escolar dos jovens, já que lhes permite criar e expres-sar livremente, e, quem sabe, descobrir potencialidades que os conduzam a um futuro profissio-nal nesta área.

Histórias

A Câmara da Amadora lançou um repto aos netos, para que escre-vam histórias aos avós, de forma a comemorar o Dia dos Avós, no dia 26 de Julho. As três melho-res histórias de cada escalão se-rão distinguidas com uma ofer-ta surpresa, e as histórias selec-cionadas serão publicados em li-vro, que será apresentado no dia 26 de Julho. Os trabalhos devem ser entregues até ao próximo dia 8 de Abril.

Transportes

O PCP da Amadora contesta a decisão da Carris de fazer cortes nas carreiras 780-Portas de Ben-fica/Saldanha e 799- Alfragide Norte -Colégio Militar. “São deci-sões gravosas para as populações da Amadora, especialmente, das freguesias de Alfragide e da Ven-da Nova, que tiveram o acordo do Governo/Instituto da Mobili-dade e Transportes”. A Concelhia da Amadora do PCP “exige que seja reposta a rede nos percursos e horários anteriores”. Entretan-to, e após pedidos das câmaras municipais de Lisboa e Amado-ra, a Carris repôs parcialmente a carreira 799 entre Colégio Militar e Alfragide Norte. O PCP insurgiu--se, também, contra a supressão do serviço “Lisboa à Noite”, por parte da CP, feito com o pretex-to de se poupar 75 mil euros. Um serviço efectuado durante a ma-drugada, aos fins-de-semana e feriados.

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JORNAL REGIONAL TRIÂNGULO | 30 MARÇO 2011 | 5AMADORA

No próximo dia 4 de Abril, a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Amadora vai receber uma central telefónica nova, uma oferta da Siemens Portugal. Para além da evidente impor-tância funcional, o facto em si nada teria de especial não fosse o caso de as doações e comparticipações por parte das empresas do concelho, para os bombeiros locais, serem muito escassas.“Infelizmente não existe mui-ta sensibilização por parte das empresas. Já fizemos diversas campanhas e os resultados foram fracos. Tivemos uma ou outra agradável surpresa, nomeadamente de uma que deu uma ambulância, mas em termos gerais a adesão é deficiente. Não há o culto de participação, as empresas ainda não entenderam que temos um cariz social dife-rente”, desabafa Maria Alcide Marques, Presidente da Direc-ção, a primeira mulher presi-dente no historial de mais de 100 anos dos bombeiros da Amadora.Uma situação algo incon-cebível, tendo em conta a existência no concelho de um vasto e diversificado conjunto de empresas e de grandes espaços comerciais, alguns dos maiores do país. Que necessitam, sem dúvidas, de um corpo de bombeiros dinâmico eficaz. “Temos a via-férrea, temos estradas nacionais e particularmente, temos enormes áreas comer-ciais. Em termos territoriais a Amadora não é muito grande, mas é muito concentrada. As solicitações são muitas. Para se ter uma ideia, temos uma

média de 60 emergências por dia”, avança, por seu lado, Mário Conde, Comandante dos Bombeiros e, igualmente, membro da Direcção.É exactamente esta concen-tração que leva a que, ao contrário do que acontece na maioria dos concelhos limí-trofes, apenas exista uma úni-ca corporação de bombeiros. “Já tivemos uma delegação na Brandoa e acabámos com ela. A não necessidade de mais do que uma corporação tem a ver com o território, que é concentrado. Rapidamente chegamos a todo o lado. E se a corporação for reforça-da em termos financeiros, é possível melhorar ainda mais em termos humanos e de equipamentos, respon-dendo em pleno às actuais necessidades”A AHBVA comporta neste momento cerca de 120 ele-mentos. Mas não se pense que é fácil arranjar voluntários. “Antigamente, praticamente não havia nada e os bombei-ros eram um grande ponto de encontro. Hoje, os jovens têm outros aliciantes”, justi-fica Mário Conde. Há, pois, que dar larga à imaginação e desenvolver programas que sensibilizem, em especial, a juventude, motivando-a para uma actividade voluntária.Alcide Marques explica o que estão a fazer: “Estamos a desenvolver diversos projec-tos, começando nas escolas, motivando as crianças. Um desses projectos chama-se “Bombeiros por um dia”, dirige-se aos alunos do 1º ciclo. As crianças vêm ao quar-tel, e passam aqui momentos do seu fim-de-semana. Um

outro projecto, já para o 2º ciclo, funciona ao inverso, com os bombeiros a irem ás escolas e realizarem acções de sensibilização. Temos ainda o estágio de verão, para as esco-las do secundário. Nesse caso os jovens inscrevem-se para bombeiros, tem formação durante duas semanas, no-meadamente de socor rismo e de organização de bom beiros e chegam mes mo a acompa-nhar nas ambulâncias”.É difícil, para já, fazer o balan-ço destas acções em termos de repercussões no futuro da Associação. Uma coisa reconhece Mário Conde: ” Há demasiadas exigências para se ser voluntário. Devia ha-ver algum incentivo. Porque, no fundo, o voluntariado dá muito jeito. Imaginemos o que seria não existir um corpo de bombeiros voluntários na Amadora? Já se pensou quan-to é que a Câmara Municipal, por exemplo, teria de gastar num corpo profissional? A

autarquia poupa milhares de euros com os voluntários.”.Por isso, impõe-se repensar o voluntariado, para que as acções de sensibilização que são feitas nos dias de hoje não morram amanhã. Até porque não estamos perante uma actividade fácil. “É can-sativo psicologicamente. Há bombeiros que não dormem, a pensar no que vêm. E não existe apoio psicológico. Daí que muitos desistem. Depois temos as dificuldades da vida, temos pessoas com dois e três empregos e estão disponíveis para estarem aqui”, sintetiza o comandante dos bombeiros da Amadora. “Quem dá a cara são só bombeiros. São eles que ouvem o descontenta-mento, as criticas. Era bom que sentissem um pouco mais de valorização da sua actividade”, sintetiza Alcide Marques.

Acção socialA intervenção do corpo de

bombeiros não se restringe às actividades operacionais. Existe uma componente social, que as boas instala-ções do quartel ajudam a incrementar, que não é de descurar. “Temos um posto médico aberto à população, com diversas especialidades, um restaurante, que está concessionado, com preços acessíveis, desenvolvemos ac-tividades desportivas, como a ginástica, manutenção, karaté, futsal. Aos domin-gos à tarde, no nosso salão, realizam-se bailes que che-gam a juntar entre 300 a 400 pessoas”.

A AHBVA tem 10 mil sócios no activo. Podia ter muitos mais se o envolvimento da população fosse diferente. E Alcide Marques não perde a oportunidade de lançar um desafio. Por um lado aos polí-ticos, nacionais e locais, para que “se preocupem um pou-co mais com o social”. Mas também à população “que nem sempre nos entende, talvez porque pensem que os bombeiros tem tudo e têm de estar sempre disponíveis. As pessoas deviam envolver-se um pouco mais, participar na vida dos bombeiros. Todos ganhamos com isso”.

ASSOCIAÇÃO HUMANITÁRIA DOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DA AMADORA

“Era bom que os bombeiros sentissem um pouco mais valorizada a sua actividade”

Carlos Cardoso

Precisam-se de novos equipamentosMário Conde, com a experiência que lhe advêm de muitos e muitos anos de bombeiro, lança um alerta. “Temos um problema grave que tem a ver com o equipamento. Dantes a Autoridade Nacional, de 5 em 5 anos, apoiava a renovação, agora só é possível através de candidaturas ao QREN. Neste momento, temos três viaturas de incêndio urbano com mais de 20 anos e a de incêndio florestal também está muito antiquada. Se não tivermos reposição de viaturas e nada o indica que venhamos a ter, como será? “.As possibilidades de financiamento são muito escassas e as portas tendem a fechar-se cada vez mais. “Apenas contamos com algum financiamento da Câmara da Amadora, que em termos anuais corresponde a pouco mais de 700 mil euros. Há sete anos que não havia a regularização dos duodécimos da autarquia, mas este ano, depois de algumas reuniões e exigências conseguiu-se chegar a acordo e estamos a receber 63 mil euros por mês”. Para além disso recebem o subsídio da Autoridade Nacional, as verbas decorrentes do INE, e o valor das quotizações. Verdadeiramente escasso.

Maria Alcide Marques e Mário Conde

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6 | 30 MARÇO 2011 | JORNAL REGIONAL TRIÂNGULO AMADORA

O fim do jasmineiroCONTO

Mais de mil idosos do con-celho da Amadora partici-param, a 17 de Março, no pavilhão da Associação Académica da Amadora, na festa integrada no Progra-ma “Idosos em Segurança”, dinamizada pela Divisão da PSP local. Para além da música, do teatro, do folclore, entre outras animações, foi mais um momento para os res-ponsáveis da PSP sensibili-zaram os idosos para alguns cuidados a ter em termos

À medida que ia anoitecendo, um cheiro pastoso, pesado, adocicado, foi-se libertando do jasmineiro. Gotas de suor escorriam-lhe da testa, por mais que a limpasse. Não se sentia bem e o cheiro fazia com que se sentisse pior. Um enjoo crescente foi-se apode-rando de si. O calor e o cheiro tornaram-se insuportáveis. No verão era sempre assim. Quase uma agonia.Esse Verão estava a ser o pior de todos. A agravar o seu mal-estar estava a visão que tivera ao ver a bela Sereia, era assim que designava a mulher

que lhe surgia em sonhos, sen-tada numa esplanada da rua de Santo António, em pleno centro

da cidade. Tantas vezes sonhara com aquela mulher. A visão esta-va em definitivo remetida para o arquivo da imaginação, do delí-rio, do irreal, da máxima utopia. Foi num dia ensolarado que a viu. Reclinada na cadeira com o cotovelo esquerdo apoiado na mesa, com a cabeça inclinada para trás e os longos cabelos encaracolados caiando-lhe em cascata, reluzindo ao sol.Extasiado, parou a observá--la. Nada, mas absolutamente nada lhe desagradava naquela mulher. Os olhos redondos e verdes, o bronzeado delicado, o modo como gesticulava, o

APOSTA NA POLICIA DE PROXIMIDADE

Festa da PSP da Amadora junta mais de mil idosos

riso contido, intercalado com um sorriso de outro mundo. Estava acompanhada por outra mulher, mas nem sequer repa-rou nela. De repente passou-lhe em frente um numeroso grupo de turistas. Quando acabaram de passar, o objecto da sua contemplação desaparecera.Em pânico percorreu a rua de um topo a outro. Cortou pelas transversais e tornou ao mesmo local, um sem número de vezes. Esfumara-se.A partir daí, o calor tornara-se mais feroz e o cheiro ainda pior. A sua visão, o seu sonho, esfarelaram-se perante os seus

olhos sem dó nem piedade .Era atroz só de pensar, quanto mais sabendo que ela existia e desa-parecera assim, sem mais nem menos da sua vida. Ficara sem saber rigorosamente nada dela.Sabia que existia, que afinal o so-nho era uma realidade palpável.Naquele entardecer, sentado à varanda, nauseado pelo maldito calor e o fedorento perfume a jasmim, o coração parou de bater. Viu aproximar-se do muro do seu jardim, a Sereia, num passo elegante e rápido. Tremeu de emoção. Não perderia a oportunidade de entabular um diálogo,

estabelecer um contacto inicial, de iniciar uma relação que aprofundaria até ao âmago do seu ser.Levantou-se da varanda e aproximou-se do lado esquerdo do muro, ao mesmo tempo que a Sereia, sem o ver, levantava de um modo suave a sua pequena saia à frente, agarrava no seu pénis e urinava no jasmineiro.No dia seguinte o nosso sonhador mandou cortar o jasmineiro.

Jorge C. Chora

da segurança pessoal e dos seus bens.Alertas que se justificam, para mais tendo em conta alguns números apresen-tados, no que diz respeito à criminalidade no conce-lho. Basta ver que em 2010 foram detidas 1482 pessoas, um número superior ao do ano transacto.A PSP da Amadora tem cerca de 40 agentes desta-cados para dois programas, a Equipa de Proximidade e de Apoio à Vitima e a Escola

Segura. No primeiro pro-grama, onde se enquadram acções de prevenção junto de extractos sociais mais vulneráveis, a PSP conse-guiu, em 2010, envolver 2155 pessoas nas diversas iniciativas efectuadas. Já quanto à Escola Segura e num universo de 23 mil alunos, a PSP esteve envol-vida em acções que no seu conjunto aglutinaram cerca de 18.500 alunos.

CC

A Junta de Freguesia de São Brás, associando-se às comemorações do Dia da Árvore, deslocou-se a três escolas da freguesia para, em conjunto com a comunidade escolar, plantar uma nova árvore.Na EB1 de A-da-Beja, foi feita a plantação, com as crian-ças do Jardim de Infância e a presença de seis idosos, fomentando um encon-tro intergeracional. Após a plantação, as crianças e ido-sos realizaram um trabalho conjunto de expressão plás-tica, relativo ao tema. A ini-ciativa seguinte realizou-se de seguida na EB1 do Casal da Mira, onde foi plantada uma árvore com os alunos da escola. Já da parte da tarde, decorreu acção similar na EB1 dos Moinhos da Fun-

cheira, com os alunos das AEC’s. No total foram plan-tadas nas diversas escolas de São Brás sete árvores.

Outras comemoraçõesO Dia Mundial da Árvore, 21 de Março, foi assinalado na Amadora com a planta-ção de 50 árvores na Uni-

dade de Apoio da Unidade Militar Amadora-Sintra, nu-ma estreita colaboração en-tre esta entidade, a Câmara Municipal da Amadora, Va-lorsul e a ainda cerca de 140 alunos da Escola EB...1/JI Raquel Gameiro.

(Correspondência)

Escolas da freguesia de São Brás comemoram o dia da árvore

Na sequência do Programa Municipal de Empreende-dorismo Municipal Ama-dora EMPREENDE, foram apresentados 148 projectos durante as fases de candida-tura. Agoera, 16 desses pro-jectos estão em condições de arrancar, contribuindo para a criação de novos postos de trabalho.Os negócios que estão pres-tes a avançar dedicam-se a áreas distintas como servi-ços de enfermagem ao do-micilio, gestão de conteúdos publicitários, serviços de apoio aos idosos, promoção de produtos portugueses originais, portais online e fotografia, entre outros.O Programa Municipal de Empreendedorismo Muni-cipal Amadora EMPREEN-DE, tem como objectivos

principais identificar, jun-to da população jovem e de pessoas em situação de vulnerabilidade social da Amadora, iniciativas indi-viduais de empreendedo-rismo, facultando-lhes as condições necessárias de desenvolvimento de uma ideia de negócio.Com dois pontos de actua-ção distintos, a Incubadora Quick, dirigido a jovens entre os 18 e os 30 anos, e o Quem não Arrisca não Petisca, para pessoas em situação de vul-nerabilidade social – mulhe-res, deficientes, imigrantes e reclusos e ex-reclusos, este pretende ser um programa de apoio selectivo, de forma a possibilitar a criação de um sistema não paternalista, mas que consiga dar força a projectos que muitas vezes

não são expostos, por falta de apoios ao nível do desenvol-vimento de ideias, procura de apoios financeiros, etc.A Incubadora Quick arran-cou oficialmente no dia 28 de Fevereiro, enquanto que o Quem não Arrisca não Petisca foi lançado em Abril também deste ano.Como forma de potenciar este projecto pioneiro, a CMA assinou um protocolo com o ISCTE, que dispõe de uma unidade especializada na promoção do empreen-dedorismo, o AUDAX, que conduziu o diagnóstico das candidaturas, as entrevistas, a formação necessária e o apoio na procura de in-vestimentos, e a Fundação Calouste Gulbenkian.

(Correspondência)

16 novos empreendedores lançam projectos no mercado

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JORNAL REGIONAL TRIÂNGULO | 30 MARÇO 2011 | 7AMADORA

A associação de solidariedade s o c i a l P re s s l e y R i d g e inaugurou, no dia 22, a sua primeira sede em Portugal. Com as novas instalações, situadas no desfavorecido Bairro Casal da Mira, a instituição vai poder alargar a sua acção de apoio a crianças, jovens e famílias em risco no município da Amadora.Instalado numa loja com 210 metros quadrados cedida pela Câmara da Amadora em regime de comodato, o novo espaço servirá de “quartel-general” para os 12 técnicos que integram os quadros da Pressley Ridge, além de servir de sala de reuniões e de formação. As obras de adaptação da loja à sua actual utilização custaram perto de 140 mil euros à associação.A trabalhar em Portugal há 20 anos, a Pressley Ridge intervém actualmente junto de cerca de 300 crianças e jovens em risco, bem como de 100 famílias, nos municípios da Amadora, Sintra, Alcácer

do Sal e Sines.A associação desenvolve dois tipos de acção. Os programas de preservação familiar e formação parental visam dotar os pais de crianças e jovens em r isco dos conhecimentos e estabilidade necessários para evitar que os menores sejam retirados de casa e colocados em instituições. Já os programas d e d e s e n v o l v i m e n t o de competências sócio-emocionais tem o propósito de ensinar às crianças e jovens práticas sociais básicas – como cumprimentar outras pessoas, saber iniciar uma conversa e juntar-se a um grupo – ou mais avançadas – como tomar decisões ou resolver problemas.Se g u n d o a p re s i d e n t e da Pressley Ridge, Kátia Almeida, a nova sede vai permitir alargar a acção da associação no município da Amadora, em especial no Casal da Mira, um grande bairro social com

muitos problemas sócio-económicos. “Pretendemos intervir junto da população do bairro de forma muito directa, em articulação com as instituições que já estão no terreno a trabalhar com crianças e jovens”, explica a responsável.D e a c o r d o c o m a coordenadora da Divisão de Intervenção Social da Câmara da Amadora, Ana Moreno, “os estudos dizem-nos que é nestes bairros de realojamento que a problemática das crianças e jovens em risco mais existe, com muitos casos de famílias disfuncionais”. “A intervenção da Pressley Ridge pode evitar que as crianças sejam retiradas às famílias e permitir que uma equipa técnica as acompanhe e melhore as suas competências”, diz a responsável.

Luís Garcia

BRANDOA ASSOCIAÇÃO PRESSLEY RIDGE ACTUA NO Bº CASAL DA MIRA

Ajuda reforçada para crianças em risco

A identidade e o sentimento de pertença foram os temas trabalhados numa série de curtas-metragens realizadas por 32 jovens de bairros problemáticos de quatro regiões do país, entre as quais Loures e Amadora. O resultado compõe a série documental “B.I.”, que estreia a 2 de Abril na RTP2.O programa dá a conhecer a realidade complexa de jovens de diversas origens residentes em urbanizações multiculturais como a Bela Vista (Setúbal), os bairros da Rosa e do Ingote (Coimbra), Casal da Mira (Amadora) ou Quinta da Fonte e Quinta do

Mocho (Loures).Em cada um destes locais, oito jovens, supervisionados por profissionais, escreveram os guiões e realizaram um documentário de três minutos sobre a forma como vêem a sua identidade, após terem recebido uma curta formação na área do cinema.Dos oito filmes resultantes de cada município, três serão exibidos integralmente no decorrer dos 13 episódios de 25 minutos que compõem a série, na qual se cruzam também as opiniões dos intervenientes e uma vertente de “making of” com imagens das oficinas de cinema.

Segundo a realizadora Filipa Reis, a ideia da série foi criar um espaço de reflexão sobre a emigração e pôr os jovens a falar sobre o sentimento de pertença e identidade recorrendo à linguagem cinematográfica. “Insistimos para que eles dissessem só aquilo que querem dizer e não o que os outros estão à espera que eles digam nem o que é politicamente correcto”, refere Filipa Reis.Aquilo que mais impressionou a realizadora foi verificar que, em muitos casos, os jovens, sem qualquer formação cinematográfica prévia, “já sabiam perfeitamente

aquilo que queriam dizer, não só ao nível do conteúdo mas também da forma”. “A conclusão a que posso chegar é que a linguagem audiovisual já faz parte de nós”, sintetiza Filipa Reis.Iúri Policarpo, 20 anos, corporiza um desses casos em que a lição já vinha bem estudada. O jovem, residente em Santo António dos Cavaleiros (Loures), descreve o enredo do seu filme como “um amor étnico entre um rapaz africano e uma rapariga caucasiana” que não é aceite pelas famílias e pelos amigos do casal.A trama tem muito de

autobiográfico, admite. “Já passei por isso três vezes, porque há sete anos que tenho namoradas brancas”, explica Iúri, que está ansioso para ver o seu filme passar na televisão. “Quero que a minha namorada veja”, diz, “é uma espécie de dedicatória.”A paixão de Jusceline Semedo, 20 anos, está mais ligada aos tachos. A jovem do Casal da Mira fez uma curta-metragem sobre o gosto de cozinhar e a experiência cinematográfica surpreendeu-a. “Pensava que fazer um filme era muito mais fácil”, admite. “Demorámos uma semana só para fazer três minutos de filme, nem quero

imaginar como é para fazer um de duas ou três horas.”Arcelindo Gomes, 19 anos, preferiu mostrar a solidão de uma idosa cega que conheceu através de um grupo de jovens a que pertence. Nascido em Cabo Verde, onde os mais velhos são “muito respeitados”, Arcelindo nunca aceitou a forma como os idosos são tratados em Portugal. “Este país também podia aprender algumas coisas com Cabo Verde”, afirma o jovem residente no Bairro do Talude Militar (Loures).

Luís Garcia

Jovens da Amadora e Loures em série da RTP2

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8 | 30 MARÇO 2011 | JORNAL REGIONAL TRIÂNGULOLOURES

BREVESLOURES..............................................................................................................................

Carlos Cardoso

INSTUIÇÃO DE APOIO SOCIAL DA FREGUESIA DE BUCELAS

Obras do pré-escolar estão concluídas

As obras do pré-escolar da Instituição de Apoio Social da Freguesia de Bucelas (IASFB) estão praticamente prontas e as instalações disponíveis para receber 75 crianças, um número que, infelizmente, já não respon-de às actuais necessidades da freguesia. Mas persistem problemas quanto ao fun-cionamento desta valência que estão a preocupar Ma-nuel Marecos, o presidente da instituição:” De facto, as obras estão praticamente terminadas, conseguimos um espaço de excelente qualidade, o problema é que a Segurança Social não tem garantido, até ao momento, o dinheiro necessário para a respectiva comparticipação por criança, ou seja, para se efectivar de facto o acordo estabelecido”.Trata-se de uma situação anormal, pois pressupõe-se, para quem faça uma obra deste género que a can-didatura esteja aprovada, como acontece, e o acordo garantido. Na verdade, o que está a acontecer com

muitas instituições, é que avançam com a concretiza-ção dos projectos, de índole social e, depois, não têm garantias de ressarcimento dos financiamentos, seja na parte da construção, seja nas comparticipações por utentes, que a Segurança Social é obrigada a garantir.Há um valor fixo por utente, em função da respectiva valência. Valor que devia ser actualizado ano a ano, coisa que o Governo não faz há dois anos. “Se não tivermos a garantia da concretização do acordo, vai ser muito difícil a manutenção do pré-escolar nos moldes previstos. Lem-bro que os pais estão a pa-gar, pois já temos algumas crianças em pré-escolar, como se o acordo estivesse a funcionar em pleno. Neste momento estou a fazer um estudo ao cêntimo, para ver o que é possível suportar”.A candidatura à construção do espaço para o pré-escolar apontava para um valor de 480 mil euros, pese embora, terminados os trabalhos, e face às imensas exigências

legais, tudo indica que deve-rá ficar pelo 600 mil. A DREL ficou de comparticipar com 192 mil euros, mas até ao momento só entregou 110 mil. “A Câmara Municipal de Loures costuma garantir 30 por cento, mas até ao momento não recebi nada. Trata-se de um falha grande que tem de ser resolvida, pois este conjunto de situações cria dificuldades ao nosso funcionamento”.Será bom lembrar que para além do pré-escolar, com capacidade para 75 crianças, a IASFB tem uma creche, com 33 crianças, Centro de

Dia, para 50 idosos, Apoio Domiciliário a 52 pessoas e Apoio Domiciliário Alargado (aos fins de semana) a 30. Dispõe de sete viaturas para fazer parte deste trabalho, o que significa um gasto enorme, e conta com 42 tra-balhadores. “Com a entrada em pleno funcionamento do pré-escolar, vamos criar en-tre 8 a 10 postos de trabalho”.Manuel Marecos gostaria de avançar para novos pro-jectos. Desde já a reformu-lação total da cozinha, um equipamento indispensável, mas que está saturado, face ao aumento do número de refeições confeccionadas. “O projecto de arquitectura e o caderno de encargos

estão elaborados, estamos numa fase de consulta ao mercado”. Bem como um lar. “Em 2005 fizemos uma candidatura ao Pares. Não havia dinheiro e então ficou suspensa. Estamos agora a reformular o projecto e avan-çar para nova candidatura”.Só que a instabilidade dos fi-nanciamentos que o Estado devia assumir gera imensas interrogações quanto ao futuro. “O que nos vale é o excelente apoio de algumas empresas”, reconhece Ma-nuel Mareco,bem como uma gestão muito cuidada e equi-librada, permitindo fazer da IASFB uma das instituições mais credíveis no campo da acção social.

Sacavém

António Pereira, ex-vereador da Câmara Municipal de Loures, de-verá ser o nome proposto pelo PS para assumir o lugar de José Leão, recentemente falecido, na presi-dência da Junta de Freguesia de Sacavém. Já Joaquim Marques deverá assumir a presidência da Assembleia de Freguesia. O as-sunto, ainda em discussão no in-terior do PS, pois a segunda da lis-ta é Teresa Gomes, vai ser deba-tido pelos autarcas numa Assem-bleia de Freguesia que se realiza a 5 de Abril.

Legalização

O Bairro Esperança, uma área urbana de génese ilegal (AUGI) da freguesia de São João da Ta-lha, recebeu o respectivo alvará de loteamento. O Bairro da Es-perança é o 53º a ser legalizado no concelho de Loures e abran-ge uma área total de 4 hectares, constituída por 76 lotes. O bairro apresenta uma ocupação de cer-ca de 50 por cento dos lotes com moradias que, em regra, são pas-síveis de legalização. Com a emis-são deste alvará passam a 15 os bairros da freguesia com alvará de loteamento emitido, encon-trando-se em fase de conclusão o processo de reconversão do Bair-ro Castelhana, Fraternidade.

Aniversário

A Cooperativa Sócio Educativa Para Desenvolvimento Comuni-tário, vai comemorar o seu 10º aniversário com a realização de um jantar de gala no dia 10 de Abril, na Quinta do Vale, em Lou-res. Um encontro que servirá pa-ra angariar fundos para a cons-trução do projecto “Memórias que Ajudam a Crescer” – Lar de Idosos e Creche.

Bucelas

A 1 de Abril, pelas 21 horas, no Auditório da Junta de Freguesia de Bucelas, realiza-se uma As-sembleia-Geral da Associação dos Bombeiros de Bucelas. Um dos pontos que mais interesse está a suscitar, tem a ver com a construção do novo quartel.

Stª Iria de Azóia

A J.F de Santa Iria de Azóia infor-ma que, após contacto telefónico da Directora do Centro de Saúde, a partir do dia 4 de Abril a popu-lação passará a ter mais um mé-dico de família. “É uma boa notí-cia mas continua a ser insuficien-te pois não podemos esquecer que temos cerca de 8.000 uten-tes sem médico de família”, diz a autarquia que continua á espera da marcação de uma nova reu-nião com o Vice-Presidente da A.R.Saúde de Lisboa e Vale do Te-jo para falar sobre a situação do centro de saúde local.

Os trabalhadores dos Serviços Municipalizados (SMAS) e da Câmara de Loures continuam a luta contra a retirada de um subsídio de 90 euros. No passado dia 28, os funcionários iniciaram uma vigília à frente dos Paços do Concelho, que se irá repetir durante toda a semana.Luís Ferreira tem 34 anos, 12 dos quais como funcionário dos SMAS de Loures, onde também trabalha a sua mulher. Para o casal, que espera o primeiro filho, foi uma dupla surpresa desagradável a notícia da extinção de um subsídio de deslocação criado há 28 anos para compensar os trabalhadores que não podiam usufruir da cantina municipal. “Este corte afecta-nos e de que maneira! Eu ganho 630 euros por mês e a minha mulher não chega a 500. Agora levamos menos 180 euros para casa”, diz

Trabalhadores em vigília pela reposição de subsídio

Luís Ferreira que, por acreditar que se trata de “uma luta justa”, integrou o primeiro grupo de funcionários do município a manifestar-se à frente dos Paços do Concelho.Durante toda a semana, das 11 às 14 horas, alguns trabalhadores de folga concentrar-se-ão junta da Câmara de Loures, com cartazes, tarjas e instalação sonora a denunciar a situação.Segundo João Coelho, do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local (STAL), que organiza a manifestação, a vigília visa “sensibilizar o executivo para a necessidade de repor o subsídio” e “alertar a população para a forma errada como o dinheiro tem sido gasto”. “A frota do município está uma miséria, sem quaisquer condições de segurança, no entanto continuam a ser

adquiridos carros de luxo para a administração”, acusa o sindicalista.A Câmara de Loures justificou a extinção do subsídio, que afecta cerca de 1500 funcionários, com o argumento de que esta subvenção não obedeceria à legislação actual. Mas os trabalhadores refutam esta explicação. “Na altura das eleições a legislação era a mesma e também não havia dinheiro, mas até alargaram o subsídio. Agora, cortam pela parte do mais fraco”, contesta Luís Ferreira.O STAL não tem ainda novas iniciativas agendadas mas João Coelho garante que “haverá certamente mais acções, nem que seja levantar esta questão em todas as reuniões de Câmara”.

Luís Garcia

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JORNAL REGIONAL TRIÂNGULO | 30 MARÇO 2011 | 9LOURES

Depois de durante muitos anos o PSD no concelho de Loures viver, por razões históricas, dividido entre duas secções, a de Loures e a de Moscavide, que em inú-meras situações entraram em choque de uma forma aguda, provocando cisões e a saída de militantes, a situação começou a mudar de tal forma que, no passado 28 de Fevereiro, teve lugar a primeira eleição da Secção Concelhia de Loures do PSD, secção com o âmbito territorial do município de Loures e que abrange a circunscrição das até agora denominadas secções de Moscavide e secção de Loures.Para dirigir a nova estrutura partidária foi eleito José Veiga Testos (ver caixa com a lista), licenciado em Direito, advogado, que já exerceu, ao longo da sua vida profissional, diversos cargos no âmbito da função pública, foi administrador da LouresParque e da Gesloures e está ligado ao Rotary da freguesia da Portela. É o primeiro a reconhecer que entrou “nesta lista como uma tentativa de provocar a união das duas secções”, um trabalho que deu os primeiros passos e que irá ocupar algum tempo daqui para a frente, tendo em vista a instauração de “um clima de confiança interna”.Os resultados globais da votação foram os seguintes, votaram 189 militantes, dos quais 131 na secção de

Moscavide e 58 na secção de Loures. A Comissão Política obteve 176 votos favoráveis e a Mesa da Assembleia 170. Os restantes dividem-se, de forma dispersa, pelos brancos e nulos. “Considero a votação positiva. Para já trata-se de uma lista única e a votação revela que não houve desinteresse da parte dos militantes. Por outro lado foi uma votação sem grande contestação”.A partir daqui, José Testas considera que estão criadas as condições para um trabalho, que “temos de considerar um trabalho de continuidade” que permita coesionar as fileiras partidárias e fazer com que o PSD se assuma como uma alternativa local. “O importante é o esforço que temos feito de um trabalho continuado, um esforço que espero que o eleitorado venha a reconhecer nas próximas eleições autárquicas”As autárquicas de 2013 me-

re ceram, aliás, um relevo particular no plano de actividades da lista. “Em termos autárquicos os grandes problemas do concelho continuam por resolver e o PSD deve ambicionar reforçar cada vez mais a sua posição de alternativa credível à desgovernação socialista no concelho de Loures”, defende José Testas.Em termos imediatos, é intenção da nova equipa dirigente dar um apoio continuado e permanente aos autarcas, seja nas juntas que dirige, como a Portela e Lousa, seja nas Assembleias de Freguesia onde tem representantes. “Queremos acompanhar esse trabalho autárquico. F u n d a m e n t a l m e n t e gostaríamos que as pessoas se envolvessem na elaboração de propostas e na criação de uma alternativa credível”. Um trabalho que pretende feito com responsabilidade.

“Antes dos actos eleitorais não adianta estar em conflitos permanentes. O importante é trabalhar para criar projectos responsáveis”.Em termos internos serão criados Grupos de Trabalho, tendo em vista o estudo dos “temas mais relevantes em cada momento, com o objectivo de dotar a Comissão Politica de informação quali-ficada e propostas de acção fundamentadas. Estes Grupos de Trabalho serão abertos, por convite da Comissão Politica, à participação de militantes e de terceiros, cuja contribuição seja considerada relevante e proeminente”.A área da comunicação e da informação vai merecer um relevo especial até porque José Testas é o primeiro a reconhecer que as posições do PSD/Loures são pouco conhecidas a população. Nesse sentido, e de acordo com o programa aprovado, “a Secção Concelhia de Loures será dotada de meios de comunicação modernos e eficazes utilizando as novas tecnologias de informação e marcará presença nas redes sociais. A utilização do e-mail tenderá a ser generalizado” e prevê a criação de um site próprio. Também na rede social “Facebook”, será criada uma página. “O PSD Loures irá estabelecer-se na rede social “Twitter” de forma a incrementar ainda mais a sua participação nas redes sociais. Será criado um blog da Secção Concelhia de Loures do PSD

bem como uma newsletter digital da Concelhia de Loures com periodicidade trimestral de forma a comunicar rápida e eficazmente com os militantes”, são alguns dos projectos que a nova equipa dirigente pretende desenvolver.Não chega, porém, a orga-nização interna. José Testas vinca a necessidade de o PSD se ligar á sociedade, de “ser ao porta voz das pessoas” pois “apenas colocando as pessoas no centro da acção política, conseguirá o PSD ir mais além e cumprir a sua vocação social”. Neste aspecto

chama a atenção para a acção social, a acção solidária, tanto ou mais importante face ao momento de crise que se vive no país e que afecta as famílias. E fazendo referencia directa ao programa lembra que “ a Comissão Política concelhia está disponível para, em colaboração com os seus militantes, procurar soluções para os problemas das populações e dará especial atenção às Instituições que prestam serviços públicos e solidariedade social, não deixando igualmente de lado as Associações Desportivas e Culturais”.

ENTREVISTA A JOSÉ TESTOS, PRESIDENTE DA CONCELHIA DE LOURES DO PSD

“O importante é trabalhar para criarprojectos responsáveis”

Carlos Cardoso

Novos órgãos dirigentesMesa da Assembleia de SecçãoPresidente – Nuno Miguel Ribeiro de Vasconcelos Botelho (Sto Antº. Cav.); Vice-Presidente – Fernando Manuel Costa Marques C. Gonçalves (Loures); Secretário - Elvira da Conceição Pereira Garcia de Oliveira (Prior Velho); Suplente - Luís Alberto Lucas Lopes (Moscavide)Comissão Política de SecçãoPresidente - José Manuel da Veiga Testos (Portela)1º Vice-Presidente – Diogo Ferreira dos Santos (Loures)2º Vice-Presidente - Ricardo da Cunha Costa Andrade (Portela)Tesoureiro – Jaime de Sousa Araújo Júnior (Bobadela)VogaisJosé Manuel Caeiro de Jesus (Lousa); Manuel Marques Dias (Portela); Amadeu Augusto Coelho Pais (Loures); Daniela Romana Monteiro Afonso Matos (Sacavém); Pedro Miguel Nunes Machado (Fanhões); Carlos Jorge Nunes Amorim (Santa Iria da Azóia); Paulo Jorge dos Santos Antunes Faustino (Loures); Tiago Alexandre Guedes da Fonseca (Camarate)SuplentesMário José de Oliveira Rodrigues (Unhos); Jerónimo David António (Frielas); Rodolfo Lestro de Carvalho (Bucelas); Sónia Cortez Alain dos Santos (S. João da Talha)

Mais de 50 anos depois, as tábuas quinhentistas “Anunciação” e “Assunção da Virgem” regressaram à Igreja Matriz de Bucelas, sendo presentes ao público no passado dia 27 de Março.As duas pinturas, de autor desconhecido mas, segundo alguns investigadores, de alguém da vila, pois existem referencias a um “mestre de Bucelas”, foram levadas há 55 anos, dado o seu estado de degradação, pelo então padre José Casimiro, que pa-roquiou a comunidade entre os anos de 1943 a 1956, para o Seminário do Cristo-Rei, nos Olivais, tendo em vista a sua recuperação, transitando,

mais tarde, para o Museu do Patriarcado.Não existe a certeza, porém, se as pinturas, para além da limpeza, foram ou não alvo de algum processo de recuperação mais aturado, nomeadamente ao nível da pintura. “Não foram sujeitas a ultravioletas para vermos os eventuais retoques que existiram”, disse a mestre Ana Paula Assunção que, no âmbito da sua actividade como voluntária, contribuiu quer para o regresso das tábuas, pintadas entre 1500 e 1520, quer para a criação do Núcleo de Arte Sacra da Igreja de Bucelas.Houve um processo de ex-

tremo cuidado no transporte das valiosas peças, estima-das em 150 mil euros, tendo sido montado um sistema de segurança muito escrupu-loso, impedindo tentativas de roubo das tábuas, cujo retorno foi possível devido a um trabalho de sensibili-zação desenvolvido junto do Patriarcado, pelo actual pároco, Padre Freitas, a Junta de Freguesia de Bucelas e Ana Paula Assunção. “Desde que em Julho de 2010, Ana Paula Assunção nos falou das tábuas e da im-portância de virem para Bu-celas, nunca mais parámos. Falámos com o Patriarcado, que foi sensível aos nossos

argumentos, e conseguiu-se esse objectivo”, disse Hélio dos Santos, presidente da Junta de Freguesia local.A igreja de Bucelas foi alvo, nos últimos tempos, de im-portantes obras de restauro. Faltam ainda as pinturas das colunas interiores que, segundo o autarca, devem ficar prontas este ano, e há também a necessidade de efectuar uma intervenção no campanário mas, pouco e pouco, o património está a ser recuperado. Com o regresso das tábuas, “um dos grandes tesouros da igreja matriz”, segundo o Padre Freitas, deu-se mais um passo na valorização do

património da igreja, que tem um valor e relevo não apenas local mas nacional,

Tábuas quinhentistas regressam à Igreja Matriz de Bucelas

como salientou Ana Paula Assunção.

CC

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10 | 30 MARÇO 2011 | JORNAL REGIONAL TRIÂNGULOLOURES

O embaixador Português na ONU Moraes Cabral vai presidir à comissão punitiva da Líbia. Fica-nos bem. Somos Euro-peus, democratas, pugnamos por uma Europa de valores de cidadania e é um aviso exemplar a todos os ditadores que, por es-tes dias, vêem os seus súbditos com eles revoltados.Fica-nos bem, campeões dos direitos humanos afirmarmos desta e de outras formas a nossa intransigência com o despotismo e a tirania. Só é pena que tão tarde tenhamos dado pela natureza daquele com quem lidávamos E o que era uma louvável afirmação de princípios de repente começa a destilar um insuportável cheiro a hipocrisia.Moraes Cabral segue assim e muito bem, o cívico, espontâneo e genuíno gesto da cantora pop Nelly Furtado que vai doar um Milhão que recebeu por uma actuação privada para o clã Kadhafi. Pobre moça que se viu enganada, que na sua inocência aceitou tal contrato não saben-do coitada, para quem cantava. Foi ao engano. E agora Portugal o que vai fazer? Aplicando o Plano Furtado, des-de já desistir de vender dívida à Líbia, depois mandar recolher os milhares de Magalhães con-tratados pelo regime, a seguir

mandar retornar as 16 empre-sas portuguesas a trabalhar no território, devolver 42 Milhões resultantes de exportações e ainda, se possível, apagar os registos e as intenções das via-gens governamentais que desde 2005 lá foram feitas.Que descarado cinismo o dos nossos responsáveis e o os dos líderes europeus. Das duas, uma; ou admitimos que não po-demos sobreviver sem negociar com estes regimes desumanos e pragmaticamente proclama-mos que o dinheiro não tem sangue, ou não e denuncian-do os atropelos humanitários constantemente perpetrados, bloqueamos a nossa Economia a estes regimes.É que nem sequer por uma posi-ção intermédia, de difícil defesa,

que seria a de proclamar que Política e Economia são coisas diferentes, passámos. Nem isso. Primeiro foi o “ó facínora, por acaso tens aí uns trocos que me dês?” para depois com o dinheirito já no bolso sermos os primeiros a condenar e a punir o meliante caído em desgraça, com um “Agora é que vais ver como elas te mordem!” Encontro os maiores culpados por esta nossa diplomacia sem--vergonha nos governos dos países fortes da Europa. Tão obedientes e eficazes fomos a desmantelar a nossa produção agrícola e piscatória por impo-sição alemã e francesa que o mínimo que lhe poderíamos exigir era que, para sobreviver-mos, não nos atirassem para os braços destes ditadores. Mas esperar isso seria muito maior ingenuidade da minha parte do que foi a da actuação de Nelly Furtado numa tenda no deserto.Ah, para terminar queria só deixar um patriótico aviso. Se calhar não sabem, mas a China é um país com um regime dita-torial e o seu presidente Hu Jitao um criminoso da pior espécie. Vejam lá, se calhar era de cance-lar negócios com tal gente, para não termos mais tarde que os castigar. Digo eu, não sei

Joaquim Marques

Um plano Nelly Furtado para a Líbia, já!

AGORA NA ÁGORAOPINIÃO

Faleceu José Leão, presidenteda Junta de Freguesia de SacavémCausou consternação na freguesia de Sacavém o sú-bito falecimento, na manhã do dia 21 de Março, de José Leão, presidente da Junta de Freguesia de Sacavém. Sabia--se que o autarca lutava com alguns problemas de saúde, mas nada indicava a precipi-tação de tal desenlace.As cerimónias fúnebres de José Leão tiveram início ao final do dia 21, na igreja de Sacavém, a missa de corpo presente realizou-se na ma-nhã de 22 de Março, seguindo depois o cortejo fúnebre até à vila alentejana de Avis, de onde era natural José Leão.Em virtude desta triste notí-

cia, foi decretado pelo Presi-dente da Câmara Municipal de Loures, Carlos Teixeira, que a bandeira do Município estivesse hasteada a meia

haste em todas as dependên-cias municipais, durante os dias 21 e 22 de Março.O jornal Triângulo teve a oportunidade, ao longo des-tes últimos anos, de por diversas vezes, falar com José Leão, nos diversos cargos que entretanto foi assumindo na sua vida política ou como autarca. Encontrou sem-pre uma pessoa disponível para falar sobre o que fosse, compreendendo a natureza e a importância do trabalho desenvolvido pela imprensa. Nesta hora difícil enviamos votos de condolência e de solidariedade para a sua família.

É o piloto com mais rallis de clássicos e mais campeona-tos nacionais. Conta no seu palmarés com dois títulos de campeão nacional, foi diver-sas vezes vice-campeão, bem como alcançou vários ter-ceiros lugares. No meio era conhecido como “o piloto de Loures” mas, a verdade, é que Vítor Torres, 58 anos, a viver em São Julião do Tojal

há uns 30 anos, não viu este esforço ser reconhecido e, em especial, devidamente aproveitado, pelas autorida-des autárquicas locais.Este ano, e pela primeira vez, Vítor Torres participou, em clássicos, no Rally de Portugal. Ao seu lado, a sua mulher, Bárbara Torres, que trabalha numa escola em São João da Talha, cumpre

um papel essencial, o de na-vegador. Uma dupla que tem funcionado em pleno, na base de um trabalho feito de extremo companheirismo, disciplina e muito respeito. “Fala-se muito dos pilotos e pouco dos navegadores, que trabalha sempre por anteci-pação, auxiliando de forma essencial o piloto”.Os clássicos são carros es-

pectaculares “que pouco têm a ver com os carros moder-nos. O que levei para o ralli é de 1974. Eu, é que preparo o carro, é tudo feito aqui em casa”, diz, referindo-se à sua oficina onde marcam presença “velhas” máquinas que remetem para outras épocas. “Isto, para mim, é mais um prazer, funciona como um hobby”.Um hobby onde investe tempo, dinheiro, a saúde e a própria vida. “Já tive um grande acidente, na Marinha Grande, há uns três anos. Nessa altura pensei em pa-rar, mas foi momentâneo, a vontade de continuar a conduzir foi mais forte”.E tem mesmo de ser muito forte, pois não manter-se em provas com alguma regula-ridade, nos dias que correm,

não é tarefa fácil, já que os patrocinadores escasseiam. “Sou eu que trato de arranjar os patrocinadores Elaboro um projecto e entrego em determinadas empresas ou entidades”.Infelizmente, Vítor Torres não vê, da parte das enti-dades autárquicas locais, interesse em patrocinar uma modalidade que atrai milha-res e milhares de pessoas, como foi fácil de ver com a multidão que juntou nos Jerónimos para assistir ás es-peciais do Ralli de Portugal. “O automobilismo em Por-tugal não está muito bem. Devia-se fazer uma maior divulgação por esse país fora e com mais tempo. Acho que as autarquias deviam apoiar diversos desportos e não apenas um ou dois.

Em Loures, a Câmara não está a divulgar o desporto automóvel. Cheguei a pedir patrocínios á Câmara Muni-cipal de Loures e não deram nada. Deixei de insistir. Pelos vistos interessa o folclore e o futsal mas na minha opinião deviam valorizar e diversi-ficar outras modalidades e outras actividades”.O impacto é real, ao contrá-rio do que se possa pensar. Vítor Torres lembra que quando começou a correr era referido, não apenas pelo seu nome próprio mas pelo “piloto de Loures”. A verdade é que, com maior ou menor apoio, não pensa abandonar as corridas. Reconhece que é como quando participa numa própria: “Quando começamos a conduzir não podemos parar”

VÍTOR TORRES, PILOTO DE CLÁSSICOS, VIVE EM SÃO JULIÃO DO TOJAL

“Quando começamos a conduzir não podemos parar”Carlos Cardoso

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JORNAL REGIONAL TRIÂNGULO | 30 MARÇO 2011 | 11LOURES

É um serviço gratuito e abrange todos os alunos com necessidades especiais da rede pública de Loures – 115 crianças com doenças como paralisia cerebral ou autismo fazem hidroterapia nas piscinas municipais. Os pais notam melhorias na saúde dos filhos.São nove horas e o tanque secundário do complexo municipal de piscinas de Lou res está completamente por conta de quatro pesso-as: dois meninos autistas acom panhados por duas terapeutas.Adaptando os exercícios ao estado de habituação ao meio aquático de cada uma das crianças, as pro-fissionais “puxam” por elas, incentivando-as a mergu-lhar e a fazer exercícios. O mais velho dos rapazes, menos habituado às sessões de hidroterapia, arrisca-se pouco dentro de água e prefere ficar no canto da piscina, brincando com bolas coloridas. O mais novo, bem mais à vontade, passeia por todo o tanque e ri-se bem alto quando a terapeuta o põe a brincar

em cima de um colchão flutuante.A hidroterapia é feita de acordo com as necessi-dades de cada criança, em grupos de dimensão variável, e a frequência das sessões pode variar entre uma a várias vezes por semana. A actividade, que custa cerca de 60 mil euros por ano à Câmara de Loures, é desenvolvida em quatro piscinas do municí-pio, todas elas adaptadas a pessoas com deficiência.Cristina Franco, 38 anos, mãe de uma criança autista de oito anos, destaca a im-portância do projecto num quadro social em que os apoios escasseiam. “Quando se descobre que um filho tem uma patologia destas, há um choque, mas isso contraria--se”, diz a empregada de escritório. “O problema maior é a sociedade não compreender que as nossas necessidades são diferentes e que necessitamos de des-criminação positiva. O meu sofrimento era 80 ou 90% atenuado se tivesse mais apoios”.Cristina Franco leva o filho a

outros tipos de tratamento, a nível privado, como tera-pia da fala e psicomotrici-dade, mas garante que a hi-droterapia é aquela onde os resultados são mais eviden-tes e rápidos. “O meu filho aprendeu rapidamente as cores dentro de água quan-

do, cá fora, não se conseguia interessar pelas peças co-loridas que lhes dávamos”, exemplifica, acrescentando que a descarga de energias, o relaxamento e o prazer do contacto da água são outros dos benefícios da terapia.Mário Cardoso, coordena-

dor técnico da GesLoures, empresa que gere as pisci-nas municipais, já observou vários casos de sucesso. “Para uma criança numa cadeira de rodas, entrar na água e, pela primeira vez na vida, conseguir deslocar-se autonomamente tem um

efeito enorme ao nível da sua auto-estima”, explica. O responsável resume a importância da hidroterapia numa frase dita por uma criança de cinco anos, com paralisia cerebral, que nunca mais esqueceu: “Dentro de água sou livre”.

Hidroterapia gratuita ajuda 115 criançasLuís Garcia

Mais de mil géneros alimenta-res foram angariados na noite de sexta-feira num concerto em Loures. Os espectadores “pagaram” a entrada com alimentos para abastecer as lojas solidárias do município, onde poderão ser adquiridos a baixo preço por famílias carenciadas.À entrada do Pavilhão Paz e Amizade está montada uma espécie de bilheteira original. Em vez de pagar ou entregar um ingresso previamente adquirido, cada espectador que entra no recinto dirige-se a um balcão onde é recebido por voluntários. É ali que deixa o quilo de alimentos estipulado como pagamento para o concerto, depositados em caixotes de várias cores, consoante o tipo de produto: arroz, massa, feijão, açúcar ou enlatados.Como grande parte dos par-ticipantes no evento, Cristina Sousa, 49 anos, não se limitou a trazer o mínimo estipulado pela organização – o seu saco continha arroz, feijão, bola-chas, cereais e tomate enla-tado. “Viemos ao concerto, desde logo, porque gostamos de música. Além disso, é muito importante sermos solidários

nesta época”, diz a funcionária pública.Também Carla Pavia, 43 anos, considera que “se todos der-mos um pouco para quem mais precisa, a crise é mais fá-cil de suportar”. Acompanha-da pela filha e pelo marido, a bancária teve oportunidade de assistir à actuação dos alu-nos da Academia de Música de Santa Cecília, numa suces-são de vozes e instrumentos como clarinetes, flautas e sa-xofones, em registos variados.Ao longo da noite, foram angariados 1015 produtos ali-mentares. “Todos os que aqui estão presentes contribuíram para bater um recorde muni-cipal”, disse o presidente da

Câmara de Loures, Carlos Tei-xeira, que assistiu ao concerto na companhia da secretária de Estado da Administração Interna, Dalila Araújo.

Lojas solidáriasOs bens recolhidos vão abas-tecer a actual loja solidária do município, inaugurada em Dezembro passado, junto à Urbanização Terraços da Ponte (antiga Quinta do Mo-cho), bem como um segundo equipamento do género que deverá abrir portas breve-mente em Moscavide.De acordo com a vereadora da área social, Sónia Paixão, a Câmara de Loures tencio-na terminar o ano de 2011 com quatro lojas solidárias a funcionar em diferentes pontos do concelho, de for-ma a fazer face ao crescente número de casos de pobreza. Nestes locais, munícipes pre-

viamente identificados como tendo baixos recursos podem adquirir bens como comida,

LOURES VAI TER QUATRO LOJAS SOLIDÁRIAS

Concerto solidário angariou mil alimentosroupa e brinquedos a preços reduzidos.

Luís Garcia

CARTÓRIO NOTARIAL DE TOMAR A CARGO DO NOTÁRIOLICENCIADO JOSÉ ALBERTO SÁ MARQUES DE CARVALHO

EXTRACTOCARLOS ALBERTO SIMÕES DE CARVALHO RODRIGUES, Colaborador do Notário do referido Cartório, por competência delegada CERTIFICO, que, para efeitos de publicação, por escritura de hoje lavrada a folhas 12 e seguintes, do livro de notas número 254-L deste Cartório:MARIA EULÁLIA RAPOSO DA LUZ AREZ, casada, natural da freguesia de Santana de Cambas, concelho de Mértola, contribuinte fiscal nº 176 900 055, residente na Rua Dr. Jorge António de Carvalho, nº 4, 2º esqº, Arruda dos Vinhos, a qual outorga na qualidade de procuradora de.a)– JOSÉ DA SILVA RESENDE, viúvo, natural da freguesia de Tendais, concelho de Cinfães, residente na Rua Pedro Soares, Vivenda Resende, Catujal, Unhos, Loures, contribuinte fiscal número 132 648 512;b) – JOSÉ ANTÓNIO DE ALMEIDA RESENDE, solteiro, maior, residente na Av. Infante D.Henrique, nº 2,5º A, Santo António dos Cavaleiros, Loures, contribuinte fiscal nº 206 274 718; - c) SÓNIA CRISTINA DE ALMEIDA RESENDE, residente na dita Rua Pedro Soares, lote 93, contribuinte fiscal nº 221 459 570, casada sob o regime da comunhão de adquiridos com Gonçalo Abelho Parracho Marcelino, contribuinte fiscal nº 221 836 462,DeclarouQue, pela presente, rectifica a escritura lavrada no dia vinte e três de Novembro de dois mil e dez, a folhas sessenta e nove e seguintes, do livro de notas duzentos e quarenta e sete-L, deste Cartório, no sentido de ficar a constar que o PRÉDIO URBANO, nela completamente identificado, composto de lote de terreno para construção urbana, com a área de cento e setenta e um, vírgula, dez metros quadrados, designado por lote noventa e três, sito na RUA PEDRO SOARES, CATUJAL, freguesia de UNHOS, concelho de LOURES, actualmente inscrito na matriz sob o artigo 3.566, com o valor patrimonial de 43.890,00 €, a confrontar do norte com Joberto Martins Filipe, do sul com a Rua Pedro Soares, do nascente com José Marcelino e do poente com José Silva Resende, cuja posse do direito de propriedade então o seu representado JOSÉ DA SILVA RESENDE, justificou invocando a usucapião, foi por ele adquirido no ano de mil novecentos e setenta e dois, então casado sob o regime da comunhão geral com Maria Rodrigues de Almeida Resende, de quem os seus representados são os únicos herdeiros, conforme consta da escritura de habilitação de herdeiros lavrada em quatro de Fevereiro de dois mil e onze, a folhas quarenta e nove e seguintes, do livro de notas duzentos e cinquenta e um-L, deste Cartório.Que assim os seus representados, por si e seus antepossuidores, por sucessão de posse já possuem o dito prédio, dividido e demarcado anteriormente ao Decreto-Lei nº 289/73, de 6 de Junho, em nome próprio, já mais de vinte anos, sem a menor oposição de quem quer que seja, desde o seu início, posse que sempre exerceram, sem interrupção e ostensivamente, com o conhecimento de toda a gente da freguesia de UNHOS, lugares e freguesia vizinhas, traduzido em actos materiais de fruição, conservação e defesa, nomeadamente suportando os encargos da sua conservação e delimitação, com a colocação de marcos no terreno, pagando os respectivos impostos e contribuições, agindo sempre pela forma correspondente ao exercício do direito de propriedade, sendo por isso, uma posse pública, contínua, pacífica e de boa fé, pelo que adquiriram o dito prédio por USUCAPIÃO, título que invocam para estabelecer o trato sucessivo.Está conforme ao original.Tomar, 23/03/2011Autorizado à prática deste acto por delegação do respectivo Notário, conforme autorização nº 175/1, registada em 01/02/2011 no site da Ordem dos Notários.

O COLABORADOR DO NOTÁRIOCarlos Alberto Simões de Carvalho Rodrigues.

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12 | 30 MARÇO 2011 | JORNAL REGIONAL TRIÂNGULO

“2011, Ano Europeu das Actividades Voluntárias que Promovam uma Cidadania Activa”

“Há falta de pessoas a dedicaro seu tempo livre aos «velhos»”

Lina Manso (*)

A 27 de Novembro de 2009, o Conselho de Ministros da U.E., declarou 2011, como o Ano Europeu das Actividades Voluntárias que Promovam uma Cidadania Activa.Pretende-se, em termos gerais, “incentivar e apoiar os esforços desenvolvidos pela Comunidade, pelos Estados-Membros e pelas autoridades locais e regionais tendo em vista criar condições na sociedade civil propícias ao voluntariado e aumentar a visibilidade das actividades de voluntariado”. Este objectivo geral será concretizado através de quatro objectivos específicos: 1. Criar um ambiente propício ao voluntariado na U.E; 2. Dar meios às organizações que promovem o voluntariado para melhorar a qualidade das suas actividades; 3. Reconhecer o trabalho voluntário; 4. Sensibilizar as pessoas para o valor e a importância do voluntariado. Entretanto, cada Estado Membro designou o organismo responsável pela organização da sua participação no Ano Europeu, sendo o CNPV designado para Portugal.

VOLUNTARIADO

Anabela Tomaz. Noemi Cóias. David Braga. Há alguns anos, eles vestiram a camisola em nome de uma causa. Fazem voluntariado com seniores em Loures e Odivelas, garantindo que o retorno afectivo é pagamento suficiente.Em Fevereiro, na Rinchoa (Sin-tra), uma idosa foi encontrada morta no seu apartamento. Tinha falecido há nove anos sem que ninguém – incluindo família, vizinhos ou entidades públicas – tivesse dado por isso. O caso alarmou a opinião pública e reacendeu o debate sobre a solidão na terceira idade. Isto numa sociedade cada vez mais envelhecida, onde aumenta a esperança média de vida e diminui a taxa de natalidade. E os números falam por si: segundo dados do Eurostat, Portugal será, em 2050, um dos países da União Europeia com maior percenta-gem de idosos (31, 9%).Será que a nossa sociedade já tomou consciência deste novo fenómeno? A situação de Augusta Martinho, que tanto chocou o país (e que provocou uma avalanche noticiosa de casos semelhantes), mostra que temos muito a apren-der com povos ditos menos evoluídos que tratam os seus anciões com a dignidade e respeito que merecem. Mas há sempre excepções. Pessoas que se dedicam a esta faixa etária com mais de 65 anos sem exigir nada em troca. Todas as semanas investem algum do seu tempo a animar estes “velhos”, que tantas vezes só esperam uns dedos de conversa ou um sorriso amigo.

«É importante transmitir ale-gria e bem-estar»Anabela Tomaz, 57 anos, reformou-se há sete e, desde então , tem-se mant ido ocupada. Afirma, convicta, que está a fazer exactamente o que gosta.A antiga gestora de recursos humanos num banco é hoje professora de Pintura em Tela e Artes Decorativas no Centro de Dia de Loures da Associação Luís Pereira da Mota, funções que desempenha igualmente na Universidade Sénior do concelho, também a custo zero.Voltando atrás, explica que a fibromialgia crónica que lhe foi diagnosticada há alguns anos a impediu de fazer alguns esforços ou de dar apoio a pessoas acamadas num hospital, objectivo que alimentava há muito.Resolveu ingressar noutros projectos. Contudo, a sua saúde obrigou-a mais uma vez a parar. Neste caso, teve de interromper o voluntariado no Banco Alimentar e no grupo desportivo do banco onde trabalhou. Mas a palavra desistir não faz parte do seu vocabulário. E redescobriu-se. Ou melhor dizendo, foi encontrada.De facto, duas alunas do Centro de Dia de Loures cruzaram-se com ela numa loja de plantas e, palavra puxa palavra, estava convencida. Há quatro anos que dá aulas naquela instituição. Acabou por “arrastar” a filha para a sua causa: a cantora Rita Redshoes e o namorado, o artista The Legendary Tigerman, são os padrinhos da nova sede social

da Associação Luís Pereira da Mota, a inaugurar ainda este ano.Anabela sente-se útil e está feliz: “Faço exactamente aquilo que queria fazer quando me reformei”. E os seus 13 alunos

do Centro de Dia de Loures retribuem com mimos. Na pequena sala de aulas todos se estão a preparar para a exposição anual de Pintura do Mês do Idoso, em Outubro. Maria Leal Mendonça esbate o mar do seu quadro a óleo,

com um pincel espatulado, enquanto Prazeres Malhão ou Paulo Matos trabalham as suas telas abstractas. Os conselhos e directrizes da “Mestra” são muito requisitados. As duas horas de duração do ateliê

(às quartas-feiras de manhã) passam a correr: discutem-se estilos artísticos, contam-se anedotas, trocam-se desabafos. “É importante transmitir alegria e bem-estar”, explica a professora que encontrou neste tipo de voluntariado (com seniores)

a sua vocação. “Exige uma entrega incondicional e devo dizer que nem todos têm essa capacidade de dádiva. A mim faz-me bem. Só é pena que vivamos numa sociedade tão egoísta em que muitos não praticam a solidariedade. Dar um bocadinho de si, algumas horas por semana, não faz mal a ninguém!”. Sempre bem maquilhada e jovial, Anabela transmite uma mensagem forte de optimismo: a vida pode recomeçar depois dos 50 ou 60 anos. Já sem os grilhões do mundo do trabalho, que tantas vezes abafam a criatividade, há muitas coisas por explorar.

«Aprendemos uns com os outros»Noemi Cóias, 61 anos, também ajuda os idosos neste processo de descoberta. Integra o grupo de cerca de 100 professores

voluntários da Universidade Sénior de Loures – Academia dos Saberes, hoje com 1100 alunos inscritos nos pólos de Loures e Sacavém.Está no projecto desde que abriu, há quatro anos. Fundou, com sucesso, o grupo coral, que reúne aproximadamente 50 pessoas, e cujos ensaios são às quintas-feiras de tarde. A afluência de interessados foi tanta que a Academia teve mesmo de encerrar as inscrições.A professora de Educação Musical na EB 2,3 Luís de Sttau Monteiro também dá Formação Musical (disciplina mais teórica) na Universidade Sénior, todas as segundas de manhã. Trabalha com duas faixas etárias muito diferentes, o que por si só é um desafio. Mas admite que «há mais retorno» junto dos idosos. «Aqui temos

Banco de Voluntariado de LouresCerca de 40% das 247 pessoas inscritas no Banco Local de Vo-luntariado de Loures (BLVL) quer trabalhar com idosos. Segun-do dados da Câmara, que gere o BLVL, grande parte dos pe-didos refere-se à Área Social, que implica crianças e seniores. Na informação veiculada no início de Março, avan-ça-se ainda que há mais voluntár ios sensíveis a esta causa, «com vista a combater o isolamen-to ou a ajudar os idosos em tarefas quotidianas». O BLVL está aberto a parcerias neste campo e actualmente apoia «uma instituição que quer desenvolver voluntaria-do de proximidade» numa das freguesias do concelho. Ao mesmo tempo desenvolve-se o projecto “Cuidar o Cuidador”, que resulta de uma parceria com a Divisão de Inovação Social e Promoção da Saúde da Câmara, e o futuro Hospital de Loures: «visa apoiar os cuidadores de pessoas dependentes, especialmente idosos e deficientes». O Banco Local de Voluntariado engloba 54 projectos e já integrou 115 pessoas.

Segundo dados do Eurostat, Portugal será, em 2050, um dos países da União

Europeia com maior percentagem de idosos (31, 9%)

«Eles precisam de umas graçolas e de sentir que alguém os ouve. Muitas vezes

só querem desabafar» - David Braga

Centro de Dia de Loures

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“2011, Ano Europeu das Actividades Voluntárias que Promovam uma Cidadania Activa”

VOLUNTARIADO

Banco de Voluntariado de OdivelasCerca de 43% das 180 pessoas inscritas no Banco Local de Voluntariado de Odivelas (BLVO) demonstraram interesse pela Área Social, que também abrange o apoio a idosos.De acordo com informação cedida pela Câmara (que gere o BLVO), em meados de Março, “existem voluntários bastante sensíveis para as questões relacionadas com o envelhe-cimento, entre elas o aspecto do isolamento”. A título de exemplo nomeia-se o Grupo das Visitadoras da Paróquia de Odivelas que, todas as semanas, sem se substituir à família ou a instituições especializadas, apoia cerca de 50 idosos da freguesia de Odivelas. As visitas implicam várias actividades como “conversar, ler um livro, dar um passeio, ir às compras, acompanhar às consultas (…) promovendo também a sensibilização para os aspectos da saúde (dado que este grupo integra algumas profissionais de enferma-gem aposentadas)”.O BLVO está a desenvolver uma proposta de acção que pretende encorajar o voluntariado com a população sénior, considerada uma das áreas “prioritárias para intervenção, dado o envelhecimento do concelho”. O Banco Local de Voluntariado tem 30 entidades disponíveis a receber voluntários.

alunos muito interessados em aprender, estão cheios de curiosidade! Com as crianças tenho de ser mais imaginativa para os cativar. Há muitas distracções como a televisão, os telemóveis e os computadores».Frisa que a dedicação dos alunos da Universidade Sénior é motivadora. «Aprendemos uns com os outros», repete, várias vezes, Noemi.Já deu formação ao coro da Casa do Povo de Loures e a vários coros de Igrejas Evangélicas e escolas, mas é aqui que se sente em casa.Durante uma das suas aulas de Formação Musical, percebe-se que é uma professora acarinhada. A maioria dos alunos traz bloco de notas, aponta os ritmos, coloca dúvidas, canta e bate palmas para aprender as melodias. “Com estas aulas na Academia é garantido que o Alzheimer chega mais tarde!”, diz Manuel Bastos no fim de mais uma lição.A professora adianta que ao trabalhar com esta população envelhecida é preciso reforçar constantemente ideias. Afinal, a capacidade de absorver conhecimentos não é tão grande como durante a infância e adolescência. O que, acrescenta Noemi, está longe de ser um motivo de desencorajamento. “Gosto sobretudo dos ensaios do coro. É gratificante ouvi-los no

conjunto. Sentir a harmonia. E a música em geral liga muito as pessoas”.Ac red i t a que ho j e há mais sensibilidade para o voluntariado. E que há muita gente, “sobretudo reformados com tempo livre”, a quem só faria bem este tipo de trabalho: “É uma partilha. Damos mas também recebemos”. «Eles precisam de umas graçolas»As aulas de Introdução à Informática e à Internet na Comissão de Reformados, Pensionistas e Idosos da Póvoa de Santo Adrião, no concelho de Odivelas, são uma aventura. David Braga, 36 anos, trabalha com seniores que muitas vezes nunca tinham passado os dedos por um teclado nem sabiam iniciar um computador.O técnico de Informática começou a experiência há três anos, altura em que aceitou o cargo de membro da Assembleia Geral da Comissão (entretanto já foi também vice-presidente e presidente). Actualmente diz que às quartas e quintas de tarde está “por conta da IPSS”.Já com oito computadores na sala de Informática, todos ligados à Internet, dá pequenos “cursos” de iniciação, sempre com muitos interessados.Numa das aulas de Introdução à Informática, ensina os alunos a criar uma tabela

«Só é pena que vivamos numa sociedade tão egoísta em que muitos não praticam a solidariedade. Dar um bocadinho de si, algumas horas por semana, não faz mal

a ninguém!»- Anabela Tomaz

«Aqui temos alunos muito interessados em aprender, estão cheios de curiosidade!» -

Noemi Cóias

de condóminos. Lentamente e com algumas hesitações lá vão inserindo dados nas células, mudando a cor dos caracteres, ou somando linhas. Tudo aquilo é novidade. E o acompanhamento do professor é exigido a cada novo passo. Sobra tempo para navegar na Internet , contar alguns episódios cómicos, ou falar sobre a crise e o Governo.“Tem mesmo de ser assim: informal, divertido, e muito prático”, explica David, que já se rendeu aos encantos destes seniores. O apreço é mútuo, com os formandos a elogiar a paciência e a boa vontade do tutor. Já faz voluntariado há largos anos – começou no clube de futsal do Académico de Ciências e ingressou depois

no Póvoa de Santo Adrião Atlético Clube – sublinhando que “há falta de pessoas a dedicar o seu tempo livre aos «velhos»”, termo que avança ser “muito mais simpático do que seniores quando aplicado respeitosamente”.Garante que a experiência com-pensa mas que é preciso ter alguns cuidados. “Tal como as crianças, são muito dependen-tes. Não só fisicamente como também ao nível dos afectos. Tenho um feitio divertido e gosto de pôr as pessoas a rir, o que ajuda muito. Eles precisam de umas graçolas e de sentir que alguém os ouve. Muitas vezes só querem desabafar”. David refere que este trabalho “está a ser uma grande sur-presa”. Conta uma das memó-rias que, segundo afirma, vai

conservar durante toda a vida: “Em 2007 estava a dar uma

aula de Internet e tive de sair da sala. Quando regressei um dos meus alunos, de 83 anos, estava a chorar. Mostrou-me que tinha conseguido, sozinho, vislumbrar a casa onde nasce-ra e que já não existe. Fiquei comovido. Este é o melhor pagamento que se pode ter: sentir que contribuímos para a felicidade de alguém”.Neste Ano Europeu do Volunta-riado e da Cidadania Activa há milhares de pessoas a fazer a

diferença em Portugal. O que não exige assim tanto. Basta

investir algumas horas por semana a conversar um pouco com um destes seniores, a levá--lo a passear, ou a ensinar-lhe algo. Eles agradecem. “A solidariedade devia ser uma obrigação de todos. Um dia seremos nós a precisar de ombros amigos”, vaticina Anabela Tomaz.

(*) Jornalista colaboradora na revista Loures Odivelas Magazi-

ne e na Rádio Horzonte FM

Universidade Senior de Loures

Comissão de Reformados, Pensionistas e Idosos da Póvoa de Santo Adrião

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14 | 30 MARÇO 2011 | JORNAL REGIONAL TRIÂNGULO MAFRA

BREVESMAFRA..............................................................................................................................

Rogério Batalha

Mafra assistiu à 55ª semana equestre militar

No Centro Militar de Edu-cação Física e Desportos de Mafra teve lugar, de 10 a 20 de Março, a 55ª Semana Equestre Militar que registou a presença de muito público. As provas realizaram-se no Campo Brigadeiro Henrique Callado, também conhecido por Campo dos Plátanos, bem como no interior da Tapada Militar. A semana equestre militar ficou marcada pela homena-gem que teve lugar a seguir à Reprise da Escola de Mafra, com a condecoração do coronel de cavalaria Nuno Álvaro do Couto Bastos Bí-var com a Medalha de Bons Serviços Desportivos.O Secretário de Estado da Ju ven tude e do Desporto, Laurentino Dias, impôs a medalha, estando presentes Marcos Perestrelo, Secre-tário de Estado da Defesa Nacional e Assuntos do Mar; General José Lis Pinto Rama-lho, Chefe do Estado – Maior do Exército e do Comandan-te do CMEFD, Coronel João Quadros.O coronel Bívar disputou diversos torneios da Fede-

ração Portuguesa de Ténis, obtendo bons resultados, destacando-se a vitória no Campeonato Nacional de Equipas, nas 3ª e 2ª catego-rias, em representação do Sport Lisboa e Benfica e, em representação do Exército, o Campeonato das Forças Ar-madas em 1974. O seu gosto pelo Hipismo atingiu um ní-

vel notável nomeadamente nos obstáculos. Fez parte da Equipa Militar que parti-cipou nos Campeonatos do «Conseil Internacional du Sport Militaire (1984), em Mafra, e em Fontainebleau/ França (1988). Conquis-tou igualmente inúmeras classificações em “Grandes Prémios” em Provas da “Fe-deração Equestre Portugue-sa”. É autor do livro «O Ténis em 12 lições», publicado em 1976, além de ter colaborado em temas desportivos em várias publicações de que se salientam «os jornais do Colégio Militar», o “Província de Angola” o “Jornal do Exér-cito”, o “Diário do Minho” e o “Boletim do Centro Hípico de Braga” de que foi Director e grande impulsionador”.A Semana Equestre Militar contou com a participação de 84 elementos do Exército, 11 alunos da Academia Mili-tar, 25 do Colégio Militar, 103 da GNR e 19 cavaleiros civis.

Foto cedida pelo CMEFD

Geração à RascaMilhares de pessoas marcaram presença em Lisboa no protesto “Geração à Rasca”. Convocado de uma maneira diferente,

não por cartazes ou outros meios habituais, mas através das redes sociais, a participação foi gigantesca. Com uma comparência pouco significativa de políticos, com excep-ção dos deputados mais jovens dos partidos de esquerda, a organização apontou para uma presença de cerca de 300 mil pessoas. O grupo musical “Os Homens da Luta”, vence-dor do último festival da canção, foi um dos seus grandes impulsionadores. Em cima de uma camioneta percorreram todo o percurso sempre em constante animação, entoando canções de luta de várias épocas. Também Vitorino e Fer-nando Tordo, marcaram presença neste palco móvel. Como foi dito: Este foi o protesto de todas as canções e também de todos os grupos.

Fotografia

Jaime Carita

Encontro

No dia 10 de Abril terá lugar, na vi-la de Mafra, um Encontro Missio-nário de Professores. A concen-tração tem lugar pelas 9h 45 m, na escadaria da Basílica Nacional de Mafra, seguindo-se uma visi-ta ao Palácio e, posteriormente, à Igreja de Santo André. Pelas 11 h 40 m tem lugar a apresentação da vida e obra do único papa por-tuguês, por Rogério Batalha, que também falará da estátua de João XXI, que será erigida nas imedia-ções da Igreja de Santo André. O almoço realiza-se no restaurante «O Escondidinho» e pelas 15 ho-ras tem lugar uma acção interac-tiva sobre «A Arte de Comunicar» pelo psicólogo e professor Artur Franco Henriques. Às 17 horas encerra o encontro, seguindo-se um passeio de despedida pelo Jardim do Cerco.

PS

Nas eleições internas para a elei-ção do Secretário-Geral do PS, dos Delegados pela Concelhia de Mafra ao XVII Congresso Na-cional e ainda para a Presidência das Mulheres Socialistas, os mi-litantes do PS de Mafra votaram maioritariamente na reeleição de José Sócrates para Secretá-rio Geral. Todos os delegados ao Congresso eleitos, são apoiantes e subscritores da Moção Global apresentada por José Sócrates. Para a Presidência das Mulheres Socialistas, votação aberta ape-nas aos militantes do sexo femi-nino, em Mafra foi vencedora a candidatura de Maria Manuela Augusto.

Gradil

A Santa Casa da Misericórdia da Venda do Pinheiro realiza, no dia 3 de Abril, na Casa do Povo da Venda do Pinheiro, mais um festival de sopas. As inscrições custam... cinco colheres, mas tem a possibilidade de provar todas as sopas. A animação es-tá a cargo da Orquestra Juvenil de Bucelas.

Ericeira

A Santa Casa da Misericórdia da Vila da Ericeira comemora, a 18 de Abril, o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, com uma iniciativa subordinada ao tema “Água: Cultura e Património”. Nos dias 17 e 18 de Abril, o mu-seu e a igreja da Misericórdia es-tão abertos ao público. No dia 17 tem lugar um concerto por um Ensemble da Filarmónica Cultu-ral da Ericeira, a conferência “Es-paço igreja da misericórdia”, pe-lo professor João Gil e uma noite de fados. No dia seguinte, de ma-nhã, decorre a visita “Pelas ruas da Ericeira” , essencialmente pa-ra crianças e jovens.

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JORNAL REGIONAL TRIÂNGULO | 30 MARÇO 2011 | 15MAFRA

Foi apresentada, no decorrer de uma tertúlia que teve lugar na Ericeira, organizada pela Associação “Agentes Activos da Mudança”, a campanha pela regulamentação das agências de notação, mais conhecidas por agências de “rating” assente, nesta fase, no lançamento e subscrição de uma petição pública, dirigida aos responsáveis po-líticos nacionais e europeus.Esse foi, aliás, o tema do en-contro, que juntou cerca de três dezenas de pessoas, uma oportunidade para se perce-ber, até onde é possível, como surgiram, como funcionam e de que forma influenciam a política económica dos paí-ses as agências de notação.A verdade é que, segundo José Ramalho, presidente da Associação, pouco se sabe destas agências. “Têm a função, diz-se, de avaliar o risco de determinado de-vedor, de determinado país devedor. São três, pelo me-nos as que são mais faladas, todas anglosaxónicas, com sedes nos EUA, com crité-

rios de avaliação próprios, que não são conhecidos, e cujo funcionamento interno nos levanta muitas dúvidas. Os seus serviços são pagos por diversos países, e tudo o aponta financiadas por bancos. Não são reguladas por ninguém”. Um dado permanece incon-testável. Os seus pareceres podem fazer tremer e de que maneira a economia de um determinado país, pro-vocando situações de crise aguda. Uma situação que coloca em cima da mesa a necessidade de perceber de onde vem a sua verdadeira força e influência.A petição pública defende a necessidade de regulamenta-ção destas agências, para que a sua influência não possa ser arbitrária. “Entendemos que a avaliação das agências de rating deve ser feita por dois critérios principais, bem conhecidas dos investiga-dores científicos: validade e fiabilidade. Assim, é preciso avaliar se as medidas apresentadas (ra-

tings) medem mesmo o que se pretende (a capacidade dos governos pagarem as respectivas dívidas). Validade! É preciso avaliar se essas medidas são precisas e dão sempre o mesmo valor,

quando aplicadas à mesma situação. Fiabilidade! Perante o papel das agências de rating seria de esperar que: Os crité-rios usados na atribuição de ratings passassem a ser

regulamentados pelas au-toridades monetárias, para além de tornados claros e públicos; As autoridades monetárias passassem a controlar (certificação de qualidade) o funcionamento

das agências de rating; As agências de rating fossem alvo de uma avaliação, de um rating, anual, possivelmente atribuído pelas autoridades monetárias.Assim, nós, cidadãos abaixo assinados, afectados pela crise, não iremos aguardar pela próxima crise financeira provocada pelas agências de rating, sem sabermos se as mesmas obedecem a alguma e estranha estratégia política, ou a interesses comerciais que visam a desvalorização do euro, para facilitar as exportações alemãs, ou se re-sultam pura e simplesmente de incompetência e negligên-cia. Nós Cidadãos, uns da União Europeia, nacionais ou residentes, outros de outras partes deste Globalizado Planeta, exigimos, da União Europeia, das Nações Unidas e dos Estados Nacionais, a Urgente Regulamentação Internacional da Actividade das Agências de Notação”.

CC

ERICEIRA “AGENTES ACTIVOS DA MUDANÇA” ORGANIZAM TERTÚLIA

Divulgada petição pública para a regulamentação das agências de “rating”

A Associação dos Amigos da Baía dos Coxos e o Ericeira Surf Clube promoveram, na tarde de 20 de Março, uma acção de limpeza da faixa costeira, com o apoio da Câmara Municipal de Mafra e das Juntas de Freguesia da Ericeira e de Santo Isidoro.A concentração dos partici-pantes ocorreu, pelas 14 horas, em dois pontos: um na praia da Empa e outro na Baía dos Coxos. A faixa costeira foi, recentemente, distinguida com o galardão «Reserva Mundial de Surf», p r i m e i ra d a Eu ro p a e segunda do Mundo.Os critérios de selecção para o reconhecimento da zona costeira do concelho de Mafra compreendida entre a Praia da Empa, na freguesia da Ericeira, e a praia de São Lourenço na freguesia de Santo Isidoro, numa extensão de quatro q u i l ó m e t r o s , f o r a m a qualidade e a consistência das ondas, a importância para o Surf e História, mas também as características ambientais da comunidade local.A acção ambiental, que foi programada, exprime todos

estes pressupostos pelo que esteve aberta a todos os interessados.Na praia de Ribeira d’ Ilhas, ao fim da tarde, com muito movimento, foi servida uma

merenda, não faltando o porco no espeto e bebidas, tudo num ambiente de são convívio.

RB

Limpeza na orla costeira da Ericeira

“De Mafra a Gdansk” é o título do livro de José Carreira, professor em Mafra e um apaixonado por viagens. A apresentação pública da obra teve lugar no Auditório da Casa de Cultura D. Pedro V em Mafra, perante uma assis tência pautada pela pre-sença de inúmeros colegas de profissão do autor, professores nas escolas de Mafra.“Não estou bem quando estou quieto”, desabafou José Carreira, e este espírito marca a sua vida e a sua forma de estar, levando-o a viajar imenso, numa procura sempre constante da diferença e das novidades. “Não gosto de ser turista”, reconheceu, ou seja, não é adepto dos circuitos definidos, em torno de lugares quase que obrigatórios, “gosto sim de viajar em zonas de conflitos, em zonas junto a rios, rios pujante”, numa recordação á terra onde nasceu, Angola,

“um espaço sem fronteiras”, e ao rio ao pé do qual viveu durante alguns anos.Zonas de conflitos não têm de ser, necessariamente, zonas de guerras. Numa cidade po de ser a visita a espaços menos aconselhados, a bairros chamados de proble-máticos, ou a incursões feitas a horas supostamente menos

aconselháveis.Livro de impressões, “De Mafra a Gdansk”, que foi apresentado pelo seu colega de profissão e de viagens Francisco Mendonça, não omite, através de um tom satírico e burlesco, a critica ao país que somos e a algumas das suas aberrações...

CC

“DE MAFRA A GDANSK”

Professor de Mafra apresenta

livro de viagens

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16 | 30 MARÇO 2011 | JORNAL REGIONAL TRIÂNGULO

No Salão Nobre do Palácio da Independência, em Lisboa, teve lugar, na tarde de 17 de Março, a cerimónia do lançamento do livro «As Inva-sões Napoleónicas: Desde a Ida da Família Real para o Brasil às Linhas de Torres (1807 -1811)», da auto ria do Coronel José Custódio Madaleno Geraldo, publicado no âmbito do Bicentenário da Guerra Peninsular. A apresentação da obra esteve a cargo do Tenente - General Alexandre Sousa Pinto, Presidente da Comissão Portuguesa de História Militar.Coube ao Tenente – General Alexandre de Sousa Pinto mencionar alguns dados biográficos do autor do livro. “O Coronel José Madaleno Geraldo nasceu no Torrão, Alcácer do Sal, em 1961. Licenciou-se na Academia Militar em Infantaria tendo desempenhado funções,

durante grande parte da carreira, na Escola Prática de Infantaria, na Vila de Mafra. Actualmente, na Academia Militar, é doutorando em Defesa, História e Relações Internacionais do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa. É de sua autoria a obra biográfica «José Maria Hermano Baptista – Um herói na Grande Guerra: 1917 – 1919». A sua veia poética levou-o a publicar o livro de poemas «Ciclo Lunar». Presentemente é Director do Jornal do Exército”. Referindo, de seguida, o livro, uma adaptação para o grande público da sua tese de mestrado, começou por sensibilizar para o título “«As Invasões Napoleónicas a Portugal» a que se segue, como subtítulo, «Desde a Transferência da Família Real para o Brasil até às Linhas de Torres Vedras».

O livro está organizado em cinco capítulos: No primeiro são tratadas as relações diplomáticas anteriores às Invasões, com algumas incursões «poéticas» à demência de D. Maria I ou ao casamento atribulado de D. João e D. Carlota Joaquina. Mas é também neste capítulo que se fala da transferência da capital para o Rio de Janeiro, dos problemas que essa transferência provocou, da reorganização social e do Estado que impôs ou, ainda, da conquista da Guiana Francesa. No segundo é analisada a invasão comandada por Junot; no terceiro a invasão sob o comando de Soult; no quarto é tratada a invasão comandada por Massena e, finalmente, no quinto, ainda dentro da mesma agressão napoleónica, é dissecada com algum pormenor a obra de arquitectura militar

normalmente designada como Linhas de Torres Vedras, nomeadamente a sua construção, ocupação e custo/eficácia. Parafraseando o prefaciador da obra, General Martins Barrento, eu diria que o conteúdo deste livro é, em si mesmo, «uma justa homenagem aos nossos compatriotas que sofreram a ocupação e a violenta repressão, ou que de armas na mão, combateram valorosamente os invasores, tendo dessa forma contribuído para os expulsar da Península, para os levar para lá dos Pirinéus». Falou depois o autor do livro, Coronel José Geraldo, que. considerou”este livro um pequeno contributo para espelhar os grandes acontecimentos do início do século XIX, que moldaram indelevelmente Portugal, a Europa e o Mundo”.

«Invasões Napoleónicas” novo livro do coronel José Geraldo

Rogério Batalha

No a u d i t ó r i o d a Ca s a da Cultura Jaime Lobo e Silva, na Ericeira, teve lugar, no dia 13 à noite, a cerimónia do lançamento do livro «Fragmentos de uma única Boa Nova» escrito pelo pároco da Ericeira, padre Armindo Garcia. A apresentação da obra, editada pelo Mar de Letras, esteve a cargo de D. Carlos Azevedo, Bispo Auxiliar de Lisboa.O Padre Armindo Garcia, que nasceu em Caldas da Rainha a 12 de Março de 1941 pouco depois do ciclone, sentiu-se feliz por ver a sala, quase cheia, com tantos paroquianos e outros amigos. Na primeira fila estavam a vereadora Célia Salgado, da Câmara Municipal de Mafra, os párocos de Mafra e Enxara do Bispo, padres Luís Barros e Jorge Sobreiro. Presentes, também, Joaquim Sardinha, Presidente da Assembleia Municipal de Mafra e António Mansura, Presidente da Junta da Freguesia da Ericeira, bem como outras entidades.O autor do livro, que na véspera completara 70 anos de idade, proferiu algumas palavras começando por dizer que: «A origem desta edição, depois do estímulo do senhor D. Carlos e do senhor António Carlos, foi

para revalidar a transmissão do meu pai que, no dia dos seus setenta anos, dizia alto: Já hoje imaginei o que pensaram as santas almas dos meus pais quando me viram há setenta anos: o que é que isto vai dar. O encanto da imaginação e a beleza do ensinamento, tenho-o trazido comigo e, agora, é a minha vez de comunicar a mesma felicidade. O título é do senhor D. Carlos e contém o meu respirar aqui na Ericeira. Gosto de ir ver o mar e deixar que as narinas sorvam a maresia com as suas gotículas de

iodo e me encham o peito. O António Carlos catalogou-o de ética social/cristã. Sugeri ética social/ espiritualidade. A espiritualidade é uma maneira de pisar a terra com o coração cheio e olhos novos e assim tudo é novo. O Espírito quer renovar a face da terra. Nesta Babel da confusão dos interesses e do stress da crise poisar como as gaivotas no alto dos dias bonitos e admirar tanta bondade e tanta beleza é um luxo”. E, mais adiante, acrescentou: «A capa do livro tem o açude onde aprendi a nadar. O meu avô trabalhou

Pároco da Ericeira lança «Fragmentos de uma única boa nova»

na sua construção quando saiu da tropa. O meu pai já lá nadava com quatro anos. Muito lá gostam de nadar, como as minhas sobrinhas netas. Mas mais sugestivo é o lugar de onde foi tirada a fotografia. Uma ponte pela qual toda a vida o meu avô lutou. Deslocava-se a Oliveira do Hospital, ia a Coimbra porque as cheias, de vez em quando, lá levavam a ponte. Já não passou por lá, mas morreu com a certeza que se estava a concluir. Daqui me ficou o gosto de fazer pontes».O pároco da Ericeira fez questão de salientar que «se alguma coisa sobrar das despesas desta publicação gostaria de entregar, em partes iguais, à Misericórdia da Ericeira e à recuperação do património da paróquia como humilde contributo do meu muito querer à solidariedade e à memória comum que muito perfil dá à terra».D. Carlos Azevedo usou a seguir da palavra tendo a f i r m a d o q u e « c o l i g i r p e n s a m e n t o s e n o t a s soltas, olhares cruzados entre Palavra de Deus e o fluir dos acontecimentos, registar reflexões oportunas, m e d i t a ç õ e s s i t u a d a s cronologicamente, revela o sentir e viver de um

Pastor, o seu modo pessoal de assumir a condução da Paróquia de São Pedro da Ericeira, evidencia as suas insistências, aponta as suas principais preocupações destes quatro anos de

dedicado serviço». O livro, que tem 162 páginas, exibe na capa uma fotografia do Rio Alvoco, que nasce na Fonte dos Perús, junto à Torre, na Serra da Estrela.

Rogério Batalha

“Uma poesia que tem de ser ouvida, lida e desejada”, foi este o desejo expresso pela escritora Cristina Carvalho, no decorrer da apresentação do livro de poesia de Licínia Quitério “Poemas do Tempo Breve”.A apresentação pública da obra decorreu no salão dos Bombeiros Voluntários de Mafra, vila onde vive a poetisa, e contou com a presença de cerca de duas centenas de pessoas, que aplaudiram as declamações de poemas da autora a cargo de José Fanha e as palavras contundentes de Joaquim Pessoa: “Na poesia portuguesa actual há muita poesia que não diz nada”, criticando o silêncio sobre os bons poetas, de que Licínia Quitério é um “excelente exemplo”.

CC

Sala cheiana apresentação de

“Poemas do Tempo Breve”

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JORNAL REGIONAL TRIÂNGULO | 30 MARÇO 2011 | 17ODIVELAS

BREVES

Carlos Cardoso

ODIVELAS..............................................................................................................................

ASSOCIAÇÃO DOS ANTIGOS ALUNOS DA ESCOLA SECUNDÁRIA DE ODIVELASPROMOVE DEBATE SOBRE SEGURANÇA

Apresentado projecto inovador na área da prevenção rodoviária

Natação

No dia 9 de Abril tem lugar, na Piscina Municipal de Odivelas, a II Edição do Torneio Nadar Mais Rápido, com a participação de alunos de clubes ou escolas de natação de diversos locais. Uma iniciativa da Municipália que pretende, através de pro-vas adaptadas aos diversos es-calões, proporcionar momen-tos de convívio, de socialização e de boa prática desportiva. Os clubes ou escolas convidadas são: Colégio Monte Maior ( Ca-neças); Clube VII (Lisboa); Clube Luz e Vida (Seixal); Educa (Sin-tra) e Piscina Municipal de Vila Franca de Xira.

Idosos

Começaram em Caneças, no dia 22 de Março, as Acções de Sen-sibilização “Saber Envelhecer para Melhor Viver”, no âmbito do Programa de Saúde Sénior. Este programa, que tem sido desenvolvido pela Câmara Mu-nicipal de Odivelas, tem como principais objectivos: promover o acesso à informação na área da saúde por parte da popula-ção idosa; estimular a adopção de comportamentos e hábitos saudáveis; estimular a criativi-dade e capacidade de iniciativa; contribuir para uma melhoria da qualidade de vida etc. A pró-xima acção de sensibilização, subordinada ao tema “A Im-portância de Uma Mente Sau-dável”, vai ter lugar a 5 de Abril, na Comissão de Reformados da Póvoa de Santo Adrião.

Alfabetização

A Junta de Freguesia de Odi-velas em parceria com a Asso-ciação de Jardins-Escola João de Deus vão desenvolver um curso de alfabetização com a designação “O Caminho faz--se caminhando!...”. Pretende--se colocar ao dispor da popu-lação da freguesia um curso de português para estrangeiros e uma classe de alfabetização pa-ra adultos, dirigidas por profes-sores e estudantes finalistas do Ensino Básico da Associação de Jardins-Escolas João de Deus. O curso será composto por 40 ho-ras de formação, sendo admi-nistradas às segundas e quin-tas-feiras das 18h às 20h, no Pa-vilhão Polivalente de Odivelas – Rua Aquilino Ribeiro, com iní-cio a 28 de Abril. As inscrições encontram-se abertas até ao dia 21 de Abril, no Gabinete de Assuntos Sociais – Pavilhão Poli-valente de Odivelas (Rua Aquili-no Ribeiro). A inscrição tem um custo de 2,5 euros.

Um grupo de alunos de física, do 12º ano, da escola secundária de Odivelas está a desenvolver um projecto no âmbito da segurança rodoviária que já suscitou o interesse de uma empresa de cariz internacional, a Arquiled.“O projecto surge na sequên-cia de um pedido da Junta de Freguesia de Odivelas e consiste na iluminação nocturna das passadeiras. Os alunos criaram um “kit” que permite, através da utilização da energia solar, de painéis fotovoltaicos, armazenar energia que irá sinalizar cor-rectamente, de forma mais visível, as passadeiras. E com custos mais reduzidos do que as soluções até utilizadas”, disse ao jornal Triângulo Neusa Cid, professora orien-tadora do projecto.A parte teórica do projecto e a parte virtual estão elabora-das, encontrando-se agora os alunos na concretização de uma ideia que teve uma recepção excelente por parte de patrocinadores, entre os quais a Arquiled, uma empresa de projecção inter-nacional. “Tiveram reuniões com os responsáveis da em-presa, que são parceiros nes-te projecto, tal como a CGD, BCP, a Agência para Energia e a Junta de Freguesia de Odivelas que se mostrou disponível a avalizar este novo sistema”. De tal forma que não está colocada de lado a possibilidade, caso comprovem a sua efectiva viabilidade, o licenciamen-to da patente para futura comercialização.“No final de Abril, princípio

de Maio, tudo deve estar pronto. O projecto dos alu-nos, quatro inicialmente, seis neste momento, acaba por abordar diversos aspec-tos. A nível ambiental, com os painéis fotovoltaicos, em termos de prevenção rodo-viária, com a iluminação das passadeiras, nesta fase experimental duas, aqui, na freguesia de Odivelas, e acaba por sensibilizar muitos alunos que estão, alguns deles, a tirar a carta de condução, para os cuidados a ter”.O projecto chama-se “Illu-minatus” e os seus mentores

são o António Simão, Miguel Conceição, João Palma, João Pacheco, Tiago Catarino e Tiago Rocha. Numa pequena brochura de apresentação do projecto referem que “estudos comprovam que o tempo de reacção hu-mana para travar é de 2,55 segundos e, são necessários pelo menos 49 metros para que o condutor consiga parar o carro. Destes dados consegue-se compreender a importância da iluminação em passadeiras, pois este tipo de sinalização consegue ser observada a mais de 50 metros, permitindo assim

que, tanto o peão como condutor se sintam seguros ao atravessar a zona de pas-sadeiras”.De referir que o número de acidentes em passageiras, no concelho de Odivelas, cresceu nos últimos anos. Em 2007, por exemplo, foram registados 405 acidentes e em 2009, esse número ultra-passou os 450.

Segurança em debateO projecto “Illuminatus” foi apresentado publicamente, naquela que foi a primeira iniciativa da Associação dos Antigos Alunos da Escola Secundária de Odivelas (AA-AESO), um debate realizado a 26 de Março, tendo como pano de fundo a temática da segurança.A AAAESO tem pouco mais de um ano de vida. “A Asso-ciação nasceu de um con-vívio de seis amigos, que frequentaram a secundária de Odivelas. Desde logo de-finimos um caminho muito claro, não se pretendia uma Associação só de festas e convívios, mas uma Asso-ciação que ajudasse a escola, que auxiliasse os alunos”, conta Alda Custódio, presi-dente da AAAESO.Criação de gabinetes de apoio psicológico, de apoio social, desportivo, cultu-ral, criação de um núcleo museológico, para além de encontros, são algumas das ideias que pretendem efectivar. Algumas iniciativas já foram desenvolvidas. “Consegui-mos arranjar o jardim da escola e estamos a efectuar, agora, este debate”, que

contou com intervenções do presidente da Junta de Freguesia de Odivelas, Vitor Machado, de responsáveis da Ferlap e da Fapodivel, da Escola Segura, de técnicas que abordaram a proble-mática do “bullying” ou das tecnologias de informação.A escola secundária de Odi-velas tem 34 anos, e foi um das duas escolas criadas no que eram então o concelho de Loures. Teve e tem um importante papel social na comunidade. “Quando a escola nasceu devia ter uns mil alunos. Hoje terá mais de três mi”. Formou gerações, nomes como o de Nelson Évora ou Sophia Alves estão ligados aquele estabeleci-mento de ensino.“Gostaríamos que mais pessoas participassem. Te-mos dois tipos de sócios, os antigos alunos e os sócios amigos da escola. Já criámos um blog, o aaaesoblogspot.com onde é possível recolher informação e estabelecer contactos. A nossa próxima iniciativa será a realização de um convívio entre alu-nos, com a realização de um jogo de futsal”, sintetiza Alda Custódio que recorda com saudade os tempos que passou na secundária de Odivelas. “Estreei a es-cola no ano seguinte a ter entrado em funcionamento. Frequentei até ao 11º ano, com a pretensão de seguir a área de ciências”.

Alda Custódio, presidente da AAAESO

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18 | 30 MARÇO 2011 | JORNAL REGIONAL TRIÂNGULOODIVELAS

Marília Susana Luzio RodriguesNOTÁRIA

CARTÓRIO NOTARIAL DE PÓVOA DE SANTA IRIADE JOANA AZEVEDO

PUBLICAÇÃO

Joana de Oliveira Soares Azevedo, Notária com Cartório sito na Rua Maria Carlota d’Oliveira, lote 100, loja, Póvoa de Santa Iria, em Vila Franca de Xira, faz saber que no dia onze de Março de dois mil e onze, no referido Cartório Notarial, foi celebrada escritura pública de Justificação, lavrada a folhas 69 e seguintes do Livro 6-A:JUSTIFICANTES: Fernando Nogueira Silvestre, NIF 118.634.038, natural da freguesia de São João, concelho de Porto de Mós, e mulher, Umbelina Pereira de Sousa, NIF 152.971.327, natural da freguesia de Barosa, concelho de Leiria, casados sob o regime da comunhão geral, residentes em Vale Gordo, número 356, Moinhos da Barosa, em Leiria e Maria José Monteiro dos Santos Gonçalves da Silva, NIF 123.577.365, natural da freguesia de Penha de França, concelho de Lisboa, e marido, António Alberto Gonçalves da Silva, NIF 121.953.939, natural da freguesia de Sé, concelho de Lisboa, casados sob o regime da comunhão de adquiridos, residentes na Praceta José Gregório de Almeida, número 12, 1º esquerdo, Massamá, em Sintra, que são donos e legítimos possuidores, em comum e em partes iguais, do seguinte bem imóvel: PRÉDIO: Prédio urbano em propriedade total com andares ou divisões susceptíveis de utilização independente, destinado a armazém e actividade industrial, com rés-do-chão, primeiro e segundo andares, com a área de duzentos e sessenta e cinco metros quadrados, sito na Rua do Galvão, letras J N C, Quinta de Santa Rosa, freguesia de Camarate, concelho de Loures, omisso na Segunda Conservatória do Registo Predial de Loures, confrontando a Norte com Armando Santos, a Sul com Rua Galvão, J N S, a Nascente com Rua Particular e a Poente com António Matos e Eugénio Pereira Carlos, inscrito na matriz da respectiva freguesia sob o artigo 2850, com o valor patrimonial de 221.168,54 euros.TESTEMUNHAS: David Barbosa Pina, viúva, natural da freguesia de Alpedrinha, concelho de Fundão, residente na Rua Adriano Correia de Oliveira, 1ª Rua à direita, número 4, 1º esquerdo, Camarate, em Loures, Maria de Jesus Leal, casada, natural da freguesia de Formigais, concelho de Ourém, viúvo, residente na Rua José Afonso, Quinta Santa Rosa, letras J S A, Camarate, em Loures e Joaquim Pereira, casado, natural da freguesia de Gradiz, concelho de Aguiar da Beira, residente na Rua Adriano Correia de Oliveira, 1ª Rua à direita, número 4, 1º esquerdo, Camarate, em Loures.

Em 23 de Março de 2011 A Notária, Joana de Oliveira Soares Azevedo

Cartório Notarial a cargo da Notária Marília Susana Luzio Rodrigues, sito na Rua do Tejo, lote nove, loja esquerda, na freguesia de Póvoa de Santa Iria, concelho de Vila Franca de Xira.Certifico, para efeitos de publicação, que por escritura de vinte e quatro de Março de dois mil e onze, lavrada com início a folhas oitenta e sete do livro de notas para escrituras diversas número quarenta, neste Cartório, a cargo da referida notária, compareceram: ALEXANDRE SIMÃO RODRIGUES, contribuinte número 137 289 383, natural da freguesia de Santa Vitória, concelho de Beja e mulher, MARIA LÚCIA MEDEIRO CLÁUDIO RODRIGUES, contribuinte número 137 289 375, natural da freguesia de Albernoa, concelho de Beja, casados sob o regime de comunhão de adquiridos, residentes na Rua Três, número três, rés-do-chão, Fetais de Baixo, freguesia de Camarate, concelho de Loures. E DISSERAM: Que, são donos e legítimos possuidores, com exclusão de outrem, de trezentos e setenta e um barra nove mil quinhentos e vinte e sete vírgula dez avos indivisos objecto do prédio rústico, com a área de nove mil quinhentos e vinte e sete vírgula dez metros quadrados, situado em Quinta da Ribeirinha ou Quinta do Pai Avô, freguesia de Camarate, concelho de Loures, descrito na Segunda Conservatória do Registo Predial de Loures sob o número seiscentos e vinte e nove, da freguesia de Camarate, inscrito na matriz predial rústica sob o artigo 55, da secção D, com o valor patrimonial total de 153,48 euros, atribuindo-lhes para efeitos do acto, aos avos atrás referidos, o valor de cento e cinquenta euros. Que, a área do referido prédio rústico se encontra pendente de rectificação de acordo com o pedido apresentado em vinte e um de Junho de dois mil e dez, no Serviço de Finanças de Loures – Quatro, Sacavém.Que, o prédio se encontra descrito na referida Conservatória do Registo Predial sob o mencionado número seiscentos e vinte e nove, com a aquisição dos referidos avos registada a favor de Manuel Fernandes, viúvo, com última residência conhecida na Rua Heróis de Mucaba, lote vinte, Bairro de Angola, freguesia de Camarate, concelho de Loures, pela inscrição Apresentação seis de dezanove de Abril de mil novecentos e oitenta e três.Que, os referidos avos foram por eles, justificantes, adquiridos, já no estado de casados um com o outro, por contrato de compra e venda celebrado verbalmente, em mil novecentos e noventa, compra essa feita ao referido titular inscrito, compra, no entanto, que não foi reduzida a Escritura Pública, pelo que não têm título bastante que legitime o direito adquirido.Que, em consequência da compra que efectuaram, eles primeiros outorgantes estão na posse e fruição dos mencionados avos em nome próprio, como se donos fossem, usufruindo de todos os seus frutos e rendimentos, cuidando da sua conservação e limpeza, amanhando a terra, designadamente plantando árvores, cultivando e semeando a terra, colhendo os frutos, criando lá animais, tendo para o efeito construído no imóvel galinheiros e coelheiras, ocupando-o à vista de todos e pagando pontualmente os respectivos impostos e contribuições, suportando todos os seus encargos, agindo com plena convicção de serem proprietários daqueles avos, tudo isto ininterruptamente, sem violência ou oposição de quem quer seja, e à vista de todos.Que, esta posse exercida de boa-fé, de forma contínua, pacífica e pública, conduziu à aquisição do direito de propriedade sobre os mencionados avos por usucapião.Está conforme o original.Cartório Notarial a cargo da Notária Marília Susana Luzio Rodrigues, em Póvoa de Santa Iria, ao vinte e quatro de Março de dois mil e onze.Conta registada sob o número PA00441/2011.

A Notária, Marília Susana Luzio Rodrigues

Todos sabemos o quanto ficamos irritados com os ruídos nos telemóveis, queremos perceber o que nos dizem do outro lado e não conseguimos. A solução, passa a maior parte das vezes por mudarmos de lugar, nós ou o outro interveniente na conversa, muitas vezes os dois.Nas relações entre as instituições, neste caso muito concreto, no relacionamento entre as As-sociações de Pais e Encarregados de Educação e as entidades com que se relacionam, o “ruído” de fundo pode e leva muitas vezes a mal entendidos que não servem nenhuma das partes.Quando falo em “ruído” de fundo, refiro-me, como já devem ter percebido, a todos os que gravitam à volta de quem tem o poder de decisão, seja pela parte das instituições, seja pela parte das Associações de Pais e Encarregados de Educação.Os interesses que gravitam à volta das Associações de Pais e Encarregados de Educação e, não me refiro às Associações, se bem que por vezes, estas também servem outros interesses que não aqueles para que foram criadas, mas isso fica para outra altura, refiro-me a todos aqueles, que conseguem vislumbrar uma oportunidade de brilhar com o trabalho daquelas. Porque se o trabalho é bom se colam a estas, chegando mesmo a aparecer como mentores, ou porque estas estão em disputa, que pretendiam saudável, com a instituição e estes, os mesmos que se colam, em vez de tentarem contribuir para o entendimento entre as partes, preferem, lançar areia nas engrenagens do entendimento, levando ao descrédito das partes, proferindo invariavelmente a frase “Eu não disse que eram complicados?” e acabando por ficar nas boas graças das partes, acabando estas desavindas e com dificuldade num futuro relacionamento.Este “ruído” é difícil de detectar, normalmente, são seres, aparentemente, prestáveis e sim-páticos, sempre disponíveis para “ajudar” a resolver os problemas. Só que os problemas que pretendem resolver, não são os das partes. São os deles. Não é muito raro vermos estes “amigos” a progredir na carreira.Para evitar o “ruído” é necessário que as partes se sentem e discutam aberta e saudavelmente os problemas que as trazem à mesa de conversações. Apenas assim, se consegue evitar a inter-ferência de terceiros, que pretendem ser os primeiros, no normal curso das conversações. Como todos sabemos, já de si difíceis por envolverem o que nos é mais precioso, os nossos Filhos.Nos anos que tenho passado no Movimento Associativo Parental, sempre tenho encontrado “ruído”, a maior parte das vezes, vindo dos mais insuspeitos, pelo que tive que aprender a aplicar filtros que pelo menos, diminuíssem o “ruído”. Assim, optei entre outros, por não “Ouvir com os olhos, nem ver com os ouvidos” e sentar-me sempre com os directamente envolvidos, num diálogo aberto e franco sem subterfúgios.Não nos podemos esquecer que o diálogo pode criar pontes, onde antes havia precipícios. Dialogar é importante, nunca nos podemos esquecer de o fazer. No entanto temos que ter sempre em mente, que diálogo é diferente do monólogo. O diálogo, implica pelo menos, duas partes que podem ter, e em princípio têm, opiniões diferentes. Dialogando, a que muitas vezes chamamos discussão, por as opiniões serem diversas, conseguimos a maior parte das vezes chegar a consenso, tornando o que à partida parecia impossível, não só possível, como realizável.As Associações de Pais e Encarregados de Educação existem para que a Educação em Portugal, seja cada vez melhor, não se pode permitir que o “ruído” impeça este desígnio. Filtrar o “ruído”é função, tanto das Associações de Pais e Encarregados de Educação como das Instituições com quem se relacionam.Associações de Pais e Encarregados de Educação são um parceiro, o “ruído” pretende que sejam um problema.

Isidoro RoqueFERLAP

Presidente

Frases Soltas…

A propósito do ruído nas comunicaçõesDecorreram no passado dia 18 de Março de 2011, na Sede, as Eleições para os Corpos Sociais da FERLAP, destas, resultaram a seguinte constituição dos Órgão Sociais para o ano de 2011:

Mesa da Assembleia

Presidente: António Reca de Sousa - FAPCASCAISVice-presidente: Pedro Nuno de Sousa Gomes - APEAL1º secretário: António Castela - FAPXIRA

2º secretário: Cristina Matias - APEE EB1 Cesário Verde

Conselho Executivo Presidente: Isidoro Roque – APEE Gonçalves CrespoVice-presidente: António Boa-nova - FAPODIVEL1º secretário: Irene Dalila Ferreira Pinto - APEAL2º secretário: Pedro Martins - APEE EB1 D. DinisTesoureiro: Elisabete Roseiro – APEE Gonçalves Crespo

1º vogal: Lina Fernandes - FAPX-IRA2º Vogal Jorge Pereira - FAPELSuplente: Fernanda Ramos - APEE Escola Secundária da Ramada

Conselho Fiscal Presidente: Antonio Carneiro - FAPXIRA1º Vogal: Miguel Marçal – APEE Telheiras 22º Vogal: Justino Leite - FAPELSuplente: António Bessa – APEE Braamcamp Freire

FERLAP - Eleições 2011

Ajude a FERLAP sem gastar nada!!Este ano, na sua declaração de IRS ajude a FERLAP sem gastar nada e exerça um acto de cidadania activa, ao permitir que a FERLAP, seja cada vez menos dependente do subsidio da Câmara Municipal de Lisboa, ainda não recebemos o do ano passado, e possa ser cada vez mais activa no apoio às As-sociações e Federações da sua Região. A si, não lhe custa nada, para a FERLAP é uma grande ajuda.

Basta escrever o número de contribuinte 501 935 940 no campo 9 do anexo H. Ao fazê-lo estará de imediato a ajudar a FERLAP com 0,5% do seu imposto já liquidado.

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JORNAL REGIONAL TRIÂNGULO | 30 MARÇO 2011 | 19ODIVELAS

Durante dois meses, Feve reiro e Março, a Câmara Municipal de Odivelas, através do De-partamento de Actividades Económicas, realizou a Agen-da para o Desenvolvimento, Inovação e Emprego. Uma iniciativa que irá decorrer ao longo do actual manda-to autárquico e que levará os responsáveis da Câmara Municipal a cerca de 150 empresas.Pode parecer muito, mas tra-ta-se apenas de uma gota de água no oceano de empresas do concelho de Odivelas. De facto, os dados apontam para a existência de “cerca de 14 mil empresas, das quais 6 mil são sociais, de diverso tipo, e 8 mil em nome individual”, como disse ao jornal Triângulo o vereador Mário Máximo, que tem sob a sua responsabilida-de a actividade económica“Visitámos empresas de todos os ramos e ficámos re con-fortados com uma coisa, são empresas lide radas por pessoas com muita capaci-dade, com conhecimento da tecno logia inovadora, e que na generalidade não sentem problemas graves. Apercebe-mo-nos que algumas estão a procurar novas soluções, novos mercados, apostando na exportação em especial, ao nível da CPLP Aliás, tendo em conta esse aspecto, no Fórum Lusofonia, que terá lugar no decorrer da Bienal da Lusofonia, duas dessas

empresas foram convidadas para falarem da sua experi-ência. Encontrámos mesmo empresas que são líder a nível nacional. Não se trata, é bom que fique claro, de dizer que vivemos num oásis, mas de revelar e potenciar o que existe de bom”.Nos contactos estabelecidos, quer este ano, quer o ano pas-sado, foi possível perceber da existência de duas razões base para a fixação dessas unida-des no concelho, desde logo razoes históricas, por ligações familiares ou outras mas, em especial, a melhoria das acessibilidades. “As questões levantadas, no que à Câmara Municipal diz respeito, não são significativas. Houve aler-tas quanto a problemas rela-cionados com a sinalização e o estacionamento, querem celeridade de processos, etc”.Existem medidas, porém, que podem propiciar um maior interesse na fixação das em-presas. Mário Máximo, a este propósito, lembrou que a decisão, assumida no actual contexto de crise económica, de isenção da derrama, levou ao surgimento de dezenas de solicitações para a instalação de empresas. Avançou mes-mo com um dado interessan-te: ”Em 2010, criaram-se mais de 320 empresas enquanto faliram mais de 280”. Como é evidente, e apesar do de-semprego no concelho de Odivelas estar abaixo da mé-

dia nacional, não existe uma relação directa em termos de criação de postos de trabalho, até porque as novas empresas vieram reforçar aquela que era uma tendência dominante, a presença de um tecido em-presarial onde quem vinga são as micro e as pequenas empresas.A proximidade é, assim, um dos eixos de intervenção da Câmara de Odivelas, através do Departamento respectivo, para a actividade económica. “É importante esta relação de proximidade, é importante entrar nas empresas, falar com os seus responsáveis e com os trabalhadores, saber das estratégias, do trabalho que estão a fazer. Mas não só. Temo-nos esforçado para potenciar parcerias, envol-vendo os interessados locais e organismos e estru turas nacionais, assumindo-se a Câmara como que uma ponte

entre os diversos interesses”. A aposta nos produtos tradi-cionais, contribuindo para a afirmação da identidade do concelho, tem sido um outro vector. O caso da Marmelada Branca de Odi velas, com a criação da secção de produto-res, e que irá ser um produto oficial da Bienal Lusófona, é um exemplo disso. Ou ainda a valorização dos produtos Paiã, que têm a certificação da Escola Agrícola da Paiã, caso dos vinhos, do licor, da ginja, das compotas, do queijo. “Não se trata apenas de manter determinados produtos, o essencial é per ceber que a de-fesa e a promoção destes e de outros produtos cria sinergias locais muito interessantes”.As acções de informação e de formação, dinamizadas pela autarquia têm sido uma vertente que já conta com a participação de dezenas de empresas. “Temos apoiado

ou mesmo dinamizado a formação específica para empresários, com um custo reduzido ou inexistente”. O mesmo se pode dizer dos programas que dinamizam o auto-emprego. Fruto desse apoio foi possível criar “70 postos de trabalho, através de 45 projectos, correspondendo a um milhão de euros de in-vestimento”.

Limites definidosA intervenção na actividade económica, possível de ser desenvolvida pelas autar-quias, tem limitações. Mário Máximo sensibiliza para isso. “Em termos de atribuições especificas, não há, ao nível das actividades económicas, um conjunto de atribuições para as autarquias. A Câmara de Odivelas não tem uma actividade bancária ou para bancária, não define sistemas de financiamento, não atribui verbas do QREN ou outras quaisquer. Mas a Câmara pode e deve ter um papel im-portante. Por exemplo, se a CMO agilizar procedimentos ao nível dos licenciamentos, de diversos pedidos das em-presas ou mesmo em termos da legalização das actividades económicas, como restau-rantes, SPAS ou outras, isso pode ajudar bastante. Para além disso, a Câmara pode ter uma intervenção estra-tégica de acordo com o seu espaço territorial. Temos 27 quilómetros quadrados de área, aqui vivem umas 155 mil pessoas, ou seja, não temos muito espaço. A autarquia pode, olhando para o que tem, apostar verdadeiramente em empresas de capital intensi-vo, empresas de tecnologia avançada em vez de arma-zéns que, praticamente, não criam emprego. Neste quadro, podemos influenciar e conse-guimos fazê-lo”Existe ainda uma vertente, que resulta da ligação com o Departamento de Activida-de Urbanística que, se bem aprofundada, contribui para a

melhoria da qualidade de vida das populações, em termos das suas condições diárias, mas também da actividade económica. Dois exemplos permitem sustentar isso, “as candidaturas, no âmbito da reabilitação urbana, do Cen-tro Histórico da Cidade de Odivelas e da Revitalização da Vertente Sul”.No caso da primeira, e em parceria com a Associação de Comerciantes, vai ser possível desenvolver programas de incentivo e modernização do comércio local, de que o “Odivelas vai às compras” é um exemplo. “A candidatura da Vertente Sul é um passo decisivo para a legalização dos bairros, com medidas de promoção cultural, cívica, económica. Um bairro lega-lizado legitima as empresas locais”.Esperam-se novidades para os próximos tempos. Mário Máximo não quis «abrir o livro todo», pois há coisas que ainda estão a ser nego-ciadas, mas avançou, desde já, a realização de uma feira de produtos biológicos, “e a continuidade de um progra-ma que estava estabelecido”. Uma coisa, para este ano, está colocada de lado, a realização da Odimostra ou algo seme-lhante. “Este é um dos piores momentos para investir. As empresas, os primeiros cortes que fazem é na pro-moção. A autarquia também está limitada em termos de verbas. E seria bom pergun-tar porque é que se realizou apenas uma Odimostra. É que custou, então, 300 mil euros! A resposta está aqui”.Questionando a realização de iniciativas esporádicas, mal organizadas, sem efeitos visí-veis, Mário Máximo defende uma actividade integrada, en-volvendo parceiros, criando e desenvolvendo projectos, deixando raízes, algo que na sua opinião não foi feito porque “no passado, de facto, a actividade económica não foi uma prioridade”.

MARIO MÁXIMO FAZ O BALANÇO DA AGENDA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E EMPREGO 2011

Apostar em empresas de capital intensivo e de tecnologia avançada em vez de armazéns

Carlos Cardoso

Marmelada Branca candidata às “7 Maravilhas da Gastronomia”

A Secção de Produtores de Marmelada Branca de Odivelas, em colaboração com a Câmara de Odivelas, apresentou a candidatura da Marmelada Branca ao concurso “7 Maravilhas da Gastronomia”, na categoria de doces, pela Região de Lisboa e Setúbal.As “7 Maravilhas da Gastronomia” é projecto de reconhecido interesse público, da responsabilidade da sociedade New Seven Wonders Portugal, e conta com o apoio institucional do Ministério da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas, do Turismo de Portugal e da RTP, como televisão oficial. Do processo de selecção e eleição das “7 Maravilhas da Gastronomia” fazem parte quatro fases: 1.ª Nomeação (7 de Fevereiro a 27 de Março), 2.ª Selecção de 70 pré-finalistas (1 a 15 de Abril), 3.ª Selecção de 21 finalistas (16 a 30 de Abril), 4.ª Eleição das “7 Maravilhas da Gastronomia” (7 de Maio a 7 de Setembro). “Com esta participação pretende-se promover a qualidade gastronómica da Marmelada Branca de Odivelas, revitalizar a sua importância histórica e afirmar a sua identidade local, estreitamente ligada a toda uma vivência no Mosteiro de São Dinis”, refere, em nota de imprensa a Câmara Municipal de Odivelas.

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20 | 30 MARÇO 2011 | JORNAL REGIONAL TRIÂNGULO ODIVELAS

A Ilha Encantada

Bi & Dão A Pérola

Depois dos sucessos de “Ca-puchinho Vermelho”, “João e o Pé de Feijão” e “O Gato das Botas”, continua em cena a peça de teatro infantil “A Ilha Encan-tada”, com texto e encenação de Fernando Gomes, destinada às crianças de todas as idades.A proposta é um novo espec-táculo onde, tal como nos an-teriores, não vai faltar a magia, o divertimento, o estímulo e a imaginação; uma fonte de prazer e aprendizagem.Para escrever A Ilha Encantada, Fernando Gomes inspirou-se nos contos maravilhosos que ouviu em criança - há muitos... muitos anos atrás!

- Mas que o tempo não apagou da sua memória. Através do prazer e das emoções que as histórias proporcionam, o ‘mara-vilhoso’ sempre foi e continua a ser um dos elementos mais im-portantes da literatura destinada aos mais novos....A Ilha Encantada é contada em forma de lenda, uma tradição oral que, passando de geração em geração, narra acontec-imentos fantásticos; contada... e cantada, uma vez que a música é uma presença constante neste espectáculo, uma maravilhosa Fantasia Musical. O público é convidado a entrar numa ilha, uma ilha misteriosa

onde se destaca um castelo, um barco, e o seu mais velho habi-tante, um simpático contador de histórias, que além de receber os visitantes, os convida a participar no jogo teatral do “faz de conta”. Assim, actores e público vão “desembarcar” no mundo das lendas, no mundo do teatro, no mundo dos sonhos, no mundo da Ilha Encantada!“E conta a lenda... que há muitos, muitos anos atrás, aqui não havia nada, só mar, um imenso mar... até que um dia, um pescador, que ali andava a pescar, sentiu o barco a tremer, o mar a desapa-recer e nesse mesmo lugar uma ilha vi nascer. E segundo conta a

lenda, essa ilha era apenas hab-itada por animais de diferentes espécies e raças, mas todos se davam maravilhosamente bem uns com os outros. Todos!’Até que apareceu um pirata e com ele... A Poluição! Tudo isto conta a lenda... Mas o mais que a lenda conta... não posso agora contar! Deixo isso para os Actores que no palco vão entrar... e com amor, com magia... A história da Ilha En-cantada... a todos vão revelar! Preparem-se pois para uma via-gem ao maravilhoso mundo das lendas... no mundo do teatro... no mundo dos sonhos... no mundo da Ilha Encantada!

Bi e Dão é a proposta de teatro infantil que o Centro Cultural Malaposta apresenta até 17 de Abril, no Café Teatro, de Terça a Sexta-feira, às 10H30 e 15H00, para escolas e por marcação, e ao Sábado e Domingo, às 16H15, para o público em geral.Um curioso bidão de onde saem pernas por um lado, braços e cabeça por outro, formando um corpo só: o corpo de Bi e Dão!Ora Bi e Dão, fartas de ver sempre os mesmos sítios e as mesmas pessoas, decidem partir à aventura. Com vontade de explorar o mundo, embarcam numa longa viagem.«Bi: Vamos viajar por todo o mundo para conhecermos pessoas novas, sítios que nunca vimos e ouvir línguas que nunca ouvimos e que não percebemos nem uma palavra. Dão: Dizes que nem mesmo uma palavra?!»O seu Bidão leva-as a Cabo Verde, ao Brasil, à Índia, à Ucrânia e à China. Nestes países surpreendem-se com as diferentes formas de viver. No final, estafadas mas radiantes com as suas descobertas e experiências - os idiomas, a comida, a dança, o clima, as tradições… - descobrimos que, afinal, nunca saíram do seu bairro.Texto: Rita RodriguesEncenação: Ana Sofia PaivaInterpretação: Rita Rodrigues e Sofia CabritaCenografia e Figurinos: Sara FranqueiraMúsica: Ricardo Santos RochaDesenho de Luz: Paulo Santos Produção: Casear – Criação de Documentos Teatrais

A Pérola constitui uma inesquecível parábola poética sobre as grandezas e misérias do mundo tão contraditório em que vivemos. O Conto de Steinbeck é a história comovente de um pescador que descobre “A pérola do mundo”, em cena de 31 de Março a 10 de Abril no Auditório do Centro Cultural Malaposta, de quinta a sábado às 21H30 e domingos às 16H00.Kino é o homem comum na sua jornada de herói em busca de uma vida melhor.O pescador vive com a sua mulher Joana e o seu filho numa cabana na praia à beira do mar. Ao descobrir a pérola vai confrontar-se com um mundo de ambiguidades. A ordem que sempre conheceu altera-se para sempre numa consequência de acontecimentos que confronta o bem e o mal, a ambição e o sonho, o ódio e o amor. Num texto escrito com mestria pelo autor, “A Pérola” assume-se como metáfora de um caminho para uma vida melhor, um caminho para o Paraíso. A história de Kino, da sua família e da sua cabana à beira do mar é uma parábola que traduz o eterno contraditório entre o mundo material e o mundo espiritual.Adaptação e dramaturgia: Jorge Gomes Ribeiro; Encenação: Jorge Gomes Ribeiro; Elenco: Joana Furtado, Susana Cacela, Sónia Neves, Pessoa Júnior, Nuno Bernardo, Pedro Martinho e Ruben SantosMúsica: Adriano Filipe; Movimento: Joana Furtado; Desenho de Luz: José Carlos Pontes; Luz e som: Margarida Alves; Concepção Cénica: Jorge Gomes; Figurinos: Rita Fernandes e Ruben SantosExecução de Guarda-Roupa: Alda Cabrita; Design Gráfico: João Afonso; Web-design e Multimédia: Margarida Fernandes; Produção Executiva: Raquel Paz; Produção: DA ESQUINA

Vitorino trio, uma formação com o objectivo de divulgar as criações de João Vitorino, para ver na Sala de Café-Teatro do Centro Cultural Malaposta no dia 09 de Abril pelas 21H45.Caracteriza-se pela sua sonoridade única e invulgar e conta a com a intervenção de dois excepcionais músicos, João Santos, Baixista, licenciado em Baixo eléctrico pelo conservatório de Amesterdão e residente na mesma cidade, depois de um longo percurso pelas escolas do nosso país. Dotado de uma capacidade de improviso e técnica invulgares, é peça fundamental para complementar as composições de Vitorino. Luís Gaspar, Baterista de sensibilidade extrema, cuja sua participação é indispensável para delinear os contornos de todo o repertório. Envolvido em projectos de dife-rentes géneros musicais, traz a frescura necessária ao projecto.João Vitorino, guitarrista e compositor da maioria dos temas, tem um percurso traçado pela guitarra clássica e pelo jazz, individualiza-se pela sua extraordinária técnica. Apresenta-se como um virtuoso que busca uma mescla de sonoridades, das quais resultam com-posições muito peculiares, pessoais e “frescas”.Vitorino Trio: João Santos - baixo; João Vitorino - guitarra; Luís Gaspar - bateria

Vitorino Trio

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JORNAL REGIONAL TRIÂNGULO | 30 MARÇO 2011 | 21

BREVES

Carlos Cardoso

V. F. XIRA..............................................................................................................................

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL EM DISCUSSÃO PÚBLICA ATÉ 11 DE MAIO

3.200 assinaturas contra pedreira e aterro na Arcena

VILA FRANCA DE XIRA

Alverca

A Junta de Freguesia de Alver-ca, assinou 12 protocolos com nove instituições e colectivida-des da freguesia, com o objecti-vo de contribuir para a dinamiza-ção cultural e desportiva da fre-guesia. Casa do Povo de Arcena; Futebol Clube de Alverca; Grupo Etnográfico de Danças e Canta-res de Alverca do Ribatejo; Gru-po Coral Ares Novos; Sociedade Filarmónica Recreio Alverquen-se; União Juventude de Alverca; Centro Social e Cultural do Bom Sucesso; Grupo Desportivo dos Bombeiros Voluntários de Alver-ca e Conferência de S. Pedro de Alverca, foram as associações abrangidas.

Póvoa de Stª Iria

O quartel dos bombeiros da Pó-voa de Santas Iria foi o local esco-lhido para o Governador Civil de Lisboa, António Galamba, entre-gar equipamentos de protecção individual às 56 corporações de bombeiros do Distrito de Lisboa, no valor de 510 mil euros. O in-vestimento permitiu a aquisição de centenas de cogulas, de luvas, de capacetes, de aricas, de garra-fas para ar respirável e de másca-ras. Durante a cerimónia, que te-ve lugar a 16 de Março, presidida pelo Secretário de Estado da Pro-tecção Civil, Vasco Franco, Antó-nio Galamba sublinhou a impor-tância do trabalho em rede, da articulação e da convergência de conhecimentos, de meios e de rotinas dos agentes do dispositi-vo de protecção civil.

Informatização

Vila Franca de Xira foi uma das seis autarquias que participou no projecto-piloto, desenvolvido pela DGCI, tendo em vista a im-plementação de um sistema in-formático de transmissão elec-trónica de plantas de arquitec-tura e que vai dispensar os con-tribuintes de apresentar as mes-mas sempre que necessitem de solicitar a avaliação de imóveis para efeitos de IMI (Imposto Mu-nicipal sobre Imóveis). As outras autarquias foram Armamar, Lei-ria, Lisboa, Oeiras e Santarém. Segundo o Ministério das Finan-ças e da Administração Pública (MFAP) a lei em vigor obriga os contribuintes que adquirem imó-veis ainda não avaliados nos ter-mos do Código do IMI a entregar, nos Serviços de Finanças, plantas de arquitectura, devidamente autenticadas, que devem obter previamente nas Câmaras Mu-nicipais. Este novo sistema faci-lita este procedimento já que as autarquias passam a ter a possi-bilidade de enviar directamente, por via electrónica, “essas plan-tas para os Serviços de Finanças”, libertando os contribuintes des-se trabalho.

A Agência Portuguesa do Ambiente vai receber, muito em breve, um dossier acom-panhado de cerca de 3.220 assinaturas, contestando a criação de um pedreira e posteriormente alargado do aterro de Mato da Cruz. É o culminar de uma primei-ra fase de sensibilização da população, especialmente da localidade da Arcena, em Alverca, desenvolvida por um grupo de cidadãos daquela localidade.Bento Casquinha, um dos porta-voz desse movimento de protesto, disse ao jornal Triângulo que as diversas iniciativas de contacto directo com a população, como a que aconteceu no mercado de Alverca, bem como a ampla distribuição dos abaixo-assi-nados pelos estabelecimentos comerciais, permitiu recolher, num espaço relativamente curto, “cerca de 3200 assina-turas” que farão parte de um dossier a enviar à Agencia Portuguesa do Ambiente.O movimento esteve também presente numa das últimas reuniões do Executivo Ca-marário, alertando para as consequências que assume para a população a exploração de uma pedreira e poste-rior utilização como aterro. “Aquilo fica a uns 80 metros das casas”, diz, por seu lado José Avelar, criticando em particular o facto de não ter existido “qualquer divulgação e debate público do projecto.

A Câmara Municipal de Vila Franca de Xira aceitou esta solução, recebendo como contrapartida, por parte da Valorsul, que é quem gere o aterro, dinheiro para comprar três veículos”.Lembramos que decorre, até ao dia 11 de Maio, a consulta pública do Estudo de Im-pacto Ambiental referente à pedreira da Arcena, que será explorada pela Cimpor, e que não pode entrar em funcionamento sem o aval da Secretaria do Ambiente e a garantia que serão cumpridas eventuais recomendações de minimização do impacto ambiental.Maus cheiros, em especial à noite, águas inquinadas, pós, são algumas das con-sequências, segundo estes moradores, do projecto. “O que é grave é que tudo isto foi feito nas costas da população e foi aprovado por unanimi-dade, no Executivo da Câmara Municipal, a Declaração de

Interesse Público. Agora, face aos alertas que fizemos, dizem que vão falar com a popu-lação, só que, entretanto já começaram as marcações no terreno”.Os vereadores da CDU lem-bram, porém, que o voto favorável teve como garantia

o compromisso da presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira de que seria feito um estudo de impacte ambiental e que a população seria consultada. De reter ainda que as preocupações dos moradores também são assumidas pela Agência Por-

tuguesa do Ambiente que chegou a alertar a Câmara Municipal para um conjunto de situações decorrentes da exploração da pedreira de Arcena.Maria da Luz Rosinha está consciente dos impactos que a futura pedreira terá na po-pulação, tendo a esperança, porém, que as medidas pro-postas no estudo de impacto ambiental venham a mini-mizar de forma significativa esses inconvenientes. Já Afonso Costa, Presidente da Junta de Freguesia de Alverca, disse ao Triângulo que no fu-turo, após o fim da exploração da pedreira, a utilização como aterro e posterior selagem, tudo indica que poderá sur-gir naquela zona um parque urbano do “tipo daquele que existe em Santa Iria de Azóia”.

Póvoa de Santa Iria sensibiliza para a recolha dos dejectos do canídeos

A Junta de Freguesia da Póvoa de Santa Iria lançou uma campanha de sensibili-zação, tendo em vista a actualização do

registo e licenciamento dos canídeos existentes na freguesia, bem como sensibilizar os donos dos animais para a necessidade de recolha dos dejectos.Nesse sentido, por cada registo ou licenciamento, a Junta de Freguesia vai oferecer um kit para a recolha dos dejectos, um problema com desagra-dáveis consequências ambientais, pois face ao elevado número de animais existentes na cidade, é habitual ver, seja nos passeios, seja em espaço verdes, os dejectos dos canídeos.

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22 | 30 MARÇO 2011 | JORNAL REGIONAL TRIÂNGULOVILA FRANCA DE XIRA

Cartório Notarial a cargo da Notária Marília Susana Luzio Rodrigues, sito na Rua do Tejo, lote nove, loja esquerda, na freguesia de Póvoa de Santa Iria, concelho de Vila Franca de Xira.Certifico, para efeitos de publicação, que por escritura de nove de Março de dois mil e onze, lavrada com início a folhas trinta e nove do livro de notas para escrituras diversas número quarenta, neste Cartório, a cargo da referida notária, compareceram: JOSÉ DOS SANTOS GOMES CARROLA, contribuinte número 100 912 397, natural da freguesia de Telhado, concelho de Fundão e mulher, MARIA HELENA CERQUEIRA NOVO CARROLA, contribuinte número 159 271 371, natural da freguesia de São Sebastião da Pedreira, concelho de Lisboa, casados sob o regime de comunhão de adquiridos, residentes na Praça Doutor Fernando Amado, lote quinhentos e sessenta e sete, décimo segundo D, freguesia de Marvila, concelho de Lisboa.E DISSERAM: Que, são donos e legítimos possuidores, com exclusão de outrem, do prédio urbano, com a área de quatrocentos e sessenta e três vírgula seis metros quadrados, composto por terreno para construção urbana, denominado Quinta de Nossa Senhora de Fátima, lote número sessenta e oito, parcela A, situado no lugar e freguesia de São João dos Montes, concelho de Vila Franca de Xira, descrito na Primeira Conservatória do Registo Predial de Vila Franca de Xira, sob o número dois mil duzentos e um, da freguesia de São João dos Montes, inscrito na matriz predial urbana sob o artigo 3889, com o valor patrimonial de 51.231,75 euros, atribuindo-lhe para efeitos do acto, ao prédio atrás identificado, valor igual ao seu referido valor patrimonial, ou sejam, cinquenta e um mil duzentos e trinta e um euros e setenta e cinco cêntimos.Que, o prédio se encontra descrito na referida Conservatória do Registo Predial sob o mencionado número dois mil duzentos e um, com a aquisição registada a favor de Joaquim Carlos dos Santos e mulher Maria Alzira Mendes dos Santos, casados sob o regime de comunhão de adquiridos, com última residência conhecida na Rua do Cláudio Nunes, número sessenta e oito, segundo andar, em Lisboa, pela inscrição Apresentação dezasseis de vinte e um de Novembro de dois mil e seis. Que, sobre o indicado prédio se encontra registada ainda uma autorização de loteamento titulada pelo alvará número zero dois barra dois mil e seis de vinte e quatro de Fevereiro, pela inscrição Apresentação cinco de trinta de Março de dois mil e seis, e uma hipoteca legal a favor do Município de Vila Franca de Xira, pela inscrição Apresentação dezasseis de vinte e um de Novembro de dois mil e seis. Que, o referido prédio foi por eles adquirido, já no estado de casados um com o outro, por contrato de compra e venda celebrado verbalmente, tendo o contrato promessa sido celebrado em trinta e um de Janeiro de mil novecentos e oitenta e nove e o contrato definitivo em seis de Fevereiro de mil novecentos e oitenta e nove, compra essa feita aos referidos titulares inscritos, compra, no entanto, que não foi reduzida a Escritura Pública, pelo que não têm título bastante que legitime o direito adquirido.Que, essa compra incidiu à data sobre parte de um prédio que tinha ainda a natureza rústica.Que, em consequência da compra que efectuaram, eles estão na posse e fruição do mencionado prédio em nome próprio, como se donos fossem, usufruindo de todos os seus frutos e rendimentos, cuidando da sua conservação e limpeza, ocupando-o à vista de todos e pagando pontualmente os respectivos impostos e contribuições, suportando todos os seus encargos, agindo com plena convicção de serem proprietários daquele prédio, tudo isto ininterruptamente, sem violência ou oposição de quem quer seja, e à vista de todos.Que, apesar da inscrição a favor dos titulares inscritos remontar a dois mil e seis, isso não significa que os mesmos adquiriram a propriedade nessa data.Que, como já foi referido, os ora justificantes adquiriram uma parcela de um prédio que ainda tinha a natureza rústica que se encontrava registado na mencionada Conservatória, da freguesia de São João dos Montes, sob o número mil duzentos e quarenta e três. Que, a actual inscrição a favor dos titulares inscritos, que tem por objecto o já prédio urbano, deveu-se apenas ao facto de o imóvel se encontrar em área urbana de génese ilegal – AUGI – que sofreu um processo de legalização através da emissão do supra identificado alvará de loteamento, tendo, consequentemente, dado origem a um acto de divisão de coisa comum, titulado por escritura pública que nem sequer foi outorgada pelos titulares inscritos mas por uma Comissão que representava todos os proprietários. Daí a inscrição a favor dos titulares inscritos ser recente, mas que não significa verdadeiramente uma aquisição nova, tratando-se sim de uma aquisição que é consequência de uma operação de loteamento.Que, esta posse exercida de boa-fé, de forma contínua, pacífica e pública, conduziu à aquisição do direito de propriedade sobre o mencionado prédio por usucapião. Está conforme o original.Cartório Notarial a cargo da Notária Marília Susana Luzio Rodrigues, em Póvoa de Santa Iria, ao nove de Março de dois mil e onze.Conta registada sob o número PA00363/2011

A Notária, Marília Susana Luzio Rodrigues

Marília Susana Luzio RodriguesNOTÁRIA

A 10 de Abril dezenas de motard’s do Star Riders Por-tugal, um clube nacional, monomarca (segmento Star/Virago da Yamaha), que vai fazer seis anos em Maio, concentram-se, logo de ma-nhã, em Vila Franca de Xira, junto à praça de touros. Daí, acompanhados pela PSP lo-cal, seguem, em ritmo lento, para Alverca onde, junto ao campo de futebol, terá lugar uma iniciativa que organizam anualmente, o Egg-Run, um evento de solidariedade. “Desde o inicio que tivemos

a ideia de fazer algo diferente das habituais concentrações motard’s. Por isso, por altura da Páscoa, os associados e amigos do clube deslocam-se a uma determinada cidade e oferecem doces e brinquedos às crianças mais desfavoreci-das. Colaboram também com as instituições que as acolhem angariando artigos que aju-dem a suprimir algumas das necessidades mais urgentes”, disse ao jornal Triângulo José de Matos, delegado para a zona sul do Star Riders Por-tugal.

Estima-se que mais de 200 crianças e jovens da Associa-ção para o Bem-Estar Infantil de Vila Franca de Xira (ABEI), Associação para o Bem-estar Infantil Vialonga (ABEIV), As-sociação para Integração de Pessoas com Necessidades Especiais (AIPNE), Centro de Emergência Social (no CEBI) e a Cooperativa de Educação e Reabilitação de Cidadãos Inadaptados (Cercitejo), es-tejam presentes, no dia 10, em Alverca. “Para além das prendas que teremos todo o prazer em ofertar, existe uma momento que para eles é inesquecível, a possibilida-de de andarem de mota. São crianças muito sensíveis e é impressionante a alegria que sentem”.Para além da participação individual, decorre um tra-balho junto de empresas e instituições diversas, com o objectivo de angariar mate-rial e géneros que ajudem a suprimir algumas carências das IPSS. “Não distribuímos dinheiro. Falámos com os responsáveis das instituições que fizeram chegar algumas das necessidades que podem ir desde brinquedos, livros, jogos, artigos escolares a ar-tigos de desporto, mobiliário,

computadores, pequenos electrodomésticos”.Para o sucesso da iniciativa, José de Matos conta com a participação e envolvimento dos diversos clubes motard’s existentes no concelho e mes-mo nos concelhos limítrofes. “Queremos que este evento seja de todos. Contactámos os clubes locais, pedimos a sua adesão, quer ao nível da di-vulgação, quer na recolha de material e na participação no próprio dia, nomeadamente nas “viagens” com os jovens das diversas instituições.

ALVERCA EGG-RUN DECORRE EM ALVERCA A 10 DE ABRIL

Motard´s apoiam instituições de solidariedade

Carlos Cardoso

Também a Escola Segura vai estar presente, com 10 crian-ças fardadas á PSP”.O Star Riders Portugal Moto Clube é um Moto Clube de apaixonados pela linha cus-tom XV / XVS da Yamaha que engloba todos os modelos da gama Star Motorcycles. Destes fazem parte as fa-mosas Virago, DragStar, Wil-dStar, RoyalStar, Venture, MidnightStar e mais de duas dezenas de modelos, que ao longo dos anos, a gama Star Motorcycles (Yamaha) tem vindo a produ zir e comercia-

lizar com tanto sucesso por todo o mundo. O Star Riders Portugal é, em suma, um grupo de ferro-sos com amor pelos ferros (motos) e, em especial, um carinho muito grande pelos ferros Star. Essa paixão e a sã camaradagem são os motes do clube. “Ao longo do ano fazemos diversos convívios. Gostamos de andar nas cal-mas, conviver, com as res-pectivas famílias, estabelecer laços nos locais onde vamos. As motas são cativantes e as crianças adoram-mas devi-do á sua beleza”, diz José de Matos.O Egg-Run, que tem este ano o apoio da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, foi organizado pela primeira vez em 2006, em Leiria. Em 2007, foi a vez de Coimbra receber este evento solidário, seguindo-se, no ano seguinte a Figueira da Foz. Em 2009, a iniciativa teve lugar em Viseu e em 2010 Vila do Conde. Após as primeiras quatro edições na zona centro e a do ano anterior na zona norte, o Egg-Run desloca-se este ano para sul do país e chega ás portas de Lisboa, a Vila Franca de Xira.

A Sociedade Central de Cer vejas e Bebidas (SCC) renovou, no âmbito da sua política de Responsabilidade Social Corporativa, para o presente ano, o seu protocolo com a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. Tendo em conta o actual contexto económico, o enfoque vai ser as famílias carenciadas, se guindo a linha dos anos anteriores. O valor global do protocolo será de 130 mil euros.“Tendo em conta os tempos menos fáceis que vivemos, a SCC, juntamente com a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, deci diu este ano canalizar prio ritariamente o seu apoio para as famílias mais ca ren ciadas do concelho, reafirmando as iniciativas dos anos ante riores. A SCC tem como objectivo reforçar a ajuda, que tem disponibilizado e continuar a ajudar o concelho de Vila Fran ca, onde a nossa fábrica de Vialonga se integra, em prol do desenvolvimento económico e social da região”, sublinhou o Presidente da Comissão Executiva da SCC, Alberto da Ponte, à margem da assinatura do protocolo com a Presidente da CMVFX, Maria da Luz Rosinha.

(Correspondência)

130 MIL EUROS PARA AS FAMÍLIASMAIS CARENCIADAS

Central de Cervejas renova protocolo

com a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira

José de Matos

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JORNAL REGIONAL TRIÂNGULO | 30 MARÇO 2011 | 23VILA FRANCA DE XIRA

Bidões, dezenas de garrafas e garrafões de plástico e de vidro, monos leves, arrastados pelo rio, enfim, uma quantidade enorme de resíduos foi recolhido pelos cerca de 150 voluntários que participaram, no dia 19 de Março, na “Missão Limpar a Lezíria”, em Vila Franca de Xira, uma iniciativa que teve como objectivo limpar a orla fluvial da Lezíria Grande.O que chamou mais a atenção, porém, foi a recolha de duas enormes redes de pesca ilegal, tipo mosquiteiro, com que se apanha o meixão ou a enguia pequena, um petisco especialmente apreciado em Espanha onde se chega a vender a cinco mil euros o quilo.“Estas redes são colocadas em zonas baixas, presas a umas canas. Muitas vezes com o movimento das águas do rio, soltam-se e vêm por aí abaixo, ficando nas margens. É uma pesca ilegal pois captura a enguia ainda na fase da desova”, explica o senhor Miranda, conhecedor dos terrenos e das histórias da Lezíria.Coube à Associação dos

Beneficiários da Lezíria Grande promover esta iniciativa, tendo solicitado o apoio de técnicos da Liga da Protecção da Natureza, que coordenou os trabalhos e que trouxe até Vila Franca de Xira 25 voluntários. “Fizemos um primeiro reconhecimento e tínhamos a noção do tipo de resíduos que existiam nesta zona. Marcamos 21 pontos de recolha, distribuídos ao longo de cinco quilómetros. Contactámos associações locais, tendo aderido A Tenda, um grupo de animação, o grupo de escuteiros 823 de Vila Franca de Xira, um núcleo de BTT, a própria GNR, a Junta de Freguesia e a Câmara Municipal, membros do Grupo de Forcados Amadores local, funcionários da empresa Jerónimo Martins entre outros, incluindo grupos não formais. Para além da acção de limpeza, principalmente pretende-se sensibilizar as pessoas para a preservação do rio Tejo e da própria Lezíria”, explicou Cátia Godinho.Luís Monteiro, 25 anos, vendedor, veio de Lisboa. Pela primeira vez tomou um

contacto mais directo com a Lezíria. Reconhece “que não tinha noção da riqueza da área” nem da quantidade de resíduos “que se acumulam ao longo das margens do rio”. Mas não deu o tempo por perdido. “Podia ter ido apanhar sol, mas é mais importante participar nesta acção voluntária”.Quem agradece a colaboração é Rui Paixão, da Associação de Beneficiários da Lezíria Grande. As preocupações de ordem ambiental são, neste momento, uma constante da própria Associação. Para além do trabalho de valorização da riqueza agrícola dos terrenos que fazem parte da Associação, existe a aposta em novas soluções energéticas e em modelos de controlo mais eficazes. Rui Paixão lembra, por exemplo, o sistema de monotorização da água da Lezíria, essencial para evitar a salinização dos terrenos, a instalação de sistemas de micro-geração, os painéis fotovoltaicos, soluções que pretendem aproveitar as potencialidades naturais da Lezíria em favor da própria Lezíria.

VILA FRANCA DE XIRA MAIS DE 150 VOLUNTÁRIOS LIMPARAM A LEZÍRIA

Encontradas diversas redes de pesca ilegalCarlos Cardoso

“O último dia em que vi bem foi aqui, na Castanheira”, disse Amílcar Carvalheira, emo-cionado. Não era para menos. Quarenta anos depois regressou a uma terra onde viveu e cresceu no meio de muitos amigos, alguns deles presentes na salão da biblioteca local, para tornar a abraçar aquele que, hoje com 69 anos, se dedica em exclusiva à escrita.“Vim para cá, tinha então 19 anos, isto em 1960. Alguns dos melhores anos da minha vida foram passados nesta terra e ninguém se lembrava que eu não via”, recorda. Fez parte de uma geração activa, dinâmica. Foi fundador da APS, da secção cultural do Juventude da Castanheira, tendo contribuído para a primeira biblioteca, fez parte do primeiro conjunto musical que existiu na freguesia, o Castanheira Juventude, foi ensaiador no coro da igreja, tudo coisas “que deram uma certa vitalidade à terra”.Entre risos e lágrimas, pois as histórias de uma juventude irreverente não deixam de fazer lembrar que essa juventude já lá vai, Amílcar Carvalheira desfiou a sua vida. Aca-bou por ir viver e trabalhar para Moscavide, tirou o curso que lhe permitiu dar aulas, em Loures, até que se reformou. Concentrou-se então na escrita tendo publicado 11 romances. “As minhas obras reflectem um indivíduo atento aos problemas de ordem social. Estes livros são a expressão da minha actual concepção da sociedade. A pessoas que sou hoje é uma parte da pessoas que cresce aqui. Considero-me, por isso, uma pessoa que se integra no neo-realismo”.Ventura Reis, presidente da Junta de Freguesia da Castanheira, manifestou o seu apreço pelo retorno do escritor, para quem “vir aqui, ao fim de 40 anos, é como que fechar um círculo”, e por falar num espaço, a biblioteca, “que é da nossa inteira responsabilidade, onde ninguém mete um cêntimo, mas que é motivo de orgulho, pois é bastante parti-cipada, principalmente pelas crianças das escolas”.

CC

FOI UM DOS FUNDADORES DA APS

40 anos depois Amílcar Carvalheira regressou à Castanheira do Ribatejo

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