jornal papel do guia nº 50 - julho de 2008

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IMPRESSO SINDEGTUR / RJ • Ano 9 • Nº 50 • Edição julho 2008 Bem vindo a Jerusalém, RJ Págs. 6 e 7 Peru leva o Turismo a sério Págs. 8 e 9 Iko Poran: O Turismo da solidariedade Pág. 11 SINDEGTUR / RJ contribui com o PNT Pág. 5 A hora e a vez da América do Sul MACHU PICCHU MACHU PICCHU CATARATAS DO IGUAÇU CATARATAS DO IGUAÇU RIO DE JANEIRO RIO DE JANEIRO BUENOS AIRES BUENOS AIRES Fotos: Mauro Rubinstein

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Boletim sindical para guias de turismo

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IMPRESSO

SINDEGTUR / RJ • Ano 9 • Nº 50 • Edição julho 2008

Bem vindo a

Jerusalém, RJ

Págs. 6 e 7

Peru leva o

Turismo a sério

Págs. 8 e 9

Iko Poran: O Turismo

da solidariedade

Pág. 11

SINDEGTUR / RJ

contribui com o PNT

Pág. 5

A hora e a vez da América do Sul

MACHU PICCHUMACHU PICCHU

CATARATAS DO IGUAÇUCATARATAS DO IGUAÇURIO DE JANEIRORIO DE JANEIRO

BUENOS AIRESBUENOS AIRES

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2Ano 9 • Nº 50 • Edição julho 2008Editorial

Números cruéisO que a Malásia tem que nós não temos?

PUBLICAÇÃO DO SINDICATO ESTADUALDOS GUIAS DE TURISMO DO RIO DE JANEIRO

Rua Santa Clara, 75 • 13º andar • Cob. 01 • CEP 22041-010 • telefone (0xx21) 3208-1801• Fone/Fax ( 0 x x21 ) 3208-1827 • e -ma i l s i ndeg tu r@s indeg tu r. o rg .b r •Site: www.sindegtur.org.br • Horário de atendimento: de segunda a sexta-feira, das 10hàs 13h e 14h às 18h

PRESIDENTE: Luiz Augusto Nascimento dos Santos • VICE-PRESIDENTE: Mauro Rubinstein• JORNALISTA RESPONSÁVEL PELA EDIÇÃO: Graça Portela (Mtb/RJ 17391/79/2) •SECRETÁRIA: Marcia Rabello • COLABORARAM NESTA EDIÇÃO: Cristina Baumgarten(Salvador, BA), Efraim Schvaitzer, Luiz Augusto N. dos Santos, Márcia Rabello, MauroRubinstein, Milton Teixeira• DESIGN GRÁFICO E EDITORAÇÃO ELETRÔNICA: KátiaRegina Fonseca • TIRAGEM: 3.000 exemplares • IMPRESSÃO: Jornal do Commercio •PERIODICIDADE: Trimestral • DISTRIBUIÇÃO: Gratuita.

As estatísticas do Conse-lho Mundial de Viagense Turismo (WTTC) há

anos posicionam o setor Viageme Turismo em primeiro lugar naatividade econômica mundial,superando a maioria dos outrossetores em crescimento e susten-tabilidade. No Brasil, já se tem aconsciência de que o Turismo é aatividade que mais emprega como menor investimento, contribuin-do para preservação do patri-mônio material e imaterial dasnações, promovendo o entendi-mento entre os povos, e assim pordiante.

Mas na Olimpíada do cresci-mento do Turismo – a mãe detodas as soluções –, o Brasil temapresentado desempenho modes-to, quando comparado a outrospaíses em condições semelhantesde desenvolvimento econômico esocial e que possuem distânciasequivalentes dos principais pólosemissores. Os dados demonstramque nosso país perde para todos,com exceção da Argentina, nossavizinha e companheira de infortú-nios político-sociais.

Na tabela, apresentamos dadosextraídos do site do WTTC referen-tes ao percentual de incrementodo número de visitantes estrangei-ros em cada país, entre 1990 e2007, incluindo o turismo de negó-cios. Tomamos o ano de 1998

mento internacional cresceu 200%no mesmo período, contra 91%no Brasil. Para não desanimar oleitor, preferimos nem publicar osvalores dos rendimentos com oTurismo pelo mundo afora, com-parados aos nossos. Para tanto,pesquisem no endereço http://www.wttc.org/eng/Tourism_Research/Tourism_Satellite_Accounting_Tool

Como observaram algunsguias de turismo e seus clientes,que têm viajado pela América doSul, o Peru e a Argentina, paísescom os quais dividíamos a lanter-na da competição, já largaramna frente. Eles estariam rece-bendo o turista com muito maiseficiência e se promovendo bemmelhor do que nós. Ao que tudoindica, falta-nos vontade e com-petência para chegarmos aopódio, pois, de resto, temos tudopara deixar de ser o eterno Paísdo Futuro, também no que serefere ao Turismo.

Mauro Rubinstein

Vice-presidente do SINDEGTUR / RJ

% Visitantes Internacionais (1998 = 100)

1990 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Brasil 120,26 165,92 161,95 165,42 164,77 172,52 178,73 183,60 191,26

Argentina 120,25 153,35 150,23 155,38 155,06 161,50 167,23 172,96 182,07

Peru 119,00 172,50 167,50 168,68 167,22 177,96 184,15 188,39 194,82

Costa Rica 128,37 200,36 211,59 217,61 237,80 240,84 247,33 265,14 270,86

Egito 113,17 177,71 181,27 204,83 206,38 211,61 218,66 225,44 232,20

Líbano 195,81 205,69 210,77 219,72 218,27 230,13 228,92 231,58 240,94

Turquia 108,25 217,67 221,99 228,53 226,53 236,76 240,75 244,94 251,62

Quênia 123,51 202,06 207,80 210,82 221,06 223,80 231,07 242,96 248,70

África do Sul 135,47 206,55 223,50 232,08 264,37 257,20 262,22 290,94 300,28

Austrália 134,52 238,47 238,56 248,67 242,44 276,51 289,06 293,52 311,79

Indonésia 142,59 274,29 277,50 294,25 283,36 329,42 346,11 356,61 387,54

Malásia 147,97 318,96 326,52 350,92 334,42 394,16 416,45 440,51 489,49

como ponto de partida, com índiceigual a 100. Nas colunas seguin-tes, cada país apresenta o aumen-to correspondente a um determi-nado ano em relação a 1998.Reparem que, em 1990, todos sealinhavam na faixa média de 20a 40% de aumento. Porém, no ano2000, as diferenças regionais jáeram marcantes, com variaçõesde 55 a 200%, em 12 anos.

Em 2007, o receptivo interna-cional no Brasil, Argentina e Peru,

apesar dos esforços institucionais nafixação de metas, recebeu emmédia apenas 30% de visitantesa mais do que em 2002, enquantoque a África do Sul cravou 68% e aIndonésia, 93%. Neste mesmo perío-do de seis anos, a Malásia supe-rou os 100% de aumento, algo quenós não conseguimos em 20 anos.

O Brasil acostumou-se a debitara performance medíocre às criseseconômicas, às panes aéreas,aos surtos epidêmicos, à violênciaurbana, à desvalorização do dólar,às notícias desfavoráveis divul-gadas na mídia nacional e estran-geira, enfim, desculpas não fal-tam. Acontece que estas mesmaspragas também afligem todas asoutras economias, além de guer-ras, ataques terroristas e catástro-fes ambientais, situações que nun-ca nos afetaram. O Líbano viveuma guerra civil recorrente hádécadas e, ainda assim, o núme-ro de visitantes aumentou 140%desde 1998. Na África do Sul, quepassa por uma crise social deproporções brasileiras, o movi-

3Ano 9 • Nº 50 • Edição julho 2008Legislação

Foi finalmente votada e en-caminhada ao SenadoFederal a Lei Geral do

Turismo (LGT), cuja última versãosofreu diversas modificações des-de o início dos debates em 2003.Apesar de constituir um marcopara o desenvolvimento do turis-mo, infelizmente a versão não incluiuqualquer menção aos guias deturismo, dentre os prestadores deserviços turísticos elencados. Aemenda de nº 3, da deputada fe-deral Andréa Zito, que propunhacitar agentes e guias de turismo,terminou rejeitada pela relatoria.Assim como, várias outras emendas.

Na justificativa do relator, depu-tado Carlos Eduardo Cadoca, “Oturismo é um setor dinâmico quenecessitava de um marco regula-tório que permitisse acompanharas peculiaridades da economia,as mudanças de costumes e osavanços tecnológicos. Todos (estessão) fatores bastante voláteis e

imprevisíveis. Ao detalhar mais aLei Geral do Turismo, correríamoso risco de perder a flexibilidadenecessária para adaptá-la ao fu-turo (o grifo é nosso). Isso porque,qualquer iniciativa neste sentidopassaria a depender da aprova-ção do Congresso Nacional que,como sabemos, não costuma ser

um processo célere. Assim, o idealé que os pormenores venham emoutras proposições”.

“[...] Questões há tempos deman-dadas pelo trade, como a ques-tão da reciprocidade na conces-são de vistos estrangeiros, o reco-nhecimento do turismo receptivocomo atividade exportadora, a tribu-

Votada a Lei Geral do Turismotação incidente sobre os agentesde viagem, a regulamentação daprofissão de turismólogo não sãotratadas pela Lei Geral. Principal-mente, devido às divergências inter-nas no Poder Executivo”.

Os esforços tardios, por parteda FENAGTUR e do SINDEGTUR/RJ, esbarraram na disposição daCâmara em dar urgência à votaçãoda lei. Mesmo assim, recebemosmensagens de apoio de muitosdeputados.

Comparados aos turismólo-gos, cuja profissão nem é sequerreconhecida, até que não estamostão mal. Precisamos agora de umesforço integrado entre sindicatosestaduais dos guias e Federação,para regulamentar as leis estaduaisque determinam a contratação deguias para os serviços de acolhi-mento turístico, dar uma melhorredação à lei que regulamenta anossa profissão e criar os conse-lhos de classe.

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4Ano 9 • Nº 50 • Edição julho 2008Sindical

Anova resolução da Agên-cia Nacional de Trans-portes Terrestres – ANTT

reserva para os guias de turismouma grata surpresa: para recebera autorização de viagem paracruzeiros rodoviários, a agênciaou operadora de turismo deveráinformar, antecipadamente aANTT, o nome do guia de turismocontratado e seu número decadastro no Ministério do Turismo.

A nova resolução inclui doisartigos: os de números 27-A e27-B, na Resolução nº 1.166, de5 de outubro de 2005, que orde-na o transporte turístico no país.Estes novos artigos abrem cami-nho para a consolidação do“Cruzeiro Rodoviário”.

Confira a íntegra da nova reso-lução no site: www.antt.gov.br

À semelhança de um cruzeiro

ANTT quer excursãocom guia de turismo

marítimo, o cruzeiro rodoviáriopermite a comercialização deexcursões com múltiplos destinose embarques e desembarques emdiferentes pontos do trajeto, o quenão era permitido até agora.

A exigência da contratação doguia de turismo como condiçãopara a autorização de viagem temamparo na legislação, e contribuipara coibir o exercício ilegal daprofissão e os abusos contra odireito do consumidor – turista.

Os (maus) empresários preci-sam entender que uma excursãosem um guia de turismo é umafraude contra o cliente, pondo emrisco a própria segurança doempreendimento e que donos deagências, operadores, professo-res, celebridades e seja lá quemfor, não podem substituir um guiade turismo profissional.

O NOVO PROJETO DOCRUZEIRO RODOVIÁRIOO projeto foi criado pela Agên-

cia de Desenvolvimento do Turis-mo, da Macrorregião Sudeste doBrasil (Adetur-SE), e prevê a criaçãode roteiros diferenciados paraviagens de ônibus. Já existe umroteiro piloto de 14 dias, que come-ça em São Paulo, Rio de Janeiro,Vitória, Belo Horizonte, Poços deCaldas, Campinas, dentre outras

cidades, e passa pelo que há demais interessante em cada estado.

O roteiro pode começar eterminar onde o cliente quiser.Em cada ponto, os turistas terãodiversas atrações, além do pernoi-te em hotéis. A Adetur-SE já traba-lha em parceria com a ANTT ecom o Ministério do Turismo paraaprovar o projeto.

Fonte: Gazeta Mercantil, de 28/06/08

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O Projeto Carioquinha encerrou no dia 30 de julho, porém a Cia. Caminho Aéreo Pão deAçúcar (CCAPA), re-editou a “Campanha Carioca Maravilha”, criada pela CCAPA em 2003 e sazonal-mente ativada. A grande novidade é que agora ela iniciou sem prazo para o seu encerramento.

“A empresa entende que todo morador da cidade do Rio de Janeiro tem o estado de espíritodo carioca por natureza e deve se sentir privilegiado por morar nesta cidade e, claro, de apreciá-lacomo um “carioca maravilha”, e esta campanha pretende aproximá-lo ainda mais do ponto turís-tico, que é uma das 7 Maravilhas do Rio.”

A campanha oferece 50% de desconto para moradores do município do Rio de Janeiro eGrande Rio (Belford Roxo, Duque de Caxias, Guapimirim, Itaboraí, Japeri, Magé, Mesquita,Nilópolis, Niterói, Nova Iguaçu, Paracambi, Queimados, São Gonçalo, São João de Meriti,Seropédica e Tanguá), bastando apresentar comprovante de residência em seu nome e carteira deidentidade original.

E quem visitar o Pão de Açúcar até o dia 10 de agosto apreciará o Grupo de Capoeira LagoaAzul gingando ao lado da Estação II, no Morro da Urca. O grupo se apresentará nos domingos 6,13 e 20 de julho, de 11h às 13h - 3 de agosto, de 11h às 16h e 10 de agosto de 11h às 13h.

A Companhia reverte R$ 1 (um real) de cada bilhete vendido no valor integral para o RioConvention & Visitors Bureau.

Valores da Campanha Carioca Maravilha:

Acima de 12 anos: R$ 22,00 • De 6 a 12 anos: R$ 11,00Abaixo de 6 anos a entrada é gratuitaAcima de 60 anos: R$ 22,00 (com a apresentação de carteira de identidade original).

(1. Esta promoção não é cumulativa com outras promoções ou descontos concedidos pela CCAPA;

2. Preço promocional válido somente na bilheteria da Praia Vermelha, diariamente das 9 às 18 horas e o

ingresso não é válido para eventos noturnos; 3. Somente a equipe de atendimento do Pão de Açúcar está

apta a fornecer informações sobre as condições de participação na campanha. A empresa não se

responsabiliza por informações fornecidas por outras fontes; 4. A CCAPA se reserva ao direito de suspen-

der a promoção a qualquer hora e tempo, sem aviso prévio.)

“CARIOCA MARAVILHA,

AGORA SEM PRAZO

PARA TERMINAR

5Ano 9 • Nº 50 • Edição julho 2008Trade

Depois das mudançasefetuadas pela direçãodo Parque Nacional

da Tijuca (PNT) quanto ao acessoao Cristo Redentor, foi criada umaCâmara Técnica de Turismo,apoiada pela Associação deAmigos do PNT, para assessoraro chefe do Parque, Ricardo Calmon,com a participação de diversasentidades de Turismo e do poderpúblico, inclusive o SINDEGTUR/RJ. A coordenação dos trabalhosestá a cargo de Ricardo Pina,Relações Públicas e Ouvidor doTrem do Corcovado.

Uma das missões da Câmaraé oferecer um projeto para a recu-peração do complexo das Painei-ras, incluindo o Hotel e as áreasde estacionamento. O Hotel dasPaineiras, uma das maravilhasdo Rio nos anos 1920, apesar doatual estado de abandono, éperfeitamente recuperável, bas-tando um pouquinho de boa von-tade política e uma pitada deordenamento jurídico.

Por ocasião de uma inspeçãoconjunta nas Paineiras, no iníciode junho, o SINDEGTUR/RJ suge-riu à Câmara a criação de umanova estação de transbordo, deforma a desafogar as Paineiras,nos dias de grande movimento ena alta temporada turística.

A idéia é separar o fluxo turísti-co (proveniente de agências doreceptivo, sightseeing e excursõesem jipe) dos visitantes indepen-dentes e moradores da cidade.Estes continuariam com o acessovia Paineiras, enquanto que ostransportadores turísticos passa-riam a utilizar o mirante DonaMarta, de onde sairia uma segun-da linha de vans para o alto doCorcovado. A proposta está sen-do estudada quanto à conveniên-cia e viabilidade.

... MAS A UNIÃONÃO SE RESOLVE

Um dos marcos históricos doParque Nacional da Tijuca, océlebre Hotel das Paineiras, sob

tutela da Secretaria do Patrimônioda União, e que já hospedou atéa seleção canarinho tricampeãmundial, está fechado desde osanos 1980. Uma pendenga entrea Secretaria e a UniversidadeVeiga de Almeida, o atual arren-datário, se arrasta há mais de 20anos. Diz a Universidade que há11 anos tenta devolver o Hotelsem sucesso(!). Em 1988, com70% de obra concluída, o projetode reativar o Hotel e criar umaescola de hotelaria foi paralisado.A Veiga de Almeida alega que aindefinição do prazo de concessãofoi o motivo da desistência.

O Hotel das Paineiras tem 98amplos apartamentos, imensossaguões, rodeado de Mata Atlân-tica, com estacionamento interno.Era tudo o que o PNT precisavapara criar um grande centro devisitantes ou re-inaugurar o Hotel.Vale qualquer iniciativa, menosdeixar apodrecer esta maravi-lha do Rio, ex-concorrente doCopacabana Palace, em luxo eglamour.

O PNT reivindica agora a ces-são do prédio do Hotel dasPaineiras. Segundo RicardoCalmon, “a indefinição jurídica éum grande obstáculo para sefazer qualquer coisa: licitar, fazerconcessão, montar projeto”.

O Parque Nacional da Tijuca se mobiliza...Diz a Secretaria de Patrimônio

da União que está “analisando asituação”, pois há vários pedidospara o uso dos prédios, além doParque. Aí reside o problema: aindefinição do Hotel das Paineirasjá dura 30 anos e teme-se queDeus nos levará a todos, antes quea Secretaria decida que pedidoatender.

Acima, o Corcovado

visto do Morro

D. Marta. Ao lado,

Hotel das Paineiras,

nos anos 1920, na

foto de Augusto Malta

Foto: Arquivo

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6Ano 9 • Nº 50 • Edição julho 2008Turismo

“Se eu esquecer de ti, Jerusalém, queminha mão direita perca sua destreza.E que minha língua fique grudada a meupalato, se eu não preferir Jerusalém àminha maior alegria” (Salmos 137:5-6)

Para grande parte da hu-manidade, a cidade é acapital mundial da fé.

Jerusalém, a cidade-templo dastrês grandes religiões monoteístas,a Cidade da Paz, tantas vezesdestruída por guerras e semprereerguida. Eterno objeto de cobiçade grandes civilizações, de sofri-da história de três milênios, ondeco-existem, segundo a cançãohebraica, “homens com coraçãode pedra e pedras com coraçãode homem”.

A maior maquete já construída,representando a cidade santa, foiinaugurada recentemente no bair-ro de Del Castilho, zona norte doRio. Mais exatamente no novoCentro Cultural Jerusalém (CCJ),da Igreja Universal do Reino deDeus. Uma experiência imperdí-vel, não necessariamente religio-sa, mas certamente emocionantee educativa.

Vá conferir! É algo simples-mente espetacular, uma viagemno túnel do tempo, exatamente aoano de 66 da Era Cristã. Jesustinha sido crucificado algumas

Bem vindo aJerusalém, RJAlém de Israel, só no Brasil

décadas antes e o antigo templo deSalomão, suntuosamente recons-truído por Herodes, seria total-mente arrasado quatro anos maistarde. Hoje dele só ficou a muralhaocidental – o Muro das Lamen-tações – venerado pelos judeus.

A maquete fica localizada numimenso salão, em cujas paredesestão afixadas imagens em 360ºdos arredores da cidade santa. Ocenário está montado com perfeiçãopara uma inesquecível viagem his-tórica interativa. Logo você nota-rá que a iluminaçãovai mudando, pro-porcionando vistasdiurnas, ao pôr do sole sob o céu estrelado,quando as luzes nointerior das edifica-ções se acendem. Aágua corre dos chafa-rizes dos pátios, cór-regos e fontes. Foramcinco anos de traba-lho árduo e minucio-so. De Israel, trouxe-ram o material e ose spec ia l i s t a s ques u p e r v i s i o n a r a mcada detalhe.

O tour é guiadopor instrutores, com oapoio de cinco totense s t r a t e g i c a m e n t e

localizados com infográficos, ima-gens e ilustrações sobre os seto-res da cidade, incluindo a Cida-de Nova, a Cidade Alta e a Baixa– a antiga Cidade de Davi; oMonte do Templo; o Monte Calvário,onde ocorreu a crucificação deJesus; o Palácio de Herodes, dentreoutras edificações de época.

A cidade é mostrada intra-mu-ros, como na maquete do hotelHolyland, de Jerusalém, mas noCCJ também vemos o seu desen-volvimento para além das mura-lhas que a cercavam.

No mezanino, não deixe devisitar a exposição sobre Israel esua capital, a atual Jerusalém.

Nas imagens, detalhes da reprodução precisa e realista de uma Jerusalém congelada no tempo

As presidências do SINDEGTUR/RJ e da Operadora Carioca Tropical com a equipe de recepção do CCJ

Fotos: Mauro Rubinstein

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7Ano 9 • Nº 50 • Edição julho 2008Turismo

Nossos agradecimentos espe-ciais ao Efraim, da Carioca Tropical,que apresentou à direção doSINDEGTUR/RJ este novo atra-tivo turístico-cultural. A CariocaTropical já está operando este tourcom sucesso. Segundo Efraim,“quem já visitou saiu encantado”.

O Centro Cultural Jerusalémabre para a visitação diariamen-te das 9h às 18h. O ingresso paraa sala da maquete custa R$ 10,com 50% de desconto para estu-dantes, portadores de deficiên-cias e pessoas acima de 60 anos.Guias de turismo portando o

crachá são isentos. É permitidofotografar sem flash.

Informações: Centro Cultural Jerusa-lém - Av. Dom Helder Câmara, 4.242- Del Castilho - Rio de Janeiro/RJ.Tel.: (55-21) 2582-0140 (de 2ª a 6ªfeira, das 8 às 17h) • Visite o site:www.centroculturaljerusalem.com.br

8Ano 9 • Nº 50 • Edição julho 2008Turismo

Nos distantes anos1980, a América doSul ainda era mesmo o

quintal dos americanos (do Norte)e nós sofríamos do complexo devira-lata, na magistral expressãocunhada por Nelson Rodriguespara descrever a baixa auto-estimanacional. O turismo era muito pre-cário, coisa para aventureiros.Quem mais se arriscaria a conhe-cer o paraíso longínquo, os tristestrópicos das cobras venenosas earanhas do tamanho de um prato,das crianças esfarrapadas pedin-do esmolas?

Os trópicos continuam tristespara uma boa parcela da popu-lação, mas a América do Sul jánão é aquela. Evoluiu, ainda quenão tanto quanto gostaríamos.Seu exotismo exuberante pode servisitado agora com boa infra-es-trutura e organização. O Peru, porexemplo, impressiona pelaefervescência cultural, culinária

variada com qualidade, paisa-gens arrebatadoras, muita históriae muita determinação em receberbem...

“DEJAME QUE TE DIGA,LIMEÑO...”

Lima pode não ter o apelopaisagístico de um Rio de Janeiroou a arquitetura de uma BuenosAires, mas surpreende pela boarede hoteleira, limpeza e organi-zação de seu centro histórico ebairros turísticos. A culinária éum ponto forte, assim como umeficiente sistema de informaçãodirigido ao turista, com fartadistribuição de mapas (eles têmmapas para cada bairro turístico!)e folhetos de alto padrão. Noshotéis, até os carregadores demalas falam (bem) vários idio-mas. Os peruanos são os mestresdas cores, tecidos, prataria, pin-tura, decoração e música. Asartes populares, multicoloridas e

cholitas (meninas indígenas emtrajes típicos), que vendem bolsaspelas ruas, falam aos turistassobre suas dificuldades financei-ras em inglês...

Além do Centro Histórico, oMuseu do Ouro – uma das maiscompletas coleções privadas domundo, e o Parque do Amor sãoalgumas das atrações imperdíveisdo city tour de Lima.

O aeroporto internacional deLima causa inveja a um cariocapela eficiência e funcionalidade,a começar pelos carrinhos debagagens de ótima qualidade, arapidez do check-in, a segurança– áreas reservadas somente parapassageiros com bilhetes aéreosimpedem a ação de bandalhas eladrões. Existe quase que umaponte-aérea entre Lima e Cusco,principal destino dos turistas noPeru. O policiamento é intenso eostensivo em todo o aeroporto enas ruas, sobretudo nas áreasturísticas.

Em Lima, e no país em geral,sobretudo na região de Cusco, noVale Sagrado e, naturalmente, nomaior ícone do País – as ruínas deMachu Picchu, Turismo se escrevecom T maiúsculo. É visível o esfor-ço do governo e da iniciativaprivada em promover a indústriasem chaminés, a que mais empre-ga no mundo com o menor inves-timento...

Arriba Peru!

diversificadas, são encontradasem cada esquina. São exímios co-merciantes e muito preparados.No centro histórico limenho, as

As ruas do centro de Lima impressionampela conservação e limpeza

9Ano 9 • Nº 50 • Edição julho 2008

CUSCO E MACHU PICCHU,CABEÇA E CORAÇÃO DO

IMPÉRIO INCAQuem conheceu Cusco no início

dos anos 80, deve lembrar-se dapobre infra-estrutura hoteleira,poucos restaurantes e muita desor-dem urbana. Hoje, Cusco se ele-va orgulhosa, impecavelmente

limpa e profusamente turística,com um trânsito intenso, mas orde-nado nas ruelas apertadas, sem terperdido, no entanto, sua encantado-ra atmosfera bucólica e colonial.

A igreja de Santo Domingo,erguida sobre os remanescentesde Korincancha – o Templo do Solé uma visita obrigatória em Cusco,imprescindível introdução aos mis-

térios das culturas pré-colombia-nas, que se estendem por todo ochamado Vale Sagrado – as cida-delas de Pisac, Ollantaytambo eoutros vilarejos – ao longo da viaférrea que conduz à fascinanteMachu Picchu, como o Cristo Reden-tor do Rio de Janeiro, uma das setenovas maravilhas do mundo.

Desde que a empresa OrientExpress com seus trens impecáveispassou a controlar o acesso ferro-viário a Machu Picchu, o turismoexplodiu na re-gião. Hoje, osantuário incarecebe anual-mente mais dequinhentos milvisi tantes e jáse tornou umagrande preocu-pação para apreservação dopatrimônio his-tórico. Mesmo alonga caminha-da pela TrilhaInca, reservada

para o turista mais bem disposto– única alternativa à via férreapara se chegar à antiga cidadelainca –, chega a receber dois milvisitantes diários na alta estação.

Ir a Machu Picchu, assim comoàs Cataratas do Iguaçu, ao CristoRedentor ou à Patagônia faz partehoje do ideário do turista contem-porâneo e já compete – agora noquesito qualidade – com os desti-nos mais tradicionais de outraspartes do mundo.

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A Plaza de Armas de Cusco onde todos se encontram ao final da tarde

Turistas exploram asruínas de Machu Picchu

Turistas exploram asruínas de Machu Picchu

Cultural 10Ano 9 • Nº 50 • Edição julho 2008

O fenômeno surgidono Brasil tem, comose sabe, suas raízes

na África. Especula-se que nasceuda combinação de elementosextraídos de danças de diferentespovos africanos com outros encon-trados aqui no Brasil. Alguns estu-diosos vêem na capoeira uma for-te influência do n’golo – a dançada zebra – praticada em regiõeshoje localizadas no Congo e emAngola.

Arrancados de suas famílias enações, negros de uma etnia pas-saram a conviver no Brasil comconterrâneos africanos de outrasregiões e culturas, adicionando,deste modo, novos elementos àssuas próprias manifestações cul-turais. Assim, o jogo da capoeiraregional, mais permeável a influên-cias, é, em sua essência, afro-brasi-leiro, enquanto que a capoeiraangola se manteve fiel ao legadodos antepassados e, portanto,

Capoeira - A arte marcial do Brasilções) da capoeira têmmais de doze ritmosdiferentes. Para cadajogo há mais de 30golpes e movimentos.

A capoeira transmi-te valores humanosque transcendem aposição social do indi-víduo. A doutrina dapaz e da harmoniapressupõe o respeitoao oponente e a humil-dade. Tra ta- se , noentanto, de uma luta, ebem violenta, porém,com golpes simulados.

Entre as instituiçõesque divulgam a capoei-ra, podemos citar aABADÁ – Capoeira

(Associação Brasileira de Apoioe Desenvolvimento da Arte –Capoeira), que realiza cursos,palestras, seminários e o maisimportante evento da capoeira: osJogos Mundiais. A instituiçãotem representações em todos osestados brasileiros e em maisde 40 países. No Rio de Janeiro,ela se localiza no CIEP PresidenteAgostinho Neto (CIEP Humaitá),que fica na Rua Visconde Silva,s/n°, no bairro do Humaitá,e na in te rne t no endereço:www.abadacapoeira.com.br

ORIGEM DA PALAVRA“CAPOEIRA”

O escritor José de Alencar,talvez o primeiro estudioso aanalisar a origem da palavracapoeira, em 1865, sugeriu ovocábulo tupi CAA-APUAM-ERA,traduzido por ilha de mato jácortado. Já o lingüista MacedoSoares juntou a sílaba CÁ, doguarani CAÁ (coisa de mato, plan-ta, floresta virgem ou erva) comPUÊRA (o que foi, o que não existemais), formando mato extinto.

Agradecemos o apoio do grupoliderado pelo Mestre Boiadeiro,que compartilhou conosco o seuconhecimento e participou dasessão de fotos.

mais africana, mais tradicionalista.Na capoeira angola, a harmo-

nia ou equilíbrio dos movimentosé tão importante quanto a luta emsi. Acertar o “camarada” não é o

objetivo principal e, sim, o confron-to de perguntas seguidas de res-postas, até que um dos lados nãotenha mais recursos para respon-der. Um jogo onde ganha a inteli-gência, a astúcia, a malandra-gem, a malemolência do fingeque vai, mas não vai.

A capoeira já foi simplesmentecapoeira, sem estilos ou sobreno-mes. Com o tempo, a capoeiraregional, fruto do sincretismo cultu-ral, absorveu a tradicional capoei-ra angola, ampliando seus hori-zontes. O estilo regional surgiu naBahia com o Mestre Bimba, quemuito contribuiu para a divulga-ção mundial desta arte brasileira,cujos pólos principais são o Rio deJaneiro e a própria Bahia.

No Rio de Janeiro, um dospontos de encontro dos aficiona-dos é o Aulão que acontece naúltima sexta feira de cada mês noCIEP do Humaitá, quando váriosmestres e alunos se reúnem parao aprimoramento de técnicas.Além disso, encontramos a práti-ca da capoeira em qualquer bair-ro da cidade, em qualquer espa-ço. Praias, praças, parques e ruassão os locais preferidos peloscapoeiristas para formar umaroda para jogar. Ou, na faltadeles, nas academias e escolas.Os tradicionais toques (as can-

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O grupo liderado por Mestre

Boiadeiro na Praia de Ipanema

O grupo liderado por Mestre

Boiadeiro na Praia de Ipanema

11Ano 9 • Nº 50 • Edição julho 2008Turismo Solidário

Q ualquer um de nóspreferiria viver numBrasil mais justo e

igual, sem tanta disparidadeentre as classes sociais. Ninguémgosta de ver uma criança comfome, nem mesmo o mais insensí-vel brucutu e ninguém se senteseguro, nem mesmo o moradorda Vieira Souto, com suas gradese circuitos internos. O problemanão está na meta e sim no méto-do para chegar lá. Como diminuiras diferenças tão profundas?

A Associação Iko Poran (“tudobem” no idioma guarani) adotoucomo método de luta contra asdiversas formas de exclusão social,o estímulo ao voluntariado inter-nacional nas áreas de ecolo-gia, educação, saúde, arte e cul-tura, entre outras. Por meio desseintercâmbio de vivências, a Asso-

Você já ouviu falar em Turismo Solidário?

(www.portaldovoluntario.org.br).Pa r a m e l h o r c o n h e c e r o

Iko Poran, v is i te o endereçowww.ikoporan.org

do programas de prestação deserviços sociais no Rio de Janeiro,que duram de quatro a 24 sema-nas.

Para quem não dispõe de tantotempo, existem também progra-mas de um dia de duração, comoaquele realizado em maio de2008, por alunos da Universi-dade de Minnesota (EUA), que seofereceram para pintar a quadrade esportes da comunidade Mor-ro dos Prazeres, em Santa Teresa,no Rio de Janeiro. Programascomo estes já podem ser ofereci-dos pelas agências e guias a seusclientes.

As imagens do evento mostrama emoção compartilhada portodos os participantes, membrosda comunidade e voluntários. Nin-guém deu a mínima para as difi-culdades com o idioma: o impor-

tante ali era fazero trabalho e, porme io de l e , s erelacionar com opróximo e com ac o m u n i d a d e .Uma forma, diga-mos, participa-tiva de se fazerturismo...

F luminenses(habi tantes doEstado, já que op rog rama R i o

Voluntário é aqui) interessadosem trabalhos voluntários devemp r o c u r a r o R i o Vo l u n t á r i o(www.riovoluntario.org.br). Paraprogramas em outras localida-des, existe o Portal do Voluntário

O clássico registro no final dos trabalhos

Voluntárias e membros da

comunidade se confraternizam

ciação quer promover a assistên-cia social à infância e adolescên-cia e às populações vulneráveis,zelando pelo resgate de sua cida-dania e reintegração social.

Desde 2003, a Iko Poran rece-be grupos de voluntários de diver-sas partes do mundo, organizan-

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A criatividade na fachada

de uma casa pintada por todos

Informações: Associação Iko Poran –

Direção: Luis Felipe Murray

Rua do Oriente, 280/201 - Santa

Teresa - Rio de Janeiro/RJ - CEP:

20240-130 • Tel.: (55-21) 3852-2916;

Fax: (55-21) 3852-2917; e-mail:

[email protected]

12Ano 9 • Nº 50 • Edição julho 2008Boca no Microfone

Se quisermos fazer bonitoem hospitalidade e receber os turistas aposenta-

dos do mundo todo, vamos ter dehumanizar os nossos aeroportos.Depois de doze horas viajandonum avião a 12.000 metros dealtura, seu corpo está cansado,sua cabeça está zonza, devido aofuso horário, e seus reflexos dimi-nuem. Seu corpo está ligeiramen-te inchado, reduzindo sua força,medida por centímetros cúbicosde massa muscular. Provavelmente,você está ligeiramente desidrata-do, o que limita sua capacidadena troca de calor. Daqui a algunsminutos, quatro malas virão emsua direção a 10 quilômetros porhora, e você terá cinco décimos desegundo para capturar suas alçase com um forte solavanco levan-tar de 25 a 32 quilos no ar, numa

espetacular explosão de energia,e, finalmente, colocar as malas,uma a uma, a seu lado. Só que,na maioria das vezes, você erra nacoordenação motora e só conse-gue capturar a bendita alça quan-do a mala já está fugindo de você,na direção contrária. Isso signi-fica 20 quilômetros por hora dediferença. Ao todo, você despen-derá 1.280 joules de energia emmenos de um minuto.

Com a elevação no número depassageiros aposentados, commais de 65 anos, viajando mere-cidamente mundo afora, o cirur-gião Antonio Luiz Macedo vemnotando algo muito preocupante.Com todas as pré-condições doinício deste artigo, mais a vidasedentária dos aposentados, estáaumentando assustadoramente onúmero de lesões internas devido

a esses heróicos atos de bravura.Dias depois surgem os primeirossinais de hérnias inguinais, doresmusculares, luxações, microrrom-pimento de tendões, que passamdespercebidos e muitas vezesterminarão em cirurgias. No Brasil,o custo de uma cirurgia dessas nãosai por menos de 4.000 reais. Noexterior, nem se fala. Tudo issoporque a maioria dos aeroportosdo mundo decidiu economizar150 reais, que é o custo de dezfortes carregadores trabalhan-do por uma hora, que poderiamentregar-lhe as malas num carri-nho, pronto para você empurrar.

Os aeroportos do mundo devemter sido projetados por jovens en-genheiros que nada entendem docorpo humano ou que nunca via-jaram. Construíram esteiras rolan-tes e carrosséis caríssimos parafacilitar a vida dos carregadores,não dos passageiros. Em vez depassageiros se digladiando emtorno desses carrosséis, não édifícil imaginar um sistema no qualas malas fossem colocadas emordem, com o número dos assen-tos, do mesmo jeito que as com-panhias aéreas as receberam:juntinhas num carrinho de mão.Sistema parecido já existe noAeroporto de Denver, para equi-pamentos de esqui. Se engenhei-ros conseguem construir aviõesque voam, certamente consegui-riam bolar um sistema de entregade malas muito mais amigável doque o que temos hoje em dia. Nomínimo, as companhias aéreaspoderiam disponibilizar dez car-regadores para ajudar os velhi-nhos e as velhinhas que precisamde auxílio, como havia antiga-mente. Isso representaria 0,06% amais no custo do avião. “Nossasesteiras se tornaram desumanas”,afirma o doutor Macedo, comtoda a razão.

Se nossos médicos estão preo-cupados com saúde, em vez delutar pela volta da CPMF, devemlutar pela redução dos riscos à

O suplício das malasSTEPHAN KANITZ

saúde e de despesas médicasdesnecessárias como essa. Oproblema não é somente de quemtem início de hérnia ou sofre umadistensão muscular totalmentedesnecessária no meio de umaviagem. Muitas pessoas idosas seenganam com os novos métodoscirúrgicos minimamente invasivos,que não deixam quase cicatriz ecortam o tempo de internaçãopela metade. Eles reduzem acicatrização por fora, mas pordentro continua a mesma encrenca,o que exige tempo e comedimento.Há recém-operados que se esque-cem disso e dois meses depoisestão lá na fila, lutando pelasmalas, sem saber dos perigos quecorrem.

Não são as companhias aéreasas culpadas pelas esteiras. São osaeroportos, que estão economi-zando e destruindo ainda mais oturismo receptivo deste país, hojedominado por aposentados domundo inteiro, sem mordomosnem ajudantes de bordo paraauxiliá-los. Se o Brasil quiser fazerbonito na área de turismo e hos-pitalidade, se quiser receber osturistas aposentados do mundo,cheios da grana, mas sem energia,vamos ter de humanizar os aero-portos na chegada e na saída,lembrando que mala de 32 quilosnão é para qualquer um levantar.

Stephen Kanitz éadministrador(www.kanitz.com.br)

Fonte: Revista Veja, Edi-tora Abril, edição 2049,ano 41, nº 8, 27 de feve-reiro de 2008, página 20.Reprodução autorizada.

“Nossas esteirasse tornaramdesumanas”