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Jornal Laboratório do curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo da Faculdade Pitágoras Londrina-PR | Ano 2 Ed. 4 | Julho-Agosto de 2009 Linha Fina Barbosa quer ser cobrado pelos seus atos Eleito no terceiro turno da eleição muni- cipal, com o apoio de políticos tradicionais, como Antonio Belinati (PP), o jornalista Barbosa Neto (PDT) quer mostrar que vai fazer uma administração diferente das ges- tões do seu aliado. Em entrevista concedi- da a estudantes de Jornalismo da Faculda- de Pitágoras, Barbosa falou sobre o que pretende fazer nos três anos e meio em que ocupará o cargo de prefeito. (páginas 10, 11 e 12) ORGÂNICOS PROBLEMA URBANO MEIO AMBIENTE Mercado de produtos orgânicos cresce e abre espaço para produtores regionais (página 5) Superpopulação de pombos vira pesadelo urbano em Londrina (página 14) Usina de compostagem comprada pela prefeitura há 13 anos ficou obsoleta (página 15)

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Jornal Linha Fina ed. n.04 - Julho-Agosto de 2009

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Page 1: Jornal Linha Fina n.04

Jornal Laboratório do curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo da Faculdade Pitágoras Londrina-PR | Ano 2 Ed. 4 | Julho-Agosto de 2009

LinhaFinaBarbosa quer ser

cobrado pelos seus atos

Eleito no terceiro turno da eleição muni-cipal, com o apoio de políticos tradicionais, como Antonio Belinati (PP), o jornalista Barbosa Neto (PDT) quer mostrar que vai fazer uma administração diferente das ges-tões do seu aliado. Em entrevista concedi-da a estudantes de Jornalismo da Faculda-de Pitágoras, Barbosa falou sobre o que pretende fazer nos três anos e meio em que ocupará o cargo de prefeito.

(páginas 10, 11 e 12)

oRgâniCoS PRobLEmA uRbAno mEio AmbiEntE

Mercado de produtos orgânicos cresce e abre espaço para produtores

regionais (página 5)

Superpopulação de pombos vira

pesadelo urbano em Londrina

(página 14)

Usina de compostagem comprada pela

prefeitura há 13 anos ficou obsoleta

(página 15)

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LinhaFina

Em menos de um ano Londrina teve um processo eleitoral traumático, com três turnos e três prefeitos diferentes. Da vitória de Antonio Belinati (PP) em 26 de outubro, cancelada dois dias depois pelo Tribunal Superior Eleitoral - que cassou o registro da sua candidatura - até a posse de Barbosa Neto (PDT), no feriado de 1º de maio, a política municipal percor-reu um caminho até então desconhecido. O período foi mar-cado por uma interinidade de quatro meses e pelo chamado “terceiro turno”, que foi a solução definida pelo Judiciário para resolver o impasse.

Foi um período marcado por incertezas e por uma campa-nha eleitoral dura, na qual segundo e terceiro colocados do primeiro turno voltaram à arena política. Parte desse perío-do, que deixará suas marcas na História de Londrina, está registrada nesta edição do Linha Fina através de duas entre-vistas, que também entrarão para a História do nosso curso de Jornalismo. A primeira com o então prefeito interino José Roque Neto (PDT), o Padre Roque, que recebeu o nosso re-pórter para uma conversa transformada no que chamamos no jargão profissional de entrevista “pingue-pongue” (com perguntas e respostas). A segunda, com o novo prefeito, uma semana antes da sua posse. Barbosa Neto se dispôs a vir ao campus da Faculdade Pitágoras para dar uma entrevista co-letiva aos alunos do curso, reproduzida nas páginas centrais desta edição.

Nas duas entrevistas, duas interessantes lições de jorna-lismo. Pela possibilidade de com informações “quentes” da agenda da cidade e também pela importância de dialogar com fontes que comandam a prefeitura.

Expediente

Editorial

Artigo

Opinião

E

E

A

O

Tiragem: 1000 exemplares

Impressão: Gráfica Jornal de Londrina

Diretor Geral do CampusProfessor Tarcisio Manso Vilela

Coordenador do Curso de ComunicaçãoProf. Hertz Wendel de Camargo

Coordenação JornalísticaProf. Fabio Silveira (mtb 3361-PR)

Coordenação de Projeto GráficoProf. Sérgio Mari Jr.

Redação: Alunos do curso de Jornalismo da Faculdade

Pitágoras de Londrina

Diagramação:Aime Barboza Alessandra Cristina Aline Bertoldo Amanda PetriAna Luiza GamaCamilla Barboza Daniele Machado Davi BaldussiEmily Gusmão Isabela TacakiJanaina de Oliveira

Janaina PortelloJane MarquesMarcos da Cruz Mariana GatzkMayara Teles Nadia BarcellosPablo FaresPatricia Magalhães Sinésio Brito Valdemar Loredo Valentino Valero

Faculdade Pitágoras Unidade MetropolitanaRua Edwy Taques de Araújo, n. 1100 CEP 86047-790

Gleba Palhano Londrina-PRFone: (43) 3373-7333

www.faculdadepitagoras.com.br/metropolitana

LinhaFina é um jornal laboratório do Curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo.

Tempos de transição

Camilla RibeiroApós seguidos cortes na taxa de juros, o go-

verno brasileiro analisa possibilidades de mu-dança na remuneração da caderneta de pou-pança. Devido à crise mundial, o Brasil seguiu a onda dos cortes de juros e reduziu para 11,25% a taxa selic, cortando 1,5%. Com isso, a rentabilidade da poupança superou alguns fundos de investimentos. Para o governo esta é uma situação preocupante, pois haverá uma tendência de migração do dinheiro dos fundos para a poupança, o que reduziria as arrecada-ções dos impostos pagos por estes fundos que movimentam a economia em vários setores. Os investimentos da poupança significam di-nheiro parado para o Estado.

Governo analisa mudanças na caderneta de poupança

O presidente Lula afirma que a mudança teria como objetivo proteger os pequenos in-vestidores, pois para ele, a poupança tem que ser usada por quem precisa dela e não por grandes investidores que devem ter outros focos.

Na realidade, a maior preocupação rela-cionada ao assunto não está voltada para os pequenos poupadores, mas para o prejuízo do governo ao deixar de arrecadar impostos vin-dos dos grandes investimentos.

O governo erra ao tentar demonstrar que seu maior interesse é proteger os pequenos investidores, sendo que o motivo real é a se-gurança do próprio governo e não do poupa-dor, como vem declarando o presidente Lula.

Valero JuniorA ideia do jornalista como

agente fiscalizador da socie-dade e comprometido com a verdade, deu à imprensa o título de “quarto poder”. Po-rém, essa imagem pode ser fragilizada dependendo da decisão de nossos ministros. O jornalismo pode voltar a ser o chamado “publicismo” do século XVIII, quando a burguesia utilizava a im-prensa como ferramenta na luta pelo poder. “No Brasil, certamente, os empresários de mídia continuam a defen-der seus interesses como se estivéssemos nos tempos da velha doutrina liberal (que, de fato, nunca vivemos)” es-creveu Venício A. de Lima em seu artigo “A responsabi-lidade social da mídia” pu-blicado no site Observatório da Imprensa.

Alguns desses “empresá-rios de mídia” defendem que

O quarto poder em risconão seria necessário diploma de jornalismo para atuar como tal. Defendem que a exigência do diploma mina a liberdade de expressão dos cidadãos comuns. Querem que a profissão de jornalista se torne apenas uma pós-graduação ou especialização. Qualquer pessoa diplomada em um curso superior esta-ria apta ao jornalismo.

Nilson Lage já defendia em seu livro “A Reportagem: teoria e técnica de entrevis-ta e pesquisa jornalística” uma formação específica. “A responsabilidade envolvida no tráfego de informações, a sofisticação tecnológica e a relevância do direito dos ci-dadãos à informação indi-cam a necessidade de estu-dos demorados para a prática do jornalismo...” cita Lage. Ele até concorda com uma formação profissional pós-graduada, ”desde que em

cursos com extensão equiva-lente ao mestrado e com mais de metade da carga ho-rária ocupada por discipli-nas técnicas”.

Portanto, nossos minis-tros e a sociedade devem to-mar cuidado com as inten-ções dos interessados em acabar com a exigência da formação jornalística. Sécu-los de estudos não devem ser simplesmente subjugados e descartados. Já passamos por essa situação durante a ditadura. Jornalistas silen-ciados e torturados pelo in-teresse de um regime cruel. “Qualquer defensor de uma sociedade democrática, por mais (neo)liberal que se rei-vindique, concorda que a tortura ou toda forma de to-talitarismo é humanamente injustificável,...”, trecho do artigo “Imprensa, memória e os arquivos da ditadura” por Sérgio Luiz Gadini.

Manifestação de jornalistas na Câmara de Vereadores de Londrina.

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GGeral

Caroline MorettiA luta das mulheres em

busca de seus direitos e um maior espaço na sociedade é um assunto antigo. O marco dessa luta foi uma greve das operárias de uma fábrica de tecidos na cidade norte-ame-ricana de Nova Iorque, no dia 8 de março de 1857 pela redução da jornada de traba-lho e equiparação salarial, manifestação que foi dura-mente reprimida. O resulta-do foi o assassinato de 130 mulheres, que morreram carbonizadas dentro da fá-brica.

Mais de 100 anos se pas-saram. A jornada de traba-lho diminuiu, mas persis-tem as diferenças salariais entre homens e mulheres em alguns segmentos. Com certeza uma das maiores conquistas alcançadas por elas, foi o direito ao voto e a participação política. Essa luta não foi fácil e ainda não chegou ao fim. Hoje, as mulheres ainda são mino-ria na política, mesmo com os partidos sendo obrigados a reservar 30% das vagas para candidatos em chapas proporcionais para as mu-lheres.

Nas eleições para a Câ-mara de Londrina, realiza-das em 2008, apenas duas mulheres foram eleitas. As duas representam, 10,5% dos vereadores, embora o eleitorado feminino de Lon-drina seja superior a 50%. Sandra Graça (PP), a pri-meira mulher a ser eleita três eleições consecutivas. Ela diz que entrou na políti-ca influenciada por seus pais. “Nasci num lar onde meus pais sempre participa-ram ativamente da política e este convívio diário com a democracia e a política sau-dável me fizeram, desde

criança, uma apaixonada pela política”, relata. “Lem-bro-me das reuniões, visitas e mobilizações que as mu-lheres faziam e eu sempre ao lado de minha mãe”, pros-segue.

Ela também diz que as dificuldades e preconceitos por ser mulher se acentua-ram mais dentro do exercício do mandato do que durante o processo eleitoral, “por ser-mos minoria na Câmara Municipal de Londrina, so-mos alvos de discrimina-ção”.

Sandra Graça conta que conquistou seu prestígio e lugar aos poucos dentro e fora da política. Durante 10 anos foi gerente geral da Caixa Econômica Federal, deixou a gerência para atuar na política, mas hoje ainda se divide entre o trabalho na Caixa e o mandato de verea-dora. E no que se diz respei-to à luta e a situação das mulheres hoje, Sandra Gra-ça comenta: “por mais que os tempos evoluam, nós mulhe-res teremos sempre uma jor-nada ampliada, pois conci-liamos no mínimo trabalho e família”.

Uma luta sem fimDiA DO TrABAlhO

Uma história de luta que não deve ser esquecida

Durante muitos anos as mulheres buscam seu espaço perante sociedade, mas essa parece ser uma luta sem fim

Valero JuniorO Dia do Trabalho foi

marcado por conflitos e tra-gédias. Os primeiros movi-mentos ocorreram nos Esta-dos Unidos. Trabalhadores das indústrias de Chicago reivindicavam melhores con-dições de trabalho. Uma gre-ve geral foi instaurada no país. No Brasil, o processo de industrialização só foi apro-fundado entre as décadas de 1920 e 1930, na era Vargas.

No dia 1º de maio de 1886, milhares de trabalhadores da industrializada Chicago foram às ruas. Além de me-lhores condições, queriam re-dução da jornada de trabalho de 13 para 8 horas. De acordo com o sociólogo Marco Rossi, foi uma luta longa. Durante as manifestações os grevistas acabaram entrando em con-flito com a polícia. Milhares ficaram feridos, muitos fo-ram presos e cinco trabalha-dores foram condenados à

morte. “Você tem lá debates e negociações que foram traba-lhadas durante dois anos e somente depois veio se defla-grar e conflagrar uma greve”, lembrou Rossi.

Segundo Rossi, em 1891, cinco anos depois, a Interna-cional Comunista, que na-quela época ainda era Asso-ciação Internacional dos Trabalhadores, declarou o dia 1º de maio, Dia Interna-cional do Trabalhador. “Foi uma homenagem aos márti-res de Chicago, mas sobretu-do à luta dos trabalhadores”.

Marco Rossi ressalta que

somente 20 anos depois, já no início do século XX é que os países europeus vão co-meçar a conquistar essa jor-nada de oito horas. E assim consagrar as suas constitui-ções do direito ao lazer e educação. “É legal que o slo-gan da greve de 1886 ainda é uma luta contínua. Oito horas de trabalho, oito horas de repouso e oito horas de educação”, explicou Rossi.

O sociólogo explica que, no Brasil, a economia nessa épo-ca era basicamente agrícola. Ainda havia uma cultura es-cravocrata. Por isso ainda não existia uma organização dos trabalhadores, “salvo alguns tipos de organizações anar-quistas que já trabalhavam em alguns centros como São Paulo e Rio de Janeiro. Mas muito menos do ponto de vis-ta da organização da classe trabalhadora e muito mais como cultura anarquista de difusão de ideias”.

No dia 1º de maio de 1886, milhares de

trabalhadores da industrializada Chicago foram

às ruas.

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LinhaFina

GeralGCamila Ribeiro

O número de alunos ma-triculados em universidades caiu em todo o país, segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Edu-cacionais Anísio Teixeira (INEP). Os números mos-tram que as Instituições de Ensino Superior (IES) en-frentaram uma queda de 10% nas matrículas, compa-rado o período de 2006 para 2007. A maior parte tem se concentrado nas instituições particulares. Para especia-listas no assunto, esta é uma consequência de diversos fa-tores sociais que vêm se mo-dificando ao longo de alguns anos. A principal causa apontada é a mudança de-mográfica do país que está ligada diretamente às esta-tísticas da educação.

Valdecir da Conceição Veloso, diretor de assuntos escolares do sindicato dos professores das escolas par-ticulares de Londrina e Nor-te do Paraná (SINPRO), confirma esta realidade: “temos a proporção da dimi-nuição do número de filhos, logo de alunos, e o aumento do abandono das escolas em razão de fatores sociais como a necessidade de ter que trabalhar para comple-mentar a renda familiar”, explicou. Segundo ele, “tam-bém existe a forte influência do tráfico em algumas regi-ões, que acaba agenciando

alunos em questão da pró-pria sobrevivência”.

Veloso cita ainda os jo-vens que terminam o ensino médio, mas não optam nem pela universidade pública e nem pela privada e uma por-centagem grande que termi-na no máximo a educação básica e não continuam. “Existem vários aspectos que permeiam e que levam a essa diminuição. A baixa qualidade de ensino também é um dos aspectos que con-tribuem para a desistência do ingresso ao ensino supe-rior”, explica.

Para Veloso, a criação de cursos profissionalizantes colabora para este cenário. “Os cursos profissionalizan-tes também estão na lista dos fatores que empurraram o número de matrículas para a sua redução nos últimos anos”, avalia. “O papel da universidade é muito impor-tante, justamente porque ela não é apenas formadora da mão de obra para o mer-cado de trabalho. O papel da escola e da universidade é mais do que isso, é ajudar a formar indivíduos mais com-prometidos socialmente”, afirmou. O número de alu-nos na educação profissiona-lizante subiu de 693.610 em 2007 para 795.459 em 2008.

Destaca-se ainda, que o número de vagas oferecidas teve um crescimento despro-porcional às matrículas, re-

Matrículas no ensino superior caíram 10%

Janaina OliveiraA língua portuguesa é a

sétima mais falada no mun-do, ficando atrás apenas dos idiomas chinês, hindi, in-glês, espanhol, bengali e árabe. Ao todo, são oito os países que têm o português como idioma oficial - Portu-gal, Brasil, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e Timor-Leste-, totalizando mais de 230 milhões de fa-lantes no planeta.

Mas desde sempre ela so-freu transformações. Uma prova disto é a Reforma Or-tográfica da Língua Portu-guesa, que está em vigor desde o dia 1º de janeiro des-te ano. Alterando quase 1% do vocabulário brasileiro, a reforma trouxe novidades quanto ao uso do trema – ele não é mais utilizado – e tam-bém as colocações do hífen – agora microondas se escreve com hífen (micro-ondas). Quando as palavras seguin-tes ao hífen começarem com

reforma ortográfica tenta unificar o portuguêsr ou s, depois de prefixos como mini, maxi, semi, sub, agro, anti, auto, contra e ex-tra dobra-se o “r” e “s”. Exemplo: mini-saia agora é minissaia, isso mesmo, sem hífen e com dois “esses”.

Outra novidade são os acentos agudos (não mais utilizados) nas paroxítonas que continham éi e ói (jibóia fica jiboia e platéia vira pla-teia). Os acentos circunfle-xos, das palavras termina-das em êem e ôo e os diferenciais de verbos como parar e coar também caíram. Agora enjôo passa a ser en-joo e crêem fica creem. Pára, presente do imperativo, pas-sa a ser para igual à preposi-ção. A diferenciação agora será pelo contexto. As mu-danças valem apenas para a forma de escrever. A pro-núncia continua a mesma. Ah! e não esquecendo tam-bém: o alfabeto ganha mais três letrinhas: k, y e w, ten-do agora 26 letras na sua composição total.

Para a aluna do 2º ano do Ensino Médio, Daniella Bal-duino, a mudança está cau-sando alguns problemas: “eu já era acostumada de um jei-to, agora tenho que acostu-mar de outro. Claro que mu-dar é bom, mas enquanto não me adapto ainda estou achando ruim”.

Já a professora de gra-mática, Roberta Tomuya, aprovou a reforma: “toda re-novação é positiva. Essa re-forma com certeza veio para facilitar nossa vida. Antiga-mente nossos avós não fala-vam voismecê? Agora fala-mos apenas você, e acho que mais para frente nossos ne-tos falarão apenas ‘cê’. Pare-ce estranho, mas é assim”.

Como a mudança ainda é recente, ela gera algumas dúvidas na hora de escrever. Para facilitar isso, a Acade-mia Brasileira de Letras (ABL) já disponibilizou des-de o dia 19 de março o Voca-bulário da Língua Portugue-sa (VOLP) no qual estão

registradas as novas formas oficiais da escrita. Com mais de mil páginas, os primeiros exemplares já chegaram a Brasília e foram direto para o Palácio do Planalto. O mi-nistro da Educação, Fernan-

EDUcAçãO

sultando no aumento das vagas ociosas que chegam a 1.341.987 em todo o Brasil.

A educação básica pu-xou a queda de estudantes, resultando numa redução de 35.573 alunos no ensino fundamental e 3.269 no ensino médio nos últimos dois anos.

“JAnELA dEmogRáFiCA” inFLuEnCiA nA REdução do númERo dE mAtRíCuLAS Camila Ribeiro

um fator crucial para a redução do número de matrículas nas univer-sidades brasileiras é o período de “janela demográfica” vivido pelo país. ou seja, há a diminuição da taxa de natalidade, fazendo com que a popu-lação infanto-juvenil caia. Este fenômeno explica as quedas nas taxas de matrículas do ensino básico, levando às mesmas consequências o ensino superior, pois estes alunos seriam universitários em potencial.

do Haddad, disse que o voca-bulário ortográfico será distribuído nas 200 mil esco-las públicas do país. De acor-do com o ministro, todas re-ceberão, pelo menos, um exemplar.

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SUSTENTABiliDADE

Daniele MachadoO mercado de orgânicos

cresce a cada dia e abre es-paço aos produtores da re-gião. Em Londrina, a loja Orgânica Alimentos, locali-zada no Mercado Municipal Shangri-lá, comercializa aproximadamente 500 pro-dutos orgânicos e 250 natu-rais, desde chás medicinais até cereais, ovos, frutas, car-nes, legumes e produtos de limpeza.

Rosana de Andrade, 35 anos, dona da Orgânica Ali-mentos, acredita que este mercado tem tudo para dar certo e diz que sua loja conta com vários clientes fieis. “Tenho clientes que apare-cem por aqui toda semana procurando por chás e tam-bém produtos de limpeza da casa”, afirma.

Segundo Rosana, a ideia de trazer estes produtos foi iniciativa de profissionais da área de pesquisa alimentí-cia, como forma de oferecer alimentos saudáveis aos consumidores. A comercian-te comenta que o motivo que

Aumenta procura por

Produtos Orgânicos

Aíme LimaA portabilidade numérica

chegou em Londrina em 1º de setembro do ano passado e em 2 de março de 2009, o Brasil todo tem acesso à por-tabilidade. Em seis meses de portabilidade foram 18.581 pedidos de transferência de operadora na telefonia mó-vel no código 43, que abran-ge aproximadamente 100 municípios.

O impacto da portabilida-de em algumas operadoras foi positivo, como é o caso da Claro que obteve bons resul-tados. A Sercomtel Celular não foi afetada e a Vivo foi a operadora que mais perdeu clientes. Mesmo assim, a Vivo continua sendo a de-tentora de mais usuários. Em 2009, ela está com 45 milhões de clientes em todo o país. Dados divulgados pela Anatel indicam que o Brasil começou o ano de 2009 com 151,9 milhões de celulares e uma densidade de 79 celulares para cada 100 habitantes, segundo o site www.teleco.com.br, que pertence a uma consultoria

Portabilidade numérica atinge todo o Brasil

do setor e que tem como base os números da Anatel.

O balanço da portabilida-de em Londrina e no Brasil ainda não pode ser medido com dados mais precisos, pois, as operadoras mantém estas informações em sigilo absoluto. De acordo com o coordenador do Grupo de Portabilidade da Sercomtel, José Luiz Marussi, não hou-ve muitas diferenças até agora. “Nos primeiros dois meses perdemos muitos clientes que já planejavam sair da operadora e viram com a portabilidade uma oportunidade para fazê-lo. Já no terceiro mês tivemos uma mudança, clientes que haviam mudado de operado-ra voltaram para a Ser-comtel aproveitando a opor-tunidade de mudar de serviço sem precisar mudar o número do telefone”, relata Marussi.

No código 43, a Sercomtel Celular fechou 2007 com 73 mil usuários, e em 2009, co-meça o ano com 89 mil clien-tes. De acordo com Marussi, muitos clientes desfizeram a

portabilidade por ter se ar-rependido de trocar de ope-radora.

O principal motivo é a qualidade do atendimento ao cliente, já que a Sercomtel é uma operadora local e qual-quer tipo de problema que o usuário tenha ele pode ir a uma das lojas da operadora e conversar com os atendentes, sem depender apenas do ser-viço de atendimento ao clien-te por telefone. Segundo Ma-russi, os clientes vêm para a loja para desfazer a mudança dizendo: “eu era feliz e não sabia”.

O coordenador da portabi-lidade também admite que a empresa perdeu clientes de-vido ao marketing poderoso de algumas concorrentes. Al-gumas ofereciam aparelhos gratuitos e serviços bem van-tajosos. Mas, na avaliação dele, a operadora “pé verme-lho” conseguiu contornar a situação com mais campa-nhas na rua e o desbloqueio gratuito de celulares no cal-çadão de Londrina e nos shop pings, lugares de inten-sa circulação de pessoas.

a levou entrar neste ramo foi a necessidade de melhorar a alimentação de sua família. “Quando comprei a loja, ela já existia há três anos no mercado e tinha estabilida-de. Tive curiosidade de co-nhecer os produtos e seus benefícios. Gostei do resul-tado e resolvi entrar nesta área também”, relata.

O analista de relaciona-mento com clientes, Plínio Eduardo Petroli, é cliente da loja há dois anos e disse que sempre teve bons resulta-dos. “O brócolis que compro aqui na Orgânica é o melhor que já encontrei na cidade”, elogia Petroli.

Já a empregada domésti-ca, Marizete Oliveira, não é consumidora direta, mas compra os produtos para a casa onde trabalha e acha importante a mudança nos hábitos alimentares. Além de gostar do ambiente agra-dável da loja. “Venho com-prar produtos para a minha patroa e gosto muito de con-versar com as meninas e com a dona Rosana. Elas são

muito simpáticas”, comple-menta.

Mesmo com este cresci-mento, muitas pessoas ain-da deixam de comprar os produtos comercializados no Mercado Shangri-Lá, pelo preço relativamente alto. Elaine Gomes, a moradora do Jardim Ideal, afirma que raramente consegue com-prar algum produto, mas ad-

mite que a qualidade é in-comparável. “Tudo que não se encontra em outros mer-cados, se encontra lá, mas por um valor bem mais alto, o que impossibilita muita gente de adquirir produtos de qualidade, como os que são vendidos lá”.

A funcionária Érica Fran-cisca da Graça, diz que o mo-vimento maior da loja é aos

sábados e domingos, quando aumenta a frequência no mercado Shangri-Lá. Segun-do Érica, fica difícil calcular quantas pessoas passam por dia na Orgânica Alimentos.

A Orgânica Alimentos atende de segunda à sábado, das 8h às 19h e aos domin-gos, das 8h às 12h, na rua Visconde de Mauá, 168, box 69/70.

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Loja comercializa cerca de 500 produtos

É um mercado que tem tudo para dar certo

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LinhaFina

GeralG

Nádia BarcellosAndar sem pisar na risca,

roer unhas, tocar na guitar-ra imaginária. Manias, quem não as tem? Podem ser consideradas manias todas as cismas e gostos esquisitos que possuímos sem algum motivo especifico e que nos levam a agir de maneira ex-cêntrica. Todos nós temos aquele hábito de que não conseguimos nos livrar ou o costume de que nos orgulha-mos de ter. Algumas manias são secretas, impossíveis de serem mostradas. Outras vi-ram a nossa marca registra-da. Não se trata de transtor-no obsessivo compulsivo (TOC), são apenas manias.

Em alguns casos, de tão absurdas, elas chegam a ser engraçadas para os outros, mas para o dono da mania é apenas parte de sua perso-nalidade.

O problema é que há ris-co de a mania virar motivo de incômodo, como no caso da estudante de Direito Eri-ka Aguiar que tem a mania de usar somente roupas pre-tas, não importando a oca-sião. Ela começou a se vestir assim com 13 anos naquela

fase “revoltadinha”, como ela mesma diz, e desde então não consegue mais se vestir com outra cor.

No entanto, em determi-nadas situações essa excen-tricidade desperta a atenção das pessoas e acaba se crian-do uma imagem que não cor-responde à realidade. “É in-teressante ver o olhar das pessoas, algumas te avalian-do, outras criticando e ou-tras ainda te olhando com curiosidade, fora aquelas pessoas que sempre pergun-tam: você é roqueira? Eu odeio quando me perguntam isso!”, conta Erika.

Já no caso do estudante de Publicidade Marcelo de Mari, a mania chega a ser motivo de constrangimento. Sempre que está em sua casa pega uma pitada de tempero pronto e fica saboreando. “Já aconteceu de estar em casa de pessoas que não tenho muita intimidade e chegar a pedir ‘você tem um temperi-nho aí?’”, completa. Marcelo diz que não sabe como a ma-nia começou, nem por que continua, ele apenas não consegue viver sem.

Na maioria das vezes, a

A mania nossa de cada dia

Janaina PortelloDobras de turno, cansa-

ço, sono, fome, dores pelo corpo e horas de trabalho de-masiadas são os sintomas de um mal que tem atingido cada vez mais os profissio-nais da área de saúde: o stress. Definido como um componente inevitável do atual modo de vida da popu-lação, principalmente nos grandes centros, o stress pode ser considerado tam-bém um conjunto de reações físicas e psíquicas do orga-nismo em resposta aos fato-res de agressão externa e as emoções, sejam positivas e negativas. O profissional de saúde chega ao ápice do stress não conseguindo mais ter uma vida social ativa.

Juliana Lobo, 32 anos, técnica de enfermagem, afir-ma que “geralmente, no iní-cio do quadro depressivo, o profissional da saúde afasta-

Stress tira profissionais de saúde do trabalho

AS utis São oS SEtoRES mAiS AFEtAdoSJanaina Portello

basta uma descarga de adrenalina no nosso organismo, e os bati-mentos cardíacos são acelerados (taquicardia), com a dilatação dos brôn quios os movimentos respiratórios aumentam (taquipnéia), e as-sim, palidez, sudorese e a respiração já ofegante juntamente com o des-controle da pressão arterial caracterizam esta doença.

Com estes sintomas, os profissionais são intitulados de estressores ocupacionais. o stress no trabalho, conhecido como burnout, caracteri-za-se como um conjunto de sinais e sintomas de cansaço ou esgota-mento físico e mental, acarretando abandono, mudança e até desliga-mento do emprego, sendo as utis os setores onde mais se tem profissionais afastados.

o stress tem seus agravantes, mas atinge cada ser humano indivi-dualmente. na área psicológica ele sempre vem ligado à ansiedade e angústia. Suas reações podem variar desde fadiga mental até o esgota-mento mental, conhecido também como astenia crônica. Entre os tra-tamentos recomendados estão: homeopatia, fitoterapia e acupultura.

diante deste quadro questionamos: Qual é a capacitação ou auxílio que estes profissionais recebem para o desempenho de suas funções?

mania não chega a causar problemas na vida das pes-soas, mas quando isso ocorre é preciso ficar atento.

Samira do Prado conta que tem mania de pisar em folhas secas e muitas vezes isso atrapalha sua vida. Ela conta que quando volta do trabalho à noite, mesmo com medo de ser assaltada e von-tade de chegar logo em casa, para ficar pisando nas fo-lhas. “Já tentei parar, mas a agonia me consome e fico pensando na folinha que eu deixei pra trás”, conta.

Para a psicóloga, Célia Candas, várias manias exis-tem para dar sustentação a certos desamparos. De acor-do com ela, são coisas que a gente cria inconscientemen-te para substituir as carên-cias que temos. “Uma pessoa que coloca tudo na boca não passou da fase oral. Manei-ras de você se sentir seguro, tentativas de sustentar me-dos, vazios e tédios. Aquilo que foge ao controle deve ser contido. Se uma pessoa de-tecta que a mania esta to-mando conta de suas ações, deve se livrar dela assim que perceber”, diz a psicóloga.

“O stress pode ser considerado também um conjunto de reações físicas e psíquicas do organismo em resposta aos fatores de agressão externa e às emoções, sejam positivas e negativas.”

se do trabalho, por estar no período crítico do stress emo-cional”. Segundo ela, “o tra-tamento é lento e longo, o profissional retorna ao tra-balho, mas assistido por ou-tro profissional”.

A exemplo de Juliana, muitos profissionais estão afastados, por stress e inca-pacidade psicológica de exer-cer a profissão. O problema não escolhe faixa etária: ca-sos como os de uma mulher de 22 anos, afastada por uma crise de depressão e ou-tra de apenas 19 anos, que adquiriu síndrome do pânico devido ao intenso stress e pressão da profissão, são cada vez mais comuns na área de saúde.

Segundo Juliana, o Sin-dicato dos Empregados em Estabelecimentos de Servi-ços de Saúde (SinSaúde) não tem conhecimento das reais dimensões do problema.

Já para J. S., assistente administrativo de enferma-gem e funcionário de um hospital de Londrina, o sin-dicato ”não estabelece um posicionamento em relação a essa situação”. “Ou seja, mesmo sabendo da situação do excesso de trabalho a que os funcionários estão subme-tidos (e tendo prova disto através do registro do cartão ponto emitido semanalmen-te) não toma providências necessárias”. Talvez este seja o motivo da alta rotati-vidade de profissionais da área. “O índice de funcioná-rios que estão afastados é muito alto”, avalia.

Para J.S., a solução seria estabelecer o equilíbrio da jor-nada de trabalho. Ou seja: não exigir do funcionário algo que vai além de suas condi-ções física e psicológicas, como por exemplo o excesso da car-ga horária de trabalho.

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Jane MarquesFumar é um hábito que

pode começar facilmente quando criança, na pura ino-cência de seguir os amigos, achar bonito, mesmo sendo expressamente proibida a venda para menores. Há al-guns anos o cigarro era sím-bolo de status, charme, gla-mour e o que ajudava a induzir eram as propagan-das e filmes. Mas o que a propaganda não dizia era que mais que qualquer dro-ga, o cigarro é o que causa mais rapidamente a depen-dência química, vira um ví-cio perigoso que mata pouco a pouco e sair dessa confu-são não é nada fácil. De cada 10 adolescentes que experi-mentam 4 vezes, 6 se tornam viciados. O cigarro contém 4.700 substâncias tóxicas e cancerígenas que causam dependência e ao tragar vão direto para o pulmão. Algu-mas toxinas são formol, ace-tona, amoníaco, naftalina e até fósforo que é usado em veneno de rato.

De acordo com a Organi-zação Mundial de Saúde (OMS), existem 1,2 bilhão de fumantes em todo o planeta. O Instituto Nacional do Cân-cer (Inca) estipula que 18,8% dos brasileiros sejam fuman-

tes. Pesquisa do Inca mostra que o número de fumantes no Brasil caiu 40% em 18 anos. Em 1996 começou para valer a campanha antifumo no Brasil impedindo os fu-mantes de usufruir de locais públicos e fechados. Propa-gandas na televisão e rádio divulgavam sua marca so-mente à noite e com o tempo foi banida de qualquer horá-rio. Foram também impedi-dos de patrocinar eventos culturais e esportivos, obri-

gados a estampar fotos cho-cantes nos maços. Hoje a 200 mil mortes anuais por doen-ças ligadas ao tabaco no Bra-sil, segundo estimativa do Instituto Nacional do Cân-cer (Inca). Os enfermos ge-ram um prejuízo enorme para o governo na área da saúde. O mercado brasileiro de cigarros arrecada R$ 13 bilhões por ano e emprega 2,4 milhões de pessoas, mais que a construção civil.

O aumento de 25% no

imposto que incide sobre o cigarro acarretou uma que-da de 8% em seu consumo e mesmo assim, anualmente, o governo recolhe R$ 7 bi-lhões.

Parar de fumar é um sa-crifício, mas o vício não deve ser mais forte que sua força de vontade de viver. Nas primeiras 24 horas sem fu-mar a pessoa pode ter dor de cabeça, insônia, descon-centração, ansiedade, fome, mas são fatores da absti-

nência, que vão diminuindo a cada dia.

Luciana, 24 anos, está lu-tando contra o vício: “hoje é o segundo dia que não fumo e estou muito ansiosa. Troquei o cigarro pela comida, está difícil, mais eu vou conse-guir”, disse a ex-fumante, que completou 20 dias sem cigarro no final de maio. Na mesma semana o pigarro acaba e sua respiração fica mais lenta. Procure sempre estar com uma garrafinha de água nas mãos para be-ber quando se lembrar do cigarro, o organismo traba-lha sem parar para em duas horas conseguir tirar meta-de da nicotina tragada.

Eduardo, de 30 anos, pa-rou com o vício há sete me-ses. “Minha pele está mais branca, e acabou aquele cheiro da nicotina que esta-va impregnado em minhas roupas”, relata. “Estou mui-to orgulhoso de mim, eu ven-ci e não o cigarro”.

Cuide bem do seu corpo para chegar a uma idade adulta livre de se compro-meter com o câncer e sim ter força de vontade para receber os benefícios do fim de um vício, pele sempre jo-vem e pulmões esbanjando fôlego.

TABAGiSMO

Número de fumantes cai 40% em 18 anos

Alessandra CristinaOs casos de adolescentes

grávidas atendidas pelo Hos-pital Universitário da Uni-versidade Estadual de Lon-drina (HU), cresceram 7,86% entre março de 2008 e feve-reiro de 2009, se comparados aos 12 meses anteriores. De acordo com a assessoria de imprensa do HU, foram aten-didas 785 gestantes na faixa etária de 10 a 20 anos entre março de 2007 e fevereiro 2008, contra 852 gestantes entre março de 2008 e feve-reiro de 2009. Segundo a as-sessoria, isso acontece apesar da rede pública municipal de saúde distribuir remédios contraceptivos e preservati-vos gratuitamente.

A avaliação de autorida-des da área da saúde pública é de que o aumento dos casos de gravidez na adolescência se deve à falta de informação dos jovens, apesar do acesso a várias fontes, propiciada pela internet. A reportagem do Li-

casos de gravidez na adolescência crescem em londrina

nha Fina esteve numa escola pública da Zona Sul de Lon-drina, conversando com ado-lescentes. Pela conversa dos adolescentes abordados pela reportagem, que pediram para não ser identificados, há uma crença de que a camisi-nha é descartada quando se tem um parceiro único.

C. S. 16 anos, é um des-ses casos em que o preserva-tivo foi abandonado. “Eu não estava preparada para assu-mir uma família”, relata a menina. “Gosto de meu na-morado e do bebê que está dentro de mim, mas não me sinto segura pra ter minha família, ainda quero sair, não queria parar de ir à es-cola”, conta a C., grávida de seis meses.

Um problema bastante comum entre as mães ado-lescentes e solteiras, é que em muitos casos os pais não assumem sua parcela de res-ponsabilidade pela criança que nasce da relação.

Adolescentes estão iniciando a vida sexual, mais cedo e, com isso, a gravidez vem a cada dia crescendo em nosso meio.

Caroline MorettiA demora no atendimen-

to em hospitais, pronto so-corros e postos de saúde de Londrina já é um assunto comum. É só passar em fren-te a um posto de saúde que já se vê uma fila de pessoas todos os dias. No Pronto Atendimento Municipal (PAM), o tempo de espera para ser atendido depende do lado em que a pessoa está. Para os médicos e profissio-nais de saúde, o tempo de espera é normal. Para quem está do outro lado do balcão, o paciente, qualquer tempo de espera sempre é grande. O pronto atendimento aten-de uma grande demanda de pessoas diariamente e conta com cinco médicos planto-nistas por período. Reporta-gem publicada em novembro do ano passado pelo JL mos-

SAúDE PúBlicA

Médicos e pacientes não chegam a consenso à espera no PAMExiste uma demora no Pronto Atendimento Municipal, mas isso não é o que pensa o Coordenador Médico

tra que a média de espera no PAM é de três horas.

De acordo com o coorde-nador médico do PAM, Mo-hamad El Kadri, não há tan-ta demora e tem que se levar em conta que o pronto aten-dimento é uma unidade de urgência e emergência: “nós damos prioridade para os ca-sos de urgência e emergên-cia, isso não quer dizer que o que não é de urgência e emergência não vá ser aten-dido”, declarou. El Kadri ex-plicou que há uma “pré-con-sulta”: “todos que chegam aqui passam pela equipe de enfermagem para que pos-samos verificar qual é o grau de urgência no atendimento de cada um”. O coordenador ainda afirma que “é utopia você achar que vai chegar aqui e já ser atendido”.

Não é o que pensa a balco-

nista Pâmela da Silva de 18 anos: “não faz nem uma hora que eu estou esperando, mas só pela dor que eu to sentin-do já é muito”. Algumas pes-soas questionam sobre o in-vestimento em saúde: “a gente paga tanto imposto, é tanto dinheiro e para onde vai tudo isso ai?”, diz o repre-sentante comercial Vagner Nogueira da Rocha.

Para El Kadri não é só no Sistema Único de Saúde (SUS) que há demora no aten-dimento. “Eu já fui a hospitais conveniado com plano de saú-de e demorei a ser atendido”. Quando questionado se o nú-mero de médicos é suficiente para a atender a demanda de pessoas, ele afirma que sim e completa: “quando há um au-mento na demanda, coloca-mos mais médicos à disposi-ção da população”.

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O cigarro contém 4.700 substâncias tóxicas

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LinhaFina

Rodrigo GutuzoLondrina viveu desde o

final de outubro um clima de indefinição sobre a política da cidade. Com a impugna-ção da candidatura de Antô-nio Belinati (PP), vencedor do segundo turno das elei-ções para prefeito, ficou a incerteza de quem assumi-ria a prefeitura.

Em meio a essa crise e enquanto os eleitores aguar-davam as novas eleições – realizadas no final de março e vencidas por Barbosa Neto (PDT) -, quem assumiu o cargo de prefeito foi o presi-dente da Câmara de verea-dores, José Roque Neto (PTB), mais conhecido como Padre Roque.

Eleito presidente da Câ-mara de vereadores no dia 1° de janeiro, coube a ele fa-zer uma gestão transitória.

Em entrevista exclusiva ao Linha Fina, Padre Roque falou sobre o curto período frente à prefeitura, os pla-nos para o futuro na vida po-lítica e também na vida reli-giosa, analisou a relação com a imprensa e as prioridades do próximo prefeito.

Linha Fina: Como o se-nhor avalia esse curto período frente à Prefei-tura de Londrina?

Padre Roque: Olha, tre-mendamente positiva para mim. Como vereador, fui elei-to para trabalhar na Câmara Municipal, como legislador. E de repente, com esse imbró-glio “danado” que tem aconte-cido na questão política, com o prefeito eleito não ter assu-mido, acabei vindo parar no Executivo. Para mim está sendo uma experiência extre-mamente positiva, pelo fato de conhecer o Executivo. Está sendo muito bom.

LF: Essa passagem rá-pida, de candidato a ve-reador a prefeito interino em menos de seis meses, foi fácil?

Padre Roque: Eu conse-gui conciliar com tranquili-dade. Tive dois dias para formar uma equipe de traba-lho. Essa equipe foi excelen-te, a população elogia as pes-soas que estão comigo. Porque o que é importante numa administração como essa é não trabalhar sozi-nho, mas fazer parcerias.

“Quero levantar voos maioresEm seis meses, Padre Roque passou de candidato

a vereador a prefeito interino de Londrina. Agora ele quer ir mais longe

ENTrEViSTA

Como eu fiz parcerias ami-gáveis, pessoas honestas e a gente sabendo que era um momento interino, que não podia fazer tanta coisa como um governo normal, mas fi-zemos aquilo que era neces-sário. Trabalho de roçagem, limpeza, mutirões de saúde, essas coisas que todo gover-no iria fazer, mas nós adian-tamos para que o próximo governo pegue um “gancho” disso e continue.

LF: Qual o maior pro-blema encontrado, he-rança da administração anterior?

Padre Roque: O maior problema foi encontrar as coisas públicas um pouco de-sorganizadas. Por exemplo, os postos de saúde com falta de material de limpeza e com goteiras, uma fila enorme de pessoas esperando suas con-sultas, por isso que nós cria-mos os mutirões. Nós temos ainda o problema dos buei-ros entupidos, que causam, após muita chuva, invasão de água nas casas. Eu en-tendo que foram essas coisas que encontrei, por ser mais

tivemos a questão da meren-da, a sociedade cobrando o alto custo da merenda, o jei-to de se servir, a matéria prima com deficiência, datas vencidas, frutas podres. En-tão o problema da terceiriza-da é que temos que ter uma fiscalização muito séria em cima delas. Eu não tenho nada contra a terceirização, porque nós temos que ofere-cer o serviço, temos empre-sas excelentes na sociedade, mas desde que a parceria seja consciente, não para se levar vantagem. Aí sim eu acredito na terceirização.

LF: Retornando a Câ-mara de vereadores, qual será o seu foco, seu obje-tivo?

Padre Roque: Volto como presidente da Câmara e esse cargo é sempre visa-do, o Ministério Público atento a tudo e acho isso óti-mo, que tenhamos um acom-panhamento da sociedade. E o meu trabalho será esse: apresentar projetos, ter transparência. A minha pre-ocupação é não querer errar, saber fazer as coisas com co-

“É, agora eu tenho que estar pensando nisso(ser candidato a prefeito em 2012), nessa questão política. Me cuidar,

me preparar, me lapidar”

difícil e levar tempo para se cuidar e poder resolver.

LF: O senhor notou que algum desses proble-mas poderia ser resolvi-do antes?

Padre Roque: Poderia sim, era apenas uma questão de organização, de chamar os secretários, as pessoas encar-regadas, diretores e poder encaminhar isso. Por exem-plo, a capina e roçagem, que está na mão de uma empre-sa, mas ela fazia a seu bel-prazer. Nós chamamos e dis-semos: ‘a partir de hoje somos nós que vamos dizer pra vo-cês aonde que vocês têm que fazer’. Então, quanto a isso,

nós tentamos organizar, colo-camos mãos à obra e por isso a cidade parece um pouco mais limpa, porque nós reor-ganizamos essa questão da capina e roçagem.

LF: Qual sua opinião sobre a tercerização dos serviços da prefeitura?

Padre Roque: Em uma cidade como a nossa, eu acho algumas coisas viáveis, ou-tras não. Nós podíamos le-var em conta o orçamento do município, perceber se algu-mas empresas realmente são sérias, porque no final nós caímos num grande in-cômodo. Existem outros ser-viços terceirizados, como nós

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Padre Roque voltou a ser Presidente da Câmara

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erência. Aquilo que não sou-ber vou recorrer às pessoas. Mas é trabalhar com tran-quilidade, continuar esse trabalho que estou fazendo junto com a população e mostrar que é possível, atra-vés de uma Câmara com ve-readores decentes e hones-tos, juntamente também com um prefeito transparen-te e honesto fazer essa par ceria e a cidade só tem a ga-nhar com isso.

LF: Sobre o futuro po-lítico, pretende cumprir o mandato de quatro anos como vereador ou já pode se pensar em sair candi-dato nas próximas elei-ções para deputado?

Padre Roque: Sobre essa questão política a gente conversa sempre com nossa equipe do partido. É sempre o partido que decide, nós dialogamos e se viabilizar, se a equipe quiser que eu saia a qualquer cargo políti-co, estou à inteira disposi-ção. O que não posso agora é querer voltar atrás. Claro que eu fiz essa experiência (no cargo de prefeito) antes de ser vereador, ela foi bási-

ca, fundamental, apaixonan-te até, por administrar uma cidade do tamanho de Lon-drina, sendo ela segunda maior do Paraná, terceira do Sul do país, com todos os problemas e sua complexi-

me lapidar, conhecer mais sobre a política, conhecer mais o povo, poder servir melhor. Acho que agora não tem volta. Sempre é levan-tar voos maiores nessa di-mensão política.

Agora: é apaixonante traba-lhar com o povo. Porque o pa-dre não é somente aquele que está no altar, para celebrar a eucaristia, embora eu ache ali importantíssima a presença dele, como administrador pa-roquial também. Eu vou con-tinuar com espiritualidade e religiosidade, mas vou deixar o ministério sacerdotal para um segundo momento.

LF: Como o senhor avalia a relação com a imprensa nesse período frente à prefeitura?

Padre Roque: Eu até ti-nha vontade de chamar to-dos vocês da imprensa, por-que eu admiro. A imprensa mostra os dois lados da moe-da. Quando se está mal, ela é o olho clínico que faz o jul-gamento. Por um lado, eu percebo que a imprensa tem pessoas de pensamento posi-tivo, que querem ajudar a construir a cidade, mas por outro lado eu vejo a questão do sensacionalismo que se faz em cima da pessoa do prefeito, da Câmara, porque muitos tentam ter sua audi-ência em cima da desgraça dos outros. Então, eu sei que

isso é livre nos meios de co-municação, mas acho que a imprensa podia respeitar um pouco mais. Acho que o respeito no diálogo, na con-versa, antes de soltar uma notícia que possa embara-lhar a cabeça das pessoas. Eu vejo assim: tem que ter liberdade na imprensa, mas acredito que tem que ter res-peito com o cidadão, seja ele quem for.

LF: Qual o grande pro-blema encontrado nessa administração?

Padre Roque: Quando você pega uma administração de oito ou mais anos, e não sou eu quem digo isso, é a so-ciedade que diz que nossa ci-dade está atrasada em alguns anos em relação a outras, como Apucarana, Maringá, e até cidades pequenas. O gran-de problema foi o fechamento político, não ouvir os vários segmentos da sociedade. Foi a reclamação maior que eu es-cutei, das pessoas chegarem que a antiga administração não tinha as portas abertas para se dialogar. Eu tentei abrir isso, conversar com to-dos os segmentos e as pessoas tem vontade.

“Trabalho de roçagem, limpeza, mutirões de saúde,

essas coisas que todo governo iria fazer, mas nós adiantamos

para que o próximo governo pegue um “gancho” disso e continue”

dade. Ainda assim é maravi-lhoso administrar essa cida-de. Volto agora como vereador e presidente da Câ-mara, e terei mais um ano e pouco para trabalhar, para conhecer.

LF: Podemos dizer en-tão que o senhor já pensa em se candidatar a pre-feito em 2012?

Padre Roque: É, agora eu tenho que estar pensando nisso, nessa questão políti-ca. Me cuidar, me preparar,

LF: E quanto ao futu-ro na vida religiosa, sa-cerdotal?

Padre Roque: Eu conti-nuo na Igreja, sou católico apaixonado. Sou chamado para fazer palestras nos gru-pos de oração da linha da Re-novação Carismática. Algu-mas matérias na extensão da PUC para os leigos. O que fi-cou diferente é que a cidade é uma paróquia em maior ex-tensão. Tem também seus problemas como se fosse os de casa, problema paroquial.

na dimensão política”

Rodrigo Gutuzo

Padre Roque: “Não posso voltar atrás”

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LinhaFina

Janaina Portello e Pedro SpiacciNo dia 27 de abril, véspera de ser diplomado prefeito de Londrina, Barbosa Neto (PDT),

eleito no terceiro turno, esteve na Faculdade Pitágoras- Campus Metropolitana para uma entrevista coletiva concedida aos alunos do 5º período de Jornalismo.

Num ambiente descontraído, em tom de bate papo informal, ele respondeu a todas as questões feitas pelos estudantes/repórteres do Linha Fina, apesar dos rodeios em algumas questões. Os temas abordados passaram pelas promessas feitas pelo então candidato durante a campanha eleitoral, como escola integral, trânsito, esporte, saúde, alianças políticas, dentre outros. Os 40 minutos de entrevista não poderiam passar sem nenhum deslize. Questionado sobre sua relação com o deputado estadual Antonio Belinati (PP), Barbosa tropeçou. “Eu sou o que sou”, disse com veemência. Depois ele admitiu que a frase não tinha nenhum significa-do e provocou risos na platéia. Confira a entrevista:

Entrevista com BArBOSA NETO

“Eu sou aquilo que os meus atos vão mostrar”

Participaram da entrevista os alunos:Janaina PortelloPedro Spiacci Pablo FaresIsabela TacakiDavi BaldussiNádia BarcellosValero JúniorNatália Lima Castro Stéphanie MassarelliKerly TavaresDaniela IshiyamaJuliano Dias (PP)Fábio Fumis (PP)

LINHA FINA: O presi-dente do Londrina Espor-te Clube, Peter Silva, fa-lou que o projeto do Tubarão na série D de-penderia do apoio da pre-feitura. Como a prefeitu-ra entra no apoio ao LEC?

BARBOSA NETO: O Londrina é muito importan-te para a cidade, para a re-gião. Não só o Londrina mas o futebol profissional em si e nós temos outras equipes que também já estão hoje com base na cidade, no caso do Iraty que veio para cá, a própria Portuguesa Londri-nense. Nós estamos colocan-do a responsabilidade sobre tudo isso, no novo presiden-te da Fundação de Esportes de Londrina (FEL), que é o professor Paulo Roberto de Oliveira, um homem extre-mamente capacitado, inclu-sive foi preparador físico e treinador do LEC em algu-mas oportunidades. Ao lon-go desse nosso mandato, es-peramos que o Londrina possa ascender às outras di-visões do futebol brasileiro ocupando esse espaço, que o Norte do Paraná deixou des-de a queda do Londrina. O professor Antonio Carlos Gomes ajudou a elaborar um

AS ELEiçõES Em LondRinAJanaina Oliveira

depois de meses de incer-tezas, Londrina, a segunda maior cidade do Paraná e ter-ceira da região Sul do brasil, com mais de 500 mil habitan-tes, elegeu seu prefeito. Em um terceiro turno inédito, foi eleito o deputado federal barbosa neto, do Ptd, que obteve 54,1% dos votos. Ele disputou a prefe-rência dos votos com o tam-bém deputado federal Luiz Car-los Hauly, do PSdb, que obteve 45,88% dos votos.

A eleição em Londrina mo-vimentou 1,2 mil urnas em 986 seções eleitorais. Foram convocados aproximadamente 3,9 mil mesários. o custo da eleição, segundo o tRE do Para-ná, foi de aproximadamente R$ 280 mil.

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“O Londrina é muito importante para a cidade”

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projeto de reestruturação do Atlético Paranaense, que foi campeão da série B, cam-peão da série A, ao longo dos oito anos em que ele esteve lá, junto com outros londri-nenses como o Ariomar Man-sano, o Ticão, acho que eles têm a competência necessá-ria para alinhavar um proje-to de recuperação do LEC.

LF: Em Relação a ou-tras práticas esportivas, handebol, voleibol femi-nino. Tem alguma pers-pectiva?

BARBOSA: Eu confio muito no trabalho que o pro-fessor Paulo Roberto de Oli-veira vai desenvolver, um homem extremamente capa-citado. Aliás, foi uma con-quista muito grande quando ele aceitou fazer parte da nossa equipe, porque ele é PhD nesta área do esporte. O handebol de Londrina é um dos melhores do Brasil, nós já estamos pensando no próprio basquete, que Lon-drina conquistou uma vaga novamente na Nova Liga Brasileira de basquete e eu já assumi esse compromisso de que nós vamos permane-cer aqui para não só levan-tar o basquete, que teve o melhor índice de público. Londrina ainda é lembrada por isso. Vamos buscar espe-cialistas, vamos buscar onde for necessário esse apoio pra ajudar nosso esporte, tanto de formação, de rendimento, quanto de competitividade de participações de competi-ções, que isso divulga muito o nome da cidade.

LF: Sobre a escola em tempo integral: como o senhor pretende implan-tar a educação integral no ensino fundamental. É no modelo dos CIEPS da década de 1980 do Darci Ribeiro ou não?

BARBOSA: O meu sonho é esse, justamente os CIEPS que o Anísio Teixeira, junto com o Darci Ribeiro planeja-ram e executaram no Rio de Janeiro. Isso envolve custos, que hoje a prefeitura não tem condições de arcar. Mas o so-nho é justamente esse, pisci-nas, quadras, espaços, salas multiuso, refeições, com toda essa estrutura esportiva. Precisamos encaminhar de alguma forma, a parceria que a gente quer buscar em órgãos governamentais e com as entidades, ONGs clu-bes de serviço, enfim fazer o envolvimento da sociedade toda dentro desse conceito que é a atenção integral à criança, principalmente do ensino fundamental. Nós fo-mos buscar inclusive uma especialista nessa área, que é a professora Vera Lucia Hilst, que também é doutora, com livros publicados, arti-gos. Já foi secretaria inclusi-ve da educação, ela tem uma experiência inclusive desen-volvida em uma faculdade em Arapongas.

LF: Qual a estratégia pedagógica para a capa-citação desses professo-res?

BARBOSA: Isso vai par-tir justamente da supervisão completa da Secretaria de Educação, tanto o conteúdo pedagógico, quanto o reforço escolar ou a atenção na área cultural. Isso tudo vai ser feito com parceria com a Se-cretaria, sem desfocar, sem regredir sem desviar, não é apenas um depósito de crian-ças, dizendo só para contabi-lizar números, mas nós que-remos aumentar o IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) de Lon-drina, queremos dar uma atenção importante que hoje o município não tem , até para que haja uma visão di-ferenciada que hoje o muni-cípio ainda não teve. Eu sei que há muitas criticas em relação à escola em tempo integral, eu sei que há mui-tos mitos, muitas resistên-cias inclusive na própria rede e a nossa intenção quando fomos tentar buscar alguém da própria Secreta-ria, isso não foi possível, por que não conseguimos pacifi-car aquele ambiente. Então eu acho que foi uma solução importante buscar alguém de fora, com muito conheci-mento, que vem com uma nova visão. A nossa intenção é que ela possa contagiar os professores, a rede toda.

LF: Tem um tempo de-terminado para a implan-tação?

BARBOSA: Estamos pe-gando uma administração já quase que na metade, uma administração que vem com o orçamento anterior. Isso tudo é temerário nesse pri-meiro momento, até para co-locar prazos, mas nós quere-mos o mais rapidamente possível. Ainda vou conver-sar com a secretária para que ela nos mostre o levan-tamento que ela conseguiu fazer da Secretaria.

LF: Com relação ao lixo de Londrina, a com-postagem. Foi comprada uma usina na época do ex-prefeito Luiz Eduardo Cheida, essa usina vai ser utilizada?

BARBOSA: Foi a minha primeira solicitação ao se-cretário do Meio Ambiente, Carlos Levy, que ele o mais rapidamente possível possa trazer de Cornélio Procópio essa usina que inclusive ou-tros municípios demonstra-ram interesse em comprá-la. Com a instalação da usina é possível aumentar a vida útil do aterro. Eu acho um desperdício enorme essa usi-na parada, mesmo que ela esteja desatualizada, mas que possamos utilizar o mais rapidamente possível.

LF: Sobre o secretaria-do: é de costume os ou-tros partidos barganhem

os cargos do primeiro es-calão. Como isso se dá na sua gestão?

BARBOSA: É natural que haja essa composição, porque nós vencemos a elei-ção com uma aliança de par-tidos. Isso não está passan-do, na nossa visão, como algo que você possa leiloar a ad-ministração e fatiar: ‘olha essa aqui é uma Secretaria sua e você indica quem você quiser’. Eu tenho evitado isso. Primeiro estamos en-xugando a nossa adminis-tração, no máximo vamos governar com 50 cargos, um pouquinho mais, um pouqui-nho menos, na administra-ção direta e indireta. Vamos cortar na própria carne por que é uma necessidade e há partidos que não vão ser contemplados nesse primei-

Valero Juniorno dia 12 de fevereiro de 2009, a Câmara municipal

aprovou por unanimidade a abertura de uma Comissão Especial de inquérito (CEi) para investigar a composição da planilha que define o preço da passagem de ônibus em Londrina. os vereadores que compõe a comissão são Joel garcia (Pdt), Rodrigo gouvêa (PRP), Roberto Fortini (PtC), tito Valle (Pmdb) e gerson Araújo (PSdb). A CEi teria 90 dias para concluir os trabalhos.

o requerimento que determinou a abertura da CEi foi aprovado, mas com duas alterações. A Comis-são de Justiça entendeu não haver fato determinado para investigar, por isso a primeira versão foi rejeita-

da. no dia 12 de fevereiro, o substitutivo número 1 aprovado citava o posicionamento do ministério Pú-blico e a ausência de um técnico assinando o estudo que determinou o aumento da tarifa.

Jacks dias, líder da bancada do Pt na Câmara, foi autor da emenda modificativa número 1 que também foi aprovada. A emenda estabelece que sejam investi-gados os fatos a partir de 1º de janeiro de 1998, assim as investigações também alcançariam a administra-ção do ex-prefeito Antônio belinati (PP). A Justiça concedeu liminar que suspendeu o aumento de R$2,00 para até R$ 2,25, no final da gestão do prefeito nedson michelete (Pt), em dezembro.

oS ALiAdoS dE bARboSARodrigo Gutuzo

barbosa neto teve aliados importantes no terceiro turno, como o Pt, representado pelo ministro do Planejamento Pau-lo bernardo, o PP, com o apoio do deputado federal Ricardo barros, o PC do b e o PHS. Além, claro, de Antonio belinati. Por outro lado, viu a saída de al-guns partidos que o apoiaram no primeiro turno, como o Ptb e o PPS, liderado por tercilio tu-rini, que foi coordenador da campanha. na formação do seu governo, nomeou cargos a al-guns partidos que não declara-ram apoio e que apoiaram Luiz Carlos Hauly, como o dEm.

ro momento e nem vão indi-car os nomes que eles gosta-riam, por que passa por um critério técnico, um critério de competência e também confiança minha nesses no-mes. Eu tenho procurado fa-zer diferente do que os ou-tros vêm fazendo. Até pago o preço, eventualmente os jor-nais dizem que tem muita gente nervosa e eu não tenho preocupação com isso aí.

LF: E aproveitando essa questão de campa-nha: desde 2000 o senhor vem fazendo campanha se desvinculando do Beli-nati e agora voltou subir ao palanque junto com ele, tanto no segundo tur-no e agora no terceiro. Ele tem alguma influência em sua administração?

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LinhaFinaBARBOSA: A gente é

aquilo que é, né. Uma frase profunda essa (risos). Acho que às vezes eu vejo umas análises: ‘ah o Barbosa ten-tou migrar para uma área e depois não deu certo, voltou para a outra’. Quem tem que julgar é a opinião pública. Não é a nossa trajetória, eu acho que vocês é que vão po-der, ao longo da minha admi-nistração, julgar as coisas. Às vezes é muito discurso, é muita fala e muita gente não acredita nos políticos. Mas pelo secretariado que escolhi, acho que você já vê o que é o Barbosa Neto, o que quero fazer. Eu tenho procurado fa-lar pouco e fazer bastante e tenho evitado entrevistas e é ate o primeiro lugar que eu venho para falar de política franca, uma roda viva com vocês aqui. A cadeira está igualzinha. E aqui a gente não tem medo de pergunta, mas eu não quero ser taxado como uma pessoa que fica como papagaio de pirata, um cara que fica dando entrevis-ta a todo momento, apesar de eu ser jornalista, gostar de falar, gosto mais de pergunta até do que falar de mim, es-pecialmente então para que vocês mesmo possam formar a opinião de vocês. Ao longo do tempo nós vamos mostrar o que é a nossa administra-ção. E sem fugir da pergunta, o Belinati foi importante

para que ganhássemos a elei-ção. Ele é deputado estadual, o político mais popular que a cidade já teve mas, o Belinati é o Belinati, o Barbosa é o Barbosa, cada um tem a sua maneira de ser e eu não que-ro me desvencilhar do Beli-nati e não quero me aproxi-mar do Belinati. Eu sou aquilo que os meus atos vão mostrar que eu sou, o que a minha trajetória já mostrou, o que eu sou, e a opinião pú-blica e vocês que vão ter que julgar.

LF: Estamos aí com notícias do aumento da passagem de ônibus. Eu quero saber se a prefeitu-ra está de acordo com isso e o que ainda pode ser feito pra evitar?

BARBOSA: Eu não sei ainda o que a planilha identi-ficou sobre a questão do au-mento do transporte coletivo. É uma questão técnica, não sou eu que elaboro a planilha, existem instituições, existem métodos que são analisados no sistema de concessão do mundo inteiro. Tem o Minis-tério Público vigilante, tem uma legislação em vigor.

LF: Nos últimos anos Londrina foi abandonada pela prefeitura, no senti-do de cultura, turismo, lazer. O que o senhor vai fazer sobre isso no seu mandato?

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BARBOSA: É uma de-manda muito grande. Você disse que nós estamos vi-vendo agora, viemos de uma administração de oito anos. Estamos chegando com uma nova visão, mas não podemos resolver todos os problemas do dia para a noite. Vamos colocar pesso-as capacitadas para fazer. Escolhemos o secretário da Cultura, que é uma pessoa do meio que vivencia essa realidade há muitos anos aqui em Londrina e vamos buscar juntamente com o governo do Estado e gover-no Federal os recursos ne-cessários para resgatar isso. A cultura de Londrina é muito forte, tem uma ebu-lição muito grande. Mas eu não quero só isso, quero po-pularizar a cultura, levar para os bairros. Como eu já disse aqui, às vezes as pes-soas têm um monte de ideias, muita vontade, mas vamos enfrentar uma crise internacional, vamos en-frentar uma dificuldade no caixa, mas vamos buscar alternativas, parcerias com a sociedade, envolvimento das pessoas, fazendo com que elas participem ativa-mente da nossa adminis-tração. Acho que Londrina pode retomar em breve a auto-estima que foi deixada e nós não temos preconcei-tos em buscar.

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“Londrina deve recuperar sua auto-estima”

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OOpinião

Ana LuizaUm por todos e minoria

pela minoria. Com certeza se existissem, Dartaham e os três mosqueteiros diriam exatamente esta frase a Cristovam Buarque (PDT), senador pelo Distrito Fede-ral e aparentemente, mila-gre, vejam só, único político do Brasil preocupado com a educação.

Contrariando muita gen-te e ganhando a admiração de tantas outras, ele apre-sentou em 2007 um projeto de lei (inconstitucional, diga-se) que obriga que, até 2014, todos os filhos e dependentes de políticos sejam matricu-lados em colégios púbicos e estaduais durante toda a educação básica. Em que isso fere a Constituição? Se-gundo a lei maior, as pesso-as perdem o direito da esco-lha de onde querem que seus filhos estudem.

Segundo Buarque, raras são as exceções em que os fi-lhos dos políticos não estão em colégios particulares, onde podem desfrutar de uma boa educação. Pelo jei-to, os pais políticos não se importam se os filhos dos

cristovam Buarque quer filhos de políticos

estudando em escolas públicas

outros também têm acesso a educação de qualidade.

Esta não é a primeira vez que o senador resolve apre-sentar uma lei que contraria políticos e governantes do pais. Em 2007 ele também apresentou um projeto de lei obrigando todos os gover-nantes a usar os serviços de saúde, transporte, educação e todas as outras coisas ad-ministradas - mal e porca-mente por sinal - por eles mesmos, para que tomassem consciência do “trabalho” que fazem. Na campanha eleitoral de 2006, quando disputou a presidência da República, o senador de Bra-sília lembrava que os servi-ços públicos usados pelo povo, como a educação, são relegados ao segundo plano. Já os serviços usados pelas elites, como os aeroportos, requerem maiores e mais cuidados das autoridades.

Mas infelizmente para a população, essas leis nunca serão aprovadas, uma vez que os políticos se preocu-pam consigo e trabalham para si. Mas como não custa sonhar, o senador ainda vai tentando até 2014.

“ População reclama de superpopulação de pombos Pág. 14

“ Redução de IPI anima lojistas e consumidores Pág. 14

“ Circo mantém público fiel na Era da Informática Pág. 16

Buarque é o autor do projeto

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LinhaFina

OpiniãoO

Aíme BarbozaO governo federal anun-

ciou no dia 17 de abril uma medida temporária para au-mentar as vendas no comér-cio. É a redução das alíquo-tas de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) que vigora até o dia 16 de julho. Os produtos benefi-ciados foram o fogão, a gela-deira, a máquina e o tanqui-nho de lavar roupa, a chamada linha branca.

Esta redução do imposto na linha branca tem anima-do comerciantes e consumi-dores. De acordo com Apare-cido Franceschini, gerente de uma loja do calçadão de Londrina, as vendas aumen-taram já nos primeiros dias. “Percebemos a mudança logo no início e esperamos um aumento de 10% a 12% nas vendas”, diz Franceschini.

A redução varia de produto para produto. A alíquota sobre a máquina de lavar roupa caiu de 20% para 10%. A geladeira de 15 para 5%. E o fogão e o tanquinho de lavar roupa tive-ram a alíquota de IPI zerada.

Rosemery Amaro aprovei-tou os descontos no imposto

Janaina OliveiraA superpopulação dos

pombos é um assunto que tem preocupado Londrina. São mais de 200 mil aves que circulam pelo perímetro urbano – segundo reporta-gens publicadas pela im-prensa londrinense –, po-dendo causar diversas doenças, tais como a cripto-cocose, neurocriptococose, além de alergias. Outros fa-tores que causam transtorno devido a esse acúmulo são as fezes e o mau cheiro que as mesmas provocam.

A concentração é causada pelo desequilíbrio ambien-tal. Em Londrina os pombos encontraram facilidades de-vido à monocultura da soja,

Emily MüllerDesde a campanha do

primeiro turno para a pre-feitura de Londrina, o hoje prefeito Barbosa Neto (PDT) colocou em pauta o projeto de criar um Centro de Con-trole de Zoonoses na cidade. No último dia 21, Barbosa Neto anunciou algumas me-didas sócio-ambientais. En-tre elas está a erradicação de 2.800 árvores condenadas e o controle da população de pombos, como o vereador José Roque Neto (PTB) já havia anunciado, durante o seu período como prefeito in-terino. Já sobre o Centro de Controle de Zoonoses, o pre-feito afirma ainda não dispor de verba para isso, e que apenas medidas emergen-ciais estão sendo tomadas.

Atualmente, os animais abandonados de pequeno porte de Londrina só contam com a OSCIP (Organização

Superpopulação de pombos incomoda muita gentePopulação reclama do mau cheiro e descaso da prefeitura

a falta de predadores, além da arquitetura dos prédios, onde são encontrados abri-gos nas frestas e beirais de janelas. Tudo isso facilita sua domesticação. Outro fa-tor que atrai os pombos para o perímetro urbano é a faci-lidade que eles têm para en-contrar alimentos, já que muitas pessoas, principal-mente idosos, jogam milho e farelo no calçadão, que ser-vem de alimento para eles.

Apesar do decreto muni-cipal 320/2009 assinado pelo ex-prefeito interino José Ro-que Neto (PTB), proibindo a população de alimentar pombos, tanto em áreas pú-blicas como em particulares, a prática persiste.

Para que haja um contro-le da superpopulação, algu-mas medidas devem ser to-madas. “Devemos dificultar sua reprodução, e uma das maneiras mais simples de fazer isso é não alimentá-las. Na escassez de alimen-tos, ela deixa de investir no seu potencial reprodutivo. Quando há alimentos de so-bra, ela vai investir no seu potencial reprodutivo, au-mentando a população, po-dendo reproduzir até doze descendentes por ano”, ex-plica o biólogo João Antonio Cyrino Zequi.

Além disso, ele explica que o acúmulo de fezes deve-

se ao fato do intestino dessa ave ser muito pequeno, tor-nado um agravante para quem trabalha ou transita no Calçadão ou no Bosque.

Para a balconista Patrícia Dias, 22 anos, o mau cheiro é insuportável: “eu trabalho aqui no Calçadão e não aguento o cheiro horrível que as fezes causam. Tem dia que me dá até dor de cabeça de tão forte que é o cheiro. Quan-do chove então aí ninguém aguenta. Sem falar no peri-go, fica tudo liso e escorrega-dio”, reclama. “Esses dias atrás mesmo, eu ajudei um senhor a se levantar porque ele escorregou nas fezes das

pombas. Isso é um absurdo”, concluiu a balconista.

Já para o vendedor Si-valdo Bento, 23 anos, a pre-feitura deveria tomar me-didas mais drásticas: “o decreto assinado pelo Pa-dre Roque não adiantou nada, porque não há uma fiscalização. Se você passar pelo centro ou pelo bosque vai ver pessoas alimentan-do pombas sem medo ne-nhum”. Na opinião de Ben-to, “a prefeitura deveria esclarecer a população so-bre as doenças que as pom-bas podem causar, além de tomar outras medidas para sua diminuição”.

centro de controle de zoonoses não será implantado logoBarbosa Neto anuncia medidas sócio-ambientais que não incluem o centro de zoonoses

da Sociedade de Interesse Público) SOS Via Animal, que é uma sociedade civil, de direito privado, sem fins lu-crativos, que socorre, atende e acolhe os cães, gatos e ou-tros animais que necessita-rem de ajuda. Segundo Ma-riana Nogueira, presidente do SOS Vida Animal, a cria-ção de um Centro de Zoono-ses adequado seria uma grande ajuda para a OCISP. “Se um Centro de Saúde Animal for criado, onde os animais são atendidos, acompanhados e não apenas recolhidos, além de desafo-gar a OCISP, o Centro aju-daria a controlar o número de animais, através da cas-tração”, explica.

Já em relação aos pom-bos, o veterinário Fernando Augusto Rossi Freitas, es-pecialista em clínica médi-ca de pequenos animais, afirma que é preciso anali-

sar o porquê da superpopu-lação dessas aves, o dano que elas podem causar, onde elas se alimentam. Segundo ele, o ideal seria não permitir que os pombos continuassem a se reprodu-zir. “Acho necessário algu-mas reflexões, como por exemplo, o porquê da vinda dessas aves para cidade, saber onde elas se alimen-tam e tentar a não reprodu-ção das mesmas, de manei-ra química ou biológica, colocando, por exemplo, substâncias anticoncepcio-nais no alimento ou água dos pombos”.

Existem hoje em Londri-na aproximadamente 40 mil animais de pequeno e gran-de porte abandonados, além da superpopulação de pom-bos na cidade, portanto além de uma questão de saúde pública, uma atitude quanto a isso seria emergencial.

redução do iPi anima lojistas e consumidoresRedução do IPI para a linha branca aquece vendas e evita demissões. A medida visa combater a crise

para renovar a cozinha de casa. A auxiliar de enferma-gem e os quatro irmãos vão dividir as despesas para pre-sentear a mãe. “De presente para minha mãe eu comprei um fogão e um jogo de cozi-nha. Ela vai gostar muito da surpresa porque fazia uns 15 anos que ela não ganhava um fogão novo,” diz Rosemery.

Com esta redução, a arre-cadação federal pode cair até R$ 173 milhões de reais. Em contrapartida, o governo acredita que os setores da indústria e do varejo tenham um aumento nas vendas e na manutenção dos empre-gos no setor.

Delourdes Castorina da Silva aprovou a medida. De-pois de muita pesquisa com-prou pela primeira vez o tão sonhado fogão quatro bocas, “Andei bastante hoje, o ser-viço é pesado e o dinheiro é pouco então tem que procu-rar para conseguir o melhor preço. Aproveitei a redução do imposto e hoje vou com-prar pela primeira vez, de-pois de casada, o meu fogão, porque um fogão novo ajuda, né”, diz Delourdes.

São mais de 200 mil aves na área central

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Dia da consciência Negra pode virar feriado em londrinaMesmo depois de 121 anos da abolição da escravatura, a discriminação e o preconceito em relação aos negros é um tema muito discutido no Brasil. As consequências da escravidão são sentidas ainda hoje, por milhares de brasileiros. Pensando nisso, no dia 20 de novembro de 1965, foi criado o Dia da Consciência Negra com o intuito de levar à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira. A data foi escolhida por ser o aniversário da morte de Zumbi dos Palmares. A partir de 2003, a data virou feriado em várias cidades do país, como São Paulo e Salvador.

do vereador Tito Valle (PMDB), que é bisneto de es-cravos. Valle defende a cria-ção do feriado pois, segundo ele, “foi o braço escravo que construiu o país”. Ele afir-mou que a data é necessária, pois o preconceito contra os negros está fortemente ar-raigado na sociedade. “Essa data é fundamental para marcar a insatisfação dos afrodescendentes, que são de mais de 50% da popula-ção. O feriado abre espaço para uma discussão mais ampla [sobre o assunto]”, justificou o vereador.

A data escolhida para o feriado é o aniversário da morte de Zumbi dos Palma-res, líder quilombola do sé-culo XVII. Apesar da tese

levantada recentemente, de que Zumbi teria sido dono de escravos, Valle afirmou que considera a data escolhida oportuna e que desconhece essa tese: “nunca vi nenhum livro de história que fale so-bre isso”.

Quanto à alegação de muitos que dizem que a criação desse feriado é só mais uma forma de com-pensar os negros pelo que aconteceu, assim como o sistema de cotas, ele se de-fende: “eu acho que uma so-ciedade, um país que quer se firmar como nação tem que curar suas chagas. Uma delas é a escravidão”. Ele se mostra otimista em relação à aprovação do pro-jeto. “Estou Confiante que

os vereadores estão sensí-veis com relação a essa questão”.

Dejair Dionísio, professor do curso de Letras da Uni-versidade Estadual de Lon-drina (UEL) e integrante do Conselho da Comunidade Negra de Londrina, defende que a inclusão desse feriado no calendário da cidade é importante, pois é uma for-ma de resgatar a história do país, ou parte dela. “Se a nossa sociedade se propuses-se - de fato, a conhecer a sua própria história, e isso passa pela necessidade de conhe-cermos e estudarmos a his-tória de África e não somen-te da Europa, perceberíamos a importância dessa história enquanto explicador de vá-

rios fatos que acontecem no nosso dia-a-dia”.

Ainda assim, ele entende que somente a criação de mecanismos, como o sistema de cotas para negros e mes-mo a criação deste feriado, não são suficientes, mas apenas um primeiro passo. É preciso mais, é preciso que cada pessoa se conscientize: “Se todos que comungam de algum tipo de crença pres-tassem atenção no que suas palavras proferem acerca do amor ao próximo, do respei-to mútuo, da verdade e da percepção do erro, já seria uma possibilidade real de avanço para a superação dessas medidas que são, na verdade, paliativas; mas que se fazem necessárias”.

Nádia BarcellosO Dia da Consciência Ne-

gra, que já é feriado munici-pal em várias cidades brasi-leiras, pode virar feriado também em Londrina. Tra-mita na Câmara Municipal um projeto de lei de autoria

Naiane SouzaAmbientalistas e autori-

dades de Londrina avaliam que a usina de composta-gem comprada há 13 anos pela Prefeitura, na gestão do ex-prefeito Luiz Eduar-do Cheida, se tornou obso-leta para a realidade da ci-dade. A estrutura, que está guardada na fábrica Igua-çu-Mec, em Cornélio Procó-pio, foi feita quando a cida-de produzia 280 toneladas dia, 220 a menos do que produz hoje – estima-se que cada habitante produza, em média, um quilo de lixo por dia. A direção da Com-panhia Municipal de Trân-sito e Urbanização (CMTU)

lixO

Usina de compostagem ficou obsoletaEquipamento comprado há 13 anos pela Prefeitura de Londrina não teria capacidade para atender a demanda

admite instalar a usina na cidade. De acordo com o ar-quiteto Gilmar Domingues Pereira, analista técnico da CMTU, “provavelmente a usina será adaptada para o que a cidade produz hoje”.

Depois de comprada, a usina nunca saiu da fábri-ca. Os prefeitos que sucede-ram Cheida, Antonio Beli-nati (1997-2000) e Nedson Micheleti (2001-2008) não se interessaram em insta-lar o equipamento que transformaria o lixo orgâ-nico em adubo. De acordo com a Organização Não Go-vernamental BioBrasil, 68% do lixo produzido em Londrina é composto por

material orgânico, 18% de rejeitos e 14% de materiais recicláveis. A avaliação se baseia numa pesquisa feita em outubro de 2007 pela entidade.

Ainda não há definição quanto ao local onde seria instalada a usina de com-postagem. Segundo Perei-ra, já está em andamento o pedido de licenciamento do terreno onde será instalado o novo aterro de Londrina – o atual tem vida útil de até um ano e meio. O novo aterro será na saída para o distrito de Maravilha, na região Sul.

Além da usina não ter capacidade para dar conta

do volume de lixo produzido em Londrina, existem ou-tros problemas. Na avalia-ção de Sílvia Saadjian, pre-sidente da ONG Bio-Brasil, “falta cultura, educação e conscientização do povo lon-drinense para a separação de lixo”. Ela também cita a falta de “técnicos capacita-dos” para lidar com o lixo – seria necessário avaliar dia-riamente se o material usado para compostagem contém metais pesados -, a “politicagem da cidade”.

Pereira tem queixa se-melhante: ele reclama que falta continuidade das po-líticas e atuações da pre-feitura.

Lixo oRgâniCoSobras de alimentos, cascas de frutas, cascas de ovos, sacos de chá, podas das árvores, capinas, cinzas.

REJEitoPapel e absorvente higiêncio, fralda descartável, algodão, pa-péis engordurados, plastifica-dos, metalizados, parafinados, fotografias, etiquetas, carbono, lenços de papel.

RECiCLáVELmetais, papéis, plásticos e vidros.

Vereador Tito Valle é o autor do projeto

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LinhaFina

OpiniãoO

Camila RibeiroA temporada do Le Cir-

que em Londrina tem mos-trado que o circo continua atraindo um grande número de pessoas. Os espetáculos que misturam antigos perso-nagens às atrações moder-nas, agradam públicos de to-das as idades. Os artistas se apresentam num espetáculo dinâmico, onde o público in-terage com o palhaço e parti-cipa das brincadeiras. Músi-

circo mantém público fiel na Era da informáticaPara continuar a ser sucesso de público, o circo se adaptou à tecnologia

ca, iluminação e artes cênicas, que foram resgatadas do tea-tro, fazem parte da proposta do circo moderno. É o que está dando certo hoje em to-dos os circos do mundo.

Em meio à grande oferta de produtos culturais e de diversão que existem hoje, muitos pais optam pelo circo para o entretenimento dos filhos. A professora Rosan-gela Macedo foi a um dos es-petáculos e explica porque

acha importante levar os fi-lhos: “na realidade, os pais, mesmo gostando do circo, se esforçam mais por conta dos filhos, para mostrar como as pessoas se divertiam antes da televisão, do cinema e do teatro”, relata a professora. “Tudo começou com o circo, eu acredito nisso. Não sou nenhuma estudiosa da arte, mas eu acredito que tudo veio com ele: a dramatiza-ção, a encenação, esse jogo,

tudo isso veio com o circo”, completa.

Para o diretor do Le Cir-que, Jorge Swanovich, as atrações originais do circo não são mais suficientes para atrair o público deseja-do. “Há 20 ou 30 anos, o circo era o que se tinha de mais moderno, mas o que era mo-derno? Arquibancadas de madeira, ‘respeitável públi-co’ e o locutor falando”, ana-lisa. “Então, a geração se

modernizou, o circo também teve que se modernizar”.

Na opinião de Swanovich, a tecnologia faz a diferença entre o circo de hoje e o de on-tem: “não podemos nem com-parar, há 30 anos não existia informática como existe hoje, as crianças com 5 anos já es-tão no computador, na minha época não existia isso. O mundo evoluiu muito, era outro público antigamente, era outra cultura”.

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EEsporte

“ Tardes de rugby no país do futebol Pág. 18

“ A verdade sobre os rodeios Pág. 18

Emily MullerA Torcida Falange Azul

foi fundada há 17 anos, no dia 5 de fevereiro de 1992, pelos amigos Marcelo Apare-cido Pereira Fuentes, Ronal-do Cezar, Rogério Batista e Ivoncley Sepe. Ainda em sua fundação o Londrina Esporte Clube (LEC) foi campeão Pa-ranaense, além de disputar outros títulos. Com o passar do tempo o clube entrou em uma fase ruim e com a falta de incentivo e planejamento, as torcidas organizadas do LEC contavam cada vez mais com menos adeptos.

Isso fez com que em 1997 surgisse uma proposta de jun-ção das três torcidas existen-tes: Falange Azul, Sangue Azul e Mancha Azul, com a intenção de unificar e fortale-cer o clube. A torcida Sangue Azul ficou de fora e a logomar-ca Falange Azul permaneceu.

Segundo Marcelo Benini vice-presidente da Falange o número de associados à torci-da, “só tem aumentado”. “Hoje vemos na torcida famílias in-teiras, desde a esposa a crian-cinha de colo”, conta Benini.

O torcedor associado à Fa-lange contribui com um paga-mento mensal de R$ 5 e tem o

Pedro SpiacciO Londrina Esporte Clu-

be volta ao cenário nacional em 2009, fato que não ocor-ria desde 2005. A disputa da Série D será o palco da reestreia do Tubarão no campeonato brasileiro. O presidente Peter Silva, a torcida organizada Falange Azul e o ex-jogador Carlos Alberto Garcia já se dizem preparados e ansiosos para o início da competição.

O time alvi-celeste, que já viveu tantas glórias como três títulos paranaenses e uma quarta colocação no Campeonato Brasileiro de 1977, com a participação de Carlos Alberto Garcia, es-pera esta oportunidade an-siosamente, pois o clube está fora das competições nacionais desde 2005, ano em que disputou a série C.

Segundo Japonês (ele gosta de ser identificado pelo apelido), representante da torcida organizada Fa-lange Azul, o fato do Lon-drina não disputar campeo-natos em nível nacional, não fez com que a participa-ção de torcedores diminuís-se. Muito pelo contrário, houve a criação de um “pú-blico fiel, aquele que real-mente gosta do Londrina”, afirma o torcedor. A torcida também afirma que vai apoiar o Tubarão sempre e organizará caravanas para acompanhá-lo a todos os jo-gos.

Carlos Alberto Garcia, um dos heróis da campanha de 1977 – melhor participa-ção do clube em nacionais – vê com esperança a volta a um campeonato nacional, mas ressalva que considera “muito delicada” a situação do clube. “No fato financei-ro e econômico é muito difí-cil, porque hoje o futebol virou um comércio, futebol

TUBArãO

A volta do calendário nacionalé dinheiro, plantel é dinhei-ro”, ressalta Garcia. O pon-to principal em que ele toca é que a cidade inteira teria que estar envolvida com o projeto do Londrina. “As di-ficuldades são imensas, acho que a cidade inteira tinha que ter o envolvimen-to para ajudar o clube e isso não acontece, só da boca pra fora”, completa o ex-jo-gador.

Peter Silva afirma que o Tubarão está seguindo o que havia sido planejado desde o começo do ano, que era a entrada de jogadores mais jovens no time duran-te o Paranaense para pega-rem experiência. O Londri-na já tem um projeto, que em março foi entregue aos dois candidatos que dispu-tavam o terceiro turno de Londrina. O prefeito eleito se comprometeu com o pro-jeto. “A intenção de um pro-jeto de apoio, não é só pedir dinheiro, são várias situa-ções que o clube precisa”, explica o presidente. “Um compromisso para fazer o projeto da série D que re-quer mais investimento fi-nanceiro, mais estrutura no clube e achamos funda-mental ter o apoio e poder de quem tem a chave da ci-dade”, reforçou Peter.

Sobre a possibilidade de acesso logo nesse ano, Peter se mostrou otimista: “nós temos que trabalhar e o ob-jetivo é esse. São 40 times e tem 4 vagas. Uma dessas vagas tem que ser do Lon-drina, então nós temos que trabalhar, investir na com-petição para poder voltar a série C no outro ano e logo em seguida para a B.”

Agora é esperar o campe-onato começar em 5 de julho, torcer e apoiar o Londrina nessa nova empreitada, lo-tando o estádio VGD.

FAlANGE AZUl

há 17 anos empurrando o Tubarãodireito de participar de chur-rascos, encontros e confrater-nizações que acontecem no espaço da organizada, que fica em um anexo do Estádio VGD. A “filiação” à organiza-da também permite que o tor-cedor participe da organiza-ção das excursões e viagens para jogos fora de Londrina.

O acesso a esse espaço não é restrito a não associa-dos, como explica Benini: “qualquer pessoa pode en-trar, contanto que não esteja usando adereços de outra torcida organizada, ou pelo menos que a torcida seja ami-ga da Falange”.

O LEC conta com várias torcidas “amigas”, como é o caso da “Fanáticos”, do Atlé-tico Paranaense.

O comando da Falange conta com Fernando César na presidência e Marcelo na vice. As eleições para a dire-toria acontecem de dois em dois anos e para se candida-tar é necessário estar asso-ciado a pelo menos dois anos na torcida e também estar em dia com sua contribuição.

ViolênciaO caso da violência, segun-

do os representantes, é trata-

do com rigor entre os torcedo-res. “Nossa intenção é apenas impulsionar o time, e estando junto com os amigos”, argu-menta César. Em seu “currí-culo”, a Falange apresenta algumas confusões, mas que segundo César foram resolvi-das rapidamente.

A mesma opinião tem José Rocha associado da Falange há mais de cinco anos. “Nossa torcida é da paz e não atrapalha nin-guém”. Rocha possui um carro personalizado em ho-menagem ao Tubarão, in-clusive com o mascote pin-tado na lataria.

A torcida que é uma orga-nização sem fins lucrativos, embora tenha a sua loja e o seu bar. De acordo com os di-retores, o dinheiro é investi-do para a manutenção da sede e organizações de via-gens.

Para ser um torcedor da Falange é necessário com-paracer pessoalmente na sede localizada no VGD ou entrar no site: www.falan-geazul.com.br. No caso de menores de idade é neces-sário autorização dos pais por escrito e registrado em cartório.

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LinhaFina

EsporteENaiane Souza

No dia 25 de abril, Lon-drina recebeu a segunda etapa do 4º Campeonato Pa-ranaense de Rugby. O cam-peonato foi disputado no es-tilo Union (veja quadro nesta página) e contou com a par-ticipação dos times Lobo Bravo (Guarapuava), Casca-vel Rugby, Ponta Grossa Ru-gby, Maringá Hawks Rugby, Londrina Rugby além do UniBrasil/CRC de Curitiba, este que é o único time para-naense a disputar o campeo-nato brasileiro, chamado de Super 8, em que disputam 8 das principais equipes do país.

Para Adriano Zanutto, capitão do Londrina Rugby, o esporte além de ser exercí-cio físico, é também “um meio social onde faço amigos pelo Brasil”. Completa ainda que o Rugby ensina aos atle-tas a terem disciplina, com-panheirismo, e responsabili-dade: “a disciplina é rígida, ninguém pode ficar falando em campo, o único que têm a permissão de falar com o ár-bitro é o capitão, se referindo a ele como ‘senhor’”.

Já para o presidente da Federação Paranaense de Rugby, Mauro Callegari, a prática vai além da confra-ternização, é uma aliada da saúde e da boa forma: o meu cardiologista sempre incen-tivou (o treinamento), pois

Tardes de rugby no país do futebolGrupo de londrinenses adere ao rugby e demonstra preferência pela bola oval

me mantenho entre seus clientes exemplares. E com-pleta: “nosso corpo está pro-gramado para uma certa duração, mas é assim que me mantenho saudável e asseguro um maior tempo de vida e com qualidade”.

Segundo a Federação Paranaense, além da falta de incentivo financeiro, o que impede o avanço do ru-gby é a falta de conhecimen-to do esporte entre os mais jovens. Ele argumenta que projetos sociais e em espe-

Como FunCionA o Rugby

cial os convênios com esco-las tendem a reduzir este tipo de problema, mostran-do à sociedade que este é um dos esportes que ilus-tram o que é sentido coleti-vo, espírito de união e coo-peração, além do respeito às regras, ao árbitro e ao ad-versário.

LondrinaO Londrina Rugby foi

fundado em 2003. O time é composto por 20 atletas e se manteve entre os primei-

ros colocados nos últimos campeonatos paranaenses, vice-campeão em 2006 e 2007 e terceiro colocado no ano passado. Em 2006, o time foi campeão da Taça Bronze, na etapa nacional do “Seven”.

ServiçoAos interessados em co-

nhecer melhor o esporte, o Londrina Rugby treina no Zerão às quartas-feiras a partir das 18h30 e aos do-mingos a partir das 17h.

“Seven” (modalidades disputada com sete joga-dores de cada lado em dois tempos de sete minutos por um de intervalo).

Rugby union e o Rugby League: As diferenças bási-cas consistem no número de jogadores (são 13 no Le-ague e 15 no union), na forma da bola (no union ela é mais pontuda, no Lea-gue é mais oval)

o rugby foi trazido para o brasil pelos imigrantes ingleses e se popularizou principalmente no sul e su-deste do país.

unibrasil/CRC de Curi-tiba, este que é o único time paranaense a disputar o campeonato brasileiro, chamado de Super 8 em que disputam 8 das princi-pais equipes do país.

o esporte é viril e de contato, mas somente o jo-gador com a bola é que pode ser derrubado, sendo penalizada a equipe que obstaculizar outro atleta que não esteja com a bola durante a partida.

Ana Luiza EliasDiferentemente do que é

dito por muitos, a prática do rodeio nada tem de cultural, tratando-se de uma cópia do modelo europeu. Sob o dis-farce de “esporte”, não passa de mais uma modalidade de exploração financeira do mau trato aos animais, pois se não houvesse junto um grande show de música para atrair plateia, só os sádicos compareceriam. Durante um rodeio, os animais de fazen-da são explorados em um show que dura em média 2 horas e são constantemente atingidos por chicotes e la-ços, além do pavor de um lu-gar desconhecido e uma pla-teia barulhenta.

O ambientalista Valdir de Moraes, explicou a cruel-dade destes espetáculos: “os animais utilizados nas prá-ticas de rodeios sofrem fla-grantes maus-tratos, tendo-se em vista que existem

diversos laudos oficiais ates-tando o sofrimento e maus-tratos aos animais utilizados em variadas práticas”, de-clarou. Ele destacou “os lau-dos emitidos pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP e do Insti-tuto de Criminalística do Rio de Janeiro”.

Nenhum animal salta e corcoveia sem o uso do se-dém, espécie de cinta que se amarra na virilha do animal e que faz com que ele pule.

Momentos antes de o bre-te (a porteira que isola o pal-co do rodeio) ser aberto para que o animal entre na arena, é puxado com força, compri-mindo ainda mais a região dos vazios dos animais, pro-vocando muita dor, já que nessa região existem parte dos intestinos e os órgãos se-xuais.

“O ato do animal corcove-ar é a comprovação de sua dor e estresse, fazendo com

que instintivamente tente se livrar de todos os apetrechos que lhes colocam”, relata Moraes.

Valdir ainda explica que mesmo o uso do sedém ma-cio não evita o sofrimento dos animais, já que o local onde ele é é extremamente sensível. Portanto, essa ten-tativa de minimização dos efeitos de danos que os se-déns causam aos animais é inócua.

Oito segundos é o tempo que o peão deve permanecer no dorso do animal, porém deve-se lembrar que o sedém é colocado e comprimido tempos antes do animal ser colocado na arena (ainda no brete) e também tempos de-pois da montaria.

Além disso, há declara-ções de peões de que trei-nam de 6 a 8 horas diárias, portanto, todo este tempo o animal estará sendo mal-tratado.

A verdade sobre os rodeios

O Londrina Rugby treina no Zerão

Uma prática condenada

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CCultura

recordações pés-vermelhos

Pablo FaresHoje, a escola ocupa uma

área de aproximadamente 7 mil metros quadrados na ci-dade de Joinvile (SC). A esco-la que no Brasil foi criada com o mesmo ideal social que deu origem à Escola Coreográfica de Moscou, em 1773: propor-cionar uma possibilidade de crescimento cultural para as crianças da camada mais ca-rente da sociedade. Em Join-ville, dois séculos depois, esta experiência se repete em um projeto para crianças e jovens dando perspectiva de inclusão no mundo da cultura e acesso a uma formação profissional em dança clássica, com eleva-do padrão de excelência. Além de formar artistas de balé, o projeto visa formar novos ci-dadãos, mais cultos e cons-cientes de seu papel na socie-dade.

E nos últimos anos a cida-de de Ibiporã, 14 km de Lon-drina, vem se destacando quando se trata do envio de crianças para esta renomada escola de ballet. O professor Walter Cruz da Escola de Dança da Fundação Cultural de Ibiporã, explica que ao lon-go dos últimos anos a cidade construiu um laço de amizade muito grande com o Bolshoi e isso possibilita que, atual-mente, seis alunos da Escola de Dança de Ibiporã estudem no bolshoi. Outra coisa impor-tante que ele lembra é que graças também a essa amiza-de, a Companhia Jovem do Teatro Bolshoi no Brasil se apresentou na cidade sem ne-

ibiporã, a “capital” do Bolshoi

“Pensando” do mesmo modo que a Escola bolshoi, a Fundação Cultural de ibiporã (FCi) é um órgão que oferece vários cursos para os moradores do município e da região. A instituição dá acesso a aulas de teatro, desenho artístico, música (viola, violão, piano, teclado, flauta, bateria, canto e outros), balé clássico e dança de salão.

A FCi trabalha com o mesmo objetivo da Escola bolshoi: encontrar novos talentos nas periferias e dar oportunidades aos segmentos mais carentes da sociedade. “nós temos uma política cultural, que é de dar oportunidade para as pessoas que estão aqui na fundação desenvolvendo atividades, não apenas na dança, mas também na música, nas artes cênicas, nas artes plásticas”, explicou a secretária de Cultura do município, Sandra moya.

A fundação é uma autarquia da Prefeitura de ibiporã e é mantida pelo poder público e por patrocínio de empresas privadas; 80% dos alunos são bolsistas. materiais como figurino, viagens e cursos são custeados pela fundação. Atualmente são 120 alunos de balé e cinco professores.

FundAção CuLtuRAL dE ibiPoRã

Isabela TacakiLembranças que pés-vermelhos viveram nos anos 70

são lembradas em uma emocionante história do escritor londrinense Márcio Américo. Após a repercussão do livro “Meninos de Kichute”, foi aprovado o projeto de filmagem de um longa-metragem com recursos do Programa Muni-cipal de Incentivo à Cultura (Promic).

A história retrata os anos 70 na Vila Nova, em Londri-na, onde o autor passou sua infância. A história que virou o livro “Meninos de Kichute” retrata as aventuras na época em que garotos como Américo jogavam futebol com o tênis kichute, uma imitação da chuteira, jogavam bolinhas-de-gude, trocavam figurinhas e assistiam aos Trapalhões.

O diretor Lucas Amberg foi quem abraçou o projeto ao co-nhecer a história de Américo e para contar a história londrinen-se ele contou com atores como Arlete Sales, Wener Schumann e Viviane Pasmanter. Márcio Américo conta com emoção a alegria de ver sua história ir paras as telas do cinema nacional. “Me sinto privilegiado, afinal é raro alguém ter seu próprio relato de vida retratado em filme”, observa o escritor.

Pablo Fares

nhum custo para a adminis-tração pública no mês de mar-ço de 2009.

No ano de 2007, a única paranaense aprovada na Es-cola foi a ibiporaense Danubia Caroline Barbosa Pereira. Ela disse ter ficado muito ner-vosa na seleção e conta que na sala em que estava havia 35 pessoas e no final ficaram só duas. Segundo ela, “a ban-ca analisa sempre mais do que você imagina”.

Danubia nasceu em Jatai-zinho, cidade vizinha, e aos 12 anos foi morar em Ibiporã com a família. E foi através de uma amiga que ela ficou sa-bendo da escola de Ballet da fundação cultural da cidade. Nunca mais parou.

Entre uma conversa e ou-tra, ela conta que não foi tão fácil passar na seleção, pois é muito concorrida: 10 vagas para 130 escritos.

“A Danubia sempre foi uma menina muito dedicada, sempre soubemos que ela é ta-lentosa. Determinação é a sua marca, costumamos dizer que ela morava aqui na Escola de Ballet, pois chegava à uma da tarde e só saia quando a escola fechava”, contou a secretária de Cultura e vice-prefeita de Ibiporã, Sandra Moya.

Sobre o futuro, Danubia diz que sempre foi seu sonho ser uma bailarina profissio-nal. “Estou famosa e estou adorando”, conta a garota. Há mais de um ano estudando no Bolshoi em Joinvile, ela lem-bra que na vida um pouco de esforço é necessário.

Quem acha que o filme foi todo gravado no ori-ginal bairro de Londrina, está enganado. Por mais parecido que o cenário seja, o filme foi feito em uma cidade do interior de São Paulo chamada Piracaia. “O interessante é que até as plaquinhas com nomes de ruas são idênticas aos que tem na Vila Nova. É como se eu estivesse vivendo minha infância e adolescência novamente”, conta o lon-drinense.

“Traduzir meu livro ‘Meninos de Kichute’ para a tela do cinema é acreditar que milhares de me-

ninos brasileiros desfrutaram deste mesmo so-nho”, afirma Américo, referindo-se ao relato da história do sonho de meninos serem jogador de futebol. Além dessas e outras surpresas, o escri-tor conta da participação que fez no filme. “Fiz uma ‘pontinha vagabunda’ já que estava acompa-nhando a gravação das cenas”, lembra Américo, falando sobre o making off do filme.

Cenas da época e até relatos em que não só Lon-drina vivia, mas o mundo, são contados também no filme. É uma aula sobre a história desse período.

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LinhaFina

CulturaC

Davi Baldussi“É de madeira, deve ser

pesado”. Quem olha pela pri-meira vez uma escultura do artista plástico Edson Mas-suci, normalmente tem esta impressão. Mas, as escultu-ras são de papel e por conta disto ela são muito leves. Po-rém, o pouco peso da obra não a qualifica como sendo frágil, pelo contrário, elas são resistentes. Outro co-mentário que muitas pesso-as fazem quando olham as obras de Massuci: “nossa, que belo/bonito”. Nesta im-pressão as pessoas estão cer-tas.

E é por causa do acúmulo de elogios que este artista de Rolândia está com uma agenda de exposições lota-das pela região. “Estou com um calendário apertado, mal estou dando conta de termi-nar as encomendas”, afir-mou o artista, que nos últi-mos dias tem levantado às 4 horas da manhã para recu-perar o atraso. “Este é meu horário preferido de traba-lho. É um silêncio, uma tran-quilidade...”, conta.

Os fiéis acompanhantes de Massuci durante sua longa jornada de trabalho, que, segundo ele, termina por volta da meia-noite, são o rádio, o qual toca sem pa-rar durante o dia, e tam-bém o cigarro. “Vou ali pe-gar um cigarro, espera só um pouquinho”. O artista falou esta frase três vezes durante as duas horas des-sa entrevista.

Outro que às vezes acom-panha de perto o trabalho de Massuci, é seu sobrinho. “Ele trabalha aqui ao lado na empresa de reciclagem do

meu irmão e às vezes vem aqui fazer uma visitinha e olhar meu trabalho”. A fir-ma do irmão do artista é quem disponibiliza a grande maioria dos materiais utili-zado pelo escultor.

Há cerca de dez anos, Massuci deu início a esta forma de esculpir, com ma-teriais recicláveis. “Na época eu trabalhava com resina e fui alertado por um amigo que aquele material tóxico iria acabar me matando. Eu

Natália Lima CastroO artista Hélio Leites

participou do lançamento do livro “Pequenas Grandezas”, da escritora Rita de Cássia Baduy Pires. O livro de Rita de Cássia lançado em março, na livraria Ciranda, em Lon-drina, fala sobre Leites.

Hélio Leites é um artista multifacetado. A sua arte utiliza elementos cotidianos que nos passam despercebi-dos e os transforma em um palco de histórias. Para isso,

“Significador de insignificâncias”

“Inscrevi o projeto para a Lei Municipal de Incentivo à Cultura e comecei a juntar todo o material trocado com ele naquela época”, expli-cou.

O lançamento do livro foi marcado pela performance do artista e apresentação de seus trabalhos, caracteriza-do também pelas roupas e acessórios que utiliza, agre-gando um significado a todos eles. “Hélio é um grande ar-tista. Ele confunde pessoas preconceituosas e os encan-ta com sua graça, sua densi-dade poética. É um artesão, um missionário da arte”, afirma o escritor Domingos Pellegrini, que também pres-tigiou o evento.

A obra contou com cola-boradores como os escritores Paulo Leminski, Millôr Fer-nandes, Wilson Bueno, Do-mingos Pellegrini, o artista plástico Willi de Carvalho, entre outros. Foram envia-das descrições do artista através de arte postal, uma das paixões de Hélio. Bilhe-tes, cartas, envelopes, selos, fotografias. “A minha gran-de inspiração são minhas amizades. Sou um arquiteto de sonhos”, concluiu Leites.

“É de madeira, deve ser pesado”

para exposição e consequen-temente venda, as pequenas estátuas servem como mode-lo para pintar meus quadros. Assim eu não preciso que uma pessoa fique parada ho-ras na minha frente. É um luxo a mais para mim”, ex-plica.

De acordo com Massuci, o maior desafio de um ar-tista é lidar com a crítica. “Minhas primeiras obras de arte eu pintei em couro de porco. Morava em Cam-po Grande (MS) na época e os críticos acabaram comi-go. Eu já pensava em desis-tir quando conheci Paulo Bertolin, ele é um cara mui-to viajado, morou na Ingla-terra, EUA, Grécia, Itália... E foi o Paulo quem me deu o impulso para continuar pintando e criando”, recor-da.

Antes de se tornar artista plástico, Massuci já havia trabalhado como vendedor de implementos agrícola, de aparelhos de surdez, de pas-sagens aéreas, entre outras atividades. “Mas aí chegou um dia eu percebi que nunca gostei nada disso e resolvi partir para arte, e tô partin-do até hoje”, brincou.

O escultor, pintor e arte-são rolandense nunca cursou aulas de artes. “Aprendi so-zinho. Comi o pão que o dia-bo amassou. Quando eu es-tou aqui nesta sala pintando, criando, esculpindo eu viajo, me surge cada ideia”, diz, apontando para os quadros na parede, para as escultu-ras em cima dos suportes, para as latas de tinta, para as bitucas de cigarro no chão, enfim, para o colorido que rodeia o seu dia a dia.

“Quando eu estou aqui nesta sala pintando,

criando, esculpindo eu

viajo, me surge cada ideia”

realmente ficava mal, por-que imagina você ficar o dia inteiro em contato com resi-na”, lembra.

Após o alerta, Massuci inventou sua nova fórmula de fazer arte. Com um cabo de aço ele monta a estrutu-ra, ou seja, os ossos da escul-tura. Com jornal velho o ar-tista cola os “interiores” e com papel craft, sempre acompanhado de muita cola, ele termina de esculpir o cor-po e roupas da obra.

Depois que o “novo ser”, de aproximadamente meio metro de altura, passa algu-mas horas no sol para secar, o artista pinta e finaliza os últimos detalhes. Massuci conta que suas esculturas desempenham dupla função: “além de obviamente servir

utiliza botões, caixas de fós-foro, latas de sardinha, pali-tos queimados, lâmpadas, abrigando os objetos aban-donados em miniaturas. Ob-jetos usados, todos com uma carga histórica. “Faço minia-turas para manter a propor-cionalidade. O intuito é des-pertar nas pessoas uma motivação para enxergar a realidade de uma forma di-ferente, assim os adultos se sentem crianças e as minia-turas adultos”, explicou Lei-tes.

O livro da artista plásti-ca Rita de Cássia surgiu a partir do interesse da autora em materializar a trajetória de Leites que, segundo ela, vai além da materialidade.

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Massuci faz esculturas em madeira

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