jornal juntos! #15
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E HORA DE GOVERNAR PARA OS 99%!SYRIZA VENCEU NA GRECIA
DIREITOS AUTORAIS@ CHARIS TSEVIS
NÚMERO 15
ANO 5 FEV/15|
PÁGINA 01/10 FEVEREIRO/2015 WWW.JUNTOS.ORG.BR
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juntos.org.br [email protected] facebook.com/JuventudeEmLuta
Esta é uma edição histórica do Jornal Juntos! Ela
retrata – através de reportagem de nosso
enviado à Grécia, Thiago Aguiar – a eleição, pela
primeira vez na história, de um partido de
esquerda radical para governar um país
pertencente à zona do Euro. Syriza, partido que
obteve nas eleições gregas a maioria dos votos, é
umauma coalisão de organizações políticas,
personalidades e ativistas de esquerda,
semelhante ao PSOL no Brasil. Como escreveu
Vladimir Safatle, “Syriza será a primeira
expressão, na forma de um governo, de um
radical sentimento de recusa a este capitalismo
de espoliação e acumulação rentista”. Sua vitória
éé a expressão da luta dos indignados da Grécia e
da Europa. Uma vitória dos 99% de jovens,
mulheres, imigrantes e trabalhadores, contra o
1% mais rico, que lucra e explora o povo com as
políticas de austeridade durante a crise.
Agora resta saber se Syriza será capaz de
governar para estes 99%, diante da pressão que
o grande capital exercerá sobre este governo em
nome de preservar seus privilégios. Nosso papel
é lutar e defender que as vozes das ruas definam
os rumos da Grécia.
Este momento histórico também nos abre
possibilidades no Brasil. O mês de janeiro de
2015 iniciou quente, não somente devido às altas
temperaturas. Mas, também, graças à forte
mobilização da classe trabalhadora
(metalúrgicos do ABC da Volks e Mercedes,
funcionalismo público de diversas capitais), e da
juventude,juventude, que ocupou as ruas contra o aumento
da tarifa do transporte. Ao passo que os governos
arrocham os orçamentos e seguem tratando a
política como um balcão de negócios, a
população resiste. Cada vez mais, torna-se
necessário que a juventude organize sua
indignação e vá à luta. Para isso, conheça e seja
do Juntos!do Juntos!
EDITORIALDIREITOS AUTORAIS @ AFP-JIJI
UMA EDIÇÃO HISTÓRICA PARA O JUNTOS!
POR NATHALIE DRUMOND (Grupo de Trabalho Nacional do Juntos!)
Adriano Mendes, Andreia
Bianchi, Berkson Araujo, Daniel Franco,
Gabriel Lindenbach, Gilberto Cunha Franca,
Giulia Tadini, João Berkson, Nathi Bittencurt,
Pedro Serrano, Sara Azevedo, Thiago Aguiar,
Vanessa Couto, Yara Guedes
COLABORADORES
Pedro SerranoREVISÃO
Adria MeiraCAPAS E DIAGRAMAÇÃO
Nathalie DrumondDIRETORA GERAL
ELEIÇÕES NA GRÉCIA & AUMENTO DAS TARIFAS
ANO 5 | N15 | FEV/2015
EXPEDIENTE
. . . . . . . . . . . . . . P 10
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Em defesa do seguro desemprego
e todos os direitos trabalhistas:
a juventude não pode pagar a conta
A educação de verdade
na “pátria educadora”
Crise hídrica em São Paulo:
uma tragédia anunciada
Uma semana no centro do mundo:
a histórica vitória de Syriza na Grécia
Mobilizações contra o aumento
das tarifas demonstram a força da juventude
“Só a esquerda radical é coerente”
entrevista com Luciana Genro
PÁGINA 02/10 FEVEREIRO/2015 WWW.JUNTOS.ORG.BR
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POR GIULIA TADINI (Grupo de Trabalho Nacional do Juntos!)
entrevista com Luciana Genro
“Só a esquerda radical é coerente”
DIREITOS AUTORAIS
@ ADRIA MEIRA
PÁGINA 03/10 FEVEREIRO/2015 WWW.JUNTOS.ORG.BR
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DIREITOS AUTORAIS
@ ADRIA MEIRA
PÁGINA 04/10 FEVEREIRO/2015 WWW.JUNTOS.ORG.BR
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POR DANIEL FRANCO E GABRIEL LINDENBACH (Grupo de Trabalho Estadual do Juntos! SP)
DEMONSTRAM A FORÇA DA JUVENTUDE
MOBILIZAÇÕES CONTRA O AUMENTO DA TARIFA
batalhas importantes, entraram em campo organizando panelaços populares contra o aumento das tarifas de ônibus, com o mote “menos aumento, mais alimentos”. A indignação e o apoio popular têm sido enormes! Para toda população, há um aumento no custo de vida e uma queda de qualidadequalidade nos serviços públicos. A crise hídrica atinge todo o sudeste e São Paulo já vem sofrendo racionamento há mais de 2 meses. Voltamos à era dos apagões energéticos. Essa política de aumento das tarifas do transporte, adotada por prefeitos e governadores em todo Brasil, está em consonância com os interesses dos mais ricos, dos donos de empresas de ônibus, de concessionárias privadas do transporte, e também da especulação imobiliária. A crise urbanaurbana se expressa de diversas formas e deve se ampliar, ainda mais com a nomeação do novo Ministro das Cidades, Gilberto Kassab, um dos piores prefeitos da história de São Paulo. Nas ruas, vamos seguir resistindo e lutando. São cada vez mais concretas nossas utopias e nosso sonho de um mundo melhor. E sabemos que nós podemos!
O ano de 2015 começou quente. As grandes manifestações convocadas pelo Movimento Passe Livre, pelo Juntos, MTST e outros movimentos sociais, em São Paulo e em todo Brasil, marcaram o início de um ano intenso, em que a luta contra o aumento de tarifas nos transportes reaparece. Desde a primeira manifestação do MPL, no Teatro Municipal de São Paulo, que reuniu mais de 15 mil pessoas, realizamos diversas atividades por toda cidade, para enraizar a nossa luta. Mais de 10 mil jovens vêm mar-cando presença nas manifestações, fazendo suas experiências com a instransigência do prefeitoprefeito Haddad e do governador Alckmin, com a Polícia Militar, que continua reprimindo de maneira cada vez mais arbitrária e violenta, e com a grande mídia, que blinda o poder público e não divulga as manifestações. Essencialmente, lutamos por um direito básico, o de ir e vir, para trabalhar,trabalhar, estudar, ter cultura e lazer. As manifestações estão acontecendo nos centros de São Paulo, no ABC, na Zona Oeste, no interior do estado e no litoral. Nas periferias, não é diferente. Movimentos de moradia, como o MTST e o Nós da Sul, que no último período já vinham travando
25 de janeiro de 2015 entrou para a história recente como o dia em que
o capitalismo financeiro e seus agentes em instituições como o FMI, o
Banco Central Europeu, a União Europeia e governos como o de ngela
Merkel sofreram uma enorme derrota. Syriza, a coalizão da esquerda
radical, venceu a eleição grega com cerca de 36,4% dos votos, obtendo 149
cadeiras das 300 do parlamento. É a primeira vez em décadas que um
partido à esquerda da social-democracia assume um governo. O Juntos!,
queque há anos acompanha a luta do povo e da juventude grega, esteve
novamente naquele país.
Após 5 anos de austeridade que converteram a Grécia num laboratório
neoliberal, a vontade do povo se fez ouvir: é preciso pôr um fim na ditadura
dos mercados! A política imposta pela Troika significou uma queda de 25%
do PIB do país do fim de 2010 a 2015. A catástrofe econômica tem efeitos
concretos na vida de milhões: quase um um terço do conjunto de
trabalhadores e 60% da juventude estão desempregados; mais de 3
milhões de pessoas encontram-se abaixo na linha da pobreza; centenas de
milharesmilhares de famílias passam frio no inverno por não poder pagar pela
energia e gás necessários ao sistema de calefação. Por tudo isto, os últimos
anos foram de intensa luta: mais de 20 greves gerais foram registradas no
período; um movimento jovem inspirado pelos “indignados” espanhóis
emergiu na praça Syntagma em 2011; lutas contra tarifas de serviço
público, em especial no transporte, impulsionaram movimentos como o
“não pago”.
Sendo parte e expressando a resistência do povo grego aos programas de
austeridade, Syriza ganhou força enquanto o PASOK, velho partido
social-democrata que inaugurou os acordos com a Troika, falia. Surgido
como uma coalizão de 13 partidos de diferentes tendências da esquerda
socialista, em 2013 transformou-se em partido, comprovando que a
esquerda pode construir projetos de unidade na diversidade capazes de
enfrentar e derrotar os velhos partidos do regime. Num período de cansaço
dodo movimento social após anos de enfrentamentos, o crescimento eleitoral
de Syriza foi convertendo-se numa onda de esperança canalizada para as
eleições. O slogan do partido para a rápida campanha de 2015 foi: a
esperança está chegando!
DIREITOS AUTORAIS @ CHRIS STURR
Em definitivo, o único que se pode dizer no momento é que a situação europeia alterou-se profundamente. O grande desafio, a luta contra a Troika, recém começou. É momento de extrair as lições do que vivemos, ampliar nossos debates e, fundamentalmente, mostrar que podemos levantar alternativas de disputas de poder nos vários países do mundo. É bastante significativa a ausência do PT – num período de imposição do ajuste no Brasil e na mesma semana em que Levy foi aplaudido por banqueiros em Davos – das atividades de solidariedade a Syriza. O novo período pede uma nova esquerda socialista, que enfrente por toda parte a falência de regimes políticos sequestrados pela ditadura dos mercados. Esta é uma tarefa que devemos construir nas ruas e também oferecendo espaço para a organização daespaço para a organização da indignação por toda parte. O Juntos!, que se orgulha de ter acompanhado e buscado aprender com os principais processos de luta no mundo no último período, no último período, seguirá nesta batalha pela construção de uma alternativa capaz de enfrentar com ousadia os donos do poder e fazer a esperança chegar e fazer a esperança chegar também em nosso país!
Num cenário bastante aberto, é possível por enquanto apenas apontar hipóteses: se a negociação chega a um impasse, o recrudescimento do capital financeiro, cuja margem de manobra é pequena para conceder, retomaria a mobilização popular no país e talvez no continente sob a forma de um contragolpe? Será esta a escolha de Tsipras e de Syriza? A vitória de Alexis Tsipras e os primeiros dias de governo mostram
mudanças simbólicas e concretas fundamentais: as privatizações da companhia elétrica e do importante porto de Pireus foram revertidas; o salário mínimo, atacado pela austeridade, voltará ao patamar de 5 anos atrás; os filhos de imigrantes, a quem até hoje era negada a cidadania grega, finalmente poderão ter documentos; um programa anticorrupção foi posto em prática. Tudo isto sinaliza ao povo grego que os compromissos de campanha estão sendo postos em prática, mas será o suficiente? campanha estão sendo postos em prática, mas será o suficiente? O coração da luta antiausteridade é o enfrentamento à impagável dívida (de 177% do PIB) que sequestra a economia nacional e sufoca o povo. A respeito do tema, a liderança do Syriza tem apostado nas diferenças internas da direção europeia quanto ao enfrentamento da crise e falado em renegociação, para cancelar parte da dívida e condicionar os pagamentos do restante ao crescimento do país. A proposta, inspirada pela conferência que cancelou débitos alemães no pós-guerra, pode até ser interessante, masmas falta o fundamental... Quem disse que a Troika, tendo Merkel na vanguarda, aceitará o que propõe Tsipras? E se não aceita, para onde caminhará o programa antiausteridade do Syriza? O desespero causado pela crise, por sua vez, também levou em anos recentes ao fortalecimento do partido neonazista Aurora Dourada, o terceiro colocado nas eleições de 2015. Ao mesmo tempo, por duas cadeiras, Syriza não alcançou a maioria parlamentar absoluta e terá a indigesta presença do partido nacionalista Gregos Independentes no gabinete. Como se vê, o conjunto de contradições é tão grande como o entusiasmo gerado pela vitória. As pressões de acomodação e conciliação exercidasexercidas pela Troika são enormes. O espaço para manobra é reduzido e os tempos são concentrados. Qualquer hesitação por parte do Syriza pode ser fatal. Mas, com uma correlação de forças bastante difícil no enfrentamento ao imperialismo e ao capital financeiro, é evidente que a Grécia não poderá vencer sozinha. A chave de sua vitória é a ampliação do processo de enfrentamento à Troika para outros países europeus. Por isso, foi muito importante a sinalização dada por Podemos, que prestou solidariedade a Syriza durante toda a campanha. O momento mais marcante da eleição, o comício de Omonia, reuniu 70 mil pessoas no centro de Atenas que, aos gritosgritos de “Venceremos, Syriza e Podemos!”, aplaudiram as intervenções de Tsipras e de Pablo Iglesias. A inspiração que a vitória de Syriza e suas primeiras medidas podem trazer a outros países, em particular no sul da Europa, é muito importante. O papel da esquerda socialista será decisivo. Haverá mobilização do povo grego, esgotado por anos de luta contra a austeridade e confiante na via eleitoral, pelo cancelamento da dívida?
POR THIAGO AGUIAR
(Grupo de Trabalho Nacional do Juntos!, enviado à Grécia para acompanhar a eleição que culminou na vitória de Syriza)
PÁGINA 07/10 FEVEREIRO/2015 WWW.JUNTOS.ORG.BR
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DIREITOS AUTORAIS
@ ADRIA MEIRA
(professor do Departamento de Geografia da UFSCAR Sorocaba)POR GILBERTO CUNHA FRANCA
Diante da crise hídrica no Estado de São Paulo, nós do Juntos!, em conjunto com o movimento Itu Vai Parar,
propusemos a criação da Assembleia Estadual da Água. A primeira edição desse fórum, em dezembro de 2014,
contou com mais de 200 pessoas que representavam 70 organizações (movimentos sociais, ONGs, coletivos,
etc.), debateu as motivações da grave crise e elaborou o Manifesto pela Água de São Paulo, no qual foram
defendidos princípios como a não a mercantilização da água, o combate ao desmatamento e à degradação dos
recursos hídricos e a transparência na gestão desses recursos. No dia 22/3, dia mundial da água, haverá a
segunda edição desta Assembleia, onde serão propostas novas ações. Esta experiência tem sido muito rica para segunda edição desta Assembleia, onde serão propostas novas ações. Esta experiência tem sido muito rica para
unir diferentes organizações e centenas de ativistas em defesa da água, nossa ideia é estimular que acontecem
assembleias deste tipo em distintas localidades. Junte-se a nós!
ASSEMBLÉIAS EM DEFESA DA ÁGUA POR ANDREIA BIANCHI (Geógrafa e membra do Grupo de Trabalho Estadual do Juntos! SP) - - - - - - - - -
décadas passadas. O sistema Cantareira, que
abastece (ou abastecia) grande parte da região,
além de Campinas e Piracicaba, foi se exaurindo,
espoliado até o limite. A SABESP foi submetida à
lógica privatista, que a levou no início de 2000 à
securitização, ou seja, a empresa começou a fazer
negócios nas bolsas de valores.
Só com o Cantareira, a SABESP já lucrou mais de
12 bilhões de reais. Desse total, quase 4 bilhões
foram embolsado por acionistas. Entre 2012 e 2013,
houve recorde de lucros da estatal (1,9 bilhão) com
repasses aos acionistas de cerca de 500 milhões.
Isso tudo em detrimento de investimentos
necessários para a ampliação e manutenção dos
sistemassistemas de captação e distribuição de água.
Agora, trata-se de um colapso ambiental, social e
econômico. Um exemplo das consequências da
farra financeira que os poderosos fazem com os
recursos do povo.
A crise do abastecimento de água, assim como a
crise dos transportes, está diretamente associada
ao esgotamento de um ciclo de desenvolvimento
capitalista. O grande desafio será o engajamento
da população na construção das soluções, na
participação democrática da gestão dos recursos
hídricos, na autogestão dos bairros e na
recuperaçãorecuperação do caráter público do SABESP. Itu já
nos deu um exemplo.
PÁGINA 08/10 FEVEREIRO/2015 WWW.JUNTOS.ORG.BR- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
extensão etc. As taxas de evasão crescem, pois o governo não dá condições de permanência. Nos últimos anos, o Brasil teve um aumento no acesso ao ensino superior, que chegou a dobrar na primeira década do século. Mas ele ainda é insuficiente, pois menos de 30% da juventude tem acesso à universidade. Também não houve ampliação proporcional de investimentos. Outro problema é o impulsoimpulso ao ensino privado que, estimulado pelo governo, hoje concentra mais de 75% das instituições de ensino superior do Brasil e cria uma geração de jovens endividados! Desse modo, vemos no Brasil a educação sendo tratada como mercadoria e a parcela já restrita de estudantes que acessa a universidadeuniversidade sendo tratada de maneira desigual e injusta. A uma “pátria educadora” caberia investir pesadamente na educação, barrar a farra dos empresários do ensino superior e tratar todos os estudantes, professores e funcionários, de maneira digna, valorizando
A presidenta Dilma tomou posse e anunciou que o lema de seu segundo mandato será “Brasil, pátria educadora”. Assim, supostamente, a educação será a prioridade nos próximos quatro anos. Entretanto, este anúncio apresenta contradições. O primeiro mandato de Dilma foi marcado pela negativa dede investir 10% do PIB na educação pública. Agora, no início de 2015, do primeiro pacote de cortes no orçamento anunciado pelo Ministro Joaquim Levy, quase 1/3 deles será na área da educação, que receberá R$ 7 bilhões a menos neste ano! A presidenta diz uma coisa, mas faz outra... É escandaloso que se cortem verbas da educação justamente quando a área precisa de mais orçamento. Hoje, a maioria das uni-versidades federais não chega a ter sequer a metade do orçamento que possui a USP — que também enfrenta problemas financeiros! Assim, falta de tudo: professores, funcionários,funcionários, infra-estrutura, restaurantes universitários, moradia, transporte, verbas para viagens, para atividades de pesquisa e
POR BERKSON ARAUJO, NATHI BITTENCURT E PEDRO SERRANO (Grupo de Trabalho Nacional do Juntos!)
DIREITOS AUTORAIS@ LATUFF(CHARGE MODIFICADA)
PÁGINA 09/10 FEVEREIRO/2015 WWW.JUNTOS.ORG.BR
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A história das universidades estaduais do Ceará pode muito bem ser descrita com duas
palavras: precarização e luta. A primeira é comprovada com os parcos recursos que chegam às
instituições e o corte de verbas no governo Cid Gomes que levou a UeVA, em dezembro de 2014,
por exemplo, a ficar sem dinheiro pagar a conta de energia elétrica. A segunda palavra é
comprovada com as duas últimas greves que pararam as IEES 7 meses ao todo no último ano e
meio, arrancando concursos públicos e mais investimentos para permanência. Porém muitos
problemas seguem, devemos estar cada vez mais mobilizados, a luta apenas começou!
POR JOÃO BERKSON (estudante de Física) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -UEVA
Em 2014, a USP passou pela maior greve unificada de sua história, com trabalhadores,
funcionários e estudantes, paralisados por 4 meses! Mostramos que não aceitaremos os cortes de
orçamento, a precarização da educação e o ataque ao caráter público da universidade. Nas
eleições presidenciais, tivemos uma sabatina com Luciana Genro que contou com mais de 2000
pessoas e mostrou a disposição dos uspianos de lutar por mais direitos! Em 2015, a luta na USP vai
ser maior! Desde o início do ano a reitoria mostra que novos cortes virão, e serão cortes que
afetarão diretamente os estudantes. Nós não ficaremos parados, vamos nos mobilizar!
POR VANESSA COUTO (estudante de Nutrição) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -USP
Na UFPA, as políticas de assistência estudantil são insuficientes. Filas enormes e demoradas no
R.U, acervo bibliográfico desatualizado, poucas bolsas de pesquisa e extensão que, muitas vezes,
são substituídas pelas bolsas trabalho que ao invés de ajudar na formação do estudante servem
para explorar-nos. A moradia estudantil, prometida pelo reitor antes de ser eleito no seu primeiro
mandato, sequer foi entregue. Os estudantes que têm seus trabalhos aprovados em eventos
científicos sentiram a dificuldade de viajar para apresentá-los. Com os cortes feitos pelo governo
Dilma nas verbas da educação em 2015, a situação tende a piorar. Para reverter a situação,
precisamos nos organizar e lutar para garantir nossos direitos.precisamos nos organizar e lutar para garantir nossos direitos.
POR ADRIANO MENDES ( estudante de Ciências Sociais e mestrando em Agricultura Familiar) E YARA GUEDES (estudante de Enfermagem) - - - -UFPA
2015 iniciou na UFRGS com o corte de 30% da verba destinada à assistência estudantil, sob
silêncio total da reitoria. Ao mesmo tempo em que mais estudantes têm entrado na universidade,
temos visto o sucateamento da UFRGS com prédios novos interditados, bibliotecas alagadas e
restaurantes universitários fechados por insalubridade e acidentes graves de trabalho. Vivemos a
retomada de um DCE combativo após a vitória da chapa “Podemos!” construída pelo Juntos!. Mais
de 2.600 estudantes escolheram o caminho da mobilização coletiva para avançar rumo a uma
UFRGS realmente pública, popular, e plural. Vamos juntos em defesa dos direitos estudantis!
POR NATHI BITTENCURT (estudante de Jornalismo e coordenadora do DCE da UFRGS) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -UFRGS
realmente as universidades. O Brasil teria
condições para isso, caso a opção do
governo não fosse a de cortar nas áreas
sociais para garantir o pagamento dos juros
para os banqueiros. Com as diretrizes
econômicas do novo governo Dilma, fica
claro que não apenas a presidenta não irá
adianteadiante na valorização da educação, como
deverá retroceder mesmo nos já
insuficientes e contraditórios programas
petistas de expansão do ensino. No final de
2014, por exemplo, o MEC reduziu os
repasses do FIES previstos para 2015.
Demonstração do que pretende Dilma na
área de educação ficou clara também com a
nomeação do novo Ministro da área: Cid
Gomes, um dos piores governadores da
história do Ceará, conhecido por reprimir
docentes em greve e precarizar a educação.
Sem dúvida, um nome muito mais à altura de
fazerfazer companhia à Kátia Abreu, Gilberto
Kassab e outros da coleção de horrores do
ministério de Dilma, do que capaz de
construir uma “pátria educadora”. A
educação que queremos só virá com a nossa
luta!
PÁGINA 10/10 FEVEREIRO/2015 WWW.JUNTOS.ORG.BR
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> O teto será a média dasúltimas 12 contribuições> Empresas arcam com o custo de 30 dias de salário antes do INSS
> Benefício é de 91% do sa-lário do segurado, limitado ao teto do INSS> Empresas arcam com o custo de 15 dias de salário antes do INSS
AUXÍLIO-DOENÇA
REPRODUÇÃO: FOLHA DE S. PAULO
SEGURODESEMPREGO
> Carência de 6 meses de trabalho
> Carência de 18 meses na 1ª solicitação; 12 meses na 2ª e 6 meses a partir da 3ª
> Haverá carência de 6 meses de trabalho ininterruptos> Pagamento passa a ser proporcional ao tempo trabalhado
> É preciso trabalhar 1 mês durante o ano e receber até 2 salários mínimos> O valor é de 1 salário mínimo
ABONOSALARIAL
COMO FICACOMO É
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - CORTE DE DIREITOS (a partir de março)
(professora da rede Estadual de Minas Gerais e do Juntos!)POR SARA AZEVEDO
a juventude não pode pagar a contaE TODOS OS DIREITOS TRABALHISTASEM DEFESA DO SEGURO DESEMPREGO
bolsos dos banqueiros, segue intocado. Estas são as prioridades de Dilma e de seu ministro Joaquim Levy. Com isso, aumentam as condições de trabalho precárias no país, e quem mais sofre é a juventude. Este setor — já maltratado no mercado de trabalho por empresas que se utilizam da alta rotatividade parapara baixar os custos da mão de obra, como nos “call centers” e “fast-foods” — agora amargará uma flexibilização de direitos. A situação piora, ainda, para as mulheres, as negras e as LGBTs, super-exploradas nos empregos de alta-rotatividade. A promessa de Dilma nas eleições, de não mexer em direitos trabalhistas “nem que a vaca tussa”, já caiu por terra. As centrais sindicais e os trabalhadores já estão dando respostas. No dia 28/01, houve atos unificados em várias cidades. Queremos a retirada imediata da medida provisória e, comcom nossa luta, é possível fazer o governo retroceder. A juventude e os trabalhadores não podem pagar a conta de uma crise que não é nossa. Queremos seguir o exemplo da greve vitoriosa dos metalúrgicos da Volkswagen, neste janeiro. Lutamos por mais direitos.
A mudança nas regras de concessão de benefícios previdenciários e trabalhistas, anunciada no final de dezembro de 2014 como medida de “ajuste” pelo governo Dilma, foi recebida com indignação pelos trabalhadores. Direitos como o seguro-desemprego, abono salarial, pensão por morte e auxílio doença, foram atacados. As novas regras atingem principalmente os jovens. Hoje, por exemplo, 74% do seguro-desemprego é utilizado após o primeiro emprego, ou seja, é utilizado por jovens ingressantes no mercado de trabalho. Daqui em diante, o governo passará a exigir o triplo do tempo de trabalho com carteira assinada para conceder o direito. Antes, quem houvesse trabalhado 6 meses, podia requisitar o seguro. Agora, são necessários 18 meses! Na segunda solicitação, este tempo cai para 12 meses e, na terceira, para 6 meses. Outras alterações, como a do abono salarial, atingem também em cheio os jovens. O governo pretende economizar 18 bilhões de reais com as medidas anunciadas, cortando dos direitos trabalhistas. Enquanto isso, o pagamento dos juros e amortizações da dívida pública no Brasil, que enche os
VENHA ORGANIZAR SUA INDIGNAÇÃO
O JANEIRO QUENTE DAS LUTAS
+ CONQUISTAS
- TARIFAS
NÚMERO 15
ANO 5 FEV/15|
DIREITOS AUTORAIS
@ MIDIA NINJA