jornal eureca na rua

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Cidadania a favor do bem O Projeto Meninos e Meninas de Rua (PMMR), de São Bernardo do Campo, é uma iniciativa ligada a jovens que favorece a conscientização política. Atualmente, ele figura como modelo para toda América Latina. A atuação do Projeto Meninos e Meninas de Rua envolve a ação de educadores que buscam crianças e adolescentes que estão em situação de rua e aproximando-as dos programas desenvolvidos. Os jovens são convidados a conhecerem o Centro de Atividades, onde são oferecidas oficinas de circo, teatro, futebol, basquete, capoeira, música, percussão e uma escola de samba, considerada como uma das melhores do município. O Centro também oferece alimentação, orienta sua vinculação aos serviços do Estado e proporciona apoio psicológico e ajuda familiar. O projeto atende cerca de 50 famílias com histórico de crianças em situação de rua. Página 3 Sábado de Lazer é uma das ações do PMMR voltadas à educação social e integração familiar Sábado de lazer e reflexões Em cinco sábados do ano, o público atendido pelo PMMR tem a possibilidade de participar de atividades que discutem temas importantes para consolidação e manutenção dos direitos das crianças e dos adolescentes no âmbito familiar e social. As atividades do Sábado de Lazer têm também o objetivo de mobilizar, formar e sensibilizar a comunidade para os direitos das crianças e dos adolescentes, por meio de atividades de lazer e de cultura. Página 2 A exploração do trabalho infantil Artigo denuncia práticas que contrariam legislações e definições que proíbem a prática do trabalho infantil. “Muitas famílias incentivam seus filhos a trabalhar desde cedo. Elas não veem os esforços das crianças como um trabalho, mas sim como uma ajuda na renda familiar”, destaca autora. Página 4 Bloco Eureca se apresenta no carnaval Criado em 1991, o bloco Eureca já é considerado uma das principais expressões do carnaval de São Bernardo do Campo. Atualmente, parcerias têm permitido que as mensagens levadas pelo grupo, que elabora samba- enredos sobre os direitos das crianças e dos adolescentes, cheguem a São Vicente, no litoral paulista. Página 3

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Jornal Eureca na Rua de São Bernardo do Campo.

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Page 1: Jornal Eureca na Rua

Cidadania a favor do bemO Projeto Meninos e Meninas

d e Ru a ( P M M R ) , d e S ã o Bernardo do Campo, é uma iniciativa ligada a jovens que favorece a conscientização p o l í t i c a . Atu a l me nte , e l e figura como modelo para toda América Latina.

A atuação do Projeto Meninos e Meninas de Rua envolve a ação de educadores que buscam crianças e adolescentes que estão em situação de rua e aproximando-as dos programas desenvolvidos. Os jovens são convidados a conhecerem o Centro de Atividades, onde são oferecidas oficinas de circo, teatro, futebol, basquete, capoeira, música, percussão e uma escola de samba, considerada como uma das melhores do município.

O Centro também oferece a l i me nt a ç ã o, or i e nt a su a vinculação aos serviços do Estado e proporciona apoio psicológico e ajuda familiar. O projeto atende cerca de 50 famílias com histórico de crianças em situação de rua. Página 3

Sábado de Lazer é uma das ações do PMMR voltadas à educação social e integração familiar

Sábado de lazer e reflexõesEm cinco sábados do ano, o

público atendido pelo PMMR tem a possibilidade de participar de atividades que discutem temas importantes para consolidação e manutenção dos direitos das crianças e dos adolescentes no âmbito familiar e social. As atividades do Sábado de Lazer têm também o objetivo de mobilizar, formar e sensibilizar a comunidade para os direitos das crianças e dos adolescentes, por meio de atividades de lazer e de cultura. Página 2

A exploraçãodo trabalho

infantilArtigo denuncia práticas

que contrariam legislações e definições que proíbem a prática do trabalho infantil. “Muitas famílias incentivam seus filhos a trabalhar desde cedo. Elas não veem os esforços das crianças como um trabalho, mas sim como uma ajuda na renda familiar”, destaca autora. Página 4

Bloco Eureca seapresenta no carnaval

Criado em 1991, o bloco Eureca já é considerado uma das principais expressões do carnava l de São B ernardo d o C a m p o . At u a l m e n t e , parcerias têm permitido que as mensagens levadas pelo grupo, que elabora samba-enredos sobre os direitos das crianças e dos adolescentes, cheguem a São Vicente, no litoral paulista.

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Page 2: Jornal Eureca na Rua

Ano I - nº01

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Expediente

Editorial

Realização

Realização

Pontão de CulturaJornal do Ponto

Coordenador Cultural: Murilo Oliveira

Articuladora: Eliana SilveiraEstagiários: Karina Koch, Marina

Schmidt, Eduardo Kaze, Bruno Praun Coelho e Nilton Faria de Carvalho.

Oficina de Design Gráfico: Natália Balladas

Editoração e Arte Final: Natália Balladas

Este periódico é produto das oficinas de jornal promovidas pelo Pontãode Cultura Jornal do Ponto, projeto da Associação dos Jornais

do Interior do Estado de São Paulo (ADJORI-SP) em convênio como Ministério da Cultura sob o nº 748226/2010.

Visão GovernamentalO Projeto Meninos e Meninas

de Rua (PMMR) é um dos institutos mais tradicionais na luta pela garantia de direitos das crianças e adolescentes.

Suas atividades tiveram início há 25 anos, com ações voltadas a população infanto-juvenil em situação de vulnerabilidade social. Na década de 80, o projeto tinha como foco as atividades políticas, com o objetivo de garantir direitos ao público atendido.

Como era de se imaginar, a s re l a ç õ e s c om o p o d e r público eram difíceis para o PMMR. Durante vários anos, a organização assumiu uma postura unicamente crítica:

denunciando violações dos direitos humanos, a falta de carinho e apontando atitudes muito pouco solidárias. Logo, um novo governo contratou o projeto para oferecer serviços nas r u as , e atu a lmente o programa procura criticar de uma maneira mais construtiva.

Infelizmente, este contrato com a cidade trouxe consigo uma grande dependência para o PMMR. Porém, essa nova conjuntura tem ensinado a instituição que, por um lado, o governo é contraditório e variável, mas por outro, se evidência que existe , s im, gente de boa vontade dentro do poder público.

Desafios e objetivos da PMMRO PMMR é uma instituição

voltada para conscientizar crianças e adolescentes, a fim de orientá-los sobre os seus direitos e ampliar sua visão política e crítica sobre o mundo real.

O i n t u i t o d a e n t i d a d e é explorar visões diferentes para que o próprio jovem possa formar a sua opinião sobre determinados assuntos, seguindo os seguintes objetivos:

F o r t a l e c e r a p r á t i c a l iber tadora que considere

os meninos e meninas como a g e n t e s d e s u a h i s t ó r i a , promotores de uma sociedade m a i s j u s t a , i g u a l i t á r i a e participativa, em conjunto com os demais movimentos populares e sociais.

Desenvolver a consciência crítica que leve à mudança das estruturas injustas na sociedade.

Defender juridicamente os direitos da criança e do adolescente, podendo para isso ingressar com ações civis

públicas ou outras medidas cabíveis, na defesa de todos os direitos assegurados no Estatuto da Criança e do Adolescente ( E C A ) e d e m a i s n o r m a s jurídicas afins.

Promover, defender e exercer pressão junto aos órgãos gover nament ai s e demais segmentos sociais, para que os direitos da criança e do adolescente sejam respeitados, bem como sejam denunciadas as arbitrariedades.

Lazer e reflexões conscientes

Ao longo do ano, são rea-l i z a d a s c i n c o a t i v i d a d e s especiais, conhecidas como Sábado de Lazer. O objetivo é a mobilização, formação e sensibilização da comunidade para os direitos das crianças e dos adolescentes, por meio de atividades de lazer e de cultura.

Propiciando assim um espaço

de discussão, reflexão e formação com temáticas de interesse da população atendida pelo Projeto Meninos e Meninas de Rua. O programa oferece também espaço de integração e fortalecimento dos laços entres as famílias, seus filhos e a comunidades em geral.

Os temas são diferenciados a cada encontro, indo de

acordo com as necessidades do público atendido. Durante todo o processo de organização os educandos são envolvidos nas várias atividades do dia, que são de alimentação, brincadeiras, apresentações culturais, reuniões temáticas, sempre ressaltando o cunho educativo e formativo que a atividade fomenta.

Pausa para o lanche durante o Sábado de Lazer

Ponto d e Cu l tu r a : Eu re c a na Rua

P a r t i c i p a n t e s : D a n i e l l e B a r g a s ; J u l i a n a F a g u n d e s F e r n a n d e s ; E l i s R e g i n a d o C a r m o ; L u a n a C a r m o d o s Santos; Emerson dos Santos Queiroz; Fabio da Silva Gomes; Taylor Silva de Souza; Danielle Souza Silva; Marcela Fernanda de S ouza; Ana Paula Carmo dos Santos; Gabriela Antonia S. Silva.

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Protagonismo emfavor da cidadania

O Projeto Meninos e Meninas de Rua (PMMR), de São Bernardo do Campo, é um dos programas mais antigos criados em benefício dessa parcela da população do Brasil. O projeto oferece excelentes serviços diretos e a iniciativa possui programas de protagonismo infantil e conscientização política, os quais despontam como modelos para toda América Latina.

O trabalho do PMMR come-ça na rua, onde equipes são responsáveis por diversos bairros populares localizados no município. Após a aproximação com a população, o programa convida os jovens a conhecerem o Centro de Atividades, onde são oferecidas oficinas de circo, teatro, futebol, basquete, capoeira, música, percussão e uma escola de samba, considerada uma das melhores do município. O Centro também oferece alimentação, orienta sua vinculação aos serviços do estado e proporciona apoio psicológico e ajuda familiar.

O projeto atende cerca de 50 famílias com histórico de crianças em situação de rua. Os educadores ajudam os pais a encontrar trabalho e os orientam sobre os benefícios dos serviços prestados pelo governo. Além disso, eles oferecem apoio médico e psicológico, melhoria de suas casas e dos relacionamentos

entre pais e filhos. Por meio do projeto a população

são-bernardense já pôde perceber a decrescente quantidade de crianças e jovens nas ruas do munícipio. Proporcionando mais segurança, conscientização e uma vida mais alegre e divertida, como toda criança deveria ter.

Outras iniciativasO programa Crianças Cidadãs

tem como objetivo conscientizar cr ianças e adoles centes a construir o seu próprio destino, tanto em seu projeto pessoal como no político. Seus agentes de mobi l ização trabalham dentro dos quatro núcleos ou favelas que, historicamente, se caracterizaram por enviar suas crianças para as ruas.

O t raba lho cons is te em ensinar os jovens a adquirir ajuda do Estado, e mostrar-lhes seu poder, promovendo a participação política, seja

nos Conselhos Tutelares, na Prefeitura ou na Câmara. A ação de conscientização exige temp o e p ar t ic ip ação em seminários mensais intitulados “Como funciona a sociedade?”, que orientam as crianças e seus defensores a entenderem como funciona o sistema do poder, da opressão e da resistência. Essas crianças participantes se tornam educadores e multiplicadores dentro de suas comunidades.

O P M M R f a z p a r t e d a c o mu n i d a d e l o c a l c o m o prog rama Sáb ado Ab er to, onde todos são convidados a compartilhar comida, música e f u t e b o l . Ig u a l m e nt e , a s c r i a n ç a s p a r t i c i p a m d a s t a r e f a s c o m u n i t á r i a s e têm a opor tunidade de se colocarem em cena.

A música e a cultura hip-hop tamb ém fazem par te das at ividades do PMMR, transformando os interesses culturais em ação política. Em frente ao Centro de Atividades há uma pintura, em estilo grafite hip hop, que faz referência a Nelson Mandela. As crianças compõem “raps” de protesto, embora, os educadores se preocupem com a possibilidade dessa expressão cultural, essencialmente norte-americana, chegar a subverter as expressões autóctones da cultura popular brasileira.

Atendimento às famílias leva em consideração orientações sobre cidadania, além de apoio familiar, médico e psicológico

Criançasparticipam das

tarefas comunitáriase tem a oportunidade

de se colocaremem cena ”

Bloco Eureca nocarnaval litorâneo

O Bloco Eureca, ou “Eu Reconheço o Estatuto da Criança e do Adolescente”, foi mais uma maneira de estimular a educação social sobre o público atendido pelo Projeto Meninos e Meninas de Rua. Anualmente, o bloco ganha o Carnaval de São Bernardo do Campo, e agora se expande para outras cidades, levando mensagens que fortalecem o reconhecimento dos direitos estabelecidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

A manifestação carnavalesca surgiu em 1991, na cidade de São Bernardo do Campo, qu ando o PMMR de c id iu o c up ar o e s p a ç o pú b l i c o para mostrar e dar voz às crianças e adolescentes que vivem e trabalham nas ruas, s e const itu indo como um dispositivo de mobilização social. O projeto Eureca também acontece em São Vicente , graças a parceria do Centro Camará de Apoio e Pesquisa à Infância e Adolescência, do Conselho Municipal dos Dire i tos d a Cr i anç a e do Adolescente (CMDCA) e da rede de proteção.

Em 2012, o programa contou c om a l g u ns p ar t i c ip ante s para a composição do samba enredo, como o diretor de carnaval da Escola Sangue Jo v e m d e S a n t o s , M a r c o Antonio Vilela; o compositor e arranjador da Escola Mocidade

Alegre de São Paulo, Wagner Cavaco; o intérprete oficial da Escola Sangue Jovem, Chitão; o músico da Escola Sangue Jovem, Juninho; a advogada e pedagoga Bete Bacelar; o vice-presidente da Associação de Melhoramentos do Humaitá, Adauto Fernandes; além de Jo ã o C ar l o s Gu i l he r m i no d a Fr a n c a , c o ord e n a d or-geral do Centro Camará de Pesquisa e Apoio à Infância e Adolescência.

O samba enredo é escolhido por meio de discussões em of ic inas , reuniõ es com as famílias atendidas, no trabalho de educação de rua e com a s d e m a i s e nt i d a d e s q u e participam da elaboração do evento, sempre abordando temas sobre o compromisso de todas as pessoas, entidades e órgãos públicos nas diversas situações que as crianças e adolescentes estão inseridos.

O Bloco Eureca fomenta d i s c u s s õ e s s o b r e o compromiss o de to d as as pessoas, entidades e órgãos públicos nas diversas situações que as crianças e adolescentes estão inseridos. Tendo uma participação fundamental, os integrantes do Bloco percebem que são mais fortes que as ações contrárias à inclusão social, e que são capazes de reivindicar as transformações que anseiam.

Desfile do Bloco Eureca realizado em São Vicente

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Todos os dias quando passamos pelos centros urbanos, nos deparamos com uma triste realidade. Crianças que ao invés de estarem na escola estão trabalhando, muitas vezes para sustentar os próprios pais. São trabalhos cansativos e mal remunerados como vendedores de cocos, picolés, balas, jornais, engraxates, vigias de carros, entre outros.

Para a ps icóloga Janete Tranqüila Gracioli, o que leva as crianças a trabalharem é a realidade econômica do país, que não fornece condições para que as famílias empobrecidas mantenham seus filhos na escola, obrigando-os a contribuírem com o orçamento doméstico como forma de garantia da sobrevivência de toda à família.

“Muitos pais impõem que seus filhos abandonem os estudos para trabalhar e muitas vezes isso é prejudicial. Os pais deveriam buscar outras formas de sobreviver e se conscientizar de que o estudo é o diferencial para um futuro melhor”, diz a psicóloga Janete.

Muitas famílias incentivam seus filhos a trabalhar desde cedo. Elas não veem os esforços das crianças como um trabalho, mas sim como uma ajuda na renda familiar. Para alguns pais, as crianças de baixa renda que trabalham estão salvas de vícios e da marginalidade.

Devido ao cansaço e a falta de tempo para estudar, muitas crianças abandonam a escola inúmeras vezes e amargam sucessivas r e p r o v a ç õ e s . Isso causa uma d e f a s a g e m d a criança em relação à série cursada

Iniciativas do PMMR são articuladas com a atuação pública e civil

Simone Silva

Para alguns pais, as crianças de baixa renda que trabalham

estão salvasde vícios e damarginalidade”

Artigo

A triste realidade do trabalho infantilCrianças deixam escola para exercer atividades que complementem renda familiar

e até mesmo o abandono dos estudos. Elas se tornam adultos com baixo grau de escolaridade, o que reduz as chances de ter um bom emprego.

Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), Minas Gerais é o estado que mais tem crianças trabalhando como empregada doméstica com mão-de-obra barata.

Visão judicial sobrea exploração do menor

O trabalho doméstico de crianças é uma das formas de exploração mais difícil de ser combatida. As famílias empregadoras encaram este tipo de trabalho como uma espécie de ajuda social. Quase 370 mil meninas com idade inferior a 16 anos trabalham em casas de famílias.

Ter uma faxineira, cozinheira ou babá nessa faixa etária é uma ilegalidade tão grave quanto empregar garotos na colheita de sisal, nas carvoarias ou no

corte da cana de açúcar. Segundo o I n s t i t u t o d e P e s q u i s a E c o n ô m i c a

Aplicada (IPEA), essas meninas trabalham em média 42 horas por semana e ganham no máximo 60% do salário mínimo.

O menor J.P.S. , 10 anos, trabalha o dia inteiro no sol empurrando um carrinho de picolé. Ele fala que o trabalho é muito cansativo. Além de o carrinho ser pesado, ele tem que andar muito, na maioria das vezes com os pés descalços. Com o dinheiro que ganha, compra pão e leite para a família; às vezes vai à escola de manhã.

O trabalho infantil é ilegal, está na Constituição Federal, no artigo 7º inciso 33, que veta o trabalho para menores de 18 anos. Segundo a advogada Consuelo Aparecida de Souza, há uma exceção. “Os adolescentes de 14 anos podem trabalhar como aprendizes”, afirma ela.

Os pais que incentivam o trabalho infantil podem ter algumas penalidades como advertência, perda da guarda, destituição da tutela e suspensão do pátrio poder.

Estatuto da CriançaQuando o Estatuto da Criança e

do Adolescente e a Constituição de 1988 foram criados, determinavam a idade mínima de 14 anos para o trabalho. Mas essa lei contrariava as determinações da OIT (Organização Internacional do Trabalho). Em sua convenção de número 138, a OIT estipula a idade mínima de 15 anos para ingressar no mercado de trabalho. A lei brasileira só ficou de acordo com a OIT em dezembro de 1998, por meio de uma emenda constitucional que institui a idade mínima de 16 anos para o trabalho, permitindo que adolescentes maiores de 14 anos trabalhassem como aprendizes em jornadas que não ultrapassem seis horas diárias com todas as garantias trabalhistas.

No Brasil estão sendo criados alguns programas para combater o trabalho infantil. Além do Bolsa Escola, no qual os pais recebem uma quantia em dinheiro por cada criança mantida na escola, há também, o PETI (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil). O programa oferece a Bolsa Criança Cidadã, com o objetivo de recriar condições mínimas para que a família possa prover suas necessidades básicas e complementar sua renda.

Ação conjunta garantedireitos das criançase dos adolescentes

Desde o inicio das atividades o Projeto Meninos e Meninas de Rua sempre esteve envolvido nas mais importantes lutas pela cidadania da população infanto-juvenil, contribuindo para o surgimento do Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua, tendo inclusive representantes já na sua primeira equipe de coordenação.

Além disso, o projeto organizou e mobilizou pessoas e entidades para a criação do Fórum Municipal DCA; organizou a discussão de propostas e coleta de assinaturas para aprovação de capítulos sobre direitos da criança na Constituição Federal, Constituição Estadual, Lei Orgânica do Município e Estatuto da Criança e do Adolescente; participou da criação do CMDCA, Conselhos Tutelares e do CEDECA-ABC; realizou grandes atividades públicas, como a Vigília pela Criança e Adolescente, em conjunto com o Sindicato dos Metalúrgicos; Fórum contra a violência à criança, quando foi lançado o livro “Guerra dos Meninos”, do jornalista Gilberto Dimenstein.

Atualmente, os objetivos do PMMR baseiam-se e desenvolvem-se a partir de duas áreas fundamentais. A Área I com o Atendimento às crianças e adolescentes em situação de rua; e a Área II com a Organização e Intervenção nas políticas públicas para a Infância e Juventude.

Essa forma de organização, vinculada aos princípios da educação popular, tem proporcionado ao PMMR bastante êxito na busca de seus objetivos, que propõem a médio e longo prazo que meninos e meninas assumam projetos de vida e de auto-suficiência, que possibilitem mudanças de suas “condições de rua” e que os

estimulem a lutar pela conquista de seus direitos de cidadãos.

Um novo caminhoAs crianças e os adolescentes

que são convidados a participar do PMMR chegam a nós acumulando problemas e perdas que, somadas, o relegam à negligência de direitos básicos, como família, educação e moradia. Em geral, são vidas que, ainda em formação, são confrontadas com a realidade dura das ruas, com a violência (dentro e fora do lar) e com a falta de perspectiva. Quando chegam a nós são conduzidas para um novo caminho, que deverá ser construído por cada um, nosso objetivo é o de apenas indicar como fazer um futuro diferente.

Nosso atendimento se propaga aos familiares e às comunidades de origem dos jovens, contribuindo para a elaboração de políticas públicas, com o intuito de assegurar a garantia dos direitos de meninos e meninas. Visando o fortalecimento dos vínculos familiares das crianças e adolescentes que estão em situação de rua, estabelecendo espaço de escuta, reflexão e preparando tanto as famílias quanto os jovens para o retorno e permanência nos núcleos familiares, escolares e comunitários. Utilizamos uma metodologia que envolve oficinas de arte-educação, reuniões, palestras e seminários, introduzindo de maneira lúdica reflexões acerca de regras, limites e conduta na convivência coletiva.

Essa foi a maneira que encon-tramos para dar o primeiro passo ao lado deles rumo a um novo caminho. Juntos, nossos passos são mais forte. Juntos, lutamos para que outros jovens tenham um futuro melhor.