jornal folha da rua larga nº 23

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O projeto Noel, Feitiço do Samba, sediado no Centro Cultural Light, traz diversos artistas para interpretar as composições do boêmio, tais como Cristina Buarque, Henrique Cases, Ana Costa e Marcos Sacramento. Este último interpretará peças menos conhecidas de Noel, como Dama do cabaré e Meu barracão, há tempos em seu repertório. Ações sociais ganham vida nas UPPs A partir de 19 de dezembro, o Centro do Rio será palco da Maratona Rio Antigo. Largada e chegada na Avenida Marechal Floriano. Veja o percurso e como se inscrever. Revitalização da Rua Larga | Zona Portuária | Centro do Rio DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Nº 23 ANO III RIO DE JANEIRO | SETEMBRO – OUTUBRO DE 2010 Noel Rosa revisto por expoentes da MPB páginas 16 A coordenadora do CRAS, Marítza Macieira, revela dificuldades e conquistas ao longo de três anos de atividades na comunidade da Providência. Centro receberá circuito esportivo A CPJ comemorou sete décadas de inclusão social de jovens moradores da Zona Portuária através da educação. Os alunos de instituições públicas de ensino podem se inscrever em cursos livres e profissionalizantes, antes ou após o horário escolar. página 10 páginas 8 e 9 Página 5 Casa do Pequeno Jornaleiro completa 70 anos página 14 Solução para a fome via informação e cidadania João Guerreiro, coordenador cultural da Ação da Cidadania, recebeu uma menção honrosa da Alerj pelo Dia Mundial da Alimentação. Em vésperas de eleição, ele analisa as políticas de base do governo, relacionando alimentação, educação e cidadania. opinião social Lielzo Azambuja página 12 Boteco-arte no Morro da Conceição gastronomia cultura Sacha Leite Thiago Barcellos visita o Beco das Sardinhas, na Rua Miguel Couto, em frente à Igreja de Santa Rita, e convoca as autoridades competentes para ajuste de iluminação, calçamento, sinalização e limpeza. Além disso, disse que verificará autorização para a implantação de toldos fixos. Carolina Monteiro Subprefeito do Centro inicia movimento pela reurbanização do Beco das Sardinhas página 6 folha da rua larga

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A Folha da Rua Larga, criada em 2008 pelo Instituto Light é editada pelo Instituto Cidade Viva.

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Page 1: Jornal Folha da Rua Larga nº 23

folha da rua larga

O projeto Noel, Feitiço do Samba, sediado no Centro Cultural Light, traz diversos artistas para interpretar as composições do boêmio, tais como Cristina Buarque, Henrique Cases, Ana Costa e Marcos Sacramento. Este último interpretará peças menos conhecidas de Noel, como Dama do cabaré e Meu barracão, há tempos em seu repertório.

Ações sociais ganham vida nas UPPsA partir de 19 de dezembro, o Centro do Rio será palco da Maratona Rio Antigo. Largada e chegada na Avenida Marechal Floriano. Veja o percurso e como se inscrever.

Revitalização da Rua Larga | Zona Portuária | Centro do Rio DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Nº 23 ANO IIIRIO DE JANEIRO | SETEMBRO – OUTUBRO DE 2010

Noel Rosa revisto por expoentes da MPB

páginas 16

A coordenadora do CRAS, Marítza Macieira, revela dificuldades e conquistas ao longo de três anos de atividades na comunidade da Providência.

Centro receberá circuito esportivo

A CPJ comemorou sete décadas de inclusão social de jovens moradores da Zona Portuária através da educação. Os alunos de instituições públicas de ensino podem se inscrever em cursos livres e profissionalizantes, antes ou após o horário escolar. página 10

páginas 8 e 9 Página 5

Casa do Pequeno Jornaleiro completa 70 anos

página 14

Solução para a fome via informação e cidadaniaJoão Guerreiro, coordenador cultural da Ação da Cidadania, recebeu uma menção honrosa da Alerj pelo Dia Mundial da Alimentação. Em vésperas de eleição, ele analisa as políticas de base do governo, relacionando alimentação, educação e cidadania.

opinião

social

Lielzo Azambuja

página 12Boteco-arte no Morro da Conceição

gastronomia

cultura

Sacha Leite

Thiago Barcellos visita o Beco das Sardinhas, na Rua Miguel Couto, em frente à Igreja de Santa Rita, e convoca as autoridades competentes para ajuste de iluminação, calçamento, sinalização e limpeza. Além disso, disse que verificará autorização para a implantação de toldos fixos.

Carolina Monteiro

Subprefeito do Centro inicia movimento pela reurbanização do Beco das Sardinhas

página 6

folha da rua larga

Page 2: Jornal Folha da Rua Larga nº 23

setembro – outubro de 2010

nossa rua

Se essa Rua fosse minha

Débora Tavares, consultora de projetos

“Organizaria uma festa junina que envolvesse toda a comunidade. O evento seria realizado com a parceria das empresas e comércios locais. A Rua Camerino é um bom espaço para montar as barraquinhas e o palanque para shows. Gostaria que a festa entrasse no calendário oficial da cidade.”

Vinicius da Rocha, estudante

“Eu gosto muito de feiras de livros e nesta região quase não temos nada acontecendo. Adoraria que fosse organizada uma grande feira, tipo a Bienal do Livro, com debates com grandes escritores. O evento seria per-manente e com sede no Colégio Pedro II. ”

“Faria uma feira livre semanal, com espaço para exposição dos artistas locais. Temos um bom espaço na Rua Miguel Lemos e haveria barracas vendendo comidas típi-cas, tortas, bolos e artesanatos. Seria uma oportunidade de divulgar e vender o meu trabalho.” Cristiano da Fonseca,

artesão

Fabiola Buzim

Fabiola Buzim

Fabiola Buzim

folha da rua larga

cartas dos leitores

2folha da rua larga

Redação do jornalRua São Bento, 9 - 1º andar - Centro

Rio de Janeiro RJ - CEP 20090-010 - Tel.: (21) 2233-3690

www.folhadarualarga.com.br [email protected]

A Folha da Rua Larga recebe opiniões sobre todos os temas. Reserva-se, no entanto, o direito de rejeitar acusações insultuosas ou desacompanhadas de docu-mentação. Devido às limitações de espaço, será feita uma seleção das cartas e, quando não forem concisas, serão publicados os trechos mais relevantes. As cartas devem ser enviadas para a Rua São Bento, 9 sala 101 CEP: 20090-010, pelo fax (21) 2233-3690 ou através do endereço eletrônico [email protected].

Conselho Editorial - André Figueiredo, Carlos Pousa,

Francis Miszputen, João Carlos Ventura, Mário

Margutti, Mozart Vitor Serra

Direção Executiva - Fernando Portella

Editora e Jornalista Responsável - Sacha Leite

Colaboradores - Ana Carolina Portella, Carolina

Monteiro, Fabiola Buzim, Gustavo Speridião, João

Guerreiro, Karina Howlett Martin, Lielzo Azambuja,

Marcelo Frazão, Maria Braga, Mauricio Hora, Teresa

Speridião

Projeto gráfico - Henrique Pontual e Adriana Lins

Diagramação - Suzy Terra

Revisão Tipográfica - Raquel Terra

Produção Gráfica - Paulo Batista dos Santos

Impressão - Maví Artes Gráficas Ltda.

www.maviartesgraficas.com.br

Contato comercial - Teresa Speridião

Tiragem desta edição: 5.000 exemplares

Anúncios - [email protected]

Portuguesas

Ontem minha mulher saiu com minha filha, ainda de colo, e tombou no chão. Isso por causa da calçada, que estava faltando algumas das pedrinhas portuguesas. Esse tipo de calçamento que não funciona para as mulheres deveria ser repensado, já que hoje são boa parte da popu-lação economicamente ativa.

Josué dos Santos

Edifício A Noite

O edifício A Noite, pri-meiro arranha-céu do Rio de Janeiro e que hoje abriga a Rádio Nacional, está uma vergonha. Há anos foi colo-cada uma marquise/tapume sobre a calçada, e a primeira ideia que se poderia ter é que a mesma serviria para pro-teger os pedestres de uma obra realizada na fachada. A verdade é que a mesma ser-ve somente para evitar que pedaços do reboco da facha-da caiam sobre os pedestres sem que nenhuma obra seja realizada. Esse improviso persiste por vários anos. Recentemente, ao invés de iniciar as obras, foram co-locadas estruturas metálicas para segurar as partes mais saliente da fachada do edi-fício. É uma vergonha e um desacato que contribui para manter uma imagem não muito boa do Centro do Rio.

Gustavo Tamaki

Atrações culturais

Trabalho na Avenida Ma-rechal Floriano e sempre

ouvi dizer que a região tem muita riqueza cultu-ral. Acho que as atrações deviam ser melhor divul-gadas. Não sou carioca. Busco informações sobre esses lugares e não en-contro!

Keila Campos

Em frente à Santa Rita

Sempre que saio da missa na Igreja de Santa Rita, na Avenida Mare-chal Floriano, encontro dificuldades para atra-vessar a rua. Seria ne-cessário colocar um si-nal ali em frente à igreja e ao Beco das Sardinhas, já que vira uma conflu-ência de três vias sem sinalização e o pedestre tem que contar com a sorte para atravessar e sair ileso.

Kléber Moreira

Higiene na comida

Andei acompanhando pelos jornais a investiga-ção de restaurantes por parte da Vigilância Sani-tária. Trabalho no Cen-tro e almoço na região todos os dias. De acordo com o que acompanhei, nenhum estabelecimento do Centro foi analisado. Gostaria de sugerir aos órgãos competentes que essa inspetoria seja feita também na região cen-tral da cidade, que con-tém um grande número de restaurantes a quilo.

Jefferson Dantas

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Page 4: Jornal Folha da Rua Larga nº 23

Cliques Rua Larga boca no trombone

gabriel provocador

[email protected]

Frequentadores da Pedra do Sal armam toldo improvisado sempre que há ameaça de chuva.

Tudo azul no Largo de São Francisco da Prainha: o conjunto de garrafas vazias forma intervenção urbana.

4folha da rua larga

nossa rua

Sacha Leite

Sacha Leite

A cadeira do presidente da República

setembro – outubro de 2010

Dizem os marqueteiros que as pessoas votam nos políticos que prometem, com capacidade de con-vencimento, o aumento de consumo da população. A estabilidade econômica advinda do Plano Real promoveu Fernando Hen-rique. O Programa Bolsa Família e a ampliação do prazo das prestações de-ram ao Lula a reeleição. Mas os resultados desse pleito no 1º turno reve-laram a existência de um grande número de pesso-as (milhões) que desejam, além do consumo natural, governos mais éticos, po-líticos com capacidade administrativa e dirigen-tes preocupados com o meio ambiente.

Depois de algumas cer-vejas, João, balconista na Rua Larga, cidadão co-mum, subiu numa cadeira no Beco das Sardinhas e, em tom político since-ro, desabafou: “O Bolsa Família foi uma medida paliativa, emergencial de momento, mas não deixa de ser uma ‘esmola de cala a boca’ para aqueles que já perderam as espe-ranças de realizar seus so-nhos e de seus filhos, pre-ferindo sentar-se na so-leira da vida e esperar de véspera a morte. O Brasil é o único país do mundo que tem o nome de uma árvore e um povo deita-do à sua sombra”. Fez-se silêncio no bar apinhado de gente. Ele desceu da cadeira, e a Dona Maria, florista, tomou seu lugar e continuou:

“O Bolsa Família é na verdade a maleta da CVC para uma viagem de turis-mo ao mesmo lugar. Se eu fosse político, primei-ro mapearia o país, loca-lizando todas as escolas públicas e privadas, todas as escolas técnicas, ofici-nas de arte, bibliotecas, universidades, centros médicos e hospitais. Fa-ria uma pesquisa nesses locais para saber suas

condições. Com os melho-res, montaria um grupo de multiplicadores de conheci-mento. Enxergaria no mapa as áreas vazias, a falta des-sas escolas e centros médi-cos e marcaria as unidades necessárias para que em cada comunidade houvesse boas escolas e pontos de atendimento médico decen-tes para se chegar a pé ou de bicicleta. E pouco distante, com bom transporte, cons-truiria boas escolas técni-cas, centros universitários, espaços culturais e hospitais de qualidade, criando assim oportunidade de conheci-mento de fato para todos os brasileiros”. As palmas dos presentes não paravam.

Uma multidão ouvia os discursos sinceros de cida-dãos de todas as classes so-ciais. Pedro, um motorista de táxi, subiu na cadeira e falou: “Chamaria esse Pro-grama de ‘Bolsa Educação, Cultura e Saúde – Uma passagem definitiva para a independência financeira do cidadão’. Criaria prédios diferentes para cada lugar, arquiteturas inspiradas no clima e na identidade de cada região. Qual o pai, mãe, pobre ou rico, não se sentiria orgulhoso ao ver seu filho com saúde, fora da violência, com um di-ploma na mão? Esteja ele morando aqui na cidade do Rio de Janeiro ou no muni-cípio mais pobre e distante da capital. Afinal, quem tem estudo e saúde sobrevive e vai além”.

E assim foram descendo e subindo a cadeira diversas pessoas comuns, de todas as origens, cor e credos, brasi-leiros e brasileiras, até que todos os homens de bem falaram sobre os mais di-versos assuntos. Quem sabe um João, uma Maria, um Pedro, um José, uma Ma-rina não se unem e mudam para melhor esta nação...

Page 5: Jornal Folha da Rua Larga nº 23

folha da rua larga

entrevista

5

Divulgação

Por uma comunidade segura e cidadãMelhorar o convívio familiar e a cidadania são nortes para o centro comunitário coordenado por Marítza Macieira

setembro – outubro de 2010

À direita, de preto, Marítza Macieira abraça representantes da comunidade da Providência

sacha [email protected]

Há três anos, a assisten-te social Marítza Macieira Couto coordena o Centro de Referência da Assis-tência Social (CRAS), na Providência. Os principais objetivos do CRAS estão em desenvolver as poten-cialidades da comunidade, fortalecer os vínculos fa-miliares e comunitários e ampliar o acesso aos direi-tos de cidadania. Segun-do Marítza, essas metas estão aos poucos se con-cretizando ao longo dos, aproximadamente, 1,5 mil atendimentos por mês. De acordo com a ativista so-cial, este é um trabalho de longo prazo: “Talvez se-jam necessárias tantas ou-tras décadas de ofertas de serviços, cursos, cultura, esportes e oportunidades para que a comunidade experimente outra forma de vida e possa fazer suas escolhas”.

Em que período o CRAS foi instalado na Providência?

O Centro de Referên-cia da Assistência Social Dodô da Portela (CRAS) foi inaugurado em se-tembro de 2007, sendo a concretização da parceira entre a Secretaria Munici-pal de Assistência Social e a Secretaria de Segurança Pública através do Grupa-mento de Policiamento em Áreas Especiais (GPAE). A proposta era de que as duas políticas públicas estivessem presentes com serviços socioassistenciais e de policiamento comuni-

tário, respectivamente.

Qual o objetivo princi-pal da instituição?

Este CRAS nasceu com o desafio de contribuir para a aproximação entre as famílias residentes no Morro da Providência e os policiais militares, na perspectiva da constru-ção de uma relação sau-dável. Passamos então a sensibilizar os policiais no sentido de ofertarem seus conhecimentos para os moradores, e assim de-senvolvemos os cursos de iniciação a informática, eletricidade e aulas de ca-poeira, caratê, reforço es-colar, além de horticultura familiar.

Quais são os projetos e atividades desenvolvi-das?

O CRAS executa os programas previstos pelo

governo federal, dentre eles, os dois programas de transferência de renda – Programa Bolsa Famí-lia (PBF) e o Benefício de Prestação Continuada (BPC) – além da inserção da família no Cadastro Nacional de Programas Sociais (Cad Único) para que se possa acessar ou-tros programas, como os da habitação.

Realizamos ainda reu-niões semanais com fa-mílias sobre temas varia-dos de interesse coletivo, Grupos de Convivência de Crianças – brinquedo-teca e caratê – de Idosos e de Reflexão Comunitária. Em breve, iniciaremos o ProJovem Adolescente Temático (Aderecista). Desenvolvemos ainda al-guns projetos municipais, como o Banco Carioca de Bolsas de Estudos e o Agente Experiente.

Desde abril deste ano, em parceira com a UPP,

passamos a participar da avaliação e da implan-tação dos projetos com outras instituições e em-presas, tais como cursos de ensino fundamental e médio, profissionalização na área de petróleo e gás, inglês, informática, cozi-nha comunitária, orques-tra comunitária, dentre outros.

Como é feita a divul-gação das iniciativas do CRAS?

De forma humilde, pre-cária e de pequeno alcan-ce comunitário. Contudo, o que nos é possível. Uti-lizamos as reuniões sema-nais de família, os alunos que frequentam as aulas de caratê e demais cursos, fazendo caminhadas de divulgação pela comuni-dade, afixando cartazes nos pontos comerciais e nos parceiros institucio-nais locais. Na verdade, o

maior aliado na divulga-ção de nossa atividades é o usuário dos serviços, o morador da comunidade.

Como a senhora anali-sa as comunidades antes e após as UPPs?

Vejo que as comuni-dades, especialmente o Morro da Providência, porque trabalho nele há três anos, estiveram, du-rante décadas, asfixiadas, submersas na rotina de medo, coação e violência que a presença do tráfico impunha aos moradores, além da ausência das po-líticas públicas que deixa-ram de oferecer serviços e oportunidades. Após a instalação da UPP, que vem com uma quantidade muito maior de policiais orientados para exerce-rem o verdadeiro policia-mento comunitário, com forte apoio do governo, da mídia e de diversas instituições sociais e em-presas dispostas a inves-tirem no material humano da comunidade, os mora-dores estão consumindo todas as oportunidades. Somente no mês de ju-nho, mais de 250 adultos com 2º grau completo fo-ram ao CRAS fazer ins-crições em cursos profis-sionalizantes na área de petróleo e gás. Alunos do caratê que não conheciam o CCBB na Candelária, já viajaram para competir duas vezes em São Paulo e, em setembro, estiveram na Bahia.

Quais foram os avan-ços mais relevantes al-cançados até agora?

O maior de todos os avanços é ver poder pú-blico, iniciativa privada, sociedade civil organizada e a própria comunidade construindo uma nova for-ma de conviver, cada um cumprindo o seu papel. Além disso, a aceitação crescente da comunidade em relação à presença da UPP também é um gran-de avanço. As instituições passaram a ter mais segu-rança em “subir” a Provi-dência após a instalação da UPP. Não existem mais confrontos armados en-tre policias e traficantes, o que transmite tranqui-lidade e maior liberdade aos moradores. Agora as crianças brincam à vonta-de nas ruas e becos, assim como temos tido maior facilidade em convencer profissionais a virem de-senvolver atividades no CRAS.

Quais são as maiores dificuldades a serem su-peradas?

A continuidade na atu-ação das UPPs. A quebra das ações nesse sentido alimentaria a desconfiança que a população da comu-nidade tem acerca do po-der público.

Page 6: Jornal Folha da Rua Larga nº 23

joão [email protected]

6folha da rua larga

Dia Mundial da Alimentação, eleição e cidadaniaA importância do debate

sacha [email protected]

opinião

Maurício Hora

setembro – outubro de 2010

No próximo dia 29 de outubro, a Ação da Cidada-nia estará lançando sua 18ª campanha, intitulada agora Natal dos Sonhos. Surgi-mos na denúncia de nosso coordenador, Herbert de Souza (o Betinho), sobre a existência de 32 milhões de brasileiros famintos.

De lá para cá, muita coi-sa mudou no país. A socie-dade civil atingiu proemi-nência na constituição do Estado: governo e socie-dade civil estabeleceram diálogos dos mais diversos na construção de políticas públicas universais; emen-das de iniciativa popular viraram realidade, como a Lei da Ficha Limpa, entre outros avanços.

A denúncia de Betinho foi finalmente ouvida pelo poder público. Foram cria-dos conselhos de seguran-ça alimentar e nutricional nas três esferas do poder público e programas de transferência direta de ren-

da passaram a existir nes-tes últimos 18 anos.

No dia 16 de outubro, co-memoramos o Dia Mundial da Alimentação. No Rio de Janeiro, pela primeira vez, existiu a Semana de Ali-mentação Carioca. Temos o que comemorar? Certa-mente, sim. O Brasil saiu da lista dos países críticos em relação à fome para um país que tem uma tecnologia so-cial para o combate à fome. Mas falta muita coisa: a agricultura familiar ainda precisa se fortalecer e as re-des de economia solidária, também. A articulação entre ações emergenciais e estru-turais ainda é débil. Ape-sar das condicionalidades existentes nos programas de transferência de renda em relação à educação, as escolas públicas continuam desaparelhadas, com pro-fessores desmotivados, alu-nos mais ainda e o número de analfabetos funcionais perto dos 32 milhões.

A Ação da Cidadania também mudou junto com o país. Desde 2006, esta-mos levantando a bandeira da educação pública com qualidade, para todos. As ações emergenciais con-tinuam importantes, mas as de caráter estrutural se fazem mais do que neces-sárias. E a educação, prio-ritária.

Muito avançamos nesse período, mas muito tere-mos que avançar. A exclu-são social, vista aqui como o oposto de cidadania, ain-da é grande no país. Imen-sas áreas das regiões me-tropolitanas continuam não sendo objeto de políticas públicas locais. E outras áreas do interior brasileiro continuam demandando políticas específicas para romper o ciclo da pobreza.

Estamos fazendo a nos-sa parte, não apenas com a bandeira de Educação Pública de Qualidade, mas também com experiências

diretas de incentivo à lei-tura em mais 150 comu-nidades do Rio de Janeiro – os Espaços de Leitura. O Sarau Providencial aqui no Morro da Providência é um exemplo. Entretanto, não é nosso papel prover edu-cação de qualidade, mas, sim, apresentar iniciativas da sociedade civil que de-vem ser debatidas e, as que realmente valerem a pena, apropriadas pelos gover-nantes.

Assim, neste dia 31 de outubro, tenha em mente qual é a melhor propos-ta para a educação neste país, quais avanços e re-trocessos se apresentam nas duas propostas e qual projeto poderá fortalecer a cidadania contra a ex-clusão social. Boa sorte e bom voto!

Neste mês de outubro, milhões de brasileiros fo-ram às urnas de forma obrigatória. Somos uma democracia. No entanto, neste momento da história do país, acho que não seria produtivo para a cidadania se o voto fosse opcional. Uns gatos pingados iriam votar e não criaríamos o debate necessário para re-ver nossos padrões, ana-lisarmos o que foi feito e para onde a nação está caminhando. Não seria as-sunto nem mesmo digno das capas de jornais.

Uma outra questão que me chamou atenção foi a importância do debate. Em uma ocasião, a candidata Dilma não compareceu a um dos debates. E isso foi ruim para sua imagem pú-blica. Ela foi tão criticada, que começou a ir a todos os seguintes, preparou-se para isso. A discussão de ideias, propostas, programas e até mesmo a abordagem não só do público, como também do candidato ad-versário, são sinalizadores essenciais para calibrar o feeling dos eleitores.

Esse ano foi realiza-do, pela primeira vez, em escala nacional o debate entre vice-candidatos. Foi um avanço da democra-cia. Estamos aumentando a capilaridade de nossa escolha. A partir de agora, tomamos consciência de que, levando o candidato X, estaremos levando por tabela, compulsoriamente, o candidato Y, que sentará incontáveis vezes em sua cadeira sem pedir licença. Logo, é preciso avaliá-lo também.

Um costume que é proi-bido em dia de eleição, mas continua sendo praticado, é a boca de urna. No primei-ro turno, alguns militantes foram presos a partir da tentativa de convencimen-to de eleitores próximo à zona eleitoral. Isso é algo

que fere a democracia e o respeito aos candidatos. Os militantes devem se dar conta de que esse tipo de comportamento não esti-mula o debate e nos remete a algo que, se pudéssemos, apagaríamos de nossa his-tória: o voto de cabresto.

Passei a perguntar a to-dos os taxistas com quem peguei carona sobre as elei-ções. Aprendi muito. Eles me contaram suas histórias, umas mais interessantes do que as outras, críticas la-tentes ao governo e à orga-nização da sociedade como um todo. Acho que poderia virar um programa popular de televisão, para educar politicamente a população, trazendo questões práticas do dia a dia para discussão e possibilidades políticas de solução, de acordo com diferentes linhas de ação.

Observo que a política não é discutida mais nos colégios. Não essa políti-ca, mais prática. E por que não? Isso me preocupa e faz lembrar uma sociedade de repressão e alienação que não vivi. Temos a faca e o queijo na mão. Possuí-mos todos os instrumentos democráticos. Falta agora somente ir em frente e nos apoderarmos deles.

A UPP social é uma for-ma latente de se discutir política. É a convivência de forças que foram opos-tas durante muitos anos. É a pacificação de relações sociais desgastadas e a volta dos direitos cidadãos para milhões de moradores das comunidades cariocas. Mais um instrumento para gerar democracia no futu-ro, mas que, no momento, não poderia ser opcional, porque senão não se defla-graria. Entretanto, o debate a respeito se faz essencial.

João Guerreiro, coordenador de ações culturais da Ação da Cidadania, recebe menção honrosa na Alerj

Page 7: Jornal Folha da Rua Larga nº 23

folha da rua larga

empresa

Eletrobras-Eletronuclear ganha prêmio de sustentabilidade

7

marina ayres [email protected]

Divulgação

setembro – outubro de 2010

Othon Pinheiro da Silva recebe troféu criado pelo projeto Mulheres Ceramistas da Maré

No último dia 8 de ou-tubro, a Eletrobras-Ele-tronuclear foi homenage-ada com o prêmio ACRJ de Sustentabilidade 2010. A premiação destaca e valoriza as empresas do estado do Rio de Janeiro que promoveram ações de sustentabilidade. Em sua segunda edição, o presidente da Associação Comercial do Rio de Ja-neiro, Joaquim Falcão, acredita que a união do Conselho de Ética e o Conselho de Meio Am-biente da ACRJ expres-sam a postura da asso-ciação frente à questão ambiental de sustentabi-lidade, acreditando que esta não seja apenas uma questão estética, mas uma questão ética.

Durante a cerimônia, a comissão julgadora de-clarou não ter encontra-do dúvidas em relação ao vencedor desta edi-ção, por reconhecerem a importância da energia nuclear para a socieda-de no processo global de transição das fontes energéticas, e, principal-mente, por enxergarem a necessidade dessa ener-gia limpa quando as fon-tes de petróleo estiverem esgotadas. Além disso, a comissão que julgou as empresas participantes se empenhou em considerar que a vencedora apresen-tasse o melhor desem-penho em todos os crité-rios de avaliação, como o cumprimento da legisla-

ragem, entendimento das transformações tecnológi-cas do mundo e, sobretu-do, que o que mais polui nesse planeta é a miséria, a fome, e que para com-bater a miséria e a fome nós precisamos de energia limpa. Eu tenho certeza que, neste momento, eu falo em nome de todos os funcionários da Eletronu-clear, é uma honra muito grande para a empresa re-ceber este prêmio”, decla-rou durante seu discurso de agradecimento.

A participação da en-genheira Ruth Alves tam-bém foi considerada fun-damental pelo presidente da Eletrobras-Eletronu-clear, pois seu relatório viabilizou a entrada da empresa por concorrência ao Prêmio de Sustenta-bilidade 2010 da ACRJ. Othon Luiz destacou ain-da que “a energia nuclear é uma fonte limpa porque é o único tipo de indústria que o cidadão não convi-ve com o resíduo ou rejei-to em seu cotidiano. Essa indústria é mais segura porque tem os limites de operação de seus funcio-nários mais bem definidos do que qualquer outra in-dústria. Ao conferir esse prêmio, eu entendo como um gesto de clarividência e entendimento da reali-dade e de coragem”.

ção ambiental e trabalhis-ta, as ações realizadas na área ambiental, ações na área de responsabilidade social, dados do grau de comprometimento da em-presa e, principalmente, os resultados mensuráveis tanto na área social quan-to na área ambiental, fator determinante para a vitó-ria da Eletrobras-Eletro-nuclear Termonuclear SA.

O prêmio foi entregue ao presidente da empre-sa, Othon Luiz Pinheiro da Silva, em cerimônia realizada na Associação Comercial do Rio de Ja-neiro, no Centro da cida-de.

O troféu foi confeccio-nado pelo projeto Mulhe-res Ceramistas da Maré, desenvolvido pela Ação Comunitária do Brasil do

Rio de Janeiro, que atinge mulheres prioritariamente negras, adultas, morado-ras das comunidades da Favela da Maré e adja-cências, com baixa esco-laridade e consequente di-ficuldade de inserção no mercado de trabalho. Elas aprendem técnicas primi-tivas de origem africana de fabricação de objetos decorativos de cerâmica,

incorporando ao trabalho um conteúdo ético capaz de agregar valor ao pro-duto final.

O presidente da Eletro-bras-Eletronuclear, Othon Luiz, ressaltou a coragem da ACRJ ao conferir este prêmio a uma empresa que gera eletricidade a partir da fonte nuclear. “É um gesto de extrema co-ragem e, mais do que co-

Othon Pinheiro da Silva: “o que mais polui nesse planeta é a miséria e a fome”

Page 8: Jornal Folha da Rua Larga nº 23

esporte

Atletismo pelas ruas do Centro HistóricoMaratona Rio Antigo traz para as ruas da região da Rua Larga uma competição inédita

8folha da rua larga

Divulgação

Virgílio de Castilho durante treino no percurso da Maratona do Rio

setembro – outubro de 2010

A partir da segunda quinzena de novembro, o Centro do Rio será pal-co das ações do projeto Animando a Rua Larga, que trará um circuito de atividades culturais para a região. Um dos desta-ques desse panorama será a Maratona Rio Antigo, em que frequentadores do Centro serão convidados a participar de um even-to inédito, a ser realizado pela De Castilho Sports, patrocinado pela Light e com o apoio da subprefei-tura do Centro Histórico. A competição apresentará duas modalidades: 5 km e 10 km, com partida e chegada na Avenida Ma-rechal Floriano, a antiga Rua Larga. As inscrições começaram no dia 19 de outubro, quando entrou no ar o site oficial com todas as informações so-bre o evento. A entrega dos kits será feita nos dias 17 e 18 de dezembro, no Instituto Light.

Oscar Guerra explica porque investir em um projeto como esse: “A Li-ght está há algum tempo desenvolvendo um proje-to de revitalização na re-gião da antiga Rua Larga e adjacências. A Maratona do Rio Antigo, que estava prevista para acontecer de forma isolada, surgiu para nós como uma opor-tunidade de se integrar ao programa Animando a Rua Larga, que consiste em trazer uma série de atividades culturais com o objetivo de atrair atenção da população e poder pú-blico para a região”.

“Esta nova versão (de maratona) do Rio Antigo vem como uma alternati-va de cenário para mos-trar mais de nossa cidade”

Oscar Guerra, superin-tendente de Comunicação da Light

O carioca e ex-triatle-ta, Virgilio de Castilho,

que participou dos Jogos Pan-Americanos de San-to Domingo, em 2003, e trouxe medalha para o Brasil, explana as bases da competição: “Através do esforço da subprefei-tura do Centro, na pessoa do Thiago Barcellos, a or-ganização atingiu o ideal de percurso e logística, em conjunto com os ór-gãos competentes envol-vidos. Sem esse suporte, seria impossível realizar

algo parecido com o que estamos nos propondo a fazer no Centro da Cida-de Maravilhosa. O trecho escolhido pelo próprio subprefeito, em comum acordo com a organização do evento, irá contemplar os participantes com um asfalto totalmente regu-lar, resultado de recentes investimentos em infraes-trutura na cidade”.

Oscar Guerra , supe-rintendente de comunica-

ção empresarial da Light, fala sobre a importância de se fazer um evento desse porte na região: “Maratonas são eventos que atraem cada vez mais atenção no mundo intei-ro. O Rio já tem a sua maratona internacional oficial, apoiada pela Li-ght, e esta nova versão, do Rio Antigo, vem como uma alternativa de cená-rio para mostrar mais de nossa cidade. Trazê-la

para dentro do nosso pro-grama Animando a Rua Larga é, sem dúvida, uma forma de gerar atenção e enriquecê-lo”.

A competição, idea-lizada pelo ex-triatleta Virgilio de Castilho, em parceria com o subpre-feito do Centro, Thiago Barcellos, será realiza-da em quatro etapas. A primeira, chamada Eta-pa Rua Larga, será no dia 19 de dezembro. As

áreas de largada e che-gada acontecerão na Av. Marechal Floriano, em frente à Light, principal patrocinadora do evento. A largada será dada às 9h, com a participação de 4 mil pessoas. O evento será dividido em Corrida e Caminhada de 5 km e Corrida de 10 km. Iremos percorrer grande parte do corredor cultural e mar-cantes pontos da história da nossa cidade.

Page 9: Jornal Folha da Rua Larga nº 23

Percurso da Maratona Rio Antigo

9folha da rua larga

cultura

sacha [email protected]

setembro – outubro de 2010

Percurso 1 – 5 KM

Largada na Av. Mare-chal Floriano, em frente ao Prédio da Light. Se-guir até acesso à Rua Bento Ribeiro e entrar na pista central da Ave-nida Presidente Vargas. Depois, retorno em fren-te à Rua General Gus-tavo Barroso, seguin-do pela pista lateral da Avenida Presidente Var-gas até acesso à direita para a Praça da Repúbli-ca (Campo de Santana). Virar à esquerda na Rua da Constituição, indo em direção à Praça Ti-radentes, entrar à direita na Avenida Passos, logo depois, esquerda na Rua da Carioca, seguindo até a Rua Uruguaiana, onde entrará à esquerda sen-tido Avenida Presiden-te Vargas, para pegar a pista central. O caminho agora é a Igreja da Can-delária, o corredor rea-liza retorno abraçando

a igreja e segue pela pista lateral da Presi-dente Vargas até a Rua Uruguaiana, onde irá entrar à direita e depois virar à esquerda na Ave-nida Marechal Floriano, e partir para a Chegada no mesmo local de Lar-gada.

Percurso 2 – 10 KM

Largada na Avenida Marechal Floriano, em frente ao prédio da Li-ght. Seguir até o acesso à Rua Bento Ribeiro e entrar na pista central da Avenida Presidente Vargas. Depois, retorno

em frente à Rua General Gustavo Barroso, seguin-do pela pista lateral da Avenida Presidente Var-gas, até acesso à direita para a Praça da Repúbli-ca (Campo de Santana). Virar à esquerda na Rua da Constituição, indo em direção à Praça Ti-

radentes, entrar à direita na Avenida Passos, logo depois, esquerda na Rua da Carioca, seguindo até a Avenida Rio Branco, onde vira à direita, e no-vamente à direita para entrar na Avenida Repú-blica do Chile.

Na Avenida República do Chile, seguir até virar à direita na Rua dos In-válidos, depois esquerda na Rua do Senado, e di-reto até pegar a esquerda na Rua Tenente Possolo, no cruzamento com a Avenida Men de Sá, se-guindo depois à esquer-da na Avenida Henrique Valadares até a Praça da Cruz Vermelha. Em se-guida, o caminho é virar à esquerda na Rua Carlos Sampaio, mais uma vez à esquerda na Rua do Re-zende, e seguir direto até a Rua dos Arcos, depois Praça Cardeal Câmara e pegar o acesso para a Rua Evaristo da Veiga.

Daí, seguir até a Ave-

nida Rio Branco, virar à direita e entrar à esquer-da na Rua Santa Luzia, para chegar à Aveni-da Presidente Antônio Carlos, onde o corre-dor irá virar à esquer-da, seguir em direção à Rua Primeiro de Março e depois à Praça Pio X (Candelária), onde pas-sará pela igreja e pegará a pista lateral na Ave-nida Presidente Vargas. Então virar à direita na Rua Uruguaiana e de-pois à esquerda para entrar na Avenida Mare-chal Floriano.

Estamos próximos do fim da prova e o corre-dor deverá correr até em frente ao Instituto Li-ght, onde estará a linha de Chegada no mesmo local da Partida.

Concurso CulturalA Folha da Rua Larga está premiando os amantes de uma boa batucada!Basta escrever um texto sobre a história do samba no Rio de Janeiro. As três melhores respostas ganharão ingressos para o show do grupo Sururu na Roda, no Centro Cultural Carioca.Escreva um texto de até 15 linhas e envie para: Rua São Bento, 9 - 1º andar, ou por e-mail a [email protected]!

folha da rua larga

O trajeto previsto para a Maratona Rio Antigo está grifado em amarelo no mapa

Page 10: Jornal Folha da Rua Larga nº 23

social

Casa do Pequeno Jornaleiro educa jovens de 11 a 18 anos, antes e após o horário escolar

70 anos de incentivo aos jovens da Zona Portuária

10folha da rua larga

teresa speridiã[email protected]

Divulgação

Divulgação Divulgação

Comemoração pelo aniversário de 70 anos da Casa do Pequeno Jornaleiro, em setembro deste ano

Apresentação do coral da Casa do Pequeno Jornaleiro Alunos no refeitório da sede

setembro – outubro de 2010

Situada no bairro da Saú-de, na Rua Souza e Silva, nº 112, a Casa do Pequeno Jornaleiro (CPJ), principal projeto da Fundação Darcy Vargas, completou no mês de setembro 70 anos de existência. O superinten-dente, Sr. Francisco José Vogt, que gentilmente nos recebeu, disse que a festa de comemoração dos 70 anos foi muito bonita, com várias apresentações dos alunos como o coral, que, segundo ele, emocionou a todos.

A história do CPJ come-çou em 1940, quando a se-nhora Darcy Vargas, de for-ma pioneira, se reuniu com várias entidades, tais como a Associação Brasileira de Imprensa, presidentes e diretores do Sindicato dos Proprietários de Jornais e Revistas, presidente e dire-tores do Sindicato dos Dis-tribuidores e vendedores de jornais e revistas, além de outras instituições e per-sonalidades. Ela também articulou governo e socie-dade civil para enfrentar o problema.

Dessa forma, a senhora Darcy Vargas conseguiu concretizar seu grande ob-jetivo que era o de dar abri-go às crianças que entrega-vam os jornais e dormiam nas ruas. Inicialmente, elas saíam para vender os peri-ódicos e retornavam para dormir na instituição. Lá recebiam também serviços médicos e alimentação.

Com o passar do tempo, a CPJ foi se adequando às necessidades da sociedade e hoje funciona assim: são 300 alunos de 11 a 18 anos com quatro horas e meia de cursos e atividades diver-sas, com frequência diária e obrigatória, que com-pletam o horário escolar do jovem. A CPJ funciona em dois turnos, atenden-do, à tarde, alunos da rede pública que estudam de

manhã, e pela manhã, os alunos que estudam à tar-de. Os beneficiados são meninos e meninas mora-dores das proximidades da Zona Portuária do Rio de Janeiro. Por serem mora-dores de área considerada de risco, a instituição tenta protegê-los, mantendo-os ocupados o dia inteiro.

O horário de funciona-mento é de segunda a sex-ta-feira, de 8h a 12h30 e de

12h30 a 17 horas. As ins-talações do CPJ possuem 6 mil m², com ótimas salas de aula, quadra coberta para esporte, piscina semiolím-pica, horta e um belo jar-dim. Os cursos e atividades dos alunos são de acordo com as suas inclinações e também incluem reforço escolar diário, informática, inglês, atividade esporti-va e as seguintes ativida-des artísticas: dança, artes

plásticas e música. A casa também oferece capacita-ção profissional em marce-naria, jardinagem, auxiliar de cozinha, costura e mo-delagem industrial.

Além de tudo isso, há uma hora semanal de gru-po de reflexão, conhecida como horário educativo: trata-se de grupos de, em geral, 15 alunos, que dis-cutem sobre diversos as-suntos, inclusive o forta-

lecimento da autoestima, preparando-os psicologi-camente para construírem um projeto relevante no futuro.

O grande mérito da ins-tituição, entre tantas coi-sas, é a de ampliar a per-cepção dos alunos sobre a sociedade e o mundo atu-al. Assim, o jovem adquire maior chance de enfrentar seu futuro com segurança.

O aniversário da CPJ foi

em setembro, mês da pri-mavera. Há 70 anos a ins-tituição vem plantando a semente do saber e da edu-cação. Muitos jardins já se formaram apesar das con-dições adversas do tempo. Bons exemplos não fal-tam. A CPJ é um deles.

Page 11: Jornal Folha da Rua Larga nº 23

fabíola [email protected] da redação

Page 12: Jornal Folha da Rua Larga nº 23

cidade

Luzes sobre o Beco das SardinhasSubprefeitura diz que providenciará as autorizações necessárias para a ordenação local

12folha da rua larga

Carolina Monteiro

setembro – outubro de 2010

Thiago Barcellos dialoga com os funcionários do Beco das Sardinhas

da redaçã[email protected]

Para quem frequenta a Avenida Marechal Floriano e arredores, há unanimida-de ao se pensar no coração da região: Beco das Sardi-nhas. O lugar foi apelida-do carinhosamente dessa forma quando portugueses começaram a vender sardi-nhas empanadas no lugar. Os quitutes são conhecidos hoje como “frango maríti-mo”. O ponto obrigatório da happy hour chega a ven-der mais de seis mil sardi-nhas nas sextas-feiras de verão.

Apesar disso, de alguns anos para cá, os habituais fregueses começaram a observar problemas estru-turais, como calçamento irregular, iluminação pre-cária, lixo a céu aberto e toldos improvisados nos dias de chuva. Sr. Fernan-do, dono da Adega e Bar Quinta das Videiras, um dos cinco bares que compõem o Beco das Sardinhas, guarda há anos, em um envelope amarelado, um projeto de reurbanização para a área: “Queríamos colocar om-brelones no Beco. Existe um projeto, mas ainda não

temos a autorização para levá-lo adiante”, lamenta.

O subprefeito do Cen-tro Histórico, Thiago Bar-cellos, recebeu a reporta-gem da Folha da Rua Lar-ga em seu gabinete, e de-pois, a convite do jornal, foi ao Beco das Sardinhas. Ao

chegar lá, afirmou que se o problema fosse a falta de autorização, a partir de ago-ra estaria resolvido O sub-prefeito disse que conhece os estudos de reurbanização da área e, de acordo com a sua análise, são perfeitos.

Ao observar os toldos

improvisados, a precarie-dade de piso e iluminação das ruas no Beco das Sar-dinhas, o subprefeito pe-gou o próprio celular para marcar uma reunião com as instâncias competentes – Comlurb, Rio Luz, CET Rio – para falar sobre a re-

gião: “Vamos fazer tudo o que fizemos na Lapa Legal por aqui. Semana que vem vou colocar tudo iluminado por aqui”.

De acordo com ele, des-de que foi transferido da Barra da Tijuca para o Cen-tro do Rio enfrenta um de-

Instituto Pereira Passos apresenta projetos de renovação para o Beco

safio: “Os últimos gover-nos deixaram a Zona Por-tuária abandonada. Agora temos que lidar com todos esses anos de abandono”. O gestor se entusiasma com as promessas de no-vidades para a região: “O Porto Maravilha é o pro-jeto mais importante dos últimos 20 anos para o Rio de Janeiro. É um projeto de mudança na porta de entra-da da cidade, já que os úl-timos governos sucatearam o Porto do Rio”.

Thiago Barcellos afirma que irá estudar de que for-ma o projeto Porto Maravi-lha pretende interagir com a região da antiga Rua Larga: “Não basta ler o projetão. Preciso ir ao Instituto Perei-ra Passos e conversar com as pessoas”. De qualquer forma, ele pretende, a prin-cípio, aplicar no entorno da Avenida Marechal Floriano os mesmos moldes criados para a Lapa Legal. “Cria-mos um espaço para pedes-tres e colocamos 150 PMs, 50 GMs, 12 agentes de con-trole urbano e 60 garis tra-balhando 24 horas por dia”.

O subprefeito mencionou o projeto que está elaboran-do no momento, intitulado Vem pro Centro. Segundo ele, trata-se de uma série de eventos de sensibilização para que as pessoas que-brem a associação do Cen-tro a um lugar perigoso.

Page 13: Jornal Folha da Rua Larga nº 23

Sacabral Art Gallery é o nome do restauran-te que inaugurou em maio deste ano. Fica no número 63, esquina da Rua Sacadura Cabral com a Ladeira do Es-correga.

Percebe-se logo na entrada que não é um restaurante comum. Não sei dizer qual é o mais tentador, se o aro-ma que vem da cozinha ou a emoção de entrar em uma galeria repleta de arte. As obras artís-ticas estão por todos os cantos: paredes, janelas e teto. Outras preciosi-dades são as paredes e mesas feitas de material reciclado e que combi-nam perfeitamente com o ambiente.

Sacabral foi um pre-sente para o Morro da Conceição e entorno. O bom gosto e harmonia do lugar são perfeita-mente explicáveis. Ana Tannus, a proprietária, é artista plástica e seu esposo, Carlos Alberto de Souza, é arquite-to. Portanto, percebe--se que as coisas não são obra do acaso. A simpatia do casal é tão grande que as pessoas entram clientes e saem amigos.

Mas a incrível histó-ria da dupla não para por aí. Conversa vai,

morro da conceição A resistência do comércio na Rua Camerino

fabiola [email protected]

teresa speridiã[email protected]

Apesar da queda das vendas, empresário não deixa a região e aguarda a revitalização

folha da rua larga

13cidade

Fabiola Buzim

Fabiola Buzim

Os funcionários Edelson Afonso e Jorge Gomes, da Adelino Couro

A loja Adelino Couro: apesar da aparência antiga, grande variedade de produtos à venda

setembro – outubro de 2010

Não é preciso dar um milhão para ver outra vez Conceição

conversa vem, a arte atrai a arte, e logo, logo eles foram conhe-cer os ateliês do Morro da Conceição. Convite feito, convite aceito: no dia 29 de setembro a arte desceu o Morro e se instalou no Saca-bral.

Nesse dia, houve uma bela comemora-ção, e lá estão as pa-redes repletas de obras dos artistas do Projeto Mauá: Cláudio Aum, Paulo Dallier, Oswaldo Gaia, Guenther Leyen e Teresa Speridião.

Os artistas agrade-cem a oportunidade e os clientes, imagino, de-vem involuntariamen-te agradecer também o conforto de almoçar

vendo uma exposi-ção. O Sacabral ainda oferece happy hour às quintas e sextas-feiras. Interessantíssimo tam-bém é o chamado clu-be Vinil Senil, onde as pessoas se reúnem para ouvir discos de vinil. Tudo isso também com a presença constante e participação dos pro-prietários.

Isso é o que podemos chamar de casal Zicar-tola!

Quem passa em frente à loja Adelino Couro, na Rua Camerino, nº 130, pode até estranhar o prédio antigo e a aparência da fachada com pintura descascada, picha-ções e precisando de uma boa modernização. Mas, ao entrar na loja, pode se sur-preender com a diversida-de de produtos oferecidos: couros, estofamentos, bor-racha para calçados, mate-riais para selaria, cordas, cadarços, pelica. Apesar de sua resistência ao tempo, ela corre o risco de fechar e a Camerino perderá mais um de seus tradicionais co-mércios.

O comerciante Waldyr Costa de Vilhena, de 43 anos, afirmou que o fecha-mento será uma questão de tempo. As vendas caíram, o estoque está parado e ele precisou reduzir o número de funcionários. Para ele, houve uma diminuição no número de sapateiros e pe-quenos fabricantes. “An-tigamente, se fazia sapato por medida, agora é tudo descartável. O trabalho do sapateiro ficou desvalori-zado. Consertar fica muito mais caro do que comprar um sapato novo. Para a maioria não vale a pena”, explica. Além disso, o proprietário reclamou que aguarda há mais de sete meses uma liberação da prefeitura para reformar a fachada e lamenta: “O pré-dio é tombado, não posso reformar sem esta autori-zação e ao mesmo tempo preciso tornar este espaço mais atrativo para os meus clientes. Que decorador irá trazer o cliente dele aqui?”.

A loja está situada na Camerino há mais de 100 anos. Em 1952, o portu-guês Adelino José Neves de Vilhena comprou dos antigos sócios, assumindo a direção do estabeleci-mento. O negócio passou a ser administrado por seu filho, Newton Neves de Vilhena e viveu épocas de “ouro” tornando-se refe-rência para pequenos fa-bricantes, decoradores e

sapateiros. Quem lembra com saudade dessa época é o funcionário Edelson Afonso, de 52 anos, que trabalha há mais de 25 anos na loja. De acordo com ele, o movimento era constante e a rua tinha grande fre-quencia devido à variedade de comércio e a facilida-de para estacionar. “Mui-tas pessoas vinham aqui porque sabiam que iriam encontrar de tudo e ainda por cima seriam bem aten-didas. A gente não parava, era correria o dia inteiro e não dava nem para esto-car. Por exemplo, a cola a gente vendia lata ou latão”, relembra.

A decoração da loja ainda é original e os mó-veis – escadas, prateleiras, balcões e até um elevador

que facilitava o transporte de produtos – são feitos de madeira maciça. O imó-vel chegou a ser alugado para algumas produções da Rede Globo. O aposenta-do Mauro Andrade, de 71 anos, frequenta a loja desde que tinha 10 anos de idade, quando acompanhava o pai em suas compras. Daí acabou sendo influenciado. “Hoje em dia, temos ofer-ta, preço baixo, mas a qua-lidade caiu muito e é difícil encontrar um sapato bom, por isso prefiro conservar os meus”, afirma. Para ele, o Centro da cidade ainda é o melhor local para fazer compras. “Eu moro em São Conrado, mas sempre ve-nho aqui, tem vários atra-tivos e encontro de tudo”, garante.

O empresário Waldyr Vilhena aguarda com es-perança pelo projeto de revitalização do Centro, Rua Larga e Zona Portuá-ria. Para ele, a região tem um grande potencial co-mercial, porém não é valo-rizada pelo poder público. “Esta região tinha tudo para ser um grande centro comercial, mas está aban-donada. As pessoas têm medo de vir aqui. Quan-do comecei a ajudar meu avô e meu pai, eu tinha 15 anos. Via o amor deles por este lugar. É difícil pensar em fechar, mas o que vou fazer?”, indaga.

Page 14: Jornal Folha da Rua Larga nº 23

gastronomia

receitas carolUm botequim regado a arte e históriaBar Imaculada, no Morro da Conceição, mistura galeria de arte, bar e almoço

karina [email protected]

ana carolina [email protected]

14folha da rua larga

Ambiente acolhedor do Fim de Tarde

Caldinho de feijão

O aconchegante ambiente que une bar e galeria

O exclusivo petisco Bola Sete: bolinhos de arroz com feijão

ACP

Ovos com torrada

Carolina Monteiro

Carolina Monteiro

Carolina Monteiro

setembro – outubro de 2010

Recentemente recebi por e-mail uma reportagem so-bre os benefícios do ovo. Ricos em vitaminas e prote-ínas, eles voltaram a entrar na moda. Os ovos bons são os orgânicos, é claro, aque-les que são vindos de gali-nhas criadas soltas, alimen-tadas com grão de milho, sem hormônios, cuja gema é quase laranja! A imagem de um ovo assim é realmente deslumbrante, dá logo von-tade de comer. Confesso que eu não sou muito fã de gema mole, mas acho lindo aquele ovo molinho, com um líqui-do amarelo forte escorrendo por cima da comida. Acho que é trauma de infância... Na fazenda do meu tio, no interior de Minas, eu era obrigada a comer um ovo por dia, desses quase crus, para crescer e ficar forte.

Bom, hoje os ovos são

Ingredientes

100 g de manteiga1 colher de chá de tabasco1 dente de alhoSuco de 1 limão2 a 4 ovos2 colheres de sopa de salsa4 fatias de pão italiano

Modo de preparo:

Bata a manteiga com o ta-basco, alho e limão.Use de 2 a 4 ovos, depen-dendo da sua fome. Ferva um pouco de água com sal na frigideira e acrescente os ovos um a um. Deixe ferver

para mim apenas ingre-dientes de outras receitas, mas depois que li esse tex-to, resolvi dar mais uma chance para eles. Em casa, tenho dois fanáticos por ovos: meu marido e meu filho, de 9 meses, tão novo e já tem um paladar apura-do, seguindo os passos da família. Essa receita leva uma manteiga apimenta-da. Caprichei proposital-mente nos temperos para me ajudar com o ovo, e não é que funcionou? A torrada ficou divina, foi sucesso absoluto no café da manhã de um des-ses domingos chuvosos. Nunca vi o Rio ficar tanto tempo sem praia no final de semana! Espero que o tempo melhore, mas não deixe de se alimentar bem e se dar prazer nos dias de folga!

levemente por 3 a 4 minu-tos, assim a clara cozinha, mas a gema continua mo-linha.Derreta 2 colheres de sopa da manteiga temperada, acrescente a salsa e deixe cozinhar por um minuto.Torre o pão e espalhe a manteiga que não foi derretida, coloque os ovos e regue com a man-teiga de salsa. Polvilhe um pouco de sal e sirva imediatamente.

Almoçar observando obras de arte em um lu-gar que abriga parte da história da fundação da cidade pode parecer algo difícil de ser feito, mas é exatamente essa combina-ção que um novo espaço recentemente inaugurado no Centro do Rio oferece aos seus visitantes. Misto de bar e espaço cultural, o Imaculada Bar e Gale-ria abriu suas portas em agosto no Morro da Con-ceição, na Praça Mauá. Localizado no começo da Ladeira João Homem, a poucos metros da Traves-sa do Liceu, o belo bote-quim ocupa um simpático casario.

Nas paredes, obras de arte são expostas, enquan-to nas mesinhas, petiscos, refeições e uma farta lista de cervejas são servidos. O Imaculada, cujo nome é uma homenagem à santa padroeira do Morro, Ima-culada Conceição, é fruto da união entre dois mora-dores do local, o econo-mista Júlio Guimarães e o artista plástico Marcelo Frazão, e o casal Kátia Ibrahim, arquiteta, e Már-cio Oliveira, designer. “A ideia inicial era mon-tar apenas uma galeria de arte, mas, para ajudar com as despesas da galeria, re-solvemos montar um bo-tequim dentro dela”, ex-plica Marcelo.

O carro-chefe da casa está nas cervejas nacio-nais e importadas, nos petiscos luso-brasileiros e, mais recentemente, nas refeições que o Imaculada passou a servir na hora do almoço. Para começar, as sugestões são o bolinho de bacalhau, feito com lombo de bacalhau (R$ 17,50 a porção), e o Bola Sete, um bolinho de fei-jão com arroz (R$ 14,90 a porção).

Opções fartas e que servem duas pessoas são

o Castelo de São Jorge, uma omelete de sardinhas portuguesas com ervas e azeitonas (R$ 14,30), e o Punheta de Bacalhau, lombo de bacalhau des-fiado, marinado no azeite, cebola e azeitona, acom-panhado por torradas (R$29,50). Todos os dias são servidos também duas opções de pratos execu-tivos e duas opções à la carte. Os pratos executi-

vos custam entre R$ 12 e R$ 15. Já os à la carte, mais elaborados, como feijoada, salmão e cozido têm preços diferenciados, em torno de R$ 25.

Três garçons se reve-zam no atendimento à clientela, composta em sua maioria por músicos, artistas e moradores do morro. Além de exposi-ções, o Imaculada tam-bém recebe palestras e

lançamento de livros. A programação é bem va-riada: “Nós não temos um critério pré-definido na hora de escolher os eventos e exposições que vamos abrigar. O que bus-camos é a multiplicidade, tanto de técnica e estética como temática, não im-portando se o artista é do morro, da região, ou de longe”, afirma Marcelo.

O Imaculada abre de se-gunda a sábado. O almoço é servido até as 15h, mas a casa fica aberta até as 20h, servindo quitutes e bebidas. O melhor é dei-xar o carro em casa ou no trabalho e ir caminhando, já que não há estaciona-mento e a subida a pé é parte do passeio. Basta descer a Rua Acre e, an-tes da Av. Rio Branco, subir uma escadinha no lado esquerdo. O Imacu-lada fica logo à esquerda. Lembrando que o Morro da Conceição conserva até hoje a paz dos antigos tempos e não apresenta perigo algum.

Ladeira João Homem, 33, perto da Praça Mauá.

Fone: (21) 2253-3999

Page 15: Jornal Folha da Rua Larga nº 23

folha da rua larga

lazer

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fabiola [email protected]

Duas décadas de Curta CinemaAilton Franco Júnior chama o público para as exibições do Festival, que começa dia 28

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setembro – outubro de 2010

O diretor do Festival Internacional de Curtas, Ailton Franco Júnior, em Cannes

E agora, o que nois ramu comê”, de Luiz Batista. Um dos curtas que fará parte da mostra

LIGUE. ACESSE.ANUNCIE.

www.folhadarualarga.com.br

folha da rua larga

(21) 2233 3690

O Festival Internacional de Curtas do Rio de Janei-ro (Curta Cinema) come-mora 20 anos de circuitos audiovisuais em 2010. Os amantes do gênero poderão assistir gratuitamente a pro-duções nacionais e interna-cionais, de 28 de outubro a 7 de novembro. O destaque será a mostra Retrospec-tiva, um retrato dos prin-cipais curtas exibidos nos últimos 20 anos de evento. Será uma boa oportunidade de rever os melhores e prin-cipais curtas já produzidos e exibidos pelo festival.

O evento tem caráter competitivo e apresenta uma programação diversa, com a participação de com-petidores de mais de 30 pa-íses. Além da competição nacional, há os lançamen-tos e a mostra Panorama Carioca. Os filmes serão exibidos no Cine Odeon, Caixa Cultural, Oi Futuro e no Ponto Cine, do Guada-lupe Shopping.

Na programação es-tão previstas também ou-tras atividades, como o Workshop de Direção, a ser ministrado por Cláudio Assis, cineasta premiado por Amarelo Manga, e o Laboratório de Projetos de Curtas-Metragens, ofereci-do por David França Men-des, Nora Goulart e André Klotzel. Nesta oficina, um dos inscritos será premia-do com latas de negativo, serviços de mixagem, le-gendagem, telecine, diárias de câmera e equipamentos. O objetivo da premiação é promover a realização do

curta-metragem que mais se destacar no laboratório. E para quem curte música haverá ainda o programa especial Blogotèque, que reunirá os curtas perfor-máticos e musicais, com diferentes propostas para os gêneros de videoclipes per-formáticos e documentais.

De acordo com Ailton Franco Júnior, diretor do Festival, a expectativa é que o público se divirta e se emocione, e, principal-mente, possa prestigiar a produção mundial de cur-tas-metragens: “O Festival foi criado para ser um espa-ço de formação de público, uma porta de entrada para as produções e para ser um espaço de debate e ques-tionamento sobre a própria indústria do cinema”, co-menta.

O público esperado é bas-tante variado e, de acordo com o diretor, a cada ano aumenta a participação de jovens. Segundo Ailton, houve uma transformação no formato: “Graças à tec-nologia e aos recursos da internet, temos espaço para exibição de curtas na rede, como é o exemplo dos sites YouTube e Porta Curtas, da Petrobras, e isso fez com que muitos jovens passas-sem a conhecer e assistir mais o gênero”.

Já nas oficinas, é comum a participação de estudantes e profissionais ainda novos no mercado cinematográfi-co, que veem uma chance de aprimoramento de téc-nicas e de agregar conhe-cimentos. Ailton observa

que a produção nacional de curta-metragem cresceu em qualidade, técnicas, estilos e novas linguagens são ex-perimentadas. Com vinte anos à frente do Festival, ele avalia que o evento é de grande importância, pois foi e continua sendo a porta de entrada de muitos direto-res para o mercado audiovi-sual.

A ideia do Curta Cinema surgiu a partir da necessi-dade de criar espaços de exibição para o público carioca e reunir pessoas ligadas ao cinema, onde pudessem mostrar e assis-tir seus filmes. No entanto, segundo Ailton, a paixão virou um negócio e sua fonte de renda. “Eu hoje estou em uma posição pri-vilegiada no mercado de cinema, mas se eu tiver que carregar caixa para fazer meu negócio andar, eu faço. Adoro o glamour das viagens à Europa, mas compreendo que o merca-do brasileiro não é feito de glamour, mas de muito trabalho árduo, muitas ve-zes sem recursos financei-ros. Posso fazer qualquer trabalho na área de cine-ma, porque já suei muito nos bastidores e aprendi o quanto é difícil criar, pro-duzir e vencer nessa área. Não sou uma estrela, mas uma parte da engrenagem que realmente faz o Ci-nema nacional andar para frente”, afirma.

Page 16: Jornal Folha da Rua Larga nº 23

da redaçã[email protected]

dicas da cidade Sacramentando NoelMarcos Sacramento participará da série de homenagens a Noel Rosa, no CCL

16folha da rua larga

lazer

sacha [email protected]

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Marcos Sacramento interpretará Noel Rosa no Centro Cultural Light

setembro – outubro de 2010

O Islã é aqui

O Centro Cultural Ban-co do Brasil abarca, de 12 de outubro a 26 de dezem-bro, a exposição Islã, que traz mais de 300 obras de importantes instituições da Síria, como o Museu Na-cional de Damasco, e do Irã, como o Museu Reza Abassi. Os curadores Ro-dolfo Athayde e Daniel Farah buscaram peças re-presentativas da cultura islâmica do século XIII ao início do XX.

Galpão Aplauso

A peça Avenida Brasil – Crônicas de uma cidade a reparar está em cartaz na sede do grupo Galpão Aplauso, em Santo Cristo, durante todos os sábados de outubro, sempre às 21h. O texto do espetáculo foi

composto a partir de rela-tos dos cerca de 50 jovens que ocupam o palco, sob direção de Fernando Phil-bert.

Saiba sobre o Porto

Dia 26 de outubro, o Instituto de Pesquisa e Me-mória Pretos Novos (IPN) realizará a oficina gratuita “A história da Zona Portu-ária”, ministrada pela pro-fessora Carla Marques. O curso acontecerá das 14h às 16h, na sede do IPN (Rua Pedro Ernesto, nº 32/34, Gamboa). Após a oficina, haverá apresenta-ção do projeto Porto Ma-ravilha, com o palestrante Jorge Luiz Arraes, presi-dente da CDURP.

O projeto Noel, Feitiço do Samba homenageia o com-positor, que em tão pouco tempo de existência deixou centenas de canções inesti-máveis. Marcos Sacramento participa da série de come-morações ao centenário do artista, sediada no Centro Cultural Light, em apresenta-ção gratuita no dia 4 de no-vembro, às 12h30.

Você já havia interpreta-do canções da obra de Noel, ou foi uma pesquisa que surgiu com o convite para o projeto?

Já interpretei e gravei vá-rias músicas do Noel. Can-to sempre nos meus shows. Noel é uma paixão antiga.

Como se encontram Marcos Sacramento e Noel Rosa? Afinidades e diferenças?

Afinidades com Noel? Al-gumas. Já fui boêmio invete-rado. A diferença é que não aguentei o tranco e tive que parar com as drogas pra po-der continuar. E muitas afini-dades também com relação ao amor pelo Rio de Janeiro.

Quais as peças de Noel que poderíamos destacar no show que ocorrerá no Centro Cultural Light?

Triste cuíca é sagrada no meu repertório. Dama do ca-baré, Meu barracão. Estão no repertório porque as con-sidero obras-primas.

Em sua opinião qual é o maior legado de Noel Rosa para a música popu-lar e a cultura brasileira?

Noel é paradigmático. A música popular brasileira

se divide em antes e depois dele. Inovou na poética. Criou um estilo. Você ouve e saca logo que é ele.

O Centro do Rio foi muitas vezes cenário ins-pirador para as músicas de Noel. Como você se relaciona com o Centro da cidade? Acha que o bairro hoje pode ser ins-pirador para os artistas brasileiros?

Acho. Adoro o Centro do Rio. Moro no Centro, em Santa Teresa, e estou sempre flanando pelas ruas da cidade. Continua, sim, como fonte de inspi-ração.