folha da rua larga 35

16
Está prevista para o dia 15 de novembro a abertura do Museu de Arte do Rio, na Praça Mauá. O espaço abrigará exposições e produzirá catálogos, debates e plataformas multimídias. Já a Escola do Olhar, que se ocupará da educação associada à arte, ficará no prédio anexo ao antigo Palacete D. João VI e tem inauguração prevista para 2013. Um jovem gravurista entre o Morro da Conceição e a Prainha Pais, alunos e funcionários das escolas Pe. Dr. Francisco da Motta e Sonja Kill, ambas no Morro da Conceição, lideram movimento em busca de recursos para manutenção dessas instituições. Revitalização da Rua Larga | Zona Portuária | Centro do Rio DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Nº 35 ANO V RIO DE JANEIRO | SETEMBRO – OUTUBRO DE 2012 O MAR, Museu de Arte do Rio, já tem data para inauguração páginas 7 a 9 Teresa Speridião traz o perfil do gravurista Thiago Martinho. Residente no Morro da Conceição, seu ateliê fica na Ladeira João Homem, 68. Escolas da região ameaçam fechar as portas página 3 Página 13 página 14 O astrofísico Carlos Roberto Rabaça dará aulas de observação do céu, no Observatório do Valongo, como parte da programação das Oficinas Abertas do Projeto Mauá. Ele fala sobre sua experiência de promover a educação através da cultura. página 4 Valongo promoverá oficina de observação do céu nossa rua cidade Comerciantes da Gamboa preparam programação especial para a primeira edição do Festival Sabores do Porto, a ser realizado nos dias 24 e 25 de novembro. A ideia é promover os pequenos produtores locais e criar um roteiro para visitação. página 12 Festival Sabores do Porto apresenta biroscas da Gamboa Lielzo Azambuja página 5 Kombinado lança “Ouriço” e outras inovações para a happy hour gastronomia cultura Yara Lopes Sacha Leite Um centro cultural para o Morro da Conceição folha da rua larga

Upload: instituto-cultural-cidade-viva

Post on 31-Mar-2016

216 views

Category:

Documents


3 download

DESCRIPTION

Jornal de circulação gratuita no Centro do Rio e Zona Portuária

TRANSCRIPT

Page 1: Folha da Rua Larga 35

folha da rua larga

Está prevista para o dia 15 de novembro a abertura do Museu de Arte do Rio, na Praça Mauá. O espaço abrigará exposições e produzirá catálogos, debates e plataformas multimídias. Já a Escola do Olhar, que se ocupará da educação associada à arte, ficará no prédio anexo ao antigo Palacete D. João VI e tem inauguração prevista para 2013.

Um jovem gravurista entre o Morro da Conceição e a PrainhaPais, alunos e funcionários das escolas Pe. Dr. Francisco da Motta e Sonja Kill, ambas no Morro da Conceição, lideram movimento em busca de recursos para manutenção dessas instituições.

Revitalização da Rua Larga | Zona Portuária | Centro do Rio DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Nº 35 ANO VRIO DE JANEIRO | SETEMBRO – OUTUBRO DE 2012

O MAR, Museu de Arte do Rio, já tem data para inauguração

páginas 7 a 9

Teresa Speridião traz o perfil do gravurista Thiago Martinho. Residente no Morro da Conceição, seu ateliê fica na Ladeira João Homem, 68.

Escolas da região ameaçam fechar as portas

página 3 Página 13

página 14

O astrofísico Carlos Roberto Rabaça dará aulas de observação do céu, no Observatório do Valongo, como parte da programação das Oficinas Abertas do Projeto Mauá. Ele fala sobre sua experiência de promover a educação através da cultura.

página 4

Valongo promoverá oficina de observação do céu

nossa rua

cidade

Comerciantes da Gamboa preparam programação especial para a primeira edição do Festival Sabores do Porto, a ser realizado nos dias 24 e 25 de novembro. A ideia é promover os pequenos produtores locais e criar um roteiro para visitação.

página 12

Festival Sabores do Porto apresenta biroscas da Gamboa

Lielzo Azambuja

página 5

Kombinado lança “Ouriço” e outras inovações para a happy hour

gastronomia

cultura

Yara Lopes

Sacha Leite

Um centro cultural para o Morro da Conceição

folha da rua larga

Page 2: Folha da Rua Larga 35

setembro – outubro de 2012

nossa rua

O que você acha da realização de uma festa literária na Zona Portuária do Rio de Janeiro?

Eduardo Glioche Novelli,vendedor de livros

“Uma ideia maravilhosa e que nunca teve nesta região, na qual nasci e convivi. Tomara que comece por aqui e dissemine por toda a cidade. Precisamos de mais histórias. De mais paixões e literatura. Precisamos é de mais cultura!”

Cláudia Tuorto,jornaleira

“Acho muito válido a realização, porque per-mite a participação de diferentes tipos de pessoas e classes sociais. Espero que seja barato para se frequentar, pois o que difi-culta, muitas vezes, a participação das pes-soas na cultura são os altos preços.”

“Há 38 anos no Rio, nunca vi tantas melho-rias sendo destinadas à nossa região. Uma festa literária também será muito bem-vin-da. Trará mais cultura e atividades diferen-ciadas para o povo, não só da região, mas de todo o Rio. ”

José Leone Barbosa, vendedor ambulante

Yuri Maia

Yuri Maia

Yuri Maia

folha da rua larga

espaço dos leitores

2folha da rua larga

Redação do jornalRua São Bento, 9 - 1º andar - Centro

Rio de Janeiro RJ - CEP 20090-010 - Tel.: (21) 2233-3690

www.folhadarualarga.com.br [email protected]

A Folha da Rua Larga recebe opiniões sobre todos os temas. Reserva-se, no entanto, o direito de rejeitar acusações insultuosas ou desacompanhadas de docu-mentação. Devido às limitações de espaço, será feita uma seleção das cartas e, quando não forem concisas, serão publicados os trechos mais relevantes. As cartas devem ser enviadas para a Rua São Bento, 9 sala 101 CEP: 20090-010, pelo fax (21) 2233-3690 ou através do endereço eletrônico [email protected].

Conselho Editorial - André Figueiredo, Carlos Pousa,

Francis Miszputen, João Carlos Ventura, Mário

Margutti, Mozart Vitor Serra

Direção Executiva - Fernando Portella

Editora e Jornalista Responsável - Sacha Leite

Colaboradores - Ana Carolina Portella, Fernando

Portella, Yuri Maia, Lielzo Azambuja, Mário Margutti,

Raphael Vidal, Teresa Speridião e Thiago Martinho

Projeto gráfico - Henrique Pontual e Adriana Lins

Diagramação - Suzy Terra

Revisão Tipográfica - Raquel Terra

Produção Gráfica - Paulo Batista dos Santos

Impressão - Maví Artes Gráficas Ltda.

www.maviartesgraficas.com.br

Contato comercial - Teresa Speridião

Tiragem desta edição: 6.000 exemplares

Anúncios - [email protected]

Enviada pelo leitor

Lixo em seu lugarSou morador da região e tenho ficado impressionado

com a falta de educação das pessoas, principalmente, no que se refere ao lixo. Acabaram de instalar um sistema para lidar de outra forma com o lixo, mas as pessoas per-manecem jogando a céu aberto. Ô Rio...

Nelio Pavão

Onde está a Folha?Gostaria de saber onde posso encontrar o jornal. Vocês

têm pontos fixos de distribuição?

Carolina DominguesOlá Carolina,Agradecemos o contato. Pretendemos aumentar a tira-

gem do jornal e expandir os pontos de distribuição em breve. Informaremos a novidade na página da internet www.folhadarualarga.com.br. Acompanhe!

da redação

Prédios abandonadosHá pouco tempo li que a atriz Sônia Braga está a frente

de um projeto relacionado à denúncia de prédios aban-donados no Centro. A maioria desses edifícios possui so-mente a fachada e apresenta risco de desabamento. Eu trabalho no Centro e temo esse tipo de abandono. Já que os órgãos de regulação e fiscalização não tomam uma providência, proponho que nós, cidadãos, adiramos a campanha da atriz que, além de personagens provocativas no cinema e na TV, também já liderou outras campanhas corajosas pela cidade.

Adilson dos Santos

Acesse www.folhadarualarga.com.br e leia matérias exclusivas:

• Domingos Naveiros, diretor do INT, dá dicas de como aproveitar bem a Semana Nacional de Ciência e Tecnolo-gia, que acontece entre os dias 15 e 21 de outubro.• Maurício Baia grava videoclipe na Providência, primei-ra favela do Brasil, situada na Zona Portuária do Rio.

Page 3: Folha da Rua Larga 35

setembro – outubro de 2012 folha da rua larga

nossa rua

sacha [email protected]

Escolas de referência na região ameaçam fechar as portas

3

Márcia Regina Alves

Manifestação de pais e alunos para chamar atenção das autoridades e empresários locais

Sonja Kill e Padre Francisco da Motta precisam de R$ 250 mil mensais para manutenção

sacha [email protected]

Há cinco meses, pais de alunos da Escola Padre Dr. Francisco da Motta e do Co-légio Sonja Kill, na Saúde, ficaram cientes de que a edu-cação gratuita e de qualidade de seus filhos tem destino in-certo. Isso porque a Venerá-vel Ordem Terceira, entidade que atua na administração dessas escolas filantrópicas no Adro desde a sua funda-ção, enfrenta uma grave crise financeira. Por causa disso, em junho, pais e professores começaram uma mobiliza-ção pelas redes sociais em prol de alternativas possíveis para que a centenária institui-ção de ensino não encerre as suas atividades.

Pe. Francisco Motta e Son-ja Kill não somente oferecem aulas do currículo tradicional aos mais de 1,3 mil alunos, como também fornecem en-sino de três idiomas estran-geiros: inglês, espanhol e

alemão. As escolas são man-tidas pelos recursos recebi-dos do Hospital São Francis-co, na Tijuca, que passa por uma séria crise econômica. Além disso, desde que a con-tribuição de amigos alemães da família Kill – que finan-ciou a expansão da escola, em 2003 – acabou, no início deste ano, a situação finan-ceira se agravou. De acordo com representantes da VOT, seria necessária uma cifra de R$ 230 a R$ 250 mil por mês para a manutenção de ambas as instituições.

Segundo Taiza Della Libe-ra, diretora geral das escolas, a opção de se cobrar mensa-lidade dos alunos está fora de cogitação: “Pensamos em cotizar, buscar parceiros. A associação de Amigos da Es-cola está sendo criada e agre-gará pais, professores, ex--alunos e quem mais quiser ajudar.” A intenção do grupo

que está sendo formado é manter a estrutura de mais de 100 anos da instituição católica, métodos e valores consolidados ao longo de sua existência e buscar patroci-nadores.

Já os próprios alunos e seus respectivos pais estão

alarmados com a hipótese de a escola fechar as portas. “Re-gistramos no conselho tutelar. Fizemos um abaixo-assinado pedindo que os órgãos prote-tores dos direitos das crianças tomassem uma providência. Conseguimos muitas assina-turas com uma rápida mobi-

lização. No 7 de setembro, as crianças desfilaram com fitas pretas simbolizando o luto pela possibilidade de perde-rem a escola”, conta Márcia Regina Alves, mãe e avó de nove alunos e ex-alunos das escolas. Ela acredita que o manifesto serviu para sensi-

bilizar os empresários locais. Para a professora Cata-

rina Capella, a ajuda das empresas da região é fun-damental: “Enquanto os empresários locais não souberem o que se passa, não poderão ajudar”. Outra hipótese cogitada foi a mu-nicipalização da escola, no entanto, a estrutura existen-te tal como é seria perdida.

No dia 26 de setembro, o arcebispo do Rio de Janei-ro, Dom Orani João Tem-pesta, celebrou uma missa de ação de graças pelos 115 anos de fundação da Escola Padre Francisco da Motta, no próprio prédio da ins-tituição. Ele declarou que todos deveriam rezar pelo futuro das duas escolas.

Page 4: Folha da Rua Larga 35

da redação

redaçã[email protected]

nossa rua

Uma busca pela interseção entre a ciência e as artesAstrônomo defende que a educação de qualidade deve ser perseguida através da cultura

4folha da rua larga

Sacha Leite

setembro – outubro de 2012

Rabaça contempla a vista panorâmica do Observatório do Valongo

Apesar de nada terem a ver entre si, o professor Carlos Roberto Rabaça coordena, há cinco anos, os cursos de extensão do Observatório de Astronomia do Valongo e o Projeto Mauá, este que reúne artistas plásticos do Morro da Conceição. Ele explica como associa iniciativas tão distintas: “Como o governo não investe em educação, uma solução é trabalhar a educação através da cultura. Essa é a relação que vejo en-tre as duas atividades”.

Este ano, o Projeto Mauá – coletivo de artistas plásti-cos residentes no Morro da Conceição – promove um ci-clo de oficinas de artes com inscrições gratuitas. Rabaça conta que, pela primeira vez, será incluída a oficina de As-

tronomia no ciclo e ele será o facilitador: “A Astronomia exerce um fascínio muito grande sobre as pessoas. Tem um quê de existencialismo, de filosofia e interessa pesso-as de todas as idades”.

O professor fala de seu principal intuito como edu-cador : “Hoje minha preocu-

pação não é formar astrôno-mos, mas, sobretudo, tenho o compromisso de formar cidadãos com a capacidade de olhar a ciência e fazer com os mais diversos olha-res. Levar a materialização dos conceitos científicos às artes, música, literatura...”. Segundo Rabaça, a exposi-

ção Olhares para o céu, que esteve em cartaz no Centro Cultural dos Correios, foi um exemplo disso.

E para quem questiona o fato de um cientista se inte-ressar em interagir com um coletivo de artistas plásticos, ele declara: “O Projeto Mauá precisa ir além da arte e em prol da cultura. O fato de va-lorizar a cultura não é uma depreciação da arte, ao con-trário. A arte agrega valor à cultura. Com isso, é possível atrair diversos olhares e afinidades com os múltiplos tipos de arte”.

Morro da Conceição sedia mais uma edição do

Projeto Mauá

Na sua décima segunda edição, o Projeto Mauá ofe-

rece ao público do Morro da Conceição e moradores da Região Portuária as Oficinas Abertas, durante os meses de outubro e novembro. A pro-posta é a reunião dos artistas do Projeto Mauá, moradores e instituições num grande en-contro cultural com a promo-ção de diversas oficinas gra-tuitas, incluindo o material. No dia 08 de dezembro, os ateliês estarão abertos para apresentar o resultado dos trabalhos realizados pelos alunos.

Ao todo, serão oferecidos nove cursos: Dez dicas para fotografar melhor, Técnicas de pintura em camisetas, Pintura com tinta acrílica sobre tela, Gravura em ma-deira, Restauro de estuques ornamental em fachadas,

Douramento de madeira e gesso, Velas de decoração e Cerâmica artística. De forma integrada ao Projeto Mauá, o Observatório do Rio de Ja-neiro irá oferecer a Oficina de Identificação do Céu.

As inscrições podem ser feitas na Ladeira João Ho-mem, 52, Morro da Concei-ção, das 9h às 18h. As vagas são limitadas. As aulas serão ministradas por tradicionais artistas do morro como o pin-tor Paulo Dallier.

A realização é da Fábrica Cultural Holding, atual par-ceira do projeto, e conta com patrocínio da Concessionária Porto Novo.

Page 5: Folha da Rua Larga 35

folha da rua larga

entrevista

5

Yara Lopes

Morro da Conceição ganha Casa de Cultura do PortoIdealizadores do FIM criam centro cultural para atrair a participação de moradores e valorizar a região

setembro – outubro de 2012

Júlio Silveira, Raphael Vidal, Vinícius Jatobá e Zé Gustavo são os criadores da Casa de Cultura do Porto

sacha [email protected]

Depois de convencer boa parte da vizinhança do Morro da Conceição de que o Fim de Semana do Livro no Porto (FIM) é um projeto válido, Raphael Vidal concluiu que apenas dois dias a cada ano talvez fosse pouco para mudar algumas questões impor-tantes. Uma delas é que, segundo ele, o Caminho do Valongo, reformado recentemente pelo projeto Porto Maravilha, já estaria sendo novamente utiliza-do como ponto para uso de drogas. Em busca de uma solução para tal problema, Vidal se reuniu com seus parceiros do FIM, Júlio Silveira, Vinícius Jatobá e Zé Gustavo, que juntos conceberam a Casa de Cultura do Porto.

Localizada na Ladeira Pedro Antônio, número 32, a casa se propõe a pro-mover atrações semanais com foco no envolvimento permanente com o espaço. Segundo Vidal, o Caminho do Mirante do Valongo será ocupado para a reali-zação de inúmeras ativida-des culturais, como ofici-nas, encontros com escri-tores, contações de histó-rias e outras. Dessa forma, eles pretendem promover uma mudança de dinâmica no espaço, a ponto de ins-pirar preservação, cuidado e lazer em vez de depreda-ção, descaso e vandalismo nesse importante mirante da cidade.

Qual é o mote principal da Casa de Cultura do Porto?

Promover atividades se-manais que tenham como objetivo o beneficiamen-to local, com formação qualificada na cultura. A reurbanização da Região Portuária deve ter seu retor-no também no patrimônio imaterial – como trabalhar o conhecimento da história local com as manifestações artísticas – que tem poten-cial para fortalecer os mora-dores diante do processo de gentrificação do local.

Ocupar os espaços pú-blicos com atividades cul-turais é contribuir para o processo de pertencimento que retornará para o poder

público em manutenção e preservação dos mesmos pelos próprios moradores. Ocuparemos o Caminho do Mirante do Valongo com oficinas, exposições, aulas--passeio, encontros com escritores, contações de histórias, teatro, música, ci-neclube, etc.

De que maneira o espa-ço será utilizado? Haverá uma biblioteca no local?

A Casa de Cultura do Porto é um grande salão que abrigará uma sala de leitura com biblioteca, além de oficinas, cineclube, etc. Mas não ficaremos somente no espaço da casa. Vamos ocupar o Mirante do Cami-nho do Valongo nos finais

de semana, com atividades infantis, contribuindo para o processo de pertencimen-to do local pelos moradores.

Qual é a importância desse centro cultural ser ocupado e dirigido por moradores?

Ao promovermos ativi-dades que dialoguem com a identidade e a memória da Região Portuária, benefi-ciando os moradores locais com o acesso a bens cultu-rais, estimulamos a econo-mia criativa. Compartilhan-do a ideia de bem imaterial como patrimônio, pretende-mos minimizar o processo de gentrificação da região, pensando como desenvol-ver, por meio da exploração

cultural, novos negócios que levam o impacto finan-ceiro para os moradores.

Até o momento existe alguma espécie de atenção especial dada às crianças da região?

Atenção especial pelo poder público ainda é nula. Agora a Associação de Mo-radores e Amigos do Morro da Conceição está se movi-mentando aos poucos, ten-tando correr atrás do tempo, batalhando pela manuten-ção da escola filantrópica da VOT e realizando a fes-ta do dia das crianças, por exemplo. Nós iremos con-tribuir com isso. Eu tenho duas crianças e quero que elas cresçam ali.

Como se dá a interseção entre o FIM e a Casa de Cultura do Porto?

Queremos que todas es-tas ações sejam base para o Fim de Semana do Livro no Porto, em outubro de 2013. O fim – como finalidade – é a transformação pela cultu-ra.

Há algum plano para a sustentabilidade da Casa?

Além de apoios já confir-mados de empresas, como a Concessionária Porto Novo, nós montamos um coletivo de pessoas ligadas à área cultural, que é o que mantém o Instituto FIM.

Se alguém se interessar em participar com ideias ou ajuda financeira, como deve proceder?

Entrar em contato pelo e-mail: [email protected].

A Casa de Cultura do Porto promoverá ativida-des socioeducativas. Estão previstas parcerias com as escolas locais?

A nossa filosofia de ações tem como referência o di-álogo. Nesse sentido, bus-caremos parcerias com as escolas, ateliês, o Observa-tório do Valongo, a 5ª DL, o Instituto Light, etc.

Page 6: Folha da Rua Larga 35

Cliques Rua Larga boca no trombone

fernando portella

[email protected]

O anoitecer na Praça Mauá - uma das regiões mais emblemáticas da cidade - sempre pode surpreender

O artista plástico Ernesto Neto transformou a antiga Estação Leopoldina em uma enorme escultura interativa

6folha da rua larga

nossa rua

Sacha Leite

setembro – outubro de 2012

Daniel Marenco

ARTE & CULTURA

Arte não é cultura. Cultura é valor, gera com-portamentos. A arte é um processo que percorre as veias da alma, do sentir, passa perturbadora pela mente (onde mora a cultura), e se realiza obra na realidade. A cultura é regra, lei, forma de pensar de um e de milhões de pessoas. Ela nasce, institui-se, morre, pode renascer, durar muito ou pouco, como ser enterrada viva. A arte é provocadora, balança os alicerces culturais, ou valoriza-os, depende da época, do momento, da causa. A cultura é hábito que se repete, pode ser burra, inteligente, escrita, estudada, decifrada, publicada, difundida. A arte sacode o normal e a moral, revela outros mundos escondidos no óbvio, desperta desejos, desrespeita o metódi-co, transpassa, mistura coisas nunca misturadas, desafia lógicas, desconsidera os acadêmicos. A cultura é ontem e hoje e pode não ser mais nada amanhã. A arte, se quiser, pode trazer o passa-do, instalar-se no presente e apontar o futuro. A cultura pode ser um pudor, enquanto a arte, se desejar, levanta sua saia. A arte corre pela praia e deixa culturas em suas pegadas. A arte provo-ca a identidade cultural, diversifica-a. A cultura é segura, a arte é inquieta. Cultura é tradição, impregna, viaja de geração a geração, transpor-ta hereditariedades, costumes, invade as mentes, dogmatiza, diz o que pode e o que não pode. A arte, se quiser, pode substituir o velho pelo novo, vice-versa, compor uma nova música, recompor, misturar os ritmos, desafinar afinadamente, ridi-cularizar um hino, ou cantá-lo diferente. O cul-to do amor é diferente da arte de amar, que faz transar o corpo com a essência e goza longe do altar – nunca se repete. A cultura é moda, a arte não tem compromisso com as estatísticas, ela arrisca e planeja depois que experimenta. A cul-tura vê, a arte enxerga. A cultura veste, maquia, enfeita, plastifica, enquanto a arte despe, borra e desconstrói a mesmice. A cultura pode prote-ger ou destruir a natureza, queimar, poluir rios, matar tudo o que for contra sua verdade. A arte nasce, cresce, morre, lança sementes, sobrevive ou não, não pode ser destruída, se autodestrói. A arte filma através de um novo olhar, a cultura capta a imagem e cria um hábito de se compor-tar. A cultura é o que se acredita, a arte é o que transforma os credos ou os valoriza. A cultura é analisada no divã, a arte liberta o mundo dos analistas. A cultura se ensina desde pequeno, a arte questiona o que se aprende. A cultura pode meter medo, ou tranquilizar diante do certo e do errado. A arte é o medo intangível, onde o certo pode ser errado e o errado o certo. Os órgãos de cultura são caixas que querem guardar as artes em compartimentos, que sacodem as grades para não se tornarem apenas valores de minorias sem cultura. A dança com arte é a referência ao belo, a cultura repetitiva dos movimentos é ginástica. Tudo o que escrevo vem do que eu penso e a minha arte duvida. Uma coisa apenas, a arte e a cultura não provocam, não modificam, não des-troem a lenda.

Page 7: Folha da Rua Larga 35

folha da rua larga

7setembro – outubro de 2012

cultura

MAR: o impacto cultural do novo museu de arte do Rio

Divulgação

Artistas da vizinhança estão otimistas, mas querem uma interação produtiva com a nova instituição

Está prevista para o dia 15 de novembro a inaugu-ração de uma das princi-pais âncoras culturais do projeto Porto Maravilha: MAR (Museu de Arte do Rio de Janeiro). Trata-se do primeiro museu municipal de grande porte da Cidade Maravilhosa. A administra-ção ficará a cargo do Grupo Odeon, uma OS que já cui-da da Praça da Liberdade, em Belo Horizonte, e re-ceberá da prefeitura do Rio R$ 1 milhão por mês para manter a nova entidade fun-cionando.

Do ponto de vista arqui-tetônico, o MAR conjuga-rá dois prédios, um antigo e um moderno. O museu propriamente dito ficará instalado no antigo Palacete Dom João VI, imóvel tom-bado, construído no século passado e totalmente restau-rado para abrigar oito salas de exposição, divididas em quatro andares. As instala-ções administrativas fun-cionarão no prédio anexo, originalmente um terminal rodoviário, que acolherá as atividades da Escola do Olhar, um centro educativo focado na formação de pro-fessores da rede pública de ensino, que depois levarão seus alunos para visitar o museu, criando plateia para as artes plásticas.

Conforme projeto de-senvolvido pela empresa carioca de arquitetura Ber-

nardes + Jacobsen, os dois prédios são interligados por uma passarela suspensa ao lado dos últimos andares. Os visitantes entrarão pelo prédio anexo, subirão por elevador até o terraço, onde haverá um restaurante e uma cobertura ondulada e, após chegar ao museu pela passarela, visitarão as expo-sições de cima para baixo.

Perfil de atuação

A comunidade artística do Rio aguarda a abertura do novo museu com otimis-mo, prevendo um impacto cultural positivo na Região Portuária e em toda a cida-de. O otimismo se justifica: seguindo recomendações da Unesco, as atividades do MAR abrangerão pesqui-

sa, coleta, documentação, preservação e devolução à comunidade carioca de bens culturais, na forma de exposições, catálogos, pla-taformas multimídias e pro-gramas educacionais.

A missão cultural do mu-seu, seu calendário e sua programação, a composi-ção do seu acervo e da sua biblioteca, a estruturação dos eventos educativos e a edição de publicações, en-tre outras atividades, serão definidas por um comitê liderado pelo crítico de arte Paulo Herkenhoff, principal curador do museu. A expo-grafia está a cargo de Leila Skaff e a identidade visual é assinada por Jair de Souza.

Em princípio, o MAR não teria acervo, mas o curador Herkenhoff virou

o jogo e está mobilizando aquisições e doações de obras para a instituição. O primeiro passo foi dado pela prefeitura, que adqui-riu uma paisagem do Rio assinada por Tarsila do Amaral e um banco barroco do pintor mineiro Alberto Guignard. Entre as doações realizadas (mais de 300, se-gundo informou Herkenho-ff à imprensa), estão obras de Volpi, Joaquim Tenreiro e do escultor contemporâ-neo Tunga, além de fotos e documentos históricos. Para executar seu progra-ma, o MAR contará tam-

bém com empréstimos de obras pertencentes a algu-mas das melhores coleções de arte do Brasil, públicas ou privadas.

A Escola do Olhar

Com abertura previs-ta para o início de 2013, a Escola do Olhar será co-ordenada pela pedagoga Stela Barbieri, que já atuou como curadora educacional da 30ª Bienal de São Paulo. A escola funcionará em si-nergia com o museu e será um ambiente para produ-ção e provocação de expe-A artista plástica Stela Barbieri será a curadora educacional do MAR e da Escola do Olhar

Page 8: Folha da Rua Larga 35

cultura

8folha da rua largasetembro – outubro de 2012

riências, coletivas e pesso-ais, com foco principal na formação de educadores da rede pública de ensino. Além disso, terá também um programa acadêmico, desenvolvido em colabora-ção com universidades bra-sileiras, para discutir arte, cultura da imagem, educa-

ção e práticas de curadoria.Em entrevista para a Fo-

lha da Rua Larga, Stela afirmou que a ação da Es-cola do Olhar terá ênfase “na formação de professo-res do ensino fundamental, no sentido de ampliar seus conhecimentos de arte, de modo que possam trabalhar

com arte contemporânea, e que possam refletir e estu-dar sobre temas atuais, tudo enriquecido por ateliês prá-ticos”. Para ela, a escola que nasce junto com o MAR terá a missão de promo-ver “um contato vivo com a arte, gerando, inclusive, encontros de professores e

estudantes da rede pública com criadores contemporâ-neos”. Quanto às parcerias com as universidades, o objetivo da pedagoga será “promover seminários com as instituições de ensino superior, nas áreas de Filo-sofia, Design, Arquitetura e Artes Visuais, de forma

colaborativa, para que as questões do museu possam ser tratadas no ambiente acadêmico e vice-versa”.

As primeiras

exposições do MAR

O MAR será inaugurado, em princípio, com as se-

guintes exposições (regis-tramos aqui o percurso de ida do andar mais elevado ao térreo, o mesmo cami-nho que o público terá de fazer):

O quarto piso exibirá uma mostra de paisagens e docu-mentos inéditos do Rio de Janeiro.

No terceiro pavimento, ficará A arte brasileira e internacional, com peças da coleção de Jean Boghici, com obras de Kandinsky e Tarsila do Amaral, e outros.

Já no segundo nível, Herkenhoff montará a ex-posição Vontade construti-vista, com 150 das cerca de 200 peças da coleção do ca-sal Hecilda e Sérgio Fadel. Serão apresentados traba-lhos de Lygia Pape, Lygia Clark, Sérgio Camargo e Cildo Meireles, entre outros artistas.

Por fim, no térreo, a mostra Abrigo, poética e o direito de morar reuni-rá obras contemporâneas que dialogam com a crôni-ca Mineirinho, de Clarice Lispector (em seu texto, a escritora opõe o sentimento de um habitante nativo ao de um forasteiro). Entre os selecionados, trabalhos de Flávio de Carvalho, Miguel

BJA - Museu de Arte do Rio de Janeiro - Perspectiva Frontal

BJA - Museu de Arte do Rio de Janeiro - Perspectiva Fundos

Divulgação

Divulgação

Page 9: Folha da Rua Larga 35

9folha da rua larga

culturasetembro – outubro de 2012

mário [email protected]

Rio Branco, Paula Trope e do Grupo Usina.

A expectativa dos diri-gentes do museu é de rece-ber de 500 a mil visitantes por dia.

Relações do novo museu com a vizinhança

O MAR se instalará na Praça Mauá, na vizinhan-ça do Morro da Conceição, onde um grupo de artistas já desenvolve diversas ativida-des há nove anos. O chama-do Projeto Mauá abre as por-tas de seus ateliês à visitação pública tradicionalmente em dezembro, próximo ao Dia da Conceição. Liderado pelo artista e morador Marcelo Frazão, o projeto já existe há nove anos e seus participan-tes ficaram na expectativa de uma interação positiva com o novo Museu.

A primeira oportunidade aconteceu em agosto pas-

sado. Um dos curadores do MAR, o crítico Rafael Cardoso, procurou o apoio de Carlos Roberto Rabaça, professor de astronomia e coordenador de extensão do Laboratório do Valongo, da UFRJ, localizado no Morro da Conceição. Rabaça apro-ximou o crítico dos artistas e surgiu a ideia de fazer uma edição do Projeto Mauá como uma quinta exposição do MAR, extramuros, além das quatro mostras acima referenciadas.

Infelizmente, o museu não pôde ser inaugurado na mesma época e a propos-ta se perdeu. Entretanto, a prefeitura apoiou o turismo local e a Fundação Roberto Marinho fez um vídeo in-titulado O Morro e o Mar, um documentário do qual participaram os artistas que moram nas antigas ladeiras da região.

Marcelo Frazão conside-

rou que o vídeo, de 12 mi-nutos de duração, ficou re-almente bonito, e acrescen-tou: “Ele aborda os artistas do Morro, a vida dos seus moradores e um pouco do museu, mas não ficou claro como vai ser a interação do MAR com seus vizinhos”. Sua expectativa é que “o museu dialogue realmen-te conosco, que haja uma troca de ideias, que a ideia da quinta exposição extra-muros possa ser realizada no futuro, pois creio que o MAR será muito bom para a cidade, desde que faça ações reais e não apenas atividades para gerar estatísticas positi-vas”.

Já Carlos Roberto Rabaça faz uma crítica a essa primei-ra ação conjunta: “A Funda-ção Roberto Marinho de-veria ser parceira das ações culturais que já existem de fato no Morro, como é o caso do Projeto Mauá, em

vez de criar um evento com outro nome, se apropriando do que já existe”. Rabaça acredita que o apoio direto ao Projeto Mauá é a melhor forma que a Fundação teria para agregar valor ao traba-lho já realizado pelos artis-tas. Porém ele realçou que o evento levou grande número de visitantes aos roteiros tu-rísticos do Morro, sendo que “só o Observatório do Va-longo recebeu 900 pessoas num único final de semana”.

Algumas opiniões

O pintor Paulo Dallier, que acabou de completar 80 anos, ficou feliz com o saldo turístico gerado pelo evento O Morro e o MAR: “O documentário ficou ma-ravilhoso e recebemos mais de dois mil visitantes. Só através dos guias turísticos que atuam na região foram 1.650 pessoas”. De acordo

com Dallier, as oficinas de arte realizadas também rece-beram um bom fluxo de pes-soas: “Veio gente de Copa-cabana, Santo Cristo, Saúde, e isso é muito bom. Quando esteve aqui, o prefeito Edu-ardo Paes percebeu a força do grupo de artistas que vive no Morro e resolveu nos dar uma força. Creio que foi ele o maior estimulador do evento. Afinal, o Morro é o que resta da arquitetura do início do Rio, o potencial turístico da região é muito grande”.

Já a artista plástica Teresa Speridião, também morado-ra do Morro da Conceição, espera um apoio maior do museu: “Poderia haver um estande dentro do MAR, com exposição de obras dos artistas radicados no Morro. Esse estande seria perma-nente e haveria rodízio das obras. Assim o museu indi-caria para o público seus vi-

zinhos artistas. Já chegaram mais dois novos artistas ao Morro, agora temos um total de 13 artistas moradores”.

Para a completa implan-tação do MAR, serão neces-sários R$ 76,6 milhões, que representam os gastos com as obras e a manutenção da entidade nos seus dois pri-meiros anos de existência. As verbas são oriundas da prefeitura do Rio, Funda-ção Roberto Marinho e da empresa Vale do Rio Doce, por meio da Lei Rouanet. A FRM, que também é respon-sável pelo projeto do Museu do Amanhã, busca parcerias adicionais de empresas para consolidar a programação do novo museu.

LIGUE. ACESSE.ANUNCIE.(21) 2233 36900www.folhadarualarga.com.br

folha da rua larga

Page 10: Folha da Rua Larga 35
Page 11: Folha da Rua Larga 35

11setembro – outubro de 2012

11folha da rua larga

cidadania

Sacha Leite

Colégio Pedro II oferece capacitação profissional gratuitaInstituição pioneira no Centro do Rio disponibiliza cursos técnicos no período noturno

sacha [email protected]

Adriana alia o trabalho como auxiliar administrativa no Instituto Cultural Cidade Viva e a dedicação aos estudos

Poucos sabem, mas, des-de 2006, o Colégio Pedro II ministra cursos técnicos pro-fissionalizantes nas áreas de Administração, Informática e Manutenção Automotiva. Além do CPII Centro, par-ticipam também as unidades de Realengo, Engenho Novo e Tijuca. A iniciativa faz par-te do Programa Nacional de Integração da Educação Pro-fissional com a Educação Básica de Jovens e Adultos (Proeja), que tem por obje-tivo oferecer oportunidade de estudos àqueles que não tiveram acesso ao ensino médio na idade regular.

O Proeja possibilita, em uma única matrícula, reunir os conhecimentos do ensi-no médio às competências da educação profissional. A idade mínima para ingressar nesses cursos é de 18 anos e não há limite máximo de idade. Além da maioridade, também é pré-requisito que o interessado tenha conclu-ído o ensino fundamental. Os cursos têm duração de três anos e permitem ao formando prosseguir os es-tudos em nível superior, as-sim como exercer atividades profissionais técnicas.

A coordenadora do ensino médio do Colégio Pedro II, Eliana Myra, explica que o acesso ao Proeja é facilitado: “Basta fazer um teste de Português e outro de Mate-mática. A taxa de inscrição para essas avaliações é de apenas dez reais”. Ela in-forma ainda que o processo seletivo para vagas no perí-

odo noturno – das 18h30 às 22h30 – é anual.

Segundo a coordenadora, uma vez inscrito, o aluno passa a receber vale-trans-porte, alimentação durante o período que permanece na escola e bolsa de auxílio estudantil concedida pelo governo federal, no valor de R$ 100. As turmas possuem no máximo 35 alunos, pois o objetivo é manter a quali-dade. “Quando a procura é muito grande, abrimos mais turmas”, conta a coordena-dora, informando que o edi-tal de 2013 está para ser pu-blicado a qualquer momento no site da instituição: www.cpII.g12.br.

Adriana Rocha, de 35 anos, é aluna do curso téc-nico de Administração do Colégio Pedro II – Centro

Como você ficou saben-do da existência do curso?

Através de um e-mail do Colégio Santa Mônica.

Você acha que a capaci-tação é válida mesmo para quem já concluiu o ensino médio?

Sim, muitos que já pos-suem o ensino médio, como é o meu caso, buscam o cur-so técnico até mesmo como uma forma de inserção no mercado de trabalho, visan-do o peso que o nome da instituição de ensino Pedro II poderá ter em seu diploma de conclusão.

Caso o aluno trabalhe em horário comercial, é possí-vel conciliar com a ativida-de profissional?

Totalmente. Na minha turma praticamente todos nós trabalhamos e conse-guimos conciliar bem com os estudos. Também temos

termos que chegar, às ve-zes, depois da aula iniciada. Como avalia os professo-res? Destacaria algum es-pecialmente?

Na minha opinião, todos são ótimos. Destaco, em es-pecial, o professor Arthur, de História. As aulas dele são, além de muito produ-tivas, verdadeiras viagens. Ele tem o incrível poder de nos transportar ao tempo do fato abordado em aula. É sensacional!

Qual é a importância de incentivos como vale--transporte, refeição e bolsa de auxílio estudantil

para a conclusão do curso nos três anos previstos?

Todos esses incentivos são de suma importância. O vale-transporte faz com que não precisemos tirar a passa-gem do nosso bolso, facili-tando a locomoção até a aula e evitando faltas. A refeição para alunos que saem direto do trabalho e que, muitas vezes, não possuem recursos para fazer uma refeição fora é essencial. E o auxílio bolsa é um acréscimo importante no nosso orçamento mensal.

fácil acesso aos professores que nos auxiliam no caso de dúvidas em função de

Page 12: Folha da Rua Larga 35

cidade

Biroscas na GamboaFestival Sabores do Porto divulgará especialidades de pequenos bares da região

12folha da rua largasetembro – outubro de 2012

da redaçã[email protected]

Nos dias 24 e 25 de no-vembro, a Zona Portuária recebe o Festival Sabores do Porto, que acontece dentro e fora das comu-nidades dos morros da Providência, do Pinto e adjacências, estendendo--se de forma democrática a todos os bares e restau-rantes dessa região que ofereçam novas opções culinárias e se enquadrem dentro do regulamento proposto pelo governo do Estado do Rio de Janeiro, através da Seasdh, Prefei-tura da Cidade do Rio de Janeiro via Vila Olímpica da Gamboa, Instituto Pe-

Conheça alguns dos participantes já confirmados

Bar do VetoTipo de negócio: birosca (vende também artigos gerais) End.: Rua Bento Teixeira, entrada 13, casa 25. Tel.: 2263-0307O que costuma servir: petiscos Especialidades: angú com rabada

Sabor das Louras e Gelado do MorenoTipo de negócio: pensão End.: Rua da Bica, 41 (próximo à Rua Barão da Gamboa)Tel.: 2283-2660Especialidades: carne de sol com aipim, frango a passarinhoPrato: jabá com jerimum na massa com molho branco

Lúcia Luiza Tipo de negócio: biroscaEnd.: Rua Bento Teixeira, 55 – Gamboa. Tel.: 7304-0910Especialidades: petiscosPromoção especial: bolinho de bacalhau

reira Passos, Porto Novo, Sebrae-RJ, Sind-Rio e Firjan.

De acordo com os or-ganizadores, a intenção é estimular a criação de re-ceitas inéditas desenvol-vidas pelos comerciantes formais e informais, pro-dutores de quentinhas, incluindo as pequenas bi-roscas. A ideia principal desse evento é contribuir para a melhoria da qua-lidade de atendimento nesse campo de presta-ção de serviços e dar os passos iniciais para a or-ganização do turismo, fo-mentando a organização e

fortalecimento da rede de comércio local. Durante essa atividade, ocorrerão apresentações e interven-ções artísticas e culturais existentes na região e nas proximidades dos empre-endimentos que partici-pam do festival.

Everton Santana, dono do Bar do Veto, elogia a iniciativa e informa que disponibilizará va-riados quitutes e, como prato principal, angu com rabada. Até a se-gunda quinzena de outu-bro, já havia mais de 20 estabelecimentos inscri-tos.

Segundo a organização, a cultura local deve ser di-vulgada e potencializada, aproveitando o momen-to de revitalização para oportunamente acompa-nhar esse crescimento, fo-cando na geração de ren-da, na abertura de novos negócios, favorecendo a multiplicidade de empre-endedores capacitados para melhor atuar no setor comercial da Região Por-tuária do Rio.

Page 13: Folha da Rua Larga 35

folha da rua larga

13cidadesetembro – outubro de 2012

morro da conceição

joão [email protected]

teresa speridiã[email protected]

Um gravurista no Largo da Prainha

Maurício Hora

Crianças descobrem os encantos da leitura no Sarau Providencial

Notícias da ProvidênciaJoão Guerreiro compartilha as novidades culturais em ebulição na Casa Amarela

Apresento nesta colu-na o mais jovem artista do Morro da Conceição: Antônio Thiago Madu-reira Brochado Marti-nho. Ele vem de uma fa-mília muito respeitada e querida, tanto no Morro como no entorno. Ha-bita uma bela casa no número 68 da Ladeira João Homem. Thiago nasceu no Morro da Conceição, estudou no Colégio Santa Úrsula, no Zaccaria, esteve dois anos em Portugal e ter-minou o ensino médio no Colégio Pedro II.

No mesmo ano, in-gressou na Escola de Belas Artes da UFRJ, onde optou pelo curso de Gravura. Antes hesi-tou entre Design e Ar-quitetura, mas a gravu-ra falou mais forte. As belíssimas ilustrações que faz são reflexo do seu talento e de grandes professores que teve

na universidade, entre eles, Kazuo Iha e Mar-cos Varela, por quem tem grande afeto e ad-miração. Thiago cita os artistas que mais gosta, além dos professores: Rubens Grilo, Salvador Dalí, Van Gogh e Paul Wunderlich.

A gravura é uma téc-nica intimista que exige tempo e dedicação. A beleza de suas imagens se revela lentamente, como um pequeno uni-verso que, aos poucos, nos invade e seduz.

Além de gravurista, Thiago faz restauro e já trabalhou na Casa Daros, em Botafogo, Quitandinha, em Petró-polis, Santíssimo Sa-cramento, na Avenida Passos, Centro do Rio, Igreja Nossa Senho-ra da Conceição e São José, em Irajá, entre outras.

Thiago está termi-nando uma pós-gradua-ção em História da Arte Sacra, no Mosteiro de São Bento, e sua mo-nografia será sobre a Igreja de São Francisco da Prainha e arredores, como a Pedra do Sal e o Morro da Conceição.

Paralelamente às atividades artísticas, Thiago, seu irmão e mais um sócio retoma-ram o armazém do avô, já aposentado, mais co-nhecido como Bar do Seu Adão, no Largo da Prainha. Com as refor-

mas no Centro, o bar havia sido prejudicado, mas hoje, com o térmi-no das obras, o ritmo está voltando ao nor-mal. Agora todos espe-ram que o Escravos da Mauá, provisoriamente na Praça da Harmonia, volte a tocar onde sem-pre esteve. E o Bar do Seu Adão seja nova-mente um coadjuvante do samba.

Duas gravuras do jovem artista

Divulgação

O Sarau Providencial volta a funcionar no dia 20 de outubro, às 17h, mas os preparativos para as de-mais fases do projeto co-meçaram nas três semanas anteriores. Fabiana, media-dora de leitura, desde 1º de outubro, está cinco dias por semana no Espaço de Lei-turas Ana Maria Machado.

O Cineclube Morro da Favela reestreia no Largo da Escadaria também em 20 de outubro. Além disso, estão abertas as inscrições, desde o principio do mês, para a Oficina de Corte e Costura, que será ministra-da pela dentista e costurei-ra Luciene Macedo, aos sá-bados, quinzenalmente. As “alegorias e adereços” do dia 20 já estão garantidas!

Maurício Hora está se or-ganizando para ampliar as possibilidades de leitura do território através da Ofici-na de Fotografia. O registro da Memória Oral dos Mo-radores da Providência – semente do projeto “Morro da Favela: o nosso museu é habitado” – começou em 30 de setembro.

Quem inicia o registro de sua vida na Providência? Quem define os primeiros moradores e quem filma? As crianças! Depois divul-garemos a lista das pessoas indicadas pelas crianças com alguns outros mora-dores e todas as pessoas apontadas pelas crianças foram consideradas refe-rências – os nossos Griôs.

Taigo, Cassinho, João e Ana estão empolgados. Taigo, que, aos 14 anos, já fez o curso “prático” de fotografia com Maurício Hora e tem um olhar dife-renciado, já pega a filma-dora e, em cinco minutos, já sabe como funciona, carrega, dá zoom e bate foto. Junto à equipe, agre-ga-se Priscila, estudante de Ciências Sociais, que, des-de o dia 30 de setembro, iniciou um estágio junto ao projeto Memória Oral.

Descobertas: Priscila já fez curso de fotografia e

adora filmar. Pronto. Taigo com os “toques” da Priscila é o nosso “Glauber Rocha ou Eduardo Coutinho”. Ele pergunta: “Quem?” Cassi-nho, que dividiria a filma-gem com o Taigo, some e manda recado: “Não vou participar das gravações”. Por quê? As razões profun-das das crianças... Ainda teremos mais gravação: quem sabe ele não volta?

Agora, a parte mais di-fícil: convidarmos os mo-radores a falarem sobre a sua vida e sua história diante de uma câmera para os “voluntários” que tra-balham com o Maurício na Casa Amarela, sem o Maurício estar presente! Época de eleição, de obras, de bota-abaixo e de muito “gringo” na Provi, por que falar? Ah, quem vai fazer o convite? Nós, mas, princi-palmente, as crianças!

Vera, Dona Chiquinha, Dona Mãezinha, Luiz Nego, Seu Ananias, Seu “Daí”: a parte alta da Pro-vidência está bem repre-sentada. Quatro aceitam gravar na hora (com resis-tências de alguns, óbvio) e dois marcam para o pró-ximo final de semana. A fome bate forte e não tem nada para comer: os bares abrem mais tarde e nos que estão abertos, só biscoito.

Vera é a dona da vendi-nha em frente ao Largo. Sua fotografia já correu o mundo sob as lentes de Maurício Hora. Pegamos o mesmo enquadramento para ouvirmos agora a sua história. Vera começa a fa-lar e se inicia um futebol no Largo. Tudo bem, eles vão jogar mais embaixo já que o espaço do futebol no Largo é uma construção simbólica das crianças: de-

pois da obra anterior, não há mais espaço para uma quadra de futebol lá em cima também.

Falta muita coisa ainda na Provi. Mas tenho a suspeita de que algumas coisas que faltam só chegarão se ou-tras “coisas” se forem. Es-pero estar profundamente errado... No dia 20 de outu-bro, vários personagens se verão no telão do Largo da Escadaria. É só o início do registro da Memória Oral da Providência, mas espero que as pessoas possam perceber qual o verdadeiro “patrimônio” existente na primeira favela do Brasil. Pelo material bruto que foi obtido nessa primeira to-mada, a expectativa é alta. Acho que ficará bem legal!

Page 14: Folha da Rua Larga 35

gastronomia

receitas carolDo crepe ao bistrô

danielle [email protected]

ana carolina [email protected]

Confira outras receitas da Carol no blog nacozinhacomcarol.

blogspot.com

14folha da rua larga

Ouriço, a novidade do menu Kombinado Bar

Destaque para a decoração clean dos salões do primeiro e segundo andares

setembro – outubro de 2012

Pão Branco

Modo de preparo:

Ingredientes:

Kombinado inova no ambiente interno e cria porções atraentes para a happy hour

Yuri Maia

Yuri Maia

ACP

Uma diminuta entrada na Rua Conselheiro Sa-raiva abre as portas para revelar um ambiente mo-derno e jovem, ao mes-mo tempo aconchegante e convidativo, daqueles que dá vontade de conhe-cer melhor. Assim é o res-taurante Kombinado, uma espécie de oásis pulsante de vida, cor e sabor, em meio ao tradicional Rio Antigo.

Comandados por um jovem casal, o Kombi-nado se revela em todos os detalhes, desde o con-ceito de servir “kombi-nados” durante o almoço executivo, passando pela decoração clean dos sa-lões do primeiro e segun-do andares, até a logomar-ca, uma simpática Kombi, escolhida para fazer uma brincadeira com o nome do restaurante. “O Kom-binado surgiu exatamen-te da ideia de combinar porções e proporcionar uma refeição saborosa e saudável. O ponto de par-tida foram os crepes com salada e depois foram surgindo as outras com-binações”, conta Fabiana Nannetti, proprietária da casa.

Com um ano recém--completado, o Kombi-nado evoluiu de uma cre-peria para um restaurante com tudo a que se tem di-reito: decoração intimista, cardápio elaborado e farto de opções e até isolamen-to acústico para oferecer maior conforto aos co-mensais. Tudo isso muito bem organizado por um sistema de iPods e comu-nicação dos funcionários através de microfones.

No menu, a última novi-dade são os Kombinados do Chef, grelhados servi-dos com molho mais um acompanhamento espe-cial ou dois acompanha-mentos da casa, à esco-lha do cliente. Destaque

sobremesa, recheado com doce de maçã e calda de laranja, servido com sor-vete. Quem não pode sair do escritório no horário do almoço, mas não abre mão de uma refeição gos-tosa, pode confiar no deli-very, que funciona de se-gunda a sexta, das 11h30 às 20h.

Outra novidade é o Kombinado Bar, que será lançado no dia 24 de ou-tubro, com destaque para o Ouriço. Todas as quar-tas, quintas e sextas, o

restaurante oferecerá car-dápio diferenciado à noi-te, com porções e chope Brahma para embalar o pós-trabalho.

Seja para o almoço, lan-che ou curtir com amigos e colegas de trabalho um chopinho, o Kombinado tem diversas sugestões para agradar dos palada-res mais simples aos mais sofisticados.

para o salmão, que pode ir à mesa com risoto de limão siciliano, ou ain-da a picanha, guarnecida com molho chimichurri e batata rostiê com mix de queijos.

Da especialidade da casa, o crepe Borges, composto de filé mignon, mix de queijos, cebola roxa, ervas e molho re-queijão, acompanhado de molho barbecue picante, está entre os mais pedi-dos. Já o Bela Adormeci-da é uma boa opção para a

Tenho cada vez mais me preocupado com o que entra na minha despensa – com o filho crescendo e se tor-nando independente, o meu controle sobre sua alimenta-ção está aos poucos acaban-do. Pensando nisso, tenho usado mais e mais minha criatividade para tornar seus interesses os mais saudáveis possíveis. Uma tarefa nada fácil, tenho que confessar, mas que vale a pena. Sem-pre fomos viciados em pão, de todos os tipos, mas aquele branquinho, ou melhor, dou-rado, de casca dura, crocante

3 ¼ xícaras de farinha branca (500g)1 colher de sopa de fermento (10g)2 ½ colher de chá de sal (3g)1 ½ xícara de água morna (350ml)

Misture o fermento e o sal na farinha. Junte a água e, com a ajuda de uma es-pátula, misture até formar uma massa mole. Coloque na bancada e amasse por 15 minutos. Coloque numa ba-cia polvilhada com farinha e deixe crescer por alguns minutos até que dobre de ta-manho. Faça os cortes ade-quados e borrife água nos

e salgadinho tem um lugar especial na nossa mesa. Então passei a fazê-lo em casa. Peguei uma receita antiga e fui adaptando.

Para mim, pão que é pão tem quatro ingredientes e nada mais: farinha, água, fermento e sal. Se tiver um pacote de pão em casa leia os ingredientes, a lista é interminável.

Encorajo os leitores a se arriscarem nesta arte da padaria, pois um pão fresquinho é sempre irre-sistível. Boa sorte e Bon apettit!

pãezinhos. Leve ao forno pré-aquecido a 200°C e asse até ficar dourado e crocante.

Page 15: Folha da Rua Larga 35

setembro – outubro de 2012 folha da rua larga

lazer

15

Yuri Maia

A segunda fase das Visitas Guiadas do Animando a Rua Larga foram concluídas no dia 1º de outubro. Realizadas pelo Instituto Cultural Cidade Viva (ICCV), com patrocínio da Li-ght e Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Rio de Janeiro, as caminhadas percorreram toda a Avenida Marechal Floriano, an-tiga Rua Larga, apresentando seus diversos monumentos.

Há mais de duas mil pessoas na lista de espera para uma pos-sível nova edição do projeto de sucesso.

Visitas guiadas à região atraem novos públicos ao Centro

da redação

redaçã[email protected]

Page 16: Folha da Rua Larga 35

dicas da cidadeLenta transição em preto e branco

16folha da rua larga

lazer

sacha [email protected]

setembro – outubro de 2012

Mostra de fotografias revela Londres nos últimos quarenta anos Mário Donato

Por sugestão do curador, as imagens não têm título para ativar a imaginação do visitante

da redaçã[email protected]

Quase real...O fotógrafo Paulo Mittelman abre, no dia 2 de outubro,

às 17h, no Espaço Cultural do Banco Central do Brasil, a exposição Quase Real.... A mostra exibe 67 fotografias com o tema “Apropriações Plásticas do Real”, expostas para o público de 3 a 26 de outubro de 2012, com curadoria de Georges Racz, membro da Association Internacionale des Critiques D’Art e diretor cultural da Associação Bra-sileira de Arte Fotográfica (Abaf). Espaço Cultural Banco Central: Av. Presidente Vargas, 730, subsolo.

D’Orsay in Rio A exposição Impressionismo: Paris e a Modernidade traz pela primeira vez ao país uma seleção de 85 obras-primas do acervo do Museu d’Orsay de Paris, um dos mais visita-dos do mundo. De 23 de outubro de 2012 a 13 de janeiro de 2013. O Centro Cultural Banco do Brasil fica na Rua Primeiro de Março, 66, Centro.

O samba que dá literaturaDia 20 de outubro, às 16h30, haverá bate-papo sobre a

relação entre música e livros. O bamba Nei Lopes, Paulo Lins e Luis Antônio Simas participarão do debate que faz parte da programação do Fim de Semana do Livro no Porto (FIM). As atividades são gratuitas e realizadas na Ladeira Pedro Antonio, 32.

Até o dia 19 de outubro, o Centro Cultural Light abriga a exposição “London Black and White”, que reúne uma coletânea de 30 imagens captadas pelo fotógrafo Má-rio Donato na capital ingle-sa, desde a década de 1970 até hoje. “É impressionante como houve pouca modifi-cação ao longo desses qua-renta anos. Talvez possamos perceber as mudanças obser-vando as roupas das pesso-as”, analisa o artista.

Filho de cirurgião, Mário Donato começou a trabalhar com fotografia médica aos 16 anos de idade e, algum tempo depois, formou-se em Medicina. Tornou-se profes-sor universitário e estudioso de linhas de pesquisa rela-cionadas a Biofísica e Bio-mecânica. Viveu por mais de 40 anos em Londres e regis-trou a passagem do tempo na cidade, ora através da Leica que ganhara de presente de seu pai, ora por meio das

modernas câmeras digitais. Nas palavras dele, Londres é uma cidade que associa incrivelmente o conserva-dorismo à transgressão.

O pesquisador faz ques-tão de diferenciar o street photographer do fotojorna-lista, identificando-se com a primeira categoria: “O

jornalista busca o furo. Eu posso até estar no local do crime, mas vou buscar uma imagem que emocione e não uma que incomode”. Na mostra, ele destaca uma fotografia sua em que uma criança nua, de sapatos, con-templa uma orquestra que se apresenta em praça pública:

“Se eu não tivesse visto e registrado, aquele momen-to jamais seria percebido e compartilhado por outra pessoas, em outra épocas”, conclui.