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Jornal do GESA Grupo de Estudos Socioambientais na Amazônia – UFRA/Capanema Jornal do GESA 1° edição, setembro de 2018 Manhã de segunda-feira, 06 de agosto de 2018, por volta de 11h00min, Juliane Dias, discente do curso de Engenharia Agronômica, pela Universidade Federal Rural da Amazônia, Campus Capanema, sofreu uma tentativa de assalto, na qual um homem, desconhecido e armado com uma faca, tentou roubar o seu celular. Perto do local do ocorrido, tem um terreno abandonado e, em vista disso, o assaltante, sob fortes e constantes ameaças, tentou abusar sexualmente de Juliane, que estava sozinha. Felizmente, antes que o pior pudesse acontecer, uma mulher passou pelo local e viu o que estava acontecendo e, então, começou a gritar e pedir por ajuda. Assim, o assaltante saiu correndo e fugiu. Diferentemente de muitas outras mulheres que passaram por situações similares, Juliane não se calou. Encontrou forças e apoio de parentes e amigos e denunciou e tornou público o ocorrido, o que acabou tomando dimensões agigantadas e que são importantes para combater o estupro e qualquer tipo de violência contra a mulher. Com isso, no dia 10 de agosto, alunos e professores da UFRA, juntamente com o apoio da UFPA, do IFPA-Castanhal e da sociedade capanemense, resolveram fazer uma manifestação pacífica contra aquele ato brutal, revoltante e inadmissível, dando apoio à discente Juliane Dias e cobrando mais segurança por parte da polícia, para que as medidas cabíveis e necessárias sejam tomadas. Ao longo de toda a manifestação, as pessoas seguravam faixas e cartazes com frases de apoio à discente e de total repúdio a qualquer tipo violência contra a mulher. Também, a todo o momento, entoavam palavras de ordem, tais como: “mexeu com uma, mexeu com todas!”, “alunos unidos, jamais serão vencidos!”, “meu pavio curto não é um convite para ser estuprada” e “a nossa luta é todo dia contra o machismo, racismo e a homofobia!”. Para cobrar mais segurança e políticas públicas mais eficazes, os manifestantes foram até a sede da Câmara Municipal, onde alguns vereadores os ouviram, bem como demonstraram total apoio. Passaram ainda pela sede da Prefeitura e, em seguida, se deslocaram para o comando de policiamento regional, 11° Batalhão da Polícia Militar. Entrevistas Entre os manifestantes, encontravam-se também moradores de Capanema, a exemplo da Iasmim Cristina e da Sofia Gabriele. Quando se perguntou o porquê elas resolveram participar de tal manifesto, Iasmim declarou: “Eu sou feminista. Nunca tinha visto algo desse tamanho em Capanema. É um ato de resistência e isso me interessou muito. É importante para mostrar que o feminicídio mata, que mulheres são oprimidas. É importante para mostrar que as mulheres não estão caladas e que tem homens que apoiam nossa luta, nossa causa. O feminismo existe e resiste e mulheres existem e resistem”. Sofia ressaltou: “Eu vou continuar apoiando sempre, porque uma mulher precisa ter voz, porque não é legal você passar na rua e escutar um “psiu”, não é legal você ficar ouvindo “ê gostosa”, “esse shortinho”. Os homens não têm o direito de nos oprimir. A gente tem o nosso direito e devemos resistir”. Já a Adriana Araújo, discente do curso de Matemática, pela UFPA, destacou que essa manifestação “É de extrema importância! Principalmente se tratando da UFRA Capanema. A gente sabe que geralmente as universidades se localizam longe do centro da cidade e sempre temos que lidar com essas situações e isso não é uma realidade só de Capanema; é uma realidade de Capitão Poço, de Belém, e a gente percebe a insegurança que a gente tem. E como mulher, a gente se sente ainda mais insegura. Ontem eu não consegui sair de casa. Eu já fui assaltada várias vezes em Capanema e isso nunca me A UFRA CAPANEMA NÃO SE CALA! - Por Edivandro Machado, Anny Ramos, Chistiane Soares e Amanda Silva “O feminismo existe e resiste e mulheres existem e resistem”.

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Jornal do GESA Grupo de Estudos Socioambientais na Amazônia – UFRA/Capanema

Jornal do GESA 1° edição, setembro de 2018

Manhã de segunda-feira, 06 de agosto

de 2018, por volta de 11h00min,

Juliane Dias, discente do curso de

Engenharia Agronômica, pela

Universidade Federal Rural da

Amazônia, Campus Capanema, sofreu

uma tentativa de assalto, na qual um

homem, desconhecido e armado com

uma faca, tentou roubar o seu celular.

Perto do local do ocorrido, tem um

terreno abandonado e, em vista disso, o

assaltante, sob fortes e

constantes ameaças, tentou

abusar sexualmente de

Juliane, que estava sozinha.

Felizmente, antes que o pior

pudesse acontecer, uma

mulher passou pelo local e

viu o que estava

acontecendo e, então,

começou a gritar e pedir por

ajuda. Assim, o assaltante

saiu correndo e fugiu.

Diferentemente de muitas

outras mulheres que já

passaram por situações

similares, Juliane não se

calou. Encontrou forças e

apoio de parentes e amigos

e denunciou e tornou

público o ocorrido, o que

acabou tomando dimensões

agigantadas e que são importantes para

combater o estupro e qualquer tipo de

violência contra a mulher.

Com isso, no dia 10 de agosto, alunos e

professores da UFRA, juntamente com

o apoio da UFPA, do IFPA-Castanhal e

da sociedade capanemense, resolveram

fazer uma manifestação pacífica contra

aquele ato brutal, revoltante e

inadmissível, dando apoio à discente

Juliane Dias e cobrando mais segurança

por parte da polícia, para que as

medidas cabíveis e necessárias sejam

tomadas.

Ao longo de toda a manifestação, as

pessoas seguravam faixas e cartazes

com frases de apoio à discente e de

total repúdio a qualquer tipo violência

contra a mulher. Também, a todo o

momento, entoavam palavras de

ordem, tais como: “mexeu com uma,

mexeu com todas!”, “alunos unidos,

jamais serão vencidos!”, “meu pavio

curto não é um convite para ser

estuprada” e “a nossa luta é todo dia

contra o machismo, racismo e a

homofobia!”.

Para cobrar mais segurança e políticas

públicas mais eficazes, os

manifestantes foram até a sede da

Câmara Municipal, onde alguns

vereadores os ouviram, bem como

demonstraram total apoio. Passaram

ainda pela sede da Prefeitura e, em

seguida, se deslocaram para o comando

de policiamento regional, 11° Batalhão

da Polícia Militar.

Entrevistas

Entre os manifestantes, encontravam-se

também moradores de Capanema, a

exemplo da Iasmim Cristina e da Sofia

Gabriele. Quando se perguntou o

porquê elas resolveram participar de tal

manifesto, Iasmim declarou: “Eu sou

feminista. Nunca tinha visto algo desse

tamanho em Capanema. É um ato de

resistência e isso me interessou muito.

É importante para mostrar que o

feminicídio mata, que

mulheres são oprimidas. É

importante para mostrar que

as mulheres não estão

caladas e que tem homens

que apoiam nossa luta,

nossa causa. O feminismo

existe e resiste e mulheres

existem e resistem”. Já

Sofia ressaltou: “Eu vou

continuar apoiando sempre,

porque uma mulher precisa

ter voz, porque não é legal

você passar na rua e escutar

um “psiu”, não é legal você

ficar ouvindo “ê gostosa”,

“esse shortinho”. Os

homens não têm o direito de

nos oprimir. A gente tem o

nosso direito e devemos

resistir”.

Já a Adriana Araújo, discente do curso

de Matemática, pela UFPA, destacou

que essa manifestação “É de extrema

importância! Principalmente se

tratando da UFRA Capanema. A gente

sabe que geralmente as universidades

se localizam longe do centro da cidade

e sempre temos que lidar com essas

situações e isso não é uma realidade só

de Capanema; é uma realidade de

Capitão Poço, de Belém, e a gente

percebe a insegurança que a gente tem.

E como mulher, a gente se sente ainda

mais insegura. Ontem eu não consegui

sair de casa. Eu já fui assaltada várias

vezes em Capanema e isso nunca me

A UFRA CAPANEMA NÃO SE CALA!

- Por Edivandro Machado, Anny Ramos, Chistiane Soares e Amanda Silva

“O feminismo existe e resiste

e mulheres existem e resistem”.

Jornal do GESA Grupo de Estudos Socioambientais na Amazônia – UFRA/Capanema

Jornal do GESA 1° edição, setembro de 2018

impediu de botar o pé fora de casa, mas

com o ocorrido, ontem, eu me senti

completamente insegura. Mesmo eu

vendo diversas motos da polícia,

rondando nosso bairro o dia inteiro, eu

não me senti segura. Com o que

aconteceu, eu não me sinto segura, para

poder sair de casa. Então, movimentos

como esse, são de extrema importância;

dão-me coragem para eu sair de casa”.

Em nome da equipe psicossocial da

UFRA/Capanema, o psicólogo Thiago

Veríssimo, quando questionado sobre a

atuação da equipe psicossocial nesse

caso, respondeu o seguinte: “Entramos

em contato com a discente, assim que

soubemos do ocorrido; fizemos uma

visita, e, logo em seguida, tomamos

todas as medidas necessárias.

Verificamos o que era possível ser

feito, para que ela pudesse, diante dessa

situação, ter o mínimo de dano e

mesmo assim fazer valer seus direitos.

Fizemos orientações à discente e

estamos prestando todos os auxílios

necessários”.

Ainda segundo o psicólogo da

UFRA/Capanema, “Todo movimento

nesse sentido é muito importante. O

que temos é uma condição de

machismo estrutural e esses

movimentos são importantes para

auxiliar a desconstrução disso. Esses

movimentos são importantes porque

são com eles que nós começamos a

repensar algumas posturas. Nós

começamos a perceber coisas que

muita das vezes é trivial para nós

como, por exemplo, um “psiu”. O

homem acha isso uma coisa trivial. E

muita das vezes isso causa um

incômodo e um desconforto muito

grande, e nós não temos noção disso. É

através desses movimentos que

fazemos uma auto avaliação, uma

autocrítica da nossa postura, inclusive

dessa postura machista que está posta

na nossa sociedade e nós não

conseguimos visualizar”. Ele ainda

destacou: “Esse movimento é muito

positivo e deve ser continuado e

intensificado, seja com discussões, seja

com passeatas, e várias outras formas

que estão fazendo e nos levando a essa

reflexão, não só dos estudantes, dos

envolvidos na instituição, mas de toda a

sociedade”. Destacou também que a

posição da UFRA diante do ocorrido

“É de repúdio a qualquer ato no sentido

de homofobia, de machismo, violência,

de qualquer postura nesse sentido”.

Também, questionaram-se membros do

movimento estudantil, como a Camila

Freire, que destacou que “O

movimento estudantil veio para

representar toda essa galera e está ai

para trazer o nome da UFRA para

mostrar que nós temos força, temos voz

e tentar mudar essa realidade que nós

estamos vivendo”.

Já o estudante Jarleison Pastana

destacou que “Ter esses momentos

dentro da universidade é importante

para abrir um diálogo, abrir uma

discussão sobre essas questões”.

Outrossim, a Profa Dr

a Laís Brito, do

Campus UFRA/Capanema, quando

questionada sobre a importância do

movimento, salientou que “É um

movimento essencial, extremamente

importante. Eu espero que com essa

manifestação, pelo menos aqui em

Capanema, façam as pessoas refletirem

mais sobre isso. Nós mulheres, digo

isso como mulher, como professora,

como estudante que já fui, numa área

que não é fácil, que é a das agrárias. A

gente sofre preconceito, apesar do

nosso conhecimento, do nosso estudo

na área, muitas vezes temos que provar

os nossos conhecimentos e a nossa

sapiência, muito mais que os homens.

E isso a gente enfrenta diariamente, na

nossa profissão, na nossa vida, na nossa

casa. Então, movimentos como esse,

fazem com que não só vocês

estudantes, mas pessoas de diversas

idades pensem e reflitam sobre

situações como essa. Mudar isso na

nossa sociedade, esse machismo, essa

violência contra a mulher, seja de

forma psicológica, ou física, parte da

gente, parte do nosso entorno, parte da

nossa casa”.

Já o diretor da UFRA/Capanema, Prof.

Dr. Ebson Cândido, destacou que:

“Essa manifestação é importantíssima;

vocês (alunos) se unirem e lutarem

pelos seus direitos, por esses casos

específicos que estão acontecendo”. O

professor ainda ressaltou que “A

direção está sempre aberta ao diálogo

com todas as manifestações, com os

centros acadêmicos, enfim, todas as

entidades estudantis”.

Tradição quilombola amazônica

Dona Tereza Soares da Costa, 55 anos,

é moradora da comunidade de

remanescentes de quilombolas Nossa

Senhora de Livramento, localizada às

margens da PA-242, em Igarapé Açu.

A comunidade tem uma grande ligação

com o rio e com os campos de junco

que, no passado e, ainda hoje, tem um

papel muito importante na renda e no

sustento dos moradores da comunidade.

Dona Tereza nos fala sobre a

comunidade, sobre os acontecimentos

do passado, sobre a sua relação com os

recursos naturais e com a agricultura no

Livramento.

O que a senhora sabe sobre a história

da comunidade?

Tereza: O que eu conheço da

comunidade, são histórias da minha

mãe. O que eu aprendi, que eu ouvia

ela falar, que essa comunidade era de

quilombola, que a gente não sabia, mas

como um relato da mamãe que ela

ouvia o que a família dela conversava

em segredo, porque na época as

crianças não podiam escutar conversas

de adulto, mas a mamãe era curiosa e

quando os antigos se reuniam, ela ouvia

por detrás das portas, das portas não,

das palhas, porque nessa época era

assim. Eles falavam que os primeiros

moradores eram escravos e vieram do

Maranhão, fugidos de lá, e aqui eles

acamparam perto do rio e formaram as

- Por Taiana Paiva (GESA)

Jornal do GESA Grupo de Estudos Socioambientais na Amazônia – UFRA/Capanema

Jornal do GESA 1° edição, setembro de 2018

primeiras famílias. Eles sobreviviam do

rio e da mata.

O que significa a terra para a senhora?

Tereza: A terra pra mim, meu Deus!

Significa muita coisa... a terra, eu

chego lá no meu roçado e me benzo e

peço força, a terra nos alimenta, e nos

sustenta, a terra para a gente é tudo, é

da terra que a gente colhe o nosso

alimento. Ave Maria, a terra é

maravilhosa! Da terra a gente espera

água boa, alimento, plantas, a terra é

tudo.

O que a senhora aprendeu com os

antigos sobre o uso da terra?

Tereza: Eu aprendi foi trabalhar com

agricultura, plantar, colher!

Primeiramente, prepara a terra roçando

o mato para a queima, quando chega

em janeiro planta a primeira plantação,

que é o milho, aí planta a roça, e depois

da roça que vem o feijão. Tudo isso eu

aprendi, graças a Deus, porque aqui a

gente ainda faz queimada! Roça

todinho aquele pedaço, faz os aceiros,

para a não passar para o lado, nem

outro do mato; faz a coivara, aí toca o

fogo para ficar limpinho para plantar.

Tudo isso eu aprendi, graças a Deus! E

hoje eu não me perco na roça não, por

eu sei plantar, colher. Aprendi também

com a minha vó, com uns 09 a 10 anos,

a trabalhar com o junco, eu fazia 10

suado todo dia, para trocar com as

coisas, farinha, querosene; comprava as

coisas que era preciso.

O que mudou na agricultura praticada

na comunidade ao longo do tempo?

Tereza: O que mudou foi que

antigamente não apodrecia, e hoje

apodrece, quer dizer, hoje não é todo

morador que trabalha com a roça, tem

medo, medo não, cisma de apodrecer a

mandioca, aí não coloca, com seis

meses, oito meses apodrece. Eles

mudam de área, mas continua

acontecendo.

Qual a importância do rio Livramento

para a senhora?

Tereza: De lá a gente tira o alimento

para a gente, tem que ter o maior

cuidado com ele, a gente tem que zelar

por ele e respeitar. Para mim, o rio é o

segundo pai, no rio eu não me perco

não, quando eu preciso, vou lá e coloco

minha malhadeira, quando é época vou

lá e pego peixe.

Como a senhora vê a relação da

comunidade com a natureza?

Tereza: A gente tem que respeitar a

natureza, tem que ajudar a natureza. É

como o igarapé que tem, que no

passado era um igarapé maravilho, e

hoje ele não está seco igual ao chão

porque eu não me descuidei dele,

sempre pelejando no verão, quase

secando a nascente. Eu olho aquele

igarapé nesses tempos agora, eu me

sinto feliz porque a natureza me ajudou

também. Agora, nesse inverno, já tem

bastante água, até peixe já criou!

Porque eu fiz de tudo para ajudar, a

gente tem mais é que ajudar a natureza.

O igarapé do banheiro, no passado, era

muito bonito, mas o que fez isso foi o

desmatamento nas fazendas.

Como a senhora imagina o futuro da

nova geração do Livramento em

relação aos seus recursos naturais?

Tereza: Eu imagino o futuro dessa

nova geração, que a gente sabe que

vem vindo, é não encontrar mais o que

a gente tem; pelo menos muitas coisas

que eu vi, como esse rio nosso aí, com

uma fartura demais de peixe. É como

eu disse numa entrevista que fiz em

2009, uma vez lá no rio, a palavra que

eu disse que está escasso, o rio não está

mais peixeiro como ele era, então outra

geração que vem vindo, se continuarem

queimando esse campo aí, a geração

que vem não vai saber mais o que é

junco, e aí se não for uma coisa que a

gente vai conservando, vai acabando o

rio, o igarapé.

UFRA Capanema celebra o Dia do Estudante!

A Universidade Federal Rural da

Amazônia, Campus Capanema,

realizou no dia 25 de agosto de 2018, o

evento alusivo ao dia do estudante. A

programação incluiu atividades de

relaxamento, ioga, futebol, vôlei, jogos

digitais. À noite, ocorreu a

programação cultural, com

apresentações teatrais e musicais,

incluindo a participação do BioArt’s,

um projeto de extensão da

UFRA/Capanema, composto por

discentes dos cursos de bacharelado e

licenciatura em Biologia e coordenado

pelos professores Tainan Santana e

Luiz Cláudio Melo.

O BioArt’s fez uma energética e

reflexiva apresentação sobre o assédio

e violência contra a mulher no trabalho,

em casa, na universidade, na sociedade.

O grupo trouxe tristes e reais

estatísticas que narram, diariamente,

quaisquer tipo de violência contra a

mulher, em todos os ambientes. A sua

apresentação teve como objetivo

majoritário quebrar paradigmas,

mostrar que as mulheres não são

submissas, não são inferiores e tão

pouco são objetos. Visou, também,

chamar a atenção para os crescentes

casos de violência dentro das

instituições de ensino superior.

Procurou mostrar ainda que as

mulheres devem ter vez e voz, e que se

faz necessário todos se mobilizarem em

prol dessa causa.

Noite cultural para celebrar o dia do estudante.

- Por Edivandro Machado (GESA)

“As mulheres não são

submissas, não são inferiores e

tão pouco são objetos”.

Noite cultural alusiva ao dia do estudante.

Jornal do GESA Grupo de Estudos Socioambientais na Amazônia – UFRA/Capanema

Jornal do GESA 1° edição, setembro de 2018

Vandana Shiva é uma estudiosa

indiana, filósofa, ambientalista,

escritora, palestrante, ativista social,

cientista física, ecofeminista e

antiglobalização. No livro

“Monocultura da Mente” (2003), a

autora nos mostra a realidade do seu

país, a Índia, fala da substituição das

espécies nativas pelas monoculturas de

eucalipto e da invasão das espécies

geneticamente modificadas na

agricultura.

O eucalipto, uma espécie estrangeira

que substitui a floresta nativa, foi

considerado a melhor espécie para a

produção da silvicultura. Possui forte

relação com a indústria do papel,

fazendo com que a vegetação local

ficasse sem valor, principalmente

econômico. Essas escolhas foram feitas

não pensando na população local, mas

no valor perante o mercado. Na década

de 1980, o eucalipito foi apresentado

em todo o mundo como a “árvore

milagrosa”, recomendada para o

reflorestamento, mas esse não era o

pensamento das populaçoes locais. Os

cientistas decidiram que o eucalipto

seria a melhor solução, porém

deixaram de lado a realidade local,

partiram apenas da perspectiva da

produtividade e do mercado. A

mentalidade monoculturaral entende as

florestas naturais como ervas daninhas.

As árvores já não são mais um sistema

de sustentação de vida, mas sim árvores

de dinheiro. Esse reflorestamento

proposto visa tão somente a produção

de madeira e não tem nada a ver com a

produção de alimento, forragem,

conbustível, fertilizantes ou lenha,

como as árvores nativas, que são

essenciais para os ecossistemas locais e

seus solos áridos, pois há crescimento

rápido das árvores com copa densa e

galhos que voltam logo para o chão,

sendo uma exelente fornecedora de

biomassa, grande protetora dos solos e

são fundamentais para os ciclos das

águas. O eucalipto, diferentimente

dessas, necessitam de muita água e

fornecem pouquíssima bimassa.

Enfim, as sementes milagrosas da

Revolução Verde demostraram ser

economicamente insustentável para os

indianos. A autora fala que uma

agricultura sustentável é fundamentada

na reciclagem de nutrientes, pois se

retira do solo, mas se deixa alguns

nutrientes para a próxima cultura.

Acrescenta-se, também, que os

indianos tinham as safras de legumes

que fixavam o nitrogênio no solo, mas

foram totalmente ignorados.

A ciência da silvicultura reduz a

diversidade de espécies a uma única

espécie para somente um fim, a

produção de madeira. Ver a floreta

apenas do ponto de vista da produção

para o mercado impõe um rompimento

com os ciclos naturais que sustenam a

teia da vida. A autora diz que, no

passado, todo agricultor era também

um sivicultor e vice versa. A ideia

monocultural ignora a biodiversidade e

os saberes locais. O saber dominante da

ciência tem, notoriamente, como única

preocupação, o mercado.

Por fim, a autora nos apresenta

soluções para a crise do sistema de

saber dominate, advogando em favor

da democratização do saber. Isso

porque o saber dominante é excludente

e a nova redefinição do saber

envolveria a valorização do saber local,

considerado como legítimo e

indispensável, porque o paradigma

dominante está em crise e é incapaz de

proteger a natureza e mesmo a

sobrevivência humana.

Analogamnete, a soja é uma cultura já

consolidada no território brasileiro,

ocupando 22 milhões de hectares e com

cerca de 100 milhões de hectares aptos

à expansão. Essa expansão cresce nos

países do Mercosul (Brasil, Argentina,

Paraguai e Uruguai), assim como o

comparecimento de grandes empresas

multinacionais nos segmentos de

comercialização e industrialização, que

se estende em áreas de produção de

sementes e financiamentos da produção

do grão. Os seus principais produtos

são o grão, o farelo e o óleo de soja,

para atendimento da indústria

alimentícia, farmacêutica e química.

A expansão da área plantada tem se

dado, sobretudo, no sentido norte a

partir da região central brasileira, ou

seja, atingindo diretamente o

ecossistema frágil correspondente à

floresta amazônica. Essa expansão tem

gerado impactos socioambientais que

envolvem desde queimadas nas áreas

da floresta amazônica para a expansão

da área plantada (que respondem a

grandes percentuais de gases de efeito

estufa emitidos na atmosfera), as

mudanças no uso da terra e na

concentração latifundiária, entre outros.

Em relação aos impactos sociais,

observa-se o deslocamento de

populações das áreas rurais das regiões

de expansão da fronteira agrícola para

as grandes cidades devido à introdução

de monoculturas como a soja e o arroz,

no Marajó, por meio da mecanização, o

uso de fertilizantes e sementes

geneticamente melhoradas, além da

expansão de grandes fazendas

dedicadas à produção pecuária.

Também as grandes empresas ocupam

espaços no campo antes ocupado por

culturas familiares diversificadas,

reduzindo o emprego no campo e a

capacidade de produção de alimentos

tradicionais, comprometendo a

segurança alimentar da população e a

própria saúde dos ecossistemas.

AS MONOCULTURAS DA MENTE NO CONTEXTO SOCIOAMBIENTAL AMAZÔNICO

- Por Ronniery Costa e Taiana Paiva (GESA)

Jornal do GESA Grupo de Estudos Socioambientais na Amazônia – UFRA/Capanema

Jornal do GESA 1° edição, setembro de 2018

O Grupo de Estudos Socioambientais

na Amazônia (GESA) é um projeto de

extensão da Universidade Federal

Rural da Amazônia, Campus

Capanema, que se fundamenta em um

conjunto de abordagens teóricas,

metodológicas e empíricas que se

baseiam em conceitos e categorias

transversais como interação sistêmica,

diálogo e religação de saberes,

diversidade socioambiental e saberes

locais, pesquisa-ação, educação

ambiental, sustentabilidade,

participação e desenvolvimento local.

No contexto socioambiental

amazônico, o GESA tem como objetivo

central aprofundar os estudos sobre as

diversidades ambiental e social da

região em questão, com vistas à

proposição e à avaliação de modelos

alternativos de desenvolvimento

sustentável, pois é nesse espaço do

planeta que se localiza grande parte dos

recursos naturais e onde muitos povos

reproduzem os seus saberes

tradicionais de inestimável valor

cultural para a conservação dos

recursos naturais.

Membros ativos do Projeto GESA

Coordenador:

Prof. Dr. Luiz Cláudio M. Melo Júnior

Alef Silva

Aline Silva

Bernardo Leão

Chistiane Soares

Danielle Silva

Danillo Silva

Dayla Santos

Edivandro Machado

Glenda Diniz

Karoline Costa

Ingrid Silva

Isabelle Rosário

Laiane Lima

Lara Aviz

Lucas Raiol

Marilza Silva

Nazareno Lima

Paulo Souza

Raimunda Taynara

Roberta Gomes

Ronilson Corrêa

Roniery Costa

Taiana Farias

Fotos:Camila Freire; Danilo Silva; Lucas Raiol, Sarah

Gabriella, Anny Ramos.

Aniversariantes do mês

de agosto, membros do

Grupo de Estudos

Socioambientais na

Amazônia:

Elisane, Lara Aviz e

Marilza Silva.

CONHECENDO O GESA!

VEM AÍ !!!!

“III CIÊNCIA & FÉ: ciência & fé nas religiões afro-brasileiras”.

23 de outubro de 2018.

Aguarde!!!