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Jornal do GESA Grupo de Estudos Socioambientais na Amazônia – UFRA/Capanema
Jornal do GESA 1° edição, setembro de 2018
Manhã de segunda-feira, 06 de agosto
de 2018, por volta de 11h00min,
Juliane Dias, discente do curso de
Engenharia Agronômica, pela
Universidade Federal Rural da
Amazônia, Campus Capanema, sofreu
uma tentativa de assalto, na qual um
homem, desconhecido e armado com
uma faca, tentou roubar o seu celular.
Perto do local do ocorrido, tem um
terreno abandonado e, em vista disso, o
assaltante, sob fortes e
constantes ameaças, tentou
abusar sexualmente de
Juliane, que estava sozinha.
Felizmente, antes que o pior
pudesse acontecer, uma
mulher passou pelo local e
viu o que estava
acontecendo e, então,
começou a gritar e pedir por
ajuda. Assim, o assaltante
saiu correndo e fugiu.
Diferentemente de muitas
outras mulheres que já
passaram por situações
similares, Juliane não se
calou. Encontrou forças e
apoio de parentes e amigos
e denunciou e tornou
público o ocorrido, o que
acabou tomando dimensões
agigantadas e que são importantes para
combater o estupro e qualquer tipo de
violência contra a mulher.
Com isso, no dia 10 de agosto, alunos e
professores da UFRA, juntamente com
o apoio da UFPA, do IFPA-Castanhal e
da sociedade capanemense, resolveram
fazer uma manifestação pacífica contra
aquele ato brutal, revoltante e
inadmissível, dando apoio à discente
Juliane Dias e cobrando mais segurança
por parte da polícia, para que as
medidas cabíveis e necessárias sejam
tomadas.
Ao longo de toda a manifestação, as
pessoas seguravam faixas e cartazes
com frases de apoio à discente e de
total repúdio a qualquer tipo violência
contra a mulher. Também, a todo o
momento, entoavam palavras de
ordem, tais como: “mexeu com uma,
mexeu com todas!”, “alunos unidos,
jamais serão vencidos!”, “meu pavio
curto não é um convite para ser
estuprada” e “a nossa luta é todo dia
contra o machismo, racismo e a
homofobia!”.
Para cobrar mais segurança e políticas
públicas mais eficazes, os
manifestantes foram até a sede da
Câmara Municipal, onde alguns
vereadores os ouviram, bem como
demonstraram total apoio. Passaram
ainda pela sede da Prefeitura e, em
seguida, se deslocaram para o comando
de policiamento regional, 11° Batalhão
da Polícia Militar.
Entrevistas
Entre os manifestantes, encontravam-se
também moradores de Capanema, a
exemplo da Iasmim Cristina e da Sofia
Gabriele. Quando se perguntou o
porquê elas resolveram participar de tal
manifesto, Iasmim declarou: “Eu sou
feminista. Nunca tinha visto algo desse
tamanho em Capanema. É um ato de
resistência e isso me interessou muito.
É importante para mostrar que o
feminicídio mata, que
mulheres são oprimidas. É
importante para mostrar que
as mulheres não estão
caladas e que tem homens
que apoiam nossa luta,
nossa causa. O feminismo
existe e resiste e mulheres
existem e resistem”. Já
Sofia ressaltou: “Eu vou
continuar apoiando sempre,
porque uma mulher precisa
ter voz, porque não é legal
você passar na rua e escutar
um “psiu”, não é legal você
ficar ouvindo “ê gostosa”,
“esse shortinho”. Os
homens não têm o direito de
nos oprimir. A gente tem o
nosso direito e devemos
resistir”.
Já a Adriana Araújo, discente do curso
de Matemática, pela UFPA, destacou
que essa manifestação “É de extrema
importância! Principalmente se
tratando da UFRA Capanema. A gente
sabe que geralmente as universidades
se localizam longe do centro da cidade
e sempre temos que lidar com essas
situações e isso não é uma realidade só
de Capanema; é uma realidade de
Capitão Poço, de Belém, e a gente
percebe a insegurança que a gente tem.
E como mulher, a gente se sente ainda
mais insegura. Ontem eu não consegui
sair de casa. Eu já fui assaltada várias
vezes em Capanema e isso nunca me
A UFRA CAPANEMA NÃO SE CALA!
- Por Edivandro Machado, Anny Ramos, Chistiane Soares e Amanda Silva
“O feminismo existe e resiste
e mulheres existem e resistem”.
Jornal do GESA Grupo de Estudos Socioambientais na Amazônia – UFRA/Capanema
Jornal do GESA 1° edição, setembro de 2018
impediu de botar o pé fora de casa, mas
com o ocorrido, ontem, eu me senti
completamente insegura. Mesmo eu
vendo diversas motos da polícia,
rondando nosso bairro o dia inteiro, eu
não me senti segura. Com o que
aconteceu, eu não me sinto segura, para
poder sair de casa. Então, movimentos
como esse, são de extrema importância;
dão-me coragem para eu sair de casa”.
Em nome da equipe psicossocial da
UFRA/Capanema, o psicólogo Thiago
Veríssimo, quando questionado sobre a
atuação da equipe psicossocial nesse
caso, respondeu o seguinte: “Entramos
em contato com a discente, assim que
soubemos do ocorrido; fizemos uma
visita, e, logo em seguida, tomamos
todas as medidas necessárias.
Verificamos o que era possível ser
feito, para que ela pudesse, diante dessa
situação, ter o mínimo de dano e
mesmo assim fazer valer seus direitos.
Fizemos orientações à discente e
estamos prestando todos os auxílios
necessários”.
Ainda segundo o psicólogo da
UFRA/Capanema, “Todo movimento
nesse sentido é muito importante. O
que temos é uma condição de
machismo estrutural e esses
movimentos são importantes para
auxiliar a desconstrução disso. Esses
movimentos são importantes porque
são com eles que nós começamos a
repensar algumas posturas. Nós
começamos a perceber coisas que
muita das vezes é trivial para nós
como, por exemplo, um “psiu”. O
homem acha isso uma coisa trivial. E
muita das vezes isso causa um
incômodo e um desconforto muito
grande, e nós não temos noção disso. É
através desses movimentos que
fazemos uma auto avaliação, uma
autocrítica da nossa postura, inclusive
dessa postura machista que está posta
na nossa sociedade e nós não
conseguimos visualizar”. Ele ainda
destacou: “Esse movimento é muito
positivo e deve ser continuado e
intensificado, seja com discussões, seja
com passeatas, e várias outras formas
que estão fazendo e nos levando a essa
reflexão, não só dos estudantes, dos
envolvidos na instituição, mas de toda a
sociedade”. Destacou também que a
posição da UFRA diante do ocorrido
“É de repúdio a qualquer ato no sentido
de homofobia, de machismo, violência,
de qualquer postura nesse sentido”.
Também, questionaram-se membros do
movimento estudantil, como a Camila
Freire, que destacou que “O
movimento estudantil veio para
representar toda essa galera e está ai
para trazer o nome da UFRA para
mostrar que nós temos força, temos voz
e tentar mudar essa realidade que nós
estamos vivendo”.
Já o estudante Jarleison Pastana
destacou que “Ter esses momentos
dentro da universidade é importante
para abrir um diálogo, abrir uma
discussão sobre essas questões”.
Outrossim, a Profa Dr
a Laís Brito, do
Campus UFRA/Capanema, quando
questionada sobre a importância do
movimento, salientou que “É um
movimento essencial, extremamente
importante. Eu espero que com essa
manifestação, pelo menos aqui em
Capanema, façam as pessoas refletirem
mais sobre isso. Nós mulheres, digo
isso como mulher, como professora,
como estudante que já fui, numa área
que não é fácil, que é a das agrárias. A
gente sofre preconceito, apesar do
nosso conhecimento, do nosso estudo
na área, muitas vezes temos que provar
os nossos conhecimentos e a nossa
sapiência, muito mais que os homens.
E isso a gente enfrenta diariamente, na
nossa profissão, na nossa vida, na nossa
casa. Então, movimentos como esse,
fazem com que não só vocês
estudantes, mas pessoas de diversas
idades pensem e reflitam sobre
situações como essa. Mudar isso na
nossa sociedade, esse machismo, essa
violência contra a mulher, seja de
forma psicológica, ou física, parte da
gente, parte do nosso entorno, parte da
nossa casa”.
Já o diretor da UFRA/Capanema, Prof.
Dr. Ebson Cândido, destacou que:
“Essa manifestação é importantíssima;
vocês (alunos) se unirem e lutarem
pelos seus direitos, por esses casos
específicos que estão acontecendo”. O
professor ainda ressaltou que “A
direção está sempre aberta ao diálogo
com todas as manifestações, com os
centros acadêmicos, enfim, todas as
entidades estudantis”.
Tradição quilombola amazônica
Dona Tereza Soares da Costa, 55 anos,
é moradora da comunidade de
remanescentes de quilombolas Nossa
Senhora de Livramento, localizada às
margens da PA-242, em Igarapé Açu.
A comunidade tem uma grande ligação
com o rio e com os campos de junco
que, no passado e, ainda hoje, tem um
papel muito importante na renda e no
sustento dos moradores da comunidade.
Dona Tereza nos fala sobre a
comunidade, sobre os acontecimentos
do passado, sobre a sua relação com os
recursos naturais e com a agricultura no
Livramento.
O que a senhora sabe sobre a história
da comunidade?
Tereza: O que eu conheço da
comunidade, são histórias da minha
mãe. O que eu aprendi, que eu ouvia
ela falar, que essa comunidade era de
quilombola, que a gente não sabia, mas
como um relato da mamãe que ela
ouvia o que a família dela conversava
em segredo, porque na época as
crianças não podiam escutar conversas
de adulto, mas a mamãe era curiosa e
quando os antigos se reuniam, ela ouvia
por detrás das portas, das portas não,
das palhas, porque nessa época era
assim. Eles falavam que os primeiros
moradores eram escravos e vieram do
Maranhão, fugidos de lá, e aqui eles
acamparam perto do rio e formaram as
- Por Taiana Paiva (GESA)
Jornal do GESA Grupo de Estudos Socioambientais na Amazônia – UFRA/Capanema
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primeiras famílias. Eles sobreviviam do
rio e da mata.
O que significa a terra para a senhora?
Tereza: A terra pra mim, meu Deus!
Significa muita coisa... a terra, eu
chego lá no meu roçado e me benzo e
peço força, a terra nos alimenta, e nos
sustenta, a terra para a gente é tudo, é
da terra que a gente colhe o nosso
alimento. Ave Maria, a terra é
maravilhosa! Da terra a gente espera
água boa, alimento, plantas, a terra é
tudo.
O que a senhora aprendeu com os
antigos sobre o uso da terra?
Tereza: Eu aprendi foi trabalhar com
agricultura, plantar, colher!
Primeiramente, prepara a terra roçando
o mato para a queima, quando chega
em janeiro planta a primeira plantação,
que é o milho, aí planta a roça, e depois
da roça que vem o feijão. Tudo isso eu
aprendi, graças a Deus, porque aqui a
gente ainda faz queimada! Roça
todinho aquele pedaço, faz os aceiros,
para a não passar para o lado, nem
outro do mato; faz a coivara, aí toca o
fogo para ficar limpinho para plantar.
Tudo isso eu aprendi, graças a Deus! E
hoje eu não me perco na roça não, por
eu sei plantar, colher. Aprendi também
com a minha vó, com uns 09 a 10 anos,
a trabalhar com o junco, eu fazia 10
suado todo dia, para trocar com as
coisas, farinha, querosene; comprava as
coisas que era preciso.
O que mudou na agricultura praticada
na comunidade ao longo do tempo?
Tereza: O que mudou foi que
antigamente não apodrecia, e hoje
apodrece, quer dizer, hoje não é todo
morador que trabalha com a roça, tem
medo, medo não, cisma de apodrecer a
mandioca, aí não coloca, com seis
meses, oito meses apodrece. Eles
mudam de área, mas continua
acontecendo.
Qual a importância do rio Livramento
para a senhora?
Tereza: De lá a gente tira o alimento
para a gente, tem que ter o maior
cuidado com ele, a gente tem que zelar
por ele e respeitar. Para mim, o rio é o
segundo pai, no rio eu não me perco
não, quando eu preciso, vou lá e coloco
minha malhadeira, quando é época vou
lá e pego peixe.
Como a senhora vê a relação da
comunidade com a natureza?
Tereza: A gente tem que respeitar a
natureza, tem que ajudar a natureza. É
como o igarapé que tem, que no
passado era um igarapé maravilho, e
hoje ele não está seco igual ao chão
porque eu não me descuidei dele,
sempre pelejando no verão, quase
secando a nascente. Eu olho aquele
igarapé nesses tempos agora, eu me
sinto feliz porque a natureza me ajudou
também. Agora, nesse inverno, já tem
bastante água, até peixe já criou!
Porque eu fiz de tudo para ajudar, a
gente tem mais é que ajudar a natureza.
O igarapé do banheiro, no passado, era
muito bonito, mas o que fez isso foi o
desmatamento nas fazendas.
Como a senhora imagina o futuro da
nova geração do Livramento em
relação aos seus recursos naturais?
Tereza: Eu imagino o futuro dessa
nova geração, que a gente sabe que
vem vindo, é não encontrar mais o que
a gente tem; pelo menos muitas coisas
que eu vi, como esse rio nosso aí, com
uma fartura demais de peixe. É como
eu disse numa entrevista que fiz em
2009, uma vez lá no rio, a palavra que
eu disse que está escasso, o rio não está
mais peixeiro como ele era, então outra
geração que vem vindo, se continuarem
queimando esse campo aí, a geração
que vem não vai saber mais o que é
junco, e aí se não for uma coisa que a
gente vai conservando, vai acabando o
rio, o igarapé.
UFRA Capanema celebra o Dia do Estudante!
A Universidade Federal Rural da
Amazônia, Campus Capanema,
realizou no dia 25 de agosto de 2018, o
evento alusivo ao dia do estudante. A
programação incluiu atividades de
relaxamento, ioga, futebol, vôlei, jogos
digitais. À noite, ocorreu a
programação cultural, com
apresentações teatrais e musicais,
incluindo a participação do BioArt’s,
um projeto de extensão da
UFRA/Capanema, composto por
discentes dos cursos de bacharelado e
licenciatura em Biologia e coordenado
pelos professores Tainan Santana e
Luiz Cláudio Melo.
O BioArt’s fez uma energética e
reflexiva apresentação sobre o assédio
e violência contra a mulher no trabalho,
em casa, na universidade, na sociedade.
O grupo trouxe tristes e reais
estatísticas que narram, diariamente,
quaisquer tipo de violência contra a
mulher, em todos os ambientes. A sua
apresentação teve como objetivo
majoritário quebrar paradigmas,
mostrar que as mulheres não são
submissas, não são inferiores e tão
pouco são objetos. Visou, também,
chamar a atenção para os crescentes
casos de violência dentro das
instituições de ensino superior.
Procurou mostrar ainda que as
mulheres devem ter vez e voz, e que se
faz necessário todos se mobilizarem em
prol dessa causa.
Noite cultural para celebrar o dia do estudante.
- Por Edivandro Machado (GESA)
“As mulheres não são
submissas, não são inferiores e
tão pouco são objetos”.
Noite cultural alusiva ao dia do estudante.
Jornal do GESA Grupo de Estudos Socioambientais na Amazônia – UFRA/Capanema
Jornal do GESA 1° edição, setembro de 2018
Vandana Shiva é uma estudiosa
indiana, filósofa, ambientalista,
escritora, palestrante, ativista social,
cientista física, ecofeminista e
antiglobalização. No livro
“Monocultura da Mente” (2003), a
autora nos mostra a realidade do seu
país, a Índia, fala da substituição das
espécies nativas pelas monoculturas de
eucalipto e da invasão das espécies
geneticamente modificadas na
agricultura.
O eucalipto, uma espécie estrangeira
que substitui a floresta nativa, foi
considerado a melhor espécie para a
produção da silvicultura. Possui forte
relação com a indústria do papel,
fazendo com que a vegetação local
ficasse sem valor, principalmente
econômico. Essas escolhas foram feitas
não pensando na população local, mas
no valor perante o mercado. Na década
de 1980, o eucalipito foi apresentado
em todo o mundo como a “árvore
milagrosa”, recomendada para o
reflorestamento, mas esse não era o
pensamento das populaçoes locais. Os
cientistas decidiram que o eucalipto
seria a melhor solução, porém
deixaram de lado a realidade local,
partiram apenas da perspectiva da
produtividade e do mercado. A
mentalidade monoculturaral entende as
florestas naturais como ervas daninhas.
As árvores já não são mais um sistema
de sustentação de vida, mas sim árvores
de dinheiro. Esse reflorestamento
proposto visa tão somente a produção
de madeira e não tem nada a ver com a
produção de alimento, forragem,
conbustível, fertilizantes ou lenha,
como as árvores nativas, que são
essenciais para os ecossistemas locais e
seus solos áridos, pois há crescimento
rápido das árvores com copa densa e
galhos que voltam logo para o chão,
sendo uma exelente fornecedora de
biomassa, grande protetora dos solos e
são fundamentais para os ciclos das
águas. O eucalipto, diferentimente
dessas, necessitam de muita água e
fornecem pouquíssima bimassa.
Enfim, as sementes milagrosas da
Revolução Verde demostraram ser
economicamente insustentável para os
indianos. A autora fala que uma
agricultura sustentável é fundamentada
na reciclagem de nutrientes, pois se
retira do solo, mas se deixa alguns
nutrientes para a próxima cultura.
Acrescenta-se, também, que os
indianos tinham as safras de legumes
que fixavam o nitrogênio no solo, mas
foram totalmente ignorados.
A ciência da silvicultura reduz a
diversidade de espécies a uma única
espécie para somente um fim, a
produção de madeira. Ver a floreta
apenas do ponto de vista da produção
para o mercado impõe um rompimento
com os ciclos naturais que sustenam a
teia da vida. A autora diz que, no
passado, todo agricultor era também
um sivicultor e vice versa. A ideia
monocultural ignora a biodiversidade e
os saberes locais. O saber dominante da
ciência tem, notoriamente, como única
preocupação, o mercado.
Por fim, a autora nos apresenta
soluções para a crise do sistema de
saber dominate, advogando em favor
da democratização do saber. Isso
porque o saber dominante é excludente
e a nova redefinição do saber
envolveria a valorização do saber local,
considerado como legítimo e
indispensável, porque o paradigma
dominante está em crise e é incapaz de
proteger a natureza e mesmo a
sobrevivência humana.
Analogamnete, a soja é uma cultura já
consolidada no território brasileiro,
ocupando 22 milhões de hectares e com
cerca de 100 milhões de hectares aptos
à expansão. Essa expansão cresce nos
países do Mercosul (Brasil, Argentina,
Paraguai e Uruguai), assim como o
comparecimento de grandes empresas
multinacionais nos segmentos de
comercialização e industrialização, que
se estende em áreas de produção de
sementes e financiamentos da produção
do grão. Os seus principais produtos
são o grão, o farelo e o óleo de soja,
para atendimento da indústria
alimentícia, farmacêutica e química.
A expansão da área plantada tem se
dado, sobretudo, no sentido norte a
partir da região central brasileira, ou
seja, atingindo diretamente o
ecossistema frágil correspondente à
floresta amazônica. Essa expansão tem
gerado impactos socioambientais que
envolvem desde queimadas nas áreas
da floresta amazônica para a expansão
da área plantada (que respondem a
grandes percentuais de gases de efeito
estufa emitidos na atmosfera), as
mudanças no uso da terra e na
concentração latifundiária, entre outros.
Em relação aos impactos sociais,
observa-se o deslocamento de
populações das áreas rurais das regiões
de expansão da fronteira agrícola para
as grandes cidades devido à introdução
de monoculturas como a soja e o arroz,
no Marajó, por meio da mecanização, o
uso de fertilizantes e sementes
geneticamente melhoradas, além da
expansão de grandes fazendas
dedicadas à produção pecuária.
Também as grandes empresas ocupam
espaços no campo antes ocupado por
culturas familiares diversificadas,
reduzindo o emprego no campo e a
capacidade de produção de alimentos
tradicionais, comprometendo a
segurança alimentar da população e a
própria saúde dos ecossistemas.
AS MONOCULTURAS DA MENTE NO CONTEXTO SOCIOAMBIENTAL AMAZÔNICO
- Por Ronniery Costa e Taiana Paiva (GESA)
Jornal do GESA Grupo de Estudos Socioambientais na Amazônia – UFRA/Capanema
Jornal do GESA 1° edição, setembro de 2018
O Grupo de Estudos Socioambientais
na Amazônia (GESA) é um projeto de
extensão da Universidade Federal
Rural da Amazônia, Campus
Capanema, que se fundamenta em um
conjunto de abordagens teóricas,
metodológicas e empíricas que se
baseiam em conceitos e categorias
transversais como interação sistêmica,
diálogo e religação de saberes,
diversidade socioambiental e saberes
locais, pesquisa-ação, educação
ambiental, sustentabilidade,
participação e desenvolvimento local.
No contexto socioambiental
amazônico, o GESA tem como objetivo
central aprofundar os estudos sobre as
diversidades ambiental e social da
região em questão, com vistas à
proposição e à avaliação de modelos
alternativos de desenvolvimento
sustentável, pois é nesse espaço do
planeta que se localiza grande parte dos
recursos naturais e onde muitos povos
reproduzem os seus saberes
tradicionais de inestimável valor
cultural para a conservação dos
recursos naturais.
Membros ativos do Projeto GESA
Coordenador:
Prof. Dr. Luiz Cláudio M. Melo Júnior
Alef Silva
Aline Silva
Bernardo Leão
Chistiane Soares
Danielle Silva
Danillo Silva
Dayla Santos
Edivandro Machado
Glenda Diniz
Karoline Costa
Ingrid Silva
Isabelle Rosário
Laiane Lima
Lara Aviz
Lucas Raiol
Marilza Silva
Nazareno Lima
Paulo Souza
Raimunda Taynara
Roberta Gomes
Ronilson Corrêa
Roniery Costa
Taiana Farias
Fotos:Camila Freire; Danilo Silva; Lucas Raiol, Sarah
Gabriella, Anny Ramos.
Aniversariantes do mês
de agosto, membros do
Grupo de Estudos
Socioambientais na
Amazônia:
Elisane, Lara Aviz e
Marilza Silva.
CONHECENDO O GESA!
VEM AÍ !!!!
“III CIÊNCIA & FÉ: ciência & fé nas religiões afro-brasileiras”.
23 de outubro de 2018.
Aguarde!!!