jornal da arquidiocese | nº 210 | março de 2015

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Jornal da ARQUIDIOCESE março DE 2015 FLORIANÓPOLIS, nº 210 249 anos de fé Procissão dos Passos | 4 CF 2015 lançada na Arquidiocese | 10 Pe. Jacob Archer coração missionário | 12 UMA QUARESMA D I F E R E N T E

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Page 1: Jornal da Arquidiocese | nº 210 | março de 2015

Jornalda

ARQUIDIOCESEmarço DE 2015FLORIANÓPOLIS, nº 210

249 anos de féProcissão dos Passos | 4

CF 2015lançada na Arquidiocese | 10

Pe. Jacob Archercoração missionário | 12

UMA QUARESMA DIFERENTE

Page 2: Jornal da Arquidiocese | nº 210 | março de 2015

Servir e amar

Nos caminhos de Francisco

Igreja e Estado

Nas redes

Na Quarta-feira de Cinzas, a Igreja no Brasil deu a largada para a Campanha da Fraternidade 2015 que este ano tem como tema, “Fraternidade: Igreja e so-ciedade” e lema, “Eu vim para servir” (cf. Mc 10,45).

A Campanha tem como objetivo geral refletir e aprofundar, à luz do Evangelho, o diálogo e a cola-boração entre a Igreja e a sociedade, propostas pelo Concílio Ecumênico Vaticano II, como serviço ao povo brasileiro, para a edificação do Reino de Deus.

Também na Quarta de Cinzas teve início à Qua-resma, um período de 40 dias em preparação para a Ressurreição de Cristo.

Em unidade com a CF, uma Quaresma para o ser-viço, para o sair de si e ir ao encontro do próximo. O Papa Francisco, na mensagem para a Quaresma 2015, fala da globalização da indiferença. “Dado que a indiferença para com o próximo e para com Deus é uma tentação real também para nós, cristãos, temos necessidade de ouvir, em cada Quaresma, o brado dos profetas que levantam a voz para nos desper-tar”, cita o Papa.

O Santo Padre finaliza a mensagem afirmando que o ser humano precisa de “um coração forte e mi-sericordioso, vigilante e generoso que não se deixa fechar em si mesmo nem cai na vertigem da globali-zação da indiferença”.

Assim, descobre-se nas páginas desta edição que esta Quaresma será diferente se cada pessoa fizer a sua parte e se abrir ao serviço e amor ao pró-ximo.

Santa Quaresma!

“Igreja e Sociedade” é o tema da Campanha da Fraternidade de 2015. Uma das instituições da sociedade é o Estado. A relação da Igreja com o Estado através da história passou por momentos conturbados. Diria que hoje ainda não se chegou a uma solução satisfatória. Há Estados que identificam o poder estatal com a religião e em outros não se admite manifestação religiosa.

A tensão está presente no próprio Evangelho. Ao perguntar se deve pagar imposto, Jesus responde que se deve “dar a Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus”. Assim mostra como o cristão deve proceder. No Império Romano a relação passou de perseguição para um momento de tolerância até a adoção do cristianismo como religião oficial do império. Começava assim a Cristandade, período em que o elemento religioso fundamentava toda a vida cultural e era conduzido em

estreita ligação com o poder estatal.

No fim da Idade Média, a Reforma Protestante provoca uma divisão no cristianismo, e a relação Igreja-Estado em muitos casos foi resolvida pelo princípio: o povo devia seguir a religião do rei. Esta solução provocou várias guerras por motivo religioso. Na época do iluminismo se buscou um Estado que estivesse livre de qualquer ingerência religiosa. Foi um período de muita perseguição e morte. Ganhou força a ideia de república e democracia. De alguma forma este espírito perdura até hoje, em grande parte do ocidente.

No Brasil, durante o império se seguiu a prática do padroado onde o imperador tinha a última palavra nos destinos da Igreja. A separação entre Igreja e Estado deu-se com a Constituição Republicana de 1891. A partir daí a Igreja conheceu um período de muito dinamismo interno.

Teve autonomia para se organizar a partir de princípios religiosos. Foram criadas muitas dioceses, paróquias, seminários.

Hoje se insiste cada vez mais na afirmação de que o “Estado é laico”. É um princípio com o qual estamos de acordo. É o Estado laico que tem o dever de dialogar com todos os segmentos que compõem a sociedade, inclusive o segmento religioso. O Estado é laico, a sociedade não.

2 Jornal da Arquidiocese, março de 2015

opinião

Dom Wilson Tadeu Jönck,scj

Acreditar não significa estar livre de momen-tos difíceis, mas ter a força para os enfrentar sabendo que não estamos sozinhos.

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@pontifex_pt

Lançamento da campanha #quaresma2015

“No Cristo da Páscoa que se doou sem limites para nos salvar, somos convidados a partilhar um pouco do que possuímos com os que tanto precisam de

nosso amor e de nossa solidariedade cristã”.

Pe. Evaristo Debiasi, na página do facebook da Arquidiocese

Missa de Dom Odelir, na Diocese de Chapecó

Dom Wilson fala ao vivo na TV Record

Rua Esteves Júnior, 447, Centro Florianópolis-SC,

Fone: (48) 3224-4799 / 9982-2463

O Jornal da Arquidiocese é uma publicação mensal da Arquidiocese de

Florianópolis-SC.

DIRETOR: Pe. Vitor Galdino Feller

CONSELHO EDITORIAL: Dom Wilson Tadeu Jönck, scj, Pe. Leandro Rech,

Pe. Revelino Seidler, Pe. Vânio da Silva, A. Carol Denardi, Fernando Anísio Batista,

Jean Ricardo Severino, Lui Holleben e Olga Oliveira.

JORNALISTA RESPONSÁVEL: A. Carol Denardi (SC 01843-JP)

PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO: Lui Holleben

Durante a Quaresma, encontremos formas concretas de vencer a nossa indiferença.3

6 de fevereiro, no twitter

17 de fevereiro, no twitter

Rezemos pelos nossos 21 irmãos coptas, de-capitados pelo motivo de serem cristãos. Que o Senhor os acolha como mártires, pelas suas famílias.

217 de fevereiro, oferecendo a Missa na Casa Santa Marta

pelos cristãos assassinados pelo Estado Islâmico

Este é o verdadeiro jejum. O jejum que não é somente exterior, uma lei externa, mas deve vir do coração.

420 de fevereiro, em Missa celebrada na Casa Santa Marta

REVISÃO: Roberson PinheiroCOORD. DE PUBLICIDADE: Pe. Leandro Rech e Erlon Costa

TIRAGEM: 24.000 exemplares IMPRESSÃO: Diário Catarinense

EMAIL: [email protected] e [email protected]: www.arquifln.org.br

FACEBOOK: Arquidiocese de FlorianópolisAssessoria de Comunicação

Jornal da Arquidiocese, março de 2015

Enquanto atraves-samos o deserto quaresmal, nós temos o olhar

dirigido à Páscoa, que é a vitória

definitiva de Jesus contra o Maligno.

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22 de fevereiro, no Angelus

facebook da Arquidiocese

O Arcebispo participou do programa Ver Mais na RIC Record, para falar sobre o lançamento da Campanha

da Fraternidade 2015.

No dia 1º de fevereiro, o bispo Dom Odelir José Ma-gri, mccj, celebrou junto ao clero, bispos, familiares e a comunidade de Chapecó e região, o início do seu

ministério episcopal na Diocese de Chapecó.

Não há pecado que Deus não possa perdoar. Basta que Lhe peçamos perdão.5

21 de fevereiro, no twitter arquifln.org.br

Page 3: Jornal da Arquidiocese | nº 210 | março de 2015

3Jornal da Arquidiocese, março de 2015

#compartilha

Prof. Carlos Martendal

Família 1A família que se abriga sob as asas do Senhor voa alto. Mesmo em meio às dificuldades de todo tipo, mesmo em meio às tem-pestades, a casa não treme, porque construída sobre a Rocha. Na família o amor se aninha, o serviço se presta de bom grado, a fé se cultiva e a alegria é presença junto com a paz, dons do

alto e frutos do esforço de cada um.

Família 2O amor que une os membros de uma família é poderoso antí-

doto contra os males do mundo. Um ajuda o outro e todos jun-tos constroem vidas que valem a pena serem vividas. Ninguém

é rejeitado, ninguém é deixado para trás, todos são valoriza-dos. E assim se renovam e renovam a face da terra!

Família 3Como é bom ter família quando tantos não a têm; como é bom

ter família, ser acolhido, ser benquisto e querer bem a todos; como é bom ter família onde um se antecipa ao outro para

servir; como é bom ter família onde Deus tem o primeiro lugar. É um oásis no meio do deserto, um pedacinho

de céu aqui na terra!

QuaresmaO Papa Francisco lembra: “Existem cristãos de

Quaresma sem Páscoa”. Não fiquemos na Quaresma, a Páscoa nos espera!

Retalhos do CotidianoPe. Jacob, missionário em Macapá

O arcebispo, Dom Wilson Tadeu Jönck, scj, celebrou no dia 02 de fe-vereiro a primeira missa de envio do então pároco da Paróquia Nossa Se-nhora da Imaculada Conceição, em Bombinhas, Pe. José Jacob Archer. A Celebração Eucarística ocorreu na Paróquia Nossa Senhora do Rosário, em São José, e foi concelebrada por

vários padres da Arquidiocese. A segunda missa de envio do Pe.

Jacob foi no dia 05 de fevereiro, cele-brada pelo pároco da Paróquia Nossa Senhora de Azambuja, Pe. Alvino Mi-lani, em Brusque. “A decisão do Pe. Jacob de ir para uma nova missão é uma resposta ao Papa que pede para sermos uma Igreja em saída. É uma Igreja que vai ao encontro daqueles que estão esquecidos e marginali-zados em todos os sentidos. É uma resposta para ser uma Igreja discípu-la e missionária e ter a coragem de enfrentar o que ele vai encontrar lá”, afirmou Pe. Milani.

Pe. Jacob embarcou, no dia 10 de fevereiro, para a Diocese de Ma-capá, no Amapá, onde vai auxiliar na evangelização daquela região. O reitor do Seminário de Teologia Con-vívio Emaús, Pe. Vânio da Silva e o Paróco da Paróquia São Vicente, de Itajaí, Pe. Josemar da Silva, acompa-nharam o missionário na chegada em Macapá.

Padres da Arquidiocese iniciam as atividades com retiro

Em meio aos ruídos do mundo, os padres da arquidiocese se re-tiraram para ouvir a vez de Deus neste ano de 2015. De 09 a 12 de fevereiro aconteceu o primeiro re-tiro dos presbíteros, tendo como local o Recanto Champagnat, Morro da Lagoa, em Florianópolis.

O retiro contou com 26 padres que ouviram o pregador, o arce-bispo de Maceió, Dom Frei Antô-nio Muniz Fernandes.

“Fazemos o mesmo ritmo em todos os retiros. Sempre se co-meça entrando num clima de deserto, recolhimento espiritual e de reflexão. Esse é o momento

onde colocamos na tela a nossa resposta, a nossa vocação para presbítero, o nosso ministério e nos perguntamos: como o esta-mos realizando? O clima do retiro é sempre de silêncio e recolhi-mento, de oração e leitura cons-tante da Palavra de Deus”, conta Dom Frei Antônio.

“Lectio Divina” foi o método utilizado durante o retiro. Consis-te na leitura, meditação e oração a partir da Palavra de Deus. Os padres seguiram a proposta do Evangelho de São Marcos, capí-tulo 8, onde Jesus convida os dis-cípulos ao seguimento.

A Assembléia Legislativa realiza na segunda-feira, 30 de março, às 19h, uma Sessão Solene de lançamento da Cam-panha da Fraternidade de 2015.

O evento é uma proposição da equi-

pe de coordenação da CF-2015 e será realizado no Plenário da Assembléia. To-das as lideranças são convidadas para esse momento.

CF 2015 é destaque em sessão solene

Carnaval “ Mais feliz com Jesus” da Comunidade Divino Oleiro

Aconteceram na Vila do Divino Oleiro, em Governador Celso Ra-mos , e no Recanto Divino Oleiro, em Camboriú , os retiros de carnaval da Comunidade Divino Oleiro. Mais de 150 pessoas, entre adultos e jovens estiveram reunidos, participando de uma programação com muito louvor, oração, meditação e alegria. Além dos momentos de pregação, partilha e oração, aconteceu uma peregrina-ção a Nova Trento, na segunda -feira, e à noite o “baile de carnaval”, com a participação da Banda Dádiva Divi-na, de Joinville.

Os retiros se encerraram na terça -feira com a celebração da santa mis-sa.

Erichson StueberProjeto Mais Feliz com Jesus

Page 4: Jornal da Arquidiocese | nº 210 | março de 2015

Emocione-se com a maior história de amor da humanidade. Os Movimentos de Emaús e Água Viva Jovens apresentam a Paixão de Cristo em Florianópolis, na Sex-ta-feira Santa.

Há 30 anos, o Movimento de Emaús faz a encenação. Este ano será no Centro Inte-grado de Cultura (CIC), no dia 03 de abril, às 17h30. São 50 atores que levam para o público a Via Sacra, Santa Ceia, condena-ção de Cristo e a morte na cruz. O ingresso custa R$ 10,00.

Já a apresentação do Movimento Água Viva será também no dia 03 de abril, às 16h30, no Largo São João Paulo II, esca-daria da Catedral. O objetivo dos 60 par-ticipantes, entre personagens e estrutura, é evangelizar as pessoas e representar a via dolorosa até a crucificação de Jesus. O movimento, que pertence à Paróquia Mi-litar Nossa Senhora do Loreto, Base Aérea de Florianópolis, faz essa encenação des-de 2004.

Mais informações:Emaús: Renan Schlickmann [email protected] (48) 9957 3001Água Viva Jovem: www.movimentoaguaviva.com.br

Dia de Penitência e Reconciliação 2015

4 Jornal da Arquidiocese, Março de 2015

#compartilhaJornal da Arquidiocese, Março de 2015

Jornada Arquidiocesana da Juventude ocorre em Itajaí

Procissão de Nosso Senhor dos Passos marca 249 anos de fé em FlorianópolisPela primeira vez, o capelão

da Base Aérea do Galeão (Rio de Janeiro), Pe. Valmir Laudelino Sil-vano, fará o sermão do encontro das imagens do Senhor Jesus dos Passos e Nossa Senhora das Do-res, no dia 22 de março, às 16h, na escadaria da Catedral, em Flo-rianópolis.

Como acontece desde 1766, no final de semana que antecede o Domingo de Ramos, as imagens do Senhor dos Passos e da Vir-gem das Dores ganham as ruas históricas de Florianópolis e anun-ciam que a Páscoa está próxima. Trata-se da mais antiga e maior celebração religiosa de Santa Ca-tarina. “Quando as duas imagens se aproximam é realizado o ser-mão do encontro. Depois desse momento, as imagens retornam à

capela no Hospital de Caridade e acontece a bênção final”, relata o capelão da Capela Menino Deus, Pe. Pedro José Koehler.

Na procissão do encontro, as imagens de Jesus e Maria se-guem em trajetos diferentes e reconstituem os passos do Cal-vário. Durante a caminhada ocor-rem algumas paradas, represen-tando as estações de Via Crucis. Em um dos momentos, Verônica canta anunciando a dor de Jesus Cristo. “A participação do povo durante a procissão foi aumen-tando consideravelmente durante estes anos. Peregrinos do interior da Ilha e da Grande Florianópolis vieram cada vez mais”, destacou Pe. Pedro.

No próximo dia 28 de março, sábado de Ramos, o Setor Juventude promove na Paróquia São Cristó-vão, em Itajaí, a Jornada Arquidiocesana da Juven-tude. Para comemorar o Dia Mundial da Juventude, nos anos em que não há a Jornada Mundial, os jo-vens são convidados pra se reunirem nas próprias dioceses. O evento, que terá início às 17h, conta com o “Corredor Vocacional” com tendas das mais diversas congregações, a presença do arcebispo, Dom Wilson Tadeu Jönck, espetáculo de dança com o grupo Jovens Adoradores e apresentações musicais com os grupos Glória Eterna, Filhos do Céu e Amados do Eterno. Encerrando a programa-ção, o cantor Diego Fernandes.

Movimentos de Emaús e Água Viva encenam a Paixão de Cristo

A Renovação Carismática Católica da Arquidiocese de Florianópolis realizará no dia 15 de março, a partir das 8h, mais uma edição do Dia de Penitência e Reconciliação. A ci-dade de Brusque sediará este tradicional evento.

O tema deste ano encontra-se no livro do Apocalipse, ca-pítulo 3, versículo 20a: “Eis que estou à porta e bato”. Luiz Cé-sar Martins, de Curitiba (PR), atual coordenador do Ministério de Intercessão da RCC do Brasil, é quem pregará no evento. A animação está por conta do ministério de música Jovens Adoradores, de Itajaí.

Junto com toda a RCC do Brasil somos movidos, neste ano, pela palavra de Gálatas 5, 25: “Se vivemos pelo Espírito, andemos de acordo com o Espírito”. O Dia de Penitência e Reconciliação é uma manifestação da misericórdia de Deus que tanto nos ama. É oportunidade que Ele nos dá de nos encontrar com Ele de forma pessoal, de ouvirmos uma vez mais o convite à conversão, da transformação de vida pela ação do Espírito neste dia de muita oração, pregação, vivên-cia fraterna, adoração, missa e muito mais.

Esperamos por você!

Juliano Nystrom DequigiovanniSecretário Geral da RCC Florianópolis

Serviço08h | 15/03 | Arena Multiuso (ao lado do

salão da Fenarreco, em Brusque)

www.rccflorianopolis.com.br(47) 3083-7716

Foto: Everton Marcelino

Page 5: Jornal da Arquidiocese | nº 210 | março de 2015

O ano de 2014 foi marcado por um aumento significativo da presença de migrantes e refugiados em Florianópolis. São pessoas vindas de dife-rentes países, motivadas por diferentes razões, mas com um objetivo único: buscar me-lhores condições de vida. Nes-te cenário há uma predomi-nância de refugiados da Síria, do Haiti e dos países latinos americanos.

A presença destes imigran-tes e refugiados em nossa ci-dade, estado e País, provoca em toda sociedade, mas prin-cipalmente no poder público, indagações de como agir.

Como atendê-los de forma adequada? O que eles que-rem? Não se tratam de grandes exigências. No geral é: traba-lho digno e acesso aos servi-ços públicos básicos (saúde, educação, regulamentação da sua permanência etc).

No entanto, como em ou-tras partes do Brasil, a cidade de Florianópolis não está sufi-cientemente preparada para tratar desta nova realidade.

Em abril de 2014, por ini-ciativa da Arquidiocese de Florianópolis, criou-se um Gru-po de Apoio aos Migrantes e Refugiados que hoje con-grega mais de 15 instituições

que atuam diretamente com migrações, entre elas a UFSC e UDESC. Como fruto deste grupo, realizou-se em 2014 um painel na UFSC e uma audi-ência pública na Câmara Mu-nicipal de Vereadores. Como resultado concreto buscam-se a ampliação e articulação de instituições que atuam com mi-grantes, atendendo demandas específicas. Um exemplo é o ensino da língua portuguesa para estrangeiros.

Surgiu na audiência pública a proposta de criação de um comitê intersetorial, envolven-do diversas secretarias muni-cipais para dar uma resposta mais qualificada à situação dos migrantes em Florianópo-lis.

Para o ano de 2015, o gru-po de apoio pretende imple-mentar o comitê intersetorial e fortalecer os laços que unem as várias entidades empenha-das no trabalho de acolhida aos migrantes. Na agenda para este ano consta também a realização da “semana dos migrantes”. Será um momento de estudo e de encontro que permitirá maior conhecimento da vida dos migrantes em nos-sa cidade. Esta semana ocor-rerá de 14 a 21 de junho, em Florianópolis.

Comunidade, lugar do serviço Migrantes e refugiados em Florianópolis

5Jornal da Arquidiocese, Março de 2015

nossa fé

“Eu vim para servir”, disse Jesus Cristo. O lema da Campanha da Fraterni-dade deste ano apresenta a missão do Senhor: servir. Nós também somos cha-mados a servir. Como Je-sus, somos servidores uns dos outros, servidores dos pobres. Somos uma Igreja solidária, servidora e mis-sionária, como cantamos no hino da campanha.

Paróquia servidora

O Documento 100 da CNBB – “Comunidade de comunidades: uma nova paróquia. A conversão pastoral da paróquia” – pede que nossas comuni-dades e paróquias estejam a serviço da sociedade: “A comunidade há de mar-car presença diante dos grandes desafios da hu-manidade: defesa da vida, ecologia, ética na política, economia solidária e cul-

tura da paz (...), educação para o pleno exercício da cidadania, defesa da inte-gridade da terra e cuidado com a biodiversidade” (n. 285).

O serviço da caridade

Seguindo Jesus, a Igre-ja tem uma tríplice missão: ensinar, santificar e servir. Não são três ministérios es-tanques. Eles se imbricam mutuamente. Todo cristão é, pelo batismo e pela cris-ma, ao mesmo tempo pro-feta, sacerdote e rei-pas-tor. Assim, a Igreja serve à humanidade, às pessoas pobres e à comunidades carentes, pelo ensino da Palavra, pela administra-ção dos Sacramentos e pelas obras da Caridade. Nessas três mesas – Pala-vra, Sacramentos, sobre-tudo a Eucaristia e carida-de – a Igreja se alimenta a si mesma para poder se

dedicar com mais empe-nho ao serviço do mundo. Ela tem como meta fazer acontecer desde já, na for-ma de sinal e sacramento, o Reino de Deus, reino de vida em abundância para todos.

Igreja samaritana

Para se tornar cada vez mais comunidade servido-ra, a Igreja deve despojar-se da pretensão de julgar, excluir e condenar. Deve tornar-se samaritana, ir ao encontro dos marginaliza-dos, buscar os afastados, “acolher fraternalmente a todos, especialmente os que estão caídos à beira do caminho” (n. 283). Deve aplicar a lei e os manda-mentos de Deus não para excluir e condenar, mas para incluir, integrar e sal-var.

Fernando Anísio Batista

Pe. Vitor Galdino Feller

Page 6: Jornal da Arquidiocese | nº 210 | março de 2015

UMA QUARESMA DIFERENTE6 Jornal da Arquidiocese, Março de 2015

capa

“Esta, queridos Irmãos, é uma hora de graça para todos nós e para a Igreja que peregrina na América. ... Hora de graça e também de grande responsabilidade”. As-sim, em Santo Domingo, iniciava o discurso de abertura da Quarta Conferência Geral do Episcopado Latino Americano, do saudoso Papa João Paulo II, hoje, São João Paulo II. Como recordo com carinho esta sua afirmação!

Viver hoje, num mundo com tantas possibilidades e facilidades é grande graça e, também muita responsabi-lidade. Tinha razão São João Paulo II. Graça recebida, responsabilida-de assumida. Como cristãos e como Igreja, temos diante de nós este de-safio: responder às graças recebidas.

A Quaresma oferece esta possi-bilidade de resposta. A Campanha da Fraternidade, realizada no Brasil, desde a década de 60, é uma forma privilegiada de darmos esta resposta e celebrarmos, de um jeito diferente, a cada ano, o grande mistério da pai-xão, morte e ressurreição de Jesus. Ela se coloca como um “pano de fun-do” para a celebração deste mistério da nossa fé. Que grande graça!

Origem e sentido da Qua-resma

Já conhecemos sua origem e seu sentido, mas não faz mal relembrá-la. A Quaresma é este período de 40 dias, durante o qual nos preparamos para celebrar a Ressurreição de Jesus, base da fé cristã. Neste tempo, desde a Quarta-feira de Cinzas até a quarta-feira da Semana Santa, somos convidados a um confronto especial entre nossa vida e a mensagem cristã, reve-lada no Evangelho. Este confronto deve le-var-nos a aprofundar nossa compreensão da Palavra de Deus e a intensificar a prática dos princípios essenciais da fé cristã.

Inicialmente este período de preparação para a Páscoa era breve, de três dias ape-nas. Por volta do ano 350 d.C., a Igreja deci-diu aumentar esse tempo. Ele não desapare-ceu. Permaneceu como Tríduo Pascal, como ainda hoje é celebrado. A preparação para a Páscoa passou a ter 40 dias. Percebeu-se que três dias eram insuficientes para que se pudesse preparar adequadamente tão im-portante e central mistério. Surgia a Quares-ma.

Durante esse tempo, registra a história, adultos que estavam sendo iniciados na vida

cristã, depois de uma longa preparação (em torno de três ou quatro anos), terminavam essa iniciação e, amparados pela comunida-de, recebiam o sacramento do Batismo, na noite da Solene Vigília Pascal (rito ainda pre-sente na liturgia da Igreja).

A penitência e a Quaresma

A Quaresma tem dimensão batismal, mas também uma dimensão penitencial, como diz a Constituição Conciliar sobre a Sagrada Liturgia: “Ponham-se em maior realce, tanto na Liturgia como na catequese litúrgica, os dois aspectos característicos do tempo qua-resmal que pretende, sobretudo através da recordação ou preparação do Batismo e pela Penitência, preparar os fiéis que devem ou-vir com mais frequência a Palavra de Deus e dar-se à oração com mais insistência, para a celebração do mistério pascal” (SC 109).

Na sua dimensão penitencial, a Quares-ma é, para todo cristão, tempo de tomada de consciência dos próprios pecados, tempo de busca de Deus, tempo de conversão, de renovação interior no pensar, no amar e no agir. E isto não se realiza sem esforço.

A Quaresma é tempo forte de conversão, de mudança interior, tempo de assumir tudo o que traz vida para nossas comunidades.

Tempo de graça e salvação, onde nos pre-paramos para viver o momento mais impor-tante do ano litúrgico, a Páscoa. Sem dúvida, uma oportunidade para a busca do sacra-mento da penitência. Ocasião para uma boa confissão.

Quaresma e CF

Celebrar a Quaresma é se juntar em mutirão, como povo de Deus, em busca da verdadeira libertação. A dimensão co-munitária da Quaresma é, no Brasil, en-riquecida pela Campanha da Fraternida-de. Em razão dos temas que propõe, ela nos ajuda a viver concretamente a expe-riência da Páscoa de Jesus nas páscoas do povo.

Este ano, em razão da comemoração dos 50 anos do Concílio Ecumênico Vati-cano II, a Igreja quer que aprofundemos, à luz do Evangelho, o diálogo e a colabo-ração entre a Igreja e a sociedade, pro-postos pelo próprio Concílio, como um serviço ao povo brasileiro, para a edifica-ção do Reino de Deus (cf. Objetivo Geral da CF 2015).

Quaresma e o “Ano da Paz”

Há um motivo a mais para viver com mais profundidade a Quaresma deste ano de 2015. O Ano da Paz, proclamado pelos Bispos do Brasil, torna-se convite imperioso para reflexão sobre as causas

de tantos acontecimentos violentos que cer-cam nossas vidas.

“A violência é a decadência do conviver; fruto da exclusão, da rejeição. Falta de amor nas relações. A paz é fruto da participação de todos na construção de uma sociedade em que todas as pessoas e famílias podem viver, educar os filhos e ter oportunidade de futuro” (Dom Leonardo Ulrich Steiner, Secre-tário Geral da CNBB).

Palavra final!

Quaresma é “hora de graça”. Façamos dessa, a melhor Quaresma de nossas vidas. Sejamos mais solidários e fraternos. Vivamos nossa fé, plenamente inseridos na socieda-de. Busquemos a paz. Lutemos pela paz, porque “somos da paz”!

Pe. Francisco de Assis WlochSubsecretário Adjunto de Pastoral da

CNBB/Brasília

EM UNIDADE COM A CAMPANHA DA FRATERNIDADE, UMA QUARESMA PARA O SERVIÇO

Page 7: Jornal da Arquidiocese | nº 210 | março de 2015

7

“EIS O TEMPO DE

CONVERSÃO”

Entramos na Quaresma. Tempo de esperas e memórias, tempo que trans-cende épocas antigas, que nos faz pensar. Tempo de saudades, tempo de descobrir no mosaico da vida todos os detalhes que fazem a vida valer a pena. Tempo de silêncio.

Porém a Quaresma não é tempo de tristezas. Pelo contrário, a Quaresma é tempo de alegria, pois com Cristo, que após a morte se tornou o ressuscitado,

sabe-se que os sofrimentos não são estados definitivos. A Quaresma não é para ser entendida como sofrimento, mas sim, como terno respeito á nosso Divino Esposo.

Cristo espera nossa conversão.

Confira três exemplos de pessoas que buscaram a conversão a partir de um encontro com Cristo. E nunca mais foram os mesmos.

O engenheiro mecânico Filipe Mendes nasceu e foi criado em uma igreja evangé-lica. Mas do dia 17 a 20 de maio de 2012 realizou o 79º retiro de Emaús masculino da Arquidiocese de Florianópolis.

“Após o retiro e todos os momentos in-críveis que vivemos no Morro das Pedras, eu e meu irmão (Tiago) optamos por nos batizar na Igreja Católica. Meu batismo foi indiscutivelmente o marco mais importan-te da minha vida. Um ato de amor e muita renovação, de efeitos transformadores e irreversíveis”, conta Filipe.

Aos poucos, o jovem de 25 anos foi conhecendo e se aprofundando na fé que escolheu viver, ingressando no grupo de jovens São João Batista, do Emaús, que se reúne semanalmente para ler e refletir a Palavra.

Jesus Eucarístico também se tornou parte fundamental da vida de Filipe. “A Eucaristia! Este é um momento de muito amor que desfrutamos na presença do Pai e só podemos alcançar a partir do Batis-mo”, completa.

São Josemaría Escrivá, no livro “É Cris-to que Passa” escreve: “O cristianismo não é um caminho cômodo; não basta estar na Igreja e deixar que os anos passem. Na nos-sa vida, na vida dos cristãos, a primeira con-versão [...] é importante; mas ainda mais im-portantes e mais difíceis são as conversões sucessivas”.

Marcelo Marchese, engenheiro têxtil de 42 anos, testemunha sua conversão. Ao co-meçar a participar há seis anos das ativida-des na Paróquia Santa Inês, em Balneário Camboriú, sentiu-se tocado por Deus que veio ao seu encontro.

Ele testemunha: “Conversão significa uma mudança de direção na vida, de valores e atitudes. É o momento em que passamos a conhecer um novo modo de vida, onde en-contramos a verdadeira alegria por estar vi-vendo nossa busca de seguir os caminhos de Deus”.

Atualmente, Marcelo participa do Minis-tério da Intercessão do grupo Emanuel e é Ministro da Eucaristia na Paróquia.

Em uma passagem do Evangelho de João recorda-se o encontro entre Jesus e a samaritana, onde ele explica: “[...] Quem beber da água que eu lhe der jamais terá sede” (Jo 4,14). Dito e feito. Bruno Bar-bosa, empresário de 28 anos, provou da Água Viva e percebeu as maravilhas que esta decisão trouxe para sua vida.

“Minha conversão foi muito importan-te para meu relacionamento com minha esposa. A partir da conversão comecei a querer constituir uma família, noivamos e hoje estamos muito bem casados”, relata Bruno.

Hariane e Bruno são casados desde dezembro de 2014, e assumem um rela-cionamento a três: entre eles e Cristo.

“Na nossa união sempre colocamos Deus nas decisões! A partir do meu Batis-mo começamos a ter um relacionamento de castidade e Deus conosco, na escolha para recebermos o Sacramento do Matri-mônio”.

Foto: Ana Correa

Foto: Renata Ferla

INICIADO NA VIDA CATÓLICA O AMOR COMO ALAVANCA CRISTO NAS PEQUENAS COISAS

Page 8: Jornal da Arquidiocese | nº 210 | março de 2015

São José é descendente da casa de Davi. É o esposo da virgem Ma-ria e pai adotivo de Jesus Cristo. Nos Evangelhos ele aparece na infância de Jesus.

José, homem justo e piedoso, dedicou sua vida aos cuidados de Jesus e Maria. Numa vida simples vi-veu do trabalho de suas mãos, como carpinteiro, sustentou a família com dignidade e exemplo. Era um judeu religioso e praticante: ele consagrou o menino Jesus no templo assim que nasceu. É interessante observar que este ato era praticado por judeus pie-dosos. Outro exemplo é que ele le-vava a família regularmente às pere-grinações do seu povo a Jerusalém, especialmente no tempo em que os judeus celebravam a Páscoa.

Foi um homem que teve um papel importante na vida de Jesus enquan-to pessoa humana. Se analisarmos o comportamento de Jesus do ponto de vista humano descobrimos que foi educado como menino e homem de um pai presente e muito piedoso. Um pai que procurou ensinar a seu filho o caminho do bem, da verdade, do amor e conhecimento da palavra do Pai.

A Igreja colocou São José no ca-lendário litúrgico em 1497. Foram muitos os santos que ajudaram a di-vulgar a devoção do pai de Jesus, como São Francisco de Assis e Santa Tereza d’Avila. Foi declarado como patrono universal da Igreja e da jus-tiça social. O Papa Pio XII instituiu a “festa São José operário” celebrada no dia 1º de maio. É sem dúvida um dos santos mais importantes da Igre-ja. Ele é invocado como o santo que intercede a Deus por todas as nossas necessidades.

A Igreja, sempre na Quaresma, no dia 19 de março, celebra a festa de São José, esposo da Virgem Maria, escolhido por Deus entre os homens

do seu tempo para ser o pai adotivo do seu filho divino e humanado.

O Evangelho fala bem pouco da vida de São José, mas o exalta por ter vivido a “obediência da fé” em todas as circunstâncias: um homem humilde e justo, viveu a fé, sem a qual não podemos agradar a Deus. Foi o verdadeiro pai de Jesus, não pela carne, mas pelo coração; protegeu Jesus, ensinou-lhe o caminho do tra-balho mostrando-nos que o trabalho é redentor.

Celebrar a festa de São José é celebrar a vitória da fé e da obediên-cia sobre a rebeldia e descrença que hoje invadem os lares, a sociedade e até a Igreja. O homem moderno quer liberdade, é proibido proibir.

Celebrar a festa de São José é ce-lebrar a santidade, a espiritualidade, o silêncio profundo e fértil. Na Bíblia, o pai adotivo de Jesus entrou mudo e saiu calado, mas nos deixou o Sal-vador pronto para começar a missão.

É como alguém destacou: “o ser-vo que fez muito sem dizer nada, o agente secreto de Deus”. Ele é o mestre da oração e da contempla-ção, da obediência e da fé. Com ele aprendemos a amar a Deus e ao pró-ximo!

Pe. Mário Peixe, scj - Pároco da Paróquia São José - Botuverá

Como o salmo 105 (104), também o 106 (105) é um salmo “histórico”. Só que são diferentes as perspectivas. Os dois salmos são como o verso e o reverso de uma meda-lha: benefícios de Deus, celebrados no “sal-mo do puro louvor” (Sl 105), e ingratidões do povo, confessadas nesta “história de pecado” (Sl 106). Como “confissão de pe-cados”, seu conteúdo é semelhante ao de outros textos pós-exílicos, por exemplo, o capítulo nove de Neemias e o capítulo nove de Daniel. A comunidade dos exilados ou já repatriados se dirige a Deus através de um representante que reconhece a relação de aliança bilateral: Deus é fiel, cumprin-do suas promessas, perdoando sempre; o povo, porém, é merecidamente castigado por ter sido infiel.

Notar, nesta ampla confissão, a consci-

ência da solidariedade no pecado. Solida-riedade do povo com os chefes e através do tempo com os antepassados. Solidarie-dade também nossa, de nós, cristãos, com o povo da antiga aliança. Não nos distan-ciamos deles, os “pecadores”, como se fôs-semos os “justos”.

Pelo contrário, também nós temos de confessar os nossos pecados históricos e comunitários, para que essa consciência nos ajude a não repetí-los.

A estrutura do salmo é clara: após a in-trodução (vv. 1-5), segue a confissão de sete (!) pecados históricos, desde a saída do Egito até a entrada na Terra (vv. 6-33), os pecados na própria Terra prometida (vv.34-42), o Exílio (vv.43-46), e a súplica final (v.47-48).

Leia o salmo e medite:

1) Como este salmo, 106, completa ou se contrapõe ao salmo anterior (105)?

2) Por que será que esta “história de pe-cado” começa com o convite a “dar graças”?

3) O salmista confessa “sete” pecados históricos de seu povo. Quais seriam os nos-sos “sete” pecados: da nossa Igreja, do nos-so país, da Arquidiocese, da nossa comuni-dade?

4) Em que sentido podemos/devemos considerar “pecadores” os que nos precede-ram? E nós?

5) De que modo Deus, que nos entregou seu Filho (cf. Jo 3,16 e Rm 8,32), “vê e ouve” nossos clamores?

Lectio Divina

Lectio (leitura)

E o teu Pai, que vê o que está es-condido, te dará a recompensa (Mt 6,18b).

Meditatio (meditação)

Condenando toda espécie de hipocrisia e vaidade que camufla a verdade e destrói a gratuidade cristã, Jesus nos ensina a interiori-zar nossos compromissos quares-mais. A esmola, a oração e o jejum possuem sua validade cristã quan-do realizados mediante uma atitu-de interior de sincera conversão em relação a Deus e aos nossos irmãos. Realizar essas obras ape-nas “para ser visto pelos homens” (Mt 6,1) é distorcer a justiça e bus-car tão somente elogios e aplausos para satisfação de desejos egoístas e mesquinhos. O bem praticado só precisa do reconhecimento de Deus, que avalia nossa consciência e nossas profundas intenções. Cos-tumo, realmente, fazer o bem sem esperar nada em troca? Procuro ser discreto em minhas práticas de soli-dariedade e fé ou as realizo buscan-do reconhecimento?

Oratio (oração)

Concede-me, ó Deus clemente e

misericordioso, neste tempo qua-resmal, a graça de intensificar meus momentos de oração, impulsionar minhas obras de caridade e de re-nunciar o apego aos bens materiais e aos desejos egoístas.

Contemplatio (contemplação)

Voltemos nossos olhos para o Alto na busca de intimidade com o Pai, que vê o que está escondido no mais íntimo do nosso coração.

Missio (missão)

As três práticas intensificadas neste tempo quaresmal são colu-nas da vivência cristã que remetem a nossa relação com os outros (es-mola), com Deus (oração) e com as coisas (jejum). A nossa vida é marcada por essas três relações fundamentais. O grande conselho de Jesus é que todo bem que fa-çamos seja visto apenas pelo Pai. Façamos, nesta Quaresma, o firme propósito de estar a serviço das pessoas que tanto necessitam, re-alizando o bem sem olhar a quem. Que este tempo forte de oração, fraternidade e desprendimento seja um sinal concreto de nossa solida-riedade para os que mais sofrem.

Pe.Wellington Cristiano da SilvaSão José: homem que agradou a Deus

Conhecendo o livro dos Salmos 78: Uma história de pecadoPe. Ney Brasil Pereira

8 Jornal da Arquidiocese, Março de 2015

bíbliaJornal da Arquidiocese, Março de 2015

A análise completa deste salmo se encontra no site da Arquidiocese: www.arquifln.org.br

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Comunidade “Fé e Luz”

Continuando a tradição iniciada em 1988, por ocasião do Ano Mariano, e por desejo do Papa São João Paulo II, a Catedral de Florianópolis fará no-vamente, na data apropriada, 25 de março, dia da Anunciação, a celebração mariana do Akáthistos, “o mais belo hino do rito bizantino a Nossa Senhora”, conforme descreve o próprio Papa.

Sua composição remonta ao final do século V ou início do século VI em Constantinopla. O texto original grego foi traduzido para o italiano e, posteriormente, para o português. A melodia do texto traduzido não é a grega, mas a do compositor italiano Luigi Lasagna, salesiano.

Na Catedral de Florianópolis, o Akáthistos foi in-troduzido por Dom Murilo Krieger, então Bispo-Auxi-liar, hoje Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, o qual confiou sua execução ao Coral Santa Cecília, providenciando também, naquele ano, uma grava-ção do hino em fita k-7, hoje em CD.

As estrofes do hino são cantadas por solistas do Coro, enquanto a assembleia participa com os Ale-luias e refrãos. O hino propriamente dito é inserido no

roteiro de uma celebração da Palavra, com destaque ao Evangelho da Anunciação, em Lucas 1,26-38.

Akáthistos é um adjetivo grego que quer dizer “não sentado”, indicando a postura com que se deve cantá-lo, de pé. O hino descreve a maternidade di-vina de Maria, ressaltando seu papel no mistério de Cristo e da Igreja. O autor teve o mérito de traduzir, num poema orante, a síntese da fé que a Igreja dos primeiros séculos professava e continua professan-do, sobre Maria. E assim, como se expressou João Paulo II, “este canto universal, este poderoso e dul-císsimo hino, constitui-se na profecia de uma huma-nidade nova. A dos redimidos que, no cântico de louvor, reconhecem-se irmãos”.

Pe. Ney Brasil Pereira

9Jornal da Arquidiocese, Março de 2015

evangelização

Akáthistos, o mais belo hino bizantino a Nossa Senhora

Durante meu primeiro ano de seminário fiz uma experiência de um mês numa fazenda da ARCHE, o movimento fundado por Jean Vanier para acolher pessoas deficientes mentais adul-tas. Essa experiência me ligou definitivamente com esta obra: durante seis anos fui capelão de uma comunidade “Fé e Luz”, também cria-da por Jean Vanier, na paróquia onde eu era pároco.

Diante da pessoa com deficiência mental, cujas palavras e gestos são difíceis de com-preender ou mesmo inexistentes, a reação es-pontânea é muitas vezes de virar as costas e fugir. Esta reação provém muitas vezes da falta de conhecimento ou do medo, mas pode reve-lar também o egoísmo e a dureza de nossos corações. Porém, as pessoas com deficiência mental podem ensinar muitas coisas ao nosso mundo materialista e individualista, onde o de-senvolvimento pessoal a qualquer preço, a eficácia e a riqueza material valem mais que o valor espiri-tual, a fidelidade na amizade e a alegria que vem de Deus.

Fundação

O movimento Fé e Luz nasceu nos anos 70, na França, do desejo de ajudar a pessoa atingida por uma deficiência mental e sua família, a encontrar o verdadeiro lugar no coração da Igreja e na socie-dade. É um movimento formado por comunidades que reúnem pessoas, pais e amigos, particular-

mente jovens. Fé e Luz crê que toda pessoa, mesmo a mais li-

mitada, é chamada a ser fonte de graça e paz para a comunidade e também à Igreja e a humanida-de. A falta de humildade e simplicidade de cora-ção continua um obstáculo grave para a comunhão entre todos os cristãos. Aqueles que são atingidos na mente, pela própria irradiação da sua pobreza, podem levar os cristãos à bem-aventurança da po-breza de coração que lhes permite reencontrar o Espírito de Deus. “Deus escolheu o que é tolo no mundo para confundir os sábios; escolheu o que é fraco para confundir os fortes” (1Cor 1,27).

O que se faz durante os encontros da comunidade

Os encontros são preparados por uma equi-pe formada por integrantes da comunidade. O Fé e Luz Internacional publica a cada ano um roteiro de encontros com sugestões para os di-ferentes momentos da reunião.

As comunidades se reúnem uma ou duas ve-zes por mês para celebrar a vida, rezar e parti-lhar juntos as alegrias e dificuldades. A partilha em pequenos grupos permite a cada um se ex-pressar: pela palavra ou por outras formas de comunicação (desenho, modelagem, mímicas, gestos). O ideal é que haja um número aproxi-madamente igual de pessoas com deficiência e de familiares e amigos.

Os encontros são marcados por momentos de alegria. As atividades destas comunidades

são múltiplas. Surgem segundo a necessidade, a criatividade de uns e a inspiração de Deus: colô-nias de férias, retiros, peregrinações, tempos de acolhida e de animação para as pessoas com defi-ciência mental, a fim de permitir aos pais que des-cansem.

As pessoas interessadas em iniciar uma comu-nidade Fé e Luz podem entrar em contato comigo, na fraternidade Santo Ivo, rua Antônio Carlos Fer-reira, 934, Agronômica, Florianópolis.

Email: [email protected]

Pe. Philippe Roche

Um movimento para acolher pessoas portadoras de deficiência mental busca voluntários em Florianópolis

Celebração Mariana do Akáthistos

25 de março | Catedral Metropolitana | 19h30

Page 10: Jornal da Arquidiocese | nº 210 | março de 2015

A Associação Beneficente São Dimas (ASBE-DIM) foi a segunda colocada no Prêmio de Inicia-tiva Solidária Dom Afonso Niehues, entregue em novembro do ano passado. Leia nesta edição o tra-balho que ela desenvolve.

Fundada em 1971, é uma associação que tra-balha com os encarcerados e suas famílias. A área de atuação abrange o sistema prisional da Grande Florianópolis, subsidiando ações da Pastoral Car-cerária que possibilitam promoção e inclusão social aos privados de liberdade e familiares.

Os projetos e atividades da ASBEDIM alcançam os encarcerados e as famílias em necessidades básicas de ordem material, educacional, cultural, religiosa, social ou jurídica. Para o desenvolvimento dos objetivos, promove campanhas de arrecada-ção, recebe doações de pessoas físicas ou jurídi-cas, de entidades de caráter religioso e de órgãos públicos ou privados.

Oferece apoio educacional, jurídico, oficina de serigrafia e de confecção pelo projeto Estampa Li-vre, realiza visitas às unidades prisionais através de agentes evangelizadores e participa, aos sábados, às 19h, de um programa da Pastoral Carcerária na

Rádio Cultura AM de Florianópolis. Também desen-volve prevenção à saúde dos detentos dos presí-dios masculino e feminino.

Na parte espiritual, toda segunda-feira é cele-brada missa na capela da Pastoral Carcerária para os reclusos do Hospital de Custódia e Tratamento Prisional.

Pastoral Carcerária

A Pastoral Carcerária é reconhecida por promover ações evangelizadoras da Igreja no ambiente carcerá-rio. Esta evangelização se realiza com a presença so-lidária dos agentes no interior das prisões: ouvindo os presos, intermediando reivindicações e necessidades, velando pela integridade física e psíquica, defendendo seus direitos previstos na legislação internacional e na-cional e contribuindo com a reabilitação. Na Arquidiocese de Florianópolis, a Pastoral Carcerá-ria é coordenada pelo Pe. Ney Brasil Pereira.

Dom Wilson lança a CF 2015

ASBEDIM atua no sistema prisional de Florianópolis, em apoio à Pastoral Carcerária

Caridade social

A Campanha da Fraternidade tem como tema “Fraternidade: Igreja e Sociedade”

Promoção humana e inclusão social junto aos encarcerados

10 Jornal da Arquidiocese, Março de 2015

evangelizaçãoJornal da Arquidiocese, Março de 2015

Coletiva de imprensa

Na Quarta-feira de Cinzas, 18 de fevereiro, o Arcebispo Dom Wilson Tadeu Jönck, scj, concedeu coletiva de imprensa sobre à Campanha da Fraternidade 2015, na Cúria Metropolitana.

A edição deste ano tem como tema “Fraternidade: Igreja e Socieda-de”. Segundo Dom Wilson afirmou para a imprensa, “a Igreja precisa ter sensibilidade para ver onde não há dignidade humana. Precisa de diálogo entre Igreja e Estado, entre Igreja e outras instituições para fazer o bem comum crescer”.

ASBEDIMRua Delminda da Silveira, 960

Agronômica - Florianópolis(48) 3879-2168 / 2107-2323

Abertura na Catedral

Ainda no dia 18, a Catedral de Florianópolis ficou lotada para a missa de cinzas e o lançamento oficial da CF 2015. Presidiu a Ce-lebração Eucarística, o Arcebispo Dom Wilson e concelebraram os padres: Vitor Feller, Davi Coelho, Pedro Martendal, Eugênio Kinceski, Leandro Rech e Vânio da Silva. Também estiveram presentes os se-minaristas do curso de teologia da Arquidiocese.

Na homilia, Dom Wilson afirmou que “devemos ter atitudes bem concretas de caridade”. Em seguida teve a bênção e imposição das cinzas.

No dia 29 de março acontecerá a “Coleta Nacional da Solidarieda-de”, sendo os recursos destinados preferencialmente a projetos que atendem aos objetivos propostos pela CF 2015.

Page 11: Jornal da Arquidiocese | nº 210 | março de 2015

Chegar aos 25 anos de sacer-dócio é uma missão. Requer per-severança e um coração totalmen-te apaixonado e abandonado em Deus. Foi assim que o Pe. José Osni Kuhnen, vigário da Paróquia Senhor Bom Jesus de Nazaré, em Palhoça, completou 25 anos de or-denação sacerdotal, no dia 13 de janeiro.

Natural de Campos Novos, Pe. Osni já foi diretor e reitor de semi-nários, pároco e administrador pa-roquial de paróquias no Rio Gran-de do Sul, Minas Gerais e em Santa Catarina.

Pe. Osni era pároco da Paró-quia Nossa Senhora dos Navegan-tes, em Governador Celso Ramos, antes de vir para a Palhoça, em janeiro deste ano. Ele afirma que chegar aos 25 anos de sacerdócio é uma caminhada de perseverança na fé, constância na missão, amor profundo com o povo de Deus e a Igreja. “Através da evangelização conheci muitas famílias que me fi-zeram amadurecer no sacerdócio.

Vai se tornando padre conforme se faz a experiência de fé com o povo de Deus”, disse Pe. Osni.

No dia 04 de março, outro sa-cerdote da Arquidiocese que tam-bém completou jubileu de prata, foi Pe. Josino do Amaral. Natural de Imaruí, Pe. Josino teve uma cami-nhada pastoral entre administra-dor, vigário e pároco de paróquias em São José, Florianópolis, Porto Belo, Biguaçu, Balneário Cambo-riú, Palhoça e São João Batista. Atualmente, o sacerdote é o novo pároco da Paróquia Nossa Senho-ra dos Navegantes, em Governa-dor Celso Ramos.

Estes anos de caminhada são resumidos pelo Pe. Josino no lema de ordenação sacerdotal: “Eu ouvi o clamor do meu povo” (Êxodo 3,7).

A Arquidiocese de Florianópolis louva a Deus pelo ministério des-ses sacerdotes. Padres Osni e Jo-sino, parabéns por este jubileu de prata!

25 anos de dedicação à vidasacerdotal

6 a 8/3 | Formação para Diáconos | Provincialado

8/3 | Com. Divino Oleiro - Encontro de Cura e Libertação | CEAR

14 e 15/3 | Retiro Arq. Coordenadores de Coroinhas | Provincialado

2 a 4/3 | Reunião dos Bispos do Regional | Florianópolis

4/3 | Jubileu de Prata Presbiterial - Pe.Josino do Amaral | Biguaçu

Cronograma de março

11Jornal da Arquidiocese, Março de 2015

evangelização

7 e 8/3 | Encontro Matrimonial Mundial | Casa de Retiro Rosa Mística

Celebração marca o início do processo de beatificação de Zilda Arns

A Pastoral da Criança promoveu, no dia 10 de janeiro, no estádio Are-na da Baixada, em Curitiba (PR), uma celebração em homenagem à Dra. Zilda Arns Neumann. O evento reuniu aproximadamente 18 mil pes-soas. Foi feita a entrega oficial de mais de 200 mil assinaturas à Arqui-diocese de Curitiba. As assinaturas fazem parte da moção de apoio ao processo de beatificação de Zilda Arns.

A Arquidiocese de Florianópolis esteve presente com 33 líderes. “A celebração no Estádio da Arena foi emocionante. Para mim fica a cer-teza de que a Dra. Zilda intercedeu para que tudo tenha dado certo”, afirmou a coordenadora arquidioce-sana da Pastoral da Pessoa Idosa, Marinês Schmidt.

Mais de um milhão de crian-ças atendidas

Em 1983, a pedido da Conferên-cia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dra. Zilda criou a Pastoral da Criança juntamente com Dom Geraldo Majela Agnello, Cardeal Ar-

cebispo Primaz de São Salvador da Bahia, que na época era Arcebispo de Londrina. Foi então que ela de-senvolveu a metodologia comuni-tária de multiplicação do conheci-mento e da solidariedade entre as famílias mais pobres, baseando-se no milagre da multiplicação dos dois peixes e cinco pães que saciaram cinco mil pessoas, como narra o Evangelho de São João (Jo 6,1-15).

Após 30 anos, a Pastoral da Criança acompanha mais de 1,2 milhão de crianças menores de seis anos, 72 mil gestantes e 1 milhão de famílias pobres, em 3.881 muni-cípios brasileiros. Seus mais de 205 mil voluntários levam fé e vida, em forma de solidariedade e conheci-mentos sobre saúde, nutrição, edu-cação e cidadania para as comuni-dades mais pobres.

Em 2004, Dra. Zilda Arns recebeu da CNBB outra missão semelhante: fundar, organizar e coordenar a Pas-toral da Pessoa Idosa. Mais de 163 mil idosos são acompanhados todos os meses por aproximadamente 19 mil voluntários. Ela morreu no dia 12 de janeiro de 2010, no terremoto que devastou o Haiti.

O trabalho junto à Pastoral da Criança pode levar a médica a ser uma santa brasileira

15/3 | Dia da Penitência e Reconciliação | Brusque

16/3 | Pastoral da Saúde - Reunião da Coord. | Cúria

24/3 | 9h | Reunião Regional de Liturgia e Catequese | Lages

28/3 | Jornada Arquidiocesana da Juventude | Itajaí

14/3 | 14h | Reunião Pastoral da Pessoa Idosa | Santíssima Trindade

17/3 | 8h | Reunião Geral dos Presbíteros | N. Sra. do Rosário

19/3 | Encontro Responsáveis Novas Comunidades | Cúria

19/3 | 19h30 | Reunião da CADIP | Biguaçu

21/3 | 8h30 | Reunião Comissão das Forças Vivas | Estreito

21/3 | Transladação/Missa/Procissão Senhor dos Passos | Catedral

28/3 | 14h | Reunião Arq. Coord. GBF/CEBs | Biguaçu

Pe. José Osni Kuhnen Pe. Josino do Amaral

Page 12: Jornal da Arquidiocese | nº 210 | março de 2015

José Jacob Archer nasceu em Brilhante, localidade que hoje pertence à cidade de Itajaí, em 03 de julho de 1951. Os pais, Lino e Albertina, já são falecidos. Ele é o mais novo dos oito irmãos do primeiro casamento do pai. Aos 12 anos de idade foi para o seminário de Antônio Carlos. O então arcebispo, Dom Afonso Niehues, ordenou Pe. José Jacob, no Santuário de Azambuja, em Brusque, quando tinha 27 anos de idade. Na ocasião também se ordenaram com ele, Dom Salm e Dom Luiz Carlos Eccel.

Nestes 36 anos de vida sacerdotal, Pe. Jacob atuou como coadjutor na paróquia de Biguaçu, foi organizador e pároco da Paróquia em Governador Celso Ramos e pároco da Paróquia de Leoberto Leal. A partir de 1995 começou o trabalho como missionário na Bahia por 14 anos.

No retorno, Pe. Jacob foi vigário em Porto Belo e, desde 2010, pároco na Paróquia de Bombinhas, litoral norte do estado.

Em dezembro de 2014, o incansável servo do Senhor deu o seu sim a um novo desafio. Recebeu o envio missionário e, no dia 10 de fevereiro, partiu em missão para a Diocese de Macapá, Amapá, região norte do país. Antes de embarcar, Pe. Jacob concedeu entrevista para o Jornal da Arquidiocese.

Jornal da Arquidiocese: Padre Jacob, o que o levou a pedir para partir em missão novamente?

Pe. Jacob: Desde criança, onde eu morava, em Brilhante, recebíamos visitas de missionários. Como padre sempre me lembrei da presença dos missionários. Além disso tem o próprio apelo de Jesus Cristo: “Ide por todo mundo pregar o Evangelho a todas as pessoas”. Isso me despertou o desejo de ir para Bahia onde fiquei por 14 anos, primeiro na Diocese da Barra, depois na Diocese de Rui Barbosa, dentro do projeto Igrejas Irmãs.

Esse despertar também veio através do exemplo de outros padres da nossa Arquidiocese que foram para lá: padres Valdir Staehelin, José Besen, Lúcio Santos e Osmar Müller. Também devo lembrar o apelo do Papa Francisco que pede para que se dê uma atenção à Amazônia.

JA: O senhor conhece um pouco da realidade que vai enfrentar em Macapá?

PJ: Eu conhecia a Bahia, a Amazônia não. Depois que foi aprovada minha ida, me inteirei sobre a região através de conversas e leituras. Sei que é muito grande. A Diocese de Macapá, que abriga todo estado do Amapá, tem 151 mil quilômetros quadrados.

Uma das propostas do bispo, Dom Pedro Conti, é que eu sirva em uma paróquia de dois municípios que fazem divisa com a Guiana Francesa: Amapá e Calçoene, no extremo Norte do Brasil.

JA: Pe. Jacob, qual a sua expectativa para este novo tempo em sua vida?

PJ: Meu coração está batendo normal (risos). Escolhi como lema sacerdotal o Salmo 118:, “comigo está o Senhor, nada temo”. A expectativa é de me adaptar à realidade do povo, conhecê-la aos poucos e levar a mensagem de Jesus Cristo.

Há três semanas, no Evangelho de Marcos, Jesus curava os doentes e depois dizia aos apóstolos: “Vamos para as aldeias e para as redondezas da cidade, porque aí também devo anunciar o Evangelho”, (neste momento se emociona e as lágrimas pausam a fala do Pe. Jacob).

Este choro não é de medo, mas de emoção. Há muitos povos em que faltam evangelizadores. Sempre me emocionei com isso. Também a nossa diocese poderia agarrar mais essa missionariedade. São poucos que querem ir em missão. Nossa diocese tem cerca de 200 padres, lá deve ter uns 18.

JA: Você gostaria de deixar algum recado para quem deseja partir em missão?

PJ: Que possam colocar como meta a evangelização desses lugares além-fronteiras, mesmo no Brasil. Sabemos que tem missão aqui também, mas se conseguem leigos, diáconos e outros. Vou em nome da Arquidiocese e não em meu nome. Muitos disseram que eu não deveria ir por conta da idade (63 anos). Talvez não seja a idade de ir para lá, mas quantos missionários com mais idade do que eu estão em missão? O apelo da

Igreja é muito grande. Estamos unidos com a Arquidiocese e pedimos a oração de todos.

Um coração sempre missionário

12 Jornal da Arquidiocese, Março de 2015

geral

Após 14 anos na Bahia, o Pe. Jacob Archer, da Arquidiocese de Florianópolis, assume nova missão: Macapá

Diocese de Macapá

A Diocese de Macapá é a única do Estado do Amapá, com 27 paróquias. Pertence à Provín-cia Eclesiástica de Belém do Pará e ao Conse-lho Episcopal Regional Norte II, da Conferência

Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).Desde 2005 tem como bispo o italiano Dom

Pedro José Conti.

Pe. Jacob, Dom Pedro José Conti, Pe. Josemar e Pe. Vânio