jornal da 3a idade de junho de 2013

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Jornal da 3ª Idade São Paulo, junho de 2013 - Um jornal a serviço dos direitos dos idosos - Ano 10 nº 80 Luís Melo um dos atores mais completos do teatro brasileiro está em cartaz em São Paulo no Sesc Quem só o conhece das novelas e ainda não teve a oportunidade de assistir uma peça no teatro, pode agora ver Luís Melo bem de perto, no SESC Ipiranga, até o dia 28 de julho. Melo, como é tratado pelos companheiros de profissão, é um dos mais completos atores do teatro brasileiro, com uma respeitável car- reira internacional. Ele se apresentou na Europa, nas Américas e até na Ásia. Natural de Curitiba, ele que se preparou para ser um arquiteto, antes de se apaixonar definitivamente Opinião Lideranças do movimento de idosos rejeitam o PL 4571/2008 A advogada e presidente da Comissão dos Direitos do Advogado Idoso, da OAB- SP, Adriana Zorub Fonte Leal, esclarece em artigo, porque ela e a maioria das lideranças do movimento de idosos, de todo o país, são contra o Projeto de Lei 4571/2008 que tramita na Câmara dos Deputados, em Brasília. Pag. 2 Grupos de idosos caminharam para denunciar o aumento da violência em SP Opinião O romantismo corre o risco de acabar, nos dias de hoje? A psicóloga Letícia Ferreira Mota provoca, num breve texto, a reflexão sobre as relações afetivas entre as pessoas. Ela questiona se o romantismo não está correndo risco de acabar, no momento em que muitos namoros começam pelas redes sociais. Segundo ela, o carinho e a atenção estão em desuso. Pag. 2 Na televisão ele faz sucesso, no momento, com o personagem Atílio, de Amor à Vida. Cerca de 300 pessoas participa- ram pelas ruas do centro da Capital da “Caminhada Pela Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa”, organizada pela ABAESP-Associação dos Bancários do Estado de São Paulo, pelo GARMIC – Grupo de Articulação Para Moradia de Idosos da Capital, pela Casa de Clara, pela Recicla Lázaro e pela RPDI – Rede de Proteção dos Direitos da Pessoa Idosa. A iniciativa foi para sensibilizar a sociedade para o enfrentamento à violência contra a pessoa idosa. Pag. 4 24 de junho é o Dia Mundial de Prevenção de Quedas que tem na fisioterapeuta Mônica Perracini uma referência Os acidentes são a quinta causa de morte entre os idosos e as quedas são responsá- veis por dois terços destes eventos, segundo pesquisadora e professora do Programa de Mestrado em Fisioterapia da Universidade Cidade de São Paulo, Mônica Perracini. De acordo com dados reunidos por ela com 1667 idosos, cerca de 29% deles caem ao menos uma vez ao ano e 13% caem de forma recorrente. Pag. 6 pelo teatro, morou por 10 anos em São Paulo, quando atuava no Grupo Macunaíma. “Aqui eu tive todo o meu amadurecimento artístico, atuando no Centro Teatral do SESC, com Antunes Filho”. Melo defende que boa parte do teatro está se sustentando graças a terceira idade e não concorda com aqueles que procuram culpar os idosos por problemas das companhias. “Pode ser uma peça de gru- po jovem, experimental ou dança que sempre tem muita gente idosa na plateia”, disse na entrevista exclusiva ao Jornal da 3a Idade. Pag. 6

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edição de junho de 2013

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Page 1: Jornal da 3a idade de junho de 2013

Jornal da 3ª IdadeSão Paulo, junho de 2013 - Um jornal a serviço dos direitos dos idosos - Ano 10 nº 80

Luís Melo um dosatores mais completos do teatro brasileiroestá em cartaz emSão Paulo no Sesc Quem só o conhece das novelas e ainda não teve a oportunidade de assistir uma peça no teatro, pode agora ver Luís Melo bem de perto, no SESC Ipiranga, até o dia 28 de julho. Melo, como é tratado pelos companheiros de profissão, é um dos mais completos atores do teatro brasileiro, com uma respeitável car-reira internacional. Ele se apresentou na Europa, nas Américas e até na Ásia. Natural de Curitiba, ele que se preparou para ser um arquiteto, antes de se apaixonar definitivamente

Opinião

Lideranças do movimento de idosos rejeitam oPL 4571/2008 A advogada e presidente da Comissão dos Direitos do Advogado Idoso, da OAB- SP, Adriana Zorub Fonte Leal, esclarece em artigo, porque ela e a maioria das lideranças do movimento de idosos, de todo o país, são contra o Projeto de Lei 4571/2008 que tramita na Câmara dos Deputados, em Brasília. Pag. 2

Grupos de idosos caminharam para denunciar o aumento da violência em SP

Opinião

O romantismo corre o risco de acabar, nos dias de hoje?

A psicóloga Letícia Ferreira Mota provoca, num breve texto, a reflexão sobre as relações afetivas entre as pessoas. Ela questiona se o romantismo não está correndo risco de acabar, no momento em que muitos namoros começam pelas redes sociais. Segundo ela, o carinho e a atenção estão em desuso. Pag. 2

Na televisão ele faz sucesso, no momento, com o personagem Atílio, de Amor à Vida.

Cerca de 300 pessoas participa-ram pelas ruas do centro da Capital da “Caminhada Pela Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa”, organizada pela ABAESP-Associação dos Bancários do Estado de São Paulo, pelo GARMIC – Grupo de Articulação Para Moradia de Idosos da Capital, pela Casa de Clara, pela Recicla Lázaro e pela RPDI – Rede de Proteção dos Direitos da Pessoa Idosa. A iniciativa foi para sensibilizar a sociedade para o enfrentamento à violência contra a pessoa idosa. Pag. 4

24 de junho é o Dia Mundial de Prevenção de Quedas que tem na fisioterapeuta Mônica Perracini uma referência Os acidentes são a quinta causa de morte entre os idosos e as quedas são responsá-veis por dois terços destes eventos, segundo pesquisadora e professora do Programa de Mestrado em Fisioterapia da Universidade Cidade de São Paulo, Mônica Perracini. De acordo com dados reunidos por ela com 1667 idosos, cerca de 29% deles caem ao menos uma vez ao ano e 13% caem de forma recorrente. Pag. 6

pelo teatro, morou por 10 anos em São Paulo, quando atuava no Grupo Macunaíma. “Aqui eu tive todo o meu amadurecimento artístico, atuando no Centro Teatral do SESC, com Antunes Filho”. Melo defende que boa parte do teatro está se sustentando graças a terceira idade e não concorda com aqueles que procuram culpar os idosos por problemas das companhias. “Pode ser uma peça de gru-po jovem, experimental ou dança que sempre tem muita gente idosa na plateia”, disse na entrevista exclusiva ao Jornal da 3a Idade. Pag. 6

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Jornal da 3ª Idade - junho de 2013Opinião

Jornal da 3ª Idadewww.jornal3idade.com.br

Editora: Hermínia Brandão MTB 13.295 [email protected]

Distribuição - Nos eventos de terceira idade, pontos de encontros de idosos, pelos patrocinadores e anunciantes da edição e para assinantes de todos os Estados.

Distribuição: Exemplares podem ser pegos gratuitamente em diferentes pontos em todo o Estado de São Paulo. Também nas estações do Metrô, nas farmácias da rede Farma Ponte, na Capital e Interior. Na nossa página na Internet tem a relação dos lugares.

Assinatura individual- Para receber um exemplar pelo correio, com direito a 12 edições, o preço é de R$60,00, por ano.

Por cartas para: Caixa Postal 11.475 S.Paulo SP Cep 05422-970Por e-mail: [email protected] telefone: 11- 3112-1132Para fazer anúncio: reservas até do dia 30 do mês anterior a pu-blicação. Fechamento geral até o dia 5 e a circulação partir do dia 10 . e-mail para anúncios:[email protected]

twitter.com/jornalda3idade

Jornal da 3ª Idade

ISSN 1809-2527

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Editorial

Na era em que as relações são digitais, onde as pes-soas só se comunicam pelo celular, sms, facebook, com apenas um clique através de uma tela de computador você se relaciona com pes-soas, faz amizades, namora e até casam. O fato é que as relações on-line estão mudando a paisagem do namoro moderno, das amiza-des, das relações familiares. O carinho, a afetividade, a atenção olho no olho estão em desuso. As relações são frias, rápidas e superficiais, segundo pesquisas, estima--se que um em cada cinco

relacionamentos comece hoje pela internet. Será que o romantismo acabou em tempos de tecnologia?

Para seres sociais, como nós, ter companhia é mais do que um desejo: é uma neces-sidade fundamental para o bem-estar. Sabemos como o contato social, na forma de abraços, beijos e toques, garante ao cérebro que você não está sozinho no mundo.

Do ponto de vista evolutivo, a expressão física do afeto aproxima as pessoas e leva à formação de vínculos sociais. Um simples abraço pode ser suficiente, por exemplo, para

fazer o cérebro aumentar a liberação de ocitocina, hor-mônio que facilita a aproxi-mação entre as pessoas. A tecnologia moderna é impor-tante, mas todo ser humano precisa de carinho físico, de afeto.

Portanto, demonstre cari-nho, dê bom dia, boa tarde, cumprimente as pessoas, seja gentil e educado.

Você só tem a ganhar. Um simples abraço pode

fazer diferença na vida de um ser humano e na sua também! Você já abraçou alguém hoje?

Letícia Ferreira MotaPsicóloga, faz atendimento domiciliar, oficina de memória e preparação para aposentadoria

[email protected]

Na prática junho acabou se tornando o mês dos idosos

Vamos dizer não à aprovação do Projeto de Lei 4571/2008Adriana Zorub Fonte Feal Advogada, presidente da Comissão dos Direitos dos Advogados Idosos, da OAB-SP e membro do Conselho Nacional do [email protected]

Afetividade

Nas nossas páginas nas redes sociais registramos diariamente as principais

notícias sobre idosos. Acompanhe!

Toda vez que se estabelece uma efeméride, nacional ou internacional, espera-se que a data sirva principalmente para se transformar num marco de alerta para todo o segmento envolvido. Mesmo quando se trata do aniversário de nascimento ou de morte de alguém que se destacou na sua traje-tória, a intenção é apontar para o exemplo deixado. Foi assim também com a criação do Dia Internacional do Idoso em 1º de outubro, quando a ONU- Organização das Nações Unidas pretendeu chamar a atenção dos países para o envelhecimento dos seus habitantes e conse-quente necessidade de alte-ração de hábitos e políticas públicas das suas populações. No Brasil a data passou a ser referência de festividades, apresentações culturais e homenagens aos mais idosos, o que sem dúvida é necessá-rio, mas tirou o caráter de um dia de luta pelos direitos. Na prática o que se percebe é que o mês de junho acabou se transformando, por outras duas datas estabelecidas no calendário internacio-nal, o verdadeiro mês de reivindicações dos idosos. No dia 15 de junho é o Dia Internacional da Não Violência Contra os Ido-sos e no dia 24 de junho é o Dia Mundial de Preven-ção de Quedas em Idosos. Caminhadas em mais 1200 cidades foram realizadas em todo o Brasil para denunciar as maldades que estão sendo feitas contra idosos, princi-palmente pelos parentes, que deveriam ser os primeiros a cuidar e honrar aqueles que construíram as suas famílias. A criação de Centros-Dia para abrigar idosos mais fragilizados, por parte das prefeituras, foi à reivin-dicação mais comum em todas as manifestações.

Entre as propostas de enti-dades, a que mais apareceu foi a da criação de um núcleo brasileiro da Rede Interna-cional Para Prevenção de Abusos Contra Idosos (World Elder Abuse Awareness Day), como parte do compromisso de manter ações constantes para minimizar o problema. O assunto foi debatido nas duas últimas conferências nacionais do idoso, em Brasí-lia, em 2008 e 2011, mas nada se viu de concreto até hoje.A Federação dos Aposen-tados e Pensionistas de Minas Gerais ofereceu a entidade para parcerias com o mesmo interesse. Infelizmente devido ao aumento do número de casos em todo o Brasil, a data se transformou na mais impor-tante a reunir idosos, grupos de terceira idade e associa-ções de aposentados em torno de reivindicações comuns. O debate sobre a prevenção de quedas também cresce. Em quase todas as secre-tarias de saúde, municipais ou estaduais, no país estão se realizando até o final do mês, seminários para alertar sobre a necessidade da pre-venção de quedas. O tema ajudou a agre-gar uma série de profissio-nais que de alguma maneira já trabalhavam com ido-sos, mas que não estavam tão empenhados na causa. Em algumas cidades, casas de materiais de construção proporcionaram pequenos patrocínios para chamar a atenção de materiais dispo-níveis para uma casa segura. Assim, aos poucos, o mês de junho vem se desenhando como o mais importante na mobilização dos idosos. Em nenhum outro mês, nos últimos tempos, foi possível notar tamanha adesão aos chamados das lideranças. É importante estar atento ao que isso significa.

O Brasil tem 22 milhões de idosos, quase 5 milhões em São Paulo. A população enve-lhece rapido e falta planeja-mento do poder público e da sociedade para tratar dessa grande transformação demo-gráfica e social. Nesse texto quero esclarecer que sou contra a aprovação do Artigo 1º § 4º do o Projeto de Lei 4571/2008, que tramita na Câmara dos Deputados,de autoria do Senador Edu-ardo Azeredo (PSDB-MG). Por esse PL, o idoso que já vem perdendo seu poder de compra pela falta de reajuste na aposentadoria estará sendo penalizado e em parte respon-sabilizado pelas dificuldades do setor artístico. O PL altera o benefício do pagamento de meia-entrada para estudantes e idosos, em espetáculos artísticos, culturais e esportivos. Ele fixa o limite de 40% do total de ingressos disponíveis para cada evento, ou seja, esta-belece uma quota na aquisi-ção. Este artigo contraria o Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003) que preconiza e garante o pagamento à meia-entrada para os idosos sem limitar o quantitativo de participação em eventos artís-ticos e culturais, conforme o Art. 23. Não é necessário ser jurista para perceber que o PL res-tringe o direito das pessoas idosas ao acesso cultural. O Estatuto do Idoso resul-tante de amplo debate junto a vários movimentos sociais

e organizações governamen-tais do país, veio proteger os direitos das pessoas ido-sas, exatamente porque este público precisava de uma garantia diferenciada em razão de sua vulnerabilidade. O aviltamento dos rendimen-tos da aposentadoria exclui a maioria dos idosos da partici-pação, entre outras coisas, de eventos culturais. O poder de compra do aposentado, que contribuiu durante 30 ou 35 anos para a Previdência Social o equiva-lente a 10 salários-mínimos, após 15 anos de aposenta-doria deverá estar recebendo apenas 1 (um) salário-mínimo em consequência do recor-rente e inadmissível desres-peito à cláusula pétrea cons-titucional que protege o poder de compra do salário. É este o assunto que deveria estar na pauta do Congresso e não retirar direitos de uma parte da população que viven-cia injustiças dessa ordem. Sem dinheiro e sem cultura: é este o tratamento que o Congresso Nacional prevê para aqueles que construíram o Brasil? Aplicar a palavra benefício é equivocado. O Estado está devolvendo – mesmo assim não da forma como deveria - a contribuição já feita para com a Previdência Social. É direito do trabalhador e dever do Estado. É lamentável reconhecer que o Congresso Nacional discute e promulga leis em prejuízo dos contribuintes da Previdência Social, de modo a

reduzir-lhes o poder aquisitivo no preciso período em que as necessidades aumentam. O PL já foi debatido e delibe-rado no âmbito do Conselho Nacional do idoso que votou pela exclusão dessa proposta. A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República também se mani-festou contrária ao PL, tendo a Ministra de Estado, Maria do Rosário Nunes enviado um manifesto à Câmara para que o projeto sofresse emendas. Ao invés de limitar a partici-pação dos idosos, o PL deveria criar condições para ampliar o acesso do povo de todas as idades à cultura. É assustador constatar que menos de 10% dos municípios brasileiros têm teatros e menos de 6% têm cinemas. Fica claro que não é a presença de idosos que limita os ganhos da classe artística no país. O Congresso Nacional deve-ria trabalhar a favor do povo brasileiro e pela justa cor-reção da aposentadoria dos idosos. Assim, sugerimos que uma lei que pretenda proteger o ganho dos empre-sários do meio cultural busque alternativas para a maior participação do poder público no subsídio à meia-entrada, compensando os empresários e ou promovendo a deso-neração fiscal dos eventos culturais. Os que são contrários podem enviar suas manifestações à Presidência da Câmara dos Deputados, Deputado Henri-que Eduardo Alves, por email: [email protected] É o que nos resta, agora.

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Jornal da 3ª Idade - junho de 2013Contra a Violência

Um Centro-Dia para cada região foi a maior reivindicação nos eventos que marcaram o Dia Internacional da Não Violência ao Idoso

Mesa de abertura do seminário contra a violência ao idoso, organizado pela Coordenado-ria do Idoso, da Prefeitura de São Paulo e realizado no Paço das Artes, no Centro.

Pelo terceiro ano consecutivo, idosos do bairro Capela do Socorro, Cidade Dutra e Região, na Zona Sul de São Paulo, organizaram uma caminhada para alertar sobre a necessidade de conscientização da população para o com-bate à violência contra o idoso. Na manhã da sexta- feira 14 junho, cerca de 500 pessoas, entre elas autoridades locais e o Vereador Goulart, se concentraram na Praça Escolar Dona Carmela capitaneada pela conselheira do Grande Conselho Municipal do Idoso, Eolinda Cotrim da Silva. Além de melhorias nas calçadas, no atendimento da saúde e dos transportes, reivindicaram também a criação de um centro-dia para os idosos da região.

Dados divulgados pela Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo, no dia 15 de junho, Dia Internacional Contra a Violência ao Idoso, revelam uma triste realidade em nosso Estado: nove pes-soas com 60 anos ou mais são internadas por semana em hospitais públicos em razão de agressões físicas. Estima- se que o número possa ser muito maior, porque esses se referem aos casos declarados de agressão. Em várias outras situações as vítimas camu-flam os verdadeiros motivos, principalmente em hospitais particulares. A maior causa das inter-nações de idosos é o uso

de força corporal, que pode causar diversos danos físicos e mentais aos agredidos. Em 2012, no Estado, 126 idosos foram internados em hospitais públicos vítimas de agressões físicas. Foi para chamar a atenção da população para essa triste realidade que grupos de ido-sos, entidades do setor com apoio de vários serviços públi-cos organizaram caminhadas em bairros da Capital e deze-nas de cidades no Interior. As manifestações servi-ram também para cobrar das autoridades municipais e estaduais a criação de equipamentos públicos que possam dar apoio aos ido-

sos, principalmente os mais fragilizados. A construção de Centros-Dia foi a solicitação universal, de todos os bairros. A Capital com 1 milhão e 500 mil idosos não tem nenhum centro-dia público.

Seminário Prefeitura A Prefeitura de São Paulo fez um seminário com a pre-sença de secretarios e lançou uma campanha de rádio e cartazes em trens e ônibus. A presidente do Conselho Municipal do Idoso de São Paulo, Marly Augusta Feitosa da Silva pediu uma maior atenção das secretarias nos encaminhamentos do GCMI, principalmente da parte da Secretaria da Saúde.

O tema é triste, mas os idosos querem participar e exigir seus direitos com alegria.

Secretariodos Direitos Humanos de São Paulo diz que não existe política para idosos na Prefeitura e contruir uma é tarefa do novo governo

Jornal da 3ª Idade- O que se pode esperar da Prefeitura, ainda nesse primeiro ano do Prefeito Haddad?Secretario dos Direitos Humanos, Rogério Sotilli (na nova gestão na Prefeitura, a Coordenadoria do Idoso passou para essa pasta)- Para um tema e uma área que tem tanta demanda reprimida nada mais natural do que passar um tempo organizando a casa, fazendo contatos, planejando, esta-belecendo metas. Não cabe ao governo de São Paulo fazer política fácil. Temos que construir políticas efetivas e estruturantes que venham a dar respostas à situação da pessoa idosa.Jornal da 3ª Idade – O senhor é novo da gestão dos proble-mas dos idosos em São Paulo, mas foi um dos artífices das três conferências nacionais sobre os problemas da pes-soa idosa em Brasília. O senhor já conhece as deman-das políticas dessa área.Secretario Rogério Sotilli – É claro que nós não vamos reinventar a roda. Nós sabe-mos que a sociedade civil tem muita bagagem e muito acúmulo de conhecimento e de propostas nessa área. Temos que nos apropriar des-sas experiências, construir as políticas públicas de forma transversal, como uma polí-tica de governo e não como uma política de uma secre-taria. Isso demanda muito trabalho. Por um lado temos que ouvir muito a sociedade civil e por outro articular muito dentro do governo com todas as secretarias.Jornal da 3ª Idade – Então nesse ano não devemos esperar lançamento de novos programas ou atos mais con-cretos ?

Secretario Rogério Sotilli – Esse ano é um ano de organização, de articulação e confecção de novas políticas.Jornal da 3ª Idade- E o Fundo Municipal do Idoso? Quando ele será utilizado?Secretario Rogério Sotilli Ele está aprovado em lei e pre-cisa realmente ser constru-ído. Esse é um trabalho com-plexo. Nosso compromisso é montar todo o Fundo e fazer existir até o final do governo.Jornal da 3ª Idade- A presi-dente Dilma está sinalizando com a possibilidade de anun-ciar em 1º de outubro, Dia Internacional do Idoso, a criação da Secretaria Nacio-nal do Idoso. Será possível São Paulo ter a sua Secreta-ria Municipal do Idoso?Secretario Rogério Sotilli Pode ser uma conquista. As pessoas estão envelhecendo de uma maneira diferente. Estão ativas e com um prota-gonismo político, econômico e social muito grande. Então é claro que elas merecem uma atenção nessas políti-cas. O espaço institucional no ministério ou numa secreta-ria específica é um caminho a ser traçado. Do ponto de vista de política pública nós encontramos muito pouco, para não dizer nada, na Pre-feitura de São Paulo. O que temos são boas experiências da sociedade civil. A priori-dade agora é a construção das políticas públicas. Nós temos que pensar o idoso nas mais diferentes característi-cas e perfis. O idoso negro, a mulher idosa, o idoso fragi-lizado, o idoso homossexual, todos com a sua particulari-dades. O Brasil, infelizmente, ainda é um país com muitos preconceitos e que segmenta tudo. Temos é que construir uma política para todos.

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Jornal da 3ª Idade - junho de 2013Saúde

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Saúde A fisioterapeuta Mônica Perracini é referência no Brasil no trabalho de redução de quedas nos idosos

Frequência e consequências- No Brasil cerca de 30% dos idosos caem pelo menos uma vez no ano;- A frequência de quedas é maior em mulheres;- O risco de fraturas decor-rentes de quedas aumentacom a idade;- Estudos mostram que 40% das quedas em mulherescom mais de 75 anos e 28% das quedas em homens da mesma idade resultam em fraturas;- 5 a 10% das quedas resultam em ferimentos importantes;- O risco de quedas aumen- ta com o avançar da idade e pode chegar a 51% em idosos acima de 85 anos;- Mais de dois terços daque-les que têm uma queda cairão novamente nos seis meses subsequentes;- 70% das quedas em ido-sos ocorrem dentro de casa.

Orientações para prevenir

as quedas- Faça exames oftalmológi-cos e físicos anualmente, em específico para detectar a existência de problemas car-díacos e de pressão arterial; - Mantenha em sua dieta uma ingestão adequada de Cálcio e vitamina D; - Tome banhos de sol diariamente;- Participe de pro-gramas de atividade física que visem o agilidade, força, equi-líbrio, coordenação e mobilidade do torno-zelo;- Elimine de casa tudo que possa pro-vocar escorregões e instale suportes, cor-rimão e acessórios de segu-rança; - Use sapatos com sola anti-derrapante; - Amarre o cadarço do seu calçado;- Substitua os chinelos que estão deformados ou estão muito frouxos; - Use uma calçadeira ou sente- se para colocar seu sapato; - Evite sapatos altos e com sola lisa;

- Evite ingestão excessiva de bebidas alcoólicas; - Nunca ande só de meias;- Mantenha uma lista atual de todos os medicamentos que está tomando;- Informe-se com o seu médico sobre os efeitos cola-terais dos remédios que está tomando; - Fadiga muscular e con-fusão mental aumentam o risco de quedas.

A fisioterapeuta Mônica Perracini, na sua casa em S.Paulo.

Jornal da 3ª Idade – Quando começou seu trabalho com a campanha de prevenção de quedas, em SP?Mônica Perracini – Em 2008 eu fiz na UNICID- Universi-dade da Cidade, no Tatuapé, a primeira reunião para criar esse trabalho. Participaram representantes da Unidade de Referência da Saúde do Idoso do Ipiranga (URSI), da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, Secre-taria Estadual de Saúde, do Metrô, do SESC São Paulo, dos centros de referência do idoso, da Zona Leste e da Zona Norte, da SBGG-SP- a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, do Conselho Estadual do Idoso e do Conselho Municipal do Idoso. Começamos um traba-lho, criamos esse logo “Cair de maduro é só para frutas”.Jornal da 3ª Idade – E como surgiu essa ligação com a ONG inglesa, Help The Aged?Mônica Perracini – Depois da reunião que participei no Canadá fiquei conhecendo o trabalho deles que já tinham uma forte atuação de cons-cientização do idoso, dos seus familiares, da comu-nidade e dos profissionais da Saúde sobre o risco das quedas. Eles tem um trabalho ainda mais especial para aler-tar para as consequências da fratura de quadril. Eu achei que não tínhamos que rein-ventar a roda aqui no Brasil. Eu os procurei para fazer a adesão do Brasil na cam-panha mundial e foi assim que nós também começa-mos a trabalhar o dia 24 de junho, como o Dia Nacional de Prevenção de Quedas.Jornal da 3ª Idade – E como tem sido a adesão nos últi-mos anos?Mônica Perracini – A cada ano vem tomando mais corpo. Em 2009, o programa do governo estadual Futu-

ridade realizou um grande evento no Memorial da Amé-rica Latina, com muitos ido-sos e com a participação de várias secretarias. Em 2010 e 2011 os eventos foram menores, saíram do Pro-grama Futuridade e foram para a Secretaria Estadual da Saúde, onde estão até hoje.Jornal da 3ª Idade – Pode-mos afirmar que já existe uma preocupação coletiva com a queda nos idosos no Brasil?Mônica Perracini – Hoje já existe uma percepção mais ampla da parte de muitos profissionais e idosos de que a queda não é uma coisa normal na velhice e que se ela está ocorrendo é preciso fazer uma avaliação da pes-soa para saber as causas. Aqueda é um marcador de que algum problema está ocor-rendo. Embora seja natural a diminuição da força muscular e do equilíbrio no envelheci-mento, isso não é suficiente para provocar uma queda. Jornal da 3ª Idade – Qual a chance que os idosos tem de quedas recorrentes?Mônica Perracini – Quando fiz meu doutorado em 2000 e uma pesquisa em mais de 1600 idosos eu já tinha constatado que o fato de você cair aumenta em sete vezes a chance de cair de novo.

Jornal da 3ª Idade- Então a conscientização de que a queda não é normal e que os sintomas precisam ser urgentemente investigadostem que começar no idoso? Mônica Perracini- O idoso tem que se perceber. Ele tem que observar se está com dificuldade de andar em lugares mais movimentados, em ruas mais esburacadas e se está evitando fazer coisas ou mesmo sair de casa com medo de cair. Se tudo isso estiver ocorrendo é preciso cuidar rápido. A gente sabe

que esses processos depois de instalados aumentam muito a chance de um rápido declínio funcional e entre os profissionais de saúde a gente chama de espiral declinante.Jornal da 3ª Idade- Então quais são os pilares para um trabalho na área, que apare-cem em todos os documentos internacionais?Mônica Perracini- A impor-tância da conscientização dos idosos; dos seus familiares; da comunidade de que isso é um problema e que precisa de uma ação integrada e que para isso são necessárias políticas públicas.Jornal da 3ª Idade – Existe alguma forma de medir o resultado das campanhas?Mônica Perracini – O indi-cador que a gente precisaria ter é a redução do número de quedas, mas ainda não temos como medir. A fra-tura de quadril é o que nós chamamos de evento senti-nela, porque uma parte dos que sofrem queda acaba tendo esse tipo de fratura. A caderneta do idoso tem um espaço para a pessoa colocar quantas quedas teve, mas ela não está sendo usada direito. Não foi implantada em todos os lugares, não está interli-gada, não está on-line. Como o Centro de Vigilância Epide-miológica não tem como ter esse indicador de quedas usa as ocorrências de fraturas de quadril. Não é o ideal, mas é o que temos hoje e ele aponta para um aumento sig-nificativo nos próximos anos.Jornal da 3ª Idade – E quais são os cuidados básicos ara evitar quedas?Mônica Perracini-Realizar atividade física mantendo uma boa força muscular e bom equilíbrio corporal; ir ao ocu-lista regularmente; não usar medicações sem orientação médica e manter-se ativo.

Em 2007 ela foi convidada para participar de um semi-nário, da OMS - Organiza-ção Mundial da Saúde, com vários países, em Vitória, no Canadá. No encontro que previa a criação de uma polí-tica de prevenção de quedas em idosos, uma das propos-tas pautava a necessidade de campanhas educativas para a conscientização da população e a capacitação de profissionais de saúde. Inspirada no trabalho criado pela Ong inglesa, Help The Aged (Ajude o Idoso), come-çou um trabalho em São Paulo, que hoje é referência em todo o Brasil e que colo-cou no calendário, o 24 de junho, como o Dia Nacional de Prevenção de Quedas.

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Destaque

O ator Luís Melo, que na televisão está vivendo o personagem Atílio da novela “Amor à Vida”, está em cartaz em São Paulo, no espetáculo “Ausência”, produzido pela companhia franco-brasileira Dos à Deux. A peça que está no SESC Ipiranga, já teve uma temporada no Rio de Janeiro, em 2012. É a sua estreia no teatro gestual, que faz a narração sem palavras, a partir da linguagem corporal, não há texto, sendo uma linguagem mais proxima da poesia que da prosa.

Luís Melo que realiza mais um personagem de sucesso na TV está com nova peça no Sesc Ipiranga até julho

A peça retrata um futuro, em uma cidade que passou por um aci-dente radioativo. Nela está o medo do desconhecido e o fato de não sabermos lidar com a escassez, seja ela de água, ar, comida ou de relações humanas. No fundo, o tema é a dificuldade que o ser humano tem em se relacionar com próximo.

Ele já era um ator reveren-ciado pelo teatro quando foi fazer novelas na televisão. Na estreia, em 1995, em Caras e Coroas, na TV Globo, contra-cenando com Cristiane Torloni, chegou a ser criticado por dividir seu valioso tempo de preparo dos grandes persona-gens do teatro com a exaustiva agenda de gravações na TV. A escolha foi acertada. Para os que já admiravam seu trabalho abriu-se mais um canal para continuar a apreciá-lo. Para a maioria do púbico que continua distante dos palcos (por falta de oportunidades) foi uma chance de conhecê-lo. Hoje ele tem uma legião de fãs que reco-nhecem o seu grande talento. Luís Melo sabe que fez a escolha certa e apesar do grande sucesso não deixou de pesquisar novas linguagens teatrais. Assistir a peça Ausên-cia, que fica em cartaz no SESC Ipiranga, até o final de julho é uma oportunidade de testemu-nhar tudo isso. Saiba um pouco mais sobre ele nessa entrevista exclusiva ao Jornal da 3ª Idade.

Jornal da 3ª Idade - Você morou em São Paulo por 10 anos. Como é a sua relação com a cidade?Luis Melo – Eu morei aqui de 1985 até 1996. Sou de Curi-tiba e foi lá que me formei e trabalhei de 1979 até 1984. Foi em São Paulo que eu tive meu amadurecimento artístico, atuando no Centro Teatral do SESC, com Antunes Filho. Aqui firmei meu caminho em relação ao teatro, principalmente o de pesquisa, que é onde procuro sempre estar envolvido, com novos projetos que tenham cunho de novas linguagens.Jornal da 3ª Idade -Você é um dos poucos atores de sucesso na TV que tem uma sólida formação teatral, do chamado teatro clássico.Luis Melo – Eu nunca tive pressa de enveredar pela tele-visão. Eu sempre pensei que a TV estava lá ao alcance, mas o mais importante era investir numa formação mais sólida, que é isso que o teatro oferece e exige do ator.Jornal da 3ª Idade - Por quê

você só buscou o sucesso na TV quando já estava mais maduro, ao contrário de outros que privi-legiam esse tipo de divulgação.Luis Melo – A TV pode lhe dar uma popularização como ator, pode fazer você chegar onde seria quase impossível com o teatro. Está cada dia mais difícil conseguir viajar por todo o Brasil com um espetáculo. Aquela ideia de chegar a todos os públicos, em todos os luga-res só mesmo com a televisão.Jornal da 3ª Idade -Quando foi o primeiro trabalho na TV?Luis Melo – Foi na novela Cara e Coroa, onde eu contracenava com a Cristiane Torloni. Eu já passava dos 36 anos.Jornal da 3ª Idade -Se por um lado você lamenta a falta de oportunidade de levar o bom teatro por todo o Brasil, por outro tem na bagagem uma experiência invejável de ter se apresentado por muitos países, com parte do que foi feito de melhor no teatro brasileiro, nos últimos tempos.Luis Melo – Durante 10 anos eu me apresentei em festivais em países da Europa, das Américas e da Ásia. Foi uma experiência muito rica.Jornal da 3ª Idade - Foi um desafio maior se apresentar na Ásia, com a distância da língua e da cultura? Luis Melo – Fizemos o Japão e a Coréia, onde a primeira apresentação foi logo depois da abertura para o ocidente, nas Olímpiadas de Seul. Foi muito bom. A gente costuma dizer que o bom teatro inde-pende do idioma do lugar. A boa interpretação acaba fun-cionando como uma ópera, onde você tem um livreto que orienta mais o menos à história contada e as pessoas se envol-vem com o que está em cena. Nunca tivemos problemas e nunca precisamos fazer tradu-ção, mesmo encenando textos como os de Nelson Rodrigues, de Jorge Andrade, Guimarães Rosa e outros mais universais como Shakespeare.Jornal da 3ª Idade - Não houve uma iniciativa de traduzir um texto brasileiro, até para se

envolver com encenação?Luis Melo – A única vez que tentaram fazer uma versão simultânea foi com Nelson Rodrigues, porque ele ia ser traduzido na Alemanha, mas mesmo assim durante a apre-sentação muita gente retirava o fone do ouvido e preferia se envolver com o espetáculo. Foram experiências que me enriqueceram muito como homem, em primeiro lugar. Essas plateias tem uma grande tradição ligada ao teatro, eles sabem fazer outra leitura de teatro. Conviver com outras culturas e ver outras pinturas foi maravilhoso para o meu crescimento.Jornal da 3ª Idade -Embora você fale de pinturas no sen-tido figurado, quando fazem um relato da sua trajetória sempre lembram da sua pai-xão pelas artes plásticas e um começo de trabalho profissio-nal ligado à arquitetura.Luis Melo – Eu tenho uma for-mação ligada em arquitetura. Sou técnico em edificações e cheguei a começar a faculdade. Nessa época comecei no teatro e acabei alterando a minha trajetória fazendo dentro da universidade matérias que me ligavam as artes.Jornal da 3ª Idade - Certa-mente essa noção espacial que a arquitetura oferece deve

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Destaque

Luís Melo nasceu em Curitiba, no Paraná, em 13 de novembro de 1947. Formado pelo Curso Permanente da Fundação Teatro Guaíra em 1969, trabalhou como ator e professor de teatro. Foi dirigido por Emílio de Biasi e Ademar Guerra no Teatro de Comédia do Paraná. Em São Paulo se tornou, durante dez anos, o primeiro ator do Grupo Macunaíma, dirigido por Antunes Filho. Ele inúmeras atuações no cinema, na TV e no teatro, premiado em todas elas.

ter contribuído para o seu aprendizado do espaço cênico.Luis Melo – Eu aprendo mais com a arquitetura, com as artes plásticas e com a música do que diretamente com o teatro. A minha relação com as outras artes é mais forte.Jornal da 3ª Idade - A sua atuação nessa peça Ausência pode buscar resumir todas as suas influências?Luis Melo – Essa é a minha primeira atuação nessa cate-goria do teatro gestual, onde a palavra não existe e onde a dramaturgia é feita através do movimento. É um trabalho que a companhia do Artur Ribeiro e do André Curti (Dos à Deux) desenvolve, com 15 anos de experiência sediada na França, embora eles sejam brasileiros. É um trabalho que envolve música, dança, mímica, artes plásticas e técni-cas orientais. Eles conceberam uma maneira muito própria de contar as histórias através do teatro gestual. É uma compa-nhia que eu persegui durante muito tempo como público. Eles tem uma precisão técnica, um aprimoramento que eu sempre admirei. Quando se assiste tem a impressão que não existem erros. Foi uma admiração mútua. Eu sempre gostei do trabalho deles e eles acompanharam também o meu como ator.Jornal da 3ª Idade - Pode-se dizer que esse é um espetáculo de contraponto na sua carreira? Afinal você é conhecido como um grande ator da palavra, de textos mais densos como MacBeth e que agora realiza um espetáculo sem palavras?Luis Melo – Sem dúvida. Eu aprendi muito com o Antunes Filho, no Grupo Macunaíma, onde a orientação era só falar quando tivesse muita neces-sidade daquelas palavras. Tinha que aprender a contar a história sensibilizando, sem muitas palavras.Jornal da 3ª Idade - O preparo para uma peça como essa tem que ser diferente?Luis Melo – A preparação para entrar nesse universo, nessa técnica, é diferente. E é a primeira vez que o Artur e o André preparam um espe-táculo com outro ator. Estão sendo experiências diferentes para todos. Eles eram os auto-res, os diretores e faziam o espetáculo como atores. Eles tiveram uma dedicação total durante seis meses para que eu adquirisse a sensibilidade necessária para esse trabalho.Jornal da 3ª Idade - Não fica difícil fazer ao mesmo tempo

um teatro com esse fôlego e gravar uma novela?Luis Melo – É muito cansati- vo, pois as atividades exigem muito. Na televisão é preciso ter um raciocínio rápido para resolver tudo de maneira ace-lerada. Toda semana tem um elemento novo. A cada bloco de novos capítulos é preciso criar novas situações e resolvê-las rápido. Tem que ter agilidade e estar atento e aberto para criar as novas situações. Na TV a sua expressão física é menor, o seu deslocamento é pequeno, fala-se para uma câmera. No teatro o olhar é outro. Tenho que prever com precisão o meu passo, o meu deslocamento, tenho que ter certeza do meu domínio de palco. Na TV você faz o trabalho, mas as coisas são resolvidas na edição. No teatro, na frente do público resolve quem está em cena.Jornal da 3ª Idade - Você tem medo da velhice?Luis Melo – Eu acredito que a gente vive melhor na terceira idade, porque você não pre-cisa provar mais nada para ninguém. É a oportunidade de viver como se é. Essa plenitude independe de classe social. A prova disso é que os cine-mas, os teatros e os museus estão repletos de pessoas mais velhas. Eu quero envelhecer bem, com saúde e alegria.Jornal da 3ª Idade - Na dis-cussão das questões da meia entrada tem muito empresário colocando a culpa no público idoso. Você concorda?Luis Melo – Eu não tenho dúvida de que boa parte do teatro está se sustentando hoje graças a terceira idade. Pode ser uma peça de grupo jovem, experimental, dança, sempre tem muita gente idosa na plateia. Em Copacabana os teatros estão sempre lotados pela terceira idade. O público mais velho está tendo uma referência do teatro muito maior que o público jovem, porque eles estão abertos para receber, para conhecer, não querem perder tempo.Jornal da 3ª Idade - Parafra-seando o título da peça, qual a maior ausência no Brasil?Luis Melo -Aqui e em qualquer lugar do mundo, quanto maio-res às cidades mais sozinhas as pessoas estão. A globali-zação que para muitos seria a solução de um convívio sem fronteiras, na verdade está colocando as pessoas cada vez mais dentro de casa vendo o mundo acontecer pela tela da TV e do computador.É disso que trata a peça, ainda que seja uma projeção do futuro.

A peça Ausência fica em até o dia 28 de julho

R$ 30,00 (inteira)R$ 15,00 (meia para usuário inscrito no SESC e

+60 anos, professores da rede pública de ensino e estudantes.R$ 7,50 (trabalhador no comércio de bens, noSESC e dependentes)

O SESC Ipiranga Rua Bom Pastor, nº 822

Sábado às 21h Domingo às 18 horas 11-3340-2000

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Jornal da 3ª Idade - junho de 2013

Antiguidades

Informática

Psicóloga

(11) 3884-8104 ou (11) 6657-2933Dr. Luiz

Atividade física dirigida

Questões relacionadas ao Direito de Família (heranças; doações; testamentos; usufrutos; direitos do cônjuge no casa-mento e na união estável; interdições; inventários; alimentos etc.), ao Direito

Civil e ao Direito Empresarial.Antonio Rodrigues Ramos Filho

Rosangela de Paula Neves Vidigal

11- 3101.7554 e 11-3715.1114

www.rodriguesramos.com.br

Direito de família

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Você já percebeu que alguns objetos que você tem em casa sem utilidade, no momento, podem valer

dinheiro para colecionadores e lojas de antiguidades Depois de uma certa idade é comum querer dar uma renovada na casa. Reorga-nizar o espaço que sobrou com a saída dos filhos e

mesmo abrir novas pos-sibilidades para os netos. É comum as famílias guar-darem algumas peças e mesmo utensílios de quando as crianças eram pequenas. As múltiplas tarefas de todos nos dias de hoje, mesmos os mais velhos, e as casas cada vez menores, não permitem mais que se guardem tantas coisas. Muitas vezes o que foi uma boa lembrança de momen-tos passados acabam se deteriorando e indo para o lixo, desnecessariamente. Vários objetos, moedas, cédulas, móveis antigos, rádios, relógios, gravuras e quadros são compra-dos por profissionais. São empresas que são pro-curadas por colecionado-res, companhias de teatro, de cinemas, de televisão. Preste atenção se você tem algum desses objetos sem uso e aproveite para ganhar algum dinheiro. Ligue antes e combine com a empresa que vai procu-rar. As pessoas mais idosas

que pretendem receber o dinheiro na hora, sem-pre que possível devem ir acompanhadas, por questão de segurança.

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