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IPVDF terá laboratório de referência para defesa sanitária animal PÁGINA 9 PUBLICAÇÃO DO CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA VETERINÁRIA DO RS - ANO XIII Nº 59 - NOV/07 A FEV/08 PÁGINA 8 Veterinária & Zootecnia Impresso Especial 0879/2002 - DR/RS CRMV/RS CORREIOS Garantir o exercício profissional é o objetivo da fiscalização iscalizar mais e melhor. Essa é uma das principais metas da diretoria do CRMV-RS, pois somente dessa maneira o exercício profissi- onal pode ser viabilizado e a sociedade tem segurança com relação aos serviços que recebe. A estrutura atual de fiscalização permite ao CRMV-RS percorrer, a cada 120 dias, todos os 496 municípios gaúchos e vistoriar todas as empresas registradas. “Para 2008, nossa meta é visitar, pelo menos, quatro vezes ao ano cada empresa, o que permitirá uma melhor fiscalização das atividades do responsável técnico”, adianta o chefe do setor de fiscalização, médico veterinário José Pedro Martins. Para isso, estão sendo realizados ajustes na organização das atividades. O aumento na cobertura só foi possível graças à contratação de fiscais por meio de concurso público realizado em 2006. Em fevereiro do ano passado, quatro fiscais assumiram suas funções em Porto Alegre, Caxias do Sul, Ijuí e Santana do Livramento, somando- se aos que já integravam a equipe. Atualmente, são nove fiscais e um supervisor. Além disso, um redirecionamento das atividades F Divulgação CRMV-RS administrativas viabiliza a agili-dade e o suporte necessários à fiscalização. As secretarias regio- nais de Passo Fundo, Santa Maria e Pelotas estão realizando pratica- mente todos os procedimentos administrativos, como o controle dos termos de fiscalização e autos de infração. “A medida permitiu também maior agilidade na inscrição de novos profissionais e na regularização das empresas”, explica Martins. O balanço de 2007 aponta 11.650 inspeções realizadas nas empresas que exercem atividades peculiares à Medicina Veterinária e à Zootecnia. Nessas ações, foram emitidos 8.020 termos de fiscaliza- ção, 2.068 autos de infração e 1.562 relatórios de fiscalização. Dessas, 86% estavam regulares (7.956) e 14% irregulares (1.330). O principal problema verificado é a falta de responsável técnico (54%), seguida pela ausência de registro (45%). “A principal atuação da fiscalização é o controle da responsabilidade técnica e os dados mostram que a maioria das empresas está em situação regular nesse aspecto”, ressalta. Para 2008, o planejamento aponta, ainda, atenção especial à situação dos serviços de inspeção e de vigilância em saúde dos municípios, com ênfase na presença do médico veterinário no exercício de suas atividades administrativas. Outros aspectos que merecerão atuação mais destacada são os canis municipais e os centros de controle de zoonoses, por meio de uma ação integrada com as comissões de Bem-Estar Animal e de Saúde Pública do CRMV-RS. Além disso, a equipe deve ser reforçada com a contrata- ção de mais dois fiscais e a aquisição de quatro veículos. Foco em ovinos Atividade está em expansão e tem carência de profissionais especializa- dos para atuação em todo o país. PÁGINAS 4 E 5 Saúde pública Abandono de animais é um sério problema e sua solução passa por políticas municipais e ações de esterilização. PÁGINA 10 Festas marcam bodas Festas marcam bodas Divulgação Divulgação SETOR ESTÁ ESTRUTURADO E PROJETA AUMENTAR A ATUAÇÃO Fiscais podem percorrer todo estado a cada 120 dias

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IPVDF terá laboratório de referência para defesa sanitária animalPÁGINA 9

PUBLICAÇÃO DO CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA VETERINÁRIA DO RS - ANO XIII Nº 59 - NOV/07 A FEV/08

PÁGINA 8

Veterinária& Zootecnia

ImpressoEspecial

0879/2002 - DR/RSCRMV/RS

CORREIOS

Garantir o exercício profissionalé o objetivo da fiscalização

iscalizar mais e melhor. Essa é uma das principais metas da diretoria do CRMV-RS, pois somente

dessa maneira o exercício profissi-onal pode ser viabilizado e a sociedade tem segurança com relação aos serviços que recebe. A estrutura atual de fiscalização permite ao CRMV-RS percorrer, a cada 120 dias, todos os 496 municípios gaúchos e vistoriar todas as empresas registradas. “Para 2008, nossa meta é visitar, pelo menos, quatro vezes ao ano cada empresa, o que permitirá uma melhor fiscalização das atividades do responsável técnico”, adianta o chefe do setor de fiscalização, médico veterinário José Pedro Martins. Para isso, estão sendo realizados ajustes na organização das atividades.

O aumento na cobertura só foi possível graças à contratação de fiscais por meio de concurso público realizado em 2006. Em fevereiro do ano passado, quatro fiscais assumiram suas funções em Porto Alegre, Caxias do Sul, Ijuí e Santana do Livramento, somando-se aos que já integravam a equipe. Atualmente, são nove fiscais e um supervisor. Além disso, um redirecionamento das atividades

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administrativas viabiliza a agili-dade e o suporte necessários à fiscalização. As secretarias regio-nais de Passo Fundo, Santa Maria e Pelotas estão realizando pratica-mente todos os procedimentos administrativos, como o controle dos termos de fiscalização e autos de infração. “A medida permitiu também maior agilidade na inscrição de novos profissionais e na regularização das empresas”, explica Martins.

O balanço de 2007 aponta 11.650 inspeções realizadas nas empresas que exercem atividades peculiares à Medicina Veterinária e à Zootecnia. Nessas ações, foram emitidos 8.020 termos de fiscaliza-ção, 2.068 autos de infração e 1.562 relatórios de fiscalização. Dessas, 86% estavam regulares (7.956) e 14% irregulares (1.330). O principal problema verificado é a falta de responsável técnico (54%),

seguida pela ausência de registro (45%). “A principal atuação da fiscalização é o controle da responsabilidade técnica e os dados mostram que a maioria das empresas está em situação regular nesse aspecto”, ressalta.

Para 2008, o planejamento aponta, ainda, atenção especial à situação dos serviços de inspeção e de vigilância em saúde dos municípios, com ênfase na presença do médico veterinário no exercício de suas atividades administrativas. Outros aspectos que merecerão atuação mais destacada são os canis municipais e os centros de controle de zoonoses, por meio de uma ação integrada com as comissões de Bem-Estar Animal e de Saúde Pública do CRMV-RS. Além disso, a equipe deve ser reforçada com a contrata-ção de mais dois fiscais e a aquisição de quatro veículos.

Foco emovinos

Atividade está em expansão e tem carência de profissionais especializa-dos para atuação em todo o país.

PÁGINAS 4 E 5

Saúdepública

Abandono de animais é um sério problema e sua solução passa por políticas municipais e ações de esterilização.

PÁGINA 10

Festasmarcambodas

Festasmarcambodas

Divulgação

Divulgação

SETOR ESTÁ ESTRUTURADO E PROJETA AUMENTAR A ATUAÇÃO

Fiscais podem percorrer todo estado a cada 120 dias

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Fiscalização: prioridade do CRMV-RSEXPEDIENTE

O jornal Veterinária & Zootecnia é um veículo de divulgação da classedos médicos veterinários e dos zootecnistas, editado pelo ConselhoRegional de Medicina Veterinária do RS (CRMV-RS). Os textos sãode responsabilidade dos autores.

DIRETORIA EXECUTIVA DO CRMV-RS

PresidenteAir Fagundes dos Santos

Vice-presidenteMaria Helena Amaral

Secretário-geralJosé Arthur de Abreu Martins

TesoureiroMauro Gregory Ferreira

Conselheiros efetivosElci Lotar Dickel, Hélvio Tassinari dos Santos, Maristela LovatoFlores, Vera Lúcia Machado da Silva, Carlos de Lima Silveira eJosé Braz Mariosi

Conselheiros suplentesAna Mirtes de Souza Trindade, Rosane Maia Machado, RodrigoMarques Lorenzoni, Margarete Maria Paes Iesbich, JulianaIracema Milan e Angélica Pereira dos Santos

JORNAL VETERINÁRIA & ZOOTECNIA

Conselho editorialAir Fagundes dos Santos, José Arthur de Abreu Martins, RosaneMaia Machado e Leandro Brixius

Projeto GráficoRodrigo Vizzotto

Reportagem e EdiçãoJorn. Leandro Brixius – RP 9468

ChargeMéd. Vet. Hudson Barreto Abella

Diagramação e Impressão

Tiragem12 mil exemplares

Endereço para correspondência

CRMV-RS – Rua Ramiro Barcellos, 1793, 2º andar – Bom FimPorto Alegre – RS – CEP 90035-006 – Fone/Fax: 51 2104 0566E-mail: [email protected] / www.crmvrs.gov.br

SECRETARIAS REGIONAIS

Secretaria Passo Fundo – Rua General Osório, 1204/602CEP 99010-140 – Fone/Fax: 54 3317 2121E-mail: [email protected]

Secretaria Pelotas – Rua Andrade Neves, 2077/402CEP 96020-080 – Fone/Fax: 53 3227 0877E-mail: [email protected]

Secretaria Santa Maria – Rua Appel, 475 – Prédio Sindicato RuralCEP 97015-030 – Fone/Fax: 55 3223 6824E-mail: [email protected]

www.crmvrs.gov.br

2 novembro/2007 a fevereiro/2008

Veterinária& Zootecnia

EDITORIAL

grande dúvida entre presiden-tes de conselhos regionais das profissões regulamentadas é como conduzir a ação de

fiscalização do exercício profissional em maior ou em menor escala e, ao mesmo tempo, exigir a inscrição em suas jurisdições de pessoas jurídicas prestadoras de serviços ou fornecedo-ras de bens de consumo à sociedade. Um dos entraves é a ação de parte dos empresários, que já saturados pelo crescente pagamento de tributos aos cofres do Governo nos últimos anos. Mesmo assim, houve mudança na legislação a partir de 2001, quando os conselhos de profissões, além de controlados pelo Tribunal de Contas da União, passaram a ser classificados como Autarquias Federais de Direito Público, como sempre foram, mas, desse ano em diante, sacramentados como um forte braço do Poder Público em defesa do consumidor no campo da fiscalização.

Nesta nova filosofia de trabalho, os dirigentes do CRMV-RS (Gestão 2005/08) estabeleceram como meta prioritária o cumprimento da principal finalidade do Sistema CFMV/ CRMVs, ou seja, a fiscalização. Para isto, reforçaram a infra-estrutura e os recursos humanos do Setor de Fiscalização, mediante concurso público para fiscais e aquisição de veículos, e procurou-se implementar na plenitude a interiorização como instrumento para alcançar os objetivos traçados em meta. Não satisfeitos, trocaram informações e experiências

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HUMOR

Gráfica RJR Ltda

Air dos Santos Fagundes

OPINIÃO

com outros gestores de CRMVs. Os resultados, após sanear as finanças da Autarquia até o término de 2006, vieram, parcialmente, em 2007. Pelo relatório do Setor de Fiscalização, mesmo não contando com a totalidade dos fiscais necessários - por problemas administrativos, a meta traçada foi atingida em mais de 70%. Assim, foram visitadas mais 11 mil empresas, 65% delas ligadas ao comércio de produtos veterinários.

Provavelmente, entre os conselhos de profissões no estado, o CRMV-RS tenha sido o que fiscalizou o maior número de empresas em um ano. Das 7.875 empresas fiscalizadas, 87% estavam sem irregularidade, o que demonstra a seriedade e a continuidade do trabalho desenvolvido em conjunto pelos diferentes setores do Conselho. A escolha do tema fiscalização para este Editorial teve como principal objetivo projetar as demais metas alcançadas pela Autarquia em 2007. O processo de fiscalização, para seu exercício pleno, não deixa de envolver a totalidade da programação traçada num plano anual de trabalho, inclusive passando pela educação continuada que destina-se à melhoria da competência dos médicos veterinários e dos zootecnistas. Por outro ângulo, o ato fiscalizar em 2007, como forma de atender aos interesses da sociedade, trouxe o incremento de 670 empresas cadastradas no sistema, representando um significativo campo de ocupação para novos profissionais, situação que não pode ser ignorado por nenhum gestor público.

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3novembro/2007 a fevereiro/2008

Veterinária& Zootecnia

NOTÍCIAS

bom serviço prestado pelo CRMV-RS aos profissionais inscritos depende, prioritariamente, da integração dos diversos setores, uma vez que um dá

suporte ao outro para que a razão de existência do Conselho – a fiscalização do exercício profissional – seja efetivada. Setores de apoio, fiscalização, jurídico, secretaria, contabilida-de, informática e pessoal interagem constante-mente nas atividades cotidianas.

O Setor Jurídico, por exemplo, conta com quatro advogados que atuam em áreas distin-tas, formando, assim, um todo na defesa e autoria de processos em que o CRMV-RS seja autor ou réu e, ainda, prestando um assessora-mento completo à diretoria e demais setores administrativos. Em 2007, uma das ações destacados é o Mandado de Segurança impetrado no Supremo Tribunal Federal contra o Tribunal de Contas da União que determinava a demissão de oito funcionários admitidos em 2002 por meio de Seleção Pública. No entendi-mento daquele Tribunal a seleção feita não substituiria o concurso público preconizado no art. 37, II, da Constituição Federal. Foi obtida Liminar e suspenso o prazo concedido pelo TCU para as demissões.

“No intuito de dar uma atenção mais direcionada para aqueles profissionais e empresas que desejavam fazer parcelamento de seus débitos para com o CRMV-RS, foi destacada uma funcionária para este fim. Dessa forma, o profissional ou a empresa tratam do assunto, de forma sigilosa, sempre com a mesma pessoa”, destaca a assessora jurídica Marilourdes da Silva, ressaltando que os benefícios foram imediatamente percebidos pelo público.

Marilourdes enfatiza que o Setor Jurídico do CRMV-RS, através de seus advogados, tem defendido nas demandas judiciais as prerroga-tivas constitucionais da profissão, na defesa das exigências legais, especialmente no que diz respeito ao exercício profissional em estabele-cimentos comerciais, com base na Lei 5.517/68 que criou a profissão de médico veterinário e determina a obrigatoriedade de pessoas jurídicas se registrarem no Conselho de Medicina Veterinária e na Lei 8.078/90 - Código de Defesa do Consumidor.

O perfil do atual consumidor é exigente na busca da proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos de uso veterinário, comercialização de animais vivos e prestação de serviços, lembram os advogados. O Decreto 5.053/04 exige das empresas de comércio varejista de medicamentos veterinários a supervisão de médico veterinário responsável técnico inscrito no CRMV, fato que determina o registro da pessoa jurídica no Conselho. É relevante, também, a Placa de Identificação que os estabelecimentos comerciais inscritos no CRMV/RS devem exibir aos consumidores, para assegurar-lhes a garantia do cumprimento da legislação e a segurança que buscam os consumidores.

Agilidade e segurança são palavras de ordem nos tempos atuais e, sendo assim, a constante qualificação do setor de informática é imprescindível. No ano passado, foram adquiridos quatro novos servidores para o quadro de equipamentos do CRMV-RS, sendo dois servidores HP ProLiant ML110 – respon-sáveis pelo processamento de todos os termi-nais – e dois HP ProLiant ML150 – servidor de

Integração entre os setoresgarante qualidade nos serviços

INVESTIMENTOS EM REESTRUTURAÇÃO E NOVAS TECNOLOGIAS VIABILIZAM BONS RESULTADOS NO TRABALHO

e-mail e servidor de banco de dados). “Esse investimento foi de vital importância para a estabilidade, velocidade e segurança dos sistemas, acabando com as constantes quedas e paralisações dos sistemas para a troca de peças e equipamentos”,.afirma o chefe do setor, Carlos André Santiago. Além disso, está sendo testado um novo sistema de cadastro do CFMV, que deve oferecer mais agilidade e realização de serviços online.

As ferramentas de comunicação e integra-ção entre o CRMV-RS e os profissionais inscritos também foram qualificadas. O site foi reestruturado, melhorando a sua interatividade e organizando as informações, com uma estrutura mais leve, dinâmica e amigável. Já o jornal Veterinária & Zootecnia recebeu um novo projeto gráfico, favorecendo a leitura das notícias. O Informativo Online permanece como a mais eficiente e ágil forma de comuni-cação, informando milhares de usuários cadastrados, a cada semana, sobre as atividades do Conselho e temas relevantes sobre a Medicina Veterinária e a Zootecnia.

Prioridade no atendimento

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Pelo menos 1.470 profissionais inscritos procuraram atendimento na secretaria do CRMV-RS, na sede em Porto Alegre, em 2007. A eles, somam-se 819 atendimentos de pessoa jurídica. Esses são os dados mais expressivos registrados na recepção do Conselho. No total, foram realizados mais de 4,3 mil atendimentos pelos diversos setores. Os dados coletados a partir do registro que cada visitante faz ao ser atendido no CRMV-

RS auxiliam no controle e avaliação do andamento dos serviços.

Outra forma de contato entre o público e o Conselho é a Ouvidoria, seja por e-mail ou telefone. No ano passado, foram contabiliza-dos 1.918 atendimentos. Desse total, 1.496 se referiam a dúvidas a respeito dos mais diversos assuntos. Além disso, houve 173 críticas e 115 sugestões. A Ouvidoria pode ser acessada diretamente por um formulário específico no

site www.crmvrs.gov.br ou pelo e-mail [email protected]. Vale ressaltar que a Ouvidoria se destina a atender opiniões a respeito do CRMV-RS e não solicitação de serviços, que devem ser encaminhadas pelo e-mail [email protected], onde serão protocoladas e direcionadas ao setor respon-sável.

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debate em torno do controle populacional de an imais domés t icos , pr incipalmente o de

pequenos animais, é global. Diferentes entidades, como a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização Mundial de Proteção Animal (WSPA, na sigla inglesa), têm se reunido sistematicamente com a finalidade de discutir e sugerir alternativas para contornar este grave problema que atinge regiões em todo o mundo. Um dos documentos mais valorizados, fruto da contribuição de diversos especialistas, é o Guidelines for dog population management, de 1990, e que tem servido como excelente subsidio para orientar vários programas.

De acordo com o médico veterinário Carlos Flávio da Silva, do Setor de Vigilância Ambiental de Santa Maria, animais domésti-cos são aqueles criados e reprodu-zidos pelo homem, perpetuando tais condições através de gerações por hereditariedade, oferecendo

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DEBATE

utilidades e prestando serviços em mansidão. “Uma espécie pode ser considerada doméstica quando sua reprodução esta sob controle humano; oferece-nos um produto ou serviço; esta domesticada, e não tem contato com a forma selvagem de origem” diz.

Para Silva, o desenvolvimento de políticas de controle populacio-nal deve levar em conta, funda-mentalmente, informações que revelem como pensam e agem os proprietários de animais domésti-cos, especialmente cães e gatos. “Quanto maior for a oferta de informações, melhor, assim como será mais eficiente se puder contar com dados da nossa realidade local”, avalia.

Segundo uma classificação encontrada no Guidelines for dog population management referente a cães, mas que se aplica também a gatos, animais supervisionados (domiciliados) são aqueles total-mente controlados, dependentes e não são considerados problema. Há os animais de família (semi-

domiciliados), também totalmente dependentes, mas parcialmente controlados e, por isso, são problema por terem livre acesso às ruas e, geralmente, receberem cuidados parciais de seus proprie-tários quanto a vacinações.

Há ainda os animais comunitá-rios ou de vizinhança, não domiciliados, mas parcialmente dependentes. Esses não são controlados e são problema pelo

Abandono e maus-tratos aos animaisexpõem falta de controle populacional

INSTITUIÇÃO DE POLÍTICAS LOCAIS É UMA DAS ESTRATÉGIAS PARA AUXILIAR NO BEM-ESTAR

livre acesso a diferentes ambientes e não possuírem proprietários, e sim pessoas que os adotam, sem se responsabilizar por eles. Por fim, há os animais ferais, errantes ou selvagens, não domiciliados, totalmente independentes, não controlados e que se tornam um problema sério. No Brasil, em alguns parques nacionais e reservas, esses animais causam grave problema à fauna.

Divulgação/w

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Gatos são abandonados em parques e são adotados pela vizinhança

“O excesso de liberdade de que dispõe alguns animais, tanto em áreas urbanas, ou rurais, sejam eles abandonados, ou simplesmente favorecidos pelo desleixo de maus proprietários, representam sérios riscos a indivíduos de outras espécies animais, ao homem, ao meio ambiente e a si próprio”, revela o médico veterinário Carlos Flávio Silva. Entre os riscos, eles podem provocar ou ser vítimas de acidentes de trânsito, causar problemas ambientais, agredir outros animais e seres humanos, ser vítimas de maus-tratos e sofrimento, procriar sem controle – contribuindo para agravar ainda mais o problema da superpopulação de animais errantes – e contrair e transmitir doenças zoonóticas e não zoonóticas.

“Com certeza apresentam-se com o seu bem-estar comprometido”, constata. Por isso, é impres-cindível avançar na consolidação de uma proposta viável de controle populacional, aliando conheci-mentos de saúde pública com os de etologia, bem-estar animal e ecologia populacional. Sendo assim, Silva diz que o primeiro passo para a constituição de um programa local de controle populacional é a

• Atitudes infantis do filhote (rói objetos pessoais, urina em local indesejado);

• Deficiência física do animal;

• Desemprego ou crise finan-ceira do proprietário;

• Doença crônica ou seqüela de acidente;

• Idade avançada do animal;

• Morte de quem tem vínculo com o animal;

• Mudança de casa para aparta-mento;

• Animal esperando filhotes;

• Problemas de comportamen-to (agressividade, ausência de adestramento);

• Separação conjugal.

Dez motivos parao abandono

Implantação de programa é questão de saúde públicaidentificação dos parceiros e definição de atribui-ções e competências. Após, a realização de diagnós-tico situacional, conhecendo a realidade da comuni-dade. Ações de educação e promoção da saúde, com ênfase em educação e conscientização da posse e guarda responsável também são importantes, assim como o cadastramento e a identificação de cães, gatos e demais animais em área urbana. O controle da reprodução, assim como o recolhimento seletivo e o destino adequado (adoção, doação ou eutanásia), precisa ser implementado.

O médico veterinário diz que para o sucesso do programa, a integração entre setores, entidades, profissionais liberais e associações comunitárias é fundamental. O comércio de animais em feiras, canis, gatis, abrigos e asilos, assim como o seu trânsito, deve ser controlado e fiscalizado, o que exige também a aprovação de legislação específica. “Todos esses passos são complexos e exigem conhecimento e dedicação, sem os quais iremos fatalmente perecer. Centralizo, especialmente, na educação para o exercício da posse, ou guarda, pois aí reside o elemento principal”, finaliza.

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NOTÍCIAS

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á seis anos, o grupo Protetores Voluntários luta para ver reduzido o número de cães e gatos

abandonados nas ruas das cidades. Para alcançar seu objetivo, desenvolve um trabalho focado na esterilização. “A doação é a conseqüência de um problema anterior, a falta da propriedade responsável”, diz a coordenadora Débora Ramos Pinto. O grupo intermedeia a doação de animais, principal-mente divulgando em seu site, mas trabalha para reduzir essa prática. Um dos motivos que dificultam essa atividade é a inexistência, em Porto Alegre e na grande maioria das cidades, de locais adequados para o abrigo dos animais antes que sejarealizada a adoção.

Os filhotes adotados por meio do Protetores Voluntários já são esterilizados por meio de parcerias que o grupo mantém com clínicas e profissionais. Além disso, os filhotes são

H

Controle de natalidade: conjunto de medidas adotadas com a finalidade de diminuir a procriação descontrolada de animais, ou seja reduzir numericamente a população de determinada espécie animal, que pode ser por métodos não-cirúrgicos (restrição dos movimentos e químico) e o cirúrgico (esterilização e castração).

Controle populacional: mais amplo, emprega diferentes meios pelos quais se mantém uma população animal sob controle (saúde, segurança, bem-estar, contenção adequada, restrição de circulação, zoneamento para criação, etc.) de tal forma que esta não cause prejuízos à sociedade humana onde está inserida, a outros indivíduos de espécies distintas e ao meio ambiente.

Castração: intervenção cirúrgica que extirpa o útero e os ovários nas fêmeas, e os testículos nos machos.

Esterilização cirúrgica: consiste numa intervenção cirúrgica que, nas fêmeas, é feita por meio da ligadura de trompas, e no macho, por vasectomia.

Sacrifício: é uma palavra de origem latina sacrificiu, que significa oferta, oferenda a um deus. Tem caráter religioso e, normalmente, é cruento, pois é no sangue que se concentra a energia vital, tão desejada pelos espíritos pouco evoluídos.

Eutanásia: palavra de origem grega euthanasía, onde eu é boa e

O que é

aceitos para doação somente após a confirmação da esterilização dos pais. “Assim, pelo menos garantimos que naquela família encerramos a reprodução”, explica. Débora é contrária a instalação de canis para viabilizar a retirada dos animais das ruas.

thánatos, morte, ou seja, boa morte, sem dor, sem angústia, sem sofrimento.

Abate: palavra de origem latina abbatuere, que significa matar para comer, alimentar, nutrir.

Eliminar: origem latina eliminare, significa fazer sair, expulsar; banir, excluir; suprimir, fazer desaparecer e refere-se a um indiví-duo, ou a um grupo de indivíduos.

Exterminar: do latim exterminare, que significa expulsar dos limites de uma terra; banir; extirpar, eliminar, matando; destruir por completo; aniquilar. Utilizada para dar fim completo a uma espécie em uma determinada área geográfica.

Tratamento humanitário: só pode ser usado para seres huma-nos, exclusivamente.

Tratamento digno: é o correto porque significa apropriado à espécie, à condição distinta dos indivíduos. Devemos lembrar sempre que existem os animais não-humanos e, por mais que evoluam, jamais chegaram à condição humana.

Domesticação: processo pelo qual uma população animal se adapta ao homem e ao cativeiro através de alterações genéticas que ocorrem ao longo de gerações e adaptações induzidas pelo ambiente que se repetem em cada geração.

Entidades defendem a esterilizaçãoe guarda responsável

Divulgação/w

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ais.com/naaas

Canis não são a solução para os animais que vivem nas ruas

Segundo a protetora, se essa fosse uma solução adequada, não haveria mais cães e gatos abandonados, pois esse tipo de abrigo existe há muitos anos. “A solução definitiva passa pela educação da população, que deve compreender toda a responsabili-

dade que implica em ter um animal de estimação”, defende.

A Associação Gaúcha de Proteção aos Animais também apóia a castração como uma forma de reduzir o abandono. Em seu site, a instituição apresenta os argumentos em favor da esterili-zação. “Existem métodos como pílulas e injeções, mas basta um único descuido do dono para que a fêmea fique prenhe. Por isso, a castração é o mais eficiente método contraceptivo para os bichos de estimação”, expressa o texto. A conta para avaliar o aumento no número de animais é fácil de fazer. Um cão macho solto pelas ruas pode cruzar com várias fêmeas e cada uma delas terá, em cada gestação, em média cinco filhotes que ficarão abandonados. O fim desses animais não será nada feliz: maus-tratos, atropelamentos, mutilações, doenças e outras crueldades. O site apresenta, ainda, mentiras e verdades sobre a castração.

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geral é difícil saber se o produto é original ou falsificado pela simples inspeção visual. Cabe ao RT impedir a sua comercialização, limitando-a aos produtos regularmente registrados no Mapa e/ou na Agência Nacional de Vigilância Sanitária e adquirindo de fornecedores credenciados ou diretamente da indústria fabricante idônea.

Que tipo de orientação pode reduzir os riscos?Verificar se o produto que está sendo adquirido é adequado para a espécie na qual será usado. Assim, por exemplo, o antibiótico cloranfenicol tem seu uso proibido em animais produtores de alimento para o homem, mas pode ser usado em animais de estimação e companhia como o cão,

ou em eqüinos e muares usados para tração animal e/ou esporte. Esta "ambivalência" permite que existam produtos a base de cloranfenicol à venda. Avaliar a experiência do adquirente, presumivelmen-te quem vai administrar o medicamento, com o uso do medicamento. Avaliar a experiência com a via de administração. Os produtos podem ser indicados para administração oral, muscular, subcutânea, venosa, intramamária, intraruminal, etc. Nem todas as vias são fáceis de "usar" e é preciso habilidade, treinamento, conhecimentos e experiência. O produto de origem animal, incluindo a carne do animal tratado, só pode ser consumido depois de um período de tempo necessário para a depuração (eliminação) do fármaco e/ou seus metabólitos. Portanto, impõe-se que na venda o consumidor seja devidamente alertado do uso correto, período de carência, riscos dos resíduos, etc. Isso só pode ser feito por quem "entenda do assunto", ou seja o médico veteriná-rio!

A utilização de produtos de uso veterinário envolve riscos para quem administra ou manipula?Sim, a concluir pelo levantamento realizado pelo CIT (Centro de Informação Toxicológica do Rio Grande do Sul), que registrou 625 casos de intoxicações humanas com fármacos presentes

em produtos de uso veterinário de venda livre nos anos de 2005 e 2006 (ver tabela). Verifica-se que entre os fármacos há predomínio dos ectoparasiticidas e endectocidas, justamente os mais lipossolúveis e, por isso, passíveis de absorção percutânea ou inalatória. Pode-se verificar na tabela as DL50 dos fármacos que mais freqüentemente intoxicaram humanos. As intoxicações com esses produtos prova-velmente revelam a falta de instruções adequadas na sua manipulação, o que poderia ser obviado pelo RT.

O uso de produtos de uso veterinário envolve riscos para o meio ambiente e outras espécies?Lamentavelmente, sim! O exame da tabela revela, na coluna "outras espécies", onde são apresentadas concentrações letais de alguns fármacos para espécies aquáticas. Pode-se

verificar que concentrações extremamente baixas (mg/l) são letais, revelando extrema sensibilidade de trutas e dafnias (espécies usadas como referências). Isso remete ao problema com os restos de medica-mento e as respectivas embalagens. Como e onde descartá-los? Isso também demanda instruções especiais e atitudes rigorosas.

O RT tem outras funções nas farmácias veterinárias ou lojas de produtos agropecuários?Certamente! Em geral a "farmácia veterinária" é um setor - muitas vezes mal delimitado - no interior dos estabelecimentos que comercializa e distribui diversos outros itens de interesse de

O Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul, preocupado com sua atribuição de fiscalizar o exercício profissional e assim preservar a saúde animal e a saúde pública - missões básicas da profissão de médico veterinário - tem, há anos, realizado inúmeros seminários sobre a Responsabilidade Técnica. Nesses eventos discorre-se sobre as atribuições do médico veterinário na sua atividade, atualizam-se temas profissionais e examina-se a legislação vigente e suas modificações. A legislação federal brasileira (Decreto nº 5053 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, de 22 de abril de 2004, Artigo 18; § 1°) prevê que os estabelecimentos que fabriquem, comerciem, distribuam, manipulem, fracionem, etc produtos veterinários ou farmacêuticos tenham um responsável técnico (RT). O Decreto prevê que o RT deve ser médico veterinário quando se tratar de produto de uso veterinário biológico, produto de uso veterinário acabado, ou produto farmacêutico. Ainda no Art. 18; § 1°, item II diz o Decreto "tratando-se de estabelecimento que apenas comercie ou distribua produto acabado, será exigida responsabilidade técnica do médico veterinário".

* e ** Médicos veterinários, professores aposentados de Farmacologia Veterinária, respectivamente da UFRGS e UFSM, e presidente (*)e secretário (**) da Academia Rio-Grandense de Medicina Veterinária. ([email protected])

Augusto Langeloh* Hilton Machado Magalhães**

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Por que o CRMV-RS e o legislador têm essa preocupação com o RT?Porque o emprego inadequado dos produtos de uso veterinário envolve riscos para o animal tratado, para o tratador ou aplicador, para a população em geral (que consome produtos de origem animal) e para a indústria. Além disso, o emprego inadequado pode inutilizar o produto

(e/ou a substância ativa) para uso futuro na propriedade, na região ou mesmo áreas maiores.

O que é um Produto de Uso Veterinário?Encontramos a definição legal no Decreto nº 5053 do Mapa, de 22 de abril de 2004, no art. 25: "entende-se por produto de uso veterinário para os fins deste Regulamento toda substância química, biológica, biotecnológica ou preparação manufaturada destinada a prevenir, diagnos-

ticar, curar ou tratar doenças dos animais, independentemente da forma de administração, incluindo os anti-sépticos, os desinfetantes de uso ambiental, em equipamentos e em instalações de animais, os pesticidas e todos os produtos que, utilizados nos animais ou no seu habitat, protejam, higienizem, embelezem, restaurem ou modifiquem suas funções orgânicas e fisiológicas, e os produtos destinados à higiene e ao embelezamento dos animais".

O uso de produtos veterinários, em particular medicamentos, envolve riscos para o animal tratado?O uso de medicamentos sempre envolve risco! Quando usado corretamente (dosagem certa, intervalos entre dosagens correto, via recomendada, espécie animal indicada, produto conser-

vado conforme recomendação do fabricante, etc), o risco é minimizado e, dependendo da substância ativa, praticamente anulado. Se algo inesperado se manifestar, pode-se pensar que é uma idiossincrasia, ou seja, uma reação própria daquele paciente especificamente. Esse raciocínio não inclui todos os medicamentos. Quando o fabricante, legalmente estabelecido, lança um produto, ele investiu milhares de horas no seu desenvolvimento e em testes pré-clínicos e clínicos e as informações devem convencer os técnicos do órgão que procede o registro a concedê-lo. Sem esta etapa não pode haver comercializa-ção. No caso de Produtos Veterinários, a autoridade responsável se encontra na Coordenadoria de Produtos Veterinários (CPV) do Departamento de Sanidade Animal (DSA) no Mapa. Há medicamentos legalmente registrados que (a) vem de uma época em que as exigências para registro não eram tão severas como as atuais e (b) ainda não dispõe de alternativas mais seguras. Assim, não se pode simplori-amente concluir que se é registrado, é absolutamente seguro.

Se os produtos são seguros e são registrados no Mapa porque o estabelecimento que os comercializa precisa de RT?Questão fundamental! Somente poucas substâncias ativas exigem que a comercialização do medicamento se faça fundamentada na prescrição de um médico veterinário habilitado (Mapa,

Secretaria de Defesa Agropecuária, Instrução Normativa 36 de 07/06/2002). Ainda, menos produtos exigem que a administração seja feita sob supervisão ou diretamente por médico veterinário. A grande maioria dos medicamentos é de "venda livre"! Isso significa que "qualquer um" pode adquirir o produto veterinário que deseja e usá-lo como bem entende. Ao RT cabe a função de orientar. Inúmeros medica-mentos são comercializados para animais produtores de alimentos para o homem ou são eles próprios consumidos. O uso de um fármaco num animal determina que, durante algum tempo, os produtos ou sua carne fiquem contaminados com resíduos. Não raro ocorre apreensão de medicamentos (humanos e veterinários) falsificados ou há denúncias de sua existência. Devido à "qualidade" das falsificações em

O Responsável Técnico Médico Veterinário, com ênfase nosestabelecimentos que comercializam produtos veterinários.

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DEBATES

criadores e consumidores. Incluem-se, apenas para exemplificar, rações, roupas e utensílios para animais e, mesmo, filhotes (ou adultos) de animais de estimação e lazer. O RT pode orientar o proprietá-rio na aquisição e conservação dos estoques de ração, na saúde e bem-estar dos animais expostos para comercialização, etc. O consumidor pode ser orientado quanto às características das rações, à raça de animal mais adequada para possuir como animal de estimação (em função do local onde será mantido, da constituição familiar (idosos/crianças) e, aos mais atilados, até "dicas" sobre moda para os pequenos animais. Concluindo, é incompreensível que os estabelecimentos que comercializam produtos veterinários não aproveitem o potencial que representa manter um médico veterinário nas suas dependências nas horas em que está aberto ao público, obedecendo, inclusive, à determinação legal.

Referências Manual do Responsável Técnico, Conselho Regional de Medicina Veterinária - RS, 1ª ed.; 2002; 104 p.Decreto Nº 5053, de 22 de abril de 2004, disponível em http://extranet.agricultura.gov.br/sislegis-consulta/consultarLegislacao.do?operacao=visualizar&id=2245. Acessado em 16/12/2007.Decreto Nº 6296, de 11 de dezembro de 2007, disponível em http://extranet.agricultura.gov.br/sislegis-consulta/consultarLegislacao.do?operacao=visualizar&id=18284, acessado em 16/12/2007.Instrução Normativa Nº 36, de 7 de junho de 2002, disponível em http://extranet.agricultura.gov.br/sislegis-consulta/consultarLegislacao.do?operacao=visualizar&id=2245, acessado em 16/12/2007.

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Ovinocultura carece de profissionais especializados

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TÉCNICA

á carência de profissionais capacitados para atuar em ovinocultura no Rio Grande do Sul. Ao mesmo

tempo, há também poucas oportunidades de trabalho, já que somente cabanhas empregam médicos veterinários e zootecnis-tas. A constatação é do médico veterinário e diretor técnico da Federação Brasileira de Criadores de Ovinos Tipo Carne (Febrocar-nes), Eduardo Amato Bernhard. “Enfrentamos um paradigma”, afirma.

Amato explica que há muitos profissionais atuando em clínicas e especializados em casos pontuais da ovinocultura, mas muito poucos que saibam atuar com um rebanho de maneira preventiva. Essa situação começa a se desenhar ainda na universida-de. Em algumas faculdades, por exemplo, a disciplina sobre pequenos ruminantes não é obrigatória. Em outras, as cadeiras são bastante básicas ou direciona-das para aspectos específicos, como carcaça, produção de cordei-ros ou clínica.

Para o médico veterinário, é preciso provocar uma mudança de

Kátia M

arcon – Divulgação E

mater/R

S

AO MESMO TEMPO, HÁ POUCAS OPORTUNIDADES DE TRABALHO PARA MÉDICOS VETERINÁRIOS E ZOOTECNISTAS

pensamento. “Os criadores sempre criaram ovelhas e reafir-mam que sabem como fazer, mas registram de 50% a 60% de morte de cordeiros. Ou seja, alguma coisa está errada”, analisa Amato. Por isso, uma das coisas que o profissional que vai trabalhar com ovinos tem que possuir é compe-tência para conseguir mostrar e valorizar seu serviço e os benefíci-os que decorrem desse investi-

mento. Seguindo o exemplo da morte dos cordeiros, o controle sanitário pode reduzir esse prejuízo. “Parasitoses são os principais problemas. No entanto, os criadores medicam sem critérios, usando produtos caros, aumentando os gastos da proprie-dade e sem os resultados efetivos esperados”, descreve.

Amato diz que há alguns cursos de especialização sobre

pequenos ruminantes em outros estados e que há um grande demanda por profissionais habilitados para trabalhar fora do Rio Grande do Sul. “Os médicos veterinários formados aqui tem uma base em ovinos um pouco melhor do que os dos demais estados, o que já é um diferencial importante na busca de oportuni-dades de trabalho”, destaca.

Rio Grande do Sul perdeu muito espaço na ovinocultura para o Nordeste e outras regiões do país. Apesar de ainda manter o maior rebanho do país, este ficou reduzido a pouco

mais de três milhões de cabeças, frente a total de 15 milhões em um passado recente. As motivações dessa redução estão relacionadas, principalmente, à crise do mercado da lã, além da expansão da agricul-tura, abigeato, desorganização da cadeia, entre outros. Segundo o diretor técnico da Febrocarnes, Eduardo Amato Bernhard, hoje existe uma sinaliza-ção positiva, visível em todo o país, mas que ainda tem no Rio Grande do Sul o seu principal agente, devido à tradição na criação e à qualidade dos animais. Desde 2004, o rebanho está saindo da estagnação e retomando o crescimento.

“Atualmente, o carro chefe da ovinocultura é, sem dúvida, a produção de carne de cordeiro,

considerando o ovino jovem até um ano. É sabido que o país tem um grande potencial de consumo de carne ovina e uma baixa oferta, provocando uma demanda reprimida e elevados preços ao consumi-dor”, diz. Por outro lado, a lã começa a recuperar um pouco do espaço perdido, através de projetos de resgate do trabalho de seleção das raças ovinas tipo lã, que também são produtores de carne, preocupan-do-se com a finura da lã.. O Rio Grande do Sul ainda detém os melhores rebanhos de ovinos lanados tipo carne do Brasil, assim como os melhores animais de raças ovinas produtoras de lãs finas. “É importante salientar que a rentabilidade da ovinocultura está na alta produtividade e na utilização plena dos seus produtos, seja a carne, a lã, a pele, vísceras, cascos, chifres etc., além das inúmeras possibilidades de agregação de valor a estes”, destaca Eduardo Amato Bernhard.

Perspectivas da criação deovinos são otimistas

O

Especialização em manejo de ovelhas é boa alternativa aos profissionais

H

NOTAS

EleiçõesAs eleições da diretoria do CRMV-RS serão realizadas no dia 24 de junho, das 9 às 17 horas. O edital foi publicado em 25 de fevereiro, no jornal Correio do Povo. Todos os médicos veteri-nários e zootecnistas inscritos são obrigados a votar, mas só podem fazê-lo se estiverem com as anuidades em dia. No entanto, caso não votem por esse motivo, os profissionais serão multados pelo CRMV-RS, por determina-ção do CFMV.

AcademiaA Academia Rio-Grandense de Medicina Veterinária passa a contar, a partir de 28 de março, com três novos integrantes. Foram eleitos Sérgio José de Oliveira para ocupar a cadeira número 2, Alfredo da Cunha Pinheiro para a cadeira número 8 e Flavio Pacheco de Araújo para a cadeira número 10. A cerimô-nia de posse deve ocorrer às 20 horas, no Auditório da Faculdade de Veterinária da UFRGS.

SemináriosO CRMV-RS definiu o calendá-rio para realização de seminários de Responsabilidade Técnica (RT) no primeiro semestre. Em março, estão previstos módulos básicos na PUC, em Uruguaiana, e na UFSM, em Santa Maria, para médicos veterinários e zootecnistas. Em abril, módulo básico na Ulbra, em Canoas. Em maio, será realizado um módulo avançado sobre agropecuárias na sede do CRMV-RS, em Porto Alegre. Na Capital, também será promovido um módulo avançado para clínica de pequenos animais.

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NOTÍCIAS

RECURSOS PARA CONSTRUÇÃO NO IPVDF JÁ ESTÃO PREVISTOS NO MINISTÉRIO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

m antigo desejo da cadeia produtiva de carnes no Rio Grande do Sul – médicos veterinários, zootecnistas, pesquisa-dores, autoridades sanitárias e

criadores, entre outros – está próximo de se concretizar: a instalação de um laboratório de referência de nível 3. Em dezembro, o Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi) apontou o empenho de R$ 4,8 milhões do Ministério de Ciência e Tecnologia em benefício da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro). Os recursos serão aplicados na construção e aparelhamento de um laboratório de biossegu-rança no Instituto de Pesquisas Veterinárias Desidério Finamor (IPVDF), em Eldorado do Sul.

As verbas foram obtidas pela mobilização de entidades representativas do setor e de parlamentares. “No final de 2006, em um encontro de suinocultores em Palmeira das Missões, dirigentes da Acsurs me apresenta-ram a proposta para criação de um laboratório

de referência no estado”, lembra o deputado federal Luis Carlos Heinze (PP/RS), responsá-vel pela gestão junto à bancada gaúcha para a indicação da verba. O valor total de implanta-ção está previsto em R$ 10 milhões e os recursos restantes devem ser incluídos em emendas da bancada federal gaúcha ao Orçamento Geral da União para 2009. A preocupação quanto à importância de uma unidade desse porte havia sido repassada anteriormente, em uma reunião entre pesquisa-dores do IPVDF e criadores de suínos.

“Um laboratório deste porte esta apto para trabalhar com qualquer agente patológico.

Estaremos em condições, se necessário, para trabalhar com influenza aviária, aujesky, newcastle, peste suína clássica ou africana, aftosa e outras enfermidades”, enumera a pesquisadora do IPVDF e coordenadora do projeto, Maria Angélica Zollin de Almeida. Atualmente, esses exames só podem ser realizados em laboratórios no centro e nordes-te do país. As características continentais do

Estado terá laboratório de referênciapara defesa agropecuária

UBrasil demonstram que é imprescindível que seja instalada um laboratório deste padrão no Sul. “A história recente tem mostrado que a perda de tempo na remessa de amostras para laboratórios em outras regiões tem causado prejuízos nas ações de prevenção e vigilância sanitária”, explica.

Segundo Maria Angélica, o diagnóstico de doenças de risco econômico para a agropecuá-ria em um laboratório em território gaúcho vai beneficiar toda região Sul, se constituindo em uma unidade de referência que trará aos produtores e à indústria do setor menos prejuízos. O setor exportador será um grande beneficiário, já que as exigências cada vez maiores de segurança alimentar por parte dos importadores determinam rapidez no controle sanitário. Atualmente, os projetos civil, hidráulico, elétrico, de sistema de ar e de tratamento de efluentes estão em fase de conclusão e, após, será iniciada a construção. Ainda não há previsão para a liberação dos recursos.

Rio Grande do Sul passa por um momento importante de definições a respeito das perspectivas de desenvolvimento para a Metade Sul. Compreendendo uma ampla área que já foi o principal centro político e econômico gaúcho, a Zona Sul, a

Campanha e a Fronteira Oeste viram, durante décadas, reduzirem-se os empreendimentos industriais e também a rentabilidade da pecuá-ria. Atualmente, a implantação de um grande projeto de produção de árvores e celulose nesses municípios é encarada por muitos como a retomada do crescimento, enquanto outros vêem muitos riscos a esse empreendimento, por seu impacto ambiental e social, prejudicando, inclusive, o mercado profissional para médicos veterinários e zootecnistas.

O médico veterinário Althen Teixeira Filho faz ressalvas à introdução dessa atividade. “Embora o vocábulo silvicultura expres-se, em determinada medida, o projeto proposto, faz-se necessário que tenhamos em mente o real objetivo deste empreendimento, que é o plantio de imensas áreas rurais tão somente com três gêneros de árvores. Portanto, para ser preciso e adequado, o termo deve ser monocultivo arbóreo”, distingue. Teixeira destaca a importância dos eucaliptos para o estado como fonte de madeira para lenha, postes, moirões e como área de descanso para os animais, desde que com um cultivo racional, resguardando as matas nativas.

Uma das principais polêmicas quanto ao impacto da introdução da silvicultura diz respeito ao consumo de água por parte do eucalipto, principalmente em uma região que já apresenta déficit hídrico. “Isso

O já foi motivo de publicações e em todas fica notório que a necessidade hídrica desta árvore é motivo de extrema preocupação e cautela. Um artigo, com base em mais de 600 observações, aponta perdas substan-ciais no fluxo dos rios, salinização e acidificação elevados em conseqüência do 'florestamento'”, cita. Teixeira questiona também os impactos sociais, como a alardeada geração de empregos. Segundo o médico veterinário, um estudo uruguaio aponta que são emprega-dos 4,49 trabalhadores em uma área de mil hectares, enquanto a agricul-tura familiar ocupa 262 pessoas.

O impacto no campo de trabalho de médicos veterinários e zootec-nistas também deve ser significati-vo, já que a substituição das criações por florestas elimina a necessidade de suas atividades. O tema foi tratado na participação de Teixeira em uma das sessões plenárias do CRMV-RS. “A juven-tude irá encontrar pela frente, pelo menos na Metade Sul, um péssimo campo de trabalho, tanto na oferta, quanto na qualidade”.

Plantio de eucaliptos pode reduzir espaço de trabalho

Divulgação

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NOTÍCIAS

uvir o nome ser chamado, subir ao palco, receber o diploma, tornar-se, efetivamente, um profissional. A cerimônia de formatura é um

momento marcante na vida da maioria dos graduados das mais diversas áreas. Sonhada e planejada durante todo o curso de graduação, simboliza a passagem para um novo status, deixando de ser estudante para se tornar profissional. Reviver essa emoção ajuda a manter acesa essa chama, como fazem regularmente as turmas de médicos veterinários e zootecnistas ao comemorar os aniversários de colação de grau em festivos reencontros.

Em dezembro de 1957, 17 jovens formaram-se em Medicina Veterinária na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Cinqüenta anos depois, sete deles se reuniram para um jantar e relembrar histórias dos anos de faculdade. Única mulher a fazer parte do grupo, a médica veterinária Celeste Falceta relembra os anos de estudo com orgulho ao destacar a contribuição sua e dos colegas ao estado. “Todos trabalharam e ainda trabalham para a economia gaúcha, seja no campo ou no ensino e na pesquisa”, diz.

Celeste é pioneira em avicultura no Rio Grande do Sul, atuando desde os primeiros projetos que transformaram o estado em líder e referência na produção de aves. Se antes dela apenas cinco mulheres haviam se graduado médicas veterinárias – situação bastante diferente dos dias atuais, nos quais o sexo feminino é maioria entre os estudantes –, foi preciso perseverança

Opara vencer as diferenças culturais ao ir a campo para trabalhar nas granjas. “De qualquer maneira, rompi barreiras”, constata.

Integrante da mesma turma, o médico veterinário Rubens Martins de Quadros ainda tem na memória as experiências da faculdade. “Gravados em minha tela afetiva, todos os professores, em especial o doutor Mozart Pereira Soares, que nos intervalos declamava o Hino Nacional, plantava bananeiras e enunciava frases positivistas de Augusto Comte”, relata Quadros (leia mais depoimentos no quadro abaixo). Segundo Celeste, a turma pequena promovia boas condições de aprendiza-gem, assim como a estrutura oferecida, principalmente o Hospital de Clínicas Veterinárias, primeiro fundado no estado.

As bodas de prata também são momen-tos marcantes e comumente comemorados. Em Santa Maria, em 1982, formou-se uma turma de médicos veterinários que mantém o hábito de reunir-se a cada cinco anos. O último encontro foi em dezembro e, mais uma vez, contou com a expressiva partici-pação dos antigos estudantes, hoje profissi-onais espalhados pelo Rio Grande do Sul e outros estados. “É um momento de muita troca. Todos que seguiram na carreira se mostram muito satisfeitos e realizados, muito bem posicionados”, diz a conselhei-ra do CRMV-RS, Vera Lúcia Machado, uma das integrantes do grupo. O laço que liga esses colegas é tão grande que o próximo encontro foi marcado para daqui a três anos, estreitando ainda mais as

“Passados cinqüenta anos, sinto saudade do convívio com meus 17 colegas, estudantes de Medicina Veterinária. Saudade dos professores, dos diretores, dos funcionários da Escola, das idas e vindos dos ônibus que transportavam também os estudantes da Agronomia. (...) Esta saudade faz com que me sinta realizado, pois passei por ali, onde formei minha vida, conheci meus colegas e com eles a valoriza-ção do meu espírito, de homem afeito à natureza”. Rubens Jardim de Quadros.

“Naquele tempo, 1954, quando ingressamos na faculdade, poucos, muito poucos, se interessavam pela profissão. Era tão raro encontrar um veterinário... Nos orgulhá-vamos ao saber de um veterinário sendo destaque na sociedade, ocupando cargo público ou privado que lhe desse projeção a ele e à profissão. Decorrido meio século, vejo com alegria que a nossa profissão foi reconhecida pela sociedade. (...) Ficamos felizes por sabermos que ocupamos um espaço importante na vida da nossa gente”. Fernando Rodrigues Affonso.

Jubileus de formatura promovemreencontro de antigos colegasCONFRATERNIZAÇÕES INTEGRAM OS PROFISSIONAIS E SÃO MOMENTOS DE EMOÇÃO E TROCA DE INFORMAÇÕES

Turma de formandos (acima) se reencontrou em umjantar 50 anos depois

Médicos veterinários de Santa Maria mantêm asconfraternizações regularmente

relações. “Esperamos que possamos servir de estímulo para que outras turmas também se mobili-zem e promovam suas confraternizações, pois é emocionante”, propõe Vera.

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Divulgação/U

nicruz

Unidade já realizou 290 análises de anemia infecciosa em eqüinos

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ENSINO

Laboratório de Medicina Veterinária Preventiva da Universidade de Cruz Alta (Unicruz) está credenciado pelo Ministério da Agricultura para realizar a análise de exames de anemia infecciosa em eqüinos. As regiões Noroeste e Centro

do Rio Grande do Sul só contam com mais três laboratórios capacita-dos para realizar este tipo de exame: um localizado em Cruz Alta e os demais em Carazinho e Santa Maria.

A notificação da anemia infecciosa, junto ao Ministério da Agricultura, é obrigatória, pois qualquer animal que participe de leilões e exposições precisa passar pelo exame. Até o mês de novem-bro de 2007, o laboratório realizou 290 análises, um número já esperado, e que revela o reconhecimento da unidade na comunidade de Cruz Alta e região. A coleta de sangue é feita por médico veteriná-rio e deve ser encaminhada juntamente com formulário específico preenchido. Após ser feito o teste, o exame vale por 60 dias. O laboratório estabelece prazo de cinco dias úteis para entrega dos resultados.

A Unicruz, através do curso de Medicina Veterinária, também é credenciada para realizar exames de sorologia de brucelose em bovinos. O Laboratório de Medicina Veterinária Preventiva é coorde-nado pelo professor Victor Sperotto e conta com a atuação de estagiá-rios do Curso. O serviço funciona na sede do Hospital Veterinário, no Campus da Unicruz. Mais informações sobre os serviços oferecidos pelo Laboratório de Medicina Preventiva e também pelo Hospital Veterinário podem ser obtidas pelo telefone (55) 3321-1800.

O curso de Medicina Veterinária de Cruz Alta conta com um qualificado corpo docente e realiza trabalhos de pesquisa e extensão, de acordo com as necessidades locais e regionais. Possui uma base curricular atualizada, que garante a formação com o perfil profissio-nal que atende às demandas da região. O Hospital presta amplo atendimento nas áreas de emergência, clínica e cirurgia e os laborató-rios, além de atender ao projeto pedagógico de aprendizagem, prestam serviços aos proprietários de animais e profissionais da Medicina Veterinária.

O

Laboratório realiza testes deanemia em eqüinos no noroeste

UNICRUZ TAMBÉM É CREDENCIADA PARA EXAMES DE SOROLOGIA DE BRUCELOSE EM BOVINOS

Administração públicae a ética do resultado

Marines Restelatto Dotti*

administração constitui gestão de patrimônio alheio. No caso da administração pública,

são geridos interesses próprios da coletividade. Em conseqüên-cia, o administrador que representa tais interesses não tem disponibilidade sobre eles. O malbaratamento da coisa pública parece ser aceito pela sociedade, surgindo adágios populares como, por exemplo, o "rouba, mas faz". A atuação do administrador público deve ser sempre voltada ao atendimento de um interesse público, pressupondo que possui certa especialidade dentro da sua área de atuação, conhecendo as atribuições que lhe são conferi-das.

A indisponibilidade do inte-resse público não se dissocia da ética, que gira em torno de um dilema: o que é bom e o que é mau. Mas o bom pode ser tão-somente um preconcei to pessoal, como, também, um fato concreto - o resultado de uma ação. Na política, coube a Max Weber equacionar adequada-mente esse dilema, sobre qual seria a justa postura moral do agente público que devesse tomar decisões e administrar interesses de terceiros, ou seja: se lhe bastariam apenas suas boas intenções para justificar a conduta - e ter-se-ia uma ética da intenção, ou se seria necessário que efetivamente ele atingisse os resultados dele esperados - e ter-se-ia uma ética do resultado. Não obstante, como é de geral sabença, os agentes políticos e

administrativos, aqui e alhures, insistem em proclamar com destaque os acertos de suas intenções para encobrir os desacertos e a miséria dos resultados de suas ações... não obstante, weberianamente, a ética que se lhes deva aplicar só possa ser a ética dos resultados, pois ninguém se obriga a assumir responsabilidade de zelar e de promover o bem de todos, de modo que, se alguém a tanto se abalança por sua livre vontade, decidindo e adminis-trando interesses alheios, é justo que, perante todos, esse agente responda pela eficiência de seus atos, tal como na vida privada se exige de um procurador ou de um gestor de negócios que, do mesmo modo, empregam em confiança recursos alheios para satisfazer interesses igualmente alheios. Assim, chega-se à conclusão de que, nessas condições, se no plano moral o bom resultado é exigível e, do mesmo modo, o é no plano do direito privado, com muito mais razão deverá sê-lo no plano do direito público, em que os recursos empregados e os interesses a serem satisfeitos não são os do agente e, nem mesmo, de particulares, mas são os da sociedade, ao que se acresce que as investiduras públicas, que têm os ônus de sua satisfação a seu cargo, tampouco a ninguém são impostas, senão que voluntariamente assumidas.

* Advogada da UniãoArtigo publicado no jornal Zero Hora,

em 22/10/07.

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CONTAS

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O Balanço Anual 2007 do CRMV-RS mostra que, novamente, estamos finalizando um exercício com um superávit, desta vez de R$ 284.000. Continuamos em todo o ano passado, com a meta assumida de re-organização da estrutura do Conselho. A melhora dos equipamentos de informática, troca de carros da fiscalização e maior atuação junto às empresas tem como finalidade a fiscalização do exercício profissional e a abertura de mercado de trabalho, funções primordiais de um Conselho de Medicina Veterinária e Zootecnia. A exigência do Conselho Federal de Medicina Veterinária de, obrigato-riamente, impetrarmos ações de cobrança jurídica de quaisquer valores impagos ao CRMV-RS, que muitas vezes geram mais encargos do que receita, ocasiona com que tenhamos um departa-

mento jurídico extremamente atarefado e de alto custo. Muitas vezes, ao recebermos os valores destas contendas judiciais, descontados os custos jurídicos, paga-se a cota do CFMV de 25 % sobre qualquer arrecadação e o CRMV-RS perde dinheiro.

A transparência de nossas contas é obrigação da diretoria e qualquer colega que tiver dúvidas, sugestões ou reclamações, pode realizar o encaminhamento de explicações, afinal, é seu direito, utilizando o e-mail [email protected], que serão atendidos por nós.

Mauro Gregory FerreiraTesoureiro

Conselho Regional de Medicina Veterinária - CRMV / RSSiscontw - v. 2.0.7.05 Período: Janeiro / 2007 a Dezembro / 2007

Balanço Financeiro

DespesaReceitaRECEITA ORÇAMENTÁRIA

RECEITAS CORRENTESRECEITA DE CONTRIBUIÇÕES

RECEITA PATRIMONIAL

RECEITAS DE SERVIÇOS

TRANSFERÊNCIAS CORRENTES

OUTRAS RECEITAS CORRENTESRECEITAS DE CAPITAL

OPERAÇÕES DE CRÉDITO

ALIENAÇÃO DE BENS

AMORTIZAÇÕES DE EMPRÉSTIMOS

TRANSFERÊNCIA DE CAPITAL

OUTRAS RECEITAS DE CAPITAL

RECEITA EXTRA-ORÇAMENTÁRIA

DIVERSOS RESPONSÁVEISDEVEDORES DA ENTIDADEENTIDADES PÚBLICAS DEVEDORASTÍTULOS FEDERAISEMPRÉSTIMOS CONCEDIDOSDESPESAS A REGULARIZARDESPESAS JUDICIAISRESTOS A PAGARSERVIÇO DA DÍVIDA A PAGARDEPÓSITOS DE DIVERSAS ORIGENSCONSIGNAÇÕESCREDORES DA ENTIDADEENTIDADES PÚBLICAS CREDORASDESPESAS DE PESSOAL A PAGARDESPESAS DE SUPRIMENTO A COMPROVARTRANSFERÊNCIAS FINANCEIRASRECEITA NÃO CLASSIFICADATRANSFERÊNCIAS PATRIMONIAIS

SALDOS DO EXERCÍCIO ANTERIOR

CAIXABANCOS-C/MOVIMENTOBANCOS-C/ARRECADAÇÃODISPONIBILIDADE EM TRÂNSITORESPONSÁVEL POR SUPRIMENTOBANCOS-C/VINCULADABANCOS-C/VINCULADA A APRICAÇÕES FINANCEIRAS

Total:

Porto Alegre - RS, 31 de dezembro de 2007

Air Fagundes dos SantosPresidente

CRMV-RS nº 0305CPF: 059.072.760-53

Mauro Gregory FerreiraTesoureiro

CRMV-RS nº 1491CPF: 217.802.770-91

Milton Cesar B. CostaContador

CRC-RS nº 68.617CPF: 657.647.900-00

4.254.081,73 Total:

DESPESA ORÇAMENTÁRIADESPESAS CORRENTES

DESPESAS DE CUSTEIO

TRANSFERÊNCIAS CORRENTES

DESPESA EXTRA-ORÇAMENTÁRIA

DIVERSOS RESPONSÁVEISDEVEDORES DA ENTIDADEENTIDADES PÚBLICAS DEVEDORASTÍTULOS FEDERAISEMPRÉSTIMOS CONCEDIDOSDESPESAS A REGULARIZARDESPESAS JUDICIAISRESTOS A PAGARSERVIÇO DA DÍVIDA A PAGARDEPÓSITOS DE DIVERSAS ORIGENSCONSIGNAÇÕESCREDORES DA ENTIDADEENTIDADES PÚBLICAS CREDORASDESPESAS DE PESSOAL A PAGARDESPESAS DE SUPRIMENTO A COMPROVARTRANSFERÊNCIAS FINANCEIRASRECEITA NÃO CLASSIFICADATRANSFERÊNCIAS PATRIMONIAIS

SALDOS PARA O EXERCÍCIO SEGUINTE

CAIXABANCOS-C/MOVIMENTOBANCOS-C/ARRECADAÇÃODISPONIBILIDADE EM TRÂNSITORESPONSÁVEL POR SUPRIMENTOBANCOS-C/VINCULADABANCOS-C/VINCULADA A APRICAÇÕES FINANCEIRAS

DESPESAS DE CAPITALINVESTIMENTOS

INVERSÕES FINANCEIRAS

TRANSFERÊNCIAS DE CAPITAL

RESERVAS

2.697.479,33

2.664.179,33

2.131.163,79

65.190,85

132.917,80

0,00

334.906,89

33.300,00

0,00

0,00

0,00

33.300,00

0,00

1.238.118,65

0,40

433.214,87

8.308,98

0,00

0,00

154.115,50

0,00

84.362,61

0,00

55.736,31

203.223,94

25.077,84

261.036,19

13.042,01

0,00

0,00

0,00

0,00

318.483,75

0,00

38.204,09

0,00

0,00

4.600,00

0,00

275.679,66

2.697.366,61

2.383.327,01

2.383.327,01

0,00

314.039,60

172.039,60

142.000,00

0,00

0,00

1.291.831,50

563,52

422.736,29

8.696,23

0,00

0,00

160.690,88

0,00

145.404,58

0,00

55.502,43

199.794,79

27.431,92

258.007,51

13.003,35

0,00

0,00

0,00

0,00

264.883,62

0,00

44.218,21

0,00

0,00

8.000,00

0,00

212.665,41

4.254.081,73