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Leishmaniose e febre amarela mobilizam agentes de saúde pública PÁGINAS 3 PUBLICAÇÃO DO CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA VETERINÁRIA DO RS - ANO XIV Nº 63 - JAN/JUN 2009 PÁGINAS 6 e 7 Veterinária & Zootecnia Veterinária & Zootecnia A As populações de cães e gatos que vivem nas ruas das cidades constituem, ao mesmo tempo, um proble- ma de saúde pública e de bem-estar animal e a sua solução desafio os profis- sionais e organizações. PÁGINA 8 Os médicos veterinários e zootecnistas já podem atualizar seu endereço, consultar débitos, emitir boletos (desde que ainda não vencidos) e obter certi- dão negativa pela internet. PÁGINA 5 Divulgação CRMV-RS PROFISSIONAIS DEVEM SE MOBILIZAR PARA EVITAR PREJUÍZOS COM PROPOSTAS EM ANÁLISE NO CONGRESSO Divulgação CRMV-RS Impresso Especial 9912233864/2009 DR-RS CRMV/RS CORREIOS tramitação no Congresso é o oceanógrafo, com o projeto de lei 3491/93, do Senado. O texto já foi aprovado no plenário da Câmara dos Deputados, mas como houve mudanças, o projeto retorna ao Senado. Entre as atribuições de oceanógrafo listadas pelo projeto estão formular projetos e dirigir estudos para conhecimento e uso racional do meio marinho, levantar informações sobre as condições físicas, químicas, biológicas e geológicas dos oceanos e realizar perícias e prestar consultoria na área. Porém, o projeto que mais tem chamado a atenção é o de número 2824/08, que proíbe agrônomos e médicos veterinários de exercerem atividades também definidas como de atribuição dos zootecnistas. Segundo o autor do projeto, deputado Zequinha Marinho (PMDB-PA), quando a profissão de zootecnista foi criada, em 1968, não existia nenhum curso de Zootecnia no Brasil. Por isso, agrônomos e veterinários exerciam essa profissão. Agora, para ele, isso não mais se profissão médico-veteri- nária pode perder sua exclu- sividade em algumas áreas. Pelo menos é isso que propõem projetos de lei em tramita- ção no Congresso Nacional. Para evitar que essas propostas avancem – e se transformem em lei – a mobilização dos médicos veterinári- os é a principal arma. Um grupo capitaneado pelo presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Veterinária (SBMV), Josélio Moura, tem realizado reuniões com parla- mentares para evitar prejuízos aos profissionais e à sociedade caso novas regulamentações sejam aprovadas. Porém, é importante que cada médico veterinário também participe e esclareça os deputados federais de sua região sobre as proposições. O projeto de lei 3352/08, do deputado Flávio Bezerra (PMDB- CE), regulamenta a profissão de engenheiro de pesca e coloca esse profissional como responsável pela inspeção e fiscalização sanitária, higiênica e tecnológica de embarca- ções, câmaras frigoríficas, indústrias e entrepostos que trabalham com pescado. A proposta altera as leis 5.517/68, que regulamenta a profissão de médico veterinário, e a 5.194/66, que regula as profissões de engenheiro, arquiteto e agrônomo. Outra nova profissão que está com sua regulamentação em justifica. O tema já foi debatido inclusive em uma audiência da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da qual participaram represen- tantes do CRMV-RS. Outra proposta em tramitação na Câmara dos Deputados que tem recebido atenção dos médicos veterinários e zootecnistas trata da eleição direta para a diretoria do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV). O projeto de lei 4265/08, do deputado gaúcho Onyx Lorenzoni, modifica a lei 5.517/68, criadora da entidade de classe dos médicos veterinários, e altera também o número de conselheiros da entidade. De acordo com a proposta, o conselho será composto, além da diretoria executiva, por dois representantes de cada estado, eleitos pela maioria dos votos válidos dos profissionais inscritos e a votação será secreta. Atualmente, o CFMV tem seis conselheiros, além dos ocupantes dos cargos diretivos. Eles são eleitos em uma reunião dos delegados dos Conselhos Regionais. Animais de rua Serviços online Comissões expandem a gestão Comissões expandem a gestão Projetos de lei podem alterar atividades do médico veterinário Rodolfo Stuckert - Agência Câmara Regulamentação profissional está sendo debatida por deputados e senadores

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Leishmaniose e febre amarela mobilizam agentes de saúde públicaPÁGINAS 3

PUBLICAÇÃO DO CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA VETERINÁRIA DO RS - ANO XIV Nº 63 - JAN/JUN 2009

PÁGINAS 6 e 7

Veterinária& ZootecniaVeterinária& Zootecnia

A As populações de cães e gatos que vivem nas ruas das cidades constituem, ao mesmo tempo, um proble-ma de saúde pública e de bem-estar animal e a sua solução desafio os profis-sionais e organizações.

PÁGINA 8

Os médicos veterinários e zootecnistas já podem atualizar seu endereço, consultar débitos, emitir boletos (desde que ainda não vencidos) e obter certi-dão negativa pela internet.

PÁGINA 5

Divulgação C

RM

V-R

S

PROFISSIONAIS DEVEM SE MOBILIZAR PARA EVITAR PREJUÍZOS COM PROPOSTAS EM ANÁLISE NO CONGRESSO

Divulgação C

RM

V-R

SImpressoEspecial

9912233864/2009 DR-RSCRMV/RS

CORREIOS

tramitação no Congresso é o oceanógrafo, com o projeto de lei 3491/93, do Senado. O texto já foi aprovado no plenário da Câmara dos Deputados, mas como houve mudanças, o projeto retorna ao Senado. Entre as atribuições de oceanógrafo listadas pelo projeto estão formular projetos e dirigir estudos para conhecimento e uso racional do meio marinho, levantar informações sobre as condições físicas, químicas, biológicas e geológicas dos oceanos e realizar perícias e prestar consultoria na área.

Porém, o projeto que mais tem chamado a atenção é o de número 2824/08, que proíbe agrônomos e médicos veterinários de exercerem atividades também definidas como de atribuição dos zootecnistas. Segundo o autor do projeto, deputado Zequinha Marinho (PMDB-PA), quando a profissão de zootecnista foi criada, em 1968, não existia nenhum curso de Zootecnia no Brasil. Por isso, agrônomos e veterinários exerciam essa profissão. Agora, para ele, isso não mais se

profissão médico-veteri-nária pode perder sua exclu-sividade em algumas áreas. Pelo menos é isso que

propõem projetos de lei em tramita-ção no Congresso Nacional. Para evitar que essas propostas avancem – e se transformem em lei – a mobilização dos médicos veterinári-os é a principal arma. Um grupo capitaneado pelo presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Veterinária (SBMV), Josélio Moura, tem realizado reuniões com parla-mentares para evitar prejuízos aos profissionais e à sociedade caso novas regulamentações sejam aprovadas. Porém, é importante que cada médico veterinário também participe e esclareça os deputados federais de sua região sobre as proposições.

O projeto de lei 3352/08, do deputado Flávio Bezerra (PMDB-CE), regulamenta a profissão de engenheiro de pesca e coloca esse profissional como responsável pela inspeção e fiscalização sanitária, higiênica e tecnológica de embarca-ções, câmaras frigoríficas, indústrias e entrepostos que trabalham com pescado. A proposta altera as leis 5.517/68, que regulamenta a profissão de médico veterinário, e a 5.194/66, que regula as profissões de engenheiro, arquiteto e agrônomo.

Outra nova profissão que está com sua regulamentação em

justifica. O tema já foi debatido inclusive em uma audiência da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da qual participaram represen-tantes do CRMV-RS.

Outra proposta em tramitação na Câmara dos Deputados que tem recebido atenção dos médicos veterinários e zootecnistas trata da eleição direta para a diretoria do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV). O projeto de lei 4265/08, do deputado gaúcho Onyx Lorenzoni, modifica a lei 5.517/68, criadora da entidade de classe dos médicos veterinários, e altera também o número de conselheiros da entidade. De acordo com a proposta, o conselho será composto, além da diretoria executiva, por dois representantes de cada estado, eleitos pela maioria dos votos válidos dos profissionais inscritos e a votação será secreta. Atualmente, o CFMV tem seis conselheiros, além dos ocupantes dos cargos diretivos. Eles são eleitos em uma reunião dos delegados dos Conselhos Regionais.

Animaisde rua

Serviçosonline

Comissõesexpandema gestão

Comissõesexpandema gestão

Projetos de lei podem alteraratividades do médico veterinário

Rodolfo S

tuckert - Agência C

âmara

Regulamentação profissional está sendo debatida por deputados e senadores

Onde nos levará a concorrência?

2 janeiro a junho 2009

Veterinária& ZootecniaVeterinária& Zootecnia

EDITORIAL

OPINIÃOOPINIÃO

EXPEDIENTE

www.crmvrs.gov.br

ENDEREÇO

CRMV-RSRua Ramiro Barcellos, 1793 - 2º andar - Bom Fim Porto Alegre - RS - CEP 90035-006 - Fone/Fax: (51) 2104.0566E-mail: [email protected] - Site: www.crmvrs.gov.br

SETORES

Financeiro: (51) 2104.0554 - [email protected]ção: (51) 2104.0584 - [email protected] - Pessoa Física: (51) 2104.0565 - [email protected] - Pessoa Jurídica: (51) 2104.0564 - Jurídico: (51) 2104.0582 - [email protected] Humano e Organizacional: (51) 2104.0583 - [email protected]

SECRETARIAS REGIONAIS

Passo FundoRua General Osório, 1204/602 - Passo Fundo - RSCEP 99010-140 - Fone/Fax: (54) 3317.2121E-mail: [email protected]

PelotasRua Andrade Neves, 2077/402 - Pelotas - RS - CEP 96020-080Fone/Fax: (53) 3227.0877 - E-mail: [email protected]

Santa MariaRua Appel, 475 - prédio Sindicato Rural - Santa Maria - RSCEP 97015-030 - Fone/Fax: (55) 3223.6824E-mail: [email protected]

[email protected]

concorrência, seja no âmbito individual ou coletivo, tem raízes em fatores internos ou externos e, não raro, em ambos.

Na educação superior brasileira, tanto a qualidade do ensino oferecido, quanto o número de profissionais que serão irremediavelmente "despejados" no mercado de trabalho, estão sujeitos a decisões burocráticas, absolutas e autodeterminadas que emanam de um poder único e, às vezes, para atender interesses de grupos que apenas visam lucros com a exploração do conhecimen-to. O Brasil ainda não aprendeu a transformar totalmente recursos financeiros em conhecimentos de qualidade para o total desenvolvimento da ciência e da tecnologia. À margem do processo, a sociedade organizada, representada pelos órgãos de fiscaliza-ção do exercício das atividades e pelas entidades de classe, fica impotente, de braços amarrados, sem poder opinar para ajudar a nortear o perfil e o número de profissionais de ensino superior desejados para atender, em qualidade e quantidade, as necessidades que o mundo moderno cobra para um desen-volvimento sustentável e sem conflitos.

A Medicina Veterinária e a Zootecnia, com quase 250 cursos de graduação no território brasileiro, são vítimas desse embuste imposto pela massificação do ensino universitário no Brasil, sem precedente em qualquer outra parte do mundo. Para este inchaço que vem de dentro das universidades para as consequências nas ruas, cabe uma profunda reflexão sobre a afluência de novos profissionais ao mercado de trabalho, cada vez mais seletivo e exigente de competência, acima de tudo. Nunca é demais lembrar que quantidade não significa qualidade, ou seja, competência, que também ex-pressa concorrência.

ATodavia, a ameaça também pode vir

de fora da instituição de ensino, pelo fator que convencionamos denominar de externo, resultante de prerrogativas corporativas e, por vezes, de movimen-tos corporativistas de profissões tradicionais e bem estruturadas, mas sem o devido saber e habilidades para os objetivos desejados, que simplesmente ambicionam ampliar o raio de atuação para seus profissionais. Desta forma, acabam atropelando a legislação vigente sem a menor cerimônia e respeito ao direito adquirido das outras profissões. Aliás, atropelar a lei virou moda no Brasil de hoje. Na mesma direção, no dia a dia, aparecem poluindo o já conturbado mercado de ocupação profissional, novos cursos de toda natureza, frutos de interesses unilaterais e de cunho comercial. São cursos de grau médio e superior que, cedo ou tarde, passam a pleitear o direito de constituir profissão organiza-da e reserva de mercado de trabalho.

Apenas para exemplificar, é compreensível que o atual estágio do agronegócio brasileiro atraia, pelas "luzes da ribalta", tantos outros atores interessados na obtenção de fatias deste promissor campo de trabalho que requer embasamento técnico-científico para sua manutenção. A pergunta é: haveria lugar para tantos no mercado de trabalho, na atual conjuntura, conside-rando a exigência da competência profissional? Essas considerações nada mais são para alertar o profissional da Medicina Veterinária ou da Zootecnia do Rio Grande do Sul e que, de forma individual ou coletiva, faça uso do seu potencial de convencimento e espaço na sociedade para dizer não a este estado de coisas. Junte-se a nós!

Air Fagundes dos Santos*

* Presidente do CRMV-RS

O jornal Veterinária & Zootecnia é um veículo de divulgação da classedos médicos veterinários e dos zootecnistas, editado pelo ConselhoRegional de Medicina Veterinária do RS (CRMV-RS). Os textos sãode responsabilidade dos autores.

DIRETORIA EXECUTIVA DO CRMV-RS

PresidenteAir Fagundes dos Santos

Vice-presidenteJosé Arthur de Abreu Martins

Secretário-geralRosane Maia Machado

TesoureiroMauro Gregory Ferreira

JORNAL VETERINÁRIA & ZOOTECNIA

Conselheiros efetivos: Elci Lotar Dickel, Vera Lúcia Machado Silva, Carlos de Lima Silveira, Angélica Pereira dos Santos Pinho, Rodrigo Marques Lorenzoni e Margarete Maria Paes Iesbich.

Conselheiros suplentes: Maristela Lovato Flores, Juliana Iracema Milan, Eduardo Amato Bernhard, José Braz Mariosi, Hélvio Tassinari do Santos e Waldívia Tereza Pacce Lehnemann.

Comissão de Comunicação: José Arthur de Abreu Martins, Luiz Carlos Pascotini, Zilah Maria Gervasio Cheuiche, Bruna Koglin Camozzato e Leandro Brixius.

HUMOR

Projeto gráfico: Rodrigo Vizzotto

Redação e edição: Jorn. Leandro Brixius – RP 9468

Charge: Méd. Vet. Hudson Barreto Abella

Diagramação e impressão: Gráfica RJR Ltda

Tiragem: 12 mil exemplares

s primeiros meses deste ano colocaram o Rio Grande do Sul no mapa de ocorrências de zoonoses

que há muito tempo estavam afastadas do estado. Casos de leishmaniose visceral canina na fronteira com a Argentina colocaram em alerta as equipes da Secretaria Estadual da Saúde (SES) e outras autoridades e profissionais da saúde a partir de janeiro e instalaram um debate entre os médicos veterinários gaúchos a respeito da utilização ou não de vacinas contra a doença. Já a febre amarela foi se espalhan-do pelas regiões e a cada semana mais municípios eram incluídos na área com imunização da população humana, o que gerou filas nos postos de saúde de várias cidades. Nesse contexto, o CRMV-RS direcionou suas ações de educação continuada para tratar dessas e outras zoonoses, organizando duas edições do Seminário de Sanidade Animal e Saúde Pública, em Erechim e em Porto Alegre, que reuniram um grande número de profissionais da saúde e estudantes.

Conhecida também como calazar em regiões como Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, onde ocorre com frequência, a leishma-niose visceral canina surpreendeu os gaúchos no verão, já que o estado não registrava mais a doença há vários anos. Segundo a

Organização Mundial da Saúde (OMS), ocorrem 400 mil novos casos da enfermidade ao ano. No Brasil, a estimativa é de 3 mil novos casos anuais. A primeira ocorrência no Rio Grande do Sul ocorreu em São Borja e as equipes do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) passaram a atuar em diversos municípios na investigação das suspeitas e também no esclarecimento da população sobre os riscos e formas de contágio. O agente etiológico é o protozoário do gênero Leishmania, espécie Leishmania chagasi. Os reserva-tórios são o cão (Canis familiaris), os marsupiais e a raposa, que mantêm o ciclo da doença no meio ambiente. A picada das fêmeas dos insetos flebotomíneos (Lutzom-yia longipalpis) são os responsá-veis pela transmissão da doença. Não há transmissão pessoa a pessoa, nem animal a animal.

Porém, a principal polêmica que se instalou em torno da leishmaniose foi sobre as medidas recomendadas pelo Ministério da Saúde. O órgão não recomenda o tratamento dos cães infectados, que podem ou não apresentar sinais clínicos. Segundo o Ministério, as drogas disponíveis não previnem as recidivas e levam ao risco de selecionar parasitos resistentes aos medicamentos utilizados no tratamento humano. Além disso, a vacinação também

O

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SAÚDE PÚBLICASAÚDE PÚBLICA

Leishmaniose e febre amarela reaparecem no estadoZOONOSES MOBILIZAM PROFISSIONAIS E SÃO TEMAS DE SEMINÁRIOS PROMOVIDOS PELO CRMV-RS NA CAPITAL E NO INTERIOR

Febre amarela tem surtos a cada sete anos

janeiro a junho 2009

não é recomendada pelos progra-mas de saúde pública. No entanto, há duas vacinas registradas no Ministério da Agricultura e que ainda estão em fases de testes, com resultados positivos com relação a sua eficiência, segundo os laboratórios fabricantes.

Para orientar os médicos veterinários gaúchos, o CRMV-RS preparou uma série de reco-mendações aos profissionais que optarem por vacinar os cães. Segundo o parecer elaborado pelo médico veterinário e advogado Jones Tadeu Viana, colaborador do Conselho, não há proibição para o uso da vacina comercial

Em novembro de 2008 se iniciou no Rio Grande do Sul a Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional (Espin) de febre amarela, que se estendeu até o final do abril, com 29 notificações de casos suspeitos de febre amarela silvestre, com dez óbitos, segundo dados da SES. Segundo o médico veterinário Milton Thiago de Mello, especia-lista em primatologia, os surtos da doença acontecem regularmente a cada sete anos, começando com os primeiros casos no México, que vão avançando em direção ao Sul

até chegar a Argentina. “Vai descendo e vai matando. Muitos macacos morrem e outros adquirem resistência. O mesmo ocorre com os humanos, contaminados ao serem picados nas florestas por mosquitos portadores do vírus”, explica. Mello lembra que desde 1942 a febre amarela urbana foi extinta no país, mas permanece ocorrendo a variante silvestre.

Com a expansão da zoonose no estado – sinalizada principalmente pela ocorrência de bugios mortos contaminados com o vírus, a SES iniciou uma campanha de vacinação de

toda a população em quase 300 dos 496 municípios gaúchos, mas que somam um alto percentual de habitantes, já que estão incluídas áreas de grande concentração, inclusive Porto Alegre. Para Thiago de Mello, somente a vacinação de toda a população pode evitar a contaminação de humanos. “O vírus está constantemente em circulação entre os macacos. Como é impossível matar ou vacinar os bugios, assim como eliminar os mosquitos, é preciso vacinar a população”, diz.

Cães exibem sintomas de contaminação por leishmania

Divulgação

contra a leishmaniose em cães. Caberá ao médico veterinário, clínico de pequenos animais, analisar caso a caso os pedidos dos proprietários que chegam ao seu estabelecimento solicitando a vacinação do seu cão, ou mesmo indicar o procedimento vacinal nos cães, em geral. Ao proceder a vacinação de um animal, deverá o profissional informar ao proprie-tário todas as questões técnicas e legais envolvidas, mesmo porque isto é uma das suas obrigações perante os dispositivos do Código do Consumidor. As recomenda-ções estão disponíveis no CRMV-RS e no site www.crmvrs.gov.br.

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janeiro a junho 2009

NOTÍCIASNOTÍCIAS

CRMV-RS implementaplanejamento estratégico

O início da nova gestão administrati-va no CRMV-RS marcou também o começo de uma nova maneira de resolver os problemas e de pensar o

futuro. Ao invés de correr em busca de solução para situações imprevistas, a intenção é a partir de agora trabalhar com prevenção e melho-res subsídios para ações emergenciais. A solução escolhida chama-se planeja-mento estratégico, uma ferramenta de gestão que une a percepção de gestores e colaboradores sobre os pontos mais frágeis da instituição às metas e objetivos da administração. Até o final do ano, o processo de implantação deve estar concluído e expresso no plane-jamento de 2010.

“Para que seja uma ferramenta que realmente funcione, é necessária a partici-pação de todos”, define a chefe do setor de Desenvolvimento Humano e Organi-zacional e pedagoga empresarial, Bruna Camozzato. Por isso, em dezembro, funcionários e conselheiros assistiram a uma apresentação sobre o que e o que faz o planejamento estratégico. Logo após, se iniciou a implantação propriamente dita, com o diagnóstico. “Usamos a metodolo-gia da tempestade de ideias, pela qual os problemas são apontados pelos colabora-dores em entrevistas individuais e em grupo”, explica.

Agora, os dados coletados são tabula-dos para verificar o que foi mais menciona-do e, assim, possam ser solucionadas as deficiências mais citadas e de maior abrangência. “Há uma maior flexibilidade para intervir na medida em que se possui indicadores do que é mais urgente”, ressalta Bruna. Após essa etapa, os proble-mas serão estratificados em níveis e relacionados às diretrizes da gestão e às metas de campanha. “Os problemas são pensados e não ficamos somente apagando

incêndios. Contextualizando um proble-ma, avaliamos e planejamos melhor”, diz. A implantação passa ainda pela capacita-ção dos chefes de setores, profissionali-zando cada vez mais a gestão.

Segundo o presidente do CRMV-RS, Air Fagundes dos Santos, se percebeu que exist ia uma dificuldade de geren-ciamento de forma sistêmica, e não trabalhando isolada-mente. “Em nosso primeiro mandato, foi preciso vencer o

desafio do equilíbrio do caixa, mas agora que está tudo acertado podemos evoluir no gerenciamento do Conselho”, afirma. Bruna acrescenta que, com o planejamento estratégico, os aspectos operacionais ficam alinhados às metas da diretoria mas não engessados, o que facilita até mesmo eventuais readequações.

ASPECTOS OPERACIONAIS FICAM ALINHADOS ÀS METAS

DA DIRETORIA MAS NÃO ENGESSADOS, O QUE FACILITA EVENTUAIS READEQUAÇÕES

Primeirosresultados já

são percebidosMesmo focado na construção do

planejamento de 2010, a adoção da nova ferramenta de gestão já promoveu mudanças na administração. As entre-vistas de diagnósticos com os colabora-dores evidenciaram questões emergen-ciais que exigiam solução imediata. Foi a partir dali que se desencadeou a criação do Setor de Desenvolvimento Humano e Organizacional - em substituição ao Apoio Administrativo e Eventos -, que concentrou também a parte de recursos humanos.

Outro aspecto ressaltado foi a necessidade de remanejo de funcionári-os e estagiários, assim como a contrata-ção de mais colaboradores, uma vez que havia colaboradoras em licença-maternidade e também ocorreram desligamentos. Para solucionar a deficiência, foi promovido um recruta-mento interno para reaproveitamento de funcionário e também realizada a contratação emergencial de funcionári-os, alternativa legal para suprir esse tipo de carência por um período limite.

FERRAMENTA DE GESTÃO PROPICIA EFICIÊNCIA AOS SERVIÇOS E REDUZ PROBLEMAS

Plano de cargos e saláriosestá próximo da finalização

O plano de cargos e salários dos servidores do CRMV-RS está em processo de análise final na Justiça do Trabalho e deverá ser implementado em breve. O principal ponto pendente refere-se à avaliação de desempenho, item obrigatório para que o PCS seja aprovado e possa funcionar adequadamente.

A metodologia proposta pelo Setor de Desenvolvimento Humano e Organiza-cional baseia-se na construção das competências organizacionais para chegar aos indicadores necessários à avaliação. O método que já está sendo aplicado apoia-se no inventário comportamental proposto pelo autor Rogério Leme, analista de sistemas especializado em Recursos Humanos e que construiu um software que facilita essa tarefa.

Inicialmente, uma amostra de funcioná-rios indicou, em formulários individuais, comportamentos adequados, inadequados e o que seria ideal. Posteriormente, os dados obtidos com essa coleta são relacio-nados a competências listadas em referên-cias bibliográficas. Depois, juntamente com os chefes de setores, serão definidas as competências mais importantes para as funções, chegando assim aos conhecimen-tos, habilidades e atitudes necessários para cada atribuição.

Com base nessa documentação, os gestores têm condições de avaliar adequa-damente as atividades desenvolvidas pelos funcionários, já que o processo contará com a pontuação a partir dos indicadores construídos em conjunto por todas as equipes do CRMV-RS.

NOTÍCIASNOTÍCIAS5

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janeiro a junho 2009

Comissões são espaço de participação e auxílio à direção CRMV-RS CONTA COM NOVOS GRUPOS ASSESSORES DESDE O INÍCIO DO ANO, QUE JÁ REALIZARAM VÁRIAS ATIVIDADES

Aatuação do CRMV-RS não se restringe apenas à fiscalização do exercício profissional. Ela vai além e envolve a discussão da Medicina Veterinária e

da Zootecnia em seus aspectos éticos, de formação e de interação com a sociedade, entre outros. Para a discussão desses temas, o

Conselho recorre a colaboração dos profissio-nais inscritos e institui as Comissões Assessoras, grupos de trabalho formados por integrantes da diretoria, conselheiros e membros externos convidados. Sua tarefa é auxiliar a diretoria executiva e colaborar para a melhoria da qualidade dos serviços presta-

dos pelo Conselho, assim como para o avanço da Medicina Veterinária e da Zootecnia. Os médicos veterinários, zootecnistas e outros profissionais nomeados para as comissões realizam um trabalho sem remuneração, a exemplo dos membros da diretoria executiva e dos conselheiros.

COMISSÃO DE COMUNICAÇÃOObjetivos: Propor uma nova identidade visual, coordenar a produção e divulgação de notícias e desenvolver ações de esclarecimento à sociedade. Membros: Méd. Vet. José Arthur de Abreu Martins, Méd. Vet. Luiz Carlos Pascotini, Méd. Vet. Zilah Maria Gervasio Cheuiche, Ped. Emp. Bruna Koglin Camozzato e Jorn. Leandro Brixius.

COMISSÃO DE ÉTICA PROFISSIONALObjetivos: Refletir sobre a efetividade da ética profissional e esclarecer dúvidas dos profissionais quanto à aplicação da legislação.Membros: Méd. Vet. Jones Tadeu dos Santos Viana, Méd. Vet. Mariane Feser, Méd. Vet. Marcelo Meller Alieve, Méd. Vet. Edison Armando de Franco Nunes, Méd. Vet. Gabriela Maurell Ferreira, Zoot. Marcelo Bortoluzzi Cadore e Zoot. José Braz Mariosi.

COMISSÃO DE ESTUDOS PARA O APERFEIÇOAMENTO DO PROCESSO ELEITORALObjetivo: Propor o aperfeiçoamento do processo eleitoral. Membros: Méd. Vet. Maria da Graça Becker Dutra, Zoot. Elisa Kohler Osmari, Méd. Vet. Jones Tadeu dos Santos Viana, Méd. Vet. Alejandra Muller, Méd. Vet. Ricardo Bandeira Bressani e Adv. Cristiane Brigoni Del Pino.

COMISSÃO DE BEM-ESTAR ANIMALObjetivos: Proporcionar espaço para discussões sobre o bem-estar animal e esclarecer dúvidas dos profissionais.Membros: Méd. Vet. Rosane Maia Machado, Zoot. Juliana Ellen Gusso, Méd. Vet. Paulo Ricardo Dreyssig, Méd. Vet. Carlos Flávio Barbosa da Silva, Méd. Vet. Milton Oliveira Amado, Méd. Vet. Eduardo Bettoni, Méd. Vet. Graciela Naibert Giurn e Méd. Vet. Jones Tadeu dos Santos Viana.

COMISSÃO DE PRESIDENTE DE ENTIDADES DE CLASSEObjetivos: Organizar ações que confiram visibilidade aos profissionais e às profissões. Membros: Méd. Vet. Air Fagundes dos Santos, Zoot. Braz Roberto Sebastião Schettini, Méd. Vet. Augusto Langeloh, Méd. Vet. Eduardo Amato Bernhard, Méd. Vet. Alexandro da Silva Ayala, Méd. Vet. Maria Angélica Zollin de Almeida, Méd. Vet. Marilisa Costa Petry, Méd. Vet. Jose Arthur de Abreu Martins, Zoot. Paulo Demoliner, Méd. Vet. Augusto César da Cunha, Méd. Vet. Rosane Maia Machado, Méd. Vet. Rafael Souza Monteggia, Méd. Vet. José Romélio Aquino e Méd. Vet. Antônio Machado Aguiar.

COMISSÃO CULTURALObjetivos: Organizar cronograma de eventos culturais e auxiliar no planejamento do Jubileu de Rubi da Medicina Veterinária. Membros: Méd. Vet. Joanes Machado da Rosa, Méd. Vet. Irajá Barreto Cibils, Méd. Vet. Eduardo Rigo Deberaldini, Méd. Vet. Luiz Carlos Pascotini, Méd. Vet. Hélvio Tassinari dos Santos, Méd. Vet. Jones Tadeu dos Santos Viana, Méd. Vet. Eloir Padilha Junior, Ped. Emp. Bruna Koglin Camozzato e Jorn. Leandro Brixius.

COMISSÃO DA MULHER VETERINÁRIAObjetivos: Promover a ascensão profissional da mulher veterinária através de ações sociais, políticas e econômicas.Membros: Méd. Vet. Marilisa Costa Petry, Méd. Vet. Vera Lucia Machado da Silva, Méd. Vet. Maria Angélica Zolin de Almeida e Méd. Vet. Berenice de Ávila Rodrigues.

COMISSÃO DE HISTÓRIAObjetivo: Fazer o levantamento dos fatos relevantes da Medicina Veterinária e Zootecnia e estudar, especialmente, a participação feminina nas profissões, identificando questões de gênero;Membros: Méd. Vet. Vera Lucia Machado da Silva, Méd. Vet. Alcy Jose de Vargas Cheuiche, Méd. Vet. Augusto Langeloh e Méd. Vet. Pedro Adair Fagundes dos Santos.

COMISSÃO DE ZOOTECNIAObjetivos: Tomar conhecimento da inscrição de zootecnistas, empresas e faculdades e sugerir medidas que facilitem a fiscalização. Membros: Zoot. Angélica Pereira dos Santos Pinho, Zoot. José Braz Mariosi, Zoot. Pedro Adair Fagundes dos Santos, Zoot. Braz Sebastião Schetini, Zoot. Elisa Kohler Osmari, Zoot. Fernanda Fernandes Lourenço, Zoot. Pablo Santini Charão e Zoot. Paulo Demoliner.

COMISSÃO RELAÇÃO COM O MERCADO DE TRABALHOObjetivos: Fazer um estudo sobre a demanda de ofertas no mercado de trabalho a fim de divulgá-las aos profissionais.Membros: Méd. Vet. Rodrigo Marques Lorenzoni, Zoot. Angélica Pereira dos Santos Pinho, Méd. Vet. Eduardo Amato Bernhard, Méd. Vet. Manolo Ortiz Estrazulas, Méd. Vet. Marilia Lazzarotto Terra Lopes, Med. Vet. Lisandre de Oliveira, Ped. Emp. Bruna Koglin Camozzato e Jorn. Leandro Brixius.

COMISSÃO DE ENSINO Objetivos: Promover discussões sobre o ensino da Medicina Veterinária e da Zootecnia. Membros: Méd Vet Cleia Maria Gisler Siqueira, Méd. Vet. Fabio Leivas Leite, Méd. Vet. Cristiane Beck, Méd. Vet. Sérgio José de Oliveira, Méd. Vet. Claudiomar Brod, Méd. Vet. Leonardo José Gil Barcelos, Méd. Vet. Élbio Nallen Jorgens, Méd. Vet. João César Dias Oliveira, Méd. Vet. André Silva Carissimi, Zoot. Paulo Rodinei Soares Lopes, Zoot. Angélica Pereira dos Santos Pinho, Zoot. Ana Gabriela de Freitas Saccol, Zoot. Eduardo Brum Schwengber, Zoot. Isabella Dias Barbosa e Méd. Vet. Leonir Luiz Pascoal, Zoot. Paulo Roberto Nogara Rorato e Méd. Vet. Marlon Nadal Maciel.

COMISSÃO FÓRUM PERMANENTE SOBRE EQUINOS DE TRAÇÃOObjetivo: Elaborar estudo que viabilize solução para a situação dos equinos de tração nas cidades. Membros: Méd. Vet. Carlos Eduardo Wayne Nogueira, Méd. Vet. Carlos Flavio Barbosa da Silva, Méd. Vet. Milton Oliveira Amado, Méd. Vet. Graciela Naibert Giurn, Zoot. Lizandra Padoin Machado, Méd. Vet. Rosane Maia Machado e Méd. Vet. Jones Tadeu dos Santos Viana.

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Veterinária& ZootecniaVeterinária& Zootecnia

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Como tratar as populações de animais de rua?

janeiro a junho 2009

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As populações de cães e gatos que vivem nas ruas constituem, ao mesmo tempo, um problema de saúde pública e de bem-estar animal. “Conciliar isso é problemático e é um desafio que já tem mais de duas

décadas e se constitui em um risco de transmissão de zoonoses”, avalia o médico veterinário da Secretaria Municipal da Saúde de Ibiúna, Francisco Soto. A cada ano, pelo menos 300 mil pessoas são agredidas por animais com mordidas e outros traumas, o que gera custos para o poder público por conta do atendimento nos postos de saúde e hospitais custeados pelo SUS. Em São Paulo, 130 mil pessoas são envolvidas com agressões de animais a cada ano e o SUS gasta US$ 500 com o atendimento a cada vítima, informa a médica veterinária de Maria de Lourdes Reicham, do Instituto Louis Pasteur, de São Paulo.

Para Soto, a deturpação das relações entre os humanos e seus animais de estimação é a principal responsável por essa situação. “Animais de estimação são coisas que troco e me desfaço quando quiser. Não sei como me relacionar com animais de estimação”, define Maria de Lourdes. Muitos proprietários levam seus cães e gatos para serem eutanasiados nos Centros de Controle de Zoonoses (CCZs). “A cultura materialista gera o abandono”, afirma. Nos Estados Unidos, por exemplo, 25% da população de cães é eutanasiada a cada ano e pesquisas mostram que 21% dos responsáveis abando-

nam por falta de dinheiro, 17% não desejam mais ficar com o animal, 12% por doença e 100% concordam com a eutanásia.

Soto aponta um dilema para os gestores dos Centros. “Se o CCZ não receber o animal, ele será abandonado nas ruas. Então, o que fazer com esses animais? Entre 5% e 10% conseguem ser adotados, mas aos demais não há outro caminho que não a eutanásia”, constata. Segundo o médico veterinário, o procedimento não controla a população canina, mas é um mecanismo primário de controle de zoonoses.

Porém, a visão zoocêntrica que se verifica em alguns estados acaba por dificultar ainda mais a tarefa dos CCZs. Em São Paulo, por exmplo, há uma lei de abril do ano passado que proíbe a eutanásia canina de cães saudáveis. “Nossa liberdade de exercício profissional está tolhida”, resume. Uma conse-quência dessa legislação foi a super lotação de abrigos e ONGs, provocando inclusive o canibalismo entre os cães, abrigados em condições precárias.

Por isso, Soto defende pesquisas para que se conheça a dimensão efetivo desse problema. É preciso conhecer o tamanho da população canina e felina, em que bairros vivem, qual é a relação percentual com o número de habitantes. Para obter esses dados, a sugestão do profissional é que seja realizado um censo da população animal. Em decorrência disso, podem ser estruturadas ações coordenadas e comple-

PROBLEMA MOBILIZA PROFISSIONAIS E ORGANIZAÇÕES EM BUSCA DE SOLUÇÕES SUSTENTÁVEIS QUE UNAM BEM-ESTAR E SAÚDE

mentares. Entre elas, estão as castrações cirúrgica ou química, os trabalhos educativos, as leis, os cadastros de proprietários, os programas de saúde, a promoção da adoção, a alocação de recursos, o apoio às entidades de proteção aos animais e a constituição dos CCZs (menos de 10% dos municípios contam com o órgão).

Soto explica que é preciso atuar na divulgação de informações para a população. Há uma rejeição disseminada nas comunidades à castração cirúrgica porque as pessoas não acham essa medida compatível com o bem-estar animal. Por isso, poucos municípios conseguem implementar essa política. Já a castração química esbarra na falta de recursos. Nos Estados Unidos, o glicosato de zinco é usado como método de massa, mas cada dose tem um custo de US$ 50. Um grupo de pesquisadores da Universidade de São Paulo trabalha para desenvolver uma dose de R$ 1,00.

Maria de Lourdes diz que os animais de populações mais favorecidas vão de uma a duas vezes durante sua vida ao médico veterinário e a segunda é para eutanásia. A expectativa de vida natural de cães e gatos é de 12 a 15 anos, mas na capital paulista a idade média varia de três a três anos e meio. “Não nos preocupamos em educar as pessoas nas relações com os animais. Ele não é filhinho, é um animal”, ressalta a veterinária, ao defender que se cobre maior responsabilidade dos guardiões.

Nova identificação é utilizada desde março na Capital

Ricardo S

tricher/PM

PA/D

ivulgação

O Centro de Controle de Zoonoses de Porto Alegre iniciou em março a implantação de chips eletrônicos em cães do canil municipal. De acordo com o veterinário do Controle de Zoonoses, José Carlos Sangiovanni, todos os animais encaminhados para adoção pelo canil passam a receber a identificação eletrônica, além da vacina antirrá-bica (para todos os cães) e polivalente (filhotes). Com a identificação dos animais, será possível também identifi-car os proprietários e responsabilizá-los em caso de abandono, agressão, mordeduras ou qualquer dano causado pelo cão. “Cada pessoa que adotar um animal do canil receberá um certificado de microchipagem. A política de controle da população animal parte do princípio da identificação”, explica.

Pouco maior que um grão de arroz, o microchip é implantado na região dorsal do animal. Cada transponder implantado tem um número que fica armazenado com o cadastro do animal e os dados do proprietário no CCZ. Estima-se que exista um cão para cada grupo de cinco a sete habitantes. Cerca de 95% dos animais possuem donos responsáveis. A responsabilidade legal dos

proprietários de animais de estimação está prevista no Código Municipal de Saúde, Código de Posturas do Município e pela Lei de Crimes Ambientais. Atualmente, cerca de dois mil proprietários são notificados por ano por abandono ou negligência.

Porto Alegre implantachip eletrônico em cães

“O bem-estar de animais apresenta uma grande oportunidade para o médico veterinário”Veterinária & Zootecnia - Quais são os conceitos

atuais que demarcam o bem-estar animal no contexto urbano?

Carla Forte Maiolino Molento - Bem-estar animal é um conceito inerente aos animais e se aplica a qualquer contexto. Bem-estar é um sentimento e, portanto, é um conceito subjetivo. Entretanto, o conceito de bem-estar animal como o estado de um indivíduo em relação às suas tentativas de se adaptar ao meio ambiente em que vive, publicado em 1986 pelo professor Donald Broom, da Universidade de Cambridge, Inglaterra, gera a possibilidade de mensuração do grau de bem-estar de um animal. Em síntese, quanto maiores as limitações que o animal encontrar no meio ambiente, maior sua dificuldade de enfrentá-las e, consequente-mente, menor seu grau de bem-estar. Assim, podemos pensar em restrições de bem-estar físico (doenças, desnutrição), comportamental (privação de vida social em espécies sociais, privação de atividades de alta motivação - como privar um pássaro de voar) e psicológico (interação aversiva com seres humanos, que gera o sentimento de medo). Vale ressaltar que é inadequada a avaliação parcial do grau de bem-estar empregando somente um dos eixos citados. Por exemplo, concluir sobre o grau de bem-estar de um animal a partir de um exame físico é um procedimento incomple-to do ponto de vista técnico.

V&Z - Qual o papel do médico veterinário neste debate?O bem-estar de animais no contexto urbano apresenta hoje uma

grande oportunidade para o médico veterinário. Em primeiro lugar, porque as práticas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) até a

Carla -

década de 1970 quanto ao controle populacional de cães, por questões de saúde pública, eram contrárias a um padrão minimamente aceitável de bem-estar animal. A partir de seus informes da década de 1990, a OMS muda completamente suas recomendações. Tal mudança gera espaço para uma atuação médico-veterinária alinhada às demandas da sociedade em relação à proteção do bem-estar humano e animal. Em segundo lugar, é no contexto urbano que se dá a maior parte da interação direta entre seres humanos e animais. A promoção de uma relação que preserve cada vez mais o bem-estar humano e animal gera uma sociedade mais justa, mais compassiva e que valoriza mais o profissional que cuida dos animais.

Quais são os principais equívocos com relação ao bem-estar?

Há algumas afirmações que merecem reflexão, como as de que preocupações com bem-estar animal restringem a atuação do médico veterinário. É

comum perceber resistência de alguns colegas quanto a atuação médico-veterinária em bem-estar animal. Difícil é entender porque. A demanda pelo bem-estar animal representa uma grande oportunidade de ampliação da área de trabalho no nosso país, em várias esferas. Bem-estar animal é uma ciência transversal que permeia qualquer relação entre seres humanos e animais. Outra afirmação: o médico veterinário trabalha, acima de tudo, para o bem do ser humano. Quem disse? Certamente não se esta afirmação for interpre-tada da maneira simplista que às vezes presenciamos. Uma interpretação mais refinada, envolvendo o atendimento da preocupação de boa parte da população humana com o bem-estar dos animais, talvez pudesse se sustentar.

V&Z -

Carla -

PREOCUPAÇÃO COM O CONTROLE POPULACIONAL DE

ANIMAIS DE RUA FOI EVIDENCIADA DURANTE O SEMINÁRIO

BEM-ESTAR ANIMAL NO CONTEXTO URBANO, PROMOVIDO

PELO CRMV-RS EM PARCERIA COM OUTRAS ENTIDADES ENTRE OS

DIAS 4 A 6 DE JUNHO, EM SANTA MARIA. O CADASTRAMENTO DE

ANIMAIS E DE SEUS PROPRIETÁRIOS, O TRÂNSITO DE VEÍCULOS DE

TRAÇÃO ANIMAL E A OCORRÊNCIA DE DOENÇAS COMO FEBRE

AMARELA E LEISHMANIOSE FORAM ALGUNS DOS TEMAS

DISCUTIDOS PELOS APROXIMADAMENTE 200 PARTICIPANTES,

ENTRE MÉDICOS VETERINÁRIOS, ZOOTECNISTAS, PROFISSIONAIS

DA ÁREA DA SAÚDE E ESTUDANTES, REUNIDOS NO AUDITÓRIO DO

CENTRO DE CIÊNCIAS RURAIS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE

SANTA MARIA (UFSM). PROFESSORA DA UNIVERSIDADE FEDERAL

DO PARANÁ (UFPR) E ESPECIALIZADA NO TEMA, A MÉDICA

VETERINÁRIA CARLA FORTE MAIOLINO MOLENTO FOI UMA DAS

PALESTRANTES E ESCLARECEU OS CONCEITOS QUE ENVOLVEM O

BEM-ESTAR ANIMAL.

AEntretanto, o melhor seria uma maior franqueza em assumir que, além do bem-estar humano, atendemos a expectativa que a sociedade tem de nossa profissão quando diz que o médico veterinário é o profissional que cuida dos animais. Outra frase que ouvimos é de que bem-estar animal é coisa para países de primeiro mundo. Não vivemos uma situação de escolha entre salvar humanos e abandonar animais ou vice-versa. Na verdade, existe uma correlação positiva entre a preocupação com o bem-estar humano e animal, ou seja, a preocupação com o outro. Quando a sociedade banaliza a violên-cia, todos sofrem.

De que maneira as informações a respeito do bem-estar animal podem ser difundidas para os médicos veterinários e a sociedade em geral?

Carla - Com relação ao médico veterinário, antes de mais nada, é necessária uma recomendação clara e objetiva para a inserção da disciplina de bem-estar animal, com uma carga horária mínima de 60 horas, como matéria obrigatória da grade curricular dos cursos de Medicina Veterinária e Zootecnia. No caso dos profissionais já graduados, por meio de programas de extensão de conhecimento, como por exemplo o importante papel que desempenha o jornalismo no sistema de nossos Conselhos profissionais. A criação da especialidade em bem-estar animal seria um passo importante para uma organização da atuação profissional nesta área. Tal objetivo poderia ser facilitado por meio do fomento à Associação Médico-Veterinária Brasileira de Bem-Estar Animal (Amvebbea). Campanhas educativas gerais e temáticas, como vários municípios estão idealizando em relação ao controle populacional de animais urbanos, são um bom caminho para se alcançar a sociedade em geral. Aliás, a sociedade está pronta para várias dessas ações, sendo um espaço muito acolhedor em todo o Brasil para o médico veterinário, demonstrando que dedica sua atuação à melhorar a qualidade de vida dos animais.

V&Z -

NOTAS

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janeiro a junho 2009

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POPULAÇÃO TAMBÉM PODE CONSULTAR SITUAÇÃO DE PESSOAS FÍSICAS E JURÍDICAS

Os médicos veterinários e zootecnistas inscritos no CRMV-RS já podem atuali-zar seu endereço, consultar débitos, emitir boletos (desde que ainda não vencidos) e

obter certidão negativa pela internet. O Conselho gaúcho passou a integrar o Sistema de Cadastro de Profissionais e Empresas (Siscad) do CFMV, que reúne os demais estados brasileiros. O chefe do setor de informática do CRMV-RS, Carlos André Santiago, diz que essa ferramenta oferece maior agilidade aos profissionais inscritos na solicitação de serviços e é de fácil utilização. Os dados são sigilosos e protegidos por um sistema de segurança. Para acessá-los, os profissionais devem buscar a página do CRMV-RS na internet - www.crmvrs.gov.br.

No primeiro acesso, será necessário informar alguns dados para fornecimento da senha que libera a consulta às informações e a realização dos serviços. O Siscad possui um manual com orientações para solucionar eventuais dúvidas.

“É interessante que cada profissional acesse o sistema, conheça seus serviços e aproveite para atualizar seus dados cadastrais, como endereço e e-mail”, lembra Santiago.

Além do canal exclusivo para os médicos veterinários e zootecnistas, o site do CRMV-RS está com um novo serviço aberto a toda a popula-ção. Agora é possível consultar se uma pessoa é médica veterinária ou zootecnista e se está em situação regular, junto aos Conselhos assim como se uma empresa está registrada e quem é seu Responsável Técnico (quando houver). “Essa ferramenta dá maior segurança aos profissionais que atuam no estado e também ajuda a coibir casos de exercício ilegal da profissão ou concor-rência desleal entre as empresas”, lembra o chefe do setor de informática do CRMV-RS, Carlos André Santiago. O acesso também é feito direta-mente pelo site do Conselho. Para proteger o sigilo dos profissionais, não são fornecidos dados pessoais, como endereço pessoal ou profissional.

FormaturasO CRMV-RS tem participado de todas as cerimônias de colação de grau dos cursos de Medicina Veterinária e Zootecnia. Nesse momento de transição da condição de estudante para a de profissional, o Conselho entrega um pin da profissão, parabeni-zando os novos médicos veterinários e zootecnistas pela atividade que escolheram. Em breve, todos os formandos passarão a receber também já na cerimônia uma cópia do código de ética.

BiomedicinaA juíza federal Daniele Mara-nhão Costa, titular da 5ª Vara Federal do Distrito Federal, suspendeu a Resolução nº 154 do Conselho Federal de Biome-dicina, que pretendia disciplinar a realização, por biomédicos, de exames laboratoriais e diagnósti-cos em animais de pequeno porte, bem como de emitir laudos.

Maus-tratosA Comissão de Bem-Estar Animal elaborou uma listagem com os casos de maus-tratos em animais da espécie canina. A relação auxilia os médicos veterinários na avaliação dos cães e na emissão de laudos ou relatórios técnicos, quando for o caso para comprovação judicial. O documento pode ser acessado no CRMV-RS, onde também pode ser obtida a listagem de maus-tratos em equinos.

HospedagemUm estabelecimento de hospeda-gem de animais de São Leopoldo foi condenado a pagar R$ 2 mil de indenização por danos morais à proprietária de um cão morto em suas dependências. O juiz entendeu que foi prestado serviço de guarda com defeito e negli-gência. O CRMV-RS alerta os médicos veterinários com relação a decisões do Poder Judiciário gaúcho, que ultimamente vem atendendo aos pedidos de proprietários de cães e gatos que buscam a via judicial quando ocorre óbito dos seus animais de estimação deixados em estabele-cimentos veterinários que os recebem para hospedagem.

Profissionais podem realizar serviçosdiretamente pelo site do CRMV-RS

Seminários de RT oferecem atualizaçãoaos veterinários e zootecnistas gaúchos

Os Seminários de Responsabilidade Técnica organizados pelo CRMV-RS confirmam a cada edição o interesse da classe veterinária e zootécnica pela atualização profissional. No estado, não é exigido o certificado de participa-ção para o exercício da RT, mas mesmo assim o interesse de profissionais e estudantes pela capacitação faz com que todas as edições

realizadas neste ano tivessem participação acima do pre-visto. Além da oportunidade de atualização, o Seminário de RT oferece um diferencial aos profissionais, que podem se apresentar mais qualificados às empresas, favorecendo-se, assim, na busca de inserção no mercado de trabalho.

Neste ano, uma edição do módulo básico para médicos veterinários na Ulbra, em Canoas, e um módulo avança-do em agropecuárias em Alegrete, promovido com o

apoio da Urcamp e da Associação dos Médicos Veterinários do município. Esses Seminários enfocam aspectos importantes de legislação que irão afetar o dia a dia do RT, além de alertar os profissionais na conduta ética de seus serviços, valorizando a profissão e contribuin-do para o bem-estar e a saúde da população humana e animal.

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Evento em Alegrete tratou especificamente de agropecuárias

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FACULDADE SUCEDE CURSO OFERECIDO PELA PUCRS EM SEU CAMPUS AVANÇADO NA FRONTEIRA OESTE

Medicina Veterinária da Unipampaé a mais nova opção no estado

esde o primeiro semestre de 2009, a Universidade Federal do Pampa (Unipampa) oferece o curso de graduação em Medicina Veterinária a alunos das mais variadas regiões do Estado. O Campus Uruguaiana, onde o curso está sendo

ministrado, também recebe estudantes de Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo, a grande maioria deles oriundos de escolas Técnica Agropecuária. Recentemente, a Unipampa adquiriu uma área equivalente a 250 hectares, localizados a sete quilômetros do centro da cidade, onde está situado o Campus Uruguaiana e que anteriormente sediava as instalações da PUCRS no município.

O curso de Medicina Veterinária da Unipampa proporciona ensino público, gratuito e de excelência, buscando a formação de profissionais com conhecimento da realidade atual. Segundo o professor de Medicina Veterinária e coordenador pro tempore do curso, Fábio Gallas Leivas, a intenção é aproximar o aluno das situações do dia a dia que ocorrem na região, no Brasil e no mundo. Para ele, a atuação nas diferentes áreas do conhecimento da Medicina Veterinária contribui para a transformação da realidade, e acrescenta que a Universidade já registra a participação feminina em 50% do curso. “Essa é a atual realidade da Medicina Veterinária”, declara.

De acordo com Leivas, a faculdade está inserida em um contexto que envolve além do ensino, ações em extensão universitária e

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pesquisas nas áreas de maior interesse profissional, a exemplo da sanidade, produção e reprodução animal. “O curso é estruturado em um currículo de mais de quatro mil horas, divididos em 10 semes-tres”, destaca. As disciplinas estão divididas em núcleo básico e profissionalizante, sendo que a carga horária está divida em ativida-des práticas. No currículo, também está prevista a realização de atividades complementares e a execução do estágio curricular obrigatório na área de interesse do aluno.

O Campus Uruguaiana está equipado com laboratórios de anatomia, bioquímica, microcopia e parasitologia. O Hospital Veterinário possui ambulatórios para atendimento clínico de pequenos animais, bloco cirúrgico para pequenos e para grandes animais, laboratório de análises clínicas e de biotecnologia da reprodução, além de um biotério. “O curso já se inicia com uma boa estrutura física e uma área experimental de 250 hectares, onde existe estrutura para ovinocultura, suinocultura, avicultura, bovinos de leite e de corte”, explica o coordenador.

Atualmente estão sendo realizados concursos públicos para contratação de professores para atender as disciplinas dos primeiros anos do curso, além de médicos veterinários para atuar no Hospital Veterinário. Segundo Leivas, essas ações permitirão ao aluno o acesso a aulas teóricas e práticas, bem como atuação em projetos de pesquisa que se desenvolverão em nosso campus.

Universidadetambém oferece

curso de ZootecniaA Unipampa oferece, desde setembro

de 2006, o curso de bacharel em Zootecnia, integrado à área de Ciências Agrárias, no campus de Dom Pedrito. A região da Campanha apresenta grande potencial para as atividades agropecuári-as, o que reflete a necessidade de forma-ção e geração de conhecimentos, além de aperfeiçoamento pessoal. O curso de Zootecnia ocupa, temporariamente, as instalações da Secretaria Municipal da Educação, até a conclusão das obras do prédio definitivo. A estrutura física das futuras instalações será composta por um laboratório de microscopia, sala de informática, biblioteca com sala de estudos, sala conjunta para secretaria e colegiado de curso e sala para professo-res, além das salas de aulas.

Dia do Zootecnista teve comemoraçãoespecial em Palmeira das Missões

A comemoração ocorrida em Palmeira das Missões pelos 43 anos de Zootecnia no Brasil mobilizou mais de 200 profissionais, estudan-tes e convidados no dia 26 de junho. A programação teve início com um seminário no qual os palestrantes Walter Motta, presidente da Associação Brasileira de Zootecnia (ABZ) e Leonir Luiz Pascoal, professor da UFSM, apresentaram suas visões sobre as atividades desenvolvidas pelos zootecnistas, os novos espaços profissionais e os desafios do mercado. À noite, personalidades de destaque na Zootecnia foram homenageadas, assim como os integrantes da primeira turma de zootecnistas graduada no país. Após, todos confraternizaram em um jantar-baile, ressaltando a integração entre os profissio-

nais já formados e os estudantes. A celebra-ção foi organizada pelo CRMV-RS e pelo Sindicato dos Zootecnistas (Sindizoot), com o apoio do curso de Zootecnia da UFSM – campus de Palmeira das Missões.

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Encontro reuniu grande público nas palestras

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ENSINOENSINO

ABERTURA DO CURSO PROVOCOU POLÊMICA E FOI REPROVADA PELO CRMV-RS E OUTRAS ENTIDADES GAÚCHAS

or considerar que a tese sustentada pe lo Ins t i t u to Nac iona l de Colonização e Reforma Agrária (Incra) “carece de plausibilidade” e

não comprova lesão à ordem, saúde, segurança ou economia públicas, o presi-dente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, manteve suspen-so o processo seletivo para o ingresso de famílias de assentados do instituto em turma especial a ser criada no curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), em virtude de convênio celebrado com a instituição de ensino e a Fundação Simon Bolívar.

Mendes lembrou inicialmente do que dispõe o artigo 205 da Constituição Federal: “a educação é direito de todos e dever do Estado”. Nesse contexto, frisou o ministro, as universidades assumem importante papel na estrutura institucional do Estado Democrático de Direito Brasileiro. A Carta Magna prega que o acesso ao ensino seja realizado de modo isonômico. Por outro lado, continuou, a União possui o dever, também constitucional, de promover a reforma agrária. E, segundo o Incra, o

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STF mantém suspenso processo de seleçãode assentados do Incra para curso superior

Relembre o processoO Ministério Público (MP) ajuizou ação civil

pública na Justiça Federal no Rio Grande do Sul para impedir a criação da turma especial, alegando ofensa aos princípios constitucionais da igualdade e univer-salidade no acesso ao ensino superior, da autonomia universitária e do pluralismo de ideias e concepções pedagógicas. Para o MP, o processo conteria vícios formais na aprovação do convênio pelos órgãos de direção superior da Universidade de Pelotas.

O juiz de primeira instância negou pedido de antecipação de tutela. O MP recorreu então ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), que acolheu o pedido, parcialmente, suspendendo o processo seletivo. O Incra ajuizou, então, pedido de Suspensão de Tutela Antecipada (STA 233) no Supremo. De acordo com o instituto, a decisão do TRF-4 impede a normal execução do serviço público e o devido exercício da administração pelas autorida-des constituídas.

convênio com a Universidade de Pelotas teria exatamente o objetivo de atender essa finalidade. Mas, para o ministro, não está em jogo a finalidade do convênio, e sim a sua compatibilidade com os demais princí-pios constitucionais, principalmente da isonomia e da autonomia universitária.

Nesse sentido, prosseguiu Gilmar Mendes, este projeto de ensino, com a participação de instituições públicas (Incra e UFPel), parte do pressuposto de que os assentados devem ser favorecidos em relação aos demais cidadãos brasileiros. De acordo com o próprio Incra, diz o ministro, o objetivo do convênio seria a superação da desigualdade social. Segundo o presidente do STF, o princípio da isonomia “não impede que uma diferen-ça de tratamento seja estabelecida entre certas categorias de pessoas, desde que o critério de distinção seja suscetível de justificação objetiva e razoável”.

Para o ministro, no caso também é preciso avaliar se ocorreu excesso do Poder Público, em afronta ao princípio da propor-cionalidade. Este princípio, explica Gilmar Mendes, é um método geral para solucionar

conflitos entre outros princípios – no caso em questão, os princípios da isonomia e da autonomia universitária. Quanto a esse ponto, causa perplexidade a participação do Incra e de movimentos sociais na supervisão pedagógica do curso, salientou o ministro. Além disso, no projeto consta que a turma especial destina-se exclusiva-mente a assentados e seus filhos que possuam ensino médio. E a inscrição, conforme a própria página de internet do Ministério do Desenvolvimento Agrário, estaria condicionada à indicação do candidato pelo assentamento e à obtenção de carta de anuência do superintendente regional do instituto.

Gilmar Mendes concluiu que a decisão do TRF-4 é adequada ao resguardo de princípios constitucionais. O ato judicial questionado por meio da STA 233 “nada mais fez do que acautelar a ordem jurídico-constitucional, até que sobrevenha pronun-ciamento definitivo do Poder Judiciário sobre a controvérsia constitucional”, arrematou Gilmar Mendes ao negar o pedido de suspensão de tutela, em manter suspenso o processo seletivo.

Sindicatos se mobilizam emtorno de metas conjuntas

Os Sindicatos dos Médicos Veterinários do Brasil se reuniram nos dias 18 e 19 de junho, em Belém, durante o encontro anual promovido pela Federação Nacional dos Médicos Veterinários. Ao final do evento, foi elaborada a Carta de Belém, composta de cinco itens. No primeiro deles, os presidentes das entidades, entre os quais a presiden-te do Simvet/RS, Maria Angélica Zollin, repudiam o projeto de lei 2824/08, que impede o exercício da Zootecnia pelos profissionais da Medicina Veterinária. “A eventual aprovação do mencionado Projeto de Lei, trará prejuízos irreparáveis a

pecuária nacional, haja vista o grande número de propriedades agropecuárias existentes e o ínfimo número de Zootecnistas existente no país”, diz o texto. A Carta trata, ainda, do Código Florestal Brasileiro, apoiando os produtores rurais em suas reivindicações, e manifesta apoio ao Instituto Alerta Pará – que promove o uso sustentá-vel das riquezas naturais. Por fim, os presidentes dos sindicatos se comprometem a desenvolver ações conjuntas com o objetivo de garantir o salário profissional aos médicos veterinários, conforme a lei nº 4950-A/66.

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conhecimento está 1% no passado, 9% no presente e 90% no futuro. A afirma-ção do médico veterinário

Milton Thiago de Mello marcou sua palestra durante a comemora-ção do sétimo aniversário da Academia Rio-Grandense de Medicina Veterinária, no dia 29 de maio. “O futuro nunca existiu, mas estamos em seu limiar. O interesse deve estar no futuro”, afirmou o membro da Academia Brasileira de Medicina Veterinária, da World Veterinay Association e da Zoological Society of London, entre outras entidades.

Convidado para falar sobre o tema Medicina Veterinária Brasileira: passado, presente e futuro, Mello apresentou um importante resgate histórico dos primeiros anos da profissão no país. “No tempo do Império e no início da República, médicos veterinários estrangeiros eram contratados para atuar principal-mente no Exército”, disse. A partir de 1860, com a criação do Ministério da Agricultura, come-çou a ser dada ênfase à sanidade de bovinos e eqüinos, ainda com profissionais oriundos de outros países. Em 1883, foi criada a Imperial Escola de Medicina Veterinária e de Agricultura Prática, em Pelotas, mas que teve um curto período de funcionamen-to de apenas dois anos.

Foi somente em 1910 que as primeiras faculdades de Veterinária entraram em atividade no Brasil, com a Escola de Veterinária do Exército e a Escola de Agronomia e Medicina Veterinária, ambas no Rio de Janeiro. Em 1912, abriu a Escola Superior de Agricultura e Veterinária de Olinda (PE). Os pioneiros foram graduados em 1917. Segundo Mello, desde o início a organização profissional está em pauta, com a fundação da Sociedade Brasileira de Medicina Veterinária, em 1920, e a realização do 1º Congresso Brasileiro de

Medicina Veterinária. A primeira regulamentação da profissão de médico veterinário ocorreu em 1933 e 35 anos depois uma nova regulamentação passou a vigorar e é aplicada até hoje.

Se nos primeiros tempos a Medicina Veterinária se desenvol-veu conquistando novos espaços e fortemente ligada à produção econômica e à saúde pública, Milton Thiago de Mello caracteri-zou o tempo presente como o período da expansão acelerada da atividade, com a evolução do número de cursos e, consequente-mente, de médicos veterinários. “Atualmente temos cerca de 150 escolas de veterinária, quando há dez anos esse número não passava de 60”, conta. Aproximadamente 100 mil médicos veterinários atuam no país, sendo que esse volume recebe um contingente de 5 mil novos profissionais a cada ano. Para o palestrante, esse foi um período de grandes mudanças, com a ênfase em sanidade animal, principalmente de pequenos, e o início da diversificação das atividades, com enfoque também nos aspectos socioeconômicos, ambientais e de bem-estar.

No entanto, Milton Thiago ressaltou que nem tudo está

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resolvido. Em pelo menos 50 atividades há carência de profissi-onais. “Devemos estar preparados para enfrentar o desafio da reciclagem profissional. As atividades vão se entrelaçando e desdobrando-se em novas áreas, o que demonstra a necessidade urgente de educação continuada em temas específicos e a drástica modificação dos currículos”,

destacou. Além disso, ele defen-deu que seja interrompida a abertura de novos cursos e fechados aqueles comprovada-mente ineficientes.

Aos 93 anos de idade, Milton Thiago é uma das principais referências na Medicina Veteri-nária, com atuação no ensino e pesquisa no Brasil e no exterior, conforme destacou o presidente da Academia, Augusto Langeloh, ao abrir a comemoração reuniu acadêmicos e convidados no auditório do CRMV-RS, em Porto Alegre. Natural do Rio de Janeiro e graduado em 1937 pela Escola de Veterinária do Exército, Mello é doutor em microbiologia, tendo sido professor da disciplina, além de primatologia, animais silves-tres e bem-estar animal nas universidades Federal Flumi-nense, de Brasília, Autônoma de Santo Domingo e da Califórnia, assim como pesquisador do Instituto Osvaldo Cruz. “Mas acima de tudo, o que mais impressiona no doutor Milton Thiago de Mello é seu permanente entusiasmo”, afirmou Langeloh.

PROFISSIONAL RESSALTOU IMPORTÂNCIA DA MEDICINA VETERINÁRIA FOCAR O INTERESSE NOS DESAFIOS DO FUTURO

Palestrante defendeu que não sejam abertos novos cursos

Divulgação/A

cademia

Milton Thiago de Mello relembrahistórias nos sete anos da Academia

Quatro novos acadêmicospassam a integrar grupo

A Academia Rio-Grandense de Medicina Veterinária conta com quatro novos acadêmicos eleitos em 7 de agosto. Os médicos veterinários Carlos Gil Turnês, Cláudio Giacomini, Maristela Lovato Flores e Telmo Vidor serão empossados em sessão solene em outubro, no auditório Sylvio Torres da Faculdade de Veterinária da UFRGS. No mesmo dia, os acadêmicos rio-grandenses elegeram a nova diretoria executiva e os conselheiros titulares e suplente para o biênio 2009-2011. Augusto Langeloh e Augusto César da Cunha foram reeleitos como presidente e vice-presidente, respectivamente. Hamilton Luiz de Souza Moraes foi eleito como secretário-geral e Flávio Antonio de Araújo Pacheco, tesoureiro. Carlos Tadeu Pippi Salle, Édison Armando de Franco Nunes e Sérgio José de Oliveira são os conselheiros titulares e José Romélio Aquino, suplente.

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janeiro a junho 2009

30 anos de empenho àvalorização da Veterinária

José Pedro Soares Martins também tem destaque na política sindical

Casa do Veterinário abre as portas para a Expointer 2009

CRMV-RS e as entidades de classe preparam uma programação para a Casa do Veterinário que une a atualização profissional a confraternização durante

a Expointer 2009. De 29 de agosto a 6 de setembro, centenas de profissionais são aguardados no Parque de Exposições Assis Brasil. “Muitos estarão em Esteio a trabalho e outros aproveitarão a maior feira agropecuária da América Latina para conhecer as novidades do setor, mas todos eles encontrarão na Casa do Veterinário um local para se encontrar e trocar ideias”, diz o presidente do CRMV-RS, Air Fagundes dos Santos.

Uma característica marcante da Casa do Veterinário é a integração, tanto entre os profissionais quanto com as entidades de classe. Cada uma delas fica responsável por um dia na programação, recebendo os visitantes e promovendo atividades, como palestras e reuniões. Um evento para o qual todos os médicos veterinários e zootecnistas já estão convidados é o jantar de confraternização, na

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VETERINÁRIOS E ZOOTECNISTAS TERÃO PROGRAMAÇÃO INTENSA DURANTE OS NOVE DIAS DA FEIRA DE ESTEIO

segunda-feira (31/08). Também já está marcado o lançamento do Programa Educativo de Zoonoses, uma iniciativa dos CRMVs da Região Sul e que irá distribuir material informa-tivo sobre dez doenças.

Entre as palestras já confirmadas, estão “Resistência dos helmintos de bovinos e ovinos aos anti-helmínticos”, com o pesquisador Flávio Augusto Echevarria, da Embrapa Pecuária Sul, no dia 29; “Empreendimento no agronegócio”,

com o presidente do CRMV-GO, Wanderson Portugal Lemos, e “Avanços na nutrição de coelhos”, com o presidente da Associação Brasileira de Zootecnia, Walter Motta, no dia 31; “Marketing aplicado à profissão”, com o professor da UFRGS, Júlio Barcelos, no dia 02; e “Alternativas sobre o uso da ultrasonografia em grandes animais”, com o professor da Ulbra Luis Cardoso Alves, no dia 03. Todos os eventos são gratuitos.

fiscalização do exercício profissional é a principal missão dos conselhos profissionais, possibilitan-

do iguais condições a todos para desenvolverem suas atividades. No CRMV-RS, essa tarefa é identificada naturalmente a um profissional, que em 1º de agosto completou 30 anos de atuação. Oficialmente, José Pedro Soares Martins é o chefe do Setor de Fiscalização, mas sua contribuição se estende por muitas outras esferas, seja no ensino universitá-rio, nos seminários de RT, na política sindical ou nas discussões para os avanços da Medicina Veterinária e da Zootecnia. Formado médico veterinário pela UFRGS, Martins construiu sua vida profissional no CRMV-RS, marcando sua trajetória com adjetivos como ético, comprometi-do, gentil, discreto e colaborativo.

José Pedro, como é chamado por todos, chegou ao Conselho gaúcho, em 1979, como fiscal, mas pelas três décadas seguintes não

Aapenas viu, mas foi responsável pela formatação e consolidação de um modelo e de uma estrutura de fiscalização pioneiros entre os CRMVs, referência hoje para outros estados. Para o presidente do CRMV-RS, Air Fagundes dos Santos, a vivência adquirida por José Pedro no dia-a-dia de suas atribuições tem uma importância grande para a dinâmica da fiscali-zação, um trabalho que precisa ter continuidade e ser preservado.

Toda a experiência adquirida no Rio Grande do Sul é dividida com os CRMVs de diversos estados, nos quais é frequentemen-te chamado a contribuir. “É um ícone do qual temos recebido muitos ensinamentos”, resume o presidente do CRMV-SC, Moacir Tonet. Em Santa Catarina e no Paraná, José Pedro sempre é lembrado para conversar sobre RT. “É uma pessoa integra, com uma ética invejável e extremamente discreto, mas que tem uma liderança em todos os estados do Sul que se manifesta em suas

participações nas reuniões e atividades ”, descreve o presidente do CRMV-PR, Masaru Sugai.

No Sindicato dos Médicos Veterinários (Simvet/RS) José Pedro também encontrou espaço para desenvolver ações em favor da Medicina Veterinária, permane-cendo nas diretorias até 2008. A partir da década de 1980, ele foi um dos principais motivadores para sua expansão e consolidação. José Pedro foi presidente da entidade entre 1991 e 1997, período no qual também atuou na vice-presidência da Federação Nacional dos Médicos Veterinários. “Alterna-mos-nos na direção do Simvet em um período no qual houve grande ampliação da base sindical, como também em relação à atuação da entidade e seu reconhecimento dentro do estado”, recorda o deputado federal Onyx Lorenzoni, presidente do Simvet/RS na época.

CHEFE DA FISCALIZAÇÃO DO CRMV-RS É REFERÊNCIA NO PAÍS

Depoimentos de ex-presidentes

“Posso afirmar que o José Pedro é um exemplo singular, raríssimo. Como profissional, como funcio-nário e como pessoa reúne uma harmonia e de virtudes de dar inveja.” Carlos Quintana da Rosa

“Cuidadoso, examina cada questão minuciosamente, pois, ciente da gravidade de suas decisões, busca evitar qualquer interpretação duvidosa que possa redundar em erro.” José Fernando Dora

“Tem a magia de exercer o trabalho de fiscalização sem nunca con-seguir inimigos entre muitos daqueles que estiveram faltando no cumprimento da Lei, principal-mente.” Eduardo de Bastos Santos

“Como pessoa, possui uma postura exemplar e é bastante equilibrado. Ele tem o perfil ideal para trabalhar num Conselho no setor de fiscalização, pois tem muita ética.” José Euclides Vieira Severo

Jantar* em comemoração ao Dia do Médico Veterinário e aos 40 anos do CRMV-RS

Dia 11 de setembro, às 20h30Local: Sociedade Italiana (Rua João Telles, 317)

Reservas antecipadas: (51) 2104-0551 ou [email protected] *jan

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