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JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO MULTIMÍDIA - UNA Ano 5 - Fevereiro/Março 2012 - Distribuição Gratuita nº 19 GEORGE ISARAEL + INVASÃO ZUMBI + 30 ANOS DE KID ABELHA + VERTICALIZAÇÃO + BURITIS + MOBILIDADE + TV + PAMPULHA + PLANEJAMENTO URBANO + DIVERSIDADE SEXUAL+ HIPERLOCAL + SAGUI-DE-CABEÇA-PRETA + SÉRIES

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Número 19 do jornal Contramão.

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JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO MULTIMÍDIA - UNA Ano 5 - Fevereiro/Março 2012 - Distribuição Gratuita nº 19

GEORGE ISARAEL + INVASÃO ZUMBI + 30 ANOS DE KID ABELHA + VERTICALIZAÇÃO + BURITIS + MOBILIDADE + TV + PAMPULHA + PLANEJAMENTO URBANO + DIVERSIDADE SEXUAL+ HIPERLOCAL + SAGUI-DE-CABEÇA-PRETA + SÉRIES

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EXPEDIENTE

Jornal-laboratório do curso de Jornalismo Multimídia do Instituto de Comu-nicação e Artes - Centro Universitário UNA. Vice-reitor: Átila Simões. Diretor do ICA: Lélio Fabiano dos Santos. Coordenadora do curso de Jornalismo Mul-timídia: Piedra Magnani da Cunha. Contramão. Coordenação: Reinaldo Maximiano (MTb 06489) e Jorge Rocha. Diagramação: Rodolfo Assis e Juliana Anacleto. Supervisão: Reinaldo Maximiano. Revisor: Roberto Alves Reis. Estagiários: Ana Carolina Nazareno, Bárbara Andrade, Bruno Coelho, Duda Gonzalez, Felipe Bueno, Herberth Zscherber, João Vitor Fernandes, Juliana Ana-cleto, Natália Alvarenga, Raquel Ribas, Rodolfo Assis, Rute de Santa, William Gomes.Tiragem: 2.000 exemplares. Impressão: Sempre Editora.

Foto da capa Edição Anterior

Foto: Felipe Bueno

Reinaldo Maximiano e Jorge Rocha

Foto: Christian Gaul

A edição 19 do CON-TRAMÃO que chega às suas mãos é fruto de um trabalho de reportagem dos alunos do 5º e 6º período de Jornalismo. A missão era conhecer os me-andros de um processo que vem alterando os contornos das cidades, a verticalização. Com o esforço de apu-ração concentrado nos bairros Buritis e Pampulha, os alunos se depararam com um pro-blema grave: a infraestrutura dessas regiões não comporta o adensamento populacional proveniente da verticalização, e isso se reflete, no trânsito, na qualidade de vida e no merca-do imobioliário que, uma vez

aquecido, transforma lugares como o Buritis, por exemplo, em uma verdadeira selva de pedra. As reportagens revelam, ainda, um problema históri-co da capital mineira: o uso e ocupação do solo. As sucessi-vas leis postas em prática na ci-dade abriram o caminho para um redesenho desordenado da paisagem urbana. Hoje, a população sente os impactos principalmente na mobilidade. Neste cenário, surge um outro dilema, a Pampulha e a preservação de seus manan-ciais hídricos e do conjunto ar-quitetônico projetado por Os-car Niemeyer e pelo paisagista Burle Marx, além de Cândido

Portinari, autor do mural da Igreja São Francisco de Assis. Esta edição destaca, ai-nda, os 30 anos da banda Kid Abelha, com uma entrevista exclusiva com músico George Israel. O artista acredita que a longevidade da banda se deve ao cuidadoso processo de composição das letras e das melodias, além da presença de Paula Toller à frente do trio. O sucesso da série The walking dead é o tema da crítica de mídia desta edição. Res-gistra-se, ainda, uma matéria que mostra o esforço dos gru-pos universitários mineiros que lutam contra a homofo-bia dentro das universidades.

Foto: Felipe Bueno

EDITORIAL

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A revista Galileu do mês de março (n°248) trouxe, na editoria de cultura, uma re-portagem sobre zumbis, seres que vêm ganhando cada vez mais espaço na mídia, princi-palmente em decorrência do sucesso da série The walking dead, do canal Fox, que está em sua segunda temporada. A reportagem levan-ta a pergunta: “O que levam acadêmicos sérios a investi-gar mortos-vivos que ficam zanzando por aí em busca de carne e miolos humanos?”. O repórter, Tiago Cordeiro, recor-reu ao professor de política in-ternacional da Universidade de Tuffs (Boston) Daniel Drezner, que defende a ideia da presença dos zumbis na produção cul-tural devido aos problemas na política e na economia. Drezner é autor do livro Theories of In-ternational Politics and Zombies (Teoria de política internacional

de zumbis) que faz essa rela-ção entre crise e sobrenatural. Ao mostrar o ponto de vista do professor Daniel Drezner, Cordeiro instiga o leitor a pensar sobre a possi-bilidade de crises vivenciadas no cotidiano serem respon-sáveis pela explosão zumbi na mídia. Ao mencionar e citar, nominalmente, as pesquisas científicas neste ramo, a ma-téria desperta a curiosidade dos leitores, já que, para mui-tos, essas informações são novidades. Desta forma, a tendência é prender o leitor e mostrar que zumbis podem, sim, ser um assunto sério.

Invasões Assim como The walk-ing dead, vários filmes relatam a invasão zumbi, como Eu sou a lenda (2007), Resident Evil (que já está em seu quarto filme) e A

Por Bárbara Andrade - 3º período

noite dos mortos vivos (1968). Outros seres também já invadiram às telas para ator-mentar a humanidade. É o caso de V (1983 e 2010), que mostra a invasão da Terra por seres extra-terrestres que se parecem conos-co, mas, na verdade, são répteis comedores de carne humana. Tanto em The walking dead como em V há um grupo de humanos que formam uma resistência para salvar o planeta. O que se ajusta de forma metafórica ao discurso de “Vamos salvar a Terra”, muito difundido, hoje. Redes sociais Em entrevista ao G1, no dia 28 de janeiro de 2010, o etnobotânico Wade Davis, autor do livro A serpente e o arco-íris: Zumbis, Vodu, ma-gia negra, afirma existir uma poção que desacelera o bati-mento cardíaco fazendo com que as pessoas pareçam mortas.

Segundo Davis, a poção é produzida por feiticeiros vodus. No Haiti, o vodu é uma crença e faz parte do folclore do país. De acordo etnobotânico, dedicou a carreira a entender e conhecer a verdade sobre os zumbis, os ingredientes para tal poção de “zumbificação” são: toxina de um peixe nativo misturada às ervas alucinógenas e restos hu-manos como ossos e pele. Será? Os zumbis invadiram também as redes sociais. No Facebook, há uma página chama-da Zumbis no Face que divulga, informações, montagens, de-senhos, cenas de filmes e se-riados, vídeos e frases sobre zumbis. A página tem 78.000 curtidas. O site teoriadaconspira-cao.org, apresenta informações, um tanto duvidosas sobre a “in-vasão zumbi”, além de outras teorias apocalípticas debatidas por entusiastas desses temas. Tenha medo!

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CRÍTICA DE MÍDIA

Os zumbis, personagens centrais da série The walking dead, atraem pesquisadores e metaforizamo medo do fim da humanidade

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Por Felipe Bueno - 5º período

Parece que o tempo não passou para as músicas do Kid Abelha, assim como parece não ter passado para a sua líder, a cantora Paula Toller, 49. Foi em 1982, em pleno período de agitação e renovação da músi-ca brasileira, que surgiu o Kid Abelha e os Abóboras Selva-gens. O palco da estreia foi o Circo Voador, na Lapa. De lá pra cá a banda não parou de emplacar sucessos. Na estrada, numa turnê comemorativa aos 30 anos, Paula Toller, em várias entre-vistas à imprensa, reafirma a necessidade que o grupo sen-tia de voltar à ativa e celebrar a trajetória, após um intervalo de quatro anos, período em que George Israel e Paula Toller se dedicaram aos projetos inde-pendentes. A banda voltou aos

A fantástica fábrica de hits

Em ENTREVISTA exclusiva, o músico e compositor George Israel, do conjunto Kid Abelha, avalia os 30 anos da banda e explica o processo de criação de músicas que não envelheceram com o tempo

palcos em Tóquio, em setembro de 2010, quando os brasileiros que moram no Japão tiveram a oportunidade de matar as sau-dades do Brasil dos anos 1980. Em referência ao iní-cio da carreira foi idealizada a turnê Glitter de Principiante, nome também da faixa inédita de trabalho, que sintetiza o es-pírito de revival da banda que foi apelidada de “Fábrica de Hits”. Para o jornalista, pes-quisador e produtor musical Rodrigo Faour, as composições de letra e melodia com a marca do Kid Abelha são os elementos que contribuíram para o suces-so duradouro do grupo. “O Kid faz um som pop/romântico com letras melodiosas muito bem feitas. Nunca quis ser um grupo engajado ou pretensioso e, por isso, grande parte de seu

trabalho acabou não ficando datado”, explica Faour. Em entrevista ao CON-TRAMÃO, o instrumentista e compositor do Kid Abelha, George Israel, atribui a longevi-dade do Kid Abelha principal-mente às canções. “O sucesso do acústico [MTV, em 2002] mostra isso. Ali as músicas es-tão sem roupa. E, claro que, certos riffs e solos de guitarra e sax já fazem parte delas. Te-mos o diferencial de ter à frente da banda uma mulher com es-tilo vocal próprio que compõe e tem o que dizer”, avalia. Resistente ao tempo, o Kid Abelha segue seduzindo gerações. O estudante Gabriel Rodrigues, 11, é músico e fã do grupo por influência do pai. “Curto muito as músicas dos anos 1980. O que me chamou

atenção no Kid Abelha foram as melodias e, principalmente, a voz da Paula [Toller]”, revela. O cantor e compositor Renato Russo, líder da extinta Legião Urbana, morto em 1996, foi amigo de Paula Toller e dei-xou o seguinte registro sobre a banda: “O Kid Abelha é aquele exemplo raro dentro do chama-do Rock Brasil: uma banda as-sumidamente Pop, com uma formação originalíssima: voz, sax e guitarra. Sem pretender desvendar grandes mistérios da psiqué humana ou tentar um registro destes tempos con-turbados, o Kid acaba fazendo exatamente isso e de uma ma-neira, ao mesmo tempo, incisi-va, bem-humorada e, extrema-mente, dançante”, escreveu Russo em um release sobre o ál-bum Tudo é Permitido (1991).

George Israel: longevidade do Kid Abelha se deve às canções; o grupo sobe aos palcos para comemorar 30 anos de carreira com a turnê Glitter de Principiante

Fotos: Christian G

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Tive a sorte de encontrar pessoas muito talentosas e junto com elas o que eu tinha a contribuir foi valorizado.

CONTRAMÃO - O Kid Abelha é uma ban-da assumidamente Pop, mas com o pé no Rock. Como você avalia esse cruzamento de rotas entre entre um estilo musical e outro?George Israel - O Kid surgiu numa época de ebulição do New Wave, onde cabiam in-fluências do Punk, do Reggae, eletrônico, do Rockabilly, do Rock e do Pop. E, no Brasil, a isso se somavam nossas influências da MPB. Como éramos uma banda autoral, a forma de arranjar e buscar uma sonoridade veio desse leque amplo. Mas, na nossa experiên-cia musical inicial, a escola era Beatles, The Police, Rita Lee, The Pretenders, além do Blues, tudo isso dava um espírito Rock ao Pop do Kid.

CONTRAMÃO - O Kid Abelha se con-solidou como um trio, assim, a banda reúne as referências musicais que são do Bruno Fortunato, da Paula Toller e suas. Como é esse processo criativo?George Israel - Eu me vejo ligado à composição, arranjo e produção musi-cal. Tenho estúdio e acabo dando um start nas músicas novas e fazendo um meio de campo com o produtor e outros músicos. Nos shows, sou meio coringa tocando outros instrumentos e fazendo vocal. O Bruno traz sua personalidade meticulosa e crítica, seus timbres um toque são elegantes e seus exuberantes e virtuosos. Ele, também, é bastante at-ento à qualidade de som em cada show que fazemos. Já a Paula faz as letras e, consequentemente, o discurso central. Ela confia bastante à parte musical a nós e costuma se concentrar nos acabamen-tos de voz e na mixagem. No lado esté-tico das capas, clipes e shows, ela cos-tuma participar e trabalhar bastante. Acho que somos complementares.

CONTRAMÃO - Os seus solos de saxofone são marcas do Kid Abelha. Como foi fazer parte de várias ban-das na década de 1980 e, como você se consolidou como um integrante e fiel compositor de hits do Kid Abelha?George Israel - Essas coisas você só vai avaliar muito tempo depois. Tive a sorte de encontrar pessoas muito tal-entosas e, junto a elas, o que eu tinha a contribuir foi valorizado. Quando entrei no Kid já compunha, tocava violão, tinha outras bandas, mas, só tocava sax, há um ano. Minhas limi-tações viraram estilo, pois sempre fo-quei mais na construção de riffs e solos

CONTRAMÃO - As letras do Kid Abel-ha enfatizam as relação amorosas e, vem por outra, o sexo de forma explícita. Elas foram compostas como uma forma de quebrar os tabus dos anos 1980? Há uma relação entre a composição dessas letras com a imagem de sex symbol da Paula Toller?

George Israel - Desde o começo com Como eu quero e Garotos, as letras já mostravam uma visão feminina, ácida e provocativa do sexo e do amor. Acho que a Paula gosta e sabe desenvolver e explorar isso de uma forma inteligente e particular, até com a própria imagem.

cantáveis. Como compositor, minhas primeiras músicas gravadas nem foram pelo Kid. No se-gundo disco, já havia duas parcerias com o Leoni. Quando ele saiu da banda, eu e a Paula começa-mos uma parceria que deu muito certo e rendeu mais de 50 canções. Eu, também, tive o privilegio de compor com o Cazuza.

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REPORTAGEM ESPECIAL: VERTICALIZAÇÃO

Nas páginas que se-guem, você vai caminhar pelos canteiros de obras sem precisar suar a camisa ou sujar os sapa-tos. Nossa equipe de reporta-gem pesquisou e observou as implicações da verticalização no bairro Buritis e na Pampulha. Duas localidades com presença forte no mercado imobiliário que, por sua vez, exerce influên-cia nas alternâncias das leis para o uso e a ocupação do solo, um problema histórico da capital. Ao longo dos anos, leis foram criadas e reformuladas, mas, no geral, todas permitiram a alteração da composição ur-banística da cidade com impac-tos severos sobre a mobilidade. O leitor já imaginou uma Pampulha cercada por prédios? Como ficaria esse cartão postal de Belo Horizonte? O leitor já imaginou um Buritis entupido

de construções rumo ao Belve-dere (que não será o assunto deste especial), se tornando uma babel, uma selva de pedra, sem uma mobilidade eficiente? “O espaço físico é um re-flexo do espaço social”, já dizia Pierre Bourdieu, em Razões Práti-cas: sobre a teoria da Ação, obra em que o autor analisa as diversas formas de hierarquização dos espaços, ou seja, como um indi-víduo se sente mediante ao con-texto social, inclusive na osten-tação de um status ao morar em uma determinada localidade. Semelhante fenômeno pode ser observado na ocupa-ção do Buritis. Os primeiros loteamentos do bairro foram anunciados, nos anos 1980, como sendo uma Zona Resi-dencial que seria a extensão da Zona Sul e livre de qualquer obra de construção de edifícios.

Renata Flávia Batista- 6º período

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“Você jamais verá edifícios aqui”

Nestas três décadas, o Buritis foi o cenário de conflitos intrínsecos à hierarquização so-cial que alteraram o traçado orig-inal: “Uma região bem plane-jada para que a cidade tenha um núcleo residencial livre, arborizado, humanizado”, diz-ia um panfleto de venda lotes. Neste ínterim, aborda-se, ainda, a Pampulha, cuja con-cepção previa a consolidação de um bairro de referência para as elites de Belo Horizonte. Hoje, é palco de um “cabo de guerra” entre as empreiteiras e a Pre-feitura, de um lado, e associa-ção de moradores, de outro. Acompanhe, ainda, uma entrevista com o urbanis-ta Rogério Zschaber, profes-sor da Escola de Arquitetura da UFMG que explica os as-pectos da verticalização para o desenvolvimento da cidade.

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Essa é a rotina de quem mora ou trabalha no bairro Buri-tis, que, hoje, se transfomou em um canteirão de obras. As ruas estão recheadas de onomatope-ias que ditam o ritmo de uma parte da cidade que se expande para o alto. Aglomerados de ti-jolos, cimento, máquinas a todo vapor, o suor da mão-de-obra. Um vai e vem de cidadãos curiosos e questionadores em descobrir, para onde todo esse Tum, Tum, Tum vai caminhar. Um cheiro de terraplana-gem. Um misto de desenvolvi-mento e insatisfações. Nós va-mos caminhar por esse canteiro e revelar que o Buritis não foi idealizado para ser essa selva de pedra. Houve uma época em que se anunciava que os prédios jamais seriam vistos no bairro. Impressão? Ou, de fato, há excessos? Os órgãos como o Conselho Regional de Engen-haria, Arquitetura e Agronomia de Minas Gerais (CREA-MG) que autorizam e regulamentam todas as obras e movimentações na arquitetura de Belo Horizon-te, afirmam que, realmente, esse frisson de aumento urbanístico está, sim, acontecendo na ci-dade e tem nome, verticalização. O Buritis, bairro da Zona Oeste de Belo Horizonte, regis-trou um crescimento médio popu-lacional recorde entre todos os bairros da América do Sul – cres-cimento maior que 27% ao ano, em menos de 15 anos, de acordo com o gerente da Legislação e Gestão Urbana, José Júlio Vieira, arquiteto da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). “A verticaliza-ção no Buritis é um fenômeno que remonta à década de 1990. Parte de um processo de expansão de Belo Horizonte em direção ao sul, propiciada pela classificação dada

à área pela Lei nº 7.166/96 – Lei de Parcelamento, Ocupação e Uso do Solo – como Zona de Adensa-mento Preferencial, bem como pelo gradativo aquecimento do mercado imobiliário, fatores estes, somados à escassez de terrenos de valor acessível nos bairros da Re-gional Centro-Sul”, explica Vieira.

Impactos Até 1990, o bairro reu-nia moradores com padrão de rende-média alta. Mas com a entrada de novos empreendi-mentos habi-tacionais para nova classe média (pós-Plano Real), o bairro atraiu novos moradores. O crescimento ocupacional im-pactou na mobilidade que, de acordo com a Associação de Mo-radores do Buritis (ABB), é o principal problema do bairro. Os impacto também são vistos na paisagem do Buritis. “Os problemas decorrentes da verticalização estão ligados a dois temas principais: a questão viária – o aumento do fluxo de veículos gera sobrecarga das vias de aces-so ao bairro – e o impacto sobre a paisagem da Serra do Curral”, ex-plica o arquiteto José Júlio Vieira. Segundo Vieira, os mo-radores do Buritis se manifes-tam contrários à verticalização não somente devido ao prob-lema da mobilidade, mas ao im-pacto sobre o preço dos imóveis. “Apesar de todo o discurso de preservar a qualidade ambien-tal, preservar o espaço urbanísti-co do bairro, os moradores não desejam aquela paisagem de aglomerado predial”, afirma.

Normas Há normas para o uso e ocupação do solo que limitam o processo de verticalização. Em 2003, o Conselho Deliberativo do

Patrimônio Cultural do Município de Belo Horizonte publicou a res-olução nº 147/2003 que tem por objetivo evitar um incremento do impacto das construções do bairro na paisagem da Serra do Curral. Em 2010, com a entrada em vigor da Lei nº 9.959/10, que alterou a Lei nº 7.166/96, o co-eficiente de aproveitamento (ín-dice que, multiplicado pela área de cada terreno, resulta na me-dida da área que nele pode ser edificada) do Buritis foi reduzido em mais de 40%, passando de 1,7 para 1,0. Essa medida teve como objetivo evitar a continuidade do processo de adensamento na área, bem como suas conse-quências negativas para o local. O que devemos observar é que esta nova concepção do bairro, mediante a verticaliza-ção e aque-cimento das vendas de lotes, vem recheada de no-vos ingredientes: participação popular, questões ambientais e, claro, um ingrediente funda-mental e, fortemente, intrínseco ao Buritis, que é a presença do mercado imobiliário, que contri-bui para as alternâncias das leis. Quanto à desvalorização dos terrenos no bairro, este não é resultado exclusivamente do adensamento construtivo no lo-cal, mas da soma de uma série de fatores que vão desde os ser-viços disponíveis na região até a demanda do mercado por novos imóveis. Isto posto, os imóveis do bairro Buritis observaram um processo de valorização significativo nos últimos anos. De acordo com o arquite-to, José Júlio Vieira, apesar de BH ser apontada como uma ci-dade em desenvolvimento, a-inda há fatores que são descon-siderados, como a infraestrutura de planejamento, por exemplo.

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Atualmente, há 30 novos edifícios sendo erguidos no Buritis e os moradores temem a falta de fiscalização. CREA garante que as legislções são respeitadas

Adensamento acelerado e predatório

Por Luigi Reis e Tatiane Ribeiro - 5º período

As obras não cessam no Buritis, são cerca de 30 no-vos “espigões” que brotam, em diferentes pontos do bairro. De acordo com a presidente da Associação de Moradores do Buritis, Fátima Gottschalg, o processo de verticalização alterou o desenho original do bairro e estrangulou suas vias de acesso viário. “Houve um adensamento acelerado e pre-datório em um espaço planeja-do para ser horizontal. Quando os novos apartamentos forem ocupados, serão em média mais dois veículos para cada unidade. O bairro não pos-sui vias de acesso para supor-tar este crescimento”, explica. A presidente explica que, em 16 anos, sucessivas leg-islações para o uso e ocupação do solo foram se avolumando, mas o problema de mobilidade persiste na Área de Diretrizes Especiais (ADE, lei 7166). “De 1996 pra cá, houve um aumento exorbitante de construções no bairro, isso, até 2009, quando conseguimos mudar a legislação para uma mais restritiva”, expli-ca Fátima Gottschalg. “O poder público foi omisso e a tendência é piorar. Não vemos o governo agir e, infelizmente, não temos o poder de decisão”, reconhece.

Obras Mesmo com o adensa- mento proveniente do processo de verticalização, o bairro Bu-ritis segue sua rotina em meio às obras. Três das maiores con-strutoras que operam na região possuem, juntas, 30 novos em-preendimentos. A Construtora

Habitare soma 22 novas cons-truções, com 70% dos aparta-mentos vendidos. A Sol Con-strutora possui seis com 85% dos apartamentos vendidos. E a Construtora Somathos que, também, possui duas obras, está, hoje, com cerca de 90% desses imóveis já vendidos. Em média, esses prédios têm 12 andares com dois aparta-mentos por andar. As constru-toras não informaram as di-mensões por metro quadrado de cada uma desses edifícios. O desabamento do Edifí-cio Vale dos Buritis, em janeiro de 2012, não afugentou as obras. Os impactos nas vendas foram poucos. “As vendas não caíram, mas o consumidor está atento e quer saber quais as nossas pre-cauções”, explica o diretor de Marketing da Construtora Sol. Já a Construtora Habitare regis-trou uma queda no período em que o edifício estava interdita-do pela Defesa Civil. “Em outu-bro, novembro e dezembro, as vendas caíram em 10%, mas já se normalizaram. A procura é grande”, garante o agente de vendas Reginaldo Moreira. Segundo a presidente da Associação de Moradores, Fáti-ma Gottschalg, a população do Buritis, hoje, está preocupada com a fiscalização das novas o-bras. “A população não teme de-sabamentos, mas a falta de uma fiscalização rigorosa”, declara. De acordo com o CREA, são cumpridos todos os arti-gos referentes à fiscalização previstos nas leis LPOUS 71 66/96 – Leis 8137/00, 9037/05, 9959/10, em vigor.

CONSTRUÇÕES

Foto: Felipe Bueno

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Por Gisele Sena - 5º período

Para urbanista, a verticalização da Pampulha é uma “insanidade”; moradores temem impactos ambientais e na mobilidade, já a Prefeitura acredita que construção de hotéis não irá alterar a paisagem do cartão postal de BH

Queda de braço entre moradores e PBHPAMPULHA

Atualmente, a vertica-lização da Pampulha é tema de divergência entre a prefeitura, a associação dos moradores e os próprios moradores, devido aos possíveis problemas decorren-tes da construção de dois hotéis a mais de 500 metros da orla da lagoa e seus possíveis impactos ambientais, arquitetônicos e na mobilidade. O prefeito de Belo Hori-zonte, Marcio Lacerda ressaltou que está de acordo com a edifi-cação. “Eles não vão se destacar na paisagem, e não trazem im-pacto para o trânsito”. Os moradores têm opini-ões divergentes. “A verticaliza-ção pode ser boa, desde que as empresas se responsabilizem por seus empreendimentos com sustentabilidade e cooperem para a recuperação da Lagoa da Pampulha. Também pode haver uma valorização maior deste cartão postal”, defende o morador Márcio Alessandro Brambila, 32, consultor de in-formática. Já a moradora Joyce Mello é contra: “a Pampulha poderá sofrer um grande im-pacto ambiental, além de au-mentar a poluição, tanto sonora como visual, além disso, temos o trânsito que já está caótico”. Insanidade A arquiteta e urbanista Suzana Meinberg Schimidt, 68, mora na região há mais de 20

anos. Ela é integrante da Asso-ciação Pró-Civitas, com ações desenvolvidas nos bairros São Luiz e São José, e define o pro-cesso de verticalização que se quer inaugurar na Pampulha como sendo “uma insanidade”. “Ela [a verticalização] altera, fortemente, a mobilidade devi-do ao aumento do fluxo de veículos gerando impacto nas características da paisagem na região”, declara. Suzana Schimidt afirma que quem vai sair perdendo é a própria população: “a prefeitu-ra só fez contato com a associa-ção dos moradores da Pampu-lha depois que a terraplanagem para construção dos hotéis já estava realizada”.Ainda se-gundo a arquiteta e urbanista, “a verticalização só inviabiliza outras coisas, como por exem-plo, empresas que já abriram mão de seus projetos, por con-siderar a Pampulha um nicho de problemas ao que se refere à mobilidade”, defende.

Nascentes Outro aspecto destacado pela arquiteta refere-se à preser-vação ambiental. A verticaliza-ção e os processos de drenagem ocasionariam a contaminação das várias nascentes de água que saem da Pampulha para os afluentes do Rio das Velhas. Se-gundo a urbanista, isso geraria um custo alto para futuras recu-perações da lagoa.

Foto: Felipe Bueno

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Por Tatiane Ribeiro - 5º período

O planejamento da cidade parouENTREVISTA

CONTRAMÃO - Na visão ur-banística, o que a verticalização traz de benefícios e malefícios para o Buritis e a Pampulha? Rogério Palhares - A verticali-zação em si não é um problema. Ela passa a ser um problema quando torna-se sinônimo de adensamento populacional in-devido, como ocorre no bairro Buritis. A verticalização no Bu-ritis é prejudicial porque ela traduz um número de unidades habitacionais incompatível com o traçado e a largura das vias, resultando num problema de mobilidade, pois a infraestru-tura deste bairro foi planejado para receber casas. No caso da Pampulha, a infraestrutura, os acessos para esta região, a largura das vias e a topografia são propícias para ocupação. Do ponto de vista do patrimônio e paisagem cul-tural, a verticalização ocasiona-ria o tráfego de veículos e de passagem, a poluição e o ruído que concorrem de forma nega-tiva para este patrimônio que a gente gostaria de ter.

CONTRAMÃO - Existe uma queda de braço entre o mer-cado da construção civil e o poder público no contexto de desenvolvimento e mobili-dade de BH?Rogério Palhares - Com certeza. Não só nós, moradores e pos-síveis compradores, precisa-mos e fomentamos a demanda imobiliária quanto há um certo afrouxamento das regras, por exemplo, o zoneamento pre-visto na Lei de Parcelamento, Ocupação e Uso do Solo como um instrumento de controle do furor do mercado pelo lucro. Esta lei deveria atuar como uma guardiã dos interesses coletivos, como a não verticalização da Pampulha e do Buritis, visando a um equilíbrio maior entre as áreas. E, no geral, a população está pouco mobilizada para ga-rantir que a lei 7.166, ou outros instrumentos de política urba-na, defenda os interesses cole-tivos. Já o mercado imobiliário está totalmente organizado, tem vereadores que represen-tam e fazem valer seus inter-esses. Existe um peso desigual entre os interesses imobiliários presentes na legislação de Ocu-pação e Uso do Solo e os inte-resses coletivos.

CONTRAMÃO - De acordo com Fátima Godishow, presi-dente da Associação de Bairros do Buritis, está ocorrendo neste momento um “adensamento predatório” no bairro, já que a cada andar ou apartamento podemos considerar dois car-ros a mais nas ruas causando problemas de mobilidade. O adensamento é necessário para o desenvolvimento da cidade, mas como evitar esse impacto?Rogério Palhares - O plane-jamento ideal dimensiona o adensamento à capacidade de suporte de território da in-fraestrutura. Em Belo Horizon-te, isso é complicado porque há situações de fato instaladas.Va-mos imaginar o metrô chegando no Buritis - grande parte desses problemas de mobilidade pode-riam estar equacionados, pois as pessoas deixariam seus carros em casa e usariam o metrô para irem trabalhar. Acredito que seja uma questão de tempo para haver talvez uma revolução pela pressão da sociedade para um transporte públicoe coletivo de qualidade, porque as pes-soas já estão quase imóveis na cidade.

CONTRAMÃO - O problema de ocupação do solo em Belo Horizonte é histórico?Rogério Palhares - É histórico e peca desde o início. O enge-nheiro Aarão Reis foi brilhante no seu planejamento do início da cidade. Destina os espaços privilegiados da cidade para as localizações mais altas: coloca a Praça da Liberdade no topo, faz a avenida Afonso Pena as-cendente num sentido à Serra do Curral. Mas esse planeja-mento não reserva área para as populações de baixa renda, erra numa série de coisas que a gente continuou errando ao longo da história. Esse padrão que a gente vê dentro da ave-nida do Contorno não se re-produziu no resto da cidade. O planejamento da cidade parou.

Para o urbanista Rogério Palhares Zschaber de Araújo, 56, professor adjunto do Depar-tamento de Urbanismo da Escola de Arquitetura da UFMG, o uso e ocupação do solo em BH é um problema histórico e os transtornos surgem quando não se dimensiona a infraestrutura da cidade. Palhares é mestre em planejamento urbano pela Universidade de Rhode Island (EUA) e doutor em geografia pelo IGC-UFMG.

A população está pouco mobilizada para garantir que a lei 7.166, ou outros instrumentos de política urbana, de-fenda os interesses cole-tivos

Rogério Palhares

Foto: Felipe Bueno

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contramão 11Fotos: Roberto Reis

Universitários se reúnem em grupos para combater o preconceito e debater temas relacionados à sexualidade

Estudantes unidos contra a homofobiaDIVERSIDADE

Diante de casos e rela-tos, cada vez mais comuns, de preconceito dentro do ambiente universitário, estudantes uni-versitários e diferentes institu-ições se mobilizam para formar uma consciência que respeite a diversidade sexual. O Grupo Universitário pela Livre Orien-tação Sexual e Identidade de Gênero (GLOS), criado em 2011, no Centro Universitário UNA, é um exemplo. “Precisamos respeitar a liberdade e a diversidade. A proposta do GLOS é promover discussões dentro de uma pers-pectiva multidisciplinar a res-peito da diversidade sexual, tendo como eixo a educação”, explica o estudante do curso de Serviço Social, José Ribeiro, in-tegrante do grupo. Outro exemplo é o Gru-po Universitário em Defesa da Diversidade Sexual (GUDDS), que foi criado em 2007, após o registro de casos de homofobia dentro da UFMG. “O grupo foi criado para amparar essas víti-mas, prestando auxílio na cons-tante luta contra o preconceito, além de promover eventos para

o debate da diversidade sexu-al”, explica um dos idealiza-dores do grupo, Daniel Arruda. A maior dificuldade dos alunos LGBTs é o preconceito presente nas faculdades. “Tive que trancar o curso e fazer tera-pia devido ao forte preconceito que sofri no primeiro ano da faculdade. Eram piadinhas e in-diretas irritantes, pensei até em morrer. Mas, hoje, sei que se-ria uma besteira. Sou como eu sou, ninguém tem o direito de dizer como eu devo ser“, relata a estudante de Administração, Mayla Soares.

Relatos O estudante de Psico-logia Fabrício da Costa Silva, também, lida com o preconceito na faculdade. “A homossexuali-dade é escassamente debatida dentro das salas de aula. Estou no 10° período de Psicologia e, lamentavelmente, me deparo com o preconceito no curso”, declara. Relatos como esses as-sinalam que as instituições de ensino, apesar dos regimen-tos internos que coíbem atos

Por Bruno Coelho - 1º período - e João Vitor Fernandes - 2º período

de desrespeito e intolerância, precisam debater o tema das diversidades no ambiente uni-versitário para combater o preconceito. De acordo com o sociólogo Alfredo Grupioni, a intolerância é um reflexo de uma sociedade desigual. “O preconceito quanto à sexuali-dade existe e não é apenas no ambiente universitário. O pre-conceito existe em todos os âmbitos do nosso país, é uma questão que passa pela educa-ção”, defende Grupioni.

Direitos O Núcleo de Direitos Humanos e cidadania LGBT (Nuh), criado em 2007 na UFMG, questiona as práticas e os valores presentes nas escolas de níveis básico e médio com o projeto Educação sem Homo-fobia. O objetivo é capacitar os professores das escolas públi-cas do Estado para lidar com questões relacionadas à orien-tação sexual e identidade de gênero, em sala de aula e na co-munidade em que atuam. O diretor executivo do projeto Educação sem Homo-

fobia, Igor Monteiro, destaca que essa iniciativa de atuar em escolas básicas é apenas uma das tentativas de erradicar a homofobia. “A conscientiza-ção da juventude é mais uma dentre várias estratégias pos-síveis, neste campo. A atuação com profissionais da educação, o fortalecimento da rede de proteção a direitos humanos, a formulação e efetivação de políticas públicas no âmbito da diversidade sexual, assim como a garantia dos direitos funda-mentais às populações LGBT(s) são exemplos de ações que po-dem e devem ser tomadas nesse sentido”, informa. Em 2011, um grupo de estudantes, da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), se mobilizou e criou, com o apoio dos professores, Coletivo Batalho, após registrar casos de homofobia. “A Universidade é um espaço público, regido pelo princípio da igualdade. A ho-mofobia vai contra a base da Universidade, impedindo que o aluno LGBT se manifeste ple-namente”, conclui em nota o grupo Coletivo Batalho.

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Cinco micos da espécie Sagui-de-cabeça-preta foram vistos nas árvores do cruzamento das ruas Aimorés e Bahia, ao lado do Santuário de Lourdes, próximo à redação do CONTRAMÃO, no dia 08 de março. Por ser uma região de grande movimento, com muitos prédios e pouca área verde, a presença desses ilustres habitantes da cidade surpreenderam os pedestres em meio à pressa do cotidiano. A espé-cie é conhecida, também, pelo nome de Mico-estrela e habita o cerrado e a savana. Texto e fotos: Felipe Bueno

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