jornal baraketu nº 2

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Baraketu jornal Jornal Baraketu............................................................................2 Jornal Baraketu............................................................................2 Jornal Baraketu............................................................................4 O Jornal da Religiosidade Afro-Brasileira - Ano I - Nº 2 - Jan/2011 - Mensal Flávia Pinto E N T R E V I S T A Sacerdotiza da Umbanda, Babá da Casa do Perdão, aluna de sociologia da PUC e uma das mais ativas militantes em defesa das tradições religiosas de matrizes africanas do Brasil, Mãe Flávia Pinto recebeu em dezembro o Prêmio Na- cional de Direitos Humanos pelos trabalhos desenvolvidos. Nesta entrevista ela fala de seus projetos, de intolerância re- ligiosa, das ações que sua casa vem empreendendo e de como avalia o cenário no que tange à religiosidade de matriz africana no Brasil. Págs 6 e 7 Brasil Famílias negras são homenageadas no Paraná em comemoração ao Ano Internacional do Ano do Afro- Descendente. Pág.8 Brasil Ilê Asé Oya Omilayó lança página web para divulgar seus projetos sociais e atendimentos espirituais. Pág. 9 Brasil Sob o slogan Unidos seremos fortes, a 4ª Marcha Estadual pela Vida e Liberdade Religiosa pretende mobilizar grande número de adeptos e simpatizantes no dia 21 de janeiro de 2012, em Porto Alegre. Pág. 3

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Page 1: Jornal Baraketu Nº 2

BaraketujornalJornal Baraketu............................................................................2Jornal Baraketu............................................................................2Jornal Baraketu............................................................................4

Sua opção de informação religiosa na Região dos Lagos - Ano I - Número 0 - Março de 2011O Jornal da Religiosidade Afro-Brasileira - Ano I - Nº 2 - Jan/2011 - Mensal

Flávia PintoE N T R E V I S T A

Sacerdotiza da Umbanda, Babá da Casa do Perdão, aluna de sociologia da PUC e uma das mais ativas militantes em defesa das tradições religiosas de matrizes africanas do Brasil, Mãe Flávia Pinto recebeu em dezembro o Prêmio Na-cional de Direitos Humanos pelos trabalhos desenvolvidos.

Nesta entrevista ela fala de seus projetos, de intolerância re-ligiosa, das ações que sua casa vem empreendendo e de como avalia o cenário no que tange à religiosidade de matriz africana no Brasil.

Págs 6 e 7

BrasilFamílias negras são homenageadas no Paraná em comemoração ao Ano Internacional do Ano do Afro-Descendente. Pág.8

BrasilIlê Asé Oya Omilayó lança página web para divulgar seus projetos sociais e atendimentos espirituais.Pág. 9

BrasilSob o slogan Unidos seremos fortes, a 4ª Marcha Estadual pela Vida e Liberdade Religiosa pretende mobilizar grande número de adeptos e simpatizantes no dia 21 de janeiro de 2012, em Porto Alegre. Pág. 3

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2 - Jornal Baraketu Out/2011

Marcio Alexandre M. GualbertoEditor

Ogan do Ilê Asé Iyá Omo EjáCoordenador Geral do Coletivo

de Entidades Negras (CEN)

Caso queira enviar matérias ou entrar em conosco, acesse:www.baraketu.com.br

Endereço:Rua Geraldino Moreira Rodrigues, 361

28970-000 - Araruama - RJ

Telefones:(22) 2664 1213(22) 3021 3072

80*177635

Eis que chegamos ao segundo númeroNão é fácil lidar com o mercado editorial, ainda mais com um produto focado como o nosso. Os anunciantes são poucos, a distribuição nem sempre é como queríamos que fosse e os artigos nem sempre chegam a tempo.

Mas isso não nos desanima, pelo contrário, nos dá forças para continuar pois o retorno que temos é um milhão de vezes melhor que as dificuldades. Antes de tudo creio que acertamos no foco. São constantes os elogios ao fato ao diferencial estabelecido pelo jornal. O mais legal, no entanto, é receber de amigos, irmãos e colegas, que também editam seus jornais, revistas ou websites, elogios ao trabalho que estamos fazendo. Em especial destacaria o carinho especial de Flávio de Iansã, de São Paulo, que há anos edita A GaXeta, um jornal com uma estrutura profissional maravilhosa e que nos encheu de apoio e incentivo.

Se acertamos o foco, precisamos agora acertar o tempo, a regularidade. Este segundo número sai com atraso. Um atraso que já era previsto dadas as milhares de atividades profissionais e religiosas a que nós e nossos colaboradores estávamos envolvidos No entanto, esta é uma debilidade que, uma vez destacada, será solucionada.

Outra questão é a das assinaturas. Surgiram pessoas interessadas em assinar, mas achamos que nesse momento o volume de interessados é pequeno para montarmos um departamento para so cuidar disso. Para estes, estamos preferindo enviar o arquivo em pdf para leitura em desktops, tablets ou outros tipos de equipamentos.

Nosso desejo é continuar avançando mês e mês, fazendo uma mídia diferenciada e com qualidade, não disputando com ninguém que já esteja no mercado, mas cavando um espaço próprio pois o Brasil é grande e tem lugar para todo mundo crescer.

Aos nossos leitores, nosso agradecimento. tecnologia | informação | comunicação

EXPEDIENTEEditorMarcio Alexandre M. Gualberto(Mtb: 23.695)

Colaboradores: Eli Antonelli, Jorge Kibanazambi, Silvana Veríssima, Jaciara Ribeiro, Marcos Rezende, Suzane Pontes.

Contato comercial:Paraná:

Fabiana V. da SilvaTEL: (41) 3562-9363

9833-18378404-159

Rio de JaneiroSuzane PontesTel: (22) 2664 1213

8819-6832

O Jornal Baraketu é de responsabilidade editorial da Multiplike - Tecnologia | Informação | Comunicação, sendo os artigos assinados de responsabilidade de seus autores.

A Multiplike - Tecnologia | Informação | Comunicação, uma agência de publicidade voltada para criação de websites, lojas virtuais, gerenciamento de redessociais, além de produção de materiais impressos tais como identidades visuais, logotipos, jornais, revistas, livros, cartazes, folderes entre outros.

Visite nossa página web: http://agenciamultiplike.wordpress.com

21 de Janeiro - Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa

No dia 21 de janeiro é comemorado o Dia Nacional de Combate a Intolerância Religiosa. A data foi oficializada pela Lei nº 11.635, sancionada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 27 de dezembro de 2007.

A data marca, ainda, a morte de Gildásia dos Santos e Santos, a Mãe Gilda, ialorixá do terreiro Axé Abassá de Ogum. A líder religiosa morreu, em 21 de janeiro de 2000, numa situação de combate contra a intolerância religiosa, praticada por evangélicos em seu templo, localizado no Abaeté, em Itapuã, na Bahia.

A marca acima é parte da Campanha do Instituto Maria Preta contra a intolerância religiosa. Criada pelo publicitário João Silva, da Maria Comunicação

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Out/2011 Jornal Baraketu - 3

Sob o slogan Unidos seremos fortes, a 4ª Marcha Estadual pela Vida e Liberdade Religiosa pretende mobilizar grande número de adeptos e simpatizantes no dia 21 de janeiro de 2012, em Porto Alegre. O movimento, que teve início em 2009, reúne religiosos de matriz africana e umbanda da capital e do interior, além de convidados de diversas regiões do Brasil. Nesta edição, que homenageia Mest re Bore l - Ancestralidade Negra, Babalorisa e Alagbe que faleceu em 2011 e que participou de todas as outras m a r c h a s , o s p a r t i c i p a n t e s comemoram um importante avanço: o comprometimento do governo do Estado de atender reivindicações apresentadas dia 21 de novembro de 2011, em reunião no Palácio Piratini com o Governador.

No documento entregue ao governador Tarso Genro, os religiosos, lembrando que o Rio Grande do Sul é o estado que abriga o maior número de terreiros do Brasil, reivindicam o assentamento imediato de uma representação dos Povos de Terreiro no Conselho Estadual de Desenvolvimento Econômico Social - CEDES; a criação de um Conselho de Políticas Públicas para Povos de Terreiro, vinculado ao Gabinete do Governador, com o objetivo de pensar e construir ações afirmativas e políticas p ú b l i c a s ; e a t r a n s f o r m a ç ã o d a Coordenadoria de Igualdade Racial em uma Secre ta r ia com es t ru tu ra para o desenvolvimento de políticas voltadas para o Povo Negro, sem deixar de incluir os Povos Indígenas. Quanto ao CEDES o assento já foi assegurado e as outras reivindicações estão tramitando.

A 4 ª Marcha , te rá uma ex tensa programação. Como no ano anterior será realizado um seminário e neste será lançado o Mapa da Intolerância Religiosa no Brasil - importante documento que visualiza o que vem sendo o mote desta manifestação e também terá o lançamento da Campanha "Democracia, Paz e Religião: Respeite! Promovida pela Secretaria Especial de

4ª Marcha pela Vida e Liberdade Religiosa comemora avanços e lança campanhas contra a intolerância religiosa

Líderes religiosos de matriz africana e umbanda mobilizam adeptos e simpatizantes para o Seminário dia 20 e Marcha no dia 21 de janeiro de 2012 em Porto Alegre

Direitos Humanos da Presidência da República, no dia 20 de janeiro no Teatro Dante Barone, no Centro da capital. Esta marcha se caracteriza contra a intolerância religiosa e o racismo, é promovida pela RENAFRO-SAÚDE-RS, com o apoio do Gabinete do Povo Negro da Prefeitura de Porto Alegre, SINDISPREV e SINDISERF e tem na comissão organizadora as seguintes organizações parceiras CEDRAB, GPUC-UFRGS, MNU/RS, AFRICANAMENTE, FORMA/RS, GT - AÇOES AFIRMATIVAS, CEUCAB, UNEGRO-RS, YAHYA PRODUÇÕES, ATRAI, ESTAF, EGBE ORUN AIYE, ILE AXÉ YEMONJA OMI OLODO.A concentração inicia às 14h, em frente ao Mercado Público Central, com saída às 16h, avança pela avenida Borges de Medeiros até o Largo Zumbi dos Palmares e de lá vai para a Usina do Gasômetro. No encerramento em frente ao rio Guaíba, são homenageados os orixás das águas.

Histórico

Motivada por diversas denúncias, a 1ª Marcha foi realizada em 21 de janeiro de 2009 - Dia Nacional de Mobilização Contra a Intolerância Religiosa, com a participação de 2.000 pessoas. Os organizadores entregaram ao Governo do Estado um documento reivindicando a implementação da Delegacia contra a Intolerância Religiosa e o Racismo. Protocolaram também uma ADIN - Ação direta de inconstitucionalidade contra a Lei 13085 de

5 de dezembro de 2008 - "Lei da Mordaça Religiosa".

Ca ravanas de todo o es tado mobilizaram-se para a 2ª Marcha, que integrou a programação do Fórum Social Mundial 10 Anos, em 2010, e teve a adesão de diversas organizações governamentais e não governamentais do estado e do cenário nacional. Foi uma edição que marcou com a campanha "Quem é de axé, diz que é!", preparando os adeptos para o Censo de 2010.

A criação de uma comissão inter-religiosa vinculada ao Gabinete do Povo Negro do Município, para dar conta de toda a demanda relacionada à intolerância religiosa, e a construção e

implementação de políticas públicas para terreiros foram reivindicações da 3ª Marcha, em 2011, com o grito de "Unidos Seremos Fortes". Um seminário precedeu a caminhada, com o objetivo de discutir o Plano Nacional de Combate à Intolerância Religiosa e o Estatuto Estadual, da Igualdade Racial, reunindo lideranças das religiões de matriz africana e do Movimento Negro de todo o país.

Nesta edição, retomar as reivindicações ainda em aberto, como a da delegacia Contra Intolerância Religiosa e realizar o seminário, é uma de suas metas de maior importância.

Seminário:Democracia, paz e religião - Respeite!Dia 20 de janeiro de 2012 as 08h30minTeatro Dante Barone - Centro Histórico - Porto Alegre

Marcha:Unidos Seremos FortesDia 21 de janeiro de 2012 às 14h - concentraçãoLargo Zumbi dos Palmares - Centro - Porto Alegre

Redação: José Walter de Castro Alves - Reg. Prof. 4762Porto Alegre, dezembro de 2011

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4 - Jornal Baraketu Out/2011

Dendê e polêmica se misturam no tabuleiro da baiana

acarajé é uma iguaria da culinária baiana e tem sua origem nos Obarracões de candomblé. O bolinho

de feijão-fradinho, frito no azeite de dendê, é uma oferenda à Orixá Iansã. Em Salvador - BA é facilmente encontrado nas ruas, vendido em tabuleiros pelas tradicionais Baianas, com suas roupas brancas, torço (turbante) na cabeça e suas Guias (colares) no pescoço.

Essa tradição perdura desde o século XIX. O acarajé começou a ser vendido nas ruas de Salvador pelas escravas, e hoje se tornou o prato mais conhecido e característico da Bahia, e o ofício das baianas do acarajé foi tombado pelo IPHAN, desde 2004, como patrimônio imaterial do Brasil.

Na África, ele chama-se akara, e quando as escravas desfilavam pelas ruas, com os tabuleiros na cabeça, anunciavam akará ajeum. Ajeum significa, em Ioruba, comer. Nós brasileiros juntamos as duas palavras e nasceu o termo acarajé.

Bom o fato é que mesmo com tanta tradição cultural e religiosa envolvida, anda acontecendo algo no mínimo absurdo. Evangélicos produzindo e comercializando o

acarajé e chamando-o de Bolinho de Jesus.

Começou quando algumas adeptas do Candomblé se tornaram protestantes, e hoje vários evangélicos se uti l izam deste procedimento para ter garantida sua fonte de renda.

Estes, naturalmente, não usam as roupas brancas, nem o torço e nem as guias. Nem mesmo usam os tabuleiros para acomodar os acarajés, fazem de tudo para desassociar o quitute do Candomblé. Ignoram, no sentido de não se importarem, as origens, a história, a tradição e a cultura que envolve o que antes de tudo é uma oferenda, e querem vendê-lo apenas como um alimento qualquer. É que vende bem, muito bem. Então se apropriam indevidamente de uma das mais enraizadas e conhecidas tradições da Bahia e do Brasil, pois quem nunca ouviu falar no famoso acarajé da Bahia?

Fiquei pensando muito nisso, e acabei associando a outro fato semelhante. Todos sabem que sal grosso, arruda, fitinha vermelha, e por ai a fora, são elementos tradicionais dos cultos afro-brasileiros, principalmente da Umbanda, que se popularizaram e foram incorporados na cultura brasileira, assim como

o famoso vaso de 7 ervas, ferradura, figa e muitos outros. Pois bem, não é difícil ligarmos a televisão e vermos um pastor evangélico, de roupa branca (tai outra coisa), utilizando alguns destes elementos em seu culto, e ainda denominando isso de “descarrego” (tai mais outra coisa).

É inegável a contribuição do Povo Negro e do Povo de Santo para a construção da identidade cultural do Brasil, mas àqueles que não encaram desta forma devem ao menos não tentar roubar, adaptando de forma grosseira, nossas coisas para as suas coisas.

O acarajé, alem do feijão e do dendê, tem muito sangue e suor dos escravos. Tem muita reza e axé dos barracões de Candomblé. Tem dança e tem ritmo. Tem sonhos de liberdade e sorrisos de esperança.

O acarajé é de Iansã.

O autor, Ricardo Barreira, é presidente do Instituto Sócio Cultural Umbanda Fest.

Por Ricardo Barreira

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Out/2011 Jornal Baraketu - 5

A Mitologia Africana Representada na HQ: Orixás – Do Orum ao Ayê

Por mais interligado e interativo que esteja o mundo, ainda há muito “pré-conceito” com a "cultura africana" e suas lendas, mitos e ritos. Esta cultura é cruelmente marginalizada por grande parte das pessoas, que são intolerantes e vivem em estado constante de alienação étnico-cultural. Em contraponto a esta situação, demonstrando respeito à diversidade cultural, em julho de 2011 houve o lançamento da HQ "Orixás – Do Orum ao Ayê", que retrata a criação do mundo segundo a cultura Yorubá. Uuma empreitada ousada para uma revista nacional, tendo em vista que o HQ nacional é tão marginalizado quanto a "cultura africana".

Culturas Africanas

Primeiramente devo "corrigir" algo que escrevi propositalmente, pois dizer "cultura africana" é ser generalista e desrespeitoso, pois desta forma não estamos reconhecendo cada cultura africana como individual, mantendo desta forma a visão estereotipada e sem identidade que normalmente é divulgada. Achou exagerado? Me responda se você viu o termo "cultura européia" nas capas dos livros, filmes ou HQ's? Me lembro de ver e pesquisar sobre a cultura Saxônica, mitologia nórdica, mitologia celta, cultura cigana e assim por diante, e nunca a cultura Yourubá ou banto, elas raramente (nunca) estão nas capas dos livros e revistas, quando imprimem uma capa é sob o desígnio de “Cultura Africana”.

Em suma, a África é um continente enorme que ocupa 20,3% da área total de terra firme do planeta, contendo 54 países independentes, sendo detentora de diversos povos, civilizações e culturas tais como: os Yorubás, os sudaneses, os bantos, os nilóticos, os pigmeus, os bosquíamos, os hotentotes entre tantos outros. Sendo assim, há muito mais culturas e mitologias neste continente do que nos é ensinado nas escolas ou nos informado nas revistas, jornais, televisão e outros meios de comunicação. Apesar de não parecer cada mito das culturas africanas possui origem e identidade própria e muitas diferenças entre si

que devem ser respeitadas e pesquisadas com cautela da mesma forma com que fazemos com as culturas européias.

Os colecionadores e os leitores assíduos de HQ's e mangás (nerds, geeks e afins), tendem a ser, por essência, leitores assíduos, curiosos e desbravadores culturais. Tal tarefa é executada diariamente de forma natural, fazendo parte do cotidiano nerd, porém ninguém nunca se questionou por qual razão nenhuma das culturas africanas esta inserida, de forma respeitosa, no universo Geek? Ninguém nunca sentiu falta? Ou será que nunca imaginou que essas culturas pudessem ser tão ricas e bonitas quanto às culturas nórdicas, greco-romanas ou a celtas? Bem, o motivo para mim é bem claro. Acredito que seja a hora de revermos esses conceitos euro centristas.

A HQ

Desenhada por Caio Majado, com roteiro de Alex Mir, arte-final e cores por Omar Viñole, a HQ "Orixás – Do Orum ao Ayê", é o contraponto a essa situação de "descaso" com as culturas africanas. A obra lançada pela editora Marco Zero (selo infanto-juvenil da editora Nobel), não tem nada de infantil, é muito bem escrita e desenhada. Em 80 páginas os autores retratam a criação do mundo segundo a mitologia Yorubá, que para quem não sabe é muito difundida aqui no Brasil através da umbanda e do candomblé.

A obra é dividida em cinco capítulos recheados de narrativas arrojadas que possuem uma dinâmica oral e visual muito bem estruturada, trazendo para a revista um clima ameno e toda a essência africana, pois em África a oralidade no aprendizado sempre foi muito presente em diversas culturas e civilizações. A HQ penetra e ilustra no universo de Olodunmaré, nos caminhos de Omulu, nas estratégias de Ogum e na generosidade de Oxóssi. A arte, representada aqui pelos quadrinhos, faz uma clara conexão entre o Ayê (o mundo físico) e o Orum (a morada dos deuses), justificando o nome, "Do Orum ao Ayê".

Alex Mir, Caio Majado e Omar Viñole

Conhecendo o mercado brasileiro de HQ's, que é exigente e muito preconceituoso com seus autores, há um mérito a mais nesta publicação, tanto para os autores quanto para a editora, pois conseguir publicar um trabalho com essa temática em um álbum tão bonito que está encadernado em formato grande, com papel nobre e capa dura (também há uma versão mais simples do álbum) é uma conquista para todos. Embora a arte da HQ não seja emulada nos moldes dos comics americanos, por ter uma intenção mais educativa do que somente o entretenimento, o autor Alex Mir consegue fazer uma história milenar parecer pop, sou seja, acessível, mas sem se tornar banal.

O prefácio de Octavio Cariello transmite muito bem o sentimento quando diz: “Os autores usaram de uma linguagem poderosa, apontando para uma nova geração de leitores, dos que crêem e os que apenas querem inteirar-se da concepção de mundo dos que seguem os preceitos do candomblé, para reproduzir histórias fascinantes e encantadoras". Pois bem, você não precisa crer em nenhum mito das culturas africanas para gostar deste belo HQ, basta ter a curiosidade natural do ser humano (especialmente se for nerd), respeito por essa cultura milenar (Yorubá) e a mente aberta, assim entrará e conhecerá um mundo cheio de fábulas lindas, inspiradoras e inéditas para a maioria das pessoas. Garantia de diversão e conhecimento!

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6 - Jornal Baraketu Out/2011

E N T R E V I S T A

Baraketu - Mãe Flavia, fale um pouco de sua trajetória espiritual e dos trabalhos desenvolvidos pela Casa do Perdão. Flávia - A Casa do Perdão nasceu há 13 anos espon-taneamente através da manifestação do Caboclo Ventania de Aruanda que fundou a casa e estabele-ceu que nela se mantivessem as práticas da linha da Umbanda, como a caridade, não cobrar pelo atendi-mento religioso e o compromisso com o trabalho so-cial.

Ao longo desse tempo desenvolvemos várias ativida-des sociais e chegamos a atender 250 famílias na Vila Vintém. Hoje atendemos 40 famílias. Chegamos a entregar cheque-cidadão, cesta básica, além de prestar assistência religiosa umbandista no sistema penitenciário do Rio de Janeiro.

Fundamos a Ong Brasil Responsável, que atende 40 crianças com reforço escolar infantil, aulas de capo-eira e passeios culturais. Fundamos o Fórum Perma-nente de Direitos Humanos do Rio de Janeiro e fomos os idealizadores do Projeto de Mapeamento de Casas de Religiões de Matriz Africana do Rio de Janeiro.

Baraketu - A senhora é uma das pessoas que está à frente do Mapeamento das Casas de Terreiro, promovido pela PUC/RJ, como se deu esse trabalho e que resultados concretos ele vem apresentando? Flávia - Esse trabalho foi inspirado a partir da expe-riência de Salvador, sendo eu aluna bolsista da PUC, dialogamos junto com ao Departamento de Ciências Sociais, Política e Serviço Social e formamos o Con-selho Griot, composto por sete sacerdotes de Um-banda e sete do Candomblé. Buscamos financia-mento junto à Seppir na gestão do Ministro Edson Santos e demos inicio no projeto com 20 pesqui-sadores de campo, a maioria negros e negras univer-sitários e praticantes de religiões afro-brasileiras..

Hoje levantamos em torno de 900 casas distribuídas nos 92 municípios do Rio. Obviamente existem mais terreiros que isso, nós temos uma lista de espera de 2000 casas aguardando a continuidade do projeto para serem mapeadas, mas esse quantitativo é um número real que é ineditamente levantado.

Daí fizemos duas constatações. A primeira é que a maioria dos terreiros realizam trabalho sociais sem apoio governamental quase nenhum. A Segunda é que 50 % das casas já foram vítimas de discriminação religiosa.

É importante ressaltar que esses dados foram empiri-camente levantados, pois antes sabíamos o que acontecia, mas esse é o primeiro estudo acadêmico oficial que faz esse levantamento até onde nós sabe-mos no pais.

Baraketu - A partir do mapeamento, quais são os desdobramentos possíveis? Flávia - Agora que temos dados oficias e estamos dialogando com as instâncias governamentais para desenvolver politicas públicas que dêem conta des-sas demandas levantadas na pesquisa.

Presidenta Dilma entrega prêmio à socióloga Flávia Pinto, coordenadora de trabalho sobre preconceito contra casas de umbanda e candomblé

O trabalho inédito sobre intolerância religiosa da socióloga Flávia Pinto ganhou reconhecimento na edição deste ano do Prêmio de Direitos Humanos oferecido pela Presidência da República. Flávia recebeu o prêmio que inaugura a categoria “diversidade religiosa” pela pesquisa que desenvolve na PUC do Rio de Janeiro, fazendo um levantamento dos casos de preconceito e violência contra os terreiros de umbanda e candomblé.

“Essas Casas não são equiparadas com as outras tradições religiosas, que usufruem dos direitos constitucionais previstos para todos os credos religiosos”, explica a socióloga, que relata ainda que a intolerância contra esses espaços se manifesta inclusive com violência – como casos em que terreiros foram metralhados ou incendiados.

O trabalho contou com a participação de 20 pesquisadores de campo. A previsão é que os trabalhos finais sejam apresentados em março de 2012 e resulte também em um livro com um mapa dos terreiros no Rio de Janeiro, dos quais 900 já foram registrados. “Tivemos o cuidado de preparar resultados científicos, válidos para promover políticas públicas para combater o preconceito e fortalecer as ações sociais dentro dos terreiros”, ressalta Flávia que também é Babá de Umbanda (denominação das sacerdotisas da religião) no terreiro “A Casa do Perdão”, no capital carioca.

Militância nasceu nos terreiros que desenvolvem projetos sociais

Flávia Pinto conta que começou a militância na área de Direitos Humanos a partir do engajamento em projetos sociais desenvolvidos pela Casa do Perdão da comunidade Vila Vintém. Segundo ela, “60% dos terreiros desenvolvem trabalhos sociais e assistenciais”, afirma a pesquisadora que tem como propósito promover a cidadania dentro dos terreiros.

“A partir do momento que nós começamos a nos afirmar, o Estado percebe que o ‘desenho’ do que é chamado de maioria religiosa não é bem assim. Na verdade existe um segmento que ainda está sem voz”, pondera Flávia. “Temos orgulho de ter uma religião genuinamente brasileira”, diz a pesquisadora, que ressalta a origem brasileira da Umbanda, fundada no dia 15 de novembro de 1908, em Niterói.

(Jamila Gontijo – Portal do PT)

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Baraketu - Como a senhora avalia hoje o cenário de intolerância religiosa no Brasil? Flávia - É de extrema urgência que o Governo, em conjunto diferentes tradições religiosas, mas sobretudo com as afro-religiosas, construa equipamentos públicos como medida de inter-venção para desconstruir o preconceito e a per-seguição religiosa.

É inaceitável, por exemplo, que tenhamos o gos-pel reconhecido como patrimônio cultural do pais quando todos nós sabemos que ele não faz parte do nosso folclore e da cultura brasileira e que tenhamos também canais de TV aberta que, são concessões públicas, negociadas pelas bancadas pelas bancadas evangélicas e católi-cas dentro Congresso Nacional que cedem espaço através da pressão politica para um único seguimento religioso e se aproveitam da forca midiática para nos velipendiar, influenciar e confundir as mentes dos nosso filhos. Baraketu - No caso da Umbanda, a senhora vê o mesmo nível de discriminação sofrido pelo Candomblé?

Flávia - Em se tratando de preconceito é exata-mente igual. O leigo, a sociedade e o governo, quando olham de fora para dentro das nossas prática religiosas não se preocupam com o que é Umbanda ou Candomblé; simplesmente nos colocam em um único pacote, nos satanizando ou chamando de macumbeiros. Baraketu - Que ações a senhora acha que poderiam ser desenvolvidas, em termos mais concretos, para combater a intolerância religiosa em nosso país? Flávia - A primeira questão seria acabar com a divisão interna de diferenciar a Umbanda e o Candomblé, como se um fosse mais forte ou importante que o outro. Essa postura só nos enfraquece, pois não conseguimos ter unidade no momento de diálogo com as pequenas áreas no governo que abrem espaço para conversar

conosco. A partir disso desenvolver es-tudos em todo o estado brasileiro para que tenhamos um diagnóstico da situação regional das religiões afro-brasileiras, pois somente com dados é possível a construção de politicas públi-cas. Baraketu - No início de dezembro de 2011 a senhora foi uma das ganhadoras do Prêmio Nacional de Direitos Humanos e o recebeu diretamente das mãos da Presidente Dilma Roussef. Qual o significado desta premiação, não só para a senhora, mas para toda a religiosidade afro-brasileira?

Flávia - Considero de extrema impor-tância. Primeiro que é uma categoria nova, isso demonstra a preocupação da Presidenta Dilma em tratar essa questão do Brasil.

Para nós que temos pouco ou nenhum de nós com mandato no Parlamento e no Legislativo para criarem leis que nos defendam é extremamente vitorioso que tenhamos uma sacerdotiza sendo premiada justamente por de-senvolver instrumentos para a defesa da liberdade religiosa no pais. Para mim foi uma honra e dedico esse prêmio aos nossos ancestrais porque são eles os verdadeiro merecedores dessa conquista.

Baraketu - Como a senhora avalia as ações governamentais em torno das discussões referentes à intolerância religiosa no Brasil? Este prêmio, em sua opinião sinaliza uma postura mais ativa do governo nessa discussão?

Flávia - O que temos hoje em se tratando de ações do governo para o enfrentamento da intolerância religiosa ainda é muito embrionário, precisamos que os nossos sacerdotes estejam mais aguerridos e atentos nesta construção dentro dos seus estado e municípios.

Este premio sinaliza clara-mente a vontade politica da presidenta em olhar para essa questão e criar mecanismos para combater toda e qualquer forma de preconceito nesse pais.

Baraketu - Quais são seus projetos para o ano de 2012? Flávia - Manter nosso ativis-mo pela liberdade religiosa nesse pais, participando de to-dos os eventos que promovam esse debate e estarmos aten-tos para as eleições desse ano, pois temos que eleger o maior número de sacerdotes possíveis, pois somente des-sa forma, teremos nossos re-ais interlocutores no Legislati-vo desse pais.

Baraketu - criou o Centro de Referência de Combate à Intolerância Religiosa e sabemos que a senhora foi uma das articuladoras da criação deste Centro de Referência. Como a senhora pensa que se dará a atuação deste projeto? Flávia - A pesquisa de mapeamento tem uma parceria com a Superdir e com a Seppir, desta forma em mais ou menos um ano e meio foi pedido esse recurso para criação desse Centro de Referência de Enfrentamento à Intolerância Religiosa que ainda não está ativo por questões internas do governo do estado. Acreditamos que logo que ele esteja ativo será, possivelmente o primeiro equipamento públi-co de promoção da liberdade religiosa.

Baraketu - A senhora acha que a experiência do Rio de Janeiro pode ser replicada em outros estados?

Flávia - Com certeza, assim como nós nos inspi-ramos no mapeamento de Salvador e criamos nos-so mapeamento a partir das nossas necessidades, acho que todos os estados devem desenvolver ações que gerem estudos sobre a situação social, política e econômica das religiões afro-brasileiras. Somente dessa forma podemos mudar a aplicação do Censo do Ibge e revelar para o Brasil que somos muito, mais muito mais do que 0,03 % da população.

Baraketu - Que recado a mais a senhora gostaria de deixar para os nossos leitores como suas considerações finais?

Flávia - Vamos acabar com nossa disputas internas e também com a ingenuidade de considerar que va-mos conquistar politicas publicas no grito, é preciso entender de uma vez por todas que a engenharia politica deve ser por nós respeitada e seguida, por-que somente elas pautam as diretrizes das decisões governamentais em nosso pais. Vamos começar a colocar os nossos sacerdotes comprometidos com nossa religiosidade dentro do governo.

O governo do Estado do Rio de Janeiro

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EVENTO ORIRERE - 2011 CABEÇAS ILUMINADAS

Por Fabiana Alves

No mês de novembro o Município de Colom-bo prestou homenagem as famílias negras Colombenses no ano internacional dos Afros descendentes com uma festa no Plenário Presidente Tancredo de Almeida Neves . A realização do evento foi uma iniciativa do Poder Legislativo de Colombo em Parceria com Associação Beneficente Afro Brasileira São Jerônimo e São Jorge (Axé Ayra Kiniba), Centro Cultural Humaitá, CEPECAB, CEARIR.

A Associação gostaria de agradecer a todos os presentes que estiveram neste grande dia.

Amúnimúyè (Centratherum punctatum)Balainho-de-velho,

perpétua-roxa, perpétua-do-matoConta a lenda que “Oxóssi, o grande caçador e rei da nação Ketu, foi avisado do perigo que corria ao percorrer todos os dias os domínios de Ossain. Este orixá, dono das “folhas” costumava prender junto a si aqueles que se aventuravam em suas matas. Certo dia, deu-se o encontro e Oxóssi bebeu da poção que Ossain lhe ofereceu, permanecendo junto a ele sem consciência de quem era, esquecendo sua família e seus afazeres. Havia tomado amúnimúyè, a “folha do esquecimento” ou “a que tira a consciência”” (PESSOA DE BARROS, 1994).

Balainho de velho (amúnimúyè)A folha que nos referimos é conhecida nas casas de Candomblé como amúnimúyè, que significa “aquela que se apossa de uma pessoa e de sua inteligência”. Devido a suas propriedades mágicas é considerada importantíssima nos rituais de iniciação, onde, associada a outros componentes, irá facilitar o transe e permitir que o orixá se aproxime de seu filho. Embora esteja ligada ao transe, é considerada uma folha eró e não gún. Seu principal aspecto é masculino e seu elemento é o ar.

No Brasil o amúnimúyè é também conhecido pelos nomes balainho-de-velho, perpétua-roxa ou perpétua-do-mato. Em terras tupiniquins, a espécie original (Senecio abyssinicus) foi substituída pelo Centratherum punctatum, ambas pertencentes à família botânica Compositae, segundo nos informa Eduardo Abiodun.

Centratherum punctatum (Jardim Botânico do Rio de Janeiro)Estudos das folhas de balainho-de-velho, baseados em análises fitoquímicas, revelaram a presença de, pelo menos 49 componentes, entre flavonóides, taninos e glicosídeos, dos quais os flavonóides apresentaram comprovada atividade antibacteriana. Outras substâncias abundantes nesses extratos vegetais foram os sesquiterpenos, presentes em diversos óleos essenciais. Além da ação antimicrobiana, o extrato de balainho-de-velho também apresentaria propriedades antioxidantes.

Senecio abyssinicusUm fato interessante dessa planta é que ela se destaca como uma das principais flores visitadas pelas abelhas da espécie Apis mellifera, sendo excelente fornecedora de néctar, ajudando assim no aumento da produção de mel. Segundo é bem conhecido por todos no Candomblé, o mel é uma das principais kizilas (ewó/interdito) de Oxóssi.. Dizem que quando ele come mel, fica completamente perdido, sendo facilmente dominado.. Igual a Barú quando come ilá (quiabo).. Lembram da lenda que contamos? Ossain não era bobo e sempre carregava amúnimúyè em sua grande cabaça (igbá) do mistério.

SAIBA MAIS LENDO:

PESSOA DE BARROS, J. F. . Aspectos Simbólicos da Possessão Afro-Americana. In: Maria Teresa Toríbio Brittes Lemos; José Flávio Pessoa de Barros. (Org.). Reflexões sobre José Marti. Rio de Janeiro: PROEALC / CCS / UERJ, 1994, v. 1, p. 25-38.

Composition of the Leaf Oil of Centratherum punctatum Cass. Growing in Nigeria. ISIAKA A. OGUNWANDE ET AL.

Journal of Essential Oil Research/497 Vol. 17, September/October 2005.

Leaf extract of Centratherum punctatum exhibits antimicrobial, antioxidant and anti proliferative properties. NAVEEN KUMAR PAWAR & NEELAKANTAN ARUMUGAM

Fonte: http://gunfaremim.com/

8 - Jornal Baraketu Out/2011

Page 9: Jornal Baraketu Nº 2

Out/2011 Jornal Baraketu - 9

Ilê Asé Omilayó (Casa Rosa) lança página web para divulgar seus projetos sociais e serviços religiosos

Inaugurado em outubro de 2011 em Araruama, no bairro de Parati, o Ilê Asé Omilayó, mais conhecido como Casa Rosa, aos poucos vai se tornando uma referência na região.

Em outubro a Casa Rosa promoveu uma grande distribuição de brinquedos em comemoração ao dia das crianças. Mais ou menos 80 crianças receberam bonecas, carrinhos, bolas e jogos educativos. Posteriormente, no Natal, a mesma atividade foi feita, sendo que desta vez 300 crianças ganharam seus presentes.

Até o momento a Casa Rosa já cadastrou 350 famílias carentes da região. Esse cadastro tem dois objetivos, buscar cestas básicas e outros tipos de apoio imediatos às famílias mais pobres e, também, capacitar, formar e dar condições para que as mulheres da região formem cooperativas de trabalho produzindo produtos com apelo sócio-ambiental como forma de gerar trabalho e renda para estas famílias carentes.

Já no campo espiritual as atividades da Casa Rosa não param. Dois barcos de Iawô já saíra, uma Nanã, um Ogun, além da obrigação de um ano de uma Iansã. Para este início do ano há previsão de mais barcos de iawô, além das confirmações de um ogan e uma ekedy.

Veja abaixo como entrar em contato com a Casa Rosa e conhecer de perto os trabalhos realizados.

AAMAPAssociação Afro-Brasileira Movimento de Amor ao Próximo

Ilê Asé Iyá Omi Layó (Casa Rosa)Associação Afro-Brasileira Movimento de Amor ao Próximo (Aamap)Rua Geraldino Moreira Rodrigues, 361 - ParatiAraruama - Rio de JaneiroTelefone: (22) 2664 1213Página web: http://omilayo.wordpress.com

Momentos: Cerimônia de Ifá, com Awo Otura Airá; Presente para Yemonjá; Distribuição de brinquedos para as crianças: Xirê.

Page 10: Jornal Baraketu Nº 2

Òrúnmìlà AjànàÒrúnmìlà AjànàIfá OlókunIfá OkókunA sòrò dayòQue faz o sofrimento tornar-se alegriaEléri ìpínO testemunho do destinoOkìtìbíri ti npa ojó ikú dàO poderoso que protela o dia da morteÒrúnmìlà jíre lóni.Òrúnmìlà você acordou bem hoje?

ÀDÚRÀ TI ÒRÚNMÌLÀ

10 - Jornal Baraketu Out/2011

Ifáni l'órum

I II OI IO I

OLODUMARE (Deus), o grande criador do mundo, da existência humana, criador do sentido da vida e da morte, o destino de cada ser, das leis que regerão a humanidade. Enfim, criador do mundo, tendo Olodumare um propósito real, com a humanidade, ainda desconhecido pelos homens.

A este propósito, dá-se um nome: IFÁ.

O sistema onde estão contidos os segredos de toda a criação divina, em suma, um corpo literário e filosófico profundo e rico em informações, que inclui práticas religiosas, com o auxílio de uma extensa literatura escrita há centenas de anos, e baseada em histórias (PATAKIS), parábolas, sacrifícios, rituais, nos quais se utilizam elementos do reino mineral, animal e vegetal, ou em forma de cantos etc.

Estes conhecimentos estão preservados desde o início da civilização nos 256 ODUS DE IFÁ. QUEM É ORUNMILA Orunmila é o profeta de todos os segredos de IfÁ, pois é o Eleripin, testemunho da criação, e a ele foi entregue pelas mãos de Olodumare com a missão de transmitir à humanidade, sua vontade real para que o mundo seja mundo.

E, é através da ciência de IFÁ, que o Babalawo (sacerdote iniciado para este fim), pode estabelecer uma comunicação direta com o profeta Orunmila, através do universo que o caracteriza. Esta comunicação só é possível através dos ikins e do opelê, instrumentos oraculares de IFÁ. IFÁ é a maior religião da civilização yorubá, de onde são extraídos os conceitos da vida, o princípio do destino de cada ser. Portanto é certo dizer que antes que um ser humano trilhe sua jornada na vida, é necessário que busque em IFÁ, através de uma iniciação, o verdadeiro sentido de sua vida, e quais os segredos de sua existência, para que assim siga seu destino.

IFÁ, Candomblé, religiões de matrizes africanas, pertencem à mesma sociedade, cada uma com o seu espaço, como sempre foi há séculos atrás. Mas é bom lembrar, seja qual for o segmento religioso de um ser humano, dentro das tradições reais e milenares das religiões africanas, o primeiro passo é ir até IFÁ, em busca da rota de sua vida, pois sem o mapa de nossa existência, corremos o risco de navegar à deriva, por toda nossa vida.

Este é um dos papéis de IFÁ, revelar a cada ser, seu destino, para que assim siga sua caminhada na vida, prevenindo-se dos males que enfrentarão no transcurso da mesma, encontrando assim a sorte e o êxito em sua caminhada. IBORU, IBÓYA, IBOSHESHE

Evandro, Omo Oni ShangoAwo ni Orunmila Otura Aira Ifá Ni Lorun.Telefone: (21) 2417-6339

IFÁO contexto divino da criação

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Ilê Axé Iyá Omo Ejá realiza grande festa para Yemonjá

A festa contou com grande parte da família do Ilê Axé Oxumarê, além de um sem número de convidados. Nesta data Mãe Francys de Yemanjá também comemorou seus 35 anos de iniciação.

Família Ayra Kinibá no Rio Grande do Sul O Ile Axé Opo Olufan Oni Omi Layo realizou no dia 04 de dezembro um grandioso candomblé sob a coordenação do Babalorisa Jorge Kibanazambi, na casa de Santo do seu filho Jonas de Osalufan em Porto Alegre/RS. A ocasião comemorada foi para consagração da iniciação do Ogan Junior de Odè, o odu ije da ekeji Marisa de Oba e odu ETA da Yalasé Edna de Logunedè. Estiveram Presentes a Babalorisa Gustavo de Osogyian do Axé Omi Lesi e sua Ekeji,os irmãos de Asè do Paraná,Santa Catarina e os vários babalorisas , Yalorisas , amigos e adeptos da religião.A Família Kiniba agradece a todos os que contribuíram para a realização dessa festa.

Out/2011 Jornal Baraketu - 11

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Por Fabiana Alves

Nos dias 17 e 18 de dezembro se realizou a festa das Yabas e Ipete de Osun no Axe Kiniba.

No dia 18 o evento contou com um momento especial que foi a entrega dos presentes ofertados a Elas no mar.

Um grupo do Axé e amigos seguiram caminho com os cestos de flores e presentes primeiro por terra até a chegada no barco que iria levá-los ate o mar para a entrega dos mesmos em agradecimento a todas Essas Mães Orisas que nos protegem e nos guardam durante todo o ano. Após o retorno do litoral paranaense o grupo juntou-se aos presentes para a realização do Ipete de Osun, dando o encerramento das atividades litúrgicas do ano de 2011.

A Familia Kiniba agradece a todos os que se fizeram presentes nas festividades ao longo do ano, e deseja aos amigos e simpatizantes e adeptos um ano de muitas conquistas.

Festa das Yabás

2011

Ase Ayra Kiniba

Rua do Rosário, 70 - Centro - Curitiba - PR(41) 3222 3045 www.casadasplacascuritiba.com.br

CASA DAS PLACAS CURITIBA

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Gravação Granito Mármore Bronze

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Convênio c/ Estacionamento Garmater

12 - Jornal Baraketu Out/2011