jornal atitude 22/03/2012

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Informativo dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação do ES - 22 de março de 2013 - Distribuição: Garoto Editorial As lideranças religiosas, sindicais, de movimentos sociais centradas nas cau- sas da humanidade têm tido um papel vital em todo o mundo, criando uma at- mosfera de motivação para as mudan- ças que favorecem a coletividade. Na última semana, foi eleito o novo chefe da Igreja Católica. Jorge Bertoglio, argenti- no, escolheu ser chamado papa Francis- co I. As nossas congratulações a todos os católicos. Que ele conduza com êxito a realização de trabalhos que beneficiem a humanidade, que conduza o segmen- to que representa com humildade, se- renidade e equilíbrio, que ele busque a harmonia no combate às desigualdades e à violência contra a vida. Como referência junto a todos os povos, nossa expectativa é que o Fran- cisco I possa desenvolver um trabalho de resgate da cidadania e fortaleça as organizações que tratam de políticas pú- blicas para a juventude mundial. Além disso, mostre a importância das lutas dos trabalhadores que vivem sob os constan- tes desafios da desvalorização diante de um mundo do trabalho obcecado pelo lucro. Líderes gover- namentais, religiosos e de movimentos sociais possuem autoridade concedida por quem os elege e podem contribuir na transfor- mação de um mundo melhor. Linda Morais Coordenadora Geral do Sindialimentação Na reunião entre empresa e Sindicato ocorrida na tarde da quinta-feira (20), o Sindicato cobrou da Ga- roto um posicionamento claro sobre o que está mo- tivando demissões na empresa. A Garoto negou que esteja fazendo demissões em massa e reduzindo mão de obra. Entretanto, temos informações de que foram demitidos trabalhadores com 12, 15 e mais de 20 anos de casa, além de trabalhadores doentes. É reprovável a política da empresa de descartar trabalhadores que estão em vias de se aposentar e que adoeceram nas linhas de produção da fábrica. Deixamos claro que nossa ação será firme pela reinte- gração dessas pessoas. Nossa posição é de que se a empresa estiver atra- vessando qualquer dificuldade que afete seu desem- penho, deverá antes de qualquer medida drástica, como a demissão, buscar outras alternativas, como a concessão de férias acumuladas. Nesse sentido, a em- presa confirmou 150 férias após a Páscoa. Agendamos uma outra reunião com a Chocolates Garoto. Man- teremos o diálogo, sim, e man- teremos também a nossa luta pela manutenção dos empre- gos. A empresa Chocolates Garoto é um patrimônio do povo capixaba. A luta pela preservação dos postos de trabalho, empregabi- lidade e pleno funciona- mento no Espírito Santo é uma luta de todos os capixabas. Sindicato cobra e empresa diz que não haverá demissões em massa NOSSA AÇÃO CONTRA DEMISSÕES Panfletagem: o Sindicato iniciou uma campanha nas igrejas para que a sociedade capixaba tome conhecimento sobre os riscos das demissões na Garoto.

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Informativo dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação do ES - 22 de março de 2013 - Distribuição: Garoto

EditorialAs lideranças religiosas, sindicais, de

movimentos sociais centradas nas cau-sas da humanidade têm tido um papel vital em todo o mundo, criando uma at-mosfera de motivação para as mudan-ças que favorecem a coletividade. Na última semana, foi eleito o novo chefe da Igreja Católica. Jorge Bertoglio, argenti-no, escolheu ser chamado papa Francis-co I. As nossas congratulações a todos os católicos. Que ele conduza com êxito a realização de trabalhos que beneficiem a humanidade, que conduza o segmen-to que representa com humildade, se-renidade e equilíbrio, que ele busque a harmonia no combate às desigualdades e à violência contra a vida.

Como referência junto a todos os povos, nossa expectativa é que o Fran-cisco I possa desenvolver um trabalho de resgate da cidadania e fortaleça as organizações que tratam de políticas pú-blicas para a juventude mundial. Além disso, mostre a importância das lutas dos trabalhadores que vivem sob os constan-tes desafios da desvalorização diante de um mundo do trabalho obcecado pelo lucro. Líderes gover-namentais, religiosos e de movimentos sociais possuem autoridade concedida por quem os elege e podem contribuir na transfor-mação de um mundo melhor.

Linda MoraisCoordenadora Geraldo Sindialimentação

Na reunião entre empresa e Sindicato ocorrida na tarde da quinta-feira (20), o Sindicato cobrou da Ga-roto um posicionamento claro sobre o que está mo-tivando demissões na empresa. A Garoto negou que esteja fazendo demissões em massa e reduzindo mão de obra. Entretanto, temos informações de que foram demitidos trabalhadores com 12, 15 e mais de 20 anos de casa, além de trabalhadores doentes.

É reprovável a política da empresa de descartar trabalhadores que estão em vias de se aposentar e que adoeceram nas linhas de produção da fábrica. Deixamos claro que nossa ação será firme pela reinte-gração dessas pessoas.

Nossa posição é de que se a empresa estiver atra-vessando qualquer dificuldade que afete seu desem-penho, deverá antes de qualquer medida drástica, como a demissão, buscar outras alternativas, como a concessão de férias acumuladas. Nesse sentido, a em-presa confirmou 150 férias após a Páscoa.

Agendamos uma outra reunião com a Chocolates Garoto. Man-

teremos o diálogo, sim, e man-teremos também a nossa luta pela manutenção dos empre-gos.

A empresa Chocolates Garoto é um patrimônio do povo capixaba. A luta pela preservação dos postos de trabalho, empregabi-lidade e pleno funciona-mento no Espírito Santo é uma luta de todos os capixabas.

Sindicato cobrae empresa dizque não haverá demissões em massa

NOSSA AÇÃO CONTRA DEMISSÕES

Panfletagem: o Sindicato iniciou uma campanha nas

igrejas para que a sociedade capixaba tome conhecimento sobre

os riscos das demissões na Garoto.

Sandra Maria Pereira de Sou-za chegou ao limite. Os calman-tes apenas disfarçavam as dores crônicas nos ombros e no tórax, a perda de cabelo e as unhas frá-geis. “Eu dizia: ‘estou muito can-sada, preciso de férias’”, Sandra conta. Mas foi exatamente du-rante as férias que ela descobriu que o problema não era apenas cansaço, era muito maior. Depois de uma crise aguda, o alerta de lesão por esforço repetitivo (LER) veio do médico do pronto-socor-ro, que não conseguia controlar as fortes dores que ela sentia. Mas Sandra precisava voltar a traba-lhar. De volta das férias, foi trans-ferida do artigo de época para o 30 gramas. Era agosto de 2006. Durante o movimento constante de abastecer a esteira, sentiu um forte estalo no ombro esquerdo. Não aguentou a dor e foi ao de-partamento médico. Lá, a mé-dica não soube identificar que a trabalhadora havia acabado de sofrer um sério rompimento do manguito esquerdo, um grupo de músculos e tendões respon-sáveis pelo movimento e susten-tação do ombro, e mandou a trabalhadora de volta para a li-nha de produção. Sem conseguir voltar para a sua função, Sandra decidiu ir embora para casa e marcou uma consulta no orto-pedista. Começava então uma batalha pela própria saúde e por justiça.

Depois de diversos exames, uma artro ressonância revelou que o manguito dos dois ombros da trabalhadora estavam com-prometidos por um grave desgas-te que resultou no rompimento da musculatura do membro es-querdo. “Seu caso é cirurgia, está muito inflamado”, ela conta so-

bre o diagnóstico médico. Em setem-bro de 2007 San-dra foi afastada das suas funções e em janeiro de 2007 se submeteu ao primeiro processo operatório. Dois meses depois, pas-sou por mais uma cirurgia.

Foi acidente de trabalhoParalelamente à luta pela

recuperação da saúde, Sandra precisou correr atrás dos próprios direitos. “Eu me afastei achando que ia voltar. Eu tinha esperan-ça de voltar a trabalhar”, ela diz. Mas o quadro de saúde não me-lhorou. E em setembro de 2007, a perícia do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) declarou que o caso da trabalhadora se enquadrava no código B91, para acidente de trabalho. A doença evoluiu, e em maio de 2008 San-dra precisou passar por mais uma cirurgia.

As dores não cessaram, e a trabalhadora teve que apren-der a conviver com os efeitos da deformação no corpo e na incapacidade de executar ati-vidades de rotina sozinha. “Senti uma rejeição muito grande. Tive que fazer tratamento, porque eu precisava aceitar os remédios e antidepressivos. Perdi minha saú-de, minha qualidade de vida”, desabafa.

Em junho de 2010, Sandra descobriu que a empresa tenta-va driblar seus direitos. “Eu rece-bi uma carta do INSS. A Garoto contestou o código 91, ela que-ria que fosse o 31, que é acidente comum”, protesta. Mas a carta garantia que o INSS considerava o caso de Sandra como aciden-

te de trabalho. Para a empresa, a diferença é que o código 91 lhe obrigava a conceder a San-dra uma série de benefícios di-ferentes do 31, inclusive o paga-mento de seguro acidente, além de uma vistoria no antigo local de trabalho de Sandra. Esse foi o primeiro golpe na confiança que ela depositava na empresa. “ Eu era muito ágil, muito dedicada. Eles queriam me colocar como operadora. Depois do aciden-te, pra eles, a gente se torna um nada”, lamenta.

No mês seguinte, mais uma vitória. O plano de saúde foi obri-gado a custear o tratamento de hidroterapia, que não constava no contrato mas foi requisitado pelo médico especialista.

Luta pela aposentadoria e seguro acidente

As idas e vindas nas perícias do INSS não indicavam progresso para uma reintegração ao tra-balho, e os médicos passaram a encaminhá-la para a aposenta-doria por invalidez. Ela então en-trou com um processo judicial na Vara Especializada em Acidente de Trabalho. Na sentença homo-logada em janeiro de 2010, cons-ta: “a autora [Sandra] possui uma incapacidade laboral total e de-finitiva, e (...) essa possui nexo de causa e efeito com as atividades exercidas no seu ambiente de

Trabalhadora acidentada briga na justiça para receber seus direitos

Sandra Souza sofreu um acidente em agosto de 2006. Depois de precisar provar que a lesão era resultado de um acidente de trabalho, ela batalha para receber o seguro que tem direito

Sandra não mostra o rosto mas revela as sequelas deixadas pelo acidente. Apesar das três cirurgias já realizadas, o ombro esquerdo sofreu uma atrofia que gera dores em toda a região e na coluna.

“Porque eu tenho que guar-dar isso?” questiona Sandra. Hoje, ela possui um processo judicial aberto que exige o pa-gamento do seguro. “Eu sei que na justiça eu vou ganhar”, asse-gura. Mas ela usa o Atitude para alertar os demais trabalhadores. “Não é pelo seguro que eu es-tou me expondo. Mesmo que eu não seja sindicalizada, eu quero dar o meu depoimento para que outros sejam ajudados”, es-clarece.

Ela quer com esse depoi-mento dar forças àqueles que já passaram, estão passando ou podem passar por uma situ-ação parecida. “Eles enganam

Linha vermelha indica desnível entre os ombros. Ela luta pelo seguro acidente para fazer um tratamento especializado fora do Espírito Santo.

25 de junho de 2010: empresa contestou a CAT que garantia que Sandra havia sofrido um acidente de

trabalho. Mas o INSS repetiu a sentença e de acidente...

23 de dezembro de 2011: depois de muita insistência para receber o seguro pela empresa Generali, a Garoto informou que estava encaminhando o caso para o Unibanco...

20 de fevereiro de 2013: o Unibanco informou que não possui nenhum registro em nome da trabalhadora

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Entenda o casoEu quero dar o meu depoimento para que outros sejam ajudados

trabalho”. Mas só em maio de 2012, o INSS assi-nou a aposentadoria da trabalhadora. “Foram quase sete anos para me aposentar”, calcula a trabalhadora.

Decidida a fazer valer seu direito assegura-do por lei, Sandra narra que foi diversas vezes até o RH da empresa buscar informações sobre como receber o seguro. “Quando eu chegava, todo mundo fugiam de mim. Era como se fos-se... ‘lá vem a chata’. Eu ligava e a secretária dizia que ele estava ocupado. Era uma falta de respeito enorme”, explica.

a categoria. Ela precisa saber. O que mais me deixou irritada foi eles mentirem para mim”, declara. Sandra deseja usar o dinheiro do seguro para buscar um tratamento diferenciado em São Paulo.

O Sindialimentação acompa-nha o caso de Sandra e defende melhores condições de trabalho para a categoria. Além disso, exi-ge maior clareza no procedimento para retirada do seguro acidente. Já recebemos denúncias de ou-tros trabalhadores que passaram por situação parecida por causa de problemas de saúde. Muitos têm são demitidos ou passam lon-gos anos para conseguir fazer va-ler seus direitos.

“Eu não quero guardar para mim o que estou passando”

Depois de tantas tentativas, em dezembro de 2011, a Garo-to enviou uma carta informado que o seguro da trabalhadora que estaria sob a responsabilida-de da empresa Generali Segu-ros estava sendo encaminhado para a análise da Unibanco Se-guros, a seguradora contratada pela Garoto na época do aci-dente. Mas ao pedir a abertura do protocolo para concessão do benefício na Unibanco, outra contradição: a seguradora não possuía nenhum registro com o nome da trabalhadora. De volta a empresa, nenhuma resposta. “Eu pedi o número da apólice e eles disseram ‘mas eu não pos-so te dar essa informação’. Eles não têm número de apólice. Fal-ta transparência. Quantos tam-bém estão passando por isso?”, questiona Sandra.

INFORMATIVO DOS TRABALHADORES NASINDÚSTRIAS DE ALIMENTAÇÃO DO ES

Estrada Jerônimo Monteiro, 1732 - Vila Velha - ESTelefone: 3339-5027E-mail: [email protected]

COORDENADORA GERAL DO SINDICATOLinda Morais

COORDENADOR DA SECRETARIA DE COMUNICAÇÃOElifas Medeiros

EDIÇÃO E DIAGRAMAÇÃOSylvia Ruth

Uma semana de beleza, informação e celebração da mulher de atitude. Foi assim a nossa série de eventos pelo Dia Internacio-nal da Mulher. A Semana contou com a parceria da Faculdade Novo Milênio, que trouxe alunos e professores das mais diversas áreas do conhecimento para bem perto das trabalhadoras da Garoto. “O objetivo é trazer o que a faculdade pode oferecer em nível de serviço específico para o público feminino. Os professo-res e alunos saem das quatro paredes, e vêm ao encontro desse público”, explica a Gerente de Relacionamento da Novo Milênio.

Massagem e limpeza de peleAs atividades começaram na

terça-feira, dia 5, com limpeza de pele, massagem e dicas de beleza. “As nossas alunas estão aqui para orientar sobre prevenção e sobre como continuar todos esses cuida-dos em casa, num preço acessível. São hábitos simples: lavar sempre o rosto, passar filtro solar, um creme

antes de dormir e outro quan-do acordar, você já sente a diferença”, orienta a coordenadora do curso de Estética e Cosméticos Ana Maria Dazzi.

A trabalhadora Alessandra Batista comemora a realização da Semana. “Vale a pena vir nesses eventos, foi ótimo. Uma massa-gem depois do serviço faz toda a diferença. Ser mulher de atitude é ter iniciativa”.

Orientação jurídicaO professor e advogado Gabriel Sartório reuniu a turma de alu-

nos para dar um plantão de assistência jurídica. “Elas procuram muito saber sobre direito do consumidor, divórcio, pensão e ques-tões trabalhistas”, explica. Muitas recebem encaminhamento para

os órgãos competentes. Quando é necessário, o Núcleo de Práticas Jurídicas da Faculdade acompanha o processo até o fim.

Delícias da gastronomiaNa quarta-feira, foi a vez das trabalhadoras saborearem delicio-

sas saladas e um criativo bolinho no palito, o cake-pop. A chef Aline Ricardo e seus colegas de faculdade trouxeram receitas simples e refrescantes. O cake-pop, com bolo de chocolate e doce de leite, adoçou a tarde das trabalhadoras.

Saúde: conscientizaçãoA quinta-feira encerrou o ciclo de palestras com informações so-

bre câncer métodos contraceptivos e planejamento familiar, de mama e câncer de colo do útero.“Elas tiraram dúvidas, demonstraram muito interesse e desejo de conhecer. Como o ambiente é voltado

para elas, e o público é todo feminino, elas tiveram mais liberdade para perguntar”, comemora a estudante do oitavo período de Enfermagem da Novo Milênio, Mariana Pupim.

Coquetel para celebrar a dataA sexta-feira coroou a Se-

mana da Mulher com coque-tel e cup-cake, outra delícia oferecida pelo curso de Gas-tronomia da Faculdade Novo Milênio. “Tive muita vontade de vir em todos os dias, mas só pude vir hoje (sexta-feira). E valeu, é boa essa convivên-cia fora da fábrica. Mulher de atitude é aquela que foca numa coisa e sabe o que quer. Já levanta da cama com tudo o que vai fazer em mente e corre atrás”, conta a trabalhadora Ozenir Paresqui Constantino.

As trabalhadoras sindicalizadas também receberam uma bela nécessaire térmica com um kit de beleza. O brinde foi um ofereci-mento do Sindialimentação com o apoio de Luzia Cabeleireira e Mar-chetti Uniformes.

Semana da Mullher de Atitude promove integração entre trabalhadoras