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arquitetando INFORMATIVO DO SINDICATO DOS ARQUITETOS E URBANISTAS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 2009 OUTUBRO 08 NÚMERO Arquitetos e urbanistas estão a um passo de uma conquista histórica: a criação de um Conselho autônomo de Arquitetura e Urbanismo. O Projeto de Lei enviado ao Congresso pelo Executivo, criando o CAU e regulamen- tando o exercício da Arquitetura e do Urba- nismo foi aprovado, por unanimidade, na Comissão de Trabalho, Administração e Servi- ço Público. A mobilização dos pro- fissionais e a atuação conjunta das entida- des foram fundamen- tais para esta primei- ra vitória, que contou também com um apoio especial: o do mestre Oscar Niemeyer, cuja carta foi lida, em coro e em tom emociona- do, durante audiência pública na Câmara dos Deputados. Arquitetos mobilizados pelo Conselho MP contra campus da Rural em Três Rios Local em que está sendo construído o campus da UFRRJ, na cidade do Centro- Sul Fluminense, vai trazer prejuízos para a cidade e a população. Pág. 8 SARJ vai eleger delegação para 33º ENSA Encontro Nacional dos Sindicatos de Arquitetos será de 11 a 14 de novembro, em São Paulo. Em pauta, a criação do CAU e a Assistência Técnica gratuita para habitação de interesse social. Pág. 3 Projeto do PAC beneficia mais as empresas Programa Minha Casa, Minha Vida, lançado pelo governo federal e para ser executado pelas prefeituras e estados, beneficia mais as empresas do que a população a que se destina. Pág. 6 Ao registrar a sua ART, indique SARJ ou código 25, como Entidade beneficiada. A sua indicação ajuda o SARJ a promover cursos, palestras, seminários e outras atividades de valorização profissional. ART Páginas 4 e 5

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Edição número 08 de outubro de 2009. Informativo do Sindicato dos Arquitetos e Urbanistas no Estado do Rio de Janeiro - Brasil.

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arquitetandoI N F O R M AT I V O D O S I N D I C AT O D O S A R Q U I T E T O S E U R B A N I S TA S N O E S TA D O D O R I O D E J A N E I R O

2009OUTUBRO

08NÚMERO

Arquitetos e urbanistas estão a um passo de uma conquista histórica: a

criação de um Conselho autônomo de Arquitetura e Urbanismo. O Projeto

de Lei enviado ao Congresso pelo Executivo, criando o CAU e regulamen-

tando o exercício da

Arquitetura e do Urba-

nismo foi aprovado,

por unanimidade, na

Comissão de Trabalho,

Administração e Servi-

ço Público.

A mobilização dos pro-

fissionais e a atuação

conjunta das entida-

des foram fundamen-

tais para esta primei-

ra vitória, que contou

também com um apoio

especial: o do mestre

Oscar Niemeyer, cuja

carta foi lida, em coro

e em tom emociona-

do, durante audiência

pública na Câmara

dos Deputados.

Arquitetos mobilizados pelo Conselho

MP contra campus daRural em Três Rios

Local em que está sendo

construído o campus da

UFRRJ, na cidade do Centro-

Sul Fluminense, vai trazer

prejuízos para a cidade e a

população.

Pág. 8

SARJ vai eleger delegaçãopara 33º ENSA

Encontro Nacional dos Sindicatos

de Arquitetos será de 11 a 14 de

novembro, em São Paulo. Em

pauta, a criação do CAU e a

Assistência Técnica gratuita para

habitação de interesse social.

Pág. 3

Projeto do PAC beneficiamais as empresas

Programa Minha Casa, Minha Vida,

lançado pelo governo federal e para

ser executado pelas prefeituras e

estados, beneficia mais as

empresas do que a população

a que se destina.

Pág. 6

Ao registrar a sua ART, indique SARJ ou código 25, como Entidade beneficiada. A sua indicação ajudao SARJ a promover cursos, palestras, seminários e outras atividades de valorização profissional.A R T

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2009ARQUITETANDO

O U T U B O

• USA (Unidade de Serviços de

Arquitetura) para outubro/09: R$ 37,04

• HORA TÉCNICA:

para trabalhos até 168h = 97,07

para trabalhos acima de 168h = 72,81

• SALÁRIO MÍNIMO PROFISSIONAL:

6 horas X 6 salarios mínimos = 2.790,00

7 horas X 7,5 salarios mínimos = 3.487,50

8 horas X 9 salario mínimos = 4.185,00

I n d i c a d o r e s

E x p e d i e n t e

arquitetandoINFORMATIVO DO SINDICATO

DOS ARQUITETOS E URBANISTASNO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

PRESIDENTE

JEFERSON ROSELO MOTA SALAZAR

VICE-PRESIDENTE

IZIDORO JERÔNIMO DA ROCHA

SECRETÁRIA GERAL

CARMEN FIDELIS BATEIRA

TESOUREIRO

ALEXANDER REIS

1º DIRETOR

ALEXANDRE LOURENÇO DA SILVA

2º DIRETOR

EDINALDO JOSÉ DE SOUZA

3º DIRETOR

CLÁUDIO LUIZ O. RIBEIRO

DIRETORES SUPLENTES

MAURÍCIO MONTEIRO CAMPBELL

MARCOS DE FARIA ASEVEDO

DARUIZ CASTELLANI

CONSELHEIROS (TITULARES)JORGE DE ABREU FIGUEIREDO

PAULO OSCAR SAAD

CELSO EVARISTO DA SILVA

CONSELHEIRO (SUPLENTE)MAURI VIEIRA DA SILVA

REPRESENTANTE NA FNA (TITULAR)PAULO OSCAR SAAD

REPRESENTANTE

NO IAB-RJ (TITULAR)MAURÍCIO MONTEIRO CAMPBELL

REPRESENTANTE

NA CUT-RJ (TITULAR)CELSO EVARISTO DA SILVA

EDITOR

NILO SERGIO GOMES

REPORTAGEM: RAFAELA PEREIRA

PROJETO GRÁFICO / DIAGRAMAÇÃO

JUAREZ QUIRINO

FOTOS

ARQUIVO SARJ

TIRAGEM

11 MIL EXEMPLARES

IMPRESSÃO

NEWSTEC GRÁFICA

Sede do SARJ

RUA EVARISTO DA VEIGA, 47/706 - CENTRO

RIO DE JANEIRO /RJ - CEP 20031-040

TELS.:(21)2240-1181 /

(21)2544-6983 (TEL/FAX)

Funcionamento

DE SEGUNDA-FEIRA A SEXTA-FEIRA,DAS 09:00H ÁS 18:00H

[email protected]

www.sarj.org.br

E d i t o r i a l

Mais um Arquitetando em circulação, porum lado trazendo aos arquitetos e urbanistastemas de interesse dos profissionais, mas poroutro lado a necessidade de fazermos profun-das reflexões acerca do que está por vir.

O país atravessou a crise internacional do ca-pitalismo sem grandes percalços, se comparadocom os países desenvolvidos e os em desenvolvi-mento. As reservas do pré-sal prometem transfor-mar o país, e o nosso Estado em particular, em umdos maiores produtores de petróleo do mundo. ORio de Janeiro é o Estado que conta com os maio-res recursos do PAC - Programa de Aceleração doCrescimento. Há investimentos previstos para oComperj, Arco Metropolitano, aeroportos, portos,geração de energia, saneamento, urbanização defavelas, habitação, transporte, entre outros.

Como cidadãos, temos motivos para come-morar a realização da copa do mundo de 2014 noBrasil e o fato de sermos uma das cidades contem-pladas com a realização dos jogos, além, é claro,da recente conquista para sediar as olimpíadas eparaolimpíadas de 2016, eventos obrigatoria-mente acompanhados de vultosos recursos apli-cados em diversas frentes de obras.

Mas, como profissionais, queremos pensarem investimentos públicos integrados com as po-líticas públicas de habitação e direito à cidade,discutidos nos fóruns de participação da socie-dade civil organizada. No plano nacional, o pro-jeto “Minha Casa Minha Vida” passou ao largo doConselho Nacional das Cidades e do Plano Naci-onal de Habitação. Por outro lado, o Governo doEstado sequer empossou os membros do Conse-lho Estadual das Cidades, eleitos em Conferênciaonde o próprio Estado participou da convocaçãoe organização, em 2007. Tampouco o fez a Prefei-tura em relação ao Conselho Municipal da Cida-de, Cuja Conferência também foi realizada em2007. Em ambos os casos, foram instalados ape-nas os respectivos Conselhos Gestores, o que deixaevidente que o único interesse é legitimar a aloca-ção dos recursos federais, sem debates ou questio-namentos. Diga-se de passagem, que a Cidade do

Rio de Janeiro é a única capital brasileira que ain-da não tem um Plano Diretor aprovado, cujo pra-zo para aprovação expirou desde 10 de outubrode 2006.

Teremos muita luta para garantir que os pro-jetos sejam contratados através de licitações pú-blicas e elaborados por profissionais legalmentehabilitados e registrados no conselho profissional.Não podemos fechar os olhos para contrataçõesde projetos como o Museu da Imagem e do Som eda Cidade da Música, este último já objeto de açãodo Ministério Público. Ao arrepio de toda legisla-ção nacional, o projeto do MIS foi contratado semlicitação pública ao escritório nova iorquino Dil-ler Scofidio + Renfro, que sequer tem registro noCREA-RJ. Flagrante desrespeito aos arquitetos e àarquitetura brasileira, e que se depender do SARJos responsáveis não ficarão impunes. Contratosmilionários, se comparados aos contratos de ur-banização de favelas, a exemplo da Rocinha, cujaimportância e abrangência social são, indiscuti-velmente, muito maiores que os exemplos citados,bem como o próprio escopo de trabalho.

Outros desafios estão na ordem do dia e se-rão objetos de amplos debates no 33o ENSA –Encontro Nacional de Sindicatos de Arquitetos,a ser realizado de 11 a 14 de novembro de 2009,na Cidade de São Paulo. Dentre estes desafiosdestacamos dois, de extrema importância paraos Arquitetos e Urbanistas brasileiros: o primei-ro é criação do CAU – Conselho de Arquiteturae Urbanismo (PL 4413/2008), luta histórica dacategoria, que contou, inclusive, com a mobili-zação do nosso Arquiteto Maior, Oscar Nie-meyer; o segundo é a implantação nos municí-pios brasileiros da Lei 11.888/2008, que garan-te a prestação de serviços de arquitetura e enge-nharia para a população com faixa de renda dezero a três salários mínimos, com a remunera-ção dos profissionais paga pelo poder público,garantido a esta parcela da população o acessoa serviços de qualidade e aos profissionais, aoportunidade de demonstrar que a boa arqui-tetura deve ser um direito universal.

Jeferson Roselo Mota Salazar

Presidente do SARJ

Edital de Convocação

Assembléia Geral

Extraordinária

O Presidente do Sindicato dos Ar-quitetos e Urbanistas no Estado doRio de Janeiro - SARJ, Arquiteto Je-ferson Roselo Mota Salazar, no usodas suas atribuições, determinadasna alínea “f” do Artigo 18º, dos Esta-tutos do SARJ, conforme deliberaçãoda Diretoria Colegiada, em reuniãono dia 05 de outubro de 2009, nasede do SARJ, de acordo com o Arti-go 13º - § 3º, convoca os seus Asso-ciados para Assembléia Geral Extra-ordinária a ser realizada no dia 21/10/2009, na sede do SENGE – Sin-dicato dos Engenheiros do RJ, naAv. Rio Branco, 277/17º andar – Cen-tro – RJ, tendo como pauta:

1) Fixação do valor daContribuição Sindical para oano de 2010;

2) Fixação da Contribuição Socialpara o ano de 2010;

3) Eleição de delegados para oEncontro Nacional de Sindicatosde Arquitetos, que serárealizado de 11 a 14/11/2009,na Cidade de São Paulo, SP.

A Assembléia Geral será instalada às18h, em primeira convocação, se oquorum mínimo for alcançado, ouàs 18:30h, em segunda e última con-vocação, com qualquer número deassociados presentes.

Rio de Janeiro, 09 de outubro de 2009.

Jeferson Roselo Mota SalazarPresidente do SARJ

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ARQUITETANDO

O SARJ e a CâmaraMunicipal de Ararua-ma realizaram, no úl-timo 7 de outubro, oseminário “Desafiospara a implantaçãoda Assistência Técni-ca gratuita para Pro-jeto e a Construçãode Habitação de In-teresse Social”. O ob-jetivo foi divulgar a lei11.888/08, que assegu-ra a prestação destesserviços, bem como formular propostas queviabilizem programas deste tipo nos municí-pios fluminenses, articulados ao Plano Nacio-nal de Habitação e aos planos locais de habi-tação de interesse social.

O seminário teve o apoio da Prefeituralocal e de diversas entidades, entre elas, oCrea-RJ, Sindicato dos Engenheiros/RJ e aAssociação Leste-Fluminense de Engenhei-ros e Arquitetos (Alfea). Estiveram presen-tes o presidente da FNA, Angelo Arruda; osupervisor de Assistência Técnica da CEF, Car-los Abrantes de Souza e Silva; o vereador Os-valdo Norberto Gonçalves Filho; o represen-

Seminário Regional Leste – Araruama

Assistência técnica gratuita em debate

Implantação do Conselho de Arquitetura e Ur-banismo (CAU), Assistência Técnica gratuita ahabitações de interesse social e o exercício pro-fissional do arquiteto e urbanista. Estes são al-guns dos pontos que estarão em debate no33º Encontro Nacional de Sindi-catos de Arquitetos e Urbanistas(ENSA), que reunirá profissionaisde todo o país, em São Paulo, entre11 e 14 de novembro, organizadopela Federação Nacional dos Arqui-tetos (FNA). O Encontro será realizadocomo parte da programação da VIII Bie-nal Internacional de Arquitetura e irá celebrar os30 anos de fundação da Federação dos Arquite-tos e Urbanistas.

De acordo com Alex Reis, diretor do SARJ,esse será o espaço para discutir questões nacio-nais, pois é instância máxima de decisão da FNA.“O ENSA é o momento principal dos sindicatospara que tenhamos deliberações conjuntas. Cabe

33º ENSA debate criação do Conselhoà Federação Nacional dos Arquitetos sistemati-zar esses assuntos, articular e executá-los”, diz.

O SARJ levará como pauta principal o deba-te sobre o Conselho de Arquitetura e Urba-

nismo, pois “hoje essa é a nossa principalluta. Levaremos também nossa experi-

ência na Assistência Técnica e questõesque são comuns aos outros sindica-

tos, como acordos coletivos, papel dosindicato e o salário mínimo profis-sional”, adianta o dirigente.

Para o arquiteto Daruiz Castellani, noeixo temático do ENSA falta o debate sobre aconjuntura nacional. “Temos que falar sobre con-juntura. Na verdade, ela deveria ser primeiro pon-to de pauta e todo o restante viria depois, amar-rado na conjuntura”, avalia.

Nessa edição o SARJ se fará representar pordelegação de até 10 profissionais, a serem elei-tos na assembléia convocada pelo sindicato para21 de outubro.

Programação do 33º ENSA

11 e 12 de novembro

Seminário Nacional - “Sustentabilidade e Produção emEscala de Habitação de Interesse Social -Projetando o futuro”Local: Auditório da Bienal - Parque Ibirapuera, São Paulo

12 de novembro

20h - sessão solene de abertura do ENSALocal: auditório da Bienal

13 de novembro

Local: auditório do Hotel Intercity MoemaSessão Plenária I: Sessão de AberturaCoordenação: Ângelo ArrudaRelatoria: Elza Kunze

Grupo de Trabalho IAs questões sindicaisCoordenação: Valeska PintoRalatoria: Jeferson Salazar

Grupo de Trabalho IIA habitação e o programa Minha Casa, Minha VidaCoordenação: Berthelina CostaRelatoria: Antônio Menezes Junior

Grupo de Trabalho IIIO exercício profissional do Arquiteto e UrbanistaCoordenação: Raimundo NonatoRelatoria: Paulo Saad

14 de novembro

Sessão Plenária IVA implantação do CAU -propostas da FNA para a gestão do CAUCoordenação: Eduardo Bimbi e Paulo SaadRelator: Jeferson Salazar

Sessão Plenária VAs relações institucionais, políticase o planejamento da FNA para 2010Coordenação: Ângelo Arruda e Eduardo BimbiRalator: Luis Eduardo Costa

Temas Finais

1 - Estatuto da FNA e Regimento Eleitoral 20102 - Discussão sobre os balanços e balancetesda FNA e previsão orçamentária3 - Discussão do 34º ENSA e aprovaçãodo balanço 2009 e balancetes

tante da Secretaria de Obras e Urbanismo, Hé-lio Erse Filho; a coordenadora do Mov. Nac. deLuta pela Moradia, Maria de Lourdes LopesFonseca; Gerônimo Leitão, diretor da Escola deArquitetura e Urbanismo da UFF; o presidenteda Alfea, Anderson Luiz Domingues Ferreira;Paulo Oscar Saad, do Crea-RJ; e Jeferson Sala-zar, presidente do SARJ, entre outros profissio-nais e representantes dos movimentos sociais.

O vereador Osvaldo Norberto se com-prometeu a elaborar uma lei municipal deassistência técnica, que já conta com o apoioda Câmara e da Prefeitura e que terá a con-tribuição do SARJ.

Da esquerda para a direira, o pres. da Alfea, Anderson Ferreira; o coord. daRegional Leste do Crea Octávio Caetano Jr.; o Sec. de Obras, Xico Pintado,representando o prefeito de Araruama; o Pres. da Câmara Municipal deAraruama, José Eurico; o pres. do SARJ Jeferson Salazar; vereador OsvaldoNorberto Gonçalves Filho; o pres. da Câmara Municipal de Iguaba Grande,Edmundo Silveira; e o pres. do Senge-RJ, Olímpio Santos.

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O U T U B O

Arquitetos e urbanistas a

Nação”. E conclui sua carta, dirigindo-se aos con-gressistas:

“Neste sentido, respeitosamente me dirijo a Vos-sas Excelências para solicitar a aprovação do referi-do Projeto de Lei (4413/2008), que significará umimportante passo para a regulamentação autôno-ma da nossa profissão, combinado com o mais ele-vado espírito público de defender e servir com qua-lidade a sociedade brasileira na prestação dos nos-sos serviços profissionais”.

A carta de Niemeyer foi lida, em coro, por de-zenas de profissionais que compareceram à au-diência pública realizada pela Comissão de Traba-lho, em 26 de agosto último, causando profundaemoção entre os parlamentares e os presentes.

Luta mobilizaprofissionais no país

A leitura da carta na Câmara, aíntegra da carta do arquiteto edo parecer elaborado pelacomissão conjunta do SARJ e doIAB/RJ, bem como a íntegra dooriginal do PL 4413/2008 estãodisponíveis no Portal do SARJ

( w w w . s a r j . o r g . b r )

Saiba mais:

Essas e outras emendas foram derrubadas navotação em plenário da Comissão de Trabalho,graças a uma intensa campanha que mobilizouos profissionais, em todo país. Centenas de men-sagens foram enviadas aos correios eletrônicosdos parlamentares da Comissão. A mobilizaçãopela criação do CAU conquistou diversos apoi-os, mas um foi muito especial e determinante.O do mestre Oscar Niemeyer. Em carta enviadaa todos os congressistas, ele escreveu:

“A criação do Conselho de Arquitetura e Ur-banismo representa o resgate de uma reivindi-cação histórica de mais de 50 anos dos arquite-tos e urbanistas e será um importante instru-mento de defesa da sociedade brasileira con-temporânea”. Em outro trecho da carta, o mes-tre afirma:

“Próximo de completar 102 anos de idadeeu poderia afirmar que tenho mais de 102 mo-tivos para me manifestar a favor da criação doCAU, mas isso tornaria essa minha manifesta-ção interminável”. A seguir, Niemeyer expõe oque pensa sobre a importância da criação doConselho: “Acrescento apenas que a criação doCAU representará o reconhecimento pela soci-edade brasileira da importância dos serviços quenós, Arquitetos e Urbanistas, temos prestado à

A matéria aprovada pelos parlamentares da Co-missão cria o CAU, com atribuições legais de regu-lamentação e de fiscalização do exercício profissi-onal da arquitetura e urbanismo, e agora segue,em regime de prioridade, para as Comissões deFinanças e Tributação e de Constituição e Justiça ede Cidadania.

É ainda uma primeira vitória. Contudo, não foi umavitória fácil. O SARJ e o IAB/RJ mobilizaram-se, cons-tituindo comissão especial para análise das 23emendas dos parlamentares apresentadas ao PL4413, de autoria do Poder Executivo. Este PL regu-lamenta o exercício da Arquitetura e Urbanismo,cria a instância do Conselho de Arquitetura e Urba-nismo do Brasil (CAU/BR) e dos Conselhos Estadu-ais e do Distrito Federal, e dá outras providências,tais como definir a abrangência dos campos deatuação profissional e as atribuições pertinentesaos arquitetos e urbanistas.

Para se ter uma idéia do que foi o trabalho de aná-lise da comissão do SARJ e do IAB/RJ, algumas das23 emendas apresentadas pelos parlamentares sóeram devidamente compreendidas, quando vistasem seu conjunto. Cinco delas, por exemplo, deautoria do deputado Vicentinho (PT-SP), quandoreunidas produziam efeitos corrosivos, pois desti-tuíam o CAU do poder regulamentador e de fisca-lização do exercício profissional da arquitetura eurbanismo. Ou seja, criavam uma situação inusita-da: um Conselho sem poder de regular e fiscalizaro próprio exercício profissional.

A criação do Conselho de

Arquitetura e Urbanismo

(CAU) ficou mais próxima e

viável. Foi aprovado, por

unanimidade, na Comissão

de Trabalho, Administração

e Serviço Público, da

Câmara dos Deputados, o

parecer do deputado Luis

Carlos Busato (PTB/RS)

sobre as emendas ao

Projeto de Lei 4413/2008.

Decisão da Comissão de Trabalho da Câmara dos Deputados foi unânime

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ARQUITETANDO

Porém, somente ela não seria suficiente para aconquista que representou a aprovação do pare-cer na Comissão de Trabalho, Administração e Ser-viço Público, a primeira em que o Projeto de Lei foiapreciado, com a apresentação de 23 emendas,que depois foram votadas no parecer final apre-sentado pelo deputado Luis Carlos Busato, do PTBgaúcho. Arquiteto por formação, o parlamentar teveatuação decisiva, acolhendo tanto as seis emen-das apresentadas pelo SARJ, através do deputadofederal Carlos Santana (PT-RJ), quanto a avaliaçãoconjunta do PL 4413/2008 elaborada em parceriapelo SARJ e o IAB/RJ.

Das 15 emendas apresentadas pelo deputadoVicentinho, por exemplo, cinco delas (01, 05, 08, 12e 14), vistas em conjunto, desfiguravam o própriosentido do Projeto de Lei do Executivo. Na avaliaçãodas duas entidades, é afirmado que “Este conjuntode emendas deve ser analisado em bloco porque acombinação das emendas propostas prejudica deforma irremediável a regulamentação do exercícioprofissional da Arquitetura e Urbanismo pelo PL4413/2008”. E adiante o texto explicita as conseqü-ências das emendas, caso aprovadas. Tais como amanutenção do termo “Arquitetura” na nominaçãodo sistema Confea/Crea’s e a duplicidade de poderde regulamentação do exercício profissional tantopelo CAU quanto pelo Confea.

Uma outra conseqüência das emendas acimamencionadas, em seu efeito de conjunto, era fa-cultar aos profissionais de arquitetura e urbanismoo direito de registro opcional no sistema Confea/Crea’s ou no CAU, “desconhecendo que o elemen-to fundamental para a criação de um Conselho é aprerrogativa da exclusividade para fiscalizar e re-gulamentar o exercício da profissão, o que implicaem registro obrigatório de todos aqueles que exer-cem ou exercerão aquela profissão em apenas umúnico Conselho profissional”, diz o texto da avalia-ção conjunta das entidades. Tal situação, segundoa análise, “servirá apenas para gerar conflitos decompetência que só teriam solução através de in-finitas ações judiciais, com prejuízos para toda asociedade civil. Portanto, inaceitável”.

Acervo técnicoe eleição direta

Outras emendas do mesmo depu-tado Vicentinho, no entanto, foramacolhidas pelas entidades e suas apro-vações recomendadas ao relator doPL na Comissão de Trabalho. Uma de-las a que propôs a supressão de umparágrafo do artigo 14, que definiaser “O acervo de produção de socie-dade constituído por todas as ativida-des por ela desenvolvidas nos cam-pos da arquitetura e urbanismo”.

Na avaliação do SARJ e do IAB/RJ, a emenda é integralmente acei-ta, sob o argumento fundamental deque “O acervo técnico dos arquite-tos e urbanistas, assim como dos en-genheiros, é um pilar fundador daprofissão. O registro de autoria, co-autoria, responsabilidade técnica e participação éum direito do arquiteto e urbanista e se materia-liza no acervo técnico, consistindo, portanto, empatrimônio inalienável do profissional”.

E o texto das entidades arremata: “O chamadoacervo de produção é uma figura imprecisa e in-definida, que passará a representar efetivo direito,reduzindo a importância da existência de vínculoentre os profissionais e empresas nos processoslicitatórios”.

Uma outra emenda polêmica foi a que estabe-lecia o voto direto para presidente do CAU, paratodos arquitetos e urbanistas, desde que em diacom suas obrigações. Na avaliação, a comissão doSARJ e do IAB/RJ adverte que “Não podemos per-mitir que se estabeleça uma confusão entre con-quista democrática e eleição presidencial; a cate-goria deseja é a democracia da escolha de profissi-onais da categoria que exerçam em seu nome adireção/gerenciamento da sua profissão, atravésde conselho próprio. A estrutura presidencialistase mostrou ineficiente administrativamente e cen-

Atuação do SARJ e do IAB/RJ foi decisivaComo não se via há muito tempo, a intensa mobilização dosarquitetos e urbanistas em defesa de uma lei que regulamenta oexercício da profissão e cria o Conselho próprio, foi fundamentalpara a aprovação da lei pela Comissão de deputados da Câmara.

tralizadora do ponto de vista político, levando ospresidentes de Crea’s a um descompromisso como plenário, instância maior de deliberação”.

No texto, a comissão defende a estrutura pro-posta pelo relator, considerada “um avanço na ges-tão democrática do CAU/BR e dos CAU’s dos estados,priorizando uma estrutura parlamentarista em quetodos os Conselheiros, eleitos através de eleiçõesdiretas e democráticas, terão o mesmo peso políticona composição do plenário e o presidente, eleitoentre os seus pares, estará mais comprometido coma gestão participativa e democrática do Conselho”.

A primeira vitória está conquistada. Mas outrospassos importantes virão pela frente. O PL-4413/2008, com as emendas aprovadas na Comissão deTrabalho, segue agora para debate e aprovação nasComissões de Finanças e Tributação, seguindo de-pois para a Comissão de Constituição e Justiça ede Cidadania. A mobilização continua, pois, o Con-selho autônomo de Arquitetura e Urbanismo estáa um passo de ser conquistado, após mais de meioséculo de lutas.

Arquitetos e urbanistas foram em peso à

audiência pública, na Câmara

um passo do Conselho

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2009ARQUITETANDO

O U T U B O

Lançado com pompa e circunstância há seis me-ses o programa do governo federal “Minha casa,minha vida” tem a ambiciosa proposta de construirum milhão de moradias, das quais 40% destinadasà população com renda familiar de até três saláriosmínimos. Notícias recentes informam que após osprimeiros meses de ajustes do programa – tantopor parte das construtoras quanto dos governosestaduais e municipais, parceiros da União – é pos-sível atingir a meta de 400 mil casas previstas até ofinal de 2009.

Há consenso sobre a necessidade de solucio-nar o déficit habitacional no país. A carência demoradias, sobretudo para os setores populares, alia-se ao poderoso imaginário que a casa própria exer-ce sobre essas parcelas da população. Como apon-tam os arquitetos Pedro Fiori e Mariana Fix, “a casaprópria é percebida e vivida pelas camadas popu-lares como bastião da sobrevivência familiar, aindamais em tempos de crise e de instabilidade cres-cente no mundo do trabalho”.

Mas, há dúvidas sobre o real atendimento a estademanda. Do déficit urbano total, 15,3% corres-pondem a famílias com renda entre 3 e 10 saláriosmínimos. No entanto, 60% das unidades e 53% dosubsídio político do programa destinam-se a essecontingente, que poderá ter seu déficit reduzidoem 70%. Não por acaso, trata-se da faixa mais lu-crativa para o mercado imobiliário. Por sua vez, fa-mílias que possuem renda de até 3 salários, queconcentram 82,5% do déficit urbano, receberãoapenas 40% das unidades, solucionando parcos 8%do déficit desta camada social.

Outros números são importantes na análise.Como apontam Fiori e Fix, “enquanto o trabalha-dor recebe uma casa com apenas 32 m2 de áreaútil (modelo proposto pela CEF), provavelmentenas periferias extremas, a empreiteira pode rece-ber por essa casa-mercadoria até R$ 48 mil, ou R$1,4 mil por m2”. Fica evidente quem mais se bene-ficia no resultado.

Os setores imobiliário e da construção civil nãotêm o que reclamar, já que a ênfase desta políticahabitacional recai sobre a construção de novas uni-dades. Mas esta não deve ser encarada como úni-ca alternativa, sobretudo, se confrontamos os se-guintes números: o atual déficit habitacional urba-no do país é estimado em 7,2 milhões de domicí-lios; já o número de habitações vazias chega a 6,7milhões de unidades. Mesmo considerando que

Minha casa, minha vida

nem todas essas possam ser ocupadas, o dado ébastante significativo para não ser considerado.

Se o foco do plano habitacional nacional mu-dar da construção para o beneficiário, passa a serfundamental considerar outras possibilidades quenão apenas a criação de novas unidades. Comoadvertiu Marcos Asevedo, diretor do SARJ, aindaque haja ganhos com relação à política de empre-gos na construção, com relação à política habitaci-onal e de desenvolvimento urbano as consequên-cias do programa tendem a ser desastrosas. É o

Faltam infraestrutura e serviços básicos

Segundo informações da Secretaria Municipalde Habitação, até o início de agosto foram en-quadrados 77 empreendimentos, equivalentesa 26 mil unidades residenciais, com pouco maisda metade destinada à população com rendafamiliar até três salários mínimos. Ocorre quetodos eles serão implantados em bairros daZona Oeste, em ruas sem infraestrutura e semacesso aos serviços públicos básicos e ao siste-ma de transporte coletivo. Esta carência abso-luta, que é sinônimo de preços baixos dos terre-nos, compromete a possibilidade de uma vidadigna às famílias que irão residir nesses conjun-tos e, ao mesmo tempo, assegura altos lucrosaos empreendedores.

A Prefeitura admite a implantação dos em-preendimentos nas condições mencionadas enão toma qualquer providência para que os ter-renos e imóveis vazios e subutilizados, localiza-dos em áreas apropriadas à ocupação, sejamdestinados para a implantação de programasde habitação de interesse social. Aliás, a ausên-cia do debate desse e de outros temas que sãorelevantes para a política habitacional, no âm-bito do processo de revisão do Plano Diretor, de-monstra a completa falta de compromisso daPrefeitura com a implementação dos instru-

mentos previstos no Estatuto da Cidade, quepermitiriam enfrentar a grave crise habitacio-nal que se abate sobre as camadas populares.

Observa-se, portanto, em nível municipal, omesmo desprezo pela participação popular e arepetição dos erros verificados no plano nacio-nal. O programa foi elaborado pela Casa Civil ea Fazenda, em diálogo direto com os setores em-presariais; o ministério das Cidades foi posto delado, o Plano Nacional de Habitação foi ignora-do, o Estatuto da Cidade esquecido e o Conse-lho das Cidades sequer foi consultado. O Fundode Habitação de Interesse Social (FNHIS) e o seuConselho foram dispensados.

Pela maneira como foi elaborado e con-duzido, o programa reforça um modelo queexpulsa os pobres para a periferia das cida-des, oferecendo como única alternativa demoradia grandes conjuntos, com densidadepopulacional altíssima, localizados em bair-ros precários, sem infra-estrutura e serviçospúblicos. Empregos são criados, movimenta-se a economia num panorama de crise e, detoda forma, diminui-se o déficit habitacio-nal. Porém permanecem intactas as variá-veis que levaram e levam o país a enfrentaruma grave crise urbana e habitacional.

Projeto beneficia mais as empresasProjeto do PAC, construção de moradias no Rio vai beneficiar bem mais aos

empreendedores e construtoras do que mesmo à população a que se destina

que se pode observar agora, avaliando os primei-ros resultados do programa no Rio de Janeiro.

A aprovação da Lei Complementar 97/2009, porexemplo, contribuiu para acentuar os aspectos ne-gativos do programa, ao permitir a implantação degrandes conjuntos, com até 500 unidades residen-ciais, sem estabelecer qualquer restrição a que es-ses conjuntos possam ser implantados um ao ladodo outro, em terrenos contíguos. Ou seja, facilita-se a criação de áreas com alta densidade populaci-onal e totalmente desarticuladas do tecido urbano.

O U T U B R O

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2009OU T U B R O

ARQUITETANDO

A Secretaria de Urbanismo concluiue o prefeito encaminhou à Câmara,em setembro, a sua nova propostapara o Plano Diretor da cidade, emface da má qualidade do Plano queestá na Câmara e da desistência daadministração anterior.

Em se tratando de um novo ho-rizonte programático, é aceitávelque se construa uma nova propos-ta de Plano Diretor, desde que comnovos métodos. Entretanto, estásendo usado um artifício processu-al que condena as ações da Prefei-tura e compromete seriamente aidoneidade da Câmara dos Verea-dores: para agilizar a sua discussãoe aprovação, o novo Plano Diretor– um amplo e extenso documento– está sendo tratado como umaemenda ao Plano anterior (conhe-cido como Substitutivo 3).

Convenio firmado entre o Gover-no do Estado e a Fundação RobertoMarinho teve por finalidade a realiza-ção de concurso privado de projetosde arquitetura, para a obra de cons-trução da nova sede do Museu daImagem e do Som, na Avenida Atlân-tica, em Copacabana.

Obviamente, dado o caráter daconveniada, a divulgação do eventocontou com recursos bombásticos.Primeira página do jornal de domin-

Plano Diretor do Rio

Na verdade, a nova proposta co-ordenada pela SMU, em face da suaabrangência, deveria ser considera-da um Substitutivo 4. Com isto, seri-am retomadas, do início, os debates,reabrindo à sociedade a participaçãona elaboração do PD, como determi-na o Estatuto da Cidade. Este “emen-dão”, o Substitutivo 4, apresenta ex-tensas novidades que deverão seramplamente divulgadas e apreciadaspelos cidadãos e suas organizações,sob pena de fraude.

Questões graves, com implica-ções sérias para a sustentabilidade danossa vida na sociedade – como oaumento generalizado da densida-de via acréscimos excessivos nos Ín-dices de Aproveitamento de Terre-nos (IAT); a autorização para outrosacréscimos de Índices, via “interven-ções urbanísticas” e “outorga onero-

sa”, “operações urbanas” quase quefranqueadas; e outras permissivida-des – têm que ser conhecidas e apro-vadas pela maioria da população.

Novamente a prefeitura seutiliza da limitação de prazos pararestringir a participação das enti-dades profissionais, das associa-

Projeto é de arquitetos sem registro no país

M I S e m C o p a c a b a n a

go, com imagens das diferentes con-cepções daqueles que aderiram aoedital, em resposta ao convite priva-do aos poucos arquitetos que goza-ram deste privilégio. Entre estes ate-liês especiais há alguns sediados noexterior, sem registro de P.J. no país ecomandados por arquitetos sem oregistro profissional no Brasil e semos títulos revalidados.

Qualquer que seja a origem dosrecursos há obrigatoriedade legal de

registro no Sistema Confea/Creas,para quaisquer arquitetos e urbanis-tas que aqui exerçam a profissão. Sea fonte dos recursos é pública, a gra-vidade da situação aumenta. Impli-cações éticas e morais associadas aoproblema são ainda mais graves.

Os convênios entre entidades ouorganizações privadas com órgãospúblicos, diretos ou indiretos, não osdesobrigam de cumprir as etapas pre-vistas na Constituição e nas leis delicitação e outras, que definem e ga-rantem a democratização no acessoaos serviços a contratar com dinhei-ro público.

Os vícios da ganância dos polí-ticos, cada vez mais agressiva, têmnos imputado constantes fraudesnas licitações para a elaboração deprojetos e de execução de obras.“Notório saber” e “emergência” sãoartifícios excepcionais que estãocada vez mais vulgarizados, com aomissão e a conivência dos audito-res e analistas jurídicos.

O SARJ entende que não se podenegligenciar no cumprimento dasnormas e procedimentos legais obri-gatórios na contratação de projetos eobras. A contratação de arquitetos eurbanistas, seja qual a forma, com re-cursos brasileiros, com base em do-cumentação brasileira, implica emAnotação de Responsabilidade Téc-nica (ART) a ser paga por profissionalregistrado no Brasil.

Caso contrário, se configura oexercício ilegal da profissão, peloqual responderá a empresa ou en-tidade contratante. Caso haja ten-tativa de acobertamento, a situaçãose complicará ainda mais.

Aumento do IAT provoca corte de árvores, puxadinhose a impermeabilização do solo

ções de moradores e da socieda-de civil em geral.

Afinal, por que, após três anos deatropelos e desencontros dos pode-res municipais, é necessário limitar odebate a audiências públicas na Ci-nelândia, dominadas pelas autorida-des e ao prazo máximo de 60 dias?

Prefeitura quer acelerar aprovação de nova proposta

Vista lateral do projeto do MIS, requentado de outrafunção que executaria em território do USA

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2009ARQUITETANDO

O U T U B O

Remetente: Sindicato dos Arquitetos e Urbanistas no Estado do Rio de Janeiro

Rua Evaristo da Veiga, 47 / 706 - Rio de Janeiro / RJ – CEP 20031-040 – Tels. : (21) 2240-1181 / 2544-6983

Trevo das Avenidas Condessa do Rio Novo, Alber-to Lavinas e Zoelo Sola, em Três Rios, Rio de Janeiro.Este é o polêmico endereço das futuras instalaçõesda Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro(UFRRJ), na cidade do Centro-Sul Fluminense.

Com o lema da interiorização do ensino superi-or, a Rural obteve, em 2007, o direito de construirum campus avançado da universidade em Três Rios.O que pode, a princípio, representar progresso ecrescimento para a cidade, na verdade pode setransformar em sérios problemas.

De acordo com o engenheiro Denílson JoséGuedes de Souza, conselheiro do CREA em TrêsRios, o local escolhido não é o mais adequado parauma obra do porte de uma universidade pública.“Em uma cidade em desenvolvimento não se podeceifar do anel viário da cidade o principal trevo deacesso ao centro urbano. Isso é uma coisa que aengenharia não aceita”, questiona o engenheiro. Elerevela ainda que a escolha do terreno foi quaseuma imposição do antigo prefeito, Celso Jacob.

“Em conversa com o reitor, Ricardo Cotta Miranda,ele me disse que o prefeito da época havia disponibi-lizado outros espaços para as obras. Contudo, nenhumera adequado. Acredito que essa escolha tenha sidotendenciosa e a favor do prefeito, pois construir umauniversidade federal no centro da cidade chama maisatenção. Por ser uma obra política, não houve preocu-pação em procurar a nossa própria associação, que é ados Engenheiros e Arquitetos”, analisa Denílson.

Indignado, o engenheiro levou sua reclamação aoMinistério Público Federal, impetrando ação civil pú-blica – em face da União, da Universidade e do Muni-cípio – com pedido de antecipação de tutela, para quea obra seja interrompida imediatamente.

Universidade Rural em Três Rios

A c e s s e w w w . s a r j . o r g . b r : a c a s a [ v i r t u a l ] d o a r q u i t e t o .

SARJ

Fala a PrefeituraPara o Secretário de Obras de Três Rio,

Manoel José Vaz Gonçalves, a Universida-de Rural é um antigo anseio da população.

“Sempre pleiteamos o ensino públi-co na cidade, também em ní-vel superior. O espaço atendemelhor a população, oferecen-do local de fácil acesso”, diz. Masele admite haver projeto paramudar: “Apesar do trânsito aliser tranqüilo, iremos mudar al-gumas rotas, para melhor cir-culação da população”.

Fala a RuralAssessor da reitoria da UFRRJ, o professor Edmun-

do Rodrigues, disse à reportagem do Arquitetandoque “dentre as alternativas que a prefeitura nos deuescolhemos esse terreno, que melhor atende ao ta-manho da unidade acadêmica que vamos construir”.Ele reconhece que quando as obras começaram, “es-távamos ilegais com relação às licenças. Porém, quan-do o MP foi acionado e exigiu a licença de impacto devizinhança e ambiental, entramos com o pedido, ape-sar de não julgarmos ser necessário devido ao tama-nho do empreendimento, que não chamo de cam-pus avançado, mas sim de unidade acadêmica. Teráapenas sala de aula, secretarias e banheiros”, disse.

No documento datado de abril deste ano,enviado pela Procuradoria Federal de Petró-polis à Vara Federal de Três Rios, a procura-dora Vanessa Seguezzi enumera os fatos ne-gativos à construção.

São eles: o local não possibilita a expansãodo campus; não prevê área de estacionamentoadequada, apenas 74 vagas demarcadas cons-tam no projeto do campus; não foi submetido aestudo prévio de viabilidade; está localizadomuito próximo a depósitos de combustíveis daViação Progresso e do Posto Trevo; na principalartéria viária, com estrangulamento da área desegurança da evacuação do centro urbano, vis-to que parte da área do trevo fora desmembra-da para juntar-se ao terreno onde se realizamas obras, causando afunilamento.

“A partir do momento que a universidadevai ser construída ali, ela não vai poder crescer.É um campus que já nasce saturado. Isso é ruimpara a universidade e muito mais para a cida-de que ficará com seu futuro urbanístico preju-dicado”, constata o conselheiro do CREA, Deníl-son Guedes.

Outra questão apontada pelo MPF foi a nãoapresentação de licença ambiental e do estudode impacto de vizinhança. A PM estadual, res-ponsável pela fiscalização do trânsito na cida-

de do Centro-Sul Fluminense, procurada pelo MPFexplicou, em documento anexado à Ação CivilPública, que as alterações efetuadas pelo muni-cípio no trevo propiciarão congestionamento nohorário do rush. E que “a construção de uma Uni-versidade naquele local, conforme croqui, semque haja um estudo devidamente elaboradopela engenharia de trânsito e testado pela PMcomprometerá seriamente o trânsito”.

Tudo isso sem falar que a construção no localindicado não atende nem mesmo ao Plano Dire-tor Urbanístico do município. De acordo com oPDU da região, os estabelecimentos de ensinoem geral deverão evitar localização em vias prin-cipais e em faixas de segurança, além de manterdistância mínima de 200 metros de depósito deinflamáveis, vias arteriais e linha férrea.

Contudo, o pedido de antecipação de tutelanão foi aceito e a obra continua. Hoje é uma obrajá em fase de estrutura e construindo o segundopiso. O MPF entrou com agravo de instrumento,pedindo paralisação imediata das obras e servi-ços, suspensão da realização de despesas, gas-tos ou desembolso de qualquer natureza, e de li-beração ou repasse de recursos, até que seja ex-pedida licença ambiental e aprovado o estudode impacto de vizinhança. Desde junho que o re-curso transita na justiça.

“Campus já nasce saturado”

Construção decampus causa polêmica