jornadas de estudos da acÇÃo executiva - 2010-04-09jornadasestudoae

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  • 8/6/2019 JORNADAS DE ESTUDOS DA ACO EXECUTIVA - 2010-04-09jornadasestudoae

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    I Jornadas de Estudos dos Agentes de ExecuI Jornadas de Estudos dos Agentes de Execuoo

    Mesa 2Mesa 2

    Fase 2 do Processo ExecutivoFase 2 do Processo Executivo

    Joel Timteo Ramos PereiraJuiz de Direito de Crculo

    Espinho, 9 de Abril de 2010

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    I. Introduo

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    FASES DO PROCESSO EXECUTIVO

    Fase Inicial1

    1) Agente de execuo requer ao exequente a dotao de proviso inicial;2) Agente de execuo analisa o processo3) Caso aplicvel, remete para despacho liminar.4) Citao prvia (incluindo do executado quando no sejam encontrados bens)5) Consultas para identificao de bens penhorveis6) Envio ao exequente de relatrio das diligncias para identificao dos bens7) Pedido de proviso para a fase seguinte

    Artigo 15. da Portaria n. 331-B/2009

    Fase da Penhora2

    1) Penhora de bens2) Citao dos credores3) Citao de terceiros (cnjuges, titulares inscritos no registo)4) Pedido de proviso para a fase seguinte

    Fase do Pagamento31) Venda2) Adjudicao3) Pagamento4) Elaborao da conta5) Extino da execuo

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    II. Penhora de Bens

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    ORDEM PREFERENCIALArtigo 834., n. 1

    Depsitos Bancrios1Rendas, abonos, vencimentos, salrios2Ttulos e valores mobilirios3Mveis sujeitos a registo[valor 1 superior ao custo da venda]4Quaisquer bens valor pecunirio de fcil realizao5

    Bens Imveis ouEstabelecimento ComercialMesmo que no se adeqe, por excesso,ao montante do crdito exequendo,quando a penhora de outros benspresumivelmente no permita satisfaointegral do credor no prazo de 6 meses(artigo 834., n. 2 do CPC).

    Ac. Relao Lisboa, 30.06.2009, proc. 31795/04: Sem prejuzo do controlo judicial e no respeito doscritrios legais, ao agente de execuo (e no aoexequente) que cabe a escolha dos bens a penhorar e aordem de realizao da penhora.

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    1. DEPSITOS BANCRIOSArtigo 861.-A CPC

    A penhora que incida sobre depsito existente em instituio bancria depende de despacho judicial,que pode integrar-se no despacho liminar (quando a este haja lugar)

    Depende de prvio despacho judicial

    O agente de execuo tem que requerer prolao de despacho nesse sentido

    O arrolamento dos bens de cnjuges, designadamente de depsitos bancrios, no inviabiliza a suapossvel movimentao pelo seu titular. Com este arrolamento especial no se pretendeu impedir anormal utilizao dos bens arrolados, mas apenas obviar o seu extravio ou dissipao, que se atinge

    com a descrio, avaliao e depsito dos bens.

    Distino com o arrolamento de depsitos bancrios (com possvel posterior penhora)

    Diferente a penhora, pois verifica-se uma autntica apreenso, ficando a instituioresponsvel pelo valor penhorado (cfr. n. 11). O n. 9 do artigo 861.-A prescreve quea cativao da totalidade do saldo existente em cada instituio apenas se efectuapor comunicao expressa do agente de execuo a confirmar a realizao dapenhora (com salvaguarda do mnimo impenhorvel art. 824., n. 3)

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    2. PENHORA DE DIREITOSArtigos 856. e ss.

    Crditos1Ttulos de crdito e valores mobilirios2Direitos ou expectativas de aquisio3

    Rendas, abonos, vencimentos ou salrios4[ Depsitos Bancrios ]5Direito a bens indivisos6Quotas em sociedades7Estabelecimento comercial8

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    2.1. PENHORA DE CRDITOSArtigo 856., n. 1

    Penhora de crditos de IVA

    Notas:

    No Acrdo do Tribunal da Relao do Porto citado, no teve vencimento a posio que erasufragada pelo recorrente (Ministrio Pblico), ou seja, que s poderia ser penhorado quando

    oferecido penhora pelo prprio credor do mesmo [o executado]. A jurisprudncia anterior, que a da Relao do Porto vem contrariar e que foi sustentada peloMinistrio Pblico, era precisamente no sentido de haver uma impenhorabilidade relativa, isto ,de s poderem ser penhorados quando oferecidos penhora pelo prprio credor dos mesmos,tudo se passando para efeitos de responsabilizao subsidiria como se o patrimnio do devedororiginrio no possusse bens ou bens suficientes para satisfao do crdito em cobrana. Cfr.Ac. TCAS 0720/2003, de 08.06.2004.

    Importa ainda questionar se o artigo 8. do DL. 122/88, de 20/4,que declara impenhorveis oscrditos de IVA, a menos que sejam oferecidos penhora pelo prprio sujeito passivo, viola oprincpio da proporcionalidade e constitui uma intolervel e injustificada limitao realizao docrdito em desconformidade com os artigos 2., 20. e 62. da Constituio da Repblica.

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    2.1. PENHORA DE CRDITOSArtigo 856., n. 1

    Um crdito titulado por uma aplice de plano poupana reforma, cujo vencimento s ocorrequando o titular atinge uma determinada idade (v.g., 60 ou 65 anos) pode ser penhorado e ovencimento da aplice ser antecipado para esse momento ?

    Penhora de valor investido em PPR

    Os PPRs so produtos de poupanas.

    Os Planos de Poupana so constitudos por certificados nominativos de um fundo depoupana que podem ter a forma de um fundo autnomo de uma modalidade de segurodo ramo vida, em que o ttulo representado pela respectiva aplice artigos 1, ns 4 e6 do DL 158/2002 de 2 de Julho.

    Estes planos de poupana reforma do lugar a fundos de poupana reformaespecialmente vocacionados para a longa durao e, que se caracterizam pela solidezdo seu investimento e, foram institudos pelo DL 205/98 de 27 de Junho.

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    2.1. PENHORA DE CRDITOSArtigo 856., n. 1

    Um crdito titulado por uma aplice de plano poupana reforma, cujo vencimento s ocorre quando o titular atinge uma determinada idade (regra, 60 anos) pode ser penhorado e o vencimento da aplice ser antecipado para esse momento ?

    Penhora de valor investido em PPR

    O artigo 4. do Dec.-Lei n. 158/2002, de 02.07 estabelece quando pode ocorrer oreembolso:

    a) Reforma por velhice do participante;b)Desemprego de longa durao do participante ou de qualquer dos membros do agregadofamiliar;c)Incapacidade permanente para o trabalho do participante ou de qualquer dos membros do seuagregado familiar, qualquer que seja a sua causa;d) Doena grave do participante ou de qualquer dos membros do seu agregado familiar;e) A partir dos 60 anos de idade do participante;f) Frequncia ou ingresso do participante ou de qualquer dos membros do seu agregado familiarem curso do ensino profissional ou do ensino superior, quando geradores de despesas no anorespectivo.

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    2.1. PENHORA DE CRDITOSArtigo 856., n. 1

    Penhora de valor investido em PPR

    , pois, possvel o resgate de tais aplicaes atravs da penhora para satisfao docrdito do exequente, de acordo com o princpio geral do artigo 601. do Cdigo Civil e821. do CPC que opatrimnio do devedor responde pelas suas dvidas .

    Logo, as entidades gestoras de fundos de poupana, enquanto depositrias, dispemde valores que esto obrigadas a resgat-los nos termos da lei cf. arts 1 a 4 do DL158/2002 de 2 de Julho e no se podem recusar a esse resgate.

    Na jurisprudncia, cfr. Ac. Relao do Porto, 06.05.2008, proc. 0723831; Ac. Relaode Guimares, 22.03.2006, CJ, II, p. 268

    Um crdito titulado por uma aplice de plano poupana reforma, cujo vencimento s ocorre quando o titular atinge uma determinada idade (regra, 60 anos) pode ser penhorado e o vencimento da aplice ser antecipado para esse momento ?

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    2.2. DIREITOS OU EXPECTATIVAS AQUISIOArtigo 860.-A

    Posio de promitente-comprador1

    Posio de preferente com eficcia real2

    Contrato-promessa de compra e venda, transmisso ou constituio de outros direitos reaissobre bens imveis ou mveis sujeitos a registo, com eficcia real (artigo 413. e 830., n. 1 doCdigo Civil)

    Titular de direito de preferncia legal ou convencional, desde que com eficcia real

    Posio de locatrio em locao financeira3

    Expectativa do fideicomissrio4

    Artigo 9., n. 1, al. c) e 10., n. 2, al. f) do Dec.-Lei n. 149/95, de 24.07

    Artigos 2293. e 2294. do Cdigo Civil

    Expectativa na Reserva de propriedade5Expectativa de aquisio do bem vendido com reserva de propriedade artigo 409., n. 1 CC.

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    2.2. DIREITOS OU EXPECTATIVAS AQUISIOArtigo 860.-A

    Regime geral previsto para penhora de crditos (860.-A, 1)

    Agente de execuo notifica o outro sujeito da relao jurdica (v.g., promitente-vendedor). Contedo: O direito ou a expectativa de aquisio ficam ordem do agente deexecuo, devendo o notificando declarar se o direito / expectativa existe e, em casoafirmativo, as respectivas condies e termos ou se a obrigao respectiva j est em fase

    de incumprimento. Prazo: 10 dias para notificando responder.

    Como se processa

    a penhora ?

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    2.3. DIREITO ACO E HERANAArtigo 862.

    Previso

    O artigo 862. refere-se penhora de quinho em patrimnio autnomo e de direito abem indiviso no sujeito a registo. A penhora consiste unicamente na notificao do facto ao cabea-de-casal(administrador dos bens) e aos contitulares, com a advertncia que o direito do executadofica ordem do agente de execuo, desde a data da primeira notificao efectuada(artigo 862., n. 2 CPC).

    Quid juris quando a penhora do direito aco e herana abranja bens (imveis ou mveis) sujeitos a registo ?

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    2.3. DIREITO ACO E HERANAArtigo 862.

    Direito aco e herana que abrange bens sujeitos a registo

    A herana, antes da partilha, constitui umauniversitas juris,um patrimpatrimnio autnio autnomonomo,com contedo prprio, que, de algum modo, se confunde com a figura da compropriedade.No se trata, pois, da penhora de direito a bem imvel concreto indiviso.

    At partilha, os direitos dos herdeiros recaem sobreo conjunto da herana ; cadaherdeiro apenas tem direito a umaparte ideal da herana e no a bens certos edeterminados desta. S depois da realizao da partilha que o herdeiro poder ficar aser proprietrio ou comproprietrio de determinado bem da herana.

    Na penhora de bem concreto indiviso sujeito a registo , por aplicao do art. 862., n. 1 a contrario e dos artigos 838, n. 1, 851., n. 1 ex vi 863., a penhora realiza-se mediante comunicao electrnica Conservatria ou entidade competente para o registo, sem prejuzo de ulteriormente se proceder s notificaes previstas no art. 862., n. 1

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    2.3. DIREITO ACO E HERANAArtigo 862.

    Direito aco e herana que abrange bens sujeitos a registo

    Por isso, a penhora s pode incidir sobre o direito do executado herana, ou seja,sobre uma quota-ideal do patrimnio hereditrio enunca sobre algum ou alguns dosbens certos e determinados que compem a herana.

    Ou seja, consiste apenas na notificao do facto ao cabea-de-casal,enquanto administrador dos bens (art. 2079. do CC), e aos co-herdeiros,com a expressa advertncia de que o direito do executado fica ordem do agente de execuo.

    A notificao aos co-herdeiros tem por finalidade possibilitar a estes o exerccio do direito

    de preferncia na venda do direito penhorado, que lhes assiste por fora do disposto non. 1 do artigo 2130. do CC.

    Por isso, na venda judicial do direito herana ilquida e indivisa, devem os co-herdeirosser notificados, na qualidade de titulares de um direito de preferncia, do dia, hora e localaprazados para a abertura das propostas, a fim de poderem exercer o seu direito noprprio acto, se alguma proposta for aceite (cfr. art. 892., n. 1 CPC).

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    2.3. DIREITO ACO E HERANAArtigo 862.

    Direito aco e herana que abrange bens sujeitos a registo

    certo que o artigo 863. enuncia que subsidiariamente aplicvel penhora de direitoso disposto nas subseces anteriores para a penhora das coisas imveis e das coisasmveis.

    Mas nem todas as normas relativas penhora de bens imveis e de bens mveis podem ser aplicadas penhora de direitos a bens indivisos ou a patrimnios autnomos.

    V.g., a penhora sobre o direito a bens indivisoss registvel quando a indivisorespeite a um nico bem sobre o qual sejam registveis direitos. o caso da

    penhora do direito aum bem imvel.Se compreender vrios bens, o registo no necessrio e nem sequer se pode fazer, por no se poder determinar seno depois da diviso, a qual ou quais bens respeita o direito. o caso da penhora do direito a uma herana ilquida eindivisa (quota ideal)

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    2.3. DIREITO ACO E HERANAArtigo 862.

    Abrange os frutos (rendimentos), por via do artigo 842. ?

    A penhora de bens imveis abrange o prdio com todas as suas partes integrantes e osseus frutos, naturais ou civis, desde que no sejam expressamente excludos e nenhumprivilgio exista sobre eles (art.842., n.1 CPC).

    este regime tambm aplicvel aos bens imveis que faam parte de uma herana ilquida e indivisa ?

    -- Diz-se fruto de uma coisa tudo o que ela produz periodicamente, sem prejuzoda sua substncia (art 212, n 1 do CC).

    -- Os frutos so naturais ou civis; dizem-se naturais os que provm directamenteda coisa, e civis as rendas ou interesses que a coisa produz em consequncia deuma relao jurdica (n 2 do mesmo preceito).-- apenas os frutos naturais (pendentes) podem ser penhorados separadamente,como coisas mveis (art. 842., n. 2 CPC.

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    2.3. DIREITO ACO E HERANAArtigo 862.

    Abrange os frutos (rendimentos), por via do artigo 842. ?

    certo que o artigo 842. aplicvel, por fora do artigo 863., penhora de direitos.

    Tal possvel se a penhora incidir sobre o direito do executado a um bem bem

    determinado determinado, como no caso da compropriedade compropriedade : tendo o comproprietrio direito a uma quota-parte daquele bem em concreto (artigo 1403. do CC), tem igualmente direito a idntica quota-parte dos frutos daquele bem, pelo que a penhora do direito abrange a penhora dos frutos

    Porm, a penhora do direito herana incide sobre a quota-ideal do executadonum patrimnio composto por vrios bens e no sobre a quota-parte de um bem

    determinado daquele patrimnio.Ora, se o executado no tem direito a uma quota-parte de determinado bem daherana, no tem tambm direito aos frutos produzidos por aquele bem, pelo quea penhora do direito herana no os pode abranger nos termos do 842/1.Logo, tambmno possvel penhorar direito do executado aos rendimentosde um determinado bem de uma herana ilquida e indivisa .

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    3. PENHORA DE VECULO AUTOMVELArtigo 851., n. 2

    Comunicao ao servio de registo1

    Auto de penhora2

    A penhora de bem mvel sujeito a registo (v.g., automvel) efectiva-se por comunicaoelectrnica do agente de execuo ao servio de registo competente (v.g. Conservatria doRegisto Automvel) art. 838., n. 1 e 2 ex vi 851.

    seguidamente, o agente de execuo lavra auto de penhora (838., n. 3)

    Imobilizao3Aps, o veculo imobilizado por selos ou imobilizadores de apreenso (851., n. 2)

    Remoo do veculo4S sucede se o agente de execuo entender necessrio para a salvaguarda do bem (851., n.3 CPC).

    possvel a apreenso antesantes de efectuado o registo da penhora ?

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    3. PENHORA DE VECULO AUTOMVELArtigo 851., n. 2

    possvel a apreenso antesantes de efectuado o registo da penhora ?

    Ac. Relao de Guimares, 28.05.2009, proc. 940/07.6[regime anterior ao DL 226/2008, de 20.11] I - A apreenso do veculo pode preceder o registo da penhora, no obstante o disposto nos arts851 e 838 n 1 do CPC.

    II- Deve proceder-se prvia apreenso do veculo e/ou recolha de informaes sobre a suaexistncia e valor comercial que justifique a sua penhora, se existirem dvidas fundadas sobreessa existncia e valor .III - O art. 833. n. 1 do CPC permiteinterpretao extensiva no sentido da admissibilidade daprvia apreenso, que pode constituir diligncia til para a efectivao da penhora e,consequentemente, para a prossecuo do fim ltimo da prpria execuo.

    Actual 833.-A, n. 2(que diverge apenas no segmento em que previa a aplicao dos termos gerais do registo, cuja referncia deixou de estar no texto legal).

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    3. PENHORA DE VECULO AUTOMVELArtigo 851., n. 2

    possvel a apreenso antesantes de efectuado o registo da penhora ?

    O art. 851. n. 1 manda aplicar o art 838 penhora de bens mveis sujeitos a registo,com asnecessrias adaptaes.

    1) A teleologia do artigo 851., n. 1

    Isto significa que a sequncia dos actos estabelecida no n. 2 do art. 851. n 2 pode noser imperativamente obrigatria e tal ordem ser ajustada aofim til da execuo (penhoraque permita a posterior satisfao do crdito exequendo).

    Pode afigurar-se intil penhorar, atravs da comunicao electrnica, um veculoautomvel sem previamente se apurar se o mesmo ainda existe e tem valor comercial que justifique a sua ulterior apreenso e venda.

    2) O princpio geral da inadmissibilidade da prtica de actos inteis (137 CPC)

    Estas diligncias so dilignciasteis para a efectivao da penhora e, consequentemente,para a prossecuo do fim ltimo da prpria execuo.

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    3. PENHORA DE VECULO AUTOMVELArtigo 851., n. 2

    possvel a apreenso antesantes de efectuado o registo da penhora ?

    Esta interpretao no susceptvel de causar qualquer prejuzo ao executado, nem obsta aoexerccio pelo mesmo de qualquer direito processual ou substantivo.

    3) O princpio da ponderao de direitos

    O legislador pretendeu agilizar os procedimentos processuais, para que seja satisfeito ocrdito exequendo, no s com eficincia, como com a necessria celeridade.

    4) A teleologia das alteraes introduzidas pela reforma da aco executiva

    Entre essa medidas esto as atinentes penhora de bens imveis e de bens mveis sujeitasa registo, a realizar por comunicao electrnica respectiva Conservatria, as quais visam, noessencial, assegurar a precedncia do registo da penhora, perante o registo de qualquer outrodireito sobre o mesmo.

    Ateno: Esta prtica no pode desvirtuar o carcter subsidirio daremoo , prevista no n.3 do artigo 851., que s pode ser efectuadapara a salvaguarda do bem .

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    3. PENHORA DE VECULO AUTOMVELArtigo 851., n. 2

    possvel a apreenso antesantes de efectuado o registo da penhora ?

    Ac. Relao de Coimbra, 14.10.2008, proc. 2547/06.6(no mbito do regime anterior)I - Em face do estatudo nos artigos 832 e 833 do CPC, legalmente admissvel e atrecomendvel que, previamente comunicao conservatria, o agente de execuo colhainformaes sobre a existncia do veculo, o seu estado e valor de mercado;II - Quando isso se mostre imprescindvel, para a proficincia da penhora, nada impede que,antes da comunicao ao registo, se proceda apreenso do veculo, a fim de aquilatar do seuestado e valor de mercado;III - As alteraes introduzidas pelo mencionado Dec.-Lei n 38/2003, no regime da penhora deveculos, no visou a proteco do devedor/executado, mas sim agilizar a execuo, nointeresse do exequente; ;

    IV - O exequente no pode ser forado a pagar os encargos com o registo de penhorasimprofcuas, registadas sem a necessria averiguao prvia.

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    4. LEVANTAMENTO DA PENHORAArtigo 919.

    necessria a prolao de despacho judicial de levantamento de penhora ?

    Questiona-se, nos casos em que inexista venda, da necessidade de prolao dedespacho por juiz, ordenando o levantamento de uma penhora que tenha sido efectuada,mas cuja venda se tornou desnecessria ou supervenientemente intil.

    o artigo 919. do CPC que fixa os casos de extino de execuo,designadamente por pagamento, inutilidade superveniente ou outra causa de extino

    1) Com a extino da execuo, todos os actos de penhora ouapreenso caducam automaticamente, sem necessidade dequalquer despacho.2) Nos casos em que tenha havido comunicao a servios de registopara penhora, deve tambm remeter-se comunicao da extino daexecuo, para o consequentecancelamento do registo .

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    4. LEVANTAMENTO DA PENHORAArtigo 919.

    necessria a prolao de despacho judicial de levantamento de penhora ?3) A penhora deixa de subsistir por decorrncia da prpria extino da execuo,sem necessidade de qualquer despacho judicial ou inclusivamente semnecessidade de qualquer deciso do agente de execuo.

    4) No est processualmente prevista a interveno do juiz na fase deextino da execuo (cfr.,a contrario , para o AE, artigo 847. CPC)

    5) O nico caso em que o juiz determina o levantamento de penhora resultada procedncia da oposio execuo ou da oposio penhora, pordecorrncia do efeito til desse incidente processual.

    6) Finalmente, em bom rigor, o juiz s teria competncia para determinar olevantamento de penhora que tivesse ordenado, o que seria v.g., o caso dapenhora de depsitos bancrios. Todas as penhoras de demais bens soactosprprios do agente de execuo .

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    II. Penhora de Bens

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    4. LEVANTAMENTO DA PENHORAArtigo 919.

    necessria a prolao de despacho judicial de levantamento de penhora ?7) No que se refere a uma eventual exigncia dos Conservadores:

    Acrdo da Relao de Lisboa, de 13.01.2009, proc. 9613/2008-7:

    I - No compete ao Conservador do Registo Predial, em obedincia ao princpioda legalidade, aquilatar da verificao de eventuais violaes de lei processualcivil na execuo em cujo mbito se procedeu penhora.

    II - Face s alteraes introduzidas pelo DL. 38/08 de 08.03, de acordo com as quais deixou deser requisito da penhora um despacho determinativo da mesma, com excepo do querespeita penhora de depsitos bancrios, o ttulo que fundamenta o registo de uma penhora o requerimento executivo.

    III - Perante a apresentao de um pedido de registo, o conservador recusa o registo se severificar algum dos casos previstos no art. 69 do CRP, ou determina a sua feitura provisriapor dvidas (art. 70 do CRP), prevendo a lei, expressamente, que tal dever ser feito em casode registo de penhora quando exista sobre os bens registo de aquisio ou reconhecimento dodireito de propriedade ou de mera posse a favor de pessoa diversa do executado ou requerido.

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    II. Penhora de Bens

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    4. LEVANTAMENTO DA PENHORAArtigo 919.

    necessria a prolao de despacho judicial de levantamento de penhora ?8) No caso do Conservador do Registo recusar o cancelamento da penhora, resta orecurso hierrquico ou o recurso do acto do Conservador para o Tribunal

    No entanto, questiona-se sobre a legitimidade para a interposio desse recurso. Ointeresse relevante pertence ao executado e no ao agente de execuo. No exigvel a este mais do que o cumprimento da comunicao da extino da execuo,a partir de cujo momento cessa a fonte que legitima a sua interveno processual.

    Por isso, considera-se que do acto de recusa deve ser notificado o executado para osfins que tiver por convenientes, uma vez que o seu bem que est onerado e,portanto, tem interesse directo na regularizao da instncia registral.

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    III. Citao dos Credores

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    Reclamao de Crditos e ExecuoArtigos 864. e ss.

    admissvel o prosseguimento da instncia pelo Agente de Execuo para a faseda venda sem que tenha conhecimento da existncia de credores admitidos ?

    1) Sim. Os casos de suspenso da instncia executiva so exclusivamente osprevistos nos artigos 818. (oposio) 825. (separao bens comuns casal),863.-B (oposio com prestao de cauo), 870. (insolvncia), 875. (casoem que os credores e agente de execuo acordam nessa suspenso), 882.(pagamento em prestaes).

    2) A reclamao e graduao de crditos um apenso declarativo, distintoda instncia executiva (art. 868. ss)

    3) A reclamao de crditos que pode ser suspensa (cfr. 868., n. 5)

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    III. Citao dos Credores

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    Reclamao de Crditos e ExecuoArtigos 864. e ss.

    admissvel o prosseguimento da instncia pelo Agente de Execuo para a faseda venda sem que tenha conhecimento da existncia de credores admitidos ?

    4) O prosseguimento do apenso de verificao e graduao de crditos noobsta venda ou adjudicao dos bens penhorados, incluindo os quegarantam crditos dos reclamantes.

    5) A prova disso o disposto no artigo 865., n. 3 do CPC a execuoprossegue e at ao momento da transmisso dos bens penhorados oscredores com garantia real que no tenham sido citados podem reclamarespontaneamente os seus crditos.

    6) O agente de execuo no deve, todavia, aps a venda ou adjudicao,proceder ao pagamento (ao exequente ou aos credores) enquanto nofor proferida sentena de graduao no apenso de reclamao decrditos.

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    III. Citao dos Credores

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    Reclamao de Crditos e ExecuoArtigos 864. e ss.

    admissvel o prosseguimento da instncia pelo Agente de Execuo para a faseda venda sem que tenha conhecimento da existncia de credores admitidos ?

    Acrdo da Relao do Porto, de 11.05.2006, proc. 0632162

    I- O processo de reclamao e graduao de crditos um verdadeiro processo declarativode estrutura autnoma, embora funcionalmente subordinado ao processo executivo, e noum mero incidente da aco executiva.

    II- Suspensa a instncia executiva por ocorrer acordo de pagamento em prestaes da dvidaexequenda (ut art 882 CPC), o facto de data dessa suspenso ainda no estarempublicados os anncios para citao dos credores desconhecido no constitui, s por si,obstculo ao prosseguimento da reclamao de crditos, muito menos sendo fundamento

    para a extino da instncia de reclamao de crditos por impossibilidade legalsuperveniente desta lide.

    III- Face e para os efeitos do disposto no art 885 do CPC, na redaco emergente do DL n38/2003, de 08.03, no obstculo ao impulso da execuo pelo credor reclamante o factode o seu crdito ainda no ter sido admitido, bastando que o crdito esteja vencido.

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    Obrigado pela atenObrigado pela ateno dispensada.o dispensada.

    Joel Timteo Ramos PereiraJuiz de Direito de Crculo

    [email protected]

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